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Série

Energias Renováveis

EÓLICA
ISBN 978-85-60856-08-8
Carlos Adriano Rosa
Geraldo Lúcio Tiago Filho

Série
Energias Renováveis

EÓLICA

1º Edição
Organizado por Geraldo Lúcio Tiago Filho

Itajubá, 2007.
Obra publicada com o apoio do Ministério de Minas e Energia e da Fundação de Apoio
ao Ensino Pesquisa e Extensão de Itajubá Sumário
1.0 – Introdução 04
2.0 – A energia eólica 06
Edição
Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas
3.0 – Os ventos 07
Presidente: Ivonice Aires Campos 3.1 – A velocidade dos ventos 09
Secretário Executivo: Geraldo Lúcio Tiago Filho
4.0 – Panorama da energia eólica 19
Revisão Projeto Gráfico
Ângelo Stano Júnior Orange Design
5.0 – A energia eólica no Brasil 23
Adriana Barbosa
Editoração e Arte-Final
5.1 – Projeto de aerogeradores no Brasil 25
Organização Adriano Silva Bastos 5.2 – A energia eólica e o setor elétrico brasileiro 26
Prof. Dr. Geraldo Lúcio Tiago Filho 6.0 – Energia eólica e o meio ambiente 31
Colaboração
Camila Rocha Galhardo
7.0 – Tecnologias de aproveitamento – turbinas eólicas 36
7.1 – Turbinas eólicas 36
7.2 – Cataventos para bombeamento de água 43
CERPCH - Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas 7.3 – Guia para instalação de um aerogerador 46
Avenida BPS, 1303 - Bairro Pinheirinho CEP: 37500-903 - Itajubá - MG - Brasil
Tel: (+55 35) 3629-1443 Fax: (+55 35) 3629 1265
8.0 – Bibliografia 48
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mauá -
Bibliotecária Margareth Ribeiro - CRB_6/1700

R710e Rosa, Carlos Adriano


Eólica / Carlos Adriano Rosa e Geraldo Lúcio Tiago Filho ;
organizado por Geraldo Lúcio Tiago Filho ; revisão de Ângelo
Stano Júnior e Adriana Barbosa ; colaboração Camila Rocha
Galhardo ; editoração e arte-final de Adriano Silva Bastos. --
Itajubá, MG : FAPEPE, 2007.
48p. : il. -- (Série Energias Renováveis)

ISBN: 978 - 85 - 60858 - 01 - 9


ISBN: 978 - 85 - 60858 - 08 - 8

1. Energia eólica. 2. Energias renováveis. I. Título.


CDU 620.91
Capítulo 1 de uma escada etc.;
Introdução ? Cinética – é a energia existente num corpo em movimento, como por exemplo uma pedra ca-
indo e batendo no chão; água de dentro de um balde caindo sobre alguma pessoa ou no solo;
Desde o início dos tempos, o homem aprendeu a viver em comunidade, e para tornar esta
etc.;
convivência melhor e mais tranqüila, tem sempre aprimorado seus conhecimentos, buscando fa-
cilitar suas atividades diárias. Com isso seu trabalho se torna mais fácil e a vida em grupo mais ?Atômica ou fusão nuclear – é originada no núcleo do átomo. É a mais recente forma de ener-
produtiva e agradável. gia a ser utilizada para aquecimento de água, produção de vapor e geração de energia elétrica.
Atualmente, desenvolvem-se pesquisas para tornar possível o uso dessa forma de energia por
Para realizar as tarefas de seu cotidiano, o homem, inevitavelmente, gasta uma determinada
ser uma fonte limpa e praticamente inesgotável;
quantidade de energia em cada tipo de trabalho. Para gastar menos, ele descobriu que pode se
beneficiar de outras fontes de energia que não a sua própria. Luminosa ou radiante – é a energia proveniente dos raios solares.
?

Assim, ele se valeu de outras formas de energia e de suas mais diversas fontes: o fogo, a água, Dentre todos estes tipos, a primeira forma de energia que o homem utilizou foi o esforço mus-
a tração animal, o vapor, o petróleo, etc. cular (humano e de animais domesticados), seguida da energia eólica (do vento) e da energia hi-
dráulica (gerada pela força e movimento das águas).
Mas afinal, o que é energia?
Com o passar do tempo, adquiriu-se conhecimento e técnica e criaram-se os mais variados ti-
Entende-se por energia a capacidade de realizar trabalho. A partir deste conceito, os múscu-
pos de tecnologia para realizar o trabalho que antes era puramente braçal. Assim, novos inven-
los, o sol, o fogo, o vento, e tantas outras fontes de energia podem ser chamados de elementos pa-
tos e criações surgiram, mas sempre dependentes de algum tipo de energia para o seu funciona-
ra produzir e/ou multiplicar o trabalho.
mento.
Energia é definida, também, como a capacidade da matéria em realizar mudanças no meio.
É sobre um destes tipos de energia de que trata o texto a seguir: a energia eólica.
Entende-se por “matéria” todo corpo que possui massa e ocupa lugar no espaço, como por exem-
plo, a água, o vento, árvores, pedras, etc; e por “mudança” os fenômenos naturais ou artificiais
que acontecem no meio, como: o movimento das ondas do mar, o aumento ou diminuição de vo-
lume dos gases, a variação de temperatura dos corpos, existência de fases da água, etc.
Anotações:
Por este motivo, a energia adquire várias formas:
Mecânica – quando há, por exemplo, movimento de um automóvel;
?

Gravitacional – pode ser percebida quando há uma força de atração entre matérias que pos-
?
suem massa, como um satélite em volta do planeta terra;
Química - quando está estocada, podendo ser usada para produzir calor por combustão, co-
?
mo por exemplo:lenha, carvão, petróleo;
Elétrica - devido ao movimento de elétrons que produzem luz ou calor;
?

Muscular – quando é exercida por qualquer movimento do corpo humano, se referindo tam-
?
bém aos animais utilizados para arar terras e transportar pessoas ou mercadorias;
?Potencial – é a energia existente em um corpo, ou seja, a que está armazenada nesse corpo,
pronta para realizar movimento. Só é percebida se tiver um ponto de referência em relação ao
corpo que está sendo estudado ou observado, como por exemplo: uma pedra parada e, em se-
guida, jogada ou empurrada de uma certa altura; um balde com água sendo derrubado do alto

04 05
Capítulo 2 Capítulo 3
A Energia Eólica Os Ventos
No caso específico da energia eólica, o primeiro fato a ser esclarecido é o porquê deste nome. O vento é um recurso natural renovável, gratuito, que não polui o ambiente e que se encon-
Ela é assim chamada graças a uma lenda grega, a lenda do deus Éolos, conhecido como “o deus tra disponível em todos os lugares.
dos ventos” ou “Rei dos ventos”, às vezes identificado como o filho de Arne e de Poseidon, o se- Um fato interessante é o de que a energia eólica provém da energia solar, uma vez que os ven-
nhor do mar e de todas as divindades marinhas. tos se formam em decorrência do aquecimento não uniforme da atmosfera que envolve o plane-
Éolos, Morador das ilhas Eólias, acolheu amigavelmente Ulisses e seus companheiros e deu- ta terra, e que este aquecimento é causado pela radiação solar. Essa não uniformidade é causada
lhes um odre em que estavam encerrados todos os ventos contrários à navegação. Os compa- principalmente pelo tipo de orientação dos raios solares e pela movimentação do planeta. Os
nheiros de Ulisses, por curiosidade, abriram-no, e os ventos desencadearam uma terrível tem- ventos aliviam a temperatura atmosférica e as diferenças de pressão causada pelo aquecimento
pestade que causou o naufrágio de quase toda a frota.Por ser a energia eólica a energia proveni- irregular da superfície da terra. Enquanto o sol aquece o ar, a terra e a água de um lado da terra, o
ente dos ventos é que ela recebeu este nome. outro lado é resfriado por radiação térmica enviada para o espaço. Assim, a rotação da terra cau-
Tudo indica que uma das primeiras vezes em que a energia eólica foi utilizada foi em embar- sa um ciclo de aquecimento e resfriamento em sua superfície. Como a formação estrutural da ter-
cações (figura 2.1). Algumas publicações mencionam vestígios de sua existência já por volta de ra é irregular, a resposta da superfície da terra ao aquecimento é variada. As partes com água se
4.000 A.C, recentemente testemunhado por um barco encontrado num túmulo sumeriano da aquecem mais lentamente que as partes adjacentes recobertas com terra.
época, no qual havia também remos auxiliares. As porções do globo terrestre que recebem os raios sola-
Por volta de 1.000 a.C., os Fenícios, pioneiros na navegação comercial, já utilizavam barcos res quase que perpendicularmente, o que ocorre na região
movidos exclusivamente com a força dos ventos. Ao longo dos anos vários tipos de embarca- dos trópicos, são mais aquecidas que as regiões polares. Co-
ções a vela foram sendo desenvolvidos, com grande destaque para as Caravelas surgidas na Eu- mo conseqüência o ar quente que se encontra nas baixas alti-
ropa no século XIII e que tiveram papel destacado nas Grandes Descobertas Marítimas. Inicia- tudes das regiões tropicais tende a subir e é substituído por
remos nossas explicações falando sobre como são formados os ventos. uma massa de ar mais frio que se desloca das regiões pola-
res. O deslocamento dessa massa de ar quente e frio é o que
determina a formação dos ventos.
Uma estimativa da energia total disponível dos ventos
Figura 3.1 – Correntes de vento ao redor do planeta pode ser feita a partir da hipótese de
ao redor do globo que, aproximadamente, 2% da energia solar absorvida pela
Terra são convertidos em energia cinética dos ventos. Este
percentual, embora pareça pequeno, representa centena de
vezes a energia anual produzida nas centrais elétricas do
mundo.
As figuras 3.1 e 3.2 mostram a formação dos ventos ao
longo do globo terrestre.
Os ventos que sopram em escala global, e aqueles que se
manifestam em pequena escala, são influenciados por dife-
rentes aspectos entre os quais se destacam a altura, a rugosi-
Figura 2.1 – os ventos e a navegação Figuras 3.2 – Correntes de vento dade, os obstáculos e o relevo.
globais

