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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

ETEC GUARACY SILVEIRA


Design de Móveis

Valéria Júlia Castellano

CULTURA TRADICIONAL CAIPIRA: A poética da concisão como


referência para o Design de Mobiliário

São Paulo
2020
2

Valéria Júlia Castellano

CULTURA TRADICIONAL CAIPIRA: A poética da concisão como


referência para o Design de Mobiliário

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso Técnico em
Design de Móveis da ETEC
Guaracy Silveira, orientado pelo
professor Ricardo Umada, como
requisito parcial para obtenção do
título de técnico em Design de
Móveis.

São Paulo
2020
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RESUMO

Na Antiguidade já havia bancos. No Egito Antigo, na Grécia ou no extenso império


Romano; bancos, cadeiras e poltronas já estavam presentes na origem do design e
estavam ligados à solução de problemas de funcionalidade, sendo um dos objetos
essenciais na vida cotidiana da humanidade.

Em sua história evolutiva o homem desenvolveu diversos artefatos para o sentar. No


emprego de sua emoção e criatividade, na expressão de sua identidade própria e
coletiva, nas conexões de sentido, enfim são valores centrais de toda cultura e se
refletem no design de mobiliário. E assim uma cadeira deixou de ser apenas uma
cadeira para se tornar a expressão da identidade e de um tempo.

Nessa pesquisa sobre as culturas tradicionais brasileiras foi possível conhecer um


pouco desse universo e traduzir sua expressão para o mobiliário de maneira a fazer
com que ele possa nos aproximar da nossa identidade. A escolha de bancos, cadeiras
e poltronas para o estudo foi uma ideia que se tornou bastante fértil ao mesmo tempo
que trouxe uma serie de desafios de compreensão de projeto. Mas o resultado foi
aparecendo ao longo do caminho e traduz a identidade brasileira do caipira paulista e
a inspiração de designers, arquitetos, artesãos, marceneiros que projetam no seu
tempo um Brasil carregado de diversidade e originalidade.

Palavras-chave: Cultura caipira, modo de viver, costumes, tradição, colonização


portuguesa, índio, cultura do povo, mobiliário, Lina Bo Bardi, marcenaria Baraúna,
sustentabilidade.
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ABSTRACT

In antiquity there were already benches. In Ancient Egypt, Greece or the extensive
Roman empire; benches, chairs and armchairs were already present at the origin of
the design and were linked to the solution of problems of functionality, being one of the
essential objects in the daily life of humanity.

In the evolutionary history, mankind developed several artifacts to sit down. In the use
of their emotion and creativity, in the expression of their own and collective identity, in
the connections of meaning, in short, they are central values of all culture and are
reflected in the design of furniture. And for this reason a chair has ceased to be just a
chair to become an expression of identity and a time.

In this research on traditional Brazilian cultures, it was possible to get to know a little
of this universe and translate its expression to furniture in order to make it closer to our
identity. The choice of benches, chairs and armchairs for the study was an idea that
became quite fertile and at the same time it brought a series of challenges in
understanding the project. But the result appeared along the way and reflects the
Brazilian identity of the São Paulo Caipira and the inspiration of designers, architects,
artisans, and woodworkers who project in their time a Brazil full of diversity and
originality.

Keywords: country culture, way of life, customs, tradition, Portuguese colonization,


Indian, people's culture, furniture, Lina Bo Bardi, Baraúna carpentry, sustainability.
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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ........................................................................................... 6

