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EDUCAÇÃO FÍSICA:

NO ENSINO
FUNDAMENTAL ANOS
FINAIS E ENSINO MÉDIO

PROFESSORES
Dr. Amauri Aparecido Báassoli Oliveira
Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma
Dr. José Augusto Victoria Palma
Dr. Patric Paludett Flores

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NEAD - Núcleo de Educação a Distância


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U58 Universidade Cesumar - UniCesumar.


Educação Fisica no Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio
/ Amauri Aparecido Báassoli Oliveira, Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma,
José Augusto Victoria Palma, Patric Paludett Flores. - Indaial, SC: Arqué, 2023.

152 p. : il.

ISBN papel 978-85-459-2585-9


ISBN digital 978-85-459-2586-6

“Graduação - EaD”.
1. Educação 2. Fisica 3. Escolar. 4. Amauri Aparecido Báassoli Oliveira,
Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma, José Augusto Victoria Palma, Patric
Paludett Flores. I. Título.

 CDD - 22ª Ed. 796


Impresso por:

Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB-9-1679

Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Arthur
Cantareli Silva, Editoração Alexandre Donzelli, Design Educacional Leticia Matheucci, Curadoria Fabiana
Bruna, Revisão Textual Ariane Fabreti, Ilustração André Azevedo, Fotos Shutterstock.

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0251XXXX
minha história, meu currículo

Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira

Pós-Doutor em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS – 2014). Doutor
em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp – 1999). Mestre em Ciência do Mo-
vimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM – 1988). Graduado em Educação Física
pela Universidade do Norte do Paraná (1979). Atualmente, é professor aposentado da Universidade Estadual
de Maringá (UEM). Professor do Programa de Pós-Graduação Associado UEM-UEL em Educação Física, com
orientações em nível de mestrado e doutorado. Tem experiência na área de Educação Física com ênfase em
Métodos e Técnicas de Ensino e Metodologia da Pesquisa, atuando, principalmente, nos seguintes temas:
formação profissional, currículo, atividade física e saúde, Educação Física escolar, atividade física e obesida-
de. Consultor ad hoc do Ministério da Educação/SESu/INEP para comissões de avaliação institucional e de
autorização e reconhecimento de cursos em Educação Física.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5845836567219056

Dra. Ângela Pereira Teixeira Victória Palma

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp – 2001). Mestre em Educação pela
Universidade Metodista de Piracicaba (1997). Graduada em Licenciatura em Educação Física pela Universidade
Estadual de Londrina (UEL – 1983). Atualmente, é Professora Associada nível C da Universidade Estadual de Lon-
drina (UEL), atuando na graduação em Licenciatura em Educação Física e no Programa de Mestrado em Educação
na Linha Docência: Saberes e Práticas. Tem estudos com ênfase na Formação de Professores de Educação Física,
atuando, principalmente, nos seguintes temas: Educação Física, formação e intervenção profissional docente,
construtivismo e organização curricular.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8821173290289293


minha história, meu currículo

Dr. José Augusto Victória Palma

Doutor e Mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp – 1997-2001).
Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (UEL – 1975). Foi professor do qua-
dro próprio do magistério no estado do Paraná na Educação Básica (1979-1992). Atualmente, é Professor
Associado nível C da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde atua na graduação em Educação Física
(Licenciatura) desde 1979. É docente, também, no curso de Pós-Graduação Lato-Sensu Educação Física na
Educação Básica. Foi Chefe do Departamento de Estudos do Movimento Humano do Centro de Educação
Física da Universidade Estadual de Londrina (UEL – 2016-2018).

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6372133976406968

Dr. Patric Paludett Flores

Doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM – 2018). Mestre em Educação pela
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM – 2013). Graduado em Educação Física pela Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM – 2010). Foi professor da rede municipal de ensino de Florianópolis-SC. Atualmente, é
professor do Departamento de Ciências do Movimento Humano da Universidade do Estado de Minas Gerais
(UEMG) e professor formador do Colegiado de Educação Física da Universidade Cesumar (Unicesumar). Tem
experiência em Educação Física Escolar com ênfase nas linhas: formação de professores, práticas pedagógicas,
identidade docente, inclusão e esporte educacional.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9742209806410309

Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza

Pós-Doutora em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT – 2022). Doutora em Educação
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM – 2014). Mestre em Educação Física (UEM - 2009). Graduada em
Pedagogia pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (Fafipa – 2000) e graduada em
Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (UEL – 2000). Professora Adjunta do Departamento de
Educação Física da UEM. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Educação Física e Políticas Edu-
cacionais (GEEFE/CNPq). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Física Escolar, atuando,
principalmente, nos seguintes temas: infância, estágio supervisionado, formação profissional e políticas públicas.

Currículo Lattes: http://lattes. cnpq.br/7642081335847897


provocações iniciais

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL


ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO

O ensino da Educação Física não se coloca como uma tarefa fácil, apesar de muitos
acharem que se trata, apenas, de um momento descontraído e sem vínculo com o
processo formativo geral da escola. Esse engano é fruto do processo histórico vivido
pela área e que se consolidou no imaginário social ao longo desse percurso vivido
pela Educação Física.
A busca pelo rompimento desse imaginário vem se desenvolvendo desde o início
da década de 1980, portanto, é nesse sentido que o material selecionado para você,
neste livro, visa a contribuir. Para tanto, propusemo-nos a apresentar um pouco
desses equívocos e de como estamos superando o estágio da “prática pela prática”.
Será muito importante tê-lo(a) nessa tarefa de valorizar, dar sentido e signifi-
cado à Educação Física Escolar, pois defendemos que ela é de suma importância
para o processo formativo e informativo de todos aqueles inseridos no processo
educacional, desde a Pré-Escola ao Ensino Médio, período no qual temos partici-
pação legal e legítima.
Para te auxiliar nesse intento, organizamos este material com o objetivo de apre-
sentar como ocorreu a superação da atividade para componente curricular, como
se apresenta uma organização curricular baseada em documentos norteadores,
por exemplo, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), bem como em conceitos
significativos que perpassam o nosso entendimento da área e que se desdobram
em todos os componentes configuradores de um currículo em Educação Física.
Ainda como forma de contribuição nessa tarefa de fundamentação e suporte
da área, nos preocupamos em demonstrar a utilização da ferramenta dos mapas
conceituais como estratégia didática e, por fim, exemplificamos vários modelos de
planos de aulas como apoio para as experimentações que você terá ao longo do
curso, em seus estágios e práticas pedagógicas.
Não se esqueça: a nossa participação no setor educacional, enquanto profes-
sores de Educação Física, é de suma importância, mas precisamos, continuamente,
demonstrar isso por meio de uma organização curricular consistente, de procedi-
mentos metodológicos integrados e interdisciplinares, de recursos didáticos em
nossas aulas e, também, segundo os processos avaliativos os quais aplicaremos.
Você tem muitas dessas ferramentas nesse livro, faça bom uso dele!
sum ário

UNIDADE I
8 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DE SIMPLES ATIVIDADE PARA
COMPONENTE CURRICULAR

UNIDADE II
30 A EDUCAÇÃO FÍSICA E A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

UNIDADE III
60 ASPECTOS AVALIATIVOS DA/PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

UNIDADE IV
80 MAPA CONCEITUAL DOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA:UMA
ESTRATÉGIA INTERESSANTE E ÚTIL

UNIDADE V
104 PLANOS DE AULAS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL, ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR:
DE SIMPLES ATIVIDADE PARA
COMPONENTE CURRICULAR

Dr. Amauri Aparecido Bássoli Oliveira


Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma
Dr. José Augusto Victoria Palma
Dr. Patric Paludett Flores

Objetivos de Aprendizagem

• Compreender o processo histórico da Educação Física Escolar.


• Identificar avanços no entendimento da Educação Física no contexto escolar.
• Reconhecer o compromisso pedagógico do professor de Educação Física.
• Entender o objeto de referência da disciplina Educação Física no processo de
ensino-aprendizagem.

Plano de Estudo

• A Educação Física como Atividade Física: Mitos e Verdades


• A Busca pela Superação da Prática pela Prática
• A Educação Física como Componente Curricular: Compromissos Pedagógicos
• O Objeto de Referência na Organização e Sistematização dos Conteúdos na
Educação Física Escolar
unidade

I


Na história da sistematização escolar, as disciplinas es- das inúmeras discussões que acalentam o campo da
colares estão presentes como meio de direcionamento Educação Física Escolar (geradas pelos agentes os quais
e organização do caminho a ser percorrido pelo siste- engendram tal área), encontramos, também, como do-
ma educacional. Elas foram criadas com o propósito cumento orientador da prática pedagógica do professor
de disciplinarização e ordem dos conteúdos que eram de Educação Física, a Base Nacional Comum Curricular
ensinados e, com o passar dos anos e com a ampliação – BNCC, documento este contemporâneo que normati-
dos estudos sobre organização curricular, a escola, a za e caracteriza “[...] o conjunto orgânico e progressivo
partir das suas diferentes significações sociais, conti- de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem
nua utilizando das disciplinas com o mesmo sentido: desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Edu-
disciplinarizar e ordenar os conteúdos para efeitos do cação Básica” (BRASIL, 2018, p. 7).
processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, o que pretendemos, a partir desta
Temos observado que, na história, a disciplinariza- unidade, é mostrar um pouco do processo histórico
ção na Educação Física, mais do que ordenar práticas dessa educação e argumentar a favor do entendimento
motoras, também disciplinava corpos; surge, assim, a da Educação Física como um componente curricular
compreensão popular da área em educação do físico. com bases socioculturais e, também, científicas. Assim,
No caso do contexto brasileiro, a inserção da Educação conduzimos os nossos argumentos em direção à pers-
Física na escola, em seu contexto, apresenta finalidades pectiva histórico-cultural de educação e, em decor-
e propósitos bastantes definidos que lembram a discipli- rência dessa perspectiva, estabeleceremos que o nosso
narização das ações motoras e o rendimento esportivo objeto de conhecimento, fonte de organização dos con-
como referência. Romper com essa concepção instituída teúdos para a Educação Física, será a cultura corporal
requer ousadia e coloca o professor em situação de risco, de movimento, isto é, o movimento humano (histori-
porque ele deixará de seguir o manual preestabelecido. camente produzido pela humanidade) com sentido e
Desde a última LDB nº 9.394 – Lei de Diretrizes e significado, uma prática corporal significativa e uma
Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996, on-line), o instância privilegiada para aprendizagens cujos proce-
entendimento da Educação Física no contexto escolar dimentos didático-pedagógicos a caracterizam como
ganha outros contornos conceituais, auxiliando o pro- um dos componentes curriculares, em especial, da área
fessor na ressignificação da compreensão da área e na do conhecimento das Linguagens nas etapas do Ensino
organização do seu plano pedagógico. Hoje, para além Fundamental e do Ensino Médio.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física como Atividade Física:


Mitos e Verdades
A história da educação brasileira e da Educação Física palmente, econômicas, os objetivos da disciplina or-
na escola sempre esteve vinculada a um pensamento ganizaram-se em torno da prática de atividades físicas
orientado pela dimensão social e política de nação que para desenvolver alunos mais rápidos, fortes, hábeis e
se apresentava no momento. Esse pensamento de nação preparados à força de trabalho. Essa forma de pensar
teve a sua origem em formas de reflexão e, também, em a disciplina foi a que mais influenciou a concepção da
ideias europeias (ROMANELLI, 1980; SOARES et al., área nos 50 anos finais do século XX. Esse modelo de
1992). Por isso, a primeira ideia de Educação Física é a pensamento está preconizado no paradigma indus-
seguinte: ela é uma área de atividades físicas. trial, tendo como dimensões normativas a racionali-
Foi a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Edu- dade e a tecnicidade (BERTRAND; VALOIS, 1994).
cação Nacional – LDB, de nº 5.692 (BRASIL, 1971a, Tendo essas dimensões como orientadoras, a escola e
on-line) que a disciplina Educação Física na escola a Educação Física Escolar deviam atender a uma verdade
como atividade física ganhou força, por meio da lega- única definida por especialistas, tecnólogos ou universitá-
lização que a tornou obrigatória nos currículos esco- rios e não pelos docentes ou pela escola. O que se definia o
lares. Inicialmente, com a necessidade de ter os jovens que seria ensinado apresentava uma estrutura hierárqui-
preparados para as demandas socioculturais e, princi- ca a qual devia ser seguida, do mais simples para o mais

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complexo, da parte para o todo, este último era visto como Por ser uma instituição social, a escola visava à reali-
a soma das partes e não a sua inter-relação. zação de determinados fins. Para consegui-los, a institui-
O ensino, nessas dimensões, reduziu-se às for- ção adotava procedimentos que se popularizou chamar de
mas e estratégias de comunicação com destaque à uti- “estratégias pedagógicas”. Estas, também denominadas de
lização cada vez mais sofisticada de tecnologias da tendências pedagógicas, eram permeadas por pressupostos
comunicação. Considerava-se, ainda, que a avaliação da teórico-metodológicos oriundos da forma de conceber o
aprendizagem deveria ser medida pela sua eficácia, de mundo, a educação escolarizada, a dinâmica social etc.
caráter somativo, concebendo como inúteis as ativida- As práticas educativas que acontecem no interior da es-
des as quais envolviam reflexões, análises e abstrações, cola estão estruturadas por meio dos pressupostos de uma
tendo como eficaz a retroação imediata das suas experi- ou outra tendência. A Educação Física brasileira, ao estar in-
ências, ou seja, se fosse útil, seria verdadeiro. serida no contexto escolar por força de lei desde o início dos
Com a orientação dessas dimensões, o objeto de re- anos de 1930, também apresenta, na maioria de suas ações,
ferência para a Educação Física Escolar era o trabalho os pressupostos de tendências educacionais, principalmente
físico corporal, e era, também, o que definia o planeja- aquelas as quais Saviani (1987; 1992) considera não críticas,
mento das aulas, a organização do horário e espaços es- tais como: tradicional, tecnicista e crítico-reprodutivista.
colares de sua efetivação, a divisão de turmas pelo sexo. Observamos que a Educação Física Escolar bra-
Essa divisão com essa forma de pensar Educação Física sileira está fortemente caracterizada, em seu processo
era necessária, pois meninos e meninas apresentam ap- histórico, como área de atividade. Por este motivo, ela
tidão física diferentes e respondem corporalmente de apresenta como conteúdo a ser transmitido apenas as
forma diferente aos esforços a que são solicitados. próprias atividades, e os seus fins e objetivos se confun-
Outra característica do modelo que utilizava o tra- dem com o higienismo e o competitivismo, na tendên-
balho físico-corporal era a distribuição das aulas na se- cia tradicional e tecnicista de educação. Para Castellani
mana, sendo três aulas semanais em dias intercalados, Filho (1988, p. 108), ao se caracterizar como área de ati-
pois era observado um princípio do treinamento físi- vidades, a Educação Física passa a ser entendida como:
co-esportivo que pregava a necessidade de recuperação
física dos praticantes. A ação pedagógica era transfor- [...] ação não expressiva de uma reflexão teórica, ca-
racterizando-se dessa forma, no “fazer pelo fazer” [...]
mada em mera tarefa instrumental, altamente sistemati-
uma mera experiência limitada em si mesma, desti-
zada, organizada em uma rotina mecânica. tuída do exercício da sistematização e compreensão
Ao ser concebida como atividade física, o objetivo do conhecimento, existente apenas empiricamente.
principal desse modelo era preparação de pessoas sadias,
como movimentos eficientes para o mundo do trabalho e, Podemos afirmar que a Educação Física, desde 1971,
com isso, contribuir com o processo de industrialização ao ser expressa na LDB nº 5.692 (BRASIL, 1971a, on-
que se iniciou após 1964. Essa situação retratava um fazer -line) e no Decreto nº 69.450 (BRASIL,1971b, on-line)
pedagógico preocupado em aplicar atividades recreativas apresenta-se e identifica-se como área de atividades e
e/ou ligadas ao desenvolvimento de habilidades físico- sua concepção está fundamentada nos pressupostos da
-motoras de cunho esportivo, muitas vezes, objetivando o pedagogia tecnicista de educação, cujo paradigma e di-
condicionamento físico e a aptidão física (PALMA, 2001). mensões apresentamos anteriormente.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Ainda, atualmente, em muitas situações de aula, encontramos presente, nas ações de professores em sala de
aula, características procedimentais, tais como essas listadas, a seguir, as quais nos permitem essa afirmação:

• Atitudes formais e autoritárias na relação com os alunos.


• Educação Física como cumprimento mecânico e rigoroso do exercício.
• Corpo como objeto a ser melhorado em seu rendimento.
• Aula igual a sessão de aprendizado e treinamento esportivo.
• Incentivo ao sentido individualista e competitivo das relações sociais.
• Educação Física como produto acabado e seu propósito educacional vinculado ao atendimento de neces-
sidades socioeconômicas.
• Movimento gestual codificado (gesto técnico desportivo) como meta para ser efetivado e de acordo com o
modelo da eficiência biomecânica.
• lanejamento da aula organizada por atividade e em dias alternados, pois é orientada pelo princípio do trei-
namento esportivo com graduação de intensidade e esforço, e com duração pré-definida de acordo com
a exigência motora e física.

Tendo esse processo histórico como referência, podemos Educação Física Escolar servia à formação de atletas e
considerar que, no ensino da Educação Física, a atividade que atendia aos propósitos higienistas. Ledo engano!
com fim nela mesma se apresenta fortemente arraigada. No máximo, ela, nessa concepção, estimulou alguns
O mito que queremos demonstrar é que ela, por ser ati- poucos, por suas habilidades constitutivas inatas à práti-
vidade pela atividade, não pode atender às demandas de ca do esporte-performance. No mais, ocupou um espaço
um processo educacional crítico-reflexivo com sentido educacional com práticas isoladas e sem conexão com os
emancipatório. A quebra do mito somente se tornará pos- propósitos educacionais da escola. Para superar o mito de
sível devido aos avanços nos estudos e pesquisas tanto da que a Educação Física na escola formava atletas, a partir do
área da educação quanto da Educação Física. início dos anos 1980, houve uma verdadeira revolução nos
Aqui, é importante refletirmos em que medida essa aspectos pedagógicos atribuídos à Educação Física Escolar
concepção atende aos anseios e necessidades socioedu- (crise), culminando no seu reconhecimento como compo-
cacionais e de que forma, sendo atividade, contempla a nente curricular na LDB nº 9.394 (BRASIL, 1996, on-line).
sua raiz, ou seja, ser um espaço de formação de atletas e A tarefa, contudo, não para por aí, na verdade, ela tem
de condicionamento físico. Nem um, nem outro! início nesse ponto. Precisamos nos preparar, pois temos
Tendo a estrutura física, material e de espaço de muito por fazer para que essa área do conhecimento seja le-
tempo disponibilizada para a escola, essas premissas gítima no processo educacional e social de forma geral. No
não passam de mito, como sempre foram. Adotamos, item seguinte, procuraremos apresentar como a disciplina
por longo período de tempo, o discurso de que a nossa tem buscado superar o modelo pedagógico dominante.

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A Busca pela Superação da


Prática pela Prática
Muitas propostas para o ensino da Educação Física fo- mentada na Psicologia e na relação e interdependência do
ram apresentadas desde os anos de 1980. Todas elas com desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento motor.
intenções nitidamente renovadoras, sempre se posicio- A Educação Física passou a se justificar como educa-
nando na busca por romper, por superar a concepção ção pelo movimento, rompendo com a educação do
e o modelo didático-pedagógico estruturado no ideá- movimento. Assim, o foco principal deixou de ser a exe-
rio da pedagogia tecnicista de Educação e, consequen- cução do movimento, passando para a compreensão dele.
temente, de Educação Física. Essas propostas também Destacamos, também, nessa direção de superação, a Te-
procuraram apresentar uma base teórico-metodológica oria do Comportamento Motor e da Aprendizagem Motora,
cujo objetivo era estruturar o campo epistemológico, denominada Educação Física Desenvolvimentista, que
para que a Educação Física pudesse ser compreendida tem como objetivo o desenvolvimento motor. Outra teoria
como área de conhecimento nos centros universitários. que segue essa mesma preocupação de superação foi deno-
Essas propostas — denominadas abordagens ou teorias minada Educação Física Construtivista, a qual objetiva a
da Educação Física — apresentaram-se com o objetivo compreensão pelo estudante do movimento que ele faz.
de transformação da concepção dessa disciplina escolar. Tendo como premissa que o indivíduo e o seu con-
Inicialmente, um movimento que se destacou por texto sociocultural influenciam-se mutuamente, numa
meio do propósito de superação da prática pela prática interação dialógica e intencional, outras propostas sur-
foi a Psicomotricidade. Esta tem a sua base teórica funda- giram, e as que merecem destaque são: Educação Física
Revolucionária, Crítico-Superadora, Crítico-Social dos

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Conteúdos, Crítico-Emancipatória, Concepções Aber- encontra-se fortemente arraigada no imaginário socio-


tas no Ensino da Educação ou Aulas Abertas, Cultura cultural existente sobre a área.
Corporal de Movimento, Abordagem Sistêmica, Movi- Para além desse entendimento e compromisso pe-
mento Culturalmente Construído. dagógico gerados pela teoria pedagógica que sustenta
Ainda propondo uma ruptura com o modelo redu- a didática do professor de Educação Física, não pode-
cionista e mecânico, o filósofo português Manuel Sérgio, mos esquecer dos direcionamentos elencados pela Base
em 1987, elaborou uma teoria que denominou Teoria da Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018),
Motricidade Humana. A sua proposta tem muita influên- tanto de maneira a potencializar tais indicativos quanto
cia na área acadêmica e no contexto escolar, atualmente. de apontar as suas fragilidades, sobretudo dos conheci-
Aparece, em todas essas propostas, o seguinte: o mo- mentos e saberes que perpassam esse componente cur-
vimento humano, intencional e contextualizado, deve ricular, os quais, por meio do movimento humano, ob-
ser, para a Educação Física Escolar, o seu primeiro re- jeto da cultura corporal de movimento, manifestam-se
ferencial como concepção da área e orientador da or- pelas práticas corporais que constituem a área.
ganização curricular bem como das ações didático-pe- Nessa direção, a Educação Física tem procurado redi-
dagógicas. Dessa forma, esse referencial coloca-se como mensionar a sua identidade na escola e, nesse processo, a
contraponto que questiona as influências das ciências revisão de suas ações no contexto escolar é imprescindível,
biológicas e do esporte no ensino da Educação Física uma vez que a escola se constitui no espaço de maior in-
(PALMA; OLIVEIRA; PALMA, 2010). cidência de manifestações educacionais de uma sociedade.
Outra premissa central dessas propostas é a de que Se espera que a prática pedagógica dos professores
a área deve responder aos anseios e necessidades socio- na escola, estruturada em uma ou outra abordagem, te-
culturais os quais são considerados papel da escola e das nha como fundamento um agir comunicativo e dialógico.
disciplinas escolares: a participação na construção de um Considere o contexto e a sua problematização como es-
cidadão crítico. A intenção dessas propostas é fazer a Edu- paços de diálogo, debates, tensões, reflexões e ressignifi-
cação Física na escola tematizar práticas culturais expres- cações tanto do movimento humano quanto das práticas
sas pelo movimento intencional e, assim, deixe de ser uma corporais originadas desse ser humano de que se fala; que
prática cega, com fim nela mesma, mecânica e ritualística. o ensinar e o aprender, integrados numa síntese superior
Encontramos como bases teóricas de sustentação des- de compreensão, sejam momentos favorecedores de cons-
sas propostas os seguintes fundamentos: a pedagogia hu- truções autônomas e significativas de conhecimentos.
manista, a epistemologia genética, a teoria histórico-cultu- Como exemplo, apresentaremos uma situação a qual
ral e o marxismo. Essas bases não estão juntas em todas as poderá auxiliar você na compreensão dessa forma de pensar.
propostas, mas aparecem ora em uma, ora em outra. Ela não diz respeito a uma aula, em específico, ainda que pos-
Com certeza, tais considerações provocaram e ainda sa ocorrer, mas a um conjunto de aulas ou de momentos or-
provocam uma crise de identidade para a área escolar, ganizados para efeito de ensino-aprendizagem. A situação é:
pois, ao se propor um novo entendimento para a Educa- uma das turmas de 6º ano estudava o conteúdo equi-
ção Física na escola, logo se diz que há rompimento com líbrio corporal como integrante do conjunto de estruturas
a antiga forma de pensar a qual, como já salientamos, perceptivo-motoras que compõem uma habilidade motora.

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No primeiro momento da aula, o professor, como Como quarto momento, ainda visando à consoli-
preparação e introdução ao novo conteúdo, informa aos es- dação e ao aprimoramento, mas com foco na aplicação
tudantes que, como havia dito na aula anterior, o conteúdo dos conhecimentos e se configurando, também, como
a ser estudado seria aquele. Procura saber o que os estudan- momento avaliativo, o professor dá ao grupo a seguinte
tes conhecem sobre o tema; cria situações para eles identi- tarefa: pesquisar no cotidiano e apresentar, na sala, situ-
ficarem aquilo que haviam dito como equilíbrio corporal. ações em que eles encontraram os tipos de equilíbrios
No segundo momento, já como tratamento didáti- estudados. Pede, também, para os alunos proporem jo-
co do conteúdo, o professor utiliza o jogo de amarelinha, gos que apresentem os tipos de equilíbrios e que indi-
possibilitando aos estudantes vivenciarem situações de quem qual deles predomina na maioria das ações. Em
equilíbrios e desequilíbrios corporais, a fim de reconhe- momento oportuno, o professor fará a discussão com
cerem e entenderem a importância do equilíbrio corpo- a sala, tendo como referência os trabalhos feitos pelos
ral durante uma operação motora (ação intencional). estudantes em decorrência das tarefas a eles atribuídas.
As regras do jogo foram decididas pelo grupo. Duran- Observe que a prática aconteceu, mas,
te as passagens pelas casas, o professor fazia a intervenção no exemplo, o jogo “amarelinha” é
solicitando aos estudantes que procurassem analisar as considerado uma “atividade ou
posições as quais eles tomavam para a realização dos sal- estratégia de ensino” para “au-
tos — principalmente quanto à posição dos braços, ponto xiliar” no estudo do conteúdo
de fixação da visão, perna que favorecia a manutenção do proposto, o qual era equilíbrio
equilíbrio — e que procurassem trocar as pernas de apoio corporal. Durante todo tempo,
para fazer a comparação dessa manutenção. o professor buscava contextu-
Muitas crianças desequilibraram-se várias vezes ao alizar a temática e procurava,
tentarem passar pela amarelinha, que deveria ser saltada com os estudantes, os pontos
com uma perna só pelas casas. O professor, que se conside- de relação com o assunto.
ra como portador de atitudes construtivistas em suas aulas, As aulas foram organiza-
aproxima-se delas e diz: “por que, muitas vezes, nós temos das com critérios didáticos
dificuldades em manter o equilíbrio corporal com uma bem definidos e em um conti-
perna só apoiada no solo? Indiquem outras posições nas nuum lógico, tanto das ações
quais o nosso equilíbrio corporal não fique prejudicado”. do professor quanto dos
No terceiro momento, continuando como trata- estudantes. A avaliação, en-
mento didático, mas buscando a consolidação e aprimo- tendida como necessária, é
ramento de conhecimentos dos estudantes, o(a) profes- integrante dos momentos de
sor(a) apresenta os tipos de equilíbrios corporais que o ensino e não uma situação
ser humano desenvolve e procura relacioná-los com os particular, datada para
conhecimentos que os alunos apresentaram no primeiro acontecer e com fina-
momento e com as respostas dadas por eles aos questio- lidade nela mesma.
namentos feitos no segundo momento.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

“Nos últimos anos, o interesse em refletir sobre as teorias da Educação e da Educação Física, a forma como
o ser humano aprende e desenvolve seus conhecimentos tem sido cada vez mais crescente. Este processo é
decorrente da própria história da área da Educação Física no campo educacional que norteou a construção
e reconstrução da sua identidade que, independente do momento histórico, sempre esteve vinculada às
concepções que organizam a vida em sociedade. [...]
O desafio dos professores da área é utilizar sua autonomia para realizar uma investigação científico-peda-
gógica que inclua as multidimensões da realidade, para compreender e operar o real compromisso ‘político’
com nossa sociedade”.
Fonte: Palma, Oliveira e Palma (2010, p. 37-44).

A Educação Física como


Componente Curricular:
Compromissos Pedagógicos
Ao propor um compromisso pedagógico para o ensino da Devemos ter claro que as aulas não podem atender
Educação Física na escola, é necessário compreendê-la, lite- a conteúdos e ações ao acaso, sem propósitos formati-
ralmente, como um componente curricular, considerando-a vos e informativos relacionados. Os alunos não podem
com propósitos educacionais bastantes claros e diferentes da chegar às aulas sem saber o que terão tampouco saírem
tendência/abordagem que predominou quando de sua in- dela sem levar nada. É imperioso que o professor enten-
serção na escola, como observado em seu processo histórico. da essa nova concepção, pois dela depreende a necessi-

17


dade de uma forte fundamentação teórica, organização mentos de ação-reflexão-abstração-ação. A segun-


de objetivos e conteúdos, procedimentos metodológicos da ação, realizada pelo sujeito, já se configura como
integrados e processos avaliativos que fortaleçam essa uma ação pensada e reelaborada a partir das indica-
relação de ensino-aprendizagem. ções extraídas na experiência quando da realização
Os alunos precisam sair das aulas com experiên- da primeira ação. É um processo interativo porque
cias positivas e significativas relacionadas ao mundo coloca pessoas agindo em níveis de relacionamento
motor e também das relações dele com as ações sociais e reciprocidade nos interesses e propósitos. Também
dos cotidianos. Essa posição exigirá do professor uma é propositivo, pois, por meio do diálogo e ação, há
postura profissional engajada bem como comprometi- a sugestão de situações que buscam atender aos in-
da com a escola e com a Educação Física. teresses e às necessidades colocadas. Esse processo
Começaremos destacando que consideramos ne- deve favorecer, também, que o estudante assuma um com-
cessário repensar a relação professor/estudante. Ela prometimento ao tomar consciência de sua historicidade.
deve ser definida e assumida como horizontal (relação Entendemos que a conscientização é a passagem de uma
estudante com estudante) e bilateral (relação estudante consciência puramente natural, espontânea e ingênua para
e professor), mas também é permeada por tensões ge- uma consciência reflexiva; de uma consciência dogmática
radas pelo processo de confrontação do conhecimento para uma consciência crítica (FREIRE, 1979; 2002).
espontâneo e popular dos estudantes com os saberes A conscientização tanto implica quanto consiste num
escolares apresentados pela disciplina. Esse processo contínuo e progressivo desvelamento da realidade. A esse
de confrontação permite trocas, pois, aos delimitarmos processo, o qual resulta em crescimento, podemos dar o
que a relação é dialógica, será o diálogo o mediador de nome de aprendizagem. Fundamentados em Palma, Oli-
todo ato interativo. Assim, ambos, professor e estudante, veira e Palma (2010), adotaremos como premissas para o
assumem muitos compromissos, ainda que apresentem nosso compromisso educacional e didático-pedagógico
necessidades e interesses distintos. no ensino da Educação Física Escolar, o seguinte:
Ao estabelecer que a construção do conhecimen-
• Ao estudante sejam possibilitadas a compreen-
to resulta da interação entre o sujeito que aprende e o são e elucidação crítica da realidade.
meio sociocultural no qual o saber, além de se situar, é • Na adoção do modelo disciplinar da divisão dos
produzido, o professor terá como função a mediação saberes, tratá-los como constitutivos de uma to-
entre eles. Nessa forma de compreensão, o papel do talidade complexa e multidimensional, focando
professor é insubstituível no processo ensino-apren- na interdisciplinaridade.
dizagem, contudo acentua, também, o envolvimento • A totalidade refere-se ao modo de integração
do estudante, o qual participa na busca da verdade, e interatividade das partes e estas devem ser
por meio da confrontação dos seus conhecimentos percebidas conjuntamente e em constante in-
ter-retroatividade.
(espontâneos, imediatos e contextualizados) com os
• O ponto central e orientador do ato educativo
saberes e conteúdos (científicos, organizados e siste-
para a construção do conhecimento está na inte-
matizados) tanto do professor quanto da escola. ração professor-estudante-saberes.
Esse processo, ainda que tenso, é interativo e, ao • A dicotomia professor-estudante deve ser abolida.
mesmo tempo, propositivo, permeado por procedi-

18
EDUCAÇÃO FÍSICA

• O estudante é um sujeito ativo com possibilidade


de vista do aluno quanto da sociedade e dele próprio. Ao
de sempre aprender.
criar tais condições, dialogicamente falando e agindo, o
• Na organização do currículo, o patrimônio cul-
tural, como direito de todos, será referência prin- docente proporcionará aos estudantes situações para su-
cipal à escolha dos saberes que serão ensinados. perarem a consciência ingênua, espontânea, oferecendo
• Adoção da contextualização, interdisciplinarida- a eles, assim, a oportunidade de perceberem as contradi-
de e ludicidade como princípios fundamentais ções da sociedade e do grupo em que vivem.
na organização e desenvolvimento curriculares. Podemos afirmar que tal processo é gerador de
• Consideração da influência mútua do sujeito e tensões entre o novo e o antigo, o geral e o particular, o
do meio na construção do processo educacional. público e o privado, entre o científico e o popular. Essas
• Consideração da aula como encontro de huma- tensões geradoras de perturbações cognitivas provoca-
nos em situação de interatividade.
rão a busca de reequilíbrio, agora, em uma síntese supe-
• Quando o estudante construir um conhecimen-
rior, situação esta que resultará em novas aprendizagens.
to de forma ativa e crítico-reflexiva, a consciên-

O Objeto de
cia dele sobre a realidade será também crítica
• A aprendizagem passa ser um direito e não uma

Referência na
obrigação para o estudante.
• A aprendizagem será uma passagem do conhe-

Organização e
cimento espontâneo e pessoal que o estudante já
possui para um saber mais elaborado e esclarecido.
• A tomada de consciência social está intima-
mente relacionada com a autonomia cognitiva Sistematização dos
Conteúdos na
e a liberdade para pensar
• A fonte de poder e de ação no contexto sociocul-

Educação Física
tural estão vinculados à construção do conheci-
mento realizado de forma ativa e significativa.

