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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

CHARLES DOS SANTOS MUNIZ


(201820328)

CONTROLE QUÍMICO DE FITOPATÓGENOS

Trabalho apresentado referente ao


terceiro crédito sobre Controle
Químico de Fitopatógenos da
disciplina de Fitopatologia I
ministrada pelo Prof. Dr.
Jadergudson Pereira.

ILHÉUS – BA
2022
1. INTRODUÇÃO

O controle químico de doenças de plantas, em geral, é a medida de controle


mais viável em termos econômicos e eficiente para garantir uma produção de
qualidade e com produtividades elevadas. Culturas de grande interesse na agricultura
pela boa atuação agronômica geralmente possuem certa susceptibilidade a
fitopatógenos e o comércio de algumas culturas seria improvável sem a utilização de
fungicidas em lugares e períodos vulneráveis à ocorrência de doenças. Sendo assim,
os produtos químicos têm função muito importante na agricultura, garantindo a
colheita e elevadas produções, e isso se evidencia há bastante tempo, em diferentes
tipos de cultivo.

Em contrapartida, o uso exacerbado dos produtos químicos é fato que


preocupa uma parte da população, pelo efeito negativo que pode causar em termos
ambientais, gerando opiniões contrárias à sua utilização na agricultura. Porém, a
realidade mostra que se for dispensado seu uso, pode gerar sérios prejuízos à
agricultura, principalmente em grande escala, mas é possível caminhar no sentido de
transformar as aplicações desses produtos mais seguras, econômicas e eficientes.

Os produtos químicos usados no controle de doenças incluem: inseticidas e


acaricidas, para o controle insetos e ácaros vetores de patógenos; fungicidas,
bactericidas e nematicidas, para controlar fungos, bactérias e nematoides; e
herbicidas, para controlar plantas hospedeiras alternativas de patógenos que afetam
culturas específicas. Dentre eles, os mais importantes para o controle de doenças de
plantas são os fungicidas. Os fungicidas são classificados de acordo com suas
características toxicológicas, distribuídos nas seguintes classes: Classe I –
extremamente tóxico, Classe II – altamente tóxico, Classe III – medianamente tóxico,
Classe IV – pouco tóxico.

2. EXEMPLOS DE USO DE FUNGICIDAS

2.1 FUNGICIDAS NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA (Phakopsora


pachyrhizi) E PRODUTIVIDADE DA SOJA (Glycine max)
A ferrugem asiática da soja, causada por Phakopsora pachyrhizi Sydow, tem
grande potencial de prejuízos à cultura pois pode causar rápido amarelecimento e
queda prematura de folhas, prejudicando a plena formação dos grãos. Desde o ano
de 2001, epidemias da doença foram constatadas em algumas regiões do Brasil. Na
safra 2001/2002, as lavouras mais atingidas apresentaram queda na produtividade de
até 70% na região Sul (REUNIÃO DE PESQUISA DA SOJA DA REGIÃO SUL, 2002)
e na safra de 2002/2003, a ferrugem atingiu as principais áreas produtoras de soja no
país e, segundo YORINORI et al. (2003), o custo devido a perdas e aplicações de
fungicida, foi de pelo menos US$ 1,126 bilhão.

Quando a doença já está acontecendo, o controle químico com fungicidas é,


geralmente, o principal método de controle escolhido. O estudo teve como objetivo
avaliar o efeito de fungicidas no desenvolvimento da ferrugem asiática, causada pelo
fungo P. pachyrhizi, e na produtividade da soja. Os tratamentos utilizados foram:
trifloxistrobina + propiconazole (125g i.a.) – 0,5L ha-1 do produto comercial (p.c.);
tebuconazole (100g i.a.) – 0,5L ha-1 p.c.; difenoconazole + propiconazole (75g i.a.)
– 0,15L ha-1 p.c.; fluquinconazole (62,5g i.a.) + óleo mineral – 0,25kg ha-1 p.c. +
0,25L ha-1; pyraclostrobin + epoxiconazole (79,8g i.a. + 30g i.a.) – 0,5L ha-1 p.c.;
azoxystrobin (50g i.a.) + óleo mineral – 0,2L ha-1 p.c. + 0,5% v/v; difenoconazole
(50g i.a.) – 0,2L ha-1 p.c.; carbendazin (250g i.a.) – 0,5L ha-1 p.c.; myclobutanil
(69,25g i.a.) – 0,25L ha-1 p.c. e testemunha (água). As primeiras pústulas de ferrugem
foram observadas, na testemunha, quatro dias após a pulverização. Embora o
tratamento com o carbedazin tenha mostrado que tem pouco efeito sobre o patógeno,
ele gerou aumento de 14,5% na produtividade em relação a testemunha. Conclui-se
que o uso dos fungicidas proporcionou aumento na produtividade de grãos de soja
(Soares et al).

