Fluxapiroxade associado à piraclostrobina um novo aliado para o manejo de doenças

fúngicas em cultivos de hortaliças, frutíferas e ornamentais

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

FLUXAPIROXADE ASSOCIADO Á PIRACLOSTROBINA, UM NOVO ALIADO PARA O

MANEJO DE DOENÇAS FÚNGICAS EM CULTIVOS DE HORTALIÇAS, FRUTÍFERAS
E ORNAMENTAIS.

J.G.Töfoli1, R.J. Domingues1, W.Jacobelis2, M.P.L.Tortolo2

1
Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, Av.
Cons. Rodrigues Alves, 1252, CEP 04014-002, São Paulo, SP , Brasil.
E-mail:tofoli@biologico.sp.gov.br

RESUMO

O novo fungicida fluxapiroxade associado à piraclostrobrina é uma nova

alternativa para o controle de doenças altamente destrutivas em cultivos de
hortaliças, frutas e ornamentais. Ambos os ingredientes ativos atuam em sítios
específicos do sistema respiratório, causando o bloqueio completo da produção
de energia na célula fúngica. O produto apresenta alta absorção e mobilidade na
planta , o que permite uma alta proteção dos tecidos. Além de atuarem sobre
o patógeno, fluxapiroxade e piraclostrobina apresentam benefícios positivos
à fisiologia das plantas e contribuem de forma direta para maiores níveis de
produtividade e qualidade. Resultados de um experimento de campo
comprovam a eficiência do novo produto sobre a pinta-preta da batata.

PALAVRAS-CHAVE: carboxamida, estrobilurina, fungicida, controle.

ABSTRACT

FLUXAPYROXAD ASSOCIATED TO PYRACLOSTROBIN A NEW ALLIED FOR

FUNGAL DISEASE MANAGEMENT IN VEGETABLE, FRUITS AND ORNAMENTALS
CROPS. The new fungicide fluxapyroxad associated with pyraclostrobrin is a
new alternative for controlling highly destructive diseases in vegetables, fruits
and ornamentals. Both active ingredients act at specific sites of the respiratory
system causing complete blockage of energy production in the fungal cell. The
product shows high absorption and mobility in the plant which allows a high
protection of the tissues. In addition to pathogen control, fluxapyroxad and
pyraclostrobin, are positive benefits to the physiology of plants and contribute
directly to higher levels of productivity and quality. Results of a field experiment
prove the efficiency of the new product on the potato early blight.

KEYWORDS: carboxamide, strobilurin, fungicide, control.

A ocorrência de doenças fúngicas é afetar a evolução socioeconômica

considerada um dos principais fatores
limitantes na produção de hortaliças,
frutas e ornamentais. Além de reduzirem
de forma significativa a produtividade
e a qualidade,essas doenças podem
comprometer a sustentabilidade da
produção,a competitividade e
de importantes cadeias produtivas.
Nessas culturas, o emprego de cultivares
suscetíveis associado a condições climáticas
favoráveis e sistemas de produção
intensiva, pode favorecer inúmeras doenças
e tornar o uso de fungicidas decisivo
para alcançar níveis de produtividade

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BASF Agro, Av. das Nações Unidas, 14.171
CEP 04794000, São Paulo – SP, Brasil

Biológico, São Paulo, v.78, n.1, p .1-11, jan./jun., 2016

 J.G.Töfoli et al
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exigidos pelo mercado.
Neste contexto, o desenvolvimento
de novos produtos é essencial para que
se disponibilizem, ao produtor, fungici-
das cada vez mais efetivos e seguros
para o desafio de controlar doenças em
sistemas de produção integrada(Quadro 1).
Novo Produto
O fungicida fluxapiroxade, pertencente
a classe das carboxamida associado a
já conhecida estrobilurina piraclostrob-
rina é uma nova alternativa para o con-
trole de doenças altamente destrutivas
em diversas culturas (Quadros 2 e 3).

Quadro 1. Características desejáveis a um novo fungicida

Mecanismo distinto de ação

Alto potencial proteto
Rápida absorção e distribuição nos tecidos
Eficiência em doses baixas
Maior residual de controle
Resistência a ação de chuvas
Baixo risco de selecionar raças resistentes
Baixo impacto ambiental

Quadro 2. Perfil técnico

Classe Fungicidas
fluxapiroxade (16,7%) + piraclostro-
Ingredientes ativos (%)
bina (33,3 %)
Grupo químico carboxamida + estrobilurina
bloqueio da respiração nos Complexos
Mecanismo de ação
II e III
Mobilidade na planta sistêmico + mesostêmico
Formulação Suspensão concentrada
Classe toxicológica
III (medianamente tóxico)

