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GUIA DIDÁTICO

VAMOS REFLETIR
SOBRE O
BULLYING?
Por uma cultura de respeito ao
diferente

Nara de Carvalho e Silva


José Espínola da Silva Júnior
Elza Ferreira Santos
Nara de Carvalho e Silva
José Espínola da Silva Júnior
Elza Ferreira Santos

Vamos refletir sobre


o Bullying?
Por uma cultura de respeito ao
diferente

Guia Didático
Ministério da Educação
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnológia de Sergipe

Presidente da República
Jair Messias Bolsonaro

Ministro da Educação
Milton Ribeiro

Secretário de Educação Profissional e Tecnológica


Tomás Dias Sant'Ana

Reitora IFS
Ruth Sales Gama de Andrade

Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão


Chirlaine Cristine Gonçalves

Aracaju

2021
Guia Didático
Vamos Refletir sobre o Bullying?

Por uma cultura de respeito ao diferente

Ficha Técnica

Elaboração, projeto gráfico e diagramação: Nara de Carvalho e Silva

Orientação: Prof. Dr. José Espínola da Silva Júnior

Coorientação: Profª. Dra. Elza Ferreira Santos

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative

Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

Aracaju

2021
Lista de Figuras

Figura 1: Esquema da Sequência Didática...............................................18

Figura 2: Esquema da Sequência Didática “Vamos refletir sobre o


Bullying?"...................................................................................................19

Figura 3: Texto “Bullying”.........................................................................24

Figura 4: Vídeo “Bullying: o que é e como diminuí-lo”............................24

Figura 5: Questionário da Dinâmica de Grupo “Abrigo Subterrâneo”....28

Figura 6: Personalidades correspondentes aos perfis listados no


questionário da Dinâmica de Grupo “Abrigo Subterrâneo.....................29

Figura 7: Slide de apresentação no PowerPoint das personalidades


listadas na Dinâmica de Grupo “Abrigo Subterrâneo”............................30

Figura 8: Texto “Preconceito”...................................................................31

Figura 9: Vídeo “Fama, fé e fortuna - Diversidade e Tolerância


ativa".........................................................................................................31

Figura 10: Vídeo “Diversidade – poesia de Bráulio Bessa”.......................33

Figura 11: Notícia “Negra e adotada, garota de 12 anos é alvo de bullying


em três escolas de BH.............................................................................36

Figura 12: Vídeo “Preconceito e Discriminação nas escolas”..................37

Figura 13: Vídeo “Bullying – uma conversa sobre perdão".......................38

Figura 14: Vídeo "Liberdade de Ser".......................................................42


Lista de Abreviaturas e Siglas

IFS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe

ProfEPT - Programa de Mestrado Profissional em Educação Profissional e


Tecnológica

SD - Sequência Didática
Sumário

Apresentação..............................................................................................7
Introdução..................................................................................................8
1 Contextualizando a nossa proposta.........................................................11
1.1 Bullying: conceito, características e especificidades..............................11
1.2 Combate e prevenção por meio da educação........................................14
2 Sobre a Sequência Didática.....................................................................17
2.1 Sequência Didática: Vamos refletir sobre o Bullying?..........................20
2.1.1 Apresentação da Situação.................................................................20
2.1.2 Produção Inicial.................................................................................22
2.1.3 Módulo I - Bullying: conceito, características e especificidades........23
2.1.4 Módulo II - Bullying e preconceito: vamos refletir sobre a
intolerância à diversidade?.......................................................................27
2.1.5 Módulo III - As consequências do bullying e do cyberbullying: e se
fosse com você?.........................................................................................34
2.1.6 Produção Final - Juntos no combate ao Bullying!.............................40
3 Pra Finalizar...........................................................................................44
Referências................................................................................................45
Apresentação

A escola é um importante espaço de formação e socialização do indivíduo. Através da


interação social o aluno produz conhecimentos e se apropria deles, assim como desenvolve a
consciência de si, do outro e do mundo. O bullying¹, frequentemente presente no ambiente
escolar, insere-se como elemento deletério das relações sociais no espaço escolar,
prejudicando o processo de formação dos sujeitos. Os impactos negativos ocasionados por
esse comportamento agressivo impõem à escola a necessidade de desenvolver ações
educativas, com o intuito de combater e prevenir esse tipo de violência e resguardar o bem-
estar e o bom desenvolvimento de seus alunos.

Nesse sentido, o Guia Didático: Vamos refletir sobre o bullying? – Por uma cultura de
respeito ao diferente – propõe uma série de atividades, dispostas em uma sequência
didática, que busca estimular, aprofundar e enriquecer o debate entre os discentes sobre o
tema em questão. O objetivo da proposta de ensino é motivar a reflexão crítica sobre as
questões que envolvem os fatores que subjazem as ações de intimidação sistemática, de
maneira que, por meio da conscientização e da sensibilização, se possa possibilitar a
ocorrência de uma mudança de comportamento.

O guia é produto da dissertação de mestrado do Programa de Mestrado Profissional em


Educação Profissional e Tecnológica em Rede Nacional – ProfEPT, intitulada Bullying no
espaço escolar: sequência didática para reflexão dos alunos do Instituto Federal de Sergipe –
Campus Lagarto. Essa proposta didática, que tem como objetivo mais amplo contribuir com
ações educativas sobre a intimidação sistemática, foi aplicada em uma das turmas do Curso
Técnico Integrado ao Ensino Médio em Eletromecânica do IFS/Campus Lagarto.

Cabe ressaltar que as atividades propostas podem ser desenvolvidas por docentes de
quaisquer disciplinas que desejem trabalhar a temática em suas turmas. Elas podem
também ser alteradas e adaptadas de acordo com as particularidades e necessidades do
grupo de alunos para o qual serão destinadas.

Espera-se que este guia seja uma ferramenta útil para a conscientização e a sensibilização
dos discentes quanto à gravidade de comportamentos agressivos como o bullying e que
possa auxiliar os docentes em práticas educativas que favoreçam essa reflexão.

____________________________
¹Adota-se neste Guia os termos “bullying” e “intimidação sistemática” para denominar o mesmo fenômeno,
conforme consta na Lei 13.185/2015.
7
Introdução
Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo,
torná-lo sério, com adolescente brincando de matar gente,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a
educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a
sociedade muda.
Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não
da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do
arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não
temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção.
Encarná-la, diminuindo assim a distância entre o que dizemos e o
que fazemos.
(Paulo Freire, 2000, p. 31)

A violência é um fenômeno social que tem estado presente diariamente no cotidiano


das pessoas, em suas mais diversas manifestações, nos mais variados espaços,
inclusive nas escolas. O bullying é um tipo de comportamento agressivo muito
frequente no espaço escolar, que causa uma série de consequências negativas não só
à vítima, mas também a outras pessoas que se veem envolvidas nos episódios hostis,
seja como agressores ou espectadores.

