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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Medicina
Departamento de Ciências Fisiológicas
Fisiologia I

Tema: Memoria e Aprendizagem.

Discente: Docente:
Daisy Monjane Prof. Drª. Elsa Lobo
Celina Monitores:
Charlen Rogerio Cuambe Júlio Franqueza
Edson Joao Luis Mariano Joaquim

Maputo, Novembro de 2023


ÍNDICE
Introdução...............................................................................................................................1
Objectivos...............................................................................................................................2
Anatomia funcional do sistema límbico..................................................................................3
Memória................................................................................................................................11
Classificação da memoria.....................................................................................................13
Consolidação da memória.....................................................................................................18
Conclusão..............................................................................................................................21
Referências bibliográficas.....................................................................................................22

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INTRODUÇÃO

A memória biológica é definida como aquisição, armazenamento e evocação de informação


cerebral. Ela é ativada pela passagem de um determinado impulso sensorial por uma
seqüência de sinapses, e quanto maior a freqüência dessas passagens, essas sinapses se
tornam cada vez mais capazes de transmitir o mesmo impulso em uma próxima vez –
processo chamado de facilitação. A consolidação da memória se dá no momento seguinte
ao acontecimento ao qual ela se refere, sendo assim, fatores externos podem facilitar sua
posterior evocação. Desse modo é possível a realização de treino dessa capacidade cerebral:
pesquisas realizadas com ratos envolvendo treinos de memória demonstraram que ocorre
ativação de sistemas neuro-hormonais para modular o processo de memorização.

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OBJECTIVOS

Objectivos Gerais
 Descrever os processos de memória e aprendizagem.

Objectivos Específicos

 Identificar e classificar os tipos de memória


 Descrever os mecanismos de memória

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ANATOMIA FUNCIONAL DO SISTEMA LÍMBICO
A palavra “límbico” significa “borda”. Originalmente, o termo “límbico” era usado para
descrever as estruturas da borda, ao redor das regiões basais do prosencéfalo; porém,
conforme aprendemos mais sobre as funções do sistema límbico, o termo sistema límbico
foi expandido para significar todo o circuito neuronal que controla o comportamento
emocional e as forças motivacionais. Uma parte importante do sistema límbico é o
hipotálamo e suas estruturas relacionadas. Além de seu papel no controle comportamental
essas áreas controlam muitas condições internas do corpo, como a temperatura corporal,
osmolalidade dos líquidos corporais, e os desejos de comer e beber e o controle do peso
corporal. Essas funções do meio interno são coletivamente chamadas funções vegetativas
do cérebro, e seu controle está intimamente relacionado ao comportamento.

As estruturas anatômicas do sistema límbico formam um complexo interconectado de


elementos da região basal do cérebro. Situado no meio de todas essas estruturas, fica o
extremamente pequeno hipotálamo, que do ponto de vista fisiológico, é um dos elementos
centrais do sistema límbico.

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A figura acima mostra a posição do hipotálamo no sistema límbico e mostra, a seu redor,
outras estruturas subcorticais do sistema límbico incluindo; a área septal, a área
paraolfatória, o núcleo anterior do tálamo, partes dos gânglios da base, o hipocampo e a
amígdala. E, ao redor das áreas límbicas subcorticais, fica o córtex límbico, composto por
anel de córtex cerebral, em cada um dos hemisférios cerebrais;

1. começando na área orbitofrontal, na superfície ventral do lobo frontal;


2. se stendendo-se para cima para o giro subcaloso;
3. então, de cima do corpo caloso para a região medial do hemisfério cerebral, para o giro
cingulado;
4. passando por trás do corpo caloso e para baixo, pela superfície ventromedial do lobo
temporal para o giro para-hipocâmpico e para o úncos.

Consequentemente, nas superfícies medial e ventral de cada hemisfério cerebral existe anel
principalmente de paleocórtex, que envolve o grupo de estruturas profundas intimamente
associadas ao comportamento geral e às emoções. Por sua vez, esse anel de córtex límbico
funciona como via de mão dupla de comunicação e de associação entre o neocórtex e as
estruturas límbicas inferiores. Muitas das funções comportamentais, promovidas pelo
hipotálamo e por outras estruturas límbicas, são também mediadas pelos núcleos reticulares
do tronco cerebral e por seus núcleos associados monstrando que a estimulação de porções
excitatórias da formação reticular pode causar altos graus de excitabilidade cerebral,
enquanto também aumenta a excitabilidade da maioria das sinapses da medula espinal.

