está também fora. O que está fora de nós está também dentro
Upanishads
Na década de 60, Karl
Pribam neurocirurgião de Stanford, percebeu no holograma, um sistema físico capaz de servir de modelo para uma memória distribuída em todo o cérebro, fato comprovado experimentalmente, mas nunca explicado pelas neurociências. Em 1966 publicou um artigo propondo esta analogia, e por esta época tomou conhecimento da Teoria do Universo Holográfico de David Bohm, especulando que "talvez a realidade não seja a que vemos com nossos olhos. Se não tivéssemos este mundo objetivo - as matematicas executadas pelo nosso cérebro - talvez conhecéssemos um mundo organizado no domínio das frequências, sem espaço, sem tempo, somente de eventos. A realidade pode ser lida a partir deste domínio?". Ferguson resume assim a teoria de Pribam: "nossos cérebros constroem matematicamente a realidade "concreta", interpretando as frequências vindas de uma dimensão que transcende o tempo e o espaço. O cérebro é um holograma interpretando um universo holográfico." Na holografia não existe uma correspondência unívo- ca entre a imagem holográfica e a realidade percebida pelos nossos olhos. "O holograma de uma flor, qualquer que seja sua beleza, aparecerá com uma rede de “fronts” de ondas pois que a realidade é apresentada em uma ordem diferente” afirma Ben- tov. O processamento da imagem da retina para o córtex visual no cérebro é mais ou menos semelhante: a imagem é decomposta,de tal forma que áreas vizinhas na retina distribuem- se em locais separados no córtex cerebral. A realidade holográfica de corre da interação dinâmica d·os padrões de ondas que distri- buem a informação através de toda a estrutura. A informação distribuída em cada parte da superficie ou volume da estrutura contém a informação compreendida na estrutura inteira. Pribam vem demonstrando nos ultimos anos, que a informação se distribui no cérebro por um processo semelhante à holografia. Sustenta ele, que a distribuição da informação
se realiza por meio de interações de
ondas em todo o córtex cerebral. Estas ondas, por sua vez, decorrem de um holograma constituído por ondas de comprimento muito mais curto com ori gem a nível subatómico. Temos portanto, um holograma no interior de outro holograma, cuja interação permite o nascimento das imagens em nosso cérebro. Ele sintetiza assim sua teoria: "Essencialmente, a teoria diz que o cérebro, a um certo estágio do tratamento, executa suas análises no domínio das frequências. Isto é realizado nas junções entre os neurônios,e não no interior dos neurônios. Assim, são as elevações e diminuiçÕes locais e graduadas de potenciais (ondas), ao invés de impulsos nervosos que são responsáveis 20 são ·por elas. Os impulsos nervosos - criados no interior dos neurônios e são utilizados para propagar os sinais que constituem a informação, através de grandes distâncias, via as fibras nervosas longas. Alterações de potenciais locais e graduados, as ondas,são constituídas nas extremidades dessas fibras nervosas, onde elas reencontram os ramos mais curtos que formam um tecido de interconexões entre os neurônios. Certos neurônios, chamados presentemente de neurônios de circuito local, não possum fibras longas e não apresentam impulsos nervosos. Funcionam principalmente no modo ondulatório, e são sobretudo responsáveis pelas conectividades horizontais nas camadas do tecido neural, conectividades nas quais os padrões de interferência holograficoides podem ser construídos".Von Neumann calculou que durante a vida humana, o cérebro deve armazenar cerca de 2,8 x 10²ºbits de informa- çao. Esta ordem de grandeza vertiginosa só poderia ser estocada por meio de sistemas holográficos, os quais possuem uma capacidade fantástica de armazenagem de informação. Um exemplo de como o processamento cerebral das frequências é de natureza holográfica foi demonstrado em 79 pelos neurofisiologistas Russel e Karen De Valois, de Berke- ley, que descobriram que as células cerebrais não respondeu aos padrões complexos de ondas analisados pelo sistema visu- al (por exemplo, tabuleiros de dama e xadrez). Em seus expe rimentos demonstraram que o cérebro responde às formas de ondas mais simples conforme estabelecido pelas transformações de Fourier. Fourier, no século XVIII, desenvolveu uma fórmula matemática para converter qualquer padrão complexo em uma linguagem de ondas simples. O cérebro utiliza as transformações de Fourier do mesmo modo que esse cálculo é aplicado à holografia. No contexto holográfico, a realidade objetiva seria então um borrão de padrões de interferências, um "dominio de frequências" que se transforma no mundo como o conhecemos, somente após ser filtrado pelos nossos sentidos, tal como sempre sustentaram os místicos para quem a realidade é "maya", uma ilusão. O domínio holográfico é característico não só do processamento da informação no cérebro, como também da reali dade física. Como vimos, David Bohm em seu modelo de univer- so holográfico divide a realidade em dois domínios, a ordem implícita e a ordem explícita, que corresponderia a nossa realidade física material. Na ordem implícita, a informação se distribuiria holograficamente, sem relação com a causali- dade comum do espaço-tempo, semelhantemente à não-distinção dos pontos de um objeto, na superfície ondulada de um holo- grama (ou de um lago). Aparentemente, o que conta é a densi dade dos eventos. Afirma Pribam, "na ausência de coordenadas espaço- temporais, devemos utilizar as complementaridades, sincronicidades, simetrias e dualidades, como princípios ex- rlicativosli.
“O modelo holográfico é uma teoria
integral, de tal ordem que abrange todas as rebeldias da ciência e do espírito (Ferguson).
Estados harmônicos e coerentes de
consciência, como a meditação, são capazes de sincronização com a ordem im plícita do universo subjacente à realidade que vivenciamos. O medo, a ira, a ansiedade, em suma, o stress imedem essa conectividade universal característica da vida. O amor, a compaixão e a meditação são capazes de desencadear espontan amente estados de harmonia com a ordem implícita, oculta, do universo!