Escolar
• A prioridade deve ser, sempre, o ensinar e o
aprender integrados e que, numa síntese supe-
rior de compreensão, sejam momentos favore-
cedores de construções autônomas e significa-
tivas de conhecimentos. Temos evidenciado que a escola, como instituição social,
• A docência é uma ação profissional com compro- tem tarefas as quais lhe são próprias e, dentre elas, desta-
missos sociais, cujo trabalho exige postura ética. ca-se a contribuição com o processo educativo das pes-
• A base da docência se caracteriza como um tra- soas, sendo o fazer desse processo sistematizado, o que
balho intelectual crítico e criativo, nunca espon- remete ao seguinte entendimento: tudo que acontece em
taneísta e/ou descompromissado. seu interior deve ser orientado por esse objetivo, logo,
Consideramos, também, que cabe ao professor, por meio um componente curricular, ao propor os seus conteú-
da orientação, abrir perspectivas ao estudante. No exer- dos para efeito de ensino-aprendizagem, ao organizá-los
cício da mediação, o professor atuará para que os conte- e sequenciá-los, deverá ter enunciado, como objetivo ge-
údos sejam constantemente analisados, tanto do ponto ral, o mesmo que a escola estabelece para si.

19


Por isso, colocamos como necessário compreender a aceito na sociedade a seguinte situação: o que se deve
Educação Física na escola como um componente curricular. ensinar nas escolas precisa originar-se das disciplinas
intelectuais ou formas de conhecimento criadas e siste-
matizadas por uma comunidade de estudiosos que atu-
am, normalmente, em departamentos universitários.
Fatores externos e internos podem ser identificados
“O movimento humano é sempre uma conduta,
como voltar-se a algo para a sua compreen- como responsáveis pelo surgimento ou desaparecimento
são. Consiste sempre em uma totalidade de de disciplinas escolares. De acordo com Chervel (1990),
relações que envolvem situações concretas de os internos relacionam-se às próprias condições de
sentido/significados para quem individual ou trabalho na área; já os externos podem estar relacionados
coletivamente o pratica”. à política educacional ou ao contexto econômico, social e
(Eleanor Kunz) político que determinam as condições de trabalho.

Uma disciplina escolar, ou matéria escolar que tem uma Tanto os fatores internos como os externos de-
pendem de interesses de grupos dominantes
história, possui uma razão de ser para estar no contexto
na sociedade e da forma como veem a educa-
educacional escolarizado. A Educação Física também
ção, as finalidades educacionais específicas da
tem a sua história, como já estudamos, entretanto o que
escola e da sociedade.
estamos a considerar agora é que ela, em sua gênese his-
tórica, construiu e estabeleceu para si conteúdos e sabe-
res que lhes são próprios.
Tal situação nos coloca a seguinte afirmação: no Chervel (1990) destaca a reciprocidade de influências
contexto escolar, esses saberes não são ensinados por entre as disciplinas escolares e a cultura da sociedade,
nenhuma outra área ou matéria. O que pode acontecer pois, quando essas disciplinas objetivam contribuir na
é o estabelecimento de movimentos integradores deno- formação dos alunos, por meio da transmissão dos sabe-
minados, muitas vezes, ações interdisciplinares. res, voltam-se, também, à formação de hábitos, atitudes,
Quando estudamos a história das disciplinas escola- habilidades, valores e convicções. Para nós, isso somente
res, dois autores destacam-se: Chervel (1990) e Goodson será possível pelo ensino de saberes que, na escola, rece-
(1990). Eles consideram que a matéria escolar advém de bem o nome de saberes/conteúdos escolares.
duas perspectivas principais, a sociológica e a filosófi- Adotaremos, com fundamento em Saviani (1992),
ca, sendo por elas derivada e, portanto, organizada. Os a seguinte visão: uma disciplina pode ser caracterizada
autores apontam que as matérias são decorrentes de como um conjunto de saberes organizados para serem
trabalhos e pesquisas acadêmicas ocorridos em um am- ensinados e aprendidos na educação escolar. Esses sa-
biente universitário e, este fato, geralmente, dá créditos beres, quando apreendidos pelos estudantes, tornam-se
a elas, quando analisadas por leigos. Sustentam, ainda, conhecimentos entendidos “[...] como aquilo que adqui-
essa aceitabilidade, discursos provenientes de agências rimos nos livros, nas aulas, nas conversas, mas com o ob-
governamentais ou midiáticas. Por isso, tem sido muito jetivo de alcançar o entendimento da realidade [...]; é a

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

des (saberes) que são próprias da área. Portanto, ela


elucidação da realidade” (LUCKESI, 1991, p. 122). Logo, deve ser considerada como uma matéria escolar
o conteúdo de uma matéria escolar é o conhecimento o que objetiva o ensino de conhecimentos [...] (PAL-
qual ela transmite aos seus alunos. MA; OLIVEIRA; PALMA, 2010, p. 49).
Como já assumimos, a escola e, logo, as matérias es-
colares assumem a responsabilidade de transmitir conhe- Surge a necessidade de delimitarmos qual o referencial
cimentos que se apresentem ao educando como alguma para a organização, sistematização dos conteúdos/sa-
coisa significativa e existencial e “[...] só poderá vir a ser beres dos quais tratará a Educação Física Escolar. Essa
um conhecimento significativo e existencial na vida dos ci- delimitação torna-se imprescindível, pois o professor
dadãos se ele chegar a ser incorporado pela compreensão, terá o seu referencial na organização do planejamento e,
exercitação e utilização criativa” (LUCKESI, 1991, p. 26). também, garantirá a identidade conceitual da disciplina
A respeito dos saberes para serem ensinados na no contexto escolar. Esse referencial é o que nos tornará
Educação Básica, Palma, Oliveira e Palma (2010, p. únicos no ensino desse saber.
49, grifo nosso) destacam: Adotaremos os pressupostos de Palma, Oliveira e
Palma (2010, p. 49) de que a Educação Física “[...] deve
[...] os temas ou assuntos, com os quais os alunos estão ser considerada como uma matéria escolar que objetiva
envolvidos, devem ser vividos por eles como espaços
o ensino de conhecimentos, sendo o movimento cul-
de ação acessíveis ao seu fazer, quer seja prático, quer
seja conceitual. Nesse processo, o que se objetiva é a turalmente construído seu referencial primário”. Para
construção de competências e habilidades de fazer – além desse entendimento, tomaremos como documento
refletir – abstrair - operar do aluno. [...] orientador da sistematização da área a BNCC (Figura 1),
em especial, os conhecimentos e saberes os quais carac-
O conhecimento escolar/saber escolar/conteúdo es- terizam essa disciplina e tornam a Educação Física um
colar é um recorte do conhecimento sistematizado,
produzido historicamente pelas pessoas nas relações
[...] componente curricular que tematiza as práticas
sociais e com a natureza, que passa a ser dosado e se-
corporais em suas diversas formas de codificação e
quenciado para efeitos de ensino-aprendizagem na
significação social, entendidas como manifestações
escola, ao longo de um tempo determinado.
das possibilidades expressivas dos sujeitos, produ-
zidas por diversos grupos sociais no decorrer da
Os conhecimentos sistematizados e ensinados na discipli- história (BRASIL, 2018, p. 213).
na de Educação Física foram produzidos culturalmente ao
longo do tempo e, devido à sua ressignificação promovida
no interior da escola, eles se tornam objetos de ensino.
Quando concebem a Educação Física na escola como
componente curricular, os mesmos autores assumem que:

Ao considerar a Educação Física como matéria do


currículo escolar, entendemos que ela não pode
ter tarefas diferentes dos demais componentes do
contexto, muito embora apresente particularida-

21


Educação Física Escolar

Cultura Corporal de Movimento

Ginástica Esportes
Movimento
Humano
Danças Lutas

Jogos e Brincadeiras Práticas Corporais de Aventura

Figura 1 - Saberes e conhecimentos da Educação Física Escolar / Fonte: os autores

Caro(a) aluno(a), as discussões tecidas ao longo desta


unidade possibilitam que você tenha os conhecimen-
tos prévios para pensar a Educação Física com foco
em inovações e práticas pedagógicas coerentes aos
seus objetivos. Então, vamos aos estudos!

22
considerações finais

A escola, com um papel que lhe é próprio, está inserida em um contexto social dinâmico,
complexo e em constantes transformações. Concebemos que a prática educacional a qual
acontece na escola se concretiza pela realização de todos os envolvidos, principalmente
nas ações dos professores, os quais consideramos como profissionais da docência.
Vimos que tanto aspectos legais quanto necessidades e interesses socioculturais
assumem papéis fundamentais no processo de organização da educação escolarizada
e das áreas de conteúdos que compõem a escola. Uma disciplina escolar, conhecida
como matéria ou conteúdo escolar, também tem esse papel para cumprir, por ser ine-
rente ao processo educacional escolarizado, atendendo, assim, às demandas advindas
do meio externo.
As práticas educativas escolares no interior das disciplinas são denominadas aulas e
sempre são fundamentadas nos pressupostos de uma tendência ou teoria educacional.
Ao professor cabe saber a qual propósito elas atendem quando ele ensina. Vimos, ao
longo da história, que a Educação Física atendeu às várias tendências que têm, subja-
centemente, condicionantes sociais e políticos que se configuram em concepções de
mundo, sociedade e de indivíduo.
Atualmente, a disciplina Educação Física, pelas resoluções do Conselho Nacional de
Educação, em especial, a BNCC, assume o seu espaço e as suas responsabilidades como
um dos componentes curriculares da grande área do conhecimento das Linguagens.
Destacamos, como objetivo geral, a necessidade de a educação desenvolver um ensino
das práticas corporais da cultura corporal de movimento que resulte em aprendizagens
significativas ao educando. Para isso, ela necessitou/necessita ressignificar o seu objeto
de referência na organização dos conteúdos, as suas práticas, fundamentos teóricos e,
principalmente, finalidades socioeducativas.
Essa ressignificação conceitual-prática-atitudinal, entretanto, não se limita aos
espaços escolares da Educação Básica. Estamos certos que essas necessidade e preo-
cupação também acontecem no processo no qual são formados os professores.

23
agora é com você

1. A Educação Física na escola foi entendida, pelo seu processo histórico, como uma área de atividades. Foi
instituída, por força de lei, como obrigatória nos currículos escolares. Inicialmente, com a necessidade de
haver jovens preparados para as demandas socioculturais e econômicas. Assim, os objetivos na disciplina
Educação Física organizaram-se em torno da prática de atividades físicas. Considerando o texto apresen-
tado, responda às questões, a seguir:
a. Qual a principal característica apresentada pela Educação Física, quando centra a sua prática na apli-
cação de atividades físicas?
b. Qual o objetivo que se destacava, quando se propunha que a Educação Física atuasse como uma área
de atividades físicas?
c. Em quais ciências a Educação Física fundamenta-se para a organização das aulas, quando se entende
que ela é um componente curricular como uma área de atividades físicas?

2. As propostas atuais para Educação Física no contexto educacional têm propósitos bastante claros e dife-
rentes da tendência/abordagem que predominou quando da inserção dessa disciplina na escola. Como
observado, algumas proposições já estão em curso. Nesse sentido, responda às questões, a seguir:

a. O que se tem proposto para a Educação Física para que ela supere a abordagem tecnicista predomi-
nante em suas aulas?
b. Qual a característica que a Educação Física deve ter, para a sociedade não a considerar mais uma área
de atividades?
c. Qual o referencial teórico e prático que a Educação Física deve utilizar para a organização das aulas,
quando se entende que ela é componente curricular pertencente à área de Linguagens?

24
leitura complementar

A Educação Física na escola seguiu e segue diferentes orientações na organização de seu planejamento. Um dos pres-
supostos que mais se destaca é a concepção de corpo. O texto indicado, a seguir, foi extraído do Artigo A Constituição
das Teorias Pedagógicas da Educação Física, de autoria do Valter Bracht (1999).

Educação “corporal” no âmbito da educação física

Neste primeiro item, desejamos apresentar as categorias e as problematizações básicas que orientaram nossas refle-
xões sobre o tema. Elas são derivadas de questões como: do ponto de vista educativo, o que tem significado a educação
“corporal”? Que tipo de educação “corporal” a escola e a educação física vêm realizando? Porque surge o interesse pela
educação “corporal” (também na escola) e quais suas determinações sócio-históricas.
A utilização de aspas na expressão educação “corporal” fornece uma pista de uma das questões que pretendemos
colocar. A tradição racionalista ocidental tornou possível falar confortavelmente da possibilidade de uma educação
intelectual, por um lado, e de uma educação física ou corporal, por outro, quando não de uma terceira educação, a
moral – expressão da razão cindida das três críticas de I. Kant, filósofo que, não obstante, segundo Welsch (1988),
preocupou-se intensamente com as mediações entre as diferentes dimensões da racionalidade. Essas educações
teriam alvos, objetos bem distintos: o espiritual ou mental (o intelecto), por um lado, e o corpóreo ou físico, por outro,
resultando da soma a educação integral (educação intelectual, moral e física). É claro, o alvo era ou é o comporta-
mento humano, mas influenciá-lo ou conformá-lo pode ser alcançado pela ação sobre o intelecto e sobre o corpo.
Também na melhor tradição ocidental, a educação “corporal” vai pautar-se pela idéia, culturalmente cristalizada, da
superioridade da esfera mental ou intelectual – a razão como identificadora da dimensão essencial e definidora do
ser humano. O corpo deve servir. O sujeito é sempre razão, ele (o corpo) é sempre objeto; a emancipação é identi-
ficada com a racionalidade da qual o corpo estava, por definição, excluído.
A esse respeito, assim se expressa Santin (1994, p. 13):
A racionalidade foi proclamada como a especificidade exclusiva e única das dimensões humanas. O humano do ho-
mem ficou enclausurado nos limites da racionalidade. Ser racional e ter o uso da razão constituíram-se nos únicos
pressupostos para assegurar os plenos direitos de pertencer à humanidade.
Ou, como afirma Gil (1994) em seu brilhante Monstros, referindo-se à visão de corpo-máquina:
Deu-se uma transferência dos poderes do corpo para o espírito: de nada serve ao corpo estar substancialmente
unido ao espírito (e, assim, tornar-se vivo e indivisível), é este último que define a sua natureza humana. Dora-
vante, o único defeito do corpo é poder levar a alma a enganar-se (p. 169).
Nas teorias do conhecimento da modernidade, que têm sua expressão máxima no chamado método científico (a
ciência moderna), o corpo ou a dimensão corpórea do homem aparece como um elemento perturbador que pre-
cisa ser controlado pelo estabelecimento de um procedimento rigoroso (por exemplo: Francis Bacon e os idola).
Tanto as teorias da construção do conhecimento como as teorias da aprendizagem, com raras exceções, são
desencarnadas – é o intelecto que aprende. Ou então, depois de uma fase de dependência, a inteligência ou a
consciência finalmente se liberta do corpo. Inclusive as teorias sobre aprendizagem motora são em parte cog-
nitivistas. O papel da corporeidade na aprendizagem foi historicamente subestimado, negligenciado. Hoje é in-
teressante perceber um movimento no sentido de recuperar a “dignidade” do corpo ou do corpóreo no que diz

25
leitura complementar

respeito aos processos de aprendizagem. Isso acontece, curiosamente, por intermédio dos desenvolvimentos
nas ciências naturais (ver a respeito Assmann 1996).
Mas claro que esse entendimento de ser humano tem bases concretas na forma como o homem vem produzindo
e reproduzindo a vida. Nesse sentido, o corpo sofre a ação, sofre várias intervenções com a finalidade de adaptá-
-lo às exigências das formas sociais de organização da produção e da reprodução da vida. Alvo das necessidades
produtivas (corpo produtivo), das necessidades sanitárias (corpo “saudável”), das necessidades morais (corpo de-
serotizado), das necessidades de adaptação e controle social (corpo dócil). O déficit de dignidade do corpo vinha
de seu caráter secundário perante a força emancipatória do espírito ou da razão. Mas esse mesmo corpo, assim
produzido historicamente, repunha a necessidade da produção de um discurso que o secundarizava, exatamente
porque causava um certo mal-estar à cultura dominante. Ele precisa, assim, ser alvo de educação, mesmo porque
educação corporal é educação do comportamento que, por sua vez, não é corporal, e sim humano. Educar o com-
portamento corporal é educar o comportamento humano.
Mas vejamos na trajetória das diferentes construções históricas da educação física
(EF) como esse entendimento de corpo e de educação corporal se concretizou. An-
tes é imprescindível fazer uma observação quanto a um equívoco que grassa no
âmbito da educação física. Trata-se do entendimento de que a educação corporal
ou o movimento corporal é atribuição exclusiva da educação física. Sem dúvida, à
educação física é atribuída uma tarefa que envolve as atividades de movimento
que só pode ser corporal, uma vez que humano. No entanto, a educação do
comportamento corporal, porque humano, acontece também em ou-
tras instâncias e em outras disciplinas escolares.
[...] Mas é importante observar que na instituição escolar o termo
disciplina envolve um duplo aspecto: por um lado, a dimensão das
relações hierárquicas, observância de preceitos, normas, da condu-
ta do corpo; por outro, os aspectos do conhecimento propriamen-
te dito. Portanto, a escola promove a “educação corporal”. Nos
dizeres de Faria Filho (1997, p. 52): “Assim como a escola
‘escolarizou’ conhecimentos e práticas sociais,
buscou também apropriar-se de diversas for-
mas do corpo e constituir uma corporeidade
que lhe fosse mais adequada”. Esse aspecto
reveste-se de importância, uma vez que o tra-
tamento do corpo na EF sofre influências externas
da cultura de maneira geral, mas também internas, ou seja,
da própria instituição escolar.
Fonte: Bracht (1999, p. 69-72).

26
material complementar

Título: Complexidade da Educação Física Escolar: Questões Atuais e Desafios para o Futuro
Autores: Renata Osborne, Carlos Alberto Figueiredo da Silva,
Roberto Ferreira dos Santos (org.)
Editora: Lamparina
Sinopse: a Educação Física Escolar enfrenta muitos problemas no contexto educacional
brasileiro e possui diversos desafios para o futuro , por isso, deve ser pensada como
uma disciplina complexa e multifacetada. Essa coletânea de artigos propõe a sua análise de forma holística,
e não de maneira isolada ou alienada. Os autores reunidos nesse livro abordam questões sociais, culturais e
ambientais, perpassando reflexões e discussões sobre a precariedade da infraestrutura da Educação Física
Escolar, o crescimento e o desenvolvimento infantil, a educação integral, a educação inclusiva e inovações
curriculares para a disciplina. Tratam, ainda, de esportes, como o basquetebol, o futebol e o atletismo, da
importância da prática de jogos esportivos com crianças, do potencial educativo das lutas marciais e do lazer
pedagógico. Este é um olhar que busca desconstruir a ideia de uma Educação Física voltada simplesmente
para o incentivo à competitividade e ao chamado “esporte de rendimento”. Isto é, a Educação Física Escolar
deve ser trabalhada em conjunto com outras disciplinas bem como contribuir, de maneira prioritária, para a
formação de crianças e jovens, não apenas na parte física, mas, principalmente, na construção da cidadania.

Título: Em Busca da Formação de Indivíduos Autônomos nas Aulas de Educação Física


Autora: Lusirene Costa Bezerra Duckur
Ano: 2004
Editora: Autores Associados
Sinopse: esta obra apresenta uma discussão a respeito de ferramentas teórico-me-
todológicas para práticas pedagógicas em Educação Física Escolar. Foi realizada uma
análise bibliográfica com referências à reflexão da prática pedagógica que busca a formação de indivíduos
autônomos. O objetivo é discutir caminhos que possam ser percorridos com base em um fazer pedagógico,
tomando, como ponto de partida, o papel da Educação Física no contexto sociocultural, visando a identificar
avanços e possíveis equívocos entre as dimensões da preconização da teoria e a prática propriamente dita.
O livro tenciona colaborar diretamente para a prática pedagógica de inúmeros professores e professoras
que atuam nas escolas, especialmente, os de Educação Física.

27
material complementar

Título: Ser e Ter


Ano: 2002
Sinopse: o documentário mostra a rotina de uma escola no interior da França onde
crianças de várias idades dividem a mesma sala de aula, modelo educativo comum
na região. Além de ressaltar a influência do educador na formação dos alunos, Ser e
Ter abre a mente para as diversas possibilidades de Educação.

O programa Salto para o Futuro é voltado à formação continuada de professores da


Educação Básica e os demais profissionais da Educação. Os seus quadros trazem
reportagens e buscam apresentar boas práticas educacionais nas escolas brasileiras.

28
UNIDADE
II
A EDUCAÇÃO FÍSICA E A
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Dr. Amauri Aparecido BÁssoli Oliveira


Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma
Dr. José Augusto Victoria Palma
Dr. Patric Paludett Flores

Objetivos de Aprendizagem
• Identificar os elementos necessários para a organização curricular da
Educação Física na escola.
• Reconhecer a importância do processo de organização curricular na escola.
• Compreender os aspectos legais da organização curricular na escola e na
Educação Física.
• Conhecer o objeto de referência na organização dos conteúdos da
Educação Física.
• Distinguir as dimensões dos conteúdos no plano de organização curricular
em Educação Física.

Plano de Estudo
• A Criança e o Adolescente que Frequentam o Ensino Fundamental (Anos
Finais) e o Ensino Médio
• As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Física – Ensino
Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio
• A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Física para Ensino
Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio
• A Organização dos Conteúdos para o Ensino Fundamental (Anos Finais) e
Ensino Médio
• Conteúdos Básicos da Educação Física
unidade

II


Quando se pensa em escola e na sua especificidade, que se belecidos pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e
concentra nos processos de ensinar e aprender, logo vem à têm força de lei quando se pensa em organização curri-
mente a forma como tudo isso se organiza. Todo esse pro- cular, uma vez que são resultados do que preconiza a Lei
cesso organizacional denominamos organização curricular. de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN)
As matérias escolares, para garantir sucesso no ensino, (BRASIL, 1996, on-line).
organizam os currículos de acordo com alguns elementos O nosso objeto de referência para a organização cur-
básicos: os papéis e as finalidades da matéria, a forma de ricular dos conteúdos que apresentaremos como sugestão
distribuição dos conteúdos pelas etapas da Educação Bá- nesta unidade e que serão objetos de ensino para a Edu-
sica, a estruturação dos conhecimentos nas modalidades cação Física nos anos finais do Ensino Fundamental e no
de educação, o tempo destinado ao ensino desses saberes, Ensino Médio é o movimento culturalmente construído,
os procedimentos didático-pedagógicos adequados e o isto é, a partir dos indicativos estabelecidos na Base Nacio-
perfil dos estudantes de acordo com as suas idades e os nal Comum Curricular (BRASIL, 2018), o nosso trabalho
níveis em que se encontram matriculados. emergirá do movimento que engendra as práticas corpo-
Nesta unidade, o nosso objetivo será destacar que os rais constituintes da cultura corporal de movimento.
estudantes das séries finais do Ensino Fundamental e os Vale destacar: a BNCC, por mais que seja uma dire-
estudantes do Ensino Médio estão no processo educa- triz norteadora da Educação Básica, não deve ser enca-
cional há algum tempo, o que nos indica que tanto os rada como uma ação engessada e pronta, pelo contrário,
objetivos quanto o conteúdo o qual será objeto de ensino esse documento apenas orienta o caminho dos docentes,
e as respectivas metodologias que deverão ser utilizadas os quais têm autonomia para construir os seus currícu-
ganham contornos de complexidade e aprofundamento. los. Dessa forma, na tentativa de transcender as orienta-
Assim, com essas informações, também precisamos ções da BNCC, a nossa proposta dividirá o tema geral
nos preocupar com os objetivos que se pretende alcan- (movimento) em oito unidades didáticas. Cada uma
çar decorrente da relação pedagógica estabelecida. delas, por ser um conjunto de saberes que se interrela-
A nossa proposta de organização dos conteúdos e cionam, foi dividido em temas, cada um com seus assun-
a sua necessária ação didático-pedagógica seguem os tos singulares. Buscaremos auxiliar a compreensão por
indicadores expressos por Diretrizes Curriculares Na- meio da explicação do que é pensado em cada um dos
cionais (DCNs). Estas diretrizes são documentos esta- assuntos apresentados como tema.

32
EDUCAÇÃO FÍSICA

A Criança e o Adolescente que


Frequentam o Ensino Fundamental
(Anos Finais) e o Ensino Médio
A educação escolar brasileira (gratuita e de qualidade), ga- ção (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutora-
rantida pela família e pelo Estado, tem como inspiração os do). Dentro de todos esses cenários, existem atores com
princípios da liberdade e da solidariedade humana (BRA- sonhos, angústias, expectativas, medos, entre outros fatores
SIL, 1996, on-line). Tal processo possui como finalidade o que perpassam a história de suas vidas durante aquele per-
pleno desenvolvimento dos sujeitos que estão passando curso educacional, os quais são parte do processo forma-
por esse percurso, ao considerar as qualidades que os pre- tivo e que precisam ser conhecidos, compreendidos e (re)
parem ao exercício da cidadania e ao mundo do trabalho. transformados, na tentativa de uma educação a qual traga
No Brasil, a educação escolar configura-se por meio de sentido e significado para todos que ali estão.
dois níveis de ensino e as suas etapas, a saber: Nível da Edu- A partir dessa perspectiva, buscaremos compreender
cação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fun- um pouco mais quem são os sujeitos que fazem parte das
damental e Ensino Médio; e Nível da Educação Superior, etapas as quais estamos estudando em nosso material di-
composta pelos cursos de graduação (licenciatura, bacha- dático, isto é, quem são os educandos dos anos finais do
relado, tecnólogo), programa de residência e pós-gradua- Ensino Fundamental bem como do Ensino Médio. A fim

33


de iniciar, traremos à cena algumas reflexões sobre o pro- Ensino Fundamental, faz-se necessário que o estudante
cesso de transição dos Anos Iniciais (1º ao 5º ano) para os desenvolva novos recursos de pensamento e ação, cons-
Anos Finais (6º ao 9º ano) do Ensino Fundamental. tituindo, assim, um leque mais amplo de saberes que
Ao considerarmos os nove anos do Ensino Funda- possibilitam o entendimento e interpretação de sua rea-
mental, destaca-se que as primeiras séries dos Anos Ini- lidade, fazendo o aluno tornar-se autônomo e protago-
ciais são ministradas por docentes “polivalentes, formados nista da sua própria história (DAVIS et al., 2013).
em Pedagogia ou Normal Superior, ou mesmo no Magis- Esses indicativos citados mantêm-se quando passa-
tério em nível de 2º grau, que interagem durante todo um mos do Ensino Fundamental (Anos Finais) para a etapa do
ano letivo com o mesmo grupo de alunos” (DAVIS et al., Ensino Médio (última etapa da Educação Básica). A pror-
2013, p. 4). Com a troca de ciclo, isto é, com a passagem do rogativa de aprofundamento dos saberes e conhecimentos
5º para o 6º ano, todos os educandos passam a vivenciar trabalhados na etapa anterior precisa ser um dos condicio-
novas experiências dentro do contexto escolar, eventos nantes do caminho que será trilhado ao longo dos três anos
estes que podem ser considerados fatos marcantes, deno- (1º ao 3º ano) constituintes desse período escolar.
tadores de novo tom para o processo educacional. Davis O Ensino Médio precisa ser encarado como um mo-
et al. (2013, p. 4) elencam alguns desses eventos: mento da escolaridade o qual

aumento do número de docentes, interação com busca priorizar ações didático-pedagógicas que
professores especialistas [o docente de Educação viabilizem [...] garantir a permanência dos alunos
Física é um deles], [...] níveis de exigências distin- no meio educacional e as aprendizagens básicas
tos, [...] maior responsabilidade, diferentes estilos de para a vida em sociedade, respondendo às suas de-
organização social e didática da aula etc. Caracterís- mandas e aspirações (SOUSA et al., 2022, p. 2).
ticas que constituem uma organização escolar mais
próxima da estrutura empregada no Ensino Médio. De acordo com o mesmo autor, tal processo precisa ins-
tigar nos estudantes sentido e significado,
Nesse caminho, o ingresso nos Anos Finais do Ensino Fun-
damental e todo o seu percurso são, muitas vezes, caracteri- seja no campo da experiência profissional futura,
na escolha do ensino profissionalizante, nos di-
zados como momentos de ruptura para os estudantes. Estes
recionamentos para o ensino superior ou nas de-
já não se sentem mais crianças, porém, ao mesmo tempo, mandas estabelecidas para atender o mundo do
não ingressaram na fase da adolescência. Assim, estão na trabalho (SOUSA et al., 2022, p. 2).
transição entre o final do período infantil e início da ado-
lescência, compreendendo as idades entre 11 e 14 anos. Sob a ótica de todas essas demandas, vale lembrar as
Mansutti et al. (2007, p. 29) destacam que “criar con- aprendizagens que são geradas dentro dessa etapa, ao
dições para que os alunos aprendam a estudar e sejam se somarem com aquelas já constituídas ao longo do
cada vez mais capazes de fazê-lo com autonomia é uma percurso da Educação Básica, também precisam estar
das prioridades do ciclo II (Anos Finais do Ensino Fun- ligadas às relações intra/interpessoais postas em nossa
damental)”. A fim de ampliar e aprofundar os conheci- sociedade contemporânea, a fim de impulsionar a com-
mentos e qualidades apresentados nos Anos Iniciais do preensão dos direitos e deveres que são desprendidos no
dia a dia de uma comunidade.

34
EDUCAÇÃO FÍSICA

É no Ensino Médio que encontramos muitos jovens an- ORGANIZAÇÃO DOS OBJETIVOS PARA
gustiados/ansiosos para decidir quais os rumos que to- A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO
marão em suas vidas, fora aqueles (muitos) que já com- FUNDAMENTAL (ANOS FINAIS)
partilham com o estudo as obrigações/tarefas as quais E ENSINO MÉDIO
emergem do mundo do trabalho. É aqui que percebe-
mos o quanto precisamos falar sobre juventude, cida- Por se tratar de um grupo de pessoas que já passou cinco
dania, responsabilidade, sociedade, proletariado, opor- anos ou mais no processo educacional escolarizado, os es-
tunidade, inclusão, motivação, entre outros temas que tudantes, nos objetivos para a Educação Física, deverão ter
perpassam a vida desses sujeitos, de modo a marcar as as suas experiências de aprendizagem consideradas. O pro-
suas experiências de maneira positiva ou negativa. fessor também deverá considerar que os Anos Finais do
Na Educação Física, de maneira geral, tanto nos Ensino Fundamental são um continuum dos Anos Iniciais.
Anos Finais do Ensino Fundamental como no Ensino Indicamos, para a organização dos objetivos, que se-
Médio, encontramos pessoas que querem ou que ain- jam observadas a complexidade do que será ensinado, a
da precisam ser motivadas a se envolver com a cultura sua contemporaneidade e a relação dessas com o coti-
corporal de movimento, de forma a conhecer os seus diano do estudante, portanto, a contextualização dessas
corpos, potencialidades e limites por meio do movi- aprendizagens. O professor deve colocar os conheci-
mento humano, construindo inferências dos conheci- mentos em situação para que, dessa forma, as aprendiza-
mentos da área junto com a sua realidade fora dos mu- gens adquiram sentido junto aos estudantes.
ros da escola. Logicamente, não é uma tarefa fácil, por Palma et al. (2010, p. 20) consideram o seguinte: [...] as
isso, ela precisa ser encarada como uma ação complexa, aprendizagens são os objetivos do desenvolvimento curri-
desafiadora e, principalmente, coletiva. cular [...]”, e que aprender, tendo o contexto como ponto de
A partir dessa perspectiva, todas as características, referência, em uma situação de educação escolarizada é a:
biológicas, fisiológicas, físicas, emocionais, sociais e cogni-
tivas dessa fase devem ser consideradas pelos professores [...] reelaboração, reconstrução e recriação, de for-
ma ativa e crítica, de um conhecimento/saber pelo
no momento de construir as práticas pedagógicas. Elas
aluno, quando este estabelece uma constante inte-
terão muita influência no momento da aprendizagem, o ração com o meio. [...] implica processos próprios,
que tornará o professor mais preocupado em organizar individuais, de elaboração e reelaboração, de cons-
um ensino adequado para atingir os objetivos da escola. trução e reconstrução, de criação e recriação de um
Várias teorias nos oferecem fundamentos sobre conhecimento de forma ativa e crítica (PALMA;
OLIVEIRA; PALMA, 2010, p. 20).
o processo de desenvolvimento do ser humano e, no
nosso caso, em especial, fundamentos ao processo
educacional escolarizado. Evidenciamos que o ato de aprender é próprio do ser
humano. Aprender passa a ser a condição de analisar,
relacionar e contextualizar os objetos do conhecimento

35


[...] os objetivos de uma disciplina escolar devem ser


que, no caso da escola, são os conteúdos escolares com a originados pelos objetivos definidos pelo sistema edu-
estrutura cognitiva da pessoa. cacional escolarizado. O que não se trata de copiar ou
inventar objetivos, mas defini-los em função de pres-
[...] os objetivos pertinentes ao processo ensino- supostos ontológicos, epistemológicos e gnosiológicos
-aprendizagem são antecipações de resultados e de (PALMA; OLIVEIRA; PALMA, 2010, p. 59).
processos que se espera alcançar com as situações
de ensino-aprendizagem que acontecem na rela-
ção pedagógica. São pontos de partida, indicando Aqui, apresentaremos, como sugestão, uma proposta de
premissas gerais (LIBÂNEO, 1994 apud PALMA; organização curricular. Nela, os objetivos gerais, como
OLIVEIRA; PALMA, 2010, p. 59). antecipação dos resultados, tornam-se fundamentais.
Adotaremos, como orientadores nessa proposta,
Outra indicação importante é sobre os enunciados dos uma adaptação dos objetivos gerais docentes enuncia-
objetivos. Eles devem conter orientações mínimas e ne- dos por Palma et al. (2010). São eles:
cessárias para a relação pedagógica, sendo que:

UNIDADE DIDÁTICA OBJETIVOS


Ampliar os conhecimentos sobre o movimentar-se, estudando as estruturas físico-
CORPOREIDADE -anatômicas envolvidas no movimento, as reações orgânicas às atividades e com
possibilidades diferentes de ação.
Reconhecer os jogos como integrantes do repertório cultural de movimentos, por
JOGOS E BRINCADEIRAS
meio do estudo e da vivência de diversas formas e modalidades.
Reconhecer os esportes como integrantes do repertório cultural de movimentos, por
ESPORTE
meio do estudo e da vivência de diversas formas e modalidades.
Ampliar os conhecimentos sobre as formas de expressões rítmico-culturais do mo-
EXPRESSÃO E RITMO vimento, reconhecendo e respeitando as características de cada uma delas, o que
fortalece a convivência social.
EDUCAÇÃO PARA A Estabelecer relação entre movimento humano e saúde, compreendendo a importân-
SAÚDE cia da atividade física na adoção de um estilo de vida ativo.
Compreender a ginástica no contexto das práticas culturais e corporais, caracteri-
GINÁSTICA zando a sua origem e os seus objetivos, por meio do estudo e da prática de seus
diversos tipos e formas de manifestação.
Compreender as lutas no contexto das práticas culturais e corporais, identificando
LUTAS aquelas que estão presentes na cultura brasileira, além de estabelecer a diferença
entre lutas, artes marciais e brigas.
Compreender, conceituar e caracterizar as práticas corporais de aventura como inte-
PRÁTICAS CORPORAIS DE
grantes da cultura, estudando e praticando os tipos mais adequados ao seu contex-
AVENTURA
to tanto na natureza como no meio urbano.
Quadro 1 - Exemplos de objetivos para o ensino da Educação Física a partir das unidades didáticas / Fonte: adaptado de Palma et al. (2010).