2.TEMA E CONCEITUAÇÃO ........................................................................ 7

2.1 Cultura Caipira ........................................................................................ 7


2.2 Lina Bo Bardi e o mobiliário brasileiro ..................................................... 10

3. PROCESSO DE CRIAÇÃO ....................................................................... 12

3.1 Painel conceitual ..................................................................................... 12

4. HIPÓTESES ............................................................................................. 14

4.1 Hipótese Mobiliário Comercial – Cadeira Arpoador ............................... 14

4.2 Hipótese Mobiliário Residencial – Cadeira Uma .................................... 15

4.3 Hipótese Mobiliário Lazer – Mesa Parnapuã ......................................... 16

4.4 Hipótese Mobiliário Urbano – Banco Guaraú ........................................ 17

4.5 Hipótese Mobiliário Sênior – Poltrona Oásis ......................................... 18

5. PROJETO ............................................................................................... 19

5.1 Desenhos Iniciais ................................................................................. 19

5.2 Desenho Técnico Executivo ................................................................ 21

5.3 Maquete Eletrônica ............................................................................. 22

6. PROTÓTIPO ......................................................................................... 24

6.1 Detalhamento das peças .................................................................... 27

6.2 Orçamento .......................................................................................... 28

7. CONCLUSÃO ....................................................................................... 29

Bibliografia ................................................................................................ 30
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INTRODUÇÃO

O caipira paulista surge na história brasileira como portador de uma cultura singular,
carregando em si muito da cultura europeia enquanto mantém os costumes de seus
antepassados indígenas. Tendo sua origem na miscigenação do índio nativo com o
português colonizador durante três séculos, o caipira paulista expõe uma cultura
própria e ao mesmo tempo procura se adaptar aos processos da globalização que
permeiam e definem a sociedade brasileira. Sua origem está ligada às incursões no
sertão paulista através de uma agricultura de subsistência e à formação de vilas e
aldeias que mais tarde se tornariam as grandes cidades. Com uma cultura tradicional
rústica, isto é, tradições que se ajustaram ao ritmo da urbanização e da modernidade,
pode-se compreender a noção da concisão no modo de vida (mínimo vital e mínimo
social), conforme considera Antonio Cândido (1987) em Os Parceiros do Rio Bonito.
Tendo como base de estudos os trabalhos escritos e a produção de mobiliário da
arquiteta Lina Bo Bardi, procurei compreender a relação entre a cultura popular e o
design não como fonte de inspiração para projetos de móveis, mas de maneira
processual em que se dialoga com a tradição brasileira e a cultura do povo, não de
forma idealista, mas de maneira a encontrar um caminho para o design de mobiliário
que identifique uma cultura que tem em seu processo histórico um caminho material
de concisão, sem deixar de expressar toda vida cultural brasileira.
7

2. TEMA E CONCEITUAÇÃO

2.1 CULTURA CAIPIRA

Caipira é um termo de origem tupi que designa, desde os tempos coloniais


brasileiros, os moradores da roça. A designação alcançou, sobretudo, populações da
antiga capitania de São Vicente (posteriormente capitania de São Paulo) que hoje são
os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Rondônia. O termo "caipira", no entanto, costuma
ser utilizado com mais frequência para se referir à população do interior dos estados
de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. Corresponde, em
Minas Gerais, ao capiau (palavra que também significa "cortador de mato", na região
Nordeste, matuto e na região Norte (Pará) caboco.

”Caipira picando fumo” de Almeida Junior de 1893.

Iniciada com o processo de bandeirismo no interior brasileiro, a cultura caipira compõe


elementos fundamentais na formação da identidade nacional por apresentar a
adequação dos costumes do europeu ao modo de vida rústico e autossustentável,
cujas práticas mostram as técnicas indígenas em suas mais variadas expressões
(cultivo do solo, vida social, gastronomia, música, organização de trabalho e seu
processo de relação com o meio ambiente).
8

A sociedade caipira tradicional elaborou técnicas que


permitiram estabilizar as relações do grupo com o meio (embora em
nível que reputaríamos hoje precários), mediante o conhecimento
satisfatório dos recursos naturais, a sua exploração sistemática e o
estabelecimento de uma dieta compatível com o mínimo vital – tudo
relacionado a uma vida social de tipo fechado, com base na economia
de subsistência. (Cândido, 1987, p. 36)

Parceiros do Rio Bonito de Antonio Cândido

Construção de moradia em pau-a-pique

A cultura caipira é elemento essencial para a formação da identidade nacional.