Em pesquisas realizadas em escolas públicas e privadas do estado de São Paulo,


durante um período de cinco anos, Fante (2011) verificou que:

A presença do fenômeno constitui realidade inegável em nossas escolas,


independentemente do turno escolar, das áreas de localização, do
tamanho das escolas ou das cidades, de serem as séries iniciais ou finais,
de ser a escola pública ou privada. Isso significa que o bullying acontece
em 100% das nossas escolas. Ele é o responsável pelo estabelecimento de
um clima de medo e perplexidade em torno das vítimas, bem como dos
demais membros da comunidade educativa que, indiretamente, se
envolvem no fenômeno sem saber o que fazer (FANTE, 2011, p. 61).
A instituição escolar, além de constituir um importante espaço para a formação e
socialização de crianças e jovens, propicia a passagem para outro patamar de
atuação na vida social, que envolve, dentre outras esferas, o mundo do trabalho.
Essa função se destaca sobremaneira nos institutos federais, pela especificidade da
formação profissional que oferece a seus discentes. Dessa forma, a formação obtida
no espaço escolar, que engloba desde os conteúdos disciplinares até as relações
estabelecidas e aprendidas nesse local, vai influenciar a atuação do sujeito no
ambiente de trabalho, tanto em sua ação técnico-profissional quanto nas relações
estabelecidas nesse espaço (DA SILVA, 2006).

Pesquisas têm demonstrado que o bullying, muito presente no ambiente escolar,


também tem ocorrido nos espaços laborais. Em pesquisa qualitativa realizada com
enfermeiros, Teixeira (2016) identificou que, dos 12 participantes do estudo, 4
relataram ter sido vítimas desse tipo de agressão no ambiente laboral. Outro estudo
realizado pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) com 4.909 estagiários de diversas

8
empresas, com idade entre 15 e 26 anos, demonstrou que 49,52% dos jovens
confessaram já ter sofrido bullying no local de trabalho (QUASE..., 2014).

Apesar de ser um fenômeno antigo, durante muito tempo subestimou-se a gravidade


desse comportamento agressivo, tendo em vista que, comumente, era considerado
um comportamento normal. Isso decorreu do hábito cultural, que se perpetuou ao
longo do tempo, de se interpretar as ações de intimidação sistemática como
brincadeiras típicas da infância e adolescência ou mesmo rito de passagem da
adolescência para a idade adulta.

Os estudos sobre a temática têm contribuído para mudar esse cenário. No Brasil, o
bullying passou a ser discutido a partir de 1990, com publicação de artigos científicos
a partir de 2005 (OLIVEIRA-MENEGOTTO, 2013). Com os estudos sobre o tema e a
identificação da gravidade de suas consequências, no ano de 2015, o combate e a
prevenção a esse tipo de violência se tornou uma política pública, por meio da
publicação da Lei 13.185/2015, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação
Sistemática (Bullying) em todo o território nacional e estabeleceu que é dever dos
estabelecimentos de ensino, clubes e agremiações recreativas assegurar medidas de
conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e ao bullying.

Um ponto a ser destacado na lei é a expressa priorização de ações educativas com os


agressores, em lugar de atos punitivos. Essa medida se coaduna com o pensamento
que sustenta a proposta de ensino apresentada neste guia, ou seja, que é
fundamental a elaboração de uma proposta educativa pautada na conscientização da
gravidade das ações agressivas e das consequências advindas delas, bem como na
formação integral do indivíduo, englobando o desenvolvimento do pensamento
crítico e a formação moral, ética e cidadã do aluno, para que se promova o combate e
a prevenção de comportamentos agressivos como a intimidação sistemática.

Ações baseadas unicamente em medidas punitivas tradicionais não promovem a


conscientização e o senso de responsabilidade pelos atos cometidos, o que favorece a
reincidência do agressor no comportamento inadequado, tendo em vista que não
houve uma reflexão crítica e uma transformação de valores e atitudes.

Acredita-se, portanto, que ações educativas são as ferramentas fundamentais para o


combate e a prevenção da violência no espaço escolar, e, em especial, do bullying.
Nesse sentido, para se obter resultados mais eficazes, o trabalho educativo não deve
ficar restrito a eventos específicos e palestras pontuais, que ocorrem em datas
especiais do calendário acadêmico. É de grande relevância a abordagem do assunto
pelos docentes, que acompanham os alunos em sala de aula e, muitas vezes,
presenciam as ações violentas entre eles.

A partir desse pensamento, surgiu a ideia de se realizar uma pesquisa sobre a

9
concepção dos alunos acerca do bullying, que resultou nesse Guia Didático. O estudo
subsidiou a criação de uma sequência didática (SD), cujas atividades tiveram, como
ponto de partida, o conhecimento prévio dos discentes. A SD propõe uma série de
atividades que visam fomentar a reflexão e o diálogo sobre a intimidação sistemática
e os fatores que subjazem as ações agressivas, com foco na conscientização e
sensibilização sobre sua gravidade, contribuindo, dessa forma, para ampliar o acervo
didático-pedagógico sobre a temática disponível aos docentes.

O guia inicia com o capítulo intitulado Contextualizando a nossa proposta..., que traz
uma fundamentação teórica da temática, dividida em dois tópicos: Bullying: conceito,
características e especificidades e Combate e prevenção por meio da educação. Em
seguida apresenta-se a SD elaborada no capítulo intitulado Sobre a Sequência
Didática..., onde se faz o detalhamento de cada etapa. Por fim, encerra com as
considerações finais, onde se faz uma breve abordagem sobre os resultados
observados com a aplicação da SD e sobre a importância da realização de ações
educativas para o combate e a prevenção à violência, em especial ao bullying.

10
1 Contextualizando a
nossa proposta...
1.1 Bullying: conceito, características e especificidades

O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa “agressor” ou
“alguém que intencionalmente ameaça uma pessoa menor ou mais fraca”, tendo seu
correspondente no verbo to bully, que significa “intimidar”, “tiranizar”, “ameaçar
alguém que é menor ou mais fraco”. Desta forma a palavra bullying significa ato de
intimidar ou ameaçar (CAMBRIDGE..., 2018). Na língua portuguesa, a palavra
bullying não tem um vocábulo correspondente, sendo utilizados, portanto, nos
estudos sobre o tema, os termos “intimidação sistemática”, “vitimização” e o próprio
termo “bullying”.

O vocábulo foi adotado pelo pesquisador Dan Olweus, no fim da década de 1970,
para designar o fenômeno caracterizado por uma subcategoria de comportamento
agressivo que ocorre entre pares, marcado por relações desiguais de poder e
realizado de forma intencional e repetitiva, sem uma motivação evidente, com o
intuito de intimidar, machucar, oprimir e humilhar o outro. Esse tipo de violência
ocorre nas mais diversas classes sociais e se expressa através de agressões verbais,
físicas, psicológicas, sociais e/ou sexuais, que são executadas por uma pessoa
(agressor), ou um grupo de pessoas, contra um indivíduo (vítima) ou um grupo
(OLWEUS, 2013).

Fante (2011, p. 29), ao discorrer sobre bullying, enfatiza, além das características
descritas acima, que ele abrange o comportamento cruel, no qual os mais fortes
fazem dos mais frágeis objetos de diversão e prazer através de “brincadeiras” que
disfarçam o propósito de maltratar e intimidar o outro. Ao descrever algumas ações
desse tipo de agressão, a autora destaca:
11
Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam
profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam,
ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão,
além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações
do comportamento bullying.

Olweus (2013) destaca três critérios relevantes para identificar corretamente os casos
de intimidação sistemática, que são: ações repetitivas contra a mesma vítima num
período prolongado de tempo; desequilíbrio de poder dificultando a defesa da vítima;
e ausência de motivos que justifiquem os ataques.

