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FLORIANÓPOLIS
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E
ENGENHARIA DE ALIMENTOS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
QUÍMICA
Lavoisier
iii
AGRADECIMENTOS
À Cláudia Terezinha Kniess que com sua maneira simples de expor sua sabedoria,
contribuiu muito para meu aperfeiçoamento.
Aos amigos e companheiros do LABMAC pelos bons momentos que passamos juntos.
iv
Aos meus colegas e amigos da ELO, em especial a área de Ciências da Natureza pela
motivação, amizade e carinho.
À minhas irmãs, Leila Ligia e Neida e meus cunhados pela confiança e por atenuarem
com sua compreensão, muitas dificuldades durante a realização deste trabalho.
Aos meus sobrinhos Andressa, Aline e Thales, que são pequenos anjos que motivam
minha vida.
SUMÁRIO
SUMÁRIO................................................................................................................................ V
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ IX
RESUMO............................................................................................................................. XIII
ABSTRACT .........................................................................................................................XIV
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1
2. OBJETIVOS .........................................................................................................................5
3. CONCEITOS BÁSICOS......................................................................................................7
6. CONCLUSÕES...................................................................................................................81
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 18: Curva de expansão térmica linear da frita (B2), destacando as respectivas
temperaturas de amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).........71
Figura 19: Curva de expansão térmica linear da frita (CB), destacando as respectivas
temperaturas de amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).........71
Figura 20: Curva de expansão térmica linear da frita (T1), destacando as respectivas
temperaturas de amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).........72
Figura 21: Curva de expansão térmica linear da frita (T2), destacando as respectivas
temperaturas de amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).........72
Figura 22: Curva de expansão térmica linear da frita (CT), destacando as respectivas
temperaturas de amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).........72
Figura 23: Curva de expansão térmica linear da frita (M1), destacando as respectivas
temperaturas de amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).........73
Figura 24: Curva de expansão térmica linear da frita (M2), destacando as respectivas
temperaturas de amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).........73
Figura 25: Curva de expansão térmica linear da frita (CM), destacando as respectivas
temperaturas de amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).........73
Figura 26: Frita Branca 1. .......................................................................................................74
Figura 27:Frita Branca 2. ........................................................................................................74
Figura 28: Frita Branca Comercial..........................................................................................74
Figura 29: Frita Transparente 1...............................................................................................75
Figura 30: Frita Transparente 2. ..............................................................................................75
Figura 31: Frita Transparente Comercial. ...............................................................................75
Figura 32: Frita Mate 1............................................................................................................76
Figura 33: Frita Mate 2. ..........................................................................................................76
Figura 34: Frita Mate Comercial.............................................................................................76
Figura 35: Binis das Fritas Brancas (B1, B2 e BC). ...............................................................77
Figura 36: Binis das fritas Transparentes (T1,T2 e TC). ........................................................77
Figura 37:Binis das Fritas Mate (M1, M2 e MC)....................................................................78
Figura 38: Reflectância das fritas brancas em função do espectro de luz visível. ..................79
Figura 39: Reflectância das fritas transparentes em função do espectro de luz visível. .........80
Figura 40:Reflectância das fritas mate em função do espectro de luz visível.........................80
xi
LISTA DE SÍMBOLOS
RESUMO
As lâmpadas fluorescentes são um artigo comum na sociedade atual. No entanto são agentes
de contaminação ambiental quando descartadas inadequadamente. Algumas empresas têm se
dedicado ao desenvolvimento de tecnologias de descontaminação deste material. Desta forma
os materiais provenientes deste processo, vidro e alumínio, podem ser reaproveitados em
novos processos produtivos, preservando assim os recursos naturais limitados. O vidro das
lâmpadas fluorescentes apresenta características constitucionais adequadas para a sua
utilização como matéria-prima na obtenção de fritas para a produção de esmalte cerâmico.
Este trabalho propõe o reaproveitamento deste vidro, incorporando-o em formulações
comerciais de fritas cerâmicas, tentando manter as propriedades e características finais das
mesmas. Para tal, incorporamos 20% de resíduo em fritas dos tipos Branca e Transparente e
10% em uma frita do tipo Mate. Foram produzidas fritas utilizando o vidro das lâmpadas
lavado com água como também, não lavado. As fritas produzidas foram caracterizadas e
avaliadas por meio das técnicas de fluorescência de raios-x, difratometria de raios-x, análise
térmica diferencial, termogravimetria, dilatometria e colorimetria. Pode-se observar, pela
análise dos resultados, que a incorporação do resíduo diminui a temperatura de fusão das
fritas e aumenta o coeficiente de expansão térmica linear em função da introdução de óxidos
fundentes. As fritas produzidas com vidro lavado apresentam maior índice de reflexão da luz,
portanto maior brilho. As propriedades da frita mate foram influenciadas significativamente
pela introdução do resíduo.
xiv
ABSTRACT
Fluorescent lamps are a common article in current society. However, they are agents of
environmental contamination when they are improperly disposed of. Some companies have
been focusing on the development of decontamination technologies of this material. In this
manner, the materials proceeding from this process, glass and aluminum, can be reused in
new productive processes preserving the limited natural resources. The glass from the
fluorescent lamps presents proper constitutional characteristics for its use as raw material to
obtain frits to manufacture ceramic enamel. This paper proposes the reuse of this glass
incorporating it into commercial formulations of ceramic frits trying to keep its final
properties and characteristics. In order to make it, we incorporated 20% of residues in white
and transparent frits and 10% in a malt type frit. Frits were produced using washed with water
and non-washed glass from the lamps. The resulting frits were characterized and evaluated by
means of x-ray fluorescence techniques, differential thermal analysis, thermogravimetry,
dilatometry, colormetry. Analyzing the results, it is possible to observe that the incorporation
of the residue diminishes the fusing temperature of the frits and increases the coefficient of
linear thermal expansion due to the introduction of the funding oxides. The frits produced
with washed glass presented higher rates of light reflection, and consequently higher
brightness. The properties of the malt type frit were significantly influenced by the
introduction of the residue.
