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Neuroplasticidade

O Diálogo Criativo Mente-Cérebro-DNA

Francisco Di Biase1
Grand PhD, PhD e Full Professor, pela World Information Distributed University, Bélgica;
Professor Honorário da Albert Schweitzer International University, Suíça;
Professor de Pós-Graduação do Centro Universitário Geraldo Di Biase – UGB, em Volta Redonda, Rio de
Janeiro; Clínica Neurológica e Neurocirurgica e Departamento de EEG e Mapeamento Cerebral
Computadorizado, Clínica Di Biase, Barra do Piraí, Rio de Janeiro, Brasil.

O aspecto molecular da consciência

Em um trabalho anterior publicado como capítulo no livro Pontos de Mutação na


Saúde, mostramos os aspectos holográficos e a dinâmica quântica cerebral que nos
permitem entender a consciência, sem ficarmos cerceados pelo paradigma cartesiano-
newtoniano e pelo hard problem descrito pelo filósofo da mente David Chalmers. Neste
paper desenvolveremos os aspectos moleculares que explicam a interação entre os
neurônios e o DNA, e como desta dinâmica molecular emerge o fenômeno da
plasticidade cerebral, a criação de novas redes neurais e a criatividade.
Os sistemas contemporâneos de neuroimagem que hoje utilizamos
rotineiramente na clínica, como a ressonância magnética funcional (fMRI), a tomografia
computadorizada com emissão de pósitrons (PET scan), o SPECT (single photon
emission computed tomography) e o mapeamento cerebral computadorizado (brain
mapping), demonstram que nosso cérebro não diferencia a imaginação da realidade.
As áreas cerebrais ativadas durante a imaginação são as mesmas ativadas durante a
observação da imagem real, ou durante uma percepção sensorial. Quando nosso
cérebro entra em contato com novidades ambientais, a imaginação, as visualizações,
as lembranças significativas que vivenciamos, assim como insights psicoterápicos,

1
Grand PhD, PhD e Full Professor, pela World Information Distributed University, da Bélgica; Professor
Honorário da Albert Schweitzer International University, Suíça; Professor de Pós-Graduação do Centro
Universitário Geraldo Di Biase – UGB, em Volta Redonda, Rio de Janeiro; Clínica Neurológica e
Neurocirurgica e Departamento de EEG e Mapeamento Cerebral Computadorizado da Clínica Di Biase,
Barra do Piraí, Rio de Janeiro, Brasil.
terapias mente-corpo, a reabilitação, a meditação, a oração, e mesmo o exercício físico,
estimulam a liberação de mensageiros químicos (hormônios), que atuam no processo
de expressão genética do DNA e, através do RNA mensageiro, na síntese de proteínas
nos ribossomos das células em geral, e notadamente nos neurônios. Estas proteínas
sintetizadas constituem a base molecular da plasticidade cerebral e irão estruturar
sinapses e novas redes neurais. Este processo, que a seguir descreveremos de modo
detalhado, é o fundamento da memória e da interação cérebro-mente-consciência.
O processo se inicia quando o córtex cerebral, que faz a interface com o meio
ambiente, é estimulado pelas novidades do dia a dia e envia os estímulos para o
hipocampo (ver Figura 1), que é um sítio temporário de armazenamento de memórias,
aprendizagem e comportamento. Esta interação ocorre principalmente durante o sono,
o sonho e o repouso, quando a mente consciente não está ativa. Nestes períodos, o
hipocampo estabelece um “diálogo atualizador”, inconsciente, com o córtex, que é um
processo de repetição, atualizando e consolidando as memórias das novas
experiências de vida de um modo adaptativo. Se extirparmos o hipocampo, antes de o
animal adormecer, após um processo de aprendizagem, a memória desaparece. Em
humanos, a retirada do hipocampo bilateralmente ocasiona um quadro grave de
amnésia para fatos recentes.
Figura 1 – O “diálogo atualizador” entre o córtex cerebral e o hipocampo. O hipocampo é um
local temporário de armazenamento de memórias, aprendizagem e comportamento
Fonte: modificado de Rossi & Rossi (2008b).

