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Universidade Estadual de Feira de Santana - 2023.

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Disciplina: História da Filosofia Medieval
Discente: Cristian Gaspar Teixeira

Fichamento do texto Diálogo com Trifão - de Justino de Roma

1. O texto mostra uma visão anterior à de emancipação da Teologia com relação


à Filosofia. Nele, percebe-se a intenção de que esta última reflita questões
sobre Deus que, para a época, fazia sentido tomar como parte dela, mas que
hoje é naturalmente imaginado como temática, de certo modo, separada e
independente.
2. É perceptível, também, a pontuação crítica ao modo helenista de priorizar
questões psicológicas, em detrimento à lida com aquelas de cunho metafísico.
Critica-se, do mesmo modo, a liberdade ampla que essas filosofias propõem,
como sendo libertinagem que banaliza a importância da preocupação com
castigos e recompensas divinos.
3. Justino destaca claramente sua posição: a liberdade humana deve respeitar
os limites que Deus lhe propõe, julgando que para os atos bons ou maus
haverá consequências justas.
4. Ele coloca a Filosofia como sendo o único caminho para Deus, para a
santidade. E trata a existência de várias correntes filosóficas como sendo
implicação da numerosidade de visões deturpadas sobre o que a Filosofia é.
5. Julga que as escolas filosóficas não trabalham para buscar a verdade, como
seus fundadores, mas somente para replicar seus posicionamentos, e que isso
leva a algo como uma cegueira e soberba intelectuais que impediriam que
aceitassem a verdade de outras fontes que não aquela de sua corrente própria.
6. Ao deixar um peripatético que lhe cobrou honorários, deixou clara a sua
influência platônica na percepção de que aquele que pretende ter lucro com a
reflexão, nem filósofo é. Essa influência se destaca ainda mais no elogio que
adiante ele atribui ao transcendentalismo e à percepção teleológica de Deus
que encontrou nos platônicos.
7. Propõe a superioridade da reflexão filosófica em relação às ações práticas,
como condutora ética delas. Define a Filosofia como teoria ontológica, e
epistemologia da verdade, e à felicidade como sendo recompensa disto. Já a
Deus, conceitua como sendo imutável e causa ontológica de tudo.
8. Justino e o Ancião refletem sobre como a alma pode conhecer cientificamente
a Deus, sendo que as outras ciências exigem algum conhecimento prévio ou
percepção sensível de seu objeto e Ele, por sua definição, está além do
conhecimento humano e é suprassensível. A resposta que formulam é que, a
alma humana, que é divina imortal, é uma partícula da inteligência soberana:
e, como esta contempla a Deus, a alma também o pode, em proporção menor.
9. No parágrafo 5 da página 82, mais especificamente no trecho "[a alma humana]
desligada do corpo e tornada ela mesma", o Mártir dá indício de que pensa a
ligação da alma ao corpo como algo que de certa forma a impede de ser ela
mesma.
10. Não fica claro se essa percepção de Justino será superada mais à frente no
texto, mas, quando ele se refere ao acorrentamento em corpos de feras como
sendo castigo das almas julgadas indignas de contemplar a Deus, sua resposta
parece profundamente carregada de orfismo e desligada do modo cristão de
ver as coisas. O próprio ancião é que demonstra como ilógicas as implicações
nas quais a visão de Deus e a transmigração da alma acarretariam.
11. O texto parece, repetidamente, julgar erroneamente que a potência de finitude
nas coisas tenha de se converter, necessariamente, em ato. Porém, essa
percepção é suspensa quando o diálogo se lhe supera. Se algo é quebrável
não quer dizer que se quebrará: uma bomba, que é explosível, pode ficar para
sempre sem ser explodida. Logo, dizer que a alma é criada não é dizer que é
findável e, até mesmo afirmar que ela seja findável não implica em que irá
mesmo findar-se.
12. Porém, algo de mais coerente (e, fora a noção de criação, até aristotélico) se
encontra na afirmação de que a alma exista em vista de um corpo e não por si
mesma. Este ponto de vista permanece predominante na Teologia Católica até
a atualidade.
13. Citando Platão e Pitágoras como "muralhas da filosofia", demonstram a
profundidade de sua influência.
14. Se elogia e valoriza o conteúdo profético, provavelmente em referência aos
profetas das Sagradas Escrituras, como fonte segura para a reflexão e a
demonstração filosóficas.

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