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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

UTILIZAÇÃO DOS MICRORGANISMOS NA RECUPERARAÇÃO


DE ÁREAS DEGRADADAS POR MINERAÇÃO NO ESTADO DO
PARÁ

LIMA, Maria Luisa Freitas Rodrigues1


NASCIMENTO, Letícia Gama.2
PINTO, Suellem Gomes3

Resumo: Neste artigo, é abordado acerca das áreas degradadas no estado do Pará, que
as quais são afetadas pela prática de atividades mineradoras, as quais são caracterizadas
pela retirada de determinado minério do subsolo e são responsáveis pela erosão do solo,
destruição da cobertura vegetal e alterando o ecossistema ambiental. Discorrer acerca da
importância microbiana como restauradora das áreas degradas pela mineração. O
método de pesquisa consiste na revisão bibliográfica pela qual, o domínio sobre as
informações acerca dos impactos gerados pela atividade de mineração, os resultados
foram obtidos por meio de experimento realizado no estado de Minas Gerais. Logo, é
evidente a presença imprescindível da biorremediação em prol da recuperação das áreas
degradadas.
Palavras-Chave: Minério. Áreas degradadas. Microrganismos.

1
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA-UFRA
Graduanda em Engenharia Florestal
2
Graduanda em Engenharia Florestal
3
Graduanda em Engenharia Florestal, suellemgomes92@gmail.com.
2

1. INTRODUÇÃO
No Brasil, desde o final da década de 80, as empresas especializadas em mineração que
geram resíduos sobre o meio ambiente são obrigadas pela legislação, a criar programas
de restauraçao florística das áreas aatingidas, a revegetação dessas áreas é
imprescindível para alcançar um desenvolvimento sustentável e necessita acontecer
desde o estabelecimento das atividades extrativistas até um período após o
encerramento dessas atividades, em razão de recuperar aquela área atingida (Motta Neto
et al., 1994).

A atividade de extração de recursos minerais, embora imprescindível para o mundo


moderno, gera uma grande variedade de subprodutos e rejeitos que diferem quanto a
seus atributos biológicos, químicos e físicos. A atividade mineradora, particularmente,
promove um forte impacto sobre o ambiente com conseqüências danosas para as
comunidades vegetais e microbianas do solo (Pfleger et al., 1994) de tal maneira que
este ambiente alterado não consegue retornar ao seu estado original por meio de seus
próprios meios naturais. Os efeitos locais são aqueles que afetam mais especificamente
o meio ambiente, como a poluição e contaminação por graxas e substâncias tóxicas
lançadas em determinada região, além dos ruídos, poeiras e minérios em suspensão
(BARBIERI et al., 1997).Estes impactos precisam ser minimizados com a adoção de
medidas intervencionistas que visem restaurar as condições originais de equilíbrio
desses ambientes danificados (FILHO, 2004).

No estado do Pará, nas cidades de Paragominas e Marabá, ocorre um número expressivo


de obras e pontos de exploração de recursos naturais. Em decorrência desses avanços,
acontece uma alta degradação dos solos, devido à atividade de mineração, os grupos
funcionais presentes no solo passam por um decréscimo de sua população, pois o solo é
alterado devido a diversos fatores, como desmatamento, remoção da camada superficial
do solo e intenso revolvimento (Sawada, 1996), tornando a área explorada um ambiente
inóspito para microrganismos e plantas. Dessa maneira, pode haver perda de
fertilidade e favorecimento da sua compactação. Ao longo da extração de minérios, os
solos podem ser contaminados, como é o caso das minerações de bauxita e argila.

A população microbiana do solo exerce papel fundamental para o perfeito


funcionamento do sistema solo-planta, especialmente nos ecossistemas naturais onde a
fertilidade do solo depende, quase que inteiramente, dos processos microbianos

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(Siqueira et al., 1994). A recuperação dessas áreas vai depender, dentre outros fatores,
de uma microbiota ativa, já que este é um componente chave na manutenção de um
ecossistema em equilíbrio, em virtude de sua participação na ciclagem de nutrientes e de
mudanças físico-químicas necessárias para a formação de uma camada propícia ao
enraizamento e crescimento das plantas.

Dessa maneira, a biorremediaçao é uma alternativa como uma opção para propiciar a
destoxificação do local ou a remoção de elementos contaminantes do solo. A estratégia
de biorremediação é caracterizada pela utilização de processo ou atividade biológica por
meio de organismos vivos (micro-organismos e plantas), que possuam a capacidade de
alterar ou decompor determinados poluentes, transformando, assim, contaminantes em
substâncias inertes (Jacques, 2010).

