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INTRODUÇÃO
Cabe ainda esclarecer que existem diretrizes de boas práticas voltadas para a população
adulta1 e outra específica para a população pediátrica.4 Este capítulo abordará aquelas
voltadas à pessoa adulta. Os cuidados voltados à reabilitação da população pediátrica serão
abordados em outros capítulos deste mesmo Tratado. (Para maiores informações sobre o
assunto, consultar o Capítulo 44, “Intervenção fonoaudiológica na reabilitação auditiva
infantil”)
Para dar início ao capítulo, fica estabelecido que todo e qualquer indivíduo que manifeste
dificuldades auditivas e/ou de comunicação, independentemente do grau da perda auditiva,
poderá ser considerado um candidato em potencial a um programa de reabilitação audiológica
com adaptação dos dispositivos eletrônicos de amplificação sonora.
A base da avaliação da audição, a audiometria tonal liminar por via aérea e óssea, nosso
“padrão ouro”, é o exame que propicia informações preliminares quanto à candidatura ao uso
do dispositivo eletrônico de amplificação sonora. No entanto, quando incompleta ou
interpretada de forma isolada, pouco revela sobre outras importantes questões que envolvem
necessidades auditivas, não auditivas e comunicativas, expectativas, prognóstico, problemas
relacionados à distorção dos sons e desconfortos auditivos. (Para maiores informações sobre o
assunto, consultar o Capítulo 8, “Audiometria tonal liminar e de altas frequências”.)
A avaliação audiométrica deve ser vista em sua totalidade, enriquecida com a pesquisa dos
níveis de desconforto para sons de forte intensidade, interpretada conjuntamente com os
resultados da logoaudiometria. A compreensão do conjunto de informações fornecidas pelas
medidas da imitância acústica, sobre as condições do sistema tímpano-ossicular e a
identificação da presença (ou não) de reflexos acústicos é capaz de sinalizar pistas um pouco
mais claras sobre a necessidade de cuidados na compensação da audibilidade que envolvam o
campo dinâmico da audição, assim como possíveis problemas relacionados à distorção ou
desconforto diante de sons de forte intensidade. Mas isso não é tudo. (Para maiores
informações sobre o assunto, consultar os Capítulos 10, “Avaliação logoaudiométrica na rotina
clínica”, e 12, “Medidas de imitância acústica: timpanometria e reflexos acústicos”.)
Necessidades não auditivas: saúde geral e outras intercorrências clínicas que possam intervir
no sucesso da amplificação, atividades profissionais ou sociais, destreza manual,
comprometimentos motores, visuais e cognitivos, contexto afetivo e social, motivação,
características de personalidade, possibilidades financeiras na aquisição e manutenção do
dispositivo eletrônico de amplificação sonora, necessidade ou não de assistência, de
orientação e aconselhamento ao paciente e/ou familiares envolvidos.
Para fazer um planejamento terapêutico e propor metas, por vezes se fazem necessárias (ou
oportunas) avaliações clínicas adicionais, tais como testes específicos de avaliação da
compreensão de fala,6 de habilidades específicas ou do transtorno do processamento auditivo
central, indícios de declínio cognitivo ou depressão. Podem se fazer igualmente necessários
encaminhamentos para avaliações específicas e/ou diagnósticos com outros profissionais.
O profissional precisa levar em conta atitudes de empatia, o que pressupõe a habilidade de se
colocar no lugar do paciente e, sem julgamento, procurar entender suas dificuldades,
restrições, limitações, expectativas e necessidades em face de sua deficiência auditiva e do
processo de reabilitação audiológica com o uso do dispositivo. A consolidação de sentimentos
de empatia na relação terapeuta-paciente em muito vem se mostrando um facilitador na
adesão ao tratamento.7
Dessa forma, o objetivo deste capítulo é apresentar, sob luz das evidências científicas, os
principais alicerces que envolvem a etapa de seleção das características dos dispositivos de
amplificação sonora.
