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INTRODUÇÃO À TEOLOGIA
“Se não sois teólogos, nada sois!”

O estudo da Teologia, tanto como ciência (teoria, disciplina) como prática de vida
(doutrina, fé), tem como alvo primário o estudo da pessoa de Deus e secundariamente, de tudo
quanto lhe está relacionado como o universo, o homem etc. Nestas bases de investigação, a
Introdução à Teologia como parte introdutória de todo curso teológico, vem em seu bojo de
assuntos, apresentar orientações que determinam o saber teológico em sua essência devida,
destacando-as dentro de um programa como veremos a seguir.

I – ETIMOLOGIA DO TERMO

1. Etimologicamente, o termo Teologia é de origem grega, composta da combinação de duas


palavras: THEOS (Deus ou divindade) e LOGOS (Palavra). Semelhante composição e sentido
se ver no Latim (Theologia: disciplina da ciência sagrada). Destas duas deu-se sua extensão a
outras línguas com diferentes grafias: fr. Théologie (séc. XIV); ing. Theology (séc. XIV/XV);
esp. Teología (séc. XIV). Além destas grafias relacionadas, outras se apresentam baseadas em
ideais e sistemas próprios, tais como: Epígnose (usado por Paulo/Ef 4.13; Cl 2.2); Ateologia
(Ateísmo) e Tealogia (Feminismo).
2. O vocábulo pode ser usado de duas formas:
a) A específica, que abrange apenas as questões relacionadas com a existência, natureza e
obras de Deus (Teologia Própria);
b) E a geral, que inclui todos os assuntos relacionados entre Deus e o universo (criação, anjos,
homem etc.);
3. Mesmo não constando no texto bíblico diretamente (por escrito), sua natureza é bíblica e
dinâmica, pois seu conteúdo e objeto maior de estudo é bastante evidente – Deus. Textos
como Lc 8.21, Rm 3.2 e 1 Pe 4.11, expressam bem sua realidade etimológica;
4. Sua origem (etimológica) não é cristã, pois desde os séculos antes de Cristo já era usada no
mundo greco-romano como sendo o estudo referente aos deuses e de suas atividades no
mundo, estando dividida em três classes ou gêneros: mitológica, física e civil, caracterizando-
se assim, primeiramente como uma ciência pagã;
5. Na história cristã primitiva, já era conhecido e usado por Clemente de Alexandria, Orígenes
e, principalmente por Eusébio de Cesaréia, pois parece ter sido quem mais contribuiu para que
a igreja do oriente adotasse o termo. São dele estas expressões: “a teologia segundo Cristo” ou
“discurso sobre o Cristo Deus”. Por outro lado, chama Moisés de “teólogo” e de “teologia” a
doutrina do Deus único e criador.

II – CONCEITOS DE TEOLOGIA

1. Um estudo sobre os deuses e suas obras, tanto lendárias, como míticas e espirituais
(filósofos e escritores como Platão, Aristóteles, Varrão etc.);
2. Uma exposição bíblica, ou seja, tudo aquilo que a Bíblia diz sobre Deus e suas ações (Pais
da Igreja);
3. Um estudo acadêmico da Bíblia e acerca de Deus, e de disciplinas como Teologia
Sistemática, Dogmática, Pastoral e outras (Idade Média e Moderna/Teologia como ciência);
4. É o estudo, análise e a declaração sistemática da doutrina (Millard J. Erickson);
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5. É a ciência de Deus e suas relações com o universo (Henry C. Thiessen);


6. É a explanação e explicação consciente e metodológica da Revelação divina, recebida e
aprendida na fé (Karl Rahner);
7. É a ciência da religião evangélica, como se acha ela revelada na Bíblia, desenvolvida na
História, e continuada na vida progressiva da Igreja Cristã (Dicionário Bíblico Universal);
8. É simplesmente a Igreja buscando entender a fé que uma vez foi dada aos santos (Jd v.3) e
o fato de sua existência como Igreja de Deus.

Diante destes e de outros não citados, como você conceitua a Teologia?

III – NATUREZA DA TEOLOGIA

Por natureza entendemos como sendo o conjunto de propriedades que especifica a


essência, tipo ou caráter de um fato existente. Baseado nisto, observaremos assim, a Teologia
como um fato real, mediante suas propriedades peculiares e relacionáveis, as quais por sua
vez, determinam o que ela é por essência.

1. Doutrinária

1.1. É o estudo da doutrina, ou seja, trata acerca de Deus, seus propósitos e relações, de forma
ordenada e sistemática, independente de seu caráter dogmático (credos). Vejamos algumas
características da Teologia como doutrina:
a) Doutrina (significa ensino, instrução): consiste na elaboração das verdades fundamentais da
Bíblia e do cristão: Deus, o homem, a salvação, nosso destino etc.;
b) Teologia (literalmente o estudo de Deus): trata do conhecimento racional de Deus e de suas
relações, sendo, portanto, um estudo interrelacionável com a doutrina, e por outro lado, num
escopo mais amplo, na análise, exposição e sistematização daquela, isto é, da doutrina.

2. Científica (experimental)

2.1. É um estudo científico ou uma ciência, em razão de ser conhecimento crítico, sistemático,
lógico e relacionável com outras ciências. São diversas as características que fazem da
Teologia uma ciência, vejamo-las:
2.2. Ciência é a exposição objetiva, crítica, sistemática e lógica de fatos relacionados e
comprovados;
2.3. A Teologia, enquadrada nas condições científicas acima citadas, é um estudo
essencialmente objetivo e racional, independentemente das diversas categorias ou tipos de
ciências como as exatas, humanas etc.;
2.4. Como toda e qualquer ciência, a Teologia por sua vez, preenche aos critérios tradicionais
do conhecimento científico como nos mostra o teólogo Milard Erickson em sua Introdução à
Teologia Sistemática (pág. 18). Vejamo-los:

a) Ter um objeto de estudo: no caso, o objeto de estudo da Teologia é Deus;


b) Ter um ou mais métodos de investigação do objeto de estudo: a Teologia nas suas
conclusões utiliza-se de métodos como crítica textual, crítica literária, história das fontes e
outros relacionados;
c) Objetividade no sentido de que o estudo lida com fenômenos à experiência imediata do
pesquisador, sendo, portanto, acessível à investigação de outros: ela é relacionável em seu
processo de investigação;
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d) Coerência entre as investigações do objeto de estudo em questão, de modo que o conteúdo


forme um corpo definido de conhecimento, não uma série de fatos desconexos ou pouco
relacionados entre si: como em qualquer outra área de conhecimento, a Teologia usa métodos
lógicos (dedutivo, indutivo etc.) para fins de uma compreensão exata de suas conclusões.

3. Confessional

A comunidade da fé que se constitui a base da reflexão teológica, tem um legado


mediador comumente chamado “Tradição” ou documentos confessionais que determinam a
expressão exata da fé, tanto a nível dogmático como interpretativo. Este caráter pode ser mais
bem entendido pelos seguintes motivos:

3.1. A Comunidade da fé é depositária de uma Revelação, a qual deve ser tida como uma
profissão (ou confissão) a fazer continuamente (Jd 3);
3.2. Historicamente, esta fé confessional tem-se desenvolvida através de credos ou dogmas
universais e denominacionais;
3.3. Este “confessionalismo” teológico da fé se pluraliza através de várias confessionalidades
como católica, ortodoxa, protestante, sectária e outras.

4. Pluralista

A teologia é legítima, necessária e inevitavelmente pluralista em suas concepções


de uma única fé revelada (2 Co 8.6). Esta pluralidade se articula pelos seguintes fundamentos:

4.1. A fé revelada é multiformemente rica em sua expressão divina e humana (Hb 1.1);
4.2. A Comunidade receptora desta fé, hermenêutica e culturalmente, tem proclamado-a com
grande diversidade de pensamentos e vivências, daí as controvérsias e heresias surgidas;
4.3. Essa diversidade (muitas teologias) na unidade (a fé) tem sido, positivamente ou não, a
causa de um maior aprofundamento da fé, para fins de um melhor esclarecimento e
compreensão de sua realidade entre nós;
4.4. Este pluralismo teológico tem sido a razão de haver esta série de teologias independentes,
tendo cada uma em seu bojo, seus pressupostos desenvolvidos por meio dos mais variados
métodos e espíritos de investigação científica.

Além destas características, há outras que evidenciam sua natureza científica, tais
como:

 A fé não está desassociada da razão (1 Pe 3.15);


 Não há conflito entre Deus e as diversas e diferentes formas de conhecimento, uma
vez que Ele é tido como detentor das mesmas (Jó 37.16);
 Histórica e tradicionalmente, a Teologia é tida como a rainha das ciências;
 Muitos fundadores da ciência moderna foram cristãos – Copérnico, Newton etc.;
 Historiadores, sociólogos e escritores de ciências têm demonstrado que a ciência
(experimental) iniciou suas descobertas na fé, nas obrigações morais bíblicas (leis
divinas) etc.;
 É legitimamente uma disciplina (e digna de ser) de uma instituição superior por conter
todas as propriedades necessárias e suficientes de uma ciência disciplinar capaz de
informar e formar teólogos profissionais e práticos (diríamos que uma universidade
que não tem o curso de Teologia em seu currículo é incompleta, pois a palavra
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“universidade” detém a idéia de um conjunto de todas as áreas de conhecimento; é


chamada de “casa das ciências”).

A natureza da Teologia se caracteriza não somente por estes dois aspectos


principais (doutrina e ciência), mais também por outros como sua importância, sua
necessidade, seus limites e sua relação com outras disciplinas, os quais estarão implicitamente
ou não, sendo descritos ao analisarmos outros tópicos.