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A maioria dos sinais hipotalâmicos, para o controle do sistema nervoso autônomo, também
é transmitida pelos núcleos sinápticos situados no tronco cerebral. Via importante de
comunicação entre o sistema límbico e o tronco cerebral é o fascículo prosencefálico
medial, que se estende das regiões septal e orbitofrontal do córtex cerebral para baixo pela
região média do hipotálamo para a formação reticular do tronco cerebral. Esse feixe carreia
fibras em ambas as direções, formando um sistema troncular de comunicação. A segunda
via de comunicação é por meio de vias curtas, entre a formação reticular do tronco cerebral,
tálamo, hipotálamo e a maioria das outras áreas contíguas da parte basal do encéfalo.

HIPOTÁLAMO

O hipotálamo, apesar do seu pequeno tamanho de somente alguns centímetros cúbicos (e


peso de apenas 4 gramas), contém vias bidirecionais de comunicação com todos os níveis
do sistema límbico. Por sua vez, ele e suas estruturas intimamente conectadas emitem sinais
em três direções:

1. para trás e para baixo, até o tronco cerebral, principalmente para as áreas reticulares do
mesencéfalo, ponte e bulbo e dessas áreas para os nervos periféricos do sistema nervoso
autônomo;
2. ascendente, em direção a muitas áreas superiores do diencéfalo e prosencéfalo,
especialmente para a parte anterior do tálamo e porções límbicas do córtex cerebral; e
3. para o infundíbulo hipotalâmico, a fim de controlar, total ou parcialmente, a maioria das
funções secretórias tanto da hipófise anterior quanto da posterior.

Em consequência, o hipotálamo, que representa menos do que 1% da massa encefálica, é


uma das estruturas de controle mais importantes do sistema límbico. Ele controla a maioria
das funções vegetativas e endócrinas do corpo, bem como muitos aspectos do
comportamento emocional.

FUNÇÕES COMPORTAMENTAIS DO HIPOTÁLAMO E ESTRUTURAS


LÍMBICAS ASSOCIADAS

Efeitos causados por estimulação do hipotálamo

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A estimulação ou lesões do hipotálamo pode ter com frequência, profundos efeitos no
comportamento emocional de animais e dos seres humanos. Alguns dos efeitos
comportamentais da estimulação são os seguintes:

1. A estimulação da região lateral do hipotálamo, não apenas causa sede e fome, mas
também aumenta o nível geral de atividade do animal, algumas vezes levando à raiva e à
luta.

2. A estimulação do núcleo ventromedial e áreas adjacentes causa principalmente os


efeitos opostos aos ocasionados pela estimulação lateral hipotalâmica, isto é, sensação de
saciedade, diminuição da alimentação e tranquilidade.

3. A estimulação de zona estreita dos núcleos periventriculares localizados imediatamente


adjacentes ao terceiro ventrículo (ou, também, pela estimulação da área cinzenta central do
mesencéfalo, que é contínua com essa porção do hipotálamo) usualmente leva a reações de
medo e punição.

4. O desejo sexual pode ser estimulado em diversas áreas do hipotálamo, especialmente nas
porções mais anterior e mais posterior do hipotálamo.

Efeitos Causados por Lesões Hipotalâmicas

As lesões no hipotálamo em geral causam os efeitos opostos aos causados pela estimulação.
Por exemplo:

1. Lesões bilaterais na região lateral do hipotálamo vão diminuir a sede e fome até quase a
zero, em geral, levando à inanição letal. Essas lesões causam também extrema passividade
do animal com perda da maioria dos seus impulsos motivacionais.

2. Lesões bilaterais das áreas ventromediais do hipotálamo produzem efeitos que são, em
sua maioria, opostos aos causados pelas lesões na região lateral do hipotálamo: beber e
comer excessivamente, bem como hiperatividade e muitas vezes surtos frequentes de raiva
extrema a menor provocação. A estimulação ou lesões em outras áreas do sistema límbico,
especialmente na amígdala, na área septal e nas áreas do mesencéfalo, em geral, produz
efeitos semelhantes aos produzidos pelo hipotálamo.

Funções de “recompensa” e “punição” do sistema límbico

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Diversas estruturas límbicas estão, de modo particular, envolvidas com a natureza afetiva
das sensações sensoriais, isto é, se as sensações são agradáveis ou desagradáveis. Essas
qualidades afetivas são também chamadas recompensa ou punição, ou satisfação ou
aversão. A estimulação elétrica de certas áreas límbicas agrada ou satisfaz o animal,
enquanto a estimulação elétrica de outras regiões causa terror, dor, medo, defesa, reações
de escape e todos os outros elementos da punição. Os graus de estimulação desses dois
sistemas opostos de resposta influenciam muito o comportamento do animal.

