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INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO


122 minutos

 Aula 1 - Conceitos gerais sobre o desenho técnico

 Aula 2 - Equipamentos e materiais para o desenvolvimento do desenho técnico

 Aula 3 - Normas da abnt para aplicação no desenho técnico

 Aula 4 - Desenho com equipamentos x desenhos digitais

 Aula 5 - Revisão da unidade

 Referências

Aula 1

CONCEITOS GERAIS SOBRE O DESENHO TÉCNICO


Olá, estudante! Desejo as boas-vindas ao estudo desta unidade. O conteúdo vai se concentrar
nos conceitos de desenho técnico e na forma como devem ser representados, de maneira que
permitam uma leitura e interpretação universal.
24 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante!

Desejo as boas-vindas ao estudo desta unidade.

O conteúdo vai se concentrar nos conceitos de desenho técnico e na forma como devem ser representados, de
maneira que permitam uma leitura e interpretação universal.

Você aprenderá sobre a importância da padronização e precisão inerentes ao desenho técnico, a partir das
convenções e simbologias presentes nas normas brasileiras, estabelecendo a relação intrínseca com a
geometria descritiva para gerar as projeções ortogonais e perspectivadas.

Você também verá como são criados os desenhos técnicos de arquitetura, sobretudo aqueles que compõem
um projeto arquitetônico: plantas, cortes e elevações.

Lembre-se sempre que o autoestudo e a busca pelo aprimoramento do aprendizado são de grande valia para
conduzir o seu futuro profissional.

Vamos começar?
O ATO DE DESENHAR

O desenho como expressão


O ato de desenhar é um processo ou uma técnica de representação de alguma coisa (um objeto, uma cena ou
uma ideia), valendo-se de elementos, como pontos, linhas e formas, em uma superfície. Seja o desenho artístico
ou técnico, o seu objetivo essencial é estabelecer uma comunicação com o observador. Ching e Juroszek (2012,
p.11) elucidam que:

Embora o desenho geralmente apresente uma natureza linear, ele pode incluir outros
elementos pictóricos, como pontos e pinceladas, que também podem ser interpretados
como linhas. Qualquer que seja a forma que um desenho assuma, ele é o principal
meio pelo qual organizamos e expressamos pensamentos e percepções visuais.
Portanto, devemos considerar o desenho não só como uma expressão artística, mas
também como uma ferramenta prática para formular e trabalhar problemas de projeto.

O desenho pode ser delimitado como uma maneira que o profissional encontra para se expressar,
independentemente de ser uma representação técnica projetiva ou de cunho artístico. O desenho artístico
expressa o sentimento do artista, a partir de suas escolhas e com a inclusão da emoção, enquanto o desenho
técnico transmite com exatidão todas as características de um objeto, para poder ser interpretado igualmente
por distintos profissionais.

Neste estudo, nos dedicamos ao desenho técnico projetivo, com a representação de peças gráficas
bidimensionais e tridimensionais. A representação tridimensional se dá com as perspectivas que, apesar de não
possuírem a rigidez dos desenhos técnicos, seguem regras compositivas, princípios de proporção e escala.
Geralmente apresentam as características visuais de um ambiente, como cor, textura e aparência de elementos
que constituem um ambiente (Figura 1).

Figura 1 | Perspectiva de um ambiente


Fonte: Freepik.

Já o desenho técnico deve transmitir com exatidão cada elemento construtivo, com uma definição clara de
formatos e medidas, através de representações que seguem normas pré-estabelecidas, como, por exemplo
uma planta de pavimento (Figura 2).

Figura 2 | Fragmento de uma planta de pavimento

Fonte: Netto (2014, p. 86).

Desenho técnico
O desenho técnico pode ser conceituado como um processo de construção e representação gráfica de objetos
em geral, a partir de normas e padronizações universais. A ideia central é retratar de forma precisa todas as
informações referentes a formatos e dimensões daquilo que está sendo representado, seja manualmente (com
lápis, réguas, compasso, esquadros, gabaritos, escalímetros etc.) ou com recursos informatizados (uso de
programas computacionais de CAD – desenho assistido por computador).

As áreas profissionais em que se aplicam essas técnicas de representação gráfica são variadas, como, por
exemplo, a arquitetura, engenharias e design de interiores.

Em suma, um desenho técnico deve necessariamente fornecer com precisão todas as informações para a
construção futura de um objeto, com as suas dimensões, tolerâncias, vistas, detalhes, cortes, tipo de material
utilizado, símbolos e projeções.

Assimile que o desenho é a ferramenta que o profissional de design de interiores possui para transportar suas
ideias para o papel, mas isso deve ser feito ordenadamente e seguindo linguagens universais de representação
que garantem, além da precisão gráfica, a possibilidade de interpretação integral do seu projeto pelos demais
envolvidos no processo de projeto e execução de um ambiente.
DESENHO TÉCNICO: REPRESENTAÇÃO UNIVERSAL
Ao longo de um projeto de design de interiores, a função do desenho técnico é registrar o que existirá,
trabalhando as ideias em direção à materialização da proposta interventiva.

“Durante o projeto, o desenho é utilizado para guiar o desenvolvimento de uma ideia, desde seu conceito até a
proposta concretizada” (CHING; JUROSZEK, 2012, p. 2). A construção do desenho arquitetônico, base dos
projetos de design de interiores, segue princípios de geometria descritiva, pois cabe ao profissional representar
um ambiente ou a edificação como um todo, que são tridimensionais, em um formato bidimensional. O autor
Ching (2017, p. 29) reforça esse desafio imposto ao desenhista, com o seguinte raciocínio:

O problema fundamental do desenho de arquitetura é como representar formas,


construções e espaços tridimensionais em apenas duas dimensões. Três tipos distintos
de sistemas de desenho evoluíram ao longo do tempo para cumprir essa missão:
desenhos de vistas múltiplas, de linhas paralelas e em perspectivas cônicas.

Geometria descritiva
A geometria descritiva, com seus princípios de projeção e perspectiva, é fundamental para garantir a
padronização das representações gráficas projetivas. Ela é considerada a base teórica para o desenho técnico,
pois permite a construção de vistas, cortes, seções, rebatimentos, rotações, interseções de planos e sólidos,
mudança de planos de projeção e a determinação de verdadeiras grandezas (V.G.) de distâncias, ângulos e
superfícies.

Verdadeira grandeza: termo utilizado em geometria descritiva, para representar a dimensão real de um
objeto geométrico.

Origem da geometria descritiva


A geometria descritiva fundamenta-se a partir do Sistema Mongeano, desenvolvido pelo matemático francês
Gaspard Monge (1746-1818). Trata-se de um método que utiliza dois planos de projeção perpendiculares entre
si (plano horizontal e plano vertical), onde são feitas as projeções de elementos tridimensionais, para, assim,
representá-los em duas dimensões.

A partir desse modelo, temos 4 áreas delimitadas pelos planos para as respectivas projeções, chamados de
diedros. Sendo assim, para a elaboração das vistas ortográficas, considera-se que o observador estaria
posicionado em frente a cada face do objeto, representando-a em um plano de projeção através de projetantes
ortogonais. O plano de projeção pode se localizar depois do objeto (Sistema Europeu – representação no 1°
diedro) ou antes do objeto (Sistema Americano – representação no 3° Diedro) (Figura 3). No Brasil, é adotado o
sistema europeu de projeção.

Figura 3 | Projeção Ortogonal


Fonte: elaborada pelo autor.

Os principais conceitos aplicados ao desenho técnico arquitetônico são:

Projeções ortogonais: representam uma forma ou uma construção tridimensional, projetando linhas
perpendiculares ao plano do desenho (Figura 4).

Projeções oblíquas: representam uma forma tridimensional obtida projetando-se linhas paralelas sob
determinado ângulo, diferente de 90°, em relação ao plano do desenho. (Figura 5).

Projeção em perspectivas (perspectiva cônica): as linhas projetadas ou linhas de visão convergem de um


ponto central, o qual representa o olhar do observador (Figura 6).

Figura 4 | Projeção Ortogonal

Fonte: Ching (2017, p. 30).

Figura 5 | Projeção Oblíqua


Fonte: Ching (2017, p. 30).

Figura 6 | Projeção em perspectiva

Fonte: Ching (2017, p. 30).