IV – FUNDAMENTOS E FONTES DA TEOLOGIA

A questão dos fundamentos e fontes da Teologia são aquelas possibilidades


baseadas em fatores diversos que determinam a realidade racional e prática do estudo
teológico. Observemos, portanto, tais fundamentos e fontes:

1. Fundamentos da Teologia:

1.1. A existência de Deus: é a grande razão do estudo teológico, pois sem ela não haveria
como conhecer a Deus;

1.2. A Revelação de Deus: a Teologia é uma ciência que parte do pressuposto do auto-
conhecimento que Deus faz de si mesmo, mediante formas revelativas gerais e específicas,
muitas das quais são dirigidas a todos os homens e outras a pessoas e épocas distintas;

1.3. Faculdades Humanas: o homem é um ser incrivelmente dotado por Deus de faculdades ou
dons que por natureza fazem-lhe ser inteligente e consciente de sua existência, ou seja,
conduzem-no ao conhecimento de tudo quanto existe e a relacionar-se com Deus e o universo.
Como bem sabemos, todo relacionamento exige primeiramente um ou mais conhecimentos.

2. Fontes da Teologia

2.1. Espírito Santo: Esta é a principal fonte-base de Teologia em razão dos seguintes fatos:
a) Inspirou a escrita do texto bíblico (2 Pe 1.19-21);
b) Conhece as profundezas de Deus (1 Co 2.10);
c) Guia-nos em toda verdade e nos ilumina, dando-nos a compreensão devida (Jo 16.13);

2.2. Natureza (Teologia Natural): a natureza ou o universo criado com seus aspectos
multiformes é uma das fontes-bases do estudo teológico por conter evidências “claras” e
determinantes acerca de Deus e o homem (Sl 19; Rm 1.18-20);

2.3. Tradição: é uma fonte-base da Teologia por se consistir num conjunto de ensinamentos
orais que foram adotados e transmitidos a gerações e organizações que os receberam como
verdades a serem cridas e vividas;

2.4. Escrituras Sagradas/Bíblia: as Escrituras Sagradas do AT e do NT constituem-se numa


das principais fontes por excelência da Teologia por expressar como literatura especial
verdades objetivas, definidas e esclarecedoras sobre Deus e outros fatos existentes (Lc 24.44;
2 Tm 3.16). Especificamente, o estudo do seu cânon, de sua história salvífica e o
conhecimento geral de suas partes (literárias) ajuda em muito a investigação teológica.
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Galileu disse certa vez: “A Bíblia não nos foi dada para sabermos como é o céu, e sim como
devemos ir para o céu”;

2.5. Experiência ou misticismo: são fatos reveladores verdadeiros ou falsos decorrentes de


uma iluminação superior alcançada mediante a vontade incondicional ou não daquele que
ilumina e de uma vida de piedade exercitada pelo homem (1 Co 12.11; Sl 25.14). Deve-se
observar que toda experiência mística ou espiritual pode vir de diferentes fontes, as quais
quando não discernidas à luz das Escrituras podem levar-nos a conclusões inconsistentes e
sentimentos ilógicos;

2.6. Racionalismo (razão): a razão humana é uma fonte-base que em muito propicia o estudo
teológico quando por sua vez submete-se à iluminação do Espírito Santo, ao bom senso e a
toda e qualquer propriedade mental e espiritual que conduz o homem à realidade verdadeira
que é Deus (1 Ts 5.21);

2.7. Formulações da fé/credos/confissões: os artigos de fé de um credo ou confissão religiosa


fazem parte de uma Tradição e são, portanto, objetos de investigação por parte da Teologia.
São declarações formais, históricas e “imperfeitas” por expressarem a linguagem humana da
fé, o que traz em si uma abertura a novas interpretações e formulações sobre uma determinada
verdade revelada (credo apostólico, catecismo católico, confissão de Westminster etc.).

V – HISTÓRIA DA TEOLOGIA

A história da Teologia ou das doutrinas se mostra confundivelmente relacionada


com a história da Igreja e da interpretação bíblica, sendo por sua vez, sua expressão e busca
intelectual da fé, que caracteristicamente, se constitui numa base de pesquisa e de
determinação “interpretativa” para tantos que queiram embasar suas conclusões teológicas.
Vejamos, pois, um esboço histórico destacando seus principais períodos:

1. Período Veterotestamentário ou a.C.:

1.1. A Teologia vista como ciência histórica está situada num período de tempo bastante
remoto (ou eterno), visto que sua base de existência é o próprio Deus, que é o seu objeto de
estudo, o que a qualifica como Primeira ciência, independente de uma sistematização humana;
1.2. Sua presença na história humana inicia-se a partir da Revelação que se deu através de
vários meios, tendo sido sistematizada ao longo da história anterior a Cristo em contextos
tanto judaicos (Esdras, Filo de Alexandria e Apócrifos) como pagãos (Platão, Aristóteles,
Varrão e outros). A sistematização da Teologia como ciência começou primariamente no
mundo greco-romano sendo, portanto, uma ciência de origem pagã;
1.3. Neste mundo temporal, a Teologia que se caracterizava como sendo pagã, era dividida
em três classes ou gêneros:

a) Mitológica: era feita por teólogos-poetas, como Hesíodo, Homero, Orfeu etc., na qual
explicavam o mundo como atividade dos deuses, fornecendo material abundante para os
prosadores das praças e montadores de peças de teatro (teogonias);
b) Física: era manuseada pelos filósofos e era oposta à mítica por ter um caráter
meteorológico ao tratar de forma mais científica os corpos celestes, visto que os deuses já não
são os do Olimpo, e sim, o próprio cosmo. Nela se destaca o grande Aristóteles que via a
Teologia como parte da metafísica (após a física) que trata da causa primeira ou da
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Divindade, pois dividia a ciência em três partes, em física, matemática e teologia, dando a esta
última um novo campo de aplicação, identificando-a com a filosofia primeira, pois ele a
conceituava como a consideração das causas supremas do mundo astral divino e visível;

c) Civil: esta era desenvolvida religiosamente pelo povo através de homenagens com cantos
de louvor em honra ao deus da cidade, aos deuses da nação, prestando-lhes também
reverência e recusando desacata-los quanto aos seus desígnios. Fazer Teologia, portanto,
significava atribuir qualidades divinas aos imperadores e reconhecê-los como deuses, o que
para judeus e cristãos em contrapartida, significava não fazer teologia.

1.4. Não devemos deixar de falar que paralelo ao mundo pagão, o mundo judaico já de muito
tempo atrás tinha sua própria teologia definida (expressa no cânon judaico), e em tempos
greco-romanos, em razão da cultura grega (língua, filosofia etc.) ter sido incrementada em
várias nações, passava por uma progressão de novas idéias muitas das quais motivadas pela
influência da filosofia grega platônica como bem se nota nas conclusões teológico-filosóficas
feitas pelo judeu Filo de Alexandria;
1.5. Muitas idéias favoráveis à sistematização da Teologia são também oriundas do período
interbíblico que antecede a Era Cristã, difundidas profusamente pelos conhecidos livros
apócrifos e pseudepígrafos nos quais há muitos elementos que motivaram a formação da
Teologia desenvolvida no NT (Epístola de Judas). Isto nos mostra que entre o AT e o NT, não
há um vácuo teológico, e sim, um expressivo vínculo de pensamentos e posicionamentos
teológicos que influenciam até hoje a Teologia cristã.

2. Período Neotestamentário ou d.C.:

2.1. Período apostólico

a) O período de formação da Teologia cristã-apostólica ou das épocas do NT se estende até os


inícios do séc. II d.C, quando se encerra a formação do NT com o Apocalipse, tendo ênfases
teológicas como a divindade de Cristo, a justificação pela fé etc., o que significa que os
escritos do NT representam os primeiros ensaios de reflexão teológica, dando à Teologia um
começo e desenvolvimento histórico;

2.2. Período patrístico

a) O período apostólico é sucedido pelo da Patrística que cobre um tempo de


aproximadamente sete séculos, tendo sido por outro lado, um período de grandes definições
teológicas, desenvolvidas pelos chamados Pais apostólicos, apologistas e mestres da Igreja
Antiga (e.g., Justino, Tertuliano, Irineu, Eusébio, Clemente de Alexandria, Orígenes,
Atanásio, Agostinho etc.), obras de diversos temas relacionadas à vida cristã, liturgia e à
defesa da fé, e concílios, nos quais a ortodoxia foi sendo definida em virtude de muitas
heresias geradas (gnosticismo, arianismo, donatismo e outras);
b) Foi definidamente marcado por várias tendências como a filosofia platônica e métodos
rigorosos e alegóricos de interpretação (Escola de Alexandria, de Antioquia etc.).

