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Determinação do coeficiente de

transferencia de massa convectivo


Engenharia Química
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
21 pag.

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Laboratório de Engenharia Química I

Determinação do Coeficiente de
Transferência de Massa Convectivo

Artur Serpa – 1111219

Marcia Resende – 1021049

Pablo Esteban Solis – 1110693

Pedro Henrique Magacho – 1111267

Renan Vieira – 1020963

Professor Jhonny Huertas

Rio de Janeiro

21-03-2014

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Resumo
O coeficiente de transferência de massa convectivo mede a facilidade que um
certo soluto tem para se difundir em um fluido escoando em sua superfície. Dessa
forma, o objetivo da prática foi estimar experimentalmente o coeficiente transferência
de massa convectivo do naftaleno no ar. Para isso utilizou-se um sistema composto de
um compressor, rotâmetro e um tubo com escoamento de ar contendo esferas de
naftaleno. Para fins de comparação, foram obtidos os coeficientes de transferência de
massa convectivo teórico a partir de correlações retiradas da literatura. O valor obtido
experimentalmente foi 0,0156 m.s-1, enquanto que o valor obtido com correlações
teóricas foi 0,0154 m.s-1. O erro do valor experimental em relação ao valor teórico foi
de 1,56%, o que mostra a eficiência do método utilizado.

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Lista de Figuras

1. Figura 1: Esquema do experimento utilizado no experimento...................................12


2. Figura 2: Gráfico m(g) x t(min)..................................................................................14
3. Figura 3: Resultado experimental comparado com as correlações de Sh......,,,,.........17

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Lista de Tabelas

1. Tabela 1: Correlação do número de Sherwood para geometria esférica..................10


2. Tabela 2: Diâmetros das 15 bolinhas – inicial e final..............................................13
3. Tabela 3: Diâmetro médio, área média e variação percentual.................................13
4. Tabela 4: Tempo/Massa/Temperatura......................................................................14
5. Tabela 5: Pressões de vapor do naftaleno................................................................15
6. Tabela 6: Propriedades do escoamento....................................................................17

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Lista de Símbolos

As – Área superficial da esfera [m2]

At – Área transversal da esfera [m2]

D – Diâmetro da esfera [m]

DAB – Difusividade de um soluto A em um meio B [m2.s-1]

Km – Coeficiente de transferência de massa convectivo [m.s-1]

L – Comprimento característico [m]

m – massa da esfera de naftaleno [g]

NA – Fluxo mássico de transferência de massa [g.m-2.s-1]

Psat – Pressão de saturação do naftaleno [Pa]

Q – Vazão do fluido [m3.s-1]

R – Constante universal dos gases [J.K-1.mol-1]

Re – Número de Reynolds [-]

Sc – Número de Schmidt [-]

Sh – Número de Sherwood [-]

t – Tempo [s]

T – Temperatura [K]

V – Velocidade do fluido [m.s-1]

WA – Taxa mássica de transferência de massa [g.s-1]

µ - Viscosidade do fluido [N.s.m-2]

ρ – Densidade do fluido [kg.m-3]

ρA – Concentração mássica de A no equilíbrio (solubilidade) [g.m-3]

ρA∞ – Concentração mássica média de A no fluido [g.m-3]

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Sumário

1. Fundamentação teórica.................................................................................................7
1.1 - Correlações adimensionais de transferência de massa............................................8
1.2 - Cálculo experimental do coeficiente de transferência de massa convectivo............9
1.3 - Cálculo teórico do coeficiente de transferência de massa convectivo....................10
1.4 - Objetivo...................................................................................................................11
2. Procedimento Experimental........................................................................................12
2.1 - Materiais.................................................................................................................12
2.2 - Métodos...................................................................................................................12
3. Resultados e Discussão...............................................................................................13
3.1 - Avaliação do diâmetro das partículas....................................................................13
3.2 - Cálculo do Km experimental....................................................................................14
3.3 - Cálculo do Km teórico.............................................................................................16
3.4 - Comparação entre Km experimental e teórico........................................................18
4. Conclusão....................................................................................................................19
5. Referências Bibliográficas..........................................................................................20
6. Apêndice.....................................................................................................................21

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1. Fundamentação Teórica

A transferência de massa entre um fluido escoando e uma superfície, ou entre


fluídos imiscíveis que se deslocam separados por uma interface móvel, é
frequentemente auxiliada pelas características dinâmicas do fluído em movimento. Esse
modelo de transporte é chamado de transferência de massa convectiva, sendo que a
transferência sempre ocorre da região mais concentrada para a menos concentrada [1].

