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Estrutura da Matéria e das Substâncias: Números Quânticos e Classificação Periódica

I. Números Quânticos

Os Estados Energéticos dos Electrões

Actualmente, os cientistas preferem identificar os electrões por seu conteúdo de energia. Por
meio de cálculos matemáticos, chegou-se à conclusão de que os electrões se dispõem ao redor do
núcleo atómico, de acordo com o diagrama energético abaixo:

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Níveis energéticos

São as sete “escadas” que aparecem no diagrama anterior e onde os electrões têm um conteúdo
de energia crescente. Esses níveis correspondem às sete camadas (K, L, M, N, O, P e Q) do
modelo de Rutherford-Bohr. Actualmente, eles são identificados pelo chamado número
quântico principal (n), que é um número inteiro, variando de 1 a 7.

Subníveis energéticos

São os “degraus” de cada escada existente no diagrama anterior. De cada degrau para o seguinte
há, também, aumento no conteúdo de energia dos electrões. Esses subníveis são identificados
pelo chamado número quântico secundário ou azimutal (l), que assume os valores 0, 1, 2 e 3,
mas que é habitualmente designado pelas letras s, p, d, f, respectivamente.
Note que, no diagrama anterior, nós já escrevemos um “endereço” sobre cada degrau. Assim, por
exemplo, se for mencionada a posição 3p, devemos saber que se trata do segundo degrau da
terceira escada, no tocante ao nível de energia.

Orbitais

Completando o modelo actual da electrosfera, devemos acrescentar que cada subnível comporta
um número diferente de orbitais, de acordo com o diagrama energético mais completo que
mostramos a seguir:

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Nesse diagrama, cada orbital é representado simbolicamente por um quadradinho. Vemos que os
subníveis (“degraus”) s, p, d, f, contêm sucessivamente 1, 3, 5, 7 (sequência de números ímpares)
orbitais. Os orbitais são identificados pelo chamado número quântico magnético (Ml ou m).
Num dado subnível, o orbital central tem o número quântico magnético igual a zero; os orbitais
da direita têm m = +1, +2, +3; os da esquerda têm m = -1, -2, -3, como está exemplificado
abaixo:

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Spin

Finalmente, cálculos matemáticos provaram que um orbital comporta no máximo dois electrões.
No entanto, surge uma dúvida: se os electrões são negativos, por que não se repelem e se
afastam? A explicação é a seguinte: os electrões podem girar no mesmo sentido ou em sentidos
opostos, criando campos magnéticos que os repelem ou os atraem. Essa rotação é conhecida
como spin (do inglês to spin, girar):

Daí a afirmação, conhecida como princípio da exclusão de Pauli: Um orbital comporta no


máximo dois electrões, com spins contrários.
Desse modo, a atracção magnética entre os dois electrões contrabalança a repulsão eléctrica entre
eles. O spin é identificado pelo chamado número quântico de spin (Ms ou s), cujos valores são
-1/2 e +1/2
.
Normalmente, a representação dos electrões nos orbitais é feita por meio de uma seta:

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A identificação dos electrões

Resumindo, podemos dizer que cada electrão da electrosfera é identificado por seus quatro
números quânticos:
• o número quântico principal: n • o número quântico magnético: m ou Ml
• o número quântico secundário: l • o número quântico do spin: s ou Ms
Por exemplo, os dois electrões do elemento hélio têm os seguintes números quânticos:

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Por analogia, podemos dizer que um electrão é localizado por seus quatro números quânticos, da
mesma maneira que uma pessoa é localizada por seu endereço — nome da rua, número do
prédio, andar e número do apartamento. Assim, podemos enunciar o princípio da exclusão de
Pauli: Num átomo, não existem dois electrões com os quatro números quânticos iguais.
No preenchimento dos orbitais, outra regra importante é a chamada regra de Hund ou da
máxima multiplicidade, que diz:
Em um mesmo subnível, de início, todos os orbitais devem receber seu primeiro electrão, e só
depois cada orbital irá receber seu segundo electrão.
Assim, a ordem de entrada dos seis electrões num orbital do tipo p será:

1º Electrão

2º Electrão

3º Electrão

4º Electrão

5º Electrão

6º Electrão

Por fim, é importante não confundir:


• Electrão mais afastado do núcleo (ou electrão de valência) é aquele com maior valor do número
quântico principal (n);
• Electrão mais energético é aquele situado no nível (n) ou subnível (l) de maior energia, o que é
dado pela soma n + l.