Sendo assim, o presente trabalho apresenta as áreas degradadas e os impactos causados


ao meio ambiente por essa atividade de extração no estado do Pará pela retirada de
bauxita, no município de Paragominas e argila no município de Marabá. A técnica da
biorremediaçao pode ser empregada em áreas que sofreram com a mineração, como
exemplo, a mineradora de Ferro no município de Mariana, no estado de Minas Gerais
que teve como o objetivo a recuperação do esse local danificado pela ação antrópica e
garantir uma vegetação natural nessa área afetada.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Para a produção do artigo, foi realizado o levantamento de dados por meio de


dissertações, revistas, lei federal e artigos científicos sobre as consequências da
mineração ao meio ambiente, a ação dos microorganismos no solo e medidas de
recuperação das áreas degradadas. Em virtude da ausência de atividades práticas em
campo, a utilização dos resultados feitos por estudos referentes ao município de
Mariana, local onde encontram-se vários depósitos naturais de minério de ferro, entre
eles foi escolhido um depósito para fazer avaliação do impacto gerado pela atividade
extrativista. Foram avaliados diferentes solos ou substratos, resultante da atividade
operacional de lavra. O experimento visa analisar a atividade microbiana, número de
esporos de fungos micorrízicos arbusculares e população total de fungos e bactérias. As
amostras dos materias coletados nos sítios analisados foram: rejeito de flotação (RJ),
solo superficial (SS), subsolo (Ss), subsolo com vegetação (SSV), área em

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revegetação(AR)e Mata secundária(MS). Primeiramente, foi feita uma limpeza para


retirada da vegetação presente no local foi retirada as amostras do solo com uma
ferramenta inchada e pá reta na profundidade de 10-25 cm. Foram coletadas oito
amostras de cada sítio, na quantidade de 1 kg, em seguida foram adicionados em sacos
plásticos e deixados com a umidade natural, por um tempo de 48 horas, após os dois
dias foi utilizada uma peneira de malha de 4 mm de abertura para homogenização de
cada amostra,foi retirada 100 g para o ensaio de atividade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em virtude da atividade mineradora, o ecossistema é alterado. Dessa forma, é
fundamental a diminuição dos impactos sobre a biodiversidade e o acompanhamento
desses impactos pelos órgãos competentes do setor. Além disso, a mineração e
atividades relacionadas acontecem regulamente em terras indígenas, ou próximas das
comunidades, necessitando frequentemente o acesso a grandes extensões de terra e água
o que intensifica mais a sua responsabilidade com os recursos naturais alterados
(WORD ALUMINIUM, 2018).
A bauxita é um composto mineral de óxido de alumínio, contendo material heterogêneo
formado de alumínio hidratado mais impurezas. Sua ocorrência acontece,
principalmente, em clima tropical, mediterrâneo e subtropical (CONSTATINO et al.,
2002). No Pará, no município de Paragominas, a mineração é realizada a céu aberto,
após a remoção da cobertura vegetal. A redução da vegetação, da fauna e da camada
fértil do solo, são consequências notórias em um ambiente após a extração de recursos
minerais (MENDES FILHO, 2004).
Nesta perspectiva, mesmo com o dever de reparação das áreas por parte das
mineradoras, positivado no parágrafo 2° do artigo 225 da Constituição, “aquele que
explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.”
Ainda é grande a presença de empresas que não cumprem com a lei e continuam
degradando o meio ambiente. Milioli (1999) considera que durante o processo de
exploração na mineração todas as etapas apresentam potenciais consequências para o
meio ambiente. As etapas deste processo, segundo o autor, são: exploração,
desenvolvimento, extração, beneficiamento, processamento metalúrgico e recuperação.
Logo, com o risco iminente de danos ao meio ambiente, a necessidade de cumprir a lei é
acentuada.

