terceiro crédito sobre Controle Químico de Fitopatógenos da disciplina de Fitopatologia I ministrada pelo Prof. Dr. Jadergudson Pereira.
ILHÉUS – BA 2022 1. INTRODUÇÃO
O controle químico de doenças de plantas, em geral, é a medida de controle
mais viável em termos econômicos e eficiente para garantir uma produção de qualidade e com produtividades elevadas. Culturas de grande interesse na agricultura pela boa atuação agronômica geralmente possuem certa susceptibilidade a fitopatógenos e o comércio de algumas culturas seria improvável sem a utilização de fungicidas em lugares e períodos vulneráveis à ocorrência de doenças. Sendo assim, os produtos químicos têm função muito importante na agricultura, garantindo a colheita e elevadas produções, e isso se evidencia há bastante tempo, em diferentes tipos de cultivo.
Em contrapartida, o uso exacerbado dos produtos químicos é fato que
preocupa uma parte da população, pelo efeito negativo que pode causar em termos ambientais, gerando opiniões contrárias à sua utilização na agricultura. Porém, a realidade mostra que se for dispensado seu uso, pode gerar sérios prejuízos à agricultura, principalmente em grande escala, mas é possível caminhar no sentido de transformar as aplicações desses produtos mais seguras, econômicas e eficientes.
Os produtos químicos usados no controle de doenças incluem: inseticidas e
acaricidas, para o controle insetos e ácaros vetores de patógenos; fungicidas, bactericidas e nematicidas, para controlar fungos, bactérias e nematoides; e herbicidas, para controlar plantas hospedeiras alternativas de patógenos que afetam culturas específicas. Dentre eles, os mais importantes para o controle de doenças de plantas são os fungicidas. Os fungicidas são classificados de acordo com suas características toxicológicas, distribuídos nas seguintes classes: Classe I – extremamente tóxico, Classe II – altamente tóxico, Classe III – medianamente tóxico, Classe IV – pouco tóxico.
2. EXEMPLOS DE USO DE FUNGICIDAS
2.1 FUNGICIDAS NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA (Phakopsora
pachyrhizi) E PRODUTIVIDADE DA SOJA (Glycine max) A ferrugem asiática da soja, causada por Phakopsora pachyrhizi Sydow, tem grande potencial de prejuízos à cultura pois pode causar rápido amarelecimento e queda prematura de folhas, prejudicando a plena formação dos grãos. Desde o ano de 2001, epidemias da doença foram constatadas em algumas regiões do Brasil. Na safra 2001/2002, as lavouras mais atingidas apresentaram queda na produtividade de até 70% na região Sul (REUNIÃO DE PESQUISA DA SOJA DA REGIÃO SUL, 2002) e na safra de 2002/2003, a ferrugem atingiu as principais áreas produtoras de soja no país e, segundo YORINORI et al. (2003), o custo devido a perdas e aplicações de fungicida, foi de pelo menos US$ 1,126 bilhão.
Quando a doença já está acontecendo, o controle químico com fungicidas é,
geralmente, o principal método de controle escolhido. O estudo teve como objetivo avaliar o efeito de fungicidas no desenvolvimento da ferrugem asiática, causada pelo fungo P. pachyrhizi, e na produtividade da soja. Os tratamentos utilizados foram: trifloxistrobina + propiconazole (125g i.a.) – 0,5L ha-1 do produto comercial (p.c.); tebuconazole (100g i.a.) – 0,5L ha-1 p.c.; difenoconazole + propiconazole (75g i.a.) – 0,15L ha-1 p.c.; fluquinconazole (62,5g i.a.) + óleo mineral – 0,25kg ha-1 p.c. + 0,25L ha-1; pyraclostrobin + epoxiconazole (79,8g i.a. + 30g i.a.) – 0,5L ha-1 p.c.; azoxystrobin (50g i.a.) + óleo mineral – 0,2L ha-1 p.c. + 0,5% v/v; difenoconazole (50g i.a.) – 0,2L ha-1 p.c.; carbendazin (250g i.a.) – 0,5L ha-1 p.c.; myclobutanil (69,25g i.a.) – 0,25L ha-1 p.c. e testemunha (água). As primeiras pústulas de ferrugem foram observadas, na testemunha, quatro dias após a pulverização. Embora o tratamento com o carbedazin tenha mostrado que tem pouco efeito sobre o patógeno, ele gerou aumento de 14,5% na produtividade em relação a testemunha. Conclui-se que o uso dos fungicidas proporcionou aumento na produtividade de grãos de soja (Soares et al).