06 07
Próximo à superfície do globo as diferenças de temperatura e de pressão dão origem à circu- para a terra (brisa marítima). À noite, a temperatura da terra cai mais rapidamente do que a tem-
lação do ar e conseqüentemente à formação dos ventos ao redor da terra. Assim, zonas de baixa peratura da água e, assim, ocorre a brisa terrestre que sopra da terra para o mar. Normalmente,
pressão se formam na região próxima à linha do equador e dos círculos polares em ambos os he- a intensidade da brisa terrestre é menor do que a da brisa marítima devido à menor diferença de
misférios. Já as zonas de altas pressões são encontradas nos pólos e nas regiões próximas às li- temperatura que ocorre no período noturno. As figuras 3.4 e 3.5 exemplificam o fato citado aci-
nhas tropicais. ma.
Existem locais no globo terrestre nos quais os ventos jamais cessam de "soprar", pois os meca-
nismos que os produzem (aquecimento no Equador e resfriamento nos pólos) estão sempre pre-
sentes na natureza. São chamados de ventos planetários ou constantes e podem ser classificados
em:
Alísios: ventos que sopram dos trópicos para o Equador, em baixas altitudes.
?

Contra-Alísios: ventos que sopram do Equador para os pólos, em altas altitudes.


?

Ventos do Oeste: ventos que sopram dos trópicos para os pólos.


?
Figura 3.4 - Brisa marítima Figura 3.5 - Brisa terrestre
Polares: ventos frios que sopram dos pólos para as zonas temperadas.
?
Sobreposto ao sistema de geração dos ventos descrito anteriormente, encontram-se os ven-
Tendo em vista que o eixo da Terra está inclinado de 23,5º em relação ao plano de sua órbita
tos locais, que são originados por outros mecanismos mais específicos. São ventos que sopram
em torno do Sol, variações sazonais na distribuição de radiação recebida na superfície da Terra
em determinadas regiões e são resultantes das condições locais, que os tornam bastante indivi-
resultam em variações sazonais na intensidade e duração dos ventos, em qualquer local da su-
dualizados. A mais conhecida manifestação local dos ventos é observada nos vales e monta-
perfície terrestre. Como resultado, surgem os ventos continentais ou periódicos que compreen-
nhas. Durante o dia, o ar quente nas encostas das montanhas se eleva e o ar mais frio desce sobre
dem as monções e as brisas.
os vales para substituir o ar que subiu. No período noturno, a direção em que sopram os ventos
As monções são ventos periódicos que mudam de direção a cada seis meses aproximada- é novamente revertida e o ar frio das montanhas desce e se acumula nos vales. A figura 3.6 abai-
mente. Em geral, as monções sopram em determinada direção em uma estação do ano e em sen- xo, exemplifica este processo.
tido contrário em outra estação, como mostra a figura 3.3.

Figura 3.3 - Ocorrência das monções Figura 3.6 - Ocorrência de brisas


Em função das diferentes capacidades de refletir, absorver e emitir o calor recebido do Sol,
3.1 A velocidade dos ventos
inerentes a cada tipo de superfície (tais como mares e continentes), surgem as brisas, que carac-
terizam-se por serem ventos periódicos que sopram do mar para o continente e vice-versa. No
período diurno, devido à maior capacidade da terra de absorver os raios solares, a temperatura A tomada de medida da velocidade dos ventos é parte indispensável no processo de estudo
do ar sobre ela aumenta e, como conseqüência, forma-se uma corrente de ar que sopra do mar para instalação de um sistema eólico para geração de energia elétrica. Na seqüência, teremos

08 09
uma explanação sobre a tomada de dados sobre o se fazer medições, com o anemômetro, para identi-
vento e os processos relativos à velocidade. ficar a viabilidade de seu uso, pois num mesmo dia
são notadas variações consideráveis, por exemplo,
em sua intensidade e freqüência.
Se por algum motivo, for difícil adquirir o ane-
mômetro é possível caracterizar o vento local por
fenômenos naturais, como mostra a tabela 3.1 na
página ao lado.
A direção do vento também é um importante
parâmetro a ser analisado, pois mudanças de dire-
Figura 3.7 - Anemômetro tipo Robinsom
ou tipo concha ção muito freqüentes indicam situações de rajadas
Figura 3.10 – Bússola de vento. Além disso, a medida da direção do ven-
to auxilia na determinação da localização das tur-
binas em um parque eólico. Devido à existência do
problema de "sombra", isto é, a interferência das es-
teiras das turbinas, é fundamental o conhecimento
da direção predominante.
Do ponto de vista do aproveitamento da ener-
gia eólica, é importante distinguir os vários tipos
de alterações temporais da velocidade dos ventos,
Figura 3.11 – Rosa dos Ventos a saber: variações anuais, sazonais, diárias e de cur-
Pontos Cardeais: Pontos Colaterais: ta duração.

N - Norte NE – Nordeste A) Variações Anuais - Para se obter um bom


Figura 3.8 - Anemômetro
tipo Hélice portátil conhecimento do regime dos ventos não é sufici-
S - Sul NO – Noroeste
ente basear-se na análise de dados de vento de ape-
E – Este ou Leste SE – Sudeste
nas um ano; o ideal é dispor de dados referentes a
O – Oeste SO – Sudoeste vários anos. À medida que uma maior quantidade
de dados anuais é coletada, as características le-
vantadas do regime local dos ventos tornam-se ma-
is confiáveis.
B) Variações Sazonais - O aquecimento não
uniforme da superfície terrestre resulta em signifi-
cativas variações no regime dos ventos, resultando
na existência de diferentes estações do ano. Consi-
derando que, em função da relação cúbica entre a
Figura 3.9 - Biruta potência disponível e a velocidade do vento (na al-
Figura 3.12 – Cata-vento de pás múltiplas

10 11
tura do eixo da turbina), em algumas faixas de potência, uma pequena variação na velocidade
implica numa grande variação na potência. Sendo assim, a utilização de médias anuais (ao in- Onde:
Vel (z) =velocidade do vento a ser estimada na altura desejada em m/s;
Vel (zo) = velocidade do vento medida a uma altura conhecida, em m/s
Altura(z) =altura em que se deseja estimar a velocidade do vento em m;
Tabela 3.1 – Escala de Beaufort para estimativa da velocidade do vento
Número de Velocidade do
Descrição Critérios de apreciação na terra
Beaufort vento (m/s)

0 Calmaria A fumaça eleva-se verticalmente. 0 – 0,4

O vento inclina a fumaça, mas não faz girar o


1 Ar leve 0,5 – 1,5
cata-vento.

2 Brisa leve As folhas se movem e o vento é sentido no rosto. 1,6 – 3,4

As folhas e os ramos pequenos se movem


3 Brisa suave 3,5 – 5,5
continuamente.
Brisa O vento levanta o pó e a s folhas. Os ramos se
4 5,6 – 8,0
moderada agitam.

5 Brisa fresca Pequenas árvores começam a balançar. 8,1 – 10,9

Os ramos grandes se movem. Os fios elétricos


6 Vento forte vibram. Dificuldade em se usar o guarda-chuva. 11,4 – 13,9

Temporal As árvores se agitam. Há um incômodo ao andar


7 14,1 – 16,9
moderado contra o vento.

Temporal Rompem-se os ramos pequenos das árvores.


