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UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana

Disciplina: História da Filosofia Medieval - 2023.2


Discente: Cristian Gaspar Teixeira

Resumo do argumento ontológico do “Proslogium”, de Santo Anselmo de


Cantuária e da crítica a ele feita pelo monge Gaunilon

Resumo objetivo do argumento propriamente dito:


Constatando, por exclusão, que Deus não aparece de modo claro e distinguível
em si ou no mundo, o autor conclui que Ele deva se encontrar numa luz inacessível.
Ele reconhece, amparado em sua fé, que tem Deus por finalidade, mas que ainda não
consegue encontrá-lo. E a partir disto começa um itinerário maiêutico de procura por
Ele. O primeiro feixe de luz de alguma constatação parece surgir quando santo
Anselmo reconhece o axioma bíblico de que o ser humano é feito à imagem de Deus,
em que se aponta para um possível caminho de investigação comparativa. No
entanto, essa constatação é posta de lado para partir diretamente para a verificação
demonstrativa do que se crê ser Deus: "acima de Ti nada pode ser concebido pelo
pensamento". Admite que esta expressão, que por convenção é referida pelo nome
"Deus", é um conceito que pode ser compreendido por qualquer pessoa, tanto crente
como não-crente. É admitido, também, que nem todo pensamento tem
correspondência na realidade. No entanto, se existe somente no pensamento esse
ser supremo, pode existir, também no pensamento, a suposição de que haja um ser
supremo na realidade, o qual seria maior do que aquele que existe somente no
pensamento, dado que este que existe na realidade também pode ser pensado. Isto
implica que, necessariamente, o ser entendido como supremo realmente o seja, pois
como demonstrado, um ser que fosse supremo somente no pensamento teria algo
maior que ele e aí já não seria supremo, instalando-se uma contradição, um absurdo
lógico, algo impensável.

Crítica de Gaunilon:
O monge Gaunilon é o principal opositor coetâneo do argumento ontológico ou, ao
menos, o que faz a refutação mais bem fundamentada, tal como resumida a seguir.
Primeiramente, ele apresenta uma diferenciação entre dois conceitos, em que:
pensar se refere à presença de algo no intelecto e entender à compreensão por
ciência da existência de algo na realidade. Para ele, a metáfora do pintor foi mal
utilizada por parte de Anselmo, já que entre o pensamento do pintor e a realização há
um espaço temporal e entre o pensamento na absolutez divina e sua existência real
não há um espaço do mesmo tipo. Para passar do pensar ao entender é necessário
empreender uma definição, recorrendo à semântica. E definir é aplicar ou não um
ente a um gênero/espécie. Já que não há como definir por gênero ou espécie o ser
absoluto, é impossível entender de fato, segundo o conceito do monge opositor.
Sendo assim, as críticas propostas por ele se resumem em: a) diferença entre pensar
e entender; b) necessidade de definição para entendimento e impossibilidade de
definir Deus por gênero e espécie; c) necessidade de existência do "maior" como
sendo atributo possível a qualquer ente cogitável, até mesmo uma "ilha afortunada",
como a que Gaunilon expõe imageticamente como exemplo de que entre pensamento
e entendimento não se estabelece uma relação apodítica.

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