Os principais centros de recompensa foram localizados ao longo do curso do fascículo


prosencefálico medial, especialmente nos núcleos lateral e ventromedial do hipotálamo.

As áreas mais potentes para as tendências de punição e fuga foram encontradas na


substância cinzenta circundando o aqueduto de Sylvius, no mesencéfalo, e se estendendo
para cima, para as zonas periventriculares do hipotálamo e tálamo. Áreas de punição menos
potentes foram encontradas em algumas localizações da amígdala e do hipocampo. É
particularmente interessante que a estimulação dos centros de punição pode, muitas vezes,
inibir por completo os centros de recompensa e prazer, mostrando que punição e medo
podem prevalecer sobre prazer e recompensa.

A Importância da Recompensa ou Punição no Aprendizado e na Memória — Habituação


versus Reforço

Experimentos em animais mostraram que a experiência sensorial que não cause


recompensa ou punição é pouco lembrada. Registros elétricos do cérebro mostram que o
estímulo sensorial, sentido pela primeira vez, quase sempre excita áreas múltiplas no córtex
cerebral. Entretanto, se a experiência sensorial não provocar sensação de recompensa ou de
punição, a repetição do estímulo mais e mais vezes leva à extinção quase completa da
resposta do córtex cerebral, isto é, o animal se habitua a esse estímulo sensorial específico e
posteriormente o ignora. Se o estímulo de fato causar recompensa ou punição, em vez de
indiferença, a resposta do córtex cerebral ficará cada vez mais intensa durante estimulação
repetida em vez de desaparecer, e diz-se que a resposta é reforçada. O animal acumula
fortes traços de memória para sensações que são recompensadoras ou punitivas, mas por
outro lado desenvolve habituação completa a estímulos sensoriais indiferentes. É evidente

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que os centros de recompensa e punição do sistema límbico têm muito a ver com a seleção
da informação, descartando mais que 99% e selecionando menos que 1% para retenção.

Hipocampo

O hipocampo é a porção do córtex cerebral que se dobra para dentro para formar a
superfície ventral da parede interna do ventrículo lateral. Uma extremidade do hipocampo
encosta no núcleo amigdaloide e, ao longo da sua borda lateral, ele se funde com o giro
para-hipocâmpico, que é o córtex cerebral da superfície externa ventromedial do lobo
temporal.

O hipocampo (e as estruturas adjacentes, tanto do lobo temporal quanto parietal, em


conjunto, são chamadas formação hipocâmpica) tem numerosas conexões, mas
principalmente indiretas com a maioria das porções do córtex cerebral, bem como com
estruturas basais do sistema límbico — a amígdala, o hipotálamo, a área septal e os corpos
mamilares. Quase todos os tipos de experiências sensoriais levam à ativação de pelo menos
parte do hipocampo, e este, por sua vez, distribui a maioria dos sinais eferentes para o
tálamo anterior, hipotálamo e outras partes do sistema límbico, especialmente por meio do
fórnix, a principal via de comunicação. Portanto, o hipocampo é um canal adicional pelo
qual sinais sensoriais que chegam possam iniciar reações comportamentais para diferentes
propósitos. Como em outras estruturas límbicas, a estimulação de diferentes áreas do
hipocampo pode levar a diferentes padrões comportamentais, como prazer, raiva,
passividade ou excesso de desejo sexual. Outra característica do hipocampo é que ele pode
ficar hiperexcitado. Por exemplo, estímulos elétricos fracos podem causar convulsões
epilépticas focais em pequenas áreas dos hipocampos. As convulsões geralmente persistem
por alguns segundos após o término da estimulação, sugerindo que os hipocampos possam
emitir sinais prolongados, mesmo sob condições de funcionamento normal. Durante crises
epilépticas de origem hipocâmpica, a pessoa pode experimentar diversos efeitos
psicomotores, incluindo olfatórios, visuais, auditivos, táteis e outros tipos de alucinações,
que não podem ser suprimidas enquanto a convulsão persiste, mesmo que a pessoa não
tenha perdido a consciência e saiba que essas alucinações são irreais. Provavelmente, uma
das razões para essa hiperexcitabilidade do hipocampo é que ele tem diferente tipo de
córtex em relação a qualquer outra parte do prosencéfalo, com apenas três camadas de

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células nervosas em algumas de suas áreas, em vez das seis camadas, encontradas no
neocórtex.