1. INTRODUÇÃO
O homem tem feito uso da iluminação artificial por milhares de anos, descobriu sua
utilidade nos tempos da caverna, quando fazia uso do fogo com a finalidade de aquecer-se e
iluminar o ambiente. Tal área do conhecimento humano está em constante evolução,
permitindo o desenvolvimento de novas e eficientes fontes de luz. Com o domínio da
eletricidade, ocorreu uma grande revolução nos sistemas de iluminação.
como também a ionização dos átomos. O retorno desses átomos ao estado fundamental ocorre
com a emissão de fótons de energia correspondentes à radiação ultravioleta. A radiação
ultravioleta, ao se chocar com o revestimento fluorescente do tubo (diversos sais de fósforo),
produz luz visível.
Embora uma lâmpada encerre apenas uma pequena quantidade de mercúrio, o efeito
acumulativo e persistente deste, proveniente de muitas lâmpadas, quando descartadas em um
mesmo aterro ao longo dos anos, por exemplo, será significativo.
Podendo ser reciclado infinitas vezes, sem perda de qualidade, o alumínio possui
ótimo valor quando comercializado como sucata. Para reciclar uma tonelada de latas de
alumínio, se gasta 5% menos de energia do que para produzir a mesma quantidade a partir da
bauxita. O Brasil recicla em torno de 80% de suas latas. O alumínio proveniente das lâmpadas
fluorescentes não pode ser utilizado na fabricação de novas latas de alumínio. Sua principal
aplicação é na produção de soquetes para novas lâmpadas (WIENS, 2001).
novas lâmpadas. A quantidade de mercúrio recuperada não é muito grande, mas qualquer
quantidade que deixe de ser jogado no ambiente com certeza é significativa.
→ Descontaminar o vidro advindo dos resíduos das lâmpadas fluorescentes para que possa ser
reutilizado na produção de fritas cerâmicas.
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→ Obter fritas que possuam propriedades comparáveis com as comerciais, como o baixo
ponto de fusão.
3. CONCEITOS BÁSICOS
As empresas que receberem a certificação ambiental desta ISO terão várias vantagens
como, por exemplo: menos desperdício de matéria-prima, maior qualidade dos produtos,
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A norma ISO 14000 impõe limites rigorosos à presença de mercúrio nos resíduos
sólidos, faz com que as empresas tenham um cuidado especial em destinar de maneira correta
as lâmpadas fluorescentes. Porém estas lâmpadas provenientes de uso doméstico ou comercial
são freqüentemente misturadas ao lixo comum e não tratadas devidamente como resíduos
perigosos (ATIYEL, 2001).
Os resíduos classe I, considerados perigosos pela norma, são todos aqueles que
apresentam periculosidade ou características como:
a) Inflamabilidade;
b) Corrosividade;
c) Reatividade;
d) Toxicidade;
e) Patogenicidade;
Segundo a NBR 10004/ 2004, alguns exemplos de resíduos classe II, são:
a) Resíduo de restaurante (restos de comida);
b) Resíduo de papel e papelão;
c) Resíduo de madeira;
d) Resíduo de borracha e plástico;
Os resíduos classe II A-Não Inertes, são definidos pela norma, como aqueles que não
se enquadram nas classificações de resíduo classe I – Perigosos ou de resíduos classe II B-
Inertes, nos termos desta norma. Os resíduos classe II A-Não inertes podem ter propriedades,
tais como: biodegrabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Por sua vez, os resíduos classe II B – Inertes, são definidos como qualquer resíduo
que, quando amostrado de forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007 e, submetidos
a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, a temperatura ambiente,
conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizado a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, executando-se aspecto, cor,
dureza e sabor.
momento, uma lei ou norma específica que trate sobre o descarte e destinação final de
lâmpadas fluorescentes.
sódio e mistas), usam mercúrio como componente vital para seu funcionamento (RAPOSO;
WINDMOLLER; DURÃO JUNIOR, 2003).
Existem hoje, diversas formas de tratamento das lâmpadas. Entre elas temos:
O uso de aterros para a disposição de resíduos é tão antigo quanto à própria história
humana. À medida que o ser humano evoluía, passou a ter consciência de que manter seus
resíduos dispostos a céu aberto implicava em uma série de inconvenientes, como cheiros
desagradáveis, proliferação de insetos, atração de animais predadores, entre outros. Então, há
milênios o homem passou a enterrar seus dejetos para se livrar destes malefícios.
O aterro é uma variação do lixão, os resíduos sólidos são cobertos com terra, de forma
arbitrária, o que reduz os problemas da poluição visual, mas não reduz a poluição do solo, da
água e a atmosférica, não levando em consideração a formação de líquidos e gases (ATIYEL,
2001).
Ainda que nos dias de hoje existam aterros específicos para resíduos perigosos, a
disposição destes contendo mercúrio nos mesmos é polêmica. O mercúrio é um metal volátil,
podendo também se difundir através do solo, posteriormente volatilizando para a atmosfera.
Além disso, tem grande facilidade de transformação em compostos orgânicos, através da ação
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de bactérias, compostos estes que são solúveis e muito mais tóxicos que o próprio mercúrio
metálico.
Mesmo sendo uma alternativa controlada, os aterros possuem variáveis ambientais que
ainda não foram quantificadas, e é incerto se a disposição de mercúrio metálico nos mesmos
não irá acarretar em um problema ambiental ainda maior no futuro. Além disso, a disposição
no aterro, do vidro, do alumínio e do mercúrio é contrária à filosofia de desenvolvimento
sustentável, que busca justamente minimizar a extração de matéria-prima do meio ambiente.
