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ENEM

EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO

teoria e
exercícios
TECNOLOGIAS

conteúdo
E SUAS

Linguagens, Códigos
ON-LINE Ciências Humanas
Ciências da Natureza
Curso de R EDAÇÃO e,
mensalmente, aulas de
Matemática
ATUALIDAD ES
até a data da prova.
EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO

teoria e
exercícios

NV-LV007-21-ENEM-2021
Cód.: 7908428800369
Obra Produção Editorial

ENEM Carolina Gomes


Josiane Sarto
Exame Nacional do Ensino
Médio Organização

Arthur de Carvalho
Karolaine Assis

Áreas
Análise de Conteúdo
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Ana Beatriz Mamede
Língua Portuguesa – Professoras Ana Cátia Collares, Giselli
Neves, Isabella Ramiro e Monalisa Costa Revisão de Conteúdo

Língua Espanhola – Professora Isabella Ramiro Ana Cláudia Prado


Fernanda Silva
Língua Inglesa – Professora Rebecca Soares
Jaíne Martins
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Karina Oliveira
Maciel F. Rigoni
História – Professor Jean Talvani
Nataly Ternero
Geografia – Professor Zé Soares

Sociologia – Professor Jean Talvani Diagramação

Dayverson Ramon
Filosofia – Professor Jean Talvani
Higor Moreira
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Lucas Gomes
Willian Lopes
Física – Professores Fernando Bertolaccini, Jean Pegoraro e
Ygor Lacerda
Ilustração
Química – Professoras Carolina Sobral e Monique Gonçalves
Joel Ferreira dos Santos
Biologia – Professora Bianca Capizzani

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Projeto Gráfico

Daniela Jardim & Rene Bueno


Matemática – Professor Kaká

Data da Publicação

Abril/2021

Todos os direitos autorais dessa obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por
qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito pela
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no
site www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas www.novaconcursos.com.br/contato
e Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
O ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, é a porta de
entrada para a Educação Superior ou mesmo um recurso para
quem ainda não finalizou o Ensino Médio e deseja concluir essa
etapa dos estudos.

A realização do Exame traz inúmeras oportunidades e bene-


fícios, pois permite, por exemplo, que você participe dos pro-
gramas governamentais de ingresso em diversas instituições
de Ensino Superior do país, tanto públicas quanto privadas, por
meio do SiSU, ProUni ou FIES. Ou, ainda, possibilita uma avalia-
ção do seu desempenho pessoal, revelando suas aptidões para o
mercado de trabalho. Você não pode ficar de fora de uma prova
tão importante como essa!

Foi pensando nisso e no alcance do máximo aproveitamento


dos seus estudos, que a editora Nova Concursos – e seu time de
professores especialistas – organizaram, nesse material, uma
revisão geral e objetiva dos assuntos mais abordados, de acordo
com a matriz de referência do ENEM, conforme as quatro áreas
do conhecimento cobradas. Você encontrará, também, mais de
350 questões gabaritadas das últimas provas (2019 e 2020) para
treinar a resolução, pois resolver exercícios é a melhor manei-
ra de simular a prova e conhecer bem o perfil do exame.

Nossa missão é oferecer a você uma experiência que seja um


diferencial para o seu desempenho. Por isso, além da teoria e
dos exercícios, disponibilizamos ainda um bônus on-line exclu-
sivo para complementar seus estudos: um curso de mais de 10
horas de videoaulas, de Redação e Atualidades, com temas de
Atualidades discutidos mensalmente para manter você cons-
tantemente atualizado sobre o que acontece no Brasil e no Mun-
do até o dia da prova. Não é demais?! Para saber como acessar
o bônus disponível para este livro, basta seguir as orientações
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São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS CURSO ENEM:

• Redação
à Expectativas da banca
à Critérios de Correção - Competências 1 e 2
à Critérios de Correção - Competência 3
à Critérios de Correção - Competências 4 e 5
à O que pode zerar a redação?
à Análise de uma redação nota 1.000

• Atualidades
à As aulas serão disponibilizadas mensalmente, até o dia da prova, para man-
ter você constantemente atualizado.

COMO ACESSAR O CONTEÚDO ON-LINE

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VERSO DA APOSTILA
TREINANDO PARA O ENEM

O Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM é a porta de entrada para a Educação Supe-
-
zou o Ensino Médio e deseja concluir essa etapa dos estudos.
São inúmeras as oportunidades e benefícios ao realizar a prova. Você pode participar
dos programas governamentais de ingresso em diversas instituições de ensino supe-
rior do país, por meio do , destinado a ocupação
das vagas em universidades públicas usando a sua nota média do ENEM. Ou por meio
do ProUni – Programa Universidade Para Todos, que oferece bolsas de estudo parciais
e integrais em universidades privadas. Você ainda pode escolher o FIES – Financia-
mento Estudantil
quitação para até 18 meses depois de formado.
Além disso, também
você também pode avaliar o seu desempenho, seu desenvolvimento
possibilita
. ~ .
pessoal e suas aptidões para a inserção no mercado de trabalho. Fique ligado! Você
Treinar uma leitura atenta e rápida de questões é uma excelente estratégia para
não perder tempo de prova. No ENEM, você precisa se preocupar em interpretar o
texto e retirar dele o máximo de informações que puder em uma única leitura,

ok? Cada situação é diferente. Lembre-se de que é preciso praticar a agilidade de


interpretação, para compreender o enunciado sem desperdiçar tempo relendo
demoradas vezes. Algumas estratégias como grifar palavras-chave nas perguntas
e descartar as alternativas absurdas podem te ajudar. Se a questão for muito exten-
sa, você pode começar lendo primeiro a pergunta. Depois, ao se voltar para o
texto-base, saberá melhor que tipo de informação buscar.

Uma boa preparação começa quando você conhece seus objetivos e o que
espera do exame. Se você deseja utilizar sua média no ENEM para ingressar

mais importância dentro daquilo que você pretende cursar e dedicar-se a


ela.
Atenção! -
cia, pois um bom desempenho em todas áreas é determinante para o resul-

-
car quais são as suas vantagens e desvantagens auxilia a direção do seu
planejamento de estudos.
Ahhh! E o mais importante! Escolher um bom material para se apoiar.

mãos com muito cuidado para oferecer um conteúdo atual e personalizado,


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ótimo resultado na prova.
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DICAS DE ESTUDOS
Estude sempre no mesmo lugar

1
Planeje um cronograma e suas metas diárias

2
Realize pequenas pausas entre as atividades

3
Conheça suas limitações

4
Avalie o que toma o seu tempo e evite
Matthew
last seen today at 13:25

distrações
5:20 PM

5
5:18 PM

5:20 PM

5:18 PM

5:22 PM

5:18 PM

5:20 PM
CHECKLIST
Você pode destacar essa página para deixá-la visível em um
painel de estudos.

1 LINGUAGENS, CÓDIGOS e Suas Tecnologias

2 CIÊNCIAS HUMANAS e Suas Tecnologias

3 CIÊNCIAS DA NATUREZA e Suas Tecnologias

4 MATEMÁTICAS e Suas Tecnologias 5 REDAÇÃO


ANOTAÇÕES
SUMÁRIO

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS............................................27

LÍNGUA PORTUGUESA..................................................................................................................29
USO DA LINGUAGEM.......................................................................................................................................................................29
NORMA CULTA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA.............................................................................................................................................29

FUNÇÕES DA LINGUAGEM............................................................................................................................................................................30

FIGURAS DE LINGUAGEM .............................................................................................................................................................................30

CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO.........................................................................................................................................................................33

MORFOLOGIA......................................................................................................................................................................................34
ESTRUTURA DAS PALAVRAS.......................................................................................................................................................................34

PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS.........................................................................................................................................36

PROCESSOS DE DERIVAÇÃO........................................................................................................................................................................36

NUMERAIS...........................................................................................................................................................................................................38

SUBSTANTIVOS..................................................................................................................................................................................................39

ADJETIVOS...........................................................................................................................................................................................................40

ADVÉRBIOS.........................................................................................................................................................................................................42

PRONOMES..........................................................................................................................................................................................................44

VERBOS.................................................................................................................................................................................................................47

PREPOSIÇÕES.....................................................................................................................................................................................................51

CONJUNÇÕES.....................................................................................................................................................................................................52

INTERJEIÇÕES...................................................................................................................................................................................................53

SINTAXE................................................................................................................................................................................................54
FRASE....................................................................................................................................................................................................................54

ORAÇÃO.................................................................................................................................................................................................................54

PERÍODO...............................................................................................................................................................................................................54

PERÍODO SIMPLES - OS TERMOS DA ORAÇÃO....................................................................................................................................54

SUJEITO................................................................................................................................................................................................................54

PREDICADO.........................................................................................................................................................................................................55

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO.......................................................................................................................................................57


COMPLEMENTO NOMINAL............................................................................................................................................................................57

PERÍODO COMPOSTO......................................................................................................................................................................................59

PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO.........................................................................................................................................60

REGÊNCIA............................................................................................................................................................................................................63

CONCORDÂNCIA ...............................................................................................................................................................................................64

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL...............................................................................................................................66

PLURAL DE COMPOSTOS..............................................................................................................................................................................68

FUNÇÕES DO “SE”.............................................................................................................................................................................................69

FUNÇÕES DO “QUE”..........................................................................................................................................................................................70

FUNÇÕES DO “SEM QUE”...............................................................................................................................................................................70

CONSTRUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO.....................................................................................................................70


COESÃO ...............................................................................................................................................................................................................70

COERÊNCIA..........................................................................................................................................................................................................71

COMO PRODUZIR UM TEXTO COM COERÊNCIA TEXTUAL E COESO?...........................................................................................71

SEQUÊNCIAS DISCURSIVAS E GÊNEROS TEXTUAIS.......................................................................................................75


MODO DE ORGANIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO TEXTUAL .....................................................................................................................75

ATIVIDADES DE PRODUÇÃO ESCRITA E LEITURA DE TEXTOS GERADOS NAS DIFERENTES ESFERAS SOCIAIS:
PÚBLICAS E PRIVADAS..................................................................................................................................................................................78

NOTÍCIA.................................................................................................................................................................................................................80

REPORTAGEM.....................................................................................................................................................................................................80

ARTIGO DE OPINIÃO..........................................................................................................................................................................................81

EDITORIAL............................................................................................................................................................................................................82

CRÔNICA...............................................................................................................................................................................................................82

TEXTO ARGUMENTATIVO, SEUS GÊNEROS E RECURSOS LINGUÍSTICOS ............................................................83


ARGUMENTAÇÃO: TIPO, GÊNEROS E USOS EM LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................83

ORGANIZAÇÃO E PROGRESSÃO TEXTUAL.............................................................................................................................................84

TIPOS DE ARGUMENTAÇÃO/ ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS..................................................................................................85

GÊNEROS DIGITAIS..........................................................................................................................................................................85
O QUE SÃO OS GÊNEROS DIGITAIS?.........................................................................................................................................................85

A FUNÇÃO SOCIAL DAS NOVAS TECNOLOGIAS...................................................................................................................................87

LITERATURA........................................................................................................................................................................................87
PRODUÇÃO LITERÁRIA E PROCESSO SOCIAL......................................................................................................................................87
PROCESSOS DE FORMAÇÃO LITERÁRIA E DE FORMAÇÃO NACIONAL.....................................................................................88

PRODUÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS, SUA RECEPÇÃO E A CONSTITUIÇÃO DO PATRIMÔNIO LITERÁRIO


NACIONAL............................................................................................................................................................................................................88

RELAÇÕES ENTRE A DIALÉTICA COSMOPOLITISMO/LOCALISMO E A PRODUÇÃO LITERÁRIA NACIONAL..............89

ELEMENTOS DE CONTINUIDADE E RUPTURA ENTRE OS DIVERSOS MOMENTOS DA LITERATURA


BRASILEIRA......................................................................................................................................................................................89

REPRESENTAÇÃO LITERÁRIA: NATUREZA, FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO TEXTO LITERÁRIO...........98

RELAÇÕES ENTRE LITERATURA, OUTRAS ARTES E OUTROS SABERES.................................................................................98

LÍNGUA ESPANHOLA......................................................................................................................99
POR QUE ESTUDAR LÍNGUA ESPANHOLA?.........................................................................................................................99
ESTRUTURA DAS QUESTÕES ......................................................................................................................................................................99

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS...............................................................................................................................................99

ASPECTOS GRAMATICAIS .......................................................................................................................................................................... 100

LÍNGUA INGLESA...........................................................................................................................107
POR QUE ESTUDAR LÍNGUA INGLESA?................................................................................................................................107
ESTRUTURA DAS QUESTÕES .....................................................................................................................................................................107

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS..............................................................................................................................................107

ASPECTOS GRAMATICAIS ...........................................................................................................................................................................109

TEMPOS VERBAIS............................................................................................................................................................................................114

HORA DE PRATICAR!.................................................................................................................... 117

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS...............................................129

HISTÓRIA....................................................................................................................... 131
DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS E VIDA EM SOCIEDADE................................................................................131
CULTURA MATERIAL E IMATERIAL...........................................................................................................................................................131

PATRIMÔNIO E DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL......................................................................................................................131

A CONQUISTA DA AMÉRICA........................................................................................................................................................................132

CONFLITOS ENTRE EUROPEUS E INDÍGENAS NA AMÉRICA COLONIAL.................................................................................132

A ESCRAVIDÃO E FORMAS DE RESISTÊNCIA INDÍGENA E AFRICANA NA AMÉRICA........................................................132

HISTÓRIA CULTURAL DOS POVOS AFRICANOS..................................................................................................................................133

A LUTA DOS NEGROS NO BRASIL E O NEGRO NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA........................................133

HISTÓRIA DOS POVOS INDÍGENAS E A FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL BRASILEIRA......................................................... 134


ORGANIZAÇÃO SOCIAL, MOVIMENTOS SOCIAIS, PENSAMENTO POLÍTICO E AÇÃO DO ESTADO............ 134
CIDADANIA E DEMOCRACIA NA ANTIGUIDADE................................................................................................................................. 134

ESTADO E DIREITOS DO CIDADÃO A PARTIR DA IDADE MODERNA...........................................................................................135

DEMOCRACIA DIRETA, INDIRETA E REPRESENTATIVA...................................................................................................................137

REVOLUÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS NA EUROPA MODERNA......................................................................................................137

FORMAÇÃO TERRITORIAL BRASILEIRA................................................................................................................................................ 138

AS REGIÕES BRASILEIRAS..........................................................................................................................................................................139

POLÍTICAS DE REORDENAMENTO TERRITORIAL...............................................................................................................................139

AS LUTAS PELA CONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DAS COLÔNIAS DA AMÉRICA........................................ 140

GRUPOS SOCIAIS EM CONFLITO NO BRASIL IMPERIAL E A CONSTRUÇÃO DA NAÇÃO................................................... 140

O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO LIBERAL NA SOCIEDADE CAPITALISTA E SEUS CRÍTICOS NOS


SÉCULOS XIX E XX........................................................................................................................................................................................... 141

POLÍTICAS DE COLONIZAÇÃO, MIGRAÇÃO, IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO NO BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX......... 142

A ATUAÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS E OS GRANDES PROCESSOS REVOLUCIONÁRIOS DO SÉCULO XX................... 142

GEOPOLÍTICA E CONFLITOS ENTRE OS SÉCULOS XIX E XX......................................................................................................... 143

OS SISTEMAS TOTALITÁRIOS NA EUROPA DO SÉCULO XX.......................................................................................................... 145

DITADURAS POLÍTICAS NA AMÉRICA LATINA.................................................................................................................................... 146

CONFLITOS POLÍTICO-CULTURAIS PÓS-GUERRA FRIA, REORGANIZAÇÃO POLÍTICA INTERNACIONAL E OS


ORGANISMOS MULTILATERAIS NOS SÉCULOS XX E XXI...............................................................................................................148

A LUTA PELA CONQUISTA DE DIREITOS PELOS CIDADÃOS: DIREITOS CIVIS, HUMANOS, POLÍTICOS
E SOCIAIS........................................................................................................................................................................................................... 149

DIREITOS SOCIAIS NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS................................................................................................................ 149

POLÍTICAS AFIRMATIVAS............................................................................................................................................................................ 150

VIDA URBANA: REDES E HIERARQUIA NAS CIDADES, POBREZA E SEGREGAÇÃO ESPACIAL...................................... 151

ESTRUTURAS PRODUTIVAS........................................................................................................................................................152
DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO............................................................................................................152

A ECONOMIA AGROEXPORTADORA BRASILEIRA...............................................................................................................................153

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: CRIAÇÃO DO SISTEMA DE FÁBRICA NA EUROPA E TRANSFORMAÇÕES NO


PROCESSO DE PRODUÇÃO......................................................................................................................................................................... 155

FORMAÇÃO DO ESPAÇO URBANO INDUSTRIAL................................................................................................................................ 155

TRANSFORMAÇÕES NA ESTRUTURA PRODUTIVA NO SÉCULO XX: O FORDISMO, O TOYOTISMO, AS NOVAS


TÉCNICAS DE PRODUÇÃO E SEUS IMPACTOS.....................................................................................................................................156

A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA, A URBANIZAÇÃO E AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E TRABALHISTAS.......157


GEOGRAFIA...................................................................................................................................... 161
A GLOBALIZAÇÃO E AS NOVAS TECNOLOGIAS DE TELECOMUNICAÇÃO: SUAS CONSEQUÊNCIAS
ECONÔMICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS......................................................................................................................................161
PRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DOS ESPAÇOS AGRÁRIOS.........................................................................................................161

MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E ESTRUTURAS AGRÁRIAS TRADICIONAIS.................................................................162

O AGRONEGÓCIO, A AGRICULTURA FAMILIAR, OS ASSALARIADOS DO CAMPO E AS LUTAS SOCIAIS NO CAMPO........162

A RELAÇÃO CAMPO-CIDADE..................................................................................................................................................................... 164

OS DOMÍNIOS NATURAIS E A RELAÇÃO DO SER HUMANO COM O AMBIENTE................................................164


RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA E A APROPRIAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS PELAS SOCIEDADES AO
LONGO DO TEMPO.......................................................................................................................................................................................... 164

IMPACTO AMBIENTAL DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS NO BRASIL: RECURSOS MINERAIS E ENERGÉTICOS.......165

RECURSOS HÍDRICOS, BACIAS HIDROGRÁFICAS E SEUS APROVEITAMENTOS...................................................................166

QUESTÕES AMBIENTAIS CONTEMPORÂNEAS................................................................................................................................... 168

A NOVA ORDEM AMBIENTAL INTERNACIONAL..................................................................................................................................170

POLÍTICAS TERRITORIAIS AMBIENTAIS..................................................................................................................................................171

USO E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS, UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, CORREDORES


ECOLÓGICOS, ZONEAMENTO ECOLÓGICO E ECONÔMICO...............................................................................................................171

ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE....................................................................................................172

ESTRUTURA INTERNA DA TERRA.............................................................................................................................................................173

ESTRUTURAS DO SOLO E DO RELEVO....................................................................................................................................................173

SITUAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA...........................................................................................174

OS GRANDES DOMÍNIOS DA VEGETAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO........................................................................................175

REPRESENTAÇÃO ESPACIAL....................................................................................................................................................177
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS...................................................................................................................................................................177

LEITURA DE MAPAS FÍSICOS, POLÍTICOS E TEMÁTICOS................................................................................................................178

TECNOLOGIAS APLICADAS À CARTOGRAFIA.......................................................................................................................................179

SOCIOLOGIA..................................................................................................................................... 181
SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA.............................................................................................................................................. 181
CIDADANIA.........................................................................................................................................................................................................181

CULTURA E EDUCAÇÃO................................................................................................................................................................................ 182

POLÍTICA, PODER E ESTADO...................................................................................................................................................................... 182

CAPITALISMO................................................................................................................................................................................................... 182
ECONOMIA E SOCIEDADE............................................................................................................................................................................ 183

INDÚSTRIA CULTURAL.................................................................................................................................................................................. 183

MAX WEBER......................................................................................................................................................................................................184

O MUNDO GLOBALIZADO.............................................................................................................................................................................184

FILOSOFIA........................................................................................................................................187
O SURGIMENTO DA FILOSOFIA.................................................................................................................................................187
ARISTÓTELES E A ESCOLA HELENÍSTICA............................................................................................................................................187

RACIONALISMO MODERNO.........................................................................................................................................................................187

ESCOLA SOFÍSTICA, SÓCRATES E PLATÃO.........................................................................................................................................188

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA.................................................................................................................................................................. 189

ESCOLA DE FRANKFURT............................................................................................................................................................................. 189

FILOSOFIA MEDIEVAL....................................................................................................................................................................................190

IDEALISMO ALEMÃO E IMMANUEL KANT.............................................................................................................................................190

ILUMINISMO........................................................................................................................................................................................................191

HORA DE PRATICAR ....................................................................................................................193

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS.......................................201

FÍSICA.....................................................................................................................................203
INTRODUÇÃO À FÍSICA ...............................................................................................................................................................203
CONCEITOS BÁSICOS E FUNDAMENTAIS.............................................................................................................................................203

NOTAÇÃO CIENTÍFICA...................................................................................................................................................................................203

ORDEM DE GRANDEZA.................................................................................................................................................................................203

SISTEMA DE UNIDADES ............................................................................................................................................................................. 204

VETORES ...........................................................................................................................................................................................................205

CONCEITUAÇÃO DE GRANDEZAS ESCALARES E VETORIAIS......................................................................................................205

OPERAÇÕES BÁSICAS COM VETORES...................................................................................................................................................205

CINEMÁTICA......................................................................................................................................................................................206
O MOVIMENTO, O EQUILÍBRIO E SUAS LEIS FÍSICAS......................................................................................................................207

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME (MRU)........................................................................................................................................207

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO (MRUV).................................................................................................. 208


QUANTIFICAÇÃO DO MOVIMENTO E SUA DESCRIÇÃO MATEMÁTICA E GRÁFICA ............................................................. 208

QUEDA LIVRE E ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE ...............................................................................................................................209

MOVIMENTO OBLÍQUO .................................................................................................................................................................................209

MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME (MCU)..........................................................................................................................................210

DINÂMICA.............................................................................................................................................................................................211
LEIS DE NEWTON.............................................................................................................................................................................................211

FORÇAS ESPECIAIS........................................................................................................................................................................................213

FORÇA NOS MOVIMENTOS CIRCULARES............................................................................................................................................. 214

CENTRO DE MASSA........................................................................................................................................................................................215

QUANTIDADE DE MOVIMENTO...................................................................................................................................................................216

TEOREMA DO IMPULSO.................................................................................................................................................................................216

CONCEITO DE FORÇAS INTERNAS E FORÇAS EXTERNAS ............................................................................................................217

TRABALHO E ENERGIA.................................................................................................................................................................218
TRABALHO ........................................................................................................................................................................................................ 218

ENERGIA............................................................................................................................................................................................................. 218

POTÊNCIA........................................................................................................................................................................................................... 218

RENDIMENTO....................................................................................................................................................................................................219

CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA.............................................................................................................................................220

DISSIPAÇÃO DA ENERGIA...........................................................................................................................................................................220

FORÇAS CONSERVATIVAS E DISSIPATIVAS ........................................................................................................................................220

ESTÁTICA.............................................................................................................................................................................................221
TORQUE................................................................................................................................................................................................................221

CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO PONTO MATERIAL E DO CORPO EXTENSO....................................................221

CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO ESTÁTICO DE UM CORPO EXTENSO ............................................................................................222

HIDROSTÁTICA.................................................................................................................................................................................222
PRESSÃO............................................................................................................................................................................................................222

DENSIDADE ......................................................................................................................................................................................................222

PRESSÃO ATMOSFÉRICA ...........................................................................................................................................................................223

PRINCÍPIO DE PASCAL.................................................................................................................................................................................224

CALOR E FENÔMENOS TÉRMICOS.........................................................................................................................................225


CALOR E TEMPERATURA.............................................................................................................................................................................225

ESCALAS TERMOMÉTRICAS......................................................................................................................................................................226
CONDUÇÃO DO CALOR.................................................................................................................................................................................226

CONVECÇÃO......................................................................................................................................................................................................227

IRRADIAÇÃO TÉRMICA..................................................................................................................................................................................228

DILATAÇÃO TÉRMICA....................................................................................................................................................................228
DILATAÇÃO DOS SÓLIDOS .........................................................................................................................................................................228

DILATAÇÃO DOS LÍQUIDOS.........................................................................................................................................................................229

CAPACIDADE CALORÍFICA E CALOR ESPECÍFICO..........................................................................................................230


CALOR SENSÍVEL...........................................................................................................................................................................................230

MUDANÇAS DE ESTADO FÍSICO E CALOR LATENTE DE TRANSFORMAÇÃO..........................................................................231

CALOR LATENTE .............................................................................................................................................................................................231

TROCAS DE CALOR EM UM CALORÍMETRO ........................................................................................................................................232

TERMODINÂMICA............................................................................................................................................................................232
COMPORTAMENTOS DE GASES IDEAIS (EQUAÇÃO DE CLAPEYRON)......................................................................................232

TRANSFORMAÇÃO GERAL DE UM GÁS ................................................................................................................................................233

LEIS DA TERMODINÂMICA .........................................................................................................................................................................235

TRABALHO REALIZADO EM UMA TRANSFORMAÇÃO GASOSA...................................................................................................235

PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA.......................................................................................................................................................235

SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA.......................................................................................................................................................236

ÓPTICA E ONDULATÓRIA............................................................................................................................................................239
PERÍODO, FREQUÊNCIA E CICLO.............................................................................................................................................................239

MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES .....................................................................................................................................................239

PULSO E ONDAS..............................................................................................................................................................................................243

ONDAS PERIÓDICAS......................................................................................................................................................................................245

FENÔMENOS ONDULATÓRIOS..................................................................................................................................................................246

ONDAS SONORAS.......................................................................................................................................................................................... 248

ONDAS ELETROMAGNÉTICAS...................................................................................................................................................................253

PRINCÍPIO DA ÓTICA GEOMÉTRICA...................................................................................................................................... 254


REFLEXÃO.........................................................................................................................................................................................................255

ESPELHOS.........................................................................................................................................................................................................256

REFRAÇÃO..........................................................................................................................................................................................261
LENTES ..............................................................................................................................................................................................................263

INSTRUMENTOS ÓTICOS SIMPLES.........................................................................................................................................................266


FENÔMENOS ELÉTRICOS...........................................................................................................................................................267
CARGA ELÉTRICA...........................................................................................................................................................................................267

CORRENTE ELÉTRICA...................................................................................................................................................................................268

PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO.................................................................................................................................................................268

CONDUTORES E ISOLANTES.....................................................................................................................................................................269

LEI DE JOULE...................................................................................................................................................................................................270

LEI DE COULOMB............................................................................................................................................................................................270

CAMPO, TRABALHO E POTENCIAL ELÉTRICOS.................................................................................................................................270

LEI DE GAUSS...................................................................................................................................................................................................272

PODER DAS PONTAS.....................................................................................................................................................................................273

BLINDAGEM ELETROSTÁTICA...................................................................................................................................................................273

DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO.................................................................................................................................................273

CORRENTES CONTÍNUA E ALTERNADA...............................................................................................................................................274

CIRCUITOS..........................................................................................................................................................................................274
RESISTÊNCIA ELÉTRICA E RESISTIVIDADE........................................................................................................................................274

ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES..................................................................................................................................................................275

RELAÇÕES ENTRE GRANDEZAS ELÉTRICAS.....................................................................................................................................275

POTÊNCIA ELÉTRICA.....................................................................................................................................................................................275

CAPACIDADE ELÉTRICA...............................................................................................................................................................................276

ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES...............................................................................................................................................................276

GERADORES......................................................................................................................................................................................................277

ASSOCIAÇÃO DE GERADORES..................................................................................................................................................................277

RECEPTORES...................................................................................................................................................................................................277

MAGNETISMO...................................................................................................................................................................................279
IMÃS PERMANENTES E TEMPORÁRIOS...............................................................................................................................................279

FORÇA MAGNÉTICA.......................................................................................................................................................................................279

CAMPO MAGNÉTICO...................................................................................................................................................................................... 281

CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR CORRENTE ELÉTRICA EM CONDUTORES RETILÍNEOS E ESPIRAIS................. 281

LEI DE BIOT-SAVART..................................................................................................................................................................................... 281

LEI DE AMPÈRE...............................................................................................................................................................................................282

ELETROÍMA........................................................................................................................................................................................................282

FORÇA MAGNÉTICA SOBRE CARGAS ELÉTRICAS E CONDUTORES PERCORRIDOS POR CORRENTE


ELÉTRICA...........................................................................................................................................................................................................282
3° FENÔMENO ELETROMAGNÉTICO (INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA).................................................................................... 284

LEI DE FARADAY-LENZ...............................................................................................................................................................................284

TRANSFORMADORES................................................................................................................................................................................... 285

FÍSICA MODERNA.......................................................................................................................................................................... 285


MODELO DE BROGLIE ................................................................................................................................................................................. 285

MODELO ATÔMICO DE ERWIN SCHRODINGER E WERNER HEISENBERG - NUVEM ELETRÔNICA............................ 285

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO.............................................................................................................................................................. 285

RADIAÇÕES E MEIOS MATERIAIS.............................................................................................................................................................286

EMISSÃO E TRANSMISSÃO DE LUZ........................................................................................................................................................286

RADIOATIVIDADE E TRANSFORMAÇÕES NUCLEARES...................................................................................................................287

QUÍMICA........................................................................................................................................... 289
QUÍMICA GERAL..............................................................................................................................................................................289
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS.................................................................................................................................................................289

REPRESENTAÇÕES DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS..............................................................................................................296

MATERIAIS, SUAS PROPRIEDADES E USOS........................................................................................................................................297

QUÍMICA INORGÂNICA................................................................................................................................................................304
ÁGUA...................................................................................................................................................................................................................304

FÍSICO-QUÍMICA..............................................................................................................................................................................306
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E ENERGIA.........................................................................................................................................306

DINÂMICAS DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS............................................................................................................................. 308

TRANSFORMAÇÃO QUÍMICA E EQUILÍBRIO......................................................................................................................................... 310

QUÍMICA ORGÂNICA.......................................................................................................................................................................312
COMPOSTO DE CARBONO............................................................................................................................................................................312

QUÍMICA AMBIENTAL....................................................................................................................................................................315
RELAÇÕES DA QUÍMICA COM AS TECNOLOGIAS, SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE.........................................................315

ENERGIAS QUÍMICAS NO COTIDIANO ....................................................................................................................................................317

BIOLOGIA...........................................................................................................................................319
CITOLOGIA...........................................................................................................................................................................................319
A UNIDADE DOS SERES VIVOS..................................................................................................................................................................319

ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS......................................................................................................................................................319


DIVERSIDADE E ORGANIZAÇÃO DAS CÉLULAS..................................................................................................................................319

OS COMPONENTES CITOPLASMÁTICOS...............................................................................................................................................320

MEMBRANA CELULAR..................................................................................................................................................................................321

NÚCLEO...............................................................................................................................................................................................................321

CITOESQUELETO E MOVIMENTO CELULAR..........................................................................................................................................321

DIVISÃO CELULAR..........................................................................................................................................................................................322

BIOQUÍMICA.......................................................................................................................................................................................322
COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DOS ORGANISMOS VIVOS............................................................................................................322

SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS....................................................................................................................................................................323

SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS........................................................................................................................................................................323

PROCESSOS DE OBTENÇÃO DE ENERGIA NA CÉLULA..................................................................................................................324

PRINCIPAIS VIAS METABÓLICAS.............................................................................................................................................................325

REGULAÇÃO METABÓLICA.........................................................................................................................................................................326

METABOLISMO E REGULAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE ENERGIA.....................................................................................................326

BIOLOGIA MOLECULAR: DNA, RNA E PROTEÍNAS.........................................................................................................326


NUCLEOTÍDEOS, REAPLICAÇÃO, TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO..................................................................................................326

GENÉTICA...........................................................................................................................................................................................329
CONCEITOS IMPORTANTES........................................................................................................................................................................329

ÁRVORE GENEALÓGICA / HEREDOGRAMA.........................................................................................................................................329

GREGOR MENDEL...........................................................................................................................................................................................329

LEIS DE MENDEL............................................................................................................................................................................................329

PROBABILIDADE GENÉTICA.......................................................................................................................................................................330

INTERAÇÃO ENTRE GENES ALELOS......................................................................................................................................................330

CARIÓTIPO E DETERMINAÇÃO DO SEXO................................................................................................................................................331

HERANÇA SEXUAL.........................................................................................................................................................................................332

MUTAÇÕES GENÉTICAS................................................................................................................................................................................332

ACONSELHAMENTO GENÉTICO................................................................................................................................................................333

NEOPLASIAS E A INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS..........................................................................................................333

ORIGEM DA VIDA.............................................................................................................................................................................333
HIPÓTESES SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO, DA TERRA E DOS SERES VIVOS.................................................................333

EVOLUÇÃO........................................................................................................................................................................................ 334
CENÁRIO PRÉ EVOLUCIONISTA............................................................................................................................................................... 334
TEORIAS DA EVOLUÇÃO.............................................................................................................................................................................. 334

PROVAS DA EVOLUÇÃO................................................................................................................................................................................335

ESPECIAÇÃO.....................................................................................................................................................................................................335

SELEÇÃO ARTIFICIAL E SEU IMPACTO SOBRE AMBIENTES NATURAIS E SOBRE POPULAÇÕES HUMANAS........336

EVOLUÇÃO HUMANA.....................................................................................................................................................................................336

NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA..................................................................................................................................336

DIVERSIDADE DOS SERES VIVOS...........................................................................................................................................337


ALGUNS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO..............................................................................................................................................337

CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS GRANDES GRUPOS...................................................................................................................... 338

BIOLOGIA DAS PLANTAS.............................................................................................................................................................................339

TIPOS DE CICLO DE VIDA............................................................................................................................................................................340

A BIOLOGIA DOS ANIMAIS.........................................................................................................................................................................340

FUNÇÕES VITAIS DOS SERES VIVOS E SUA RELAÇÃO COM A ADAPTAÇÃO DESSES ORGANISMOS A
DIFERENTES AMBIENTES............................................................................................................................................................................341

EMBRIOLOGIA..................................................................................................................................................................................342
GAMETOGÊNESE............................................................................................................................................................................................ 342

FECUNDAÇÃO, SEGMENTAÇÃO E GASTRULAÇÃO........................................................................................................................... 342

ORGANOGÊNESE........................................................................................................................................................................................... 343

ANEXOS EMBRIONÁRIOS........................................................................................................................................................................... 343

DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO HUMANO.................................................................................................................................344

DIFERENCIAÇÃO CELULAR .....................................................................................................................................................344

HISTOLOGIA......................................................................................................................................................................................345
ANIMAL .............................................................................................................................................................................................................345

TECIDO EPITELIAL.........................................................................................................................................................................................345

TECIDO CONJUNTIVO....................................................................................................................................................................................347

TECIDO MUSCULAR........................................................................................................................................................................................347

TECIDO NERVOSO..........................................................................................................................................................................................348

VEGETAL.............................................................................................................................................................................................................349

ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA.......................................................................................................................................349


SISTEMA CIRCULATÓRIO............................................................................................................................................................................ 350

SISTEMA DIGESTÓRIO....................................................................................................................................................................................351

ÓRGÃOS DIGESTÓRIOS .................................................................................................................................................................................351


SISTEMA URINÁRIO.......................................................................................................................................................................................352

SISTEMA REPRODUTOR...............................................................................................................................................................................353

SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO.....................................................................................................................................................353

SISTEMA REPRODUTOR FEMININO.........................................................................................................................................................353

SISTEMA ENDÓCRINO.................................................................................................................................................................................. 354

SISTEMA NERVOSO........................................................................................................................................................................................356

SISTEMA NERVOSO CENTRAL - SNC.....................................................................................................................................................357

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO – SNP...............................................................................................................................................357

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS............................................................................................................................................................................. 358

IMUNOLOGIA.....................................................................................................................................................................................359
IMUNIDADE INATA E IMUNIDADE ADQUIRIDA....................................................................................................................................360

ANTÍGENOS E ANTICORPOS .....................................................................................................................................................................360

VACINA E SORO...............................................................................................................................................................................................360

TRANSPLANTES ............................................................................................................................................................................................360