2.3. Período medieval

a) No período da Idade Média que seguiu a era patrística, ocorreram fatos que vieram
caracterizar o progresso da reflexão teológica de modo bastante distorcido, ou seja, sua
progressão histórica sofreu uma descontinuidade intelectual (queda do império
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romano/instabilidade política/avanço do Islamismo), tendo poucos e isolados teólogos que


pouco fizeram avançar o estudo teológico, o qual em contra partida séculos mais tarde, veio
passar por um despertamento religioso - teológico que despontou a partir do séc. XIII através
de vários fatores como:

 O Escolasticismo
 O Monasticismo
 O Humanismo
 O surgimento das universidades
 E a expressão intelectual de alguns teólogos-filósofos (escolásticos) que se tornaram
os principais agentes da educação na época, fazendo da Teologia, a rainha de todas as
ciências, a qual era muito relacionada às filosofias platônica e aristotélica em suas
reflexões feitas por teólogos como Abelardo, Anselmo (argumento ontológico),
Alberto Magno, Pedro Lombardo, Tomás de Aquino e outros que chegaram a produzir
várias obras (e.g., Summa Teológica, Sentenças etc.) e definir muitas doutrinas, sendo
muitas delas tipicamente católicas romanas (veneração de Maria, purgatório etc.).

b) O método padrão de interpretação bíblica usado era a “Quadriga”, isto é, os quatro sentidos
das Escrituras (literal, alegórico, moral e anagógico);
c) Um dos grandes vultos do final deste período foi Erasmo de Roterdã (1469-1536) que
impactou profundamente a Teologia com seus escritos, principalmente através do seu texto
crítico do NT grego (Textus Receptus ou Texto Recebido);

2.4. Período da Reforma

a) A Teologia da Reforma que se originou a partir do séc. XVI, foi inicialmente um desejo de
restaurar a vida e a vitalidade da Igreja do NT, que tinha sido deformada pela igreja romana,
através de abusos de poder (papado) e imoralidades do clero, como de muitas interpretações
que para os reformadores, contradiziam as Escrituras;
b) Foi representada principalmente por Lutero (justificação pela fé), Calvino (soberania de
Deus e predestinação) e Zuínglio (autoridade absoluta da Bíblia em questões de fé), os quais
se diferenciavam mediante doutrinas destacáveis;
c) Este período pode ser caracterizado teologicamente através de várias doutrinas defendidas e
resultados decorrentes das mesmas, tais como: a supremacia da Bíblia sobre a tradição, da fé
sobre as obras e do povo cristão sobre um sacerdócio exclusivo. Tais defesas resultaram no
seguinte: a Bíblia foi dada ao povo (traduções no vernáculo); muitas práticas foram abolidas;
novos horizontes foram lançados, dando ocasião ao surgimento de muitas igrejas, credos
(confessionalismo) etc.;
d) Neste período houve o retorno ao uso do método literal de interpretação das Escrituras
como base maior para os outros. Pouca Teologia romana processou-se nele, pois tanto antes
como depois do concílio de Trento, a mesma permaneceu condicionada à autoridade da igreja
e às tradições.

2.5. Período pós-reforma

O Período Pós-Reforma abrange as chamadas Idade Moderna e Contemporânea,


as quais foram e têm sido marcadas por grandes teólogos, teologias, sistemas teológico-
filosóficos, movimentos e tendências que tem feito da Teologia uma ciência ora relevante e
ora sem significado em diversos sentidos (acadêmico, doutrinário e prático).
a) Dentre os seus muitos aspectos, destacam-se teólogos como:
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 Bellarmino (1542-1621/católico); Jacobus Arminius (1560-1609/arminianismo);


Laelius Socinus (1525-1562); Fausto Socinus (1539-1604); John Owen (1616-
1683/puritanismo); John Gill (1697-1771/foi um dos primeiros a interpretar a Bíblia
versículo por versículo); Philipp Spener (1633-1705/pietismo); Jonathan Edwards
(1703-1758/maior teólogo dos EUA); Scheleiermacher (1768-1834/produziu livros
como Fé Cristã); John Wesley (1703-1791/metodismo); Albrecht Ristschl
(protestantismo liberal); Karl Bart (1886-1968/produziu uma das maiores teologias
sistemáticas chamada “Dogmática Eclesiástica” contendo 13 volumes, com 9.185
pág.); Paul Tillich (1886-1975/método da correlação: diálogo entre a cultura humana e
a fé cristã); Karl Rahner (1904-1984/católico); Oscar Cullman (protestante/consultor
do concílio Vaticano II); Leonardo Boff (brasileiro/teologia da libertação); Lewis
Sperry Chafer (fundador do Seminário Teológico de Dallas-EUA/elaborou uma
teologia sistemática de cunho dispensacionalista de 08 volumes); Keneth Hagin (pai
da Teologia da Prosperidade) etc.

b) O período em pauta tem sido desde o seu início, um período de crítica, especulação e de
inovações teológicas em várias partes do mundo, pois desde seus primórdios diversos
sistemas teológico-filosóficos, movimentos, teologias e tendências têm surgido, tais como:

 Confessionalismo, pietismo, iluminismo-racionalismo (o domínio da razão sobre a fé),


puritanismo, jansenismo (movimento católico que enfatizava a questão da graça
irresistível), ultramontanismo (movimento católico que motivou a questão da
infalibilidade papal), fundamentalismo, pentecostalismo (1901-EUA/batismo no
Espírito Santo, curas e dons espirituais), neo-ortodoxia, teologia da libertação,
feminismo (Tealogia), dispensacionalismo (dispensações/Bíblia de Scofield),
neopentecostalismo (teologia da prosperidade, confissão positiva, liberação dos usos e
costumes, quebra de maldição etc.), pós-modernismo (tendência/globalização) etc.
Além destes fatos, outros em muito contribuíram para a progressão histórica da
Teologia como a realização de concílios mundiais (Vaticano I e II, Lausane/Suíça),
surgimento de associações teológicas (ASTE), conselhos, seminários, faculdades,
institutos de várias denominações (IBAD/SP), decretos, leis e pareceres (e.g. 1051/69)
para fins de regularização de cursos de bacharel, pós-graduação e outros, fazendo
assim da Teologia uma ciência não apenas para a Igreja, mas também para a sociedade
em geral, dando-lhe novos rumos históricos e práticos neste mundo globalizado.

Que contribuição histórica para o desenvolvimento do pensamento teológico você


tem feito?

VI – DIVISÕES DA TEOLOGIA

O campo de estudo da Teologia é geralmente dividido em cinco partes principais:


Teologia Exegética, Histórica, Sistemática, Dogmática e Prática. Indicaremos resumidamente
a natureza e conteúdo de cada uma dessas partes:

1. Teologias Tradicionais

1.1. Teologia Exegética: ocupa-se diretamente do texto bíblico e assuntos relacionados, tais
como auxílio na restauração, definição, orientação, ilustração e interpretação daquele texto.
Baseia-se exclusivamente na Bíblia, por ser esta a única fonte real e infalível da ciência
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teológica. Inclui ela o estudo das línguas originais (filologia), cânon, crítica textual,
hermenêutica, exegese e teologia bíblica (AT/NT);

1.2. Teologia Histórica: traça a história do povo de Deus através da Bíblia e da Igreja desde a
época de Cristo. Ela trata da origem, desenvolvimento e dispersão da verdadeira religião e
também de suas doutrinas, organizações e práticas. Relaciona-se com a Exegética e
Sistemática por lhes dá subsídios extra-bíblicos uma vez que trabalha fundamentando-se na
história da interpretação da doutrina. Ela abrange história bíblico-judaica, história eclesiástica,
história da teologia e/ou dogmas;

1.3. Teologia Sistemática (TS/Teorética): é a teorização da doutrina. Procura colocar o


material fornecido pelas teologias Exegética e Histórica de forma ordenada dentro de um
sistema de assuntos classificados numa seqüência progressiva e lógica (e.g., Bíblia, Deus,
Cristo, Espírito Santo, Anjos, Homem, Pecado, Salvação, Igreja e as Últimas Coisas). Seu
campo de estudo relaciona-se com a apologética, ética bíblica etc. Enquanto a Teologia é a
rainha das ciências, a TS é a coroa da rainha;

1.4. Teologia Dogmática: tem haver com dogmas, que são verdades tidas como indiscutíveis
por algum círculo religioso. É a análise e sistematização das crenças fundamentais expressas
nos credos da Igreja. É tradicionalmente identificada com a Teologia Sistemática;

1.5. Teologia Prática (contextual-contemporânea): esta divisão do estudo teológico busca


aplicar à vida prática do homem o que as outras produziram. É também aquela Teologia que é
comunicável no seu campo metódico, com outras áreas científicas que lhe fornecem dados
referentes às suas questões diversas, para acomodar suas verdades conclusivas a cada geração.
Seu estudo abrange assuntos como homilética, administração eclesiástica, liturgia, teologia
pastoral (poimênica), educação cristã, missões e outros.

2. Teologias quanto à Fonte de seu Material

2.1. Teologia do Antigo Testamento: refere-se àqueles estudos que procuram expor os ensinos
do AT de acordo com os livros ou seções do mesmo;

2.2. Teologia do Novo Testamento: assim como no AT, esta busca descobrir e conhecer os
ensinos que lhes são inerentes (teologia joanina, paulina, petrina etc.);

2.3. Teologia do Pacto ou das Alianças: é aquele estudo que se concentra num grande pacto
entre Deus e os homens, ou seja, o pacto da graça. Este estudo considera todas as ações de
Deus para com a humanidade ora desenvolvidas por vários pactos ou alianças, tendo cada um
seus aspectos próprios e relacionáveis uns com os outros;

2.4. Teologia Dispensacional: é aquela teologia que extrai seu conteúdo a partir da visão que
se tem do mundo e da história da humanidade como esferas da realização dos propósitos e
vontade divinos através de diversos períodos conhecidos como dispensações.

Outras de grande relevância fazem parte desta classe: teologia rabínica (Talmude),
católico-romana (Vaticano II), evangélica (Bíblia/evangelhos) etc.

3. Teologias quanto aos seus Expoentes


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3.1. Teologia Joanina: ensinos expostos pelo apóstolo João nos livros de sua autoria
(Evangelho de João; 1ª, 2ª e 3ª epístolas; Apocalipse);

3.2. Teologia Paulina: exposição doutrinária dos pensamentos do apóstolo Paulo baseada em
seus escritos, tendo como ênfase a questão da justificação pela fé;

3.3. Teologia Petrina: ensinos do apóstolo Pedro centrados nas suas duas epístolas nas quais
se destacam idéias relacionadas à santidade de vida do cristão e sua esperança escatológica;

3.4. Teologia Patrística: pensamentos e doutrinas elaboradas e defendidas pelos Pais e mestres
da Igreja Antiga como Inácio, Tertuliano, Justino, Clemente de Alexandria, Orígenes, Irineu,
Jerônimo, Agostinho, Atanásio etc.;

3.5. Teologia Agostiniana: conjunto de idéias e pensamentos doutrinários sistematizados e


defendidos por Agostinho de Hipona (bispo católico) no qual se enfatiza a depravação do
homem, a predestinação divina e a importância da fé sobre a razão;

3.6. Teologia Luterana: doutrinas e práticas associadas a Martinho Lutero e a seus seguidores,
e que se concentravam em três bases: somente a Escritura (sola scriptura), somente a graça
(sola gratia) e somente a fé (sola fide);

3.7. Teologia Calvinista: expressão referente aos ensinos sistematizados por João Calvino e
outros que os adotam com certas diferenças (e.g., calvinismo moderado x calvinismo
extremado). Enfatiza assuntos como a soberania de Deus, predestinação e outros mais,
particularmente voltados para a salvação. É reconhecida como teologia reformada;

3.8. Teologia Arminiana: sistema doutrinário desenvolvido por James Armínio que contraria a
posição calvinista, ou seja, o homem é salvo mediante o conhecimento prévio que Deus tem
de que aquele irá crer, regenerados podem perder a salvação etc.;

3.9. Teologia Wesleiana: sistema baseado nos ensinos de John Wesley. Caracteriza-se como
sendo de linha arminiana, destacando a dependência da graça de Deus para chegarmos a
exercer fé e vivermos uma santificação total ou perfeição.