O mais popular sistema de moagem foi desenvolvido pela Air Cycle, empresa dos
Estados Unidos, e é conhecido mundialmente como Bulb Eater (comedor de lâmpadas). O
equipamento consiste em um moinho de lâmpadas montado sobre um tambor metálico, com
sistema de exaustão para captura de vapores de mercúrio. Os gases exauridos pela unidade
passam por um filtro de tecido, e um filtro de carvão ativado no qual são agregados 15% em
peso de enxofre amarelo, antes da emissão para a atmosfera. O enxofre combina-se com o
mercúrio, formando sulfeto de mercúrio, composto insolúvel e não volátil.
Vale salientar, porém, que a maneira como o mercúrio se encontra dentro da lâmpada
ainda é duvidosa. Mas sabe-se que, quando estas estão apagadas, o mercúrio encontra-se
primordialmente depositado sobre as paredes internas do vidro. Segundo Raposo, Windmoller
e Durão Junior (2003), o mercúrio contido na lâmpada fluorescente, encontra-se na forma
elementar (vapor ou líquido), e sob forma das espécies Hg+1 e Hg+2 que podem aparecer como
cloretos Hg2Cl2 e HgCl2 incorporados no pó de fosfato. A respeito do mercúrio divalente
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estudos desenvolvidos por Foust (2001) e transcritos por Raposo, Windmoller e Durão Junior
(2003) sugerem a formação HgO devido à reação do mercúrio elementar com o oxigênio livre
gerado pela decomposição dos óxidos de metais alcalinos que volatilizam na zona da descarga
elétrica da lâmpada. Deste modo a moagem simples não faz a remoção de todo o mercúrio da
lâmpada, apenas evita que o mercúrio que se encontra na forma gasosa escape para o meio
ambiente. Além disso, a menos que a instituição possua uma unidade de tratamento térmico,
todo o mercúrio recuperado nos filtros acabará disposto em aterro juntamente com os
respectivos filtros.
Este tratamento, desde que devidamente controlado para que não haja emissões
fugitivas de mercúrio, é uma das melhores alternativas existentes no momento. Isto porque
promove a recuperação do mercúrio, a reciclagem dos constituintes das lâmpadas e não gera
resíduos perigosos que seriam destinados a aterros.
O processo químico, assim como o térmico, também pode ser dividido em duas
etapas: fase de esmagamento e fase de contenção do mercúrio. A fase de esmagamento difere
do tratamento térmico por ser realizada com lavagem do vidro. Assim, a quebra das lâmpadas
ocorre sob uma cortina de água, evitando que o vapor de mercúrio escape para a atmosfera. A
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mistura de vidro e as partes metálicas são lavadas, ocorrendo à separação do vidro e dos
metais para reciclagem.
Equação 1:
Na2S(aq) + Hg(L) → HgS(s) + Na+
Equação2:
HgS(S) → Hg (g) + S(s)
O tratamento por sopro surgiu como uma alternativa para a reciclagem do vidro. Este
processo, utilizado exclusivamente para tratamento de lâmpadas fluorescentes tubulares, visa
manter a integridade do tubo de vidro, encaminhando-o ainda na forma tubular para
reciclagem. Neste processo as duas extremidades contendo os soquetes de alumínio são
quebradas, através de um sistema de aquecimento e resfriamento. Em seguida, o tubo de vidro
já sem os soquetes recebe um sopro de ar em seu interior, arrastando-se assim o pó de fósforo
contendo o mercúrio. O pó removido pelo sopro passa por um sistema de ciclones e a corrente
de ar passa em seguida por um sistema de filtros de carvão ativado.
3.2.2.1. Apliquim
Localizada em Jundiaí, São Paulo, atua na busca de alternativas que colaborem para
que empresas e instituições ecologicamente conscientes possam dar um destino
ambientalmente seguro a seus resíduos. A empresa disponibiliza o sistema Bulb Eater,
conhecido como “Comedor de Lâmpadas”.
3.2.2.5. Ambiensys
Composto por um tambor metálico de 200 litros, o Bulbox, possui sistema interno de
aspiração e filtragem em três fases, sistema eletrônico de contagem de lâmpadas, controle de
vida útil dos filtros e desligamento automático. Funciona com um sistema de operação a
vácuo, isentando o operador de riscos de retrocesso de fragmentos e contaminação pelo vapor
de mercúrio. Segundo a empresa a capacidade de processamento do Bulbox é de 05
lâmpadas/minuto, podendo armazenar dependendo do modelo, entre 400 a 1350 lâmpadas.
3.2.2.6. Tramppo:
3.3. Vidros
3.3.1. Histórico
Pode dizer-se que de todos os materiais empregados pelo homem, é o vidro que, desde
a aurora da humanidade, tem acompanhado mais fielmente seus passos pelo mundo,
permitindo conjugar sempre o útil ao agradável (NAVARRO, 1985).
Supõe-se que a descoberta dos vidros artificiais ocorreu após a descarga elétrica
atmosférica sobre as cinzas deixadas no chão arenoso em tempos pré - históricos. Com o
passar do tempo e a descoberta do fogo, o homem teve os meios para se iniciar na arte
cerâmica (KNIESS, 2001).
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Hoje em dia, além das aplicações clássicas em que os vidros são indispensáveis à
nossa economia, podemos observar novas técnicas de vidro surgindo a todo o momento. Os
novos vidros semicondutores, as fibras ópticas, os vidros laser de alta tenacidade, são alguns
dos exemplos que podem ser citados (NAVARRO, 1985). Como visto a História do vidro
apresenta incertezas, mas é sem dúvida um material que vem acompanhando o
desenvolvimento da humanidade, sendo útil a ela no decorrer dos tempos.