Neste capítulo de aspectos técnicos dos dispositivos, serão abordados os componentes físicos
e básicos de funcionamento, características eletroacústicas e do processamento do sinal. A
seleção dos dispositivos eletrônicos de amplificação sonora propriamente dita demandará do
fonoaudiólogo a tomada de decisões assertivas sobre os aspectos técnicos dos dispositivos,
dentro das questões audiológicas, pessoais e contextuais do candidato ao uso da amplificação.
Microfone
O microfone capta o sinal acústico e o transforma em sinal elétrico equivalente; por assim
fazer, podemos chamá-lo de transdutor (transformação de um tipo de energia em outro) de
entrada. Atualmente, os microfones são de eletreto, possuem resposta em frequência ampla e
plana, pouca sensibilidade a vibrações e variações de temperatura. Contudo, os microfones de
eletreto são sensíveis à umidade, assim como todos os outros componentes dos dispositivos,
por isso é recomendável que se use a prática diária de desumidificadores por sílica ou
elétricos. O funcionamento dos microfones ocorre pela vibração de duas placas (diafragma e
placa paralela fixa) e pela diminuição da distância entre elas, alterando o equilíbrio elétrico
que existia entre ambas e formando uma corrente elétrica correspondente à onda sonora que
foi captada.9,10
Na maioria dos dispositivos com microfones direcionais, existe a opção de selecionar o modo
direcional fixo automático, em que se observa uma mudança de microfone no modo
omnidirecional para direcional, ativada automaticamente quando há ruído de fundo. Alguns
sistemas possuem o microfone direcional adaptativo, que oferece a seleção manual de
diferentes padrões polares, dependendo do ambiente; alguns de tecnologia mais avançada
oferecem o microfone direcional adaptativo automático, em que o aparelho reconhece o
ambiente e ativa o microfone direcional automaticamente, alterando os padrões polares em
resposta ao ambiente de escuta espacialmente dinâmico (p. ex., fonte de ruído em
movimento) e modificando o atraso de tempo interno entre os microfones.14
Amplificador
Receptor
Pilhas
As pilhas, fonte de energia, são responsáveis pelo funcionamento dos dispositivos eletrônicos
de amplificação sonora. As pilhas utilizadas atualmente, em sua maioria, são as de zinco-ar,
que possuem maior durabilidade, menor custo e seu consumo se inicia após a retirada de um
selo adesivo que recobre a pilha. A tensão das pilhas (entre 1,25-1,5 V) permanece constante
durante toda a sua vida útil, evitando que haja variação da estabilidade ao longo do uso. A
referência dos tamanhos e de cor das pilhas utilizadas hoje em dia são padronizadas
mundialmente: 10 (amarela), 312 (marrom), 13 (laranja) e 675 (azul). Cada dispositivo tem um
tamanho de pilha determinado, e, de maneira geral, quanto menor a pilha, mais rápido será
seu consumo.18
Controles manuais
Quando não há a opção diretamente no dispositivo ou o indivíduo não possui destreza manual
para operá-lo, existem sistemas de chaves, controles externos ou sem fio que podem ser
usados como controle remoto ao se conectarem aos dispositivos de amplificação sonora
quando em diferentes situações auditivas. Existe também a possibilidade de recursos
tecnologicamente mais avançados, tais como receber sinais de áudio via Bluetooth® por meio
de smartphones, da televisão, tocadores de MP3 e outros dispositivos.20
Os dispositivos eletrônicos de amplificação sonora podem ser classificados quanto a seu local
de uso, de acordo com a localização de seu corpo físico e componentes. Atualmente, os
dispositivos retroauriculares e intra-aurais formam os dois grupos, com seus subtipos, que
mais ganharam espaço no mercado devido ao avanço tecnológico.