Recentemente, faleceu aos 82 anos o paciente mais famoso da história da


neurocirurgia, Henry Gustav Molaison, que ficou conhecido como paciente H.M., o qual,
após um acidente grave de bicicleta aos nove anos, desenvolveu uma forma intratável
de epilepsia do lobo temporal, com lesões focais situadas nos lobos temporais,
notadamente nos hipocampos. Ele foi submetido a um tratamento neurocirúrgico, com
extirpação de grande parte dos hipocampos e de áreas adjacentes dos lobos temporais,
inclusive as amígdalas (ver Figura 2, a seguir), e desenvolveu uma forma grave de
amnésia, com perda completa da memória recente. H.M. não se lembrava de nada de
sua vida. Todas as situações passaram a ser sempre inéditas para ele. Se conhecesse
alguém e essa pessoa voltasse para visitá-lo, sempre era como se fosse a primeira vez.
Cada alimento que comia era sempre a primeira vez; cada local visitado, não importava
quantas vezes lá ele tivesse ido, era sempre a primeira vez. Vemos esse quadro clínico
em pacientes que sofrem lesões traumáticas ou derrames nestas regiões do cérebro.
Já passei pela experiência de estar atendendo a um paciente com este tipo de lesão
hipocampal. Depois de sair por poucos minutos para atender a um telefonema, no
posto de enfermagem, quando voltei, tive que recomeçar tudo, apresentando-me
novamente, pois ele já não se lembrava de mim. Quem assistiu ao filme Como se fosse
a primeira vez, com a Drew Barrymore e o Adam Sandler, teve a possibilidade de ver
como pode ser a vida de uma pessoa com este tipo de lesão cerebral.
Figura 2 – Cérebro de H.M. hipocampos removidos cirurgicamente em negro. Fonte: THE NEW YORK
TIMES

Em um já clássico trabalho de 2001, Lisman & Morris descreveram assim o “diálogo”


entre o córtex e o hipocampo:

[...] a informação sensorial recente é direcionada através do córtex até o hipocampo.


Surpreendentemente só o hipocampo aprende realmente neste momento – diz-se que ele
está online. Mais tarde, quando o hipocampo está off-line (durante o sono), repete a
informação armazenada, transmitindo-a ao córtex. O córtex é considerado um aprendiz
lento, capaz de armazenar memórias duradouras somente como resultado da repetição
da informação do hipocampo. O hipocampo é apenas um armazém temporário de
memórias. Uma vez que os traços de memória se estabilizem no córtex, as memórias
podem ser acessadas até mesmo quando o hipocampo é removido. Atualmente há
evidência direta de que alguma forma de repetição ocorre no hipocampo... Estes
resultados apoiam a ideia de que o hipocampo é o aprendiz veloz online que ‘ensina’ ao
córtex, aprendiz mais lento, off-line.