Nela se manifestam tanto a adequação do europeu ao solo brasileiro, como a
subsistência da cultura indígena durante a colonização portuguesa. O modo de vida
caipira inclui o fogão a lenha, o café feito no coador de pano, o leite ordenhado da
vaca, biscoitos de polvilho, rosquinhas, pães de queijo, broas, bolo de fubá, doces em

calda, etc. Objetos de antigamente reunidos no Musei do caipira


9

É uma cultura rica que durante muito tempo foi pouco estudada e tratada até
com preconceito devido a sua origem simples e ao modo harmônico de convívio com
as riquezas naturais da floresta. Num estudo mais apurado verifica-se que o caipira
herdou dos indígenas o domínio sobre as condições naturais do relevo brasileiro. O
conhecimento das ervas, madeiras e frutos são fundamentais para a subsistência no
sertão em sua biodiversidade. O caipira tem por característica a autossuficiência;
como o índio ele sabe fazer tudo o que precisa para viver. Ele caça, pesca, doma
animais e faz suas próprias moradias, além de cultivar a terra. Ele tem na religiosidade
uma forte tradição de festas e costumes. Esta herança dos jesuítas está presente em
várias manifestações culturais e populares no Brasil como as festas juninas.
Com o rápido avanço da tecnologia, da industrialização e da ideologia do consumo, a
cultura caipira original foi se extinguindo. Permanecem alguns costumes e tradições
como a culinária, o uso de plantas medicinais, a música, e o artesanato.

Cozinha caipira do museu Pe.Carlos Weis em Londrina.

Acervo de mobiliário e utensílios do Museu do caipira de Brotas,

SP

Móveis e utensílios do museu do caipira, Brotas


10

2.2 Lina Bo Bardi e o mobiliário brasileiro:

Em sua chegada ao Brasil, Lina Bo Bardi percebe a ausência de estudos no


campo do desenho industrial brasileiro. Para a sua geração, pós 2.a guerra mundial
na Itália, o design industrial aparecia como uma forma de liberdade: liberdade dos
homens da escravidão do trabalho pesado e das mulheres dos afazeres domésticos.
É com esse ideal que ela desenha e desenvolve mobiliário para o Sesc, para o Solar
do Unhão, para o MASP e para outras obras arquitetônicas as quais é responsável.
Lina trabalha com a simplicidade estrutural, fazendo estudos a partir das
madeiras brasileiras e procurando sempre atender a lógica da natureza humana da
ergonomia e da funcionalidade.

O Studio Palma, que Lina Bo Bardi e Giancarlo Palanti criaram na década de


50, enfatizava a importância e a necessidade do desenvolvimento de um mobiliário
nacional. Para isso usaram materiais naturais e populares como a madeira, a chita e
o couro. São exemplos de móveis desenvolvidos por ela seguindo as ideias da
introdução de formas racionais e dos materiais voltados ao clima brasileiro a “poltrona
tripé” (1948) de madeira torneada com assento e encosto em tecido removível, a
poltrona “preguiçosa” de cedro maciço com assento e encosto em sisal natural e a
“bardi Bowl” de 1951.

Cadeira em madeira compensada e chita


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Cadeira de cedro maciço com assento e encosto de sisal natural.

Cadeira tripé em madeira com assento removível em couro

Lina assume que a liberdade do Design Industrial que buscava no Brasil não
era a mesma a ser alcançada na Itália, país que havia sido arrasado pela guerra e que
buscava um modo de vida compatível com a industrialização. No Brasil era preciso
desenvolver um novo design, trabalhado em cima da cultura popular brasileira. Esse
interesse pela cultura popular não se restringe somente ao Nordeste. Houve também
um envolvimento com a cultura caipira do interior do Estado de São Paulo. Um
exemplo disso são as exposições dirigidas aos costumes do caipira que aconteceram
no Sesc Pompéia na década de 80.