8 17,4 – 20,4
Difícil andar contra o vento.
Temporal Os ramos médios das árvores se quebram
9 20,5 – 23,9
forte
Temporal As árvores são arrancadas e danos são espalhados
10 24,4 – 28,0
muito forte

11 Tempestade Destroços extensos. Tetos arrancados, etc. 28,4 – 32,5

12 furacão Produz efeitos devastadores 32,6 – 60,0

12 13
Altura (zo) = altura na qual foi medida a velocidade do vento, em m; e
n = parâmetro relacionado com a rugosidade da superfície local, adimensional, geralmente
igual a 0,143.
Na tabela 3. 2 ao lado é possível obter diretamente o valor da relação
Tabela 3.2 – Lista de alguns
valores da relação
Altura (Z0)
Altura (Z)
6)INFLUÊNCIA DA RUGOSIDADE DA SUPERFÍCIE DO TERRENO NA VELOCIDADE 2m 5m 10 m
5m 1,140 1,000 0,906
DO VENTO
6 m 1,170 1,026 0,930
A rugosidade do terreno, representada por Z0, refere-se ao conjunto de elementos formados 7m 1,196 1,049 0,950
por árvores, arbustos, vegetação rasteira e pequenas construções, sobre a superfície do solo. 8m 1,219 1,070 0,969
Este conjunto de fatores oferece resistência à passagem do vento, além de desviar a sua trajetó- 9m 1,240 1,088 0,985
ria. Portanto, o valor da rugosidade de uma superfície dependerá da altura e da forma como es- 10 m 1,259 1,104 1,000
ses elementos encontram-se distribuídos em uma determinada área. Dessa forma o parâmetro 11 m 1,276 1,119 1,014
Z0 é definido por uma escala de comprimento utilizada para caracterizar a rugosidade do terre- 12 m 1,292 1,133 1,026
no, atribuindo-se, para cada tipo de terreno, um comprimento de rugosidade Z0. 13 m 1,307 1,146 1,038
Como exemplo, Z0 será aproximadamente igual a 0,001 metros, em locais com superfície 14 m 1,321 1,159 1,049
bem lisa (areia, neve e água); Z0 será aproximadamente igual a 0,20 metros em locais com pre- 15 m 1,334 1,170 1,060
16 m 1,346 1,181 1,070
sença de árvores e arbustos; e Z0 será aproximadamente igual a 0,50 metros, quando se tratar de
17 m 1,358 1,191 1,079
áreas residenciais. Vale lembrar que o valor de Z0 deve ser considerado como um parâmetro
18 m 1,369 1,201 1,088
temporal, uma vez que está diretamente associado às mudanças naturais da paisagem.
19 m 1,380 1,210 1,096
A determinação da rugosidade de uma superfície poderá ser feita utilizando-se a fórmula 20 m 1,390 1,219 1,104
matemática, a seguir: 21 m 1,400 1,228 1,112
22 m 1,409 1,236 1,119
23 m 1,418 1,244 1,126
onde:
24 m 1,427 1,251 1,133
Z0 = rugosidade da superfície, em m; 25 m 1,435 1,259 1,140
26 m 1,443 1,266 1,146
H = altura máxima dos elementos que compõem a rugosidade do local em questão, em m;
27 m 1,451 1,273 1,153
S = área perpendicular à passagem do vento, formada pela rugosidade; 28 m 1,458 1,279 1,159
Ah = área ocupada pelos elementos que formam a rugosidade. 29 m 1,466 1,286 1,164
Figura 3.13 - Velocidade do vento X altura 30 m 1,473 1,292 1,170
Conhecendo-se as características do local em estudo, pode-se, com a utilização da tabela 3.3,
determinar Z0 de modo mais simples.

14 15
7) INFLUÊNCIA DOS OBSTÁCULOS NA VELOCIDADE DO VENTO
São considerados obstáculos à passagem do vento os elementos de dimensões conhecidas
que causam redução na sua velocidade. As pedras, as rochas de grandes dimensões, os morros,
as edificações, as torres maciças e os agrupamentos de árvores de grande altura, entre outros, po-
dem ser considerados como obstáculos.
Os obstáculos obstruem o movimento dos ventos e também atuam modificando a sua distri-
buição e velocidade. Isso leva à conclusão de que para estudar a influência de um obstáculo so-
bre o perfil de distribuição do vento, a sua forma deixa de ter importância. A maior preocupação
neste caso é com a localização do obstáculo em relação ao ponto de interesse, suas dimensões
(comprimento, largura e altura), e sua porosidade.
O vento, ao atingir um obs-
táculo, terá o seu comporta-
Tabela 3.3 - Classes e valores de rugosidade
mento bastante modificado,
de diferentes tipos de superfície
por causa das perturbações.
Em geral, pode-se constatar
que, no sentido vertical, tais
perturbações alcançam níveis
correspondentes a três vezes a
altura do obstáculo, e no senti-
do horizontal elas se esten-
dem por distâncias de até 40
vezes a altura do obstáculo,
conforme ilustra a Figura 3.16.

Figura 3.16 – Ilustração da influência de um obstáculo no comportamento do vento e os per-


centuais de perda de velocidade, em função da altura do obstáculo

8)INFLUÊNCIA DO RELEVO NA VELOCIDADE DO VENTO


Assim como a rugosidade e os obstáculos, o relevo tem influência marcante no estabeleci-
mento da velocidade e do aproveitamento dos ventos, outros acidentes topográficos como va-
les, depressões e gargantas, também exercem influência no regime dos ventos. Com estes fatos,
recomenda-se que a instalação dos sistemas eólicos seja feita em locais mais elevados onde os
ventos ocorrem em uma concentração maior.
9) OBTENÇÃO DE DADOS DE VELOCIDADE DO VENTO
A avaliação do potencial eólico de um determinado local deve ser feita com base em obser-
vações diárias de velocidade do vento, durante um bom período de tempo. Para isso, devem-se

16 17
utilizar anemômetros, que são aparelhos simples e que cumprem a função de medir a velocida-
Capítulo 4
de do vento no instante desejado. Panorama da Energia Eólica
Para obter informações precisas sobre a velocidade dos ventos devem ser efetuadas medidas
Não se sabe dizer, com certeza, a data em que o homem começou a utilizar o vento como for-
diárias da velocidade dos ventos por um período mínimo de um ano. Diariamente, devem-se
ma de energia. Sabe-se que por volta do ano 2.000 A.C o uso do vento para a navegação já estava
realizar pelo menos cinco medições da velocidade nos seguintes horários: 9horas; 12horas; 15
consolidado.
horas; 18 horas e 21 horas. Esses dados devem ser anotados em tabelas apropriadas, para poste-
rior análise, montando-se uma tabela para cada mês. Ao final de cada mês, os dados obtidos de- No ano 400 A.C, Índia e China já usavam o vento para elevação de água na irrigação e moa-
verão ser encaminhados para um profissional da área, para que possam ser analisados de forma gem de grãos.
a se obter a intensidade média mensal dos ventos. A Figura 3.17 ilustra uma tabela utilizada pa- Com o passar do tempo o homem percebeu que seria interessante aproveitar mais esse vento
ra anotação dos dados. e colocou sobre uma roda de madeira várias velas, feitas com tecido ou pele de animais, que ao
girar passou a fazer grande parte do trabalho que antes era totalmente manual. Desta forma, foi
Horário das medições
Dia criado o moinho de vento.
09:00 12:00 15:00 18:00 21:00
01 Em 1.750 existiam na Holanda, aproximadamente, 1.000 moinhos de vento em funciona-
02 mento, que passaram a caracterizar a paisagem holandesa. Desde a década de 1930 essa energia
03 passou a ser usada também na geração de eletricidade para acionamento de alguns equipamen-
tos e iluminação. A França e os Estados Unidos foram os primeiros países do mundo a usar o
04
vento como fonte geradora de eletricidade.
05
06 Mesmo com as grandes descobertas tecnológicas deste século e do século passado, a produ-
07 ção comercial da energia elétrica a partir da energia eólica só ganhou impulso nos últimos 30
08 anos. Estes avanços ocorreram graças e através dos conhecimentos da indústria aeronáutica,
.... principalmente em relação às idéias e aos conceitos preliminares.
....
No início da década de 1970, o mundo estava passando por uma crise no mercado de abaste-
....
cimento do petróleo. Com isso, houve um grande interesse de países europeus e dos Estados
.... Unidos em desenvolver equipamentos para produção de eletricidade que ajudassem a diminu-
.... ir a dependência do petróleo e carvão. Mais de 50.000 novos empregos foram criados e uma sóli-
Final do mês da indústria de componentes e equipamentos foi desenvolvida. Atualmente, a indústria de tur-
Figura 3.17 – Exemplo de tabela a ser utilizada para registro das medições de binas eólicas vem acumulando crescimentos anuais acima de 30% e movimentando cerca de 2 bi-
velocidade do vento ao longo do dia lhões de dólares em vendas por ano (1999). A figura 4.1 mostra um esquema simplificado do fun-
cionamento de uma usina eólica.
Onde não haja necessidade de medições tão precisas, para implantação de sistemas eólicos
de menor porte e encontrando-se dificuldade em obter as medições adequadas pode-se utilizar
a tabela de Beaufort, dada anteriormente.
Agora que as informações sobre o que é a energia eólica e como os ventos se formam já foram
explanadas, é interessante saber como este tipo de energia é utilizado no Brasil e no mundo.