O hipocampo faz parte do sistema límbico, que é a região do cérebro com os


circuitos responsáveis por grande parte de nossas respostas emocionais. Portanto,
através do circuito límbico, as novidades memorizadas no hipocampo irão provocar
manifestações emocionais no organismo. Este circuito límbico atua através do
hipotálamo, relacionado ao controle do sistema neurovegetativo (simpático e
parassimpático), e por meio da glândula hipófise ou pituitária, responsável por regular
todas as outras glândulas e células do organismo. Assim, por exemplo, através da
estimulação do chamado eixo hipotálamo-hipófisário, são liberadas na corrente
sanguínea moléculas mensageiras, os hormônios, que irão ativar todas as células do
corpo e as glândulas endócrinas do organismo, provocando a liberação de seus
hormônios no organismo. Esses hormônios, e os hormônios da hipófise, irão se ligar a
receptores situados nas membranas celulares das células corporais e dos neurônios,
provocando a liberação de segundos mensageiros de natureza proteica no interior do
citoplasma das células. Estes segundos mensageiros, por sua vez, migram para o
núcleo das células, onde sinalizam aos genes reguladores e efetores do DNA para que
iniciem a síntese proteica. Esta síntese de proteínas é realizada por meio da
transmissão da informação genética do DNA, conduzida pelo RNA mensageiro, até aos
ribossomos no citoplasma, onde o código genético de quatro letras (adenina, timina,
guanina e citosina) é lido e transduzido no código de 20 aminoácidos que irão formar
as proteínas. A criação de novas sinapses (sinaptogênese) depende desta síntese
contínua de proteínas ( as membranas celulares são lipoprotêicas) para a formação de
novas redes neurais, e de novas memórias, facilitando a plasticidade cerebral. Sem o
perfeito processamento deste diálogo mente-cérebro-DNA, seria impossível a
manifestação da vida inteligente e da consciência.
Lembramos ainda que o sistema imunológico também interage ativamente com
este circuito mente-cérebro-gene, influenciando a liberação de imunotransmissores e a
ativação de células (linfócitos T e B, macrófagos etc.) produtoras de anticorpos, que
são os responsáveis pelo rastreamento e pela eliminação de bactérias, vírus e células
anormais, ou seja, pelo reconhecimento do self e do não-self imunológico. Experiências
emocionais e vivências, como alegria, felicidade, compaixão, criatividade, tristeza,
depressão, ansiedade e estresse, especialmente quando se tornam crônicos, podem
alterar a modulação informacional deste sistema psiconeuroendócrino-imunogenético
e diminuir a produção de neurotransmissores, como as endorfinas, a serotonina, a
dopamina etc., influenciando a competência imunológica. A depressão persistente da
imunocompetência pode ocasionar uma diminuição da capacidade de os anticorpos
rastrearem células anormais, como as células cancerígenas, e levar ao
desenvolvimento de um câncer em nosso organismo.
É nesse contexto que iremos analisar o processo de neuroplasticidade que é
estimulado pela geração molecular de proteínas, de novas redes neurais e novas
memórias, gerando uma espiral dinâmica de interações moleculares contínuas entre a
mente, o cérebro, o sistema imunológico e o DNA.

Plasticidade cerebral, essência da criatividade

Em 2006, Eric Kandel, laureado com o Prêmio Nobel de Medicina, em 2000, por
seu magnífico trabalho sobre os fundamentos da memória e autor da surpreendente
autobiografia científica In search of memory (Em busca da memória), descreveu sua
trajetória científica em íntima relação com sua vida de maneira humana e fascinante.
No capítulo “Um diálogo entre as sinapses e os genes” neste livro, Kandel detalhou
assim o processamento molecular da memória:

A expressão genética converte na sinapse, memória a curto-prazo em memória a longo


prazo, e a sinapse estimulada pelo aprendizado, envia um sinal ao núcleo, para “ligar”
(turn on) certos genes reguladores. Na memória a curto prazo, as sinapses utilizam o AMP
cíclico e a proteína kinase-A para provocar a liberação de mais neurotransmissor.
Hipotetizamos que na memória a longo prazo esta kinase se move da sinapse para o
núcleo, onde ela ativaria proteínas que regulam a expressão genética. Tínhamos que
identificar o sinal enviado da sinapse para o núcleo, encontrar os genes reguladores
ativados pelo sinal, e então identificar os genes efetores ligados pelo regulador...
Descobrimos que, enquanto um único pulso de serotonina aumenta o AMP cíclico e a
kinase A, na sinapse, pulsos repetidos de serotonina produzem concentrações ainda
maiores do AMP cíclico, fazendo com que a kinase A se mova para o interior do núcleo,
onde ela ativa os genes. A kinase A recruta outra kinase, chamada MAP kinase, também
associada com o crescimento sináptico, que também migra para o núcleo. Confirmamos
então que uma das funções do treinamento sensibilizador repetitivo – o porquê da prática
levar à perfeição – é desencadear os sinais apropriados na forma de kinases que se
movem para o núcleo. Uma vez no núcleo, o que essas kinases fazem? Sabíamos, de
estudos recentemente publicados sobre células não neuronais, que a kinase A pode ativar
uma proteína regulatória chamada CREB (cyclic AMP response element-binding protein).
Isto nos sugeriu que a CREB pudesse ser um componente-chave do interruptor (switch)
que converte facilitação a curto prazo nas conexões sinápticas, em facilitação a longo
prazo, e crescimento de novas conexões. Em 1990, descobrimos que a CREB é, com efeito,
essencial para o fortalecimento a longo prazo das conexões sinápticas relacionadas à
sensibilização. Ao bloquear a ação da CREB no núcleo de um neurônio, bloqueamos o
fortalecimento das conexões sinápticas a longo prazo, mas não as de curto prazo! Isto
era impressionante: ao bloquear esta única proteína regulatória, bloqueava-se o inteiro
processo de transformação sináptica da memória a longo prazo!
Então, mesmo tendo dito por longo tempo que os genes do cérebro são os governantes
do comportamento, os mestres absolutos de nosso destino, nosso trabalho demonstrou
que, tanto no cérebro como na bactéria, os genes são também servos do meio ambiente.
Eles são guiados por eventos do mundo externo.
Kandel estava dando início á nova ciência da Epigenética
Em 2001 e 2006, Kandel demonstrou que a expressão genética e a plasticidade
cerebral podem ser facilitadas por psicoterapia:

A psicoterapia ou o aconselhamento psicológico são efetivos e produzem mudanças a


longo prazo no comportamento, por meio da aprendizagem, desencadeando mudanças
na expressão genética que altera as conexões sinápticas provocando mudanças
estruturais, que mudam o padrão anatômico das interconexões entre as células do
cérebro. Com o aumento da resolução de imagens cerebrais, teremos avaliações
quantitativas do resultado da psicoterapia... De maneira simplificada: a regulação da
expressão genética por fatores sociais faz com que todas as funções do corpo, incluindo
todas as funções do cérebro, sejam suscetíveis às influências sociais. Estas influências
serão incorporadas biologicamente às expressões modificadas de genes específicos, em
células nervosas específicas, de regiões específicas do cérebro. Estas modificações
socialmente influenciadas são transmitidas culturalmente.
Hoje, imagens de ressonância funcional de alto campo, como a que reproduzimos
abaixo, retirada da revista inglesa NewScientist, demonstram em tempo real, tal como
profetizou Kandel em 2001, a dinâmica entre o córtex e o hipocampo que ocorre
durante atividades como a psicoterapia.

Figura 3 – De sua localização central, o hipocampo (amarelo) conecta regiões distantes do


córtex (vermelho) envolvidas em uma lembrança particular. Nesta imagem, o cérebro foi
tornado semitransparente, e se superimpôs uma imagem de ressonância funcional da atividade
cerebral com uma imagem de ressonância magnética de sua estrutura
Fonte: NewScientist
Em 2008, Ernest Rossi, conhecido terapeuta ericksoniano, utilizou esta
constatação de Kandel para descrever um modelo psiconeurocientífico, por meio do
qual a psicoterapia e a hipnose terapêutica seriam capazes de estimular a plasticidade
cerebral através de “um diálogo criativo com nossos genes”. Afirmou ele:

A psicoterapia e a hipnose terapêutica podem ser descritas por um modelo


neurocientífico que demonstra serem estas técnicas capazes de estimular a plasticidade
cerebral e gerar um dialogo criativo com nossos genes.

Seu modelo nos fascina pela possibilidade de sua aplicabilidade em todos os


campos do conhecimento, por meio do que ele denominou uma nova bioinformática, a
ciência que descreve os processos de transdução da informação durante a interação
mente-corpo-gene.
O processo de criatividade, capaz de estimular a sinaptogênese gerando novas
redes neurais e novas memórias, é compreendido como um processo de quatro
estágios:

 estágio um: o momento de ter uma ideia e começar a trabalhar o problema;


 estágio dois: a difícil experiência de lutar tentando resolver o problema;
 estágio três: o momento criativo. Um “flash of insight”;
 estágio quatro: a feliz solução do problema.

