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Literatura

Cultura
2022/2023
Portuguesa

DOCENTE: PAULO VASCO SALVADOR CORREIA

Autores:
N'doi Augusto Pereira
Miguel Camará
Maitana J. P. Rodrigues
Mamadu Baldé
Mimosa Ié
DE
ALJUBARRO
TA
Relatório
Literatura Cultura
Portuguesa

Autores:
N'doi Augusto Pereira
Miguel Camará
Maitana J. P. Rodrigues
Mamadu Baldé
2022/2023 Mimosa Ié
INTRODUÇÃO
Fez-se este trabalho com o escopo de
explicitar uma parte muito importante do
Canto IV (estâncias 28 a 45) da epopeia
"Os Lusiadas" de Luis Vaz de Camões.
A epopeia narra em relato os
acontecimentos históricos da decisiva
batalha (batalha de Aljubarrota) para a
independência de Portugual. Foi um
confronto entre os portugueses e os castelhanos, invasores do solo português,
comandado pelo heróico general português D. Nuno Álvares Pereira, O Condensável,
que esteve sob comando do seu Rei D. João I e os seus aliados ingleses depois de
acordo, entre o D. João I e a Inglaterra, de se defenderem mutuamente. Do lado
inimigo, estava os Castelhanos e os seus aliados franceses. A armada portuguesa
esteve com um número insignicante em relação a oposição, por isso, para derrotar o
inimigo teve de cautelosamente designando o local que a favorecia e também adaptar-
se as táticas de combate dos romanos. Foram feitos planos que provocaram a
desorganização dos castelhanos e uma precipitação que culminou com imediata perda
dos homens e uma caseira derrota.
Foi uma humilhante derrota para os Castelhanos por haver uma desproporcionalidade
significante entre partes em confronto. Estava do lado português 6000 guerreiros contra
uma média de 30.000 guerreiros da Castela.

Factos que originaram a batalha


Esta revolta que culminou numa feroz
batalha dos portgueses com os
castelhanos resultou-se da crise de
sucessão do poder do Reino de Portugal.
Pois, morre o Rei D. Fernando deixando a
D. Beatriz como a herdeira e a D. Leonor
Teles como a regente do Reino. Mas
antes de morrer assinou um tratado (Tratado de Salvaterra) com o rei D. João I. Acordo
que visa salvaguardar o Reino de Portugal. Casou a D. Beatriz e D. João I da Castela
tendo um filho e depois de completar 14 anos herdaria o Reino de Portugal.
Não agradou o povo português e muitos nobres serem governados por um estrangeiro,
sob comando de D. João I, Mestre de Avis, derrubaram a Nobreza portuguesa. Com o
medo da invasão do Rei da Castela, os portugueses pediram que o D. João I
governasse como um Rei para poder defender Portugal dos invasores e este por sua
vez escolheu o D. Nuno Álvares Pereira para comandar a armada.
2
EXTRUTURA DOS EPISÓDIOS DA BATALHA DE ALJUBARROTA

 Canto IV
 Estrofes (28-45)
 Oitavas
 Versos decassilábicos Dos/ mem/bros/ cor/po/rais/, da/ vi/da/ ca/ra.
 Rimas cruzadas e emparelhadas ABABABCC

Figuras históricas

D. João I – Mestre de Avis (1357-1433), foi o primeiro da Dinastia de Avis. Filho


ilegitimo do rei D. Pedro I, Casado com D. Filipa e tiveram 9 filhos.
D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431) foi cavaleiro português que vitoriosamente liderou
várias frentes portuguesa em destaque na Batalha de Aljubarrota.

Divisão em momentos na Batalha de Aljubarrota

 O sinal da trombeta (28-29) 1º momento

 Descrição da batalha (30-31)


 D. Nuno Álvares Pereira confronta os irmãos (32-33)
 Discurso de D. João I (37-38)
2º momento
 Morte dos irmãos de D. Nuno Álvares Pereira (39-40)
 Coragem dos guerreiros (39-40)
 Derrota dos Castelhanos (41)

 A fuga dos Castelhanos (42-44)


3º momento
 Festejos (45)

