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Justiça, dikaiosynê. -- Na parte “I” desse verbete, se apresenta a justiça como ideia
reguladora do que se entende ser justo no mundo. Em Fedro 247d, Platão fala da Ideia como
“lugar supraceleste” para onde se deslocam, sobre aquele carro indicado, os espíritos
abastados e profundos; alcança tal caminho o que teve a “coragem de dizer a verdade”. A
visão desta ideia do verdadeiro, do incolor, informe e intangível, apenas o “piloto” da alma, o
intelecto, pode deter e contemplar. Ademais, é como um alimento divino, pois os deuses
somente se deleitam na inteligência e ciências puras, donde que se artilha com eles o regozijo
(verdadeiro) de contemplar a verdade. De fato, o caminho de retorno à vida terrenal é pacífico
e ceifado na ambrosia dos deuses, pois o auriga chega e deixa os cavalos a beberem o néctar.
Daqui se pode puxar a tanto a reminiscência como o divino que explicam tal relação idealista
com a Justiça. Esta ideia precisa do divino ou de princípio transcendentes para escapar das
imposições da historicidade ou do tempo que há neste mundo; assim, toda manifestação da
ideia da Justiça é profana e imperfeita e deve pautar-se na Ideia mesma. Platão em República
remata afirmando a necessidade dos “paradigmas”: “(...) talvez haja algo no céu (en ouranô)
um modelo (pareidgma) [da justiça] para aquele que quer ver e orientar-se pelo que vê.” (Cita
Shäfer, p. 186.
Em “II. A definição de justiça” tem-se o planteamento do problema da definição, de
como encontrar a definição de justiça. O início da tentativa é o equilíbrio, que logo remete o
que o pensa àquela “concepção pré-platônica”, diz Schäfer, de “o âmbito divino-cósmico
como medida superior do social e do individual”. Um primeiro encontro com isto é
Anaximandro, que afirmara a impossibilidade de se dissolver o “ilimitado”, como é a arché,
em conceitos anteriores a si mesmo; as desmedidas do pensamento com as coisas são injustas
e, em sua condição temporal tornam-se ajustadas depois no ciclo que principia as coisas em
seu movimento, do ilimitado. A medida hipocrática dos humores também seria um exemplo
do equilíbrio. Ainda próximo, há uma impressão da justiça que Sócrates inicia por combater
em República I, traduzido por Ulpiano: “(constans et perpetua voluntas) suum cuique
tribuendi.” (A justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada um o que é seu). Não há
distinções de uma ação justa, mas apenas do encaminhamento escolhido dos malefícios.
Numa segunda crítica, se afirma que passa despercebida a qualidade ou excelência moral do
indivíduo que, por acaso, praticou tal ação justa; justamente se vê que a justiça não é algo
apenas relacional, mas um assunto pessoal (o que Aristóteles criticaria, deixando a justiça
como “pros heteron”). Aqui entra a maneira correta de se avaliar o justo: não é uma atitude
intencionado o que o torna assim, mas as circunstâncias objetivas que nos levam a afirmar se
participa ou não sua alma da ideia de justiça. A vida desenhada por Platão em Fédon 78b-80a
divide-se em conhecer as coisas que são sempre as mesmas, independentes dos objetos que a
ela se referem, e tais objetos, sempre em dependência de seres para ser o que é. O corpo vê
várias coisas belas mas enquanto repousar na percepção variante e multiforme esquecerá do
que as une e as torna verdadeiramente admirável (e fruto da “meditação”, diz) que é a Ideia de
Beleza, o ente que torna todas aquelas outras idênticas por participação. Da divisão corpo-
alma, Sócrates arremata em Fédon 80a: Míralo también con el enfoque siguiente: siempre
que estén en un mismo organismo alma y cuerpo, a l uno le 8& prescribe la naturaleza Que
sea esclavo y esté sometido, y a la otra mandar y ser dueña . Y según esto, de nuevo, rc u él
de ellos te parece Que es semejante a lo divino y cuál a lo mortal? j.O no te parece que lo
divino es lo que esté naturalmente capacitado para mandar y ejercer de guía, mientras que lo
mortal lo está para ser guiado y hacer de siervo? (Platão, Diálogos III. Gredos, 1988, p. 70).
Schäfer não deixa de fazer, novamente, referência da Justiça com a ideia da Beleza, enquanto
se trata de uma harmonização do homem interior; além disso, trata-se dessa ascendência que é
uma virtude, uma aretê na qual se torna o melhor de si mesmo; igualmente o é virtude e
segundo a mesma estrutura a justiça da pólis e a do cosmo. A pólis encontrará em seu
aperfeiçoamento da justiça as manifestações temporais desta: a justiça será salvaguarda da
base econômica, seguindo-se a uma reordenação da opulência, procurando afastar a ganância
(pleonexia), e logo se terá de “a polis opulenta em justa). A justiça cria raízes na pólis pelas
estâncias do todo e pela divisão virtuosa das classes: “classe nutridora”, “classe de defesa” e a
“classe de ensino” (a dos reis-filósofos). A alma (ta em psychê ) é ordenada pela razão
condutora das partes do “apetite” e a “irascível”. Cabe ao homem saber a função e virtude que
deve cumprir cada parte de sua alma a fim de que a conduza sem conflitos, mas na ordem e na
amizade consigo mesmo, diz Platão em Rep. 443c-d. A injustiça será, portanto, a má
condução interna da alma, cuja parte racional é a única capaz de mediar e pôr em existência a
justiça, essa virtude que faz o bem em sua perfeição conforme a si próprio e aos outros.
Protágoras, 423b-c: En cambio, en la Justicia y en la restante virtud politica, si
saben que alguno es injusto y éste, él por su propia cuenta, habla con sinceridad en
contra de la mayoría, lo que en el otro terreno se juzgab a sensatez, decir la verdad,
ahora se conside ra locura, y afirman que delira el que no apare nta la justicia. De modo
e que parece necesario que nadie deje de participar de e lla en alguna medida. bajo pe
na de dejar de existir entre los humanos.