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GF – Acho que sim. O Diario nunca deixou de ter por público a classe média mais
inteligente, acima de tudo. Mas, no tempo de Carlos de Lyra, os editoriais tinham
repercussão nacional. Aníbal, é curioso, nunca teve um grande prestígio. Teve alguns
entusiastas, sobretudo da crônica internacional dele. Ele recebia jornais franceses e
estava sempre atualizado.
GF – Foi uma brava luta. Foi, realmente, uma grande fase para Chateaubriand. A
Chateaubriand não se pode dizer que faltasse coragem. Ele enfrentava situações
difíceis e pegava as oportunidades. A não ser que aparecesse um grupo financeiro a
quem ele desejasse cortejar. Mas ele e Aníbal não se davam bem. Quem sustentou
Aníbal contra ele fui eu. Aníbal nunca me agradou. Eu assumi a direção do Diario, a
contragosto, atendendo apelo de Chateaubriand, na fase de transição. Consegui
manter Aníbal, apesar de Chateaubriand. Chateaubriand detestava Aníbal, sabe? Por
causa de certas atitudes de Aníbal contra ele na fase indecisa da conservação dos Lyra
no jornal.
GF – Era minha, sim! À revelia minha, fiquei dono da bala. Mas, realmente, era
para mim. Agamenon não tinha nada contra Aníbal, mas tinha contra mim. Eu insultei
Agamenon da maneira mais direta possível, ele no auge do poder. Não digo que ele,
realmente, tivesse assumido a responsabilidade, mas inspirou. Omitiu-se.
GF – Claro que teria repercussão mundial! Mas, você acha que a bala era para
quem?
GF – (risos) Você até que tem talento para investigação. Mas, pode anotar aí que a
bala que matou Demócrito era dirigida a mim.
GF – O boato é o seguinte: que foi Nilo Pereira. Mas não sei, não.
GF – Acho que era mais exercida pela polícia. Embora, se fôssemos apurar certos
casos, a polícia pudesse se defender. Era uma situação internacional que demandava
certas cautelas.
GF – Olhe, eu estou com o plano das minhas Memórias sendo adiado todo tempo,
mas há coisas que somente eu posso esclarecer. Coisas antigas, desde o tempo de
Estácio Coimbra. Estácio tinha por mim uma afeição tal que, num político que se
fechava, como ele, era uma predisposição. E eu tive ocasião de pagar isso durante o
exílio. Durante o exílio, Estácio ficou, realmente, perdido numa Europa que ele não
conhecia, dependendo de mim. Passei fome, porque o próprio Estácio dispunha de
muito dinheiro. Aliás, ele tinha uma amante magnífica, dona Laurinda Santos Lobo,
com muito dinheiro, que poderia ter feito por ele o que ele desejasse. Ele não quis.
Estácio quase passou fome, como eu passei, na Europa. Acho que o Governo dele foi
um dos maiores que Pernambuco já teve. Fala-se no de Barbosa Lima. Ora, o de
Barbosa Lima foi um Governo violentíssimo. Estácio não foi violento. Fez um governo
construtivo, primeiro com relação à imprensa, não fez censura. Você gostaria de fazer
outras perguntas?
GF – Obrigado digo eu, seu humilde criado, sempre merecedor da sua generosa
atenção. Você sabe que eu estou no topo da lista dos seus admiradores e tenho
certeza que você defenderá sua dissertação com o mesmo brilho com que desempenha
suas funções no Diario de Pernambuco. Viva Lêda Rivas!