3
A BATALHA DE ALJUBARROTA
Canto IV 28 a 45

28 “Deu sinal a trombeta Castelhana, 32 “Eis ali seus irmãos contra ele vão
Horrendo, fero1, ingente2 e temeroso; (Caso feio e cruel!), mas não se espanta,
Ouviu-o monte Artabro,3 e Guadiana Que menos é querer matar o irmão
Atrás tornou as ondas, de medroso;4 Quem contra o Rei e a Pátria se alevanta.15
Ouviu-o o Douro e a terra Transtagana; Destes arrnegados16 muitos são
Correu ao mar o Tejo duvidoso; No primeiro esquadrão, que se adianta17
E as mães, que o som terríbil5 escutaram, Contra irmãos e parentes (caso estranho!),
Aos peitos os filhinhos apertaram. Quais nas guerras civis de Júlio e Magno.18

29 “Quantos rostos ali se veem sem cor, 33 “Ó tu, Sertório,19 ó nobre Coriolano,20
Que ao coração acode o sangue amigo! Catilina,21 e vós outros dos Antigos,
Que, nos perigos grandes, o temor Que contra vossas pátrias com profano22
É maior muitas vezes que o perigo; Coração vos fizestes inimigos:
E se o não é, parece-o; que o furor Se lá no reino escuro de Sumano23
De ofender ou vencer o duro inimigo Receberdes gravíssimos castigos,
Faz não sentir que é perda grande e rara Dizei-lhe que também dos Portugueses
Dos membros corporais, da vida cara. Alguns traidores houve algumas vezes.

30 “Começa-se a travar a incerta guerra; 34“Rompem-se aqui dos nossos os primeiros,


De ambas partes se move a primeira ala;6 Tantos dos inimigos a eles vão!
Uns, leva a defensão da própria terra, Está ali Nuno,24 qual pelos outeiros25
Outros, as esperanças de ganhá-la. De Ceita26 está o fortíssimo leão,
Logo, o grande Pereira,7 em quem se encerra Que cercado se vê dos cavaleiros
Todo o valor, primeiro se assinala: Que os campos vão correr de Tutuão:27
Derriba8 e encontra, e a terra enfim semeia Perseguem-no co’as lanças; e ele, iroso,
Dos que a tanto desejam, sendo alheia. Torvado28 um pouco está, mas não medroso29.

31 “Já pelo espesso9 ar os estridentes10 35 “Com torva30 vista os vê, mas a natura
Farpões,11 setas e vários tiros voam; Ferina31 e a ira não lhe compadecem
Debaixo dos pés duros dos ardentes Que as costas dê, mas antes da espessura
Cavalos treme a terra, os vales soam; Das lanças se arremessa, que recrescem:
Espedaçam-se as lanças, e as frequentes Tal está o cavaleiro, que a verdura32
Quedas co’as duras armas tudo atroam.12 Tinge co’o sangue alheio; ali perecem33
Recrescem os inimigos sobre a pouca13 Alguns dos seus, que o ânimo valente
Gente do fero Nuno, que os apouca14. Perde a virtude contra tanta gente.