DOENÇAS AUTOIMUNES..............................................................................................................................................................................360

BIOTECNOLOGIA..............................................................................................................................................................................360
CÉLULAS TRONCO...........................................................................................................................................................................................361

CLONAGEM.........................................................................................................................................................................................................361

ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGMS)..............................................................................................................362

TRANSGÊNICOS...............................................................................................................................................................................................362

DNA RECOMBINANTE...................................................................................................................................................................................362

TERAPIA GÊNICA.............................................................................................................................................................................................363

APLICAÇÕES DE TECNOLOGIAS RELACIONADAS AO DNA E ÀS INVESTIGAÇÕES CIENTÍFICAS.................................363

APLICAÇÕES DA BIOTECNOLOGIA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS, FÁRMACOS E COMPOSTOS BIOLÓGICOS.....364

ASPECTOS ÉTICOS RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO BIOTECNOLÓGICO..............................................................364

BIOTECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE..............................................................................................................................................364

ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS....................................................................................................................................365


FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS............................................................................................................................................................365

HABITAT E NICHO ECOLÓGICO..................................................................................................................................................................365

MANUTENÇÃO DA VIDA, FLUXO DA ENERGIA E DA MATÉRIA.....................................................................................................365

CADEIA ALIMENTAR......................................................................................................................................................................................365

TEIA ALIMENTAR............................................................................................................................................................................................366
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS: ÁGUA, OXIGÊNIO, CARBONO E NITROGÊNIO................................................................................367

BIODIVERSIDADE............................................................................................................................................................................................369

SUCESSÃO ECOLÓGICA................................................................................................................................................................................369

DINÂMICA DE POPULAÇÕES......................................................................................................................................................................369

INTERAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS.................................................................................................................................................369

BIOGEOGRAFIA: ECOSSISTEMAS E BIOMAS BRASILEIROS..........................................................................................................370

CARACTERÍSTICAS DOS ECOSSISTEMAS E BIOMAS BRASILEIROS..........................................................................................370

CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS...................................................................................................................371

CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE.....................................................................................................................................................371

ASPECTOS BIOLÓGICOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL..............................................................................................371

USO E EXPLORAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS...............................................................................................................................372

PROBLEMAS AMBIENTAIS..........................................................................................................................................................................372

CONSEQUÊNCIAS DA EROSÃO.................................................................................................................................................................373

PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFETAM A POPULAÇÃO BRASILEIRA........................................................................374


DOENÇAS CRÔNICAS ...................................................................................................................................................................................374

VERMINOSES ...................................................................................................................................................................................................374

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS...................................................................................................................375


TIPOS MAIS RECORRENTES DE DST......................................................................................................................................................375

EXERCÍCIOS FÍSICOS E VIDA SAUDÁVEL............................................................................................................................376


OBESIDADE.......................................................................................................................................................................................................376

HORA DE PRATICAR!................................................................................................................... 377

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS............................................................ 387

MATEMÁTICA................................................................................................................................ 389
CONHECIMENTOS NUMÉRICOS ..............................................................................................................................................389
NÚMEROS NATURAIS....................................................................................................................................................................................389

NÚMEROS INTEIROS.....................................................................................................................................................................................389

NÚMEROS RACIONAIS ..................................................................................................................................................................................391

NÚMEROS REAIS............................................................................................................................................................................................392

DESIGUALDADES............................................................................................................................................................................................392

DIVISIBILIDADE................................................................................................................................................................................................392
FATORAÇÃO, RAZÕES E PROPORÇÕES.................................................................................................................................................393

PORCENTAGEM E JUROS............................................................................................................................................................................396

RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA ENTRE GRANDEZAS.......................................................................................................................398

SEQUÊNCIAS E PROGRESSÕES...............................................................................................................................................................399

PRINCÍPIOS DE CONTAGEM........................................................................................................................................................................401

BINÔMIO DE NEWTON.................................................................................................................................................................................404

CONHECIMENTOS GEOMÉTRICOS.........................................................................................................................................405
CARACTERÍSTICAS DAS FIGURAS GEOMÉTRICAS PLANAS E ESPACIAIS............................................................................ 405

UTILIZAÇÃO DE ESCALAS.......................................................................................................................................................................... 406

COMPRIMENTOS, ÁREAS E VOLUMES.................................................................................................................................................. 406

ÂNGULOS .......................................................................................................................................................................................................... 410

POSIÇÕES DE RETAS...................................................................................................................................................................................... 411

SIMETRIA DE FIGURAS PLANAS OU ESPACIAIS................................................................................................................................412

SEMELHANÇA E CONGRUÊNCIA DE TRIÂNGULOS.......................................................................................................................... 414

TEOREMA DE TALES...................................................................................................................................................................................... 415

RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS........................................................................................................................................... 415

CIRCUNFERÊNCIAS........................................................................................................................................................................................ 415

TRIGONOMETRIA DO ÂNGULO AGUDO ..................................................................................................................................................416

CONHECIMENTOS DE ESTATÍSTICA E PROBABILIDADE...............................................................................................417


REPRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS.............................................................................................................................................417

MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL.......................................................................................................................................................419

DESVIOS E VARIÂNCIA................................................................................................................................................................................ 420

NOÇÕES DE PROBABILIDADE................................................................................................................................................................... 421

CONHECIMENTOS ALGÉBRICOS.............................................................................................................................................423
GRÁFICOS E FUNÇÕES................................................................................................................................................................................ 423

FUNÇÕES ALGÉBRICAS DO 1° E DO 2° GRAU..................................................................................................................................... 425

FUNÇÕES POLINOMIAIS .............................................................................................................................................................................427

FUNÇÕES RACIONAIS...................................................................................................................................................................................429

FUNÇÕES EXPONENCIAIS...........................................................................................................................................................................429

FUNÇÕES LOGARÍTMICAS..........................................................................................................................................................................430

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES.......................................................................................................................................................................430

RELAÇÕES NO CICLO TRIGONOMÉTRICO............................................................................................................................................ 432


FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS ................................................................................................................................................................ 433

CONHECIMENTOS ALGÉBRICOS E GEOMÉTRICOS.......................................................................................................438


PLANO CARTESIANO....................................................................................................................................................................................438

RETAS..................................................................................................................................................................................................................439

CIRCUNFERÊNCIAS.......................................................................................................................................................................................442

SISTEMA DE EQUAÇÕES............................................................................................................................................................................. 447

HORA DE PRATICAR!...................................................................................................................449

REDAÇÃO......................................................................................................................................... 459
REDAÇÃO DISSERTATIVA-ARGUMENTATIVA...............................................................................461

DESENVOLVENDO A REDAÇÃO.......................................................................................................466

DICAS PARA UMA REDAÇÃO NOTA 1000......................................................................................474


LINGUAGENS, CÓDIGOS
e Suas Tecnologias
„ Linguagem coloquial

A linguagem coloquial marca formas fora do


padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos,

LÍNGUA PORTUGUESA
existem alguns tipos de variação linguística, dentre
elas, as mais comuns em provas de concurso são:

„ Variação diatópica ou geográfica

USO DA LINGUAGEM A variação diatópica pode ocorrer com sons dife-


rentes. Quando isso acontecer, dizemos que ocorreu
NORMA CULTA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA uma variação diatópica fonética, já que fonética sig-
nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos
A língua não é indivisível; ela pode ser considerada também, por exemplo, que, em Curitiba, PR, os jovens
um conjunto de dialetos. Alguém já disse que em país chamam de penal o estojo escolar para guardar canetas
algum se fala uma língua só, há várias línguas dentro e lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro
da língua oficial. E no Brasil não é diferente: pode-se para representar um carinho feito em alguém; o que
até afirmar que cada cidadão tem a sua. A essa caracte- em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira,
rística da Língua damos o nome de variação linguísti- no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa
ca. De forma sintética, podemos dividir de duas formas variação denominamos de variação diatópica lexical,
a língua “brasileira”: padrão formal e padrão informal, já que lexical significa relativo a vocabulário.
cada um desses tipos apresenta suas peculiaridades e
espécies derivadas. Vejamos:
„ Variação diastrática ou sociocultural
z Padrão Formal:
A variação diastrática, como também ocorre com
a diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática,
„ Norma Culta
dependendo do que seja modificado pelo falar do indi-
A norma culta da língua portuguesa é estabelecida víduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, são exemplos
pelos padrões definidos conforme a classe social mais de variações diastráticas fonéticas. Usar presunto
abastada, detentora de poder político e cultural. As no lugar de corpo de pessoa assassinada é variação
pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri- diastrática lexical. E falar “Houveram menas per-
vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, cas” no lugar de “Houve menos perdas” é variação
as regras da língua; direcionando o que é considerado diastrática sintática.
permitido e aquilo que não é.
„ Variação diafásica ou estilística
„ Norma Padrão
A variação diafásica, como ocorreu com a dia-
A norma padrão diz respeito às regras organizadas tópica e com a diastrática, pode ser também fonéti-
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras ca, lexical e sintática, dependendo da liberdade de
e preceitos que devem ser respeitados na utilização que o indivíduo tenha se apossado. Dizer “veio”, com
da língua. A norma padrão apresenta um caráter mais o e aberto, não porque more em determinado lugar
abstrato, tendo em vista que também considera fato-
nem porque todos de sua camada social usem, é usar
res sociais, como a norma culta.
a variação diafásica fonética. Um padre, em um
momento de descontração, brincando com alguém,
„ Língua Formal
dizer “presunto” para representar o “corpo de pes-
soa assassinada”, usa a variação diafásica lexical.
A língua formal não está, diretamente, associada
a padrões sociais – embora saibamos que a influên- E, finalmente, um advogado dizer “Encontrei ele”,
cia social exerce grande poder na língua – ela busca também num momento de descontração, no lugar de
formalizar em regras e padrões as normas de uma lín- “Encontrei-o” é usar a variação diafásica sintática.
gua, a fim de estabelecer um preceito mais concreto
sobre a linguagem. VARIAÇÃO DIAFÁSICA

z Padrão Informal Mudança no som, como


veio [pronúncia com E
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Coloquialismo aberto} e more [pronúncia


Diafásica fonética
com E fechado, asseme-
Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné- lhando-se quase a pronún-
tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que cia de i].
apresenta formas informais no falar e/ou escrever. Ocorre em contextos de
informalidade, em que há
„ Oralidade Diafásica lexical mais liberdade para usar
gírias e expressões lexicais
A oralidade marca as maneiras informais de se diferentes.
comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela
Ocorre com a alteração
norma formal, e, por isso, são chamadas de registros
Diafásica sintática dos elementos sintáticos,
orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam reali-
ocasionando erros. 29
zados apenas pela linguagem oral.
„ Variação diacrônica
Se liga!
Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido Observe que, quando se trata de identificar uma
estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos. determinada função em um texto, dizemos que
Podemos citar alguns exemplos comuns, como as ela predomina naquele texto (ou em grande parte
palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você. dele). Isso porque dificilmente uma função ocorre
Além dessas, a variação diacrônica também marca a isoladamente: o mais comum é que em um texto
presença de gírias comuns em determinadas épocas, se combinem duas ou mais funções de linguagem.
como broto, chocante, carango etc.
FIGURAS DE LINGUAGEM
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Função Emotiva ou Expressiva Os recursos linguísticos variam conforme a


intenção do falante ou escritor. Aqui veremos
Tem como objetivo transmitir sentimentos, emo- recursos linguísticos os quais dizem respeitam às
ções e objetividades do emissor. O uso de verbos na figuras de linguagem.
primeira pessoa do singular evidencia seu mundo Veremos a seguir as figuras de linguagem:
interior; também é comum o uso de interjeições, reti-
cências, ponto de exclamação e interrogação para z Figuras de sintaxe
reforçar a expressividade do emissor. Essa função é
comum em poemas, diários, conversas cotidianas e Consiste em uma modificação da estrutura da ora-
narrativas de teor romântico ou dramático. ção (ou parte dela) por meio da omissão, inversão ou
repetição de termos. Nesse caso, essas alterações ocor-
Função Apelativa ou Conativa rem para conferir mais expressividade ao enunciado.

Tem como objetivo convencer e influenciar o com- „ Elipse


portamento do receptor da mensagem. Essa função
caracteriza-se pela presença das formas tu, você, vocês Utilizada para omitir termos numa oração que não
(explícitas ou subtendidas no texto), de vocativos e de foram mencionados anteriormente e que podem ser
formas verbais no imperativo que expressam ordem, facilmente identificados pelo interlocutor. Essa omis-
sugestão, apelo etc. A função conativa é predominan- são pode ser percebida por indícios gramaticais ou
te em textos publicitários, propagandas, horóscopos, dentro do próprio contexto.
manuais de advertências, tutoriais etc. Ex.: Ana Rita arrumou-se para o trabalho. Estava
atrasada. (“elipse sujeito -ela”)
Função Referencial Os alunos e as alunas, mãos erguidas contra os polí-
ticos, caminhavam pelas ruas. (elipse da preposição –
Objetiva informar, referenciar algo. O foco é o pró- “de mãos erguidas”)
prio assunto, o que faz dela uma função predominan-
te nos noticiários, jornais, artigos, nas revistas, nos „ Zeugma
livros instrucionais, contratos etc. A linguagem, nes-
se caso, transmite uma mensagem direta, objetiva e Considerada um caso particular de elipse, o
impessoal, que pode ser entendida pelo leitor em um zeugma consiste na omissão de palavras expressas
sentindo específico. anteriormente.
Ex.: Eu sou professora; minha amiga, advogada.
Função Fática Desembrulhe essa caixa enquanto eu desembru-
lho a outra.
Essa função serve para estabelecer ou interromper a
comunicação com o interlocutor. Pode ser encontrada em „ Pleonasmo
expressões de cumprimento, saudações, discursos etc.
Consiste na repetição de termos ou ideias com o
Função Metalinguística ou Metalinguagem objetivo de realçá-las, tornando-as mais expressivas.
Ex.: “É rir meu riso e derramar meu pranto”. (Viní-
cius de Moraes)
Acontece quando a linguagem é usada para expli-
“Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se
car a própria linguagem. Dessa maneira, o emissor a si mesma.” (Machado de Assis).
explica o código utilizando o próprio código. Na cate-
goria de textos, merecem destaque as gramáticas e os
dicionários.
Se liga!
Função Poética Existe o pleonasmo literário, que é um recur-
so estilístico aceitável e muito explorado na
Preocupa-se com a maneira como a mensagem literatura e na música. O problema é quando o
será transmitida. Essa função, embora seja comum pleonasmo se torna vicioso. Expressões como
em poesias, também pode ser encontrada em slogans “fatos reais”, “subir para cima”, “ganhar de gra-
publicitários, piadas, músicas, conversas cotidianas ça”, “cego dos olhos” e outros constituem um
etc. O uso de figuras de linguagem para explorar o vício de linguagem. A repetição da ideia tor-
ritmo, a sonoridade, a forma das palavras realçam o na-se, portanto, desnecessária, pois não traz
sentido da mensagem que se quer passar ao receptor, nenhum reforço à ideia apresentada.
30 que a interpreta de maneira subjetiva.
„ Polissíndeto Ex.: “Os bons vi sempre passar / no mundo graves
tormentos” (Luiz Vaz de Camões)
É uma figura que consiste no uso excessivo e repe- Na ordem direta seria: Eu sempre vi passar os
titivo de conjunções. bons no mundo de graves tormentos.
Ex.: “Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Ola-
vo Bilac) „ Anástrofe
“Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira.” (Alberto
Oliveira) Diferentemente do hipérbato, a anástrofe consiste
na inversão mais sutil dos termos da oração, não pre-
„ Assíndeto judicando o entendimento do enunciado.
Ex.:
É a figura que consiste na omissão reiterada de “Sabes também quanto é passageira essa desavença
conjunções. Geralmente a conjunção omitida é a coor- Não destrates o amor”. (Jacob do Bandolim)
denativa. Essa estratégia torna a leitura do texto mais
Utilizando a figura de linguagem teríamos: “Sabes
clara e dinâmica.
também quanto essa desavença é passageira”.
Ex.: “Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se
esqueça”. (Pitty)
„ Silepse
“Vim, vi, venci”. (Júlio César)
Consiste na concordância com o termo que está
„ Anáfora
subtendido na oração e não com o termo expresso na
oração. (Concordância ideológica). Existem três tipos
Consiste na repetição de palavras ou expressões no
de silepse:
início da oração. Esse tipo de recurso é muito comum
Silepse de Gênero – Há uma discordância entre os
em textos estruturados em versos consecutivos (poe-
gêneros dos artigos, substantivos, pronomes e adjeti-
mas, músicas, entre outros). O propósito é valorizar a
vos. Notamos na oração a presença do contraste entre
mensagem por meio da ênfase ao elemento repetido.
os gêneros masculino e feminino.
Ex.: “É o pau, é a pedra, é o fim do caminho
Ex.: Vossa Excelência é falso. - O pronome de trata-
É um resto de toco, é um pouco sozinho
mento certamente se refere a alguma autoridade do
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
sexo masculino (deputado, prefeito, vereador etc.)
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” (Tom
Silepse de Número – Há uma discordância entre o
Jobim)
verbo e o sujeito da oração quando ele expressa uma
“Quando não tinha nada eu quis
ideia de coletividade. Nesse caso, o verbo concorda
Quando tudo era ausência, esperei
com a ideia que nele está contida.
Quando tive frio, tremi
Ex.: A turma era barulhenta, falavam alto. (fala-
Quando tive coragem, liguei”. (Daniela Mercury)
vam concorda com alunos)
Silepse de Pessoa – Há uma discordância entre
„ Aliteração o verbo e a pessoa do discurso expressa pelo sujeito
da oração. Geralmente o emissor se inclui no sujeito
É um recurso sonoro que consiste na repetição de expresso em 3ª pessoa do plural, realizando a flexão
sons consonantais para intensificar a rima e o ritmo. verbal na primeira pessoa.
Ex.: “Chove chuva choverando” (Oswald de Andrade) Ex.: Dizem que os brasileiros somos amantes do
“Se desmorono ou se edifico, futebol.
se permaneço ou me desfaço, (brasileiros //3ª p. plural) (somos// 1ª p. plural)
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo. (Cecília Meireles) „ Anacoluto
„ Assonância Consiste na quebra ou interrupção da estrutura
normal. Um dos termos da oração fica desvinculado
Figura de linguagem que aborda o uso de som em do restante da sentença e não estabelece nenhuma
harmonia. Caracterizada pela repetição de vogais. ligação sintática com os demais.
Ex.: “A pálida lágrima de Flávia” – repetição da Ex.: Meu vizinho, ouvi dizer que está muito doente.
vogal a.
“Amo muito tudo isso” – repetição do som da vogal u. z Figuras de palavras

„ Onomatopeia As figuras de palavras estão associadas ao signifi-


cado das palavras. Elas caracterizam-se por apresen-
É um recurso sonoro que procura representar os
LÍNGUA PORTUGUESA

tar uma substituição ou transposição do sentido real


sons específicos de objetos, animais ou pessoas a par- da palavra para assumir um sentido figurado cons-
tir de uma percepção aproximada da realidade. truído dentro de um contexto. A substituição de uma
Ex.: “O tic tac do relógio me deixava mais angus- palavra por outra pode acontecer por uma relação
tiado na prova”. muito próxima (contiguidade) ou por uma compara-
“Psiiiiiu! – Falou o professor no momento da ção/analogia (similaridade).
reunião”.
„ Comparação
„ Hipérbato ou inversão
Analogia explícita entre dois termos, a principal
Caracteriza-se pela inversão proposital da ordem diferença entre a comparação e a metáfora, que é
direta dos termos da oração. Essa inversão confere outro tipo de relação de semelhança, é que a compa-
maior efeito estilístico na construção do enunciado. ração se estabelece com o uso de conectivos. 31
Ex.: Minha boca é como um túmulo. O continente pelo conteúdo:
A menina é como um doce. Ex.: A menina bebeu a jarra de suco inteira (A
Seu sorriso é tal qual um raio de sol numa manhã menina bebeu todo o suco da jarra).
nublada.
A marca pelo produto:
„ Metáfora Ex.: Minha filha pediu uma Melissa de aniversário
(Minha filha pediu uma sandália de aniversário).
Consiste em usar uma palavra ou expressão em lu-
gar da outra em razão de algumas semelhanças (ana- Singular pelo plural:
logia) conceituais. É recurso que está associado ao em- Ex.: O cidadão deve cumprir seus deveres legais
prego da palavra fora do seu sentido normal. (Os cidadãos devem cumprir seus deveres legais).
Ex.: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.
(Carlos Drummond de Andrade) O concreto pelo abstrato:
Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernan- Ex.: A juventude está cada vez mais ansiosa (Os
do Pessoa) jovens estão cada vez mais ansiosos).
Observe:
Metáfora: relação de semelhança não explícita. A causa pelo efeito:
Ex.: Comprei a casa com o meu suor (Comprei a
casa com o meu trabalho).

O instrumento pelo agente:


Ex.: O carro atropelou o cachorro (O motorista do
veículo atropelou o cachorro).

A coisa pela sua representação:


Ex.: O sonho de muitos candidatos é chegar ao
Palácio do Planalto (O sonho de muitos candida-
tos é chegar à Presidência da República).

O inventor pelo invento:


Ex.: Diego comprou um Picasso no museu (Diego
comprou uma obra de Picasso no museu).

A matéria pelo objeto:


Comparação: relação de semelhança estabelecida Ex.: Custou-me apenas algumas pratas aque-
por conectivos. la mobília. (Custou-me apenas algumas moedas
aquela mobília.)

O proprietário pela propriedade


Ex.: Vou ao médico buscar meus exames (Vou ao
consultório médico buscar meus exames).

„ Sinédoque

Atualmente, as gramáticas não realizam a distin-


ção entre metonímia e sinédoque, todavia a diferença
entre essas figuras é tênue. Na sinédoque, a relação
que se estabelece entre os termos é quantitativa,
ou seja, quando se amplia ou se reduz a significação
das palavras. Estas relações entre os termos são basi-
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 16/10/2020. camente as seguintes: parte pelo todo, singular pelo
plural, gênero pela espécie, particular pelo geral (ou
„ Metonímia vice-versa).
Ex.: O homem é um ser mortal (os homens).
Consiste na substituição de um termo pelo outro É preciso pensar na criança (nas crianças).
em virtude de uma relação de proximidade ou conti-
nuidade. Essa relação é qualitativa e pode ser realiza- „ Antonomásia ou perífrase
da dos seguintes modos:
A antonomásia é uma figura que consiste na subs-
A parte pelo todo: tituição de um nome próprio (de pessoa) por uma ex-
Ex.: O brasileiro trabalha muito para garantir o pressão que lhe confere alguma característica ou atri-
pão aos filhos (O brasileiro trabalha muito para buto que o distingue (epíteto). É a substituição de um
garantir alimento aos filhos). nome por outro, o que pode configurar uma espécie
de apelido para o ser designado.
O autor pela obra: Ex.: O poeta dos escravos é autor do célebre poema
Ex.: Os leitores de Machado de Assis são cultos “O navio negreiro”. (Castro Alves)
(Os leitores da obra de Machado de Assis são Este aeroporto tem o nome do pai da aviação. (San-
32 cultos) tos Dumont)
Observação: A antonomásia é uma espécie de “Aquele pobre homem entregou a alma a Deus”
perífrase. A diferença é que esta designa um ser (coi- [morreu]
sas, animais ou lugares) por meio de características,
atributos ou um fato que o celebrizou. „ Hipérbole
Ex.: Fomos ao zoológico ver o rei da selva. (leão)
Adoraria conhecer a cidade luz. (Paris) Consiste no uso de expressões intencionalmente
Qualquer dúvida consulte o pai dos burros. exageradas para dar maior ênfase à mensagem ex-
(dicionário)
pressa pelo emissor.
Ex.: “Amor da minha vida, daqui até a eternidade
„ Sinestesia
Nossos destinos foram traçados na maternidade”.
(Cazuza)
Consiste no recurso que engloba um conjunto de “Vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí”.
percepções e sensações interligadas aos processos (Pollo)
sensoriais provenientes de diferentes sentidos (visão,
audição, olfato, paladar e tato). Na sinestesia, a per- „ Ironia
cepção ou sensação de um sentido é atribuído a outro.
Ex.: “As falas sentidas, que os olhos falavam. (Casi- Consiste em expressar ideias, pensamentos e julga-
miro de Abreu) mentos com o sentido contrário do que se diz. A ironia
“E o pão preserve aquele branco sabor de alvora- tem como objetivo satirizar uma situação desagradá-
da”. (Ferreira Gullar) vel ou depreciar alguém pelo seu comportamento.
Ex.: “Marcela amou-me durante quinze meses e
z Figuras de pensamento onze contos de réis...” (Machado de Assis)
“Parece um anjinho, briga com todos”.
Constitui um processo expressivo que enfatiza o
aspecto semântico da linguagem. As figuras de pensa- „ Gradação
mento introduzem uma ideia diferente daquela que a
palavra em seu sentido real exprime.
Consiste na apresentação de ideias sinônimas (ou
„ Antítese não) numa escala progressiva de maior ou menor in-
tensidade à expressão. Os termos da oração são frutos
Consiste no emprego de conceitos que se opõem de uma hierarquia e podem ser de ordem crescente
e que podem ocorrer de maneira simultânea numa ou decrescente.
mesma oração. Na antítese, os conceitos antônimos Ex.: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bi-
não se contradizem e estão relacionados a referentes lião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.”
distintos. (Machado de Assis)
Ex.: “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” (Viní- “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Montei-
cius de Moraes) ro Lobato)
“O mito não é nada que é tudo”. (Fernando Pessoa)
„ Apóstrofe
„ Personificação ou prosopopeia
Consiste na invocação de alguém ou alguma coisa
Consiste em atribuir características, sentimentos e
comportamentos próprios de seres humanos a seres personificada. Essa figura de linguagem realiza-se por
irracionais ou inanimados. É uma figura muito usada meio de um vocativo. A apóstrofe é um recurso estilís-
em textos literários, como fábulas e apólogos. tico muito utilizado na linguagem informal (cotidia-
Ex.: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma na), nos textos religiosos, políticos e poéticos.
sacada...” (cantiga popular). Ex.: “Liberdade, Liberdade! É isso que pretende-
“As pedras andam vagarosamente”. mos nessa luta”.
“Senhor, tende piedade de nós”.
„ Paradoxo
CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO
Consiste no emprego de conceitos opostos e contra-
ditórios na representação de uma ideia. No paradoxo,
embora os termos pareçam ilógicos, são perfeitamen-
Esse assunto abrange muitos aspectos que vão
te aceitáveis no campo da literatura, o que confere ao além do sentindo das palavras, por isso, antes de
autor uma licença poética. vermos esses dois conceitos, veremos o que é sig-
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: “Se lembra quando a gente chegou um dia a nificado das palavras para que sua interpretação
acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o seja completa.
pra sempre sempre acaba” (Cássia Eller).
“Dor, tu és um prazer!” (Castro Alves). Significado das palavras
„ Eufemismo
Quando escolhemos determinadas palavras ou
expressões dentro de um conjunto de possibilidades
Consiste no emprego de uma palavra ou expressão
que serve para amenizar/ suavizar uma informação de uso, estamos levando em conta o contexto que
desagradável ou fatídica. É um recurso essencial para influencia e permite o estabelecimento de diferentes
validar a polidez nas relações sociais. relações de sentido. Essas relações podem se dar por
Ex.: “Suzanna é uma mulher desprovida de beleza. meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
[feia] mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia. 33
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
Se liga!
Radical e morfema lexical
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
sões de um idioma.
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões Como já percebemos, as palavras são formadas
que cada falante seleciona do léxico para se por estruturas que, unidas, podem se modificar e criar
comunicar. novos sentidos em contextos diversos. Os morfemas
são as menores unidades gramaticais com sentido da
língua. Para identifica-los é preciso notar que uma
Conotação palavra é formada por pequenas estruturas. Para isso,
podemos imaginar que uma palavra é uma peça de
O sentido conotativo compreende o significado um quebra-cabeça em que podemos juntar outra peça
figurado e depende do contexto em que está inserido. para formar uma estrutura maior, porém, se você já
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos montou um quebra-cabeça, deve se lembrar que não
dos quais a língua dispõe para expressar diferen- podemos unir as peças arbitrariamente, é preciso bus-
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e car aquelas que encaixam.
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase Assim, como falantes da língua, reconhecemos
à expressividade da mensagem de maneira que ela essas estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois,
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações a todo momento estamos aptos a criar novas pala-
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe- vras a partir das regras que o sistema linguístico nos
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios oferece.
publicitários e outros. Fato é que se tornou comum, sobretudo nas redes
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. sociais, o surgimento de novos vocábulos a partir de
Você mora no meu coração. “peças” existentes na língua, algumas misturando ter-
mos de outras línguas com morfemas da língua por-
Denotação tuguesa para a formação de novas palavras, como:
blogueiro (blogger), deletar (delete); já algumas pala-
O sentido denotativo da linguagem compreende vras ganham novos morfemas e, consequentemente,
o significado literal da palavra, independente do seu novas acepções nas redes socias como, por exemplo,
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais biscoiteiro, termo usado para se referir a pessoas que
objetivo e literal associado ao significado que aparece buscam receber elogios nesse ambiente.
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar As peças do quebra-cabeças que formam as pala-
ênfase à informação que se quer passar para o recep- vras da língua portuguesa possuem os seguintes
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por nomes:
isso, é muito utilizada em textos informativos, como
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- Radical, desinência, vogal temática, afixos,
ticos, entre outros. consoantes e vogais de ligação.
Exs.:
O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: chamas) O radical, também chamado de semantema, é o
O coração é um músculo que bombeia sangue para núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual
o corpo. (coração: parte do corpo). se anexam os demais morfemas, criando as palavras
Veremos agora o estudo da Morfologia. derivadas. Devido a essa importante característica, o
radical é também conhecido como morfema lexical,
pois se trata da significação própria dos vocábulos,
designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti-
MORFOLOGIA do propriamente dito.
Alguns exemplos de radicais:
A Morfologia, dentro da Linguística, é o estudo da
estrutura, formação e classificação das palavras, ana- Exs.: pastel – pastelaria – pasteleiro;
lisando-as de forma individual, sem olhar para sua pedra – pedreiro - pedregulho;
atuação dentro de uma oração ou período. Terra – aterrado – enterrado - terreiro.
No dia a dia, usamos unidades comunicativas
para estabelecer diálogos e contatos, formando enun-
ciados. Essas unidades comunicativas chamamos de Se liga!
palavras. Elas surgem da necessidade de comunica-
ção e os processos de formação para sua construção Palavras da mesma família etimológica, ou seja,
são conhecidos da nossa competência linguística, pois que apresentam o mesmo radical e guardam o
como falantes da língua, ainda que não saibamos o mesmo valor semântico no radical são conheci-
significado de antever, podemos inferir que esse ter- das como cognatas.
mo tem relação com o ato de ver antecipadamente,
dado o uso do prefixo diante do verbo ver.
Reconhecer os processos que auxiliam na forma- Afixos ou morfemas derivacionais
ção de novas palavras é essencial para o estudante da
língua. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido A partir dos morfemas lexicais, a língua ganha
pelo nosso cérebro, que identifica os prefixos, sufixos outras formas e sentidos pelos morfemas derivacio-
e palavras novas que podem ser criadas a partir da nais, que são assim chamados pois auxiliam no pro-
estrutura da língua, não é à toa que, muitas vezes, cesso de criação de palavras a partir da derivação, ou
somos surpreendidos com o uso inédito de algum seja, a inclusão de prefixos e sufixos no radical dos
34 termo. vocábulos.
Vale notar que algumas bancas denominam os afi- Pater Pai Paterno
xos de infixos.
Pade Pé Pedestre
São morfemas derivacionais os afixos, estruturas
morfológicas que se anexam ao radical das palavras e Puer Criança Pueril
auxiliam o processo de formação de novos vocábulos. Quadri Quatro Quadrilátero
Os afixos da língua portuguesa são de duas categorias:
Silvi Floresta Silvícola
z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante- Taur (i) Touro Taurino
rior do radical. Uxor Esposa Uxoricida
Vermi Verme Vermífugo
Exs.:
In: infeliz. Voro Que come Carnívoro
Anti: antipatia
Pós: posterior Desinências ou morfemas flexionais
Bi: bisavô
Contra: contradizer Os morfemas flexionais, mais conhecidos como
desinências, são os mais estudados na língua portu-
z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste- guesa, pois são esses os morfemas que organizam as
rior do radical. estruturas no singular e no plural, os verbos em tem-
pos e conjugações e as relações de gênero em femini-
Exs.:
no e masculino.
mente: Felizmente.
Para facilitar a compreensão podemos dividir os
dada: Lealdade
morfemas flexionais em:
eiro: Blogueiro
ista: Dentista
gudo: Narigudo z Aditivos: Adiciona-se ao morfema lexical. Ex.: pro-
fessor/professora; livro/livros.
É importante destacar que essa pequena amostra, � Subtrativos: Elimina-se um elemento do morfema
listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue- lexical. Ex.: Irmão/irmã; Órfão/órfã.
sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que
você tenha consciência do quão rico é o processo de z Nulos: Quando a ausência de uma letra indica
formação de palavras por afixos. uma flexão. Ex.: o singular dos substantivos é mar-
Além disso, não é interessante que você decore esses cado por essa ausência, como em: mesa (0)1 /mesas
morfemas derivacionais, mas que você compreenda
o valor semântico que cada um deles estabelece na Não confunda:
língua, como os sufixos -eiro e -ista que são usados, Morfema derivacional: afixos (prefixos e sufixos);
comumente, para criar uma relação com o ambiente Morfema flexional: aditivos, subtrativos, nulos;
profissional de alguma área, como: padeiro, costureiro, Morfema lexical: radical.
blogueiro, dentista, escafandrista, equilibrista etc.
Morfema gramatical: significado interno à estrutu-
Os sufixos costumam mudar mais a classes das
ra gramatical, como artigos, preposições, conjunções
palavras, já os prefixos modificam mais o sentido dos
etc.
vocábulos.
Para um melhor entendimento sobre a estrutura
das palavras, veja a seguir uma tabela com alguns Vogais temáticas
radicais e prefixos de origem latina que compõem as
palavras da Língua Portuguesa para você conferir: A vogal temática liga o radical a uma desinência,
que estabelece o modo e o tempo da conjugação ver-
RADICAL SENTIDO EXEMPLO bal, no caso de verbos, e, nos substantivos, junta-se ao
radical para a união de outras desinências.
Agri Campo Agricultor
Arbori Árvore Arborizar Ex.: Amar e Amor.
Beli Guerra Beligerante
Nos verbos, a vogal temática marca ainda a conju-
Cruci Cruz Crucificar
gação verbal, indicando se o verbo pertence à 1º, 2º ou
Cultura Cultivar Apicultura 3º conjugação:
LÍNGUA PORTUGUESA

Que contém ou
Fero Mamífero
produz Exs.:
Frater Irmão Fraterno Amar – 1º conjugação;
Comer – 2º conjugação;
Fugo Que foge Centrífugo
Partir – 3º conjugação.
Herbi Erva Herbicida
Loco Lugar Localizar É importante não se confundir: a vogal temática
Mater Mãe Materno não existe em palavras que apresentam flexão de
gênero. Logo, as palavras gato/gato, possuem uma
Morti Morte Mortífero
desinência e não uma vogal temática!
1 O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas, sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero). 35
Caso a dúvida persista faça esse exercício: Igreja PROCESSOS DE DERIVAÇÃO
(essa palavra existe); “Igrejo” (essa palavra não exis-
te), então o -a de igreja é uma vogal temática que irá As palavras formadas por processos de derivação
ligar o vocábulo a desinências, como -inha, -s. são classificadas a partir de seis categorias:
Note que as palavras terminadas em vogais tônicas
não apresentam vogais temática: Ex.: cajá, Pelé, bobó. z Prefixal ou prefixação;
z Sufixal ou sufixação;
Tema z Prefixal e sufixal;
z Parassintética ou parassíntese;
O tema é a união do radical com a vogal temática! z Regressiva;
z Imprópria ou conversão.
A partir do exposto no tópico sobre vogal temática,
esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá
A seguir, iremos estudar a diferença entre cada
apresentar vogal temática, dessa forma, as palavras
que não apresentem vogal temática também não irão uma dessas classes e identificar as peculiaridades de
possuir tema. cada uma delas.

