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Departamento de Filosofia

A alma em Platão

Aluno: Danilo Soares Rocha


Professor: Renato Matoso Ribeiro Gomes Brandão

Introdução
Nossa pesquisa tem por objetivo a investigação sobre a ética e a política de Platão
presentes nos livros VII e X da República. Contudo, para que tal investigação aconteça, é
preciso, preliminarmente, identificar os aspectos da teoria tripartite da Alma. Afinal, ela será o
ponto de partida para que o autor formule sua concepção de ética e política, uma vez que, se
faz necessário entender a influência que tal teoria tem no agir do cidadão da polis. Assim, não
é trivial que essa teoria assuma um papel importante e que seu desenvolvimento seja
identificado desde o diálogo Fédon até a República.
O livro A psicologia de Platão (Robinson, 2007) apresenta uma interpretação
psicológica sobre os diálogos do filósofo ateniense, isto é: uma interpretação voltada para a
análise da psukhé. A obra é dividida em seções que tratam, cada uma, determinados diálogos
em busca de uma interpretação mais fiel sobre o que realmente o autor queria dizer ao escrevê-
los. Todavia, trataremos aqui do capítulo terceiro, com base no qual discorreremos acerca do
diálogo República e evidenciaremos a mudança de definição que o assunto em questão sofre
até chegar na doutrina da tripartição da alma.
É comum, ao falar do diálogo República de Platão, lembrarmos de sua famosa
concepção sobre a alma: constituinte de três partes (racional, irracional e irascível) (439A-
441C). Entretanto, não nos damos conta de que nem sempre Platão pensou desse modo e que
tal teoria foi uma evolução de sua linha de pensamento: iniciando com um conflito entre o corpo
e alma, seguido de uma concepção aparentemente bipartite da alma, culminando, então, em
uma tripla divisão e evidenciando um conflito no interior da alma.

Alma, função e virtudes


O tema tratado no diálogo República é a justiça e qual a influência dela na vida do
cidadão da Polis. Como é comum em um diálogo socrático, ele é iniciado com a típica pergunta:
o que é “X”, e nesse caso “X” refere-se à Justiça. Essa busca por definição será o ponto principal
desse escrito platônico e terminará em aporia. Entretanto, alguns temas secundários são
alvitrados durante a discussão, mas o de maior relevância no momento para este estudo é o tema
da natureza e composição da alma.
Robinson ressalta a importância dos termos “função” e “virtude” como ponto de partida
para a explanação acerca da alma. Nesse contexto, a função de uma coisa pode ser definida
como “aquilo que só ela pode realizar e da melhor maneira” (353A10-11) e por conseguinte, a
virtude é a realização eficiente dessa função. Essas definições são atribuídas à alma, de modo
que é função própria dela a “gestão, controle, deliberação e coisas semelhantes” (pp. 74) e a
sua virtude, ou causa eficiente, seria a justiça.
Assim, Platão associa o conceito de virtude presente na alma ao sentido de viver bem.
Desse modo, parece que podemos concluir que a alma justa, vive bem e, por conseguinte, a
injusta vive mal. Tal sentido, presente aqui, não diz respeito ao caráter biológico do viver, mas
a um sentido completo da existência humana, de uma maneira inteligível, pensante, e não
programada e mecânica. Como encontramos sugerido na República: “depois, tendo-se
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aproximado e unido à verdadeira realidade, e tendo engendrado a inteligência e a verdade,


alcança o conhecimento e vive verdadeiramente” (490B5-7).
Se no Fédon a concepção era de que a alma é somente uma função biológica, como
princípio de vida, em República um grande passo é dado para o estudo dela, pois ela adquire
uma noção cognoscível e moral. Assim, a alma não só dá forma ao corpo, mas age para que o
homem tenha uma vida boa e feliz, ou ruim e infeliz, realizando sua αρετή e sendo justa ou não
realizando e sendo injusta.
Portanto, para Robinson existe uma mudança significativa de pensamento e da própria
noção de alma em Platão. No início do diálogo (qual diálogo), sua função se dá puramente no
campo biológico, sendo tida como princípio de vida, com o decorrer da leitura é percebida uma
mudança interessante atribuindo a ela uma função ética, a qual passa a ser vista como a
responsável pelo viver bem do homem.

