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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

Impactos Ambientais com a pratica do turismo na Caverna do Jabuti


Curvelândia - MT

Régis Amancio Fiorentino

Cáceres-MT, Maio de 2006


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

Impactos Ambientais com a pratica do turismo na Caverna do Jabuti


Curvelândia - MT

Régis Amancio Fiorentino

Trabalho apresentado à disciplina


Investigação cientifica no campo da
Geografia Física, ministrado pela Profª
Drª. Célia , como requisito parcial de
avaliação.

Cáceres-MT, Maio de 2006


SUMÁRIO

Objetivo Geral......................................................................................................... 01
Objetivo Específico..................................................................................................02
Justificativa.............................................................................................................. 03
Metodologia............................................................................................................. 05
Revisão Bibliográfica...............................................................................................06
Cronograma de Atividades......................................................................................15
Bibliografia...............................................................................................................16
OBJETIVO GERAL

Analisar a exploração turística da Caverna do Jaboti e a transformação


nesse espaço.
Pesquisar se a realização do turismo nesta caverna como atividade
econômica, pode gerar lucros financeiros sem que haja grandes impactos
ambientas na área onde se situa a Caverna. Considerando que o turismo foi
durante muito tempo considerado uma atividade econômica limpa, não poluente,
geradora de amplo leque de oportunidades. Porém, atualmente, é tido como um
potencial agressor, causador de impactos ao meio ambiente natural.
OBJETIVO ESPECÍFICOS

Analisar se com a implantação das atividades turísticas, oriundas do


desenvolvimento do turismo em áreas naturais, pode intensificar a degradação
ambiental desse ambiente cavernícola, levando em conta a importância de se
conduzir o turismo através de ações planejadas, com a realização de estudos de
impactos ambientais, monitoramentos e análises de capacidade de carga, visando
alcançar patamares sustentáveis para a atividade, com um maior equilíbrio entre a
conservação ambiental e a satisfação dos visitantes.
JUSTIFICATIVA

Curvelândia, por ser um município recém criado, possui uma grande


diversidade cultural e um bom potencial turístico a ser explorado.
Atualmente o município, não absorve toda a oferta da mão-de-obra
disponível, o que obriga grande parte da sua população a deslocar-se até os
municípios vizinhos, como Mirassol D’ Oeste, (Soroteca), e Lambari D’ Oeste
(Cooperb), saindo de seus lares bem cedo e retornando à tarde.
No período da entressafra, gera grande ociosidade, principalmente para
quem trabalha no corte de cana-de-açúcar. Buscando alternativas para minimizar
este quadro, o Poder Público Municipal tem procurado uma fonte geradora de
renda apostando no turismo local, recentemente foram descobertas 19 cavernas
próximas à sede do Município, dentre elas destaca-se a Caverna do Jabuti
localiza-se a 10 km rumo oeste da sede do município, nas seguintes Coordenadas
Geográficas Latitude Sul 15º 33’ 56“e Longitude Oeste 57º 59’ 17”. A caverna
encontra-se em fase de manejo para visitação turística (BEZERRA, 2005).
O acesso a Caverna se da através da estrada que liga o Assentamento
Roseli Nunes ao município de Curvelândia, nesta mesma estrada, há uma estrada
vicinal que dá acesso à caverna através de uma trilha de 420 metros.
A Caverna do Jabuti tem até o momento 3.860,51 m de galerias mapeadas
em plano, a disposição de infra-estrutura deve considerar o desenvolvimento da
caverna e possíveis vazios não acessíveis no sentido de avaliar a estabilidade do
terreno e suscetibilidades à subsidência.
A biodiversidade de flora e fauna no entorno da Caverna é o principal
indicio de preservação da área.
Contudo somente em janeiro de 2002 a equipe do CECAV-MT (Centro
Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas) em atendimento a
solicitação da Prefeitura do Município de Curvelândia realizou a primeira vistoria
técnica exploratória na Caverna do Jabuti. A cavidade recebeu este nome, pois
havia um jabuti na principal entrada, a equipe coordenada pelo espeleólogos e
indigenista José Guilherme Aires Lima logo constatou o grande valor
espeleológico da Caverna do Jabuti, a minuciosa exuberância morfológica das
frágeis flores de aragonita e tamanha singeleza das estalactites (BEZERRA,
2005).
Bem como o desenvolvimento do turismo nas - águas do vale do cabaçal –
visto que o Rio Cabaçal foi de grande importância para a história de Curvelândia,
uma vez que antigamente o meio de transporte era o rio onde a população
ribeirinha se deslocava até Cáceres para levar a Poaia (planta medicinal de muito
valor naquela época). Com o intuito de melhorar o Prefeito Municipal juntamente
com a Política Estadual de Turismo e os programas desenvolvidos pelo Estado
que determinam esta região como parte integrante do pólo Cerrado e Pantanal
resolveu inscrever Curvelândia neste programa de regionalização do turismo.
Considerando a riqueza e diversidade de atrativos turísticos dos municípios
da Microrregião Águas do Vale do Cabaçal: Salto do Céu, Curvelândia,
Araputanga, Glória D’Oeste, Lambari D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Reserva do
Cabaçal, Rio Branco, São José dos Quatro Marcos. Incluir esta região turística na
segunda fase do Programa de Regionalização – Roteiros de Mato Grosso.
Desse modo, pensando na transformação que o turismo pode trazer a
Comunidade e a esse ambiente cavernícola, que se resolveu desenvolver tal
projeto. No sentido de pesquisar os impactos ambientais que podem causar com a
pratica do turismo nesta área nas proximidades da Caverna do Jabuti.
Contribuindo assim, com as pesquisas e projetos já realizados por
acadêmicos e entidades envolvidas com o gerenciamento e da conservação dos