1- Feroz; 2- Desmedida; 3- Cabo de Finisterra; 4- Medonho; 5- Terrível; 6- Vanguarda; 7- D. Nuno Álvares Pereira;
8- Abater, derrubar; 9- Grosso, denso; 10- Som agudo, penetrante; 11- Arma com ponta de ferro; 12- Som forte;
13- Pequeno número dos portugueses; 14- Diminuir, subtrair; 15- ir contra; 16- Traidores; 17- Avançar; 18-
Júlio Cesar e Pompeu Magno; 19- Sertólio traiu Roma ao se unir aos lusitanos; 20- General romano que se uniu aos
Volscos para assediar Roma; 21- Lider da célebre conspiração contra Roma denunciada pelo Cícero; 22-
Coração impuro; 23- Plutão deus dos infernos; 24- Genral português; 25- Pequeno monte; 26- Ceuta; 27-
Cidade de Marrocos; 28- Agitado, confuso; 29- que tem medo; 30- Perturbado, confuso; 31- Agitado; 32-
campo verde; 33- Perder vida, morrer. 34
36 “Sentiu Joane a afronta que passava
4
Nuno, que, como sábio capitão, O Mestre morre ali de Santiago,46
Tudo corria e via e a todos dava, Que fortissimamente pelejava;
Com presença e palavras, coração. Morre também, fazendo grande estrago,
Qual parida leoa, fera e brava, Outro Mestre cruel de Calatrava;47
Que os filhos, que no ninho sós estão, Os Pereiras48 também, arrenegados,
Sentiu que, enquanto pasto lhe buscara, Morrem, arrenegando o Céu e os Fados.48
O pastor de Massília35 lhos furtara,
41 “Muitos também do vulgo vil sem nome
37“Corre raivosa e freme36 e com bramidos37 Vão, e também dos nobres, ao Profundo,49
Os montes Sete Irmãos38 atroa e abala: Onde o trifauce Cão50 perpétua fome
Tal Joane, com outros escolhidos Tem das almas que passam deste mundo.
Dos seus, correndo acode à primeira ala: E, por que mais aqui se amanse e dome
— "Ó fortes companheiros, ó subidos39 A soberba do inimigo furibundo,51
Cavaleiros, a quem nenhum se iguala, A sublime bandeira Castelhana
Defendei vossas terras, que a esperança Foi derribada aos pés da Lusitana.
Da liberdade está na vossa lança!
42 “Aqui a fera batalha se encruece
38“Vedes-me aqui, Rei vosso e companheiro, Com mortes, gritos, sangue e cutiladas;
Que entre as lanças e setas e os arneses A multidão da gente que perece
Dos inimigos corro e vou primeiro; Tem as flores da própria cor mudadas.
Pelejai,40 verdadeiros Portugueses!’ Já as costas dão e as vidas; já falece
Isto disse o magnânimo41 guerreiro, O furor e sobejam as lançadas;
E, sopesando42 a lança quatro vezes, Já de Castela o Rei desbaratado52
Com força tira, e deste único tiro Se vê, e de seu propósito mudado,
Muitos lançaram o último suspiro.
43“O campo vai deixando ao vencedor,
39 “Porque eis os seus acesos novamente Contente de lhe não deixar a vida;
Duma nobre vergonha e honroso fogo; Seguem-no os que ficaram, e o temor
Sobre qual mais, com ânimo valente, Lhe dá, não pés, mas asas à fugida;
Perigos vencerá do Márcio jogo,43 Encobrem no profundo peito a dor
Porfiam; tinge o ferro o sangue ardente; Da morte, da fazenda despendida,53
Rompem malhas44 primeiro e peitos logo. Da mágoa, da desonra e triste nojo
Assim recebem junto e dão feridas, De ver outrem triunfar de seu despojo.54
Como a quem já não dói perder as vidas.

34- Sofrer uma fronta; 35- Região de Numídia; 36- Tremer; 37- Grito de um homem furioso; 38- Cadeia de
montes de Marrocos; 39- Alto, elevado; 40- Lutar, 41- Generoso; 42- Equilibrar, contrapesar; 43- Jogo de Marte,
guerra; 44- Armadura; 45- Rio que rodeava o inferno; 46- Ordem de cavalaria; 47- Ordem de cavalaria;
48- Figura mitlógica (deus), destino; 49- Sofrimento; 50- Cão de sete cabeças que guardava o inferno;
51- Enfurecido, irado; 52- Derrotado, aniquilado; 53- Falida, que gastou muito dinheiro; 54- despir-se dos bens.

40“A muitos mandam ver o Estígio Lago,45 44“Alguns vão maldizendo e blasfemando55
5 Em cujo corpo a morte e o ferro entrava. Do primeiro que guerra fez no mundo;
Outros a sede dura vão culpando Costumados no campo, em grande glória;
Do peito cobiçoso56 e sitibundo,57 Com ofertas depois e romarias60
Que, por tomar o alheio, o miserando As graças deu a quem lhe deu vitória.
Povo aventura às penas do Profundo,58 Mas Nuno, que não quer por outras vias
Deixando tantas mães, tantas esposas, Entre as gentes deixar de si memória
Sem filhos, sem maridos, desditosas. Senão por armas sempre soberanas,
Para as terras se passa Transtaganas.
45 “O vencedor Joane esteve os dias

55- Declaração absurda; 56- Ambicioso; 57- Que tem muita sede; 58- Sofrimento, inferno; 59- infeliz, infortuno;
60- Perigrinação religiosa.