Em situações em que a condução aérea do som amplificado não for possível ou indicada, a
condução óssea pode ser uma alternativa para a condução do som amplificado. Em lugar do
receptor, é acoplado um vibrador ósseo, que precisa ter uma força constante em contato com
a pele para transmitir a energia ao crânio. Com o avanço dos estudos e da tecnologia, os
dispositivos por condução óssea também tiveram sua evolução, como a implantação
transcutânea e percutânea. O sistema transcutâneo possui uma unidade interna implantável,
que se comunica com a parte externa por meio da atração dos ímãs. Esse tipo de sistema
demonstrou menores complicações de infecção de pele e maior capacidade de amplificação.
No sistema percutâneo, é realizada a implantação cirúrgica de um pino de titânio cuja função é
transmitir a vibração do dispositivo diretamente no osso do crânio para se propagar até a
cóclea.23,24 (Para maiores informações sobre o assunto, consultar o Capítulo 38, “Próteses
auditivas cirurgicamente implantáveis”.)
Moldes auriculares
As caixas ou cápsulas que acomodam os componentes internos dos modelos intra-aurais são
também denominadas, genericamente, moldes. Via de regra, são sempre confeccionadas em
material rígido, tipo acrílico, e passam pelas mesmas etapas de pré-moldagem que os moldes
auriculares destinados aos dispositivos retroauriculares, diferindo, consideravelmente, na
etapa de manufatura e montagem de seus circuitos.15
Ainda é possível prever nessas peças alterações físicas capazes de provocar modificações
acústicas no sinal amplificado:
Ventilação: consiste em uma das modificações mais frequentemente realizadas tanto nos
moldes auriculares de dispositivos retroauriculares como nos intra-aurais. Trata-se da
perfuração de um orifício no molde auricular que corre em paralelo ao canal de condução do
som, podendo variar seu diâmetro entre 1-3 mm, a depender do objetivo a ser alcançado,
desde um simples arejamento do MAE à atenuação da amplificação de frequências baixas,
promovendo a redução da sensação do efeito de oclusão.
Inserção de atenuadores (ou filtro acústico): tem o propósito de atenuar a resposta das
frequências médias e passou a ser utilizado, com mais frequência, não mais no molde, mas no
gancho do dispositivo.
A popularização dos dispositivos do tipo minirretro com tubo fino e com receptor no canal
trouxe a disponibilização de uma nova categoria de moldes ou acoplamento acústico pré-
fabricado: as olivas ou tulipas. Fabricadas em material flexível plástico, são disponibilizadas em
diferentes tamanhos (p. ex., P, M e G) e em diferentes graus de ventilação e/ou vedação (p.
ex., aberto, fechado, duplo fechado). Adicionalmente, para esse tipo de dispositivo ainda é
possível oferecer a confecção de moldes personalizados − micromoldes − em material acrílico,
com diâmetros de ventilação personalizados, proporcionando variadas combinações e
possibilidades, de modo a atender às necessidades específicas do usuário.17
A seleção dos moldes deve atender às necessidades audiológicas, anatômicas e etárias. Deve-
se garantir uma adaptação técnica satisfatória com conforto, esteticamente aceitável e de fácil
manuseio pelo usuário ou responsável. Moldes auriculares são parte importante no processo
de seleção e adaptação da amplificação. Se essa etapa não for devidamente cumprida, pode
colocar em risco o sucesso da utilização do dispositivo e de todo o processo de reabilitação
audiológica.
CARACTERÍSTICAS ELETROACÚSTICAS
Importante ressaltar que, ainda que largamente utilizados na clínica e na indústria como
método confiável de comparação, fornecem valores médios aproximados, mas que não
refletem com precisão o desempenho de um dispositivo eletrônico de amplificação sonora de
uma orelha humana com suas variadas características. Outros métodos de medição, tais como
o simulador de ouvido, são igualmente utilizados na medição das características
eletroacústicas, no entanto, importante estar atento aos diferentes objetivos específicos de
cada procedimento ou equipamento, em especial se o propósito for o de comparação entre os
dispositivos.8
Ganho acústico
O ganho pode ser modificado pelo controle de volume, pelo controle de ganho, pelo sistema
de compressão ou expansão ou até mesmo pelo molde auricular, o que influenciará na
resposta divergente com os dados das fichas técnicas estabelecidas em condições ideais de
laboratório.8
Saída máxima
A saída máxima é o maior nível de pressão sonora que o dispositivo eletrônico de amplificação
sonora é capaz de produzir, sendo sua medida em decibel nível de pressão sonora (dB NPS).
