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O significado da globalização neoliberal

Emergência da Ideologia Neoliberal na Globalização do Capitalismo: Destaca-se a ideologia


neoliberal como um ingrediente, produto e condição da globalização do capitalismo.

Fragmento do texto
“Na época da globalização do capitalismo, entra em cena a ideologia neoliberal, como seu
ingrediente, produto e condição” Octavio Ianni (1995, p.83).

“Em outras palavras, esta relação entre produto e condição significa inicialmente que o
neoliberalismo se insere dentro uma trajetória histórica direcionada à globalização, sobretudo nas
dimensões econômicas, ampliando tais dimensões para as esferas políticas e culturais, seguindo o
teor da ideologia. Fomenta, dessa forma, à outra globalização, ao aprofundar e acelerar
processos prévios, como a internacionalização do capital, as trocas comerciais e à produção de
riquezas e tecnologia, conduzidas, entretanto, sob uma governança mundial escorada em
decisões e anseios das grandes empresas, em detrimento dos interesses da esfera pública.”

Relação entre Neoliberalismo e Globalização: O neoliberalismo surge como um elemento


acelerador da globalização, ampliando suas dimensões econômicas para esferas políticas e
culturais.

Mudança de Paradigma Econômico: O modelo neoliberal substitui o Estado keynesiano,


priorizando o mercado e as grandes corporações industriais e financeiras.

Fragmento do texto
“Basicamente, a ação do Estado centrou-se em estabelecer as melhores condições para a ação de
agentes privados em múltiplas escalas, especialmente a grande corporação. A ideologia será,
neste sentido, incansavelmente utilizada para destronar o Estado keynesiano, cuja mediação
exercida nos conflitos entre o capital e o trabalho passou a significar um ataque às liberdades de
empreendedorismo. Todavia, esta repercussão da ideologia neoliberal não encontraria o eco
necessário senão pela crise do sistema anterior, o que contribuiu, em certa medida, para a
intensificação de um discurso de substituição integral desse sistema, ao contrário de
interpretações direcionadas a buscar seu aprimoramento.”

“A crise do modelo keynesiano cede lugar para um viés privado e individualista, crente que o
avanço dos investimentos privados ampliaria a oferta não somente de serviços, mas também de
empregos, que, por sua vez, formaria um mercado consumidor capaz de sustentar a dinâmica do
mercado, inclusive como consumidor dos serviços anteriormente públicos.”

Crise do Modelo Fordista e Ascensão do Neoliberalismo: A crise do modelo fordista abre caminho
para o neoliberalismo, devido à incapacidade de manter altas taxas de crescimento e
produtividade.
Fragmento do texto
A crise desse sistema, de manutenção do pleno emprego e do consumo para atender uma
produção industrial de massa, com pressões sobre a base fiscal para manter os altos gastos
públicos, abre caminho para um novo tipo de globalização engrenada pelo teor neoliberal
(HARVEY, 2005).

Reconfiguração do Papel do Estado: O Estado assume uma nova posição, priorizando a criação de
condições para a ação de agentes privados, especialmente as grandes corporações.

Globalização Neoliberal e Privatização de Serviços Públicos: O neoliberalismo promove a


privatização de serviços anteriormente conduzidos pelo Estado, acreditando que o avanço dos
investimentos privados ampliará a oferta de serviços e empregos.

Fragmento do texto
“Ao longo dos anos que sucederam a crise do modelo fordista, a formulação de um paradigma
neoliberal, em sua incomensurabilidade, implicou promover a liberdade de empresa a partir da
ampliação da capacidade competitiva dos agentes que entram em concorrência, derrubando
barreiras comerciais, direitos trabalhistas, impostos incidentes sobre transações financeiras, bem
como oferecendo isenções fiscais e outros mecanismos que permitissem a prática empreendedora
e incentivasse a novos investimentos.”

Inserção do Neoliberalismo nas Políticas dos Principais Países Capitalistas: Os Estados Unidos e a
Grã-Bretanha adotam políticas neoliberais para competir com as potências econômicas
emergentes.

Ascensão do Capitalismo Financeiro: O mercado financeiro se torna central na globalização


neoliberal, dominando as políticas econômicas dos países e promovendo a desregulamentação.

Fragmento do texto
“boa parcela da base material de produção na era neoliberal irá se escorar na falta de regulação
dos mercados financeiros globais, tornando a globalização neoliberal a era do capitalismo
financeiro. Em outras palavras, o viés ideológico do neoliberalismo encontra no mercado
financeiro o ápice de sua representação, na medida em que unifica os mercados globalmente
sob um sistema de absoluta liberdade, o que significa propriamente em desregulamentação.”

