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Autora:
Julia Resende Kanno
Orientador:
Prof. MSc. Márcio Nascimento de Oliveira
Brasília - DF
2019
2
Brasília - DF
2019
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AGRADECIMENTOS
Resumo:
As condições de conforto acústico são uma importante questão a ser considerada no
desenvolvimento da concepção arquitetônica de ambientes de serviços de saúde,
principalmente por estarem ligadas ao bem-estar e segurança dos usuários, como
pacientes e familiares, que estão em situações críticas e estressantes envolvendo
algum grau de sofrimento físico e/ou psíquico. O objetivo dessa pesquisa é realizar
uma revisão de literatura sobre a importância do conforto acústico e a prevenção de
ruídos para os usuários de estabelecimentos assistenciais de saúde, considerando a
população de pacientes, visitantes e funcionários. O método da pesquisa foi
estruturado em uma revisão sistemática da literatura. Como resultado, esse trabalho
trouxe recomendações para melhoria da acústica dos hospitais, trazendo melhores
condições de bem-estar e segurança para os usuários.
Palavras-chave: conforto acústico, bem-estar, ruído, hospital.
Abstract:
The conditions of acoustic comfort are important issues to be considered in the
development of the architectural design of health care environments, mainly because
they are linked to the well-being and safety of users, such as patients and families,
who are in critical and stressful situations involving some degree of physical or
mental suffering. The purpose of this research is a literature review about the
importance of acoustic comfort and noise prevention for users of health care
facilities, considering the population of patients, visitors and employees.. The
research method was structured in a systematic literature review. As a result, this
work brought recommendations for improving hospital acoustics, bringing better
welfare and safety conditions for users.
Keywords: acoustic comfort, well being, noise, hospital.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 7
2. CONFORTO AMBIENTAL ACÚSTICO EM AMBIENTES HOSPITALARES ... 7
3. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 11
3.1. LOCAIS DOS ESTUDOS ................................................................................ 14
3.2. EQUIPAMENTOS E NORMATIVAS ............................................................... 17
3.3. MENSURAÇÃO DOS NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA ................................ 18
3.4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DAS PESQUISAS ........................... 23
4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................... 24
4.1. SOLUÇÕES PROJETUAIS............................................................................. 25
4.2. SOLUÇÕES MATERIAIS ................................................................................ 26
4.3. CONSCIENTIZAÇÃO DE PESSOAL .............................................................. 29
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 30
6. BIBLIOGRAFIA............................................................................................... 30
7
1. INTRODUÇÃO
Tabela 1 – Valores de referência para ambientes internos de uma edificação de acordo com suas
finalidades de uso.
10
3. REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura foi feita através das bases de dados Scopus, Scientific
Electronic Library Online (SciELO) e Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE), utilizando-se as palavras-chaves: ruído and hospital and
ambiente, noise and health care facilities and environment, noise and hospital and
acoustic comfort. Os critérios de inclusão de pesquisa foram estudos realizados
entre 2010 e 2019 que analisavam o ruído hospitalar e que estivessem escritos em
português, inglês ou espanhol. Analisados os critérios, foram encontrados 161
resultados para o primeiro conjunto de palavras-chaves, 614 resultados para o
segundo e 48 resultados para o terceiro. Após essa primeira filtragem foram
excluídos estudos não disponibilizados na íntegra nas bases de dados pesquisadas,
fora do limite temporal determinado, artigos repetidos, artigos não relacionados com
o campo de estudo e os que não mensuravam os níveis de ruídos. Após essa
análise e leitura dos artigos restantes, 17 deles foram selecionados para a
realização da presente revisão bibliográfica.
12
Tabela 4 – Distribuição dos artigos segundo o ano de publicação, país do estudo, área de publicação
dos periódicos e formação profissional dos autores.