Além destas, vejamos outras de igual natureza: teologia bartiana (neo-ortodoxia),


teologia liberal (modernismo), teologia existencial (Bultmann) etc.

4. Teologias quanto ao seu Lugar de Origem

4.1. Teologia Alexandrina: teologia oriunda da cidade de Alexandria (Egito) representada


principalmente por Clemente e Orígenes que desenvolveram os seus principais ensinos
continuados por seus discípulos, e que tinham muita relação com a filosofia platônica e o
método alegórico de interpretação;

4.2. Teologia Antioquiana: ensinos procedentes da escola de Antioquia formulados por


teólogos como Inácio, Paulo de Samosata e outros. Em relação à de Alexandria, enfatizava a
filosofia aristotélica e o método literal de interpretação;
11

4.3. Teologia da Nova Inglaterra: nome dado a um conjunto de crenças que tiveram origem
nas formulações teológicas de Jonathan Edwards (1703-1758), nas quais buscava explicar
questões relacionadas ao Primeiro Grande Despertamento nas colônias americanas e de outras
como a liberdade humana, a moralidade da justiça divina etc.;

4.4. Teologia Asiática: teologia desenvolvida através de processos diversificados de


contextualização à cultura (religiosa) da Ásia.

Outras teologias desta classe: teologia genebresa, teologia indiana, teologia de


Mercersburg, teologia de New Haven, teologia de Oberlim etc.

Além destas que caracterizam a Teologia, há outras que se diversificam em várias


classes. Vejamos assim, apenas os seus títulos: teologia filosófica, teologia mística, teologia
moral, teologia da crise, teologia negra, teologia federal, teologia do processo, teologia
feminista, teologia da nova escola, teologia da morte de Deus, teologia anabatista, teologia
litúrgica, teologia ascética, teologia da esperança, teologia mediadora, teologia da experiência,
teologia da glória, teologia de Oxford, teologia da Velha Escola, teologia da cruz, teologia
polêmica, teologia especulativa, teologia do sofrimento de Deus, teologia radical, teologia
contemporânea etc.

VII – METODOLOGIA DO ESTUDO TEOLÓGICO

Fazer Teologia é “falar a respeito de Deus” e “dar razão de nossa esperança” (1Pe
3.15). Portanto, qualquer pessoa que de um modo e de uma maneira fala sobre Deus, e faz jus
a esta esperança, é em tese, um teólogo, e como tal, deve articular (através de uma
metodologia teológica que tem como objetivo ensinar como “fazer teologia”), os dados
referentes à fé revelada, definindo-lhes uma unidade, sistematização e atualização a cada
geração de fiéis. A questão da metodologia teológica definirá por outro lado, o tipo de
teologia e de teólogo que surgirá mediante os princípios e leis que regem o ato de teologizar.
Seu campo de estudo envolve questões como: formas genéricas de Teologia, etapas do
trabalho teológico, métodos e princípios de linguagem teológica, atitudes gerais e
instrumentos de trabalho.

1. Formas Genéricas de Teologia

Três formas principais se destacam como sendo determinantes na produção do


discurso teológico e na definição do tipo de teólogo:

1.1. Teologia leigo-popular: baseia-se na lógica do VER, ou seja, que decorre do senso
comum, processada por várias mediações, definindo-a como sendo um discurso espontâneo e
imediato do mistério da fé. Consiste-se num tipo empírico de teologizar;

1.2. Teologia profissional-acadêmica: está ligada ao academicismo, ou seja, procura elaborar


com rigor científico o discurso teológico da fé, através de ações críticas, metódicas,
sistemáticas e lógicas auto-amplificativas (abertas a novas idéias para medidas de
aprofundamento), baseadas em casos e questões relacionadas à Revelação, à Comunidade e à
vida de fé;
12

1.3. Teologia pastoral (ou ministerial): fundamenta-se especialmente à lógica do AGIR. Seu
discurso está vinculado em ações, linguagens e destinatários peculiares, em virtude de estar
voltado à animação da fé através de mediadores próprios que incorporam os resultados mais
propícios que decorrem das outras teologias citadas acima.

2. Etapas do Trabalho Teológico

Fazer Teologia requer unidade, sistematização e lógica para uma boa articulação
da Revelação e fé cristã. Por isso, faz-se necessário observar as seguintes etapas:

2.1. A escuta da fé ou passo hermenêutico (Dt 6.4; Rm 10.17): teologizar é primeiro ouvir e
depois pensar. A Teologia ou discurso da fé revelada nasce da escuta, pois somos receptores
duma Palavra Revelada, portanto, devemos sempre dar uma “palavra de resposta” a Ela,
reconhecendo-a, confrontando-a (interpretações, críticas) e enriquecendo tudo o que se ouve a
partir de sua realidade;

2.2. A experiência da fé ou passo construtivo (explicação): é o momento construtivo do


discurso teológico, em que se produz seu conteúdo no confronto entre fé e razão. Compõe-se
de três passos:

a) Análise do conteúdo interno da fé, na qual se procura mostrar o porquê e o como dos
mistérios em que se crê;
b) Sistematização desse conteúdo mediante uma síntese articulada. Trata-se de articular os
dados da fé num todo orgânico a partir dum “vínculo entre os mistérios (e.g., Trindade,
Encarnação etc.)” e em torno de uma “idéia arquitetônica (e.g., Salvação)”;
c) Criação de novas perspectivas teológicas para avançar na compreensão da fé. Consiste em
partir da especulação ou da teorização teológica, a fim de descobrir novas realidades
teológicas, para uma melhor perspicácia da fé.

2.3. A aplicação da fé ou passo prático: a reflexão teológica também leva em conta a realidade
“do mundo”, de onde emergem as grandes questões existenciais (e.g., “De onde vim”; “Quem
sou eu”; “Para onde vou”) que a Teologia procura “iluminar” a partir da fé (MATOS, 2005).
É buscar o sentido atual do texto, que chamamos de “sentido espiritual”, o qual deve ser
antecedido por um rigor exegético, que por sua vez, definirá os sentidos adequados e a
aplicação devida para o nosso presente.

NOTA: Para uma boa escuta, experiência e aplicação da fé, observe o “decálogo
hermenêutico” proposto pelo teólogo católico Clodovis Boff, no seu livro “Teoria do Método
Teológico/Vozes”:

1) Disposição sincera e orante (devocional) para a escuta da Palavra;


2) Situar o texto no seu contexto (gramatical, histórico etc.);
3) Estabelecer o “sentido textual” do passo em questão (definir sua intenção original); 4)
Buscar em seguida o “sentido atual” do texto;
5) Ler a Escritura em comunhão com o conjunto da Igreja;
6) Pôr-se na linha da grande tradição da Igreja (no caso da herança teológica como
pensamentos, métodos etc.);
7)Considerar o texto dentro do conjunto do cânon escriturístico (ler e interpretar a Escritura
pela Escritura);
13

8) Colocar Cristo como a chave-mor de toda interpretação bíblica (Jo 5.39);


9) Seguir as indicações do Magistério da Igreja (pastores, mestres e outros);
10) Finalizar no amor toda leitura da Bíblia (Rm 13.10; “A Bíblia não nos foi dada para
satisfazer nossas curiosidades, e sim, para transformar nossas vidas!”).
(OBS: Nesta nota alguns grifos nossos foram feitos para medidas de uma melhor
compreensão e de adaptação dos postulados à teologia protestante).

3. Métodos e Princípios de Linguagem Teológica

Diversos são os métodos e princípios de linguagem que definem a elaboração de


um discurso teológico, portanto, faz-se necessário conhecê-los, a fim de determinar
conclusivamente a natureza do discurso elaborado. Vejamos alguns:

3.1. Método dedutivo (a priori: “a partir do que vem antes”): é o ato de se trabalhar a partir de
dados existentes, ou duma afirmação, ou seja, de uma série de proposições deduz ou infere-se
uma série de fatos. Parte sempre do geral para o particular. Quanto ao sistema teológico,
constitui-se na ação de levá-lo a adequar-se aos princípios próprios de um outro sistema (e.g.,
o deísmo, o evolucionismo etc.);

3.2. Método indutivo (a posteriori: “a partir do que vem depois”): inicia à partir da coleta de
dados, classificação e sistematização daqueles, através de leis que regem toda sua progressão.
É a ação de chegar a uma conclusão geral a partir da observação de fatos particulares. No caso
da Teologia, deve-se levar em consideração os princípios exegéticos pertinentes que
determinem conclusões devidamente acertadas;

3.3. Método experimental ou místico: decorre de impressões tanto internas (convicções) como
externas (revelações), que tem se tornado fonte-base para formulações teológicas;

3.4. Método Hermenêutico: a ciência da interpretação de textos (hermenêutica) proporciona


uma metodologia determinante na elaboração de conclusões teológicas, através de princípios
gerais e específicos, que estão relacionados às mais diferentes particularidades do texto
bíblico. Vejamos alguns deles:

a) Ter uma visão adequada da Bíblia quanto à sua natureza;


b) Observar gramaticalmente o texto na compreensão de suas palavras, frases etc.;
c) Determinar o contexto histórico do texto, ou seja, todas as condições de vida em que o
texto foi elaborado;
d) Definir o texto teologicamente, isto é, expressá-lo doutrinariamente à luz de seu significado
original;
e) Atualizar o sentido original do texto interpretado para os dias de hoje, levando em conta os
resultados dos princípios anteriores para uma acomodação clara e lógica acerca da fé revelada
a nós.