Exs.: Derivação prefixal


Vendesse – tema: vende;
Mares – tema: mare. Como o próprio nome indica, as palavras forma-
das por derivação prefixal são formadas pelo acrésci-
Vogais e consoantes de ligação mo de um prefixo à estrutura primitiva, como:
Pré-vestibular; disposição; deslealdade; super-ho-
As consoantes e vogais de ligação têm uma função mem; infeliz; refazer.
eufônica, ou seja, servem para facilitar a pronúncia de Pré-vestibular: prefixo pré-;
palavras. Essa é a principal diferença entre as vogais Disposição: prefixo dis-;
de ligação e as vogais temáticas, estas unem desinên- Deslealdade: prefixo des-;
cias, aquelas facilitam a pronúncia. Super-homem: prefixo super;
Infeliz: prefixo in-;
Exs.:
Refazer: prefixo re-
Gas - Ô - metro;
Alv - I - negro;
Tecn - O - cracia; Derivação sufixal
Pe - Z - inho;
Cafe - T- eira; De maneira comparativa, podemos supor que a
Pau - L - ada; formação de palavras por derivação sufixal refere-
Cha - L - eira; -se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva,
Inset - I - cida; como em:
Pobre - T- ão; Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri-
Paris - I - ense; mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria.
Gira - S - sol; Lealdade: sufixo -dade;
Legal - I - dade. Francesa: sufixo -esa;
Belíssimo: sufixo -íssimo;
PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
Inquietude: sufixo -tude;
Sofrimento: sufixo -mento;
A partir do conhecimento dos morfemas que auxi-
liam o processo de ampliação das palavras da língua, Harmonizar: sufixo -izar;
podemos iniciar o estudo sobre os processos de for- Gentileza: sufixo -eza;
mação de palavras. Lotação: sufixo -ção;
As palavras na língua portuguesa são criadas a Assessoria: sufixo -ria.
partir de dois processos básicos que apresentam clas-
ses específicas. O mapa mental abaixo organiza bem Derivação prefixal e sufixal
os processos de formação de palavras:
Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto
um sufixo quanto um prefixo, vejamos alguns casos:
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infe-
DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO lizmente (prefixo in- com sufixo -mente); ultra-
� Prefixal � Justaposição passagem (prefixo ultra- com sufixo -agem);
� sufixal � Aglutinação reconsideração (prefixo -re com sufixo -ção).
� Prefixal e sufixal
� Parassintética Derivação parassintética
� Regressiva
� Imprópria ou conversão Na derivação parassintética, um acréscimo simul-
tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma
Como é possível notar, os dois processos de for- estrutura primitiva. É importante não confundir, con-
mação de palavras são a derivação e a composição. As tudo, com o processo de derivação por sufixação e
palavras formadas por processos derivativos apresen- prefixação, veja:
tam mais classes a serem estudas. Vamos conhece-las Retirar os afixos, se a palavra perder o sentido. Ex.:
36 agora! emagrecer (sem um dos afixos: “emagro-“ não existe).
Logo, basta fazer o seguinte exercício para estabe-
RADICAIS E PREFIXOS GREGOS
lecer por qual processo a palavra foi formada: retirar
o prefixo ou o sufixo da palavra em que paira dúvi- RADICAL/
SENTIDO EXEMPLO
da. Caso a palavra que restou exista, estaremos diante PREFIXO
de um processo por derivação sufixal e prefixal; caso
Acro Alto Acrofobia/acrobata
contrário, a palavra terá sido formada por derivação
parassintética. Agro Campo Agropecuária

Ex.: Entristecer, desalmado, espairecer, desgelar, Algia Dor Nevralgia


entediar etc.
Bio Vida Biologia
Derivação regressiva
Biblio Livro Biblioteca
Já na derivação regressiva, a nova palavra será Crono Tempo Cronologia
formada pela subtração de um elemento da estrutura
primitiva da palavra. Vejamos alguns exemplos: Caco Mau cacofonia
Almoço (almoçar);
Ataque (atacar); Cali Belo Caligrafia
Amasso (amassar).
Dromo Local Autódromo
A derivação regressiva, geralmente, forma subs-
tantivos abstratos derivados de verbos. É possível
Além dos radicais e prefixos gregos, as palavras da
que alguns autores reconheçam esse processo como
língua portuguesa também se aglutinam a radicais e
redução.
prefixos latinos.

Derivação imprópria
RADICAIS E PREFIXO LATINOS
A derivação imprópria, a partir de seu processo de
Radical/Prefixo Sentido Exemplo
formação de palavras, provoca a conversão de uma
classe gramatical, que pode passar de verbo a subs- Arbori Árvore Arborizar
tantivo, por exemplo.
Beli Guerra Belicoso
A seguir apresentamos alguns processos de con-
versão das palavras por derivação imprópria: Cida Que mata Homicida

z Particípio do verbo - substantivo: Teria passado Des- dis Separação discordar


- O passado; Equi Igual Equivalente
z Verbos - substantivos: Almoçar - O almoço;
z Substantivos - adjetivos: o gato - mulher gato; Ex- Para fora exonerar
z Substantivos comuns - substantivos próprios: Fide Fé Fidelidade
leão - Nara Leão;
z Substantivos próprios - comuns: Gillete - gilete; Mater Mãe Materno
Judas - ele é o judas do programa.
Processos de composição
Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos são
mais comuns no processo de formação de determina- As palavras formadas por processos de composi-
das classes gramaticais, vejamos: ção podem ser classificadas em duas categorias: justa-
posição e aglutinação.
z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti- As palavras formadas por qualquer um desses pro-
cessos estabelecem um sentido novo na língua, uma
vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço.
vez que nesse processo há a junção de duas palavras
z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer,
que já existem para a formação de um novo termo,
-izar, -ar. com um novo sentido.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.:


-mente. z Composição por justaposição: nesse processo,
as palavras envolvidas conservam sua autonomia
LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS morfológica, permanecendo a tonicidade original
de cada palavra. Ex.: pé de moleque, dia a dia, faz
Apresentamos alguns radicais e prefixos na lis- de conta, navio-escola, malmequer.
ta a seguir que podem auxiliar na compreensão do
z Composição por aglutinação: na formação de
processo de formação de palavras. Novamente, aler- palavras por aglutinação, há mudanças na toni-
tamos que essa lista não deve ser encarada como cidade dos termos envolvidos, que passam a ser
uma “tabuada” a ser decorada, mas como um método subordinados a uma única tonicidade. Ex.: petró-
para apreender o sentido de alguns desses radicais e leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente);
prefixos. vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê). 37
Palavras compostas e derivadas Bicicleta Bicicletaria, bicicletário,
bicicletista
Agora que já conhecemos os processos de forma-
ção de palavras, precisamos identificar as palavras Água Aguaceiro, aguado,
que são compostas e as palavras que são deriva- aguador
das. Café Cafeicultor, cafeína, cafe-
As palavras compostas guardam a independência zal, cafezinho
semântica e ortográfica, unindo-se a outras palavras Morte Imortal, mortal, morta,
para a formação de um novo sentido. mortuário, mortífero

z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente etc. ARTIGOS

Veja a seguir uma lista de palavras compostas: Os artigos devem concordar em gênero e número
com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
Amor-perfeito; minantes dos substantivos.
Arco-íris; Essa classe está dividida em artigos definidos e arti-
Beija-flor; gos indefinidos: os primeiros funcionam como deter-
Bem-me-quer; minantes objetivos, individualizando a palavra, já os
segundos funcionam como determinantes imprecisos.
Cachorro-quente;
Cavalo-marinho;
z Artigos definidos: o, os; a, as.
Couve-flor;
Guarda-roupa; z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
Guarda-chuva;
Peixe-espada; Os artigos podem ser combinados às preposições:
Roda-viva; são as chamadas contrações. Algumas contrações
Passatempo; comuns na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a =
à; de + a = da.
Pontapé;
Toda palavra determinada por um artigo torna-se
Vaivém;
um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.
Varapau;
Segunda-feira;
Arco-íris; NUMERAIS
Decreto-lei;
Ano-luz; Palavra que se relaciona diretamente ao substanti-
Fim de semana; vo, inferindo ideia de quantidade ou posição.
Dia a dia; Os numerais podem ser:
Sala de jantar;
Cão de guarda; z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois
Cor de vinho; potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
Café com leite. meninos eram bons em português.
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
Palavras derivadas são aquelas formadas a partir série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
que detêm a raiz com sentido lexical independente.
São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc. z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
A partir das palavras primitivas, o falante pode nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
novo emprego.
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala-
vras derivadas, assim chamadas, pois derivam de um z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
dos seis processos derivacionais. nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu
metade do pagamento.
z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc.
Um: numeral ou um artigo?
Veja a seguir uma tabela com as palavras primiti-
vas e a derivadas: A forma um pode assumir na língua a função de
artigo indefinido ou de numeral cardinal, então, como
PALAVRA PRIMITIVA PALAVRA DERIVADA podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso, vejamos:
Floração, flora, floral,
floreado, floreio, flóreo, z Durante a votação, houve um deputado que se
Flor florescente, floriano, flo- posicionou contra o projeto.
ricultura, florido, florista,
florzinha z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
cionou contra o projeto.
Papel Papelada, papelão, pape-
laria, papeleiro, papelinho, Na primeira frase, podemos substituir o termo um
papiro por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
Pedra Pedreira, pedreiro, pedre- o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
gulho, pedraria, pedrinha,
contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
38 pedrisco por exemplo.
Já na segunda oração, a alteração do gênero não O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se comum).
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
deputado, marcando a quantidade. Flexão de gênero
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
Sobre o numeral milhão/milhares, é importante para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
destacar que sua forma é masculina, logo, o artigo que formes. Os substantivos uniformes podem ser:
precede será sempre no masculino
z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje. / a cliente; o líder / a líder.
z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
sentam distinção entre masculino e feminino, a
Se liga!
diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
A forma 14 por extenso apresenta duas for- ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
mas aceitas pela norma gramatical: catorze e macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
quatorze. girafa macho / girafa fêmea.
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e
não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
SUBSTANTIVOS
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
característica básica dessa classe é admitir um deter-
Os substantivos biformes, como o nome indi-
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio-
ca, designam os substantivos que apresentam duas
nam-se em gênero, número e grau. formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.:
professor/professora.
Tipos de substantivos Destacamos que alguns substantivos, apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for-
A classificação dos substantivos admite nove tipos mas diferentes no masculino e no feminino:
diferentes de substantivos. São eles:
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
z Simples: Formados a partir de um único radical.
Ex.: vento, escola. Outros substantivos modificam o radical para
z Composto: Formados pelo processo de justaposi- designar formas diferentes no masculino e no femini-
ção. Ex.: couve-flor, aguardente. no, estes são chamados de substantivos heteroformes:

z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.


substantivo. Ex.: pedra, dente.
Gênero e significação
z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.:
pedreiro, dentista.
É importante salientar que alguns substantivos
z Concreto: Designam seres com independência uniformes podem aparecer com marcação de gênero
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde- diferente, ocasionando uma modificação no sentido,
pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.: veja, por exemplo:
Deus, fada, carro.
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali- z O testemunho: relato de experiência, associado a
dade. Ex.: coragem, Liberalismo. religiões.
z Comum: Designam determinados seres e lugares.
Algumas formas substantivas mantêm o radical e
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: homem, cidade.


a pequena alteração o gênero interfere no significado:
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
Maria, Fortaleza. z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
z Coletivo: Usados no singular, designam um con- z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca,
manada. Além disso, algumas palavras na língua apresen-
tam dificuldade quanto a identificação do gênero, pois
É importante destacar que a classificação de um são usadas em contextos informais com gêneros dife-
substantivo depende do contexto em que ele está inse- rentes, é o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a
rido. Vejamos: gênese; a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formi-
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio). cida; o telefonema; o trema. 39
Algumas formas que não apresentam, necessaria- Variação de grau
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação
masculino quanto no feminino: O personagem / a per- de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. diminuição.

Flexão de número z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-


xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei- Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
fogaréu, boqueirão, poetastro.
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas.
Porém, podem apresentar outras terminações: males, z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres- xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z,
pequenina, papelucho.
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como
mal/males.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL Se liga!
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também O emprego do grau aumentativo ou diminuti-
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas vo dos substantivos pode alterar o sentido das
aceitas meles e méis. palavras, podendo assumir um valor:
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem Afetivo: filhinha;
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs-
tantivos que admitem até três formas de plural: ADJETIVOS

z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães. Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-


tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
z Ancião: anciãos, anciões, anciães. podem indicar:
z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
z Qualidade: professor chato.
z Estado: aluno triste.
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas z Aspecto, aparência: estrada esburacada.
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
órgãos; órfão / órfãos. Locuções adjetivas

Plural dos substantivos compostos As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor


dos adjetivos, indicando as mesmas características
Os substantivos compostos são aqueles formados deles.
por justaposição e o plural dessas formas obedece às Elas são formadas por preposição + substantivo,
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
seguintes regras: tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas
z Variam os dois elementos: com valores diferentes ao lado da forma adjetiva,
importantes para seu estudo:
substantivo + substantivo:
Ex.: mestre-sala / mestres-salas; z Voo de águia / aquilino;
Substantivo + adjetivo: z Poder de aluno / discente;
Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos; z Cor de chumbo / plúmbeo;
Adjetivo + substantivo:
Ex.: boas-vindas; z Bodas de cobre / cúprico;
Numeral + substantivo: z Sangue de baço / esplênico;
Ex.: terça-feira / terças - feiras. z Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
z Varia apenas um elemento: substantivo + prepo-
sição + substantivo. Ex.: canas-de-açúcar; É importante destacar que, mais do que “decorar”
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
Substantivo + substantivo (com função adjetiva). damental reconhecer as principais características de
Ex.: navios-escola. uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
Palavra invariável + palavra invariável. apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber-
Ex.: abaixo-assinados. tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza-
Verbo + substantivo. da on-line.
Ex.: guarda-roupas. Quando a locução adjetiva é composta pela pre-
Redução + substantivo. posição “de”, ela pode ser confundida com a locução
Ex.: bel-prazeres. adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
formados por verbo + advérbio e verbo + substan- ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
tivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
40 saca-rolha. zando o substantivo “abertura”.
Já na segunda frase, a locução destacada é adver- „ Característica de um ser elevada ao último
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- grau: Superlativo Absoluto, que pode ser analí-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
demonstrando seu caráter adverbial. ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
As locuções adjetivas também desempenham fun-
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, „ Característica de um ser relacionada com
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café outros indivíduos da mesma classe: Superla-
com açúcar. tivo Relativo, que pode ser de superioridade (O
Já as locuções adverbiais desempenham função mais) ou de inferioridade (O menos)
de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos, Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de absoluto analítico).
fome; agiu com rapidez. O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
sintético).
Adjetivo de relação O candidato é o mais humilde dos concorren-
tes? (Superlativo relativo de superioridade).
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar O candidato é o menos preparado entre os con-
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
relação”.
inferioridade).
Para identificar um adjetivo de relação, observe as
seguintes características:
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta,
sentar meios de subjetividade. Ex.: Menino bonito mais magra, mais bonito etc.).
- o adjetivo é subjetivo, pois a beleza do menino Ex.: A modelo é mais alta que magra.
depende dos olhos de quem o descreve. Porém, se uma mesma característica se referir
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de a seres diferentes, empregamos a forma sintética
relação sempre são posicionados após o substanti- (melhor, pior, menor etc.).
vo. Ex.: casa paterna. Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-


Formação dos adjetivos
tivo por derivação prefixal ou sufixal.
z Não admitem variação de grau: os graus compa- Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
rativo e superlativo não são admitidos. simples ou compostos.

Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden- z Primitivos: são os adjetivos que não derivam de
te americano (não é subjetivo; posicionado após o outras palavras e, a partir deles, é possível formar
substantivo; derivado de substantivo; não existe a
novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; z Derivados: são formados a partir dos adjetivos
roteiro carnavalesco. primitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo
etc.
Variação de grau
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um
O adjetivo pode variar em dois graus: Compara- único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
tivo ou Superlativo. Cada um deles apresenta suas
z Compostos: são formados a partir da união de
respectivas categorias.
dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-bra-
z Grau comparativo: exprime a característica de sileiro, amarelo-ouro etc.
um ser, comparando-o com outro da mesma classe
nos seguintes sentidos:
Se liga!
„ Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão O plural dos adjetivos simples é realizado da
quanto;
mesma forma que o plural dos substantivos.
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Superioridade: mais do que;


„ Inferioridade: menos do que. Plural dos adjetivos compostos
Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios
(comparativo de igualdade);
O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-
O amor é mais suficiente do que o dinheiro
tes regras:
(comparativo de superioridade);
Homens são menos engajados do que mulhe-
res (comparativo de inferioridade). z Invariável: adjetivos compostos como azul-mari-
nho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas
z Grau superlativo: em relação ao grau superlati- de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa,
vo, é importante considerar que o valor semântico cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tape-
desse grau apresenta variações, podendo indicar: tes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro. 41
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjeti-
vo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos pátrios

Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos
seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo
-eiro, costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.

ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio.
Em alguns casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua portuguesa apresentam uma lista exaustiva com as funções dos
advérbios, porém, decorar as tais funções, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução
de questões do ENEM.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir
delas, consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.


z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às claras (modo).

Locuções adverbiais

As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo. Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetiva, tornando tal estrutura agramatical, por isso,
inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica

Se liga!
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
42 modo ou causa.Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

GRAU COMPARATIVO

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE

Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem

Mal Pior (mais mal*) - Tão mal

Muito Mais - -

Pouco menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO

Bem Otimamente Muito bem Inferioridade

Mal Pessimamente Muito mal Superioridade

Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais

Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e adjetivos

O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza qual a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural, caso a
palavra aceite uma dessas flexões será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.

Palavras denotativas

São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;


z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático
ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas observações interessantes

O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado após o verbo ou complemento verbal, caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. 43
Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada.

PRONOMES

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de posse, indefinição,
quantidade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre tantas outras funções.
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpreta-
ção textual, pois colaboram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar
a organização textual, contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

Pronomes pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso; algumas informações relevantes sobre esses pronomes
são:

PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO

1º pessoa do singular EU Me, mim, comigo

2º pessoa do singular TU Te, ti, contigo

3º pessoa do singular ELE/ELA Se, si, consigo, o, a, lhe

1ª pessoa do plural NÓS Nos, conosco.

2º pessoa do plural VÓS Vos, convosco

3º pessoa do plural ELES/ELAS Se, si, consigo, os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. Já os prono-
mes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi com o namorado;
Maura saiu comigo.

z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões.
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por prepo-
sição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).

Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos, além disso, é importante saber
que eu e tu não podem ser regidos por preposição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós podem ser retos
ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados com força e precedidos de preposição. Costumam ter função
de complemento:

z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco (plural).


z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco (plural).
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s)

Importante lembrar que não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como
em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como
complemento verbal, desde que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”. Ex.: Encontrei
todos eles na festa; Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos. Ex.:
Entre mim e ele não há segredos.

Pronomes de tratamento

Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
44 mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem;
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa
do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a As palavras certo e bastante serão pronomes
Constituição. indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer-
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o
Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje modelo de carro certo (adjetivo).
à noite. A palavra bastante é, geralmente, confundida com
advérbio ou adjetivo, por isso fique atento:
Como mencionamos anteriormente, os pronomes
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na
z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode-
mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
instituídos pelos falantes. z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes
ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não
de tratamento só devem ser utilizados em contextos
foram bastantes para a festa.
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen-
te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban-
outras. Dessa forma, apresentamos o seguinte quadro cos aumentaram os juros”
relacionando alguns pronomes de tratamento com as
funções sociais que designam:
Pronomes demonstrativos
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
ques e seus respectivos femininos. Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
apontam elementos a que se referem as pessoas do
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais.
discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
e das Forças Armadas membros do alto escalão.
textual.
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
respectivos femininos.
z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas.
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes.
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
cerimonioso a comerciantes importantes.
z Vossa Santidade (V. S.): Papa. z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.):
Bispos. Usamos este, esta, isto para indicar:

É importante mencionar que o quadro faz referên- z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
cia a pronomes de tratamento e suas respectivas desig- dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é
nações sociais conforme indica o Manual de Redação minha; Entreguei-lhe isto como prova.
oficial da Presidência da República, portanto, essas
designações devem ser seguidas com atenção, quando z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana
o gênero textual abordado for um gênero oficial. começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última
Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata- prestação da casa.
mento, é importante destacar:
O plural de algumas abreviaturas é feito com letras z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana
dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. e Carla no shopping, esta procurava um presente
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas para o marido (o pronome refere-se ao último ter-
com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o mo mencionado).
acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V. Emas.
O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
Usamos esse, essa, isso para indicar:
tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente
da República nunca deve ser abreviado.
z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes indefinidos
combinou muito com você.
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.:
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª
Não me fale mais nisso; A população não confia
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem
nesses políticos.
variar e podem ser invariáveis, vejamos:
z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana,
z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas; eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo.
Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo,
Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras; z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan- Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas; falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes-
Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc. sa sua expressão. 45
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
para indicar posse e aparecer relacionando dois
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen- termos que devem ser um possuidor e uma coisa
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete, possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua
quem é aquele ali perto da porta? portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
suidor) a matéria (coisa possuída).
z Referência a um tempo muito remoto, um passado
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor- O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles! ro com a coisa possuída.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não cujo: Cujo o, cuja a
conheço aquela mulher. Não podemos substituir cujo por outro pronome
z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro relativo;
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan- O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá, do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
aquela, refrigerante.
gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo dire-
tor ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o
rapaz cujas pernas você se referiu (pernas de quem?
Se liga! Do rapaz.)
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun-
ção demonstrativa referencial, veja: z Emprego do pronome relativo onde: empregado
para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque-
onde meu pai nasceu.
ceu de preencher o gabarito. Errado. Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
O candidato fez a prova, porém esqueceu de do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
preencher o gabarito. Correto. O relativo onde pode ser empregado sem antece-
dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.

Pronomes relativos z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e


suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
Uma das classes de pronomes mais complexas, do em substituição a outros pronomes relativos,
sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin-
os pronomes relativos têm função muito importante
guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
na língua, refletida em assuntos de grande relevân- sado do qual (que) ninguém se lembra.
cia, como a análise sintática. Dessa forma, é essencial
conhecer adequadamente a função desses elementos O pronome o qual pode auxiliar na compreensão
a fim de saber utilizá-los corretamente. textual, desfazendo estruturas ambíguas.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior- Pronomes interrogativos
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-
nado anteriormente) chamamos de antecedente. São utilizados para introduzir uma pergunta ao
São pronomes relativos: texto e se apresentam de formas variáveis (Que?
Quais? Quanto? Quantos) e invariáveis (Que? Quem?).
Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto,
Quantos anos tem seu pai?
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
quantas. tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
z Invariáveis: Que, quem, onde, como. interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso- Os pronomes interrogativos que e quem são pro-
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei nomes substantivos.
o homem que desapareceu; O cachorro que esta-
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca Pronomes possessivos
recebi de volta.
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do discurso e indicam posse:
relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada
que dizer). 1ª pessoa; Meu, minha, meus, minhas.
SINGULAR 2ª pessoa; Teu, tua, teus, tuas.
z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve 3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas.
ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos
1ª pessoa; Nosso, nossa, nossos, nossas.
nós quem fizemos o bolo.
PLURAL 2ª pessoa; Vosso, vossa, vossos, vossas
O pronome relativo quem pode fazer referência a algo
3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas.
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).
z Emprego do relativo quanto: seu antecedente Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
deve ser um pronome indefinido ou demonstra- a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain-
quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou- da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a
46 pei a vida inteira. relação do pronome é com o objeto da posse.
Outras funções dos pronomes possessivos: Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
z Delimitam o substantivo a que se referem; ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
fato. As flexões verbais são marcadas por desinências
z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
que podem ser: número-pessoal, indicando se o verbo
z Não concordam com o referente; está no singular ou plural, bem como em qual pessoa
verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-temporal,
z O pronome possessivo que acompanha o substan-
que indica em qual modo e tempo verbais a ação
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
foi realizada, iremos apresentar estas desinências a
seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinências
Colocação pronominal
modo-temporais, precisamos explicar o que são o
modo e o tempo verbais:
Estudo da posição dos pronomes na oração.
Modos
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo.
Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
Casos que atraem o pronome para próclise:
ção enunciada pelo verbo.
„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.:
Não me submeto a essas condições. z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- certeza. Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se de dúvida, desejo ou possibilidade. Ex.: Se eu estu-
apresente como um rico investidor, ele nada dasse, seria aprovado.
tem.
„ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex: z Imperativo: o modo imperativo designa ordem,
Em se tratando de futebol, Maradona foi um convite, conselho, súplica ou pedido. Ex.: Estuda!
ídolo. Assim, serás aprovado.
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.:
Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe Tempos
agradecemos.
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta- O tempo designa o recorte temporal em que a ação
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro.
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. Porém, existem ramificações específicas.

Casos que atraem o pronome para mesóclise: z Presente: pode expressar não apenas um fato
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que atual, como também uma ação habitual. Ex.:
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum Estudo todos os dias no mesmo horário.
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei- Uma ação passada.
jos agora...” Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura.
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)

Casos que atraem o pronome para ênclise: z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui- Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode
to honrada com esse título. indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por Ex.: Estudava todos os dias.
favor. Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou-
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans-
quanto sou importante. bordara da banheira.
z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
Casos proibidos:
realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) /
rei bastante ano que vem.
Dá-me esse caderno! (certo).
Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou
LÍNGUA PORTUGUESA

em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria


de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada
(correto). muito, se tivesse me planejado.
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). A partir dessas informações, podemos também
identificar os verbos conjugados nos tempos simples
VERBOS e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples
são formadas por uma única palavra, ou verbo, con-
Certamente, a classe de palavras mais complexa e jugado no presente, passado ou futuro; já os tempos
importante dentre as palavras da língua portuguesa é compostos são formados por dois verbos, um auxiliar
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e um principal, nesse caso, o verbo auxiliar é o único
e os agentes desses atos, além de ser uma importante a sofrer flexões. Agora, vamos conhecer as desinên-
classe sempre abordada nos editais de concursos; por cias modo-temporais dos tempos simples e compostos,
isso; fique atento às nossas dicas. respectivamente: 47
Flexões modo-temporais – tempos simples z Particípio: é marcado pelas terminações -ado,
-ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
MODO MODO número e gênero.
TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
-e (1ªconjugação)
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação
Presente * e -a ( 2ª e 3ª do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
conjugações) nado. Pode ser pessoal ou impessoal.
Pretérito -ra (3ª pessoa
* „ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
perfeito do plural) jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
-va (1ª conjuga- É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Pretérito
ção) -ia (2ª e 3ª -sse Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem
imperfeito que ele ensina.
conjugações)
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
Pretérito
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
mais-que-per- -ra * jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
feito conjugação; Partir - 3ª conjugação.
Futuro -rá e -re -r
Futuro do O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
-ria * orações reduzidas.
pretérito
„ Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
* Nem todas as formas verbais apresentam desi-
bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
nências modo-temporais. + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar
para pagar as contas; Haver de + verbo principal
Flexões modo-temporais – tempos compostos no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
(indicativo)
Não confunda locuções verbais com tempos com-
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER postos. O particípio formador de tempo composto na
(presente do indicativo) + verbo principal particí- voz ativa não se flexiona: O homem teria realizado
pio. Ex.: Tenho estudado. sua missão.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver- Classificação dos verbos
bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado.
Os verbos são classificados quanto a sua forma de
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi-
Terei saído. nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no des de cada um a seguir:
particípio. Ex.: Teria estudado.
z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis
Flexões modo-temporais – tempos compostos de compreender, pois apresentam regularidade no
(subjuntivo) uso das desinências, ou seja, as terminações ver-
bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER têm o paradigma morfológico com o radical, que
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí- permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar
pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi- PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) + INDICATIVO
verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse Eu canto Cantei
estudado
Tu cantas Cantaste
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim- Ele/ você canta Cantou
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
Ex.: (quando eu) tiver estudado. Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Formas nominais do verbo e locuções verbais
Eles/ vocês cantam Cantaram
As formas nominais do verbo são as formas infi-
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em z Irregulares: os verbos irregulares apresentam
determinados contextos. São chamadas nominais pois alteração no radical e nas desinências verbais, por
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios. isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor-
re irregularmente, seguindo um paradigma pró-
z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre
valor indica duração de uma ação e, por vezes, uma sutil diferença na conjugação do verbo estar
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. que utilizamos como exemplo, isso é importante
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se para não confundir os verbos irregulares com os
48 compadeceu. verbos anômalos. Ex.: Verbo estar.
PRETÉRITO PERFEITO Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder,
PRESENTE INDICATIVO fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo-
INDICATIVO
rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer.
Eu estou Estive Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
nos temporais também apresentam essa caracte-
Tu estás Esteves rística, como latir, bramir, chover.
Ele/ você está Esteve � Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
Nós estamos Estivemos
é importante lembrar que esses pronomes não
Vós estais Estiveste apresentam função sintática. Predominantemen-
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
Eles/ vocês estão Estiveram de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se

z Anômalos: esses verbos apresentam profundas


PRETÉRITO PERFEITO
alterações no radical e nas desinências verbais, PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
consideradas anomalias morfológicas, por isso,
recebem essa classificação. Um exemplo bem Eu me sento Sentei-me
usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na
língua portuguesa, apenas dois verbos são classi- Tu te sentas Sentaste-te
ficados dessa forma, os verbos ser e ir, vejamos a
Ele/ você se senta Sentou-se
conjugação o verbo ser:
Nós nos sentamos Sentamo-nos
PRETÉRITO PERFEITO Vós vos sentais Sentastes-vos
PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
Eu sou Fui

Tu és Foste z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro-


nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta-
Ele/ você é Foi ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses
verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao
Nós somos Fomos mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum-
Vós sois Fostes primentamos friamente.
z Impessoais: são verbos que designam fenômenos
Eles/ vocês são Foram
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen- O verbo haver com sentido de existir ou marcando
tam uma forma específica de irregularidade, que oca- tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia
siona uma anomalia em sua conjugação, por isso, são muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui
classificados como anômalos. aprovado em concurso público.
Os verbos ser e estar também são verbos impes-
z Abundantes: são formas verbais abundantes os soais, quando designam fenômeno climático ou tempo.
verbos que apresentam mais de uma forma de Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos.
particípio aceitas pela norma culta gramatical. O verbo ser para indicar hora, distância ou data
Geralmente, apresentam uma forma de particípio concorda com esses elementos.
regular e outra irregular; falaremos disso poste- O verbo fazer também poderá ser impessoal,
riormente, quando trataremos das formas nomi- quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
nais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes: co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz
muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
PARTICÍPIO PARTICÍPIO taticamente, classificamos como sujeito inexistente.
INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR

Acender Acendido Aceso


Se liga!
Afligir Afligido Aflito
LÍNGUA PORTUGUESA

O verbo ser será impessoal quando o espaço


Corrigir Corrigido Correto sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen-
Encher Enchido Cheio chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma
do verbo fazer, podendo ser impessoal também,
Fixar Fixado Fixo o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo
Mariana”
� Defectivos: são verbos que não apresentam algu-
mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando
um defeito na conjugação, por isso o nome. São z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver. empregados nas formas compostas dos verbos e
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa também nas locuções verbais. Os principais verbos
do singular do presente do indicativo. Bem como: auxiliares dos tempos compostos são ter e haver. 49
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
concordância verbal, porém, o verbo principal deter- bida pelo sujeito ao mesmo tempo, essa relação pode
mina a regência estabelecida na oração. ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e
Apresentam forte carga semântica que indica sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu.
modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun- Ou a ação pode ser compartilhada entre dois
to no tópico verbos auxiliares no final da gramática. ou mais indivíduos que praticam e sofrem a
São importantes na formação da voz passiva ação. Ex.: Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
analítica. cumprimentaram.
No último caso, a voz reflexiva é também chamada
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos de recíproca, por isso, fique atento.
três formas nominais dos verbos: Não confunda os verbos pronominais com as
vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
„ Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
durativo da ação e equivale a um advérbio ou -se, entre outros acompanham um pronome que faz
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando. parte integrante do seu significado, diferentemente,
das vozes verbais que acompanham o pronome SE
„ Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO,
com função sintática própria.
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser
classificado em particípio regular e irregular,
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO Outras funções do “SE”
e -IDO.
Como vimos, o SE pode funcionar como item essen-
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- cial na voz passiva; além dessa função, esse elemento
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os também acumula outras atribuições. Vejamos:
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban- z Partícula apassivadora: como será abordado
didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais. posteriormente, a voz passiva sintética é feita com
verbos transitivos direto (TD) ou transitivos direto
„ Infinitivo: marca as conjugações verbais. indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE junto ao
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR, verbo, por isso o elemento SE é designado partí-
PasseAR); cula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-se
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER, a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícula
pÔR); apassivadora)
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par- O SE exercerá essa função apenas: Com verbos
tIR, SaIR) cuja transitividade seja TD ou TDI; Verbos concor-
O verbo pôr corresponde à segunda conjuga- dam com o sujeito; Com a voz passiva sintética.
ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo Lembramos que na voz passiva nunca haverá
acontece com verbos que deste derivam. objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujei-
to paciente.
Vozes verbais z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun-
cionará nessa condição quando não for possível
As vozes verbais definem o papel do sujeito na identificar o sujeito explícito ou subentendido.
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação Além disso, não podemos confundir essa função do
verbal ou se ele recebe a ação verbal. SE com a de apassivador, já que para ser índice de
indeterminação do sujeito a oração precisa estar na
z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver- voz ativa.
bal. Ex.: O policial deteve os bandidos. Outra importante característica do SE como índi-
z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal. ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas- transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos
siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas- de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar
siva sintética. na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus.

z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver- xivo, a partícula SE indicará reflexão ou recipro-
bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. cidade, auxiliando a construção dessas vozes
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo cipais características são: sujeito recebe e pratica
tempo, porém percebemos que há uma ação com- a ação; funcionará, sintaticamente, como objeto
partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos direto ou indireto; o sujeito da frase poderá estar
se olharam antes do julgamento.
explícito ou implícito. Ex.: Ele se via no espelho /
Deu-se um presente de aniversário.
A voz passiva é realizada a partir da troca de
funções entre sujeito e objeto da voz ativa, falamos z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será
melhor desse processo no capítulo funções do SE em parte integrante dos verbos pronominais, acompa-
verbos transitivos direto. nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE
Só podemos transformar uma frase da voz ativa exerce essa função, jamais terá uma função sin-
para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar
transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da
50 com a presença do objeto direto. mãe, quando olhou a filha.
z Partícula de realce: será partícula de realce o SE PRESENTE - INDICATIVO
que puder ser retirado do contexto sem prejuízo
no sentido e na compreensão global do texto. A Eu Adiro
partícula de realce não exerce função sintática, Tu Aderes
pois é desnecessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se
os dedos. Ele/Você Adere

z Conjunção: o SE será conjunção condicional, Nós Aderimos


quando sugerir a ideia de condição. A conjunção Vós Aderis
SE exerce função de conjunção integrante, ape-
nas ligando as orações e poderá ser substituída Eles/Vocês Aderem
pela conjunção caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser
aprovado.
PRESENTE - INDICATIVO
Conjugação de verbos derivados Eu Ponho
Tu Pões
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com- Ele/Você Põe
preensão dessas conjugações verbais. Nós Pomos
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os Vós Pondes
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais Eles/Vocês Põem
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
ção são, predominantemente, regulares. São conjugados da mesma forma os verbos: dis-
por, interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
PRESENTE - INDICATIVO entrepor, supor.