“Os processos de sucateamento e privatização dos serviços públicos, a abertura das economias e
liberalização dos mercados, o rebaixamento dos salários, o fechamento de postos de trabalho e os
problemas sócio-ambientais possuem elação direta com as lógicas que movem o mercado
financeiro.”

Desigualdades e Concentração de Poder: A globalização neoliberal intensifica as desigualdades


territoriais e a concentração de poder, ampliando a lacuna entre ricos e pobres.
Fragmento do texto
“A partir daí, a generalização da mercadoria, os oligopólios e monopólios, a concentração do
capital e da propriedade, as desigualdades territoriais, a pobreza extrema em todas as suas
manifestações, têm engendrado novas crises que se apresentam como condições para novas
transformações.”

O paradigma ambiental na globalização neoliberal: da condição crítica ao protagonismo de


mercado

Complexidade da Origem da Temática Ambiental: Não há uma demarcação cronológica precisa


para o surgimento da temática ambiental como central nas discussões sobre desenvolvimento e
sociedade, devido à sobreposição de vertentes e tendências ao longo do tempo.

Fragmento do texto
“Como afirmam Keeler e Burke (2010, p.28, adaptado), é quase impossível localizar o início de
uma cronologia linear sobreposta a uma progressão periódica de vertentes e tendências. Por
outro lado, podemos considerar a década de 1970 uma fase de eventos importantes e cruciais
para o fortalecimento da temática ambiental, na medida em que a mesma passa a fundamentar
uma questão de base civilizacional, e, por isso mesmo, de implicações políticas.”

Importância da Década de 1970: Apesar da falta de uma cronologia linear, a década de 1970 é
destacada como crucial para o fortalecimento da temática ambiental, coincidindo com a ascensão
da ideologia neoliberal como novo paradigma de desenvolvimento.

Conferência de Estocolmo e Sustentabilidade: A Conferência de Estocolmo em 1972 marca o início


de uma consolidação de ideias em torno do conceito de sustentabilidade, que se torna central na
agenda ambiental.

Fragmento do texto
“todavia, para o contexto sócio-histórico que se desenrola a partir da Conferência de Estocolmo,
em 1972, e prossegue com o emaranhado de ideias que se consolidaram em torno do conceito de
sustentabilidade, cuja imprecisão demarca atualmente o que aqui se denomina de paradigma
ambiental.”

Transição Política e Econômica: Durante esse período de transição política e econômica, os


mesmos atores políticos e órgãos de governança internacional que promovem o neoliberalismo
também influenciam as diretrizes da agenda ambiental.

Paradigma Ambiental: O paradigma ambiental é caracterizado pela sua imprecisão e pela sua
capacidade de impor princípios de reorientação dos padrões de vida, inclusive limitando as
liberdades de empreendedorismo defendidas pelo neoliberalismo.]
Fragmento do texto
“Esta projeção paradigmática da temática ambiental somente pode ser entendida na
contemporaneidade, por duas razões basicamente: uma é a agudização das pressões

ambientais trazidas pelo crescimento econômico no período posterior à 2 Guerra; o segundo é


o enveredamento da crítica ambiental atrelada aos movimentos sociais para as esferas
políticas e de decisão, o que exige entender como o poder se estabelece na fase neoliberal,
quando esta incorporação da temática ambiental se desenhou.”

Impacto das Pressões Ambientais e dos Movimentos Sociais: O surgimento do paradigma


ambiental é impulsionado tanto pela crescente pressão ambiental causada pelo crescimento
econômico pós-Segunda Guerra Mundial quanto pela atuação dos movimentos sociais, que levam
a crítica ambiental para as esferas políticas e de decisão.

O meio ambiente como instrumento de problematização: entre a crítica à visão mecanicista da


natureza e o repensar do desenvolvimento

Desenvolvimento do Ambientalismo Moderno: O ambientalismo moderno se consolida a partir


da década de 60, incorporando críticas ao modelo de desenvolvimento baseado no crescimento
econômico ilimitado. Surge uma nova racionalidade ambiental que reconhece a interdependência
entre elementos sociais e ecológicos.

Fragmento do texto
“Antes disso, o conteúdo crítico implícito à expansão das forças produtivas no capitalismo se
restringe em movimentos dispersos, de acordo com determinadas implicações locais. Mesmo
assim, tal notoriedade se realiza apenas num contexto de mobilização amplo e que envolve
múltiplos elementos constitutivos a fase de contracultura.”

Crise Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: A década de 1970 marca a entrada da crítica


ambiental na esfera política internacional, culminando na Conferência de Estocolmo. Surgem
debates sobre o desenvolvimento sustentável e a necessidade de repensar os padrões de consumo
e produção.