“A série de móveis propostos para o concurso é constituída por um único


elemento base, desenhado de acordo com as observações feitas com os caboclos do interior
que ficam por horas a fio de cócoras. Neste hábito que vem dos índios o corpo assume uma
posição especial, e o móvel que corresponde a esta posição é o banquinho, muito usado
antigamente nas fazendas de café. Ao estudar a posição do corpo humano sentado no
banquinho ou de cócoras, pode-se observar a relação entre a curva do corpo sentado e a curva
inferior de perna correspondente ao joelho.” Renato Anelli apud Bardi, Lina Bo in Artezanato
industrial?
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3. PROCESSO DE CRIAÇÃO

3.1 Painel Conceitual:

Perspectiva – Mobiliário para quarto de


criança – Lina Bo Bardi- – Instituto Lina Bo e P.M.Bardi

Perspectiva de cadeiras de madeira natural


com pintura à cores e perspectiva de mesa pintada de grafite – Instituto Lina Bo e P.M.Bardi

Cadeira MASP 7 de abril (1947) Lina Bo Bardi


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banco caipira – Baraúna – projetado por Francisco Fanucci em 1988

”capitão” no banco caipira – foto de Marcelo Ferraz (1984).

Desenhada por Lina Bo Bardi em 1948


em parceria com o arquiteto Geancarlo Palanti - com estrutura de madeira de Cabreúva e assento de couro tipo
soleta.
14

4. HIPÓTESES
A pesquisa de mobiliário para o desenvolvimento do projeto se deu a partir de
algumas pesquisas de campo durante o curso. Foi realizada também uma pesquisa
aberta na internet para perceber qual mobiliário se fazia necessário nos diversos
setores; comercial, residencial, lazer, urbano e sênior.

4.1 Hipótese Mobiliário Comercial – Cadeira Arpoador


Com base na necessidade de organizar os espaços comerciais de serviço,
pesquisei a necessidade de se desenvolver um mobiliário que se adequasse
facilmente aos pequenos espaços e que pudesse ao mesmo tempo ser resistente e
leve para facilitar a locomoção. Complementarmente, a base da concisão no projeto
foi um dos pontos que norteou minha pesquisa e meu estudo das formas.

Esse modelo de cadeira que Lina Bo Bardi projetou para o auditório do Masp
(1947) revela sua praticidade através de sistema de dobra que facilita o empilhamento.
Assim, nos meus estudos iniciais procurei compreender os sistemas de dobra e os
materiais que seriam mais adequados na produção de uma cadeira que tivesse esse
duplo sentido de proporcionar conforto e ao mesmo tempo facilitar o trabalho de
armazenamento nos mais diversos ambientes comerciais, como; restaurantes, cafés,
bares e praças de alimentação.

Croqui da cadeira Arpoador


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Cadeira dobrável que se adapta às mais diferentes necessidades, funcional e


moderna.
Dimensões: A 78cm, L 44 cm, P 44 cm.
Materiais: Madeira maciça e couro.

4.2 Hipótese Mobiliário Residencial – Cadeira Una


Espaços reduzidos e muita funcionalidade é o que se tem em mente quando se
projeta um ambiente residencial. Numa sociedade que a escala de tudo diminui, é
preciso pensar no conforto e na ergonomia; na adequação do mobiliário ao indivíduo
que vive nesses espaços. Considerando esse momento de pandemia, mais do que
nunca a casa virou sinônimo de habitat permanente que precisa ser pensado de forma
a permitir uma integração do usuário com seu meio.

Cadeira Caipira: O Design Arte do Jundiaiense Lucas Neves

Reciclagem de materiais e o uso da renda brasileira no encosto da cadeira


foram itens que me inspiraram na criação de uma cadeira que pudesse usar os
materiais recicláveis como as sobras de madeira compensada da indústria de
mobiliário e o reuso do couro ou de tecidos para formar o encosto da cadeira.

Croqui cadeira Una

Cadeira de linhas sinuosas que acompanham as linhas dos rios da Juréia


(Barra do Una).
Dimensões: A 77 cm, L 38 cm, P 44 cm.
Materiais: Compensado laminado, madeira maciça de reuso, couro e tecido.
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4.3 Hipótese Mobiliário Lazer – Mesa Parnapuã


A nova casa com espaços integrados e de lazer permitem uma série de
vivências no ambiente. É o espaço ideal dos móveis multifuncionais e que trazem uma
ideia de liberdade e aconchego. Inspirei-me nessa peça clássica da marcenaria caipira
encontrado nas fazendas coloniais.