Eu Crio PREPOSIÇÕES
Tu Crias
Conceito
Ele/Você Cria
São palavras invariáveis que ligam orações ou
Nós Criamos
outras palavras. As preposições apresentam funções
Vós Criais importantes, tanto no aspecto semântico, quanto no
aspecto sintático, pois complementam o sentido de
Eles/Vocês criam
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
sem a presença da preposição, modificando a transiti-
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
mente, são irregulares e apresentam alguma modi- sentido de palavras deverbais2.
ficação no radical ou nas desinências. Assim como o As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
verbo passear, são derivados dessa terminação os com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
verbos: te, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
chamadas, pois pertencem a outras classes grama-
PRESENTE - INDICATIVO
ticais, mas, ocasionalmente, funcionam como pre-
Eu Passeio posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
Tu Passeias
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
Ele/Você Passeia (quando equivaler a “por causa de”).

Nós Passeamos
Locuções prepositivas
Vós Passeais
LÍNGUA PORTUGUESA

São grupos de palavras que equivalem a uma pre-


Eles/Vocês Passeiam posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca
do tema da prova.
Conjugação de alguns verbos A locução prepositiva na segunda frase substitui
perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre-
Vamos agora conhecer algumas conjugações de positivas sempre terminam em uma preposição, e há
verbos irregulares importantes. apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen-
Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos
as mesmas desinências desse verbo, as formas alguns exemplos de locuções prepositivas:
2 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 51
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; complemento nominal).
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan- Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de. gida pelo adjetivo).
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
lhanças morfológicas, mas significados completamen- advérbio).
te diferentes, como: Em todos esses casos, a preposição mantém uma
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla- relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
nejamento inicial. / As decisões do público foram de sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
encontro à proposta do programa. De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas. nal é preponderante apresentam uma modificação
/ Ao invés de chegar molhado, chegou cedo. no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado em: componentes obrigatórios na construção da senten-
19/11/2020. ça, divergindo das preposições de valor relacional.
As preposições de valor nocional estabelecem uma
Combinações e contrações noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
etc. Vejamos algumas:
As preposições podem ser contraídas com outras
classes de palavras, veja: VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
PREPOSIÇÕES
z Preposição + artigo:
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos. Posse Carro de Marcelo.
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do,
O cachorro está sob a
dos, dum, duns, duma, dumas. Lugar
mesa.
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos.
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no, Votar em branco, chegar
Modo
nos, num, nuns, numa, numas. aos gritos.
z Preposição + pronome demonstrativo: Causa Preso por estupro.
A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque-
le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo. Assunto Falar sobre política.
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses,
Descende de família
essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui- Origem
simples.
lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes-
sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na- Olhe para frente! Iremos
Destino
queles, naquelas, naquilo. a Paris.
De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es-
sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: CONJUNÇÕES
deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa,
desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque- Assim como as preposições, as conjunções também
les, daquelas, daquilo. são invariáveis e auxiliam na organização das ora-
z Preposição + advérbio: ções, ligando termos e, em alguns casos, orações. Por
De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém. manterem relação direta com a organização das ora-
ções nas sentenças, as conjunções podem ser: coorde-
z Preposição + pronomes pessoais: nativas ou subordinativas.
Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas.
De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas. Conjunções coordenativas
z Preposição + pronome relativo:
A + onde: aonde. As conjunções coordenativas são aquelas que
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
z Preposição + pronomes indefinido: fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas
De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras. conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora-
ção. As conjunções coordenadas podem ser:
Algumas relações semânticas estabelecidas por
preposições z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também,
não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.:
É importante ressaltar que as preposições podem Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre-
apresentar valor relacional ou podem atribuir um ferido, não só da filha, senão de toda família.
valor nocional. As preposições que apresentam um z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre-
valor relacional cumprem uma relação sintática tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:
com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a
chamados deverbais, conforme já mencionamos ante- população, senão dos vereadores (equivale a “mas
riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer sim”).
com adjetivos e advérbios, os quais também apresen- „ Importante: a conjunção E pode apresentar
tarão função deverbal. valor adversativo, mormente quando é antece-
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida dido por vírgula: Estava querendo dormir, e o
52 pela regência do verbo concordar). barulho não deixava.
z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, Os valores semânticos das conjunções não se
ora...ora, já...ja. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja prendem às formas morfológicas desses elementos.
por bem, seja por mal, vou convencê-la. O valor das conjunções é construído contextualmen-
„ Importante: a palavra SENÃO pode funcionar te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos
como conjunção alternativa: Saia agora, senão estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você,
chamarei os guardas! (podemos trocá-la por por que você não a procura? (SE = causal = já que);
ou). Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar
puro no campo. (quando = causal = já que).
z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início
da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é Conjunções integrantes
mais leve que a enxada!
„ Importante: Pois com sentido explicativo ini- As conjunções integrantes fazem parte das orações
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois subordinadas e, na realidade, elas apenas integram
sinto saudades. uma oração principal à outra, subordinada. Existem
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se.
Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre Quando é possível substituir o que pelo pronome
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a isso, estamos diante de uma conjunção integrante.
subir. Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso.

z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim, z Sempre haverá conjunção integrante em orações
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na frase). substantivas e, consequentemente, em períodos
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado. compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa.
Perguntei = isso.
As conjunções e, nem não devem ser empregadas z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o
em redundância. Brasil é um país desigual (certo).

Conjunções subordinativas INTERJEIÇÕES

Tal qual as conjunções coordenativas, as subor- As interjeições também fazem parte do grupo de
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias palavras invariáveis, tal como as preposições e as con-
apresentadas em um texto, porém, diferentemente junções. Sua função é expressar estado de espírito e
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações emoções, por isso apresenta forte conotação semânti-
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra ca, ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler
para terem o sentido apreendido. a uma frase, como será melhor exposto no capítulo
sobre frase, oração e período. Ex.: Tchau!
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto, As interjeições, como mencionamos, indicam rela-
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) ções de sentido diversas, a seguir apresentamos um
etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca fez dieta. quadro com os sentimentos e sensações mais expres-
z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de sos pelo uso de interjeições:
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
z Comparativa: Como, que nem, que (depois de
mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
como um touro.
Alívio Arre! Ufa! Ah!
z Conformativa: Conforme, como, segundo, de
acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con- Alegria/satisfação Eba! Oba! Viva!
forme o planejado.
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes-
mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
Dor/tristeza Ai! Ui! Que pena!
z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que,
LÍNGUA PORTUGUESA

a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
falar com você, teria respondido sua mensagem.
Salve! Viva! Adeus!
z Proporcional: À proporção que, à medida que, Saudação
Tchau!
quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.:
Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
aprovado.
z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro- É essencial lembrar que o sentido exato de cada
fessora dá exemplos para que você aprenda! interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que, texto, por isso, em questões que abordem essa classe
mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei de palavras, o candidato deve manter a calma e reler
para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che- o trecho em que a interjeição aparece, a fim de se cer-
guei à cidade, fui assaltado. tificar do sentido expresso no texto. 53
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati- SUJEITO
va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar
como uma interjeição. Lembrem-se dos palavrões, por É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
exemplo, que são interjeições por excelência, mas, depen- pelo verbo.
dendo do contexto, podem ter seu sentido alterado. O sujeito pode ser:
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras � O termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus! � O elemento que pratica ou recebe a ação expressa
pelo verbo;
� O termo que pode ser substituído por um pronome
do caso reto;
SINTAXE � O termo com o qual o verbo concorda.
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
As palavras normalmente recebem uma dupla
da COVID-19.
classificação: a morfológica, que está relacionada à
classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
cionada à função específica que assumem em deter- No exemplo anterior a população é:
minada frase.
z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
FRASE rou pela compra da vacina);
z O elemento que pratica a ação de implorar;
Frase é todo enunciado com sentido completo.
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
conjunto de palavras. implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
Ex.: Fogo! z O termo que pode ser substituído por um pronome
Silêncio! do caso reto.
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano
Ramos) (Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.)

ORAÇÃO Núcleo do sujeito

Oração é o enunciado que se estrutura em torno de O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
um verbo (explícito, implícito ou subentendido) ou de porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
uma locução verbal. Quanto ao sentido, a oração pode núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
apresentá-lo completo ou incompleto. do determinada função sintática, que atua ou sofre
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
poluição. tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque)
pronome.
PERÍODO
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Ex.: O povo pediu providências ao governador.
orações. Sujeito: O povo
Classifica-se em: Núcleo do sujeito: povo
z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído
� Simples: quando possui apenas uma oração.
de dois ou mais termos.
Ex.: O sol surgiu radiante.
Ninguém viu o acidente. As luzes e as cores são bem visíveis.
� Composto: quando possui duas ou mais orações. Sujeito: As luzes e as cores
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.” Núcleo do sujeito: luzes/cores
(Chico Buarque)
� Chegou em casa e tomou banho.
Se liga!
PERÍODO SIMPLES - OS TERMOS DA ORAÇÃO
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
Os termos que formam o período simples são dis- as expressões interrogativas quem? ou o quê?
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- Antes do verbo.
grantes (complemento verbal, complemento nominal Ex.: A população pediu uma providência ao
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, governador.
adjunto adverbial e aposto). quem pediu uma providência ao governador?
Resposta: A população (sujeito).
Termos Essenciais da Oração
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica outro.
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa- o que iria de um lado para o outro?
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi- Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a
54 seguir cada um deles.
Tipos de sujeito Classificação do sujeito quanto à voz

Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: z Voz ativa (sujeito agente)
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
Simples
ce a ação na frase.
DETERMINADO Composto
z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
Elíptico
Ex.: Corta-se cabelo.
Com verbos flexionados na 3ª Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
pessoa do singular “cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
INDETERMINADO item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
Com verbos acompanhados do
oração.
se (índice de indeterminação do
sujeito)
Importante notar que não há preposição entre
Usado para fenômenos da o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
INEXISTENTE natureza ou com verbos “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais
impessoais. sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal,
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em: e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
„ Simples: quando há apenas um núcleo. ção “-se”.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
Núcleo: aluguel z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Sujeito simples: O aluguel da casa Ex.: A minha saia azul está rasgada.
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais. O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. ça da partícula -se.
Núcleos: sons, cores.
Sujeito composto: Os sons e as cores PREDICADO

„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
aparece na oração, mas é possível de ser identifi- o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere. mos essenciais na oração, há casos em que a oração
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
Vi o noticiário hoje de manhã. torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
Sujeito: (Eu) impossível existir uma oração sem sujeito.

z Indeterminado: quando não é possível identificar O predicado pode ser:


o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
do por um índice de indeterminação do sujeito, a Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
partícula “se”. (José de Alencar)
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, não Predicado: seguem sua marcha
se referindo a nenhuma palavra determinada no z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
contexto. to (oração sem sujeito):
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Ex.: Chove pouco nesta época do ano.
Entende-se que alguém passou cedo. Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Colocando-se verbos sem complemento direto
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) na 3ª Para determinar o predicado, basta separar o
pessoa do singular acompanhados do pronome se, sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
que atua como índice de indeterminação do sujeito. do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
Ex.: Não se vê com a neblina. é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
condição. Dias)
LÍNGUA PORTUGUESA

Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.


Sujeito inexistente ou oração sem sujeito Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
Quando uma oração ocorre sem o sujeito de for-
ma que ela tenha sentido completo. Os verbos são Classificação do Predicado
impessoais e normalmente representam fenômenos
da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer ou A classificação do predicado depende do significa-
haver no sentido de existir. do e do tipo de verbo que apresenta.
Geia no Paraná.
Fazia um mês que tinha sumido. z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
Basta de confusão. nificativo se concentra em um nome (corresponde
Há dois anos esse restaurante abriu. a um predicativo do sujeito). 55
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação. Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
O predicado nominal tem por núcleo um nome Objeto direto 2: outras
(substantivo, adjetivo ou pronome). Objeto indireto 2: lhe.
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
Mendes) z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
Predicado: são mais bonitas. truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
Bilac) oração.
Predicado: estão cheias de calafrios. Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.
Verbo intransitivo: adormeciam.
É importante não confundir:
Predicado verbo-nominal
z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
mas um estado momentâneo ou permanente que Ocorre quando há dois núcleos significativos:
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
o predicativo do sujeito. nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
z Predicativo do sujeito, função exercida por subs- transitivo, predicativo do objeto).
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
buem uma condição ou qualidade ao sujeito. Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
Ex.: O garoto está bastante feliz. Verbo intransitivo: parou
Verbo de ligação: está. Predicativo do sujeito: atento
Predicativo do sujeito: bastante feliz.
Ex.: Seu batom é muito forte. Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
Verbo de ligação: é. está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é
Predicativo do sujeito: muito forte. considerado predicativo do sujeito.
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Predicado verbal
Verbo intransitivo: marchou
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
Predicativo do sujeito: desorientado
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
demais termos do predicado. ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
O verbo do predicado pode ser classificado em to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo. Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Ma-
chado de Assis)
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi- Verbo transitivo direto: achou
ge um complemento não preposicionado, o objeto Objeto direto: o raciocínio
direto. Predicativo do objeto: exato
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
Noel Rosa No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
Verbo Transitivo Direto: Fazer. um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
Ex.: Ele trouxe os livros ontem. que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
Verbo Transitivo Direto: trouxe. concluir que temos um caso de predicativo do obje-
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
vo indireto tem como necessidade o complemen- o sujeito.
to acompanhado de uma preposição para fazer
sentido. O que é o predicativo do objeto?
Ex.: Nós acreditamos em você.
Verbo transitivo indireto: acreditamos É o termo que confere uma característica, uma
Preposição: em qualidade ao termo a que se refere.
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. A formação do predicativo do objeto se dá por um
Verbo transitivo indireto: obedeceu adjetivo ou por um substantivo.
Preposição: a (a + os) Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Ex.: Os professores concordaram com isso. Predicativo do objeto: proveitoso
Verbo transitivo indireto: concordaram Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Preposição: com Predicativo do objeto: vitoriosa
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o Para facilitar a identificação do predicativo do
verbo de sentindo incompleto que exige dois com- objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
plementos: objeto direto (sem preposição) objeto centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
indireto (com preposição). fica é relacionar o predicativo ao nome.
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- O filme foi proveitoso.
tras.” (Machado de Assis) Ela era vitoriosa.
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
Objeto direto 1: anedotas dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
56 Objeto indireto 1: lhe ligação (foi e era, respectivamente).
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
São vocábulos que se agregam a determinadas sente para indicar parte de um todo, quando assim
estruturas para torná-las completas. De acordo com for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
a gramática de língua portuguesa, esses termos são bebeu uma porção da água, e não ela toda.
divididos em:
z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência
Complementos Verbais dessa função sintática na mesma oração, a fim de
enfatizar um único significado.
São termos que completam o sentido de verbos
transitivos diretos e transitivos indiretos.
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de
Andrade)
z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
panhado de preposição.
z Objeto direto interno: Representado por palavra
Ex.: Examinei o relógio de pulso.
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
O técnico convocou somente os do Brasil. (os = mesmo significado.
aqueles)
Ex.: Riu um riso aterrador.
Pronomes e sua relação com o objeto direto Dormiu o sono dos justos.
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas Como diferenciar objeto direto de sujeito
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), quase sempre exer- Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
cem função de objeto direto os pronomes oblíquos Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
me, te, se, nos, vos também podem exercer essa fun- O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
ção sintática. va analítica e se transforma em sujeito.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram Os jogos da seleção foram ignorados.
quem? A minha pessoa”)
Nunca vos tomeis como grandes personalidades. z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
(= “Nunca tomeis quem? Vós”) preposição obrigatória, que se liga diretamente a
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
“Convidaram quem? Ela”) o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
Receberam quem? Nós) Por favor, entregue a carta ao proprietário da
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem casa 260.
ser objetos diretos. Normalmente aparecem antes do Gosto de ti, meu nobre.
pronome relativo que. Não troque o certo pelo duvidoso.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: Vamos insistir em promover o novo romance de
esse algo é o objeto direto) ficção.
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
feminino definido) Pode ser representado pelos seguintes pronomes
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
z Objeto direto preposicionado nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
preposição no seu complemento, algumas palavras comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
requerem o uso da preposição para não perder o sen-
indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
tido de “alvo” do sujeito.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
facultativos.
z Objeto indireto pleonástico
Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição:
Ocorrência repetida dessa função sintática com o
objetivo de enfatizar uma mensagem.
Não entendo nem a ele nem a ti.
Respeitava-se aos mais antigos. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
COMPLEMENTO NOMINAL
LÍNGUA PORTUGUESA

Amavam-se um ao outro.
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
feita.” (Ciro dos Anjos) Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Exemplos com ocorrência facultativa de preposição: ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
presença de um complemento nominal nos contextos
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
le templo. do do nome.
A escultura atrai a todos os visitantes. Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
pedestal. Para melhor identificar um complemento nomi-
Ao povo ninguém engana. nal, siga a instrução:
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Nome + preposição + QUEM ou QUÊ 57
Como diferenciar complemento nominal de com- „ Será complemento nominal: se indicar o alvo
plemento verbal? daquilo que expressa o substantivo.
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração. Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se foi respeitada.
diretamente ao verbo “obedecia”) Notava-se o amor pelo seu trabalho.
Naquela época, a obediência ao meu coração pre- Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora- Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
Adjunto Adverbial
Agente da passiva
Termo representado por advérbios, locuções
É o complemento de um verbo na voz passiva ana- adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas
raramente, da preposição de. circunstâncias.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
ser, estar, viver, andar, ficar. z Tempo: Quero que ele venha logo.
z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida.
Termos Acessórios Da Oração
z Modo: O dia começou alegremente.
Há termos que, apesar de dispensável na estrutu- z Intensidade: Almoçou pouco.
ra básica da oração, são importantes para compreen- z Causa: Ela tremia de frio.
são do enunciado porque trazem informações novas. z Companhia: Venha jantar comigo.
Esses termos são chamados acessórios da oração.
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
roupas.
Adjunto Adnominal
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo.
São termos que acompanham o substantivo, z Finalidade: Vivia para o trabalho.
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar, z Meio: Viajou de avião devido à rapidez.
especificar o elemento representado pelo substantivo. z Assunto: Falávamos sobre o aluguel.
Categorias morfológicas que podem funcionar
como adjunto adnominal: z Negação: Não permitirei que permaneça aqui.
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã.
z Artigos z Origem: Descendia de nobres.
z Adjetivos
z Numerais Não confunda!
z Pronomes Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
z Locuções adjetivas adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo o sentido seja parecido.
ficaram esquecidos no quarto. Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
Iam cheios de si. é um adjunto adnominal)
Estava conquistando o respeito dos seus. Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
O novo regulamento originou a revolta dos adjunto adverbial)
funcionários.
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens. Aposto

z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto São estruturas relacionadas a substantivos, prono-
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes mes ou orações. O aposto tem como propósito expli-
exercem essa função sintática quando assumem car, identificar, esclarecer, especificar, comentar ou
valor de pronomes possessivos. apontar algo, alguém ou um fato.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
bicicleta.
z Como diferenciar adjunto adnominal de com- Aposto: filha de D. Raimunda
plemento nominal Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
des obras.
Quando o adjunto adnominal for representado Aposto: Machado de Assis.
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga Classifica-se nas seguintes categorias:
a dica:
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
„ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao Separa-se do substantivo a que se refere por uma
qual se liga for concreto. pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
Ex.: A casa da idosa desapareceu. ou dois-pontos.
Se indicar posse ou o agente daquilo que Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
expressa o substantivo abstrato. ontem, acabaram de voltar de férias.
58 Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada. Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
� Enumerativo: é usado para desenvolver ideias que (adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
adjetivo.
riachos.
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber, Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
preconceito, antipatia e arrogância. (predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad-
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado jetivo)
para resumir termos anteriores. É expresso, nor- Homem desesperado, João sempre perde o con-
malmente, por um pronome indefinido. trole.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos (aposto; núcleo: homem – substantivo)
estavam empolgados com a feira.
Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste, Vocativo
países africanos onde se fala português.
O vocativo é um termo que não mantém relação
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo.
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
� Circunstancial: Exprime uma característica chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
circunstancial. ja se comunicar. É um termo independente, pois
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas não faz parte da estrutura da oração.
apropriadas. Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha consulta.
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um Ela te diz isso desde ontem, Fábio.
substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
substantivos próprios. vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
Exs.: O mês de abril. outro termo da oração.
O rio Amazonas. Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
Meu primo José. O aposto se relaciona sintaticamente com outro
z Aposto da oração: É um comentário sobre o fato termo da oração.
expresso pela oração, ou uma palavra que condensa. A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável.
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua Sujeito: a cozinha de lufe.
preocupação. Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao
O noticiário disse que amanhã farpa muito calor - sujeito).
ideia que não me agrada.
PERÍODO COMPOSTO
z Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
Observe os exemplos a seguir:
para as perguntas.
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa. A apostila de Português está completa.
Um verbo: Uma oração = período simples
Português e Matemática são disciplinas essen-
Se liga! ciais para ser aprovado em concursos.
Dois verbos: duas orações = período composto
O aposto pode aparecer antes do termo a que se O período composto é formado por duas ou mais
refere, normalmente antes do sujeito. orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen- períodos simples e período compostos.
na marcou uma geração.
Segundo Cegalla, quando o aposto se refere a PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
um termo preposicionado, pode ele vir igualmen-
te preposicionado. O povo levantou-se cedo para
Era dia de eleição
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de evitar aglomeração.
tudo ele tinha medo.
Os que estão em negrito são os verbos.
O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) Para não esquecer:
LÍNGUA PORTUGUESA

Falou comigo deste modo: calma e maliciosa- Período simples é aquele formado por uma só
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial oração
de modo) Período composto é aquele formado por duas ou
mais orações.
z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Classifica-se nas seguintes categorias:
adnominal: Normalmente, é possível retirar a
preposição que precede o aposto. Caso seja um
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura z Por coordenação:
fica prejudicada.
Ex.: A cidade Fortaleza é quente. „ Orações coordenadas assindéticas;
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade) „ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
O clima de Fortaleza é quente. sativas, alternativas, conclusivas, explicativas. 59
z Por subordinação: Ex.: Ora responde, ora fica calado.
Você quer suco de laranja ou refrigerante?
„ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica
vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com- sobre um raciocínio.
pletivas nominais, predicativas, apositivas. Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con-
„ Orações subordinadas adjetivas: restritivas, seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início
explicativas. de frase).
„ Orações subordinadas adverbiais: causais, Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima
comparativas, concessivas, condicionais, con- semana.
formativas, consecutivas, finais, proporcionais, “Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo
temporais. Mendes Campos)
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem
z Por coordenação e subordinação: orações for-
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque,
madas por períodos mistos.
porquanto, pois.
z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale
a “pois”)
Período Composto por Coordenação Vamos almoçar de novo porque ainda estamos
com fome.
As orações são sintaticamente independentes. Isso
significa que uma não possui relação sintática com PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
período. Formado por orações sintaticamente dependentes,
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” considerando a função sintática em relação a um ver-
(Fernando Pessoa) bo, nome ou pronome de outra oração.
Oração coordenada 1: Deus quer Tipos de orações subordinadas:
Oração coordenada 2: o homem sonha
Oração coordenada 3: a obra nasce. z Substantivas;
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da z Adjetivas;
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis) z Adverbiais.
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à Orações Subordinadas Substantivas
porta da sala de Damasceno
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi. São classificadas nas seguintes categorias:
Conjunção adversativa: mas nada
z Orações subordinadas substantivas conectivas:
Orações Coordenadas Sindéticas são introduzidas pelas conjunções subordinativas
integrantes que e se.
As orações coordenadas podem aparecer ligadas Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de impostos.
Não sei se poderei sair hoje à noite.
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome z Orações subordinadas substantivas justapostas:
sindética. Veremos agora cada uma delas: são introduzidas por advérbios ou pronomes inter-
rogativos (onde, como, quando, quanto, quem etc.)
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
simultaneidade. roubadas.
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam- Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
bém, mas ainda, bem como, como também, se- z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
não também, que (= e). não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. no infinitivo.
Os convidados não compareceram nem explica- Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
ram o motivo.
z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- exercem a função de sujeito. O verbo da oração
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia,
rir a nenhum termo na oração.
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. cional) (or. sub. subst. subje.)
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a
morte.” (Laurindo Rabelo) z Orações subordinadas substantivas objetivas
diretas: exercem a função de objeto direto de um
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
se excluem. reto da oração principal.
Conjunções constitutivas: [ou], [ou ... ou], [ora ... Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
ora], [que ... quer], [seja ... seja], [já ... já], [talvez Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
60 ... talvez]. subst. obj. dir.)
z Orações subordinadas substantivas completi- � Orações subordinadas adverbiais causais: são
vas nominais: exercem a função de complemento introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio que, visto que etc.
da oração principal. Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por-
Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple- que ficamos sem gasolina.
mento nominal)
Tenho necessidade de que você me apoie. (com- � Orações subordinadas adverbiais comparati-
plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com- vas: são introduzidas por como, assim como, tal
pl. nom.) qual, como, mais etc.
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do)
z Orações subordinadas substantivas predicati- que a importada.
vas: funcionam como predicativos do sujeito da
oração principal. Sempre figuram após o verbo de � Orações subordinadas adverbiais concessivas:
ligação ser. indica certo obstáculo em relação ao fato expres-
Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São
sujeito) introduzidas por embora, ainda que, mesmo que,
Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do por mais que, se bem que etc.
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.) Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã.
z Orações subordinadas substantivas apositivas: � Orações subordinadas adverbiais condicionais:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois são introduzidas por se, caso, desde que, salvo se,
de dois-pontos ou entre vírgulas. contanto que, a menos que etc.
Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto) Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal.
Só quero uma coisa: que você volte imediata-
mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.) � Orações subordinadas adverbiais conforma-
tivas: são introduzidas por como, conforme,
z Orações subordinadas adjetivas: desempenham
segundo, consoante.
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
raramente, aposto explicativo). São introduzidas Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os � Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As são introduzidas por que (precedido na oração
orações subordinadas adjetivas classificam-se em: anterior de termos intensivos como tão, tanto,
explicativas e restritivas. tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de for-
z Orações subordinadas adjetivas explicativas: ma que, sem que.
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen- Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou.
tam uma explicação sobre o termo antecedente. “Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per-
São consideradas termo acessório no período, fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles)
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi-
das por vírgulas.
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
cria trinta gatos. por para que, a fim de que, porque e que (= para
que).
z Orações subordinadas adjetivas restritivas: Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos
especificam ou limitam a significação do termo tivessem bom estudo.
antecedente, acrescentando-lhe um elemento
indispensável ao sentido. Não são isoladas por � Orações subordinadas adverbiais proporcio-
vírgulas. nais: são introduzidas por à medida que, à pro-
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é porção que, quanto mais, quanto menos etc.
incurável. Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a
aprecio.
� Orações subordinadas adverbiais temporais:
Se liga!
são introduzidas por quando, enquanto, logo
Como diferenciar as Orações subordinadas adje- que, depois que, assim que, sempre que, cada
tivas restritivas das Orações subordinadas adje- vez que, agora que etc.
tivas explicativas? Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Ele visitará o irmão que mora em Recife.
LÍNGUA PORTUGUESA

(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai Para separar as orações de um período composto, é
visitar apenas o que mora em Recife) necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
mora em Recife) esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
ções verbais. Exs.:
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem
uma circunstância relativa a um fato expresso em [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. [para fixar outros] – 2ª oração
São introduzidas por conjunções subordinativas [que os rodeiam] – 3ª oração
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin- [e se deleitem com a imaginação deles]. (M. de As-
tes grupos: sis) – 4ª oração 61
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo Orações Reduzidas de Particípio
basta, pertencente à 1ª (oração principal).
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém Podem ser adjetivas ou adverbiais.
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
Orações Reduzidas Nosso planeta, ameaçado constantemente por
nós mesmos, ainda resiste.
z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas � Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
nominais (gerúndio, particípio e infinitivo). ria problemas. (condicional)
Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
z As que são substantivas e adverbiais: nunca são (causal/temporal)
iniciadas por conjunções. Comprada a casa, a família se mudou logo.
z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas (temporal)
por pronomes relativos.
O particípio concorda em gênero e número com os
z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses termos referentes.
conectivos.
z Podem ser iniciadas por preposição ou locução Períodos Mistos
prepositiva.
Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante. São períodos que apresentam estruturas oracio-
O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com nais de coordenação e subordinação.
conjunção Assim, às vezes aparecem orações coordenadas
Quando terminou a prova, fomos ao restaurante. dentro de um conjunto de orações que são subordina-
(desenvolvida) das a uma oração principal.
O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
1ª oração 2ª oração 3ª oração
Orações reduzidas de infinitivo
O homem entrou na sala e pediu que todos calassem.
Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente. verbo verbo verbo

z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O. 1ª oração: oração coordenada assindética.
S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo) 2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em
Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração.
direta reduzida de infinitivo) 3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta
A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva em relação à 2ª oração.
predicativa reduzida de infinitivo)
Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva Resumindo: período composto por coordenação e
completiva nominal reduzida de infinitivo) subordinação
Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S. As orações subordinadas são coordenadas entre si,
substantiva apositiva reduzida de infinitivo) ligadas ou não por conjunção.
z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
pelas mãos. z Orações subordinadas substantivas coordena-
O meu manual para fazer bolos certamente vai das entre si
agradar a todos. Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe
meus pais, nem que culpe meus parentes.
z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado, Oração principal: Espero
continua jogando bola. Oração coordenada 1: que você não me culpe
Sem estudar, não passarão. Oração coordenada 2: que não culpe meus pais
Ele passou mal, de tanto comer doces. Oração coordenada 3: nem que culpe meus
Orações reduzidas de gerúndio parentes.

Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-


sitivas, adjetivas, adverbiais. Importante!
z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando O segredo para classificar as orações é per-
livre dos juros. ceber os conectivos (conjunções e pronomes
relativos).
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
ajudando um ao outro. (subjetiva)
Agora ouvimos artistas cantando no shopping. � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
(objetiva direta) entre si
Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o
cautelosa, não faz tudo sozinha.
coração.
Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
62 contou a verdade. cautelosa
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas A seguir, uma lista dos principais verbos que
entre si geram dúvidas quanto à regência:
Ex.: Não só quando estou presente, mas também
quando não estou, sou discriminado. � Abraçar: transitivo direto
Oração subordinada adverbial 1: quando estou Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
presente O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
Oração subordinada adverbial 2: quando não
estou � Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes- to com sentido de “acariciar”)
mo período A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram no sentido de “ser agradável a”)
seu papel, no entanto a realidade não é assim.
Oração principal: Presume-se � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
Oração subordinada subjetiva da principal: as transitivo direto e indireto
penitenciárias cumpram seu papel Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
Oração coordenada sindética adversativa da ante- personificado)
rior: no entanto a realidade não é assim. Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
personificado)
REGÊNCIA Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
reto: refere-se a coisas e pessoas)
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se � Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou preposição a, rege indiferentemente objeto direto
advérbio) exige complemento preposicionado, esse e objeto indireto.
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
entre o nome e seu complemento. indireto)
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em rege apenas objeto direto:
forma de pronome oblíquo átono. Ajudaram o ladrão a fugir.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
foram leais. direto:
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo Ajudei-o muito à noite.
do sujeito (desprovido de preposição)
Pronome oblíquo átono: lhe � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
sujeito (desprovido de preposição). sitivo direto com sentido de “angustiar”)
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
Regência Verbal sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
como complemento)
Relação de dependência entre um verbo e seu
complemento. As relações podem ser diretas ou indi- � Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
retas, isto é, com ou sem preposição. Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
vo direto com sentido de “respirar”)
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
Há verbos que admitem mais de uma regência
indireto no sentido de “desejar”)
sem que o sentido seja alterado.
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
V. T. D: esquecia “prestar assistência”
Objeto direto: os favores recebidos. O médico assistia os acidentados.
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos. O médico assistia aos acidentados.
V. T. I.: se esquecia - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
Objeto indireto: dos favores recebidos. Não assisti ao final da série.
LÍNGUA PORTUGUESA

No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos O verbo assistir não pode ser empregado no
que, mudando-se a regência, mudam de sentido, particípio.
alterando seu significado. É incorreta a forma “O jogo foi assistido por
milhares de pessoas.”
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
(aspiramos = sorvemos) � Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
V. T. D.: aspiramos direto e indireto
Objeto direto: ar poluídos. Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
Os funcionários aspiram a um mês de férias. A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
(aspiram = almejam) vo indireto)
V. T. I.: aspiram O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
Objeto indireto: a um mês de férias to e indireto) 63
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
predicativo do objeto indireto)
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
� Suceder; intransitivo; transitivo direto
to com sentido de “convocar”)
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
sentido de “ocorrer”)
dicativo do objeto com sentido de “denominar,
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
qualificar”)
de “vir depois”)
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
reto; intransitivo Regência Nominal
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
indireto com sentido de “ser difícil”) Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- bios) exigem complementos preposicionados, exceto
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”) quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
Advérbios terminados em “mente”
� Esquecer: admite três possibilidades
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
Esqueci-me dos acontecimentos.
regência dos adjetivos:
Esqueceram-me os acontecimentos.
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; análoga / analogicamente a
transitivo direto e indireto contrária / contrariamente a
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. compatível / compativelmente com
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) diferente / diferentemente de
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. favorável / favoravelmente a
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má paralela / paralelamente a
disposição”) próxima / proximamente a/de
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo relativa / relativamente a
direto e indireto com sentido de envolver-se”)
Preposições prefixos verbais
� Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Alguns nomes regem preposições semelhantes a
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
seus “prefixos”:
sobre
Informaram o réu de sua condenação.
dependente, dependência de
Informaram o réu sobre sua condenação.
inclusão, inserção em
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
inerente em/a
sa: objeto indireto, com a preposição a
descrente de/em
Informaram a condenação ao réu.
desiludido de/com
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi- desesperançado de
reto, com as preposições em e por desapego de/a
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia. convívio com
convivência com
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
demissão, demitido de
tivo direto e indireto
encerrado em
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
enfiado em
sitivo com sentido de “cortejar”)
imersão, imergido, imerso em
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
instalação, instalado em
indireto com sentido de “desejar muito”)
interessado, interesse em
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
intercalação, intercalado entre
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
supremacia sobre
“encantar-se”)
� Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos CONCORDÂNCIA
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito. Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
tivo direto e indireto
Observe o exemplo:
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
A pequena garota andava sozinha pela cidade.
indireto)
A: Artigo, feminino, singular;
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
direto e indireto)
Garota: Substantivo, feminino, singular.
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
transitivo direto e indireto Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
64 A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto) número (singular) do substantivo.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân- Estados Unidos continua uma potência.
cia: verbal e nominal. Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
de de Santos fica em São Paulo.”)
Concordância Verbal

É a adaptação em número – singular ou plural e


pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo Se liga!
sujeito.
“De todos os povos mais plurais culturalmente, o Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais verbo fica no singular ou no plural.
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra- Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
peus, asiáticos e africanos.” z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor- de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
singular. Mais de um aluno compareceu à aula.
Destrinchando o período, temos que os termos Mais de cinco alunos compareceram à aula.
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi- A expressão mais de um tem particularidades:
cado verbal. se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: Prefiro natação a futebol. recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
Verbo bitransitivo: Prefiro a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
Objeto direto: natação Mais de um irmão se abraçaram.
Objeto indireto: a futebol
Popularmente usa-se “do que” no lugar de “a”, Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
o que tornaria a oração da seguinte forma: “Prefiro Mais de um aluno, mais de um professor esta-
natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
vam presentes.
drão, a forma correta é como consta na imagem.