Fragmento do texto
a década de 1970 constitui um marco na história da perspectiva ambiental em função do
fortalecimento de uma razão objetiva que universaliza a natureza como entidade em unicidade
com o homem. Nesta década, o aprofundamento de uma crise ecológica acumulada em anos
de crescimento econômico consolida um campo multidisciplinar em torno da questão ambiental
que encontrará, nos anos posteriores, um vasto campo de pesquisa e investigação. O paradigma
ambiental estruturado sob uma nova concepção de natureza tem na ciência um pólo irradiador
que se expande para organizações não-governamentais e outros atores que representam a
evolução do movimento ambientalista.

Novos Paradigmas de Desenvolvimento: Autores como Ignacy Sachs propõem o conceito de


ecodesenvolvimento, que busca integrar aspectos sociais, ambientais e econômicos em um novo
estilo de vida. Surge a necessidade de criar indicadores de sustentabilidade que vão além do
Produto Nacional Bruto (PNB).

Fragmento do texto
“Ignacy Sachs evoca um novo estilo de vida baseado no comportamento sincrônico entre os
fatores sociais, ambientais e econômicos, deslocando a interpretação que enfoca o progresso
social como subordinado ao aspecto da produção. A partir do conceito de ecodesenvolvimento,
Sachs desenha um projeto de reconstituira civilização, com base na integração solidária e na
responsabilidade mútua dos povos”

Desafios e Perspectivas Futuras: O debate sobre o desenvolvimento sustentável enfrenta desafios


como a limitação do crescimento econômico e a transição para uma economia sustentável. A
globalização amplifica a discussão ambiental, tornando-a parte central da agenda política
internacional.

Papel da Ciência e Política na Construção Ambiental: A ciência e a política desempenham papéis


fundamentais na construção da agenda ambiental global, com a elaboração de princípios e normas
para regulamentar as práticas humanas em relação ao meio ambiente.

Globalização e Sustentabilidade: A globalização é vista como um fenômeno que tanto contribui


para a crise ambiental quanto para a criação de uma nova visão de desenvolvimento sustentável. A
discussão ambiental torna-se tanto uma consequência quanto uma impulsionadora da
globalização.

Racionalidade ambiental e econômica como pares antagônicos da globalização neoliberal

Conflito entre a consolidação do movimento ambiental e o paradigma neoliberal, que promove a


rápida e devastadora expansão capitalista.

Fragmento do texto
O contexto global principia a deflagração, de um lado, de uma ordem política e cultural
estruturalmente orientada para o desenvolvimento econômico capitalista e do mercado, e, de
outro, de reafirmação e fortalecimento da racionalidade ambiental a partir segmentos diversos da
sociedade, alguns com forte competência organizativa e de relativa penetração nas esferas
políticas.
Divergência entre as racionalidades ambiental e neoliberal, refletida em sistemas de valores,
práticas e ações que não se integram.

Fragmento do texto
De modo que o paradoxo mais elementar nesta trajetória paralela entre a racionalidade capitalista
inscrita no paradigma neoliberal e a racionalidade ambiental, é que o primeiro promulga, como
premissa basilar, que os agentes de mercado devam atuar com o menor número de amarras
possíveis, sem barreiras impostas por mecanismos regulatórios, sejam eles políticos, econômicos
e, da mesma forma, ambientais. O agente mercantil enriquece por meio de novas tecnologias e
de território, onde estão os recursos para produzir, mão de obra para trabalhar e consumidores
para completar o ciclo de acumulação.

Visão divergente sobre a natureza da riqueza: para a racionalidade ambiental, reside na


abundância dos recursos naturais, enquanto para a lógica neoliberal, na escassez.

Fragmento do texto
Este sentido de riqueza também constitui outro paradoxo e um entrave para àqueles que
acreditam na compatibilidade entre a economia fundada pela ideologia neoliberal e o meio
ambiente. Para o agente ambiental, a riqueza, em um sentido amplo, reside estritamente na
perspectiva da abundância de determinado recurso material da natureza ou de qualquer outro
elemento imaterial que possibilita o bem estar social cotidiano, como o lazer e a cultura. Por
outro lado, contraditoriamente, o agente econômico enxerga a riqueza somente a partir da
escassez de determinado recurso, visto que, será sua escassez o elemento fundamental que
imprime valor de troca e significado econômico a um bem qualquer.

Proposta de incorporar a natureza como riqueza abundante para construir uma racionalidade
ambiental que oriente as ações humanas e o processo econômico.

Fragmento do texto
Neste sentido, Porto-Gonçalves (2004) afirma que o desafio ambiental para os tempos atuais e
futuros está em incorporar a natureza com riqueza, como algo abundante, de modoa construir
uma racionalidade ambiental que reoriente as ações humanas e o processo econômico.

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