Ano Nº %
2010 - 2014 11 64,7
2015 - 2019 6 35,3
14
País do estudo Nº %
Brasil 12 70,6
Colômbia 1 5,9
Estados Unidos 1 5,9
Canadá 3 17,6
Área de publicação dos periódicos Nº %
Enfermagem 6 35,3
Área médica 5 29,4
Fonoaudiologia 6 35,3
Formação profissional dos autores Nº %
Multiprofissional (médicos, enfermeiros, engenheiros, fonoaudiólogos, etc) 6 35,3
Médico 2 11,8
Enfermeiro 4 23,5
Fonoaudiólogo 3 17,6
Engenheiro 1 5,9
Não consta 1 5,9
Local do estudo Nº %
Hospital Público de Ensino e Pesquisa 10 58,8
Hospital Público Geral 5 29,4
15
Verificou-se também que a maioria das medições foram feitas nos três turnos
(manhã, tarde e noite), entretanto, houve estudos que analisaram os valores 2 vezes
ao dia (diurno/ noturno) para coincidir com os turnos de trabalho dos funcionários
que geralmente são de 7h às 19h e de 19h às 7h.
Na Tabela 8, identifica-se os valores encontrados pelos medidores de nível de
pressão sonora ou decibelímetro e dosímetros.
(E.9) Posto de
85 - 87 dB(A)
enfermagem
(E.10) Unidade de
Terapia Intensiva 114,9 dB(A) 43,3 dB(A) 60 a 65 dB(A)
Neonatal (UTIN)
Secretaria
Secretaria Secretaria
Manhã - 64,5 dB(A)
Manhã - 86,8 dB(A) Manhã - 48 dB(A)
Tarde - 63,7 dB(A)
Tarde - 96,2 dB(A) Tarde - 50,6 dB(A)
Noite - 58,7 dB(A)
Noite - 71,3 dB(A) Noite - 44,8 dB(A)
Posto de
Posto de Enfermagem Posto de Enfermagem
Enfermagem
Manhã - 84,9 dB(A) Manhã - 47,9 dB(A)
Manhã - 67,5 dB(A)
Noite - 60 dB(A) Noite - 40,9 dB(A)
Noite - 58 dB(A)
Corredor Corredor
Corredor
Manhã - 83 dB(A) Manhã - 49,5 dB(A)
Manhã - 62,2 dB(A)
Tarde - 85,3 dB(A) Tarde - 46,9 dB(A)
Tarde - 63,2 dB(A)
Noite - 77,8 dB(A) Noite - 47,6 dB(A)
(E.11) Alojamento Noite - 62,3 dB(A)
Enfermaria 1 Enfermaria 1
Conjunto de Enfermaria 1
Manhã - 82 dB(A) Manhã - 44 dB(A)
Maternidades Manhã - 61,6 dB(A)
Tarde - 69,4 dB(A) Tarde - 46,6 dB(A)
Tarde - 53 dB(A)
Noite - 81,5 dB(A) Noite - 37,5 dB(A)
Noite - 61,9 dB(A)
Enfermaria 2 Enfermaria 2
Enfermaria 2
Manhã - 64,5 dB(A) Manhã - 41,3 dB(A)
Manhã - 48,6 dB(A)
Tarde - 68,6 dB(A) Tarde - 50,6 dB(A)
Tarde - 56,4 dB(A)
Noite - 60 dB(A) Noite - 40,9 dB(A)
Noite - 45,6 dB(A)
Hall (com visitas) Hall (com visitas)
Hall (com visitas)
Tarde - 83 dB(A) Tarde - 52,4 dB(A)
Tarde - 65,3 dB(A)
Hall (sem visitas) Hall (sem visitas)
Hall (sem visitas)
Tarde - 75,6 dB(A) Tarde - 50,6 dB(A)
Tarde - 61,5 dB(A)
Noite - 76,6 dB(A) Noite - 49,8 dB(A)
Noite - 57,2 dB(A)
Trauma / Orto
corredor - 62,52 dB(A)
posto de enfermagem - 61,44
Trauma / Orto
dB(A)
corredor - 64,95 dB(A)
Clínica Médica Masc.
posto de enfermagem - 64,06 dB(A)
corredor - 62,11 B(A)
Clínica Médica Masc.
posto de enfermagem - 63,83
corredor - 64,64 B(A)
dB(A)
posto de enfermagem - 65,81 dB(A
Clínica Médica Fem.