A convecção pode ser de dois tipos: natural, sem agentes externos interferindo
(diferença de densidades), ou forçada, com a ação de agentes externos (como
ventoinhas).

Dependendo da velocidade com que o fluido estiver escoando, o tipo de regime


será diferente. O regime laminar é aquele no qual o fluido escoa de maneira linear e
mais organizada, enquanto que no regime turbulento, o fluido escoa com maior
velocidade e de forma desorganizada, dificultando a análise da camada limite. Uma das
maneiras de analisar o tipo de escoamento é analisar o número de Reynolds: caso este
seja menor que 2000, o escoamento será considerado laminar, caso contrário, o mesmo
será considerado turbulento [3].

É importante citar a existência de uma camada limite, que seria até onde a
presença do objeto (esferas de naftaleno, no caso) vai influenciar no sistema. Para o
caso estudado, essa camada pode ser dividida em duas: camada limite hidrodinâmica e
camada limite de concentração:

 Camada limite hidrodinâmica:

Devido às forças de atrito, um fluido em contato com uma superfície parada tem
que ter velocidade nula, o que vai levando a uma menor velocidade ao fluido quanto
mais próximo ele estiver dessa superfície. Essa camada acaba quando a velocidade do
fluido for muito próxima à velocidade que este teria sem a presença da superfície [3].

 Camada limite de concentração:

Assim como a camada limite hidrodinâmica, a de concentração também mostra


até onde a presença da superfície influência no sistema. O fluido que estiver em contato
com a superfície terá a maior concentração, que será definida pela lei dos gases ideais (a

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pressão utilizada será a de saturação). Essa camada acaba quando a concentração no
fluido for igual à concentração que este teria sem a presença da superfície [3].

A equação geral do fluxo de transferência de massa convectiva é dada por:

(1)

O coeficiente Km depende basicamente de três fatores:

 Propriedade do fluido
 Características do escoamento
 Geometria do sistema

Para o cálculo do Km foram necessárias formulações de hipóteses, estas foram:

 Variação de diâmetro das esferas é desprezível


 Vapor de naftaleno é considerado um gás ideal
 Ar escoado a vazão constante
 A geometria foi considerada perfeitamente esférica
 O contato entre as esferas é desconsiderado

1.1 - Correlações adimensionais de transferência de massa

Correlações de transferência de massa por convecção são facilmente encontradas


na literatura. Estas correlações são determinadas pelo método de Buckigham e tem
como finalidade encontrar relações para o número de Sherwood, que representa a razão
da transferência de massa convectiva e difusiva. Este método junta as variáveis
relevantes (densidade, viscosidade, entre outras) e as substitui por um número menor de
variáveis (comprimento, massa e tempo) para assim reduzir o número de fatores do
sistema, e criar uma relação adimensional [3].

Realizando essa análise adimensional na convecção forçada, verifica-se que o


número de Sherwood é função do número de Reynolds (Re) e do número de Schmidt
(Sc). O primeiro verifica a razão entre as forças de inércia e forças viscosas, enquanto o
segundo é a razão entre a transferência de massa por quantidade de movimento e
transferência de massa em nível molecular [3].

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A equação (2) mostra que o número de Sherwood está relacionado com os
coeficientes de convecção e a de difusividade (Km e DAB, respectivamente). Já as
equações (3) e (4) mostram as outras relações adimensionais: números de Reynolds
(Re) e Schmidt (Sc).

(2)

(3)

(4)

L, o comprimento característico, é um parâmetro que depende da geometria da


partícula. No procedimento em questão, onde as bolinhas de naftaleno são aproximadas
por esferas, L corresponde ao diâmetro da esfera.