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A presença de substância orgânica e de seus nutrientes, não são facilmente encontrados


em terras mais degradadas, por conseguintemente, diminui a presença de nutrientes, já
que esta é a principal fonte de nitrogênio (N) presente no solo (WONG, 2003). Assim
sendo, solos originários de atividade mineradora tornam-se um meio adverso para a
presença de microrganismos remediadores e são caracterizados por uma ampla gama de
problemas no estabelecimento e na manutenção da vegetação, porque dependendo do
tipo da exploração mineraria, as propriedades físico-químicas podem contaminar o solo,
o que acarrenta na inibição dos processos de formação do solo e crescimento da
vegetação. Além de concentrações elevadas de alguns elementos, outros fatores
abióticos podem ser limitantes na remediaçao do solo degradado, como a ausência de
solo superficial, o qual representa a camada mais fértil no perfil do mesmo; estação
prolongada de seca; compactação; grandes flutuações de temperatura; ausência de
materiais finos formadores de solo; e escassez de nutrientes (WONG et al., 1999).
No Pará, no município de Marabá, devido à extração de argila e os depósitos de rejeitos
oriundos da mesma, as formas de relevo locais são alteradas, resultando numa série de
outras alterações indiretas como no caso dos processos morfológicos presentes, que
envolvem mudanças de direção de fluxos das águas de escoamento superficial, fazendo
com que as áreas que estão dominadas pelos efeitos erosivos se transformem em
ambientes de deposição ou vice-versa (ANJOS et al., s/d apud COLTURATO, 2002).
Com a expansão da atividade de mineração de argila, importante recurso mineral, pode
causar alterações na paisagem e nas formas de relevo e, consequentemente, a
necessidade de recuperar essas áreas afetadas. A intervenção antrópica no relevo
terrestre, quando desenvolvida sem levar em consideração os aspectos
conservacionistas, pode acelerar o processo de degradação ambiental.
A argila é extraída geralmente a céu aberto, devido aos depósitos sedimentares estarem
situados próximo à superfície, cobertos por camadas de solo de pequena espessura. O
método mais utilizado para tal é o de lavra, que consiste no desmonte mecânico das
camadas de argila por tiras ou cavas semicirculares. Para ser realizada a exploração
mineral, a vegetação deve ser eliminada no começo das atividades de lavra. Em relação
ao solo, é retirado os horizontes A e parte do B, pois o material de interesse se encontra
próximo ao horizonte C e uma parte no B. Assim, a superfície do solo fica mais exposta
à ação do impacto das gotas de chuva, o que contribui na modificação de suas condições
físicas, induzindo o processo de compactação do solo e alterando a rugosidade

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superficial, a porosidade e a taxa de infiltração da água. (ALBUQUERQUE, 2002;


REGENSBURGER, 2004).
Dessa maneira, a biorremediação se destaca por aperfeiçoar os processos que já ocorrem
naturalmente. Os microrganismos presentes nas áreas contaminadas são resistentes às
condições alteradas pelos poluentes, e muitas das espécies têm mecanismos para
transformar ou incorporar o contaminante. Na região de Mariana (MG) foi feito o
experimento,e teve como resultado as amostras do material da área secundária, mesmo
com o impacto antrópico sofrido , é considerada a sua Regeneração natural através de
espécies de vegetação rasteira ,mas apesar disso ,não atinge o equilíbrio natural antes
presente nessa área. Portanto, experimento mostrou a presença de maiores populações
de microrganismo encontradas nessa área, por outro lado, no rejeito não é encontrada a
presença de fungos em virtude do elevado valor do PH. SS e AR, correspondem a
camada superficial de solo apresentando baixo teor de carbono orgânico e nitrogênio 1
resultado abaixo em comparação a área de Mata secundária isso se dá devido ao longo
tempo de armazenamento dessa camada superficial no que resultou na decomposição de
carbono orgânico e perda por lixiviação do nitrogênio após o processo de mineralização.
Com isso, foi encontrado apenas um pequeno número de esporos de FMA e também
não conseguiu retornar ao seu estado original. (TRINDADE, A. et AL.200)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade mineradora da argila e da bauxita, apesar de contribuírem para a economia
estadual, causam diversos impactos ao habitat natural que cercam a região do estado do
Pará, devido a introdução da mineração e por mau planejamento realizado pelas
empresas que buscam somente a obtenção de recursos minerais,e não agem com
compromisso ambiental e legal de recuperação ambiental. Ainda nessa conjuntura, fica
clara a importância da biorremediação. Todavia, não há no estado do Pará a
consolidação de programas de biorremediação direcionada para a recuperação desses
ambientes impactados. Logo, a consequência desse fato está direcionada com a
diminuição da qualidade ambiental e futuramente serão encontrados problemas para o
crescimento da vegetação. Conclui-se que os microrganismos são fundamentais para
que determinado solo consiga restaurar seu equilíbrio ecológico.
5. REFERÊNCIAS
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