3.3.2. Definição
Segundo Souza (1973), o vidro é uma substância inorgânica numa condição contínua e
análoga ao estado líquido daquela substância, porém, devido ao fato de ter sido resfriada de
uma condição fundida, atingiu um grau de viscosidade tão alto que é considerada rígida para
todos os fins práticos.
Por outro lado, se o resfriamento for suficientemente rápido, não haverá tempo para
ocorrer a cristalização e um material não ordenado será obtido, em um estado metaestável
denominado líquido super-resfriado (trecho 2-3’). Durante a redução da temperatura deste
líquido super-resfriado, ocorre um aumento contínuo em sua viscosidade. A temperatura em
que se observa uma mudança na inclinação da curva volume específico x temperatura, é dita
Temperatura de Transição Vítrea, Tg. A partir desta temperatura, um sólido não cristalino ou
material vítreo passa a existir e a sua contração é similar aquela do sólido cristalino (trecho
3’-4’), (MONTEDO, 2005).
que o mesmo foi obtido. Quanto menor a taxa de resfriamento aplicada, maior será a
contração experimentada pelo vidro. O resfriamento rápido provocará um congelamento de
uma estrutura mais aberta, correspondente a uma temperatura elevada, dando lugar a maior
volume específico (NAVARRO, 1991).
Lorenzi (2004), sumarizando o escrito por Varshenya (1994), afirma que quando uma
substância está no estado líquido ou fundido e dela se vai retirando calor, seus átomos,
moléculas ou íons constituintes, vão diminuindo suas velocidades, até que a força entre os
mesmos é tal que pequenos núcleos de cristais, com átomos fixos em posições específicas,
começam a se formar. A partir de tais núcleos, começará a surgir uma estrutura cristalina com
a mesma estrutura ou fase do núcleo inicial formado. É a passagem do estado líquido para o
sólido.
O comportamento dos materiais está condicionado em boa parte pela ordenação que
guardam entre si os seus elementos constituintes. Portanto, do conhecimento que se possui
sobre sua estrutura dependerão as possibilidades de aplicação e, em definitivo, a utilidade de
um material (NAVARRO, 1985).
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Provavelmente a teoria mais simples e antiga sobre a formação de vidro foi proposta
por Goldschmidt, antes de 1930, e baseou-se na observação de que composições de fórmula
geral RnOm formam mais facilmente um vidro, quando a razão entre o raio do cátion (rR) e o
raio do ânion (rO) se situava entre 0,2 e 0,4. A condição de Goldschmidt aplicava-se de fato a
um grande número de formadores de vidro, mas não previa modelos estruturais
(FERNANDES, 1999).
Ao longo dos anos, várias teorias foram desenvolvidas e discutidas para explicar
satisfatoriamente a estrutura dos vidros. Entre elas podemos destacar a teoria de Zachariasen,
definida como modelo de retículo ao acaso.
como nos materiais cristalinos) formada por tetraedros de silício-oxigênio unidos pelas
vértices.
(a) (b)
Figura 4: Diferença entre a estrutura amorfa de um vidro (b) e a estrutura regular de um cristal (a)
(NAVARRO, 1985).
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→ O vidro não é um composto químico definido, não podendo o mesmo ser definido
através de uma simples fórmula.
→ Cada átomo de oxigênio não deve se unir a mais do que dois átomos A;
→ Cada poliedro de oxigênio deve ligar, pelo menos, três vértices com os demais
poliedros.
Figura 5: Arranjo de átomos num vidro de silicato de sódio, com a introdução de íons não formadores
de rede cristalina (NAVARRO, 1985).
De acordo com Kniess (2001) Zachariasen classificou os cátions num vidro em três
categorias:
Kniess (2001), sumarizando o exposto por Magella (1999), diz que na formulação de
um vidro, deve ser considerada a ação de determinados componentes no resultado final de
suas propriedades físico-químicas. Os principais constituintes dos vidros podem ser
agrupados de acordo com seu mecanismo de ação, a saber:
3.4.1. Definição
Antes de adquirir sua própria identidade como material, o vidro era aplicado como
revestimento de peças cerâmicas, e tiveram que transcorrer muitos séculos antes que a
indústria vidreira chegasse a se desenvolver independentemente. Investigações históricas
mostram que o material vítreo mais antigo data de 12.000 a.C. Se trata de um recobrimento
vítreo de cor verde, aplicado sobre pedras de pequeno tamanho, que parece proceder de
alguma civilização Asiática (NAVARRO, 1985).
De acordo com Duran et al. (2002), as fritas são produtos vítreos insolúveis obtidos a
partir da fusão de uma mistura de matérias-primas, que se esfria rapidamente com o propósito
de obter um material esmigalhado. A expansão térmica similar ao suporte que se vai esmaltar,
fusibilidade de acordo com o ciclo de fusão, tensão superficial compatível com o uso, baixa
solubilidade e matérias-primas de baixo custo, são as principais características almejadas na
sua produção.
final inadequada, é necessário então, para ampliar a utilidade destes objetos cobrir sua
superfície com uma fina camada de material vítreo, o esmalte ou vidrado.
de produto que se deseja desenvolver. Além dos produtos já citados, frita é aplicada como
fundente na preparação de cores vitrificáveis usadas na decoração em vidros, como material
ligante na preparação de abrasivos.
3.4.3. Matérias-Primas
Matérias Primas
Homogeneização
Fusão
Resfriamento
As matérias-primas são transformadas para dar lugar às fritas. Estas últimas sozinhas
ou juntas com outras matérias-primas de natureza cristalina resultarão em uma camada de
vidrado que recobre o revestimento cerâmico, dando a ele as propriedades físico químicas e
características estéticas desejadas (SANCHES,1997). É importante conhecer também a
disponibilidade, toxicidade, custo final além da composição e pureza das matérias primas
utilizadas, evitando assim efeitos indesejados no esmalte.