2.2 CONTROLE QUÍMICO DE DOENÇAS FOLIARES EM MILHO (Zea mays)

A queima da folha do milho causada por Exserohilum turcicum


(Helminthosporium turcicum, Setosphaeria turcica) é um dos problemas fitossanitários
que danifica a cultura do milho. Segundo Pinto (1980), o cultivo de milho pipoca é
altamente suscetível a esse patógeno. Quando os sintomas da doença se mostram
antes do pendoamento, os prejuízos podem ser altos (Issa, 1983). Nowell & Laing
(1998) relatam que, em cultivares de milho doce, a queima foliar de E. turcicum pode
ser controlada por diversos fungicidas, principalmente os sistêmicos dos grupos dos
triazóis (tebuconazole e propiconazole), em junção com benzimidazóis (carbendazim)
e, quando usados de forma separada, os benzimidazóis e triazóis também foram
efetivos. Esses autores também observaram que os fungicidas de ação por contato,
como mancozeb e chlorotalonil, demostraram controle significativo, quando foram
comparados com a testemunha não pulverizada (PINTO, 2004).

Observou-se no trabalho que, para o controle da mancha de Phaeosphaeria


maydis (mancha-branca-do-milho), foram eficientes os fungicidas mancozeb e
azoxystrobin; para a queima de Exserohilum turcicum (mancha foliar), foram
eficientes o tebuconazole, o imibenconazole, o sulfato de estreptomicina +
oxitetraciclina, o triforine e o prochloraz; para a ferrugem de Puccinia polysora
(ferrugem polisora), o fungicida azoxystrobin foi altamente eficiente, seguido por
tebuconazole, tebuconazole + mancozeb e imibenconazole (PINTO, 2004).

2.3 CONTROLE QUÍMICO DO CANCRO CÍTRICO (Xanthomonas citri pv. citri) EM


PLANTAS JOVENS SOB MANEJO CONVENCIONAL E ORGÂNICO

O cultivo de citros é também uma área de destaque. No entanto, o cancro


cítrico, moléstia causada pela bactéria Xanthomonas citri pv. citri, é considerado uma
ameaça potencialmente grave para diversas regiões produtoras de citros do Brasil
(LEITE JÚNIOR et al., 1988), pois é uma doença de impacto, que ataca a maioria das
cultivares comerciais. Seno assim, a legislação vigente prevê a proibição do comércio
de frutas e mudas contaminadas, assim como a erradicação de viveiros e pomares
atingidos.

Objetivou-se no trabalho avaliar o desenvolvimento de enxertos de laranjeira


cv. Valência (Citrus sinensis Osb.) e de porta-enxertos de Poncirus trifoliata Raf.
(limão-amargo), o índice de impacto do cancro cítrico, causado pela bactéria
Xanthomonas citri pv. Citri, inoculada de forma artificial, e o controle foi feito com
pulverizações cúpricas. Foram testadas pulverizações com concentrações de 0,15 e
0,30% de cobre metálico, usando a calda bordalesa no sistema orgânico e oxicloreto
de cobre no sistema convencional. Foi verificado que, o desenvolvimento dos porta-
enxertos foi semelhante, mas os enxertos cresceram mais no sistema convencional.
Nos enxertos, por ter pequena presença de inóculo, tanto na calda bordalesa como o
oxicloreto de cobre controlaram a doença, com melhor resposta na concentração de
0,3% de cobre metálico. Os sistemas convencional e orgânico propicaram
crescimento semelhante aos porta-enxertos, no entanto o ataque maior da larva-
minadora reduz o crescimento de enxertos no sistema de cultivo orgânico (KOLLER,
2006).

2.4 AÇÃO DE ACIBENZOLAR-S-METHYL ISOLADO E EM MISTURA COM


FUNGICIDAS NO CONTROLE DA REQUEIMA DA BATATA (Solanum tuberosum)

Grande potencial de destruição, disseminação rápida e grandes perdas em


termos econômicos, caracterizam a requeima causada por Phytophthora infestans
como uma das mais impactantes e destrutivas doenças da cultura da batata a nível
mundial (ROWE, 1993; ZAMBOLIM et al., 2001). Cultivares suscetíveis ou com
reduzidos níveis de resistência associados a temperaturas amenas e elevada
umidade, são aspectos propícios à doença, que pode gerar perda total da cultura em
poucos dias (FRY, 1994). Hoje em dia o uso de fungicidas é o método necessário
dentro de programas de manejo e sistemas de previsão da requeima, que busquem
grandes índices de produtividade e qualidade de tubérculos.

