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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIAS ELÉTRICA E BIOMÉDICA

Notas de Aulas
CIRCUITOS ELÉTRICOS I

Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal (Parte I)


Prof. Claudomiro Fábio de Oliveira Barbosa
cfob@ufpa.br.

Belém – Pará

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.1. SENOIDES
Senoide – é um sinal que possui a forma de uma função seno ou cosseno.

O exemplo característico da excitação senoidal é a corrente senoidal, geralmente chamada de corrente


alternada (c.a.), pois há uma inversão, em intervalos regulares de tempo, no seu sentido, possuindo valores
alternadamente positivos e negativos.

Os circuitos excitados por este tipo de fonte são denominados de circuitos c.a.

A utilização da representação senoidal é devida:


1 - Natureza senoidal – inúmeras variações senoidais são presenciadas no dia-a-dia (vibração de uma corda de
um violão, variações na superfície do mar (ondas), entre outros).
2 - Facilmente gerado e transmitido – esta é quase a totalidade da forma da tensão gerada e transmitida no
mundo, a qual atende um consumidor.
3 - Aplicação da análise de Fourier – qualquer sinal periódico pode ser representado por uma soma de
senoide.
4 - Matematicamente fácil de trabalhar – a derivada e a integral de uma senoide são elas próprias, senoides.

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.1. SENOIDES
Um exemplo de uma tensão senoidal é: v(t ) = Vm sen(t +  )
onde:
Vm - amplitude da senoide (V);
(t +  ) - argumento (rad, ou graus);
 - frequência angular (rad/s);
 - é a fase (rad, ou graus).
A figura 9.1 mostra o traçado da tensão senoidal em função de seu argumento e do tempo, considerando sua
fase igual a zero.
Figura 9.1 – Gráfico da tensão senoidal.

(a) Em função do argumento. (b) Em função do tempo.


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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.1. SENOIDES
2 Para comparar duas senoides, ambas devem ser
Dos gráficos, T = 2 T = . expressas em termos de seno ou, então cosseno, com

onde: T – é o período da função (tempo necessário amplitudes positivas.
para completar um ciclo).
Para tanto, a ferramenta mais utilizada são as
Substituindo t por t + T em v(t ) = Vm sent : seguintes identidades trigonométricas:
2  sen ( A  B ) = senA cos B  cos AsenB

v (t + T ) = Vm sen (t + T ) = Vm sen  t + 
  cos ( A  B ) = cos A cos B  senAsenB

v(t + T ) = Vm sen(t + 2 ) = Vm sen(t ) = v(t ) Além disso, através das identidades, pode-se
comprovar:
( )
sen t  1800 = − sent
cos(t  1800 ) = − cos t
função periódica

Uma função periódica é aquela que satisfaz sen(t  900 ) =  cos t


f (t ) = f (t + nT ) , para todo t e para todos os
inteiros n. cos(t  900 ) =  sent
T −1 = f ( H Z )   = 2f Outra forma de comparar senoides é graficamente.
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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.2. FASORES
Breve revisão de Números Complexos Seja z1 = x1 + jy1 ou z1 = r11 e z2 = x2 + jy2 ou
Um número complexo pode ser escrito na forma: z2 = r22
- Retangular - Polar ou exponencial As seguintes operações podem ser realizadas:
z = x + jy z = r = rej
onde: onde: Forma retangular
x = Re{z} e y = Im{z} r = |z| (módulo de z) Adição: z1 + z2 = (x1 + x2) + j(y1 + y2)
j = −1  (fase)
Subtração: z1 + (– z2) = (x1 – x2) + j(y1 – y2)
Relações: Figura 9.2 – Plano complexo.
Forma polar
r = |z| = x + y
2 2

 = tg-1(y/x) se x > 0 Multiplicação: z1 .z 2 = (r1 .r2 )(1 + 2 )

 = tg-1(y/x) + 180o se x < 0 Divisão: z1 / z 2 = (r1 / r2 )(1 − 2 )

x = rcos e y = rsen Inversão: 1 / z1 = (1 / r1 )(−1 ) e 1 / z 2 = (1 / r2 )(−2 )


Raiz quadrada: z = r( / 2)

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.2. FASORES
A ideia da representação fasorial é baseada na identidade A forma de representar gráficamente um fasor é
 j
de Euler: e = cos   jsen . através do diagrama fasorial (figura 9.3).