recursos naturais, que incentivando as atividades econômicas ambientalmente


compatíveis com seu potencial ecoturistico e a preservação do patrimônio
espeleológico. Como no Projeto “Caverna do Jabuti”, que aspira a criação de unidade
de conservação e uso público da mesma, por meio do Programa “Parques do Brasil”,
ampliando a área sob proteção, e ao mesmo tempo inserindo nestas áreas protegidas,
processos de desenvolvimento regional, garantindo a proteção da biodiversidade, a
geração de emprego e renda através de práticas econômicas sustentáveis e a
melhoria da qualidade de vida da população.
METODOLOGIA

Com a finalidade de atingir os objetivos propostos, partiu-se por


desenvolver uma pesquisa dentro da abordagem ambiental, por abranger um
contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está
sendo investigada.
Será feito levantamento dos dados através de visitação in loco, pesquisa
bibliográfica sobre o município de Curvelândia, baseado nos arquivos da
Prefeitura do Município de Curvelândia.
A realização da pesquisa se propõe fazer respectivamente em 03 fases
distintas:
No primeiro momento se realizará leituras afins ao objeto de estudo no
caso, o levantamento bibliográfico que abordem impactos ambientais de Cavernas
e atividades turísticas.
Após o levantamento bibliográfico será realizada uma visita in loco no
objeto da pesquisa – Caverna do Jabuti – buscando identificar no local e
arredores, a vulnerabilidade a impactos ambientais enfatizando a fauna, a flora, o
solo, os recursos naturais, utilizando caderneta para anotações sobre o local, e
como técnica o registro de fotografias.
Depois da realização da visita no local da pesquisa, se planeja uma análise
dos dados bibliográficos levantados, relacionando com a paisagem visitada para
possíveis sistematizações e apresentação de resultados que contribua
efetivamente com à preservação da Caverna do Jabuti.
REVISÃO BIBLIOGRAFICA

Segundo dados pesquisados nos arquivos da Prefeitura do Município de


Curvelândia, município este, que se originou dos municípios de Cáceres, Mirassol
D’ Oeste e Lambari D’ Oeste, com a área total de 748,36 km 2, disposta no km 30
da Rodovia MT-170 (margens esquerda e direita) e 22 km (sentido Mirassol D’
Oeste) da Rodovia MT-250, possui atividades econômicas como a pecuária de
corte e leiteira, agricultura, culturas perenes de arroz, cana-de-açúcar e
subsistência, porém, tais recursos não estão sendo suficientes para suprir a
necessidade e gerar emprego na comunidade.
Ao observar melhor toda a área de Curvelândia, nota-se a beleza e as
potencialidades turísticas do município, principalmente na referida caverna,
idealizando o turismo no local como fonte de renda e emprego para o mesmo.
Nos dias atuais, o turismo atinge o 3º lugar nas exportações na balança
comercial brasileira e o 1º como atividade na economia mundial. E mais, é a
atividade mais compatível com o desenvolvimento sustentável, é a mais potente
atividade de revitalização cultural e uma válvula terapêutica para a vida
estressante do mundo urbanizado, em que vivem hoje 80% da população mundial.
Ao falar de turismo, automaticamente vem à preocupação com o meio
ambiente.
ZART, faz uma observação referente a esta preocupação:

“Assim como o economicismo, o ecologismo se reduz a um


campo muito limitado. Enquanto os economicistas se
programam para transformar tudo em mercadoria, em objetos
de valor e troca, voltados à competitividade do mercado os
ecologistas puritanos e exagerados atuam no sentido restrito
da preservação. Tudo e todos representam o perigo do fim da
natureza, significando uma visão e uma postura escatológica
frente à capacidade de avaliação e reencaminhamento da
avaliação”. (ZART, 1995, p. 48).

