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O MODELO HOLOGRÁFICO DA

CONSCIÊNCIA

Francisco Di Biase

Capítulo do livro O Homem Holístico

O que está dentro de nós


está também fora.
O que está fora de nós
está também dentro

Upanishads

Na década de 60, Karl


Pribam neurocirurgião de
Stanford, percebeu no holograma, um
sistema físico capaz de servir de
modelo para uma memória distribuída
em todo o cérebro, fato comprovado
experimentalmente, mas nunca
explicado pelas neurociências. Em
1966 publicou um artigo propondo
esta analogia, e por esta época
tomou conhecimento da Teoria do
Universo Holográfico de David Bohm,
especulando que "talvez a
realidade não seja a que vemos com
nossos olhos. Se não tivéssemos
este mundo objetivo - as
matematicas executadas pelo nosso
cérebro - talvez conhecéssemos um
mundo organizado no domínio das
frequências, sem espaço, sem tempo,
somente de eventos. A realidade
pode ser lida a partir deste
domínio?".
Ferguson resume assim a
teoria de Pribam: "nossos cérebros
constroem matematicamente a
realidade "concreta", interpretando
as frequências vindas de uma
dimensão que transcende o tempo e o
espaço. O cérebro é um holograma
interpretando um universo
holográfico."
Na holografia não existe
uma correspondência unívo- ca entre
a imagem holográfica e a realidade
percebida pelos
nossos olhos. "O holograma de uma
flor, qualquer que seja sua beleza,
aparecerá com uma rede de “fronts” de
ondas pois que a realidade é
apresentada em uma ordem diferente”
afirma Ben-
tov. O processamento da imagem da
retina para o córtex visual no
cérebro é mais ou menos semelhante: a
imagem é decomposta,de tal forma que
áreas vizinhas na retina distribuem-
se em locais separados no córtex
cerebral. A realidade holográfica de
corre da interação dinâmica d·os
padrões de ondas que distri- buem a
informação através de toda a
estrutura. A informação distribuída
em cada parte da superficie ou volume
da estrutura contém a informação
compreendida na estrutura inteira.
Pribam vem demonstrando nos
ultimos anos, que a informação se
distribui no cérebro por um processo
semelhante à holografia. Sustenta
ele, que a distribuição da informação

se realiza por meio de interações de


ondas em todo o córtex cerebral.
Estas ondas, por sua vez, decorrem de
um holograma constituído por ondas
de comprimento muito mais curto com
ori gem a nível subatómico. Temos
portanto, um holograma no interior
de outro holograma, cuja interação
permite o nascimento das imagens em
nosso cérebro. Ele sintetiza assim
sua teoria: "Essencialmente, a
teoria diz que o cérebro, a um certo
estágio do tratamento, executa suas
análises no domínio das frequências.
Isto é realizado nas junções entre os
neurônios,e não no interior dos
neurônios. Assim, são as elevações e
diminuiçÕes locais e graduadas de
potenciais (ondas), ao invés de
impulsos nervosos que são responsáveis
20 são
·por elas. Os impulsos nervosos
- criados no interior dos neurônios e
são utilizados para propagar os
sinais que constituem a informação,
através de grandes distâncias, via as
fibras nervosas longas. Alterações de
potenciais locais e graduados, as
ondas,são constituídas nas
extremidades dessas fibras nervosas,
onde elas reencontram os ramos mais
curtos que formam um tecido de
interconexões entre os neurônios.
Certos neurônios, chamados
presentemente de neurônios de circuito
local, não possum fibras longas e não
apresentam impulsos nervosos.
Funcionam principalmente no modo
ondulatório, e são sobretudo
responsáveis pelas conectividades
horizontais nas camadas do tecido
neural, conectividades nas quais os
padrões de interferência
holograficoides podem ser
construídos".Von Neumann calculou que
durante a vida humana, o cérebro deve
armazenar cerca de 2,8 x 10²ºbits de
informa- çao. Esta ordem de grandeza
vertiginosa só poderia ser estocada por
meio de sistemas holográficos, os
quais possuem uma capacidade
fantástica de armazenagem de
informação.
Um exemplo de como o
processamento cerebral das
frequências é de natureza
holográfica foi demonstrado em 79
pelos neurofisiologistas Russel e
Karen De Valois, de Berke- ley, que
descobriram que as células cerebrais
não respondeu aos padrões complexos
de ondas analisados pelo sistema
visu- al (por exemplo, tabuleiros de
dama e xadrez). Em seus expe
rimentos demonstraram que o cérebro
responde às formas de ondas mais
simples conforme estabelecido pelas
transformações de Fourier.
Fourier, no século XVIII,
desenvolveu uma fórmula matemática
para converter qualquer padrão
complexo em uma linguagem de ondas
simples. O cérebro utiliza as
transformações de Fourier do mesmo
modo que esse cálculo é aplicado
à holografia. No contexto
holográfico, a realidade objetiva
seria então um borrão de padrões de
interferências, um "dominio de
frequências" que se transforma no
mundo como o conhecemos, somente
após ser filtrado pelos nossos
sentidos, tal como sempre
sustentaram os místicos para
quem a realidade é "maya", uma
ilusão.
O domínio holográfico é
característico não só do
processamento da informação no
cérebro, como também da reali dade
física. Como vimos, David Bohm em seu
modelo de univer- so holográfico
divide a realidade em dois domínios,
a ordem implícita e a ordem
explícita, que corresponderia a
nossa realidade física material. Na
ordem implícita, a informação
se distribuiria holograficamente,
sem relação com a causali- dade comum
do espaço-tempo, semelhantemente à
não-distinção dos pontos de um
objeto, na superfície ondulada de um
holo-
grama (ou de um lago). Aparentemente, o que
conta é a densi
dade dos eventos. Afirma Pribam, "na
ausência de coordenadas espaço-
temporais, devemos utilizar as
complementaridades,
sincronicidades, simetrias e
dualidades, como princípios ex-
rlicativosli.

“O modelo holográfico é uma teoria


integral, de tal ordem que abrange
todas as rebeldias da ciência e do
espírito (Ferguson).

Estados harmônicos e coerentes de


consciência, como a meditação, são
capazes de sincronização com a ordem
im plícita do universo subjacente à
realidade que vivenciamos. O medo, a
ira, a ansiedade, em suma, o stress
imedem essa conectividade
universal característica da vida. O
amor, a compaixão e a meditação são
capazes de desencadear espontan
amente estados de harmonia com a
ordem implícita, oculta, do
universo!

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