Somada às regras de desenho geométrico, temos as normas presentes no catálogo da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), que auxiliam os profissionais a desenvolver seus projetos técnicos dentro dos
padrões estabelecidos. O objetivo das normas brasileiras (NBR) é a padronização, para que todos os envolvidos,
na produção ou leitura dos desenhos, utilizem a mesma linguagem, evitando dúvidas e erros de interpretação
que poderiam ocorrer se fossem usados representações e símbolos variados.

Tanto em desenhos manuais, seguindo a preferência atual pela criação dos desenhos, quanto em projetos com
programas de computador, a representação universal passa necessariamente pelas regras de expressão gráfica
impostas pelas normas de desenho.

O DESENHO COMO EXPRESSÃO DE IDEIAS


O desenho técnico arquitetônico é a forma de representação de um projeto de arquitetura que visa
demonstrar, em duas dimensões, todas as características de um espaço (ambiente interno ou externo) ou
edificação que deverão ser construídos.

Para você atuar como designer de interiores e conseguir expressar as suas ideias, deverá tomar por base a
construção dos desenhos projetuais de arquitetura, que funcionam com uma espécie de linguagem
comunicativa entre você e os demais envolvidos, sejam clientes ou demais profissionais.

“Os desenhos de arquitetura servem para representar as formas e as disposições dos espaços de um edifício,
atribuindo a eles as informações necessárias para o que será construído ou modificado” (CORRÊA, 2019, p. 23).

Os desenhos das peças gráficas que compõem o projeto de arquitetura têm sua origem nas premissas
estabelecidas pela geometria descritiva, como pode ser observado no exemplo da Figura 7.

Figura 7 | Vistas múltiplas

Fonte: adaptada de Ching (2017, p. 33).

O exemplo trazido na Figura 7, mostra uma edificação tridimensional sendo representada em duas dimensões
através da projeção ortogonal. Perceba que as projeções se alinham, originando as vistas superior, frontal e
lateral.

Seguindo esses princípios de geometria descritiva, o projeto de arquitetura é representado basicamente pelas
suas projeções ortogonais e em perspectiva. Em outras palavras, a vista superior corresponde à planta e as
vistas lateral e frontal, às fachadas.
Essas peças gráficas são elementares para delimitar a representação gráfica de um projeto arquitetônico:
plantas, cortes e fachadas. A ordem de construção gráfica começa com a planta de pavimento, os cortes e, por
fim, as fachadas. A análise individual de cada um desses desenhos permite o entendimento de uma parte
específica do projeto e, quando vistos em conjunto, complementam-se, possibilitando a compreensão do todo
(Figura 8).

Figura 8 | Projeto arquitetônico

Fonte: adaptado de Yee (2017, p. 135).

Obedecendo as recomendações presentes na NBR 6492 (ABNT, 2021) para construção e representação dos
desenhos, as plantas que nascem de um corte horizontal imaginário da edificação simulam a projeção
ortogonal com uma visualização de cima para baixo (Figura 9). Na planta, encontramos as dimensões
horizontais da edificação com a organização espacial interna, a forma dos compartimentos, a localização de
portas e janelas, escadas, rampas, mobiliário e demais elementos construtivos.

Figura 9 | Concepção da planta


Fonte: Ching (2017, p. 51).

Os cortes nascem a partir das plantas já estabelecidas, uma vez que nelas são especificados os locais onde
acontecerão as representações dos cortes. Seguindo uma linha de raciocínio semelhante às plantas, o corte
parte de uma intersecção vertical de um plano imaginário, simulando um corte vertical na edificação (Figura 10).
O desenho dos cortes, geralmente em dois sentidos (longitudinal e transversal), possibilitam o entendimento
interno da edificação, levando em conta a verticalidade dos elementos construtivos. Basicamente, você
encontra nos cortes as seguintes informações: profundidade e desenho de fundações, espessuras de lajes e
pisos, alturas dos ambientes, desníveis e entrepisos, escadas e rampas, alturas e formatos de telhados, e
demais particularidades de elementos construtivos.

Figura 10 | Concepção do corte


Fonte: Ching (2017, p. 70).

Por fim, as fachadas são criadas a partir das plantas dos pavimentos e dos cortes já desenhados (Figura 11).

Figura 11 | Concepção da fachada

Fonte: Ching (2017, p. 81).

O desenho da fachada, diferente das plantas e dos cortes que mostram o interior da edificação, simula um
observador postado externamente, em frente à edificação, desenhando a planificação.
VÍDEO RESUMO
Olá, estudante!

No vídeo resumo desta aula, você irá aprofundar os conceitos e aplicações do desenho técnico, ressaltando a
sua importância quanto aos regramentos normatizados, necessários para a universalização das representações
gráficas.

Na sequência, vamos traçar um paralelo entre a geometria descritiva e o desenho projetivo de arquitetura,
sobretudo as projeções ortogonais e a criação das perspectivas.

Vamos assistir!?

 Saiba mais
Olá, estudante!

Deixamos como sugestão de aprofundamento para seu aprendizado a leitura das páginas 205 a 213, da
obra de Souza et al. (2011): Desenho técnico arquitetônico.

Nesse capítulo intitulado Apresentação gráfica das etapas de um projeto arquitetônico você poderá
encontrar alguns conceitos sobre as etapas de criação de um projeto arquitetônico e como devem ser
representados.

Souza, Jéssica Pinto de. et al. Desenho técnico arquitetônico. Porto Alegre: SAGAH, 2018. E-book. ISBN
9788595024236.

Aula 2

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO


DO DESENHO TÉCNICO
Olá, estudante! Desejo as boas-vindas ao estudo sobre a representação de desenhos manuais.
Você aprenderá quais são os principais instrumentos utilizados na construção dos desenhos
feitos à mão e também as características físicas que eles devem possuir para sua utilização.
26 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante!

Desejo as boas-vindas ao estudo sobre a representação de desenhos manuais.

Você aprenderá quais são os principais instrumentos utilizados na construção dos desenhos feitos à mão e
também as características físicas que eles devem possuir para sua utilização. Na sequência você entenderá o
emprego correto de cada instrumento e como você deve se comportar para criar desenhos com precisão e
legibilidade.

Ao final. Você conhecerá uma proposta de atividade prática, através de 4 exercícios, nos quais receberá dicas
para criar as suas representações gráficas.

Lembre-se sempre, que o autoestudo e a busca pelo aprimoramento do aprendizado são de grande valia para
conduzir o seu futuro profissional.
DESENHO MANUAL: INSTRUMENTOS BÁSICOS
O desenho técnico arquitetônico exige que o designer de interiores possua conhecimento sobre os materiais e
técnicas de desenho, necessários para a representação projetual. No método tradicional de desenho, aquele
feito à mão, alguns instrumentos básicos compõem o conjunto de ferramentas de trabalho, tais como: lápis
(grafite), caneta nanquim, réguas, esquadros, compasso, escalímetros, papéis (pranchas) em diferentes
tamanhos, entre outros.

Mesa de desenho
A mesa de desenho é um equipamento essencial para que se possa iniciar o processo de desenho. As mesas
possuem uma regulagem de inclinação, geralmente constituídas por um tampo de madeira revestido com uma
camada plástica resistente ao choque e perfurações, que tem como objetivo a fixação do papel. Essa fixação é
feita com fita adesiva ou fita crepe. Temos também as pranchetas portáteis, que podem ser apoiadas em outras
superfícies durante o seu uso (Figura 1).

Figura 1 | Mesas de desenho

Fonte: elaborada pelo autor.

Em conjunto com a mesa, é necessária uma régua colocada horizontalmente, que pode ser a ‘Paralela’ ou a ‘T’,
que servem para traçar linhas e também como apoio para os esquadros.

Régua paralela: equipadas com um sistema de cabos e roldanas que permitem que a régua se desloque ao
longo da mesa de forma paralela. Possibilitam desenhar com maior velocidade e precisão (Figura 1).

Régua T: é portátil e possui uma barra transversal em uma de suas extremidades, que desliza ao longo da
borda de uma mesa como um guia, para estabelecer e desenhar linhas retas paralelas (Figura 2).

Figura 2 | Régua T
Fonte: elaborada pelo autor.