Assim, R e e ( ) = cos
j
( ) = sen .
e Im e
j
Figura 9.3 – Diagrama fasorial.
V = Vm e I = I m − 

Considere agora a tensão senoidal v(t ) = Vm cos(t +  ),


então v (t ) = Vm cos(t +  ) = R e Vm e (
j (t + )
)
(
v (t ) = R e Vm e j e jt )
v(t) = Re(Vejt)
V = Vmej ou V = Vm
onde V é a representação fasorial da tensão senoidal v.

Fasor – é a representação complexa da amplitude e


fase de uma senoide.
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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.2. FASORES
Para obter um fasor correspondente a uma senoide, deve-se expressar a senoide na forma de cosseno, de tal
maneira que possa ser escrita como a parte real de um número complexo. Retira-se o fator do tempo e jt e o
que resta é o fasor correspondente à senoide (tabela 9.1).

Tabela 9.1 – Transformação senoide-fasor.

Dado um fasor, sua representação temporal é obtida como uma função cosseno com a mesma amplitude do
fasor e o argumento t mais a fase do fasor.

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.3. RELAÇÃO FASORIAL PARA ELEMENTOS DE CIRCUITO
- Resistor
Se a corrente em um resistor R é i = I m cos(t +  ) , Figura 9.4 – Diagrama fasorial para um resistor.
a tensão existente nele, pela Lei de Ohm, será:

v = Ri = RI m cos(t +  )
Na forma fasorial:
V = RI m

I = I m
V = RI

A relação tensão-corrente no domínio fasorial (ou da frequência) continua sendo a Lei de Ohm.

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.3. RELAÇÃO FASORIAL PARA ELEMENTOS DE CIRCUITO
- Indutor
Para o indutor L, considere que a corrente através dele é Figura 9.5 – Diagrama fasorial para um
i = I m cos(t +  ). Logo, a tensão no indutor é: indutor, I está atrasada em relação a V.
di
v = L = −LI m sen(t +  )
dt
Sabendo que − senA = cos( A + 90 ) ,
0

v = LI m cos(t +  + 900 )


j ( + 90 o ) j j 90 o
V = LI m e = LI m e e
j 90o
V = LI m e
j 90 o
Sabendo que, I = I m e e = j (identidade de Euler)
V = jL I

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.3. RELAÇÃO FASORIAL PARA ELEMENTOS DE CIRCUITO
- Capacitor
Para o capacitor C, considere que a tensão aplicada nele é Figura 9.6 – Diagrama fasorial para um
v = Vm cos(t +  ) . Logo, a corrente através do capacitor é: capacitor, I está adiantada em relação a V.
dv
i =C = −CVm sen(t +  )
dt
Sabendo que − senA = cos( A + 90 ) ,
0

i = CVm cos(t +  + 900 )


j ( + 90 o ) j j 90 o
I = CVm e = CVm e e
j 90 o
I = CVm e

j 90 o
Sabendo que, V = Vm e e = j (identidade de Euler)
I = jC V ou V = I/ jC

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.4. IMPEDÂNCIA E ADMITÂNCIA
As equações V = RI, V = jL I e V = I/ jC podem ser rescritas da seguinte forma:

Assim, obtém-se a Lei de Ohm na forma fasorial para qualquer tipo de elemento:

Z = V/I ou V = ZI
onde Z é chamado de impedância e depende da frequência .

Impedância Z – é a razão da tensão V fasorial pela corrente I fasorial. Representa a oposição do circuito
ao fluxo de corrente. Medida em ohms ().

Sabendo agora que ZL = jL e ZC = − j/C

- para  → 0 (fontes c.c.) - ZL = 0 (curto-circuito) e ZC →  (circuito aberto);


- para  →  (altas frequências) - ZL →  (circuito aberto) e ZC = 0 (curto-circuito).