2.2 CONTROLE QUÍMICO DE DOENÇAS FOLIARES EM MILHO (Zea mays)
A queima da folha do milho causada por Exserohilum turcicum
(Helminthosporium turcicum, Setosphaeria turcica) é um dos problemas fitossanitários que danifica a cultura do milho. Segundo Pinto (1980), o cultivo de milho pipoca é altamente suscetível a esse patógeno. Quando os sintomas da doença se mostram antes do pendoamento, os prejuízos podem ser altos (Issa, 1983). Nowell & Laing (1998) relatam que, em cultivares de milho doce, a queima foliar de E. turcicum pode ser controlada por diversos fungicidas, principalmente os sistêmicos dos grupos dos triazóis (tebuconazole e propiconazole), em junção com benzimidazóis (carbendazim) e, quando usados de forma separada, os benzimidazóis e triazóis também foram efetivos. Esses autores também observaram que os fungicidas de ação por contato, como mancozeb e chlorotalonil, demostraram controle significativo, quando foram comparados com a testemunha não pulverizada (PINTO, 2004).
Observou-se no trabalho que, para o controle da mancha de Phaeosphaeria
maydis (mancha-branca-do-milho), foram eficientes os fungicidas mancozeb e azoxystrobin; para a queima de Exserohilum turcicum (mancha foliar), foram eficientes o tebuconazole, o imibenconazole, o sulfato de estreptomicina + oxitetraciclina, o triforine e o prochloraz; para a ferrugem de Puccinia polysora (ferrugem polisora), o fungicida azoxystrobin foi altamente eficiente, seguido por tebuconazole, tebuconazole + mancozeb e imibenconazole (PINTO, 2004).
2.3 CONTROLE QUÍMICO DO CANCRO CÍTRICO (Xanthomonas citri pv. citri) EM
PLANTAS JOVENS SOB MANEJO CONVENCIONAL E ORGÂNICO
O cultivo de citros é também uma área de destaque. No entanto, o cancro
cítrico, moléstia causada pela bactéria Xanthomonas citri pv. citri, é considerado uma ameaça potencialmente grave para diversas regiões produtoras de citros do Brasil (LEITE JÚNIOR et al., 1988), pois é uma doença de impacto, que ataca a maioria das cultivares comerciais. Seno assim, a legislação vigente prevê a proibição do comércio de frutas e mudas contaminadas, assim como a erradicação de viveiros e pomares atingidos.
Objetivou-se no trabalho avaliar o desenvolvimento de enxertos de laranjeira
cv. Valência (Citrus sinensis Osb.) e de porta-enxertos de Poncirus trifoliata Raf. (limão-amargo), o índice de impacto do cancro cítrico, causado pela bactéria Xanthomonas citri pv. Citri, inoculada de forma artificial, e o controle foi feito com pulverizações cúpricas. Foram testadas pulverizações com concentrações de 0,15 e 0,30% de cobre metálico, usando a calda bordalesa no sistema orgânico e oxicloreto de cobre no sistema convencional. Foi verificado que, o desenvolvimento dos porta- enxertos foi semelhante, mas os enxertos cresceram mais no sistema convencional. Nos enxertos, por ter pequena presença de inóculo, tanto na calda bordalesa como o oxicloreto de cobre controlaram a doença, com melhor resposta na concentração de 0,3% de cobre metálico. Os sistemas convencional e orgânico propicaram crescimento semelhante aos porta-enxertos, no entanto o ataque maior da larva- minadora reduz o crescimento de enxertos no sistema de cultivo orgânico (KOLLER, 2006).
2.4 AÇÃO DE ACIBENZOLAR-S-METHYL ISOLADO E EM MISTURA COM
FUNGICIDAS NO CONTROLE DA REQUEIMA DA BATATA (Solanum tuberosum)
Grande potencial de destruição, disseminação rápida e grandes perdas em
termos econômicos, caracterizam a requeima causada por Phytophthora infestans como uma das mais impactantes e destrutivas doenças da cultura da batata a nível mundial (ROWE, 1993; ZAMBOLIM et al., 2001). Cultivares suscetíveis ou com reduzidos níveis de resistência associados a temperaturas amenas e elevada umidade, são aspectos propícios à doença, que pode gerar perda total da cultura em poucos dias (FRY, 1994). Hoje em dia o uso de fungicidas é o método necessário dentro de programas de manejo e sistemas de previsão da requeima, que busquem grandes índices de produtividade e qualidade de tubérculos.