Relevante se faz esclarecer que a intimidação sistemática é um ato de violência,


sendo de fundamental importância a diferenciação entre brincadeira e bullying.
Conforme Rossato e Rossato (2013) discorrem, as brincadeiras são importantes
contributos do aprendizado infanto-juvenil, uma vez que propiciam aos sujeitos a
experimentação, através do lúdico, de situações que reproduzem aspectos reais da
vida em sociedade, contribuindo para o aprendizado através da interação social
lúdica entre os sujeitos, que atuam em conjunto e simultaneamente. Nas palavras dos
autores,

Ao brincar, as crianças socializam-se e representam papéis de


personagens bons e maus, aprendem a lidar com o medo, a ansiedade, a
frustração e a raiva, inventam estratégias e resolvem os problemas,
criam suas próprias regras e praticam outras interações que demandam a
vida infanto-juvenil e adulta. O bullying, ao contrário, não promove nada
disso. Diferentemente de um conflito normal e saudável, em que duas
partes são responsáveis, tornando as crianças mais fortes para enfrentar
as adversidades da vida, o bullying é violência unilateral de uma parte
“forte” que maltrata a “fraca”, enfraquecendo-a ainda mais (ROSSATO;
ROSSATO, 2013, p. 23).

A clareza dessa diferença é fundamental para a compreensão, a identificação, a


prevenção e o combate à intimidação sistemática no espaço escolar. Brincadeiras são
normais entre os jovens, mas quando deixa de ser divertido pra um, sai da seara do
lúdico e entra no campo da violência, devendo ser combatida.

Silva (2010b) classifica as ações de bullying em direta, que envolve agressões de um


aluno contra outro através de palavras, gestos, expressões faciais e contato físico; e
indireta, na qual ocorre a exclusão da vítima de seu grupo de pares, fazendo com que
ela tenha problemas para fazer novos amigos. Martins (2005) afirma que as ações de
intimidação sistemática indireta objetivam a exclusão, a manipulação, a
discriminação e a degradação da vida social de suas vítimas.

Silva (2010a) destaca ainda o bullying virtual ou cyberbullying, que consiste nas
agressões realizadas por meio de ferramentas tecnológicas, como celulares,
filmadoras, internet, principalmente nas redes sociais. Comentários discriminatórios,

12
ofensas, fotos manipuladas, publicações indevidas utilizando o nome ou perfil da
rede social da vítima são algumas das formas mais comuns de cyberbullying.

Lopes Neto (2011) caracteriza os personagens envolvidos nas agressões de bullying


em três tipos: a vítima, à qual ele denomina agente passivo, que sofre as agressões; o
agressor, que é o agente da ação; e o espectador, que, em geral, se omite ou é
conivente, incentivando o ato sem participar diretamente dele.

Cleo Fante (2011), ao abordar as consequências das agressões que ocorrem nos
episódios de intimidação sistemática, quando sofrido na infância ou adolescência, diz
que eles podem se refletir na fase adulta, trazendo marcas significativas que afetam
a vida das pessoas envolvidas. No caso dos agressores, a autora destaca a falta de
adaptação aos objetivos escolares, desinteresse e baixo rendimento, valorização da
violência como meio de obtenção de poder, maior tendência para comportamentos
delinquentes e de risco, além da grande possibilidade de desenvolverem problemas
no futuro no que concerne ao desenvolvimento e manutenção de relações positivas,
apresentando dificuldades de convivência nas diversas esferas da vida, tanto pessoal
e profissional, quanto social.

Para as vítimas, as sequelas das agressões são inúmeras e variam de acordo com o
perfil psicológico, vivências e predisposições de cada indivíduo (SILVA, 2010b). Essas
consequências podem ocasionar, segundo Fante (2011), desinteresse pela escola,
queda do rendimento escolar, déficit de concentração e de aprendizagem,
absenteísmo e evasão escolar.

Silva (2010a) também descreve, como consequências, a ocorrência de problemas


psicossomáticos, comportamentais e psíquicos, dentre os quais ela destaca:
transtorno do pânico, depressão, anorexia, bulimia, fobia escolar, fobia social e
ansiedade generalizada. A autora informa ainda que, devido ao tempo prolongado de
estresse a que a vítima é submetida nos episódios de bullying, pode ocorrer o
agravamento de problemas preexistentes, podendo-se observar, em casos mais
graves, quadros de esquizofrenia, homicídio e suicídio.

Como enfatiza Fante (2011), a intimidação sistemática, além de deteriorar as relações


interpessoais, causando prejuízos ao desenvolvimento dos alunos, pode ocasionar
consequências drásticas, como o caso de violência extrema que aconteceu na cidade
de Taiúva/SP, em 2003, na Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em que um ex-
aluno feriu oito pessoas e também cometeu suicídio logo em seguida.

13
1.2 Combate e prevenção por meio da educação

A escola constitui um importante espaço para a formação e socialização de crianças e


jovens. A formação obtida no espaço escolar, que engloba desde os conteúdos
disciplinares até as relações estabelecidas e aprendidas nesse local, vai influenciar a
atuação do sujeito nas diversas instâncias sociais.

O bullying, caracterizado como um fenômeno social que prejudica as relações


interpessoais nos ambientes em que ele acontece, prejudica o desenvolvimento
cognitivo, psicológico, social e educacional dos indivíduos que o vivenciam,
acarretando uma série de problemas psíquicos e comportamentais que afetam, de
forma grave, os envolvidos. Em virtude da gravidade de suas consequências, o
Governo Federal instituiu a Lei 13.185/2015, que estabeleceu o Programa de Combate
à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território nacional, determinando que
é dever dos estabelecimentos de ensino assegurar medidas de conscientização,
prevenção, diagnose e combate à violência e ao bullying.

A responsabilização dos estabelecimentos de ensino em desenvolver medidas de


conscientização, prevenção, diagnose e combate à intimidação sistemática está
determinada no art. 5º, que diz:

Art. 5º É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das


agremiações recreativas assegurar medidas de conscientização,
prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática
(bullying) (BRASIL, 2015).
14
Um ponto a ser destacado na lei em questão é a expressa priorização de ações
educativas com os agressores, em lugar de atos punitivos. Como consta no inciso VIII,
do art. 4º,

VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores,


privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a
efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil (BRASIL,
2015).

A lei ratifica a ideia de que o combate e a prevenção desse tipo de violência se faz,
sobretudo, através de ações educativas, que promovam a conscientização e o
esclarecimento sobre o fenômeno. Uma proposta educativa que busca a
conscientização da gravidade das ações agressivas e das consequências advindas
delas, que estimula a reflexão crítica sobre as causas que subjazem essas agressões e
que se fundamenta na formação integral do indivíduo, englobando o
desenvolvimento do pensamento crítico e a formação social, moral e ética do aluno,
contribui para a mudança de comportamento e de valores nos discentes,
promovendo, portanto, o combate e a prevenção das ações de bullying de forma mais
eficaz.

Em consonância com esse pensamento, Adorno (2003, p. 121) defende a importância


da autorreflexão crítica para que se desenvolva no indivíduo a consciência dos fatores
que estão relacionados às ações agressivas, de forma a combatê-las. Nas palavras do
autor,

É preciso buscar as raízes nos perseguidores e não nas vítimas [...]. É


preciso reconhecer os mecanismos que tornam as pessoas capazes de
cometer tais atos, é preciso revelar tais mecanismos a eles próprios,
procurando impedir que se tornem novamente capazes de tais atos, na
medida em que se desperta uma consciência geral acerca desses
mecanismos. [...] É necessário contrapor-se a uma tal ausência de
consciência, é preciso evitar que as pessoas golpeiem para os lados sem
refletir a respeito de si próprias. A educação tem sentido unicamente como
educação dirigida a uma autorreflexão crítica.