3.5. Método Exegético: este método refere-se ao ato de explicar o significado de um texto
conforme um autor queria que fosse compreendido, como também, a um “conjunto de
ciências e métodos de interpretação aplicados à Sagrada Escritura para desvelar sua história,
texto, sentido, mensagem, origem, transmissão e acomodação a cada geração de crentes”
(SÁNCHEZ, p.40, 1996). Sua prática inclui métodos gerais e acadêmicos: crítica textual,
crítica literária (gêneros literários), crítica da forma (estudo de palavras, investigação da
situação histórica), crítica das fontes, crítica histórica, história da tradição etc.
14

NOTA: O livro “Manual de Teologia Sistemática/Ed. A.D. Santos, p. 13 e 14”, propõe um


método bastante básico e útil para o estudo teológico, mediante seis passos:

1) Definir e esclarecer o problema ou a questão teológica;


2) Identificar as várias soluções do problema que foram sugeridas na história cristã;
3) Estudar a fonte da Teologia Cristã, a Bíblia, para determinar exatamente o que diz o texto,
e chegar às conclusões preliminares;
4) Relacionar as conclusões preliminares com a revelação geral e com outras doutrinas já
estabelecidas para concretizar esta resposta teológica;
5) Defender esta conclusão diante da oposição das ideologias contrárias;
6) Aplicar as conclusões teológicas às situações específicas da vida neste mundo.

Quanto aos princípios de linguagem que o discurso teológico deve ter,


indicaremos alguns dos principais, como veremos a seguir:

a) Princípio da analogia: em relação a Deus e sua Palavra, a analogia procura esclarecer a


forma pela qual Deus se revela a nós, através de objetos e imagens nas Escrituras, que nos
leva a concebermos o modo como Deus tem se revelado neste mundo. Como toda figura
humana usada, as analogias são imperfeitas, por às vezes não expressarem concretamente
tudo acerca de Deus. No entanto, são formas extremamente úteis e intensas de pensar a
respeito de Deus, uma vez que permitem que usemos o vocabulário e as imagens de nosso
mundo para descrever algo que se encontra muito além dele (e.g., Sl 23/Deus como pastor).
Seu uso sempre envolve uma linha direta de semelhanças;
b) Princípio da metáfora: é uma maneira de falar sobre uma coisa em termos que sugerem
uma outra, ou é uma questão de atribuir um novo significado a uma palavra conhecida. Diz-se
que uma metáfora combina semelhanças e diferenças, enfatizando tanto a existência de
paralelos quanto de divergências entre os dois objetos comparados. Indica o caráter de “ser” e
“não ser”. Em relação a Deus, a linguagem metafórica sempre será indireta, sugestiva e
intensamente forte ao provocar implicações expressivamente dimensionais, ou seja, gera
símbolos ou reações espirituais na vida da comunidade cristã;
c) Princípio da acomodação: por acomodação entende-se que a natureza da linguagem
teológica deve adaptar-se à capacidade da mente e do coração do ser humano, visando assim,
atender às necessidades da situação e à capacidade humana de compreendê-la. Por sua vez,
Deus ao lidar com a humanidade pecadora, como disse o teólogo alexandrino Orígenes,
“assumiu uma atitude condescendente e vem até nós, acomodando-se, ou seja, pondo-se na
esfera de nossas fraquezas, como professor que usa uma “linguagem infantil” para falar com
seus alunos, ou como pai que cuida de seus filhos e que se adapta a seu modo de ser”.

4. Atitudes Gerais e Instrumentos de Trabalho

Estudar e fazer Teologia exige o uso de uma metodologia de trabalho científico


que venha favorecer com precisão e flexibilidade, a produção do discurso teológico da fé.
Baseado nisto, vejamos algumas propostas de estudo:

4.1. Ingressar e participar de aulas próprias de Teologia em instituições e cursos teológicos


para uma melhor eficácia do teologizar (ser autodidata não é suficiente para alcançar um
conhecimento sólido e abrangente);
4.2. Adotar textos-base para as aulas, e paralelo a isto, não dispensar o trabalho pessoal como
anotações pessoais, leituras complementares, pesquisas etc.;
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4.3. Exercitar o estudo individual através da leitura de bons livros, fazendo leituras de
reconhecimento, de interpretação e de críticas;
4.4. Fazer apontamentos de leitura resumindo as idéias mais importantes, interessantes ou
úteis; frases expressivas, citando-as literalmente e com precisão; idéias particulares que a
leitura do livro gerou: críticas, comentários ou idéias novas etc.;
4.5. Memorizar tudo quanto foi lido e pesquisado, adotando meios como resumos, esquemas,
partes divididas, partindo das unidades menores e crescendo até às maiores;
4.6. Quanto à prática de pesquisa ou de investigação, deve-se observar as seguintes fases:
a) Escolher o assunto;
b) Delimitar o assunto a ser investigado ou não:
c) Coletar o material de apoio à pesquisa (livros, pesquisa de campo etc.);
d) Fazer leitura geral acompanhada de esquemas e resumos;
e) Organizar o conteúdo investigado e coletado dentro de suas divisões principais (introdução,
desenvolvimento e conclusão);
f) Desenvolver as idéias pesquisadas e elaboradas numa primeira redação, para
progressivamente, torná-las mais sólidas numa redação definitiva e final;
g) Elaborar conteúdos complementares para fins de uma melhor conclusão científica (anexos,
apêndices, notas e referências bibliográficas, índices etc.).

No que diz respeito aos instrumentos de trabalho, indicaremos as principais


referências bibliográficas que são por sua vez, acessíveis ao estudante de Teologia,
apresentando-as dentro de categorias diversas, pois, como alguém já disse, “estudar Teologia
sem livros não dá!”.

a) Bíblia: versões variadas, especialmente as melhores (ARC, ARA, Revisada, NVI,


Jerusalém/católica etc.). Boas Bíblias de estudo são também indispensáveis (BENVI,
Genebra, Aplicação Pessoal, Temas em Concordância/Indutiva etc.);
b) Dicionários (bíblicos, teológicos e lingüísticos) e Gramáticas: Dicionário Bíblico
Universal/Ed. Vida; O Novo Dicionário da Bíblia/Vida Nova; Dicionário Internacional de
Teologia do NT/Vida Nova; Dicionário Vine (vocabulário do hebraico e grego)/CPAD;
Dicionário de Teologia/Ed. Vida; Dicionário Teológico/CPAD; Gramática Hebraica/CPAD;
Noções de Grego Bíblico/Vida Nova;
c) Enciclopédias, Concordâncias e Chaves: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia/Ed.
Hagnos; Concordância Exaustiva da Bíblia/Ed. Vida; Chave Lingüística do NT Grego/Vida
Nova; Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã/Vida Nova; Pequena Enciclopédia
Bíblica/CPAD;
d) Teologias Sistemáticas: Teologia Sistemática (Wayne Grudem)/Vida Nova; Palestras em
Teologia Sistemática/EBR; Teologia Sistemática (Lewis Spery Chafer)/Ed. Hagnos;
Introdução à Teologia Sistemática/Vida Nova; Teologia Sistemática (ed. Stanley
Horton)/CPAD;
e) História, Geografia e Mundo Bíblico: História dos Hebreus/CPAD; Geografia Histórica do
Mundo Bíblico/Ed. Vida; Geografia Bíblica/CPAD; Manual dos Tempos e Costumes
Bíblicos/Ed. Betânia; O Cristianismo através dos Séculos/Vida Nova; História da Igreja
Cristã/Ed. Vida;
f) Introdução à Teologia: Teoria do Método Teológico/Vozes; Introdução à Teologia
Evangélica (Karl Bart)/Sinodal; Para que serve a Teologia?/Ed. Descoberta; Estudar
Teologia/Vozes; Dinâmica da Teologia/Paulinas; Teologia no Brasil: teoria e prática/ASTE;
Introdução à Teologia: perfil, enfoques e tarefas/Ed. Loyola; Fundamentos da Teologia
Cristã/Ed. Vida; História da Teologia Cristã/Ed. Vida; A Viagem de Théo: romance das
religiões/Cia. Das Letras etc.;
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g) Introdução Bíblica, Hermenêutica e Exegese: Introdução Bíblica/Ed. Vida; Origem da


Bíblia/CPAD; Vademecum para o Estudo da Bíblia/Paulinas; Manual da Fé Cristã/Ed.
Betânia; Princípios de Interpretação da Bíblia/Mundo Cristão; Princípios de Interpretação
Bíblica/Ed. Cultura Cristã; Entendes o que Lês/Vida Nova; Metodologia de Exegese
Bíblica/Paulinas;

h) Comentários Bíblicos: O AT e o NT Interpretado Versículo por Versículo/Ed. Hagnos;


Série Cultura Bíblica/Mundo Cristão; O Novo Comentário da Bíblia/Vida Nova; A Bíblia
Explicada/CPAD; Comentário Bíblico Beacon/CPAD; O Pentateuco/Ed. Vida;

i) Outras categorias: Revistas, Jornais, Educação (cristã), Filosofia, Religião, Apologética,


Comunicação, Ética, Psicologia, Arqueologia, Escatologia, Liturgia, Teologia
Contemporânea, Espiritualidade, Poimênica (ministério), Administração, Metodologia do
Trabalho Científico, Atualidades etc.