Estes quatro estágios foram identificados tanto no campo das Humanidades


quanto nas Ciências e na Psicologia, o que mostra a existência dos mesmos processos
psiconeuroendócrino-imunogenéticos em jogo, em todas as atividades humanas.
Em seu livro The new neuroscience of psychotherapy, de livre acesso on-line,
Rossi & Rossi (2008b) nos mostraram que o processo criativo de quatro fases tem sua
correspondência no processamento dos quatro níveis psicobiológicos da interação
mente-corpo-gene durante a expressão genética e o processo de plasticidade cerebral.
Abaixo, ampliamos e especificamos mais detalhadamente esse processamento
molecular de quatro níveis, já descrito no início.
1. A informação do mundo exterior codificada nos neurônios do córtex cerebral e
no hipocampo é transformada no sistema límbico-hipotalâmico-pituitário em
moléculas mensageiras (hormônios), que conduzem pela circulação a
informação até os receptores das membranas celulares.
2. Os receptores nas membranas celulares transmitem o sinal, via segundos
mensageiros proteicos como a kinase A, ao DNA no núcleo da célula, onde
genes reguladores comunicam aos genes efetores para transcreverem seu
código para o RNA mensageiro.

3. Os RNAm transportam a mensagem genética do núcleo das células para os


ribossomos no citoplasma, organela na qual se processa a síntese de proteínas.
Esta transcrição do código genético ocorre por meio da justaposição, um a um,
dos aminoácidos selecionados a partir de cada três bases nitrogenadas (tríade)
trazida pelo RNAm, copiada da linguagem do DNA do núcleo. Estas tríades são
letras do alfabeto genético, a linguagem da vida, formadas pela sequência de
três das quatro bases nitrogenadas – A adenina, T timina, G guanina e C citosina.
Cada tríade corresponde a um dos 20 aminoácidos essenciais encontrados na
natureza, que estão disponíveis no citoplasma da célula. Esses aminoácidos no
citoplasma da célula são conduzidos ao ribossomo, durante a síntese proteica,
por um outro tipo de RNA, o RNA transportador (RNAt). Uma sequência de,
aproximadamente 30 aminoácidos unidos em linha sequencial já constitui uma
proteína, que pode conter até 400 aminoácidos. As proteínas assim
sintetizadas são as estruturas últimas de cura do corpo e irão atuar em nosso
organismo, conforme explicitam os itens seguintes.
a) Proteínas estruturais
São os componentes básicos da estrutura dos organismos. Qualquer forma
de cura ou regeneração orgânico-celular necessita de proteínas para se
concretizar, pois as membranas celulares são constituídas por proteínas e
lipídios.
b) Proteínas funcionais
Representadas pelas enzimas e pelos anticorpos.
Enzimas são proteínas funcionais que facilitam (catalisam) as dinâmicas
energéticas, aumentando a velocidade das reações químicas celulares, sem
aumento de temperatura, através do reconhecimento estereoquímico, que é
uma forma de cognição molecular.
Anticorpos são proteínas funcionais denominadas imunoglobulinas, que
possuem a função de reconhecer e destruir células bacterianas, vírus
invasores e células mutantes, como as células cancerígenas.
c) Proteínas receptoras
Funcionam como receptores e como canais transdutores de informação nas
membranas celulares.
d) Proteínas mensageiras
São moléculas transportadoras de informação como os hormônios.
4. As moléculas mensageiras funcionam como uma espécie de “memória
molecular”, sendo capazes de evocar memória dependente de estado,
aprendizagem e comportamento nas redes neurais do cérebro.

Plasticidade neural e terapias alternativas e acadêmicas

Estimulamos a plasticidade cerebral por meio das novidades com que entramos
em contato. Portanto, qualquer forma de terapia, seja ela alopática, seja homeopática,
complementar, alternativa, noética ou integrativa – e isto é de importância fundamental
para o entendimento dos mecanismos de cura tanto dos tratamentos acadêmicos
quanto dos tratamentos alternativos – provocará mudanças nas redes neurais e na
criação de novas memórias e geração de neuroplasticidade. Este dado, torno a dizer, é
de fundamental importância para compreendermos os mecanismos de ação das
terapias alternativas e acadêmicas, e interpretarmos os processos de cura em jogo.
Neste contexto psiconeuroendócrino-imunogenético, todas as formas de terapias,
sejam elas acadêmicas, sejam alternativas, possuem seu valor, pois estimulam os
genes a expressarem um código-DNA para sintetizar proteínas, que são as estruturas
últimas de cura do organismo, “máquinas moleculares” promotoras da cura mente-
corpo.