Sabe-se também da seguinte relação:

(5)

Sendo a área transversal da esfera igual a a velocidade, em função da vazão

e da área transversal, terá a seguinte relação:

(6)

Substituindo na relação do número de Reynolds:

(7)

1.2 - Cálculo experimental do coeficiente de transferência de massa convectivo

A equação (1) define o fluxo de transferência de massa por convecção. Sabe-se


que a taxa de transferência de massa é dada por:

(8)

Substituindo a equação (1) na equação (8), obtém-se a equação (9):

(9)

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Por definição, a taxa de transferência de massa é a variação de massa por tempo,
dessa forma, chegamos à seguinte equação:

(10)

Onde é a concentração no equilíbrio do componente A, a uma determinada


temperatura e pressão, e é a concentração média do componente no fluído, que
pode ser desprezada, já que sua concentração é muito diluída. Sendo assim, a equação
(9) pode ser reescrita da seguinte forma:

(11)

Integrando a equação acima com o tempo indo de t=0 até um tempo t qualquer, e
a massa indo da massa inicial m0 até a massa em um tempo qualquer mt, chegamos na
equação de uma reta:

(12)

Para a realização dessa integral, foi considerado o diâmetro das bolinhas de


naftaleno como constante, pois assim As também é constante e a integral é facilmente
calculada. O parâmetro foi calculado utilizando a lei dos gases ideais.

1.3 - Cálculo teórico do coeficiente de transferência de massa convectivo

São muitas as correlações empíricas encontradas na literatura para transferência


de massa por convecção, cada uma com sua faixa de validade, dependendo do fluido em
escoamento, do tipo de regime, e o do número de Schmidt. Algumas correlações válidas
para geometria esférica estão mostradas na tabela abaixo:

Tabela 1: Correlação do número de Sherwood para geometria esférica

Correlação Faixa de validade Autor


Froessling (1938)

Ranz e Marshall (1952)


2)

Rowe et al. (1965)

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Pode ser visto que essas equações tem um formato parecido, pois todas elas são
do tipo:

O fato do número de Reynolds e de Schmidt estarem elevados respectivamente a


0,5 e deriva da solução de Blasius, que conseguiu desenvolver uma solução exata
para o limite da camada hidrodinâmica em um escoamento laminar paralelo a uma
superfície plana [4].

O Sh é determinado igual a 2 quando não há convecção forçada, assim é obtido


o valor de Sh0 (esse valor pode ser obtido teoricamente se for considerada a difusão de
uma espécie A para uma bacia infinita de um fluido B estagnado). As constantes foram
determinadas pelos autores das equações para determinar a faixa de validade [2].

1.4 - Objetivo

O objetivo da prática foi estimar o coeficiente de massa convectivo utilizando o


modelo matemático associado aos dados experimentais e compará-los com os modelos
matemáticos teóricos da literatura.

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2. Procedimento Experimental

2.1 - Materiais

 Esferas de naftaleno
 Compressor
 Rotâmetro
 Tubo de plástico
 Béquer
 Paquímetro
 Balança analítica
 Cronômetro
 Termômetro

2.2 - Métodos

Primeiramente, quinze esferas de naftaleno foram separadas para que se pudesse


medir o diâmetro de cada uma delas, através de um paquímetro. Depois, elas foram
pesadas com o auxílio de uma balança analítica. Em seguida, as esferas foram colocadas
no tubo de plástico com uma tela ao fundo. A saída do compressor foi conectada a
entrada do rotâmetro, e a saída deste foi conectada na entrada do tubo com as esferas de
naftaleno. A bomba foi ligada e o rotâmetro foi ajustado para uma vazão constante de
40 SCPH (Standard Cubic Feet per Hour). A cada 10 minutos, foram feitas medições da
massa das esferas de naftaleno, e da temperatura da sala. As medições foram repetidas
cinco vezes e, ao final da última medição, os diâmetros das esferas foram medidos
novamente com o paquímetro.

Compressor
Rotâmetro
Tubo

Figura 1: Esquema do sistema utilizado no experimento

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3 Resultados e Discussão
3.1 - Avaliação do diâmetro das partículas
Foram efetuadas medidas do diâmetro das bolinhas de naftaleno antes e depois
do experimento. A partir da média desses dados e da equação I, encontrada no apêndice
A, obteve-se a área superficial média das bolinhas, no início e no fim do experimento.
Os valores obtidos encontram-se nas tabelas a seguir:

Tabela 2: Diâmetros das 15 bolinhas – inicial e final.