Percebe-se, portanto, a importância de propostas educativas humanistas e


fundamentadas na formação integral do indivíduo, que supere a fragmentação do
conhecimento e a estrita preparação para o mercado de trabalho, contemplando as
diversas dimensões que compõe o ser humano. Ações educativas desse tipo, centradas
na pessoa humana e nos conhecimentos que possibilitam aos sujeitos compreender e
transformar a realidade em seu entorno, são fundamentais para a formação da
consciência crítica, da autonomia e emancipação do aluno, promovendo,
consequentemente, o desenvolvimento da cidadania plena e possibilitando uma
convivência harmônica, justa e solidária.
15
A formação da consciência crítica e o desenvolvimento da autonomia possibilitam ao
estudante o exercício da reflexão crítica sobre si, sobre o outro e sobre as relações que
compõem o seu entorno e o todo social. Essas faculdades cognitivo-comportamentais
são fundamentais para que o sujeito não reproduza preconceitos e concepções que
lhes foram socialmente incutidos, e, desta forma, a partir da mudança de valores,
possa promover uma mudança de comportamento, contribuindo para a construção de
uma sociabilidade de fraternidade e de justiça social.

É, portanto, através da formação da consciência crítica e, consequentemente, do


desenvolvimento da autonomia e emancipação do aluno, que se vislumbra a
superação da violência, em especial do bullying. Nesse sentido, a informação é
fundamental para a formação dessa consciência, favorecendo um agir mais
consciente e responsável.

A ideia da elaboração da sequência didática apresentada neste guia sustenta-se


nesse pensamento e na concepção de Adorno sobre educação. O autor, ao analisar a
educação a partir dos conceitos de barbárie e emancipação, defende, como função
essencial da educação, o impedimento do retorno da barbárie, fazendo desta uma
alusão a Auschwitz. Nessa análise, Adorno (2003, p. 159) afirma que “[...] a barbárie
existe em toda a parte em que há uma regressão à violência física primitiva, sem que
haja uma vinculação transparente com objetivos racionais na sociedade, onde exista
portanto a identificação com a erupção da violência física”.

Fundamentando-se nesse pensamento, é possível associar o fenômeno da intimidação


sistemática a uma manifestação da barbárie, na medida em que se constitui uma
regressão à violência primitiva, seja esta física, psicológica ou social, cujas
motivações são desprovidas de uma vinculação transparente com objetivos racionais
na sociedade. No bullying, a violência é banalizada, e os agressores e alguns
espectadores passam a se identificar com essa violência, mesmo ela estando
desvinculada dos objetivos racionais.

Assim como Adorno (2003) acredita e defende que a educação assume um papel
crucial para prevenir e impedir o retorno da barbárie, sustenta-se, como fundamento
dessa proposta de ensino, que é através da educação que podemos combater e
prevenir a ocorrência de casos de intimidação sistemática no espaço escolar. Para
tanto, apresentamos o planejamento de uma série de atividades que fomentam o
debate e a reflexão dos alunos sobre o fenômeno bullying, através de uma sequência
didática, de forma a favorecer a conscientização sobre a temática e sobre as causas
que subjazem as ações agressivas, bem como a sensibilização quanto às
consequências acarretadas, com foco no combate e prevenção desse comportamento
destrutivo, através da mudança de valores e posturas.

16
2 Sobre a Sequência Didática...
Toda prática educativa que busque promover no aluno uma aprendizagem
significativa precisa necessariamente de uma sistematização metodológica (ZABALA,
1998). Essa sistematização é norteada pelos objetivos que se pretende alcançar,
constituindo o encadeamento dos conteúdos e das atividades necessárias à
consecução desses objetivos.

A sequência didática (SD) constitui-se numa sistematização metodológica que se


fundamenta na sequenciação de atividades interrelacionadas com o intuito de se
atingir determinados objetivos educativos, através de uma aprendizagem mais
eficiente (ZABALA, 1998). A partir dos objetivos estabelecidos, define-se os conteúdos
de aprendizagem e o papel das atividades que são propostas.

De acordo com Cristóvão (2009), as atividades de uma SD devem ser planejadas a


partir dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema, de forma a trabalhar suas
deficiências e promover o desenvolvimento de suas potencialidades. Oliveira (2013),
por sua vez, destaca que a SD necessita de um planejamento que favoreça a
delimitação de cada etapa e/ou atividade, bem como que propicie a abordagem dos
conteúdos de forma integrada, de modo a promover uma melhor dinâmica no
processo de ensino-aprendizagem.

El Kadri et al. (2017) destacam os aspetos positivos desse instrumento metodológico,


afirmando que ele favorece o processo de aprendizagem, na medida em que
possibilita a realização de um trabalho integrado, contemplando atividades e
suportes diversificados, tais como livros, revistas, internet, dentre outros. Vilela et al.
(2008), por sua vez, apresentam, como pontos positivos, a motivação e interesse dos
alunos; o favorecimento de um debate mais significativo na aula; e a organização dos
alunos em grupos estabelecendo uma dinâmica de aprendizagem que transcende os
limites do conteúdo estudado.

Na SD aqui apresentada, o objetivo educativo é o esclarecimento dos alunos acerca


do fenômeno bullying e a conscientização sobre a gravidade das ações e das
consequências advindas desse tipo de agressão. Na elaboração das atividades
privilegiou-se práticas dialógicas, favorecendo o debate entre os alunos, a partir da
leitura de textos, bem como da exposição de vídeos que abordam o tema e que trazem
casos verídicos sobre intimidação sistemática. Para a elaboração da SD, adotou-se o
esquema de Dolz et al. (2004) (Figura 1).

17
Figura 1 – Esquema da Sequência Didática

APRESENTAÇÃO PRODUÇÃO MÓDULO MÓDULO MÓDULO PRODUÇÃO


DA SITUAÇÃO INICIAL 1 2 n FINAL

Fonte: Adaptado de DOLZ; NOVERRAZ; SCHNUEUWLY (2004, p. 98)

A sequência didática deste guia foi aplicada na turma do segundo ano do Curso
Técnico Integrado ao Ensino Médio em Eletromecânica. A apresentação da situação
(exposição aos alunos dos conteúdos que serão abordados e das atividades que serão
realizadas) aconteceu no primeiro encontro com os alunos. Em seguida, ainda nesse
primeiro encontro, realizou-se a segunda etapa, que corresponde à produção inicial,
durante a qual os alunos responderam três questões subjetivas sobre a temática, com
o intuito de que expusessem seus conhecimentos. Essas questões foram inseridas no
questionário da pesquisa de mestrado que foi aplicado junto aos alunos através do
Google Formulários e no qual buscou-se verificar, além da concepção dos alunos
sobre a temática, indícios de ocorrência de casos de bullying no campus estudado.
Essa etapa permitiu a avaliação dos saberes prévios dos discentes, o que possibilitou
a adequação da sequência didática, a fim de contemplar as deficiências e
potencialidades encontradas.