Esquadros
São peças de acrílico triangulares, utilizadas aos pares, com os ângulos de 45° e 90° e 30°, 60° e 90° (Figura 3).
São empregados para o desenho de linhas verticais e outros ângulos, combinados também com a régua
paralela da mesa, na execução dos detalhes e elementos dos desenhos.

Figura 3 | Esquadros

Fonte: Souza et al. (2018, p. 29).


Compassos
Instrumentos empregados para criação de circunferências, arcos ou apenas para transportar medidas. Os
compassos para criação de circunferências e arcos, possuem uma ponta seca e outra com grafite; já os
compassos para transportar medidas, apresentam duas pontas secas (Figura 4).

Figura 4 | Compassos

Fonte: Cruz (2014, p. 26).

Curva francesa
Para curvas de raio variável, usa-se a curva francesa.

Transferidor
Usado para medir ângulos.

Escalímetro
O escalímetro (Figura 5) é utilizado para realizar marcações e medições. A conferência de diferentes escalas
pode ser feita com um único instrumento que contempla seis escalas diferentes em seu formato triangular, em
que cada face possui duas escalas diferentes, por exemplo: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e 1:125. Cada unidade
do escalímetro é correspondente a 1 metro.

Figura 5 | Escalímetro
Fonte: adaptada de Cruz (2014, p. 25).

Réguas
São usadas para realizar medições e como apoio para traçar linhas.

Gabaritos
Os gabaritos são peças de acrílico com elementos vazados que permitem a reprodução nos desenhos. Existem
gabaritos para traçar figuras geométricas, como círculos, elipses e polígonos, assim como símbolos para
aparelhos sanitários e acessórios em várias escalas (Figura 6).

Figura 6 | Gabaritos
Fonte: Ching (2017, p. 9).

INSTRUMENTOS: UTILIZAÇÃO CORRETA


O desenho técnico tem por premissa a representação clara e objetiva dos elementos, com todas as suas
particularidades referentes a formatos e dimensões. Portanto, para que um desenho seja interpretado de
maneira universal, além de seguir as convenções e regras de representação, também terá que ser legível.
Quando tratamos do desenho manual, a garantia da legibilidade passa pelo correto manuseio dos instrumentos
e a qualidade do traço (uniformidade, espessura e tonalidade).

A linha é o elemento primordial dos desenhos técnicos e a marca deixada por uma caneta, lápis ou lapiseira, ao
se deslocar pela superfície do papel, é fundamental para produzir traços de boa qualidade e com pesos
apropriados (espessuras e tonalidades).

Veja alguns procedimentos elucidados por Ching (2017) para usar um lápis, lapiseira ou caneta nanquim (Figura
7):

Desenhar com a mão relaxada sem apertar demais o instrumento.

Segurar o instrumento a alguns centímetros da ponta, evitando pegá-lo muito perto de sua ponta.

Controlar o movimento com o braço e a mão e não somente com os dedos.

Puxar o instrumento à medida que desenha.

Olhar aonde a linha está indo.

Figura 7 | Uso dos instrumentos


Fonte: Ching (2017, p. 18).

Lápis e lapiseiras
São os instrumentos que permitem o lançamento de ideias e concepções, através de diferentes tipos de traços
e espessuras, cada um com um significado. Quanto maior a rigidez do grafite, mais claro o traço, e quanto mais
macios, mais escuros são os traços (Figura 8).

Minas de grafites 10H a 4H: são mais duras.

Minas de grafites 3H, 2H, H, F, HB e B: são de consistência média.

Minas de grafites 2B, a 8B: são mais macias (SOUZA et al., 2018).

Figura 8 | Graduação da lâmina de grafite

Fonte: Souza et al. (2018, p. 28).

Nas lapiseiras, as espessuras mais usadas são de 0,3 mm, 0,5 mm, 0,7mm e 0,9 mm.

Para os desenhos técnicos é mais comum o uso de grafites mais duros (4H a 9H) para o traço ser mais preciso e
para que a resposta à pressão feita sobre o papel durante a criação da linha garanta um traço uniforme.
As espessuras também são determinantes e devem ser específicas para cada tipo de representação, como você
pode ver no resumo na Tabela 1.

Tabela 1 | Relação das minas de grafite e representação

Traço: Tipo, Tonalidade Grafite Uso

Grosso: contínuo e forte HB – 0,7 mm Linhas definitivas e contornos

Médio: contínuo, médio H – 0,5 mm Texturas (hachuras) e caligrafia

Médio: tracejado, médio H – 0,5 mm Linhas ocultas (invisíveis) e imaginárias

Fino: contínuo, claro 2H – 0,3 mm Linhas de construção (auxiliares) e cotas

Fino: traço-ponto, claro 2H – 0,3 mm Linhas de centro e simetria

Fonte: adaptada de NBR 6492 (ABNT, 2021).

Caneta nanquim
Produzem linhas de tinta precisas e uniformes sem a aplicação de pressão. No modelo de canetas com tinta
recarregável, há nove espessuras de ponta disponíveis, desde extremamente fina (0,13 mm) a muito grossa (2
mm). Contudo, atualmente, o modelo mais empregado é o das canetas descartáveis, com espessuras 0,03 mm a
1 mm (CHING, 2017).

Folhas de papel
A qualidade do papel é importante para a melhor legibilidade dos desenhos, mas procure respeitar também os
formatos padrão das pranchas de desenho. Os formatos da série “A” têm como base o formato A0, cujas
dimensões guardam entre si a mesma relação que existe entre o lado de um quadrado e sua diagonal (841 mm
= 1189 mm), e que corresponde a um retângulo de área igual a 1 m2 (Figura 9). O resultado dessa relação
origina os outros formatos em milímetros (mm):

A1: 594 x 841 mm.

A2: 420 x 594 mm.

A3: 297 x 420 mm.

A4: 210 x 297 mm.

Figura 9 | Formatos série A


Fonte: elaborada pelo autor.

Procedimentos importantes
Procure utilizar sempre materiais de qualidade para que a precisão dos desenhos possa ser contemplada.

Antes de iniciar os desenhos, é importante que as réguas, esquadros e mesa sejam limpos, para não borrar
a folha de papel quando da sua utilização.

O escalímetro não deve ser usado para traçar linhas, pois são instrumentos de precisão. Passar grafite ou
caneta a partir dele pode danificá-lo.

Após o uso, limpe e conserve os instrumentos e materiais adequadamente.

DESENHANDO: PRIMEIROS PASSOS


O desenho manual requer prática constante, para que você possa aprimorar as suas técnicas de representação,
de modo que suas criações possam ser perfeitamente legíveis e entreguem a maior precisão possível. Antes de
se aventurar em projetos de design e maiores detalhamentos, convido você a exercitar seu traço em de
pequenas atividades práticas.

O primeiro passo é reunir todo o material necessário para criar seus desenhos. Portanto, certifique-se de ter em
mãos lápis e/ou lapiseiras, borracha, escalímetro, esquadros, papel etc.

Você deverá usar uma mina de grafite mais dura (mais indicada para os desenhos técnicos), então, opte pela
série H. Em relação ao papel, lembre-se de que devemos usar os formatos da série A (A0 a A4).

Passos iniciais
1. Verifique se a mesa de desenho, régua paralela ou T e esquadros estão limpos; caso contrário, limpe-os
para não virem a sujar a folha de desenho.

2. Fixe a folha na mesa com fita adesiva ou fita crepe, procurando posicioná-la em um local que facilite a sua
atividade.
Dica: use a régua para descansar a folha e, assim, estabelecer o paralelismo entre ambas. Depois, prenda a
folha com a fita (Figura 10).

Figura 10 | Fixação da folha na mesa de desenho

Fonte: elaborada pelo autor.

Exercício 1
Vamos iniciar com uma prática bem elementar, mas essencial para treinar não só a uniformidade do traço, mas
também a pressão exercida na folha pelo lápis ou lapiseira. Você fará repetidos traços retos horizontais, usando
a régua paralela, e com diferentes espessuras, semelhante ao que vemos na Figura 11.

Figura 11 | Desenhando retas horizontais

Fonte: elaborada pelo autor.

Veja a recomendação (Figura 12) do autor Montenegro (1997, p.13):

O lápis deve ser segurado entre o polegar e o dedo indicador a cerca de 4 a 5


centímetros da ponta, de modo que a mão fique apoiada no dedo mínimo e a ponta do
lápis esteja bem visível. Sempre puxar o lápis e nunca empurrar. Põe-se o lápis
encostado no esquadro ou na régua em posição quase perpendicular ao papel, com
uma pequena inclinação no sentido do movimento.