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ANÁLISE INTERNA

A BATALHA DE ALJUBARROTA
Deu-se por iniciar a batalha com o sinal da trombeta Castelhana. Esta que consigo
traduzia o horror, temor, violência. Todo este som que expressava o medo foi ouvido
pelo monte Artabro, Guadiana, rio Douro, rio Tejo, terra Transtagana e com toda aflição
nos corações foi também ouvido pelas mães que tanto temiam pela vida dos seus
filhinhos. Na multidão que ali estava não se distinguia o português do inglês, pois todos
estavam determinados em defender o amigo sem exceções.
- D. João I apercebeu-se da aflição com que deparava o Nuno Álvares Pereira "o
Condensável" como sábio capitão, nisto ficou aflito aparentando uma feroz leoa que
perdeu os filhotes, depois de parir, para um salteador, este pondo em brava busca. Ele,
em rodeio dos soldados, corria furioso, até fazendo tremer os montes, preocupado e
animando-os com palavras encorajadoras. Toda a correria do D. João I e os gritos
furiosos de guerra abalavam até aos montes Sete Irmãos, situada no norte da África, e
o João com os soldados por ele destacados e formados para a batalha acudia a
primeira ala.
D. João I em suas encorajadoras palavras disse: - Ó bravos e honrados guerreiros,
que a nenhum se iguala, defendam as vossas terras, pois a vossa esperança e a do
povo português está na vossa lança; - Olhem para mim, vosso Rei, e companheiro no
campo da batalha, que percorre todo o perigo das lanças e flechas inimigas para atingir
ao lado dos portugueses os primordiais objetivos de os libertar.
Estão ali os vossos irmãos (traidores) que lutam do lado contrário. Destes traidores,
muitos estão na primeira fila que avança contra vocês, como aconteceu na Guerra entre
Júlio César e Pompeu Magno, mas não os temam, pois é também inimigo do Rei e da
pátria quem poupar a vida deles.
O Sertório, Coroliano e Catalina, com os seus infieis corações, uniram-se à nação
estrangeira e lutaram contra Roma (sua pátria) e isto mereceu-os um gravíssimo
castigo no inferno como algumas vezes aconteceu aos traidores portugueses.
Sabe-se que nos grandes perigos o susto ou pavor é maior que o perigo, ou
geralmente, semelhante, mas o entusiasmo que o povo português tinha para agredir e
vencer o inimigo levou-os a não medirem as consequências da perda dos membros
corporais ou das suas vidas.
Iniciou-se a incerta batalha onde as partes em confronto moviam-se. Abre-se à
vanguarda portuguesa para facilitar à entrada dos inimigos. Dentre os guerreiros
presentes no campo, uns tinham em mente defender a sua terra e outros esperançosos
em ganhá-la. O ar começou a traduzir o barrulho das espadas, farpões ou lanças, estes
que em confrontos produziam sons fortes quando cruzadas com as do inimigo e quando

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caíam por terra, flechas dos arqueiros que sobrevoavam o céu e cavaleiros com os
seus cavalos em movimentos faziam tremer a terra e hesitavam em barrulho os vales.
Nuno, o fortissimo Leão, a quem o povo português acredita a sua esperança, estava
parado na colina cercado pelos cavaleiros com lanças que correm a planície de Tutuão,
um pouco agitado e cheio de íra, mas sem medo estava. Cheio de raiva e com uma
vista fusca pela não facilitação da natureza (ambiente da batalha) impõe o seu valor
virando a lança quatro vezes e com toda força atirou-a ao solo numa única vez e muitos
castelhanos caíram mortos. Partiu-se com toda a bravura contra os cavaleiros e
derramou muito sangue inimigo, que recresce, no campo verde.
Os soldados, vendo este acontecido, ganharam a coragem e com ânimo valente parte
partiram para cima, sem dó de perder e tirar as vidas, e entre si se disputando em quem
mataria mais soldados e de forma violenta possível. Nisto, ceifavam-nos tirando
primeiro as armaduras para depois romper os peitos. Mandam os mortos para o Estígio
lago (inferno pagão).
Nessa altura, a batalha tornou-se feroz com mortes, gritos, sangue e catanadas.
Morrem os castelhanos e também morreram portugueses que tinham ânimo valente,
mas que não sobreviveram os inúmeros inimigos.
Nesta batalha morre Santiago, o fortíssimo guerreiro que lutava bravamente deixando
estragos, morre o mestre de Calatrava e também os Pereiras traidores morrendo
zangando a crença Cristã e aos Fados. Morre os nobres e muitos desconhecidos indo
direto ao lugar onde perpetua o sofrimento (inferno) guardado pelo o trifauce Cão (Cão
de três cabeças, guarda da porta). Em jeito de humilhar o inimigo orgulhoso e já
dominado foi derrubada a bandeira Castelhana e erguida a portuguesa.
De costas viradas para o chão, sem vidas e cores morre muita gente pintada de
sangue, cessam as fúrias e restam as lanças. O Rei de Castela foi derrotado e pereceu
o seu propósito de conquistar Portugal.
Os Pereiras perseguiram e mataram o resto do inimigo, desonrado e triste por ver o
outrem triunfar, que deu numa rápida fuga deixando para trás toda a riqueza.
Findo a batalha, os lusos que com toda a vontade tinham de matar o inimigo
começaram a lamentar e falando mal dos péssimos rastros que a guerra sempre deixa.
Também blasfemaram os corações ambiciosos dos Reis que levam muitos homens à
guerra, mortes e condenações infernais. A batalha deixou muitos filhos, mães e
esposas solitários e infelizes. O Nuno, vencendo as terras, semeia o que deseja,
mesmo sendo do gosto ou não do inimigo. Ele que tanto não quer glórias para si, a não
ser deixar aos portugueses memórias vitoriosas, partiu para as terras além do Tejo
deixando o Rei que esteve no campo três dias, como o habitual depois da batalha,
dando glória ao vencedor em festa e romarias.