Figura 4.1 – Esquema simplificado de uma usina eólica

18 19
Através do conhecimento da indústria aeronáutica, os equipamentos para geração eólica fo- O gráfico apresentado anteriormente, mostra com clareza que a Alemanha é o pais respon-
ram evoluindo rapidamente até chegar aos produtos de alta tecnologia. Existem, atualmente, sável pela maior parte da capacidade eólica instalada no mundo. A tabela 4.1 fornece dados nu-
mais de 35.000 turbinas eólicas de grande porte em operação no mundo, com capacidade insta- méricos mais precisos para validar esta afirmação.
lada da ordem de 13.500 MW. Tabela 4.1 - Capacidade instalada de Energia eólica no mundo em MW
País/região 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Os países que estão na vanguarda do desenvolvimento tecnológico são a Alemanha e a Dina-
marca. Este último país desenvolveu um dos maiores parques de produção de eletricidade eóli- Alemanha 2080 2874 4445 6113 8734 12001
ca do Mundo. Estados Unidos 1590 1927 2492 2555 4245 4645

Os primeiros equipamentos, a serem utilizados no bombeamento e moagem, no caso os ca- Dinamarca 1116 1450 1742 2297 2456 2889
ta-ventos, foram sendo aperfeiçoados e substituídos por modelos mais eficientes em tamanho, Espanha 512 834 1530 2402 3550 4830
forma, potência, tipo de material utilizado em sua fabricação, peso e quantidade das pás; entre Brasil 3 7 20 20 20 22
outros, principalmente quando passaram a ter utilização na geração de eletricidade. Europa (exceto Alem., Din. e Espanha). 1058 1411 1590 2610 2760 3637
Da década de 1920 até a metade da década de cinqüenta, milhares de “moinhos de vento”, co- Ásia 1116 1194 1287 1574 1920 2184
mo os norte americanos chamavam os cata-ventos, forneceram energia elétrica a fazendas, prin- Américas (exceto EUA e Brasil) 52 128 194 223 302 353
cipalmente para alimentação de iluminação e aparelhos de rádio. Austrália e Pacífico 33 63 116 221 410 524
Na década de 1970, nos EUA, foram instaladas centrais eólicas experimentais com potências África e Oriente Médio 24 26 39 141 147 149
variando de 10 até mais de 1000 kW. Posteriormente desenvolvimentos similares ocorreram na Total 7584 9914 13455 18156 24544 31234
União Soviética, Dinamarca, França, Inglaterra e Alemanha. Estas usinas apresentavam aeroge- Os avanços tecnológicos têm levado os custos deste tipo de equipamento a valores cada vez
radores de poucas pás, de grande comprimento e girando a baixas velocidades. mais acessíveis à comercialização em grande escala e melhorado o desempenho e a confiabili-
A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada na Dinamar- dade dos equipamentos.
ca, em 1976. A meta atual da Associação Européia de Energia Eólica é alcançar a marca de Para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua
40.000 MW na Europa até 2010 e 10% do suprimento de toda energia elétrica até 2020. Em ter- densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50 m, o que requer uma velocidade
mos de capacidade instalada, estima-se que, até 2020, a Europa já terá 100.000 MW. Os Estados mínima do vento de 7 a 8 m/s. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, em apenas
Unidos possuem um parque eólico com cerca de 4.600 MW já instalados e com uma estimativa 13% da superfície terrestre o vento apresenta velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma
de crescimento de 10% ao ano. altura de 50 m. Essa proporção varia muito entre regiões e continentes, chegando a 32% na Euro-
Até o ano de 1990 o mundo pos- pa Ocidental, como indicado nas Tabelas 4.2 e 4.3.
suía uma capacidade instalada
inferior a 2000 MW. Já no final de
2002 esta capacidade foi além de
32000 MW. Estima-se que em
2020 o mundo terá 12% da ener- A energia eólica é considerada a energia mais limpa do planeta, disponível em diversos luga-
gia gerada pelo vento, com uma res e em diferentes intensidades, uma boa alternativa às energias não-renováveis.
capacidade instalada de mais de
1.200 GW .A figura 4.2 mostra co-
mo está a distribuição da capaci-
Figura 4.2 – Distribuição da capacidade instalada dade instalada de energia eólica
de energia eólica no mundo no mundo.

20 21
Capítulo 5
Tabela 4.2 - Distribuição da área continental segundo a velocidade média do vento A Energia Eólica no Brasil
Velocidade do Vento (m/s) a 50 m de Altura No caso do Brasil, tradicionalmente, a utilização dos recursos eólicos é voltada para o uso de
cata-vento multipás para bombeamento d'água. Estudos realizados no país demonstram que o
6,4 a 7,0 7,0 a 7,5 7,5 a 11,9 Brasil possui um grande potencial eólico ainda não explorado.
Região/Continente
(103 km2) (%) (103 km2) (%) (103 km2) (%) A instalação da primeira central eólica no Brasil, com potência de 75 kW e localizada em Fer-
3.750 12 3.350 11 200 1 nando de Noronha (PE).
África
Austrália 850 8 400 4 550 5

América do Norte 2.550 12 1750 8 3350 15

América Latina 1400 8 850 5 950 5


Europa Ocidental 345 8,6 416 10 371 22
Europa Ocidental & ex-URSS 3377 15 4260 10 1146 5
Ásia (excluindo ex-URSS) 1550 6 450 2 200 5

Mundo 13650 10 9550 7 8350 6

Tabela 4.3 - Estimativa do potencial eólico mundial

Porcentagem Potencial Densidade Potencial


Região de Terra Bruto Demográfica Líquido
Ocupada* (TWh/ano) (hab/km2) (TWh/ano)

África 24 106.000 20 10.600

Austrália 17 30.000 2 3.000

América do Norte 35 139.000 15 14.000

América Latina 18 54.000 15 5.400


Europa Ocidental 42 31.400 102 4.800
Europa Ocidental & ex-URSS 29 106.000 13 10.600

Ásia (excluindo ex-URSS) 9 32.000 100 4.900

Mundo 23 491.400 ------ 53.000


(*) Em relação ao potencial bruto;
(**) Excluindo-se Groenlândia, Antártida, a maioria das ilhas.média do vento
Figura 5.1 - Potencial eólico no Brasil

22 23
Hoje a capacidade instalada no Brasil é de cerca de 20 MW, com turbinas eólicas de médio e sileiro de Energia Eólica - CBEE, com o apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL
grande porte, conectadas à rede elétrica. Além disso, existem dezenas de turbinas eólicas de pe- e do Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT lançou, em 1998, a primeira versão do Atlas Eóli-
queno porte funcionando em locais isolados da rede convencional para aplicações diversas - co do Nordeste do Brasil (WANEB - Wind Atlas for the Northeast of Brazil) com o objetivo prin-
bombeamento, carregamento de baterias, telecomunicações e eletrificação rural. cipal de desenvolver modelos atmosféricos, analisar dados de ventos e elaborar mapas eólicos
confiáveis para a região. Mapas do potencial eólico do Brasil foram mostrados nas figuras 5.1 e
Vários estados brasileiros iniciaram, como já fizeram os estados do Ceará e Pernambuco, pro-
5.2 anteriormente.
gramas de levantamento de dados de vento. Hoje existem mais de cem anemógrafos computa-
dorizados espalhados por vários estados brasileiros.
Dada a importância da caracterização dos recursos eólicos da região Nordeste, o Centro Bra- 5.1 Projeto de aerogeradores no Brasil

No Brasil, o Centro Brasileiro de Energia Eólica – CBEE em parceria com faculdades, empre-
sas e concessionárias tem contribuído para a instalação de centrais eólicas no país, totalizando
um potencial eólico de 20,3 MW.
Entre os projetos desenvolvidos pela CBEE, destacam-se: Taiba, Prainha e Mucuripe no Cea-
rá; Olinda em Pernambuco; Morro do Camelinho em Minas Gerais; Palmas no Paraná e o da ilha
de Fernando de Noronha. As figuras 5.3, 5.4 e 5.5 mostram alguns aerogeradores em funciona-
mento no Brasil, de acordo com os projetos desenvolvidos pela CBEE.

Figura 5.3 – Central eólica na ilha de Fernando de Noronha, com 75 kW de potência elétrica instalada
Figura 5.4 – Central eólica do Morro do Camelinho em Minas Gerais, com 250 kW de potência elétrica instalada
Figura 5.2 - Mapa do potencial eólico no Brasil, CBEE (2001) Figura 5.5 – Central eólica de Palmas, no Paraná, com 2500 kW de potência elétrica instalada, CBEE (2001)

24 25
No Brasil ainda não há fabricantes especializados na construção de turbinas eólicas, embora drelétricas, eólica, fotovoltaica e bio-
a tecnologia seja explorada, desde 1970, por algumas concessionárias, como a Cemig (Compa- massa). Além deste tipo de incentivo,
nhia Energética de Minas Gerais), a Coelba (Companhia de Eletricidade da Bahia) e a Coelce outra possibilidade igualmente inte-
(Companhia de Eletricidade do Ceará). ressante é a complementação entre a
geração hidrelétrica e a geração eólica.
A viabilidade deste tipo de investi-
5.2- A energia eólica e o setor elétrico brasileiro mento pode ser observada na região
Nordeste. Nesta região, no período de
menor disponibilidade hídrica, existe
No Brasil é pequena a participação da energia eólica no montante da geração de energia elé-
uma maior disponibilidade do poten-
trica. A tabela 5.1 mostra, numericamente, esta percepção de inserção da energia eólica no con-
cial eólico. A figura 5.6, ao lado, deixa
texto da energia elétrica do Brasil
claro visualmente este aspecto de com-
Tabela 5.1 – A energia eólica no contexto da energia elétrica do Brasil Figura 5.6 - Complementaridade entre
Destino a geração hidrelétrica e eólica plementabilidade de produção ener-
Nome Pot.(kW) Município - UF Proprietário gética.
da Energia
Fernando de Companhia Energética de A figura 5.7 abaixo, mostra a localização dos empreendimentos eólicos, instalados ou outor-
75 SP
Noronha - PE Pernambuco gados no Brasil.
Bom Jardim Parque Eólico de Santa
Bom Jardim 600 PIE
da Serra – SC Catarina Ltda.
Bom Jardim Parque Eólico de Santa
Bom Jardim 600 PIE
da Serra - SC Catarina Ltda