Ciclos ultradianos

Este ciclo completo de comunicação e cura mente-corpo-gene, assim como a


maior parte das atividades de nossa vida diária que levam comumente cerca de 90 a
120 minutos para se concretizar, relaciona-se com a liberação na circulação de
diversos hormônios ativadores e inibidores da atividade celular. Esses hormônios,
como o cortisol, a adrenalina, a testosterona, o hormônio do crescimento, o DHEA
(dehidroepiandrosterona) e inúmeros outros neuropeptídios e neurotransmissores,
possuem ciclos de liberação na circulação de mais ou menos 120 minutos, conhecidos
como “ciclos ultradianos”, em contraste com o “ciclo circadiano”, de 24horas. Em
Cronobiologia, este ciclo é conhecido como “ciclo básico de repouso-atividade” ou BRAC,
na sigla em inglês.
Kandel (2006) demonstrou que o ciclo ultradiano básico de atividade e repouso
(BRAC), quando estimulado por sinais novos e estimulantes do meio ambiente, “liga” os
genes atividade-dependentes, desencadeando a síntese de novas proteínas e
facilitando a sinaptogênese e a plasticidade cerebral. Este processo de interação mente
-cérebro, cérebro-corpo e célula-gene leva cerca de 90 a 120 minutos para se
concretizar, sendo que a última etapa, célula-gene, gasta somente 20 minutos. Rossi
utiliza esta janela de tempo como o ideal para a realização da psicoterapia. Este
“timing” permitiria ao paciente criar novas redes neurais, estimulando a
neuroplasticidade a partir dos insights surgidos durante a psicoterapia ou a
estimulação corporal, se estiver realizando uma terapia mente-corpo.
E, mais ainda, Rossi citou autores que demonstraram que este processo pode ser
representado por uma curva proteômica, que evidencia a energia para o dobramento
das proteínas nos neurônios, e por uma curva genômica, representando a expressão
genética para genes de expressão imediata, como o c-fos e mais dez outros genes.

Consolidando a memória e Implicações Terapêuticas

O neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro e seus colaboradores, em 2002 e 2004,


demonstraram que, quando experienciamos novidades significativas, enriquecimento
ambiental, ou quando nos exercitamos durante o estado de vigília, o gene zif-268 é
expresso no período do sono REM, fase do sono relacionada aos sonhos. Segundo ele:

(...) a reverberação neuronal sustentada durante o sono de ondas lentas, é imediatamente


seguida por expressão de genes relacionados à plasticidade durante o sono REM, o que
explica o benefício do sono na consolidação de novas memórias.

Este gene zif-268 é um gene de expressão imediata, relacionado a estados


comportamentais e associado à geração de proteínas e fatores de crescimento
neuronal, que facilitam a plasticidade cerebral.
Em 2008, Ribeiro revelou a existência de “ciclos de plasticidade”, relacionados a
três ondas espaço-temporais distintas da expressão do zif-268, que se inicia no
hipocampo 30 minutos após estimulação, ainda no período de vigília, com propagação
para áreas extra-hipocampais distais durante os dois episódios subsequentes de sono
REM. Cada onda reguladora ascendente (“up-regulation”) do zif-268 foi interrompida
pelo próximo episódio de SWS (sono de ondas lentas, não relacionado ao sonho),
indicando a existência de ciclos recorrentes de plasticidade, conforme os dois estados
de sono alternavam.
As implicações terapêuticas desse processo são imensas, pois os sonhos
funcionam como replays criativos, e a reverberação neuronal durante o sono de ondas
lentas (sem sonhos), seguida pela expressão de genes relacionados à plasticidade
cerebral durante o sonho, irão gerar transformações criativas na mente e no
comportamento.
Ao utilizarmos a janela de tempo deste ciclo de expressão genética e plasticidade
cerebral para consolidar a reconstrução do medo, do estresse, das memórias
traumáticas e dos sintomas emocionais, durante a psicoterapia, a hipnose terapêutica
e as terapias mente-corpo, realizando o “dialogo criativo com nossos genes”, proposto
por Rossi, aumentamos enormemente a possibilidade de sucesso em nossas
intervenções terapêuticas.
Nossa experiência clínica nos vem demonstrando que a terapia auxiliada pela
indução de estados amplificados de consciência, como a meditação, a oração, a
visualização criativa e o relaxamento, são mais eficazes se respeitarmos esta
sabedoria da natureza, esta janela de tempo de 90-120 minutos do processo de
interação mente-cérebro-gene. É muito importante orientarmos o paciente quanto à
necessidade de um sono repousante para que, através dos ciclos de plasticidade, ele
possa consolidar o que foi percebido e compreendido como relevante durante o
processo terapêutico.
Em resumo, quando despertamos do sono, sonho, ou saímos de um processo de
contemplação, ou meditação, ou oração, ou ao realizarmos alguma forma de terapia,
seja ela acadêmica, seja alternativa, ou mesmo quando, em nossa vida diária, entramos
em contato com novidades significativas, estamos facilitamos o diálogo criativo entre o
córtex, o hipocampo, o sistema límbico, o sistema imunológico e o DNA, processo
fundamental para a vida e a manifestação da consciência.
Como estas manifestações naturais da mente, por meio da modulação da
expressão genética e da plasticidade cerebral, são suscetíveis às influências
ambientais e sociais, isso permite fazermos uma escolha entre o que Rossi denomina
“resposta ultradiana de cura” e “resposta ultradiana de estresse”, que ocorrem
naturalmente durante o dia, a cada duas horas aproximadamente:

Propomos que o estresse crônico induzido por ignorar e pular esta fase natural de
repouso do Ciclo Básico de Repouso-Atividade é uma fonte primária de desordens
psicossomáticas que podem ser resolvidas mediante terapia mente-corpo via hipnose
terapêutica (LLOYD & ROSSI, 1992, 2008; ROSSI & NIMMONS, 1991).

Podemos ou não desfrutar a fase natural de repouso e cura do ciclo. Se optarmos


por esta resposta de cura, obedecendo à sabedoria sistêmica da interação mente-
corpo, podemos vivenciar, segundo Rossi, as etapas delineadas a seguir.

RESPOSTA ULTRADIANA DE CURA


1. Sinais de reconhecimento do BRAC
Aceitação do chamado da natureza para relaxar e para a necessidade de repouso
e recuperação de força e bem-estar, desencadeando uma experiência de conforto
e gratidão.
2. Respiração profunda
A respiração mais profunda chega naturalmente após alguns momentos de
descanso. Sinal de que você está penetrando em um estado mais profundo de
relaxamento e cura. Explore o profundo sentimento de conforto que chega
espontaneamente. Relembre as possibilidades de comunicação e cura mente-
gene com uma atitude “compassiva e desapaixonada”.
3. Cura mente-corpo
Fantasia espontânea, memória, imaginação ativa e estados numinosos são
orquestrados para a cura e o reenquadramento da vida. Algumas pessoas tiram
uma “soneca”.
4. Rejuvenescimento e despertar
Despertar natural com sentimentos de serenidade, clareza e cura e um sentimento
de melhora do desempenho e bem-estar.

Se, ao contrário, como frequentemente ocorre, optarmos pela resposta de


estresse, então teremos a sequência de eventos enumerada nos itens a seguir.

SÍNDROME ULTRADIANA DE ESTRESSE


1. Rejeição do chamado da natureza
Rejeição do chamado da natureza para a necessidade de repouso e recuperação
de força e bem-estar, ocasionando uma experiência de estresse e fadiga.
2. Liberação hormonal
O esforço contínuo diante da fadiga leva à liberação de hormônios de estresse,
provocando um curto-circuito no ciclo de repouso ultradiano. O desempenho
prossegue às expensas de um desgaste oculto, gerando mais estresse e
necessidade de estimulantes artificiais, como cafeína, nicotina, álcool, cocaína etc.
3. Mal funcionamento orgânico
Aparecimento de muitos erros no desempenho, na memória e na aprendizagem.
Problemas emocionais, como depressão e irritabilidade, tornam-se manifestos.
Você pode ficar abusivo e descontrolado consigo e com os outros.
4. O corpo rebelde
Sintomas psicossomáticos clássicos o dominam e você finalmente tem que parar
e descansar. Fica uma sensação persistente de fracasso, depressão e doença.