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ANÁLISE EXTERNA

Já/ pe/lo/ es/pe/sso ar/os/ es/tri/den/tes -------------------- A


Far/pões,/ se/tas/ e/ vá/rios/ ti/ros/vo/am ------------------- B
De/bai/xo/ dos/ pés/ du/ros/ dos/ ar/den/tes --------------- A
4 6 8 10 Cruzadasp
Ca/va/los/ tre/me a/ te/rra, os/ va/les/ so/am -------------- B
Es/pa/da/çam-/se as/ lan/ças/ e as/ fre/quen/tes --------- A
Que/das/ co' as/ du/ras/ ar/mas/ tu/do a/tro/am ---------- B
Re/cre/cem/ os/ i/mmi/gos/ so/bre a/ pou/ca --------------- C
Emparelhadas
Gen/te/ do/ fe/ro/ Nu/no/ que os/ a/pou/ca ------------------ C

Legendas
Figuras de linguagem sonoras:

Aliteração – repetição dos sons consonânticos.


Assonância – repetição dos sons vocálicos.
Obs: Subentende-se a figura de linguagem onomatopeica (consiste na imitação do som ou da voz natural
dos seres) o barrulho das espadas, farpões, gritos, lanças e andar dos cavalos proporcionado pelo
ambiente da batalha. (Estância 31)

Os fenómenos:
Sáfico – quando a tonicidade recai na 4ª, 8ª e na 10ª sílaba métrica.
Heróico – quando a tonicidade recai na 6ª e 10ª sílaba métrica.
Sinalefa – quando a vogal do fim da palavra transforma numa semivogal formando um ditongo
com a vogal que inicia a palavra seguinte.
Ectlipe – quando a vogal do fim da palavra é nasal, perdendo a sua nasalidade para formar
um ditongo com a vogal que inicia a palavra seguinte.

Categorias da narrativa
O narrador é heterodiegético (Vasco Da Gama a pedido do narratário Rei de Melinde),
por não ter nenhuma participação na história e por traduzir o ambiente da batalha,
sentimentos e emoções dos guerreiros torna-o omniciente. É subjetivo porque, nos
versos 3 a 8 (estância 28), deu a sua opinião tranduzindo por além as formas como os
seres inanimados (Artabro, rio Douro e Tejo, terra Transtangana e Guadiana)
experienciaram o sopro da trombeta.
As personagens principais foram o D. João I rei de Portugal e D. Nuno Álvares Pereira
e as secundárias, em simultâneo modeladas, foram os soldados por vários momentos
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alterarem as suas emoções ou sentimentos (de medo a coragem), tudo isso depois do
discurso do D. João I e também as suas blasfêmeas sobre os desastrosos resultados
que a guerra sempre trás.
O tempo detetado na narrativa foi o histórico (14 de agosto de 1385) e o espaço onde
desenrolou a batalha foi em Aljubarrota e por conhecer o destino de cada elemento
presente nessa batalha, concluiu-se numa ação fechada.

FIGURAS DE LINGUAGEM
Na estância 43, primeiro verso, destaca-se a enumeração, enumerou-se
"Da morte, da fazenda despendida,
Da mágoa, da desonra e triste nojo."