Aquiraz - CE Wobben Wind Power Indústri


Prainha 10.000 PIE
a e Comércio Ltda
São Gonçalo do Wobben Wind Power Indústria
Taíba 5.000 PIE
Amarante - CE e Comércio Ltda
Centro Brasileiro de Energia
Olinda 225 Olinda - PE PIE
Eólica – FADE/UFPE
Companhia Energética de Minas
Experimental 1.000 Gouveia - MG SP
Gerais do Morro do Camelinho

Palmas 2.500 Palmas - PR PIE Centrais Eólicas do Paraná Ltda

Mucuripe Wobben Wind Power Indústria


2.400 Fortaleza - CE PIE
e Comércio Ltda.
O esperado pelo mercado, hoje, é que o interesse dos empreendedores com relação ao mer-
cado de energia eólica aumente, graças aos incentivos vigentes para o setor elétrico brasileiro.
Dentre os incentivos existentes, destaca-se o PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alter-
nativas de Energia Elétrica. Sua principal meta é chegar ao ano de 2022, com o atendimento de Figura 5.7 - Localização dos projetos eólicos em operação e outorgados
10% do consumo anual de energia elétrica no País por fontes alternativas (pequenas centrais hi- (construção não iniciada) – situação em setembro de 2003.

26 27
Como comentado anteriormente, o Brasil possui Prainha (figura 5.11) é o maior parque eólico do
vários empreendimentos já instalados. O primeiro de- País, com capacidade de 10 MW (20 turbinas de
les é o das turbinas eólicas do Arquipélago de Fernan- 500 kW). O projeto foi realizado pela Wobben
do de Noronha - PE, desde 1992. Este projeto foi reali- Windpower e inaugurado em abril de 1999. As
zado através de uma parceria entre o Grupo de Ener- turbinas utilizam geradores síncronos, funcio-
gia Eólica da Universidade Federal de Pernambuco – nam com velocidade variável e com controle de
UFPE e a Companhia Energética de Pernambuco – potência por pitch (ângulo de passo das pás).
CELPE, com financiamento do Folkecenter (um insti- Central Eólica Mucuripe – CE: situada em For-
tuto de pesquisas dinamarquês). Na época em que foi taleza - CE (Figura 5.12), esta central tinha potên-
instalada, a geração de eletricidade dessa turbina cor- cia instalada de 1.200 kW. Desativada em 2000,
respondia a cerca de 10% da energia gerada na Ilha, foi posteriormente repotenciada e passou a con-
proporcionando uma economia de aproximadamente Figura 5.10 - Central Eólica de Taíba tar com 4 turbinas eólicas E-40 de 600 kW (2.400
70.000 litros de óleo diesel por ano. A segunda turbina São Gonçalo do Amarante – CE kW).
(figura 5.8), um projeto realizado pelo CBEE, com a co-
Central Eólica de Palmas – PR: inaugurada
laboração do RISO National Laboratory da Dinamar-
em 2000, trata-se da primeira central eólica do Sul
ca, e financiado pela ANEEL, foi instalada em maio
do Brasil, localizada no Município de Palmas –
de 2000 e entrou em operação em 2001. Os dois proje-
Figura 5.8 – Segunda turbina eólica PR, com potência instalada de 2,5 MW (figura
tos juntos geram até 25% da eletricidade consumida
de Fernando de Noronha 5.13). Realizado pela Companhia Paranaense de
na ilha, o que veio a tornar o sistema elétrico de Fer-
Energia – COPEL e pela Wobben Windpower (do
nando de Noronha o maior sistema híbrido eólico-
Brasil), o projeto foi inaugurado em novembro de
diesel do Brasil.
1999, com 5 turbinas de 500 kW, idênticas àquelas
Outros projetos instalados no Brasil são mostrados de Taíba e Prainha.
a seguir.
Central Eólica de Olinda – PE: O CBEE insta-
Central Eólica Experimental do Morro do Cameli- lou, em 1999, uma turbina eólica WindWord (Fi-
nho – MG: instalado em 1994, no Município de Gouve- Figura 5.11 - Central Eólica da gura 5.14) na área de testes de turbinas eólicas em
ia – MG. Com capacidade nominal de 1 MW, o projeto Prainha – Aquiraz – CE Olinda. Esta turbina conta com sensores e instru-
foi realizado pela Companhia Energética de Minas Ge- mentação para medidas experimentais.
rais – CEMIG, com o apoio financeiro do governo ale-
Central Eólica de Bom Jardim – SC: em 2002
mão (Programa Eldorado). A central é constituída por
Figura 5.9 - Central Eólica Exp. do uma turbina Enercon de 600 kW foi instalada no
4 turbinas de 250 kW, com rotor de 29 m de diâmetro e
Morro do Camelinho – (Gouveia) - MG Município de Bom Jardim da Serra - SC (figura
torre de 30 m de altura (figura 5.9).
5.15) pela CELESC e Wobben Windpower, sendo
Central Eólica de Taíba – CE: localizada no Município de São Gonçalo do Amarante – CE, a a mais recente central implantada no País.
Central Eólica de Taíba (figura 5.10), com 5 MW de potência, foi a primeira a atuar como produ-
tor independente no País. Em operação desde janeiro de 1999, a central é composta por 10 turbi-
nas de 500 kW, geradores assíncronos, rotores de 40 m de diâmetro e torre de 45 m de altura.
Figura 5.12 - Central Eólica
Central Eólica de Prainha – CE: localizada no Município de Aquiraz – CE, a Central Eólica de
Mucuripe– Fortaleza – CE

28 29
Capítulo 6
Energia Eólica e o Meio Ambiente
O mundo hoje necessita de uma maior segurança relacionada ao fatos que cercam a utiliza-
ção do ambiente como um todo. Isso se comprova através das pressões de organizações não go-
vernamentais, leis específicas voltadas para o meio ambiente e sua utilização, criação de marcas
e selos ofertados a produtos e trabalhos ecologicamente corretos, os chamados selos verdes, etc.
Dentro deste padrão, cabe uma análise, mesmo que simplificada, dos impactos ambientais
Figura 5.13 - Central Eólica causados pela utilização da energia eólica. Este tipo de tecnologia para a geração de energia elé-
de Palmas – Palmas - PR trica, como as demais com o mesmo propósito, apresenta algumas características ambiental-
mente desfavoráveis, como relacionado a seguir.
Impacto visual,
?

Ruído audível,
?

Interferência eletromagnética,
?

Ofuscamento
?

Danos a fauna.
?

Esses efeitos podem ser minimizados ou mesmo eliminados através de planejamento e estu-
dos adequados, aliados aos avanços e inovações tecnológicos sempre em desenvolvimento.
Com relação às vantagens atribuídas à energia eólica conta-se o fato de que ela não utiliza a
água como elemento chave para a geração da energia elétrica, não apresenta resíduos radioati-
vos ou emissões gasosas nocivas. Além destes aspectos, é relevante salientar que cerca de 99%
da área utilizada para a implantação do parque eólico pode ser utilizada para outros fins como a
agricultura, pecuária, etc.

Tipo de Impacto: Emissão de gases


Características: Não emite gases poluentes durante operação
Observação: Proporcionam redução de emissão de gases de efeito estufa e na redução da con-
centração de CO2 durante operação. Uma turbina de 600 kW, por exemplo, instalada em uma re-
gião de bons ventos poderá evitar a emissão entre 20.000 e 36.000 toneladas de Co2.

Tipo de Impacto: Emissão de Ruídos


Características: O ruído produzido pela turbina pode ser audível a 2100 m, na direção do ven-
Figura 5.14 - Central Eólica Figura 5.15 - Central Eólica de Bom Jardim to, e a 1400 m, na direção oposta. O valor do nível de ruído emitido por uma torre eólica a cerca
de Olinda – PE Bom Jardim da Serra - SC de 50 m de distância desta e a 1,5 m do solo é cerca de 55 dB(A). Para distâncias em relação ao ae-

30 31
2
rogerador de aproximadamente 400 m, este valor reduz-se para cerca de 36 dB(A). Observação: O espaço requerido por cada turbina é pouco significativo (cerca de 40 m por
Observação: O ruído proveniente das turbinas eólicas tem duas origens: mecânica e aerodi- turbina) correspondendo apenas ao necessário à instalação da base da torre e de um acesso a ela.
nâmica. O ruído mecânico é proveniente, principalmente, da caixa de engrenagens e da hélice.
O ruído aerodinâmico é influenciado direta-mente pela velocidade do vento incidente sobre a Tipo de Impacto: Paisagem
turbina eólica.
Características: Do ponto de vista paisagístico, não se considera negativo a visualização do
parque, uma vez que este é um elemento de apreciação subjetiva.
Tipo de Impacto: Impacto Visual Observação: Suas estruturas podem atingir 80 m de altura, com pás de até 60 m de diâmetro,
Características: É altamente subjetiva. assim o caráter rural de uma área com potencial eólico pode ser significativamente alterado pe-
la presença de aerogeradores.