36
EDUCAÇÃO FÍSICA

Como parte integrante da cultura, as práticas corporais que denominamos objetivos. Estes, como antecipação
têm um papel a cumprir no contexto escolar. No quadro de resultados e indicação de processos a serem adotados
anterior, procuramos destacar que cada uma dessas prá- para o ensino, constituem-se peça fundamental na orga-
ticas assumirá, juntamente com a escola, um propósito nização curricular.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para


a Educação Física – Ensino Fundamental
(Anos Finais) e Ensino Médio
Em 1996, no Brasil, foi promulgada a Lei n° 9.394, a qual No parágrafo primeiro do art. 9º da Lei nº 9.394,
estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional fica determinado que, na estrutura educacional bra-
(BRASIL, 1996, on-line). Essa lei revogou a anterior, a nº sileira, há de se ter o Conselho Nacional de Educa-
5.692, de 1971. Contudo, como a maioria das legislações, ção (CNE) com funções normativas e de supervisão
a LDB teve alguns parágrafos alterados pela Lei nº 13.415, (BRASIL, 1996, on-line).
de 16 de fevereiro de 2017 (BRASIL, 2017, on-line).

A Lei nº 9.394 também define a necessidade de diretrizes para as modalidades de Educação Básica: Educa-
ção no Campo, a Educação Indígena, a Quilombola, Educação Especial, para Jovens e Adultos em Situação
de Privação de Liberdade nos estabelecimentos penais, para a Educação Profissional Técnica de Nível
Médio, para a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Ambiental, a Educação em Direitos Humanos e
para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

Ainda, o item IV do art. 9º define a necessidade do Educação Infantil quanto para o Ensino Fundamental
estabelecimento de diretrizes para todas as etapas da de nove anos e, também, para o Ensino Médio.
educação básica: Educação Infantil, Ensino Fundamen- No Ensino Fundamental de nove anos, temos a
tal e Médio (BRASIL, 1996, on-line). Essas diretrizes te- Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010 (BRASIL,
rão como função nortear as construção, implementação 2010a). Para o Ensino Médio, o CNE definiu as Dire-
e avaliação dos currículos e seus conteúdos mínimos, de trizes Curriculares Nacionais pela Resolução nº 2, de
modo a assegurar a formação básica comum. 30 de janeiro 2012 (BRASIL, 2012). Ambas não foram
Dessa forma, o CNE promulgou resoluções que alteradas pela Lei nº 13.415 de 2017; elas e suas res-
definem as Diretrizes da Educação Básica, tanto para a pectivas diretrizes estão articuladas com as Diretrizes

37


LDB que integram as áreas de conhecimento são


Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Bási- os referentes a:
ca — Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010 (BRA-
I - Linguagens:
SIL, 2010b) — e reúnem princípios, fundamentos e
procedimentos que deverão orientar a elaboração, o a) [...];
planejamento, a implementação e avaliação dos Pro- b) [...];
jetos Pedagógicos das escolas.
Apresentaremos, resumidamente, o que essas resolu- c) [...];
ções abordam no ensino da Educação Física nos dois ní- d) [...];
veis: Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio.
A Educação Física na LDB nº 9.394 (BRASIL, 1996, e) Educação Física.
on-line) define a Educação Física como componente
curricular obrigatório. Nessas resoluções, ampliando Como forma de justificar os objetivos bem como
o entendimento de componente curricular, ela é consi- os conteúdos preconizados e anunciados por nós,
derada integrante do currículo como área de conheci- nesta unidade, para o ensino da Educação Física na
mento, um conteúdo curricular pertencente à área de Educação Básica, veremos, a seguir, de qual modo
Linguagens, como descreve o art. 15 da Resolução nº 7 as resoluções em destaque consideram a escola.
CNE/CEB (BRASIL, 2010a, p. 4):
A) NO NÍVEL FUNDAMENTAL
Art. 15. Os componentes curriculares obrigatórios
do Ensino Fundamental serão assim organizados Art. 4º [...] Parágrafo único. As escolas que ministram
em relação às áreas de conhecimento: esse ensino deverão trabalhar considerando essa etapa
da educação como aquela capaz de assegurar a cada um
I – Linguagens:
e a todos o acesso ao conhecimento e aos elementos da
a) Língua Portuguesa; cultura imprescindíveis para o seu desenvolvimento
pessoal e para a vida em sociedade, assim como os be-
b) Língua Materna, para populações indígenas;
nefícios de uma formação comum, independentemen-
c) Língua Estrangeira moderna; te da grande diversidade da população escolar e das
demandas sociais (BRASIL, 2010a, p. 1, grifo nosso).
d) Arte; e
e) Educação Física. Reforça esse conceito a Reso- Destacamos que, com o intuito de atender essa concep-
lução nº 2 CNE/CEB (BRASIL, 2012, p. 2-3): ção de escola e de seu papel na sociedade, a Educação
Física elencará princípios educativos gerais que serão
Reforça esse conceito a Resolução nº 2 CNE/CEB (BRA- identificados como objetivos de aprendizagem, cujo
SIL, 2012, p. 2-3): foco está na introdução do estudante na sociedade como
Art. 8º. O currículo é organizado em áreas de co- sujeito cultural pelo acesso aos bens culturais disponí-
nhecimento, a saber: veis. Assim, as formas culturais cujo movimento é o ele-
I - Linguagens; mento essencial em sua manifestação serão os saberes
Parágrafo único. Em termos operacionais, os com- que terão destaque na organização do ensino.
ponentes curriculares obrigatórios decorrentes da

38
EDUCAÇÃO FÍSICA

B) NO NÍVEL MÉDIO

Art. 4º. As unidades escolares que ministram esta


etapa da Educação Básica devem estruturar seus A Base Nacional
Comum Curricular
projetos políticos-pedagógicos considerando as
finalidades previstas na Lei nº 9.394/96 (Lei de Di-
retrizes e Bases da Educação Nacional):

I - a consolidação e o aprofundamento dos co-


(Bncc) da Educação
nhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental,
possibilitando o prosseguimento de estudos;
Física Para Ensino
§ 4º A cultura é conceituada como o processo de
Fundamental
produção de expressões materiais, símbolos, repre-
sentações e significados que correspondem a valores
(Anos Finais) e
éticos, políticos e estéticos que orientam as normas
de conduta de uma sociedade [...] Art. 6º O currícu- Ensino Médio
lo é conceituado como a proposta de ação educativa
constituída pela seleção de conhecimentos cons- Em 1996, A LDB nº 9.394 (BRASIL, 1996, on-line),
truídos pela sociedade expressando-se por práti-
cas escolares que se desdobram em torno de conhe-
como lei maior da educação nacional, foi promulgada
cimentos relevantes e pertinentes, permeadas pelas para que o país tivesse um referencial legal no momento
relações sociais, articulando vivências e saberes dos de se pensar a escola brasileira. Essa lei fixa padrões mí-
estudantes e contribuindo para o desenvolvimento nimos de referências quando há a organização dos cur-
de suas identidades e condições cognitivas e sócio-
rículos escolares. Dessa forma, ela estabelece o seguinte:
-afetivas (BRASIL, 2012, p. 1-2, grifo nosso).

A Educação Física no Ensino Médio deverá considerar essa Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e
médio devem ter uma base nacional comum, a ser
etapa, também, como uma etapa de aprofundamento e con-
complementada, em cada sistema de ensino e es-
solidação da aprendizagem. Destacamos, aqui: no enuncia- tabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
do dos objetivos, a ênfase será a preparação do estudante exigida pelas características regionais e locais da
para assumir o seu papel na sua sociedade como protago- sociedade, da cultura, da economia e da clientela
nista comunitário. Logo, nesta etapa, as formas culturais de (BRASIL, 1996, on-line).

manifestação do movimento, quando se tornam objeto de


ensino, terão uma dimensão mais aprofundada de estudo. É neste artigo, no parágrafo 3º, que a Educação Física é
Essas resoluções compõem parte da organização po- citada como componente curricular. A BNCC a qual se
lítica e didático-pedagógica da escola brasileira. Toda es- refere a LDB nº 9.394 (BRASIL, 1996, on-line) também é
cola pertencente a qualquer sistema de ensino — público referenciada na Lei nº 13.005, de 25 junho de 2014, que
ou particular — tem de seguir as orientações delas. aprovou o PNE, ou seja, o Plano Nacional de Educação
Apresentaremos, no item seguinte, os pressupostos para (BRASIL, 2014, on-line). O PNE tem várias metas e, em
a Educação Física que constam na BNCC (BRASIL, 2018) . algumas delas, a BNCC mereceu destaque:

39


Meta 2.2) pactuar entre União, Estados, Distri- [a] primeira versão da BNCC recebeu [...] críti-
to Federal e Municípios, no âmbito da instância cas tanto de conservadores, que compreendiam
permanente de que trata o § 5º do art. 7º desta o texto [...] aquém do ideal para transmissão de
Lei, a implantação dos direitos e objetivos de conhecimentos, quanto de progressistas, que es-
aprendizagem e desenvolvimento que confi- peravam [...] maior engajamento político do do-
gurarão a base nacional comum curricular do cumento (SANTOS; FUZII, 2019, p. 339).
ensino fundamental [...]Meta 3.3) pactuar entre
União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
no âmbito da instância permanente de que tra- Sobre a segunda versão do documento, Neira e Souza
ta o § 5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos Júnior (2016) apontam que essa se mostrava mais demo-
direitos e objetivos de aprendizagem e desen-
crática, em especial, pela forma como foi construída, uma
volvimento que configurarão a base nacional
comum curricular do ensino médio [...] Meta vez que se dispôs, pelo portal da BNCC, receber suges-
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactua- tões e contribuições da comunidade brasileira bem como
ção interfederativa, diretrizes pedagógicas para encarou ideais e descrições de maneira menos injusta,
a educação básica e a base nacional comum dos
menos desigual, mais inclusiva em cada parte do docu-
currículos, com direitos e objetivos de apren-
dizagem e desenvolvimento dos (as) alunos mento (princípios éticos, políticos e estéticos de encontro
(as) para cada ano do ensino fundamental e a diversidade, pluralidade, questão de gênero, classe etc.).
médio, respeitada a diversidade regional, estadu- Na versão final, nota-se que tal documento busca fa-
al e local (BRASIL, 2014, on-line, grifo nosso).
zer menção aos indicadores citados anteriormente, inse-
rindo o desenvolvimento de competências no lugar dos
Um grande movimento nacional foi desencadeado no direitos de aprendizagem e desenvolvimento (NEIRA,
ano de 2017. Foi apresentada ao CNE a Base Nacional 2017). Sobre tal questão, fica evidente o enfoque cogniti-
Comum Curricular para a Educação Básica, mas ape- vista e instrumental atrelado à BNCC, ao incorporar “o es-
nas em relação à Educação Infantil e ao Ensino Funda- vaziamento crítico e democratizante para dar lugar a uma
mental. Para o Ensino Médio, tal processo ocorreu em formação instrumental alinhada aos ditames do mercado”
2018, fato provocado pela Lei nº 13.415 de 2017, a qual (NEIRA, 2017, p. 5). Tal fato mostra-se um retrocesso à
alterou a LDB nº 9.394 de 1996, e teve, como destaque, Educação Básica brasileira, o que inclui a Educação Física
a reformulação do Ensino Médio. e os seus desdobramentos dentro desse nível educacional.
Antes de ser promulgada essa versão final, no entan- Por isso, lembre-se, sempre, de ficar atento(a) aos dis-
to, o documento passou por duas versões anteriores, as positivos legais que interferem direta ou indiretamente na
quais foram elaboradas por olhares diferentes e a partir de nossa profissão, os quais estão em vigor ou em discussão,
características diversas, pois essas versões contaram com sem esquecer de trazer para o debate as potencialidades e
discussões e críticas de toda a sociedade. Nesse sentido, fragilidades do processo educativo, o qual constitui o nos-
so fazer pedagógico no chão da escola.

40
EDUCAÇÃO FÍSICA

O art. 26 da LDB nº 9.394/1996 foi modificado pela Lei nº 10.793, de 1º de dezembro de 2003, contudo
manteve a definição de Educação Física como “componente curricular”. Também na Lei nº 13.415, de 16
de fevereiro de 2017, a Educação Física é mantida como componente curricular obrigatório na BNCC para
o Ensino Médio, enquanto na Resolução CNE-CEB nº 2/2012, que não foi alterada, é reconhecida, ainda,
como conhecimento na área de Linguagens.

Precisamos conhecer e contextualizar como a versão Sobre a sua organização, no ciclo dos Anos Finais do
final da BNCC apresenta os direcionamentos da Edu- Ensino Fundamental, os componentes curriculares
cação Física tanto para a etapa dos Anos Finais do En- dessa área devem ampliar, de maneira mais reflexiva e
sino Fundamental quanto para o Ensino Médio. Nesse crítica, os conhecimentos e aprendizagem abordados
sentido, te convidamos, caro(a) aluno(a), a acompa- nos Anos Iniciais, pois os estudantes que se encon-
nhar, com atenção, as próximas linhas! tram matriculados nesses anos têm mais capacidade
No Ensino Fundamental, em atendimento à Resolu- de abstração. Sendo assim, tal processo deve ser enca-
ção CNE-CEB nº 7 (BRASIL, 2010a,) a Educação Física rado no componente curricular da Educação Física.
configura-se como um dos componentes curriculares Vale ressaltar que a Educação Física, segundo a
(junto com a Língua Portuguesa, Arte e Língua Inglesa) BNCC (BRASIL, 2018, p. 213), tem como finalidade
que engendram os conhecimentos caracterizadores da
área de Linguagens. Sobre essa área, a BNCC (BRASIL, [tematizar] as práticas corporais em suas diver-
sas formas de codificação e significação social,
2018) destaca o fato de as diferentes linguagens (verbal,
entendidas como manifestações das possibili-
corporal, visual, sonora e digital) serem ações mediadoras dades expressivas dos sujeitos, produzidas por
das atividades humanas oriundas das práticas sociais que diversos grupos sociais no decorrer da história.
constituem a nossa sociedade de hoje.
Nessa perspectiva, o movimento humano está sem-
[É] por meio dessas práticas, [que] as pessoas pre submerso na esfera da cultura e não pode ser li-
interagem consigo mesmas e com os outros,
mitado a um gesto/deslocamento espaço-temporal
constituindo-se como sujeitos sociais. Nes-
sas interações, estão imbricados conhecimen- de um corpo ou segmento dele.
tos, atitudes e valores culturais, morais e éti- A temática central, para efeito de ensino-apren-
cos [...]. [A ideia principal] é possibilitar aos dizagem, são as práticas corporais tematizadas
estudantes participar de práticas de linguagem como um conjunto de conhecimentos, em suas
diversificadas, que lhes permitam ampliar suas ca-
pacidades expressivas em manifestações artísticas,
diversas codificações, expressas culturalmente em
corporais e linguísticas [...] (BRASIL, 2018, p. 63). seis unidades temáticas (Quadro 2), as quais pos-
suem objetos de aprendizagem.

41


UNIDADE TEMÁTICA CARACTERIZAÇÃO


Atividades voluntárias exercidas dentro de determinados limites de tempo
e espaço, caracterizadas pela criação e alteração de regras, pela obediência
BRINCADEIRAS E JOGOS
de cada participante ao que foi combinado coletivamente bem como pela
apreciação do ato de brincar em si.
Caracterizam-se por serem orientados pela comparação de determinado
desempenho entre indivíduos ou grupos (adversários) regido por um con-
junto de regras formais, institucionalizadas por organizações (associações,
ESPORTES
federações e confederações esportivas), as quais definem as normas de dis-
puta e promovem o desenvolvimento das modalidades em todos os níveis
de competição.
Focalizam as disputas corporais, nas quais os participantes empregam
técnicas, táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar,
LUTAS
atingir ou excluir o oponente de determinado espaço, combinando ações
de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário.
Exploram expressões e formas de experimentação corporal centradas nas
PRÁTICAS CORPORAIS DE AVEN-
perícias e proezas provocadas pelas situações de imprevisibilidade que se
TURA
apresentam quando o praticante interage com um ambiente desafiador.
Explora o conjunto das práticas corporais caracterizadas por movimentos
DANÇAS rítmicos organizados em passos e evoluções específicas, muitas vezes, tam-
bém, integradas a coreografias.
Propostas práticas com formas de organização e significados diferentes. Carac-
GINÁSTICAS terizam-se a partir da seguinte classificação: (a) ginástica geral/para todos; (b)
ginásticas de condicionamento físico; (c) ginásticas de conscientização corporal.

Quadro 2 - Unidades temáticas da Educação Física a partir da BNCC / Fonte: adaptado de Brasil (2018).

Nesse caminho, ao respeitar as inúmeras formas de or- de precisão; c) esporte de rede e parede; d) esporte de
ganização dos conhecimentos da educação escolar, cada combate; e) esporte de campo e taco; f) esporte técni-
unidade temática define um arranjo de objetos de co- co-combinatório; g) esporte de invasão.
nhecimento (com suas habilidades), os quais deverão Ainda sobre esse processo de tematização, como
ser abordados ao longo do Ensino Fundamental (Anos conhecimentos organizados e disponíveis no rol do
Finais) bem como precisam ser adequados às especifici- patrimônio sociocultural, cada unidade temática tem
dades do componente curricular (BRASIL, 2018). oito dimensões de conhecimento (Figura 1), sem atri-
Como um exemplo de objeto de aprendizagem buição de juízo de valor que estabeleça hierarquia ou
da Educação Física, na unidade temática dos esportes, surgimento no momento do ensinar-aprender.
podemos encontrar: a) esporte de marca; b) esporte

42
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 1 - Dimensões do conhecimento a partir da BNCC / Fonte: os autores.

A respeito do Ensino Médio, destacamos que muitas Pois bem! Com as novas orientações promulga-
foram as mudanças curriculares ocasionadas pela refor- das pelas diretrizes atuais, a formação integral do es-
ma dessa etapa, dentre elas, o aumento da carga horária tudante passa a ser o eixo do processo educacional.
total dos três anos e a diminuição da carga horária dos Os currículos precisam voltar os seus olhares para a
objetos de aprendizagem que compõem alguns compo- construção de um projeto de vida e para a formação
nentes curriculares, mudanças as quais foram inseridas e nas dimensões físicas, cognitivas e socioemocionais
implementadas na BNCC que trata dessa etapa. dos sujeitos inseridos nessa fase (SOUSA et al., 2022).
Vale lembrar que a Educação Física quase perdeu o A fim de atender tal processo, o currículo deve ser
seu espaço no Ensino Médio (só não saímos dessa etapa composto de itinerários formativos (Figura 2), os quais
porque as áreas do conhecimento se mantiveram no novo são estruturados a partir da oferta de diversos arranjos
currículo), deixando o alerta para a nossa área e, em es- curriculares — considerando a relevância ao contexto
pecial, a necessidade de mostrarmos o nosso verdadeiro local e a possibilidade dos sistemas de ensino — bem
papel frente à educação brasileira, caso contrário, estamos como pela caracterização de saberes que engendram as
fadados a sermos esquecidos dentro do cenário escolar. áreas de conhecimento (BRASIL, 2018).

43


Figura 2 - Estrutura do currículo do Ensino Médio / Fonte: os autores.

A partir da Figura 2, identificamos todos os itinerários no Médio têm possibilidades de abstração e compreensão
formativos que constituem o currículo do Ensino Médio, alargadas, além de diferentes formas de acesso às fontes
identificando, na área das Linguagens e Suas Tecnologias, de informações. Portanto, destacamos, aqui, a necessidade
a Educação Física como um dos seus componentes cur- de aprofundamento e complexificação dos conteúdos a
riculares. A respeito da forma como a Educação Física se serem ensinados/aprendidos na Educação Física Escolar.
apresenta no Ensino Médio, as unidades temáticas apre- No próximo tópico, quando tratarmos da organização
sentadas na etapa anterior são retomadas, de maneira dos conteúdos, essa indicação se fará presente. No entanto
integrada, da cultura corporal de movimento na área de vale lembrar que os caminhos/conhecimentos retratados
Linguagens e Suas Tecnologias, a ponto de serem apro- na BNCC servem como indicativos para a construção
fundadas e ampliadas, com indicativos de criação de curricular dos estados, Distrito Federal e municípios cons-
oportunidades de “inter-relações entre as representações tituintes do nosso país. Para além desse movimento, cada
e os saberes vinculados às práticas corporais, em diálogo escola precisa levar em consideração, na organização de
constante com o patrimônio cultural e as diferentes esfe- seus currículos, os seus aspectos culturais regionais/locais.
ras/campos de atividade humana” (BRASIL, 2018, p. 475). A Educação Física não deve fugir a essa regra, por
Nesse caminho, conforme o desenvolvimento da isso, apresentamos uma proposta cujo norte são as
criança e do adolescente, o estudante das séries que com- orientações prescritas na BNCC, mas, de certa forma,
preendem os Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensi- esse norte transcende esse documento a partir do nosso
entendimento de unidade didática.

44
EDUCAÇÃO FÍSICA

A Organização às demandas colocadas pelos objetivos educacionais


do Projeto Político Pedagógico da escola.
dos Conteúdos A Educação Física como componente curricular,

para o Ensino
aqui entendida como disciplina escolar, possui um con-
junto de saberes que lhe são próprios e os quais, na sua

Fundamental
sistematização em unidades didáticas, passam a receber
a denominação saberes escolares (SAVIANI, 1992).

(Anos Finais) As unidades didáticas são o conjunto de temas


inter-relacionados que compõem o plano de ensino.

e Ensino Médio Cada unidade contém um tema central do programa


detalhado em tópicos (LIBÂNEO, 2009). O mesmo
autor ainda considera que:
Caro(a) aluno(a), pensar na estruturação do currículo
da Educação Física para as etapas do Ensino Funda- [...] uma unidade didática tem como caracterís-
ticas: formar um todo homogêneo em torno de
mental (Anos Finais) e Ensino Médio perpassa a identi-
uma ideia central; ter relação significativa entre
ficação do nosso objeto de referência para a organização os tópicos a fim de facilitar o estudo; ter caráter de
e sistematização dos conteúdos que fazem parte desse relevância social, no sentido de que os conteúdos
universo: o movimento culturalmente construído. Esse se tornem vivos, na experiência social concreta dos
objeto de referência será o nosso objeto de ensino, sendo alunos (LIBÂNEO, 2009, p. 234).
assim entendido como conteúdo e aquilo o qual orienta-
rá a organização de nosso plano geral de ensino. As unidades didáticas propostas para o Ensino Fun-
Os conteúdos devem ser entendidos como aquilo que damental (Anos Finais) e Ensino Médio, decorrentes do
se pretende ensinar e aquilo que se espera ser aprendido objeto de referência, estão assim denominadas:
pelo estudante. Nesse sentido, lembre-se: quando se propõe
• Corporeidade.
um conjunto de saberes como objeto de ensino (conteú-
• Expressão e ritmo.
dos), um dos procedimentos que deve ter prioridade é a
• Esporte.
coerência com os objetivos educacionais. Decorrente disso,
• Jogos e brincadeiras.
colocar a Educação Física no status de componente cur-
• Práticas corporais de aventura.
ricular na escola é colocá-la a serviço de um projeto edu-
• Educação para a saúde.
cacional transcendente aos propósitos exclusivos da área.
• Ginástica.
Nosso objeto de referência para a organização
• Lutas.
dos conteúdos, como já mencionamos, é o movimen-
to culturalmente construído. Entendemos que, assim, Cada unidade didática foi dividida em tópicos de-
teremos a garantia de a Educação Física ser conside- nominados temas, estes, por sua vez, subdivididos
rada disciplina/matéria escolar, com saberes conside- em subtópicos denominados assuntos. Veja que das
rados válidos, necessários e interessantes para atender seis unidades temáticas apresentadas pela BNCC

45


(BRASIL, 2018), aqui, as ampliamos para oito, com A fim de facilitar o planejamento, apresentaremos esses
os seus respectivos objetos de aprendizagem (te- assuntos em um formato que lembra um roteiro didático.
mas) e conteúdos/saberes (assuntos). Para você ter certeza que está ensinando sobre aque-
Uma dúvida muito comum apresentada pelos pro- le assunto proposto no roteiro, descreveremos, a seguir,
fessores em início de carreira e até por professores ex- quais são as preocupações necessárias ao professor para
perientes é: “o que ensinar em cada conteúdo”? O pro- dar conta do ensino do assunto.
fessor sabe que deve ensinar sobre esporte, consegue
escolher dentre tantas possibilidades, mas, ao iniciar CARACTERÍSTICA DO QUE ESTÁ
o planejamento do ensino, vem a dúvida: “o que” do SENDO ENSINADO
esporte devo me preocupar para ensinar? Essas in-
quietações são comuns na vida profissional do “bom” O professor, ao ensinar as características de determinado
professor, uma vez que elas demonstram como está tema/conteúdo, deve estimular o estudante à análise de
preocupado com a qualidade da sua aula, o que im- vários ângulos e aspectos do tema/conteúdo proposto,
plica pensar de uma forma coerente com os caminhos por meio da identificação e qualificação das proprieda-
necessários a serem percorridos na contrução e imple- des. O estudante deve compreender forma, textura, som,
mentação de um currículo para a Educação Física. peso, tamanho e em quais situações podem ser utiliza-
dos o tema/conteúdo em destaque. Exemplos:

a. Característica da ação de “chutar” no tema habi-


lidades manipulativas com os pés: “ato de golpear
Quais os elementos essenciais para serem com os pés um objeto estático ou em movimen-
considerados na construção de um currículo to” (PALMA; OLIVEIRA; PALMA, 2010, p. 123).
uma vez que ele é um elemento constitutivo
do processo da organização da escola e ponto b. Característica do futebol: “esporte coletivo dispu-
de ligação entre ela, o sujeito e a sociedade? tado em um campo, geralmente gramado, cujo
(Ilma Veiga) objetivo é fazer a bola atravessar o gol adversário”
(PALMA; OLIVEIRA; PALMA, 2010, p. 128).

Considerando a importância do planejamento cur-


ricular da Educação Física, em especial, ao olharmos
para a organização dos conhecimentos que devem ser A escola de Educação Básica é o espaço onde
abordados nele, aqui, em nosso material, você notará, é ressignificada e recriada a cultura herdada,
no quadro da sistematização dos conteúdos (Quadro por meio da reconstrução das identidades cul-
3), a apresentação das unidades, temas e assuntos turais, é onde se aprende a valorizar as raízes
que julgamos essenciais para consolidar a disciplina da próprias das diferentes regiões do país. A partir
dessa concepção, qual a função da Educação
Educação Física. Perceberá, também, que os assuntos,
Física no contexto escolar?
na terceira coluna, repetem-se, na maioria das vezes,
independentemente da unidade e do tema.

46
EDUCAÇÃO FÍSICA

a. Tema/conteúdo “arte circense”: tipos de equili-


DEFINIÇÃO DO QUE É ENSINANDO brismo (monociclo, perna de pau, corda bamba,
entre outros).
A definição do tema/conteúdo permite diferenciá-lo
de outros conceitos associados. É importante destacar
que a definição se dá sempre dentro de um contexto EQUIPAMENTOS PARA A PRÁTICA DO
apresentado. Exemplo: QUE ESTÁ SENDO ENSINADO

a. Definição do tema/conteúdo “peteca”: a peteca é Conjunto dos objetos necessários para a prática de uma
um brinquedo possível de ser golpeado de diver- atividade. Podem ser equipamentos para a prática em si
sas formas.
ou para segurança do praticante. Exemplo:
b. Definição de resistência corporal: “capacidade do
a. Tema/conteúdo “arborismo”: “capacete, cadei-
organismo de suportar e resistir à fadiga” (PAL-
rinha de rapel, mosquetão e polias” (PALMA;
MA; OLIVEIRA; PALMA, 2010, p. 168).
OLIVEIRA; PALMA, 2010, p. 152).

ORIGEM E HISTÓRIA DO FUNDAMENTOS DO QUE


QUE É ENSINADO ESTÁ SENDO ENSINADO

A origem é o começo absoluto, é o ponto de partida da- Todas as modalidades esportivas, sejam coletivas, sejam
quilo que está sendo ensinado. A origem remete, ainda, ao individuais, têm movimentos específicos que, de uma
lugar que esse tema/conteúdo nasceu. A história é a busca maneira ou outra, identificam o esporte (técnica). Possuem,
para conhecer o tema/conteúdo por meio da investiga- também, formas mais adequadas de execução cuja referên-
ção; conhecer os fatos ocorridos e a evolução que o tema/ cia é a performance ou a sua eficiência técnica (mecânica)
conteúdo passou no decorrer da história. Exemplo: ou de utilização na ação global, visando à eficácia (tática).
É importante o estudante compreender e identificar os
a. Tema/conteúdo “sumô”: “origem no Japão há fundamentos — técnicos, mecânicos ou táticos — e, princi-
mais de 2.000 anos; os primeiros campeona- palmente, qual o momento adequado de os utilizar em uma
tos profissionais tiveram início em 1927; chega
situação de jogo. Ao ensinar os fundamentos de determinada
no Brasil no século XX” (PALMA; OLIVEIRA;
modalidade esportiva, espera-se que o professor consiga pro-
PALMA, 2010, p. 146).
mover, nos estudantes, a compreensão de quais movimentos/
fundamentos podem ser generalizados a outros esportes.
TIPOS DO QUE ESTÁ SENDO ENSINADO Dessa maneira, ainda que o aluno não tenha estudado, na es-
cola, determinado esporte coletivo, ele conseguirá jogar por
Tipos caracterizam-se pelo conjunto de particularidades meio da compreensão das generalizações. Exemplo:
que distingue o tema/conteúdo. Normalmente, é uma clas-
a. Tema/conteúdo “skate”: impulsão, remada,
sificação para favorecer a compreensão do objeto maior ou
breque, ollie, tail drop e fakie.
mais geral daquilo que está sendo ensinado. Exemplo:

47


b. Razão de se defender (em esportes de ataque a. Algumas modalidades esportivas são praticadas
defesa) ou de executar passes (referentes a es- mais por mulheres do que por homens. Exem-
portes os quais utilizam progressão do objeto plo: ginástica rítmica.
que definirá o ponto).
b. A popularidade de determinado esporte é maior
em um país do que em outros. Exemplo: o futebol
REGRAS DO QUE ESTÁ SENDO ENSINADO americano, nos Estados Unidos; o beisebol, em
Cuba; o futebol, no Brasil. Aqui, podem ser ensi-
Princípio que serve como padrão; norma a qual precisa nados, ainda, os aspectos mercadológicos envolvi-
ser acatada por todos os envolvidos. As regras estimu- dos na prática esportiva.
lam o praticante a jogar com as mesmas condições de c. O esporte e o estilo de vida e, com isso, a sua in-
igualdade, alterando apenas as habilidades motoras de fluência na qualidade de vida.
cada jogador. As regras estão presentes desde uma brin- d. Benefícios da prática de uma atividade física em
cadeira doméstica e familiar até uma partida de uma diferentes situações, referentes ao idoso e ao de-
modalidade esportiva olímpica. É importante salientar ficiente físico.
que algumas regras podem ser alteradas de um campeo-
nato/evento esportivo para outro. Exemplo: VESTIMENTA ADEQUADA PARA A
PRÁTICA DE UMA ATIVIDADE
a. No futebol, somente o goleiro pode utilizar as
FORMALIZADA
mãos para controlar a bola e, mesmo assim, den-
tro de um limite denominado grande área.
O estilo dessa vestimenta deve ser igual a todos os parti-
b. No tênis de campo, uma das formas de marcar
cipantes e, normalmente, identifica aquilo que se está pra-
ponto é quando a bola toca no solo do adversário
duas vezes. ticando. A vestimenta é o conjunto de peças de roupas e
sapatos a serem usados pela equipe no momento em que
ela está dançando, configurando-se como uma espécie de
ASPECTOS CULTURAIS E SOCIAIS DO uniforme ou identificação/caracterização do grupo, ou, in-
QUE ESTÁ SENDO ENSINADO dividualmente, quando a atividade for individual. Exemplo:

a. Na dança hip-hop: o grupo de pessoas que a pra-


Aqui, o professor deve ensinar o que se distancia da
ticam, normalmente, utilizam roupas largas e co-
técnica. Os aspectos culturais e sociais dos conteúdos loridas, usam bonés virados para trás ou de lado,
são a razão para a prática; é o que o identifica em uma tudo isso com o objetivo de melhorar o visual e a
cultura. Exemplo: mensagem da dança.