Figura 12 | Posição dos instrumentos


Fonte: adaptada de Montenegro (1997, p. 13).

Exercício 2
Repetindo o processo anterior, faça linhas tracejadas, conforme vemos na Figura 13.

Figura 13 | Desenhando retas horizontais tracejadas

Fonte: elaborada pelo autor.

Exercício 3
Agora, vamos usar os esquadros para traçar retas verticais e diagonais. A régua da mesa será fundamental, pois
os esquadros são apoiados nela para criar os traços (Figura 14). Realize traços com os ângulos de 90°, 60°, 45° e
30°.

Figura 14 | Uso do esquadro: traço a 90°


Fonte: Ching, (2017, p. 23).

Acompanhe a valiosa dica de Ching (2017, p. 23) sobre como você deve se portar ao traçar linhas com o auxílio
do esquadro: “ao traçar linhas verticais perpendiculares à borda de uma régua T ou paralela, use um esquadro e
desloque seu corpo de modo similar ao traçado de linhas horizontais. Evite fazer linhas verticais, permanecendo
sentado e imóvel e correndo a caneta ou o lápis pela borda do esquadro”.Veja na Figura 15 como seria seu
comportamento corporal para desenhar linhas com os esquadros.

Figura 15 | Traçando linhas a partir do esquadro


Fonte: adaptada de Montenegro (1997, p. 14).

Exercício 4
Depois de se familiarizar com o uso dos instrumentos e adquirindo maior confiança, você pode começar a
desenhar formas geométricas; então, fique livre para criar quadrados, triângulos e demais polígonos em geral.

Lembre-se sempre que o desenho manual exige prática, então, intensifique suas atividades e aprimore o seu
traço constantemente.

VÍDEO RESUMO
Olá, estudante!

Nosso vídeo resumo irá aprofundar os conceitos e aplicações do desenho manual, dando ênfase a alguns
instrumentos de desenho e seus procedimentos, com dicas importantes para garantir que as representações
possuam qualidade e precisão.

Você aprenderá a obter resultados mais satisfatórios usando compasso, escalimetro, esquadros, borracha e
lapiseira.

Vamos assistir?

 Saiba mais
Como sugestão de aprofundamento para seu aprendizado, leia as páginas de 10 a 24, da obra de
Montenegro (2011) O traço dá ideia: bases para o projeto projetado.

Nesse capítulo, intitulado Esboço ou desenho rápido à mão livre, você poderá encontrar dicas e conceitos
importantíssimos para aplicar na representação gráfica, e na forma de utilização dos instrumentos de
desenho.
MONTENEGRO, Gildo. O traço dá ideia: bases para o projeto projetado. São Paulo: Editora Blücher, 2016.
E-book. ISBN 9788521210177.

Aula 3

NORMAS DA ABNT PARA APLICAÇÃO NO DESENHO


TÉCNICO
Olá, estudante! Bem-vindo ao nosso estudo sobre as normas técnicas brasileiras. As normas
técnicas de desenho são de suma importância para garantir a clareza, a precisão e a
uniformidade na representação gráfica de projetos arquitetônicos.
24 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante!

Bem-vindo ao nosso estudo sobre as normas técnicas brasileiras.

As normas técnicas de desenho são de suma importância para garantir a clareza, a precisão e a uniformidade
na representação gráfica de projetos arquitetônicos. Você as encontra no catálogo da Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT.

Nesta unidade, inicialmente você irá conhecer as principais normas aplicáveis ao desenho técnico projetivo de
arquitetura com as suas respectivas particularidades e, na sequência, será dada uma maior ênfase às premissas
mais significativas que você deve observar para construir suas representações gráficas.

Ao final, você terá a oportunidade de aplicar os conceitos estudados com uma atividade prática.

Lembre-se sempre, que o autoestudo e a busca pelo aprimoramento do aprendizado são de grande valia para
conduzir o seu futuro profissional.

NORMAS TÉCNICAS
Os desenhos técnicos de arquitetura devem respeitar integralmente o conjunto de normas que orientam a sua
construção, estabelecendo uma padronização que permita a universalização dos projetos de arquitetura e
design de interiores.

No Brasil, as normas técnicas são encontradas no catálogo da ABNT, órgão responsável pela criação e
fornecimento das NBR (Normas Brasileiras), que têm o objetivo de estabelecer um padrão para que todos os
interessados utilizem a mesma linguagem, de forma que dúvidas sejam dirimidas e erros de representação
sejam evitados.

Cada NBR possui uma aplicabilidade, apontando premissas para a construção dos desenhos e abordando vários
assuntos, tais como nomenclatura de folhas, tipos e formatos de linhas, escrita técnica, representação gráfica e
especificação de elementos construtivos, dentre outras peculiaridades.

De uma maneira objetiva, podemos citar as seguintes normas técnicas que devem ser consultadas para a
elaboração de desenhos projetivos de arquitetura e design de interiores:

NBR 6492:2021 – Documentação técnica para projetos arquitetônicos e urbanísticos - Requisitos. Essa é
uma norma imprescindível para a elaboração dos desenhos de arquitetura. Ela é extremamente útil, pois trata
de assuntos essenciais para as representações de peças básicas, como planta, corte, fachada (elevações),
detalhes etc. Aborda as fases do projeto, além dos documentos necessários para sua apresentação e aprovação
junto aos órgãos públicos. Somada às regras de representação gráfica dos elementos constituintes de uma
edificação, ela exemplifica as situações mais relevantes, sendo, assim, uma consulta obrigatória para que você
consiga criar, ler e interpretar o desenho técnico de arquitetura (ABNT, 2021a).

NBR 16752:2020 – Desenho técnico: requisitos para apresentação em folhas de desenho. A norma
especifica os formatos (série A) e padrões das folhas de desenho que devem ser utilizadas para o desenho
técnico. Também é possível verificar qual a medida e como criar as margens de contorno, além do conteúdo e
disposição dos espaços utilizáveis na folha de desenho (ABNT, 2020a).

NBR 16861:2020 – Desenho técnico: requisitos para representação de linhas e escrita, 2020. A norma
especifica os tipos e a representação das espessuras das linhas para desenhos técnicos, bem como as situações
práticas em que devem ser empregadas. Além disso, determina como devem ser desenhadas as letras e
números que compõem a escrita técnica, especificando as alturas e proporções dos seus caracteres (ABNT,
2020b).

NBR 17006:2021 – Desenho técnico: requisitos para representação dos métodos de projeção. Essa norma é
mais abrangente e aborda questões ligadas aos conceitos geométricos aplicáveis ao desenho técnico, como, por
exemplo, os métodos de projeções e suas vistas planificadas, perspectivas etc. (ABNT, 2021b).

NBR 17068:2022 – Desenho técnico: requisitos para representação de dimensões e tolerâncias. É uma
norma bastante genérica, mas que auxilia na compreensão de inserção das informações dimensionais nos
desenhos. É possível verificar como as cotas de dimensão são desenhadas em representações bidimensionais e
tridimensionais (ABNT, 2022).

Procure consultar as NBR citadas e familiarize-se com os principais conceitos trazidos em cada uma delas para
criar seus desenhos dentro dos padrões exigidos para projetos de arquitetura e design de interiores.

NBR 6492: A SUA GRANDE ALIADA


Para tornar nosso aprendizado mais dinâmico, trataremos dos principais requisitos para a representação
técnica, que podem ser encontrados na NBR 6492 (ABNT, 2021a), uma vez que, de certa forma, ela sintetiza
conceitos e práticas para a elaboração dos projetos de arquitetura.

Vejamos os pontos mais significativos que você deve consultar e seguir integralmente:

1. Diretrizes para apresentação física e documentação técnica

Determina que as folhas de papel devem seguir como padrão a série A, com formatos A0 (máximo) a A4
(mínimo), bem como a necessidade de dobramento das pranchas para sempre resultarem no formato A4, pois
facilita o seu manuseio e arquivamento. Instrui também o modo de desenhar o carimbo, onde constam as
principais informações do projeto.

Dica: Para um aprofundamento sobre o assunto, com exemplificações e ilustrações, consulte a NBR 16752 –
Desenho técnico: requisitos para apresentação em folhas de desenho (ABNT, 2020a). Nela, você encontrará
informações sobre o desenho das margens, carimbo, dentre outras (Figura 1).