Diâmetros (mm) Inicial Final


D1 16,1 15,9
D2 16,1 15,9
D3 16,1 15,5
D4 16,1 15,5
D5 16,1 15,3
D6 16,1 15,3
D7 16,1 15,3
D8 16,1 15,0
D9 16,1 14,9
D10 15,8 14,9
D11 15,5 14,9
D12 15,5 14,7
D13 15,5 14,7
D14 15,3 14,7
D15 15,3 14,4

Tabela 3: Diâmetro médio, área média e variação percentual.

Inicial Final Variação (%)


Diâmetro médio (m) 15,9 · 10-3 15,1 · 10-3 4,69
2 -4 -4
Área média (m ) 7,89 · 10 7,17 · 10 9,16

Ao avaliar a mudança no valor do diâmetro e da área médios das bolinhas, é


possível perceber que houve uma variação menor do que 10%. Assim sendo, pode-se
considerar que a quantidade de naftaleno que sublimou foi muito pequena, resultando
em uma variação desprezível do diâmetro e também da área das partículas. Dessa

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forma, mostrou-se válida a hipótese da equação 11, segundo a qual a área das partículas
é tida como constante.

3.2 - Cálculo do Km experimental

Os valores computados para a massa do conjunto das bolinhas e para


temperatura ambiente, ao longo do tempo, encontram-se na tabela a seguir:

Tabela 4: Tempo/Massa/Temperatura

t (min) m (g) T (°C)


0 26,19 25,3
10 26,16 25,0
20 26,14 24,9
30 26,02 25,1
40 25,97 25,4
50 25,91 25,2

A partir dos dados da Tabela 3, construiu-se o gráfico abaixo, que representa a


variação da massa das bolinhas de naftaleno com o tempo. A linha de tendência obtida
apresenta inclinação negativa. Esse comportamento já era esperado, uma vez que o
experimento trata-se de um fenômeno de transferência de massa convectiva
(sublimação), que resulta na perda de massa com o decorrer do tempo.

26,25
26,20
26,15 y = -0,0060x + 26,21
26,10 R² = 0,95
26,05
26,00
25,95
25,90
25,85
0 10 20 30 40 50

Figura 2: Gráfico m(g) x t(min)

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É importante destacar que o tempo de experimento não pode ser arbitrário. Uma
suposição fundamental no cálculo de Km experimental consiste no fato de a área das
bolinhas de naftaleno ser constante. Para intervalos de tempo demasiadamente longos,
essa hipótese perde sua validade, visto que o diâmetro das partículas decresce
gradualmente em função do tempo. Por outro lado, caso o intervalo de tempo decorrido
seja curto, fica prejudicada a construção da regressão linear da massa ao longo do
tempo, em função da reduzida quantidade de pontos experimentais.

Logo, pode-se inferir que o procedimento foi efetuado em um tempo adequado,


pois houve uma variação de massa detectável durante o tempo transcorrido, enquanto
que o diâmetro das bolinhas mostrou um decréscimo menor que 5%. Além disso, os
pontos experimentais exibiram o perfil linear esperado, permitindo assim uma boa
avaliação do coeficiente angular, que está diretamente relacionado com a estimativa do
Km.

Comparando o coeficiente angular da regressão linear, obtida a partir dos dados


experimentais, com o termo que multiplica a variável “tempo” na equação 12, foi
possível obter uma estimativa para o valor de Km. A área superficial total (As) foi
calculada a partir da soma das áreas superficiais individuais de cada esfera, chegando-se
ao valor de 1,18 · 10-2 m2 para As.

Para o cálculo da solubilidade do naftaleno em ar, assumiu-se que os gases se


comportam como ideais nas condições do experimento. A pressão de vapor do naftaleno
foi calculada para todas as temperaturas observadas ao longo do procedimento, com o
auxílio do programa Thermosolver®, e os resultados podem ser vistos na Tabela 5.