Clínica Médica Fem.
(E.12) Central de corredor - 58,24 dB(A)
corredor - 68,02 dB(A)
materiais, posto de enfermagem - 57,54
posto de enfermagem - 66,68 dB(A)
Pediatria, Centro de dB(A)
Quimioterapia
Terapia Intensiva Quimioterapia
corredor - 65,20 dB(A)
(CTI), corredor - 57,12 dB(A)
posto de enfermagem - 65,33 dB(A)
Traumatologia- posto de enfermagem - 56,93
Urologia
Ortopedia, Clínica dB(A)
corredor - 62,01 dB(A)
Médica Masculina, Urologia
posto de enfermagem - 65,21 dB(A)
Clínica Médica corredor - 52,59 dB(A)
Infectologia
Feminina, Urologia, posto de enfermagem - 51,32
corredor - 61,65 dB(A)
UTI Cardíaca, dB(A)
posto de enfermagem - 64,68 dB(A)
Quimioterapia, Infectologia
Endoscopia digestiva
infectologia e corredor - 52,35 dB(A)
corredor - 81,13 dB(A)
Endoscopia posto de enfermagem - 51,13
posto de enfermagem - 84,60 dB(A)
Digestiva dB(A)
CTI
Endoscopia digestiva
corredor - 72,44 dB(A)
corredor - 74,78 dB(A)
posto de enfermagem - 65,23 dB(A)
posto de enfermagem - 83,15
Nefrologia
dB(A)
corredor - 77,67 dB(A)
CTI
C.C. materiais
corredor - 70,49 dB(A)
posto de enfermagem - 67,40 dB(A)
posto de enfermagem - 63,96
dB(A)
Nefrologia
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Anfiteatro Anfiteatro
Manhã - 60,4 dB(A) Manhã - 57,2 dB(A)
Tarde - 72,2 dB(A) Tarde - 63,4 dB(A)
Noite - 71,4 dB(A) Noite - 64,6 dB(A)
Gráfica Gráfica
Manhã - 64,6 dB(A) Manhã - 57,8 dB(A)
Tarde - 66,2 dB(A) Tarde - 60 dB(A)
Noite - 79,8 dB(A) Noite - 75,2 dB(A)
Lavanderia Lavanderia
Manhã - 89 dB(A) Manhã - 84,2 dB(A)
Tarde - 90,2 dB(A) Tarde - 84,4 dB(A)
(E.14) UTI neonatal,
Noite - 89,2 dB(A) Noite - 84,4 dB(A)
nutrição, anfiteatros,
Marcenaria Marcenaria
gráfica, lavanderia,
Manhã - 81,4 dB(A) Manhã -68,8 dB(A)
marcenaria e
Tarde - 70,2 dB(A) Tarde - 62,4 dB(A)
serralheria.