Figura 1 | Folha de desenho


Fonte: elaborada pelo autor.

2. Conteúdo, documentos e etapas do projeto arquitetônico

É importante que você saiba quais são os documentos empregados para criar os projetos, as etapas (estudo
preliminar, anteprojeto, projeto executivo), bem como os conteúdos que compõem um projeto de arquitetura
(plantas, cortes, elevações).

3. Linhas de representação

As linhas de representação, a partir de espessuras e continuidades, são empregadas para expressar


significados, com o objetivo de representar e distinguir os elementos desenhados. Veja na Figura 2 os principais
tipos de linhas padronizadas e, na sequência, seus significados, características, denominação e aplicação geral
(ABNT, 2021a):

Figura 2 | Linhas e espessuras

Fonte: elaborada pelo autor.

Contínua extralarga: utilizada em contornos visíveis de elementos em corte e seções, quando não são
utilizadas hachuras; limites em corte etc.
Contínua larga: usada em contornos e arestas visíveis das partes à vista; representação simplificada de
portas, janelas, escadas, acessórios etc.

Contínua estreita: uso em hachuras; linhas de cotas e linhas de indicação de chamadas etc.

Tracejada estreita: desenho de arestas e contornos não visíveis.

4. Tipos de letras e algarismos

O desenho técnico é complementado com as informações textuais (números, letras e caracteres), e esses
elementos também devem seguir critérios estabelecidos, sobretudo quanto a sua altura (mm) ou corpo
tipográfico (pt). Na NBR 6492 (ABNT, 2021a) você pode encontrar o tamanho correto para cada aplicação, como,
por exemplo:

Título de prancha: 7 (mm) – 28 (pt).

Denominação de ambientes: 3,5 (mm) – 14 (pt).

5. Escalas

Os desenhos precisam ser representados em escala e, para cada situação e peça gráfica, existe uma que melhor
se aplica. As escalas usuais são: 1:1, 1:2; 1:5; 1:10; 1:20; 1:25; 1:50; 1:100; 1:200; 1:250, 1:500, 1:1000 e 1:2000.

6. Simbologias

Os símbolos são usados para informar algum complemento projetual. Alguns exemplos podem ser citados, tais
como a orientação do norte, indicação de acessos, inclinação de coberturas, indicação de cortes, dentre outros
(Figura 3).

Figura 3 | Simbologias

Fonte: elaborada pelo autor.

7. Cotas dimensionais

São as informações dos tamanhos dos elementos constituintes do projeto. Em todos os desenhos, você deve
indicar as dimensões através de cotas, a partir do sistema métrico de medidas, utilizando sempre a mesma
unidade de medida. Observe, na Figura 4, quais são os elementos que compõem a linha de cota.

Figura 4 | Linha de cota


Fonte: elaborada pelo autor.

Nesse mesmo local, a NBR 6492 (2021a) elucida como devem ser desenhadas as cotas de nível em planta e em
corte (Figura 5).

Figura 5 | Cota de nível

Fonte: elaborada pelo autor.

A NBR 6492 (2021a) ainda explica como construir os quadros de acabamentos, de áreas e esquadrias, além da
representação correta de hachuras de materiais.

EXEMPLOS PRÁTICOS
Para você construir seus desenhos técnicos manuais, a consulta às normas técnicas deve ser um procedimento
constante, principalmente no início de sua formação acadêmica. Sendo assim, tenha em mãos a NBR 6492
(2021a), pois ela servirá como base para o desenvolvimento das atividades práticas a seguir.

Reúna seu material de desenho: lápis ou lapiseiras, borracha, escalímetro, gabaritos, compasso, esquadros e
papel (formato A4) e fita adesiva. Usaremos uma mina de grafite mais dura, da série H (mais indicada para os
desenhos técnicos).

Será realizada a representação parcial de uma planta de pavimento, como você pode observar na Figura 6.

Figura 6 | Planta de pavimento


Fonte: elaborada pelo autor.

Passo 1: desenho das paredes e esquadrias

Fixe a folha de desenho na mesa e, com a régua paralela, desenhe as linhas na horizontal. Após isso, com o
esquadro, trace as linhas verticais. Com o auxílio do Escalímetro, verifique as dimensões corretas, conforme a
Figura 6, sendo a escala indicada para nosso exercício a 1/25 (um para vinte e cinco).

Você pode usar uma mina de grafite com uma espessura bem fina para o esboço inicial, mas depois reforce os
traços para a finalização correta dos elementos. Perceba na, Figura 7, que a diferenciação hierárquica dos
elementos se dá com a espessura da linha. Para as paredes que estão sendo cortadas e não possuem hachuras
internas, você deve usar a linha contínua extralarga, enquanto, nas linhas compositivas das esquadrias (portas,
janelas, peitoris e soleiras), você deve usar a linha contínua estreita. Finalize com o desenho do arco (sentido de
abertura) entre as portas e paredes, com um compasso.

Figura 7 | Linhas
Fonte: elaborada pelo autor.

Passo 2: inserção das informações textuais

Agora, você deve inserir os nomes dos ambientes com sua área e tipo de piso, as dimensões das esquadrias, as
cotas de dimensionamento e a cota de nível.

Segundo a NBR 6492 (2021a), os textos devem preferencialmente ser inseridos em caixa alta (maiúsculas),
exceto nas unidades de medida que devem estar em minúsculas, tais como mm, cm, m2 etc. Também é
recomendado que não sejam em itálico. Outra orientação que você deve respeitar é sobre as alturas das letras
e algarismos:

“A altura de letras e algarismos nos documentos gráficos deve manter uma uniformidade na apresentação do
projeto, em cotas, nomes de ambientes, chamadas para detalhes, observações gerais etc.” (ABNT, 2021a, p.24).

Seguindo as orientações da NBR 6492 (ABNT, 2021a), proceda da seguinte forma:

Denominação dos ambientes: 3,5 mm de altura.

Demais informações (cotas, dimensões das esquadrias): 2,5 mm de altura.

Cotas: devem atender:

Linhas de cota fora do desenho.

Linhas de chamada param a 2 mm ou 3 mm do vão dimensionado.

Números (cifras) com 2,5 mm de altura e não encostar na linha de cota.

Quando a cifra não couber entre as linhas de chamada, colocar logo ao lado.

Para o desenho da cota de nível, você pode usar um gabarito de círculos, no lugar do compasso. Lembre-se
sempre que o desenho manual exige prática, então intensifique suas atividades e aprimore o seu traço
constantemente.
VÍDEO RESUMO
Olá, estudante!

O vídeo resumo irá aprofundar os conceitos e as aplicações das normas técnicas, demonstrando a sua
importância para garantir uma maior precisão e padronização na construção dos seus desenhos técnicos de
arquitetura. De forma sintética, você entenderá os principais requisitos a serem observados nas normas para a
correta representação gráfica e sua aplicabilidade prática.

 Saiba mais
Estudante!

Para o aprofundamento do seu aprendizado, consulte as normas abordadas nesta aula. As normas
técnicas estão presentes no catálogo da ABNT e devem ser adquiridas conforme a sua necessidade, mas
felizmente você pode ter acesso visual a elas através da nossa Biblioteca Virtual.

1. Lembre-se que, para acessar essa obra, você deve estar logado no sistema da Biblioteca Virtual.<

2. Acesse o conteúdo TargedGedweb.

3. Clique em “Acessar Portal”.

4. Agora é só digitar o número da NBR e clicar em “Buscar”.

Aula 4

DESENHO COM EQUIPAMENTOS X DESENHOS DIGITAIS


Olá, estudante! Seja bem-vindo ao nosso estudo que tratará sobre o paralelismo entre o desenho
técnico manual e digital.
23 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante!

Seja bem-vindo ao nosso estudo que tratará sobre o paralelismo entre o desenho técnico manual e digital.

O desenho técnico, independente da forma de representação, por instrumentos de desenho ou aparatos de


informática, deve seguir regras de construção e normalizações vigentes. Você verá inicialmente como o desenho
digital evoluiu e conhecerá as principais distinções entre ele e o tradicional desenho manual, assim como as
vantagens e desvantagens de ambos.