VIII – PEDAGOGIA E DOCÊNCIA TEOLÓGICA

A pedagogia e docência teológica estão relacionadas aos mais variados contextos


de educação e critérios didáticos que definem seus exercícios educacionais e profissionais
numa instituição. Neste ponto do nosso estudo, procuraremos enfatizar de forma prática, a
ação do professor de teologia na instituição de ensino teológico, fundamentando-a naquelas
diretrizes legais e didáticas correspondentes.

1. Na Escola Pública

Para atuar nas escolas sejam elas públicas ou privadas, é necessário que o
profissional em Teologia preencha os critérios referentes à sua ação educacional à luz da nova
LDB n° 9394/96, que estabelece os seguintes termos:

NOTA: O ensino teológico, ainda que seja desenvolvido principalmente, nos seminários e
institutos de várias igrejas, está intimamente ligado à educação religiosa nas escolas, por
fundamentá-la quanto às suas conclusões de forma transversal.

a) Ser um professor ou orientador religioso devidamente preparado e credenciado pelas


respectivas igrejas ou entidades religiosas;
b) Respeitar a diversidade cultural e religiosa da população brasileira;
c) Evitar e eliminar toda e qualquer forma de proselitismo;
d) Como nas outras disciplinas, deve-se levar em conta a organização social das atividades, do
espaço e do tempo, seleção e critérios de uso de materiais e recursos.

2. Nas Faculdades, Seminários e Instituições Teológicas

a) Quanto ao ensino superior, é preciso que o teólogo esteja qualificado para exercer
profissionalmente seu magistério, tendo no mínimo curso de especialização, e no máximo,
mestrado ou doutorado para cursos mais avançados como pós-graduação;
a) Nos seminários e institutos teológicos requer-se do professor de teologia que venha
reconhecer os seguintes aspectos:

 A natureza da instituição, se confessional ou não;


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 A clientela da instituição, no que diz respeito ao seu corpo docente e discente;


 A filosofia administrativo-educacional adotada;
 A política educacional quanto ao conteúdo, estrutura curricular e metodológica.

Kenneth O. Gangel (GANGEL e HENDRICKS, p.378-380, 1999) apresenta


várias qualidades que deve caracterizar o professor de teologia nestas esferas de ensino
teológico citadas acima:

 Ter experiência como aluno de faculdade ou seminário;


 Ter sido treinado teologicamente de modo formal ou acadêmico;
 Relacionar-se com os demais colegas de trabalho;
 Disponibilidade às carências da classe discente (alunos);
 Reconhecimento de suas falhas;
 Integridade quanto às áreas do comportamento, padrões e compromissos;
 Flexibilidade quanto às necessidades da instituição e de seus estudantes.
(grifos nossos)

3. Nas Igrejas (EBD e liturgias gerais)

A teologia assume em sua natureza uma ação inteiramente vinculada à educação


cristã ao fazer reflexões sobre a fé revelada, procurando seu entendimento devido e
esforçando-se numa exata comunicação da mesma na igreja e no mundo. Nesta relação entre a
teologia e a educação cristã (ou magistério cristão), o professor de teologia adquire para si um
papel relevante, ao exercer o seu magistério sob fundamentos espirituais, históricos e técnicos,
fazendo-lhe reconhecer e cumprir com qualidade a obra que lhe foi confiada. Portanto,
citaremos abaixo alguns destes fundamentos na intenção de levar o professor, a saber,
desenvolver seu serviço educacional-teológico para com a igreja.

a) Fundamentos espirituais e históricos:

Dentre os principais fundamentos espirituais e históricos temos:

 Deus como a base suprema de toda boa educação;


 Jesus que se constitui no exemplo máximo de saber ensinar (Mt 7.29);
 A obra educacional da igreja primitiva que ensinava de casa em casa;
 O dom e a vocação distinta para ensinar (1 Co 12.28);
 O objeto ou sujeito-alvo da obra de ensino, que é a igreja (Mt 28.19,20);
 Os propósitos envolvidos nesta obra magisterial como, por exemplo, “chegar à
estatura de Cristo” (Ef 4.11-16 etc.);
 As heranças ou tradições educacionais deixadas pelos Pais da Igreja, reformadores e
outros cristãos dignos de imitação para os dias de hoje;
 Teorias e filosofias educacionais elaboradas por grandes estudiosos da educação
(Comenius, Pestalozzi e outros).

b) Fundamentos técnicos

Por fundamentos técnicos queremos fazer referência àquelas bases de atuação


diversas e condições metodológicas que processam a educação teológica na igreja.
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Bases de atuação:

 O púlpito: é um espaço que muito propicia a ação educacional do pastor e do professor


de teologia, por está ligado a uma liturgia e comunidade;
 Escola Dominical: esta base exerce grande expressão teológica por funcionar
sistematicamente sob princípios cristãos e pedagógicos;
 Seminários e estudos específicos: são excelentes oportunidades de desenvolver uma
educação teológica através de temáticas definidas relacionadas às necessidades da
igreja;
 Cursos básicos em teologia e ministério: semelhantes aos cursos teológicos extra-
igreja, é uma alternativa fundamental para fins de treinamento e preparação de
ministros, dando por outro lado, oportunidade de estudo para tantos quanto não podem
fazer um curso mais avançado;
 Escolas confessionais: são centros de estudos vinculados, mantidos e estruturados
mediante princípios doutrinários, organizacionais e pedagógicos adotados por várias
denominações religiosas.

Outras bases: aconselhamentos, discipulado etc.

Condições metodológicas:

Quanto a estas condições, refiro-me a quatro formas gerais que processam o


ensino teológico na igreja como em qualquer outra esfera de atuação. São elas:

 Métodos de ensino: exposição, palestra, projetos, debates, entrevistas, histórias,


perguntas e respostas etc.;
 Recursos audiovisuais: álbum seriado, cartaz, fichas, mural, quadro de pregas,
computador, data-show, flip-chart, gravador, livros para pesquisa, mapas,
retroprojetor, fitas de vídeos, dvds, slides, flanelógrafo, quadro branco etc.;
 Dinâmicas de grupo: painéis (integrado, interrogadores, parlamento), estudo de casos,
dramatização, phillips 66, simpósios, cochicho, grupo de verbalização e observação,
explosão de idéias, círculo de estudos, fóruns, jogos, conferências, atividades
recreacionais e visuais etc.;
 Inteligências múltiplas: sobre esta forma, observe os comentários abaixo (QUEIROZ,
p.178, 2003):

“A inteligência ou cognição é o resultado de redes complexas onde


interagem um grande número de atores humanos, biológicos e técnicos.
Não sou ‘eu’ que sou inteligente, mas ‘eu’ com o grupo humano do qual
sou membro, com minha língua, com toda uma herança de métodos e
tecnologias intelectuais (...)”.

Assim, haveria áreas do cérebro que expressariam, de formas diferentes, a


inteligência humana. Especificaremos oito tipos. São elas: Inteligência lingüística [...];
Inteligência lógico-matemática [...]; Inteligência espacial [...]; Inteligência musical [...];
Inteligência cinestésica-corporal [...]; Inteligência pictórica [...]; Inteligência naturalista [...];
Inteligências pessoais: Inter/intra (HD) [...].
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4. Critérios didáticos e metodológicos

O professor de teologia deve ser um profissional no ato de educar. Quando


dizemos ser ele um profissional, queremos enfatizar que a sua tarefa se constitui numa
atividade que requererá processos mediativos para o alcance de seus objetivos. Este fato exige
o preenchimento de alguns critérios didáticos e metodológicos, muito dos quais já expomos
em pontos anteriores.
Para um bom desempenho na exposição de uma aula de teologia, é importante que
o teólogo-educador desenvolva um conjunto de etapas metodológicas que lhe proporcione
uma transmissão adequada do conteúdo em questão. Por isso, veremos abaixo alguns passos
gerais e específicos quanto à preparação e exposição de uma aula.

4.1. Passos gerais:

 Preparação: tema definido; coleta e seleção dos melhores dados; leituras e pesquisas;
definição de objetivos; definição de métodos e aquisição de recursos didáticos etc.;
 Apresentação: explanação do conteúdo previamente dominado e dinamizado através
de métodos e recursos correspondentes;
 Aplicação: atividades referentes ao conteúdo transmitido para medidas de
aprofundamento e experimentação;
 Verificação: avaliação do aproveitamento da questão analisada, mediada por tarefas,
formulários, testes, entrevistas pessoais e outros.

4.2. Passos específicos:

Neste item, destacaremos algumas atitudes básicas e necessárias que o teólogo-


educador deve exercer numa aula, tais como:

 Ter conhecimento de seus alunos, a fim de que se desenvolva uma boa transmissão do
conteúdo, amizade e respeito para com os mesmos;
 Levar em conta o conhecimento deles para que haja um melhor aproveitamento
escolar;
 Falar a eles dentro de uma linguagem acessível;
 Deixar que os mesmos façam perguntas e falem de si mesmos e de suas experiências;
 Exercer sempre um bom padrão de conduta e convivência, tratando-os com
cordialidade, igualdade e sinceridade;
 Motivar seus alunos valorizando-os sempre quanto ao desempenho demonstrado;
 Não criticar suas tradições culturais e religiosas etc.