Nutrição Nutrição
Manhã - 84,2 dB(A) Manhã - 76,8 dB(A)
Tarde - 81,2 dB(A) Tarde - 76,8 dB(A)
Noite - 81,2 dB(A) Noite - 75,8 dB(A)
Serralheria Serralheria
Manhã - 82,8 dB(A) Manhã - 66,4 dB(A)
Tarde - 82,4 dB(A) Tarde - 66,6 dB(A)
UTI UTI
Manhã - 68,2 dB(A) Manhã - 59,6 dB(A)
Tarde - 69,2 dB(A) Tarde - 59 dB(A)
Noite - 68,4 dB(A) Noite - 54,8 dB(A)
22
Antes da intervenção
79,7 dB(A) na sala A e 74,3 dB(A)
(E.15) Unidade de na sala B
Terapia Intensiva
Neonatal (UTIN) Depois da intervenção
58,5 dB(A) na sala A e 53,1 dB(A)
na sala B
(E.17) Maternidade,
Unidade de
Maternidade - 69,5 dB(A) Maternidade - 53,75 dB(A)
Terapia Intensiva
UTI Neonatal - 72 dB(A) UTI Neonatal - 52,5 dB(A)
(UTI) Neonatal,
Enfermaria Masculina - 82,5 dB(A) Enfermaria Masculina - 58 dB(A)
Enfermaria
Enfermaria Feminina - 85 dB(A) Enfermaria Feminina - 60 dB(A)
Masculina,
Pronto Socorro - 85 dB(A) Pronto Socorro - 60,5 dB(A)
Enfermaria
Pediatria - 81,5 dB(A) Pediatria - 60 dB(A)
Feminina, Pronto
Socorro e Pediatria
houve mudanças, pois o que causa ruído nesse local não são os equipamentos e
sim conversas de funcionários e visitantes.
O estudo n.º 15 propôs comparar os níveis de pressão sonora no interior de
incubadoras com a intervenção de “horários de sono”. A pesquisadora definiu
períodos que funcionários, pais e visitantes evitariam entrar nas UTIN para os
recém-nascidos pudessem dormir tranquilos. Essa intervenção resultou em uma
redução de quase 5dB(A).
Já o estudo n.º 16 propôs um programa educativo com objetivo de
conscientizar os profissionais quanto à realidade acústica da unidade, visando a
redução do nível de pressão sonora. Essa intervenção foi realizada por meio de uma
aula expositiva com duração média de 50 minutos, ministrada pelas pesquisadoras.
Nessa ocasião, os profissionais foram informados sobre os resultados dos níveis de
pressão sonora da UTIN e do interior da incubadora, obtidos na primeira fase,
comparando-os aos níveis de pressão sonora recomendados pelos órgãos
reguladores para o interior da incubadora e o ambiente hospitalar. Foram também
abordados os efeitos deletérios do ruído, tanto para os neonatos, como para os
profissionais, e informações sobre os níveis recomendados por órgãos reguladores.
O programa educativo abrangeu 100 profissionais, entre eles: médicos, enfermeiros,
técnicos e auxiliares de enfermagem, fonoaudiólogos, psicólogos, fisioterapeutas,
escriturário e auxiliar de limpeza, que pertencem ao serviço e que atuavam nos
plantões da manhã, tarde e noite. Apesar da intervenção, não houve resultados
positivos, encontrou-se níveis de pressão sonora acima dos níveis encontrados
anteriormente. Após essas constatações, as autoras sugerem que sejam feitas
estratégias de sensibilização da equipe, além de elaboração de guideline, mudanças
arquitetônicas, e renovação e/ou manutenção preventiva de equipamentos.
4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Fonte: https://www.rockfon.co.uk/products/rockfon-medicare-
plus/?selectedCat=datasheets%20tiles%20and%20panels#Downloadsandvideos
Fonte: https://www.ecophon.com/br/solucoes-acusticas/saude/entradas/.
28
Fonte: https://www.rockfon.co.uk/products/rockfon-medicare-
block/?selectedCat=datasheets%20tiles%20and%20panels#Downloadsandvideos
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Kléber Proietti et al. Noise level measurement and its effects on
hospital employees based on complaint reports. Revista Cefac, n. 18(6), p. 1379-
1388, nov./dez. 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10151: Acústica –
Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas – Aplicação
de uso geral. Rio de Janeiro, maio 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: Acústica –
Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações. Rio de Janeiro, dez.
2017.
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XIE, Hui; KANG, Jian. Sound field of typical single-bed hospital wards. Applied
Acoustics, China, n. 73, p. 884-892, maio 2012.
ZAMBERLAN-AMORIM, Nelma Ellen et al. Impacto de um programa participativo
de redução do ruído em unidade neonatal. Revista Latino-Am. Enfermagem, São
Paulo, n. 20, jan./fev. 2012.