Os módulos da SD aqui apresentada correspondem a 3 momentos, durante os quais


buscou-se o esclarecimento e a conscientização dos alunos sobre o fenômeno da
intimidação sistemática e a gravidade de suas ações, bem como das consequências
advindas desse tipo de agressão. Dessa forma, as atividades propostas foram
elaboradas seguindo uma sequência que se inicia com a abordagem conceitual do
bullying e dos fatores que caracterizam e envolvem o fenômeno; seguida de uma
discussão sobre bullying e preconceito, possibilitando a diferenciação entre ambos e a
reflexão sobre as relações que permeiam esses dois fenômenos sociais; e,
posteriormente, discute-se sobre as consequências do bullying e cyberbullying,
promovendo uma reflexão sobre a gravidade dessas consequências para os
envolvidos.
18
A última etapa, que consiste na produção final e tem como objetivo a avaliação da
síntese das aprendizagens desenvolvidas durante os módulos, contempla a
elaboração, por parte dos discentes, de um material educativo sobre bullying, no
formato de mapa mental, possibilitando que os alunos expressem os conhecimentos
alcançados durante a SD. A figura 2 apresenta o esquema da sequência didática
elaborada, com a especificação das etapas que a compõem.

Figura 2: Esquema da Sequência Didática “Vamos refletir sobre o Bullying?”

Módulo II Módulo III


Módulo I Bullying e As consequências Produção Final
Produção Bullying: conceito, preconceito: vamos do bullying e do Juntos no
Inicial características e refletir sobre a cyberbullying: e combate ao
especificidades intolerância à se fosse com Bullying!
diversidade? você?

Fonte: Os autores.

Cada módulo traz o planejamento das atividades, bem como a descrição detalhada
de suas etapas, de forma a facilitar sua aplicação em um outro momento.

A SD² foi elaborada para aplicação na modalidade de ensino remoto, através dos
aplicativos Google Meet, Google Formulários e Google Sala de Aula, em virtude da
suspensão das aulas presenciais no IFS durante a realização da pesquisa. Entretanto,
é importante frisar que esta proposta de ensino pode ser aplicada também na
modalidade de ensino presencial.

____________________________
²As aulas presenciais no IFS foram suspensas a partir da publicação da Portaria IFS nº 928 de 16/03/2020,
como medida de prevenção e combate à pandemia do vírus Sars-CoV-2, causador da doença COVID-19, sendo
autorizada a substituição das aulas presenciais pelo ensino remoto por meio da Portaria IFS nº 1964, de
20/08/2020, publicada no Boletim de Serviços n° 114/2020.

19
2.1 Sequência Didática: Vamos refletir sobre o Bullying?

2.1.1 Apresentação da Situação

Tema Bullying no espaço escolar.

Objetivo Geral Promover o esclarecimento acerca do fenômeno bullying e a


conscientização e sensibilização sobre a gravidade das ações e
das consequências advindas desse tipo de agressão.

Objetivos Específicos Promover a reflexão crítica sobre o bullying, suas


características, tipologias, causas, consequências e
personagens envolvidos.
Estimular a reflexão sobre bullying e preconceito, possibilitando a percepção da
diferença entre os dois conceitos e a identificação das relações que
frequentemente permeiam esses dois fenômenos sociais.
Propiciar o esclarecimento sobre as consequências decorrentes das ações de
bullying, estimulando a reflexão crítica e a sensibilização dos alunos sobre a
gravidade de tais consequências.

20
Metodologia Sequêndia didática composta de 5 etapas.

Estratégias
Apresentação de vídeos (didáticos e
didático-pedagógicas
documentários);
Leitura de artigos de revistas e
notícias jornalísticas;
Debates;
Produção escrita.

Conteúdos Bullying: conceito, características, tipologias e


personagens envolvidos;
Relação entre bullying, preconceito e as causas que
subjazem esses fenômenos;
Consequências do bullying e do cyberbullying.

21
2.1.2 Produção Inicial

Vamos falar sobre Bullying?

Questionário

1. O que você entende por bullying?


2. Em sua opinião, o que leva uma pessoa
a fazer bullying com outra?
3. O bullying traz consequências para as
pessoas envolvidas (agressor, vítima e
testemunha)? Caso a resposta seja
positiva, cite algumas consequências.

*Link do formulário no Google Formulários:


https://forms.gle/S6rcpe7WRkwBZ7kB6

Nessa etapa, o professor deve solicitar aos


alunos que respondam o questionário, com o
objetivo de verificar os conhecimentos prévios
dos discentes sobre bullying e, de posse desses
saberes, adequar a sequência didática de acordo
com as deficiências e potencialidades
identificadas pela análise das respostas.

Para o próximo encontro: O docente


deve disponibilizar na plataforma de
aprendizagem virtual o texto
“Bullying”, que será trabalhado na
próxima aula, e solicitar aos alunos
que façam a leitura.

22
2.1.3 Módulo I
Bullying: conceito, características e especificidades

Duração:
Uma aula de 50 min.

Objetivo:
Promover a reflexão crítica e o debate sobre o bullying, suas características,
tipologias e personagens envolvidos.

Recursos didáticos:
Computador, tablet ou smartphone com acesso a internet;
Aplicativos Google Meet e Google Sala de Aula;
Texto: PORFÍRIO, Francisco. Bullying. Brasil Escola [online]. Disponível
em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/bullying.htm
Vídeo: Bullying: o que é e como diminuí-lo. Canal Minutos Psíquicos.
Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=v-
5TfJ39sC0&list=PL0PZZV_YTwH31jq9yFGW5Bxj1dQRxvWOP&index=15&t=0s

Ambientação:
Participantes online na interface do Google Meet.

SUGESTÃO DE
AMBIENTAÇÃO
Caso as ati
vidades sejam
realizadas n
a modalidad
presencial, su e
gere-se que os
alunos fiquem
posicionados em
um semicírcu
lo, de form
possibilitar a a
visualização d
vídeo e favorec o
er o debate.

23
Metodologias e Estratégias:

Primeiro Momento Duração: 20 min.

Sugere-se iniciar a aula propondo aos alunos que comentem ou destaquem os trechos
que lhes chamaram mais atenção do texto Bullying, de Francisco Porfírio (Figura 3),
que foi disponibilizado para a leitura na interface do aplicativo Google Sala de Aula
e, em seguida, exibir para a turma o vídeo Bullying: o que é e como diminuí-lo
(Figura 4), de 5 minutos de duração.
Figura 3: Parte do texto “Bullying”.

Fonte: Reprodução da internet.

Figura 4: Vídeo “Bullying: o que é e como diminuí-lo”.

Fonte: Reprodução da internet.

24
Segundo Momento Vamos conversar? (Duração: 20 min).

Recomenda-se, nesse momento, que o professor promova o debate entre os alunos


com base no texto e no vídeo propostos, estimulando a contextualização dos tópicos
discutidos com as experiências vivenciadas pelos discentes.

Sugestão de tópicos para o debate:

Qualquer agressão é considerada bullying? O que diferencia o bullying de outro


tipo de agressão?
Quem normalmente são os “personagens” de um episódio de bullying?
Vocês acham que os espectadores podem contribuir para o agravamento e a
perpetuação das ações de bullying?
Como o espectador pode agir para combater o bullying?
De acordo com o texto, porque a sociedade é, em geral, agressiva e excludente? E
porque a escola é uma espécie de micro-organismo social, onde os alunos tendem
a repetir essas relações existentes na sociedade?

25
Vocês acham que os padrões de beleza e comportamento ditados pela sociedade,
assim como as desigualdades sociais vigentes, contribuem para a ocorrência do
bullying?
De acordo com o vídeo e o artigo, vocês conseguem destacar uma causa para
comportamentos agressivos como o bullying?
Na sua opinião, porque o bullying é uma agressão tão grave?
O que vocês acham que pode ser feito para combater o bullying?