Tabela 5: Pressões de vapor do naftaleno

t (min) T (°C) Psat (kPa)


0 25,3 0,0106
10 25,0 0,0103
20 24,9 0,0102
30 25,1 0,0104
40 25,4 0,0106
50 25,2 0,0105
Média: 25,2 0,0104

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Como pode-se perceber na Tabela 5, a pressão de vapor do naftaleno não foi
constante ao longo do experimento, mesmo com a pequena variação de temperatura
observada. Esse fato pode ser explicado pela volatilidade reativamente baixa dessa
substância. Como a pressão de vapor é pequena, mesmo uma alteração da ordem de um
décimo de grau Celsius acarreta em uma diferença perceptível na mesma. Portanto, o
cálculo da pressão de vapor faz-se necessário para todas as temperaturas medidas, com
o propósito de se identificar a ocorrência de uma variação significativa deste parâmetro.
No cálculo da solubilidade, encontrado no apêndice A, foi empregada a pressão de
vapor média. O valor obtido para solubilidade foi de 0,540 g.m-3.

Assim sendo, tendo posse dos valores do coeficiente angular, de As e de , foi


possível calcular o coeficiente de transferência de massa convectivo experimental. O
valor estimado foi de 0,0156 m.s-1.

3.3 - Cálculo do Km teórico

Na determinação do coeficiente de transferência de massa teórico,


primeiramente deve-se avaliar se o regime de escoamento é laminar, turbulento ou
transiente. Com esse propósito, deve-se primeiramente calcular o número de Reynolds.
A partir dele, pode-se definir qual correlação convectiva (para geometria esférica) é
mais apropriada para o problema.

Tendo calculado o Re, a partir da equação 7, foi verificado que o escoamento


ocorreu sob regime laminar, uma vez que o valor encontrado foi menor que 2000. Além
disso, observando que número de Reynolds se encontra na faixa de 20 ≤ Re ≤ 2000, e
baseando-se na figura 2, escolheu-se a correlação 3, da tabela 1, para o cálculo do
número de Sherwood. O gráfico (figura 2) mostra a dependência do coeficiente
convectivo com o número de Reynolds, e sugere que o resultado experimental encontra-
se mais próximo da correlação 3.

Para a obtenção do valor de Km, também é necessário o cálculo do número de


Schmidt, que foi efetuado a partir da equação 4. Finalmente, utilizou-se a definição do
número de Sherwood (equação 2) para a determinação do coeficiente de transferência
de massa. O valor obtido foi de 0,0154 m.s-1.

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É necessário o conhecimento de determinadas propriedades das espécies
envolvidas no escoamento para o cálculo das correlações que foram utilizadas. Estas
propriedades encontram-se listadas na tabela a seguir:

Tabela 6: Propriedades do escoamento

Vazão de ar (m3.s-1) 3,14 · 10-4


Área transversal (média) da esfera (m2) 1,97 · 10-4
Viscosidade do ar (N.s.m-2) 1,84 · 10-5
Densidade do ar (kg.m-3) 1,19
Diâmetro (médio) da esfera (m) 0,0159
Coeficiente de difusividade do naftaleno
6,11 · 10-6
no ar (Dab) (m2.s-1)
Número de Reynols (Re) 1630
Número de Schmidt (Sc) 2,53
Número de Sherwood (Sh) 40,0

0,023

0,018
Km (m s-1)

Froessling
0,013 Ranz e Marshall
Rowe et al.

0,008 Experimental

0,003
800 1300 1800 2300 2800 3300 3800 4300
Reynolds

Figura 3: Resultado experimental comparado com as correlações de Sh (Sc = 2,53).

A influência da vazão, ou seja, da velocidade, no coeficiente de transferência de


massa, se mostra presente no cálculo do número de Reynolds. Este é diretamente
proporcional a velocidade superficial do gás (V), e a partir dessa informação é possível
estabelecer uma relação com o coeficiente de transferência de massa (Km), em que este
está relacionado diretamente com o número de Sherwood, que por sua vez é também

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proporcional ao número de Reynolds. Sendo assim, é trivial pressupor que V é
diretamente proporcional a Km, ou seja, um aumento de velocidade acarreta num
aumento do coeficiente de transferência de massa, mantendo as mesmas condições de
temperatura e pressão. Entretanto, nesse experimento não foi possível verificar a
validade dessa teoria uma vez que se trabalhou com apenas um valor de velocidade.