IX - O PAPEL E COMPROMISSO DO ESTUDANTE DE TEOLOGIA

O estudante de teologia é parte fundamental da reflexão teológica, por ser o


principal sujeito-alvo quanto ao entendimento, manuseio e vivência da mesma. Por isso,
descreveremos abaixo estas ações pertinentes ao estudo teológico por parte do seu sujeito,
apresentando alguns requisitos que foram expostos pelo Pr. Alcebíades P. Vasconcelos no seu
livro “Introdução à Teologia” (1987, s/p).
20

 À semelhança das demais ciências, o estudo da teologia requer que o estudante


tenha feito um bom curso secundário completo, a fim de que esteja intelectualmente
em condições de acompanhar os estudos teológicos assimilando bem a terminologia
própria da matéria [...] posto que todas as matérias do curso teológico são bastante
profundas, exigindo do estudante mente bem esclarecida, que esteja acostumada a
estudar coisas profundas e assimilá-las;

 A par dos conhecimentos constantes [...], o estudante de teologia carece e deve


conhecer o melhor possível o hebraico e o grego coinê [...], em ordem de poder ler e
analisar com proveito o Antigo e o Novo Testamento, o que lhe assegurará 100%
mais de proveito em seus estudos teológicos;

 É indispensável que o estudante de teologia seja uma pessoa regenerada (Sl 25.14) e
cheia do Espírito Santo, porque este é o autor da Bíblia, e só através de sua
iluminação é possível ao estudante de teologia assimilar os conhecimentos que lhe
são necessários, e escapar de cair em erros de interpretação [...];

 Também é indispensável que o estudante de teologia seja despido de vaidade


pessoal, de pretensões descabidas, a fim de submeter-se inteiramente à pesquisa e à
obtenção dos conhecimentos teológicos, sem qualquer ostentação de grandeza de
conhecimentos [...] para que possa utilizá-los para glória de Deus e edificação do
próximo, sempre no devido lugar e tempo certo. (grifos nossos).

X - ORTOPRAXIA DA TEOLOGIA (Aspectos Práticos)

A Teologia é uma ciência definidamente prática em sua natureza, devido à


missão, propósitos e desafios que há em seu bojo de estudos racionais e doutrinários. Estes
aspectos, portanto, mostram quão característico, necessário e desafiante é o estudo teológico
para a Igreja e para tantos que queiram dar sentido à sua fé.

1. A Teologia faz a Igreja entender-se a si mesma diante de sua realidade heterogênea e


multifacelada (denominações), a fim de compreender o sentido próprio de sua existência,
identidade, objetivo, missão e experiências;
2. A Igreja precisa de Teologia para distinguir-se de outros grupos e defender a sua essência
organizacional e orgânica (mística), uma vez que vivemos num mundo religiosamente
pluralístico e indefinido, determinando com clareza sua posição no mundo das idéias,
ideologias e formas modernas de culto;
3. A Teologia é necessária à Igreja para que esta comunique a sua mensagem com qualidade,
pois uma das missões mais importantes da mesma, é comunicar a Palavra de Deus ao mundo,
seja em forma de evangelismo ou discipulado (Mt 28.19, 20);
4. A Teologia é mutável em suas reflexões, pois estas se baseiam em experiências ocorridas
em diferentes situações de vida, o que implica num estudo progressivo, limitado e passível de
erros em suas formulações definidas como bem demonstram os credos ou confissões de fé de
diversas igrejas;
5. A Teologia comporta desafios e advertências que devem ser considerados como fatos
determinantes para uma vivência teológica sadia, dinâmica e influente.
21

XI – CONCISO VOCABULÁRIO DE TEOLOGIA

Neste vocabulário estaremos definindo de forma sucinta alguns termos que


auxiliam a prática de investigação teológica.

ABSOLUTO: Que diz respeito à realidade última e independente, indicando que as demais
entidades são oriundas e inerentes a Ela.
ACRÍTICO: Tendência de aceitar uma idéia ou conclusão sem questioná-la.
AGNOSTICISMO: Sistema ateísta que diz que é incapaz de conhecer a Deus de forma exata,
e que Deus pode não existir.
AGNÓSTICO: Refere-se àquele que “não conhece”. É toda e qualquer pessoa que professa o
agnosticismo, seja de forma teórica ou vivencial.
AGOSTINIANISMO: Sistema teológico ligado a Agostinho de Hipona. Suas ênfases
doutrinárias são: depravação total do homem, a graça de Deus como motivo único de nossa
salvação e predestinação.
ALEGORIA: Um dos sentidos de interpretação que procura extrair um significado mais
profundo do texto.
ALIANÇA: Acordo feito entre duas partes para fins de realização de certos fatos
fundamentados em critérios a serem cumpridos pelas duas partes.
ALTA CRÍTICA: Forma de interpretação que analisa questões literárias e históricas do texto
bíblico, como a autoria, gêneros e datas dos livros.
AMILENISMO: Sistema escatológico que caracteriza o reino milenial de Cristo como não
sendo terrestre, e sim, espiritual.
ANTILEGOMENA: Expressão referente aos livros que foram rejeitados como sendo
canônicos nos primeiros séculos cristãos, tanto os do AT como os do NT.
ANTROPORMOFISMO: Atribuição de traços físico-humanos a Deus como mãos, pés, braço
etc.
ANTÍTESE: Tese ou idéia que provoca contraste ou se opõe a uma que lhe precedeu.
ANTÍTIPO: Fato neotestamentário que é tipificado ou representado por pessoas, objetos e
práticas do Antigo Testamento.
ANTROPOPATISMO: Atribuições de sentimentos humanos a Deus.
APOCALÍPTICO (A): Gênero literário que diz respeito às questões do fim do mundo.
APOLOGÉTICA: Área da teologia que trata da defesa da fé cristã, através de argumentos
racionais baseados na doutrina (e nos dogmas).
ARIANISMO: Sistema baseado na interpretação de Ário, bispo de Alexandria, que ensinava
que Cristo é a criatura mais elevada feita por Deus e, que não era Deus propriamente dito, ou
seja, era apenas “um deus”.
ARMINIANISMO: Sistema teológico iniciado por Jacobus Arminius e continuado por seus
seguidores, através do qual se enfatizava o conhecimento prévio de Deus como o ato de Deus
salvar o homem; resistência ao chamado divino etc.
BARTHIANISMO: Palavra que descreve as proposições teológicas de Karl Bart,
principalmente relacionadas com a Revelação e a pessoa de Cristo.
CALVINISMO: Termo que designa as perspectivas teológicas de João Calvino e seus
seguidores, expressas principalmente, nos chamados “cinco pontos do calvinismo” intitulados
de TULIP (ing.).
CARISMÁTICO: Expressão que se confunde com o termo “pentecostalismo”, e que denota
uma teologia baseada na atualidade e uso dos dons espirituais, batismo no Espírito Santo e
manifestações de curas e milagres.
CONSUBSTANCIAÇÃO: Ensino defendido por Lutero que dizia que tanto o corpo como o
sangue estão presentes espiritualmente através do pão e do vinho na Santa Ceia.
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CRÍTICA DA FORMA: Método crítico dos textos bíblicos que estuda as diferentes formas
literárias a fim de determinar sua autenticidade.
CRÍTICA DAS FONTES: Método exegético que se destina a investigar as variadas fontes
usadas na redação do texto original e que fundamentam os textos atuais.
CRÍTICA LITERÁRIA: Método de estudo literário de uma obra que se desdobra em várias
áreas de investigações como sua linguagem, fontes literárias etc.
CRÍTICA DA REDAÇÃO: Método de investigação bíblica que busca definir as fontes usadas
na escrita do texto e o porquê de tê-las usado.
CRÍTICA TEXTUAL: Ciência exegética que pretende definir o “texto bíblico” mais exato
possível aos originais.
DEÍSMO: Ensino de que Deus é Transcendente no sentido de ter criado todas as coisas
deixando-as num curso de existência mediante leis definidas sem nenhuma intervenção Sua.
DEMITIZAÇÃO: Método teológico de interpretação que procura entender os aspectos
sobrenaturais da Bíblia de modo não-literal.
DETERMINISMO: Ensino pertinente ao fato de que tudo quanto existe está conclusivamente
destinado a sofrer situações que lhes dizem respeito.
DOCETISMO: Heresia gnóstica que ensinava Cristo ser não um homem real, e sim um
fantasma.
DOXOLOGIA: Uma declaração de louvor a Deus.
DUALISMO: Ensino filosófico que diz haver dois princípios que regem qualquer coisa
existente, por exemplo, o bem e o mal.
EBIONISMO: Heresia relacionada a Cristo que ensinava que o mesmo não era Deus, e sim,
apenas humano.
ECLETISMO: Sistema filosófico-religioso que procura apropriar-se do melhor que há em
termos de pensamentos de outros sistemas.
ECUMENISMO: Movimento religioso que pretende a unificação de todas as religiões, igrejas
e denominações.
EISEGESE: Indica o ato de inserir uma interpretação própria nm texto.
EMPIRISMO: Filosofia que define a aquisição do conhecimento como sendo exclusivamente
por meio dos sentidos.
EPISTEMOLOGIA: É a ciência ou teoria do conhecimento que busca obter o conhecimento
exato da verdade.
ESCOLASTICISMO: Movimento de caráter intelectual que buscou tratar a teologia mediante
uma elaboração e exposição racional e sistemática.
EX-CÁTEDRA: Expressão que designa as declarações de uma autoridade nas suas
atribuições oficiais.
EXEGESE: É a ação de extrair e explicar o sentido original do texto à luz de regras e métodos
próprios de interpretação.
EXISTENCIALISMO: Filosofia baseada em estudos subjetivos e experimentais que busca
entender o fato da existência humana, rejeitando os pressupostos metafísicos.
FIDEÍSMO: Concepção de que os fatos de uma crença devem ser aceitos exclusivamente pela
fé.
FILOLOGIA: Ciência que estuda as línguas.
GNOSTICISMO: Movimento que grassou no seio do cristianismo primitivo, desde o primeiro
século, e que: (1) dava ênfase ao conhecimento de uma verdade de natureza mais elevada e
especial que somente os iluminados recebiam de Deus; (2) ensinavam que a matéria é
inerentemente má; (3) negavam a humanidade real de Jesus.
HEDONISMO: Sistema filosófico de vida que vê o prazer como bem maior e supremo.
HUMANISMO: Movimento intelectual europeu de caráter renascentista que comporta vários
interesses como o estudo das obras clássicas de literatura e da arte, no objetivo de renovar a
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cultura da época de seu surgimento. Por outro lado, tornou-se uma filosofia centralizada no
homem.
IDEALISMO: Filosofia que determina crenças e valores diversos que definirão as ações e
verdades a serem seguidas na vida.
INERRÂNCIA: Termo que define a qualidade do texto bíblico no sentido do mesmo está
isento de erros quanto aos seus manuscritos originais, no que diz respeito a questões
históricas, científicas, doutrinárias e morais.
ISAGOGE: Vocábulo que diz respeito à ciência que estuda aquelas questões introdutórias da
Bíblia quanto aos seus livros, gêneros literários, autoria e outros aspectos relacionados.
JESUS HISTÓRICO: Termo bastante usado no século XIX quanto às questões relacionadas a
Jesus como fato histórico.
KANTIANISMO: Sistema filosófico baseado nos pressupostos de Immanuel Kant, dentre os
quais se destaca o fato de que todo conhecimento origina-se a partir da experiência.
KENOSIS: Palavra que designa o “auto-esvaziamento” de Cristo quando da sua encarnação.
KÉRYGMA: Termo grego que quer dizer “proclamação”.
LAICATO: Termo grego que significa “povo” ou “leigo”, pois quem não tinha sido ordenado
ao ministério, era em parte do laicato ou um leigo.
LIBERALISMO: Movimento de caráter modernista que procura redefinir qualquer
pensamento doutrinário e prático concernente ao cristianismo.
LXX: Símbolo numérico da versão dos Setenta ou Septuaginta.
MANIQUEÍSMO: Movimento filosófico-religioso surgido nos primeiros séculos da era cristã
através de Mani (c.216-277), que enfatizava em especial a vida ascética como meio de
salvação. Era dualista em sua mensagem.
MATERIALISMO: Sistema ateísta que tem a matéria como a realidade única e final de tudo
quanto existe, negando assim, tudo que seja de natureza espiritual ou metafísico.
MILENISMO: Sistema teológico que ensina haver um período de mil anos decretado por
Deus no qual Cristo governará sobre a terra.
MISTICISMO: Inclinação devocional ou espiritual exercida através de várias formas de
relacionamento com Deus.
MONOFISISMO: Uma das muitas heresias cristológicas que ensinava haver uma única
natureza em Cristo.
NEO-ORTODOXIA: Movimento teológico associado principalmente a Karl Bart. Foi uma
forma de voltar aos pressupostos da Reforma em oposição ao Liberalismo. Como sistema,
aceitou os postulados da crítica da Bíblia e do existencialismo.
NEOPLATONISMO: Referência aos ensinos de Platão redefinidos por Plotino e outros
estudiosos, os quais viam o mundo como sendo uma realidade emanada da Divindade e que a
alma humana vinculasse a Ela mediante momentos de êxtases.
ONTOLÓGICO: Termo qualificativo que diz respeito à existência de um ser.
ORTODOXIA: Refere-se a tudo quanto seja verdadeiro ou correto.
ORTOPRAXIA: Significa a “prática correta”.
PANENTEÍSMO: Ensino de que Deus está em todas coisas, não sendo passível de
comparação com algum ser criado.
PANTEÍSMO: Crença que confunde Deus com a criação, ou seja, que Deus e o universo
formam uma unidade total.
PAROUSIA: Termo grego que quer dizer “vinda” ou “chegada”. É usada para referir-se à
Segunda Vinda de Cristo.
PATRÍSTICO: Termo qualificativo que pode designar tanto o período dos Pais da Igreja
Antiga como os seus escritos e ensinamentos.
PEDOBATISMO: Refere-se à prática batismal de crianças ou batismo infantil.
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PELAGIANISMO: Pensamento teológico desenvolvido por Pelágio, por meio do qual