Compreendendo o estresse

Selye, criador do termo “estresse”, definiu-o como “um estado de tensão do


organismo quando obrigado a utilizar suas defesas para enfrentar qualquer situação
desafiadora”.
No momento em que nos vemos estressados, mobilizamos energia por meio do
aumento da liberação da glicose, de oxigênio, de cortisol e de adrenalina, aumentando o
tônus cardiovascular e a frequência respiratória, melhorando a cognição e a memória
dependente do hipocampo, ampliando a liberação de dopamina nas vias de prazer e
suprimindo a reprodução, a imunidade, o crescimento e a digestão.
Se a situação estressante tornar-se crônica, os efeitos do estresse a longo prazo
no organismo irão provocar uma resposta inversa, com diminuição da liberação de
glicose, piora da função hipocampal e da memória com atrofia neuronal, diminuição da
plasticidade sináptica, inibição da neurogênese, lesão e morte de neurônios, diminuição
da liberação de dopamina e aumento da função da amígdala (relacionada ao medo e à
ansiedade), ocasionando mudanças eletrofisiológicas e estruturais, além de piora da
função do córtex frontal e de sua função executiva, também desencadeando mudanças
eletrofisiológicas e estruturais.
A não resolução da situação crônica de estresse irá desencadear o aparecimento
das chamadas doenças de adaptação, que são desordens orgânicas relacionadas ao
estresse, como hipertensão induzida por circunstância estressante, doença cardíaca,
derrames, diabetes, miopatias, síndrome da fadiga crônica, fibromialgia, úlceras, colite,
amenorreia, impotência e diminuição da libido, nanismo psicogênico, aumento do risco
de doenças, morte dos neurônios, notadamente no hipocampo, levando à perda
progressiva de memória e, até mesmo, ao desenvolvimento de estados demenciais.
Quando alteramos o fluxo natural de informação, vivendo uma vida estressante,
modificamos as liberações hormonais ultradianas e interrompemos o fluxo de
inteligência que sustenta a vida (segundo a medicina ayurvédica, tradicional da Índia, a
doença é a interrupção do fluxo natural de inteligência).

Estamos sendo continuamente criados e reestruturados (rewired)


durante toda a nossa vida!

Hoje, sabemos que manter, durante a vida, a atividade cerebral ativada


continuamente por estímulos renovadores aumenta exponencialmente a densidade das
conexões neuronais, permitindo a superação do processo natural de envelhecimento e
a atrofia cerebral, desacelerando ou, até mesmo, impedindo o aparecimento dos
processos de demenciação. Permite ainda desenvolvermos uma melhor capacidade
neuroendócrina e imunológica, que nos leva a suportar melhor e superar a maior parte
das doenças do envelhecimento!
Eric Kandel, com toda sua vitalidade, alegria de vida e longevidade, que
percebemos o tempo todo assistindo ao DVD In search of memory, parece-nos
exatamente o tipo de pessoa que conseguiu fazer de sua vida um estímulo à
inteligência e à integridade mente-corpo!

Neurônios-espelhos, plasticidade cerebral e experiências numinosas

Neurônios-espelhos são células recentemente descobertas, capazes de mediar a


empatia na psicoterapia, a transferência na psicanálise e o rapport na hipnose
terapêutica e nas terapias mente-corpo (ROSSI & ROSSI, 2008b). São de uma importância
fundamental na intermediação da aprendizagem e do comportamento social nos
contextos culturais em que vivemos, pois “constroem pontes entre os mitos e
metáforas religiosas psicoespirituais de todas as culturas, e a consciência”.
Rossi nos lembra que as interações psicossociais entre as pessoas, assim como
a atuação dos contadores de estórias, cantores, dançarinos, oradores, atores e
políticos de todo tipo, capazes de “conduzir” uma audiência, estão, na verdade,
promovendo, por intermédio da ação dos neurônios espelhos, a expressão genética, a
criação de novas redes neurais e estimulando a plasticidade cerebral.

Procuramos construir pontes entre nossas experiências numinosas da arte, do belo, da


verdade e da autocriação em todos os níveis, da mente ao gene, fundamentando um novo
approach bioinformático para a medicina, a psicoterapia e a reabilitação.

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