48
EDUCAÇÃO FÍSICA

Conteúdos Básicos da
Educação Física
Como já apresentado, um conteúdo escolar é aquilo que se ensina em determinada matéria. Pode ser também enten-
dido como saber escolar ou objeto de ensino.
A sistematização dos saberes escolares — também conhecidos como conteúdos escolares — favorece o plane-
jamento do trabalho docente pelas etapas e séries da escola. Uma das formas de apresentação dessa organização, a
qual possibilita o entendimento geral do planejamento, é o formato de quadro.
No quadro, a seguir, apresentaremos os conteúdos organizados em unidades didáticas organizadas em temas, estes,
em assuntos. Ensino Fundamental II – 6º ao 9º ano Ensino Médio – 1º ao 3º ano

UNIDADE DIDÁTICAS TEMAS ASSUNTOS


Habilidades locomotoras e
não locomotoras.
Habilidades manipulativas,
(mãos, pés, joelhos, queixo,
objetos de tamanhos, for-
mas e textura diferentes). Característica e definição do que está sendo ensinado.
Estrutura perceptiva e Tipos de habilidades motoras.
capacitativo-motora (coor- Fatores de restrição das habilidades motoras.
CORPOREIDADE
denação motora, equilíbrio Características da pessoa habilidosa.
corporal, lateralidade cor- Influências da alimentação e do treinamento no desenvol-
poral, organização e estru- vimento das habilidades motoras.
turação espaço-temporal,
força muscular, resistência
corporal, velocidade e
flexibilidade).

Dança (folclórica, rua, na- Caracterização do que está sendo ensinado.Origem étnica/
cional, regional, internacio- história, enredo.
nal, clássica, afro-brasileira, Diferentes nomenclaturas da dança folclórica.
salão, criativa, individual). Instrumentos e vestimentas da dança folclórica.
EXPRESSÃO E RITMO Folguedos populares (ca- Coreografia básica.
valhada, bumba-meu-boi, Letras da música (desvalorização da mulher, violência,
folia de reis e maracatu). apologia às drogas e ostentação).
Influência da mídia.
Papel social da dança (deficientes, idosos).

49


UNIDADE DIDÁTICAS TEMAS ASSUNTOS


Coletivo (basquete, futebol Caracterização do que está sendo ensinado.
de campo, futsal, voleibol, Origem/história.
handebol, rúgbi, bad- Sistema técnico e tático.
minton, gol boll, voleibol Regras.
ESPORTE
sentado). Fundamentos.
Individual (tênis de mesa, Influência da mídia.
tênis, esgrima). Gênero e esporte.
Grandes eventos esportivos pelo mundo.
Peteca. Definição/origem do jogo.
Ioiô. Diferentes nominações.
Jogos de tabuleiro. Caracterização do que está sendo ensinado.
Bilboquê. Ensino do jogo e de suas variações.
JOGOS E Jogos eletrônicos. Impactos dos jogos para a melhora/piora
BRINCADEIRAS RPG. da qualidade de vida.
Equipamentos.
Jogo e aspectos sociais e culturais.
Regras.
Reelaboração do jogo.
Arborismo. Definição/origem das práticas corporais.
Corridas de Orientação. Diferentes nominações.
Parkour. Caracterização das práticas corporais que estão sendo
Skate. ensinadas.
Escalada esportiva. Ensino das práticas corporais e suas variações.
PRÁTICAS CORPO-
Impactos das práticas corporais para a melhora/piora da
RAIS DE AVENTURA
qualidade de vida.
Práticas corporais e aspectos sociais e culturais.
Cuidados com a natureza e as práticas corporais.
Regras.
Equipamentos de segurança para a prática.
Aptidão física, saúde e qua-
lidade de vida (composição
corporal, aptidão física,
atividade física, exercício
Definição/origem do que está sendo ensinado.
físico, doenças crônicas
Conceito de aptidão física, saúde e qualidade de vida e
degenerativas, controle
diferentes nominações.
alimentar, reeducação
Caracterização do que está sendo ensinado.
alimentar, exercício físico e
Ensino do conteúdo e e de suas variações.
EDUCAÇÃO PARA A gasto energético, ginástica
Impactos das práticas do exercício físico para a melhora/
SAÚDE de academia, musculação
piora da qualidade de vida.
na academia, corpolatria,
Exercício físico e aspectos sociais e culturais.
saúde e qualidade de vida,
Equipamentos de segurança para a prática.
metabolismo corporal,
Periodização da prática de exercício físico.
saúde e mundo do traba-
Local adequado para a prática de exercício físico.
lho, capacidade funcional
e mundo do trabalho, mal-
-estar na profissão e culto
à beleza).

50
EDUCAÇÃO FÍSICA

UNIDADE DIDÁTICAS TEMAS ASSUNTOS


Arte circense (equilibrismo, Em relação ao que está sendo ensinado; caracterização,
malabarismo, acrobacias). tipos,
GINÁSTICA classificação, fatores de restrição,
equipamentos para a prática, objetivo da prática pelo sujei-
to (saúde, estética, apresentação, lazer, competição).
Karatê. Caracterização, origem e história, modalidades e funda-
Taekwondo. mentos do que está sendo ensinado.
Sumô. Regras.
LUTAS Kendo. Construção de armas e equipamentos
adaptados para a escola. Vestimenta adequada
para a prática das lutas.
Aspectos culturais e sociais das lutas.

Quadro 3 - Demonstrativo dos conteúdos para o ensino da Educação Física no Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio
Fonte: adaptado de Palma, Oliveira e Palma (2010).

Tivemos, nessa organização dos conteúdos básicos, a preocupação em mostrar que a Educação Física, como integran-
te da área de Linguagens, tem como referência o movimento culturalmente construído e as suas respectivas práticas
corporais: esporte, atividades de aventura, lutas, ginástica, jogos e brincadeiras, atividades de expressão e ritmo. Rela-
cionamos, também, o que se deve ensinar para a compreensão do conceito de corporeidade e a relação possível de ser
estabelecida entre o corpo e as práticas corporais, como o tema “educação para a saúde”.

51
considerações finais

Quando pensamos na organização curricular, não devemos ficar restritos sobre o que ensinar,
enunciando apenas os saberes que se espera ensinar. Há de se ter, também, como princípios,
por que, como e, principalmente, para que ensinar e para quem se ensina.
Vimos que uma organização curricular atende a pressupostos externos, muitas vezes, vin-
culados às necessidades e interesses de uma sociedade ou de um grupo social. Destacamos,
também, que uma das premissas organizadora do currículo é a cultura. O aluno, quando
vai para a escola, já conviveu alguns anos com essa cultura, portanto, ele não a desconhece,
principalmente o aluno nos Anos Finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Uma matéria escolar, responsável pela contribuição com o processo educacional inserido
no âmbito escolar, tem responsabilidades didático-pedagógicas e, também, civis perante a
sua comunidade. A sua organização deve atentar para as orientações derivadas dos órgãos
reguladores e definidores da política educacional, no nosso caso, é o Congresso Nacional e o
Conselho Nacional de Educação, com as orientações da BNCC. No entanto reforçamos a ideia
de que não devemos estacionar nesses indicativos sem buscar complementá-los e ampliá-los.
Quando pensamos em organizar os conteúdos e a sua sistematização, recomendamos ter
em mente o seguinte: para quem estão sendo direcionados aqueles saberes. Conhecer as
características socioculturais, cognitivas e afetivas dos alunos é imprescindível.
Outra recomendação é ter claro o referencial epistemológico a partir do qual derivam esses
saberes. Aqui, apresentamos as práticas corporais pertencentes ao universo do movimento
culturalmente construído. Reafirmamos o nosso compromisso com o enunciado claro
dos objetivos, constituídos como direitos de aprendizagem, quando pretendemos ensinar
Educação Física.
Ao apresentar as unidades didáticas, seus temas e assuntos, quisemos, para além de trans-
cender a normativa da BNCC, facilitar a compreensão do quão complexo e dinâmico é o
nosso objeto de estudo. Para tanto, procuramos argumentar sobre a responsabilidade que
temos com nossos objetivos em um processo educacional.

52
agora é com você

1. Os currículos sistematizam os conhecimentos construídos pela humanidade ao longo de sua história,


portanto, é função da escola socializar esses conhecimentos. Quando nos propomos a organizar um
currículo para uma matéria escolar, devemos considerar alguns princípios. Nesse sentido, apresente
os princípios a serem observados na organização curricular.

2. Os objetivos educacionais são pontos de partida no processo de ensino-aprendizagem, eles determinam


o ponto de chegada. Uma das necessidades em um processo de ensino-aprendizagem são os objetivos
educacionais. Considerando essas informações e a leitura desta unidade, responda às questões,
a seguir:

a. O que representam os objetivos educacionais em processo de organização do ensino escolar?


b. O que deve ser observado em suas escolhas?
c. Quais as vantagens em seu enunciado?

3. Organizar em unidades didáticas o currículo de uma matéria escolar auxilia a sistematização


dos conteúdos pelas etapas de escolarização bem como o planejamento de aulas. Sobre as uni-
dades didáticas, responda às questões, a seguir:

a. O que são unidades didáticas no processo de organização curricular?


b. Qual a origem das unidades didáticas que compõem o currículo?
c. Como estabelecer, na sistematização dos conteúdos em uma organização curricular, a prioridade das
unidades didáticas?

53
leitura complementar

O processo educacional brasileiro é legislado por uma lei federal e por resoluções emitidas pelo Conselho Nacional de
Educação. Antes de promulgar uma resolução, o referido conselho emite um parecer sobre a minuta em pauta.
O trecho, a seguir, foi extraído do Parecer CNE/CEB nº 7, aprovado em 7 de abril de 2010.

Referências conceituais

Os fundamentos que orientam a Nação brasileira estão definidos constitucionalmente no artigo 1º da Constituição
Federal, que trata dos princípios fundamentais da cidadania e da dignidade da pessoa humana, do pluralismo po-
lítico, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Nessas bases, assentam-se os objetivos nacionais e, por
consequência, o projeto educacional brasileiro: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvol-
vimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover
o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Esse conjunto de compromissos prevê também a defesa da paz; a autodeterminação dos povos; a prevalência dos
direitos humanos; o repúdio ao preconceito, à violência e ao terrorismo; e o equilíbrio do meio ambiente, bem de
uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de de-
fendê-lo e preservá-lo para as presentes e as futuras gerações.
As bases que dão sustentação ao projeto nacional de educação responsabilizam o poder público, a família, a sociedade
e a escola pela garantia a todos os estudantes de um ensino ministrado com base nos seguintes princípios:

I. Igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanência e sucesso na escola;


II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV. Respeito à liberdade e aos direitos;
V. Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII. Valorização do profissional da educação escolar;
VIII. Gestão democrática do ensino público, na forma da legislação e normas dos sistemas de ensino;
IX. Garantia de padrão de qualidade;
X. Valorização da experiência extraescolar;
XI. Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

54
leitura complementar

Além das finalidades da educação nacional enunciadas na Constituição Federal (artigo 205) e na LDB (artigo 2º), que têm
como foco o pleno desenvolvimento da pessoa, a preparação para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho,
deve-se considerar integradamente o previsto no ECA (Lei nº 8.069/90), o qual assegura, à criança e ao adolescente de até
18 anos, todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa, as oportunidades oferecidas para o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. São direitos referentes à vida, à saúde, à ali-
mentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito mútuo, à liberdade, à
convivência familiar e comunitária (artigos 2º, 3º e 4º).
A Educação Básica é direito universal e alicerce indispensável para a capacidade de exercer em plenitude o direito
à cidadania. É o tempo, o espaço e o contexto em que o sujeito aprende a constituir e reconstituir a sua identidade,
em meio a transformações corporais, afetivoemocionais, socioemocionais, cognitivas e socioculturais, respeitando e
valorizando as diferenças. Liberdade e pluralidade tornam-se, portanto, exigências do projeto educacional.
Da aquisição plena desse direito depende a possibilidade de exercitar todos os demais direitos, definidos na Consti-
tuição, no ECA, na legislação ordinária e nas inúmeras disposições legais que consagram as prerrogativas do cidadão
brasileiro. Somente um ser educado terá condição efetiva de participação social, ciente e consciente de seus direitos
e deveres civis, sociais, políticos, econômicos e éticos.
Nessa perspectiva, é oportuno e necessário considerar as dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilida-
de, buscando recuperar, para a função social da Educação Básica, a sua centralidade, que é o estudante. Cuidar e
educar iniciam-se na Educação Infantil, ações destinadas a crianças a partir de zero ano, que devem ser estendidas
ao Ensino Fundamental, Médio e posteriores.
Cuidar e educar significa compreender que o direito à educação parte do princípio da formação da pessoa em sua
essência humana. Trata-se de considerar o cuidado no sentido profundo do que seja acolhimento de todos – crianças,
adolescentes, jovens e adultos – com respeito e, com atenção adequada, de estudantes com deficiência, jovens e adul-
tos defasados na relação idade-escolaridade, indígenas, afrodescendentes, quilombolas e povos do campo.
Educar exige cuidado; cuidar é educar, envolvendo acolher, ouvir, encorajar, apoiar, no sentido de desenvolver o
aprendizado de pensar e agir, cuidar de si, do outro, da escola, da natureza, da água, do Planeta. Educar é, enfim,
enfrentar o desafio de lidar com gente, isto é, com criaturas tão imprevisíveis e diferentes quanto semelhantes, ao
longo de uma existência inscrita na teia das relações humanas, neste mundo complexo. Educar com cuidado significa
aprender a amar sem dependência, desenvolver a sensibilidade humana na relação de cada um consigo, com o outro
e com tudo o que existe, com zelo, ante uma situação que requer cautela em busca da formação humana plena. [...].
Fonte: Brasil (2010c, p. 11-12).

55
material complementar

Título: Educação Física e a Organização Curricular


Autores: Angela Pereira Palma, Amauri A. A. B. Oliveira e José Augusto Palma
Ano: 2010
Editora: Eduel
Sinopse: esta obra é resultado de estudos sobre a temática do ensino da Educação Física
na escola nas dimensões históricas, filosóficas, políticas, institucionais e pedagógicas,
abordadas em suas possibilidades educacionais. Trata-se de um trabalho que tem por objetivo provocar
discussão sobre esse assunto e contribuir para fechar uma das lacunas presentes no ensino da Educação
Física na Educação Básica, a saber, a organização curricular.

Título: Educação Física e o Conceito de Cultura: Polêmicas do Nosso Tempo


Autor: Jocimar Daolio
Ano: 2004
Editora: Autores Associados
Sinopse: “cultura corporal”, “cultura de movimento”, “cultura física”, “cultura motora”... a
“cultura” tornou-se, nos últimos anos, a principal categoria conceitual da área de Edu-
cação Física no Brasil. Neste livro, com base na perspectiva da Antropologia Social, é analisado o tratamento
dado à “cultura” por alguns dos principais autores e obras da Educação Física brasileira contemporânea.

56
material complementar

Título: Educação Física Escolar: Desafios e Propostas 1


Autor: Evando Carlos Moreira (org.)
Ano: 2009 Editora: Fontoura
Sinopse: na segunda edição ampliada e revisada do livro Educação Física Escolar: De-
safios e Propostas 1 estão contemplados elementos ausentes na primeira edição, fato
que possibilita a ampliação de possibilidades de reflexão e compreensão dos diferentes
aspectos da Educação Física Escolar. São oferecidos, também, subsídios aos professores para reavaliar as
suas condição docente e práticas pedagógicas, permitindo, ao mesmo tempo, que esses profissionais per-
cebam a incompletude tanto de sua formação quanto de sua atuação. Ao leitor é oferecido uma “viagem na
diversidade”, ideias e ideais em congruência ao revigoramento da Educação Física, oferecendo elementos
os quais permitam compreender conceitos atuais e importantes para o trabalho docente no âmbito escolar.

57
meu espaço

58
UNIDADE
III
ASPECTOS AVALIATIVOS DA/PARA
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Dr. Amauri Aparecido Bássoli Oliveira


Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma
Dr. José Augusto Victoria Palma

Oportunidades de aprendizagem
• Compreender a avaliação em Educação Física como integrante da dinâmica
do processo de ensino-aprendizagem.
• Reconhecer a necessidade da avaliação da Educação Física no processo
educacional escolarizado e identificar os elementos que devem ser
observados na composição do processo de avaliação.
• Conhecer propostas de instrumentos para o desenvolvimento de
processos avaliativos para a Educação Física Escolar.

Plano de Estudo
• O Que e Como Avaliar
• Por que e para que Avaliar em Educação Física
• Avaliação e Possíveis Instrumentos Avaliativos em Educação Física
unidade

III


Avaliar é considerado por nós como um dos mais im- adotaremos como pressuposto o seguinte: ela não
portantes e interessantes processos. A avaliação sempre consistirá em medição, classificação ou exercitação
esteve presente e assim deve continuar em qualquer área de poder por parte do docente. Argumentamos para
da atividade humana, por isso, ela está sendo destacada a necessidade da adoção de atitudes que desenvol-
em nosso curso. Aqui, apresentaremos a nossa concep- vam atitudes de superação de uma concepção e de
ção de avaliação de aprendizagens em uma situação modelos avaliativos que promoviam tanto a discri-
educacional com perspectiva crítico-emancipatória. minação quanto a motivação à evasão escolar.
Os pressupostos que apresentaremos também se Caberá ao professor, em sua prática didático-pedagó-
estruturam em um entendimento de Educação Física gica cotidiana, na relação estabelecida com os seus estu-
como componente curricular. Tivemos, ainda, a pre- dantes, encontrar elementos fornecedores de subsídios a
ocupação de indicar, como exemplo, alguns instru- uma avaliação coerente e adequada. Um dos referenciais
mentos com potencial de auxiliar nessa tarefa. para que isso aconteça estará presente nos objetivos pro-
Destacamos que a avaliação, na escola e em uma postos e nos conteúdos programados para o ensino.
disciplina escolar em particular, cumpre objetivos de ex- Dentre os instrumentos os quais o professor encon-
trema importância, pois os seus procedimentos visam, trará à sua disposição, haverá autonomia para escolher
sempre, a contribuir com a melhoria do trabalho reali- aqueles que ele considerar melhores ou mais adequados,
zado ou que se pretende realizar. Essa melhoria será de- no momento da relação pedagógica; e aquele ou aqueles
corrente das informações fornecidas pelo ato avaliativo. que oferecerem situações de realização dos diagnósticos,
Ao apresentar a nossa concepção de avaliação, tanto para as aprendizagens quanto para o ato de ensinar.

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

O Que e como Avaliar


Todas as ações do professor, seja na seleção dos conteú- Para a autora, a avaliação é a reflexão e a capacidade do
dos, seja na eleição de procedimentos e técnicas de ensi- ser humano em pensar seus atos, analisá-los, julgá-los, por
no e procedimentos de avaliação, estarão condicionadas meio da interação com o mundo e com as outras pesso-
pelos pressupostos teórico-metodológicos que aparecem as que tanto influenciam quanto sofrem influências no
explícita ou implicitamente em sua prática (LIBÂNEO, pensar e agir. Dessa forma, a avaliação deve ser refletida e
2009). Segundo Palma, Oliveira e Palma (2010, p. 205): discutida, em conjunto — pois, isoladamente, não se con-
segue despir ninguém de valores — no contexto escolar,
[...] [a] avaliação escolar precisa ser extraída do por todos os seus participantes, professores, estudantes e
projeto pedagógico da escola. Afinal, é nele que es-
comunidade, com o intuito de, assim, ressignificá-la.
tará definida a perspectiva educacional norteadora
das ações educativas. Sendo assim, deve-se avaliar Para Hoffmann (2008), os caminhos da avaliação de-
tanto a ação docente (o ensino), quanto a ação dis- vem ser construídos pelo confronto das ideias, repensan-
cente (a aprendizagem). do e discutindo valores, princípios e métodos. A autora
destaca, também, que o professor é partícipe do sucesso
Segundo Hoffmann (2008), ainda que encontremos avan- ou do fracasso do estudante, visto que a avaliação media-
ços no conceito e compreensão da avaliação da aprendi- dora tem por finalidade a evolução da aprendizagem dos
zagem, a polêmica em torno dela continua considerável. educandos, tendo o professor muita responsabilidade so-
bre ela. Os estudantes estão sempre em processo, em evo-

63


lução, desenvolvimento. Este último é um caminho à fren- os objetivos determinados no planejamento de ensino,
te, por meio da descoberta de novas maneiras de aprender no Projeto Pedagógico, e cuja orientação são os objetivos
e novos jeitos de ser (HOFFMANN, 2008). gerais da disciplina e da educação escolarizada, portanto,
aquilo que é definido em seu propósito educativo. Freire
(1982) concebe o seguinte: o que se avalia é a prática edu-

Por Que e para cativa e não uma parte dela. Hoffmann (2008), por sua vez,
afirma a necessidade de fazer uma análise qualitativa a qual
Que Avaliar em contemple múltiplas dimensões: objetivos, conteúdos e ati-
vidades, tendo o estudante como centro dessa análise.
Educação Física A partir da premissa básica e orientadora de que
os objetivos sugerem pontos os quais devem ser atin-
Um dos principais desafios para a Educação Física gidos, consideramos que a avaliação tem a responsa-
com sentido emancipatório crítico-reflexivo é a su- bilidade de fazer essa verificação.
peração de formas e entendimentos em relação ao
ato de avaliar. Essa superação passa, principalmente, Avaliar é um processo de análise, de discussão, de
reavaliação e de reorganização do projeto pedagó-
pela concepção e compreensão da disciplina no con-
gico. Ao ser integrante do projeto educacional, deve
texto da educação escolarizada. Nesse sentido, Pal- partilhar dos princípios fundamentais a ele vincula-
ma, Oliveira e Palma (2010, p. 206) consideram que: dos. A avaliação é idealizada para verificar o aluno
individualmente, situação que redimensiona o valor
[...] superar os entendimentos classificatórios e dis- numérico, da quantificação classificatória e exclu-
criminatórios da avaliação é passar a considerá-la dente para o sentido qualitativo, isto é, o que é ob-
como um conjunto de trabalhos e/ou atividades, servado é a compreensão do conteúdo pelo aluno.
para verificar como o aluno está abstraindo um Superar os entendimentos classificatórios e dis-
determinado conteúdo proposto, observando o criminatórios da avaliação é passar a considerá-la
quanto ele avançou e melhorou em seus concei- como um conjunto de trabalhos e/ou atividades,
tos. Objetiva, ainda, possibilitar a reorganização e a para verificar como o aluno está abstraindo um
continuidade do trabalho do professor. determinado conteúdo proposto, observando
o quanto ele avançou e melhorou em seus con-
ceitos. Objetiva, ainda, possibilitar a reorganiza-
Avaliar, muito mais do que aplicar instrumentos de veri- ção e a continuidade do trabalho do professor.
Para avaliar construtivamente, é necessário que
ficação de aprendizagem, implica excitar os estudantes na
os objetivos e conteúdos que serão abordados
busca da construção de novos conhecimentos. Tal atitude estejam claros para o professor (PALMA; OLI-
favorece a abertura de um espaço de diálogo, orientação, VEIRA; PALMA, 2010, p. 205-206).
informação, observação, explicação, correção, questiona-
mento, aconselhamento, crítica, respostas e escutas. Porém, Quando propomos que a avaliação deva ser efetivada a
quando olhamos, em específico, para o ensino das práticas partir da adoção de um ensino crítico-reflexivo com pers-
corporais: de que forma o estudante deve ser avaliado? pectiva emancipatória, estamos deixando claro que a ava-
A primeira resposta e, com certeza, a mais direta e uni- liação é integrante do projeto educacional, para possibili-
forme, deveria ser: o estudante é avaliado de acordo com

64
EDUCAÇÃO FÍSICA

tar a análise, a discussão e a reorganização desse projeto,


não sendo, desse modo, mais um instrumento burocráti-
co, empacotado na escola e com fim nele mesmo.
A avaliação deverá verificar eficácia da prática peda-
gógica desenvolvida pelo professor e não, exclusivamen-
te, o aproveitamento do estudante, ou seja, o quanto ele
aprendeu apenas no sentido quantitativo. Sendo assim, a
avaliação passa a ter tanto um sentido quanto uma função
diagnóstica, também construtiva e não classificatória.

Avaliação e Possíveis
Instrumentos Avaliativos
em Educação Física
Consideramos que a avaliação para a disciplina de suas limitações e capacidade de execução, sem
Educação Física, na escola, enquanto integrante de imposição de um padrão a ser alcançado.
um projeto educacional mais amplo e com sentido • Identificar se o estudante demonstra assimi-
emancipatório, estabelecerá os critérios avaliativos lação conceitual e procedimental das práticas
como decorrentes da forma pela qual o estudante corporais e se elas efetuaram transformações
atitudinais na forma de ele se comportar frente
apreende a realidade e de como atua sobre ela.
às atividades, ao grupo a que pertence e, so-
A avaliação em Educação Física acontecerá sobre cialmente, de forma geral.
os objetivos e conteúdos propostos e, também, so-
bre os conceitos produzidos a partir das abstrações A avaliação precisa verificar se o estudante tem autono-
acontecidas, além de ter como orientação as práticas mia para solucionar problemas que surgem nas ativida-
definidas pela metodologia de ensino. Com esse en- des e, ainda, identificar se ele reúne elementos suficientes à
tendimento, a avaliação deverá: adoção de uma cultura de vida ativa. Não pode centrar-se
nas respostas prontas e decoradas ou na execução perfeita
• Verificar de que forma o estudante utiliza os
de movimentos específicos, estereotipados, de modalida-
conceitos apresentados pelo professor e os rela-
ciona com a sua vida. des esportivas. Essa característica reflexiva superadora é
vital para um processo avaliativo significativo.
• Observar se o estudante demonstra satisfação na
realização das manifestações corporais, dentro

65


Os estudantes são muito diferentes entre si, mas com


possibilidades de aprendizagem muito parecidas no as-
Falar em avaliar implica reportar-se a um olhar pecto físico, cognitivo ou social, visto que as experiên-
que distingue, que rompe com a indiferença. cias de vida estão relacionadas à cultura do meio onde
Quando afirmamos perceber algo como bom, eles vivem. Portanto, faz-se necessário observar a partir
é preciso indagar o que queremos dizer com da dimensão do que é possível para cada estudante.
isso: bom por que, para quem? Outro aspecto a ser considerado diz respeito à ca-
pacidade que o alunado adquire para utilizar dos ele-
mentos das práticas corporais em sua vida, ou seja, a
avaliação dessa dimensão deve verificar se o estudante
Sugeriremos, aqui, algumas possibilidades de avalia- apresenta satisfação, prazer, gosto pela atividade, o que
ção, mesmo entendendo que elas são modelos pron- costuma indicar a adoção dessa prática para o cotidiano.
tos e, por isso, devem ser entendidas como ponto de Deve-se observar se o estudante é capaz de transfor-
partida para pensar novas maneiras de avaliar. mar as manifestações corporais experimentadas de acordo
Quando o professor estabelece como foco a dimensão com sua necessidade, ou seja, determinada atividade, de-
conceitual, espera-se que o estudante busque aprofunda- senvolvida durante a aula, reúne elementos de dificuldades
mento sobre o tema, relacione outras referências que facili- capazes de comprometer a prática. Como ele lida com essa
tem o processo de assimilação do conteúdo, com a chance situação: adapta-se a ela ou adapta a sua condição? A ca-
de existir uma exposição dos temas em forma de painéis, pacidade de transformar a prática é de suma importância,
maquetes ou, até mesmo, a visitação a locais que possam pois, muitas vezes, a condição futura não permitirá que as
acrescentar outras informações relevantes ao assunto. experiências vivenciadas sejam as mesmas fora do ambien-
Na dimensão procedimental está a forma de avalia- te de prática em si, necessitando modificações.
ção mais utilizada, ultimamente, pela Educação Física Nessa dimensão procedimental, é possível avaliar o
em seu processo histórico. Assim como as outras dimen- estudante dentro de um parâmetro evolutivo e individu-
sões, quando avaliamos se o estudante sabe o que faz, são al, utilizando situações-problema nas quais o estudante
necessários instrumentos que tornem a observação por resolva-as a partir de sua condição. Outra possibilidade
parte do professor a mais adequada possível. de avaliação é solicitar que ele crie novas formas de “se
O fato de verificar o “saber fazer” pode parecer sim- movimentar” a partir das experiências que teve, identifi-
ples, ou seja, quem realiza a atividade de maneira eficiente cando, assim, a capacidade de transformação da prática.
assimilou a técnica, e quem não realiza não assimilou. Po- Por fim, o professor pode sugerir que os estudantes
rém, ao se tratar do ensino do esporte, esse entendimento pesquisem sobre as atividades físicas e práticas corporais
precisa observar a capacidade que cada estudante tem, e as suas transformações ao longo da história bem como
dentro das suas próprias condições, de resolver as situa- organizem atividades as quais retratem essas mudanças,
ções emergentes no decorrer da aula. A nossa proposta é levando o grupo a participar das atividades como elas
a existência de uma mudança de concepção daquilo que eram praticadas antigamente e nos dias atuais.
se avalia, corriqueiramente, nas aulas: sair da dimensão do Não queremos dizer, contudo, que não se deva co-
rendimento desejado para o rendimento possível. brar envolvimento, dedicação e comprometimento com

66
EDUCAÇÃO FÍSICA

as práticas corporais, muito pelo contrário! Os alunos, As ações sociocomportamentais estão diretamente li-
por intermédio de reflexões, deverão ter a competência gadas à dimensão atitudinal, contudo ressaltamos que não
de avaliar as suas possibilidades e o quanto se envolve- se trata apenas das relações do aluno consigo mesmo e com
ram na superação de estágios anteriores. O professor os outros, mas também do comportamento em relação aos
deve disponibilizar meios e procedimentos que possi- conteúdos ensinados e da postura adotada a partir deles.
bilitem avanços, independentemente dos estágios dos Um exemplo acerca dessa relação ocorre pela abor-
alunos. Nesse quesito, a partir dos diagnósticos (a ava- dagem, nas aulas de Educação Física, da mudança para o
liação prévia), o professor terá parâmetros gerais de seus padrão de vida ativo por meio de práticas corporais diá-
alunos e, com isso, balizará as observações e evoluções, rias. Por exemplo, a adoção da alimentação adequada e a
respeitando as condições gerais de cada um. retirada do refrigerante da dieta diária após a vivência do
O ensino e a aprendizagem precisam se tornar signifi- tema “vida saudável” nas aulas representa uma atitude po-
cativos aos alunos, estes, por sua vez, devem ter clareza de sitiva frente ao conteúdo ensinado. Esta é uma resposta
suas ações bem como de seus envolvimento e avanços. Os muito positiva e que, por vezes, foge ao controle e/ou pos-
processos avaliativos precisam propiciar aos alunos essas sibilidade de verificação do professor, mas, caso ele adote
reflexões e disponibilizar aos professores indicativos tanto procedimentos avaliativos com entrevistas, questionários,
do envolvimento quanto da apreensão dos discentes sobre relatórios e/ou seminários, poderá, muito facilmente, ver o
os conteúdos selecionados e ensinados ao longo do período. reflexo das aulas no comportamento atitudinal dos alunos.
A terceira dimensão — a atitudinal — necessita ser Deve-se entender que as práticas corporais são pos-
avaliada por meio de observação do grupo diante das ati- sibilidades ao exercício da convivência futura, ou seja, a
vidades. Por se tratar de uma dimensão que abrange valo- presença do outro é essencial. Uma avaliação eficiente
res humanos de convivência, verificar como os estudantes não é emissora apenas de conceitos de valor numérico,
vivem e percebem essa dimensão é fundamental. Para isso, de acordo com o que o estudante é capaz de responder
reflexões a respeito do comportamento do grupo e com o objetivamente, mas sim aquela que consegue identificar
próprio grupo, de preferência, são uma forma eficaz de ava- se o estudante realmente compreendeu a importância
liação, ou seja, discute-se com os estudantes o que cada um do conteúdo bem como a utiliza para a vida.
deles traz de contribuição para as relações humanas.
O erro, o individualismo, a falta de respeito, dentre ou- [...] avaliar, ainda, significa rever ou interpretar o
“erro” de outra forma: o conhecimento é constru-
tras atitudes, devem ser abordadas pelo grupo, porém isso
ído pelas inter-relações que o aluno vai realizando
não deve ser exposto de forma constrangedora, mas sim com ao longo da vida. Então, o erro compõe o processo
o objetivo de apresentar as fragilidades do ser humano, um de aprendizagem e tem fundamental importân-
ser que precisa buscar, constantemente, o aprimoramento. cia nesse processo de construção. Os erros devem
Essas possibilidades de reflexão podem e devem ser ser considerados pelo professor como aspectos a
serem levantados junto com os alunos para a ve-
retiradas da prática corporal, uma vez que ela é muita rica
rificação de contradições, conflitos e não coerência
em valores. O jogar com o outro ou contra o outro precisa entre as respostas dos alunos (PALMA; OLIVEI-
ser discutido bem como a importância de todos nas aulas. RA; PALMA, 2010, p. 206).