Concordância Verbal com o Sujeito Simples z Quando o sujeito é formado de um número per-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do numerado ou com o número inteiro, mas pode
sujeito. concordar com o especificador dele. Se o numeral
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário vier precedido de um determinante, o verbo con-
exorbitante. cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
Diferentes situações:
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
viver bem.
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
sentido coletivo o verbo fica no singular. Ex.: A Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
multidão gritou entusiasmada. Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
bo posterior ao pronome relativo concorda com o
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do � Os verbos bater, dar e soar concordam com o
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano? número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós chegou. (Duas horas deram...)
quem resolveu a questão. Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- badaladas soaram)
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
nós quem resolvemos a questão. da escola soou dez badaladas)
LÍNGUA PORTUGUESA

z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no dem-se casas de veraneio aqui.
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
interessada.
essa questão.
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- Majestade está preocupada?
ver artigo definido antes de uma palavra plura- Suas Excelências precisam de algo?
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
Unidos continuam uma potência. exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! 65
Concordância Verbal com o Sujeito Composto � Concorda com o predicativo quando o sujeito for
que ou quem
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama- Ex.: Quem foram os classificados?
ticais diferentes
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com Ex.: São nove horas.
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che- É frio aqui.
garam ontem. Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada � O verbo fica no singular quando precede termos
ou nenhum como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man- menos etc. junto a especificações de preço, peso,
ter o espírito esportivo. quantidade, distância. E também quando seguido
do pronome o.
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
singular Divertimentos é o que não lhe falta.
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju- Dez reais é nada diante do que foi gasto.
davam. (preferencialmente no singular)
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
� Gradação entre os núcleos do sujeito ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
me acalmar. (preferencialmente no singular) verbo concordará com o termo não preposiciona-
� Núcleos do sujeito no infinitivo do entre eles.
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde. Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
São eles que sempre chegam cedo.
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu- É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
mitivo (nada, tudo, ninguém) trução adequada)
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu. São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro, (construção inadequada)
nem um nem outro
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui. CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL

� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem Concordância do infinitivo


Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão
meu foco nos estudos. z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões to esclarecido)
bem como, assim como, tanto quanto Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na implícito “nós”)
final. Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
(dois pronomes implícitos: eu, nós)
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas Até me encontrarem, vocês terão de procurar
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim muito. (preposição no início da oração)
como; não só... mas também etc.) Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua (verbos pronominais)
popularidade em alta. Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni- indicando tempo)
co núcleo, o verbo fica no singular concordando Estudo para me considerarem capaz de aprova-
com o núcleo único. Mas, se houver determinante ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
sujeito passa a ser composto. foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos particípio)
combustíveis aumentaram. z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
Concordância verbal do Ser ção verbal)
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
� Concorda com o sujeito sendo sujeito do infinitivo)
Ex.: Nós somos unha e carne.
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
� Concorda com o sujeito (pessoa)
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
� Em predicados nominais, quando o sujeito for
representado por um dos pronomes tudo, nada, Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- com valor genérico)
dará com o predicativo (preferencialmente) ou São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
com o sujeito. dido de preposição de ou para)
66 Ex.: No início, tudo é/são flores. Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
� Concordância do verbo parecer z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
Flexiona-se ou não o infinitivo. ciência. (1,5% corresponde ao singular)
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta- z Chegaram/Chegou João e Maria.
vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
de acordo com o sujeito, no plural) aqui.
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
logo o infinitivo será impessoal)
brasileira.
� Concordância dos verbos impessoais
z O problema do sistema é/são os impostos.
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
sempre na 3ª pessoa do singular. z Hoje é/são 22 de agosto.
Ex.: Havia sérios problemas na cidade. z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
Fazia quinze anos que ele havia se formado. a aprovação.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
auxiliar fica no singular) z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
Trata-se de problemas psicológicos.
Geou muitas horas no sul. Silepse de Número e de Pessoa
� Concordância com sujeito oracional
Conhecida também como “concordância irregular,
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
singular.
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos. z Silepse de número: usa-se um termo discordando
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados. do número da palavra referente, para concordar
Ficou combinado que sairíamos à tarde. com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
Urge que você estude. vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
Era preciso encontrar a verdade. dade: todas as flores)

Casos mais frequentes em provas z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do


processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
� Sujeito posposto distanciado ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical diversas etnias, somos multiculturais.
brasileira seres estranhos.
� Verbos impessoais (haver e fazer) Concordância Nominal
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Havia problemas no setor. Define-se como a adaptação em gênero e número
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável) o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
� Verbo na voz passiva sintética adjetivos, numerais).
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta. O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
gênero e número com o nome a que se referem.
� Verbo concordando com o antecedente correto
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
do pronome relativo ao qual se liga
Muro alto. / Muros altos.
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
tinham experiência.
Casos com adjetivos
� Sujeito coletivo com especificador plural
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram. z Com função de adjunto adnominal: quando o
� Sujeito oracional adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no ver após os substantivos, poderá concordar com
singular) as somas desses ou com o elemento mais próximo.
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
to ou complemento no plural Encontrei colégios e faculdades ótimos.
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
LÍNGUA PORTUGUESA

atrito. (verbo no singular) Há casos em que o adjetivo concordará apenas


com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
Casos Facultativos tencer somente a este.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
estádio.
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
fizeram rir. minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
z Fui eu quem faltou/faltei à aula. cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? Existem complicadas regras e conceitos.
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura Quando houver apenas um substantivo qualifica-
brasileira. do por dois ou mais adjetivos pode-se: 67
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad- � Meio
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, Quando significar “metade”: concordará com o
francesa e alemã. elemento referente.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo Quando significar “um pouco”: será invariável.
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
língua inglesa, a francesa e a alemã. � Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
z Com função de predicativo do sujeito do significar unidade de medida, é masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará “A grama do vizinho sempre é mais verde.”
com a soma dos elementos. � É proibido entrada / É proibida a entrada
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. Se o sujeito vier determinado, a concordância do
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos rão com o determinante.
quanto com o nome mais próximo. Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- nhada está boa.
vam abandonados a casa e o quintal. É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- entrada de crianças.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
substantivos por um pronome:
� Menos / pseudo
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
São invariáveis.
(substitui-se por “eles”) Ex.: Havia menos violência antigamente.
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
existem complicados”. to é pseudo-objetivo.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
então é um adjunto adnominal. � Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com
z Com função de predicativo do objeto ele.
Quando modificam o verbo: invariáveis.
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
irritados.
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
dância com o termo mais próximo. tante irritados.
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. Se ambos os termos puderem ser substituídos por
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e “vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
seus subordinados. tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.

Algumas convenções � Tal qual


Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
com o substantivo posterior.
� Obrigado / próprio / mesmo
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
pais.
A própria enfermeira virá para o debate. Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
Elas mesmas conversaram conosco. quais os pais.
Silepse (também chamada concordância
figurada)
Se liga! É a que se opera não com o termo expresso, mas o
que está subentendido.
O termo mesmo no sentido de “realmente” será
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
invariável. linda!)
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação. Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
z Só / sós leiros, estamos esperançosos.)
Variáveis quando significarem “sozinho” /
“sozinhos”. � Possível
Invariáveis quando significarem “apenas, Concordará com o artigo, em gênero e número, em
somente”. frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
apenas queriam ficar sozinhas.) Conheci crianças as mais belas possíveis.
A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de PLURAL DE COMPOSTOS
ficar a sós.
Substantivos
� Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem. O adjetivo concorda com o substantivo referen-
Ex.: Estamos quites com o banco. te em gênero e número. Se o termo que funciona
Seguem anexas as certidões negativas. como adjetivo for originalmente um substantivo fica
68 Inclusos, enviamos os documentos solicitados. invariável.
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola pôr do sol – pores do sol;
também é um substantivo; mantém-se no singular) fim de semana – fins de semana;
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é pé de moleque – pés de moleque.
um substantivo; mantém-se no singular)
Flexão apenas do segundo elemento
Adjetivos
� Nos substantivos compostos formados por tema
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi- verbal ou palavra invariável + substantivo ou
mo elemento concordará com o substantivo referente. adjetivo:
Os demais ficarão na forma masculina singular. bate-papo – bate-papos;
Se um dos elementos for originalmente um subs- quebra-cabeça – quebra-cabeças;
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. arranha-céu – arranha-céus;
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. ex-namorado – ex-namorados;
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
vice-presidente – vice-presidentes.
plural, pois ambos são adjetivos.
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no � Nos substantivos compostos em que há repeti-
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. ção do primeiro elemento:
Nesse caso, o termo composto não concorda com o zum-zum – zum-zuns;
plural do substantivo referente, “folhas”. tico-tico – tico-ticos;
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar. lufa-lufa – lufa-lufas;
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam- reco-reco – reco-recos.
bém pode ser um substantivo.
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma � Nos substantivos compostos grafados ligada-
lógica de “musgo” do exemplo anterior. mente, sem hífen:
girassol – girassóis;
pontapé – pontapés;
Se liga! mandachuva – mandachuvas;
fidalgo – fidalgos.
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são � Nos substantivos compostos formados com
sempre invariáveis. grão, grã e bel:
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele- grão-duque – grão-duques;
mentos flexionados no plural (peles-vermelhas). grã-fino – grã-finos;
bel-prazer – bel-prazeres.
Não flexão dos elementos
Lista de Flexão dos dois elementos
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
� Nos substantivos compostos formados por pala- formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
vras variáveis, especialmente substantivos e re em frases substantivadas e em substantivos
adjetivos: compostos por um tema verbal e uma palavra
segunda-feira – segundas-feiras; invariável ou outro tema verbal oposto:
matéria-prima – matérias-primas; o disse me disse – os disse me disse;
couve-flor – couves-flores; o leva e traz – os leva e traz;
guarda-noturno – guardas-noturnos; o cola-tudo – os cola-tudo.
primeira-dama – primeiras-damas.
FUNÇÕES DO SE
� Nos substantivos compostos formados por
temas verbais repetidos:
Embora já tenhamos abordado esse tema anterior-
corre-corre – corres-corres;
mente, deixamos aqui uma síntese das funções mais
pisca-pisca – piscas-piscas;
pula-pula – pulas-pulas. cobradas desse vocábulo.
Nestes substantivos também é possível a flexão
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca- Funções morfológicas
-piscas, pula-pulas.
z Pronome;
Flexão apenas do primeiro elemento z Conjunção.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Nos substantivos compostos formados por subs- Funções sintáticas


tantivo + substantivo em que o segundo termo
limita o sentido do primeiro termo: � Pronome reflexivo com a função sintática de obje-
decreto-lei – decretos-lei; to direto
cidade-satélite – cidades-satélite; Ex.: Elas não se encontram na redação.
público-alvo – públicos-alvo;
elemento-chave – elementos-chave. � Pronome reflexivo com a função sintática do obje-
Nestes substantivos também é possível a flexão to indireto
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites, Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar.
públicos-alvos, elementos-chaves.
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti-
z Nos substantivos compostos preposicionados: ca do objeto direto
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar; Ex.: Admiravam-se de longe. 69
� Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti- � Partícula expletiva
ca do objeto indireto Ex.: Que experto que é teu irmão!
Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas.
� Faz parte da locução expletiva
� Pronome reflexivo com a função de sujeito de um Ex.: Ele é que sabe das coisas!
infinitivo
� Conjunção causal (igual a “porque”)
Ex.: Ela deixou-se ir.
Ex.: Disse que não iria, que não tinha roupas
� Pronome apassivador adequadas.
Ex.: Compram-se jornais.
� Conjunção integrante
� Pronome de realce Ex.: Suponhamos que elas viessem.
Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução. � Conjunção comparativa
� Índice de indeterminação do sujeito Ex.: Uma era mais esperta que a outra.
Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo. � Conjunção concessiva (igual a “embora”)
� Parte integrante dos verbos essencialmente Ex.: Que não seja rico, sempre me casarei com ele.
pronominais � Conjunção condicional (igual a “se”)
Ex.: Queixou-se muito da vida. Ex.: Que você pague a promissória, hão de entre-
� Conjunção subordinativa integrante gar a mercadoria.
Ex.: Ela queria ver se conseguiria.
� Conjunção conformativa (igual a “conforme”)
� Conjunção subordinativa condicional Ex.: Aos que dizem, os exames serão dificílimos.
Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos.
� Conjunção temporal
Ex.: Chegados que foram à cabana, reviraram
FUNÇÕES DO QUE
tudo.
Funções morfológicas � Conjunção final
Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse.
z Pronome; � Conjunção consecutiva
z Substantivo; Ex.: Falou tanto que ficou rouco.
z Preposição; � Conjunção aditiva
z Advérbio; Ex.: Anda que anda e nada encontra.
z Interjeição; � Conjunção explicativa
z Conjunção. Ex.: Fique quieto, que eu quero dormir.

Funções sintáticas FUNÇÕES DO SEM QUE

� Pronome relativo (igual a “o qual”, “a qual”) Locução conjuntiva com valor de condição, con-
Ex.: A curiosidade é um vício que desconhece cessão, consequência, negação de consequência,
termos. negação de causa, modo. Essa locução pode ser subs-
tituída para formar orações subordinadas reduzidas
� Pronome substantivo indefinido (igual a “que coi- de infinitivo.
sa”) ligado ao verbo Ex.: “Empurrava a cadeira sem que a mãe corresse
Ex.: Elas não sabiam o que fazer. atrás.”
Poderia ser reescrita como “Empurrava a cadeira
� Pronome adjetivo indefinido (igual a “quanto”,
sem a mãe correr atrás”, e então teríamos uma ora-
“quanta”) ligado ao substantivo
ção reduzida de infinitivo.
Ex.: Que alegria! Ex.: “A democracia não será efetiva sem liberdade
� Pronome interrogativo (no final de frase é de informação e não será exercida sem que esta esteja
acentuado) assegurada a todos os veículos de comunicação visual.”
Ex.: Por que não vai conosco? Poderia ser reescrita como “A democracia não será
Não vai conosco por quê? efetiva sem liberdade de informação e não será exer-
cida sem esta estar assegurada a todos os veículos
� Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é de comunicação visual”, formando agora uma oração
acentuado) reduzida de infinitivo.
Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade.
� Preposição (a depender do contexto, pode ser subs-
tituído por “de”)
Ex.: A gente tem que explicar com franqueza cer- CONSTRUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE
tas coisas. TEXTO
� Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao
adjetivo) COESÃO
Ex.: Que bela tarde!
Coesão pode ser considerada a “costura” textual,
� Interjeição (sempre acentuado) a “amarração” na estrutura das frases, dos períodos e
70 Ex.: Quê! Você tem coragem? dos parágrafos que fazemos com palavras.
Para garantir uma boa coesão no seu texto, você COERÊNCIA
deve prestar atenção a alguns mecanismos. A seguir,
Coerência textual é uma relação harmônica que se
em negrito, há exemplos de períodos que podem ser
estabelece entre as partes de um texto, em um contex-
melhorados utilizando os mecanismos de coesão: to específico, e que é responsável pela percepção de
uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais
z Elementos Anafóricos: Esse, essa, isso, aquilo, aspectos envolvidos nessa questão são:
isso, ele...
z Coerência semântica
São palavras referentes a outras que apareceram
no texto, a fim de retomá-las. Refere-se à relação entre significados dos elemen-
tos da frase (local) ou entre os elementos do texto
z Elementos Catafóricos: Este, esta, isto, tal como, como um todo:
Ex.: Paulo e Maria queria chegar ao centro da
a saber...
questão. - Não caberia aqui pensar em centro como
bairro de uma cidade.
São palavras referentes a outras que irão aparecer É nesse caso que entra o estudo da coesão por meio
no texto: do vocabulário.

z Coerência sintática: refere-se aos meios sintáti-


cos que o autor utiliza para expressar a coerência
Ex.: Este novo produto a deixará maravilhosa, é o semântica: “A felicidade, para cuja obtenção não
xampu Ela. Use-o e você não vai se arrepender! existem técnicas científicas, faz-se de pequenos
fragmentos...” - como leitor do texto, você deve
O pronome demonstrativo este apresenta um ele- entender que o pronome cuja foi empregado para
estabelecer posse entre obtenção e felicidade.
mento do qual ainda não se falou = o xampu.
É nesse caso que entra o estudo da coesão com o
z Coesão lexical: são palavras ou expressões emprego dos conectivos.
equivalentes.
z Coerência estilística: refere-se ao estilo do autor,
A repetição de palavras compromete a qualidade à linguagem que ele emprega para redigir. O lei-
do texto, mostrando falta de vocabulário do redator. tor atento a isso consegue facilmente entender a
Assim, é aconselhável a utilização de sinônimos: estrutura do texto e relacionar bem as informa-
Ex.: Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase - ções textuais. Além disso, percebendo se a lin-
guagem do texto é figurada ou não, seu raciocínio
êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha
interpretativo deverá funcionar de uma determi-
vida por umas poucas horas dessa alegria. nada maneira, como podemos ver neste texto de
Nesse caso a palavra alegria aparece como sinôni- Fernando Pessoa:
mo semântico da palavra amor, representando-a.
Já sobre a fronte vã se me acinzenta
z Coesão por elipse ou zeugma (omissão): é a O cabelo do jovem que perdi.
omissão de um termo facilmente identificável. Meus olhos brilham menos.
Já não tem jus a beijos minha boca.
Se me ainda amas por amor, não ames:
Podemos ocultar o sujeito da frase e fazer o leitor Trairias-me comigo.
procurar no contexto quem é o agente, fazendo corre- (Ricardo Reis/Fernando Pessoa)
lações entre as partes:
Ex.: O marechal marchava rumo ao leste. Não COMO PRODUZIR UM TEXTO COM COERÊNCIA
tinha medo, (?) sabia que ao seu lado a sorte também TEXTUAL E COESO?
galopava.
A interrogação representa a omissão do sujeito Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-
marechal que fica subentendido na oração. zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
z Conectivos principais: preposições e suas locu- é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
ções: em, para, de, por, sem, com... e por que buscar esse padrão é importante.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os textos não são somente um aglomerado de pala-


Conjunções e suas locuções: e, que, quando, para vras e frases escritas. Suas partes devem ser articu-
que, mas... ladas e organizadas harmoniosamente de maneira
que o texto faça sentido como um todo. A ligação, a
Pronomes relativos, demonstrativos, possessivos,
relação, os nexos entre essas partes estabelecem o que
pessoais: onde, que, cujo, seu, este, esse, ele... se chama de coesão textual. Os articuladores respon-
Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos ver sáveis por essa ‘costura’ do tecido (tessitura) do texto
muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu iní- são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
cio, a televisão foi usada para facilitar o domínio da articulados de forma que garanta uma relação lógica
sociedade. Como exemplo, podemos citar a chegada entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
do homem à Lua, onde os EUA conseguiram com sua peito disso, temos a coerência textual que está ligada
propaganda capitalista frente a uma Guerra Fria, a diretamente à significação do texto, aos sentidos que
simpatia de grande parte da população do planeta. ele produz para o leitor. 71
COESÃO COERÊNCIA O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que
vivia de suas discretas lutas, no início de sua carreira.
Utiliza-se de elementos Subjacente ao texto, en- Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem pro-
superficiais, dando-se ên- fatiza-se o conteúdo e a missor, mas nunca se interessou realmente em evoluir,
fase na forma e na articu- produção de sentido/re- preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony
lação entre as ideias. lação lógica. Gazzo, com quem manteve uma certa amizade. Gazzo gos-
tava de Rocky por ele ser descendente de italiano e o aju-
Fonte: Elaborado pela autora. dou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na primeira
luta que fez com Apollo Creed.
Podemos usar uma metáfora muito interessante
quando se trata de compreender os processos de coe- Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
30/09/2020. Adaptado.
são e coerência.
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um
prédio, tal qual uma boa construção precisa de um bom A partir da leitura, podemos perceber que todos os
alicerce para manter-se em pé; um texto bem construí- termos destacados fazem referência a um mesmo refe-
do depende da organização das nossas ideias, da forma rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza-
como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre- do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
a fim de defendermos nossas ideias adequadamente. Já os processos referenciais catafóricos apontam
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
para porções textuais que ainda não foram mencio-
cipais formas de marcação, em um texto, de processos
que buscam organizar as ideias em um texto, princi- nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a
palmente, os processos de coesão que, como dissemos, seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti- são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista”
cas que os processos envolvendo a coerência.
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
características da coerência em um texto e como esse Se liga!
processo liga-se, não apenas às formas gramaticais,
mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em Em provas de concursos e seleções ainda se
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, encontra a terminologia “expressões referen-
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e ciais catafóricas”, remetendo ao uso já indicado
estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus- no material. No entanto, é importante salientar
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
que para linguistas e estudiosos, as anáforas
que se encontra mais na mente que no texto”.
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) são os processos referenciais que recuperam e/
para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e ou apontam para porções textuais.
passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
são. A autora afirma que a coerência:
Uso De Pronomes Ou Pronominalização
[...] Não está no texto em si; não nos é possível
apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói Utilizar pronomes para manter a coesão de um
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni- rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
tivos e interacionais e na materialidade linguística,
confere sentido ao que lê (2013, p. 31). a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
estudo os principais pronomes utilizados em recursos
A seguir, iremos nos deter aos processos de coesão textuais para manter a coesão.
importantes para uma boa compreensão e elaboração A pronominalização é a base de recursos anafóri-
textual. É importante destacar que esses processos cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome
de coesão não podem ser dissociados da construção específico a que o autor faz referência no texto, veja-
de sentidos implícita no processo de organização da mos dois exemplos:
coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
com fins estritamente didáticos. O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden foi
quente, com diversas interrupções e acusações pesadas.
Coesão Referencial […] O primeiro ponto discutido foi a indicação de Trump
da juíza conservadora Amy Barrett para a Suprema Cor-
te, depois da morte de Ruth Bader Ginsburg. O presidente
A coesão marcada por processos referenciais rela-
defendeu que tem esse direito, pois os republicanos têm
ciona termos e ideias a partir de mecanismos que maioria no Senado [Casa que ratifica essa escolha] e criti-
inserem ou retomam uma porção textual. Os proces- cou os democratas, dizendo “que eles ainda não aceitaram
sos marcados pela referenciação caracterizam-se pela que perderam a eleição”. […].
ação de referir, ou seja, são marcados pela constru- O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA são o
ção de referentes em um texto, os quais se relacionam país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões de casos e
com as ideias defendidas no texto. Esse processo é mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wallace perguntou
marcado por vocábulos gramaticais e pode ser reco- aos dois o que eles fariam até que uma vacina apareces-
nhecido pelo uso de algumas classes de palavras, das se. Biden atacou o republicano dizendo que Trump “não
quais falaremos a seguir. tem um plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua
Antes, porém, faz-se necessário reconhecer os pro- resposta atacando a China - “deveriam ter fechado suas
cessos referenciais que envolvem o uso de expressões fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as estatísticas
da Rússia e da própria China e, com pouca modéstia, disse
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
que fez um “excelente trabalho” nesse momento dos EUA.
“as expressões que retomam referentes já apresenta-
dos no texto por outras expressões são chamadas de Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
72 anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir: debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
Após a leitura do texto, é possível notar que a Independentemente de como são chamados, esses
recuperação da informação apresentada é feita a par- elementos colaboram para a ligação de ideias no tex-
tir de muitos processos de coesão, porém, o uso dos to, auxiliando também a construção da coesão textual.
pronomes destacados recupera o assunto informado
e ajudam o leitor a construir seu posicionamento. É Uso De Nominalização
importante buscar sempre o elemento a que o prono-
me faz referência, por exemplo, o primeiro pronome As expressões que retomam ideias, nomes, já
pessoal destacado no texto, refere-se ao termo “repu- apresentados no texto, mediante outras formas de
blicanos”, já o segundo, faz referência aos presiden- expressão, podem ser analisadas como processos
ciáveis que participavam do debate. Nota-se, com isso, nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e
que esses pronomes apontam para uma parcela obje- outras classes nominais.
tiva do texto, diferente do pronome “essa”, associado Essas expressões recuperam informações median-
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
ao substantivo “tragédia” que recupera uma parcela
uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
textual maior, fazendo referência ao momento de
Vejamos um exemplo:
pandemia pelo qual o mundo passa.
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção
da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi- Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel-
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a chior foi um cantor, compositor, músico, produtor,
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem-
Não é possível saber qual dos homens estava bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner,
acompanhado. Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros
Por fim, destacamos que as classes de palavras cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso
relacionadas neste capítulo com os processos de coe- internacional, em meados da década de 1970.
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti- Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas 30/09/2020 – Adaptado.
escolares. O interesse das principais bancas de con-
cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta- Todas as marcações em negrito fazem referência ao
tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise nome inicial Antônio Carlos Belchior, os termos que se
de processos coesivos visa analisar a capacidade do referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
candidato de reconhecer a que e qual elemento está dores que servem para ligar ideias e construir o texto.
construindo as referências textuais.
Uso De Adjetivos
Uso De Numerais
Os adjetivos também são considerados expressões
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de nominalizadoras que fazem referência a uma porção
categorias gramaticais concorre para a progressão textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo
textual, uma das classes gramaticais que auxilia esse acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor,
processo é o uso de numerais. Não iremos nos estender músico, produtor, artista plástico e professor”
neste tópico explicando os tipos e classes de numerais apresenta seis nomes que funcionam como adjetivos
que devem ser de conhecimento do candidato e podem de Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informa-
ser encontrados em qualquer gramática escolar. ções sobre essa personalidade, referida anteriormente.
Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que É importante recordar que não podemos identifi-
essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati- que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante- palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
riores numa relação de coesão. ta, professor são substantivos que funcionam como
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri- adjetivos e colaboram na construção textual.
meiro era para os professores, o segundo para os alunos.
As formas destacadas são numerais ordinais que
Uso De Verbos Vicários
recuperam informação no texto, evitando a repetição
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
significa “fazer as vezes”, assim, os verbos vicários são
Uso De Advérbios
verbos usados em substituição de outros que já foram
muito utilizados no texto.
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe- Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós
LÍNGUA PORTUGUESA

ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o


esperávamos.
processo de coesão. As formas adverbias que marcam
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
tempo e espaço podem também ser denominadas de
oração pelo verbo “foi”.
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem... Percebam que
esses advérbios só podem ser associados a um refe- ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
rente se forem instaurados no discurso, isto é, se man-
Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
tiverem associação com as pessoas que produzem as
Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não
falas, assim, uma pessoa que lê “hoje não haverá aula”,
o fizemos”
em um cartaz na porta de uma sala, compreenderá
Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por
que a marcação temporal refere-se ao momento em
falta de interesse”
que a leitura foi realizada. Por isso, esses elementos
são conhecidos como dêiticos. Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais” 73
Uso De Elipse Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
precisam manter uma relação contextual, estabeleci-
A elipse é uma forma de omissão de uma informa- da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,
ção já mencionada no texto, geralmente, estudamos
orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-
a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
linguagem de uma gramática, neste material, iremos
nos deter a maiores aspectos da elipse também nes- ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-
sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades sidade, como demonstra a conjunção “mas”.
recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
pósito de manter a coesão textual. Conjunções Subordinativas
Conforme Antunes (2005, p.118), a elipse como
recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir Tal qual as conjunções coordenativas, as subordi-
um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên- nativas estabelecem uma ligação entre as ideias apre-
cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu- sentadas num texto, porém, diferentemente daquelas,
zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas
estas ligam ideias apresentadas em orações subordi-
recuperável por marcas do próprio contexto verbal”.
Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo: nadas, ou seja, orações que precisam de outra para
terem o sentido apreendido.
Exemplos de conjunções subordinativas atuando
“O Brasil evoluiu bastante desde o iní- na coesão:
cio do século XXI. O país proporcionou
a inclusão social de muitas pessoas. A
SEM ELIPSE
nação obteve notoriedade internacio- Como não havia estudado
nal por causa disso. A pátria, porém, CAUSAL suficiente, resolvi não fazer
ainda enfrenta certas adversidades...” essa prova.
“O Brasil evoluiu bastante desde o início Falaram tão mal do filme que
do século XXI e proporcionou a inclusão CONSECUTIVA
ele nem entrou em cartaz.
social de muitas pessoas, por causa disso COM ELIPSE
obteve notoriedade internacional, porém COMPARATIVA Trabalhou como um escravo.
ainda enfrenta certas adversidades...”
Conforme o Ministro da Eco-
Coesão Sequencial CONFORMATIVA nomia, os concursos não irão
acabar.
A coesão sequencial é responsável por organizar a Ainda que vivamos um período
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu- CONCESSIVA de poucos concursos, não po-
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro-
demos desanimar.
mover a evolução do debate assumido pelo autor. A
coesão sequencial pode ser garantida, em um texto, Se estudarmos, conseguiremos
a partir de locuções que marcam tempo, conjunções, CONDICIONAL
ser aprovados!
desinências e modos verbais.
Neste material, iremos nos deter, sobretudo, aos À proporção que aumentava
processos de conjunções que são utilizadas para PROPORCIONAL seus horários de estudo, mais
garantir a progressão textual. forte o candidato se tornava.

Conjunções Coordenativas Estudava sempre com afinco, a


FINAL
fim de ser aprovado.
As conjunções coordenativas são aquelas que
ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor Quando o edital for publicado, já
semântico independente. Na construção textual, elas TEMPORAL estarei adiantado nos estudos.
são importantes, pois, com seus valores, adicionam
informações relevantes ao texto.
Exemplos de conjunções coordenativas atuando
na coesão: Se liga!
Não confundir:
Não apenas conversava com os Afim de – Relativo à afinidade, semelhança:
ADITIVA demais alunos como também “Física e Química são disciplinas afins”.
atrapalhava o professor.
A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje-
Eram ideias interessantes, porém tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”.
ADVERSATIVA
ninguém concordou com elas.
Superou o estigma que pregava “ou
ALTERNATIVAS estuda, ou trabalha” e conseguiu ser Conjunções Integrantes
aprovada.
Na verdade, as conjunções integrantes fazem par-
Ao final, faça os exercícios, pois
te das orações subordinadas, elas apenas integram,
EXPLICATIVA é uma forma de praticar o que
ligam uma oração principal a outra, subordinada.
aprendeu.
Como podemos notar, o papel dessas conjunções é
O candidato não cumpriu sua essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são
CONCLUSIVA promessa. Ficamos, portanto, “peças” que unem as orações. Existem apenas dois
74 desapontados com ele. tipos de conjunções integrantes: que e se.
Quando é possível subs- Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
tituir o que pelo pro- Quero que a prova esteja uso de expressões textuais bem características, como: em
nome isso, estamos fácil. outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
diante de uma conjunção Quero = isso. resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
integrante. cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no tex-
to, garantindo a informatividade do texto.
Sempre haverá conjun-
ção integrante em ora- Perguntei se ele estava
z Uso de paralelismo
ções substantivas e, em casa.
consequentemente, em Perguntei = isso.
períodos compostos. As ideias similares devem fazer a correspondência
entre si, a essa organização de ideias no texto, dá-se o
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
Coesão Recorrencial
e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin-
tático. Quando há sequência de expressões simétricas
z Uso de repetições
no plano das ideias e coerência entre as informações,
ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de
As recorrências de repetições em textos são comu-
sentido.
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa,
sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
vras e expressões! JUNTAS
No entanto, a repetição é um recurso coesivo Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
essencial para manter a progressão temática do tex- tanto...quanto; ora...ora; seja...seja, etc.
to, isto é, para que o tema debatido no texto não seja
perdido, levando o escritor a fugir da temática, erro Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
muito pior do que o uso de repetições. ca a qual a frase está inserida, vejamos um exemplo
Embora também não recomendamos as repetições
em que houve quebra de paralelismo:
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
“É necessário estudar e que vocês se ajudem”
quado, por isso apresentamos, a seguir, alguns usos
– Errado.
comuns dessa estratégia coesiva.
“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
– Correto.
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES Devemos manter a organização das orações, não
podemos coordenar orações reduzidas com orações
O candidato foi encontrado com
desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-
Marcar ênfase duzentos milhões de reais na
-las ou somente desenvolvida ou somente reduzidas.
mala, duzentos milhões!
No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
Marcar contraste Existem Políticos e políticos. a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-
“Agora que sentei na minha ca-
mos o seguinte exemplo:
deira de madeira, junto à minha
“Por um lado, os manifestantes agiram corre-
mesa de madeira, colocada em
Marcar a cima deste assoalho de madeira, tamente, por outro podem não ter agido errado”
continuidade olho minhas estantes de madeira – Incorreto.
temática e procuro um livro feito de polpa “Por um lado, os manifestantes agiram correta-
de madeira para escrever um ar- mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
tigo contra o desmatamento flo- lação” – Correto.
restal” Millôr Fernandes. “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto.
z Uso de paráfrase “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
foi sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto.
A paráfrase é um recurso de reiteração que pro- Agora que já aprendemos um pouco mais sobre as
porciona maior esclarecimento sobre o assunto trata- estratégias de coesão textual, vamos praticar nossos
do no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar conhecimentos com algumas questões de concurso.
sobre algo utilizando-se de outras palavras, conforme
LÍNGUA PORTUGUESA

Antunes (2005, p.63), “alguma coisa é dita outra vez, em


outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo: SEQUÊNCIAS DISCURSIVAS E
GÊNEROS TEXTUAIS
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
Castelão. Ceará no Castelão. MODO DE ORGANIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO
TEXTUAL
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em Nesse tópico veremos os itens que abarcam a
posições diferentes, cumpre um papel importante na composição textual sendo eles: Narrativo, Descritivo,
progressão temática do texto. Expositivo e Instrucional ou Injuntivo 75
Narrativo Essas sete marcas que definem o tipo textual nar-
rativo podem ser resumidas em marcas de organiza-
Os textos compostos predominantemente por se- ção linguística que são caracterizadas por: Presença
quências narrativas cumprem o objetivo de contar de marcadores temporais e espaciais; verbos, pre-
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
dominantemente, utilizados no passado; presença
ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão
de narrador e personagens.
de algumas estratégias, como a organização dos fatos
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um Se liga!
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- Os gêneros textuais que são, predominantemen-
vo pode ser caracterizado por sete aspectos, são eles: te, narrativos, apresentam outras tipologias tex-
tuais em sua composição, tendo em vista que
z Situação inicial – envolve a “quebra” de um equi- nenhum texto é composto exclusivamente por
líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa; uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
z Complicação – desenvolvimento da tensão apre- pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
sentada inicialmente; dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que
ampliam a tensão;
z Resolução – Momento de solução da tensão; Para sua compreensão, também é preciso saber o
z Situação final – Retorno da situação equilibrada; que são marcadores temporais e espaciais.
z Avaliação – Apresentação de uma “opinião” sobre São formas linguísticas como advérbios, prono-
a resolução; mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço
z Moral – Apresentação de valores morais que a histó- físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais nar-
ria possa ter apresentado. rativos, esses elementos são essenciais para marcar o
equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin- a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais
te exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...” e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento,
Vamos ler e identificar essas características, bem aqui, ali, então...
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex- Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
tual narrativo. sença do narrador da história. Por isso, é importante
aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
Era um garoto que como eu
1. Situação inicial:
rador de um texto:
Amava os Beatles e os Rolling Stones
predomínio de
Girava o mundo sempre a cantar
equilíbrio; Narrador: também conhecido como foco narrativo é o
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim responsável por contar os fatos que compõem o texto.
Havia uma garota afim
Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes-
Cantava Help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane, Yesterday soa. O narrador participa dos fatos.
2. Complicação:
Cantava viva à liberdade
início da tensão Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes-
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
Fora chamado na América porém não participa das ações.
Stop! Com Rolling Stones
Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax;
3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e
Lutar com vietcongs não participa das ações, porém o fluxo de consciência
Era um garoto que como eu do narrador pode ser exposto, levando o texto para a
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução; 1ª pessoa.
Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
Não toca a sua guitarra e sim predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
Um instrumento que sempre dá rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
6. Situação final;
A mesma nota,
7. Avaliação; mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas narrativos, não significa que não possam apresentar
Só gente morta caindo ao chão outras sequências em sua composição.
Ao seu país não voltará Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
Pois está morto no Vietnã classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs ção nas marcas que predominam no texto.
8. Moral.
Stop! Com Beatles songs Após demarcarmos as principais características do
No peito, um coração não há tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Mas duas medalhas sim
cas mais importantes da sequência textual classifica-
76 Fonte: google.com/letrasdemusica. Acessado em: 05/09/2020. da como descritiva.
Descritivo Note que há presença de muitos adjetivos, locu-
ções e substantivos que buscam levar o leitor a ima-
O tipo textual descritivo é marcado pelas formas ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a
nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili- descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne
zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên- etc) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de
cia descritiva como suporte para um propósito maior. queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele
São exemplos de textos cujo tipo textual predominan- está organizado de forma esquematizada em seções
te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio, (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira
classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente.
Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
Organização do texto descritivo:
sões a respeito de alguns aspectos do território que
viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.

Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e


quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que
assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde-
ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto
da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos
com as curvas assim tintas, e também os colos dos
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên-
cia assim descobertas, que não havia nisso desver-
gonha nenhuma.
(https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha)

Note que apesar da presença pontual da sequência


narrativa, há predominância da descrição do cenário
e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
Expositivo
bertas etc). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
de relato descritivo para manter a comunicação entre
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a
a Corte Portuguesa e os navegadores. Todavia, con-
siderando as emergências comunicativas do mundo fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo
moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e, textual, é muito comum a presença de dados, informa-
aos poucos, substituído por outros gêneros como, por ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem
exemplo, o e-mail. para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus-
A sequência descritiva também pode se apresentar trar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
de forma esquemática em alguns gêneros, como pode-
mos ver no cardápio abaixo:

LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/
noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para- Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-
divulgar-cardapio-e-ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua/2016 77
O infográfico acima apresenta as informações per- A principal marca linguística dessa tipologia é a
tinentes sobre o panorama mundial da situação da presença de verbos conjugados no modo imperati-
água no ano de 2016. O gênero foi construído com o vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
objetivo de deixar o leitor informado a respeito do levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin- Para que possamos identificar corretamente essa
guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin- tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne-
gir esse objetivo. ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
Assim como os tipos textuais apresentados ante- exemplo a seguir:
riormente, os textos expositivos também apresentam
uma estrutura que mistura elementos tipológicos de Como faço para criar uma conta do Instagram?
outras sequências textuais, tendo em vista que, para Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti- 1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos. ou Google Play Store (Android).
É importante destacar que os textos expositivos 2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos para abri-lo.
argumentativos, uma vez que existem textos argu- 3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira
mentativos que são classificados como expositivos,
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi-
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-
argumentação.
bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se
Outra importante diferença entre a sequência cadastrar com sua conta do Facebook.
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma 4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha
para a argumentação, uma vez que o fato exposto as informações do perfil e toque em Avançar. Se você
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
sobre uma questão não é posto em debate. conta do Facebook, caso tenha saído dela.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte- Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em:
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões. 07/09/2020.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
No exemplo acima, podemos destacar a presença
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre- de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai-
sença de verbos de estado; xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo,
z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que como: instalar, cadastrar, avançar. Outra característica
organizam a informação; dos textos injuntivos é a enumeração de passos a serem
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos; cumpridos para a realização correta da tarefa ensina-
da e também a fim de tornar a leitura mais didática.
z Presença de figuras de linguagem como Metáfora
É importante lembrar que a principal marca
e Comparação;
linguística dessa tipologia é a presença de verbos
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao conjugados no modo imperativo e em sua forma infi-
final do texto. nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien- persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi- nadas pelo gênero.
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO- ATIVIDADES DE PRODUÇÃO ESCRITA E LEITURA
NARAM O MUNDO DE TEXTOS GERADOS NAS DIFERENTES ESFERAS
SOCIAIS: PÚBLICAS E PRIVADAS
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43
Quando pensamos em uma definição para gêne-
Hedy Lamarr - conexão wireless
ros textuais, somos levados a inúmeros autores que
buscaram definir e classificar esses elementos, e, ini-
Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” cialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêne-
(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy ros literários que estudamos na escola. Podemos nos
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia remeter ao conceito de Tragédia e Comédia, referin-
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer- do-se aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên- nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou de A
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini- Odisseia, ambas de Homero? Mas o que esses textos
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde, têm em comum? Inicialmente, você pode ser levado a
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o pensar que nada, além do fato de terem sido escritos
Wi-Fi e o Bluetooth. pelo mesmo autor, porém, a estrutura dessas histórias
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.
respeita um padrão textual estabelecido e reconheci-
do na época em que foram escritas.
De maneira análoga, quando pensamos em gêne-
Instrucional ou Injuntivo
ros textuais, devemos buscar identificar os elementos
que caracterizam textos, aparentemente, tão dife-
O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri- rentes, logo, da mesma forma que comparamos as
zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL- estruturas de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as
CANTE, 2013, p.73) que busca convencer o leitor a semelhanças entre uma notícia e um artigo de opi-
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante nião, por exemplo, e também, é fundamental identi-
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na inter- ficar as razões que nos levam a classificar cada um
78 net, horóscopos e também nos manuais de instrução. desses gêneros com termos diferentes.
Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
Se liga! do como tal, é amparado por um protótipo textual, o
Esse ponto de interseção é o que podemos esta- qual também pode ser reconhecido como estereótipo
belecer como os principais aspectos de classifi- textual, que resguarda características básicas do gêne-
cação de um gênero textual. ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
nado acima, identificamos traços do gênero contos de
fada tanto na porção textual do anúncio que começa
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p.71),
o ponto de interseção que estabelece sobre qual com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens
gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de que remetem ao conto da “Branca de Neve”.
comportamentos estereotipados e anônimos que se Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os
estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero
sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro e também a escrever esse gênero quando necessi-
elemento que precisamos identificar para classificar ta. Isso torna a característica da prototipicidade tão
um gênero é o papel social, marcado pelos compor- importante no reconhecimento e na classificação de
tamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem
um gênero. Ademais, os traços estereotipados de um
vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer com-
gênero devem ser reconhecidos por uma comunida-
preender tão bem quanto ser compreendido.
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife- de, reafirmando o teor social desses elementos, e esta-
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos belecendo a importância de um indivíduo adquirir o
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui- hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais gêne-
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O ros se é exposto.
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- Portanto, a partir de todas essas informações
nar outros aspectos importantes na classificação des- sobre os gêneros textuais, podemos afirmar que, de
ses elementos, justamente devido à dinâmica social maneira resumida, os gêneros textuais são ações
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de
linguísticas situadas socialmente que servem a
alterações em sua estrutura.
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, propósitos específicos e são reconhecidos pelos
tornando o gênero completamente modificado, como seus traços em comum. A seguir demonstramos uma
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem- tabela com as características básicas para a correta
plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam identificação dos gêneros textuais:
a uma finalidade específica e momentânea, como
aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da
loja O Boticário: GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:

z Ações sociais;
z Ações com configuração prototípica;
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade;
z O propósito de uma ação social;
z Divididos em classes.

Outra importante característica que devemos refor-


çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
há um número exato de gêneros textuais que possamos
Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acessado em: 12/09/2020. estudar, diferentemente dos tipos textuais.

O gênero anúncio apresenta uma clara referên-


GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des-
se gênero que é, predominantemente, narrativo foi Relação com aspectos Associação a aspectos
modificada para que o propósito do anúncio fosse sociais. linguísticos.
alcançado, ou seja, persuadir o leitor e leva-lo a adqui-
rir os produtos da marca. No caso do gênero anún- Não podem sofrer altera-
cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua Podem ser alterados. ção, sob pena de serem
LÍNGUA PORTUGUESA

estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a reclassificados


fim de que a principal função do anúncio se cumpra,
Estabelecem uma função Organizam os gêneros
qual seja: vender um produto.
social. textuais.
A partir desses exemplos, já podemos enumerar
mais algumas características comuns a todos os tipos
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o
propósito de um gênero, para alguns autores, como
Apesar de não existir um número quantificável
Swales (1990), chamado de propósito comunicativo.
de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos
Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea-
lizar um objetivo ou objetivos, então, ele sustenta a gêneros mais comuns nas provas e vestibulares, com
posição de que o propósito comunicativo é o critério a finalidade de nos prepararmos melhor e ganharmos
de maior importância, pois é o que motiva uma ação e tempo na resolução de questões que envolvam esse
é vinculado ao poder do autor. assunto. 79
NOTÍCIA É importante ressaltar que, com o advento das
redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o
A notícia é um gênero textual de caráter jornalís- gênero notícia seja divulgado por meio de platafor-
tico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de mas diferentes, como as redes sociaissso democratiza
maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresen- a informação, porém também abre margem para a
tar sequências textuais narrativas e descritivas na sua criação de notícias falsas que se baseiam nesse esque-
composição linguística, por isso, é fundamental sem- ma de organização das notícias para buscar alguma
pre termos em mente as características basilares de credibilidade do público. Então, atualmente, podemos
todos os principais tipos textuais, os quais tratamos afirmar que a fonte de publicação é tão importante
anteriormente. para o reconhecimento de uma notícia quanto a estru-
Como aprendemos no início deste capítulo, os tura padrão do gênero da qual tratamos acima.
gêneros textuais possuem características que os dis- O próximo gênero que trataremos é a reportagem
tinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter que guarda sutis diferenças em comparação com a notí-
um apelo a questões sociais, ter um propósito comuni- cia e também é muito abordada em provas de concursos.
cativo e apresentar uma configuração mais ou menos
padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto entre REPORTAGEM
os gêneros.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta A reportagem é um gênero textual que, diferen-
essas características, seu propósito comunicativo é temente da notícia, além de oferecer informações
informar uma comunidade sobre assuntos de inte- acerca de um assunto, também apresenta os pontos
de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada
argumentativo; essa é a principal diferença entre os
com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a
gêneros notícia e reportagem.
transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra
Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
importante característica da notícia é a sua configura-
buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
ção prototípica, seu padrão textual reconhecido por
nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por
leitores de uma comunidade.
isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
Essa configuração própria da notícia é reconheci-
tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com
da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia.
Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro- a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista.
totípico desse gênero: Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
diente” dos textos desse gênero que são representados,
Casal suspeito de assaltos é preso após Manchete predominantemente, pela sequência argumentativa.
colidir carro na contramão enquanto fugia É importante relembrarmos que o tipo textual
da polícia, em Fortaleza argumentativo é organizado em três macro partes:
Foram apreendidos três aparelhos celu- Lead tese, desenvolvimento e conclusão (conferir no capí-
lares roubados e uma arma de fogo com tulo anterior). Por manter esse padrão, a reportagem
seis munições. aprofunda-se em temas sociais de ampla repercussão
Um casal suspeito de realizar assaltos foi Corpo e interesse do público, algo que não é o foco da notícia,
preso após capotar um carro ao dirigir na da Notícia tendo em vista que a notícia busca apenas a divulga-
contramão enquanto fugia da polícia na ção da informação.
tarde deste domingo (13), no Bairro Hen- Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
rique Jorge, em Fortaleza. tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
Uma das vítimas, que preferiu não se iden- como a televisão, o computador, o tablet, o celular.
tificar, disse que os assaltantes dirigiam As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
em alta velocidade pelas ruas após abor- ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
dar de forma fria os pertences. “A mulher podem ser veiculadas em suportes escritos, como
estava conduzindo o carro e o comparsa revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das
dela abordava as pessoas colocando a redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
arma na cabeça”, afirmou. ção desse gênero atualmente.
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor-
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.
tagem apresenta informações mais detalhadas sobre
um fato e/ou fenômeno de grande relevância social.
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados
seu propósito de informar, é fundamental que o autor
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor-
trua sua própria opinião sobre o tema.
nar seu texto imparcial e objetivo:
A despeito dessas diferenças na construção dos
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
perguntas O Quê? Como? Por Quê? Onde? Quando?
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
primeira por seu caráter essencialmente informativo.
Notícia
Apresenta um fato de forma simples e objetiva;
Objetivo é informar;
Apuração dos fatos objetiva;
80 Conteúdo de curto prazo;
Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida (conf. acima).
Reportagem
Questiona fatos e efeitos de um fato determinado;
Apresenta argumentos sobre um mesmo fato;
Apuração extensa;
Conteúdo sem ordem determinada, pode apresentar entrevistas, dados, imagens, etc.
Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado.

É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência textual e que, portanto,
a reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero é essencialmente argumentativo, porém pode
apresentar outras sequências textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
A seguir daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais objeto de provas de
concurso com um dos gêneros mais comuns em provas de seleções: o artigo de opinião.

ARTIGO DE OPINIÃO

O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação
para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito do dis-
curso jornalístico, pois é um gênero que circula, principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais. Com
o artigo de opinião, temos a discussão de um problema de âmbito social. E, por meio dessa discussão, podemos
defender nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, podemos propor soluções
para a questão controversa.
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocutor, para isso, ele terá
que usar de informações, fatos, opiniões que serão seus argumentos. BRÄKLING apud Ohuschi e Barbosa aponta:

O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma determinada ideia, influen-
ciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumentação a favor de uma determinada posição
assumida pelo produtor e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação
constante de sustentação das afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes que possam
convencer o interlocutor (2011. p. 305).

Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar de diversos conhecimentos, como:
enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de determinados recursos linguísticos
que percebemos que nada é por acaso, pois, a cada escolha há uma intenção: “... toda atividade de interpretação
presente no cotidiano da linguagem fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comuni-
car-se” (KOCH, 2011, p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre
esse tema. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto por eles abordado.
Ao escolherem um assunto, os autores devem considerar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo assunto.
E, dependendo da intenção, apoiar ou negar determinadas vozes.
Por isso que a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples, direta, convincen-
te; utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um artigo de opinião pessoal, porém, ao
escolher a terceira pessoa do singular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que
sua produção textual não fique centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
estruturação:

z Identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de modo a justificar a tese;
z Reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas e o
texto é é concluído.
LÍNGUA PORTUGUESA

ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO


Introdução Identificação da questão polêmica alvo de debate no texto.
Tese do autor (posicionamento defendido) – Tese contrária (posicionamentos de terceiros) –
Desenvolvimento
Aceitação ou refutação – Argumentos a favor da tese do autor do texto.
Conclusão Fechamento do texto e reforço do posicionamento adotado.

No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do
autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a esse
processo; por isso, muito cuidado com a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem,
apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial. 81
EDITORIAL

Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial,
gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma geral, iremos nos aten-
tar aqui para as principais características do gênero editorial e no que ele se diferencia do Artigo de opinião, por
exemplo.

EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual;
O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante;
Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo;
Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão!

O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou proble-
ma social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e conclui-
-se com a retomada da opinião apresentada incialmente.
A principal diferença entre editorial e artigo de opinião é que aquele representa a opinião de uma corporação,
empresa ou instituição.

EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS


Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural;
Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante;
Linguagem clara, objetiva e impessoal.

A seguir, apresentamos um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, especialmente em certames
que cobrem redação.

EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS


Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser didático ao apre-
Parágrafo 1
sentar o assunto ao leitor.
Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo as causas e indicativos concretos
Parágrafo 2
do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto.
Análise e as possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da
Parágrafo 3
área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram a argumentação.
Parágrafo 4 Conclusivo, com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir.

A seguir, apresentamos nosso último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de
gêneros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros,
apesar disso, trazemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse
critério, o próximo gênero estudado é a crônica.

CRÔNICA

O gênero crônica é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se tornaram
famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser um gênero curto
de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de concurso para ilustrar questões de inter-
pretação textual e também para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser Narrativas ou
Argumentativas.

CRÔNICA NARRATIVA CRÔNICA ARGUMENTATIVA

Defesa de um ponto de vista, relacionado ao assunto em debate;


Limitam-se a contar fatos do cotidiano;
Uso de argumentos e fatos;
Pode apresentar um tom humorístico;
Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa;
Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa.
Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo.

Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmen-
te, podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas redes sociais.
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão
(Introdução, Desenvolvimento, Conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que
passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos
sociais mais atuais; outra característica presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a
82 metáfora que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que pode-
mos identificar as principais características desse gênero:

O que é um livro?

O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que que a isenção de impostos sobre o objeto
primeiro da cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda
mais a leitura de quem tanto precisa dela.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de
um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, fazer a cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com
harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo
em que foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do
presente, com todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. […]
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e
música, prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio
e ponto de encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada
um possa abrir a sua.
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras
agitam suas múltiplas cabeças.
– Todas as palavras do sagrado, todas elas foram postas nos livros que deram origem às religiões e neles
conservadas.

Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.

Como podemos notar, a crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tributária que incide sobre
o preço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na socie-
dade com um ponto de vista ladeado pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros textuais, é importante deixarmos uma informação relevante sobre
esse assunto. Para muitos autores, os gêneros não apenas moldam formas de texto, mas formas de dizer marcadas
pelo discurso, por isso, em algumas metodologias (e também em alguns editais de concurso), os gêneros serão tra-
tados como do discurso.

Se liga!
Gêneros do discurso marcam o processo de interação verbal e como todo discurso materializa-se por meio
de textos, a nomenclatura gêneros textuais torna-se mais adequada para essa perspectiva de estudos. Pode-
mos distinguir as duas variantes vocabulares de acordo com as demandas sociais e culturais de estudo dos
gêneros.

TEXTO ARGUMENTATIVO, SEUS GÊNEROS E RECURSOS LINGUÍSTICOS


ARGUMENTAÇÃO: TIPO, GÊNEROS E USOS EM LÍNGUA PORTUGUESA

O objetivo do texto do tipo argumentativo é convencer o interlocutor, portanto, é essencial utilizar-se de uma
boa argumentação.
No geral, esses textos podem se apresentar em diferentes formatos, tanto orais quanto escritos. A prova do
ENEM, no entanto, exige a interpretação dos gêneros escritos e é importante saber diferenciá-los.
Um dos aspectos mais importantes para identificar o gênero textual é compreender a identidade do leitor. A
LÍNGUA PORTUGUESA

partir disso, é possível diferenciar para que público se destina e quais as características principais que marcam
esse gênero.
Os gêneros do tipo argumentativo que mais aparecem nas provas do ENEM são:

Artigo de Opinião

z Público: geralmente, tem um público específico, dependendo do local de publicação do artigo, esse público
pode ser acadêmico ou não.
z Escrita: o tom da escrita depende do público para o qual o artigo se destina. Um público interessado em fute-
bol, por exemplo.
z Linguagem: pode admitir uma linguagem mais coloquial e pessoal.
z Função social: está presente em sites acadêmicos, revistas acadêmicas ou revistas no geral. 83
Dissertação z Local e data;
z Destinatário;
z Público: qualquer pessoa pode ser o leitor, não há z Saudação;
especificamente um perfil de leitor.
z Corpo do texto e
z Escrita: não há marcas de pessoalidade nesta
z Despedida.
escrita.
z Linguagem: a linguagem é objetiva e segue a nor-
ORGANIZAÇÃO E PROGRESSÃO TEXTUAL
ma culta da língua.
z Função social: geralmente, aparece em situações
acadêmicas. Progressão textual é o processo de construção do
texto, seguindo uma organização prévia e tendo coe-
Resenha Crítica são, coerência e conexão entre as partes do texto. A
progressão textual torna o texto claro, objetivo e de
z Público: geralmente, tem um público específico a fácil leitura, pois quando o ele está conectado, a men-
depender do tema tratado. sagem é entregue mais facilmente ao leitor.
z Escrita: podemos explicar a resenha como sendo Para haver progressão, é necessário que cada nova
um resumo de uma obra ou fragmento dela (filme, informação acrescentada tenha relação com as par-
série, livro, exposição) que apresenta a opinião do tes anteriores do texto, tanto em relação ao conteúdo
autor, por isso, a escrita apresenta linguagem pes- quanto em relação aos conectores que as ligam.
soal, mas sempre alinhada com a expectativa do Existem alguns recursos que utilizamos para pro-
leitor e de acordo com a temática. mover a progressão textual, a seguir, vamos explorar
z Linguagem: a escrita segue a norma culta da lín- alguns deles:
gua, com linguagem clara e objetiva.
z Função social: a resenha pode ser acadêmica,
z Conectores
publicada em livros e revistas acadêmicas ou não,
publicada em sites, blogs, jornais e revistas de
Os conectores são palavras ou expressões que têm a
grande circulação.
função de ligar os períodos e parágrafos do texto, poden-
do ser conjunções ou advérbios/locuções adverbiais e
Anúncio Publicitário
sempre promovem uma relação entre os termos conec-
tados. É muito importante saber identificar a relação
z Público: cada anúncio tem seu público específico,
que indicam, pois isso pode modificar o sentido de um
que pode estar em diversos segmentos da sociedade.
texto. A seguir, veremos as principais relações que os
z Escrita: o anúncio geralmente usa as lingua-
conectores expressam:
gens verbal e não verbal para tentar convencer o
interlocutor.
z Linguagem: segue a norma culta da língua, mas „ Adição: e, também, além disso, mas também;
pode apresentar marcas de oralidade e linguagem „ Oposição: mas, porém, contudo, entretanto, no
coloquial para se aproximar do leitor, a fim de entanto;
persuadi-lo. „ Causa: por isso, portanto, certamente;
z Função social: está presente tanto na forma oral „ Tempo: atualmente, nos dias de hoje, na socie-
como escrita, em redes de televisão, sites e outros dade atual, depois, antes disso, em seguida, logo,
meios digitais, jornais, revistas, dentre outros. até que.
„ Consequência: logo, consequentemente;
„ Confirmação/Reafirmação: ou seja, nesse sen-
Se liga! tido, nessa perspectiva, em suma, em outras
O gênero “anúncio publicitário” tem presença palavras, dessa forma;
recorrente nas avaliações do ENEM, quase sem- „ Hipótese/Probabilidade: a menos que, mesmo
pre na prova objetiva. que, supondo que;
„ Semelhança: do mesmo modo, assim como, bem
como;
Carta De Reclamação Ou De Solicitação „ Finalidade: afim de, para, para que, com a fina-
lidade de, com o objetivo de;
z Público: o leitor sempre está especificado no início „ Exemplificação: por exemplo, a exemplo de,
da carta, e o autor também. isto é.
z Escrita: há marcas de primeira pessoa e
„ Ênfase: na verdade, efetivamente, certamente,
experiências pessoais para explicar a reclamação
com efeito;
ou solicitação. Além disso, a linguagem é clara e
„ Dúvida: talvez, por ventura, provavelmente,
objetiva, seguindo a norma culta da língua.
z Função social: a carta pode ser enviada direta- possivelmente;
mente a alguma instituição, entidade ou pessoa „ Conclusão: portanto, logo, enfim, em suma.
responsável, ou ainda publicada em meios de comu-
nicação. A função social depende especificamente É necessário observar o contexto de uso de cada
do conteúdo reclamado ou solicitado na carta. conector, pois vários deles podem mudar de sentido
de acordo com a situação em que está sendo usado.
O gênero Carta de reclamação e de solicitação neces- Na língua portuguesa, o contexto é essencial para
84 sariamente deve ter a estrutura de carta, que inclui: entender uma proposição.
z Pronomes
Se liga!
Os pronomes são utilizados para evitar repetições des- O tipo argumentativo está presente em 80% das
necessárias, já que, repetir as mesmas palavras, pode cau- questões do ENEM dos últimos anos, é importan-
sar “cansaço” ao ler o texto. Observe esse antes e depois e
te conhecer o tipo para então poder interpretá-lo
compare como o pronome torna o texto mais leve.
melhor e responder adequadamente as questões.
„ Antes: “Pode-se inferir, portanto, que o poeta é
um mestre da verdade e a memória que o poeta Como já abordamos aqui, treinar é essencial para
expressa enquadra-se como um saber. O poeta é a interpretação de texto, quanto mais textos lemos
um especialista em ter a memória viva e trans- e interpretamos, mais simples se torna interpretar
crevê-la em forma de poema.” novas produções escritas.
„ Depois: “Pode-se inferir, portanto, que o poeta A seguir, vamos comentar algumas questões a res-
é um mestre da verdade e a memória que o poeta peito desta temática.
expressa enquadra-se como um saber. Ele é um
especialista em ter a memória viva e transcrevê-la
em forma de poema.”
GÊNEROS DIGITAIS
z Sinônimos
O QUE SÃO OS GÊNEROS DIGITAIS?
São utilizados para evitar a repetição de um deter-
minado termo, assim como os pronomes. O texto que Os gêneros digitais são formas de construção de tex-
repete muitas palavras em linhas próximas ou dentro tos que foram criadas especificamente para serem usa-
do mesmo período tende a ser mais cansativo para o das em meios digitais, sejam eles orais ou escritos. Como
leitor e, por vezes, confuso. Vejamos um exemplo: já abordamos, muitos deles surgiram naturalmente, de
acordo com as demandas das plataformas digitais. Exis-
„ Antes: “Para muitas famílias, o fato de pagar uma tem plataformas cuja apresentação das informações
escola pressupõe que a escola deve assumir toda a ocorre por vídeos, outras somente por áudio, outras por
formação da criança, deixando a família isenta de fotos com legendas, por isso, cada um deles configura
qualquer cobrança e responsabilidade. No entan- um gênero que vamos abordar mais à frente.
to, a escola encontra entraves em determinadas
situações.” Características dos Gêneros Digitais
„ Depois: “Para muitas famílias, o fato de pagar
uma escola pressupõe que esta instituição deve z Variedade: ao contrário do que pensamos, os
assumir toda a formação da criança, deixando a gêneros digitais apresentam grande variedade de
família isenta de qualquer cobrança e responsa- tipos textuais e de características, por isso, esse é o
bilidade. No entanto, o sistema escolar encon- primeiro ponto a ser destacado. Não há uma una-
tra entraves em determinadas situações.” nimidade de características, nem tampouco uma
linearidade entre os gêneros digitais.
TIPOS DE ARGUMENTAÇÃO/ ESTRATÉGIAS z Grau de formalidade: podem apresentar diferen-
ARGUMENTATIVAS tes graus de formalidade, a depender da platafor-
ma e da intenção do texto.
Para argumentar, o autor se vale de algumas estra- z Escrita: existem alguns gêneros que exigem o uso
tégias, com o intuito de validar seus argumentos e da norma culta da língua, seguindo a variedade
pontos de vista para o interlocutor. padrão e uma linguagem mais formal, no entan-
Essas estratégias são: to, há também os gêneros informais, que aceitam
o uso de abreviações, gírias e vocabulário próprio
z Argumento de autoridade: citar um trecho de um
para um grupo social.
especialista na temática abordada. A depender
z Linguagem: a linguagem das mídias digitais geral-
do tema do texto, este especialista pode ser um
mente é clara e objetiva, pois há um interesse na
médico, um professor, um filósofo, um advogado,
rapidez das informações e conversas. Além dis-
enfim, uma autoridade a respeito do tema tratado;
so, os produtores de conteúdo buscam audiência
z Exemplificação: citar um exemplo real auxilia a
e para tanto, precisam atrair os interlocutores o
LÍNGUA PORTUGUESA

validar a necessidade daquela colocação dentro do


contexto; mais rápido possível, para que eles permaneçam
z Dados estatísticos: ao lidar com dados, as pessoas em suas postagens, sejam elas escritas, fotos ou
se chocam com as informações ou a quantidade e vídeos. O que nos leva ao próximo tópico.
isso se torna importante para acreditar em deter- z Forma: a forma é muito variável. Existem gêne-
minado ponto de vista; ros em texto, como a notícia, que já existia antes
z Alusão histórica: consiste em citar um fato históri- das mídias digitais; outros são apenas em formato
co já conhecido para legitimar o argumento a res- de áudio, como o podcast; outros ainda são curtos
peito de um fato atual; como as legendas das fotos; podem ser também
z Oposição: mostrar o outro lado do que se argumen- híbridos, utilizando imagens e textos verbais,
ta, torna inválido um possível questionamento do como os vídeos ou memes. A forma varia de acor-
leitor, já que a visão oposta já foi refutada dentro do com a plataforma na qual é utilizada e a inten-
do próprio texto. cionalidade do autor. 85
z Podcast
Se liga!
Com estas características, podemos observar Consiste em um áudio, que pode ser curto ou lon-
que os gêneros digitais são diversos e têm uma go, do qual participam uma ou mais pessoas com a
ampla abrangência, prezando, no geral, a rapidez intenção de compartilhar informações ou debater um
na transmissão das informações e variando em tema e compartilhar esse debate.
outros aspectos.
„ Temática: existem desde podcasts de humor
até podcasts de aulas sobre marketing,
Como os Gêneros Digitais são Abordados na Prova empreendedorismo, línguas estrangeiras ou
do Enem? psicologia, qualquer tema pode ser tratado em
um podcast.
A prova do ENEM está pautada fortemente na „ Linguagem: a linguagem é muito variável, de
interpretação textual, sendo assim, a maior parte das acordo com a temática e o contexto, mas, no
questões aborda a interpretação do candidato frente geral, usa a norma culta da língua.
aos diferentes gêneros textuais, no entanto, em certas „ Canal: existem plataformas e aplicativos para
ocasiões, as respostas apontam para as teorias a res- postar e para ouvir podcast. Sua forma é unica-
peito dos gêneros, por isso é importante conhecê-los. mente por áudio.
„ Função social: na maioria das vezes, a função
Principais Gêneros Digitais e suas Características
é compartilhar conhecimento a respeito de um
tema.
„ Anúncio publicitário on-line: Aparecem em
diversos formatos, em vídeo, foto e texto ou
z E-mail
apenas texto (mais difícil), ele tem como finali-
dade promover um produto, campanha gover-
„ Tem a mesma estrutura de uma carta, com
namental ou serviço. Para isso, precisa estar
alinhado com as necessidades/expectativas do remetente, destinatário, saudação e despedida.
interlocutor, que pode ser seu consumidor. Costuma ser mais formal, mas pode ser infor-
„ Temática: pode abordar diferentes temáticas, mal também.
a depender do produto ou serviço apresentado. „ Temática: geralmente, trata de assuntos profis-
Desde itens para crianças até serviços de pro- sionais ou educacionais, mas também está dis-
fissionais autônomos. ponível para qualquer tema.
„ Linguagem: no geral, segue a norma culta da lín- „ Linguagem: segue a norma culta da língua,
gua, mas admite a presença da linguagem colo- podendo ter características da linguagem for-
quial e informal, a depender da intencionalidade. mal e da linguagem informal, a depender do
„ Canal: pode ser publicado em qualquer esfera tema e do contexto de uso.
digital, sites, blogs, redes sociais, dentre outros. „ Canal: é enviado por plataforma, aplicativo ou
„ Função social: a função é de convencer o lei- site específico.
tor/espectador a se tornar um cliente da marca „ Função social: o e-mail existe, basicamente,
ou participar de um evento, sendo assim, a fun- para a comunicação rápida utilizando textos
ção deve ir neste sentido, a depender do produ- longos e outros recursos como imagens e docu-
to/serviço oferecido. mentos anexos.

z Post em site ou blog z Meme

Geralmente é apresentado em formato de texto, Trata-se de um gênero híbrido (linguagem verbal


mas pode incluir também imagens e gráficos, poden- e não verbal) com caráter humorístico que viraliza
do ou não ter algum vídeo associado ao texto. Tem rapidamente em diferentes formatos (imagem, vídeo
como objetivo passar informações mais completas, ou áudio) e que é adaptado a depender do contexto.
por isso é um texto mais longo e se aprofunda um
determinado tema.
„ Temática: temáticas relacionadas a atualida-
des, como política ou situações cotidianas com
„ Temática: os temas podem ser variáveis, a
as quais as pessoas se identificam.
depender da área de atuação do site ou blog.
„ Linguagem: a linguagem é coloquial e infor-
„ Linguagem: a linguagem é adequada ao público
mal, admite o uso de gírias, abreviações e mes-
que irá buscar pelo tema em sites e blogs, mas,
no geral, deve seguir a norma culta e aceita tra- cla texto e imagem, além disso, usa de figuras de
ços de informalidade como abreviações e gírias. linguagem como a hipérbole e ironia para cum-
„ Canal: Publicado em sites com temáticas espe- prir sua função de ser divertido e engraçado.
cíficas como moda, maquiagem, beleza, jogos „ Canal: sendo um gênero híbrido, geralmen-
eletrônicos, política, ciência, medicina, as te uma imagem com o texto é compartilhado
temáticas são quase infinitas, qualquer tema em qualquer mídia digital, conversas em chat,
pode ser tratado em um site ou blog. redes sociais de imagens ou vídeos e há sites
„ Função social: em uma visão mais ampla, a específicos para capturar um meme e utilizar
função é informar e transmitir conhecimen- em qualquer contexto.
to, em uma visão mais centrada, a função vai „ Função social: sua função é entreter os usuá-
86 depender da temática e do público-alvo. rios com imagens ou vídeos.
z Chat Dessa forma, é necessário que os vestibulandos, à
princípio, conheçam a estrutura da prova, quais cri-
Tem como objetivo promover conversas em grupo térios são avaliados nas questões de Literatura, assim
ou em duplas, utilizando a escrita, áudios, imagens e como o estilo das questões e os temas literários que
vídeos. Pode ser utilizado por empresas ou institui- são abordados. As questões da matéria são encon-
ções de ensino para facilitar o diálogo entre seus cola-
tradas entre as 45 perguntas da área de Linguagens,
boradores/alunos ao mesmo tempo. Dois aplicativos
são os mais utilizados para isso no Brasil: Whatsapp Códigos e suas Tecnologias.
e Telegram. É importante que comecemos pela indagação:
“quais conteúdos são cobrados em literatura no
„ Temática: qualquer temática pode ser aborda- Enem?” De forma geral, os alunos que querem se dar
da em um chat. bem nas questões de literatura, devem prestar aten-
„ Linguagem: admite o uso de linguagem colo- ção nas seguintes competências e habilidades:
quial, com gírias e abreviações, com tom de
informalidade, no entanto, em algumas situa-
z Constituir as relações entre a produção literária e
ções formais, é exigida a formalidade e o uso
da norma padrão. o processo social;
„ Canal: utilizada em plataformas e aplicativos z Compreender a relação entre os processos de for-
próprios para isso. mação literária e de formação nacional;
„ Função social: basicamente, a função é de z Distinguir as diferentes concepções artísticas em
comunicação simples, fácil e rápida. dois âmbitos: como procedimentos de construção,
bem como procedimentos de recepção de textos
literários de gêneros distintos;
Se liga! z Propor relações entre o polo cosmopolitismo/loca-
A função social não pode ser determinada aqui lismo e a produção literária nacional;
nem em outro material didático, ela depende z Reconhecer elementos de continuidade e rup-
especificamente da análise de cada texto. Aqui, tura entre os diversos momentos da literatura
tratamos no geral de como você pode identificar brasileira;
a função social de um texto dos gêneros digitais, z Perceber as associações entre concepções artísti-
mas é necessário ter muita atenção para identifi- cas e procedimentos de construção do texto lite-
car e interpretar cada texto. rário em seus gêneros (épico/narrativo, lírico e
dramático) e formas diversas;
A FUNÇÃO SOCIAL DAS NOVAS TECNOLOGIAS z Conhecer sobre as peculiaridades da represen-
tação literária: natureza, função, organização e
As novas tecnologias deixaram de ser o futuro estrutura do texto literário;
para se tornar o presente. A pandemia da COVID 19 z Estabelecer relações entre literatura, outras artes
acelerou esse processo e hoje é possível fazer muitas e outros saberes.
coisas utilizando tecnologias e meios digitais.
No início, as tecnologias e mídias digitais eram usa- Assim como em outros processos seletivos, alguns
das apenas para lazer e diversão, para compartilhar
conteúdos são mais cobrados que outros. As questões
brincadeiras, piadas e algumas poucas notícias. Hoje,
todos os canais de notícias sérios e relevantes estão de literatura do Enem seguem a mesma perspectiva.
presentes nas plataformas digitais e, por meio delas, É importante que o estudante se atente a temas como
podemos trabalhar, nos comunicar, pedir entregas de linguagem literária e linguagem não literária, gêne-
supermercado, farmácia, lanches, e qualquer outro ros literários – ênfase no gênero poético, movimen-
item. Além disso, podemos estudar, assistir a aulas e tos literários – como o romantismo e o modernismo,
reuniões ao vivo, participar de encontros distantes geo- foco narrativo, tipos de narrador, intertextualidade,
graficamente, mas que estão dentro de nossas casas.
interdiscursividade e paródia, pois são os aspectos
Para a linguística e para o ENEM, é necessário se
atentar à intencionalidade dos criadores e autores de literários mais apresentados. Dessa forma, é necessá-
conteúdos nos gêneros digitais, pois nenhum texto é rio que o candidato siga um cronograma de estudos
produzido sem uma intencionalidade e sem analisar priorizando esses conteúdos.
o interlocutor. Agora que já sabemos os tópicos cobrados na área
de literatura no Enem, seguiremos abordando de forma
mais aprofundada esses aspectos gerais, a fim de que
LÍNGUA PORTUGUESA

você, candidato, tenha o melhor aproveitamento possível.