Busca-se construir uma sociedade sustentável, sobre a reflexão do contexto


sócio-ambiental no qual os indivíduos percebam que a conservação dos recursos
naturais também é estimulada a partir da atividade turística, e que os atrativos
naturais, como grutas, cavernas, matas, cachoeiras e lagos estimula a criação de
parques e reservas, para atender de forma controlada os visitantes que buscam
conhecer a flora, a fauna e as paisagens em seu estado natural.
Há muitos aspectos negativos nos impactos do turismo no meio ambiente.
Conforme Dias (2003, p.78),

Esses impactos surgem, por exemplo, no desenvolvimento da


infra-estrutura para o turismo, num incorreto manejo dos resíduos
gerados pela atividade, nas cicatrizes da paisagem geradas pelo
crescimento da infra-estrutura nas áreas naturais e pelo volume de
visitantes que afeta os ecossistemas mais frágeis.

Verifica-se que os impactos negativos do turismo sobre o meio ambiente


natural pode superar os impactos positivos causados pelo mesmo, como poluição
sonora, lixo e resíduos sólidos, degradação de ecossistemas frágeis, perda da
biodiversidade, compactação dos solos resultante do pisoteamento, perda da
cobertura vegetal e do solo, aceleramento de processos erosivos, fuga da fauna
nativa, entre outros.

É devido a estes motivos que há a necessidade de cuidados para o bom


andamento da atividade turística, visto que resultados irreversíveis podem
comprometer as áreas de visitação, já que o que a demanda desta modalidade
turística busca são os ambientes conservados, mais próximos do natural possível.

Para isso, é de suma importância que ocorram reflexões e discussões


sobre os impactos oriundos da atividade turística sobre o patrimônio natural,
apontando propostas para minimizar os impactos negativos e otimizar os
impactos positivos.
É muito importante que ocorra o monitoramento, a partir da descrição das
condições ambientais, avaliações permanentes, exames contínuos de graus de
mudança, visto que o “turismo é uma atividade dinâmica, os impactos e suas
conseqüências mudam constantemente, desse modo seu monitoramento
periódico torna-se uma necessidade imprescindível” (RUSCHMANN, 1994, p. 42).
Dias (2003), também destaca a importância deste acompanhamento técnico
do turismo no meio natural, pois acredita que é através do monitoramento que se
estabelecerão bases para um desenvolvimento turístico sustentável.
Ruschmann (1994) aponta ainda que,

“o impacto do turismo sobre o meio ambiente jamais será nulo, (...)


as depredações dependem da vulnerabilidade do meio. A
vulnerabilidade de um atrativo ou local turístico depende da
fragilidade dos ecossistemas que compõem o meio e para
preservar sua integridade, é preciso delimitar a “capacidade de
carga” (...) que este pode suportar sem comprometer as
características que originaram sua atratividade”

Aqui está à importância deste estudo, o de manter a carga turística dentro


dos limites que o meio ambiente pode suportar, buscando evitar a degradação do
mesmo. Porém, esta é uma tarefa desafiadora para o planejamento turístico de
uma determinada área, descobrir qual o ponto de equilíbrio entre o número de
visitantes e a capacidade de suporte desses ambientes naturais não é tarefa nada
fácil.

Vale ressaltar que os impactos aumentam com o crescimento do número de


visitantes. Qualquer número de visitantes poderá causar impactos, o que é
necessário levar em consideração é que existe um limite no número de pessoas
para que os impactos não se tornem inaceitáveis.

A qualidade do patrimônio natural é essencial para o turismo, pois os


impactos negativos podem destruir gradualmente os recursos naturais das quais
depende esta atividade. Todavia através de estudos preventivos é possível conter
muitos desses danos, visto que “a capacidade de carga traz consigo alguma
noção de sustentabilidade. Portanto, a capacidade de carga pode ser o cenário no
qual a qualidade do meio ambiente pode ser mantida” (DIAS, 2003, p.82).
Muitos dos atrativos naturais são recursos finitos, que podem correr o risco
de desaparecerem ou alterarem-se para sempre. Para que isso não ocorra é
indispensável um acompanhamento permanente feito por especialistas.
É relevante que seja feito à análise dos impactos do desenvolvimento do
turismo nos recursos naturais, esta servirá de base para ações otimizadas de
planejamento.
Devido aos problemas oriundos do desenvolvimento do turismo em áreas
naturais, destaca-se uma grande necessidade de se estabelecer limites para seu
crescimento descontrolado.