Na sequência, conhecerá as particularidades da representação dos desenhos digitais, evidenciando o


funcionamento dos softwares e a dinâmica da construção com auxílio da informática.

Ao final, conhecerá o sistema BIM, uma metodologia de trabalho que emprega um modelo tridimensional
virtual para representar as informações e características de um projeto ou de uma construção.

Lembre-se sempre que o autoestudo e a busca pelo aprimoramento do aprendizado são de grande valia para
conduzir o seu futuro profissional.

Vamos começar?
DESENHO TÉCNICO DE ARQUITETURA: MANUAL OU DIGITAL?
Os desenhos técnicos de arquitetura, independentemente de serem realizados manualmente ou com o auxílio
de recursos computacionais, necessariamente devem seguir todas as regras de desenho que envolvem a
geometria descritiva e normatizações técnicas vigentes.

Ambas as maneiras de representar os desenhos projetivos possuem suas peculiaridades, apresentando


vantagens e desvantagens ao traçar uma linha comparativa. O desenho por instrumentos era unanimidade,
mas ganhou uma forte concorrência a partir do momento em que a informática se popularizou, possibilitando o
acesso mais democrático dos aparatos de informática também na área do desenho.

A evolução das técnicas de representação do desenho técnico projetivo pode ser bem demarcada em três fases:

Desenho manual feito na prancheta.

O uso de softwaresCAD (prancheta eletrônica).

Modelagem BIM, SketchUp e outros.

A evolução dos equipamentos de informática, particularmente nas décadas de 1980 e


1990, foi tão grande que possibilitou o acesso aos computadores à maioria da
população, em especial no Ocidente. Este desenvolvimento permitiu também o
aparecimento de programas computacionais capazes de rivalizar com operadores
especializados em determinadas áreas, provocando reformulações dos métodos de
trabalho em muitos setores. (SILVA et al., 2023, p. 11)

É verdade que, atualmente, os recursos encontrados na informática, tanto os softwares quanto os


equipamentos, ampliaram muito as possibilidades de construções gráficas.

“Os softwares de modelagem de informações de construção (BIM) e desenho para criação de croquis, como o
Revit, ArchiCAD, AutoCAD e Bentley, se transformaram não só em ferramentas eficazes de desenho, mas
também em facilitadores de precisão do processo de construção” (YEE, 2016, p. 90).

Vejamos um breve paralelo entre essas duas técnicas:

Desenho técnico manual


Método tradicional: o desenho técnico manual envolve o uso de instrumentos de desenho, de certa
forma, acessíveis a todos, tais como lápis e lapiseiras, esquadros, compassos, réguas e folhas de papel para
criar as representações gráficas.

Habilidades manuais: exige do profissional destreza para construir suas representações gráficas com
precisão e legibilidade. Em outras palavras, o desenhista deve ser habilidoso e paciente para construir os
elementos constituintes de um desenho projetivo, para assim colher resultados realmente exitosos.

Tempo empregado: pode ser um processo mais demorado, sobretudo em situações com uma maior
complexidade, e também pelo fato de que possíveis erros ou adequações exigirão retrabalho.

Identidade visual:por ser uma maneira mais livre de desenhar, permite ao desenhista incorporar estilo e
criatividade ao seu desenho técnico.

Baixo custo: não exige equipamentos com custo elevado ou softwares especializados, uma vez que usa
apenas materiais de desenho e papel.
Desenho informatizado
Método moderno: usa software de desenho, como AutoCAD, Revit, SketchUp, entre outros, para criar as
representações gráficas.

Eficiência: a automação de etapas simplifica o processo de desenho, necessitando de menos tempo em


comparação ao desenho manual.

Precisão e reprodutibilidade: entrega alta precisão com facilidade na reprodução, minimizando erros e
permitindo a edição rápida e fácil do desenho.

Revisões e versões: é possível criar várias versões e interações do mesmo desenho sem perder qualidade.

Compartilhamento: possibilita a colaboração entre membros da equipe, pela facilidade em compartilhar


arquivos digitalmente.

Curva de aprendizado: necessita conhecimento adicional, bem como a familiaridade com o softwarede
desenho técnico, o que pode exigir tempo e treinamento.

DESENHO TÉCNICO DIGITAL


Olhando para o cenário atual, constata-se que uma grande parcela dos profissionais envolvidos com o
desenvolvimento do desenho técnico passou a incorporar em seu cotidiano profissional o uso de aparatos de
informática.

Segundo Silva et al. (2023), nas últimas décadas, passou-se a utilizar o computador como instrumento
fundamental em projetos gráficos, o que conduziu à substituição da tradicional prancheta pela utilização dos
sistemas CAD (Computer Aided Design).

Tanto nos softwares mais antigos quanto nos atuais, as regras de representação acontecem com a interação de
comandos e ferramentas que executam cada etapa do desenho, construindo desde linhas iniciais até elementos
construtivos mais complexos, inserindo informações escritas, cores, efeitos etc. A linguagem básica envolve o
uso de camadas (layers) que são uma analogia às folhas de desenho e um arquivamento em pastas na memória
do computador, como um arquivo físico (Figura 1).

Figura 1 | Desenho digital

Fonte: Freepik.
A própria evolução dos softwares e da capacidade dos computadores influenciou e segue influenciando os
profissionais a adotarem esse tipo de construção gráfica para os projetos de arquitetura e design de interiores.

Os desenhos técnicos digitais não se limitam às representações em duas dimensões (2D), pois os
softwares permitem que sejam facilmente transferidos para imagens tridimensionais (3D), possibilitando uma
rápida interpretação e entendimento global do projeto em construção, além de facilitar em muito a
comunicação entre o projetista e demais envolvidos, como outros profissionais ou o próprio cliente (Figura 2).
Nessas situações, os materiais podem ser representados pelas suas propriedades sob o efeito da luz, como cor,
brilho e transparência. Somam-se ainda as inserções de propriedades que permitem a aplicação de texturas
sobre a superfície dos elementos construtivos, imprimindo ainda mais realidade ao que está sendo
representado.

Figura 2 | Desenho digital: 2D e 3D

Fonte: Freepik.

Os modelos passaram a ser mais detalhadamente representados, podendo-se


simultaneamente gerar representações em 3D e 2D, sendo fácil obter imagens das
peças em qualquer posição e com diferentes efeitos de visualização. Como estas
imagens são obtidas de forma automática, a partir dos modelos 3D, é possível
representar com clareza todos os detalhes, sem que isso represente mais horas
significativas de trabalho de desenho. (SILVA et al., 2023, p. 13)

O autor Yee (2016) acrescenta que todos os avanços no desenho assistido por computador também
possibilitaram uma colaboração proveitosa entre o lado artístico da criação de formas e o lado de
implementação da viabilidade construtiva. Ele ressalta que uma representação que antes demorava semanas e
meses de construção ou análise, hoje, tornou-se uma rotina concebível em um período de tempo muito menor.
Isso permite que os projetistas ajam com velocidade e segurança na conciliação da estética com a técnica e
execução.

Em grande parte, isso se deve à Modelagem da Informação da Construção - BIM (em inglês, Building
Information Modeling). Resumidamente, trata-se de uma metodologia de trabalho que emprega um modelo
tridimensional virtual para representar as informações e características de um projeto ou construção.

APLICAÇÃO DO DESENHO DIGITAL


A aplicação prática da interface digital solidificou-se por meio de softwares de modelagem, tornando-se
ferramentas eficazes para representação, entregando maior precisão aos projetos.
Não é incomum que os documentos de construção tenham centenas de páginas de
informações detalhadas sobre todos os aspectos de uma construção. A tecnologia BIM
se mostrou indispensável na prática profissional atual graças à sua capacidade para
armazenar e codificar todas essas informações em um modelo digital. (YEE, 2016, p. 91)

Na fase de desenho, a tecnologia BIM capacita os profissionais a atualizarem automaticamente um conjunto


inteiro de desenhos quando são feitas alterações no projeto. Essa tecnologia, em termos de arquitetura,
engenharia e gerenciamento de dados, vai além do projeto inicial e da construção, abrangendo a fase pós-
ocupação.

É preciso ressaltar que, antes do BIM, as linhas esboçadas em um software, como o AutoCAD (prancheta
eletrônica), eram apenas um símbolo gráfico bidimensional e toda a folha (camada ou layer) de desenho
constituía-se em uma superfície plana, exibindo uma camada de informação. Assim, para manter um
documento coordenado, toda e qualquer alteração de projeto precisava ser atualizada manualmente nas
demais folhas.