67


Assim, a avaliação deve ser um olhar sobre a ação docente çam mais possibilidades de explicitação de algo. Embora
e um repensar acerca dessa ação, pois, segundo Hoffmann ocupe mais tempo, essa forma de avaliação traz resulta-
(2008), as conquistas e as decepções do estudante também dos mais precisos e preciosos.
são responsabilidades do professor. Dessa forma, as mu- O professor precisa reconhecer possíveis desvios ou
danças no trato pedagógico dos conteúdos podem ocorrer. equívocos apontados pelo alunado, sem levar para o
lado pessoal (por exemplo, considerar as opiniões anti-
patia, perda de poder ou controle), mas sim vê-las como
sugestões à melhoria do seu “ser professor”.
Por fim, é preciso ter claro que o processo avaliativo
“A avaliação escolar precisa ser extraída do
não deve ser colocado como punição ou controle dis-
projeto pedagógico da escola. Afinal, é nele
ciplinar da turma; ele é o fator decisivo para a correção
que estará definida a perspectiva educacional
dos caminhos da disciplina e das ações desenvolvidas.
norteadora das ações educativas. Superar os
Os dados resultantes das avaliações são importantes à
entendimentos classificatórios e discriminató-
rios da avaliação é passar a considerá-la como
medida que representam o quanto de acerto se tem ob-
um conjunto de trabalhos e/ou atividades, para tido com os objetivos e procedimentos gerais traçados e
verificar como o aluno está abstraindo um de- as estratégias metodológicas adotadas.
terminado conteúdo proposto, observando o Como sugestão para a avaliação em Educação Físi-
quanto ele avançou e melhorou em seus con- ca, apresentaremos alguns instrumentos que auxiliarão
ceitos. Objetiva, ainda, possibilitar a reorganiza- o professor na elaboração de seu processo avaliativo:
ção e a continuidade do trabalho do professor.
Avaliar, ainda, significa rever ou interpretar o • Ficha de acompanhamento individual.
‘erro’ de outra forma: o conhecimento é cons- • Ficha de autoavaliação.
truído pelas inter-relações que o aluno vai reali-
zando ao longo da vida. Então, o erro compõe o • Folha de atividades com questionamentos
processo de aprendizagem e tem fundamental aos estudantes.
importância nesse processo de construção”.
Lembramos o seguinte: a utilização de um ou mais instru-
Fonte: Palma, Oliveira e Palma (2010, p. 205-206).
mentos está diretamente vinculada àquilo que foi definido
no plano e no propósito educativos, considerando tanto os
objetivos enunciados quanto os conteúdos ensinados.
Sugere-se que o professor também se deixe avaliar pelo A fim de te ajudar a sistematizar e a organizar uma
estudante, ouvindo o que ele pensa em forma de discus- ação avaliativa, trouxemos a você um exemplo de uma
sões abertas com o grupo, aplicação de questionários que ficha de acompanhamento individual. Nela será possível
buscam identificar se a disciplina vem satisfazendo aos identificar as questões motoras, conceituais e atitudinais
desejos do grupo ou mesmo entrevistas as quais ofere- desenvolvidas, individualmente, pelos alunos.

68
EDUCAÇÃO FÍSICA

EXEMPLO DE FICHA DE ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL DO


ESTUDANTE PELO PROFESSOR
Nome do aluno:
Séries:

Aspectos a serem observados N PV AV MV S


Identifica e verbaliza sua ação motora.
Compreende a razão do êxito/não êxito de sua ação motora.

Reconhece a importância do conteúdo estudado.


Verbaliza a antecipação de sua ação motora.
Compreende as propostas sugeridas pelo professor/grupo.
Contribui com outras possibilidades motoras para o atendimento aos proble-
mas propostos.
Colabora na elaboração e na reelaboração das regras.
Aceita as sugestões formuladas.
Argumenta e defende suas sugestões pessoais.
Respeita seus colegas, independentemente dos aspectos físicos, sociais, cul-
turais ou de gênero.
Compreende o conteúdo proposto.
Enfrenta desafios.

N – Nunca
PV – Poucas vezes
AV – Algumas vezes
MV – Muitas vezes
S – Sempre

Fonte: Palma, Oliveira e Palma (2010, p. 210).

69


O exemplo da planilha de autoavaliação do aluno objetiva levá-lo a perceber os seus avanços, potencialidades e
limites em cada conteúdo abordado nas aulas de Educação Física. Veja o exemplo:

Exemplo de planilha para a autoavaliação do aluno sobre de-


terminado conteúdo Unidade didática: Esporte Tema: esporte
coletivo – Basquetebol

Nome do aluno:
Séries:

Aspectos a serem observados N PV AV MV S


Sei aplicar as principais regras do jogo.
Identifico as regras do jogo.
Cumpro as regras do jogo.
Reconheço os momentos de utilização do fundamento drible.
Utilizo adequadamente o arremesso.
Utilizo oportunamente o passe.
Aceito as decisões do árbitro.
Aceito os erros dos meus colegas.
Desenvolvo o espírito de grupo.
Coloco-me em condições de ajudar os colegas.
Utilizo adequadamente o espaço de jogo.
Executo bem o saque.
Sou capaz de admitir os meus erros.
Integro-me bem ao grupo.
Aceito o resultado do jogo.

N – Nunca
PV – Poucas vezes
AV – Algumas vezes
MV – Muitas vezes
S – Sempre

Fonte: Palma, Oliveira e Palma (2010, p. 210).

70
EDUCAÇÃO FÍSICA

Outra forma de trabalho importante é a folha de atividades. Este é um exemplo de atividades que te ajudará na fixação
dos conteúdos trabalhados em aula.

PROPOSTA DE FOLHA DE ATIVIDADES

UNIDADE: ESPORTE
TEMA: ESPORTE COLETIVO – BASQUETEBOL
ASSUNTO: CARACTERIZAÇÃO – REGRAS – SISTEMA TÁTICO

Série: ________________________________
Nome:________________________________

AVALIAÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA


RESOLVA A CRUZADINHA:

HORIZONTAIS
2. Sistema de marcação onde um jogador fica res-
ponsável por marcar um único adversário.
5. Denominação figurativa do setor do campo
para o lance livre.
8. Sistema utilizado pela equipe para conseguir
marcar o ponto.
9. Nome da composição do grupo de jogadores.
10. Sistema de marcação no qual cada jogador fica
responsável por um setor.

VERTICAIS
1. Sistema utilizado pela equipe para evitar que
a outra marque ponto.
3. Objeto esférico manipulado pelos jogadores.
4. Situação na qual as equipes estão em movimento.
6. Normas que todos os jogadores devem res-
peitar durante o jogo.
7. Número máximo de jogadores por equipe
para iniciar o jogo.
8. Todos os jogadores devem possuir para ma-
nipular bem a bola.
Fonte: adaptado de Palma, Oliveira e Palma (2010).

71


Você poderá, ainda, utilizar, nas suas aulas, questionários que oportunizem a reflexão de seus alunos acerca dos sabe-
res e conhecimentos abordados nas aulas de Educação Física. Veja o exemplo, a seguir:

MODELO DE QUESTIONAMENTOS AOS ESTUDANTES

1. Em uma situação de um jogo de basquetebol, um estudante-jogador, Marcos, ao pegar a bola, percorre uma
distância driblando e, em seguida, segura a bola nas mãos e dá três passos em direção à cesta. No quarto passo,
arremessa e consegue concluir a jogada com sucesso. O árbitro:

a) Apita, marcando ponto para a equipe de Marcos.

b) Apita e sinaliza que não foi marcado ponto.

Justifique a sua escolha:

______________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual a importância das regras de convivência construídas em grupo?

_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

3. Enumere as colunas correspondentes ao enunciado:

(a) Forma de organizar o jogo para atingir os objetivos.

(b) Esporte coletivo, jogado em uma quadra com marcações.

(c) Situação em que o time está com a posse de bola no campo do adversário.

(d) Situação em que o time não está com a posse de bola e está marcando os adversários.

(e) Devem ser pensadas, coletivamente, antes do jogo.

( ) Defesa.

( ) Estratégias de jogo.

( ) Tática.

( ) Características do basquete.

( ) Ataque.

Fonte: os autores.

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade, na qual trouxemos discussões e reflexões acerca da estruturação das aulas
de Educação Física, de forma a levá-lo(a) e auxiliá-lo(a) na estruturação de sua atuação docente no campo escolar.

72
considerações finais

Sendo o ato de avaliar uma das práticas humanas que merecem destaque, vimos que,
na educação escolarizada, ela atinge dimensões de alta complexidade, pois atenta-se a
destacar e atribuir juízos de valores para práticas também humanas: a aprendizagem
e o ato de ensinar. Na educação escolar, quando o assunto “avaliação”, é colocado em
destaque, parece que são criados obstáculos ao desenvolvimento de um ótimo ensino,
tal a complexidade desse assunto, apesar de o ato de avaliar ser uma prática social com
compromissos definidos. Esse tema ou assunto ainda parece estar em um terreno delicado,
afinal, quando se avalia, são demonstradas as fragilidades do processo.
A avaliação, em um processo educacional, deve assumir o compromisso de avançar
rumo ao atendimento dos objetivos e direitos de aprendizagem. Ela mesma indicará
procedimentos para dinamizar ou corrigir o processo.
Pelo referencial utilizado, a avaliação tem exigido tanto empenho quanto tempo da co-
munidade educacional e científica, pois, além de informar sobre o que foi feito, o ato de
avaliar indica procedimento para novas ações, mostrando efeitos positivos ou negativos.
Quando se pensa em avaliação na Educação Física, deve-se ter em conta, em primeiro
lugar, a sua característica como componente curricular com conteúdos para serem en-
sinados e aprendidos, logo, ela, a avaliação, torna-se necessária.
Vimos que são vários os instrumentos a serem utilizados pela disciplina Educação Física
na avaliação. Temos indicado que todos eles têm uma orientação não apenas técnica, mas
pedagógica e com alto grau de cientificidade. A escolha por um ou outro instrumento
ou por todos eles dependerá dos objetivos que se estabeleceu e os conteúdos que haviam
sido programados.
Como pôde ser observado nesta unidade, procuramos te auxiliar na construção do
entendimento sobre a avaliação formativa e mostrar que, embora seja considerada uma
tarefa complexa, é possível realizar um ótimo trabalho avaliativo.

73
agora é com você

1. A avaliação é considerada importante em qualquer setor de atividade humana. Por isso, ela também está
presente no processo educacional escolarizado. Com base nessa afirmação, responda:

a. Para que se avalia na escola e em Educação Física?


b. O que se avalia em uma disciplina escolar, quando ela fica responsável pelo ensino de um saber?

c. Como são definidos os instrumentos de avaliação em uma disciplina escolar?

2. Os processos avaliativos precisam propiciar reflexões aos alunos e disponibilizar aos professores indicativos
do envolvimento e apreensão dos alunos sobre os conteúdos selecionados e ensinados ao longo do período.
As dimensões conceitual, atitudinal e procedimental são importantes instrumentos na elaboração dos proces-
sos avaliativos na Educação Física, Nesse sentido, discorra sobre cada umas dessas dimensões.

3. Leia a situação descrita, a seguir:


No início da aula, o professor lembra a turma que ele havia indicado que, naquele dia, faria uma avaliação.
O conteúdo o qual estava sendo ensinado era o basquetebol e teve, como tema de ensino, os fundamentos
técnicos, dentre eles, o arremesso à cesta. Assim, o professor solicita que os estudantes, individualmente,
executem o movimento de arremesso à cesta, conforme os princípios biomecânicos por ele ensinados.
De acordo com o que foi ensinado pelo professor, quando se executa o arremesso, levando em conta a
biomecânica do movimentos, ele pode ser mais eficiente. O docente quer observar, na avaliação, se os
estudantes sabem: a) posicionar-se corporalmente no movimento de arremesso em sua totalidade; b) a
forma de segurar a bola antes do arremesso; c) a posição da mão de arremesso na parte final do funda-
mento técnico, após a soltura da bola.
Considerando a situação descrita, assinale a alternativa a qual apresenta a dimensão que está no foco
do professor na avaliação:

a. Dimensão conceitual.
b. Dimensão atitudinal.
c. Dimensão procedimental.
d. Dimensão didático-pedagógica.

e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

74
leitura complementar

Caro(a) aluno(a), disponibilizamos a você essa “Leitura Complementar”, com o objetivo de acrescentar mais
conhecimento sobre os conteúdos apresentados nesta unidade e ao longo do material de Educação Física no
Ensino Fundamental e Anos Finais e Ensino Médio.

Avaliação na Educação Física escolar: singularidades e diferenciações de um


componente curricular

Este estudo tem por objetivo apresentar um diálogo com três professoras de Educação Física das séries iniciais do
ensino fundamental, dedicando especial atenção para as práticas avaliativas. Define como instrumento de pesquisa
a entrevista semiestruturada e como base interpretativa a análise de conteúdo. Os dados apresentam possibilidades
de avaliar nas aulas de Educação Física a partir de diferentes instrumentos de registro, levando em consideração a es-
pecificidade desse componente curricular. Aponta caminhos para se projetar a avaliação, ultrapassando os discursos
acadêmicos que fundamentam suas análises em diagnósticos de denúncias.

INTRODUÇÃO

A avaliação educacional, sob diversos enfoques, tem sido objeto de intensos debates no Brasil desde a década de
1930. Nos últimos anos, a reflexão sobre essa temática intensificou-se, assumindo concepções epistemológicas
diversas, bem como objetos de estudo. No que tange especificamente à Educação Física, é possível afirmar que as
pesquisas no campo da avaliação começam a expressar suas reflexões em meados da década de 1970, influencia-
das pelos trabalhos de Bloom, Pophan, Scriven, Stake, Stufflebeam e Tyler.
Contudo, trabalhos do tipo estado da arte, como os de Santos (2002), Alves e Soares Junior (2007) e, recentemente, Macedo
(2011), têm demonstrado um reduzido número de pesquisas sobre avaliação na Educação Física. Santos (2002) e Macedo
(2011), ao tomarem como fonte os periódicos e congressos científicos da área no período de 1930 a 2010,3 evidenciam a
existência de quarenta artigos que tratam dessa temática, sendo que desses apenas sete mergulham no cotidiano escolar.
Embora os autores, no campo da Educação em geral, como Hoffmann (2001), Perrenoud (1999) e, especificamente na
Educação Física, Resende (1995) e Souza Júnior (2004), sinalizarem avanços teóricos nos discursos acadêmicos sobre
avaliação educacional, os trabalhos acabavam por denunciar as mazelas das práticas pedagógicas cotidianas.
É oportuno salientar que esse não é um problema específico dos estudos no campo da avaliação educacional, nem, tampou-
co, um problema específico da Educação Física. Percebermos que é preciso, conforme destacou Alves e Oliveira (2002), evi-
denciar mais do que a tendência de descrever a escola em seus aspectos negativos dizendo o que não há nelas ou o que não
corresponde ao modelo de análise adotado. Faz-se necessário apresentar possibilidades de intervenção na/para a Educação
Física que vão além da continuidade/insistência em gerar diagnósticos de denúncia.
A questão posta por essa opção se projeta no sentido de perceber o que de fato a escola faz, porque faz e com quem faz. Bus-
camos, com isso, compreender não apenas as ações prescritivas como produtoras de conhecimento escolar, mas, sobretudo,
os saberes da prática, criados e recriados diariamente nos espaços e tempos escolares, pelos praticantes que os constituem.
Diante disso, nos aproximamos de uma perspectiva de pesquisar com, e não apenas sobre o professor e a escola. Bus-
camos contrariar esta última perspectiva por meio da indicação da produção de dados, de diálogos compartilhados e de
um retorno àqueles que fazem a escola e possibilitam o desenvolvimento da pesquisa acadêmica, assumindo a escola
como espaço de produção de conhecimento e os agentes sociais como praticantes6 dessas produções. Temos como ob-

75
leitura complementar

jetivo, neste trabalho, ao dar visibilidade às práticas avaliativas produzidas por três professoras de Educação Física das
séries iniciais do ensino fundamental, indicar caminhos e possibilidades concretas para atuação profissional.
O estudo está estruturado em duas partes. Na primeira apresentamos o referencial teórico-metodológico ado-
tado, dedicando-nos à identificação das professoras, tipos de instrumentos e análise de dados. Posteriormen-
te, apresentamos as práticas avaliativas das professoras, dialogando com os estudos no campo da avaliação,
tanto da Educação como da Educação Física.

Fonte: Santos e Maximiano (2013, p. 884-885).

76
material complementar

Título: A Avaliação na (da) Educação Física Escolar


Autores: Luiz Eduardo Pinto Tourinho Dantas e Edison de Jesus Manoel
Editora: CRV
Sinopse: a avaliação é uma das ações principais de quem conduz o processo
ensino-aprendizagem na Educação Física escolar. Ainda que seja prerrogativa do
professor, a avaliação não pode ser um ato arbitrário, ela deve ser partilhada pelo
professor com seus estudantes e vice-versa. A avaliação é, assim, construção, portanto, é dessa forma
que o presente livro busca tratá-la.

Título: Práticas Pedagógicas Reflexivas em Esporte Educacional: Unidade Didática como


Instrumento de Ensino e Aprendizagem
Autores: Adriano Rossetto Jr., Caio Martins Costa e Fabio Luiz D’Angelo
Editora: Phorte
Sinopse: este livro retrata o trabalho desenvolvido por professores que se dedicam
a planejar, aplicar e avaliar a qualidade do seu ensino. São apresentadas 11 unidades
didáticas na temática do esporte educacional que integram aspectos relacionados à seleção de objetivos,
expectativas, estratégias, atividades, indicadores e instrumentos de avaliação.

Título: A Educação Proibida


Ano: 2012
Sinopse: por meio de 45 experiências educativas fora dos padrões tradicionais, que foram
analisadas em 90 entrevistas com pessoas de oito países diferentes, o documentário A Edu-
cação Proibida propõe-se a questionar as lógicas da escolarização moderna e a forma de
entender a educação. Além de apresentar vias alternativas a como crianças e adolescentes
estão sendo, atualmente, educados, o filme demonstra as falhas do modelo de educação vigente, que produz
cidadãos doutrinados pelo sistema e proíbe qualquer ato em não conformidade com a norma estabelecida por ele.

77
meu espaço

78
UNIDADE
IV
MAPA CONCEITUAL DOS
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA:
UMA ESTRATÉGIA INTERESSANTE E ÚTIL

Prof. Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira


Profa. Dra Ângela Pereira Victoria Palma
Prof. Dr. José Augusto Victoria Palma
Profa. Dra Vânia de Fátima Matias de Souza

Oportunidades de aprendizagem

• Apresentar a estruturação de mapas conceituais.


• Demonstrar os mapas conceituais como ferramenta para o processo de
estruturação e discussão didática com alunos.
• Compreender a relevância da estruturação dos mapas conceituais para o
planejamento e a organização das aulas.

Plano de Estudo
• Mapa Conceitual enquanto Estratégias de Ensino na Educação Física Escolar
• Mapas Conceituais e Sua Importância Didática
• Como Organizar Mapas Conceituais Utilizando o Núcleo Movimento e
Saúde para a Educação Física Escolar do Ensino Fundamental (Anos Finais) e
o Ensino Médio
unidade

IV


O planejamento coloca-se como peça fundamental a É de suma importância que professores e alunos,
qualquer ação que venhamos a desenvolver. Na edu- de posse dos temas anuais, dediquem-se à construção
cação, em especial, ele é um ponto-chave. conjunta dos mapas, pois, dessa forma, é possibilitada a
O ato de planejar é contínuo, não se esgota no início visualização do grau de dependência entre um tema e
do ano, ele precisa ser cuidado em todo o seu desenvol- outro e entre uma unidade e outra. O fato de consegui-
vimento. Os aspectos relacionados ao sucesso ou insu- rem observar essa relação facilita para todos enxergar o
cesso de cada etapa precisam ser monitorados. “porquê” de determinados conteúdos serem inseridos ao
Procurando avançar um pouco mais e oferecer al- longo do ano e na disciplina.
guns encaminhamentos que possam subsidiar essa ta- Para esse exercício de uso de mapas conceituais, parti-
refa, abordaremos, aqui, os mapas conceituais. Eles ser- remos dos núcleos propostos por Palma, Oliveira e Palma
vem como ferramenta interessante que facilita a todos (2010). Note que, nos dois primeiros exemplos, não foram
os professores e alunos a visualização geral do que se colocadas as ligações entre os temas, apenas vinculações.
espera ensinar ao longo do período escolar. Dessa for- Não deixe de estimular os alunos a criarem as ligações dos
ma, as possibilidades de acompanhamento tornam-se temas de acordo com o entendimento por eles adotado.
mais fáceis e, também, visualmente mais claras. Nessas Para o terceiro exemplo — que reúne todos os te-
possibilidades, os alunos e professores poderão contro- mas dos três anos — foram apresentadas sugestões de
lar o andamento de todas as etapas e aspectos aborda- ligações, mas elas podem ser alteradas de acordo com o
dos durante o ano. entendimento do grupo e as vivências adquiridas.

82
EDUCAÇÃO FÍSICA

Mapa Conceitual Enquanto Estratégias


De Ensino na Educação Física Escolar
As ações desenvolvidas nas aulas de Educação Física Es- Nesse contexto, entender a relevância da organização e
colar devem estar atreladas às concepções teóricas, propo- do planejamento das aulas de acordo com as séries e níveis
sições metodológicas ou delineamentos didático-pedagó- de ensino, seguindo, também, as orientações do Projeto Po-
gicos descritos no Projeto Político Pedagógico da escola, e lítico Pedagógico da escola, contribui para a ação docente
que, portanto, orientarão tanto as escolhas quanto a orga- ter, como fio condutor de sua prática cotidiana, o trato com
nização dos conteúdos e saberes a serem abordados em os conteúdos e saberes escolares que motivem o aluno a par-
cada nível ou série do ensino. Nesse sentido, os conteúdos, ticipar, a criar, a recriar e inovar nas aulas, afinal, a partir de
as estratégias de ensino, o processo avaliativo e as demais um processo sistematizado de organização, o professor de
ações que envolvem o processo de ensino-aprendizagem Educação Física estruturará a aula adequando os conteúdos,
— utilizadas pelo professor de Educação Física — devem métodos de ensino, procedimentos didático-pedagógicos e
seguir as premissas bem como as orientações da perspec- forma de trabalho às necessidades e interesses dos alunos.
tiva eleita como referencial para as aulas.

83


Vale ressaltar que os conteúdos escolares são defini- tas, atividades de aventura e atividades físicas voltadas
dos, de acordo com Coll et al. (2000, p. 65), como uma “se- não só à saúde como à aptidão física.
leção de formas ou saberes culturais, conceitos, explica- A apropriação de novos conhecimentos deve ocor-
ções, raciocínios, habilidades, linguagens, valores, crenças, rer a partir das vivências e experimentações corpo-
sentimentos, atitudes, interesses, modelos de conduta”. No rais. Nelas, o professor de Educação Física mediará os
entanto, segundo Libâneo (1994), é preciso cuidar para conteúdos os quais representam a cultura corporal de
que apenas os saberes do cotidiano, as necessidades dos movimento, por meio de ações didático-pedagógicas
alunos sejam trazidos ao universo escolar, porque nem inovadoras atreladas à compreensão de que o aluno
sempre esses saberes e formas culturais são elementos deve usufruir dessa cultura, tornando-as significativas,
validados para o universo da educação formal. Nesse sen- incorporando-as em seu cotidiano. Afinal,
tido, a abrangência dos conteúdos nas aulas de Educação
Física deve ter como foco o desenvolvimento de ações ati- os conteúdos são os meios pelos quais o aluno
deve analisar e abordar a realidade de forma
tudinais, procedimentais e conceituais que possibilitem,
que, com isso, possa ser construída uma rede
ao aluno, na aula, compreender as relações entre as práti- de significados em torno do que se aprende na
cas escolares e a relevância dessas no cotidiano. escola e do que se vive. Desse modo, junto com
Por meio dessa perspectiva, os conteúdos eleitos considerações importantes, como a relevância
para o desenvolvimento das aulas devem estar sistema- social do conteúdo, é apontada a preocupação
em se trabalhar com os conteúdos escolares nas
tizados a partir de ações pedagógicas que possibilitem
três dimensões: atitudinal, conceitual e proce-
esse desenvolvimento do aluno. Afinal, de acordo com dimental (BRASIL, 1998, p. 112).
Zabala (1998, p. 98), os conteúdos de ensino
Partindo da compreensão da Teoria da Aprendizagem
são o conjunto de conhecimentos, habilidades, Significativa proposta por Ausubel (1980, p. 67), na qual se
hábitos, modos valorativos e atitudinais de atu-
considera que “toda aprendizagem é um processo no qual
ação social, organizados pedagógica e didati-
camente, tendo em vista a assimilação ativa e o aprendiz relaciona a nova informação com o conheci-
aplicação pelos alunos na sua prática de vida. mento prévio que há no seu cognitivo” e que, ao iniciar
o processo de ensino e aprendizagem, deve-se ter, como
As aulas de Educação Física Escolar constituem-se, em ponto de partida, o que o aluno já sabe ou conhece.
um momento, em possibilidade de incorporar os com- O processo de aprendizagem torna-se mais sim-
ponentes da cultura corporal de movimento na prática ples, de fácil compreensão e assimilação, quando são
cotidiana, afinal, a Educação Física, enquanto compo- utilizados os mapas conceituais como estratégias para
nente curricular da Educação Básica, possibilita o acesso desenvolver as aulas de Educação Física. É uma ação
ao conhecimento e aos saberes historicamente produzi- que possibilita os caminhos para efetivar a aprendiza-
dos no campo da cultura corporal de movimento, possi- gem significativa nas aulas de Educação Física Escolar.
bilitando ao aluno produzir, criar, recriar e transformar Afinal, de acordo com Tavares (2007, p. 81),
os elementos da aula em ações instrumentalizadas, por
meio do jogo, da dança, dos esportes, das ginásticas, lu- a função mais importante da escola é dotar o ser
humano de uma capacidade de estruturar inter-

84
EDUCAÇÃO FÍSICA

namente a informação e transformá-la em co-


nhecimento. A escola deve propiciar o acesso à Em posse desses pressupostos, traremos, a seguir, ele-
meta-aprendizagem, o saber aprender a aprender. mentos que te ajudarão a realizar bem como operacio-
Nesse sentido, o mapa conceitual é uma estratégia nalizar a estrutura de um mapa conceitual dos saberes
facilitadora da tarefa de aprender a aprender. e conteúdos da Educação Física Escolar para as Séries
Finais do Ensino Fundamental e Médio.

Mapas Conceituais e sua


Importância Didática
Os mapas conceituais constituem-se como representações com a possibilidade de ser empregado como estratégia para
gráficas indicadoras do conceito de determinado fenôme- organização tanto dos conteúdos quanto dos estudos/pes-
no que se deseja relacionar e direcionar a determinado co- quisas e à apresentação de itens curriculares.
nhecimento (MOREIRA, 1980). O mapa conceitual vem Estudos realizados por Tavares (2007) Oliveira, de Oli-
sendo utilizado ao longo dos anos e teve a sua aplicação veira e Martins (2013) relatam que o uso de mapas con-
identificada em pesquisas na década de 1980, nos trabalhos ceituais em processos de ensino-aprendizagem promove
de Moreira (1980; 2013), Novak, Gowin e Valadares (1996), a participação dos alunos, uma vez que eles visualizam o

85


desenvolvimento e as relações entre os conteúdos, assim, O professor, por sua vez, adiciona aos seus saberes de
ativam lembranças de conhecimentos adquiridos, facili- experiência os saberes pedagógicos, os quais são referentes
tando a compreensão e atribuição de significado ao novo às áreas do conhecimento, direcionando as ações por meio
conteúdo proposto e ao desenvolvimento de saberes. de referencial teórico, científico, técnico, tecnológico e cul-
Resgata-se, aqui, com base em Pimenta (2005), o fato tural, o que pode garantir aos alunos a apropriação do co-
de os saberes se remeterem às experiências dos sujeitos nhecimento, assim como reflexos no seu desenvolvimento.
do processo educativo (aluno e professor), saberes esses Assim, conforme Pimenta (2005), o saber do profes-
que são os conhecimentos acumulados ao longo da vida e sor se fundamenta em saberes específicos, pedagógicos e
que passaram por reflexão e análise, a partir do confronto de experiência que se mobilizam para investigar a própria
entre teorias e práticas e com momentos de avaliação de prática e, nesse sentido, constituir os saberes docentes.
resultados, constituindo o jeito de ser dos sujeitos.

O mapa conceitual apoia-se fortemente na Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, que de-
fende o seguinte: o ser humano organiza o conhecimento por meio da hierarquização dos conceitos. Desse
modo, o mapa coloca-se como uma estrutura esquemática voltada a representar um conjunto de conceitos.
Ele serve para organizar os conhecimentos, permitindo mostrar como eles se estruturam nas proposições
de seus criadores; estes, por sua vez, podem visualizar e analisar a extensão dessas proposições.
O mapa conceitual é entendido como uma representação visual utilizada para partilhar significados, pois explicita
como o autor entende as relações entre os conceitos enunciados. Nesse sentido, exercitar e colocar os alunos
para pensarem na articulação e ligação dos temas facilita sobremaneira o entendimento geral da disciplina.
Fonte: adaptado de Souza e Boruchovitch (2010).

86
EDUCAÇÃO FÍSICA

Como Organizar Mapas Conceituais


Utilizando o Núcleo Movimento e Saúde
para a Educação Física Escolar do
Ensino Fundamental (Anos Finais)
e o Ensino Médio
A fim de organizar os mapas conceituais com foco Os mapas organizados tiveram a preocupação de
nas aulas de Educação Física para o Ensino Médio, apresentar, gradualmente, os avanços do núcleo, ano a
traremos, a seguir, exemplos cuja ação didático-peda- ano. Para tanto, disponibilizamos as planilhas com os te-
gógica centra-se na abordagem do núcleo Movimento mas referentes aos três anos do Ensino Médio e, na sequ-
e Saúde proposto por Palma, Oliveira e Palma (2010). ência de cada um dos anos, como os mapas podem ser
organizados com acréscimos graduais, ano a ano.

87


O MOVIMENTO E SAÚDE – 1º
ANO
TEMA SUBTEMA ASSUNTO
Resistência cardiorrespiratória
Força muscular
COMPONENTES DA APTIDÃO
Resistência muscular
FÍSICA
Flexibilidade
Composição corporal

ATIVIDADES GÍMNICAS E Tipos de ginástica na academia


ACADEMIA Objetivos da ginástica de academia
APTIDÃO FÍSICA, SAÚDE E
QUALIDADE DE VIDA Significado de corpo ao longo da história
CORPOLATRIA
Significado de corpolatria
Relação do exercício físico com a qualidade de
vida
Consequências do treinamento de alto nível na
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
qualidade de vida
Doenças psicossomáticas, exercícios físicos e
qualidade de vida

Quadro 1 - Planilha com o tema, os subtemas e assuntos dos


conteúdos do núcleo Movimento e Saúde para o Ensino Médio
(1° ano)os autores.
Fonte:

88
EDUCAÇÃO FÍSICA

Resistência
Cardiorespiratória

Força
Características de um Corpólatra
Resistência
Muscular Significado de Corpolatria
Componentes da Corpolatria
Flexibilidade Aptidão Física

Composição Significado de Corpo-histórico


Corporal Movimento e a Saúde

Atividades Gimnicas
e Academia

Tipos Objetivos

Legenda:

Tema

Subtemas

Assuntos do Primeiro Ano

Figura 1 - Exemplo de mapa conceitual para o 1° ano, com o tema Movimento e Saúde / Fonte: os autores.

Caro(a) aluno(a), a legenda indicada é referente ao Mapa 1, a fim de te auxiliar na compreensão das cone-
xões pedagógicas estabelecidas.

Os mapas conceituais são uma ferramenta pedagógica muito importante. Desse modo, quem deve orga-
nizar o mapa conceitual, quando ele deve ser organizado e avaliado?

89


O MOVIMENTO E SAÚDE – 2º
ANO
TEMA SUBTEMA ASSUNTO
Característica da musculação
MUSCULAÇÃO E ACADEMIA Faixa etária de praticantes
Objetivos da musculação
ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO Contribuições dos suplementos
FÍSICO nutricionais
Significado de gasto energético
GASTO ENERGÉTICO E
Consumo de calorias e perda de peso
EXERCÍCIO FÍSICO
Consumo de calorias e exercício físico
Significado de metabolismo
APTIDÃO FÍSICA, SAÚDE E
QUALIDADE DE VIDA METABOLISMO CORPORAL Fatores que influenciam o metabolismo
Significado de metabolismo basal
Significado de corpolatria
CORPOLATRIA Características de um corpólatra
Relação com a mídia
Movimentos repetitivos no trabalho

SAÚDE E MUNDO DO Papel do alongamento


TRABALHO Ginástica laboral
Malefícios do estresse x atividade física
Quadro 2 - Planilha com o tema, os subtemas e assuntos dos
conteúdos do núcleo Movimento e Saúde para o Ensino Médio
(2° ano) / Fonte: os autores.

Figura 2 - Exemplo de mapa conceitual para o 1° ano, com o tema Movimento e Saúde / Fonte: os autores.

90
Metabolismo Fatores que Significado de Resistência
Basal influenciam Metabolismo Cardiorespiratória
Relações com a Mídia

Força Características de um Corpólatra


Componentes da
Resistência Aptidão Física Movimentos Repetitivos
Metabolismo Muscular Significado de Corpolatria
Corporal Alongamentos
Flexibilidade Corporatria
Significado de Corpo-histórico
Ginástica Laboral
Suplementos Composição
Corporal Estresse e
Atividade Física
Gasto Energético Movimento e a Saúde
Saúde e Mundo
do Trabalho
Calorias e Perda
de Peso

Calorias e Exercício Atividades Gimnicas Musculação e Academia


Saúde e Qualidade
e Academia de Vida (QV)

Tipos Objetivos
Objetivos Exercício Físico
Características e QV
Idade e
Musculação Treinamento e QV

Legenda: Doenças/Treinamento
e QV
Tema
Subtemas
Assuntos do Primeiro Ano
EDUCAÇÃO FÍSICA

91


O MOVIMENTO E SAÚDE – 3º ANO


TEMA SUBTEMA ASSUNTO
Tônus e hipertrofia musculares
MUSCULAÇÃO NA ACADEMIA Fatores limitantes da prática
Ergogênicos
ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO
Atividade física na gestação
FÍSICO
Consumo de calorias e exercício
físico
GASTO ENERGÉTICO E EXERCÍCIO Diferença entre emagrecer e
FÍSICO perder peso
APTIDÃO FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE
Consumo de calorias e frequência
DE VIDA
cardíaca
Aceleração do metabolismo
METABOLISMO CORPORAL
Diminuição do metabolismo
CORPOLATRIA Distúrbios alimentares e beleza
Conceito de capacidade funcional
Componentes da capacidade
CAPACIDADE FUNCIONAL E MUN-
funcional
DO DO TRABALHO
Índice de capacidade para o
trabalho

Quadro 3 - Planilha com o tema, os subtemas e assuntos dos conteúdos do núcleo Movimento e Saúde para o Ensino Médio (3° ano) /
Fonte: os autores

Tendo organizado os temas do 3° ano do Ensino Médio,


Essa tarefa deve ser feita em todos os mapas e pode
faremos a organização do mapa conceitual. Na Figura 3, ele
servir como um bom exercício junto aos alunos. Dei-
é apresentado como forma complementar e fundamental;
xe-os alunos fazerem essas conexões no início dos
nele foram colocados os pontos de ligações de influência
trabalhos e, depois, os orientem a voltar e a rever se as
entre as temáticas. É claro que todos os tópicos se inter-re-
conexões indicadas realmente se estabeleceram.
lacionam, porém, a fim de visualizar mais claramente essa
relação, foram colocados os pontos para chamar a atenção.