Partes da alma
Uma das contribuições mais importantes que encontramos em República é a doutrina
da tripartição da alma. Nesse argumento, a alma é dividida em três partes: racional (λογιστικόν),
irascível (θυμοειδής) e apetitiva (ἐπιθυμητικόν). Um dos problemas dessa teoria é descobrir se
ela é própria de Platão ou se foi inspirada, de alguma forma, em outro tipo de ensinamento, de
outro pensador. Além disso, é importante investigar e se ela foi apresentada em diálogos
anteriores, ou somente na própria República. Em seu livro, Robinson se detém na investigação
desse segundo problema.
No diálogo Górgias, encontramos um trecho que pode conter uma pequena referência à
teoria em questão: “aquela parte da alma que abriga os desejos” (493A3-4). Claro que nesse
trecho não encontramos uma tríplice divisão da alma, mas podemos deduzir a existência de
mais de uma parte. Em outro diálogo, Fédon, aparecerá a discussão com um pouco mais de
argumentação, todavia sem uma teoria tripartite explícita, como podemos na seguinte
passagem: “alguém talvez ame ainda as riquezas, ou as honrarias” (68C1-2).
Mesmo que na citação anterior, do Fédon, possa ser deduzida a existência de mais de
uma parte da alma, o restante do diálogo nos leva a outro tipo de interpretação. Todos os
conflitos apresentados são externos à alma e não internos, pois ela é apresentada como unidade.
Desse modo, o corpo se torna seu “inimigo” e, ao contrário do que será apresentado em
República, o que é responsável pelos desejos, prazeres e paixões é o corpo.
Nos livros iniciais da República, a noção de partes constituintes da alma que nos é
apresentada relaciona-se a uma definição bipartite como podemos perceber na seguinte citação:
“Onde encontraremos um caráter ao mesmo tempo brando e altamente impetuoso? Uma
natureza branda é, com efeito, o oposto de uma natureza irascível” (375C6-8). Em outra
passagem, é ressaltado o conceito dessas partes: “Mas esta expressão me parece querer
significar que há na alma humana duas partes: uma melhor em qualidade e outra pior” (431A4-
5). Se continuarmos com a citação, entenderemos que o homem só age bem, caso a parte pior
seja submetida à melhor.
Para Robinson, essa teoria bipartite foi útil a Platão até esse ponto da discussão, mas ela
será superada. A analogia que agora é feita com a alma, é uma analogia política, segundo a qual
o elemento cognoscível é representado pelos gregos; o elemento irascível representado pelos
trácios, povos citas do Norte, e o elemento apetitivo, representado pelos fenícios e egípcios. É
notório que tal comparação com os demais povos está ligada a uma suposição de superioridade
intelectual por parte dos gregos, em especial dos atenienses.
Tal comparação evidencia a forma com que Platão entende o comportamento dessas
partes da alma: irascível e apetitivo devem obedecer à cognoscível. Outra comparação pode ser
feita quando associamos o elemento racional ao governante de uma cidade, o elemento irascível
com os soldados e o elemento apetitivo com o restante dos moradores. Embora esta alusão sirva
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para a demonstração das diversas partes da alma, ela não servirá para a demonstração de como
devem as partes atuar entre si no ser humano. Pois, segundo Robinson, o elemento apetitivo e
o irascível devem está a serviço do racional, mas o segundo se relaciona melhor com o intelecto,
enquanto que, na alusão política, os soldados (irascível) podem se associar ao povo (apetitivo)
contra o governante (racional).
Todavia, em 441A, para salvar sua analogia política, Platão diz: “Do mesmo modo, na
alma, o princípio irascível constitui um terceiro elemento, auxiliar natural da razão quando a
má educação não a corrompeu?”. Ora, fica evidente que o filósofo ateniense considera a
possibilidade de corrupção do elemento associado aos soldados. Assim, mesmo criando uma
aparente contradição, sua comparação com a política não descartada a doutrina da tripartição
concebida.