Tipo de Impacto: Fase de construção


Tipo de Impacto: Fauna
Características: Associado ao movimento de terras, nomeadamente às obras de terraplena-
Características: Circulação de veículos e pessoas e o funcionamento dos aerogeradores, po-
gem e às escavações necessárias à construção das plataformas de suporte dos aerogeradores e
rém, se o parque é controlado eletronicamente e tem pouco uso de mão de obra, não se encon-
da subestação e à abertura das valas para colocação dos cabos elétricos.
tram impactos significativos sobre a fauna, resultantes da presença humana. O impacto de um
Observação: Os movimentos de terra são, também, susceptíveis de provocar uma alteração parque eólico sobre a fauna em geral resulta, essencialmente, das movimentações de terras e da
da morfologia original do terreno. Os impactos resultantes podem persistir ou não, após a con- implantação de estruturas permanentes, com conseqüente perturbação localizada dos habitats.
clusão da obra. Durante a fase de construção, ocorre a remoção da cobertura vegetal, com even-
Observação: As causas mais simples de mortalidade das aves em parques eólicos são as coli-
tual favorecimento do processo de erosão.
sões e especialmente as eletrocussões. Contudo, existe a perturbação causada por aves em mi-
gração. Quanto às aves sedentárias, observações diversas indicam que as mesmas se habituam à
Tipo de Impacto: Hidrologia presença das turbinas, evitando-as. As aves que vivem nas vizinhanças dos aerogeradores aca-
bam por habituar-se a estas máquinas e ao ruído que emitem; algumas chegam mesmo a adap-
Características: A inadequada localização de um parque eólico pode provocar impactos no
tar o seu comportamento de forma a tirarem partido dos aerogeradores nas suas atividades de
nível da hidrologia, durante as fases de construção e exploração da obra, se as torres forem im-
captura das presas.
plantadas sobre as cabeceiras de nascentes, afetando as linhas de drenagem natural e as condi-
ções de infiltração das águas pluviais.
Observação: Durante a fase de construção pode ocorrer degradação da qualidade das águas Tipo de Impacto: Características sociais
superficiais. A movimentação de terras gera poeiras, durante o tempo seco, e turvação das Características: A produção de energia elétrica a partir de fontes de energia renovável, além
águas superficiais, durante as chuvas, o que provoca, em ambos os casos, um aumento da carga de permitir a redução de emissões de poluentes atmosféricos, dá lugar à economia de matérias-
de partículas sólidas transportadas para os cursos de água. Os derrames acidentais de óleos e primas finitas. Isso evita a exaustão dos recursos naturais não renováveis, bem como a saída de
combustíveis resultantes da operação de veículos e de máquinas podem provocar aumentos divisas para o exterior, necessárias à compra, nos mercados internacionais, de combustíveis fós-
pontuais da poluição por hidrocarbonetos. seis.

Tipo de Impacto: Fase de exploração Tipo de Impacto: Flora

Características: Depende da possibilidade da utilização ou não, para outras finalidades, da Características:


área que fica disponível entre as turbinas. Abertura de valas e de fundações;
?

32 33
Instalação de estaleiros de obras;
?

?Construção e beneficiação dos acessos (principal e ramais entre aerogeradores e para as de-
mais frentes de obra);
Construção de edifícios permanentes;
?

Circulação de pessoas e máquinas;


?

Observação: A duração prevista das obras é de cerca de 6 a 9 meses, sendo o Inverno a época
atmosfericamente mais desfavorável à execução das mesmas. Durante a construção há natural-
mente trabalhos com maquinas, movimentação de terras e maior presença humana que podem
causar o pisoteamento da vegetação e, consequentemente, eliminação de alguns elementos da
flora local.

Tipo de Impacto: Atividades econômicas


Características: Sua implantação ocorre, frequentemente, em locais interessantes sob o pon-
to de vista de lazer e/ou com uma grande área sem muitos obstáculos. A utilização destes locais
pode ser voltada também para o ecoturismo. Neste contexto, a comunidade local pode se estru-
turar para que este fato possa se tornar um complemento importante de renda a ser explorado. Figura 6.1 – Pássaros atingidos durante Figura 6.2 – vista do topo do monte onde
Observação: Iniciado o período de funcionamento, além do movimento gerado pelas equi- seu vôo pelas pás das turbinas estão instaladas as turbinas eólicas
pes de exploração e manutenção, tem-se verificado que os locais de implantação destes empre-
endimentos acabam por se tornar pontos de atração turística.

Tipo de Impacto: Qualidade do ar


Características: Os impactos sobre a qualidade do ar são pouco significativos e de âmbito
muito localizado. Devem-se, essencialmente, ao tráfego de caminhões e às emissões de poeiras,
resultantes das escavações e movimentações de terras.
Observação: Emissões de partículas que, pela sua granulometria, se depositam normalmen-
te a curta distância do local onde são produzidas. O aumento temporário do tráfego de veículos
pesados na obra contribui para o aumento das emissões de poluentes para a atmosfera, com ên-
fase para os seguintes poluentes: NOx, CO2 e CO.

Como exemplo de prováveis impactos ambientais, causados pela implantação de parques


eólicos, temos as imagens abaixo ilustrando o caso do parque eólico de Navarre – Espanha. As Figura 6.3 – vista parcial da coluna de Figura 6.4 – Vista parcial do local de instalação
figuras 6.1 a 6.4 a seguir mostram detalhes do local de instalação das turbinas eólicas. sustentação de turbina eólica (Base) das turbinas durante a fase de implantação

34 35
Capítulo 7
Tecnologias de Aproveitamento
7.1 Turbinas eólicas
Vários tipos de turbina já surgiram ao longo da escalada de desenvolvimento deste tipo de
tecnologia:
Eixo horizontal,
?
Eixo vertical,
?
Com apenas uma pá,
?
Com duas e três pás,
?
Gerador de indução,
?
Gerador síncrono
?
Hoje, a tecnologia dominante estabelece a utilização de turbinas eólicas com as seguintes ca-
racterísticas:
Eixo de rotação horizontal,
?
Três pás,
?
Alinhamento ativo,
?
Gerador de indução
?
Estrutura não-flexível.
?
A figura 7.1 a seguir, ilustra em detalhes este tipo de turbina, que apesar de bastante utiliza-
da não tem aceitação plena. Muitos estudiosos contestam a estrutura deste modelo de turbina
eólica. Entre os pontos em desacordo está à utilização ou não do controle do ângulo de passo
(pitch) das pás para limitar a potência máxima gerada.
Hoje, o que acorre é a combinação destas duas técnicas de controle, ou seja, técnicas de con-
trole de potência (stall e pitch) em pás que podem variar o seu ângulo de passo para ajustar a po-
tência gerada, sem, contudo, utilizar esse mecanismo continuamente.
A capacidade de geração elétrica das primeiras turbinas eólicas comerciais ficava entre as
marcas de 10 kW a 50 kW. No início da década de 1990 chegaram ao limite de 100 kW a 300 kW.
Em 1995 passaram a ser comercializados modelos de 300 kW a 750 kW. Em 1997 entraram no
mercado as turbinas de 1MW e 1,5 MW. Em 1999 surgiram as primeiras turbinas de 2 MW. Hoje
as turbinas alcançam a casa de 3,6MW e 4,5MW.
Quanto ao porte, elas se classificam em:
Pequenas, cuja potencia nominal é menor do que 500 kW;
?
Médias, com potencial entre 500 kW e 1000kW (1MW);
?
Figura 7.1 – Turbina eólica
Grandes, que alcançam um potencial nominal maior que 1kW (1MW).
? de grande porte