Banco colonial pelo marceneiro Eduardo Casa


Grande

Mesa multifuncional com prateleira e que permite colocar vasos de plantas em


suas laterais. Design em curva na base. Pode ser usada como banco ou mesa de
centro para varanda.

Croqui da mesa Parnapuã

Dimensões: A 48 cm, L 160 cm, P 40 cm.


Materiais: Compensado laminado e madeira maciça de demolição ou madeira
de reflorestamento..
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4.4 Hipótese Mobiliário Urbano – Banco Guaraú


Pesquisando o trabalho da Marcenaria Baraúna inspirei-me no banco
cachorrinho, clássico banco caipira, para projetar um banco que pudesse ser usado
nos parques e praças. O banco Cachorrinho é uma interpretação de um banquinho de
desenho anônimo encontrado numa fazenda no Vale do Paraíba em 1987. O móvel
procura resgatar a cultura popular brasileira e o jeito de sentar do caipira.

Banco caipira original (atrás) – e versão da Baraúna


– banco “cachorrinho”

No mobiliário urbano a cultura caipira é expressa por meio de peças rústicas e


robustas que facilitam a vida no dia a dia.

Croqui do banco Guaraú.

Dimensões: A 45 cm, L 160 cm, P 45 cm.


Materiais: Compensado laminado e madeira maciça de demolição ou madeira
de reflorestamento.
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4.4 Hipótese Mobiliário Sênior – Poltrona Oásis

Para o mobiliário sênior pesquisei o trabalho do arquiteto finlândes Alvar Aalto


que tinha como ideal tornar mais humana a arquitetura, o que significava para ele
alcançar um funcionalismo muito mais amplo do que puramente técnico. Em 1928,
Alvar Aalto ganhou um concurso para o projeto do Sanatório para tuberculose em
Paimio. A cadeira Paimio foi construída de 1929 a 1933. Sua preocupação com o bem-
estar dos pacientes, que em função da doença permaneciam longos períodos de
tempo sentados foi ponto norteador do projeto. Também por essa preocupação, a
poltrona 41 foi criada.

Cadeira Paimio 41 de Alvar Aalto

A cadeira de balanço Oásis foi projeta com a ideia de proporcionar um local de


relaxamento numa postura ergonomicamente confortável.

Croqui da cadeira Oásis.


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5. PROJETO

Após análise das hipóteses de mobiliário numa perspectiva mais ampla, a


cadeira Arpoador foi escolhida por sua funcionalidade e por incluir no seu projeto os
pressupostos da pesquisa do tema e subtema, bem como por abrir possibilidade de
criação e revisão de soluções já existentes no mercado.

Foi considerada a necessidade de organizar os espaços comerciais de serviço,


mas também se faz presente nos mais diversos ambientes residenciais, um mobiliário
que se adequa facilmente aos pequenos espaços e que pode ser ao mesmo tempo
resistente e leve para facilitar a locomoção. Assim, a base da concisão do projeto foi
alcançada em minha pesquisa e no estudo das formas e estruturas das cadeiras
dobráveis. Ao verificar o croqui original, percebi a necessidade de redesenhar a
estrutura da cadeira para permitir que o sistema construtivo se adequasse ao sistema
de dobras e a partir dessa ideia foram surgindo as soluções que serão apresentadas
a seguir.

5.1 Desenhos iniciais

Desenho inicial cadeira Arpoador - Sketchup


20

A partir desse estudo das cadeiras dobráveis foi preciso desenvolver um sistema que
fosse funcional. Nesse sentido foi escolhido um sistema de dobra e canaletas nas
laterais posteriores para que o assento pudesse correr através de pinos que se movem
à medida que a cadeira é aberta ou fechada.