Fórmula

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fúngicas em cultivos de hortaliças, frutíferas e ornamentais
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Mecanismo de ação
A mistura atua sobre dois sítios especí-
ficos do sistema respiratório dos fungos,
causando o bloqueio da produção de en-
ergia na célula fúngica. O fluxapiroxade
atua no Complexo II, por meio da inibição
da enzima succinato desidrogenase, en-
quanto que piraclostrobina age no Com-
plexo III, como inibidor do transporte de
elétrons nas mitocôndrias, impedindo a
direta sobre a germinação de conídios,
elongação do tubo germinativo, formação
de apressórios, crescimento micelial e na
esporulação. Dessa forma, o produto age
diretamente no processo infeccioso e na
reprodução dos fungosos fitopatogênicos.
Destaca-se, ainda, que o produto possui
alta mobilidade na planta, o que possibilita
a sua rápida absorção e movimentação, per-

Fig. 1. Bloqueio da respiração no Complexo II e III da respiração

formação de ATP (Fi.1). A ação simultanea
em dois passos metabolocos no mesmo
processo fisiológico torna o produto mais
seguro contra a ocorrência de resistên-
cia e altamente recomendado para o uso
rotacionado em programas de aplicação.
mitindo uma alta proteção quando aplicado
de forma preventiva(Efeito blindagem).
Tal característica permite que o produ-
to tenha um maior período de con-
trole (ação residual) e seja menos
vulnerável à ação de chuvas(fig.2).

Modo de ação Efeitos fisiológicos

O colapso na produção de energia pro- Estudos têm provado e piraclostro-

movido pelo produto reflete de forma bina, além de atuarem sobre o patóge-

Fig 2. Efeito blindagem

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 Quadro 3. Culturas e doenças em que fluxapiroxade+piraclostrobina apresenta registro no Brasil
Condições favoráveis
Culturas Doença Sintomas Órgãos afetados umidade (%) e
temperatura (0C)
folhas, hastes e
tubérculos

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Batata manchas necróticas, anéis
Pinta-preta 50 a 100 %
concêntricos, halo clorótico e
Alternaria spp. 23 a 300C
Tomate desfolha
folhas, caules e
frutos
manchas amareladas,
50 a 85 %
Oídio crescimento branco
Pimentão 20 a 300C
Oidiopsis taurica acinzentado na face inferior folhas
das lesões e desfolha
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manchas necróticas, anéis

Mancha púrpura 50 a 100 %
Cebola concêntricos, coloração folhas
Alternaria porri 23 a 300C
púrpura e desfolha
Queima das folhas manchas necróticas, anéis 50 a 100 %
Cenoura folhas e pecíolos
Alternaria dauci concêntricos e desfolha 23 a 300C
Crescimento supercial branco
Oidio 30 a 50%
Pepino acinzentado,amarelecimento folhas e frutos
Sphaerotheca pannosa 20 a 270C
e seca
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 5

Quadro 3. Continuação
Culturas Doença Sintomas Órgãos afetados
Fluxapiroxade associado à piraclostrobina um novo aliado para o manejo de doenças

Condições favoráveis umidade

(%) e
temperatura (0C)
manchas castanhas
Podridão floral Coletotrichum 50 a 100%
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deprimidas, podridão e flores e frutos jovens

acutatum 23 a 27 0C
estrelinhas

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Citros Mancha negra manchas circulares ou não, 50 a 100%
frutos
Guinardia citricarpa escuras e deprimidas 21 a 27 º C
Podridão firme, deprimida,
Podridão amarga 80 a 100%
circular e círculos frutos
Colletotrichum gloeosporioides 15 a 25 ºC
concêntricos
Maça
Sarna manchas necróticas e 80 a 100
folhas, flores e frutos
Venturia inequalis rachaduras 16 a 24 0C
necroses circulares
Antracnose 90 a 100%
e deprimidas de folhas, flores e frutos
Colletotrichum gloeosporioides 10 a 30 0C
coloração negra
Manga
Oídio crescimento branco 30 a 50%
folhas e flores
Oidium mangiferae acinzentado 20 a 250C
Oídio crescimento branco 30 a 50%
Melão folhas, hastes e frutos
Sphaerotheca fuligenea acinzentado 20 a 27 0C
Ferrugem branca pústulas branco- folhas, ramos e 60-80 %
Crisântemo
Puccinia horiana amareladas botões florais 16-23 0C
folhas, brotos, gemas,
Oidio crescimento branco 40 a 60%
ramos e botões
Rosa Sphaerotheca pannosa acinzentado 15 a 24 0C
florais
Pinta preta Manchas negras, circulares 50 a 100%
folhas
Diplocarpon rosae franjadas e desfolha 22 a 30 0C
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no, apresentam benefícios positivos à fis-
iologia das plantas e contribuem de forma
direta para maiores níveis de produtividade
e qualidade (Quadro 4).
mais agressiva e destrutiva em algumas
regiões produtoras, o que tem dificultado
o seu manejo. Entre os fatores que po-
dem justificar a sua crescente severidade

Quadro 4. Efeitos fisiológicos ativados pelo uso de carboxamidas e estrobilurinas

Efeitos fisiológicos Benefícios

maior taxa fotossintética líquida, maior

Aumento no teor de clorofila "Efeito verde" crescimento e produção de carboidratos
pela planta