Objetivou-se no trabalho avaliar o desempenho de acibenzolar-S-methyl (BTH)
isolado e em mistura com os fungicidas mancozeb, chlorothalonil e metaxyl- M+chlorothalonil no controle da requeima da batata, no qual foram realizados dois experimentos em cultivos comerciais (cv. Baraka e cv. Asterix). Durante os experimentos foram realizadas um total de 10 pulverizações, e avaliou-se a severidade nas folhas (0 a 100%), nas hastes e a produtividade comercial de tubérculos. O BTH apresentou efeitos significativos de controle quando utilizado isolado e em mistura com fungicidas de contato e sistêmico. Os maiores aumentos relativos de produtividade foram verificados para as misturas de BTH com mancozeb e chlorothalonil (Töfoli et al., 2005).
2.5 CONTROLE QUÍMICO DA BRUSONE (Pyricularia oryzae) EM ARROZ DE
TERRAS ALTAS: EFEITOS NOS FUNGOS NÃO ALVOS DO FILOPLANO A brusone, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae (Barr) Couch [anamorfo Pyricularia oryzae (Cav.)], pode produzir perdas de até 100%, na produtividade do arroz (Prabhu et al. 2009), sendo a principal doença de arroz no planeta. A combinação de antagonistas e fungicidas pode ser um dos meios de se otimizar o seu uso, aumentando a sua eficiência e permitindo a inserção do controle biológico em um sistema de manejo integrado de doenças (Duffy 2000, Sanjay et al. 2008).
Dentro do presente estudo buscou avaliar a severidade da brusone nas
panículas, o teor de clorofila nas folhas, o número de unidades formadoras de colônia cm- ² de folha e a antibiose. A cv Primavera mostrou maior severidade de brusone nas panículas em relação a cv Bonança. Os fungicidas azoxistrobina e trifloxistrobina + propiconazol teve diferenças significativas em relação a testemunha, com menores severidades de brusone nas panículas. Os fungicidas azoxistrobina e trifloxistrobina + propiconazol diminuíram a severidade de brusone nas panículas. A maioria dos fungicidas (trifloxistrobina + propiconazol, azoxistrobina e tebuconazol) afetou os fungos não alvos do filoplano do arroz, exceto o triciclazol, indicando um certo grau de seletividade dele. Epicoccum sp. apresentou ação antagonista para M. oryzae (Gonçalves et al., 2012).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O controle químico de fitopatógenos é bastante ativo, puma vez que sempre
são feitas descobertas em torno de novos produtos são dispostos no mercado, sendo a atualização frequente bastante necessária para os novos métodos e produtos. Exite um site disponibilizado pelo Ministério da Agricultura, o AGROFIT, com uma base de dados dos produtos químicos fitossanitários onde pode ser consultado a qualquer momento para melhor atualização sobre os produtos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILHO, B. A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. Manual da Fitopatologia: Volume 1:
Princípios e Conceitos. Terceira Edição. Editora Agronômica Ceres Ltda, São Paulo – SP, 1995.
MICHEREFF, S. J. Fundamentos de Fitopatologia. Lab. Epidemiologia de Doenças
de Plantas. UFRPE, Recife – PE, 2001.
SOARES, R. M. et al. Fungicidas no controle da ferrugem asiática (Phakopsora
pachyrhizi) e produtividade da soja. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.4, p.1245- 1247, jul-ago, 2004.
PINTO, N. F. J. A. CONTROLE QUÍMICO DE DOENÇAS FOLIARES EM MILHO.
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KOLLER, O. C. et al. Controle químico do cancro cítrico em plantas jovens sob
manejo convencional e orgânico. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.4, p.1043- 1048, jul-ago, 2006.
TÖFOLI, J.G.; DOMINGUES, R.J.; FERRERIRA, M.R.; GARCIA JÚNIOR, O. Ação de
acibenzolar-s-methyl isolado e em mistura com fungicidas no controle da requeima da batata. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.3, p.749-753, jul-set 2005.
GONÇALVES, F. J. CONTROLE QUÍMICO DA BRUSONE EM ARROZ DE TERRAS
ALTAS: EFEITOS NOS FUNGOS NÃO ALVOS DO FILOPLANO. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 42, n. 1, p. 77-81, jan./mar. 2012.
Biomarcadores de resistência a verminose em ovinos: caracterização dos possíveis biomarcadores em ovinos resistentes à verminose e microrganismos entéricos associados