92
Distúrbios alimentares e beleza Relações com a mídia
Resistência
Metabolismo Fatores que Significado de Cardiorespiratório
Basal influenciam Metabolismo Características de um corpólatra

Força
Aceleração do Significiado de corpolatria
Metabolismo Componentes da
Tem relação Resistência Aptidão física Corpolatria
Observar Metabolismo
corporal direta com muscular Significado do corpo-histórico
Diminuição do
Metabolismo Movimentos repetitivos
Flexibilidade
Influências
Fundamentar sócio-culturais
para o Alongamentos
Calorias e Composição entedimento
exercícios Suplementos
corporal Ginástica laboral
Observar
Gasto
energético Estresse e
Interferem atividade física
Emagrecer e
perder peso Calorias e perda Influenciam as Movimento e saúde
de peso atividades gerais Saúde e Mundo Capacidade funcional

Figura 3 - Os conteúdos do 3° ano do Ensino Médio / Fonte: os autores.


das manifestações do Trabalho
Consumo de calorias Componentes da
e frequência cardíaca Calorias e exercícios Capacidade Funcional

Musculação
Atividades Gimnicas e academia Saúde e Índice de capacidade
e Academia Qualidade de Vida para o trabalho
(QV)
Características Fatores limitantes
Legenda:
Tema
Tipos
Objetivos Exercício físico Atividade física
Objetivos e QV e gestação
Subtemas Hipertrofia
Assuntos do Primeiro Ano Idade e
Assuntos do Segundo Ano musculação Ergogênicos Treinamentos e QV
Assuntos do Terceiro Ano
Doenças, treinamento
Ligações de influências e QV
EDUCAÇÃO FÍSICA

93


Para haver brechas à participação dos alunos, é impor- É de suma importância que o professor demonstre
tante o professor ter esse mapa, inicialmente, organiza- aos alunos o fato de os temas não serem colocados ale-
do, o disponibilizar aos alunos e indicar que eles avaliem, atoriamente e que todos possuem relações e encadea-
apresentem sugestões e coloquem pontos os quais gos- mentos de aprofundamentos, ou seja, não deixe, caro(a)
tariam que recebessem destaque. Com isso, o professor aluno(a), de apresentar como os conteúdos ensinados
poderá, continuamente, enriquecer as aulas bem como nas aulas têm vinculação com o cotidiano. Por exem-
aprofundar as temáticas, demonstrando as relações exis- plo: se o tema Percepção Espacial (PE) foi trabalhado,
tentes entre os temas e as ligações deles não só com os questione como a PE está vinculada ao nosso cotidiano.
interesses dos alunos mas também com o cotidiano. Nesse tema, muitas ações se vinculam, tais como: perce-
Essa exemplificação serve para que todos possam ber a distância de um carro para atravessar a rua, como
ver a utilidade dessa ferramenta e aplicá-la em ações de se posicionar em um jogo para receber a bola, distribuir
planificação com os alunos. Como você pode verificar, adequadamente os desenhos em uma folha de papel, di-
o mapa ganhou complexidade ao longo dos anos. A vi- rigir, andar de bicicleta, entre tantas outras ações.
sualização geral da temática é capaz de facilitar o enten- Para essa tarefa, não deixe de repassar com os alunos
dimento geral dos alunos e, também, do professor sobre os critérios de seleção de conteúdos destacados por Piletti
a matéria e as suas possibilidades de arranjos, ao longo (1997). Você encontrará, na Figura 4, os elementos neces-
dos anos, com outras temáticas da disciplina, além do sários às organização e seleção dos conteúdos da sua aula.
entendimento sobre as demais áreas de formação.

Validade
Adequado às necessidades
sociais e culturais
Possibilidade
Significação de Elaboração
CRITÉRIOS

Utilidade Viabilidade

Interesse Flexibilidade

Figura 4 - Seleção de conteúdos / Fonte: os autores.

Validade, flexibilidade, significado, possibilidade de ela- damente, entenderemos tais critérios:


boração pessoal, utilidade, viabilidade, interesse e ade- Validade: esse critério requer que os conteúdos
quação às necessidades sociais e culturais. Mais detalha- selecionados sejam não só dignos de confiança, mas

94
EDUCAÇÃO FÍSICA

também representativos e atualizados. Suponhamos, a confecção de pipas só terão utilidade para os alunos se
por exemplo, uma escola situada numa região periféri- puderem utilizá-los no ambiente onde vivem e adaptá-lo
ca, onde o futebol é o principal atrativo. Neste caso, será às suas necessidades. Por isso, os dados levantados pelo
muito importante apresentá-lo como uma alternativa e, diagnóstico são importantes, pois facilitarão futuras infe-
também, pode ser aprimorado pelos praticantes da loca- rências à utilidade dos conteúdos selecionados. É impor-
lidade. Isso serve de atrativo para que os alunos se envol- tante o professor saber demonstrar como os conteúdos
vam mais rapidamente com a disciplina. trabalhados têm utilidade no cotidiano dos alunos, o que
Flexibilidade: os conteúdos selecionados devem agrega valor àquilo que é trabalhado nas aulas.
possibilitar modificações, adaptações, renovações e en- Viabilidade: segundo este critério, deve-se selecio-
riquecimentos. Com relação ao exemplo anterior, os nar conteúdos que possam ser aprendidos dentro das
conteúdos podem ser dotados de regras e práticas dife- limitações de tempo e recursos disponíveis, assim como
rentes, de acordo com o local; deve-se, inclusive, estimu- das capacidades físico-motoras e cognitivas dos alunos.
lar que as regras sejam refletidas e alteradas de acordo Não adianta selecionar uma infinidade de informações e
com os interesses e constituições das turmas. práticas sobre tênis de campo, por exemplo, se por falta
Significado: este critério requer que o conteúdo esteja de tempo, condições e vínculo não for possível transmiti-
relacionado às experiências dos participantes. Um conte- -las aos participantes ou se o conteúdo o qual se pretende
údo terá significação para o participante quando, além de apresentar estiver fora do contexto da escola e dos hori-
despertar o seu interesse, leva-o, por iniciativa própria, a zontes dos participantes bem como das suas possibilida-
aprofundar o interesse. Se a escola se localiza numa região des físico-motoras, uma vez que, na Educação Física, essa
onde a prática da peteca é constante, trabalhar essa temática condição precisa ser muito bem cuidada para estimular
e suas variações terá significado para os participantes. positivamente os alunos. Alerta-se apenas para que o
Possibilidade de elaboração pessoal: este critério pensamento de que se os alunos não conhecerem certas
refere-se à recepção, assimilação e transformação da in- práticas ou conteúdos, estes não devam ser trabalhados.
formação pelo próprio aluno. De acordo com esse critério, Muito pelo contrário, o alerta é para cuidar da devida pre-
o aluno terá a possibilidade de associar, comparar, com- paração e estimativa de viabilidade de desenvolvimento
preender, selecionar, organizar, criticar e avaliar o novo dos conteúdos. Por exemplo, como prever uma prática de
conteúdo. Se os estudantes têm a prática da peteca como natação se não existir piscina e/ou outro recurso a essa
algo significativo, eles terão condições de compreender, prática? Isso não inviabiliza o professor de apresentar ví-
comparar, transformar, organizar e criticar o conteúdo. deos, textos e informações gerais sobre a natação.
Essa condição de elaboração pessoal parte da premissa de Interesse: uma das funções dos conteúdos é man-
que os alunos precisam ter um ponto de partida para tal. ter e desenvolver o interesse do aluno em atingir os seus
Utilidade: refere-se ao uso dos conhecimentos em objetivos, com a possibilidade de ele resolver os próprios
situações novas. Este critério estará presente quando con- problemas e atender às suas necessidades pessoais. Os
seguirmos harmonizar os conteúdos selecionados para conteúdos selecionados devem refletir os interesses dos
trabalho com as exigências e características do meio so- alunos e, mais uma vez, deve-se ter o cuidado para que
cial em que os alunos convivem. Os conhecimentos sobre isso não represente uma espécie de laissez-faire, ou seja,

95


o “deixar fazer” sem um compromisso maior com a pro- ções e responsabilidades. Mas esse mesmo aluno é
posta pedagógica geral da disciplina. Aqui, vale a com- um indivíduo com necessidades pessoais, com obje-
petência docente em criar o interesse nos alunos, por tivos particulares que precisam estar contemplados
meio de aulas dinâmicas e bem-estruturadas. no seu processo formativo.
Adequado às necessidades sociais e culturais: Caro(a) aluno(a), a construção dos mapas conceitu-
os conteúdos precisam refletir os amplos aspectos ais torna-se uma possibilidade de ampliar a efetivação
da cultura, tanto do passado quanto do presente, as- das ações didático-pedagógicas nas aulas de Educação
sim como as possibilidades e necessidades futuras. Física; por este motivo, os mapas tornam-se uma exce-
Os melhores conteúdos são aqueles que atendem às lente ação para consolidar uma prática pedagógica ade-
necessidades sociais e individuais dos alunos, enten- quada às necessidades e expectativas tanto dos alunos
dendo que ele está inserido numa sociedade que lhe quanto do Projeto Pedagógico da escola.
faz exigências de toda a ordem e lhe impõe obriga-

96
considerações finais

Como você pôde perceber, os mapas conceituais colocam-


-se como uma ferramenta muito útil na apresentação, estru-
turação, organização e demonstração do teor do(s) tema(s)
da disciplina ao longo do ano ou do ciclo de ensino.
Essa ferramenta pode ser utilizada para uma orga-
nização temática curricular ou, então, para um tema
em específico e às suas ramificações e ligações a ou-
tros conhecimentos que o complementam. Ter a or-
ganização em mãos possibilita segurança bem como
encaminhamentos didáticos mais ajustados aos pro-
pósitos gerais estabelecidos. Os mapas servem como
uma bússola que não só guiará como demonstrará as
possibilidades de cada um dos temas e suas conexões.
É importante salientar que os mapas conceituais não se
restringem ao trabalho com alunos do Ensino Médio. Eles
são uma ferramenta possível de utilizada desde o início do
Ensino Fundamental, obviamente, resguardada a complexi-
dade exigida para cada etapa de desenvolvimento.
O cuidado e a dedicação com o uso dos mapas con-
ceituais têm a chance de despertar nos alunos a assun-
ção da corresponsabilidade com a matéria, facilitando
o envolvimento de todos com as ações planejadas. Mas
destaca-se que, para o sucesso da ação, ter os mapas ex-
postos e disponíveis às contínuas verificação e avalia-
ção do realizado é fundamental.
Por fim, tendo a devida clareza dos encaminha-
mentos por intermédio dos mapas conceituais, alunos e
professor poderão, continuamente, recorrer a eles para
se situarem e, de acordo com o interesse, a amplitude e
o aprofundamento conseguido, provocarem novas ra-
mificações, mas também conexões.

Bom trabalho!

97
agora é com você

1. Os mapas conceituais são estratégias de conteúdo para a obtenção de uma imagem da organiza-
ção conceitual, das relações hierárquicas entre conceitos, para diagnosticar os conceitos prévios dos
alunos, como feedback, e na observação da evolução da aprendizagem (MOREIRA, 1980). A partir do
exposto, responda as questões, a seguir:

a. O que são mapas conceituais?


b. Para que servem os mapas conceituais?
c. De que forma os mapas conceituais estimulam o processo de ensino-aprendizagem?
d. De acordo com as orientações para a confecção dos mapas, deve haver uma preocupação central com
o começo, o meio e o fim?

e. A partir dos mapas conceituais apresentados, elabore um plano de aula para o Ensino Médio.

98
leitura complementar

A partir das informações da leitura, a seguir, e nos nossos estudos, organize um mapa conceitual tendo por base os
conhecimentos de uma modalidade esportiva (basquetebol, handebol, voleibol, futebol) ou esporte de aventura (Ra-
pel, Escalada, mountain bike). Você pode praticar o exercício de organização de mapas conceituais, o que, sem dúvida,
facilitará a organização do seu ensino dos esportes.

Como construir um mapa conceitual

1. Identifique os conceitos-chave do conteúdo que vai mapear e ponha-os em uma lista. Limite entre 6 e 10 o
número de conceitos.
2. Ordene os conceitos, colocando o(s) mais geral(is), mais inclusivo(s), no topo do mapa e, gradualmente, vá agre-
gando os demais até completar o diagrama de acordo com o princípio da diferenciação progressiva. Algumas vezes
é difícil identificar os conceitos mais gerais, mais inclusivos; nesse caso é útil analisar o contexto no qual os conceitos
estão sendo considerados ou ter uma ideia da situação em que tais conceitos devem ser ordenados.
3. Se o mapa se refere, por exemplo, a um parágrafo de um texto, o número de conceitos fica limitado pelo próprio
parágrafo. Se o mapa incorpora também o seu conhecimento sobre o assunto, além do contido no texto, conceitos
mais específicos podem ser incluídos no mapa.
4. Conecte os conceitos com linhas e rotule essas linhas com uma ou mais palavras-chave que explicitem a relação entre
os conceitos. Os conceitos e as palavras-chave devem sugerir uma proposição que expresse o significado da relação.
5. Setas podem ser usadas quando se quer dar um sentido a uma relação. No entanto, o uso de muitas setas acaba
por transformar o mapa conceitual em um diagrama de fluxo.
6. Evite palavras que apenas indiquem relações triviais entre os conceitos. Busque relações horizontais e cruzadas.
7. Exemplos podem ser agregados ao mapa, embaixo dos conceitos correspondentes. Em geral, os exemplos
ficam na parte inferior do mapa.
8. Geralmente, o primeiro intento de mapa tem simetria pobre e alguns conceitos ou grupos de conceitos acabam mal
situados em relação a outros que estão mais relacionados. Nesse caso, é útil reconstruir o mapa.
9. Talvez neste ponto você já comece a imaginar outras maneiras de fazer o mapa, outros modos de hierarquizar os
conceitos. Lembre-se que não há um único modo de traçar um mapa conceitual. À medida que muda sua compreen-
são sobre as relações entre os conceitos, ou à medida que você aprende seu mapa também muda. Um mapa concei-
tual é um instrumento dinâmico, refletindo a compreensão de quem o faz no momento em que o faz.
10. Não se preocupe com “começo, meio e fim”, o mapa conceitual é estrutural, não sequencial. O mapa deve refletir
a estrutura conceitual hierárquica do que está mapeado.
11. Compartilhe seu mapa com colegas e examine os mapas deles. Pergunte o que significam as relações, questione a
localização de certos conceitos, a inclusão de alguns que não lhe parecem importantes, a omissão de outros que você
julga fundamentais. O mapa conceitual é um bom instrumento para compartilhar, trocar e “negociar” significados.

Fonte: Moreira ([s. d.], p. 54).

99
material complementar

Título: A Teoria da Aprendizagem Significativa e Sua Implementação em Sala de Aula


Autor: Marco Antônio Moreira
Editora: UNB
Sinopse: este é um livro para professores, pesquisadores em ensino que estejam buscan-
do um referencial teórico a estudos em sala de aula e para desenvolvedores de materiais
instrucionais. A Teoria da Aprendizagem Significativa aborda corpos organizadores de
conhecimento em situação formal de ensino presencial ou não, inclusive é isso que tentam fazer os professores.
Mas, o livro, além de esclarecer o que é aprendizagem significativa e quais são as condições para que ela ocorra,
sugere, também, estratégias facilitadoras — os mapas conceituais, os diagramas V e os organizadores prévios
— e um modelo voltado à organização do ensino à luz dessa teoria. Esta é apresentada desde a perspectiva de
David Ausubel, mas incorpora contribuições de Joseph Novak, D. B. Gowin e do próprio autor.

Título: Escola da Vida


Ano: 2005
Sinopse: o Sr. D. (Ryan Reynolds) é o novo professor da cidade, ele é bonito, simpático
e adorado por todos os alunos da escola Fallbrook Middle. Ele também faz sucesso
com os colegas mestres, com exceção de Matt Warner (David Paymer), o professor de
biologia do colégio. Werner está determinado a ganhar o Prêmio de Professor do Ano,
mas teme perder a sua chance para o novo e admirado educador.

100
EDUCAÇÃO FÍSICA

O material didático da No texto trabalhado


disciplina de Psicolo- pelas professoras
gia da Aprendizagem, Nádia e Evely, “Es-
produzido pela Uni- tratégia de Ensino/
vesp – Universidade Aprendizagem e Fer-
Virtual do Estado de ramenta Avaliativa”, é
São Paulo, traz informações relevantes sobre demonstrado uma forma de utilizar os mapas
os mapas conceituais. Professor responsável: conceituais em várias situações de ensino e em
Valéria Arantes vários níveis escolares, pois as autoras apoiam-
-se temas simples e acessíveis, com ligações
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
de baixa exigência, demonstrando um pouco
da potencialidade dessa ferramenta didática.

Para acessar, use seu leitor de QR Code.

101
meu espaço

102
UNIDADE
V
PLANOS DE AULAS PARA A EDUCAÇÃO
FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL,
ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO

Dr. Amauri Aparecido Bássoli Oliveira


Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma
Dr. José Augusto Victoria Palma
Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza

Oportunidades de aprendizagem
• Compreender a prática pedagógica docente em sala de aula de Educação
Física. Conceituar a organização e estruturação de planos de aula no
contexto ensino-aprendizagem dessa disciplina escolar.
• Compreender a estrutura didática pedagógica da aula de Educação Física,
vinculando as estruturas didático-pedagógicas da aula com os objetivos
enunciados.

Plano de Estudo
• Estruturação de Plano de Aulas para Ensino Fundamental (Anos Finais) e
Ensino Médio
• Apresentação de exemplos de planos de aulas para o ensino da
Educação Física
unidade

V


Olá, caro(a) aluno(a), conforme veremos nesta unida- mais aulas. Há de se considerar, ainda, o ritmo dos alu-
de, os planos de aulas podem ser estruturados de várias nos e o interesse provocado, aspectos muito importantes
formas, de acordo com as características didático-peda- tanto na organização quanto na estruturação.
gógicas adotadas pela escola; e, ao longo das discussões Tendo os mapas conceituais estabelecidos e a organi-
apresentadas, temos buscado te apresentar orientações zação prévia das aulas, é possível estimar um quantitativo
capazes de te ajudar nessa construção. Ao ler os livros delas, mas isso não será fixo, uma vez que os interesses em
de esportes, observou-se que há uma organização com determinados conhecimentos poderão exigir mais tem-
Tema, Objetivo, Roda Inicial, Desenvolvimento e Roda po. De toda forma, é muito importante a visualização do
Final. Já o livro de Didática traz a organização baseada em todo para o ano e/ou período, como forma de delimitação
Tema, Objetivos e Momentos de Preparação e Introdução e organização do tempo e da profundidade dos conheci-
da Matéria, Tratamento Didático da Matéria, Consolida- mentos a serem ensinados nas ações das aulas.
ção, Aprimoramento e Aplicação dos Conhecimentos e Os planos de aulas organizados nesta unidade são
Habilidades, por fim, Avaliação dos Resultados. exemplificações de como podem ser pensados os temas su-
Ambas as estruturas dão conta de uma organização geridos, ano a ano, do Ensino Fundamental (Anos Finais) e
que visa, sempre, à participação dos alunos bem como à Ensino Médio. São exemplificações temáticas de cada um
sequência lógica de desenvolvimento dos temas. Ao se dos anos nas etapas escolares correspondentes, com possi-
pensar o plano de aula, deve-se ter em mente que as te- bilidades de serem utilizados em um, dois, ou mais encon-
máticas determinarão o tempo de desenvolvimento, ou tros com os alunos, a depender do nível de interesse, conhe-
seja, um tema poderá exigir a utilização de mais de um cimento e potencialidades de cada grupo constituído.
encontro, com isso, o plano passará a ser de duas, três ou

106
EDUCAÇÃO FÍSICA

Estruturação de Plano de Aulas Para


Ensino Fundamental (Anos Finais)
e Ensino Médio
Todos já devem ter estudado e percebido a necessidade e pedagógica entre as pessoas envolvidas (professor e es-
a importância de se planejar. Quando se fala em proces- tudante) e o conteúdo, que é objeto de ensino.
so ensino-aprendizagem no contexto de uma educação As aulas as quais apresentaremos são recortes dos
escolarizada, deve-se ter em mente que o planejamento conteúdos apresentados e explicados na Unidade 2. Elas
também é necessário. Nesse momento, apresentaremos o foram estruturadas didaticamente em momentos. Ca-
planejamento de aulas dos conteúdos que consideramos be-nos considerar que um conteúdo/assunto terá mais
valiosos ao ensino dos conteúdos da Educação Física. de uma aula para a sua efetivação de objeto a ser apreen-
Toda aula é uma forma básica de organização di- dido pelo estudante.
dática. Ela configura-se como um processo de relação

107


algumas vezes, em decorrência do tempo dela, o pro-


fessor se limitará a um dos momentos/passos, ficando
“Os alunos não são coisas. [...] É preciso incor- para o encontro seguinte a sua continuidade.
porá-los no projeto pedagógico. [...] É preciso Esse fato será apresentado em nossos exemplos,
que eles se sintam participantes, sintam que pois, como já evidenciado, o que definirá o desenvol-
são, efetivamente, a razão de a escola existir”. vimento e a sequência dos procedimentos de ensino —
(Selma G. Pimenta) momentos — serão os objetivos definidos, o conteúdo
programado e o ritmo de aprendizagem dos estudantes.

O que consideramos como aula (tema) também deverá ser


compreendido como um continuum, ou seja, processo que “É importante salientar que a organização das
seguirá uma sequência lógica e organizada dos conheci- unidades temáticas se baseia na compreensão
mentos a serem tratados, logo, essa ação poderá ser com- de que o caráter lúdico está presente em todas
posta por mais de uma aula para o ensino de um mesmo as práticas corporais, ainda que essa não seja a
conteúdo. O que definirá o desenvolvimento e a sequência finalidade da Educação Física na escola. Ao brin-
dos procedimentos de ensino são os objetivos definidos car, dançar, jogar, praticar esportes, ginásticas
bem como o ritmo de aprendizagem dos estudantes. ou atividades de aventura, para além da ludici-
Na organização didática das aulas apresentadas, dade, os estudantes se apropriam das lógicas
fizemos adaptações dos passos preconizados por Li- intrínsecas (regras, códigos, rituais, sistemáticas
bâneo (2009) que, mesmo apresentados separada- de funcionamento, organização, táticas etc.) a
essas manifestações, assim como trocam entre
mente, são funções intimamente relacionadas e inte-
si e com a sociedade as representações e os
gradas, pertinentes à dinâmica da aula.
significados que lhes são atribuídos. Por essa
Denominamos momentos aquilo definido pelo au-
razão, a delimitação das habilidades privilegia
tor Libâneo (2009) como passos. São eles:
oito dimensões de conhecimento [experi-
• Preparação e introdução da matéria. mentação, uso e apropriação, fruição, reflexão

• Tratamento didático da matéria (nova ou con- sobre a ação, construção de valores, análise,
tinuação). compreensão, protagonismo comunitário].

• Consolidação, aprimoramento e aplicação dos Vale ressaltar que não há nenhuma hierarquia
conhecimentos e habilidades. entre essas dimensões, tampouco uma ordem
necessária para o desenvolvimento do trabalho
• Avaliação dos resultados.
no âmbito didático. Cada uma delas exige dife-
Reforçamos, aqui, o seguinte: em uma aula, todos os mo- rentes abordagens e graus de complexidade
mentos idealizados podem, não estar necessariamente para que se tornem relevantes e significativas”.
presentes. Dependendo do desenvolvimento da aula e, Fonte: Brasil (2018, p. 221-222).

108
EDUCAÇÃO FÍSICA

Apresentação de Exemplos de Planos de


Aulas para o Ensino da Educação Física

Tendo compreendido a necessidade de organizar uma


estrutura planejada, de forma sistematizada e adequada
“Quando a educação [...] é ética, o ensino é
às necessidades de cada período de ensino, a seguir, você
sempre técnico, não porque ele forma, mas
encontrará dez exemplos de planos de aulas para o ensi-
porque é um lugar de intervenção intencional
no de conteúdos da Educação Física.
e sistematicamente organizado”.
Com o intuito de facilitar a sua compreensão e estudos, (Charles Hadji)
indicamos para cada um dos planos, no Quadro 1, as refe-
rências às unidade didáticas (tema e ano de escolarização).

109


Plano UNIDADE DIDÁTICA – TEMA Ano de escolarização


1 Corporeidade: Estruturas Perceptivas e Capacitativo-Motoras – 6º ano
Equilíbrio Corporal
2 Expressão e Ritmo: Dança de Rua 7º ano
3 Esporte: Esportes Coletivos de Invasão com Bola 8º ano
4 Esporte: Esporte Coletivo de Invasão com Bola –Basquetebol 9º ano
5 Jogos e Brincadeiras: Peteca 6º ano
6 Práticas Corporais de Aventura: Corrida de Orientação Ensino Médio
7 Práticas Corporais de Aventura: Skate 9º ano
8 Educação para Saúde: Atividade Física, Exercício Físico, Contro- Ensino Médio
le Alimentar
9 Ginástica: Arte Circense – Equilibrismo, Malabarismo, Acroba- 7º ano
cias
10 Lutas: Capoeira Ensino Médio

Quadro 1 - Demonstrativo dos planos de aulas com indicação das unidades didáticas e ano de escolarização / Fonte: os autores.

Lembrando que as sugestões de conteúdos para se- pacitativo-motoras.


rem ensinados e a localização em determinada série • Caracterização do equilíbrio corporal.
foram baseados em Palma, Oliveira e Palma (2010). • Fatores influenciadores do equilíbrio corporal.
Você, ao fazer seu planejamento, pode reorganizar • Classificação do equilíbrio corporal (estático e
dinâmico).
os conteúdos para outra série, se entender que deve
depois de conhecer seus estudantes. Objetivos:
• Compreender a relação posição corporal e equi-
PLANO 1 líbrio corporal.
UNIDADE DIDÁTICA: CORPOREIDADE • Conhecer os elementos controladores do equilí-
ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – FUNDA- brio corporal.
MENTAL II (6º ANO) • Identificar a presença do equilíbrio corporal em
ações do cotidiano.
• Compreender a importância dos segmentos cor-
Tema:
porais/visão na manutenção e recuperação do
• Estruturas perceptivas e capacitativo-motoras:
equilíbrio corporal.
equilíbrio corporal.
• Conhecer a classificação de equilíbrio corporal
Assuntos: (estático e dinâmico).
• Caracterização das estruturas perceptivas e ca-

110
EDUCAÇÃO FÍSICA

PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO


INTRODUÇÃO DA MATÉRIA DIDÁTICO DA MATÉRIA

A aula tem início com você, professor(a), informando Neste conteúdo, o professor deve evidenciar a percep-
à turma o conteúdo que será ensinado e fazendo algu- ção do aluno em relação ao equilíbrio corporal no mo-
mas perguntas, tais como: mento de fazer uma tarefa motora.
Coloque no espaço de aula, paralelamente, uma cor-
• Quem de vocês possui equilíbrio corporal?
da grossa, um banco sueco, a trave de equilíbrio baixa e
• Na posição que estão, nesse momento, vocês es-
tão em equilíbrio corporal? um colchonete. Todos os alunos devem passar por todos
• O que faz vocês terem certeza que estão em equi- os materiais, duas vezes. Após terem realizado a tarefa,
líbrio corporal, nessa posição? pergunte: com qual dos materiais eles perceberam que
desequilibraram mais, qual a razão de termos mais ou
Pedir que alterem a posição corporal, por exemplo, fi- menos dificuldade nas tarefas motoras?
car em apenas um pé; sentados; fazer um aviãozinho. Aqui, deseja-se que o estudante perceba a influ-
Novamente, questioná-los se estão em equilíbrio. ência do tamanho da base corporal para realizar as
É importante esclarecer que a todo instante, ações. Se for necessário, refaça-as e solicite que fi-
nas diversas posições corporais, precisamos de quem atentos às dificuldades e facilidades.
equilíbrio. Os alunos devem entender: não é so- Peça aos alunos que se desloquem no espaço, andan-
mente nas tarefas motoras cujo equilíbrio corpo- do, correndo lento/rápido, saltitando de um ponto a ou-
ral está mais evidente — como ficar parado em tro, e parem rapidamente em um lugar determinado. Soli-
um pé só — que ele está presente. cite que elaborem hipóteses das possíveis ocorrências em
relação ao equilíbrio corporal, quando precisarem parar
• Em qual parte do corpo está localizado o equilí- de repente na marca determinada. Solicite que apresen-
brio corporal?
tem as razões das facilidades e dificuldades em parar de
• Qual a importância da visão no equilíbrio corporal?
repente, levando em consideração o equilíbrio corporal.
Peça que realizem as mesmas ações com as mãos pre-
Em seguida, o professor deve solicitar aos alunos que es- sas ao longo do corpo ou atrás e, na sequência, as mesmas
crevam no caderno de Educação Física um pequeno texto, ações com os olhos vendados. Amplie as discussões com
de quatro ou cinco linhas, sobre o que pensam constituir o os alunos sobre as percepções do equilíbrio corporal.
equilíbrio corporal. Ele pode pedir, também, que alguns alu-
nos leiam o texto em voz alta para toda sala e, a cada texto,
aproveitar para aprofundar o conteúdo equilíbrio corporal.