Avaliação:
Sugere-se, como avaliação desse módulo, que o docente observe a participação
dos alunos nas discussões, verificando se os mesmos são capazes de:
Caracterizar uma ação de bullying, diferenciando-a de outros tipos de
agressão;
Compreender a gravidade das consequências decorrentes de ações de
intimidação sistemática;
Perceber os fatores motivacionais que frequentemente subjazem esse tipo
de violência;
Identificar ações que contribuem para combater a ocorrência de bullying.

26
2.1.4 Módulo II
Bullying e preconceito: vamos refletir sobre a intolerância à diversidade?

Duração:
Uma aula de 50 min.

Objetivo:
Proporcionar a reflexão sobre bullying e preconceito, diferenciando seus
conceitos e características, assim como identificando as relações que
frequentemente permeiam esses dois fenômenos sociais.
Recursos didáticos:
Computador, tablet ou smartphone com acesso internet;
Aplicativos Google Meet, Google Formulários e Google Sala de Aula;
Dinâmica de grupo Abrigo Subterrâneo adaptada de: SILVA, Roniel
Sampaio. Dinâmica Preconceito. Blog Café com Sociologia [online].
Disponível em: https://cafecomsociologia.com/dinamica-preconceito/
Texto: GUERRA, Luiz Antônio. Preconceito. Infoescola [online]. Disponível
em: https://www.infoescola.com/sociologia/preconceito/
Vídeo: Fama, fé e fortuna: sagrado e profano no mundo do espetáculo,
recortado no trecho: 1:22:14 a 1:28:47. Canal Instituto CPFL. Youtube.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fnzWH1YmBGs
Vídeo: Diversidade – poesia de Bráulio Bessa. Youtube. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?
v=XP6onGuSpa0&list=PL0PZZV_YTwH31jq9yFGW5Bxj1dQRxvWOP&index=
37&t=0s

Ambientação:
Participantes online na interface do Google Meet.

SUGESTÃO DE AMBIENTAÇÃO
Caso a aula seja realizada na modalidade presencial, recomenda-se que, no
primeiro momento (Dinâmica), os alunos sejam divididos em grupos de 5
componentes, posicionados em círculos, a fim de discutirem e definirem as
personagens que serão escolhidas. Após, deverão se posicionar em um único
grande semicírculo para a realização de um debate sobre as escolhas de cada
grupo. No segundo momento, todos os discentes deverão permanecer
posicionados em um grande semicírculo, de forma a favorecer o diálogo.

27
Metodologias e Estratégias:

Primeiro Momento Duração: 15 min.

Sugere-se propor à turma a realização da dinâmica de grupo Abrigo Subterrâneo.


Para tanto, deve-se solicitar aos alunos que acessem o formulário no Google
Formulários, no qual estará descrita uma situação fictícia, em que o mundo está na
iminência de uma catástrofe nuclear e o futuro da humanidade está em jogo, mas
existe um abrigo subterrâneo que pode acolher somente seis pessoas, as quais
deverão ser escolhidas para salvar o mundo. O aluno deverá ler o perfil das
personalidades listadas e escolher as seis que, na opinião dele, deverão ser salvas
(Figura 5). Depois de feita a seleção pelos alunos, o professor verificará na aba
“Resultados” do formulário quais foram as seis pessoas mais votadas e informará
aos alunos, revelando suas identidades. Na aplicação dessa sequência didática, a
revelação das identidades foi feita através de uma apresentação de slides elaborada
no programa PowerPoint (Figura 7).

Após a revelação dos resultados, orienta-se que o docente estimule o debate sobre as
escolhas feitas pelos alunos, baseadas em informações superficiais, instigando-os a
refletir sobre os motivos que os levaram a escolher determinadas personalidades,
fazendo uma relação entre as escolhas feitas e os preconceitos.

Figura 5: Questionário da Dinâmica de Grupo “Abrigo Subterrâneo”

Dinâmica de Grupo: Abrigo Subterrâneo


Questionário
Houve uma catástrofe nuclear! O futuro da humanidade está em jogo e depende
de 6 pessoas que você escolherá agora para que fiquem protegidas em um
abrigo subterrâneo. Quais pessoas você salvaria?
1. Jovem aristocrata, homossexual, dono de uma escola para moços.
2. Pastor negro, teólogo, revolucionário pacifista, condenado por causar
desordem pública.
3. Artesão, desempregado, sem-teto, amigo de ladrões, condenado à morte.
4. Músico, filho de uma mulher com sífilis, surdo, temperamental.
5. Homem, que foi uma criança difícil, que não falou até os três anos de idade,
com dislexia (transtorno específico de aprendizagem), reprovado no ensino
fundamental, anarquista, perseguido pelo FBI.

28
6.Tímido, considerado “nerd”, pouco popular na escola, abandonou a
faculdade de matemática no 3º ano para estabelecer seu próprio negócio,
baseado numa invenção visionária.
7.Estudioso, portador de múltiplas deficiências causadas por uma doença
degenerativa, paralisante e sem cura.
8.Estudioso, não fumava, não bebia, grande poder de liderança, autor de uma
famosa autobiografia intitulada “Minha Luta”.
9.Filho adotivo de aristocrata, grande administrador, admirador da música e
do teatro, construiu grandes obras em seu governo. Também é músico e poeta.
10.Moço tímido, na adolescência foi soldado e trabalhador voluntário, filho de
aristocrata, engenheiro civil, empresário bem-sucedido, pai de 12 filhos.
11.Filho de imigrantes, foi coroinha, atleta, graduado em direito, condenado a
15 anos de prisão, tendo sido anistiado.
12.Órfã de pai, tímida, religiosa, fez voto de castidade e tem problemas
cardíacos.
13.Viciado em cocaína, especialista em sexualidade, fumante inveterado.
14.Ainda jovem foi acusado de atentado ao pudor. Pintor, volúvel e
inconstante. Deixou trabalhos inacabados. O pai recusou-se a reconhecer sua
paternidade.

Fonte: Os autores.

Figura 6: Personalidades correspondentes aos perfis listados no questionário


da Dinâmica de Grupo “Abrigo Subterrâneo".

Personalidades

1. Platão: um dos maiores filósofos da humanidade.


2. Martin Luter King: Nobel da Paz. Liderou o movimento contra o racismo nos
Estados Unidos nos anos de 1960.
3. Jesus: o maior pacifista de todos os tempos.
4. Beethoven: um dos maiores compositores de todos os tempos.
5. Albert Einstein: físico alemão, pai da teoria da relatividade, considerado um
dos maiores físicos da humanidade.
6. Bill Gates: dono da Microsoft, responsável pela ampla divulgação do
computador pessoal.
7. Stephen Hawking: considerado o maior físico da atualidade.
8. Adolf Hitler: ditador alemão, responsável pelo extermínio de mais de 6
milhões de judeus.
9. Nero: imperador romano que incendiou Roma e construiu o Coliseu, para o
extermínio de cristãos.

29
10.Osama Bin Laden: considerado o maior líder terrorista da história.
11.Fidel Castro: foi presidente vitalício de Cuba, responsável pela prisão de
milhares de cubanos.
12.Madre Teresa de Calcutá: Nobel da Paz. Vida dedicada à erradicação da
pobreza, mortalidade infantil e fome.
13. Sigmund Freud: considerado o pai da psicanálise moderna.
14.Leonardo Da Vinci: gênio do Renascimento.

Fonte: Os autores.

Figura 7: Slide de apresentação no PowerPoint das personalidades listadas


na Dinâmica de Grupo “Abrigo Subterrâneo”.