Faz-se preciso desenvolver pesquisas específicas, levantando dados que


possibilitem uma avaliação precisa das causas e efeitos do turismo sobre o meio
ambiente.
Os limites suportáveis e compatíveis de cada ambiente deve ser
estabelecido, para assim poder definir as diretrizes de uma política de turismo
voltada para o meio natural. “O desafio reside em encontrar o equilíbrio entre o
desenvolvimento da atividade e a proteção ambiental” (RUSCHMANN, 1994, p.
99).
Os impactos negativos do turismo, a medida que se tornam graves e
comprometem a qualidade de vida dos ambientes visitados, acabam por afastar
turistas insatisfeitos.
Os impactos negativos são acentuados quando vinculados à falta de
planejamento. Dias (2003), coloca que “o turismo, quando integrado a um
processo de planejamento desde seu início, pode produzir efeitos positivos no
trato com o meio ambiente.
“Os problemas ambientais, derivados de um turismo não planejado sob
enfoque da sustentabilidade, passam, a partir de então, a ser a principal
preocupação dos planejadores e gestores do turismo” (SEABRA, 2003, p.172).
Dias (2003) aponta que “o desenvolvimento da atividade turística sem um
planejamento adequado, envolvendo profissionais das mais diversas áreas, gera
uma degradação no meio ambiente”.

O turismo sustentável, do ponto de vista do meio ambiente,


demonstra a importância dos recursos naturais (...), e pode
ajudar a preservá-lo; o turismo sustentável monitora,
assessora e administra os impactos do turismo,
desenvolvendo métodos confiáveis de obtenção de respostas
e opondo-se a qualquer efeito negativo (SEABRA, 2003,
p.173).

Apesar de todo este discurso da sustentabilidade ser muito bonito no papel,


na prática nem sempre é levado a sério. Em conseqüência disso temos exemplos
de áreas cada vez mais degradadas, muitos impactos negativos, devido um
turismo não planejado e não gerido conforme o desenvolvimento sustentável.

Percebe-se a importância do planejar. Porém, para que realmente sejam


alcançados resultados promissores, faz-se necessário um planejamento para a
sustentabilidade turística, a fim de atingir um marco ideal de qualidade ambiental.

“O grande desafio, hoje, para todos os atores sociais envolvidos nas


diferentes modalidades turísticas é o de realizar o salto que transforma as idéias
do turismo sustentável em estratégias sustentáveis concretas” (SEABRA, 2003, p.
173).
O meio natural é um elemento essencial para a atividade turística. Sem este
atrativo, o desenvolvimento da mesma torna-se inviável, visto que os visitantes
buscam ambientes conservados para seus momentos de lazer. Portanto, a sua
manutenção “sadia” é fundamental para que a atividade seja eficaz e duradoura.
Contudo, para que estas áreas de visitação permaneçam conservadas é
necessário medidas decisórias e preventivas a favor da proteção ambiental, uma
vez que os ecossistemas naturais são frágeis às intervenções humanas, e ações
intensivas podem alterá-lo de forma irreversível.
O turismo sustentável deve transitar da teoria para as ações concretas,
para que isso aconteça deve ocorrer sob o enfoque do planejamento,
monitoramento e gestão da atividade turística em escala local, maximizando os
impactos positivos e conduzindo a uma maior proteção ambiental.
6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

ATIVIDADES 2006/1 2006/2 2007/1

Levantamento Bibliográfico X

Caracterização e mapeamento do
X
local

Visita ao local, registro de


X
fotografias

Sistematização dos dados


X
coletados e resultados

BIBLIOGRAFIA
DIAS, Reinaldo. Turismo sustentável e meio ambiente. São Paulo: Atlas, 2003

BEZERRA, F.S. Breve Contexto Histórico da Caverna do Jabuti. Prefeitura do


Município de Curvelândia, 2005. Disponível em: http://www.curvelandia.com.br.

BEZERRA, F.S. Estudo dos Dípteros Transmissores de Leishmaniose no Interior e


Entorno da Caverna do Jabuti, no Município de Curvelândia – MT, uma análise
ambiental. (Monografia de Especialização – UNEMAT - MT), 2005.

ZART, Laudemir Luiz, Educação Ambiental Critica: O Encontro dialético da


realidade vivida e da utopia imaginada. Cáceres-MT: UNEMAT Editora, 2004.

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