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A Influência da China na Colonização das América

O século XV foi um período em que a geopolítica mundial se transformou para sempre.


Este século marcou a história como um período em que os fundamentos do mundo moderno
seriam construídos. E intrinsicamente interligado com esses fundamentos estão as Grandes
Navegações. As expedições do século XV trouxe novos limites ao crescimento da humanidade;
daqui parte a sua interligação com o mundo moderno. Mas para entender o porquê de trás desta
afirmação, um entendimento sobre a economia da época não pode ser descartado. Pois é através
dela que as Grandes Navegações tomaram forma. Houve dois estilos econômicos que se
desenvolveram durante esta época – uma na Europa e outra na China. Este diferencial entre as
duas regiões causou um tremendo impacto nas Grandes Navegações.
A Europa, há um século, sofreu com guerras constantes e com a terrível Peste Bubônica,
que enfraqueceu o comércio do continente. Porém, no século XV, “a intensificação da
concorrência intercapitalista” mudou o cenário econômico da Europa. Centrado em Geneva, as
cadeias mercantis ganharam forma com o propósito de acumular capital. Pela primeira vez na
história, traços do capitalismo ganham força na economia. Esta ideologia promoveu a busca
incessante por comércios lucrativos. Os laços entre capitalistas Genoveses e a Península Ibérica
fortaleceram o desejo de expandirem a sua economia até então grandemente local. “A monarquia
portuguesa persegue e pilha sua burguesia mercantil [...] investida de um papel chave de
modernização.”
Agora que entendemos o cenário econômico Europeu, podemos entender como a China
se encaixa neste quebra-cabeça das colonizações. Nos meados do século XV, a China usufruía de
uma prosperidade inigualável – refletida em sua excelentíssima Frota marítima. Em 1420,
liderados por Zheng He, a enorme frota chinesa embarcou em viagens longas ao redor do mundo,
em busca de comércio. Com a tecnologia náutica que tinham, era plausível imaginar que o
contato entre terras distantes – como a Europa – e a China seriam estabelecidos. De fato,
Portugueses já tinham se estabelecidos na cidade de Malaca. Tomé Pires, que seguiu para a Ásia
em 1511, relata em seu livro Suma Oriental as características da cidade chinesa. Apesar de
detalhista, já percebemos como o conhecimento Europeu sobre a China se limitava a cidade de
Malaca. Então, finalmente, as expedições pararam. O desejo de explorar morreu, e foi nesse
momento que a dinastia Ming tomou o poder. Os líderes praticavam uma política imperialista,
pois o “Império sustentava um tradicional sistema de status que era mais seguro à riqueza que o
comércio.” Em outras palavras, o governo imperial “sufocou o desenvolvimento do capitalismo.”
Com todas essas informações em mente, imagine se a China tivesse mantido suas portas
abertas para a Europa. O cenário geopolítico mundial da época teria um rumo completamente
diferente. As rotas entre a Europa e a Ásia se desenvolveriam mais rapidamente, pois a
habilidade dos chineses nos mares era incontestável. E agora, chegando no fim dessa linha de
pensamento estão as Grandes Navegações. A principal razão pela qual as expedições de
Cristóvão Colombo, e mais tarde os Portugueses, tomaram este curso foi pela falta de
conhecimento dos mares. E isso está inteiramente interligado com a falta de relações entre os
experientes chineses e os europeus. Adicionalmente, qual seria o benefício das Américas se um
comércio tivesse se estabelecido entre eles? Com certeza, os olhos dos Europeus não estariam no
Ocidente.

Bibliografia
VIEIRA, P. A economia-mundo, Portugal e o “Brasil” no longo século XVI (1450-1650). [s.l:
s.n.]. Disponível em: <https://gpepsm.paginas.ufsc.br/files/2020/06/capitulo_Vieira2012.pdf>.

A China Pelos Olhos de Malaca. A Suma Oriental e o conhecimento europeu do Extremo


Oriente. [s.l: s.n]. Disponível em:
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/14169/1/China_pelos_Olhos_de_Malaca.pdf

APPEL, T.N. Por que não houve capitalismo na China Imperial? Uma contribuição neomarxista.
Tempo Social, v.27, n.2, p.231-253, dez. 2015

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