Os sentidos da alma
Em um sentido comum e popular, a alma é tida como o eu verdadeiro. É aquilo que dá
forma ao corpo e desse modo governa-o. Em República, na passagem 469D é explicitado tal
concepção: “Não há baixeza e cupidez em despojar um cadáver? Não é sinal de um espírito de
mulher e mesquinho tratar como inimigo o corpo de um adversário, quando ele está morto e se
evolou, deixando apenas o instrumento de que se servia para combater?”. Essa forma de
conceber a relação corpo-alma, é conhecida desde o Fédon.
Platão trata a alma como um “tipo de pessoa interior”. É comum o autor atribuir a ela
sentimentos e sensações que normalmente atribuímos aos seres humanos em geral, tal como
quanto é discutida a relação da alma com os objetos dos sentidos. Contudo, uma aparente
contradição pode ser encontrada no livro V, em que se afirma que a pessoa é composta por
corpo e alma e não somente a alma em si e por si. Desse modo, o corpo se torna uma parte
constituinte do homem, e não mais uma espécie de casca ou de prisão da alma.
Outra questão levantada acerca dos sentidos da alma pode ser encontrada em 572A:
“quando, portanto, acalmou estes dois elementos da alma e estimulou o terceiro, no qual reside
a sabedoria, e quando, enfim, ele repousa, então bem saber, ele toma contato com a verdade
melhor do que nunca”. Mas o que acalma e estimula esses elementos? Seria, assim, a atuação
de um quarto elemento ou o corpo?
Aparentemente, não seria o corpo, mas se não for ele, então há uma mudança no que diz
respeito a unidade tratada anteriormente – corpo-alma –, pois desse modo as partes constituintes
do Eu seriam apenas os próprios elementos da alma. Assim, podemos nos utilizarmos de
algumas hipóteses para tratarmos tal problema:
 A alma como a totalidade do homem. Entretanto, se aceitarmos essa visão, estaremos
fugindo à doutrina anterior e excluindo o corpo como função constituinte do ser
humano;
 Uma quarta parte da alma. Ora, poderia facilmente ser admitida aqui um outro elemento
da alma cuja função fosse a de ser responsável por movimentar as outras partes,
levando-as a harmonia. Entretanto, Platão não a teria mencionado em nenhuma
passagem anterior e seria colocada de forma aleatória sem nenhum fundamento;
 Uma entidade fora do Eu (corpo-alma). Tal entidade poderia ser facilmente atribuída ao
filósofo, pois ele seria aquele que articularia a libertação da alma frente ao corpo;
 Substância aparentada às ideias. A alma não pode ser considerada uma ideia, porque
elas são eternas, (característica não aplicada à alma, como veremos à frente), mas
também não é algo material, pois isso é facultado ao corpo, então o que seria a alma?
Ela está mais intimamente ligada à concepção de ideia, pois é imutável e não-composta,
além de ser inclinada para ir em direção ao “mundo das ideias”.
Enquanto que no Fédon, a alma fora vista como a parte do ser humano que se inclina
para encontrar as ideias, aqui é apenas um elemento dela que tem essa função. Ela se aparenta
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diretamente com as ideias, e não descansa enquanto não repousar com elas. Desse modo,
lembremos de uma passagem de Santo Agostinho: “fizeste-nos para ti Senhor, e a nossa alma
permanece inquieta até que não descansa em Ti)”. (Agostinho, 1984)

Imortalidade
A imortalidade da alma é evidenciada no livro X de República. Entretanto, tal teoria de
Platão não é algo trivial ou simples de ser assumida sem antes um discussão acerca do assunto.
Para tanto, o tradicional dualismo platônico entre corpo e alma vem à tona em 609C-D, o qual
tenta demonstrar que os males do corpo o destróem. Embora a alma esteja regida sobre as
mesmas leis, os males que são gerados nela não têm efeitos iguais aos causados na matéria.
Robinson entende aqui a alma como uma alma tripartite, pois os males a ela atribuídos
estão em oposição às virtudes cardeais, típicos da tripartição. Ora, para o autor, diferentemente
de muitos estudiosos platônicos, a imortalidade defendida é de todas as partes da alma e não
apenas da parte racional. Contudo, ele diferencia a alma purificada (a alma liberta do corpo),
da alma não purificada (a alma presa ao corpo).
A alma “defeituosa”, com males, é aquela que ainda está no corpo, de forma que eles
são oriundos dos efeitos corporais a ela causados. A preocupação corpórea impede que ela viva
sua intelectualidade pura. Desse modo, enquanto ligada ao corpo, a alma ainda é manchada, e
nesse sentido, Robinson chama a atenção dizendo que até mesmo o verdadeiro filósofo não
escapa dessa mancha.
De certo modo, a alma presa ao corpo não alcança seu estado puro e genuíno, que é o
conhecimento (das ideias). Pois, como dito anteriormente, ela se aparenta às ideias e embora
não seja uma ideia, ela está inclinada a contemplá-las. Contudo, enquanto encarcerada em sua
situação corpórea, tal contemplação é impossível, facultando a ela a percepção de um mundo
sensível, ou seja, das coisas materiais.
O abordado até aqui, foi direcionado para o sentido de que pelo menos o intelecto (parte
superior da alma) seja imortal. Todavia, em 611B Platão diz o seguinte: “É difícil que seja
eterno – como a alma acaba de se nos afigurar – um composto de muitas parte, se tais partes
não formam uma reunião perfeita”. Neste enunciado fica claro que, mesmo sendo difícil, é
evidentemente possível que o conjunto de partes da alma sejam imortais, desde que seja uma
composição do “melhor” tipo.
Portanto, a alma alcança o seu “melhor” com a morte do corpo. Ela se liberta das
inclinações corpóreas, ao mesmo tempo que se encontra plenamente com as ideias e, tal como
elas, também se torna imortal. Nesse ponto, Platão não se importa em evidenciar a tripartição
como algo necessário e dogmático. Tripartite ou não, a alma é imortal e tem em seu estado puro
a mesma extensão e atributos da alma presa no plano corporal, sendo uma combinação dos três
elementos: raciocinativo, desiderativo e irascível.