Funções Teóricas do Hipocampo no Aprendizado

O hipocampo se originou como parte do córtex olfativo. Em muitos animais inferiores, esse
córtex tem papel essencial na determinação de se o animal irá comer determinado alimento,
ou se o cheiro de determinado objeto sugere perigo, ou se o odor é convite sexual, tomando
então decisões que são de importância de vida ou morte. Muito precoce no
desenvolvimento evolutivo do cérebro, o hipocampo presumivelmente se tornou
mecanismo neuronal importante na tomada de decisões, determinando a importância dos
sinais sensoriais que chegavam. Presume-se que uma vez que essa capacidade crítica em
tomar decisões tenha sido estabelecida, o restante do cérebro também começa a implicar o
hipocampo na tomada de decisões. Consequentemente, se o hipocampo sinaliza que a
informação que chega é importante, essa informação provavelmente será armazenada na
memória. Assim, a pessoa ficará rapidamente habituada aos estímulos indiferentes, mas vai
aprender com atenção qualquer experiência sensorial que cause prazer ou dor. Mas, qual é o
mecanismo pelo qual isso ocorre? Já foi sugerido que o hipocampo fornece impulso que
causa a transformação da memória a curto prazo em memória a longo prazo — isto é, o
hipocampo transmite sinais que parecem fazer com que a mente repita a nova informação,
até que o armazenamento permanente esteja completo. Qualquer que seja o mecanismo sem
o hipocampo, a consolidação das memórias a longo prazo dos tipos verbal ou pensamento
simbólico é insuficiente ou não ocorre.

Amígdala

A amígdala é um complexo de múltiplos pequenos núcleos localizados imediatamente


abaixo do córtex cerebral do polo medial anterior de cada lobo temporal. Ela tem conexões
bilaterais abundantes com o hipotálamo, bem como com outras áreas do sistema límbico.
Em animais inferiores, a amígdala está envolvida em grau extenso com o estímulo olfativo
e suas interrelações com o cérebro límbico. Uma das principais divisões do trato olfativo
termina em porção da amígdala chamada núcleo corticomedial, situado logo abaixo do
córtex cerebral na porção piriforme olfativa do lobo temporal. No ser humano, outra porção
da amígdala, o núcleo basolateral, desenvolveu-se muito mais do que a porção olfativa e

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desempenha papéis importantes em diversas atividades comportamentais, geralmente não
associadas ao estímulo olfativo.

Efeitos da Estimulação da Amígdala.

Em geral, a estimulação da amígdala pode causar quase todos os mesmos efeitos


produzidos pela estimulação do hipotálamo, além de mais outros efeitos. Os efeitos
iniciados pela amígdala e, então, finalizados pelo hipotálamo incluem;

1. aumento ou diminuição da pressão arterial;


2. aumento ou diminuição da frequência cardíaca;
3. aumento ou diminuição na motilidade e secreção gastrointestinais;
4. defecação ou micção;
5. dilatação pupilar ou, raramente, contração;
6. piloereção; e
7. secreção de diversos hormônios da hipófise anterior, especialmente as gonadotropinas e o
hormônio adrenocorticotrópico.

Além disso, a estimulação de alguns núcleos amigdaloides pode levar a padrões de raiva,
fuga, punição, dor grave e medo, similares aos padrões de raiva produzidos pelo
hipotálamo, como descrito antes. A estimulação de outros núcleos amigdaloides pode
promover reações de recompensa e prazer. Finalmente, a excitação ainda de outras porções
da amígdala pode causar atividades sexuais que incluem ereção, movimentos copulatórios,
ejaculação, ovulação, atividade uterina e parto prematuro.

Função do Córtex Límbico

A porção menos entendida do sistema límbico é o anel do córtex cerebral, chamado córtex
límbico, que fica ao redor das estruturas límbicas subcorticais. Esse córtex funciona como
zona de transição pela qual sinais são transmitidos do resto do córtex cerebral para o
sistema límbico e também na direção oposta. Portanto, o córtex límbico efetivamente
funciona como área associativa cerebral de controle do comportamento.

