arte, não apresenta estudo científico. Entretanto, isso não é verdade. Existe estudo sistemático da Literatura a que chamamos de crítica literária. É a crítica literária que estabelece o conceito de Escola Literária. Chamamos de Escola Literária as manifestações literárias ligadas por denominadores comuns, ou seja, obras que tenham características afins. Entre essas características está a língua, o tema, a estética (as características literárias do texto como as figuras de linguagens recorrentes, por exemplo), o papel social, a natureza social (o contexto social), a natureza psíquica ou filosófica, o conjunto de autores (conscientes de seu fazer literário) e o público. Esses denominadores juntos formam um sistema com continuidade literária (um projeto literário) que, situado cronologicamente, estabelece o que chamamos de Escola de Época, Escola Literária, Movimento Literário ou Estilo de Época. Para ser considerado um movimento literário, a produção literária tem que, necessariamente, fazer parte de um projeto literário (de um sistema). Assim, textos de autores com mesmas características num mesmo período histórico, sob mesmo contexto social e sob mesma influência filosófica pertencem a uma mesma Escola Literária. É importante ressaltar que em Literatura (e em toda arte) nada é estático, ou seja, é perfeitamente possível que um texto com características barrocas (escola literária do século XVII) seja escrito hoje. O estudo que fazemos da arte literária, entretanto, segue a cronologia histórica mais por questões didáticas que por questões estéticas. Como toda arte, a literatura também é influenciada pelo contexto social do momento no qual foi escrita, portanto, não haveria sentido estudar a estética Realista, influenciada pelo darwinismo e pelo positivismo de Comte do século XIX para depois estudar a estética Barroca influenciada pela Contra-Reforma (conflitos entre católicos e protestantes) do século XVII. Os movimentos literários são, portanto, uma maneira de sistematizar didaticamente os estudos literários. Trecho de Dom Casmurro - Machado de Assis (1899) Eis aqui outro seminarista. Chamava-se Ezequiel de Sousa Escobar era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos, como os pés, como a fala, como tudo. Quem não estivesse acostumado com ele podia acaso sentir-se mal, não sabendo por onde lhe pegasse. Não fitava de rosto, não falava claro nem seguido as mãos não apertavam as outras, nem se deixavam apertar delas, por que os dedos, sendo delgados e curtos, quando a gente cuidava tê-los entre os seus, já não tinha nada. (...) Quando ele entrou na minha intimidade pedia-me frequentemente explicações e repetições miúdas, e tinha memória para guardá-las todas, até as palavras. Talvez esta faculdade prejudicasse alguma outra.