Fonte: Os autores

30
Segundo Momento (Duração: 15 min).

Sugere-se propor aos alunos a leitura do texto Preconceito, de Luiz Antônio Guerra
(Figura 8), disponibilizado na interface do Google Sala de Aula e, após a leitura do
texto, exibir para a turma o vídeo Diversidade e Tolerância Ativa (Figura 9).

Figura 8: Texto “Preconceito”.

Fonte: Reprodução da internet.

Figura 9: Vídeo “Fama, fé e fortuna” - Diversidade e Tolerância ativa

Fonte: Reprodução da internet.

31
Terceiro Momento Vamos conversar? (Duração: 20 min).

Recomenda-se, nesse momento, que o docente estimule o debate entre os alunos com
base no texto e no vídeo propostos, incentivando a reflexão sobre as diferenças e
relações existentes entre preconceito e bullying, bem como procurando estimular a
contextualização dos tópicos discutidos com as experiências vivenciadas pelos alunos.

Sugestão de tópicos para o debate:

Como vocês definem preconceito?


Qual a diferença entre bullying, que vimos na aula passada, e preconceito? Existe
alguma relação entre bullying e preconceito?
O bullying e o preconceito são manifestações de intolerância ao que é diferente.
Em sua opinião, por que o diferente provoca tanta resistência e intolerância nas
pessoas?
As pessoas nascem preconceituosas ou se tornam preconceituosas? Por quê?
Vocês conseguem perceber alguma relação de poder que envolve a presença
desses preconceitos em nossa sociedade?
Na concepção de vocês, os preconceitos têm muita ou pouca influência nas ações
de bullying?

32
Sugere-se encerrar o debate com a exibição do vídeo
Diversidade – poesia de Bráulio Bessa (Figura 10).

Figura 10: Vídeo “Diversidade – poesia de Bráulio Bessa”

Fonte: Reprodução da internet.

Avaliação:
Recomenda-se, como avaliação desse módulo, que o docente observe a
participação dos alunos nas discussões, verificando se os mesmos são capazes
de:
Compreender o conceito de preconceito, diferenciando-o de bullying;
Perceber as relações existentes entre bullying e preconceito;
Entender a influência da intolerância à diversidade nas ações de
intimidação sistemática e preconceito.

33
2.1.5 Módulo III
As consequências do bullying e do cyberbullying: e se fosse com
você?

Duração:
Uma aula de 50 min.

Objetivo:
Promover o esclarecimento sobre as consequências decorrentes das ações de
bullying e cyberbullying, e estimular a reflexão sobre a gravidade de tais
consequências para os sujeitos envolvidos nesses tipos de agressões,
destacando as peculiaridades das ações de cyberbullying que impactam na
gravidade de suas consequências.

Recursos didáticos:
Computador, tablet ou smartphone com acesso internet;
Aplicativos Google Meet e Google Sala de Aula;
Texto: Negra e adotada, garota de 12 anos é alvo de bullying em três
escolas de BH. Estado de Minas [online]. Disponível em:
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/04/16/interna_gerais,8
62543/negra-e-adotada-garota-de-12-anos-e-alvo-de-bullying-em-tres-
escolas.shtml
Vídeo: Preconceito e discriminação na escola. Youtube. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?
time_continue=361&v=i33rAvPEEcE&feature=emb_title
Vídeo: Bullying – Uma conversa sobre perdão. Canal UOL TAB. Youtube.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=Uey7tCYyyUc&list=PL0PZZV_YTwH31jq9yFGW5Bxj1dQRxvWOP&index=2
&t=0s

SUGESTÃO
Para a abordagem do tema deste módulo, os vídeos podem ser substituídos por
um relato de vida de alguma personalidade que foi vítima de bullying e, após a
superação do trauma, se propõe a fazer palestras sobre o assunto, relatando
sua experiência e as consequências sofridas.

34
Ambientação:
Participantes online na interface do Google Meet.

SUGESTÃO DE
AMBIENTAÇÃO
Caso as ativida
des sejam
realizadas na m
odalidade
presencial, sug
ere-se que os
alunos fiquem
posicionados em
um semicírculo
, de forma
possibilitar a v
isualização dos
vídeos e favore
cer o debate.

Metodologias e Estratégias:

Primeiro Momento Duração: 20 min.

Sugere-se propor aos alunos a leitura do texto jornalístico Negra e adotada, garota
de 12 anos é alvo de bullying em três escolas de BH (Figura 11), disponibilizado na
interface do Google Sala de Aula. Após a leitura, estimular o debate sobre o texto, de
forma a proporcionar a reflexão sobre as consequências do bullying sofrido pela
garota e a relação entre essa agressão e o preconceito sofrido por ela.

35
Figura 11: Notícia “Negra e adotada, garota de 12 anos é alvo de
bullying em três escolas de BH.

Fonte: Reprodução da internet.

Hora do debate!

Sugestão de tópicos:

Os rótulos utilizados na matéria, “negra” e “adotada”, denotam uma carga


negativa socialmente atribuída a essas características?
Qual a causa ou motivação do bullying sofrido pela menina?
De acordo com a notícia, vocês conseguem identificar alguma influência da
família e da escola na construção dos preconceitos no indivíduo?
Que consequências Larissa sofreu e sofre em decorrência do bullying sofrido?
Com base nas consequências observadas, podemos dizer que o bullying pode
afetar de forma drástica a vida de uma pessoa? Por quê?
Que outras consequências podemos citar que não são apontadas no texto?

36
Segundo Momento (Duração: 10 min).

Exibir para a turma os vídeos Preconceito e discriminação na escola (recortado no


tempo: 03:14) e Bullying – Uma conversa sobre perdão (Figuras 12 e 13,
respectivamente).

Caro Professor,

Antes de exibir os vídeos, sugere-se que seja


comentado com os alunos que serão exibidos
dois vídeos que mostram casos reais e que
apresentam consequências graves decorrentes
de ações de bullying e cyberbullying.

Figura 12: Vídeo “Preconceito e Discriminação nas escolas"

Fonte: Reprodução da internet.

37
Figura 13: Vídeo “Bullying – uma conversa sobre perdão"

Fonte: Reprodução da internet.

Terceiro Momento Vamos conversar? (Duração: 20 min).

Nesse momento, recomenda-se ao docente promover o debate entre os alunos com


base nos vídeos exibidos, estimulando a reflexão crítica sobre a gravidade das
consequências decorrentes das ações de bullying e destacando as peculiaridades das
ações de cyberbullying que impactam diretamente na gravidade de suas
consequências.
38
Sugestão de tópicos para o debate:

Quais consequências o bullying sofrido pelos personagens dos vídeos causou?


Para vocês, é possível dizer que o bullying foi um fator determinante para a
condição psicológica das vítimas apresentadas nos vídeos?
O bullying pode prejudicar de forma drástica a vida das pessoas envolvidas. O
que vocês acham dessa afirmação?
Na opinião de vocês, o que faz o bullying ter um poder destrutivo tão grande
quando comparado a uma agressão fortuita, decorrente de algum
desentendimento?
Vocês perceberam que a vítima do segundo vídeo relatou um episódio de
cyberbullying que sofreu, quando um menino espalhou um vídeo íntimo dele
entre os colegas da escola, e que após esse episódio os problemas psicológicos
dele se intensificaram? Vocês conseguem imaginar por que isso pode ter
acontecido?
Vocês acham que o cyberbullying pode, muitas vezes, ser mais danoso à vítima
do que os outros tipos de bullying? Por quê?