Está diretamente relacionada à saturação do sistema, ao controle do nível de desconforto
auditivo imposto pela sensação de intensidade e à redução do campo dinâmico da audição do
indivíduo. Dessa maneira, a saída máxima deve sempre ser verificada e ajustada de forma que
seu nível de intensidade seja sempre inferior ao de desconforto medido (ou estimado).
O controle da saída máxima no sistema pode ocorrer pelo corte de picos, recurso que remove
instantaneamente os picos das ondas sonoras que ultrapassam a intensidade máxima
delimitada pelo dispositivo. Esse tipo de controle pode gerar distorção no sinal sonoro, não
reproduzindo com fidelidade a informação amplificada. Foram extensamente utilizados em
sistemas de amplificação linear ou por usuários com perdas auditivas severa e profunda.9
Outro recurso acústico desenvolvido para controlar o sinal de saída máxima amplificado,
amplamente utilizado no presente, consiste no sistema de limitação por compressão. Esse
sistema foi desenvolvido para agir em face de sons de forte intensidade, a partir de um nível
preestabelecido, largamente utilizado no controle da saída máxima, tanto nas amplificações do
tipo linear como não linear. O sistema de limitação por compressão se mostra bastante
eficiente, pois oferece uma distorção do som mais controlada do que aquela imposta pelo
sistema de corte de picos.9
Resposta de frequências
Por meio de gráficos em que o eixo x representa as diferentes frequências e o eixo y, valores
de ganho acústico, é possível observar a resposta em cada frequência. É interessante perceber
que há uma relação direta e indissociável entre a resposta em frequência e o ganho. As fichas
técnicas de cada dispositivo eletrônico de amplificação sonora expressam os limites mínimos e
máximos de cada frequência, permitindo que se tenha uma visão básica das características
eletroacústicas.8
Vale a pena ressaltar que a tecnologia dos sistemas de amplificação passou por um
desenvolvimento impressionante nas últimas décadas. A pesquisa MarkeTrak IX27 mostrou,
finalmente, um aumento na satisfação dos usuários dos dispositivos de amplificação, com
relação à qualidade sonora, com o funcionamento do dispositivo em ambientes adversos, a
diminuição do ruído de fundo, a melhora na localização do som e a eficácia do gerenciamento
de microfonia. Como resultado, foi possível observar maior adesão ao uso contínuo dos
dispositivos, demandando que as escolhas do profissional responsável pela reabilitação
audiológica sejam cada vez mais assertivas e criteriosas.27
Amplificação uni ou bilateral
A amplificação bilateral tem suas vantagens sob a adaptação unilateral. Sabe-se que a audição
binaural é a mais natural, e a somação da audição das duas orelhas é essencial para detectar e
localizar a fonte sonora, eliminando o efeito sombra da cabeça. Dessa forma, a protetização
bilateral proporciona maior amplificação, melhor localização sonora, melhor discriminação no
ruído, além de evitar o fenômeno da privação auditiva, em que há diminuição dos índices de
reconhecimento de fala naquela orelha não protetizada e que deixa de receber estimulação
sonora adequada.28,29
No entanto, a decisão pela amplificação unilateral pode ser necessária em casos em que se
manifeste a interferência binaural, fenômeno no qual a amplificação gerada por um lado da
prótese parece interferir negativamente no outro ou no resultado e o paciente manifesta
melhor discriminação de fala, desempenho comunicativo e conforto utilizando apenas um
dispositivo.30,31 A opção pela adaptação unilateral também poderá ser necessária em casos