Diferentes classes de fritas podem ser produzidas de acordo com o tipo e a quantidade
de matéria prima utilizada. Entre os principais tipos podemos citar as fundentes com e sem
chumbo, transparentes, opacas, mates, e as utilizadas para suporte metálico.
37
Estas fritas com uma faixa de fusão de 950ºC a 1200ºC, são usadas como componente
principal para o recobrimento vítreo de vasilhames e materiais utilitários e devem possuir uma
excelente transparência, alta resistência à quebra e não devem interferir na coloração.
→ Fritas Opacas: A opacidade dos vidrados é devida à dispersão dos raios de luz
quando em uma trajetória ao longo da matriz vítrea encontram microheterogeneidades
capazes de dispersá-los. Como conseqüência desta dispersão, diminui a intensidade da luz
transmitida através da camada de vidrado, provocando sua opacidade. Estas
microheterogeneidades podem ser fases cristalinas ou fases vítreas imiscíveis com a fase
vítrea principal (BENLLOCH, 2001).
produz o esmalte, em conseqüência muda seu papel estrutural com a formação preferencial da
espécie cristalina. A opacidade da peça cerâmica dependerá fortemente da composição da frita
e da forma que esta pode favorecer a formação de fases cristalinas que contenham zircônio e
das dimensões idôneas para uma ampla dispersão da luz. A porcentagem de zircônio na
composição da frita varia entre 6% e 11%, dependendo de sua aplicação (DURAN et al.,
2004).
→ Frita Mate: É um tipo de frita opaca e sem brilho. Este efeito pode ser conseguido
quando o zinco desvitrifica em cristais de willenita (silicato de zinco), ou pela desvitrificação
do cálcio em wollastonita (silicato de cálcio).
Nas fritas de cálcio a porcentagem deste elemento é sempre superior a 20%, elas
possuem baixa solubilidade, sendo que a fusão começa em torno de 800ºC. Sua principal
aplicação é na preparação de esmaltes para ladrilhos. O ZnO pode ser encontrado no vidro
como formador de retículo, produzindo as chamadas fritas mate de zinco.
→ Fritas para Suporte Metálico: A aderência destas fritas sobre o suporte metálico é
na maioria dos casos, similar a um eletrólito. Para serem utilizadas para este fim as fritas
devem ter resistência a ácidos, detergentes, água quente, água salgada, ao choque térmico, ao
impacto, ao risco e a abrasão.
As propriedades dos vidros, à semelhança do que sucede com os muitos outros tipos
de materiais, dependem das respectivas características estruturais. A estrutura, por sua vez, é
condicionada pela composição química, mas nos vidros o conhecimento da história térmica do
material é fundamental (FERNANDES, 1999).
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Serão aqui descritas algumas das propriedades, que tem importância significativa na
aplicabilidade do produto. Entre as principais podemos destacar o coeficiente de dilatação
térmica, ponto de amolecimento, viscosidade, dureza, opacidade e brilho.
A dilatação que a maioria dos materiais sofre por ação do calor é uma conseqüência do
aumento de sua energia interna, que implica em uma maior amplitude das vibrações
moleculares e, portanto, um maior distanciamento entre seus constituintes estruturais. Este
aumento dimensional é característico de cada material e expresso por um fator que depende
da temperatura, denominado coeficiente de dilatação. Este coeficiente pode referir-se ao
volume, superfície ou a uma só dimensão (coeficiente de dilatação linear) (AMORÓS;
BLASCO; SANZ, 1997).
A dilatação térmica é uma das mais importantes propriedades dos vidrados, sendo a
mesma expressa pelo coeficiente de expansão térmica linear (α), determinada
experimentalmente usando-se um dilatômetro geralmente na faixa de temperatura de 20 a
400°C.
Através do valor (α), pode-se observar a interação que existe entre a massa cerâmica e
o vidrado. A perfeita interação entre ambos tem fundamental importância na segurança contra
defeitos do vidrado. As diferenças entre os coeficientes de dilatação da massa e vidrado,
podem provocar tensões de tração e compressão (ROSSINI, 1992).
A maior exigência de um vidrado é que ele permaneça unido com o corpo sobre o qual
ele é aplicado sob todas as condições de uso. O gretamento e o empenamento (convexo ou
côncavo) são os defeitos provocados pela falta de acordo entre as expansões térmicas do
vidrado e do suporte.
À medida que se vai resfriando a peça esmaltada, o vidrado começa a se solidificar até
que se torne um material rígido, fortemente aderido ao suporte. A temperatura na qual essa
condição ocorre é chamada de temperatura de acoplamento efetivo (Ta). Durante o
resfriamento, para temperaturas inferiores a Ta, o vidrado e o suporte podem sofrer retrações
41
diferentes, o que dará origem a tensões entre eles e poderá levar ao empenamento da peça
(AMORÓS et al.,1996).
3.4.5.4. Viscosidade
agulhadas, devido à saída lenta dos gases e ao menor tempo disponível para que o mesmo se
espalhe sobre a massa cerâmica. A viscosidade deve ser baixa o suficiente, a fim de que
durante a queima as bolhas escapem e a superfície fique lisa, porém, não excessivamente
fluida para que não forme ondas por escorregamento nas paredes verticais. (ROSSINI, 1992).
3.4.5.5. Dureza
3.4.5.6. Colorimetria
A cor não é uma característica absoluta de um objeto, mas sim uma percepção
humana. A fonte de luz, o objeto e o indivíduo que faz a observação são fatores que
interferem na percepção das cores. Ou seja, a cor de um objeto é uma sensação própria de
cada observador (MELCHIADES; BOSCHI, 1999).
entre zero (preto) e cem (branco). Já a* e b* são as coordenadas cromáticas que indicam as
direções de cor:
- Parâmetro a*: a* < 0, maior a participação da cor verde; a* > 0 maior a participação
da cor vermelha.