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MEMÓRIA
É o armazenamento de informações e fatos obtidos através de experiências ouvidas ou
vividas. Relaciona-se fortemente a aprendizagem que é a obtenção de novos
conhecimentos, pois irá utilizar a memoria para reter tais informações no cérebro, de tal
forma que são armazenadas no cérebro pela variação da sensibilidade básica de transmissão
sináptica entre os neurónios, como resultado a atividade neuro previa. É a destruição de
grandes porções do córtex cerebral não impede a pessoa de ter pensamentos, mas reduz a
profundidade dos pensamentos e também o grau de consciência do ambiente.

Teoria holística do pensamento

Cada pensamento certamente envolve, de modo simultâneo, sinais em diversas porções do


córtex cerebral. Tálamo, sistema límbico e formação reticular do tronco cerebral. Alguns

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pensamentos básicos provavelmente dependem de modo quase exclusivo dos centros
inferiores. O pensamento de dor é um bom exemplo, porque a estimulação elétrica do
córtex humano raramente só provoca qualquer coisa além de dor leve, enquanto que
estimulação de certas áreas do hipotálamo, amígdala e mesencéfalo pode acusar dor
excruciante.

Nesse caso pensamento, em termos de atividade neural seria: pensamento resulta de um


padrão de estimulação de diversas partes do sistema nervoso ao mesmo tempo. As áreas
estimuladas do sistema límbico, tálamo e formação reticular determinam a natureza geral
dos pensamentos, dando suas qualidades como prazer, desprazer, dor, conforto,
modalidades brutas sensórias e outras características gerais.

A capacidade da área pré-frontal de manter presentes, de modo simultâneo, diversos


fragmentos de informação sequencialmente apresentados e levar ao resgate dessa
informação instantaneamente, assim que ela for necessária para pensamentos subsequentes,
é chamada de memoria de trabalho.

E essas áreas pré-frontais são divididas em segmentos separados para armazenar tipos
diferentes de memoria temporária, como por exemplo: Uma área para armazenar a forma de
um objeto ou uma parte do corpo e a outra área para armazenar movimentos.

As vias novas ou facilitadas são chamadas de traços de memoria. Uma vez que são
estabelecidos são importantes porque podem ser seletivamente ativados pelos processos
mentais para produzir as memorias. Esses traços podem ocorrer em todos níveis do sistema
nervoso.

Memoria positiva e negativa da transmissão sináptica.

Muitas vezes interpretamos memoria como sendo: Recordações positivas de pensamentos


ou experiências. Mas provavelmente a maior parte da nossa memoria é negativa e não
positiva.

Se as nossas mentes tentassem lembrar de toda informação, rapidamente seria excedida,


felizmente o cérebro tem a capacidade de ignorar informação sem consequências.

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Essa capacidade resulta da inibição das vias sinápticas para esse tipo de informação, e o
efeito resultante é chamado de habituação, que é um tipo de memoria negativa.

Por sua vez, para a informação que entra no cérebro que causa consequências importantes
como; dor, prazer, o cérebro tem a capacidade automática diferente de armazenar e realçar
os traços mnemónicos. (é uma memoria positiva). Ela resulta da facilitação das vias
sinápticas e o processo é chamado de sensibilização da memoria.

Uma das áreas límbicas basais do cérebro determina se a informação é importante ou não e
tomam a decisão subsequente de armazenar informação, como traço de memoria.

CLASSIFICAÇÃO DA MEMORIA.
A memoria pode ser classificada quanto a duração;

Memoria a curto prazo


Incluem memorias que duram por segundos ou então no máximo minuto se não forem
convertidas em memoria a longo prazo. Causada por facilitação ou inibição da pré-
sináptica, esse processo ocorre em sinapses que ficam em fibras terminais imediatamente,
antes que formem sinapses com o neurónio subsequente. As substâncias
neurotransmissores, liberadas em terminais frequentemente causam a inibição que duram
segundos ou ate vários minutos.

Quando um estímulo chega ao SNC, primeiro vai para a memoria do curto prazo uma área
de armazenamento que pode reter somente cerca de 7 a 12 pares de informação por vez,
sendo que essa informação pode ser perdida a não ser que seja convertida em memória de
longo pravo através de repetições.