No BIM, por exemplo, uma parede desenhada em um novo documento não é definida somente por um
conjunto de linhas, mas também por especificações das propriedades dos materiais que a constituem. O acesso
a esses atributos, permite que o profissional tenha contato concomitante às informações necessárias para se
comunicar com outros profissionais envolvidos e ratificar ou não a viabilidade do projeto.

Ampliando e complementando essa temática, existem os softwares conceituais, como o 3ds Max, Maya, Rhino e
SketchUp que são os mais utilizados para proporcionar aos arquitetos, designers e clientes, uma prévia do que
está sendo proposto no projeto, graças à possibilidade de incorporar detalhes realistas a um projeto, por vezes,
ainda diagramático e sem maior desenvolvimento. Segundo Yee (2016), é a capacidade de modelagem em fluxo
livre desses softwares de arte-final que facilitam ao projetista acompanhar seu projeto, seja do formato
conceitual ou para conduzir uma investigação maior de elementos e especificações. Essa flexibilidade permite
que sejam utilizados nos estágios iniciais de um projeto, para a criação de formas em geral ou, nos estágios
finais, para produzir artes-finais fotorrealistas.

Assimile: seja qual for seu fluxo de trabalho, no desenho digital a modelagem não precisa se restringir a um
único software. Sempre que existir a possibilidade de transferir os modelos de um programa para outro de
modo eficiente, sem perder informações, você poderá tirar proveito dos pontos fortes de cada software.

É inegável que a revolução digital trouxe ganhos notáveis relacionados à eficiência, precisão e compatibilização
de informações, mas ela não elimina a necessidade primordial do designer ser criativo, até mesmo porque a
arte e destreza humanas ainda estão à frente de qualquer ferramenta mecanizada. Também é fato que,
independentemente de todos esses avanços, alguns profissionais ainda preferem explorar o projeto fazendo
uso das habilidades tradicionais de desenho. Talvez isso se explique em virtude da manipulação intuitiva do
lápis na criação de modelos e croquis conceituais, como uma ação mais fluida. Fazendo um contraponto,
quando o prazo é uma premissa, a maior eficiência da computação gráfica assume o protagonismo. Diante
disso, seria aconselhável a mescla entre as duas técnicas (manual e digital), atuando como verdadeiras
parceiras, acontecendo em etapas distintas e contribuindo para a construção do desenho projetivo.

VÍDEO RESUMO
Olá, estudante!
O vídeo resumo irá aprofundar as peculiaridades, distinções e possibilidades do desenho por instrumentos e o
desenho digital. Depois, você conhecerá o início da utilização dos softwares para representação dos desenhos
técnicos e a evolução digital que resultou no surgimento da Modelagem da Informação da Construção (BIM),
com seus principais pontos positivos e aplicabilidade no projeto de arquitetura.

 Saiba mais
Atualmente, existem várias opções de softwares que podem ser empregados na construção dos desenhos
técnicos projetivos, e a sua escolha se dá pela preferência de cada usuário. Para você se familiarizar com
algumas dessas ferramentas para representação digital, recomendamos que visite os seguintes sites, que
trazem informações pormenorizadas.

AutoCAD

Revit

SketchUp

Aula 5

REVISÃO DA UNIDADE
15 minutos

O DESENHO TÉCNICO DE ARQUITETURA APLICADO AO DESIGN DE INTERIORES

Desenho Técnico
O desenho técnico de arquitetura, aplicável à área do design de interiores, consiste em um processo de
representação gráfica de espaços edificados, sempre seguindo as normas e padronizações universais. O
objetivo primordial é retratar com precisão todas as informações que demonstrem as dimensões e
conformações formais e visuais de um ambiente, mobiliário ou de uma edificação por completo.

Normas da ABNT
Seus desenhos técnicos devem obedecer de maneira integral todas as normas técnicas brasileiras, pois elas
orientam como os elementos devem ser representados e apresentados, garantindo a padronização e
universalização dos projetos de arquitetura e de design de interiores.

As normas técnicas são encontradas no catálogo da ABNT, órgão responsável pela criação e fornecimento das
NBRs (Normas Brasileiras). Cada NBR possui uma aplicação específica, apontando as diretrizes para a
construção dos desenhos, tais como tipos, formatos e apresentação de folhas; desenho e uso de linhas, escrita
e simbologia; peças compositivas de um projeto, dentre outras particularidades.

As normas técnicas que você deve consultar para a elaboração dos seus desenhos técnicos são as seguintes:

NBR 6492: Documentação técnica para projetos arquitetônicos e urbanísticos – Requisitos (ABNT, 2021a).

NBR 16752: Desenho técnico - Requisitos para apresentação em folhas de desenho (ABNT, 2020a).

NBR 16861: Desenho técnico - Requisitos para representação de linhas e escrita (ABNT, 2020b).

NBR 17006: Desenho técnico - Requisitos para representação dos métodos de projeção (ABNT, 2021b).
NBR 17068: Desenho técnico - Requisitos para representação de dimensões e tolerâncias (ABNT, 2022).

Desenho manual
O desenho feito manualmente necessita ser realizado por profissional que conheça e saiba aplicar
corretamente os principais instrumentos de desenho. Dentre eles, destacam-se:

Mesa de desenho: equipamento onde a folha de desenho é fixada para desenhar. Possui uma régua
(paralela ou ‘T’) que auxilia na construção das linhas horizontais.

Lapiseiras e lápis: instrumentos que permitem desenhar os elementos, com diferentes tipos de traços e
espessuras, cada um com um significado. Minas de grafite mais rígidas produzem traços mais claros; minas
mais macias, traços mais escuros.

Esquadros: com os ângulos de 45° e 90° e 30°, 60° e 90° são empregados para o desenho de linhas
verticais e outros, combinados também com a régua da mesa.

Compassos: usados para criar circunferências, arcos ou para transportar medidas.

Escalímetro: empregado para realizar marcações e medições em diferentes escalas.

Gabaritos: são peças de acrílico com elementos vazados, para a reprodução rápida de elementos
construtivos e simbologias.

Desenho digital
Ainda que não tenha sido eliminado por completo o desenho manual, a representação digital está bastante
presente no cotidiano dos profissionais da produção de desenhos técnicos. Basicamente, a evolução das
técnicas de representação pode ser bem dividida em três fases:

Desenho manual realizado em uma prancheta com instrumental.

Emprego de softwaresda família CAD.

Modelagem BIM.

REVISÃO DA UNIDADE
Olá, estudante.

O vídeo resumo irá abordar as principais premissas relacionadas com o desenho técnico, lembrando que a
linguagem gráfica acompanha todo o processo de projeto, desde sua concepção até a representação da
proposta, tanto para análise e aprovação como para a sua execução. Será reforçado o emprego das normas
técnicas, para a padronização e universalização das representações, e as peculiaridades do desenho manual e
digital.

ESTUDO DE CASO
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você é um profissional atuante na área de projetos de
design de interiores, com vários trabalhos desenvolvidos em sua cidade e arredores, que impulsionaram a sua
carreira de maneira bastante significativa nos últimos anos, evidenciando, assim, o seu nome no mercado local.

Baseado nisso, um antigo professor, coordenador do curso de Design de Interiores, da instituição de ensino em
que você se formou, entrou em contato para lhe propor um convite especial. Ele lhe explicou, que toda semana
acontecem encontros na instituição, os quais são transmitidos via streaming, no formato de áudio e vídeo. A
proposta desse canal, que pode ser acessado via internet em diversas plataformas, é abordar temas
relacionados aos cursos ali oferecidos, dirimindo dúvidas sobre algum conteúdo em si, para potenciais alunos
ou até mesmo expondo os questionamentos sobre particularidades da grade curricular dos cursos, de forma
que possam auxiliar toda a classe discente.

A escolha dos temas é feita pelos professores, pois são eles os agentes que estão em contato mais direto com
os alunos, captando potenciais dúvidas, interesses, sugestões etc. Foi justamente por isso que esse professor
buscou você.