afirmava a inexistência do pecado original, e que a capacidade humana é suficiente para obter
a salvação.
PERÍODO INTERBÍBLICO: Período de tempo que decorre entre Malaquias (430 a.C.) e o
Novo Testamento.
PLURALISMO: Base para várias interpretações serem permitidas e vivenciadas num
contexto qualquer, principalmente religioso.
PRAGMATISMO: Ensino filosófico que leva em conta os efeitos práticos na definição de
uma verdade.
Q ou QUELE: Refere-se a um documento que dizem alguns estudiosos ser o texto usado na
escrita dos evangelhos.
QUILIASMO: Contém o mesmo sentido do termo “milenismo”, e por outro lado, faz
referência a uma forma de pré-milenismo dos primeiros séculos da história da Igreja.
RACIONALISMO: Sistema modernista que independe de qualquer outra fonte de
conhecimento, uma vez que a “razão” é sua fonte suprema.
RELATIVISMO: Refere-se a qualquer idéia que para ser tida como verdade, depende de fatos
que lhe estão relacionados.
SACRAMENTO: Rito ou prática religiosa da qual graças espirituais são obtidas.
SECULARISMO: Sistema de vida e pensamentos sem nenhuma relação com a religião, e que
se fundamenta exclusivamente nas coisas naturais da vida.
SEMIPELAGIANISMO: Doutrina desenvolvida nos 5º e 6º séculos d.C., e que enfatizava a
possibilidade do homem dar os primeiros passos para salvar-se, e depois disto, Deus os
levaria a cumprir os passos finais na aquisição da salvação.
SINCRETISMO: Método de apropriação e unificação de variados elementos oriundos de
diversos sistemas de pensamento.
SINÓTICOS: Significa “ter uma visão conjunta ou a mesma idéia”. Indica os três primeiros
evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) em razão das similaridades referentes à vida e
ministério de Cristo.
TEÍSMO: Crença na existência pessoal de Deus e no fato de ter criado e relacionar-se com
tudo quanto criou.
TEODICÉIA: Parte do estudo teológico que se preocupa em mostrar como a providência
divina relaciona-se diante da existência do mal e do sofrimento.
TEOFANIA: Referência às diversas manifestações físico-humanas de Deus.
TIPOLOGIA: Refere-se ao estudo dos fatos tipológicos do AT em relação aos do NT.
TOMISMO: Sistema de pensamentos oriundos de Tomás de Aquino, quanto á doutrina cristã
e filosofia aristotélica.
TRADUCIONISMO: Crença de que a alma do homem é transmitida através dos pais.
TRANSUBSTANCIAÇÃO: Ensino católico de que o pão e o vinho consagrados na ceia ou
eucaristia, transformam-se literalmente no corpo de Cristo.
TRICOTOMISMO: Teoria referente ao fato do homem ser constituído por corpo, alma e
espírito.
TRITEÍSMO: Conceito de que as três pessoas da Trindade são deuses separados.
UNIÃO HIPOSTÁTICA: Ensino que enfatiza a união das duas naturezas de Cristo, sem que
haja entre elas alguma confusão substancial.
UNIVERSALISMO: Pensamento que diz que todos os homens, o diabo e os anjos maus serão
salvos.
VULGATA: Versão da Bíblia elaborada por Jerônimo para o Latim, e que se tornou o texto
bíblico-base num período de mais ou menos 1.500 anos.
ZUINGLIANISMO: Refere-se ao conjunto de pensamentos de Ulrico Zuínglio,
principalmente no que diz respeito à questão da presença espiritual de Cristo na Ceia.
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XII - PENSAMENTOS E SENTENÇAS SOBRE TEOLOGIA E TEÓLOGOS

1. “Não estou vendo hoje entre jovens evangélicos qualquer número grande de mentes
brilhantes articulando e defendendo a fé na arena da Teologia bíblica e sistemática. (...)
gostaria muito ver um Lutero, um Calvino, um Knox ou um Edwards surgir entre vocês para
fazer em prol da sua era aquilo que algumas das mentes mais brilhantes que conheço fizeram
em prol da minha”. (Dr. Harold Lindsell);

2. “É possível que a Teologia não seja a coisa mais importante nem a primeira que deve
ocupar-nos, porém ela certamente é indispensável. A Igreja não pode existir sem interrogar-se
constantemente, à luz das Escrituras, acerca da fidelidade do seu testemunho e da coerência
entre sua mensagem, sua vida e seu culto”. (José Míguez Bonino);

3. “A Teologia só cessará de ser uma ciência de real interesse quando os homens deixarem de
pensar ou quando deixarem de perguntar: Donde vim, o que sou, e para onde vou? Diz o
presidente P. I. Forsyth: “A principal necessidade da Religião hoje é de uma teologia.
Algumas mentes, desmoralizadas pela própria religião, clamam contra a Teologia, a
metafísica etc. É um “clamor em que se pressente a ruína futura da fé cristã”. (Compêndio de
Teologia Sistemática, p. 15);

4. “O teólogo é alguém que tem o dom natural e espiritual de estudar, compreender e


interpretar o contexto da revelação bíblica e sua devida aplicação nas necessidades do
contexto em que vive, o que envolve a cultura, a sociedade e a igreja”. (Luiz T. Sayão);

5. “O verdadeiro teólogo é o que mantém sua mente voltada para os problemas e questões
teológicas, e tem prazer em fazer isso. Quem estuda por obrigação ou por desejo de posição
nunca será um teólogo de fato. Tal pessoa desconhece a importância e a satisfação do
conhecimento. Espera-se que um teólogo autêntico tenha motivações mais nobres e sublimes
no coração”. (Idem).

Para medidas de conclusão, fica bastante claro a nós que o estudo e a prática da
Teologia são exercidos convenientemente através do “amor e entusiasmo para com as coisas
divinas que se deseja conhecer a fundo (1 Jo 4.7)” e da “disposição para socializar os
conhecimentos adquiridos, num gesto de despretensioso serviço à sua Comunidade cristã e a
todos que estão em busca de um sentido mais profundo de sua existência”. Assim, o saber
teológico será sempre um “saber – para”. Não basta “o que”; é preciso ainda saber o “para –
que” e “como”. Tomás de Aquino já o afirmara com esta frase: “Só sabe bem uma ciência
aquele que sabe igualmente como usá-la” (MATOS, 2005).

Nota: Apostila elaborada e digitada por Israel de Jesus Silva

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