Memoria a prazo intermedio


A memoria de prazo intermédio duram por dias a semanas, mas depois desaparece. É
causada pelas alterações químicas ou físicas, ou ambas, tanto nos terminais pré sinápticos
quanto nas membranas pós sinápticas, podendo essas mudanças persistir por minutos ou
semanas. Um terminal que vem de um neurónio sensorial e termina, diretamente, na
superfície do neurónio que deve ser estimulado, é chamado terminal sensorial. O outro
terminal, uma terminação pré-sináptica, que fica na superfície do terminal sensorial, é
chamado terminal facilitador. Quando o terminal sensorial é estimulado repetidamente, mas

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sem estimulação do terminal facilitador, a transmissão do sinal inicialmente é grande, mas
se torna cada vez menos intensa com a estimulação repetida, até a transmissão quase
desaparecer. Esse fenómeno é a habituação. É o tipo de memória negativa que faz o circuito
neuronal perder sua resposta a eventos repetidos, que são insignificantes. ( GUYTON,
Arthur, 2011).
Memoria a longo prazo
Uma vez armazenada, pode ser recordada ate anos ou mesmo uma vida inteira mais tarde.
Esse tipo de memória resulta de alterações estruturais reais das sinapses de forma que mude
sua sensibilidade para transmitir os sinais, em vez de somente químicas nas sinapses, e que
realcem ou suprimam a condução dos sinais. Exemplos dessas mudanças são o aumento dos
locais onde vesículas liberam o neurotransmissor, aumento do número de vesículas
transmissoras, aumento do número de terminais pré-sinápticos e mudanças nas estruturas
das espinhas dendríticas que permitem a transmissão de sinais mais fortes

Além dessa classificação existe também a memoria de trabalho. Essa memoria inclui
principalmente a memoria a curto prazo que e usada durante o raciocínio intelectual, mas é
finalizada conforme cada passo do problema for resolvido.
Mas também as memorias são frequentemente classificadas segundo tipo de informação
que é armazenada;

 memoria declarativa
 memoria de habilidade

Memoria declarativa
Significa memoria de vários detalhes, pensamento integrado como:
Memoria de experiência importante que inclui, ambiente, memoria das relações
temporárias, educação que fica na mente do individuo. Esse tipo de memoria e formada no
hipotálamo.

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Memória de habilidade- Ė associada a atividades motoras do corpo da pessoa como por
exemplo: jogar a bola, memoria automáticas para poder desviar uma bola ou qualquer outro
objeto.

Memória baseada em mudanças químicas nos terminais pré-sinápticos ou nas


membranas neuronais pós-sinápticas

Um terminal que vem de um neurônio sensorial e termina, diretamente, na superfície do


neurônio que deve ser estimulado, é chamado terminal sensorial. O outro terminal, uma
terminação pré-sináptica, que fica na superfície do terminal sensorial, é chamado terminal
facilitador. Quando o terminal sensorial é estimulado repetidamente, mas sem estimulação
do terminal facilitador, a transmissão do sinal inicialmente é grande, mas se torna cada
vez menos intensa com a estimulação repetida, até a transmissão quase desaparecer. Esse
fenômeno é a habituação como explicado antes. É o tipo de memória negativa que faz o
circuito neuronal perder sua resposta a eventos repetidos, que são insignificantes. Por sua
vez, se um estímulo nocivo excitar o terminal facilitador no mesmo momento em que o
terminal sensorial for estimulado, então, em vez de o sinal transmitido ao neurônio pós-
sináptico se tornar cada vez mais fraco, a facilitação da transmissão se tornará cada vez
mais forte e permanecerá forte por minutos, horas, dias ou com treino mais intenso, até
cerca de 3 semanas, mesmo sem estimulação adicional do terminal facilitador. Dessa forma,
o estímulo nocivo faz com que as vias de memória pelo terminal sensorial fiquem
facilitadas nos dias e semanas seguintes. É especialmente interessante que mesmo depois da
habituação ocorrer essa via poderá ser reconvertida para via facilitada com apenas alguns
estímulos nocivos.

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Mecanismo Molecular da Memória Intermediária Mecanismo para a Habituação.

Habituação no terminal sensorial resulta do fechamento progressivo de canais de cálcio na


membrana terminal, apesar da causa do fechamento dos canais de cálcio não ser
completamente conhecida. De qualquer forma, quantidades muito menores que as normais
de íons cálcio podem se difundir para o terminal habituado e, como consequência, muito
menos neurotransmissor é liberado pelo terminal sensorial, já que a entrada de cálcio é o
estímulo principal para a liberação do neurotransmissor.

Mecanismo para Facilitação.

No caso da facilitação, acredita-se que pelo menos parte do mecanismo molecular seja o
seguinte:

1. Estimulação do terminal pré-sináptico facilitador, ao mesmo momento em que o


terminal sensorial estimulado causa liberação de serotonina, na sinapse facilitadora, na
superfície do terminal sensorial.
2. A serotonina age em receptores serotoninérgicos na membrana do terminal
sensorial, e esses receptores ativam a enzima adenil ciclase do lado interno da membrana. A
adenil ciclase causa a formação de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) também no
terminal sensorial pré-sináptico.