de perdas auditivas muito assimétricas ou com alguma contraindicação médica, audiológica ou
pessoal. Nesses casos, é possível que se tenha que decidir por qual orelha se dará a
protetização, levando em consideração a maior área dinâmica de audição, o melhor
reconhecimento de fala no silêncio e no ruído e/ou a preferência do paciente.9
Os retroauriculares são bastante versáteis, podem ser selecionados para perdas auditivas de
grau leve a profundo, são apresentados em modelos de diversos tamanhos, oferecem maior
facilidade de manuseio, utilizam pilhas de tamanho e durabilidade maiores e muitas
possibilidades de controles e componentes. Esteticamente, podem oferecer, a princípio, uma
desvantagem.32
Outra razão para que esses dispositivos tenham se tornado uma alternativa recorrente para as
perdas auditivas, em geral, de configuração descendente (acentuada ou em rampa) com
preservação em baixas frequências é seu apelo estético e o fato de serem uma excelente
opção na utilização do recurso de adaptação aberta, capaz de reduzir ou eliminar o indesejado
efeito de oclusão. Quando o efeito de oclusão se manifesta, o indivíduo que possui audição
próxima ao normal em frequências baixas pode se queixar de autofonia e de desconforto aos
sons produzidos durante a mastigação, a deglutição e a fala, amplificados pela condução
óssea.9,34,35
Em perdas auditivas mais severas, que necessitam de dispositivos com maior ganho acústico
em altas e baixas frequências, recomenda-se a utilização adicional, de moldes oclusivos para
que não ocorra a microfonia. Se a opção for por modelos do tipo receptor no canal, o receptor
poderá ser encapsulado, de maior potência, conjugado com a utilização de olivas fechadas ou
moldes personalizados que promovem maior vedação acústica.
A regra DSL, desenvolvida na University of Ontario – Canadá, está na versão mais recente, DSL
v5.46,49 Tem como premissa básica evitar o desconforto durante o uso da amplificação,
deixando a sensação de intensidade mais próxima do normal e acomodando as diferentes
necessidades auditivas nos ambientes de escuta silenciosa e com a presença de ruído.
Até recentemente, a DSL se apresentava como forte indicação na prescrição pediátrica, pois,
entre outras, leva em consideração as variações de tamanho da orelha de bebês e crianças e
de necessidades acústicas para percepção de fala. Em contrapartida, a prescrição para adultos
e idosos tinha a forte tendência de ser realizada por meio da NAL-NL2. No presente, após
algumas atualizações, foi possível observar que ambas as fórmulas prescritivas parecem
convergir para uma diminuição significativa de suas diferenças nas prescrições de ganho e
saída.50-52
Existe um consenso inquestionável de que a utilização das regras prescritivas validadas fornece
uma base sólida para um ajuste básico a ser utilizado como ponto de partida para o ajuste fino
individual.47,54 No entanto, observa-se que a disponibilização dessas mesmas regras pelos
softwares dos fabricantes (“regras prescritivas genéricas”) pode, inesperadamente,
proporcionar respostas de frequência muito diferentes para uma mesma fórmula de
prescrição.54,55 Portanto, a utilização de medidas in situ se faz imprescindível e indispensável
na verificação das características eletroacústicas almejadas.54,56,57 (Para maiores
informações sobre as medidas de verificação com a utilização de mensuração in situ, consultar
o Capítulo 34, “Verificação e avaliação de resultados no processo de seleção e adaptação de
dispositivos eletrônicos de amplificação sonora”.)