O semestre está prestes a iniciar e uma nova turma de alunos do curso de design de interiores iniciará os seus
estudos nessa instituição em que você foi aluno recentemente. O seu destaque no cenário do design, não só
pelos trabalhos realizados, mas pela participação em feiras e exposições, motivou o interesse em aproveitar a
sua expertise para auxiliar esses calouros.

Partindo-se do pressuposto de que você aceitou prontamente o convite, uma reunião virtual com o professor e
o seu entrevistador foi agendada, para lhe transmitires os detalhes do programa.

A ideia é que você aborde as questões relacionadas ao desenho projetivo, mas com foco na produção do
desenho técnico de arquitetura, aplicável ao design de interiores, ressaltando as suas particularidades e
premissas de representação. Na sequência, a ideia é falar do desenho manual e digital, apontando diferenças,
vantagens e aplicações práticas.

Como você poderia resumir os principais conteúdos que deveriam ser apresentados nesse encontro?

 Reflita
A construção do desenho arquitetônico, base dos projetos de design de interiores, segue princípios de
geometria descritiva, pois cabe ao profissional representar um ambiente ou a edificação como um todo,
que são tridimensionais, em um formato bidimensional.

A elaboração de um projeto de design de interiores exige que o profissional tenha conhecimento das várias
formas de expressão gráfica, para ter um maior número de ferramentas aplicáveis ao processo de projeto,
seja qual for a etapa, harmonizando a utilização de croquis, desenhos técnicos, técnicas de perspectiva etc.

Importante ressaltar que o projeto é um documento, com informações técnicas relativas à execução de
uma obra, portanto devem ser desenvolvidos com a orientação de normas técnicas e legislações aplicáveis,
de âmbito municipal, estadual ou federal.

Atualmente, dispomos de várias ferramentas para representar os desenhos projetivos. O tradicional


método de representação manual não foi extinto, mas a evolução da informática possibilitou a aplicação
de softwares e computadores, que modernizaram o processo de construção e distribuição dos trabalhos
em design de interiores.

RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO


Para uma melhor participação, é interessante que você monte um pequeno roteiro dos assuntos que devem ser
abordados no dia da sua participação no programa mencionado.

Inicialmente é preciso reforçar que a expressão gráfica é a forma de comunicação por meio do desenho e, no
design de interiores, ela tem como objetivo demonstrar uma ideia, representar uma proposta e informar
características de um projeto, portanto deve ser sempre bem conduzida.

Para garantir a leitura e interpretação universal do desenho projetivo é primordial que todas as normas técnicas
e possíveis legislações aplicáveis sejam consultadas e seguidas integralmente.
Esclareça que, no Brasil, as normas técnicas são encontradas no catálogo da ABNT, órgão responsável pela
criação e fornecimento das NBR (Normas Brasileiras). O seu objetivo é estabelecer um padrão para que todos
os interessados utilizem a mesma linguagem, de forma que dúvidas sejam dirimidas e erros de representação
possam ser evitados. Cada NBR possui uma aplicabilidade, apontando premissas para a construção dos
desenhos e abordando vários assuntos, tais como nomenclatura de folhas, tipos e formatos de linhas, escrita
técnica, representação gráfica e especificação de elementos construtivos, dentre outras peculiaridades.

Em relação ao desenho manual e digital, reforce que eles não se anulam, pois, pela sua distinta forma de
construção, podem inclusive se complementar, caso o designer assim deseje. Trace uma pequena cronologia,
comentando que o desenho por instrumentos era unanimidade, mas ganhou uma forte concorrência a partir
do momento que a informática se popularizou, possibilitando o acesso mais democrático dos aparatos de
informática também na área do desenho.

A evolução das técnicas de representação do desenho técnico projetivo poderia ser bem demarcada em três
fases: desenho manual feito na prancheta; o uso de softwares CAD (prancheta eletrônica); e modelagem BIM.

Você pode traçar um pequeno paralelo entre as duas técnicas, para esclarecer aos futuros alunos a sua
importância e os principais ganhos com cada uma delas, como podemos ver a seguir.

Desenho técnico manual


Metodologia: envolve o uso de instrumentos de desenho, de certa forma, acessíveis a todos, tais como
lápis e lapiseiras, esquadros, compassos, réguas e folhas de papel para criar as representações gráficas.

Processo de construção: exige do profissional destreza para construir suas representações gráficas com
precisão e legibilidade. Habilidade e paciência são qualidades necessárias para colher bons resultados.

Tempo despendido: geralmente mais demorado que o digital, sobretudo em situações com maior
complexidade, e também pelo fato de que possíveis erros ou adequações exigem retrabalho.

Identidade visual: por ser uma maneira mais livre de desenhar, permite ao designer incorporar seu estilo.

Custo operacional mais baixo: não exige equipamentos com custo elevado ou softwares especializados,
uma vez que usa apenas materiais de desenho e papel.

Desenho informatizado
Metodologia: usa software de desenho, como AutoCAD, Revit, SketchUp, entre outros, para criar as
representações gráficas. Necessita conhecimento e familiaridade com softwares, o que pode exigir tempo e
treinamento.

Eficiência: a automação de etapas simplifica o processo de desenho, necessitando de menos tempo em


comparação ao desenho manual.

Precisão: entrega alta precisão com facilidade na reprodução, minimizando erros e permitindo a edição
rápida e fácil dos desenhos.

Revisões: é possível criar várias versões e interações do mesmo desenho sem perder qualidade.

Compartilhamento: possibilita a colaboração entre membros da equipe, pela facilidade em compartilhar


arquivos digitalmente.

RESUMO VISUAL
Infográfico

Fonte: elaborado pelo autor.

REFERÊNCIAS
10 minutos

Aula 1
CHING, F. D. K.; JUROSZEK, Steven P. Desenho para arquitetos. Porto Alegre: Bookman, 2012.

CHING, F. D. K . Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2017.

CORRÊA, R. M. Desenho técnico civil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.

NETTO, C. C. Desenho arquitetônico e design de interiores. São Paulo: Editora Saraiva, 2014.

YEE, R. Desenho arquitetônico - um compêndio visual de tipos e métodos. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

Aula 2
CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Desenho para arquitetos. Porto Alegre: Bookman, 2012.

CHING, F. D. K. Representação em arquitetura gráfica. Porto Alegre: Bookman, 2017.

CORRËA, R. M. Desenho técnico civil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.

CRUZ, M D. da. Desenho técnico. São Paulo: Editora Érica, 2014.

MONTENEGRO, G. Desenho arquitetônico. São Paulo: Editora Blücher,1997.

NETTO, C. C. Desenho arquitetônico e design de interiores. São Paulo: Editora Saraiva, 2014.

SOUZA, J. P. de; MÄHLMANN, F. G.; COPINI, W. M. et al. Desenho técnico arquitetônico. Porto Alegre: SAGAH,
2018.

YEE, R. Desenho arquitetônico - um compêndio visual de tipos e métodos. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
Aula 3
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 6492: Representação de projetos de
arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 2021a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 17006 – Desenho técnico: Requisitos para
representação dos métodos de projeção. Rio de Janeiro: ABNT, 2021b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 16752: Desenho técnico - Requisitos para
apresentação em folhas de desenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2020a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 16861: Desenho técnico - Requisitos para
representação de linhas e escrita. Rio de Janeiro: ABNT, 2020b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 17068: Desenho técnico: Requisitos para
representação de dimensões e tolerâncias. Rio de Janeiro: ABNT, 2022.

Aula 4
SILVA, A.; RIBEIRO, C. T.; DIAS, J. D.; SOUZA, L. Desenho técnico moderno. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023.

YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos, 4. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN,
2016.

XAVIER, S. Desenho arquitetônico: auxiliado por computador. Rio Grande: Ed. da FURG, 2021, 177f. Disponível
em: https://repositorio.furg.br/handle/1/9365 Acesso em: 18 jul. 2023.

Aula 5
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 6492: Representação de projetos de
arquitetura. Rio de Janeiro, 2021a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 17006: Desenho técnico - Requisitos para
representação dos métodos de projeção. Rio de Janeiro, 2021b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 16752: Desenho técnico - Requisitos para
apresentação em folhas de desenho. Rio de Janeiro, 2020a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 16861: Desenho técnico - Requisitos para
representação de linhas e escrita. Rio de Janeiro, 2020b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) - NBR 17068: Desenho técnico: Requisitos para
representação de dimensões e tolerâncias. Rio de Janeiro, 2022.
Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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