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.4. IMPEDÂNCIA E ADMITÂNCIA
A impedância pode ser expressa nas formas:
Figura 9.7 – Triangulo de
“impedâncias”.

O inverso da impedância é a admitância, medida em siemens (S).


(Z)-1 = Y, onde: G = Re(Y) – condutância e B = Im(Y) – susceptância.
1  G=
R X
G + jB = e B=−
R + jX R2 + X 2 R2 + X 2
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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal

Para o circuito da figura 9.8, como seria a sua representação no domínio da frequência?
Figura 9.8 – Representação do circuito no Domínio do Tempo.

Domínio do Tempo (DT)  Domínio da Frequência (DF)

Figura 9.9 – Representação do circuito no Domínio da


Frequência (ou Fasorial).

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.5. LEIS DE KIRCHHOFF NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
As Leis de Kirchhoff vista no caso dos circuitos c.c. é válida também para os circuitos c.a. representados por
FASORES.
Logo:

Figura 9.10 – Circuito com N impedâncias em série. Figura 9.11 – Circuito com N impedâncias em paralelo.

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.6. COMBINAÇÕES DE IMPEDÂNCIAS
Considerando novamente a figura 9.10.
Figura 9.10 – Circuito com N impedâncias em série.

Aplicando LKT e Lei de Ohm, tem-se:


V = V1 + V2 + ... + VN = I(Z1 + Z2 + ... + ZN )
V
= Zeq = Z1 + Z 2 + ... + Z N (impedância equivalente série)
I

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.6. COMBINAÇÕES DE IMPEDÂNCIAS
Considerando novamente a figura 9.11.
Figura 9.11 – Circuito com N impedâncias em paralelo.

Aplicando LKC e Lei de Ohm, tem-se:


 1 1 1 
I = I1 + I 2 + ... + I N = V  + + ... +   I = 1 = 1 + 1 + ... + 1
 Z1 Z 2 ZN  V Zeq Z1 Z2 ZN
I
(impedância equivalente paralelo) ou = Yeq = Y1 + Y2 + ... + YN
V

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
9.6. COMBINAÇÕES DE IMPEDÂNCIAS
Conversão de Triângulo para Estrela Estrela para Triângulo: cada
impedância no circuito  é a soma de
todos os possíveis produtos das
impedâncias de Y dois a dois, dividido
Figura 9.12 – Sobreposição dos circuitos
Y e  para auxiliar na transformação. pela impedância oposta do circuito Y.

Triângulo para Estrela: cada


impedância no circuito Y é o produto
das impedâncias dos dois ramos
adjacentes do  dividido pela soma das
três impedâncias do .

Circuito triângulo-estrela equilibrado

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Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
Exercício 9.1 – Determine a amplitude, fase, período e
frequência (f) da senoide ( )
v(t ) = 12 cos 50t + 100 V.
Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
Exercício 9.2 – Transforme as seguintes senoides em
fasores.
(a) v = −4 sen(30t + 500 ) V.
(b) i = 6 cos(50t − 400 ) A.
Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
Exercício 9.3 – Determine a senoide correspondente ao
fasor V = − 10300 V.
Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
Exercício 9.4 – Se a tensão v = 6 cos(100t − 30 ) V
0
for aplicada a um capacitor de 50 F, calcule a corrente
através do capacitor.
Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
Exercício 9.5 – Determine a impedância de
entrada do circuito da figura abaixo.
Considere que o circuito opere em  = 50
rad/s.
Figura – Exercício 9.5.
Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
Exercício 9.6 – Determine i(t) e v(t) no
circuito RC série mostrado na figura abaixo.
Figura – Exercício 9.6.
Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
Exercício 9.7 – Determine vo(t) no circuito
da figura abaixo.
Figura – Exercício 9.7.
Unidade 9 - Análise em regime permanente senoidal
Exercício 9.8 – Determine I no circuito da
figura abaixo.
Figura – Exercício 9.8.

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