36 37
No atual estágio tecnológico em que se encontram as turbinas eólicas, o mercado oferece utilização de várias formas de geração de energia elétrica aumenta a complexidade do sistema
uma variedade de modelos, ajustados para as mais diversas condições de instalação e necessi- e exige a otimização do uso de cada uma das fontes. Nesses casos é necessário realizar um con-
dades. Elas podem tanto ser conectadas à rede elétrica ou utilizadas em sistemas isolados (os trole de todas as fontes para que haja máxima eficiência e otimização dos fluxos energéticos, na
quais serão explicados mais adiante). Podem ser instaladas tanto em terra firme como em estru- entrega da energia para o usuário.
turas de construção civil ou ainda em alto mar, como mostram as figuras 7.2 e 7.3. Em geral, os sistemas híbridos são empregados em sistemas de médio porte destinados a
Um sistema eólico pode ser utiliza- atender um número maior de usuários. Por trabalhar com cargas em corrente alternada, o siste-
do em três aplicações distintas, quais ma híbrido também necessita de um inversor. Devido à grande complexidade de arranjos e mul-
sejam sistemas isolados, sistemas hí- tiplicidade de opções, a forma de otimização do sistema requer um estudo particular a cada ca-
bridos e sistemas interligados à rede. so.
Os sistemas obedecem a uma configu- c)Sistemas interligados à rede:
ração básica, que inclui uma unidade Os sistemas interligados à rede não necessitam de sistemas de armazenamento de energia,
de controle de potência e, em determi- pois toda a geração é entregue diretamente à rede elétrica. Estes sistemas representam uma fon-
nados casos, conforme a aplicação, de te complementar ao sistema elétrico de grande porte ao qual estão interligados. Os sistemas eóli-
uma unidade de armazenamento. cos interligados à rede apresentam as vantagens inerentes aos sistemas de geração distribuída
a)Sistemas Isolados: tais como a redução de perdas, o custo evitado de expansão de rede a geração na hora de ponta
quando o regime de ventos coincide com o pico da curva de carga.
Os sistemas isolados de pequeno
porte, em geral, utilizam alguma for- Considerando o uso da energia eólica para geração de energia elétrica, a indagação que sur-
ma de armazenamento de energia. ge é a de como funciona este processo.
Este armazenamento pode ser feito Primeiramente, deve-se ter:
através de baterias ou na forma de Um aerogerador de 3 pás, pelo fato de ter movimento rotatório mais rápido;
?
energia gravitacional com a finalida-
Um gerador elétrico;
?
Figura 7.2 – Turbina eólica Figura 7.3 – Turbina eólica de de armazenar a água bombeada em
reservatórios elevados para posterior Um transformador;
?
instalada em terra firme instalada em alto mar
utilização. Alguns sistemas isolados Fios ou cabos condutores de corrente elétrica;
?
não necessitam de armazenamento, como no caso dos sistemas para irrigação onde toda a água ?Controlador de carga (para controlar a carga e descarga da bateria, garantindo sua vida
bombeada é diretamente consumida. útil);
Os sistemas que armazenam energia em baterias necessitam de um dispositivo para contro- Bateria ou banco de baterias para armazenar a energia gerada.
?
lar a carga e descarga da bateria. O Controlador de carga tem como principal objetivo não deixar
Em seguida, deve-se acoplar o gerador ao eixo do rotor e fazer a ligação correta dos fios ou ca-
que haja danos ao sistema de baterias devidos a sobrecargas ou descargas profundas.
bos, isto é, pólo positivo (+) com positivo e pólo negativo (-) com negativo na saída do gerador.
Para alimentação de equipamentos que operam com corrente alternada (CA), é necessário a Feito isso, o aerogerador deve ser instalado no local onde a velocidade medida do vento for
utilização de um inversor. Este inversor pode ser de estado sólido (eletrônico) ou rotativo (me- maior usando uma haste de metal galvanizado (se for um sistema pequeno) ou em uma torre tre-
cânico). liçada (se o sistema for grande), ambos fixados no solo garantindo sua sustentação. Posterior-
b)Sistemas híbridos: mente usa-se um controlador de carga com três pares de terminais onde, no primeiro, serão co-
Os sistemas híbridos são aqueles que apresentam mais de uma fonte de geração de energia nectados os fios ou cabos que saem do gerador, no segundo a bateria e no terceiro os fios condu-
como, por exemplo, turbinas eólicas, geradores diesel, módulos fotovoltáicos, entre outras. A tores que serão ligados ao equipamento, permitindo, desta forma, seu funcionamento, confor-
me mostrado na figura 7.4.

38 39
Nesse processo tem-se a conversão da energia eólica em mecânica e, da energia mecânica em A transmissão, que engloba a caixa multiplicadora, possui a finalidade de transmitir a ener-
energia elétrica. gia mecânica entregue pelo eixo do rotor até o gerador. É composta por eixos, mancais, engrena-
gens de transmissão e acoplamentos. O projeto tradicional de uma turbina eólica consiste em co-
locar a caixa de transmissão mecânica entre o rotor e o gerador de forma a adaptar a baixa velo-
Legenda: cidade do rotor à velocidade de rotação mais elevada dos geradores convencionais.
1 – Rotor eólico
Mais recentemente, alguns fabricantes desenvolveram com sucesso aerogeradores sem a cai-
2 – Transmissão / Multiplicação
3 – Mecanismo de controle xa multiplicadora e abandonaram a forma tradicional de construir turbinas eólicas. Assim, ao in-
4 – Gerador vés de utilizar a caixa de engrenagens com alta relação de transmissão, necessárias para alcan-
5 – Elemento de sustentação çar a elevada rotação dos geradores, utilizam-se geradores multipolos de baixa velocidade e
6 – Controlador de cargas grandes dimensões.
7 – Bateria
Os dois tipos de projetos possuem vantagens e desvantagens e a decisão de utilizar o multi-
8 – Cargas
plicador ou fabricar um aerogerador sem caixa de transmissão é antes de tudo uma questão de fi-
Figura 7.4 – Demonstração do sistema eólico losofia do fabricante.
na geração de eletricidade Gerador Elétrico:
De modo mais detalhado, os elementos aci-
Responsável pela conversão da energia mecânica em energia elétrica. A transformação da
ma podem ser descritos como um sistema eólico
energia mecânica de rotação em energia elétrica através de equipamentos de conversão eletro-
aerogerador básico composto dos seguintes ele-
mecânica é um problema tecnologicamente dominado, motivo pelo qual se encontram vários fa-
mentos:
bricantes de geradores disponíveis no mercado. Entretanto, a integração de geradores a siste-
mas de conversão eólica constitui-se em um grande problema, que envolve principalmente:
Rotor:
Variações na velocidade do vento (extensa faixa de rotações por minuto para a geração);
?
O rotor é o componente do sistema eólico res-
Variações do torque de entrada (uma vez que variações na velocidade do vento induzem va-
?
ponsável por captar a energia cinética dos ventos e transformá-la em energia mecânica de rota-
riações de potência disponível no eixo);
ção. É o componente mais característico de um sistema eólico, e sua configuração influenciará di-
retamente no rendimento global do sistema. Exigência de freqüência e tensão constante na energia final produzida;
?

Os rotores eólicos, ao extraírem a energia do vento, reduzem a sua velocidade; ou seja, a velo- Facilidade de instalação, operação e manutenção devido ao isolamento geográfico de tais
?
cidade do vento frontal ao rotor (velocidade não perturbada) é maior do que a velocidade do sistemas, sobretudo em caso de pequena escala de produção (isto é, necessitam ter alta confiabi-
vento atrás do rotor (na esteira do rotor). lidade).
Para um sistema eólico, existem ainda outras perdas, relacionadas com cada componente (ro- Atualmente, existem várias alternativas de conjuntos moto-geradores, entre eles:
tor, transmissão, caixa multiplicadora e gerador). Além disso, o fato do rotor eólico funcionar Geradores de corrente contínua,
?
em uma faixa limitada de velocidade de vento também irá contribuir para reduzir a energia por
Geradores síncronos,
?
ele captada. Qualquer sistema eólico somente começa a funcionar a partir de uma certa veloci-
dade, chamada de velocidade de entrada, que é necessária para vencer algumas perdas. Quan- Geradores assíncronos,
?
do o sistema atinge a chamada velocidade de corte um mecanismo de proteção é acionado com a Geradores de comutador de corrente alternada.
?
finalidade de não causar riscos ao rotor e à estrutura.
Cada uma delas apresenta vantagens e desvantagens que devem ser analisadas com cuida-
Transmissão e Caixa Multiplicadora: do na sua incorporação a sistemas de conversão de energia eólica.