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3. O AMP cíclico ativa uma proteinocinase que causa a fosforilação de proteína que,
por sua vez, é parte dos canais de potássio, na membrana do terminal sináptico sensorial;
por sua vez, isso bloqueia a condutância de potássio pelos canais. O bloqueio pode durar
minutos ou até algumas semanas.
4. A falta de condutância de potássio leva a potencial de ação bastante prolongado na
terminação sináptica, uma vez que a saída íons potássio do terminal é necessária para a
recuperação rápida do potencial de ação.
5. O potencial de ação prolongado leva à ativação prolongada dos canais de cálcio,
permitindo a entrada de grande quantidade de íons cálcio no terminal sináptico sensorial.
Esses íons cálcio levam à liberação muito aumentada de neurotransmissor pela sinapse,
facilitando, dessa forma, pronunciadamente a transmissão sináptica para o neurônio
seguinte. Assim, de forma muito indireta, o efeito associativo de estimular o terminal
facilitador, no mesmo momento em que o terminal sensorial é estimulado, leva a um
aumento prolongado da sensibilidade excitatória do terminal sensorial e isso estabelece o
traço de memória. Estudos de Byrne e colaboradores, também no mesmo animal Aplysia,
sugeriram mais outro mecanismo de memória sináptica. Seus estudos mostraram que
estímulos de fontes distintas, agindo em um mesmo neurônio, se houver condições
apropriadas, podem levar a mudanças a longo prazo nas propriedades de membrana do
neurônio pós-sináptico, em vez de na membrana neuronal pré-sináptica, mas levam
essencialmente aos mesmos efeitos de memória.

Memória a longo prazo

Não existe uma demarcação óbvia entre as formas mais prolongadas da memória de prazo
intermediário e a verdadeira memória a longo prazo. Entretanto, em geral se acredita que a
memória a longo prazo resulte de alterações estruturais reais, em vez de somente químicas
nas sinapses, e que realcem ou suprimam a condução dos sinais. Mais uma vez vamos
lembrar experimentos em animais primitivos (nos quais os sistemas nervosos são muito
fáceis de estudar) e que ajudaram imensamente a compreensão de possíveis mecanismos da
memória a longo prazo.

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Mudanças Estruturais Ocorrem nas Sinapses Durante o Desenvolvimento da
Memória a Longo Prazo

As mudanças estruturais não ocorrerão se forem administrados fármacos. que bloqueiem a


produção de proteína no neurônio pré-sináptico, nem se desenvolverá o traço de memória
permanente. Portanto, parece que o desenvolvimento da verdadeira memória a longo prazo
depende da reestruturação física das próprias sinapses de forma que mude sua sensibilidade
para transmitir os sinais neurais. As mudanças estruturais mais importantes que ocorrem
são as seguintes:

1. Aumento dos locais onde vesículas liberam a substância neurotransmissora.


2. Aumento do número de vesículas transmissoras.
3. Aumento do número de terminais pré-sinápticos.
4. Mudanças nas estruturas das espinhas dendríticas que permitem a transmissão de sinais
mais fortes.

Assim, de várias formas diferentes a capacidade estrutural das sinapses de transmitir sinais
parece aumentar, enquanto se estabelecem traços da verdadeira memória a longo prazo.

O Número de Neurônios e Suas Conectividades Muitas Vezes Mudam


Significativamente durante o Aprendizado

Se os novos axônios não conseguirem se conectar aos neurônios, às células musculares ou


às células glandulares apropriadas, os novos axônios desaparecerão dentro de poucas
semanas. Dessa forma, o número de conexões neuronais é determinado por fatores de
crescimento neurais específicos liberados retrogradamente pelas células estimuladas. Além
disso, quando não houver conectividade suficiente, todo o neurônio que está emitindo as
ramificações axônicas pode desaparecer. Portanto, logo no primeiro ano de vida, o
princípio de “uso ou perda” regula o número final de neurônios e suas conectividades nas
partes respectivas do sistema nervoso humano. Esse é um tipo de aprendizado. Por
exemplo, se um olho de um animal recém-nascido for coberto durante muitas semanas,
após o nascimento, neurônios em faixas alternadas do córtex cerebral visual — neurônios
normalmente conectados ao olho coberto — irão degenerar, e o olho coberto permanecerá

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parcial ou totalmente cego pelo resto da vida. Até recentemente, acreditava-se que os
processos de “aprendizado” em humanos e em animais adultos usavam os mecanismos da
modificação dos números dos neurônios nos circuitos da memória; entretanto, pesquisas
recentes sugerem que mesmo adultos usam esse mecanismo, pelo menos até certo grau.