- Parâmetro b*: b* < 0, maior a participação da cor azul; b* > 0 maior a participação
da cor amarela.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
A análise do resíduo para sua classificação conforme a NBR 10004/04 foi realizada na
Essencis Soluções Ambientais de Curitiba/PR. No Instituto de Pesquisas Ambientais e
Tecnológicas (IPAT) da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) foram
realizadas análises de espectrofotometria de absorção atômica e colorimetria das amostras de
água. No Centro Tecnológico de Criciúma (CTC) foram feitas as análises de fluorescência de
raios-X. Na empresa Vidres, de Criciúma, foi realizada a análise dilatométrica. No
Departamento Técnico da Empresa Eliane Revestimentos Cerâmicos, Cocal do Sul, foram
realizados os ensaios de colorimetria dos binis. Análises de difratometria de raios-X foram
feitas no Laboratório de Materiais (LABMAT), da UFSC. Em São Paulo, no Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), foram feitos os ensaios de análise térmica
diferencial.
46
Resíduo Bulbox
Vidro 2
(Resíduo não Lavado)
Moagem e
Peneiramento
Formulação e Fusão
(com vidro 1 e 2)
Caracterização das
Fritas
Figura 8: Diagrama representativo das atividades experimentais realizadas para o preparo e
caracterização das fritas a partir do resíduo proveniente do Bulbox.
material proveniente desta forma, a princípio com pouco mercúrio, constituído principalmente
por ponteiras metálicas, vidro e pó fosforoso foi caracterizado pela técnica de fluorescência de
raios-X e ensaios de solubilizado e lixiviado.
Tabela 3: Métodos analíticos usados na análise do extrato lixiviado e solubilizado dos resíduos do
Bulbox.
Parâmetro Descrição Método*
Alumínio Absorção Atômica,Chama Óxido Nitroso/ Acetileno 3111 D
Amônia Titulometria 4500Norg
Parâmetro Descrição Método*
Antimônio Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 B
Arsênio Geração Contínua de Hidretos/Absorção Atômica 3114 C
Bário Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 D
Berílio Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 D
Boro Colorimetria 4500 B-B
Cádmio Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 B
Cálcio Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 B
Chumbo Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 B
Cianeto Colorimetria 4500-CN E
Cloretos Argentométrico 4500-Cl B
Cobalto Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 B
Cobre Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 B
Cromo Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 B
Cromo hexavalente Colorimetria 3500/Cr-D
DBO Incubação 4500 O- C
DQO Colorimetria 5220 -D
Estanho Absorção Atômica,Chama Óxido Nitroso/ Acetileno 3111 D
Fenol Colorimetria 5530 C
Ferro Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111B
Ferro solúvel Colorimetria 3500 Fe-D
Fluoreto Colorimetria 4500- F-D
Magnésio Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 B
Manganês Absorção Atômica-Chama Ar/ Acetileno 3111 B
49
Segundo Navarro (1993) e transcrito por Kniess (2005), as radiações fluorescentes são
características dos elementos que as emitem, permitindo assim identificá-los. A concentração
de um elemento é determinada pela comparação entre a intensidade da linha característica
produzida pela amostra em questão e a intensidade da mesma linha numa amostra que contém
o elemento em quantidade conhecida.
Por meio desta técnica, foi feita a análise química semiquantitativa do vidro lavado,
não lavado e também do pó proveniente das lâmpadas fluorescentes. O equipamento utilizado
foi um modelo PW 2400 da PHILIPS disponível no Laboratório de Análise de Minerais e
Rochas da UFPR. As amostras foram britadas, pulverizadas, homogeneizadas, prensadas e
50
secas a 100ºC. A análise de perda ao fogo foi realizada em mufla, ficando a amostra exposta
por três horas a 1000ºC.
A água, efluente líquido gerado na lavagem das lâmpadas, foi analisada usando as
técnicas de espectrofotometria de absorção atômica e colorimetria. Estas análises foram feitas
no intuito de avaliar a possibilidade de seu descarte, em corpos de água, com e sem
tratamento prévio.
4.1.2.2. Colorimetria
Por meio desta técnica, foi feita a análise química semiquantitativa das fritas
produzidas. O equipamento utilizado foi um modelo PW 2400 da PHILIPS disponível no
Centro Tecnológico de Criciúma. As amostras foram britadas, pulverizadas, homogeneizadas,
prensadas e secas a 100ºC. A análise de perda ao fogo foi realizada em mufla, ficando a
amostra exposta por três horas a 1000ºC.
A utilização dessa técnica para análise de esmaltes e fritas cerâmicas, permite além da
identificação das fases cristalinas presentes, a constatação da presença ou ausência de fase
vítrea (amorfa). A estrutura cristalina está associada a picos estreitos com ângulo de difração
definido, enquanto que uma estrutura vítrea, material amorfo, provoca o espalhamento do
feixe, resultando em um halo. Desta forma, um material contendo cristais em uma matriz
vítrea apresenta sobreposição dos picos característicos da fase cristalina e um halo difuso
relativo a fase amorfa (SCHABBACH, 2004).
equipamento utilizado foi um Difrâtometro de Raios-X Philips, modelo X’Pert, com radiação
cobre Kα (λ = 1,54056 Å). As amostras em pó, com granulometria inferior a 40 µm foram
compactadas em um porta amostra para a leitura da superfície inversa à de compactação, de
modo a minimizar os efeitos de orientação preferencial. As condições de análise foram: passo
de 0,05°, tempo de passo de 1s e intervalo de medida, em 2θ de 10 a 80º. Identificou-se as
fases por comparação do perfil obtido com o conjunto de difração padrão coletado e mantido
pelo Joint Committee on Powder Diffraction Standards (JCPDS).