O sistema auditivo em seu funcionamento normal conta com a atuação das células ciliadas
externas, importantes compressores naturais. Quando em contato com sons de forte
intensidade, acionam um sistema especializado que entra em ação em um modo de proteção,
controlando a amplificação na transmissão do sinal sonoro, e, em contraposição, incrementam
e facilitam a transmissão dos sons de fraca intensidade. Quando existe uma lesão das células
ciliadas externas e internas da cóclea, essa importante função perde a eficácia, provocando
uma alteração da sensação de intensidade.58
O sistema de amplificação deve ser ajustado ao tipo, grau e configuração da perda auditiva de
forma a propiciar a compensação da audibilidade perdida sem provocar qualquer desconforto
perante sons de forte intensidade. Esse delicado equilíbrio por vezes se mostra difícil de ser
alcançado, em especial quando o indivíduo que faz uso de recursos de amplificação apresenta
perda auditiva do tipo sensorioneural, redução da área dinâmica da audição e recrutamento.
Na tentativa de contornar o problema gerado pelo não funcionamento das células ciliadas
externas, a tecnologia propiciou o desenvolvimento de sistemas eletroacústicos, denominados
compressão. O termo “compressão” pode ser definido como a possibilidade funcional de o
sistema eletrônico manipular o ganho do sinal sonoro de maneira seletiva. Esses sistemas de
processamento do sinal foram desenvolvidos com o propósito de oferecer maior adequação e
conforto auditivo ao usuário de amplificação.59
Compressão de entrada: controlada pelo nível de intensidade captada pelo circuito, antes da
atuação do amplificador. Possui características de limiar e razão de compressão mais baixos,
com tempo de ataque e recuperação variáveis, podendo ser mais lentos e curtos.
Extensamente indicada para indivíduos com perdas auditivas do tipo mista e sensorioneurais
de graus leve a moderadamente severo.60
Cabe ainda esclarecer que, quanto ao modo de amplificação do sinal de fala, os dispositivos de
amplificação são, tecnicamente, classificados como lineares ou não lineares.
A amplificação não linear tem como característica a variação do ganho, a depender do nível do
sinal captado pelo microfone e que entra no sistema. Normalmente o ganho é maior para sons
menos intensos e menor para sons mais intensos, resultando em uma variação menor de NPS
de saída em comparação ao de entrada. Nesse tipo de amplificação são utilizados sistemas de
compressão de entrada, tipo AGC-I, mais frequentemente o tipo WDRC. Igualmente, ao se
fazer necessária a limitação dos níveis máximos de saída, podem ser utilizados conjuntamente
os recursos de compressão por limitação de saída (AGC-O) ou, menos frequentemente, o
recurso de corte de picos. A amplificação não linear pode beneficiar indivíduos com diferentes
graus de perda auditiva, com perdas sensorioneurais de leve a moderadamente severas.63
Na década de 1990, houve uma grande ruptura tecnológica com a introdução no mercado dos
primeiros sistemas do dispositivo eletrônico de amplificação sonora totalmente digitais,
proporcionando melhora significativa na qualidade do som amplificado. As vantagens da
tecnologia digital sobre a analógica foram, por meio de inúmeras pesquisas clínicas,
progressiva e inquestionavelmente se materializando ao longo dos anos.64
Múltiplas memórias
A microfonia pode ser definida como uma condição indesejada na qual uma parte do sinal
sonoro já amplificado, por diferentes razões, escapa e, sendo novamente captada pelo
microfone, é novamente amplificada em um movimento contínuo de retroalimentação até o
ponto no qual se torna um sinal oscilatório sonoro, na forma de apito agudo, dominante no
estágio da saída.65 No entanto, ressalta-se que o estágio anterior a esse também é importante
do ponto de vista da qualidade do som. Nele, os componentes de microfonia, ainda que não
fortes o suficiente para induzir oscilação sustentada (suboscilatórios), podem igualmente
afetar a resposta de frequência do dispositivo eletrônico de amplificação sonora.66
Nos sistemas analógicos, o controle da microfonia era realizado simplesmente com uma
redução fixa da amplificação (ou ganho), de forma ampla ou específica nas frequências altas
(geralmente entre 2.500-3.000 Hz). A redução do ganho nessas frequências proporciona uma
desvantagem, na medida que pode comprometer importantes informações do sinal de fala.65
Expansão
Rebaixamento de frequências
Sua funcionalidade básica, em uma situação em que o usuário tem audição muito
comprometida nas frequências altas, propõe-se a rebaixar os componentes de altas
frequências do sinal sonoro para uma região de frequências mais baixas (ou menos agudas), na
qual a pessoa tenha melhor área residual de audição. Duas das formas mais comuns de
funcionamento implicam mudança ou transposição de frequências, na qual os componentes
de alta frequência do sinal sonoro são remanejados para uma região de frequências mais
baixas, ou compressão de frequência, na qual uma faixa de frequências mais altas é, de forma
conjunta e proporcional, comprimida de maneira a ser alocada em uma região de audibilidade
de frequências mais baixas.69
Pode ser vista sob dois diferentes cenários: (1) de sincronização e (2) de streaming de áudio.