3.4 – Comparação entre Km experimental e teórico

Comparando os valores obtidos de Km experimental (0,0156 m.s-1) e teórico


(0,0154 m.s-1), pode-se verificar que o erro foi de apenas 1,56%. O erro encontrado
possivelmente está associado à leitura errônea do diâmetro de naftaleno no paquímetro;
à inconstância da vazão utilizada, uma vez que o aparelho oscilava; e aos desvios entre a
realidade e as hipóteses levantadas.

Na integração da equação 11, a área das esferas foi suposta constante. Mesmo
que a variação dessa área tenha sido suficientemente reduzida para que a integração
proposta fosse válida, ainda assim existe um erro inerente a essa hipótese, uma vez que
os diâmetros apresentaram uma redução da ordem de 5%, como visto na Tabela 2. Além
disso, a área superficial total das partículas foi aproximada pela soma da área superficial
de quinze esferas, muito embora as bolinhas de naftaleno fossem de fato elipsoides e
houvesse ligeira perda de superfície de contato entre fluido e sólido devido ao contato
entre as bolinhas. No entanto, em função da dimensão diminuta do erro, é natural
afirmar que as hipóteses levantadas ao longo do experimento foram corroboradas.

As relações usadas para o cálculo do número de Sherwood e, consequentemente,


do coeficiente convectivo de transferência de massa, são empíricas. A fórmula básica da
teoria para o cálculo de Sh pode ser resumida na equação 13:

(13)

Um estudo estatístico mais aprofundado pode ser feito no intuito de encontrar a


melhor equação para o sistema estudado, em vez de usar correlações já existentes, ou no
máximo, usá-las a fins comparativos. Para tal estudo, seria necessário um maior número
de dados experimentais, não apenas com valores fixos, mas também com variações de
parâmetros, como vazão e temperatura, por exemplo. Essa nova gama de dados poderia
conferir ao estudo resultados mais acurados.

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4. Conclusão

Foi desenvolvido um sistema para o cálculo experimental do coeficiente


convectivo de transferência de massa, Km, e este foi comparado a um valor teórico
também desenvolvido nesse trabalho. O método testado revelou-se eficaz para estimar o
coeficiente de transferência de massa convectivo, uma vez que os valores teóricos e
experimental foram, respectivamente, 0,0154 e 0,0156 m.s-1. Com isso, fica
caracterizado um erro de 1,56%.

A dimensão reduzida do erro comprova que o procedimento foi bem sucedido


ao atingir os objetivos propostos. Além disso, a pequenez do erro comprova a validade
das hipóteses formuladas, bem como do modelo matemático empregado.

As possíveis fontes de erro podem estar associadas à leitura errônea do diâmetro


no paquímetro, e também à variação de diâmetro e, consequentemente, de área, que foi
desconsiderada nesse experimento. Além disso, há o fato de ter sido feita uma
aproximação da geometria real do naftaleno para uma geometria esférica. A
inconstância da vazão utilizada, uma vez que o aparelho oscilava, também pode ter
causado algum erro.

A dependência do coeficiente de massa com a velocidade não pode ter sido


confirmada nesse experimento, pois para tal conclusão seria necessário tomar medidas
com diferentes vazões.

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5. Referências Bibliográficas

[1] Welty, J. R.; Wicks C.E. & Wilson, R.E. – Fundamentals of Momemtum, Heat and
Mass Transfer , John Wiley & Sons, 3th Edition , 1986.

[2] Frank P. Incropera; David P. Dewitt; Theodore L. Bergman; Adriene S. Lavine –


Introduction To Heat Transfer, John Wiley & Sons , 6th Edition, 2006.

[3] FOX, R. W. , Pritchard, P. J. , McDonald A. T. , Introduction to Fluid Mechanics


United States, Ed. LTC, 6ª edição, 2004, 802 p

[4] Insitut für Arbeitsschultz der Deutschen Gesetzlichen Unfallversicherung GESTIS


Substance Database, http://gestis-en.itrust.de/

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6. Apêndice A

 Equação I: Área superficial da esfera: πd2, onde d = diâmetro em m.


 Equação II: Solubilidade do naftaleno em ar: P = CRT, onde P é a pressão em Pa, R
é a constante ideal dos gases (8,314 J.K-1.mol-1), e C é a solubilidade em mol.m-3.
Multiplicando-se C pela massa molar do naftaleno (128,17 g.mol-1), obtemos a
solubilidade em g.m-3.

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