4.1.3.5. Dilatometria:
4.1.3.6. Colorimetria
O resíduo composto por vidro e poeira fosforosa foi lavado em água destilada. A fim
de minimizar a quantidade de água utilizada, foram feitas inicialmente algumas lavagens para
chegar-se a uma proporção adequada entre água e resíduo. A proporção em massa utilizada
foi de 2:1 (água: resíduo). Tanto o resíduo quanto a água foram pesados em uma balança
semianalítica série BG 1000 da marca Gehaka, pertencente ao LABMAC, onde se procedeu a
lavagem. O tempo de lavagem para cada kg de material foi de 10 mim, utilizando agitação
manual. Uma vez lavado o vidro foi separado da água fosforosa, utilizando uma peneira em
54
malha de 44 µm, para depois secar em estufa. Observando as Figuras 9 e 10, podemos
comparar o resíduo lavado com o não lavado.
O resíduo fosforoso foi separado da água por meio de filtração, sendo esta feita com
papel filtro de 14 µm de porosidade. O pó proveniente desta forma secou em estufa a 100ºC
por 12h sendo posteriormente encaminhado para análise de Pb e Hg.
55
Como já descrito no tópico 4.1.2., a água resultante deste processo foi encaminhada
para análise a fim de determinar a quantidade de contaminantes que poderiam dificultar o seu
descarte direto ou indireto, como efluente nos corpos de água.
Para produção das fritas utilizou-se o vidro lavado e também o resíduo não lavado.
Ambos foram moídos separadamente em um moinho com esferas de alumina. Foram
realizados testes para a determinação do tempo ideal de moagem, tendo como parâmetro
menos de 1% de resíduo na peneira de 100 mesh. Este tempo foi determinado como sendo de
30 minutos. As moagens foram realizadas em um moinho rápido, modelo CT 242 da marca
Servitech, pertencente ao LABMAC.
As fritas produzidas foram de três tipos distintos: Branca, Mate e Transparente. Cada
uma delas foi feita tanto com vidro lavado como com o não lavado, totalizando seis fritas
diferentes.
Uma amostra de cada uma das fritas produzidas foi moída com água em um moinho
com esferas de alumina, modelo CT 242 da marca Servitech. Com o auxilio de um rolo,
passou-se estas suspensões sobre suportes cerâmicos (binis). Os binis foram queimados em
um forno de rolos, numa faixa de temperatura de 1050ºC, por 30 minutos. Os binis
produzidos foram encaminhados para análise colorimétrica, sendo comparados com os binis
produzidos nas mesmas condições a partir das fritas comerciais. Este procedimento foi
realizado na mesma empresa de fritas onde se realizaram as fusões.
classificação é devido ao teor de fenol obtido no extrato solubilizado (0,023 mg.l-), estar
acima do limite especificado (0,01 mg.l-1). A quantidade de chumbo, não especificamente
definida, pode também estar acima do limite máximo permitido.
Analisando as tabelas, podemos observar que não ocorrem muitas alterações entre a
composição do vidro lavado em relação ao que não foi lavado. As substâncias que apresentam
maiores índices de variação em porcentagem, são aquelas que estão em menores quantidades
como o Zr, Sr, Fe2O3 e o K2O. Podemos ver ainda que trata-se de um vidro sódico, portanto
bom fundente, e economicamente viável para a produção de fritas. Já o pó é constituído
praticamente por óxido de cálcio e de fósforo.
Tabela 6: Composição Química obtida por FRX do vidro das lâmpadas que não foi lavado.
Substância Teor em %
SiO2 77,80
Na2O 10,26
CaO 5,38
MgO 2,06
Al2O3 1,44
K2O 0,94
Ba 0,57
Fe2O3 0,39
SO3 0,25
Pb 0,13
Sr 0,03
Zr 0,02
Sb <<
Cl <<
P <<
Nb <<
P.F. 0,73
P.F = perda ao fogo.
<< = elemento presente com concentração não quantificável.
Tabela 7: Composição Química obtida por FRX do vidro das lâmpadas lavado.
Substância Teor em %
SiO2 77,43
Na2O 10,47
CaO 5,17
MgO 2,03
Al2O3 1,49
K2O 1,05
Ba 0,76
Fe2O3 0,46
SO3 0,22
Pb 0,13
Sr 0,05
Zr 0,01
Sb <<
Cl <<
P <<
P.F. 0,73
P.F = perda ao fogo.
<< = elemento presente com concentração não quantificável.
61
Substância Teor em %
CaO 45,53
P2O5 40,37
SiO2 7,94
Na2O 1,50
MnO 1,16
Al2O3 0,88
Cl 0,58
MgO 0,32
Sb 0,30
Fe2O3 0,21
SO3 0,21
K2O 0,13
Sr 0,06
Pb <<
F <<
P.F. 0,81
P.F = perda ao fogo.
<< = elemento presente com concentração não quantificável.
Como pode ser observado, tanto o Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA,
como a FATMA, não especificam os limites máximos de emissão de cálcio, potássio e sódio
nos efluentes. Segundo informações da FATMA, estes padrões são calculados em situações
concretas de despejo de um efluente num corpo de água. Podemos observar ainda que a
quantidade de fenol na água é muito pequena, inferior ao mínimo detectável e aos padrões
permitidos pela legislação.
62
Tabela 9: Análise da água utilizada durante a lavagem do vidro, obtida por meio de
espectrofotometria de absorção atômica e colorimetria.
utilizados a partir deste momento, índices e abreviações na identificação das fritas. As letras
B, M e T identificam o tipo de frita: branca, mate ou transparente. O índice 1 será usado
quando tratar-se de fritas produzidas com vidro lavado. Já o índice 2, será utilizado para as
fritas produzidas com vidro não lavado. Por sua vez as fritas comerciais serão designadas
como CB, CM e CT, sendo comercial branca, comercial mate e comercial transparente
respectivamente.
Tabela 10: Composição química das fritas brancas obtida por FRX.