Objetivou-se no trabalho avaliar o desempenho de acibenzolar-S-methyl (BTH)


isolado e em mistura com os fungicidas mancozeb, chlorothalonil e metaxyl-
M+chlorothalonil no controle da requeima da batata, no qual foram realizados dois
experimentos em cultivos comerciais (cv. Baraka e cv. Asterix). Durante os
experimentos foram realizadas um total de 10 pulverizações, e avaliou-se a
severidade nas folhas (0 a 100%), nas hastes e a produtividade comercial de
tubérculos. O BTH apresentou efeitos significativos de controle quando utilizado
isolado e em mistura com fungicidas de contato e sistêmico. Os maiores aumentos
relativos de produtividade foram verificados para as misturas de BTH com mancozeb
e chlorothalonil (Töfoli et al., 2005).

2.5 CONTROLE QUÍMICO DA BRUSONE (Pyricularia oryzae) EM ARROZ DE


TERRAS ALTAS: EFEITOS NOS FUNGOS NÃO ALVOS DO FILOPLANO
A brusone, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae (Barr) Couch [anamorfo
Pyricularia oryzae (Cav.)], pode produzir perdas de até 100%, na produtividade do
arroz (Prabhu et al. 2009), sendo a principal doença de arroz no planeta. A
combinação de antagonistas e fungicidas pode ser um dos meios de se otimizar o seu
uso, aumentando a sua eficiência e permitindo a inserção do controle biológico em um
sistema de manejo integrado de doenças (Duffy 2000, Sanjay et al. 2008).

Dentro do presente estudo buscou avaliar a severidade da brusone nas


panículas, o teor de clorofila nas folhas, o número de unidades formadoras de colônia
cm- ² de folha e a antibiose. A cv Primavera mostrou maior severidade de brusone
nas panículas em relação a cv Bonança. Os fungicidas azoxistrobina e
trifloxistrobina + propiconazol teve diferenças significativas em relação a
testemunha, com menores severidades de brusone nas panículas. Os fungicidas
azoxistrobina e trifloxistrobina + propiconazol diminuíram a severidade de brusone nas
panículas. A maioria dos fungicidas (trifloxistrobina + propiconazol, azoxistrobina e
tebuconazol) afetou os fungos não alvos do filoplano do arroz, exceto o triciclazol,
indicando um certo grau de seletividade dele. Epicoccum sp. apresentou ação
antagonista para M. oryzae (Gonçalves et al., 2012).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O controle químico de fitopatógenos é bastante ativo, puma vez que sempre


são feitas descobertas em torno de novos produtos são dispostos no mercado, sendo
a atualização frequente bastante necessária para os novos métodos e produtos. Exite
um site disponibilizado pelo Ministério da Agricultura, o AGROFIT, com uma base de
dados dos produtos químicos fitossanitários onde pode ser consultado a qualquer
momento para melhor atualização sobre os produtos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FILHO, B. A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. Manual da Fitopatologia: Volume 1:


Princípios e Conceitos. Terceira Edição. Editora Agronômica Ceres Ltda, São Paulo
– SP, 1995.

MICHEREFF, S. J. Fundamentos de Fitopatologia. Lab. Epidemiologia de Doenças


de Plantas. UFRPE, Recife – PE, 2001.

SOARES, R. M. et al. Fungicidas no controle da ferrugem asiática (Phakopsora


pachyrhizi) e produtividade da soja. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.4, p.1245-
1247, jul-ago, 2004.

PINTO, N. F. J. A. CONTROLE QUÍMICO DE DOENÇAS FOLIARES EM MILHO.


Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.3, n.1, p.134-138, 2004.

KOLLER, O. C. et al. Controle químico do cancro cítrico em plantas jovens sob


manejo convencional e orgânico. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.4, p.1043-
1048, jul-ago, 2006.

TÖFOLI, J.G.; DOMINGUES, R.J.; FERRERIRA, M.R.; GARCIA JÚNIOR, O. Ação de


acibenzolar-s-methyl isolado e em mistura com fungicidas no controle da
requeima da batata. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.3, p.749-753, jul-set
2005.

GONÇALVES, F. J. CONTROLE QUÍMICO DA BRUSONE EM ARROZ DE TERRAS


ALTAS: EFEITOS NOS FUNGOS NÃO ALVOS DO FILOPLANO. Pesq. Agropec.
Trop., Goiânia, v. 42, n. 1, p. 77-81, jan./mar. 2012.

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