LITERATURA
PRODUÇÃO LITERÁRIA E PROCESSO SOCIAL
Sabemos que o Exame Nacional do Ensino Médio
é uma prova completamente contextualizada e inter- Para começarmos a relacionar a produção literá-
disciplinar, ou seja, exige das pessoas que pretendem ria e o processo social, é importante que entendamos
obter uma vaga na universidade, conhecimento em primeiramente a diferença existente entre um texto
diversas áreas do saber. A maioria dos candidatos
literário e um texto não literário. O texto não literá-
não sabe por onde começar a estudar Literatura para
a prova do ENEM, muito menos quais conteúdos o rio tem como principal objetivo informar, esclarecer,
exame aborda em suas questões relacionadas à disci- explicar, ou seja, possui uma função utilitária, cons-
plina, e, por esse motivo, acabam obtendo resultados truído com uma intenção específica, com linguagem
não tão satisfatórios nesta área. clara e objetiva. 87
Prosa e Poesia
Se liga!
Os textos literários se dividem em duas partes: pro-
O texto literário contém elementos narrativos e
sa e poesia, nesse tópico encontraremos a definição de
artísticos, com a intenção de proporcionar dife- cada uma dessas. Comecemos pela poesia: a poesia é
rentes emoções ao leitor; é neles onde as figu- a linguagem subjetiva, metafísica, vaga com o mundo
ras de linguagem aparecem. São textos que se interior do poeta.
destinam ao entretenimento, à arte e à ficção. Quanto a sua forma, é um texto curto com orações
Possuem linguagem subjetiva e denotativa e e períodos curtos, em que sobressaem a estética, a har-
a presença de metáforas e simbolismos. São monia e o ritmo. Trata-se da mais antiga composição do
exemplos de textos literários: poesias, novelas, mundo. Antes da existência do papel já existia os textos
literários. Com os livros de argila e o uso de poemas, seria
romances e dramas.
possível transmitir muita coisa com pouco material.
A Prosa, por sua vez, é a linguagem objetiva, usual,
Por que a produção literária aparece relacionada veículo natural do pensamento humano. A prosa possui
aos aspectos sociais? Podemos dizer que a literatura, diversas formas, chamadas de subgêneros literários,
como: romances, crítica, novela, conto, etc. Vejamos as
assim como a nossa língua, de forma geral, é um instru-
diferenças entre um texto em forma de poesia e outro
mento de comunicação e de interação social, ela exerce
em forma de prosa:
o importante o papel de transmitir os conhecimentos e
a cultura de uma sociedade. Dessa forma, é necessário z Poema
reconhecer a presença de valores sociais e humanos
„ Frases curtas.
atualizáveis e permanentes no patrimônio literário.
„ Destaque para a beleza dos versos.
„ De rimas: Porta/importa, minha/vizinha.
PROCESSOS DE FORMAÇÃO LITERÁRIA E DE
„ Uso de métrica - contagem de sílabas poéticas.
FORMAÇÃO NACIONAL „ escrito em forma de versos.

A Literatura está ligada à escrita, sua origem per- z Prosa


de-se nos tempos. Não há um único marco histórico do
„ Frases longas, em só período.
surgimento da escrita, tendo em vista que os desenhos
„ Não há beleza no texto, somente a informação.
das cavernas são considerados escritos antigos. „ Texto objetivo: transmitir uma mensagem.
A Literatura é a arte de compor escritos artísticos, em „ Não há métrica, nem rima, nem ritmo.
prosa ou em verso, de acordo com princípios teóricos e „ Texto escrito em forma de parágrafos.
práticos, o exercício dessa arte ou da eloquência e poesia.
Sabe-se que a “Literatura” vem do latim “litteris”,
em tradução “Letras”, e possivelmente uma tradução Se liga!
do grego “grammatikee”. Na Roma antiga, literatura
Embora os nomes sejam parecidos, você deve se
significava uma instrução ou um conjunto de saberes
atentar para o fato de que poema e poesia não
ou habilidades de escrever e ler bem. O escrever e o
são a mesma coisa. Poema é um texto literário
ler bem, por sua vez, relaciona-se com as artes da gra-
composto de versos, estrofes e, às vezes, rima.
mática, da retórica e da poética. Por extensão, refe-
Já a poesia é a própria manifestação artística,
re-se especificamente à arte ou ofício de escrever de
baseada na linguagem subjetiva e estética.
forma artística. Nos dias atuais, o termo “Literatura”
também é utilizado como referência a um corpo ou
um conjunto escolhido de textos como, por exemplo, Literatura Brasileira
a literatura inglesa, a literatura médica, a literatura
portuguesa, literatura japonesa etc. A Literatura Brasileira é dividida em escolas literá-
Mais profícuo do que tentar definir a Literatura é rias e tem papel fundamental na criação da identida-
encontrar um caminho para decidir o que torna um de cultural do país. Foi a partir dos primeiros escritos
texto, em sentido lato, literário. A literatura está geral- de viajantes e missionários europeus, que documenta-
mente associada à ideia de estética, ou melhor, a ideia vam informações sobre a terra recém-colonizada, que
de ocorrência de algum procedimento que seja estéti- a Literatura Brasileira nasceu.
co. Segundo Aristóteles, um texto é literário, portanto, Ainda que esses escritos mais antigos não sejam
quando consegue produzir um efeito estético no leitor considerados, de fato, obras literárias, pelo fato de
estarem presos à crônica histórica, são representados
e quando provoca catarse no receptor. Uma estraté-
como o ponto de partida para a formação de nossa
gia para entender o fenômeno literário é a oposição.
identidade literária e cultural.
Vamos opor o texto científico ao texto artístico, por
exemplo: enquanto o texto científico emprega as pala-
PRODUÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS, SUA
vras sem preocupação com a beleza, o texto artístico, RECEPÇÃO E A CONSTITUIÇÃO DO PATRIMÔNIO
ao contrário, terá essa preocupação. Outra compara- LITERÁRIO NACIONAL
ção é em relação ao emprego e o sentido das palavras.
Sabe-se que no texto científico emprega-se as palavras Concepções Artísticas
no seu sentido dicionarizado, denotativo, enquanto
que no texto artístico busca-se empregar as palavras Sabemos que a arte é necessária para a vivência
com mais autonomia, preferindo o seu sentido cono- do ser humano e que, por meio dela, conseguimos
88 tativo, figurado. expressar sentimentos, criar sonhos e fantasias.
Nessa perspectiva, entendemos que a arte deve Seguindo essa perspectiva, o candidato ao Enem
ser uma ferramenta imprescindível no processo de deve ter conhecimento acerca dos registros de influên-
ensino/aprendizagem, uma vez que possibilita a com- cias estrangeiras, bem como a particularidade das carac-
preensão do mundo, novos olhares e a inclusão do terísticas exclusivas das produções literárias brasileiras.
indivíduo em meio aos processos sociais dentro de
uma comunidade. ELEMENTOS DE CONTINUIDADE E RUPTURA
Existe uma relação interartística entre as artes e ENTRE OS DIVERSOS MOMENTOS DA LITERATURA
as obras literárias. Esse estudo comparativo é eficaz BRASILEIRA
quando pensamos no poder das artes, assim como o
da literatura, em envolver e seduzir o leitor, consti-
Contexto Histórico
tuindo um aspecto crucial para a ligação entre obras
literárias e as artes, na perspectiva da intertextuali-
O marco inicial da Literatura Brasileira coincide
dade, assim como acontece entre a literatura e outras
com o período histórico chamado Renascimento. Em
construções de significado.
As artes também se apresentam na literatura por Portugal, especialmente, este período coincide com
meio da concepção dos gêneros literários, que se divi- o esplendor das conquistas ultramarinas, grandes
dem em três categorias básicas: gêneros épico, lírico navegações, continentes recém descobertos e a fase
e dramático. de colonização de povos.
Após o duro golpe da Reforma Protestante de Mar-
z Gênero épico ou narrativo: no gênero narrativo tinho Lutero, no fim do século XV, Portugal recupera-
há a presença de um narrador, responsável por va o prestígio com a descoberta por Vasco da Gama de
contar uma história e as personagens atuam em um novo caminho para as Índias.
um determinado espaço e tempo. Esse espírito de ufania geraria a maior epopeia da
„ Exemplos: épico, fábula, epopeia, novela, con- Língua Portuguesa: Os Lusíadas, escrita por Luís Vaz
to, crônica, ensaio, romance. de Camões, compreendida como a mais alta expressão
de amor à pátria.
z Gênero lírico: as obras do gênero lírico expres- Enquanto isso, no Brasil de 1500, as primeiras pro-
sam sentimentos e emoções, são dotados da função duções possuíam mais caráter documental do que lite-
poética da linguagem. rário. Desde então, a forma como foi escrita a história
„ Exemplos: elegia; ode; écloga; soneto. de nosso país tem refletido até hoje nas produções artís-
ticas e, consequentemente, literárias. Se observarmos,
z Gênero dramático: as obras do gênero dramáti- desde o período Colonial (do Descobrimento a chega-
co são próprias para a representação e concebem da da Família Real ao Brasil), passando pelo Período
a obra literária em verso ou prosa suscetíveis de Imperial, além de diversas revoltas internas em prol
encenação teatral. da Independência e da abolição da escravatura, Perío-
„ Exemplos: auto; comédia; tragédia; tragicomé- do Regencial, a Proclamação da República, em 1889,
dia; farsa. o Período Republicano, marcado pelos governos mili-
tares, ditaduras e a reconquista da democracia, todos
Procedimentos de Construção e Recepção de Textos esses acontecimentos permeiam a nossa Literatura.
Mais recentemente, diversas transformações de
O processo de construção e recepção de textos está âmbito político e social decorreram das duas Grandes
intimamente ligado ao ato de saber ler e interpretar Guerras, que refletiram no mundo e, consequente-
diferentes tipos de textos, ter noções de variação lin- mente no Brasil, ideológica e politicamente. Políticas
guística, recursos linguísticos do texto, processos sin- mundiais de combate ao comunismo influenciaram
táticos, aspectos semânticos e discursivos, recursos líderes e momentos, a liberdade de expressão foi cer-
argumentativos, coerência e coesão textuais. ceada e um período sombrio foi instaurado em nossa
Dessa forma, é relevante que o candidato consiga história até 1985, quando o direito à democracia foi
identificar, acima de tudo, os gêneros textuais e as restabelecido, além da globalização, a internet e as
suas respectivas funções. Além disso, que tenha em mídias sociais, tudo isso reflete no pensamento, no
mente que a produção textual é uma prática essen-
sentimento e na expressão artística, como poderemos
cial para a formação de leitores e escritores, e que,
acompanhar nas Escolas Literárias.
através dessa ferramenta, os indivíduos atingem um
nível maior de conhecimento crítico do mundo, além
Características, Principais Autores e Obras do
de tornarem-se leitores intelectualmente autônomos
LÍNGUA PORTUGUESA

e humanizados. Quinhentismo

RELAÇÕES ENTRE A DIALÉTICA O Quinhentismo corresponde às manifestações


COSMOPOLITISMO/LOCALISMO E A PRODUÇÃO literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI,
LITERÁRIA NACIONAL momento de descobrimento, exploração e colonização.
Durante esse período, uma literatura genuinamen-
As “relações entre a dialética cosmopolitismo/loca- te brasileira, a qual mostra visão do homem brasileiro,
lismo e a produção literária nacional”, baseiam-se na ainda não era possível. O que temos é um ponto de vista
relação com o diálogo que há das produções literárias do viajante colonizador acerca do Novo Mundo, além
nacionais - locais\brasileiras, por isso, utilizamos o de uma preocupação em documentar e descrever a
termo “localismo” e com as produções internacionais, viagem para o Rei de Portugal, cujas pretensões eram
que são chamadas de cosmopolitas, europeias. mercantilistas: novas terras e riquezas para Portugal. 89
z Contexto histórico A arte barroca é então caracterizada pelos deta-
lhes, pelo exagero e pelo rebuscamento. É comum
„ Os portugueses chegam ao Brasil. encontrar o uso de imagens contrastantes como o cre-
„ A chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil. púsculo (dia/noite) e a aurora (noite/dia), além de tex-
tos repletos de antíteses e inversões sintáticas.
z Características Na literatura, o marco inicial do barroco é a publi-
cação da obra “Prosopopeia” (1601) de Bento Teixeira
„ Textos informativos e descritivos; e terminou em 1768 com a publicação de “Obras Poé-
ticas”, de Cláudio Manuel da Costa.
„ Utilização de adjetivos;
Na escultura e arquitetura, Aleijadinho foi sem
„ Linguagem simples; dúvida um dos maiores artistas barrocos brasileiros.
„ Crônicas de viagens;
„ Destaque para a conquista material e espiritual. z Contexto histórico
„ O Barroco surgiu pelas oposições e pelos con-
z Autores e Obras
flitos religiosos. Esse contexto histórico acabou
influenciando na produção artística, gerando o
„ Pero Vaz de Caminha (1450–1500): Conhe- fenômeno do Barroco. As obras são marcadas
cido como autor da famosa “Carta de Pero Vaz pela angústia e pela oposição entre o mundo
de Caminha”, ao rei D. Manuel I, considerada o material e o espiritual. Quanto às característi-
primeiro documento escrito sobre o Brasil, que cas do estilo, pode-se encontrar metáforas, antí-
relata o descobrimento das terras do país. Ficou teses e hipérboles.
conhecida como sendo o marco inicial da litera- „ As invasões holandesas no Brasil.
tura de informação do Brasil. „ Os bandeirantes.
„ Padre José de Anchieta (1534-1597): Um dos
primeiros autores da literatura brasileira z Características na arte
escreveu “Na festa de São Lourenço” (1583) e „ Contrastes: luz/sombra, bem/mal, divino/
“Arte de Gramática da Língua mais usada na humano.
Costa do Brasil” (1595). „ Riqueza de detalhes, preferência pelas curvas e
contornos e ausência de simetrias.
É também conhecido como o Apóstolo do Brasil – „ Temas religiosos.
embora seja espanhol – por ter sido um dos respon- „ Personagens retratadas com expressões dra-
sáveis por trazer o Cristianismo no país, sendo máticas, cenas conflituosas.
também um dos fundadores da cidade de São Paulo. „ Conceptismo (Quevedo): jogo de ideias, pesqui-
sa e essência íntima.
„ Padre Manuel de Nóbrega (1517-1570): Suas „ Frequência das antíteses e paradoxos, fugaci-
dade do tempo e incerteza da vida.
obras são consideradas documentos históricos
sobre a colônia e a ação jesuítica no Brasil do
z Características na Literatura
século XVI. Entre elas, podemos destacar “Cartas
do Brasil” (1886) e um “Diálogo sobre a Conver- „ Rebuscamento, virtuosismo, ornamentação
são dos Gentios” (1557). exagerada, jogo sutil de palavras e ideias, ousa-
dia de metáforas e associações.
„ Cultismo ou Gongorismo: abuso de metáforas,
Barroco
hipérboles e antíteses. Obsessão pela lingua-
gem culta, jogo de palavras.
No período entre (1601-1768), enquanto o mundo
Ocidental vivia uma atormentada crise entre homem
z Autores e Obras
e igreja, percebemos uma intenção na arte de recon-
ciliar o homem com a fé, porém de uma forma mais „ Padre Antônio Vieira (1608-1697): Foi um reli-
subjetiva e conflituosa. Para diversos pesquisadores, o gioso, filósofo, escritor e maior orador sacro da
Barroco constitui não apenas um estilo artístico, mas Língua Portuguesa. As suas principais obras são
todo um período histórico e um movimento sociocul- “Sermão da Sexagésima”, que retrata sobre a
tural em que se formularam novos modos de enten- arte de pregar, além do “Sermão de Santo Antô-
der o mundo, o homem e Deus. nio”, que tem como tema a escravidão indígena.
„ Bento Teixeira (1561-1600): Foi um poeta luso-
-brasileiro cuja principal obra é “Prosopopeia”,
considerada o marco inicial do Barroco na Lite-
ratura Brasileira. Trata-se de um poema escrito
à semelhança de “Os Lusíadas”, sobre os feitos
dos heróis portugueses em terras brasileiras e
africanas, com o objetivo de louvar o donatário
da capitania de Pernambuco, Jorge de Albur-
queque Coelho.
„ Gregório de Matos (1636-1696): Conhecido
como “Boca do Inferno”, foi um advogado e
poeta do Brasil colônia, sendo considerado um
dos maiores poetas do barroco em Portugal e
no Brasil. Produziu diversas sátiras desumanas,
90 além de poesias religiosas, líricas e satíricas.
Arcadismo z Autores e Obras

No período entre 1768 e 1836, o Arcadismo coincide „ Cláudio Manuel da Costa (1729-1789): Poeta,
com a expulsão dos jesuítas do Brasil, a vinda da corte advogado e jurista brasileiro, é considerado o
portuguesa, a descoberta de ouro em Minas Gerais e a precursor do Arcadismo no Brasil e destacou-
Proclamação da Independência. Artisticamente, é um -se por sua obra literária, mais precisamente a
período marcado pela recuperação da cultura greco-la- poesia. O poeta mineiro em seus textos abor-
tina e apreciação da natureza e da simplicidade. da elementos locais, descrevendo paisagens,
temática pastoril e expressando um forte sen-
timento nacionalista.
„ José de Santa Rita Durão (1722-1784): Autor
do poema épico Caramuru (1781), Freire Santa
Rita Durão foi poeta e orador, considerado um
dos precursores do indianismo no Brasil.
„ José Basílio da Gama (1741-1795): Poeta minei-
ro e autor do poema épico “O Uraguai” (1769),
um marco na literatura brasileira, no qual abor-
da as disputas entre os europeus, os jesuítas e
os índios.
„ Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810): Um dos
“O Senhor e a Senhora Andrews”, de Thomas Gainsborough grandes poetas árcades de pseudônimo Dirceu.
Sua obra que merece destaque é Marília de Dir-
O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publi- ceu (1792) carregada de lirismo e baseada no
seu romance com a brasileira Maria Doroteia
cação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa
Joaquina de Seixas.
em 1768 e, ademais, a fundação da “Arcádia Ultrama-
rina”, em Vila Rica. Vale lembrar que o nome dessa Romantismo
escola literária provém das Arcádias, ou seja, das
sociedades literárias da época. O Romantismo corresponde ao período aproxima-
do entre 1774 e 1849 – embora influencie a arte até
z Contexto histórico hoje – na Era das Revoluções, quando diversas trans-
formações políticas, sociais e econômicas ocorreram
„ A Inconfidência Mineira. no Ocidente, como a Revolução Industrial e a Revo-
„ A Revolução Farroupilha. lução Francesa. Os artistas românticos, movidos por
esse ideal de mudanças, começaram a mudar a teo-
„ A vinda da Família Real para o Brasil.
ria e a prática de suas artes. Além do campo artístico,
„ Características na arte e na literatura observamos uma visão transformadora também na
„ Rompimento com a estética barroca, opondo-se filosofia e em toda a cultura ocidental, que passou a
aos exageros e rebuscamentos. aceitar a emoção e os sentidos como uma forma váli-
„ Influência do movimento iluminista. da de experimentar a vida.
„ Equilíbrio e busca pela perfeição na tentativa O idealismo e rebeldia, somados ao escapismo e o
de resgatar as tradições clássicas, a estética gre- subjetivismo, foram marcantes nas obras produzidas
co-romana e as figuras mitológicas. no período. Na Europa, obras com temáticas medie-
vais eram bastante comuns, já que esse era o passado
„ Preferência por sonetos;
histórico europeu.
„ Racionalismo: A razão era constantemente No Brasil, o Romantismo predominou entre 1835
valorizada. a 1880, período da consolidação da independência.
„ Bucolismo e pastoralismo em que retrata uma Seu marco inicial foi a publicação do livro “Suspiros
natureza tranquila e serena, um refúgio calmo poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães,
do campo, os costumes rurais, que se contrasta- em 1836. Porém, o Romantismo brasileiro busca-
va com os centros urbanos monárquicos. va resgatar os nossos ancestrais que já viviam aqui:
„ Idealização da mulher amada, assim como a os índios. A literatura desse período também retra-
tava as lutas políticas e sociais existentes em nosso
valorização da pureza e ingenuidade humana;
país, como o movimento abolicionista. Também não
„ Uso de pseudônimos, geralmente nomes de podemos nos esquecer que, devido à época, começa-
pastores; vam a surgir problemas urbanos relacionados à rela-
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Expressões em latim como inutilia truncat ção delicada entre indústrias e operários, assim como
(“tirar o inútil” da poesia, entendendo-se esse a corrupção e o materialismo.
inútil como sendo o excesso de rebuscamen-
to formal), fugere urbem (“fuga da urbanida- z Contexto histórico
de” e preferência pela vida campestre), locus
amoenus (preceito de que o campo, o ambiente „ A Imprensa no Brasil.
„ A crise do 2º reinado.
bucólico, é o ideal para o homem), carpe diem
„ A abolição da escravidão.
(“aproveitar o presente” para contemplar a rea-
lidade, sem preocupar-se com o futuro) e aurea z Características
mediocritas (o “homem mediano” é aquele que
alcança a felicidade, não se devendo, assim, pro- „ Liberdade de expressão e de criação, retrato e
curar riquezas e posses em vida). valorização do “eu”. 91
„ Rebeldia e idealismo, preocupação em retratar Casimiro de Abreu: As Primaveras (1859), Sauda-
o mundo não como ele é, mas como ele poderia des (1856) e Suspiros (1856).
ser, uma vez que a realidade para esses auto- Junqueira Freire: “Inspirações do Claustro” e
res era considerada desesperadora, repleta de “Contradições poéticas”.
limitações ao crescimento pessoal, político e
artístico. „ Terceira Geração
„ Exaltação da pátria, da mulher e do amor.
„ Indianismo e culto à nossa fauna e flo- Castro Alves: “Espumas Flutuantes”, 1870, “Os
ra. Também está presente o nacionalismo, o Escravos” (O Navio Negreiro), 1883.
regionalismo ou o sertanismo.
„ Individualismo e sentimentalismo, considerando z Modalidades do Romantismo
que seus desejos, paixões e frustrações pessoais
são mais importantes do que os acontecimentos Romance de folhetim - Teixeira e Sousa, “O filho do
externos. pescador”.
„ A natureza como força incontrolável e trans- Romance urbano - Joaquim Manuel de Macedo, “A
cendental, uma personagem que reflete o “eu”, Moreninha”.
assumindo emoções, como tristeza, e esbanja Romance regionalista: Bernardo Guimarães, “O
exuberância diante da alegria e das conquistas ermitão de Muquém”, “Escrava Isaura”.
do indivíduo. Romance indianista e histórico - José de Alencar, “O
„ Pessimismo da realidade e escapismo, expres- Guarani”.
sões de angústia, frustração, desespero, tristeza,
entre outras emoções que acabam caracteri- Realismo
zando esse estado de espírito como o “mal do
século”. O Realismo é um movimento cultural e literário que
„ Temas como morte, suicídio, fuga para a natu- surgiu em oposição ao Romantismo no século XIX. Sua
reza ou a pátria são os escapes possíveis para temática principal foca nos problemas sociais da épo-
esse mal. ca, usando de linguagem clara e objetiva. A Revolução
Francesa e Revolução Industrial trouxe o crescimento
z Primeira Geração - Nacionalista do poder da burguesia na sociedade, portanto, as pes-
soas nas cidades em busca de melhores condições de
As obras desse período abordam a natureza, o país vida por meio do trabalho nas fábricas e comércios e
e idealizam tudo maravilhoso. Em Portugal, os temas a vida burguesa passaram a estar mais presentes nas
mais frequentes eram o nacionalismo, o romance narrativas. Em certas obras, percebe-se um forte tom
histórico e o medievalismo. No Brasil, esse apego ao de ironia e crítica social. Os integrantes desse movi-
passado era visto no indianismo. mento repudiavam a artificialidade do Arcadismo e do
Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a
z Segunda Geração - Ultrarromântica vida, os problemas e costumes das classes média e bai-
xa sem haver a necessidade de se inspirar em modelos
O mal do século tem papel de destaque e as obras do passado. O movimento manifestou-se também na
acabam sendo caracterizadas pelo exagero no subjeti- escultura, na pintura e em alguns aspectos sociais.
vismo e emocionalismo. As menções ao tédio e desejo O marco do Realismo foi a publicação do romance
de morte são frequentes. “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, em 1857. No
Brasil, foi a publicação do livro “Memórias Póstumas
de Brás Cubas”, de Machado de Assis.
z Terceira Geração - Romântica
z Contexto histórico:
Há a quebra das regras da literatura. Os poemas
começaram a ser escritos de maneira diferente e, na
prosa, começam a aparecer palavras que antes não „ A Proclamação da República.
eram da literatura, ou seja, palavras mais usadas pelo „ A Primeira República.
povo. Nessa geração os autores também começaram a
falar de questões sociais. Foi o primeiro passo para o z Características
realismo, próximo movimento literário.
„ Objetividade como forma de opor ao excesso
z Autores e obras de subjetividade e idealizações existentes no
Romantismo.
„ Correção e clareza de linguagem para manter o
„ Primeira Geração
ideal de representar a realidade verdadeiramente.
„ Contenção das emoções, focando-se em análi-
Poesia: Gonçalves Dias: “Segundos Cantos” ses mais objetivas.
(1848), “Últimos Cantos” (1851), “Os Timbiras” (1857), „ Análise psicológica dos personagens.
“Cantos” (1857) e Casimiro de Abreu: Primaveras, „ Narrativa lenta, buscavam construir análises
poesias (1859) – muitas vezes, inclusive, utilizando métodos
Prosa: José de Alencar: “O guarani” (1857), “Ira- científicos – da sociedade contada nas histórias.
cema” (1865). „ Impessoalidade do Narrador, em terceira pes-
soa, sugerindo-se certo grau de impessoalidade.
„ Segunda Geração „ A filosofia positivista de Auguste Comte, olhar
científico para analisar comportamentos sociais,
Álvares de Azevedo: “Lira dos vinte anos”; “Noite o Cientificismo, o Darwinismo, o Empirismo, o
na Taverna” e “Macário”. Determinismo.
Fagundes Varela: “Noturnas”; Cantos e Fantasias „ Literatura de combate social, crítica à burgue-
92 e Anchieta ou O Evangelho nas Selvas. sia, ao adultério e ao clero.
z Autores e obras Impressionismo

„ Machado de Assis (1839-1908): Ressurreição O Impressionismo não chegou a configurar, na


(1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876), Iaiá Literatura, uma escola, corrente ou movimento artís-
Garcia (1878), Memórias Póstumas de Brás Cubas tico, mas a teorização da atitude artística impressio-
(1881), Quincas Borba (1886), Dom Casmurro nista deve muito à pintura (Monet, Degas, Cézanne,
(1899), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908). Pissaro, Sisley, Renoir) e à música (Debussy e Ravel).
„ Raul d’Ávila Pompeia (1863-1895): “O Ateneu”.

Naturalismo

Surgido no século XIX, é considerado uma ramifica-


ção do Realismo, pois traçam o mesmo objetivo: retra-
tar a realidade como ela é, porém, usando de métodos
um pouco distintos. Uma das grandes preocupações das
obras naturalistas é a relação entre o homem e as “forças
da natureza”, voltando-se às descobertas relacionadas
à biologia e a sociologia, especialmente considerando
comportamentos patológicos, os desejos e as taras, com
destaque para as tendências animalescas dos homens.
Isso ocorre devido ao fato de que esse movimento ter
grande influência da Teoria da Evolução de Charles Dar-
win e de outras correntes de pensamento científico que
predominavam na Europa na época.
Pierre-Auguste Renoir (1881) Le Déjeuner des canotiers
O Naturalismo surgiu na França, tendo como prin-
cipal representante o escritor francês Émile Zola, que
ficou famoso com a publicação de “Germinal”, em 1881, Aos impressionistas não interessa a fixação “foto-
e marcou o início deste movimento artístico na Europa, gráfica” das formas e das imagens. Valorizando a cor
sobre as péssimas condições de vida dos trabalhadores e os efeitos tonais, pretendem reproduzir a “percep-
das minas de carvão no interior da França no século XIX. ção visual do instante”, as “impressões” provocadas
Os escritores naturalistas do Brasil se ocuparam, pelo objeto no sujeito. O romance psicológico de tipo
principalmente, com os temas mais obscuros da alma moderno, de estrutura não-linear, em que a história é
humana e, por isso, outros fatos importantes da histó- narrada do ponto de vista do herói-autor, ou do ponto
ria do país acabaram sendo deixados de lado, como a de vista plurifocal, a partir da perspectiva de várias per-
Abolição da Escravatura e a proclamação da República. sonagens, surge no bojo do Impressionismo, com Henry
James (Os Embaixadores – 1903); Joseph Conrad (Lord-
z Características Jim- 1900); ítalo Svevo (A Consciência do Zeno – 1923) e
Marcel Proust (Em Busca do Tempo Perdido 1913-1927).
„ Desdobramento do Realismo. No Brasil, é perfeitamente identificável em autores como
„ Escritores naturalistas retratam pessoas margi- Machado de Assis, Raul Pompeia e Coelho Neto, entre os
nalizadas pela sociedade. brasileiros, e Eça de Queirós e Cesário Verde entre os
„ As personagens são comparadas aos animais portugueses. As obras buscam grafar a aparência vivida
(zoomorfismo). da realidade humana, com exatidão e esmero científi-
„ Análise biológica e patológica das personagens. co, mas voltados para a pintura refinada das impressões
„ Abordagem de temas polêmicos como miséria, subjetivas, dos estados d’alma das personagens.
adultério, crimes e sexualidade desvelada.
„ Forte influência Darwinista, na qual o homem z Características
não possui livre arbítrio, sendo guiado pela
hereditariedade e pelo meio social em que vive.
„ Descrição de impressões e aspectos psicológi-
„ Cientificismo exagerado, apontando para as
cos das personagens com detalhes para consti-
relações e fenômenos sociais como se observas-
tuir as impressões sensoriais de um incidente
se uma experiência científica.
ou cena.
„ A realidade é abordada a partir do pensamento
„ Caráter “hermético” (= difícil), exigindo leitores
científico, sob influência do positivismo.
„ Linguagem simples e objetiva. intelectualmente sofisticados.
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Os pintores recriavam paisagens naturais, ou „ Pesquisas sobre óptica e seus efeitos, a presen-
seja, pintavam aquilo que observavam. ça dos contrastes e de transparências lumino-
„ Grande desejo de reformar a sociedade nas sas, auxiliam no desvanecimento da forma,
obras. percebida agora sem contornos.
„ União entre o concreto e o abstrato.
z Autores e obras „ A percepção do tempo e o fluxo da memória, a
lembrança crítica e a compreensão do sentido
„ Aluísio de Azevedo (1857-1913): “O Mulato” da experiência passada e a “procura do tempo
(1881), “Casa de Pensão” (1884) e “O Cortiço” (1890). perdido”.
„ Adolfo Caminha (1867-1897): “A Normalista” „ A fixação do instante, momentos cotidianos fuga-
(1893) e “Bom Criolo” (1895) zes, as impressões da realidade em detrimento da
„ Raul Pompeia - Obra: “O Ateneu”. razão e da emoção. 93
z Autores e obras „ O racionalismo da poesia como fruto do tra-
balho do poeta – um trabalho árduo, difícil,
„ Graça Aranha (1868-1931): Espírito Moderno, que dependia de fatores como o conhecimen-
1925 to técnico, aplicado com esmero na produção
„ Raul Pompeia (1863-1985): “O Ateneu”. poética.
„ Rigidez formal no tocante ao vocabulário (refi-
Parnasianismo
nado e erudito), à sintaxe, à rima e à métrica
O Parnasianismo localiza-se entre o final do sécu- utilizados pelo poeta.
lo XIX e o início do século XX, foi contemporâneo do
Realismo e do Naturalismo. O nome Parnasianismo z Autores e obras
remonta à denominação de um monte da Grécia Anti-
ga (Monte Parnaso), onde, segundo a mitologia, os „ Olavo Bilac: “Via Láctea”.
poetas se isolavam do mundo para maior integração „ Raimundo Correia: “Sinfonias” (1883).
com os deuses, por meio de sua poesia, considerada
por eles a mais alta expressão artística humana. Simbolismo

z Contexto histórico Apesar de ter sido uma reação ao Parnasianismo


em alguns aspectos, o Simbolismo dividiu com aquele
„ Contemporâneo do Realismo – Naturalismo; estilo o espaço cultural europeu entre o final do século
„ Estilo especificamente poético, desenvolveu-se
XIX e o início do século XX.
junto com o Realismo – Naturalismo;
„ A maior preocupação dos poetas parnasianos é
com o fazer poético.