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Por exemplo, na distribuição electrónica do átomo de escândio, temos:

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II. Classificação Periódica

Tabela Periódica

A tabela periódica dos elementos químicos é a disposição sistemática dos elementos, na forma
de uma tabela, em função de suas propriedades. É muito útil para prever as características e
propriedades dos elementos químicos.

A tabela periódica relaciona os elementos em linhas denominadas períodos e colunas


chamadas grupos ou famílias, em ordem crescente de seus números atómicos (Z).

Períodos

Os elementos de um mesmo período têm o mesmo número de camadas electrónicas, que


corresponde ao número do período. Os elementos conhecidos até o cobre têm sete períodos,
denominados conforme a sequência de letras K-Q, ou também de acordo com o número quântico
principal - n.

Grupos

Antigamente, chamavam-se "famílias". Os elementos do mesmo grupo têm o mesmo número de


electrões na camada de valência (camada mais externa). Assim, os elementos do mesmo grupo
possuem comportamento químico semelhante. Existem 18 grupos, sendo que o elemento
químico hidrogénio é o único que não se enquadra em nenhuma família e está localizado em sua
posição apenas por ter número atómico igual a 1, isto é, como tem apenas um electrão na última
camada, foi colocado no Grupo 1, mesmo sem ser um metal. Na tabela os grupos são as linhas
verticais (de cima para baixo).

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Classificações dos elementos

Dentro da tabela periódica, os elementos químicos também podem ser classificados em


conjuntos, chamados de séries químicas, de acordo com sua configuração electrónica:

 Elementos representativos: pertencentes aos grupos 1, 2 e dos grupos de 13 a 17.


 Elementos (ou metais) de transição: pertencentes aos grupos de 3 a 12.
 Elementos (ou metais) de transição interna: pertencentes às séries dos lantanídios e dos
actinídeos.
 Gases nobres: pertencentes ao grupo 18.

Na tabela periódica:

 São elementos líquidos: Hg e Br;

 São Gases: He, Ne, Ar, Kr, Xe, Rn, Cl, N, O, F e H;

 Os demais são sólidos;

 Chamam-se cisurânicos os elementos artificiais de Z menor que 92 (urânio): Astato (At),


Tecnécio (Tc) e Promécio (Pm);

 Chamam-se transurânicos os elementos artificiais de Z maior que 92: são todos;

 Elementos radioactivos: do Bismuto (83Bi) em diante, todos os elementos conhecidos são


naturalmente radioactivos.

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PROPRIEDADES PERIÓDICAS E APERIÓDICAS

A Tabela Periódica não é útil apenas para saber sobre a massa atómica, número atómico e
distribuição electrónica dos átomos, podemos usá-la para observar as propriedades periódicas e
aperiódicas que são usadas para relacionar as características dos elementos com suas estruturas
atómicas.

Propriedades periódicas: ocorrem à medida que o número atómico de um elemento químico


aumenta, ou seja, assume valores que crescem e decrescem em cada período da Tabela Periódica.

Entre as propriedades periódicas temos: raio atómico, energia de ionização, electroafinidade,


electronegatividade, densidade, temperatura de fusão e ebulição e volume atómico.

Demonstração: a propriedade periódica electronegatividade cresce de baixo para cima e da


esquerda para a direita da Tabela, uma vez que quanto menor um átomo maior será sua
electronegatividade.

Propriedades aperiódicas: os valores desta propriedade variam à medida que o número atómico
aumenta, mas não obedecem à posição na Tabela, ou seja, não se repetem em períodos regulares.

Exemplos de propriedades aperiódicas: calor específico, índice de refracção, dureza e massa


atómica. É válido ressaltar que a massa atómica sempre aumenta de acordo com o número
atómico do elemento, e não diz respeito à posição deste elemento na Tabela.

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