40 41
Mecanismo de Controle: de vento. As formas mais conhecidas de armazenamento de energia eólica são através de bate-
Responsável pela orientação do rotor, controle de velocidade, controle da carga, etc. Os me- rias e sob a forma de energia potencial gravitacional.
canismos de controle destinam-se à orientação do rotor, ao controle de velocidade, ao controle Transformador:
de carga, etc. Pela variedade de controles existe uma enorme variedade de mecanismos que po- Responsável pelo acoplamento elétrico entre o aerogerador e a rede elétrica.
dem ser mecânicos (velocidade, passo, freio), aerodinâmicos (posicionamento do rotor) ou ele- Acessórios:
trônicos (controle da carga).
Os acessórios englobam todos os itens de apoio necessários ao funcionamento do sistema eó-
Os modernos aerogeradores utilizam dois diferentes princípios de controle aerodinâmico lico. Incluem-se transmissões, freios, embreagens, eixos, acoplamentos e mancais que não apre-
para limitar a extração de potência à potência nominal do aerogerador. São chamados de con- sentam nenhum problema tecnológico no caso de sistemas eólicos.
trole estol (stall) e controle de passo (pitch). No passado, a maioria dos aerogeradores usa-
São considerados ainda os condutores utilizados para levar a eletricidade gerada até as bate-
va o controle estol simples. Atualmente, com o aumento do tamanho das máquinas, os fabri-
rias e desta para o local onde a eletricidade será utilizada. Deve ser realizada uma especificação
cantes estão optando pelo sistema de controle de passo que oferece maior flexibilidade na ope-
do condutor adequado para cada trecho do sistema, levando-se em consideração a potência elé-
ração das turbinas eólicas.
trica que os condutores irão alimentar e o comprimento de cada circuito.
Um exemplo de mecanismo de controle é a utilização de rotores com ângulo de passo variá- O controlador de carga é um componente eletrônico instalado para controlar o limite de con-
vel. Com este controle, à medida que a velocidade do vento varia, as pás mudam de posição, va- sumo de energia da bateria e o máximo de carga que a mesma pode suportar. Isto evita que a ba-
riando o rendimento do rotor. Com isto, pode-se aumentar o intervalo de funcionamento do sis- teria descarregue completamente.
tema eólico e ainda manter uma determinada velocidade de rotação, que corresponde à eficiên-
O Inversor é um dispositivo eletrônico utilizado para a alimentação de cargas de corrente al-
cia máxima do gerador.
ternada, a partir de sistemas de fornecimento de energia em corrente contínua.
Torre: Tanto o inversor quanto o controlador de carga devem ser corretamente dimensionados. A
As torres são necessárias para sustentar e posicionar o rotor a uma altura conveniente para o potência do inversor deverá ser maior que a soma das potências de todos os aparelhos que irão
seu funcionamento. É um item estrutural de grande porte e de elevada contribuição no custo ini- funcionar com corrente alternada. Já o controlador de carga e o banco de baterias devem ser di-
cial do sistema. Em geral as torres são fabricadas de metal (treliça ou tubular) ou de concreto, e mensionados de acordo com a corrente que será conduzida do sistema eólico para as baterias.
podem ser ou não sustentadas por cabos tensores.
Sistema de Armazenamento: 7.2 Cataventos para bombeamento de água
Responsável por armazenar a energia para produção de energia firme a partir de uma fonte
intermitente.
Existe, ainda, outro modo de se utilizar da energia dos ventos para facilitar o cotidiano do ser
Como o comportamento do vento muda ao longo do tempo, pode ser necessária a utilização humano, que é o caso do uso dos cata-ventos multipás para bombeamento de água.
de um sistema de armazenamento que garanta o fornecimento adequado à demanda. Para que haja bombeamento de água aproveitando a energia eólica, faz-se necessário adqui-
Nos casos em que a energia eólica é utilizada para complementar a produção de energia con- rir um aerogerador multipás (por ter movimento rotatório mais lento e, conseqüentemente, um
vencional, a energia gerada é injetada diretamente na rede elétrica, não sendo necessário o ar- torque melhor), uma caixa de rolamentos, uma torre reforçada para fixação do aerogerador e
mazenamento de energia, bastando que o sistema elétrico convencional de base esteja dimen- uma bomba hidráulica. Essa bomba deve ser instalada próxima ao fluxo de água e estar acopla-
sionado para atender à demanda durante os períodos de calmaria. da a uma haste metálica ligada diretamente ao eixo do rotor por meio de uma engrenagem. Des-
Quando a energia eólica é utilizada como fonte primária de energia, se faz necessária uma ta forma, o vento, ao passar pelo rotor, possibilitará que a haste suba e desça, bombeando água
forma de armazenamento para adaptar o perfil aleatório de produção energética ao perfil de para um reservatório,conforme mostra a figura 7.5.
consumo. Assim o excesso de energia durante os períodos de ventos de alta velocidade, será Toda vez que o vento passa por um catavento, sofre uma pequena mudança em sua direção.
guardado para ser utilizado quando o consumo não puder ser atendido devido à insuficiência Assim, surge uma força que faz com que o catavento gire e, através de uma chapa circular de me-

42 43
tal, dotada de um braço articulável também de EXEMPLO:
metal, acione uma bomba hidráulica que está
localizada na base de uma haste metálica.
Um determinado fazendeiro necessita abastecer, em sua proprieda-
A bomba hidráulica possui um pistão com de, um reservatório com 5.760 litros de água por dia, ou seja, 4 litros por
formato circular montado dentro de um cilin- minuto e, esse reservatório está localizado a 20m de altura em relação ao
dro, que sobe favorecendo a abertura da vál- solo. Sabe-se que na propriedade há um morro próximo a um fluxo de
vula 1, enquanto a válvula 2 permanece fecha- água e que a velocidade do vento encontrada é de 4m/s. Verificar se este
da, permitindo assim o enchimento do cilindro vento é suficiente para a instalação de um aerogerador para bombear
com água. Quando o cilindro desce, a válvula 1 água (figura 7.6).
se fecha e a válvula 2 se abre, permitindo que a Fig. 7.7 – Funcionamento da bomba A solução para este problema é bas-
água escoe para os encanamentos até o reser- hidráulica a pistão utilizando energia eólica
tante simples. Neste tipo de uso do aero-
vatório.
gerador, faz-se necessária a aquisição de
Este movimento é cíclico, figura 7.7, por isso o reservatório permanece sempre com água.
sete componentes que são a bomba hi-
A seguir teremos como exemplo o caso do uso do cata-vento multipás para bombeamento dráulica a pistão; dois eixos para transmi-
de água. tir a potência eólica à bomba hidráulica;
um disco e uma alavanca articulada para

EXERCÍCIOS
unir os dois eixos; dois tubos de aço para
a captação e elevação da água.
Para saber se o vento é suficiente para
atender a necessidade da propriedade,
ou seja, se existe potência eólica satisfató-
ria para fazer funcionar a bomba hidráu-
lica, considerando uma área de rotor Figura 7.6 – Sistema eólico
igual a 1m2, torna-se necessário proceder para bombeamento de água
Legenda: da seguinte forma:
a) calcular a potência mecânica Pm, em Watts, para bombeamento
de água. A potência mecânica necessária da bomba hidráulica pode ser
obtida fazendo a multiplicação entre a vazão Q, a altura de bombea-
mento H e uma constante que é conhecida como K, como demonstrado
abaixo:
Pm = K x Q x H
O valor de K se relaciona com as condições mecânicas de instalação
do eixo, polias e correias, variando entre 6 e 10.
1 – Rotor eólico 4 – Haste de acionamento da bomba 7 – Válvula de pé
2 – Manivela 5 – Bomba a pistão 8 – Tubo de recalque
9 – Caixa d`água
Usualmente o valor adotado é 7, levando em consideração a eficiên-
3 – Mecanismo de controle 6 – Poço
cia do equipamento mecânico, ou seja, a capacidade do eixo, polias e cor-
Fig. 7.5 – Demonstração do sistema eólico no bombeamento

44 45
reias de transformar a energia de movimento do rotor da turbina eólica em energia de movi- Conhecendo o que se quer avaliar, torna-se necessário adquirir os seguintes materiais:
mento da bomba hidráulica. Assim, para cada 100W que a turbina eólica fornece, somente 70W Um anemômetro;
?
são aproveitados para o bombeamento.
Um cata-vento; e
?
Substituindo as letras pelos valores do problema obtêm-se a potência mecânica Pm, como de-
Uma haste metálica para a fixação do aerogerador, com comprimento correspondente a me-
?
monstrado abaixo:
lhor medida da velocidade do vento encontrada.
Pm = 7 x 4 x 20
Em seguida, deve-se proceder da seguinte forma:
Pm = 560 W
1o) Escolher, ao longo da propriedade, diferentes pontos para medir a velocidade e direção
b) Determinar a potência eólica necessária ao aerogerador. do vento, dando preferência aos pontos localizados distantes de obstáculos que prejudiquem a
Para encontrar a potência eólica que será ne- ação do vento como, por exemplo, morros, barrancos altos, árvores com grande altura, mata
cessária para o funcionamento do aerogerador, muito fechada.
Tabela 7.1 – Potência gerada por m2 em torna-se fundamental conhecer a velocidade 2o) Obter a velocidade do vento usando um anemômetro.
relação a velocidade do vento do vento no local. De acordo com os dados do
Velocidade do Potência por área do 3o) Anotar os valores indicados pelo anemômetro e, também, a direção do vento (de acordo
problema, tem-se 4m/s como velocidade do
vento, em m/s rotor, em kW/m2 com os pontos cardeais).
vento local e 1m2 de área do rotor. Consultan-
2 4 4o) Determinada a velocidade pode-se obter, aproximadamente, a potência que será forneci-
do a tabela 7.1 percebe-se que a potência eólica
3 12 da, considerando a área do rotor do aerogerador. A tabela 7.1 apresentada anteriormente indica
disponível é de 28 kW.
4 28
as potências por área em relação à velocidade do vento num rotor, onde a velocidade na extre-
5 55 A potência obtida para a turbina eólica é
midade da hélice é 5 vezes maior que a do vento. Essa velocidade só tem valor para máquinas eó-
6 96 igual a 28 kW e, pelos cálculos, a potência mecâ-
licas de eixo horizontal com 3 ou 4 pás.
7 152 nica necessária para acionar a bomba hidráuli-
8 227 ca é igual a 560 W, portanto, há potência eólica Para instalar um aerogerador, com área de 1m2 e potência mínima de 4 kW, é necessário que
mais do que suficiente para atender as necessi- o valor da velocidade do vento seja igual ou superior a 2 metros por segundo, para início de seu
dades da propriedade. funcionamento.

Seguem algumas noções simples sobre a instalação de um aerogerador. Por causa da variação climática, a velocidade do vento no decorrer do ano não é sempre a
mesma. Portanto, recomenda-se coletar a maior quantidade de dados durante as diferentes esta-
ções do ano, para obter um resultado mais confiável. Desta forma, torna-se aconselhável fazer 4
7.3 – Guia para instalação de um aerogerador medições diárias, isto é, uma no início da manhã, uma ao meio dia, outra no fim da tarde e a últi-
ma a noite, durante o período de um ano, para que se possa chegar a uma caracterização do ven-
to local.
Para instalar um aerogerador há necessidade de determinar o potencial eólico e verificar as
condições do terreno, que podem comprometer a direção e permanência do vento. O potencial Tendo dúvida em algum procedimento, recomenda-se contatar ou chamar pessoal técnico
eólico é obtido a partir da caracterização do vento local quanto às suas características, que são: especializado.

Direção;
?

Velocidade;
?

Periodicidade; e
?

Potência disponível, em Watts ou kW.


?

46
10 47
Bibliografia

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