Detalhe: sistema canaletas nas laterais

A partir desse estudo foram desenvolvidos outros croquis e por fim cheguei à seguinte
solução:
21

5.2 Desenho Técnico Executivo


22

5.3 Maquete Eletrônica

Perspectiva – imagem renderizada

Vista Lateral – imagem renderizada


23

Imagem renderizada – ambientação da Cadeira Arpoador


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6. PROTÓTIPO

Durante o processo de projeto foi executada uma maquete física da peça na


escala 1:10 com intuito de estudar as dobras da cadeira, testar as conexões e
visualizar os materiais e texturas. Foi utilizado material simples como retalhos de
couro, sobras de madeira balsa e palitos de sorvete, além de cola de contato e de
cianocrilato.

Início do processo

Montagem das peças


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Processo da montagem

Maquete final - vista perspectiva

Maquete final – vista lateal


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Maquete dobrável

Maquete da Cadeira dobrada


27

6.1 Detalhamento das peças


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6.2 Orçamento

IMAGEM Tipo Quantidade Medidas Especificações Valor TOTAL


unitário
Tábua de https://www.risso
2,5 m 2,5 x R$ 12,04 R$ 120,00
Madeira madeiras.com.br/
Cedrinho 20cm tabuas o metro (madeira e
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Serviço de corte,
R$ 150,00
torneamento da madeira
Couro Vaqueta https://www.luizc
Nobuck 1 peça R$ R$ 129,00
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Abufalado 129,00
cor Castor

Mão de obra
1 R$ 400,00
(Marceneiro)
Margem de Lucro (60%)
R$ 508,00
Valor de venda
R$
(R$ 847,76 + R$
508,00) 1355,76
29

7. CONCLUSÃO

O projeto de design de mobiliário engloba uma série de conhecimentos e


abordagens que fazem parte de um processo contínuo de aprendizagem. A
experiência de trabalho permitiu um amadurecimento dos conhecimentos
considerando as diferentes fases de idealização desde a conceituação, pesquisa,
desenho técnico, modelagem 3D, prototipagem, bem como compreender todas as
questões envolvidas para a concretização de um projeto. Foi possível compreender o
processo de seleção de materiais, escolha de insumos e ferragens, escolha da
madeira mais apropriada, elaboração de orçamento e da mão de obra especializada.

A partir desse projeto foi possível conhecer de maneira global o processo de design
de mobiliário desde a sua concepção inicial até a sua finalização e a partir dele criar
um espaço de elaboração que seja capaz de atender a demanda de produtos da área
de forma a oferecer soluções viáveis e criativas num universo em constante
desenvolvimento.
30

Bibliografia:

HUGERT, Mina W et alli, Marcenaria Baraúna: móvel como arquitetura, São Paulo,
Olhares, 2017.

O Popular no Design Brasileiro: Objetividade Caipira x Romantismo Artesanal em


https://revistaveneza.wordpress.com/2011/08/08/o-popular-no-design-brasileiro-
objetividade-caipira-x-romantismo-artesanal/ (acesso set2019)

Lina Bo e Mobiliário – texto de Liana Perz de Oliveira em


https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-20092010-
092353/publico/CristinaOrtega_LinaBoBardi.pdf (acesso set 2019)

O Brasil dos caipiras por Luis Carlos Jackson em


file:///C:/Users/valer/Downloads/25201-Texto%20do%20artigo-28925-1-10-
20120529.pdf (acesso set 2019)

O caipira - https://pt.wikipedia.org/wiki/Caipira (acesso set 2019)

CANDIDO, Antonio - Modo de vida caipira – em Parceiros do Rio Bonito, disponível


em https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/07/modo-de-vida-caipira-
estudado-por-antonio-candido-nao-existe-mais.shtml (set 2019)

O LUGAR DO CAIPIRA NO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO, Neusa de Fátima


Mariano, - Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona
[ISSN 1138-9788] Nº 69 (22), 1 de agosto de 2000.

SZEMSYK, Cristine Sayuri - Design de Alvar Aalto – Poltrona Palmio 41 em


http://www.cau.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2013/12/Chai41_CristineSayuri.pdf
(acesso em maio/2020).

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