Alma, desejo e prazer


Em República, o grande salto que se dá diz respeito à alma dividida em três partes e o
conflito existente entre elas, substituindo assim, a antiga “guerra” entre alma e corpo. Assim,
como resultante dessa evolução de pensamento, os conceitos de desejo e prazer, também são
modificados.
Robinson ressalta, que em um primeiro momento da República, aquele dualismo
extremo presente no Fédon, ainda não tinha sido eliminado completamente do diálogo
platônico. Contudo, agora assumimos que os desejos, antes atribuídos ao corpo, são
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pertencentes à alma. Assim, percebemos, já no início livro I, uma distinção e uma oposição
entre os tipos de prazeres1: “os do corpo e os da alma”.
Em 485D temos a seguinte fala: “Assim, quando os desejos de um homem se voltam
para as ciências e tudo o que lhes toca, creio que perseguem os prazeres que a alma experimenta
em si mesma e que abandonam os do corpo”. Ora, parece-nos que a distinção dos prazeres é
evidente. E em 580D confirmamos que ambos os elementos da alma têm prazeres próprios,
como o “amante da sabedoria”, o “amante da conquista” e o “amante do lucro”. Paralelamente
referentes às partes da alma. Assim, quando todos os elementos da alma estão em harmonia (i.e
as partes inferiores obedecendo ao intelecto) os prazeres se refinam e contribuem para que ela
se torne justa.
Portanto, o prazer próprio da alma é puro e estável e inclinado para a contemplação das
ideias. Entretanto, o prazer das partes inferiores, quando não domados, tendem a ser algo
irracional, perigoso e insaciável. Assim, um aparente dilema é levantado: “a parte ‘amante do
dinheiro’ é um ‘vaso insaciável’ e que obviamente deve ser vista com desconfiança; e que a
parte ‘amante do dinheiro’, na alma equilibrada, tem um papel necessário e valioso a
desempenhar, e no processo desfruta um prazer e uma satisfação próprios”. (pp. 98)

Conclusão
Robinson escreve muito bem acerca da evolução contida no pensamento platônico sobre
a constituição do homem. Ao contrapor elementos presentes no Fédon, República, e às vezes
até no Górgias, cria-se uma verdadeira investigação acerca do que Platão entendia do ser
humano, principalmente sobre uma análise psicológica. Ele nos leva a trilhar um “caminho”, o
qual inicia com uma alma, enquanto unidade, passando por uma bipartição, até culminar na
doutrina da tripartição.
O pensamento platônico vai tomando forma no escrito de Robinson, enquanto que
aparentes contradições vão sendo desfeitas, ou pelo menos, aclaradas, proporcionando ao leitor
uma maior compreensão acerca do assunto abordado. Assim, o que se pensa sobre o conflito
existente entre o corpo e alma toma um novo rumo: o corpo não mais tem um papel conflituoso,
mas a própria alma que precisa se entender agora com os seus elementos constituintes.
É claro que o assunto está longe de ser esgotado e questionamentos podem ainda serem
levantados diante dos escritos do grande filósofo ateniense. Buscaremos em outros momentos
a resoluções de questões como a influência da alma na vida ética e política do cidadão e tentar
clarificar a forma com que Platão concebia tais conceitos em sua doutrina. Uma tarefa
desafiadora que nos impulsionará, como diz o próprio filósofo, a uma contemplação ainda
maior das ideias.
Portanto, diante do exposto, pretendemos agora identificar como as partes da alma
influenciam o agir ético e político do homem. Desse modo, procuraremos nos adentrar mais
profundamente no tema, utilizando a bibliografia principal do nosso projeto e buscando outras
fontes complementares. Sabemos que não esgotaremos tal assunto, mas queremos que tal
pesquisa possa servir de base para um trabalho de maior densidade futuramente.

Referências

Platão. (2002). Fédon. São Paulo: Martin Claret.


Platão. (2011). Górgias de Platão. (D. R. LOPES, Trad.) São Paulo: Perspectiva.

1
Entendemos, aqui, quando falamos de prazeres que estamos nos referindo a desejos também.
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Platão. (2018). A República de Platão. (J. Guinsburg, Trad.) São Paulo: Perspectiva.
ROBINSON, T. M. (2007). República. Em T. M. ROBINSON, A psicologia de Platão (pp.
73-98). São Paulo: Edições Loyola.
Stocks, J.L. “Plato and the tripartite soul”, in Mind, New Series, Vol. 24, n. 94 (Apr., 1915).
p. 207-221.

Anexos

Figura 1: exposição da pesquisa na Universidade


Federal do Rio de Janeiro
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Figura 2: certificado digital de aprovação no XXIII Encontro Nacional de


Pesquisa em Filosofia - USP

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