Aumento da atividade da enzima nitrato-

redutase dinamiza o aproveitamento do nitrogênio pela
planta resultando em maior crescimento e vigor

Aumento na produção de antioxidantes Redução da taxa de respiração

Redução da produção de etileno Atrasa a senescência dos tecidos

No campo

O produto deve ser utilizado sempre aliado
a medidas de controle como: uso de semen-
tes e mudas sadias, emprego de cultivares
com algum nível de resistência, adubação
equilibrada, rotação de culturas, irrigação
adequada, controle de plantas daninhas e
hospedeiros alternativos e eliminação de
restos culturais, dentre outras.
A aplicação deve seguir todas as re-
comendações do fabricante quanto à dose,
estágio fenológico da cultura, preparo de
caldas, volume, tecnologia de aplicação,
número máximo de pulverizações ,inter-
valo de segurança, uso de equipamento de
proteção individual (EPI), armazenamento,
descarte de embalagens etc. (Quadro 5).
Ações de fluxapiroxade associado a
piraclostrobina no controle da pinta-
preta da batata.
A pinta-preta da batata
A pinta-preta, causada por fungos do
gênero Alternaria, é considerada uma das
doenças mais importantes da cultura da
batata. No Brasil, a doença tem se tornardo
destacam-se: plantios massivos de cul-
tivares suscetíveis; condições climáticas
favoráveis; alta capacidade de esporu-
lação e disseminação do agente causal;
presença de hospedeiros intermediários
e a existência de abundante inóculo do
agente causal no decorrer de todo o ano.
Sintomas e danos
Nas folhas, a doença se expressa
através de manchas foliares necróticas,
circulares, elípticas ou angulares, pardo-
escuras, isoladas ou em grupos, com a
presença de anéis concêntricos e bordos
bem definidos, podendo apresentar ou
não halo amarelado ao redor das mesmas.
Em geral, os folíolos apresentam poucas
lesões, e essas apresentam tamanho mé-
dio a grande. O aumento da intensidade
da doença no campo ocorre tanto pelo
surgimento de novas lesões, quanto pela
expansão das mais velhas, que podem
coalescer destruindo todo o limbo foliar.
As lesões em hastes e pecíolos podem sur-
girem plantas adultas e caracterizam-se por
serem pardas, alongadas e deprimidas,
apresentando ou não halos concêntricos.

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A pinta-preta é caracterizada pela As epidemias de A. solani e diferem

redução prematura da área foliar, queda
de vigor das plantas, quebra de hastes e
redução da produção e da qualidade de
tubérculos. O aumento de suscetibilidade
à doença está geralmente associado à ma-
turidade dos tecidos, ao florescimento e
ao período de formação e enchimento dos
tubérculos. A maior demanda de nutrientes
fotoassimilados exigidos pela formação e
crescimento de tubérculos torna as folhas
maduras (fontes) mais vulneráveis à doença.
Agente causal
O fungo Alternaria solani sempre foi
considerado o agente causal da pinta-
preta da batata por inúmeros autores.
No entanto, a doença também pode estar
associada a outras espécies como: Al-
ternaria alternata e mais recentemente,
Alternaria grandis. De maneira geral, não
se observam diferenças significativas en-
tre os sintomas causados pelas diferentes
espécies, porém essas diferem quanto
ao tamanho e morfologia dos conídios.
quanto ao tamanho e morfologia dos
conídios. As epidemias de A. solani e
A. alternata geralmente iniciam-se a par-
tir dos 40 dias após a emergência, sendo
os sintomas observados inicialmente nas
folhas mais velhas e, em seguida, nas
partes mais novas da planta. Estudos têm
mostrado que a espécie A. alternata torna-
se mais destrutiva quando em complexo
com as outras espécies. Por outro lado,
observações de campo têm demonstrado
que a doença causada por A.grandis é mais
agressiva, podendo aparecer a partir de 20
a 25 dias após a emergência e destruir toda
a parte aérea das plantas em poucos dias.
Pesquisa
Experimentos têm comprovado que
fluxapiroxade em mistura com piraclos-
trobina apresenta alta eficácia no con-
trole da pinta-preta causada por Alter-
naria grandis, tornando esse produto uma
nova opção para o seu manejo(Fig.3).

Fig. 3. Progresso da pinta-preta (A. grandis) em batata, cv. Colorado, tratadas com fungicidas.
Andradas - MG – safra 2013.

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Fig.4a. Pinta-preta em folíolo de batata

Fig.4b. Pinta-preta em batata Fig.5. Oídio em pepino

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Fig.6. Oídio em melão Fig.7. Mancha púrpura em cebola

Fig.8. Queima das folhas em cenoura Fig.9a. Oídio (O.haplophyla) na face supe-
rior de folha de pimentão

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Fig.9b. Esporulação de O.haplophyla Fig.10.Pinta-preta em rosa

Fig.11.Oídio em rosa Fig.12b. Pústula de ferrugem branca na

face inferior da folha

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Fig.12a. Ferrugem branca
em crisântemo
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Recebido em 23/5/16
Aceito em 12/6/16