Substância CB % B1 % B2 %
Tabela 11: Composição química das fritas transparentes obtida por FRX.
Substância CT % T1 % T2 %
Tabela 12: Composição química das fritas mate obtida por FRX.
Substância CM % M1 % M2 %
220
M a te 1 200
T ra n s p a re n te 1
180
160
Intensidade
140
120
100
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60
2 th e ta
B ra n c a 2
B ra n c a 1
Intensidade
0 10 20 30 40 50 60
2 th e ta
Os eventos térmicos que ocorrem nas fritas são registrados nas curvas resultantes da
ATD. Uma das propriedades mais importantes e que influencia diretamente no custo
produtivo das fritas é a temperatura de fusão, que é um processo endotérmico.
__B ranca 1
__B ranca 2
_ _ B r a n c a C o m e r c ia l
ATD/
Figura 14: Curvas de análise térmica diferencial das fritas brancas. (↑ exo)
67
__T ransparente1
__T ransparente 2
_ _ M ate1
_ _ M ate 2
_ _ M ate C o m ercial
ATD/
Figura 16: Curvas de análise térmica diferencial das fritas mate (↑ exo).
No caso da introdução do vidro das lâmpadas na composição das fritas como pode ser
observado também na Tabela 13 a temperatura de amolecimento (Tw), é menor nas fritas
mates que tem a menor quantidade de óxidos formadores de retículos e a maior quantidade de
óxidos modificadores. A diminuição dos valores de Tw das fritas produzidas em relação as
comerciais indica a característica de suportarem temperaturas de trabalho somente até em
torno de 660 ºC, com pouca deformação dimensional.
O vidro de sílica pura, constituído por tetraedros de SiO4, tem uma coesão reticular
muito elevada. Por isto, sua estabilidade dimensional é pouco afetada pela temperatura e
apresenta um baixo coeficiente de dilatação. O crescimento de pontos de descontinuidade
reticular e a conseqüente diminuição da coesão reticular provocada pela entrada de óxidos
modificadores se traduz num aumento do coeficiente de dilatação que será tanto maior quanto
mais elevada for a proporção molar de íons modificadores incorporados.
ligações e quanto menos fundentes no vidrado, menor será o coeficiente de expansão térmica.
De forma geral temos:
Comparando-se as medidas de α(25-325) das fritas (Tabela 13), podemos observar que o
α aumenta com a introdução do vidro das lâmpadas fluorescentes na formulação comercial.
As três fritas comerciais são as que apresentam os menores valores de coeficiente de
dilatação, visto que estas amostras contem a maior quantidade de sílica e alumina.
Figura 17: Curva de expansão térmica linear da frita (B1), destacando as respectivas temperaturas de
amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).
Figura 18: Curva de expansão térmica linear da frita (B2), destacando as respectivas temperaturas de
amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).
Figura 19: Curva de expansão térmica linear da frita (CB), destacando as respectivas temperaturas de
amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).
72
Figura 20: Curva de expansão térmica linear da frita (T1), destacando as respectivas temperaturas de
amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).
Figura 21: Curva de expansão térmica linear da frita (T2), destacando as respectivas temperaturas de
amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).
Figura 22: Curva de expansão térmica linear da frita (CT), destacando as respectivas temperaturas de
amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg)
73
Figura 23: Curva de expansão térmica linear da frita (M1), destacando as respectivas temperaturas de
amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).
Figura 24: Curva de expansão térmica linear da frita (M2), destacando as respectivas temperaturas de
amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).
Figura 25: Curva de expansão térmica linear da frita (CM), destacando as respectivas temperaturas de
amolecimento (Tw), acoplamento (Ta) e de transição vítrea (Tg).
74
5.3.5. Colorimetria
Os binis produzidos a partir das fritas são apresentados nas Figuras 35, 36 e 37.
B2
B1
BC
T1
T2
TC
M2
M1
MC
Analisando as fritas produzidas com vidro lavado em relação às produzidas com vidro
não lavado, não é possível fazer uma diferenciação perceptível ao olho humano. No entanto
comparando as fritas produzidas com as comerciais a diferença de tonalidade torna-se
perceptível.
De acordo com Duran (2002), um esmalte com viscosidade e tensão superficial baixa
flui livremente ao longo do corpo cerâmico, desenvolvendo uma superfície lisa e brilhante se
o suporte não tiver irregularidades superficiais. Do ponto de vista da composição, o brilho e a
superfície lisa se favorecem mediante:
90
88
86
84
Reflexão (%)
82 Branca 1
80 Branca 2
78
Branca Comercial
76
74
72
70
400
420
440
460
480
500
520
540
560
580
600
620
640
660
680
700
Figura 38: Reflectância das fritas brancas em função do espectro de luz visível
80
70
68
Trans parente 1
66
64 Trans parente 2
Reflexão(%)
62
60 Trans parente
58 Comercial
56
54
52
50
400
420
440
460
480
500
520
540
560
580
600
620
640
660
680
700
Comprimento de Onda (nm)
Figura 39: Reflectância das fritas transparentes em função do espectro de luz visível.
80
78
76
74
72
Reflexão (%)
70
68 Mate 01
66
64 Mate 02
62
60 Mate Comercial
58
56
54
52
50
400
420
440
460
480
500
520
540
560
580
600
620
640
660
680
700
Com base na pesquisa desenvolvida e nos resultados por ela obtidos, podemos chegar as
seguintes conclusões:
→ A incorporação de 20% de vidro nas fritas branca e transparente é viável, sendo que as
principais características da frita comercial, como o ponto de fusão e a dilataçãosão mantidas.
→ A temperatura de fusão diminui nas fritas produzidas em relação as comerciais, uma vez
que diminui a quantidade de óxidos formadores de retículos cristalinos e aumenta a
porcentagem de óxidos modificadores de retículos.
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