Avaliação:
Sugere-se, como avaliação desse módulo, que o docente observe a
participação dos alunos nas discussões propostas, verificando se os mesmos
são capazes de:
Identificar as consequências decorrentes de ações de bullying e
cyberbullying;
Perceber as peculiaridades das ações de cyberbullying que impactam
diretamente na gravidade de suas consequências.
Compreender como as consequências desses tipos de violência podem
afetar a vida dos sujeitos envolvidos e a sociedade como um todo.

39
2.1.6 Produção Final
Juntos no combate ao Bullying!

Duração:
Uma aula de 50 min.

Objetivo:
Estimular nos alunos a elaboração de material educativo sobre Bullying, no
formato de mapa mental, favorecendo que os mesmos expressem os
conhecimentos obtidos durante as atividades desenvolvidas na SD.

Recursos didáticos:
Computador, tablet ou smartphone com acesso internet;
Aplicativos Google Meet e Google Sala de Aula;
Papel;
Lápis;
Canetas;
Borracha;
Lápis de cor ou canetas hidrocor;
Documentário: Liberdade de ser. Youtube. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?
v=0y0hLx4oppU&list=PL0PZZV_YTwH31jq9yFGW5Bxj1dQRxvWOP&index=2

Ambientação:
Participantes online na interface do Google Meet.

Caso as atividades
sejam
realizadas na mod
alidade
presencial, pode-s
e propor a
elaboração do map
a mental em
grupos de 4 compo
nentes,
favorecendo o diál
ogo entre os
integrantes do gr
upo para a
realização da ativ
idade. Ao
final, cada grupo
pode
apresentar para a
turma o
mapa mental elab
orado.

40
Metodologias e Estratégias:

Primeiro Momento Duração: 10 min.

Explicar aos alunos a atividade que será realizada, comunicando que eles deverão
elaborar um material educativo sobre bullying, no formato de mapa mental,
informando sobre o fenômeno e encorajando o seu combate. Deve-se esclarecer que o
mapa mental elaborado poderá conter as informações que eles acharem relevantes,
mas deverá conter, necessariamente, as seguintes informações:

O que é bullying.
Possíveis causas do bullying.
Possíveis consequências do bullying.
Como combater o bullying.

Essas informações no mapa mental possibilitarão ao docente avaliar o conhecimento


dos alunos sobre bullying, construído e adquirido durante a participação das
atividades da sequência didática.

Deve-se informar ainda que, antes de iniciar a elaboração do mapa mental, os alunos
assistirão um documentário que foi elaborado por discentes de uma escola pública
como recurso educativo de combate ao bullying no espaço escolar.

Nesse momento, é importante que o


professor esclareça aos alunos o que é
um mapa mental, apresentando alguns
exemplos, de forma a possibilitar a
realização da tarefa pelo discente.

41
Segundo Momento (Duração: 10 min).

Exibir para os alunos o documentário Liberdade de Ser (Figura 14).

Sugere-se que o professor, antes de exibir o


vídeo, explique que se trata de um
documentário produzido em 2017, por alunos
da Escola Técnica Estadual Presidente Vargas,
de Mogi das Cruzes/SP, como um recurso
educativo de combate ao bullying no ambiente
escolar, desenvolvido na disciplina de
Sociologia.

Figura 14: Vídeo "Liberdade de Ser"

Fonte: Reprodução da internet.

42
Terceiro Momento Elaboração do Mapa Mental (Duração: 30 min.)

Nesse momento, deve-se propor aos discentes a elaboração do mapa mental,


orientando, para os que fizerem em manuscrito, que, ao final, tirem uma foto com o
celular e anexem como resposta da atividade cadastrada na interface do Google Sala
de Aula ou enviem ao docente por email, e, para os que fizerem no computador, que
anexem o arquivo no local específico da atividade no Google Sala de Aula ou enviem
ao professor por email.

Avaliação:
Sugere-se que a avaliação seja feita observando-se a participação dos alunos
nas atividades propostas, verificando se os mesmos são capazes de expressar
nos mapas mentais produzidos o significado de bullying, suas causas e
consequências, bem como a necessidade de se combater esse tipo de violência.

43
3 Pra Finalizar...
A sequência didática apresentada neste guia foi aplicada em uma turma do Curso
Técnico Integrado ao Ensino Médio em Eletromecânica do Campus Lagarto/IFS.
Durante a realização das atividades, foi possível perceber a motivação e o
envolvimento dos alunos nos debates realizados, demonstrando a importância de
trazer para o ambiente escolar a discussão sobre a temática bullying, que é tão
presente no cotidiano deles.

A avaliação das atividades pelos discentes demonstrou que esta sequência didática
contribuiu para, de forma leve e motivadora, esclarecê-los sobre a intimidação
sistemática e conscientizá-los sobre a gravidade das ações e das consequências desse
tipo de agressão. Os debates realizados propiciaram a discussão de experiências
vivenciadas pelos discentes, favorecendo uma reflexão rica de sentido e significado
e, consequentemente, possibilitando uma mudança de comportamento por meio da
conscientização.

As Ações educativas são os instrumentos fundamentais para o combate à violência


no espaço escolar. Através de atividades que favorecem o diálogo e a reflexão crítica
sobre o fenômeno bullying e os fatores que subjazem suas causas, propicia-se o
desenvolvimento da consciência e a sensibilização para a gravidade das agressões e
suas consequências, promovendo-se uma mudança de valores e atitudes.

Esse guia didático vem contribuir para ampliar o acervo didático-pedagógico sobre a
temática em questão e, dessa forma, espera-se que ele seja um motivador para o
desenvolvimento de práticas educativas de combate e prevenção à violência no
ambiente escolar, em especial, à intimidação sistemática. A sequência didática
proposta pode ser aplicada não só por docentes, mas também pelos demais
profissionais da educação, podendo ser adaptada de acordo com as necessidades e
peculiaridades do público alvo.

44
Referências
ADORNO, T. W. Educação e emancipação. 3 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
BRASIL. Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015. Institui o Programa de Combate à
Intimidação Sistemática (Bullying). Diário Oficial da União: Seção 1, Brasília, DF,
ano 152, n. 213, p. 1-2, 9 nov. 2015. Disponível em:
https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal
=1&pagina=1&data=09/11/2015. Acesso em: 15.09.2020.
CAMBRIDGE Learner’s Dictionary. 4 ed. Cambridge: Cambridge University Press,
2018.
CRISTOVÃO, V.L.L. Sequências Didáticas para o ensino de línguas. In: DIAS, R.;
CRISTOVÃO, V. L. L. (Org.). O Livro Didático de Língua Estrangeira: múltiplas
perspectivas. 1a.. ed. Campinas: Mercado de Letras, 2009. p. 305-344. Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/setembro2011/espanhol_ar
tigos/cristovao.pdf. Acesso em 27.10.2020.
DA SILVA, D. G. Violência e estigma: bullying na escola. São Leopoldo: Universidade
do Vale do Rio dos Sinos, 2006. Disponível em:
http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/
UNISINOS/2123/violencia%20e%20estigma.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso
em: 19.11.2018.
DOLZ, J. ; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a
escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B; DOLZ, J. Gêneros
Orais e escritos na escola. Trad. e org. ROJO, R.; CORDEIRO, G. S. São Paulo:
Mercado das Letras, 2004, p. 95-128.
EL KADRI, A. et al. Propostas com o uso do gênero digital Meme: produzindo
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