"Deu sinal a trombeta Castelhana/Horrendo, fero, ingente e temeroso. No verso,


Camões adjetivou as representações sonoras da trombeta.
Ainda na mesma estância destaca-se a personificaçao ou animismo dando aos seres
inanimados características dos animais:
"Ouviu-o o monte Artabro, Guadiana,/ o Douro e a terra Transtangana./ Correu ao
mar o Tejo duvidoso;"
O eu lírico exagerou dizendo que cada ataque perpetuada pelo Álvares matava muitos
Castelhanos, que na realidade percebe-se que é impossível matar muitas pessoas num
só ataque de lança: "Com força tira, e deste único tiro/Muitos lançaram o último
suspiro."
O poeta metaforizou o Álvares a um fortíssimo leão, cercado e perseguido pelos
cavaleiros castelhanos, mas não tinha medo deles. Ação este que compara a bravura
do Nuno com a dum Leão que procurava os seus filhos roubado por um pastor sem
particula comparativa:
Está ali Nuno, qual pelos outeiros
De Ceita está o fortíssimo leão.
(Estância 34)
Qual parida leoa, fera e brava,
Que os filhos, que no ninho sós estão,
Sentiu que, enquanto pasto lhe buscara,
O pastor de Massília lhos furtara.
(Estância 36)

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Na estância 32, Camões metaforizou, ou seja, comparou os portugueses que lutaram
contra à pátria sem a particula de comparação, aos romanos que lutaram contra na
batalha de Júlio e Magno.
Na mesma estrofe, último verso, vê-se a inversão direta dos elementos da construção
frásica (figura de linguagem hipérbato ou anástrofe):
"E as mães que o som terribil escutaram
Aos peitos os filhinhos apertaram."

O poeta usou a apostrofe para dar ênfase, chamar ou interpelar a uma pessoa ou coisa
que pode ser real ou imaginária, ausente ou presente nos seguintes versos:
"Ó tu, Sertório, ó nobre Coriolano."
(Estância 33, primeiro verso)

"Ó fortes companheiros, ó subidos."


(Estância 37, quinto verso)

O eufemismo foi usado na estância 33 e 40 para suavizar o inferno e o lago de sangue


dos mortos.
"Se lá no reino escuro de Sumano.
A muitos mandam ver o Estígio Lago."

Percebe-se da períftrase como a figura de linguagem que substitui ou designa um ser


através de outras caraterísticas ou atributos.
"Os Pereiras também, arrenegados. Estância 40, sétimo verso.
Do peito cobiçoso e sitibundo." Estância 44, quarto verso.

A anáfora foi a figura destacada nos versos 2 e 3 da segunda estância por repetições
dos termos no início de cada verso ou frase.

"Que ao coração acode o sangue amigo!


Que, nos perigos grandes, o temor."

11
CONCLUSÃO
O canto IV (28 a 45) interpreta uma
bélica batalha que, definitivamente,
ditou a independência de Portugal.
Frente a frente estavam um D. João I
que defendia o território português e D.
João I, rei de Castela, invasor.
Diz a tradição que o povo da zona de
Aljubarrota foi responsável pela vitória
portuguesa. Assim, conta-se que uma

padeira, Brites de Almeida, chefiou um


grupo de populares que perseguiu os
espanhóis que fugiam da batalha.
Nessa noite, ao regressar a casa, terá
encontrado sete espanhóis escondidos
no seu forno. Pegou, então, na sua pá
do forno e bateu-lhes e matou-os a
forno.
A mando de D João I foi construído o
Mosteiro de Santa Maria da Vitória
numa promessa feita à virgem, caso
vencesse a batalha de Aljubarrota. As
obras iniciaram--se no ano seguinte
(1386) e prolongaram--se até ao
século XVI.

AGRADECIMENTO

Agradecemos ao Docente Paulo Vasco Salvador Correia da forma como confiou este
trabalho ao nosso grupo. Trabalho este que interpreta um dos exuberantes episódios da
epopeia, Os Lusiadas, de Luis Vaz de Camões. Nossa gratidão pela oportunidade de
experienciarmos e compartilharmos as melhores sensações interpretativas.
O melhor agradecimento não passa pelas palavras, mas sim pelas ações.

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IMAGENS

Caio Coriolano General romano que


Tática usada pelos portugueses se uniu aos Volscos para assediar Sertólio general que traiu Roma
Roma ao se unir ao Caio.

Marte, deus da guerra e o Cão Catilina, denunciado por Cícero sobre


trifauce, que vigia o inferno a sua traição Pompeu, Júlio Cesar e Crasso
Estígio lago Romaria, perigrinação religiosa de devoção

Ceuta
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://www.jf-aljubarrota.pt/pt_pt/history/batalha
https://pt.slideshare.net/lurdesmartins1/batalha-de-aljubarrota
https://ensina.rtp.pt/artigo/batalha-de-alljubarrota-documentario/
https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/batalha-de-aljubarrota
Ser em novo português, 2008, pág. 208 a 212.
Paulo Vasco Salvador Correia (Entrevista)

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