Na sincronização podem ser observados três níveis diferentes de tecnologia. No nível mais
básico, os controles de volume entre os instrumentos direito e esquerdo são simplesmente
combinados. No nível seguinte, recursos de processamento de sinal, como redução de ruído e
direcionalidade, são sincronizados entre os dois lados, contribuindo para uma experiência de
som mais equilibrada para o usuário. No nível mais alto, as configurações de compressão, de
redução de ruído e de direcionalidade nos instrumentos direito e esquerdo são otimizadas,
combinadas e/ou sincronizadas de modo constante ao longo do tempo, com o objetivo de
melhorar a resolução e a fidelidade espacial.72 O streaming de áudio se baseia na
conectividade entre o dispositivo eletrônico de amplificação sonora e os diferentes sistemas
de áudio (tais como música, TV ou telefone), de forma a direcionar o sinal sonoro para um,
outro ou ambos os dispositivos.
Entrada alternativa
Para que haja melhor aproveitamento sonoro do usuário, existem situações em que a entrada
de áudio não é captada pelo microfone, e sim por uma bobina de indução eletromagnética,
entrada direta de áudio e/ou modulação digital.
A entrada direta de áudio, como em sistemas FM, permite que o sinal do microfone do locutor
seja transmitido por meio de uma frequência portadora para um receptor usado pelo ouvinte,
conectados ao dispositivo eletrônico de amplificação sonora com uma sapata de áudio. A voz
do locutor é captada por um microfone e usada para modular as frequências da onda
portadora em um padrão que corresponde ao sinal original, por isso o receptor FM deve ser
sintonizado no mesmo canal do transmissor. A melhora do reconhecimento de fala no ruído
com esse sistema tem grande recomendação para o uso em ambientes educacionais.73
Com o avanço tecnológico, foi possível observar a facilitação da comunicação por meio de
alguns acessórios, tais como nos microfones remotos. Esses dispositivos funcionam por
sistemas de conectividade sem fio proprietários e operam na banda de frequência 2,4 GHz,
funcionando apenas dentro da linha de produtos de um mesmo fabricante. Sistemas de
conectividade sem fio via Bluetooth® podem ser utilizados em telefones celulares
(smartphones) e, por meio de aplicativos, possibilitam o controle, além do volume e de
programas acústicos, da integração de funcionalidades adicionais, tais como streaming de
áudio direto, chamadas telefônicas, música, localização geográfica, monitoramento de
atividade física e programação remota por um provedor.74
Microfones direcionais
Se, no passado, os profissionais precisavam optar entre modelos com ou sem microfone
direcional, o passo seguinte foi permitir ao paciente selecionar, em seu próprio dispositivo
eletrônico de amplificação sonora, a conveniência de acionar ou não esse recurso, a depender
do benefício vivenciado em determinada situação comunicativa e/ou ambiental. Na sequência,
a tecnologia ofereceu a possibilidade de microfones direcionais automatizados que, a partir de
algoritmos e sensores na identificação da direcionalidade do som ou nível de ruído, eram
capazes de selecionar e acionar de modo automático esse importante modo de
funcionamento. Mais recentemente, a indústria apresentou a possibilidade de os microfones
direcionais incorporados ao dispositivo funcionarem de modo adaptativo, isto é, de serem
sensíveis ao ambiente, mudando suas características de feixes (ou resposta polar) de forma
automática e adaptativa a depender da direcionalidade do estímulo sonoro principal (fala) ou
em face do aumento do nível de ruído. Por fim, a incorporação desse recurso à tecnologia de
intercomunicação bilateral sem fio entre os dispositivos eletrônicos de amplificação sonora
proporcionou a possibilidade de os múltiplos microfones serem acionados de maneira
sincronizada, combinada ou alternada a depender das informações ambientais detectadas,
permitindo uma direcionalidade mais aperfeiçoada e eficiente.72
Redutores de ruído
Não seria um grande exagero afirmar que a maior parte das queixas da pessoa com deficiência
auditiva que faz uso do dispositivo eletrônico de amplificação sonora está relacionada à
compreensão da fala em ambientes ruidosos.