111


TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO, Traga imagem e vídeo para que os alunos possam vi-
APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS sualizar a fisiologia do ouvido interno.
CONHECIMENTOS E HABILIDADES Aprofunde as questões as quais favorecem a per-
cepção do equilíbrio corporal e o deslocamento do
Relembre o conteúdo estudado e explique aos alunos líquido endolinfa.
que o equilíbrio tem uma classificação a qual a todo ins-
tante está presente nas pequenas e grandes ações moto- QUARTO MOMENTO: AVALIAÇÃO DOS
ras, mas de formas diferentes. RESULTADOS
Os tipos de equilíbrio são estático e dinâmico. Explique
cada tipo e solicite aos alunos exemplos de cada um. Traga Solicite que os alunos retomem o texto escrito no primeiro
algumas situações de ações motoras mais específicas, nas dia do conteúdo equilíbrio corporal e que acrescentem
quais os tipos de equilíbrio estão presentes: amarelinha, an- mais elementos a ele. Peça para alguns dos alunos lerem
dar sobre linhas, estátua, pular sela, entre outros. em voz alta aos demais; você deve aproveitar novamente
Quais estruturas do corpo favorecem o sujeito estar esse momento para ampliar os conceitos de todos sobre o
em equilíbrio corporal? Solicite que os alunos fiquem conteúdo e destacar o que foi ensinado nas aulas.
em duplas: um colega mantém-se parado e o outro tenta Divida a turma em pequenos grupos e peça que
deslocá-lo do lugar empurrando-o pelas costas ou om- cada grupo construa uma atividade a qual exija o equi-
bros, após três experiências de deslocamentos trocam-se líbrio e as suas variações. As atividades podem ser as
as posições; para cada momento de desequilíbrio, as po- mais diversas possíveis, mas todos deverão vivenciá-
sições de apoio das pernas devem ser mudadas. -las. Para tanto, cada grupo apresentará aos demais e,
O colega que está sendo empurrado procurará depois, orientará que todos vivenciem as atividades ao
adotar posições para suportar a tentativa de desequi- menos uma vez. A turma apresenta e realiza todas as
líbrio. Solicite que os alunos falem sobre as formas de atividades sob a coordenação de cada um dos grupos.
suporte adotadas e por que razões se sentiram com Outra possibilidade será solicitar que os grupos
mais ou menos equilíbrio corporal. construam uma história em quadrinhos contando a his-
Peça aos alunos que, ainda em duplas, façam um tória de uma criança que tinha muita dificuldade com o
risco no chão ou escolham uma das riscas da quadra equilíbrio corporal nas ações diárias e quais estratégias
para caminhar sobre ela. A risca deve ter, mais ou me- ela usava para resolver a dificuldade com o equilíbrio.
nos, 5 metros de comprimento. Cada grupo deverá apresentar para a turma a sua histó-
Um colega deverá girar/rodopiar com a cabeça ria, colocando-a, depois, no mural da escola.
apoiada em um bastão e, depois, deverá caminhar so-
bre a linha, o outro colega anotará o trajeto. Solicite OBSERVAÇÕES
que os alunos alternem as posições.
Levante hipóteses sobre o que acontecerá no mo- Reforçando: as aulas não devem ser apenas um mo-
mento da caminhada e por que ficamos tontos quan- mento de vivências motoras, elas precisam proporcionar
do giramos com a cabeça abaixada sobre um bastão. a aquisição dos conhecimentos relacionados ao tema. Os

112
EDUCAÇÃO FÍSICA

culturais que compõem o movimento hip-


alunos devem ter domínio dos aspectos conceituais rela-
-hop: grafites, mestre de cerimônia (MC), dis-
cionados a ele e dominá-los, pois desses aspectos depen- c-jóquei (DJ) e breaking.
de o avanço para outras temáticas e aprofundamentos • Construir uma coreografia da dança de rua hip-hop.
futuros. Dessa forma, além de promover a compreensão
acerca de estruturas perceptivas e capacitivo-motoras e, PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E
também, sobre o equilíbrio corporal, é imprescindível INTRODUÇÃO DA MATÉRIA
os alunos compreenderem e perceberem a sensação de
equilíbrio corporal, em qual posição a sensação aumen- A aula tem início com você, professor(a), informando
ta ou diminui com relação ao equilíbrio. à turma o conteúdo que será ensinado e fazendo algu-
Mais uma vez, destacamos: as aulas não têm a mas perguntas, tais como:
intenção de desenvolver o equilíbrio corporal dos
• Quem gosta de dançar?
alunos. Por isso, as inquietação e promoção da per-
• Vocês gostam de dançar qual estilo musical?
cepção do próprio equilíbrio devem ser enaltecidas
• Onde gostam de dançar?
em todos os momentos das aulas.
• Vocês dançam sozinhos ou em par?
• Quais estilos de dança vocês conhecem?
PLANO 2
UNIDADE DIDÁTICA: EXPRESSÃO Recomenda-se ao professor que anote no quadro os estilos
E RITMO. ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO apresentados pelos estudantes. Exemplo: se a dança é indivi-
– FUNDAMENTAL II (7º ANO) dual, local onde pode ser praticada, estilo da música, finali-
dade para a qual foi criada a dança, vestimenta, entre outros.
Tema: Depois da introdução do conteúdo, o professor
• Dança de rua. apresenta o seguinte: dentre os vários estilos de dan-
ça escritos no quadro, a turma estudará a dança de
Assuntos: rua, mais especificamente, o hip-hop.
• Caracterização de dança de rua. Das respostas apresentadas pelos estudantes sobre a dan-
• Origem étnica/história da dança de rua. ça de rua, o professor deve ampliar a discussão. Por exemplo:
• Vestimentas da dança de rua.
• Coreografia básica. • O que diferencia a dança de rua de outros estilos
de dança?
• Quantas pessoas podem dançar ao mesmo tempo?
Objetivos:
• Qual a natureza das danças de rua?
• Caracterizar as danças de rua.
• O que, normalmente, as letras das músicas apre-
• Conhecer a origem das danças de rua.
sentam?
• Conhecer a origem da dança hip-hop.
• Identificar e conhecer os quatro elementos

113


• Qual o objetivo do desafio entre dois dançarinos


de rua?
TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO,
APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS
É importante solicitar aos estudantes o registro, no ca- CONHECIMENTOS E HABILIDADES
derno, das anotações do quadro.
Provoque um debate com os estudantes sobre cada pon-
SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO to (passos, deslocamentos, música, vestimenta) da tarefa
DIDÁTICO DA MATÉRIA solicitada no segundo momento, aproveitando ao máxi-
mo as experiências dos alunos.
Mostre alguns vídeos com apresentação do hip-hop;
a seguir, discuta com a turma quais passos e desloca-
mentos que caracterizam essa dança são fundamentais.
Depois de, cuidadosamente, escolher a música junto
com os alunos — cuidado com as letras com apelo sexu-
al ou que incitem a agressão à mulher; se houver opor-
tunidades aproveite para discutir sobre essas questões
sociais — coloque os estudantes para dançar.
Na sequência, divida a turma em grupos menores e
solicite uma frase coreográfica para começar a aprender
a dança hip-hop. É interessante solicitar que os estudantes
anotem, no caderno de Educação Física, a sequência co-
reográfica, a fim de dar continuidade nas aulas seguintes.
Continue a montagem e elaboração dos passos do
hip-hop, com o propósito de possibilitar os desafios
entre os pequenos grupos. Proponha aos que estão
aguardando a serem desafiados que sejam os juízes
dos que estão se apresentando.
Solicite aos estudantes nova anotação no caderno
Professor, tome para si o encaminhamento das discus- de Educação Física e melhore os passos criados até o
sões sobre a dança de rua — hip-hop — apresente a ori- momento, propondo uma temática à coreografia. Repi-
gem da dança, curiosidades, artigos e vídeos a respeito ta os desafios entre os pequenos grupos.
dos passos mais conhecidos do hip-hop. Solicite que os estudantes voltem a fazer nova
Solicite aos estudantes que procurem, na internet: passos, pesquisa na internet sobre os elementos culturais que
deslocamentos, música e vestimenta sobre a dança de rua. compõem o movimento hip-hop: grafites, mestre de
cerimônia (MC), DJs e breaking. Provoque um debate

114
EDUCAÇÃO FÍSICA

a respeito desses elementos culturais. – FUNDAMENTAL II (8º ANO)


Faça as seguintes perguntas para ajudar no aprofun-
damento dos estudantes sobre a temática: Tema:
• Esportes coletivos de invasão.
• O que são cada elemento do hip-hop?
• No que esses elementos contribuem para a cultu-
Assuntos:
ra da dança de rua?
• Características estruturais e funcionais.
• Qual a diferença entre grafite e pichação?
• Experiências possíveis ao jogador.
• Qual a opinião dos estudantes sobre o prefeito de
São Paulo ter mandado pintar algumas das pare-
des com grafite? Objetivos:
• Qual a linguagem dos grafiteiros para marcar • Conceituar esportes coletivos de quadra de invasão.
seus grupos? • Compreender a lógica estrutural e funcional dos
• Qual é o papel do mestre de cerimônia e do dis- esportes coletivos de quadra de invasão.
c-jóquei? • Identificar os invariantes funcionais, os princí-
pios operacionais (ataque-defesa) bem como as
possibilidades de operacionalização de expe-
É importante os estudantes anotarem todas as discus-
riências pelo jogador nos esportes coletivos de
sões e conclusões no caderno. Você poderá, ainda, trazer
quadra com bola (possibilidades que tenham
vídeos acerca dos elementos do hip-hop. como uma das características a invasão).
• Participar em jogos coletivos de invasão por
QUARTO MOMENTO: meio da experimentação de todas as funções
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS operacionais.

Os estudantes devem entregar a você o roteiro com a PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E


temática criada pelos pequenos grupos para elabora- INTRODUÇÃO DA MATÉRIA
ção da coreografia. Solicite a eles, também, a sequên-
cia dos passos da coreografia. Informe a turma sobre o conteúdo que será ensinado.
Entregue aos pequenos grupos tintas coloridas para Divida-a em dois grupos.
que possam fazer um grafite em folhas de papel kraft, a
partir da coreografia criada por eles. Observe se o tema Individualmente
criado na coreografia vai de encontro ao tema do grafite. Para o trabalho individual, os alunos deverão:
É importante, ao término do conteúdo, socializar, no Refletir sobre o que lhes vêm à mente quando o as-
mural da escola, toda a produção dos estudantes. sunto é esporte. O que lhes vêm à mente quando o as-
sunto é ensino de esporte em aulas de Educação Física?
PLANO 3 Escrever quatro palavras e, em seguida, destacar as duas
UNIDADE DIDÁTICA – ESPORTE mais importantes. Escrever as razões pelas quais eles esco-
ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO lheram as quatro palavras e destacaram, dentre elas, duas.

115


Em grupos
Peça que os alunos formem grupos e apresentem entre si,
dentro dos grupos, as quatro palavras, as duas destacadas
e as razões da escolha delas. O grupo escolherá quatro pa-
lavras para resolver o mesmo problema que foi colocado
individualmente e comporá um texto argumentativo jus-
tificando a escolha. Esse texto e as quatro palavras serão
apresentadas à turma toda.

SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO


DIDÁTICO DA MATÉRIA

Elabore uma apresentação de slides sobre o esporte em


aulas de Educação Física e a caracterização dos esportes
coletivos de invasão com bola. Utilize alguns exemplos
de esportes que se encaixam nessa categoria. vemos de adotar ou observar para garantir a equidade
A cada ponto apresentado, faça relação com o às duas equipes, atitudes adotadas pelas equipes para as
texto argumentativo construído pelos estudantes no diversas situações de jogo, entre outros.
momento anterior, para favorecer a ampliação dos co- Após todos os jogos, os estudantes apresentarão, es-
nhecimentos em relação à temática. crevendo no quadro, as características que identificaram.

TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO, Depois das transcrições, analise com os estudantes as con-
APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS vergências e divergências das características de cada esporte.
CONHECIMENTOS E HABILIDADES
QUARTO MOMENTO: AVALIAÇÃO DOS
Divida a turma em grupos e cada grupo deverá pro- RESULTADOS
por um jogo coletivo de quadra com bola para prati-
car. Defina a tarefa para os estudantes: Elabore uma atividade escrita que contenha perguntas
Todos jogarão, por cinco minutos, cada um dos cujo objetivo seja observar a qualidade de compreensão
esportes e, após cada jogo, todos deverão escrever (em dos estudantes em relação à caracterização dos esportes
grupo) as características que identificaram na prática coletivos de quadra e se eles entenderam as convergên-
daquele esporte. Exemplo: principais ações dos joga- cias e divergências entre os diversos esportes coletivos
dores, nível técnico das ações, principais regras que ti- de quadra com bola.

116
EDUCAÇÃO FÍSICA

OBSERVAÇÕES Assunto:
• Fundamentos técnicos: passe e recepção.
• Esportes coletivos de invasão com bola consti-
tuem uma classe de modalidade esportiva cuja
disputa é baseada na oposição entre duas equipes, Objetivos:
em um espaço comum, com o objetivo de pontuar, • Caracterizar o esporte coletivo de invasão
por meio de ações individuais, grupais e coletivas. com bola basquetebol.
Exemplo: basquetebol, futebol, rúgbi, entre outros. • Caracterizar o passe no basquetebol.
• O assunto caracterização dos esportes coleti- • Conhecer as principais vantagens do passe
vos de invasão, como conteúdo de ensino para a no sistema tático da equipe.
aula, deve ser entendido como introdução ao tema • Vivenciar os diversos tipos de passes e recepção.
esportes coletivos da unidade esportes, por se • Reconhecer, em situação de jogo, os momen-
tratar de um assunto de abrangência e comum a tos de utilização dos tipos de passes e recepção.
todos os esportes coletivos que utilizam quadra,
bola e que possuem confronto entre duas equipes.
PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E
INTRODUÇÃO DA MATÉRIA

A aula tem início quando você, professor(a), situa os


estudantes em relação ao esporte coletivo de invasão
com bola, levantando alguns exemplos de esporte cole-
tivo de invasão com bola e de quadra.
Informe à turma o conteúdo que será ensinado e
proponha algumas perguntas, tais como:

• O que é passe em um esporte coletivo?


• Que significado podemos dar ao passe?
• Quando podemos dizer que o passe é importante?
• Quando podemos dizer que houve passe? Existe
passe errado?
PLANO 4
UNIDADE DIDÁTICA – ESPORTE Recomenda-se anotar no quadro as respostas dos estu-
ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – dantes. Exemplos:
FUNDAMENTAL II (9º ANO)
• É “tocar” a bola para o colega; é fazer a bola che-
gar a um companheiro.
Tema:
• Quando o companheiro dá continuidade na jo-
• Esporte coletivo de invasão com bola: basquetebol.
gada.
• Quando o companheiro domina a bola.

117


A partir das respostas, amplie a discussão. Por exemplo: do as duas mãos. Solicite aos estudantes atenção na ação
motora ao executarem as duas tarefas (passe e recepção).
• Por que utilizamos a expressão “tocar”, como si-
nônimo de passe, se na maioria das vezes, nós a TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO,
enviamos sem bater nela, como é o caso do bas- APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS
quetebol? Há momentos do jogo nos quais você
CONHECIMENTOS E HABILIDADES
escolhe o companheiro para passar a bola? Qual
critério utilizou para a escolha? A amizade pode
ser um deles?
• Quais ações são próprias da equipe que ataca? E
da equipe que defende?
• Essas ações podem ser classificadas?
• Que ação do companheiro de equipe se relacio-
na diretamente com o passe e sem a qual ele não
acontece?

SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO


DIDÁTICO DA MATÉRIA

Você, professor(a), deve tomar para si o encaminhamen-


to das discussões, apresentando o conceito e definição
dos fundamentos passe e recepção, bem como o signifi-
cado atribuído pelos estudantes a uma situação de jogo
coletivo. Procure fazer isso sempre articulando com a
discussão do momento anterior. Coloque os estudantes para jogar partidas de basque-
Apresente os diversos tipos de passes e como podem tebol com duração de cinco a dez minutos. Defina a
ser executados tendo como referência o objetivo, a situação tarefa: eles jogarão e, após cada jogo, escreverão (em
de jogo e a forma mecânica mais eficiente. Repita a situação grupo) os tipos de passes que mais se repetiram duran-
com as formas de recepção. Centralize a sua apresentação te o jogo e se, de fato, podem ser considerados passes.
no passe de peito e na recepção com as duas mãos. Quais as situações, durante o jogo, podem ser des-
Divida a turma em duplas, cada uma com uma bola tacadas como favorecedoras dos passes realizados? Os
de basquetebol. De preferência, solicite que as duplas exe- alunos devem analisar quais formas de recepções acon-
cutem, paradas e em deslocamentos, passes: de peito com teceram durante o jogo e se foram favorecidas pelos pas-
as duas mãos em diversas trajetórias (direto, picado, para- ses efetuados. Mais uma vez, eles devem analisar quais
bólico) e que também procurem receber a bola utilizan- foram as ações motoras utilizadas para efetuar as tarefas.

118
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Praticar os fundamentos do jogo de peteca.


QUARTO MOMENTO: AVALIAÇÃO DOS
• Construção de uma peteca alternativa.
RESULTADOS
• Identificar os impactos da prática do jogo de pe-
teca na melhora/piora da qualidade de vida.
Depois de dar um tempo para os estudantes terminarem
a tarefa solicitada no momento anterior — analisar quais PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E
foram as ações motoras realizadas para efetuar os passes INTRODUÇÃO DA MATÉRIA
e a recepção da bola de basquete — eles deverão apre-
sentar, oralmente, para toda a turma, a análise. A aula tem início com você, professor(a), fazendo algu-
Você, professor(a), aproveitará cada produção mas perguntas, tais como:
dos grupos e ampliará a compreensão dos estudantes
• O que é um jogo?
sobre o conteúdo estudado.
• Qual a diferença entre jogo popular, brincadeira
e esporte?
PLANO 5
• Um jogo popular, para se tornar esporte, precisa do quê?
UNIDADE DIDÁTICA: JOGOS E
• Qual a diferença da prática de um desses temas,
BRINCADEIRAS entre lazer e mundo do trabalho?
ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO
– FUNDAMENTAL II (6º ANO) Depois dessa conversa inicial, divida a turma em três
grupos e distribua papel kraft, revistas, colas, canetas, lá-
Tema: pis coloridos e tesouras. A tarefa dos grupos será encon-
• Peteca. trar figuras nas revistas e montar um cartaz que mostre
os seguintes assuntos de acordo com cada grupo:
Assunto:
• Grupo 1: características do jogo popular.
• Caracterização de jogos e brincadeiras.
• Grupo 2: características da brincadeira.
• Caracterização da peteca.
• Grupo 3: característica do esporte.
• Origem e história da peteca.
• Ensino do jogo peteca e suas variações. Depois da tarefa terminada, cada grupo apresentará o car-
• Impactos do jogo peteca na melhora/piora da taz para toda a sala. Você deverá abrir um debate com os
qualidade de vida. estudantes após as apresentações, levantando as caracterís-
• Construção de uma peteca alternativa. ticas que convergem e divergem entre os temas estudados.
Depois da introdução do conteúdo, solicite que os
Objetivos: alunos, no caderno de Educação Física, escrevam a sua
• Caracterizar os jogos e brincadeiras. própria definição de jogo popular. Na sequência, apre-
• Caracterizar o jogo de peteca. sente algumas definições de jogo feitas por autores que
• Estudar a origem do jogo de peteca. estudam a temática. Você pode anotar no quadro quais
os jogos populares e brincadeiras os alunos conhecem.

119


De todos os jogos listados pelos estudantes, diga TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO,


que a peteca será estudada com mais profundidade APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS
nas aulas seguintes. CONHECIMENTOS E HABILIDADES

SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO Provoque um debate com os estudantes a respeito de


DIDÁTICO DA MATÉRIA cada ponto estudado até o momento.
Mostre outros vídeos com apresentação de pessoas
jogando peteca como forma de lazer e como esporte;
chame a atenção para os deslocamentos dos jogadores,
as ações em quadra, a altura adequada da peteca, a forma
de a colocar em jogo, as regras essenciais, entre outros.
Divida a turma em duplas e entregue uma peteca.
Solicite aos estudantes que experimentem o golpear da
peteca, ora com a mão dominante, ora com a mão não
dominante (ações motoras devem ser realizadas para o
êxito da ação). O importante, aqui, é solicitar que os estu-
dantes experimentem a peteca todos, ao mesmo tempo,
e compreendam as ações motoras necessárias ao jogo.
Chame a atenção dos alunos aos deslocamentos
corporais em direção à peteca, a região da mão em
que ela deve bater, a força empregada na ação e, ainda,
Você, professor(a), deve tomar para si o encaminha- o gasto enérgico ao jogar peteca.
mento das discussões sobre a peteca, apresentando Depois de certo tempo, divida a turma em pequenos
origem, história, curiosidades, artigos e vídeos sobre grupos, entregue uma peteca e um pedaço de elástico a
os fundamentos do jogo de peteca. cada grupo (para fazer a divisão entre os campos). Solicite
É importante aproveitar o momento para ampliar a que, antes de passar a peteca para o campo do oponente,
discussão sobre a cultura indígena brasileira, a influência e realizem passes entre os parceiros do mesmo time.
contribuição cultural no jogo/esporte, por meio da peteca. Após preparar o material escolhido — podem ser vá-
Em seguida, questione os estudantes sobre o jogo de rios deles, a fim de fazer uma comparação de qual material
peteca como lazer e quando praticado como um esporte fica melhor — solicite aos estudantes que, no caderno de
ou, ainda, como atividade física aeróbica e qual a relação Educação Física, façam um desenho da peteca e um plane-
dela com a melhora/piora da qualidade de vida. jamento para a confecção dela. Em seguida, peça que façam
Estude, também, os fundamentos e as regras es- a própria peteca, então, coloque-os para jogar com ela.
senciais do jogo de peteca e levante as semelhanças Confira com os estudantes se a peteca ficou adequada
entre o voleibol e o badminton. para o jogo, se algum aluno quer fazer modificação do seu
material (aumentar “as penas” por exemplo, ou o peso).

120
EDUCAÇÃO FÍSICA

QUARTO MOMENTO: AVALIAÇÃO DOS ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO


RESULTADOS – ENSINO MÉDIO
Tema:
Traga para a sala de aula os cartazes confeccionados pe- • Corrida de orientação.
los grupos no primeiro momento, solicite que os estu- Assuntos:
dantes façam uma análise das construções e se eles gos- • Definição de práticas corporais de aventura.
tariam de alterar, excluir ou acrescentar alguma figura • Tipos de práticas corporais de aventura.
dos cartazes, levando em consideração todo o processo • Aspectos organizacionais das práticas corporais
de ensino e aprendizagem sobre a peteca. de aventura.
• Definição e caracterização de corrida de orientação.
Objetivos:
• Conceituar práticas corporais de aventura.
• Conhecer os diferentes tipos de práticas corpo-
rais de aventura.
• Conhecer a corrida de orientação.
• Conceber a corrida de orientação como inte-
grante das práticas corporais de aventura.
• Planejar, executar e participar de uma corrida de
orientação.

PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E


INTRODUÇÃO DA MATÉRIA

Observe a participação de todos, refaça as perguntas ini- A aula tem início com você, professor(a), informando a
ciais, com o intuito de avaliar o progresso qualitativo na turma sobre o conteúdo que será ensinado e fazendo al-
aprendizagem dos estudantes. gumas perguntas, tais como:
Outro momento de avaliação é solicitar que os estu-
• Quem sabe o que significam práticas corporais?
dantes retomem o caderno de Educação Física e refaçam E práticas corporais de aventura?
o texto sobre jogo popular, por meio de modificações. • Há diferenças entre práticas corporais de aventura,
Assim, ao corrigir os cadernos, você poderá avaliar o esportes radicais, esportes na natureza e urbanos?
progresso dos alunos nesse aspecto do conteúdo. • Vamos levantar, juntos, as características de cada
uma dessas práticas?
PLANO 6 • No que as práticas corporais de aventura se di-
UNIDADE DIDÁTICA – PRÁTICAS COR- ferem dos esportes tradicionais? Quem já parti-
PORAIS DE AVENTURA cipou de alguma atividade de aventura? Ela foi

121


planejada?
porais de aventura na natureza sem prejudicar o meio
• Em qual local foi realizada? Quais as sensações
ambiente. Solicite aos estudantes que anotem o conteú-
que tiveram?
do no caderno de Educação Física.
Recomenda-se anotar as respostas dos estudantes no
quadro. Somente passe para outra pergunta após ter es- SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO
gotado a possibilidade de respostas com a turma. DIDÁTICO DA MATÉRIA

• Quais os cuidados que o praticante deve tomar Você, como professor(a), deve tomar para si o encaminha-
quando pratica um esporte de aventura?
mento das discussões, apresentando o conceito de práticas
• Onde são praticados os esportes de aventura?
corporais de aventura bem como o significado e importân-
• Quais são os esportes de aventura que vocês co-
cia desse conceito no processo educacional escolarizado.
nhecem? Eles vão desde uma simples caminhada
Destaque, também, os diversos tipos de práticas cor-
por trilhas em parques até atividades que exigem
equipamentos caros de segurança e conhecimen- porais de aventura, incluindo os princípios organizacionais
to prévio do praticante, tais como: escalada, moto- necessários para a preparação e desenvolvimento deles.
cross, surf, skate, trekking, slickline, entre outros. Você tem a opção de construir um texto básico so-
bre a história e origem das práticas corporais de aventu-
Divida os estudantes em grupos com mais ou menos o mes- ra, para ser entregue e discutido com os estudantes, pode
mo número de membros. Dois integrantes dos grupos deve- dividir as práticas segundo o local onde são realizadas:
rão listar todas as práticas corporais de aventura praticadas água, ar e terra ou, ainda, meio urbano e a natureza.
na natureza, enquanto outros dois deverão listar todas as Divida novamente os estudantes em quatro grupos
práticas corporais de aventura praticadas no meio urbano. e solicite que façam uma pesquisa pelo bairro, em tor-
Os quatro grupos deverão completar a tarefa por no da escola, mapeando quais os lugares onde é possível
meio da realização de uma lista que apresente: equi- realizar a prática corporal de aventura corrida de orien-
pamentos para a prática, característica da modalida- tação. Depois do tempo estabelecido à execução dessa
de, local onde é praticada, algumas regras, quais são tarefa — de sete a dez dias — abra um novo momento
os impactos na natureza quando essas práticas corpo- de apresentação para os grupos e, em seguida, abra as
rais são praticadas, entre outros. discussões necessárias ao aproveitamento da tarefa.
Os grupos deverão apresentar a atividade para o resto Depois de mapear todos os lugares sugeridos pelos
da sala, enquanto isso, você lista, no quadro, o que acha per- estudantes, escolha, junto com eles, um dos lugares para
tinente para abrir o debate, na sequência das apresentações. a realização de uma corrida de orientação.
Quando aparecer a modalidade corrida de orien- A tarefa para essa atividade é a seguinte: os estudan-
tação, você dirá que, dentre tantas práticas corporais tes devem identificar e escrever, segundo o olhar deles,
listadas, a escolhida para se aprofundar, nas próxi- quais são os requisitos necessários à participação em
mas aulas, foi essa corrida. uma corrida de orientação, tais como: noções de orienta-
Evidencie como tornar sustentáveis as práticas cor- ção e navegação; orientação espacial com e sem bússola;

122
EDUCAÇÃO FÍSICA

elaboração, leitura e interpretação de mapas; bússola e o intuito de aprofundar o assunto estudado e observar a
que poderia ser feito de melhorias no trajeto percorrido. compreensão dos estudantes.

TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO, PLANO 7


APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS UNIDADE DIDÁTICA – PRÁTICAS COR-
CONHECIMENTOS E HABILIDADES PORAIS DE AVENTURA
ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – ENSINO
Faça a divisão da turma em três grupos. Cada grupo, FUNDAMENTAL II (9º ANO)
sob a supervisão do professor, deverá preparar uma
corrida de orientação. Tema:
O Grupo 1 fará a corrida preparada pelo Grupo 3; o • Skate.
Grupo 3 fará a corrida preparada pelo Grupo 2; o Grupo Assuntos:
2 fará a corrida preparada pelo Grupo 1. • Caracterização das práticas corporais de
Essa atividade, provavelmente, deverá ser agendada aventura.
em horário diferente das aulas de Educação Física. • Definição/origem do skate.
• Ensino das manobras fundamentais do skate
e suas variações.
• Impactos da prática do skate na melhora/pio-
ra da qualidade de vida.
• Prática do skate e aspectos sociais e culturais.
• Regras.
• Equipamentos de segurança para a prática.

Objetivos:

• Caracterizar as práticas corporais de aventura.


• Caracterizar o esporte skate.
• Estudar a origem e a história do skate.
• Praticar os fundamentos do skate.
• Identificar os impactos da prática do skate na
QUARTO MOMENTO: AVALIAÇÃO DOS melhora/piora da qualidade de vida.
RESULTADOS
PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E
Após o término da corrida, cada grupo fará uma aná- INTRODUÇÃO DA MATÉRIA
lise, por escrito, da corrida que participou em relação
aos itens: organização do mapeamento; detalhamento Inicie a aula com o conteúdo novo e pergunte aos estu-
e emoção do percurso; dificuldades encontradas; entre dantes quem sabe dizer o que são práticas corporais de
outros. Em seguida, abra uma discussão na sala, com o aventura. Algumas das perguntas podem ser:

123


• Há diferenças entre práticas corporais de


aventura, esportes radicais, esportes na natu-
TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO,
reza e urbanos? APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS
• Quais as características de cada uma dessas prá- CONHECIMENTOS E HABILIDADES
ticas?
• No que as práticas corporais de aventura se di- Provoque um debate entre os estudantes sobre cada
ferem dos esportes tradicionais? Quais os cuida- ponto estudado até o momento, fazendo a relação do
dos que o praticante deve tomar quando pratica tema práticas corporais de aventura com o skate.
um esporte de aventura? Solicite aos alunos pesquisas a respeito dos tipos de
• Onde são praticados os esportes de aventura? skate existentes, regras essenciais, fundamentos, manobras
• Quais são os esportes de aventura que vocês conhe- e equipamentos de segurança tanto para iniciantes quanto
cem? Eles vão desde uma simples caminhada por
para praticantes mais experientes. Eles devem pesquisar,
trilhas em parques até atividades as quais exigem
também, as vestimentas dos skatistas. Peça que façam, ain-
equipamentos caros de segurança e conhecimento
prévio do praticante, tais como: escalada, moto- da, um levantamento das manobras possíveis de serem es-
cross, surf, skate, trekking, slickline, entre outros. tudadas durante as aulas (equilíbrio, remada, breque e ollie).
Depois de aproveitar todas as contribuições dos es-
Liste as respostas no quadro conforme os estudantes as tudantes em um debate, pergunte quem tem skate e se
verbalizam. Quando aparecer a modalidade skate, diga poderá trazer à escola, junto com os equipamentos de
que, dentre tantas práticas corporais listadas, foi escolhida segurança (capacete, cotoveleira e joelheira). Você pode
para todos se aprofundarem, nas próximas aulas, o skate. reunir vários skates emprestados de várias salas diferentes
ou, ainda, emprestar de uma escolinha de skate da cidade.
SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO No início das atividades práticas, solicite aos alunos
DIDÁTICO DA MATÉRIA que mostrem o que sabem fazer com o skate. Crie estra-
tégias as quais promovam, entre os estudantes, a com-
Você tem a opção de construir um texto básico sobre a his- preensão de como se equilibrar sobre o equipamento.
tória, origem e modalidades do skate, entregá-lo e discuti-
-lo com os estudantes. Em seguida, divida a turma em três • Qual é a melhor perna para ficar na frente no
skate? Por quê? Com a perna não dominante,
grupos, solicite aos estudantes que sugiram lugares onde
qual a sensação de equilíbrio você tem?
possam praticar o skate, dentro da escola ou em torno dela.
• Qual deve ser a posição dos joelhos e por quê?
Depois de cada grupo verbalizar o seu mapeamento, vo-
• Como os braços colaboram com a sensação de
cês, em conjunto, decidirão o local mais apropriado, levando
equilíbrio?
em consideração a segurança, o espaço e os obstáculos.
• Como fazer o skate se movimentar (remada)?
• Como fazer o skate parar (breque)?
• Qual movimento necessário para o skate fa-
zer curvas?

124
EDUCAÇÃO FÍSICA

PLANO 8
UNIDADE DIDÁTICA: EDUCAÇÃO
PARA A SAÚDE
ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO –
ENSINO MÉDIO

Tema:
• Atividade física, exercício físico, controle ali-
mentar.
Assuntos:
• Caracterização da educação para a saúde.
• Caracterização de atividades físicas, exercícios
físicos e controle alimentar.
• Impactos das práticas do exercício físico na me-
lhora/piora da qualidade de vida.
QUARTO MOMENTO: AVALIAÇÃO DOS • Periodização da prática de exercícios físicos.
RESULTADOS Objetivos:
• Caracterizar a educação para a saúde.
Após algumas aulas de prática, proponha aos alunos a • Estudar o conceito e caracterização de atividades
organização de um dia de skate na escola. Divida a tur- físicas e exercícios físicos.
ma em pequenos grupos responsáveis por: • Reconhecer a diferença entre atividades físicas e
exercícios físicos.
• Divulgação do evento. • Mapear os exercícios físicos para a melhora/pio-
ra da qualidade de vida e o controle alimentar.
• Construção de cartazes sobre a temática práticas
corporais de aventura e skate. • Identificar os fatores de restrição à prática dos
exercícios físicos.
• Seleção de músicas do universo dos skatistas.
• Construir materiais alternativos à prática de
• Escolha de um praticante com bastante afinida- exercícios físicos.
de com o skate, para fazer uma demonstração.
• Elaborar um boletim informativo com conheci-
• Enfeite do espaço. mentos e curiosidades sobre o tema.
• Tudo isso será discutido no conjunto e, a cada
momento, avalie o conhecimento dos estudantes
acerca do skate.

125


PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E Cada grupo deverá anotar tudo que achar importante
INTRODUÇÃO DA MATÉRIA bem como precisará encontrar curiosidades, artigos re-
lacionados à temática, anotar as dúvidas do seu tema,
O tema educação para a saúde é muito amplo e envolve encontrar figuras para ilustrar o boletim.
uma gama de possibilidades de assuntos a serem ensi- Dessa forma, conforme o conteúdo vai se desenvol-
nados aqui. Como exemplo, elencamos alguns assuntos, vendo, o boletim será construído. Explique que será rea-
mas, ao iniciá-los, é importante dialogar com os estudan- lizada uma atividade introdutória do assunto “educação
tes a respeito dos mitos e da abrangência relacionados à para a saúde”, por meio de um mapa conceitual ou uma
temática: a influência da mídia sobre os produtos alimen- representação gráfica. O mapa conceitual pode ser no
tícios, os suplementos alimentares, a necessidade de prati- formato hierarquizado, teia de aranha ou fluxograma.
car exercícios físicos com regularidade, entre outros. Peça que os estudantes escrevam palavras no ca-
Como é uma temática muito atual que capta o inte- derno de Educação Física, quando a temática “educação
resse da maioria das pessoas, a proposta do término do para a saúde” for mencionada. As palavras precisam en-
desenvolvimento do conteúdo é que, juntos, possamos volver três grandes temas: a) saúde e qualidade de vida;
construir um boletim informativo a ser distribuído para a b) atividade física e exercício físico; c) controle alimen-
comunidade escolar, o qual servirá, ainda, como processo tar. Em seguida, solicite que os alunos escolham quatro
avaliativo do conhecimento produzido pelos estudantes. palavras para cada tema solicitado, a fim de construírem,
Para viabilizar a elaboração do boletim informativo, individualmente, três mapas conceituais em folhas de
é importante dividir a turma em três grupos e distribuir sulfite, separadamente, para cada tema, com as palavras
um tema para cada grupo. Os temas são: escolhidas. Cada mapa precisa ter um tema central.
Depois, solicite que os estudantes liguem os con-
• Saúde e qualidade de vida.
ceitos entre si, por meio de flechas, de forma que se
• Atividade física e exercício físico.
aproximem em grau de importância. Por último, os
• Controle alimentar.