Consolidação da memória

Para a conversão da memória a curto prazo para a memória a longo prazo, que pode ser
evocada semanas ou anos depois, ela precisa ser “consolidada”, isto é, a memória a curto
prazo se ativada repetidamente promoverá mudanças químicas, físicas e anatômicas nas
sinapses que são responsáveis pela memória a longo prazo. Esse processo requer 5 a 10
minutos, para consolidação mínima e 1hora ou mais, para consolidação forte. Por exemplo,
se forte impressão sensorial é feita no cérebro, mas é seguida dentro de mais ou menos
1minuto por convulsão induzida eletricamente, a experiência sensorial não será lembrada.
Da mesma forma, a concussão cerebral, a aplicação repentina de anestesia geral profunda
ou qualquer outro efeito que bloqueie temporariamente a função cerebral dinâmica pode
impedir a consolidação da memória. A consolidação e o tempo necessário para ela aconteça
podem provavelmente serem explicados pelo fenômeno de repetição da memória a curto
prazo, tal como explicado na seção seguinte. A repetição aumenta a transferência da
memória a curto prazo para a memória a longo prazo. Estudos mostraram que a repetição
da mesma informação várias vezes na mente acelera e potencializa o grau de transferência
da memória a curto prazo para a memória a longo prazo, e assim acelera e aumenta a
consolidação. O cérebro tem tendência natural de repetir as informações novas,
especialmente as que atraiam a atenção. Portanto, ao longo de certo período, as
características importantes das experiências sensoriais ficam, progressivamente, cada vez
mais fixadas nos bancos da memória. Esse fenômeno explica porque a pessoa pode lembrar
pequenas quantidades de informação, estudadas profundamente, muito melhor do que
grande quantidade de informação estudada superficialmente. Também explica porque a
pessoa bem acordada pode consolidar memórias muito melhor do que a pessoa em estado
de fadiga mental.

Novas Memórias São Codificadas durante a Consolidação.

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Uma das características mais importantes da consolidação é que novas memórias são
codificadas em diferentes classes de informação. Durante esse processo, tipos semelhantes
de informação são retirados dos arquivos de armazenagem de memórias e usados para
ajudar a processar a nova informação. O novo e o velho são comparados a respeito de
semelhanças e diferenças, e parte do processo de armazenagem consiste em guardar a
informação sobre essas semelhanças e diferenças, não em guardar a nova informação não
processada. Assim, durante a consolidação, as novas memórias não são armazenadas
aleatoriamente no cérebro, mas sim em associação direta com outras memórias do mesmo
tipo. Esse processo é necessário para se poder “procurar” posteriormente a informação
requerida na memória armazenada.

APRENDIZAGEM

Os hipocampos não são importantes para o aprendizado reflexivo porem pessoas com
lesões hipocâmpicas geralmente não têm dificuldades de aprender habilidades motoras que
não envolvam verbalização ou formas simbólicas de inteligência. Por exemplo, essas
pessoas podem ainda aprender as habilidades de agilidade manual e física necessárias em
muitos desportos. Esse tipo de aprendizado se chama aprendizado de habilidades ou
aprendizado reflexivo; depende da repetição física, por muitas vezes das tarefas
necessárias, e não da repetição simbólica na mente.

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CONCLUSÃO
A memoria é o armazenamento de informações e fatos obtidos através de experiências
ouvidas ou vividas e ela relaciona-se fortemente a aprendizagem que é a obtenção de
novos conhecimentos, pois irá utilizar a memoria para reter tais informações no cérebro.
E o processo de memorização é dividido em três etapas: a aquisição, retenção e recordação
da informação. A aquisição é responsável pela repetição, profundidade do pensamento e
organização. A retenção é responsável pela conservação daquilo que foi recebido e a
sistematização tem duração diferente conforme a formação e a sua utilização.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HALL, John;Guyton & Hall tratado de fisiologia médica; 13ªed.;Brasil;Elservier Editora
Ltda;2017.

Lauralee Sherwood, fisiologia humana das células aos sistemas, 7ª edição,Cengage


Learning,

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