Inúmeras pesquisas77-80 ainda buscam evidências científicas que esclareçam a real extensão e
benefício desses algoritmos de redução de ruído na melhora da relação sinal/ruído. Em se
tratando de estratégias que busquem de forma específica e efetiva essa melhora, a utilização
de múltiplos microfones com direcionalidade controlada80 e/ou de equipamentos de FM tem
trazido maior consenso nas pesquisas.
Houben et al.78 esclarecem que, se, infelizmente, a literatura internacional não traz evidências
claras e diretas desses algoritmos sobre a melhora da inteligibilidade de fala em ambientes
ruidosos, outros estudos apontam satisfatoriamente que, além de contar com a aprovação dos
usuários, os algoritmos redutores de ruído possibilitam uma experiência de escuta mais
relaxada e promovem uma redução importante no esforço e fadiga auditiva, o que, por si só, já
garante um grande benefício na experiência auditiva do usuário.76,77
Por fim, cabe aqui destacar essa importante atribuição na etapa de seleção dos recursos
eletroacústicos, que reside na escolha dos algoritmos que serão necessários, desejados ou
acionados, a depender das necessidades do paciente ou das possibilidades tecnológicas do
dispositivo. Atualmente, a maioria dos dispositivos já sai da linha de produção com uma série
de algoritmos muito úteis ao seu funcionamento. Outros são encontrados somente em
modelos mais sofisticados. Ocasionalmente, o mesmo algoritmo é apresentado ao mercado
com diferentes nomes comerciais, às vezes o mesmo nome apresenta sua funcionalidade por
meio de diferentes estratégias operacionais. É imprescindível entender a diversidade de
possibilidades nesse universo de estratégias algorítmicas, conhecer cada uma de suas
funcionalidades, seu custo, benefícios e, a depender das necessidades do paciente, fazer as
devidas escolhas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa via de duas mãos, o paciente deve entender e compartilhar a responsabilidade de ser
parceiro na busca da superação das dificuldades de comunicação.
Este capítulo teve como objetivo ampliar o conhecimento básico necessário para que o
profissional responsável pela adaptação de dispositivo eletrônico de amplificação sonora faça
suas escolhas de maneira conscienciosa.
Nosso comprometimento é gigantesco, seja sob o ponto de vista humano ou técnico. É bem
verdade que a tecnologia joga a nosso favor na melhoria contínua dos recursos e
automatismos eletrônicos. No entanto, nossa responsabilidade clínica não é menor quando o
software, por exemplo, ao programar automaticamente determinado dispositivo, apresenta
sugestões (ou decisões) na seleção dos inúmeros recursos disponíveis. É preciso estar ciente
das decisões por ele selecionadas, acionadas ou não, e endossar (ou não) essas escolhas. A
seleção, a decisão e a responsabilidade final serão sempre do profissional no comando. Os
profissionais de saúde auditiva têm a responsabilidade de discernir e diferenciar a ciência do
marketing em seus esforços para aplicar princípios baseados em evidências em suas decisões
clínicas.
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