126
EDUCAÇÃO FÍSICA

alunos devem encontrar, ainda, palavras conectoras os aspectos físico, emocional e psicológico bem como a
que liguem um conceito ao outro. boa relação com família e amigos. O texto poderá servir
O objetivo da atividade é que cada estudante repre- como base ao boletim informativo.
sente, graficamente, no mapa conceitual, as suas ideias Como avaliação até o presente momento, solici-
sobre os seguintes assuntos: a) saúde e qualidade de vida; te que os estudantes voltem ao mapa conceitual sobre
b) atividade física e exercício físico; c) controle alimentar. saúde e qualidade de vida e incluam, com outra cor de
Recolha os mapas conceituais, então, observe o co- caneta, mais conceitos os quais, anteriormente, eles não
nhecimento prévio do estudante, para fins de avaliação haviam pensado. Você conseguirá observar, por meio
diagnóstica e preparação dos próximos momentos. desse procedimento, a qualidade da aprendizagem dos
estudantes em cada etapa de ensino do conteúdo.
SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO
DIDÁTICO DA MATÉRIA TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO,
APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS
Devolva aos estudantes apenas a folha do mapa con- CONHECIMENTOS E HABILIDADES
ceitual acerca de saúde e qualidade de vida. Aqui, a
intenção é quebrar os paradigmas deles sobre os equí- Faça uma retrospectiva do conteúdo abordado até
vocos conceituais de cada temática. aqui, lembrando que os estudantes precisam com-
Solicite aos alunos que apresentem os seus con- preender o conjunto de assuntos os quais envolvem
ceitos colocados no mapa, ao mesmo tempo, escreva a temática “educação para a saúde”.
no quadro as palavras possíveis de serem aproveita- Agora, devolva aos estudantes o mapa conceitual sobre
das no aprofundamento da temática. atividades físicas e exercícios físicos. A partir dos conceitos
Você, professor(a), deve promover o aprofunda- colocados no mapa, observe a compreensão dos alunos acer-
mento na discussão a respeito de saúde e qualidade de ca dos seguintes termos: atividades físicas e exercícios físicos.
vida, ou seja, o conjunto de ações que um sujeito deve Enquanto isso, levante as características de cada termo.
ter para manter a qualidade de vida. Promova refle- Solicite que os estudantes recortem das revistas fi-
xões sobre boa alimentação, bons hábitos de sono, de guras de pessoas realizando atividades físicas e exercí-
higiene e lazer, saneamento básico, moradia adequa- cios físicos. No caderno de Educação Física, eles devem
da, prática de exercícios físicos, perigo dos excessos e elaborar uma lista a qual respeite as características de
atenção aos produtos industrializados. ambos, atividades físicas e exercícios físicos. Sempre ao
Solicite uma pesquisa sobre os conceitos de saúde e término das tarefas, peça que os estudantes socializem
qualidade de vida; os alunos podem elaborar, no cader- com toda a turma a construção individual.
no, um pequeno texto a respeito dessas conceituações. Chegou o momento de os estudantes experimen-
A cada nova estratégia, promova o aprofundamento dos tarem uma sequência de exercícios físicos. Aqui está a
conceitos estudados, lembrando que, para ter qualida- sugestão de três possibilidades:
de de vida, é necessário, além dos itens já levantados,

127


• Caso a escola não tenha os materiais necessários,


Agora, devolva aos estudantes o mapa conceitual so-
construa-os junto com os alunos, utilizando ma-
teriais alternativos, tais como: caixas de madeira bre controle alimentar. A partir dos conceitos colocados
para substituir o step; cabos de vassoura; banco no mapa, levante aqueles possíveis de serem aproveita-
de madeira; pneus de vários tamanhos e pesos; dos para o aprofundamento da compreensão da correta
garrafas pet com areia de tamanhos e pesos va- seleção alimentar e como eles influenciam a manuten-
riados; cordas de espessuras diferentes; elásticos; ção de um peso corpóreo saudável.
entre outros.
Entregue aos estudantes um texto explicativo sobre
• Visitar uma academia ao ar livre no bairro e estu-
controle alimentar e manutenção do peso corpóreo sau-
dar cada equipamento e quais exercícios físicos
dável. Faça com a turma um levantamento das qualidade
são ali vivenciados.
e quantidade dos alimentos necessários para um sujeito
• Solicitar um espaço na academia tradicional no
bairro e levar os estudantes para experimenta- saudável. Amplie as discussões com as seguintes questões:
rem os aparelhos.
• Qual a importância da alimentação no dia a dia?
• A alimentação é capaz de contribuir no rendi-
Professor(a), aproveite esse momento e chame a atenção
mento na prática de exercícios físicos?
dos alunos para os cuidados necessários à prática de exer-
• Como deve ser a ingestão de alimentos em rela-
cícios físicos, por meio do uso de equipamentos de segu- ção ao gasto energético?
rança e do próprio aparelho o qual está sendo utilizado. É
necessário, também, dialogar com os estudantes a respeito Como avaliação até o presente momento, solicite aos
da periodização necessária para a prática de exercícios fí- estudantes que voltem ao mapa conceitual de contro-
sicos, dependendo das finalidades do praticante. le alimentar e incluam, com outra cor de caneta, mais
Como avaliação até o presente momento, solicite aos conceitos que, anteriormente, eles não haviam pensado.
estudantes que voltem ao mapa conceitual de atividades Você conseguirá observar, por meio desse procedimen-
físicas e exercícios físicos e incluam, com outra cor de ca- to, a qualidade da aprendizagem dos estudantes.
neta, mais conceitos que, anteriormente, eles não haviam
pensado. Você conseguirá observar, por meio desse pro- QUINTO MOMENTO: AVALIAÇÃO DOS
cedimento, a qualidade da aprendizagem dos estudantes. RESULTADOS

QUARTO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO, Agora é hora de organizar os textos para a elaboração do


APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS boletim informativo, a fim de ser distribuído para toda
CONHECIMENTOS E HABILIDADES a comunidade escolar, ou seja, é hora de mostrar o pro-
duto das aulas. Foi um período longo de aprendizagem,
Faça uma retrospectiva do conteúdo abordado até muitas etapas foram vencidas.
aqui. Estudamos, nos momentos anteriores, que a Coletivamente, é necessário que o grupo faça plane-
qualidade de vida e a saúde estão intimamente liga- jamento, discussão e negociação de:
das à prática de exercícios físicos.

128
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Quantas unidades do boletim serão impressas.


PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E
• Como será a entrega à comunidade.
INTRODUÇÃO DA MATÉRIA
• Como ficarão os títulos de cada tema e o tama-
nho da fonte.
Nesse momento, iniciaremos a exploração do conteúdo
• Quantas e quais figuras ilustrarão o boletim.
artes circenses e a relação com a ginástica para todos, já es-
• Como serão as legendas das figuras.
tudada em outros momentos. Pode-se levantar as questões:
• Quais textos entrarão no boletim.
• Quem já foi ao circo?
Cada grupo deve apresentar a sua parte para que os de- • Como deve ser a vida de quem nasce e cresce
mais possam entender como ficará o boletim. Caberá a no circo?
você, professor(a), fazer a ligação entre as três temáticas • Como será que é, de tempos em tempos, mo-
e dar o acabamento final ao boletim. rar em uma cidade diferente? Como será que
os filhos dos artistas vão à escola?
PLANO 9 • Quais são os números que o circo apresenta?
UNIDADE DIDÁTICA: GINÁSTICA • Como o circo teve início?
ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – FUNDA- • Quais as diferenças entre o circo do século
MENTAL II (7º ANO) passado e o de agora?

Tema: Você tem a opção de mostrar vídeos representando o


• Arte circense (equilibrismo, malabarismo e acro- circo tradicional e o circo contemporâneo. Pode, tam-
bacias). bém, construir um pequeno texto sobre a história e ori-
Assuntos: gem do circo e as modalidades praticadas, para colar no
• Caracterização da arte circense. caderno dos estudantes. Leia o texto e discuta, com o in-
• Modalidades da arte circense (equilibrismo, ma- tuito de haver aprofundamento do conteúdo.
labarismo e acrobacias). Solicite que os estudantes, em sala ou em casa, ela-
• Construção de materiais alternativos para a prá- borem um texto com o tema circo. Eles devem escrever,
tica dos movimentos circenses. nesse texto, sobre: equilibrismo, malabarismo e acroba-
Objetivos: cias. Na sequência, promova a leitura coletiva do texto
• Caracterizar a arte circense (equilibrismo, mala- produzido para os demais colegas.
barismo e acrobacias). Mostre vídeos para os estudantes observarem os
• Identificar os tipos de modalidades do equili- movimentos corporais necessários para realizar o
brismo, malabarismo e acrobacias. equilibrismo, malabarismo e acrobacias. Aproveite o
• Reconhecer os movimentos equilibrismo, mala- conteúdo dos vídeos e aprofunde o assunto estudado.
barismo e acrobacias constituintes do circo.
Em seguida, solicite aos alunos que tragam para a pró-
• Construir materiais alternativos para a prática
xima aula três lenços de TNT.
de equilibrismo, malabarismo e acrobacias.

129


de mão e com bicicleta) e aéreas (trapézio, corda,


SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO
cama elástica e tecido).
DIDÁTICO DA MATÉRIA
Pergunte aos alunos se eles sabem o que significa, nas
Providencie, com antecedência, o material neces- acrobacias, os termos “porto” e “volante”.
sário para a confecção das bolinhas de malabares:
• Porto ou base: é a pessoa que suporta o outro
painço/comida de passarinho, bexiga nº 9, funil. colega ou ajuda no lançamento. Normalmente, é
Cada estudante fará três bolinhas. o sujeito mais forte.
Antes de explorar os movimentos com as bolinhas, • Volante: é a pessoa sustentada ou projetada pe-
solicite que os estudantes experimentem os movimentos los demais praticantes, geralmente, ela encontra-
com os lenços de tal forma que esses não caiam no chão. -se no topo da pirâmide. A sua exigência física é
Por exemplo: jogar o lenço para cima e dar um giro no menor, mas essa pessoa deve ter boa técnica para
minimizar o desgaste dos colegas. É o integrante
próprio eixo, jogar para trás e pegar, jogar para cima e
que mais chama atenção do público.
pegar por baixo das pernas. Acrescente os lenços grada-
tivamente e repita as ações motoras. Hora de experimentar algumas posições de acrobacias:
Depois, inclua as bolinhas aos poucos, primeiro, com
duas bolinhas e uma mão (D) e (E), em seguida, duas boli- • Atividade das cadeiras: os alunos devem ficar
dispostos em círculos, sentados nas cadeiras, en-
nhas e duas mãos e, por último, três bolinhas e duas mãos.
tão, um deve deitar no colo do outro. Avise que
Solicite aos estudantes que tragam outros materiais os
não podem erguer a cabeça senão o conjunto cai.
quais possam servir para praticar o malabares, tais como: Aos poucos, retire as cadeiras da base e deixe-os
chapéu, maçã e arcos. Desafie os alunos para ver quem com apoio só nas pernas.
consegue fazer o movimento com mais de três objetos. • Meia altura: o porto deve estar em pé com as
pernas afastadas e levemente flexionadas, en-
TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO, quanto o volante fica em pé, atrás do porto. O vo-
APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS lante inicia o movimento colocando as mãos no
ombro do porto e os pés entre a coxa e o quadril,
CONHECIMENTOS E HABILIDADES
os joelhos ficam encostados nas costas da base
para dar mais equilíbrio.
Provoque um debate com os estudantes sobre outro
• Bandeira: o porto deve estar em pé com as per-
número que chama muita atenção dos espectadores no nas afastadas e levemente flexionadas, o volante
circo: as acrobacias. Se desejar, você poderá mostrar um também em pé, na frente do porto. O volante ini-
vídeo de acrobacias. Faça um levantamento dos movi- cia o movimento segurando nos pulsos do porto
mentos possíveis de serem realizados individual e co- e colocando um dos pés entre a coxa e o quadril
letivamente, com e sem material, e os cuidados que os dele, depois, deve inserir o outro pé. O porto deve-
rá esticar os braços e inclinar levemente as costas
parceiros devem ter um com o outro.
para trás, o volante inclina, de leve, o corpo para
• Acrobacias individuais: cambalhota, estrela, trás, para que um contrabalance o peso do outro.
parada de mãos e de cabeça, mortal e ponte. • Aviãozinho: o porto fica deitado de costas, no
• Acrobacias coletivas: cambalhota dupla. No chão, com as pernas estendidas para cima, de
solo (pirâmides humanas, rolamentos, paradas

130
EDUCAÇÃO FÍSICA

modo que forme um ângulo de 90º entre as pernas


número que chama muita atenção dos espectadores no cir-
e o chão, segurando as mãos do volante que está
em pé, apoiado sobre o quadril, pelos pés do por- co: os equilibristas. Se desejar, mostre vídeos de equilibristas.
to. Para saírem do chão, o volante dá um peque- Faça um levantamento com os estudantes sobre
no pulo, e o porto estica as pernas, o volante deve os materiais possíveis de serem equilibrados no pró-
manter-se olhando para frente e com o corpo reto. prio corpo (pratos, tecidos e bastões) e quais equipa-
• Florzinha: o porto está deitado de costas, no mentos podem contribuir para o espetáculo (corda
chão, com as pernas flexionadas, de modo que bamba, bola, bambu e monociclos).
forme um ângulo de 90º entre as pernas e o chão,
Faça um levantamento de quais ações podem ser
e os braços estendidos para cima, a fim de segu-
realizadas, na escola, para experimentar o equilibrismo.
rar os ombros do volante, este deverá estar com
as mãos no joelho do porto e os ombros na mão Por exemplo, amarrar duas cordas entre duas árvores, de
dele. O volante deve tirar os pés no chão e ficar forma que uma seja para colocar os pés, e a outra, mais
como estivesse fazendo uma parada de cabeça. acima, seja segurada com as mãos.
Aproveite a atividade para promover nos estu-
dantes a percepção do equilíbrio corporal, isto é, qual
é a melhor forma de ficar com o corpo sobre a corda
e, assim, obter melhor resultado.
Distribua bastões a todos os estudantes e solicite
vários movimentos: tentar equilibrar o objeto em várias
partes do corpo, sem e com locomoção, palma da mão,
ponta do dedo, ombro, queixo e cabeça.
Providencie os seguintes materiais à construção da
tábua rola-rola: garrafa pet de 500 ml, tábua de madei-
ra de 40x25 cm, lixa de ferro 30x25 cm e cola. Primeiro,
cole as lixas na tábua para evitar que as crianças escorre-
guem, depois, equilibre a tábua na garrafa pet e solicite
que as crianças experimentem a sensação do equilíbrio
sobre o aparelho, primeiro, com a ajuda de outro colega
Solicite que os estudantes fiquem em grupos de cinco e, conforme sentirem segurança, sozinhas.
membros e montem uma sequência de movimentos
de pirâmide humana. Para isso, eles precisam escrever QUARTO MOMENTO: AVALIAÇÃO DOS
no caderno as etapas da montagem da apresentação. RESULTADOS
Depois de alguns momentos de treinamento, os estu-
dantes apresentarão para os demais da turma ou, até Solicite que os estudantes retomem o texto elaborado no
mesmo, para todos da escola. primeiro momento e acrescentem outros elementos os
Continuando com o desenvolvimento do conteúdo, quais não haviam pensado no início do conteúdo.
provoque um debate com os estudantes a respeito de outro

131


Peça que façam uma pequena história em quadrinhos PRIMEIRO MOMENTO: PREPARAÇÃO E
sobre os artistas de circo e sobre os números possíveis em INTRODUÇÃO DA MATÉRIA
um espetáculo de circo. Explore as histórias realizadas.
A aula tem início com você, professor(a), informando à
PLANO 10 turma o conteúdo que será ensinado: lutas — capoeira —
UNIDADE DIDÁTICA – LUTAS em seguida, faça algumas perguntas à turma, tais como:
ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO
• Alguém sabe o que é luta?
– ENSINO MÉDIO
• Como surgem as lutas?
• Em que elas se fundamentam?
Tema:
• Qual a diferença entre luta e briga?
• Caracterização da luta capoeira.
• Alguém sabe o que é a luta capoeira?
• Qual a sua história? Por que tem esse nome?
Assuntos:
• Caracterização e conceito de lutas.
• Origem e história das lutas.
• Lutas e processo civilizatório.
• Diferenças conceituais entre lutas e artes marciais.
• Lutas na cultura brasileira.
• Fundamentos técnicos da capoeira.
• Instrumentos e músicas utilizados na roda de
capoeira.

Objetivos:
• Compreender as lutas no contexto das práticas
culturais e corporais.
• Conhecer a terminologia aplicada às diferentes
lutas.
• Reconhecer a diferença entre lutas, artes mar-
ciais e brigas.
• Identificar, entre as diferentes lutas, aquelas que
são presentes na cultura brasileira.
• Conhecer a luta capoeira.
• Identificar a luta capoeira como manifestação da
cultura brasileira.
• Executar movimento básicos de ataque e defesa,
na capoeira.

132
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Qual a sua fundamentação filosófica?


conceitos os quais elas podem apresentar.
• Quais são os instrumentos utilizados na roda de
Visite alguns sites de letras de músicas/ladainhas de
capoeira?
capoeira. Depois de estudar algumas letras e instrumen-
Recomenda-se que você anote no quadro as respostas tos, proponha a roda de capoeira com todos os estudantes,
dos estudantes e que somente passe para outra pergunta fazendo os movimentos básicos de esquiva e de ataque.
após ter esgotado a possibilidade de respostas com a tur-
ma, ampliando, assim, a discussão. QUARTO MOMENTO: AVALIAÇÃO DOS
Você deve apresentar: aspectos históricos, conceitu- RESULTADOS
ando-o como cultura, dança, luta e arte; tipos de capo-
eira: angola e regional; movimentos básicos; música na Proponha que os alunos escrevam a compreensão acerca
capoeira e roda de capoeira. dos conceitos da capoeira bem como as características da
capoeira angola e da regional/contemporânea. Escolha
SEGUNDO MOMENTO: TRATAMENTO três movimentos básicos ensinados durante o desenvol-
DIDÁTICO DA MATÉRIA vimento das aulas e solicite que os alunos escrevam quais
movimentos motores são necessários para os realizar.
Aprofunde o conhecimento em relação aos golpes básicos Solicite, ainda, uma breve redação com o seguinte
da capoeira, por meio da apresentação de vídeos e discus- tema: no que o conteúdo capoeira contribui para melhorar
são com os estudantes sobre a ação motora de cada golpe. a participação, o interesse e o respeito aos colegas de classe.

TERCEIRO MOMENTO: CONSOLIDAÇÃO,


APRIMORAMENTO E APLICAÇÃO DOS
CONHECIMENTOS E HABILIDADES

Coloque os estudantes para executarem os movimentos bási-


cos da capoeira (ginga, armada, aú, benção, meia-lua de fren-
te, martelo, reversão) individualmente e, depois, em duplas.
Defina, a cada aula, quais movimentos básicos serão
estudados, sempre retomando aqueles estudados na aula
anterior. Depois que os movimentos básicos foram com-
preendidos pelos estudantes, solicite que fiquem em du-
plas e, após cada luta, escrevam, no caderno de Educação
Física, os tipos de movimentos que mais aconteceram e
por que motivo foram opção para a execução, apontan-
do momento favorecedores e desfavorecedores.
Você deverá escolher algumas letras de música e es-
tudá-las com os alunos. Traga a letra impressa para ser
colada no caderno de Educação Física e levante os pre-

133
considerações finais

Vimos que, em qualquer atividade humana, o planejamento é algo extremamente necessário


no processo educacional escolarizado. O planejamento pode ser qualificado como planeja-
mento didático-pedagógico, cujas finalidades e propósitos são eminentemente educacionais,
visando sempre à construção de conhecimentos — aprendizagens — pelos estudantes.
O que o professor planeja, didática e pedagogicamente, é o ensino dos conteúdos. As apren-
dizagens acontecem internamente no sujeito para o qual o ensino é dirigido, sendo assim,
o sujeito aprendente, o estudante, disporá de total controle sobre aquilo que ele recebe.
O ensino da Educação Física na escola seleciona os seus conteúdos no conjunto de
saberes socioculturais ligados ao movimento culturalmente construído. Tivemos como
um dos critérios de seleção aqueles que representavam mais relevância social e um
todo mais homogêneo acerca do tema central. Essa seleção sempre foi feita pensando
no processo de ensino-aprendizagem.
O planejamento apresentado considerou o tema central e dele se originaram os saberes
escolares como unidades didáticas. Para cada uma das unidades didáticas foram indicados
temas e cada tema teve os seus assuntos elencados. Estes últimos foram os motivadores do
planejamento de cada aula exemplificada.
Apresentamos para cada aula uma estruturação didático-pedagógica, organizada em funções as
quais denominamos momentos. Ainda que os momentos estejam, didaticamente, apresentados
de forma separada, eles pertencem à dinâmica da aula, estão bastante relacionados e integrados.
Esses momentos não necessitam ter uma sequência fixa, tampouco o seu aparecimento em
uma mesma aula torna-se obrigatório, pois o que define a necessidade de surgimento e a sua
operacionalização serão os objetivos de aprendizagem definidos, o conteúdo programado
bem como o ritmo com o qual os estudantes constroem as suas aprendizagens.

134
agora é com você

1. Uma aula necessita de organização didático-pedagógica, a fim de garantir o sucesso do ensino. Nesse
processo, é fundamental a mediação do professor, o domínio do conhecimento desse e os meios para
trabalhar com eficácia. Nesse sentido, a relação existente em uma sala de aula envolve:
a. Apenas entre os conteúdos a serem ensinados.
b. Entre pais e professores.
c. Entre pessoas (professor e estudante) e de ambos com o conteúdo que é objeto de ensino.
d. Entre materiais de estudo e sala de aula.

e. Entre alunos de séries diversas.

2. O que consideramos aula também pode ser compreendida como um continuum (série de aconte-
cimentos sequenciais e ininterruptos). A razão de ser de uma aula, de a compreender como um
continuum se deve ao fato de:

a. A aula ser plurididática.


b. Para o ensino daquele conteúdo ser necessário mais de uma aula.
c. Todo o conteúdo ser ensinado numa mesma aula.
d. O ensino ser dito intercomplementar.
e. O conteúdo ser significativo.

3. Recomenda-se ao professor de Educação Física ou de qualquer outra matéria, que, ao preparar uma
aula, ela seja estruturada em momentos. Por momentos, consideramos:

a. Tempo decorrido do relógio.


b. Tempo decorrido da aula.
c. Funções pertinentes à dinâmica da aula intimamente relacionadas e integradas.
d. Funções que se apresentam desvinculadas da dinâmica da aula.
e. Funções relacionadas à dinâmica da escola.

4. Toda aula é uma forma básica de organização didática. Ela configura-se como um processo de relação
pedagógica entre as pessoas envolvidas (professor e estudante) e o conteúdo que é objeto de ensino.
Nesse contexto, assinale V para Verdadeiro ou F para Falso.
( ) Quando se organiza, no ensino da Educação Física, o planejamento de aula de um assunto relacionado
com um tema de uma unidade didática, o que definirá o desenvolvimento e a sequência dos procedimentos
de ensino (momentos) são os objetivos definidos, o conteúdo programado e o ritmo de aprendizagem dos
estudantes.
( ) Quando se organiza, no ensino da Educação Física, o planejamento de aula de um assunto relacionado
com um tema de uma unidade didática, o que definirá o desenvolvimento e a sequência dos procedimentos
de ensino (momentos) são os interesses dos estudantes em relação àquele assunto.

135
agora é com você

( ) Quando se organiza, no ensino da Educação Física, o planejamento de aula de um assunto relacionado


com um tema de uma unidade didática, o que definirá o desenvolvimento e a sequência dos procedimen-
tos de ensino (momentos) são os indicadores percentuais obtidos em uma escala linear de variáveis esta-
tísticas nominais.
A sequência correta para a resposta da questão é:
a. V, V, V.
b. V, F, V.
c. V, F, F.
d. F, F, V.

e. F, F, F.

5. Recomenda-se que uma aula de Educação Física seja planejada, didática e pedagogicamente, em mo-
mentos. Estes, como funções pertinentes à dinâmica da aula, estão intimamente relacionados e inte-
grados. A partir dessa frase, leia as afirmativas, a seguir.

I. São consideradas funções na organização didático-pedagógica de uma aula os seguintes momentos:


princípio, meio e fim.
II. São consideradas funções na organização didático-pedagógica de uma aula os seguintes momentos:
preparação e introdução da matéria, tratamento didático da matéria.
III. São consideradas funções na organização didático-pedagógica de uma aula os seguintes momentos:
principal, secundária e terciária.
IV. São consideradas funções na organização didático-pedagógica de uma aula os seguintes momentos:
consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades, avaliação dos resultados.
A sequência correta para a resposta da questão é:

a. I e II, apenas.
b. II e IV, apenas.
c. III e IV, apenas.
d. I e IV, apenas.

e. II, III e IV, apenas.

136
leitura complementar

Cuidados com o plano de aula!

O plano de aula é um roteiro imprescindível para o sucesso docente! O professor não pode deixar de ter a organização
da aula estabelecida. Nesse sentido, coloca-se como vital ter claro o tema e, consequentemente, o objetivo da aula.
Aqui, vale o destacar: em muitas situações, o tema transcende um ou mais encontros com os alunos. Tudo dependerá
da abrangência e profundidade com aquilo que se pretende trabalhar.
Estabelecidos o tema e objetivo da aula, será estimado o tempo necessário ao desenvolvimento deles. A partir disso,
o professor deverá organizar os conteúdos que serão ensinados para atender ao tema proposto. A sequência dos
conteúdos e graus de profundidade precisará vincular-se não só à turma, mas ao nível de desenvolvimento dela (ano
escolar). Com essa definição em mãos, o professor precisará escolher quais estratégias adotará no ensino dos conteú-
dos previamente selecionados. As estratégias deverão ser as mais variadas possíveis, indo da metodologia expositiva
à metodologia participativa, na qual os alunos assumem a corresponsabilidade no desenvolvimento das atividades.
Chegar até a ação participativa é um processo gradativo. O professor deverá ficar atento para, continuamente, es-
timular os alunos a assumirem a condução de suas ações, sem que fujam do foco estabelecido à aula e à atividade.
Por fim, o docente deverá ter a clareza de que a aula necessita de um fechamento, ou seja, é o momento de avaliar
se os objetivos foram atingidos e como os alunos perceberam as ações. As respostas dos alunos se colocarão como
ancoragem ao encadeamento de novas ações nas aulas subsequentes.
Nesse sentido, a organização prevê que a aula tenha uma estrutura básica, ou seja, a existência da roda inicial, na qual
serão apresentados, de forma adequada, tanto o tema quanto os objetivos da aula, e os alunos serão situados em
relação à sequência da disciplina. Em seguida, o desenvolvimento, por meio de uma sequência de ações que possam
subsidiar o tema sem fugir dele e atender aos objetivos em profundidade pedagógica suficiente. Por fim, a roda final,
onde, para a devida verificação de atendimento, serão retomados o tema e os objetivos idealizados. Nesse momento
de encerramento, os alunos declararão o entendimento bem como as percepções gerais sobre a aula.

Fonte: os autores.

137
material complementar

Título: Esportes de Invasão 1: Práticas Corporais e a Organização do Conhecimento


Autores: Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira, Suraya Darido e Fernando Gonzalez (org.)
Editora: Eduem
Sinopse: a coleção Prática Corporais feita pelo Ministério do Esporte disponibiliza para
a comunidade da área uma série de planos em diversas modalidades, como forma
suporte pedagógico ao professor de Educação Física. A organização desse material vai
além dos planos, possibilitando reflexões sobre as práticas corporais e como as organizar em programas e
projetos sociais, da mesma forma que possibilita adaptações ao meio escolar sistematizado. Nesta coleção,
o professor tem muitas opções pedagógicas organizadas que servem de bons exemplos ao desenvolvimento
da Educação Física Escolar.

Título: Educação Física: Contribuições à Formação Profissional


Autor: Jorge Sergio Pérez Gallardo (coord.)
Ano: 2011
Editora: Unijuí-RS
Sinopse: este livro discute o desenvolvimento das habilidades motoras na infância. A
primeira parte apresenta dados históricos da Educação Física no Brasil e aspectos da
biologia humana, além de abordar as características neurocomportamentais e socioculturais da infância. A
segunda parte oferece uma proposta metodológica com orientação didático-pedagógica para profissionais e
estudantes de Educação Física, Pedagogia e Magistério. O livro também interessa a animadores socioculturais
e demais profissionais dedicados ao desenvolvimento físico da criança.

138
conclusão geral

Caro(a) aluno(a)!

Chegamos ao final de mais uma etapa e esperamos que ela tenha sido elucidativa para
você. É muito importante que, ao final dela, você sinta-se confortável, academicamente,
para defender a Educação Física Escolar, com condições de se posicionar, de forma
adequada, frente às demandas exigidas pela escola.
Os temas abordados tiveram a função de esclarecer o nosso percurso histórico e o nosso
estado da arte pedagógico. Ainda temos muitas frentes de trabalho, para que possamos
ter tranquilidade pedagógica e, também, temos muito o que fazer, para a conquista da
legitimidade acadêmico-pedagógica, no entanto, por outro lado, precisamos considerar
que avançamos significativamente nas últimas décadas.
Educação é assim mesmo: tem um ritmo lento, é morosa nas mudanças e em seu coti-
diano escolar. É preciso entender essa morosidade, mas não podemos deixar de buscar
as necessárias e primordiais alterações possíveis de contribuir com a conquista de nossa
legitimidade no setor educacional.
A persistência junto à devida competência pedagógica são peças-chave para que pos-
samos consolidar a área e o profissional da Educação Física. Os temas trabalhados aqui
tiveram a função precípua de te instrumentalizar e, assim, te dar a chance de desenvolver,
conscientemente, a Educação Física Escolar.
Houve a preocupação de resgatar um pouco de nosso processo histórico, dos conteúdos
relevantes que precisam ser abordados nas etapas educacionais correspondentes, de de-
monstrar o processo avaliativo que supera o acerto de contas e serve como balizador das
revisões e correções de rumo, assim como estratégias didáticas com os mapas conceituais
e a organização de planos de aula qualificados.
O domínio desses temas poderá auxiliar você, substancialmente, no exercício profissional na
escola. Não deixe de realizar as reflexões indicadas e visitar os sites, assim como acessar o material
bibliográfico indicado. É muito importante que você seja curioso(a) e mantenha a busca pelo
conhecimento.A curiosidade é a mola propulsora do sucesso de todos nós, não podemos perdê-la!

139
referências

UNIDADE 1

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referências

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UNIDADE 5

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ção Física, Ensino Fundamental, Ensino Médio. 2. ed. Londrina: Eduel, 2010.

143
gabarito

UNIDADE 1

1.
a. A principal característica é trabalho físico corporal, sendo também o que definia o planejamento das
aulas, a organização do horário e espaços escolares de sua efetivação, a divisão de turmas pelo sexo.
Esta divisão, com essa forma de pensar a Educação Física, era necessária, pois meninos e meninas
apresentam aptidão física diferentes e respondem corporalmente de forma diferente aos esforços a
que são solicitados.
b. O objetivo principal era a preparação de pessoas sadias, com movimentos eficientes para o mundo do
trabalho e para o atendimento às demandas do esporte.
c. Ciências biológicas.

2.
a. O foco principal para a superação deixou de ser a execução do movimento, passando para a com-
preensão do movimento.
b. Propor um compromisso pedagógico ao ensino da Educação Física na escola como um componente
curricular, com conteúdos que lhes são próprios e considerando-a com propósitos educacionais bas-
tante claros.
c. Estabelecer que o objeto de conhecimento, fonte de organização dos conteúdos para a Educação Físi-
ca, será o movimento humano com sentido e significado, tornando-se uma prática corporal significativa
e uma instância privilegiada para aprendizagens, indicando procedimentos didático-pedagógicos que a
caracterizam como um dos componentes curriculares da área de Linguagens.

UNIDADE 2

1. Os currículos devem ser organizados de acordo com alguns elementos básicos: os papéis e as finali-
dades da matéria, a forma de distribuição dos conteúdos pelas etapas e níveis da Educação Básica,
o tempo destinado ao ensino desses saberes, os procedimentos didático-pedagógicos adequados, o
perfil dos estudantes de acordo com suas idades e níveis nos quais se encontram matriculados.

2.

a. Os objetivos são antecipações de resultados e de processos os quais o docente espera alcançar com
as situações de ensino-aprendizagem que acontecem na relação pedagógica.
b. Na organização dos objetivos, devem ser observadas a complexidade do que será ensinado, a sua
contemporaneidade e a relação que estabelece com o cotidiano do estudante, portanto, a sua contex-
tualização.
c. Eles indicam premissas gerais bem como contêm orientações mínimas e necessárias para a relação
pedagógica.

144
gabarito

3.

a. As unidades didáticas são um conjunto de temas inter-relacionados desenvolvidos a partir de um tema


central que pode ser detalhado em tópicos.
b. A origem das unidades didáticas está no objeto de referência no qual a matéria organiza o seu cur-
rículo.
c. Um dos procedimentos que deve ter prioridade na organização e sistematização das unidades didáti-
cas é a coerência com os objetivos educacionais.

UNIDADE 3

1.
a. A avaliação, na escola e em uma disciplina escolar em particular, cumpre objetivos de extrema impor-
tância, pois os seus procedimentos visam sempre a contribuir com a melhoria do trabalho que se rea-
lizou ou que se pretende realizar.
b. A avaliação deverá verificar eficácia da prática pedagógica desenvolvida pelo professor e não, exclusiva-
mente, o aproveitamento do estudante, ou seja, o quanto ele aprendeu apenas no sentido quantitativo.
Sendo assim, a avaliação passa a ter um sentido e uma função diagnóstica, construtiva e não classifica-
tória.
c. A utilização de um ou mais instrumentos está diretamente vinculado àquilo que foi definido no plano
e ao propósito educativo, considerando os objetivos enunciados bem como os conteúdos ensinados.

2. Dimensão procedimental: avaliar o estudante dentro de um parâmetro evolutivo e individual, uti-


lizando situações problemas nas quais o estudante resolva-as a partir de sua condição. Outra possi-
bilidade de avaliação é solicitar que ele crie novas formas de “se movimentar” a partir das próprias
experiências, identificando, assim, a capacidade de transformação da prática.
Dimensão atitudinal: por se tratar de uma dimensão que abrange valores humanos de convivência,
o professor deve verificar de qual modo os estudantes vivem e percebem essa dimensão como funda-
mental. Reflexões sobre o comportamento do grupo e com o próprio grupo são uma forma eficaz de
avaliação, discute-se com os estudantes o que cada um traz de contribuição para as relações humanas.
Dimensão conceitual: espera-se que o estudante busque aprofundamento sobre o tema, relacione
outras referências que facilitem o processo de assimilação do conteúdo, podendo existir uma exposição
dos temas em forma de painéis, maquetes, ou mesmo, a visitação a locais possíveis de acrescentar ou-
tras informações relevantes ao assunto.
3. C.

145
gabarito

UNIDADE 4

1.
a. Os mapas conceituais constituem-se como representações gráficas que indicam o conceito de deter-
minado fenômeno que se deseja relacionar e direcionar a determinado conhecimento.
b. Servem como estratégia para organização dos conteúdos, de estudos/pesquisas, para apresentar itens
curriculares, entre outros.
c. O uso de mapas conceituais em processos de ensino-aprendizagem promove a participação dos alu-
nos, uma vez que eles visualizam o desenvolvimento e as relações entre os conteúdos e ativam lem-
branças de conhecimentos já adquiridos, o que facilita a compreensão e atribuição de significado ao
novo conteúdo proposto e ao desenvolvimento de saberes.
d. Não! Não se preocupe com “começo, meio e fim”, o mapa conceitual é estrutural, não sequencial. Ele
deve refletir a estrutura conceitual hierárquica do que está mapeado.
e. Esta questão é um exercício para elaboração de um plano de aula, para tanto, caro(a) aluno(a), não se
esqueça de apresentar o tema da aula, os objetivos, os recursos utilizados bem como o procedimento
metodológico da sua aula.

UNIDADE 5

1. C.
2. B.
3. C.
4. C.
5. B.

146
meu espaço

147
meu espaço

148
meu espaço

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meu espaço

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meu espaço

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