O espelho de Vênus A Noite Estrelada – Van Gogh

Os únicos países em que ele floresceu de forma Se, no Brasil, foi superado pela escola parnasiana,
expressiva foram na França e no Brasil. Na França, que dominou a cena artística do período, na Europa
o movimento surgiu em 1866, com a publicação da representou considerável avanço em direção à arte
revista Le Parnasse Contemporain, que congregava moderna que dominaria o século XX.
poetas defensores de uma poesia antirromântica, des-
critivista, mimética e formalista. Entre esses poetas, z Contexto histórico
destacaram-se Théophile Gautier e Leconte de Lisle.
No Brasil, o movimento por uma poesia de reação
„ Fundação da Academia Brasileira de Letras.
contrária ao Romantismo teve lugar no início da déca-
„ Origem: a poesia de Baudelaire.
da de 1880, com a publicação do livro Fanfarras (1882),
de Teófilo Dias, obra inaugural da estética no país. Três „ Características: desmistificação da poesia,
grandes autores destacam-se: Olavo Bilac (“o príncipe sinestesia, musicalidade, preferência pela cor
dos poetas”), Raimundo Correia e Alberto de Oliveira. branca, sensualismo, dor e revolta.

z Características z Características

„ Estilo majoritariamente poético, não produzin- „ Formação das bases intelectuais de filósofos
do grandes manifestações em prosa. como Henri Bergson, Arthur Schopenhauer e
„ A “arte pela arte” como um movimento para reba- Soren Kierkegaard.
ter o excesso de sentimentalismo trazido pelo „ Decadentismo, marcado pela agonia, pela
Romantismo.
melancolia e pelo pessimismo, descrença nos
„ Aproximação entre a literatura e as artes plás-
ticas; tinha apreço pelas métricas, geralmente atributos racionais e a saturação das con-
caracterizadas por versos decassílabos; apresen- quistas científicas conduziram à crença em
tava cunho descritivo, temas clássicos, objetivi- uma decadência da civilização.
dade, impessoalidade e temas universais, como „ A arte da sugestão.
94 poesia, vaidade e beleza. „ A sinestesia e a musicalidade.
z Autores e obras Em relação ao contexto histórico, houve o advento
da tecnologia, as consequências da Revolução Indus-
„ Cruz e Souza (poeta representante) - Obra: trial, a Primeira Guerra Mundial e atmosfera política
“Missal” e “Broquéis”. que resultou destes grandes acontecimentos, surgiu um
sentimento nacionalista, um progresso espantoso das
Pré-Modernismo grandes potências mundiais e uma disputa pelo poder.
Nesse cenário, várias correntes ideológicas foram cria-
É o período de transição entre as tendências do das, como o nazismo, o fascismo e o comunismo. Outros
final do Simbolismo ou Parnasianismo, século XIX, e o movimentos surgiram com a mesma terminação “ismo”,
Modernismo. O Pré-Modernismo acontece anos antes os movimentos artísticos que chamamos de vanguar-
da Semana da Arte Moderna, em 1922. das. É importante conhecer alguns dos objetivos das
Alguns anos após a abolição da escravatura, muitos vanguardas: o questionamento, a quebra dos padrões, o
imigrantes – a maioria italianos – vêm ao Brasil com protesto contra a arte conservadora, a criação de novos
o intuito de substituir a mão de obra rural e escrava. padrões estéticos que fossem mais coerentes com a rea-
Enquanto os ex-escravizados são marginalizados lidade histórica e social do século que surgia.
nos centros urbanos, a urbanização de São Paulo faz Estas manifestações se destacaram por sua radica-
surgir uma nova classe social: a operária. lidade, que influenciou a arte em todo o mundo.
Há algumas mudanças nos estados brasileiros, Os movimentos e as tendências artísticas, tais como
como a ascensão do café no Sul e Sudeste e o declínio o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o Futuris-
da cana-de-açúcar no Nordeste. mo, o Abstracionismo, o Dadaísmo, o Surrealismo, a Op
Em termos de regência administrativa, o governo art e a Pop art expressam a perplexidade do homem
republicano não promovia as esperadas mudanças contemporâneo.
sociais – a sociedade se encontrava dividida entre a Como uma reação ao Impressionismo, o Expressio-
elite detentora de dinheiro, respeito e poder das oli- nismo surge. Subjaz ao Expressionismo a preocupação
garquias rurais e a classe trabalhadora rural, bem em expressar as emoções humanas, transparecendo
como dos marginalizados nos centros urbanos. em linhas e cores vibrantes os sentimentos e angústias
do homem moderno. No Impressionismo, o enfoque
Eclodiram diversos movimentos sociais pelo Brasil
se resumia na busca pela sensação de luz e sombra.
em virtude da desigualdade social – como a Revolta de
Sobre o Fauvismo, trata-se de um movimento que
Canudos, ocorrida no final do século XIX no sertão da
teve basicamente dois princípios: a simplificação das
Bahia, sob liderança de Antônio Conselheiro. Além desse,
figuras e o emprego das cores puras, sem mistura. As figu-
surgiram os movimentos protestantes no meio urbano,
ras não são representadas tal qual a forma real, ao passo
como a Revolta da Chibata, em 1910 – contra o maltrato
que as cores são usadas de maneira organiza, como saem
da Marinha à corporação – e as greves de operários.
do tubo de tinta. O nome deriva de “fauves” (feras, no
No começo do século XX aparecem os primeiros
francês), devido à agressividade no emprego das cores.
indícios da crise cafeeira com a superprodução de
No Cubismo também não há a preocupação de
café, a chamada crise da “República Café-com-Leite”.
representar realisticamente as formas de um objeto,
É em meio a este quadro na sociedade brasileira
porém a intenção do movimento artístico era represen-
que começa no Brasil uma nova produção literária,
tá-lo de vários ângulos, em um único plano. O Cubis-
intitulada de Pré-Modernismo pelo crítico literário mo, com passar do tempo, evoluiu em duas grandes
Tristão de Ataíde. Destacam-se neste período as obras tendências: Cubismo Analítico e Cubismo Sintético. O
Os sertões (Euclides da Cunha) e Canaã (Graça Ara- movimento teve o seu melhor momento entre 1907 e
nha). Contudo, o Pré-Modernismo não é tido como 1914, e mudou para sempre a forma de ver a realidade.
uma “escola literária”, pois apresenta características Foi um movimento que se desenvolveu em todas
individuais muito marcantes. No entanto, há caracte- as artes e exerceu influência sobre vários artistas.
rísticas comuns às obras desse período: a ruptura com O Futurismo abrange sua criação em expressar o
a linguagem pomposa parnasiana; a exposição da rea- real, assinalando a velocidade exposta pelas figuras
lidade social brasileira; o regionalismo; a marginali- em movimento no espaço. Posteriormente, criaram
dade exposta nas personagens e associação aos fatos outros movimentos de arte moderna. Repercutiu prin-
políticos, econômicos e sociais. cipalmente na França e na Itália.
Caracteriza-se pelas produções desde o início do O movimento Abstracionista surgiu em oposição à
século XX até a Semana de Arte Moderna, em 1922. Foi arte figurativa ou objetiva. São formas de arte que não
um período de intensa movimentação literária que são regidas pela exata cópia dos objetos do mundo.
marcou a transição entre o Simbolismo e o Modernis- O Dadaísmo é um movimento que abrange a arte
mo. Apesar disso, para muitos estudiosos deve ser con- em todos os seus campos, pois não foi apenas uma cor-
siderado uma escola literária, uma vez que apresenta
LÍNGUA PORTUGUESA

rente artística, mas um verdadeiro movimento literá-


inúmeras produções artísticas e literárias distintas. rio, musical, filosófico e até mesmo político. A palavra
Em outras palavras, ele reúne um sincretismo dada em francês significa cavalo de madeira, mas sua
estético, com presença de características neorrealis- utilização marca o nonsense ou falta de sentido que
tas, neoparnasianas e neossimbolistas. pode ter a linguagem (como na fala de um bebê). À
princípio, o movimento não envolveu uma estética
Vanguardas europeias específica, mas provavelmente as principais expres-
sões do Dadaísmo tenham sido o poema aleatório e o
Tendo início nas duas primeiras décadas do Sécu- ready made. O intuito deste movimento era protestar
lo XX, as vanguardas europeias foram manifestações contra os estragos trazidos da guerra, denunciando de
artístico-literárias surgidas na Europa e vieram pro- forma irônica toda aquela loucura que estava acon-
vocar uma ruptura da arte moderna com a tradição tecendo. Como negação total da cultura, o Dadaísmo
cultural do século anterior. defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. 95
Sobre o Surrealismo, trata-se de um movimen- A Pop Art proporcionou a transformação do que
to artístico e literário surgido em Paris por volta dos era considerado vulgar em refinado, e aproximou a
anos 20, inserido no contexto das vanguardas que arte das massas, desmitificando-a, pois se utilizava de
viriam a definir o modernismo no período entre as objetos próprios e populares. Com o objetivo da crítica
duas Grandes Guerras Mundiais. irônica do bombardeamento da sociedade pelos obje-
A expressão Op Art deriva do inglês Optical Art, tos de consumo, operava com signos estéticos massifi-
cados da publicidade, quadrinhos, ilustrações. Muito
significando Arte Óptica. A Op Art passou por um
do que era considerado brega, virou moda.
desenvolvimento relativamente lento, apesar de ter
Suas principais características são:
ganhado força na metade da década de 1950. Trata-se
de um movimento excessivamente cerebral e sistemá- z Linguagem figurativa e realista, referindo-se
tica, mais próxima das ciências do que das humanida- aos costumes, ideias e aparências do mundo
des, e não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da contemporâneo;
Pop Art. Por outro lado, suas possibilidades parecem z Temática extraída do ambiente urbano das gran-
ser tão ilimitadas quanto às da ciência e da tecnologia. des cidades, de seus aspectos sociais e culturais:
A razão da Op Art é a representação do movimento história em quadrinhos, revistas, jornais sensa-
através da pintura apenas com a utilização de elemen- cionalistas, fotografias, anúncios publicitários,
tos gráficos. Outro fator fundamental para a criação cinema, rádio, televisão, música, espetáculos
da Op Art foi a evolução da ciência, que está presen- populares, elementos da sociedade de consumo e
te em praticamente todos os trabalhos, baseando-se de conveniências (alimentos enlatados, geladeiras,
principalmente nos estudos psicológicos sobre a vida carros, estradas, postos de gasolina, etc.);
moderna e da Física sobre a Óptica. A alteração das z Ausência de planejamento crítico: os temas são
concebidos como simples motivos que justificam a
cidades modernas e o sofrimento do homem com a
realização da pintura;
alteração constante em seus ritmos de vida.
z Representação de caráter inexpressivo, preferen-
As principais características da Op Art são: cialmente frontal e repetitiva;
z Combinação da pintura com objetos reais integra-
z Explorar a falibilidade do olho pelo uso de ilusões dos na composição da obra como flores de plástico,
de óticas; garrafas, etc., como uma nova forma dadaísta em
z Defender para arte “menos expressão e mais consonância aos novos tempos;
visualização”; z Formas e figuras em escala natural e ampliada;
z Quando as obras são observadas, dão a impressão z Preferência por referências ao status social, fama,
de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes violência e desastres, a sensualidade e o erotismo,
parecem inchar ou deformar-se; aos símbolos da tecnologia industrial e a sociedade
z Oposição de estruturas idênticas que interagem de consumo;
umas com as outras, produzindo o efeito ótico; z Uso de matérias como tinta acrílica, poliéster e látex,
produzindo cores puras, brilhantes e fosforescentes
z Observador participante;
inspiradas na indústria e nos objetos de consumo;
z Busca nos efeitos ópticos sua constante alteração;
z Reprodução de objetos do cotidiano em tamanho
z As cores têm a finalidade de passar ilusões ópticas maior, transformando o real em hiper-real.
ao observador.

O termo Pop Art (abreviação das palavras em


inglês Popular Art) foi utilizado pela primeira vez z Características
em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para
denominar a arte popular que estava sendo criada „ Ruptura com o academicismo.
em publicidade, no desenho industrial, nos cartazes „ Ruptura com o passado e a linguagem
e nas revistas ilustradas. Representava os componen- parnasiana.
tes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa „ Linguagem coloquial, simples.
influência na vida cotidiana na segunda metade do „ Exposição da realidade social brasileira.
século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposi- „ Regionalismo e nacionalismo.
ção ao expressionismo abstrato que dominava a cena „ Marginalidade das personagens: o sertanejo, o
estética desde o final da Segunda Guerra Mundial. Sua caipira e o mulato.
iconografia era a da televisão, da fotografia, dos qua- „ Temas: fatos históricos, políticos, econômicos e
96 drinhos, do cinema e da publicidade. sociais.
z Autores e obras z Alguns autores e principais obras

„ Euclides da Cunha (1866-1909): “Os Sertões: „ Oswald de Andrade (1890-1954): Memórias


Campanha de Canudos”. Sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte
Grande, Marco Zero I - A Revolução Melancóli-
„ Graça Aranha (1868-1931): “Canaã”
ca, Marco Zero II – Chão.
„ Monteiro Lobato (1882-1948): série de livros
„ Mário de Andrade (1893-1945): Amar, verbo
do Sítio do Pica-Pau Amarelo. intransitivo (1927) e Macunaíma (1928).
„ Manuel Bandeira (1886-1968): Libertinagem
Modernismo (1930), Estrela da Manhã, 1936.
„ Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): A
O Modernismo é o principal movimento literário Rosa do Povo (1945).
do século XX. Fortemente influenciado pelos movi- „ Rachel de Queiroz (1902-2003): O quinze
mentos de vanguarda que ocorreram na Europa no (1930).
início dos anos 1900, esse estilo literário foi revolucio- „ Graciliano Ramos (1892-1953): Angústia
nário em diversos níveis. (1936), Vidas Secas (1938), Memórias do Cárce-
No Brasil, o marco inicial do Modernismo foi a re 1953; (obra póstuma).
Semana de Arte Moderna de 1922, momento marcado „ João Cabral de Melo Neto (1920-1999): Morte
pela fervura de novas ideias e modelos. O Modernismo e vida Severina.
surge em um momento de insatisfação política no Bra- „ Clarice Lispector (1920-1977): A Hora da
Estrela, A Paixão segundo G.H., Laços de Famí-
sil, causada também em decorrência da Primeira Guer-
lia e Perto do Coração Selvagem.
ra Mundial (1914-1918), que trouxe reflexos para a
„ Guimarães Rosa (1908-1967): Corpo de Bai-
sociedade brasileira. Assim, numa tentativa de reestru- le: Noites do Sertão (1956), Grande Sertão: Vere-
turar o país politicamente, também no campo das artes das (1956), Primeiras Estórias (1962) e Campo
– estimulado pelas Vanguardas Europeias – encontra- Geral (1964).
-se a motivação para romper com o tradicionalismo.
Pós-Modernismo
z Primeira Fase do Modernismo (1922-1930): “Fase
Heroica”: Os artistas buscam a renovação estética Trata-se de um dos conceitos mais discutidos nas
inspirada nas vanguardas europeias (Cubismo, questões relativas à arte, à literatura ou à teoria social,
Futurismo, Surrealismo). mas a noção de pós-modernidade reúne uma série de
conceitos e modelos de pensamento em “pós”, dentre
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), Manifesto os quais: sociedade pós-industrial, pós-estruturalis-
Antropófago (1928), Manifesto Regionalista (1926) e mo, pós-fordismo, pós-comunismo, pós-marxismo,
Manifesto Nhenguaçu Verde-Amarelo (1929). pós-hierárquico, pós-liberalismo, pós-imperialismo,
pós-urbano, pós-capitalismo. A pós-modernidade se
z Segunda Fase do Modernismo (1930-1945): “Fase coloca também em relação com o feminismo, a ecolo-
gia, o ambiente, a religião, a planificação, o espaço, o
de Consolidação”: As temáticas nacionalistas e
marketing, a administração. O geógrafo Georges Ben-
regionalistas com predomínio da prosa de ficção
ko afirma que o “pós” é incontornável, o fim do século
caracterizam esse momento de amadurecimento. XX se conjuga em “pós”.
Na década de 30, a poesia brasileira se consolida, Resumiremos algumas das características da pós-
o que significa o maior êxito para os modernistas. -modernidade: propensão a se deixar dominar pela
imaginação das mídias eletrônicas; colonização do seu
z Terceira ase do Modernismo (1945-1980): universo pelos mercados (econômico, político, cultu-
Pós-modernista” ral e social); celebração do consumo como expressão
pessoal; pluralidade cultural; polarização social devi-
Muitos estudiosos afirmam que essa fase termina do aos distanciamentos acrescidos pelos rendimentos;
em 1960, enquanto outros, definem o fim dessa fase falências das metanarrativas emancipadoras como
nos anos 80. Há ainda os que ponderam que a tercei- aquelas propostas pela Revolução Francesa: liberda-
ra fase modernista prolonga-se até os dias atuais, não de, igualdade e fraternidade.
havendo, pois, um consenso. A pós-modernidade recobre todos esses fenô-
Nesse momento, tem-se um predomínio e diversi- menos, de modo que conduz em um único e mesmo
dade da prosa, com a prosa urbana, a prosa intimista movimento, a uma lógica cultural que valoriza o rela-
e a prosa regionalista. Além disso, surge um grupo de tivismo e a (in)diferença, a um conjunto de processos
escritores denominado “Geração de 45”, muitas vezes intelectuais flutuantes e indeterminados, a uma con-
LÍNGUA PORTUGUESA

chamados de neoparnasianos, pois eles buscavam figuração de traços sociais que significaria a erupção
de um movimento de descontinuidade da condição
uma poesia mais equilibrada.
moderna: mudanças dos sistemas produtivos e crise
do trabalho, eclipse da historicidade, crise do indi-
z Características vidualismo e onipresença da cultura narcisista de
massa. A pós-modernidade tem predomínio do ins-
„ Libertação estética; tantâneo, da perda de fronteiras, gerando a ideia de
„ Ruptura com o tradicionalismo; que o mundo está cada vez menor através do avanço
„ Experimentações artísticas; da tecnologia.
„ Liberdade formal (versos livres, abandono das No campo urbano, a cidade está em pedaços, por-
formas fixas, ausência de pontuação); que nela há caos, (des)ordem: padrões de diferentes
„ Linguagem com humor; graus de complexidade: o efêmero, o fragmentário, o
„ Valorização do cotidiano. descontínuo, o caótico predomina. 97
Mudam-se valores: é o novo, o fugidio, o efême- Nada mais é realmente concreto na era atual, tudo
ro, o fulgaz e o individualismo que valem. A acele- é fluido na pós-modernidade. Dessa afirmação pode-
ração transforma o consumo numa rapidez nunca mos retirar o termo proferido pelo polonês Zygmunt
vivenciada: tudo é descartável (desde copos a maridos/ Bauman, que tornou popular esta expressão, e pre-
ou esposas). A publicidade manipula desejos, promove fere traduzi-la como ‘modernidade líquida’. Tempo e
a sedução, cria novas imagens e signos, eventos como espaço são reduzidos a fragmentos; a individualidade
espetáculos, valorizando o que a mídia dá ao transi- predomina sobre o coletivo e o ser humano é guiado
tório da vida. As telecomunicações possibilitam ima- pela ética do prazer imediato como objetivo prioritá-
gens vistas em todas as partes do planeta, facilitando a rio, denominado hedonismo.
mercadificação de coisas e gostos. A informatização, o A humanidade é induzida a levar sua liberdade
computador, o caixa 24 horas e a telemática são com- ao extremo, colocada diante de uma opção infinita de
pulsivamente disseminadas. As lutas mudam: agora não probabilidades, desde que sua escolha recaia sempre
é contra o patrão, mas contra a falta deles. Os pobres só no circuito perverso do consumismo. Daí a subjetivi-
dizem presente nos acontecimentos de massa, lugar de dade também ser incessantemente fracionada.
deslocamento das energias de revolta.
Nesse sentido, o pós-modernismo invade o cotidia- REPRESENTAÇÃO LITERÁRIA: NATUREZA,
no com a tecnologia eletrônica em massa e individual,
FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO TEXTO
onde a saturação de informações, diversões e serviços,
LITERÁRIO
causam um “rebu” pós-moderno, com a tecnologia pro-
gramando cada vez mais o dia a dia dos indivíduos.
É relevante dizer que a Literatura desenvolve em nós
O pós-modernismo também teve uma expressivida-
de na economia. Seu papel foi mostrar aos indivíduos a sensibilidade, tornando-nos seres humanos mais com-
a capacidade de consumo, a adotarem estilos de vida preensivos, críticos, reflexivos e abertos para novos olha-
e de filosofias, o consumo personalizado, usar bens e res e possibilidades diante da nossa condição humana.
serviços e se entregarem ao presente e ao prazer. A palavra “literatura” remete ao termo “litteratu-
O ambiente pós-moderno significa simulação, ele ra”, que deriva do “littera” e que significa saber rela-
não nos informa sobre o mundo, ele o refaz à sua tivo à arte de escrever. É certo dizer que a literatura
maneira, hiper-realiza o mundo, transformando-o em é um termo que engloba vários conceitos. No que se
um espetáculo. Os pós-modernistas querem rir levia- refere à natureza, podemos dizer que ela pode ser
namente de tudo, encaram uma ideia de ausência de normativa ou descritiva, e no que se refere à função,
valores, de vazio, do nada, e do sentido para a vida. podemos dizer que são de estética, lúdica, cognitiva,
No pós-modernismo o homem vive imerso em um rio catártica e pragmática.
de testes permanentes, em que a informação e a comu- Além desses aspectos, é importante destacar as
nicação transportam a impulsividade para o consumo. características em geral dos textos literários:
Simbolicamente, o pós-modernismo nasceu em
1945. Nos anos 60 foi a época de grandes mudanças e z Sentido conotativo;
descobertas tecnológicas, sociais, artísticas, científicas z Ponto de vista pessoal do autor;
e arquitetônicas. z Uso de figuras de linguagem;
Completando o cenário moderno as metrópoles z Ocorrência de simbolismos.
industriais, as classes médias consumidoras de moda
e de lazer, surgiram a família nuclear - pessoas isola- Ainda com relação à função do discurso literário,
das em apartamentos - e a cultura de massa (revistas, pode-se afirmar que ele é marcado pelo recorrente
filmes, novelas), dando vitória à razão técnico-cientí- uso das funções da linguagem, criando a possibilidade
fica, inspirada no Iluminismo, a máquina fez a huma- das relações entre o emissor e o receptor, para que se
nidade recuar seus hábitos religiosos, morais e foi estabeleça interação, ou seja, o ato de leitura faz com
ditado novos valores, mais livres, urbanos, mas sem- que tenhamos uma nova visão de mundo.
pre atrelados no progresso social. Por fim, ressaltamos que além de proporcionar
As multinacionais trouxeram os serviços de tecnologia uma nova visão de mundo ao leitor, o texto literário
em geral, como informações e comunicações em tempo enriquece o nosso vocabulário, melhora as nossas con-
real, o que proporciona uma economia pela informação. cepções, a imaginação e muitos outros aspectos que
Nas chamadas sociedades programadas, codificar colaboram para o crescimento pessoal e profissional.
e manipular o conhecimento e a informação é vital,
onde a programação da produção do consumo e da
RELAÇÕES ENTRE LITERATURA, OUTRAS ARTES E
vida social significa projetar o comportamento.
OUTROS SABERES
O ambiente pós-moderno é povoado pela cibernética,
a robótica industrial, a biologia molecular, a medicina
nuclear, a tecnologia dos alimentos, as terapias psicoló- Segundo o site Comunica UFU, a relação entre
gicas, a climatização, as técnicas de embelezamento, o literatura, outras artes e outros saberes sempre
trânsito computadorizado e os eletroeletrônicos. esteve presente no meio social, tendo iniciado seus
Em resumo, o pós-modernismo pode ser caracte- pensamento no final dos anos 1940.
rizado como as definições de natureza sociocultural Essa relação se deve às mudanças nas práticas
e estética que marcam o capitalismo da era contem- culturais, com o advento das novas mídias. Assim,
porânea. Este movimento, que também pode ser o que é literatura pode estar tanto em um livro físi-
chamado de pós-industrial ou financeiro, predomi- co, como no celular, na televisão etc.
na mundialmente desde o fim do Modernismo. Ele é
caracterizado pela avalanche recente de inovações
tecnológicas, pela subversão dos meios de comunica-
ção e da informática, com a crescente influência do
universo virtual, e pelo desmedido apelo consumista
98 que seduz o homem pós-moderno.
Exemplo:

La primera escuela pública secundaria


argentina con el nombre “Quino”

LÍNGUA ESPANHOLA Con alegría y emoción recibimos la noticia de que


una institución educativa en Río Negro llevará el
nombre “Quino”. Se trata de la Escuela Secundaria
Nro. 16, ubicada en la ciudad de General Roca.
El nombre fue elegido por todos los miembros de la
POR QUE ESTUDAR LÍNGUA comunidad educativa de la escuela, quienes partici-
ESPANHOLA? paron en el proceso en plena pandemia, en octubre
de 2020. Luego, una resolución del Consejo Pro-
Se você está aqui é porque provavelmente esco- vincial de Educación de la Provincia de Río Negro
lheu ou pretende escolher a Língua Espanhola para estableció formalmente, a principios de marzo de
fazer a prova de língua estrangeira do ENEM. este año, que la escuela lleve, de ahora en más, el
Se ainda não tomou essa decisão, veja, a seguir, nombre “Quino”.
algumas vantagens em escolher essa língua como Es la primera escuela secundaria en Argentina que
idioma em sua prova: tendrá el nombre del humorista gráfico más que-
rido por niños y adolescentes, quienes crecieron
z Proximidade da escrita com a língua portu- leyendo a Mafalda, su inigualable creación.
guesa: apesar de existirem gramáticas diferentes, Pablo Iglesias Cortina, preceptor de la escuela y
temos a mesma origem linguística, o que torna a quien lideró el proceso de selección del nombre,
leitura mais simples pela proximidade da escrita. agregó: “Quino dijo en una entrevista hace algunos
Mesmo com os heterossemânticos que veremos a años, cuando los libros de Mafalda llegaron a todas
seguir, é possível entender o significado de uma las escuelas del país, que todo lo que hacía lo había
proposição em espanhol sem necessariamente aprendido de sus maestras. Para nosotros eso fue
dominar a língua; como reivindicar lo poderosa que es la educación.”
z Mesma estrutura organizacional: tanto a língua Fonte: https://www.quino.com.ar/post/la-primera-escuela-
espanhola quanto a língua portuguesa seguem o argentina-con-el-nombre-quino
padrão de estrutura oracional sujeito + verbo +
complemento. Isso é muito importante para com- Tirinhas/histórias em quadrinhos
preender os enunciados.
Os personagens mais comuns em tirinhas em espa-
Agora que você já escolheu o idioma para a sua nhol são Mafalda e Gaturro.
prova, os aspectos a seguir requerem sua atenção Exemplo:
para realizar uma boa prova.
!
Cuando sea ?
Te llevan presa,
ESTRUTURA DAS QUESTÕES grande quiero !
por salir a la calle
tener muchos Y yo
vestidos ! mucha. sin cultura ?
As questões de espanhol são baseadas em textos Cultura!
100% escritos em espanhol. Porém, o enunciado e as No
questões estão escritos em português.
São apenas 5 questões do idioma, mas, como elas
têm pesos distintos, isso pode fazer a diferença na sua
nota final, então, não negligencie essa parte e dê a
devida atenção para essas perguntas.
Ao ler a questão, observe todos os aspectos relaciona-
dos a ela e ao texto: o título do texto, as imagens/figuras
relacionadas, a fonte do texto, nome do autor e local onde ! Es muy triste tener
foi publicado originalmente. Isso pode te dar um “norte” Proba salir, sin que pegarle a alguien
vestido”!... que tiene razon
quanto ao gênero. Se foi em um site de notícias, provavel-
mente é uma notícia ou reportagem, por exemplo.

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

A prova de idiomas é baseada na interpretação de


LÍNGUA ESPANHOLA

diferentes tipos textuais: tirinhas, poemas, letras de


música, anúncios publicitários, textos jornalísticos em
prosa etc. E, para realizar uma boa interpretação, é
necessário praticar a leitura.
A seguir, destacaremos alguns destes tipos textuais Anúncios Publicitários
como exemplos:
Os anúncios parecem fáceis por terem menos
Notícias textos, no entanto, muitas vezes é necessário ter um
conhecimento básico para entender essas poucas
As notícias aparecem com temas diversos, desde palavras. Sem esse conhecimento, o anúncio não faz
assuntos mais sérios até temas de entretenimento sentido para o leitor.
como filmes e séries. Exemplo: 99
Lo observa detenidamente hasta que su otro yo
abrió los ojos,- no te asustes le dijo – mientras Gerar-
do trataba de mantenerse en pie. Gerardo intentó
expulsarlo de su cuarto pero su otro yo no le daba
importancia, diciéndole, cuando te calmes conver-
samos, en un tono normal como quien informa las
horas, y prosiguió. Este acá eres tú también, no te
das cuenta imbécil, o piensas que un ladrón ocupa-
ría tu rostro, tu cuerpo por acaso…Quieres que te lo
explique, te lo puedo explicar todo si lo deseas.
Gerardo respiró hondo y dejó salir un sí seco y sin
aire. Su otro yo le dijo – siéntate, es fácil de enten-
derlo, no me llevará más que un par de minutos
explicártelo. Así Gerardo lo hizo, se sentó, puso las
manos sudadas en las rodillas, tal vez para poder
secarlas con más facilidad mientras lo escuchaba.
Fonte: https://www.idemespanhol.com.br/blog-titulo-03/

Você pode encontrar mais exemplos em sites que


têm textos de diferentes gêneros em espanhol, segue
uma lista de alguns deles:

Fonte:https://www.informabtl.com/las-estrategias-de-contenido-
z Sites de notícias: Jornal El País, Folha de São Pau-
de-pepsi-y-coca-cola-en-redes-sociales/ lo, UOL internacional ES, El Clarin;
z Sites de tirinhas/histórias em quadrinhos/char-
Neste exemplo, o leitor precisa entender que ge: Mafalda Oficial e Quino;
“lunes” é segunda-feira. E o sentido do anúncio é: se z Site de literatura: Instituto Cervantes Virtual.
a segunda te ataca e vem forte, Pepsi pode te ajudar e
contra-atacar, fazendo alusão ao filme “Star Wars: O Além desses sites, você pode procurar conhecer
Império contra-ataca”, por isso o capacete do persona- mais a obra de autores clássicos da língua espanho-
gem Darth Vader na latinha. la, já que muitas vezes os textos deles estão na prova.
Alguns deles são: Gabriel García Márquez, Julio Cortá-
Contos/ Fábulas zar, Miguel de Cervantes e Jorge Luis Borges.

Os contos e fábulas são textos narrativos mais cur-


tos, às vezes há a presença de diálogos e outras não. Se liga!
Exemplo: Durante a leitura, não tente compreender o sig-
nificado de cada palavra ou traduzir palavra por
Su Otro Yo palavra, mas se esforce para entender o que o
enunciado (frase/oração) pretende dizer, no
A la misma hora todos los días como un ritual reli- geral. Foque na informação e não nas palavras
gioso Gerardo se levantaba a las 07.00h. para ir al
isoladamente. Praticar a leitura e fazer provas
trabajo, sin embargo, ese lunes fue el más diferente
de todos. anteriores nunca será demais quando se trata
Así que se levantó se puso los anteojos y presintió do ENEM.
algo extraño, sin conseguir identificar lo qué. Por el
cuerpo le recorría una sensación extraña, mezcla
de miedo, ansiedad y curiosidad. Se sentía sin aire ASPECTOS GRAMATICAIS
buscando en si la respuesta que no tenía pregunta.
Al mirar hacia atrás un frio le congeló su pecho y É difícil se tornar fluente em uma língua ou conhe-
sus ojos. Los cerró y los volvió a abrir bruscamente cer toda a sua estrutura gramatical em pouco tempo,
mientras se veía en su cama a si mismo. no entanto, há algumas classes gramaticais que reque-
Una extraña sensación, poder describir su reac- rem mais atenção e que podemos aprender tranquila-
ción, verse a si mismo de forma real e incrédula. Su mente até a data da prova. São elas:
alma estática le temblaba en ese momento, Gerar-
do se transformó en una figura inmóvil por fuera, Artigos
hasta que su otro yo (llamémosle así) abre los ojos,
lo mira como no sorprendiéndose por lo ocurrido Assim como a língua portuguesa, a língua espa-
y le dice: nhola tem artigos definidos e indefinidos, que acom-
– Buen día, no tengo ganas de ir a trabajar hoy, me panham os substantivos.
quedo, mientras Gerardo se entregaba a las baldo-
sas de su cuarto por completo. Al recobrar en si,
z Definidos: são usados quando queremos dar a
Gerardo piensa que todo ha sido un sueño, una hor-
rible pesadilla, pero no, es real. Su otro yo sigue en ideia de definição ou especificidade.
la cama durmiendo, ocupando su lugar.
Gerardo se acerca, y comprueba que es él, que Os artigos definidos são: el/ los (masculino) – la/
extraño verse a uno mismo, ver detalles que nunca las (feminino) – lo (neutro).
se había percibido o permitido observar. Bien con-
fuso intenta descifrar lo que está ocurriendo ya que Exemplo: El hombre está en casa. (O homem está
100 ahora sabe que es real. em casa.)
z Indefinidos: usados para expressar generalidade, Exemplo: Trabajas mucho. (Você trabalha muito.)
passa a ideia de “qualquer um”.
Observe que na frase acima, o advérbio mucho modi-
Os artigos indefinidos são: un/ unos (masculino) – fica o verbo trabajar (trabalhar) adicionando a ele um
una/ unas (feminino). sentido de intensidade.
A frase de exemplo não só expressa que Pablo tem
Exemplo: Una mujer me ha llamado. (Uma mulher
trabalho, mas sim que ele tem muito trabalho.
me ligou.)
z Classificação dos advérbios:
Pronomes pessoais

Os pronomes pessoais são usados para substituir „ Tempo: hoy (hoje), ayer (ontem), siempre (sem-
os substantivos e funcionam como pessoas do discur- pre), nunca, anoche (ontem à noite), mañana
so. É importante saber, pois nem todos são parecidos (manhã ou amanhã), después (depois), antes
com o português, e essa diferença pode causar dificul- (antes), tras (depois de).
dade de compreensão. „ Lugar: lejos (longe), cerca (perto), aqui, allí/ allá
(ali), ahí (aí), detrás (atrás), arriba (acima).
ESPANHOL PORTUGUÊS „ Modo: bien (bem), mal (mal), mejor (melhor),
yo eu peor (pior), así (assim).
tú tu „ Afirmação: sí (sim), certamente (certamente),
él ele seguramente (seguramente),
„ Negação: no (não), jamás (jamais).
ella ela
„ Dúvida: tal vez (talvez), probablemente (prova-
nosotros (as) nós velmente), posiblemente (possivelmente).
vosotros (as) vós „ Intensidade: mucho, muy (muito), poco (pouco).
ellos eles
Ainda a respeito do assunto “advérbios”, podemos
ellas elas
destacar a diferença de muy e mucho, já que, na lín-
lo o gua portuguesa, temos apenas uma palavra (muito)
la a para todas as situações.
los os
Muy é usado diante de adjetivos e advérbios. Ex.:
las as
Esta prueba fue muy fácil. (Esta prova foi muito
le lhe (a ele)
fácil)
le lhe (a ela)
les lhes Mucho é usado antes de substantivos e antes ou
depois de verbos e indica quantidade. Exs.:
Conjunções Ella trabajó mucho. (Ela trabalhou muito.)
He comprado muchos panes. (Comprei muitos pães)
As conjunções conectam palavras e orações. Algu-
mas conjunções são bem parecidas, mas outras têm z Análise do uso de conjunções e advérbios: con-
sentidos completamente diferentes do que apresen- junções e advérbios são essenciais na construção
tam em português. de um texto. As diferenças que vimos anteriormen-
As principais conjunções são: te podem ser um problema, mas quando temos
conhecimento, elas se tornam uma vantagem em
z y (e) relação à compreensão textual.
z o (ou)
z además (ademais, além de) A seguir, veremos um texto utilizado no ENEM em
z pues (pois) 2018, que exemplifica o uso de algumas conjunções e
z pero (porém)
advérbios na prática:
z aún (ainda)
z aunque (ainda que/mesmo que)
El carpintero
LÍNGUA ESPANHOLA

z sin embargo (entretanto)


z sino (a não ser)
z ni (nem) Orlando Goicoechea reconoce las maderas por el
z pese a que (apesar de que) olor, de qué árboles vienen, qué edad tienen, y olién-
z sí (se) dolas sabe si fueron cortadas a tiempo o a destiem-
po y les adivina los posibles contratiempos. Al cabo
Advérbios de tantos años de trabajo, Orlando se ha dado el
lujo de comprarse un video, y ve una película tras
Os advérbios são palavras invariáveis utilizadas otra. No sabía que eras loco por cine le dice el veci-
para modificar os sentidos dos verbos, dos adjeti- no. Y Orlando le explica que no, que a él ni le va
vos ou de outros advérbios. Eles podem indicar afir-
mação, negação, dúvida, lugar, modo, intensidade, ni le viene, pero gracias al video puede detener las
ordem e tempo. películas para estudiar los muebles. 101
Tradução: Os verbos são classificados em:

O Carpinteiro z Regulares: mantem o mesmo radical quando


conjugados.
Orlando Goicoechea reconhece as madeiras pelo
cheiro, de que árvores vem, que idade tem, e chei- Exemplo: amar. Yo amo, tu amas, él ama, nosotros
rando-as sabe se foram cortadas há muito tempo amamos, vosotros amáis, ellos aman.
e adivinha seus possíveis problemas/contratempos.
Depois de tantos anos de trabalho, Orlando se deu z Irregulares: há mudança no radical a depender
ao luxo de comprar um aparelho de vídeo e vê um da conjugação.
filme após o outro. Não sabia que era louco por
cinema, lhe disse o vizinho. E Orlando lhe explica Exemplo: hacer (fazer). Yo hago, tu haces, él hace,
que não, que para ele tanto faz, mas que graças aos nosotros hacemos, vosotros haceis, ellos hacen.
vídeos, consegue estudar sobre os móveis. A tabela a seguir mostra a diferença entre a conju-
gação dos dois verbos anteriores, em 3 tempos verbais.
Algumas expressões nos chamam atenção neste
trecho, além das conjunções e dos advérbios, pode- PRESENTE
PESSOAS DO DISCURSO
(DO INDICATIVO)
mos destacar:
AMAR HACER
z “se ha dado el lujo”: se deu ao luxo; Yo amo hago
z “que a él ni le va ni le viene”: para ele tanto faz; Tu amas haces
z “al cabo de”: por causa de/ depois de. Él/ella/usted ama hace
Nostros amamos hacemos
Verbos
Vosotros amáis hacéis
No geral, a conjugação dos verbos em português é Ellos/ellas/ustedes aman hacen
parecida com o Espanhol. Entretanto, alguns verbos
têm grafia bem diferente. Seguem alguns verbos tra- PRETÉRITO PERFEITO
PESSOAS DO
duzidos para o espanhol. SIMPLES
DISCURSO
(DO INDICATIVO)
PORTUGUÊS ESPAÑOL AMAR HACER
Falar Hablar
Yo amé hice
Escrever Escribir
Tu amaste hiciste
Dizer Decir
Assinar Firmar Él/ella/usted amó hizo
Fazer um acordo Acordar Nostros amamos hicimos
Datar Fechar
Vosotros améis hicisteis
Acordar Despertarse/Levantarse
Tomar café da manhã Desayunar Ellos/ellas/ustedes amarón hicieron
Jantar Cenar
Ter Tener PESSOAS DO FUTURO
Fazer Hacer DISCURSO (DO INDICATIVO)
Haver Haber AMAR HACER
Ler Leer
Yo amaré haré
Conversar Charlar
Tu amarás harás
Ficar Quedarse
Decolar Despegar Él/ella/usted amará hará
Ajudar Ayudar Nostros amaremos haremos
Trabalhar Trabajar
Vosotros amaréis haréis
Por Poner
Descer Bajar Ellos/ellas/ustedes amarán harán

Alugar Alquillar
Chamar / ligar (telefone) Llamar Nas tabelas comparativa, é possível observar que
Tentar Intentar enquanto o radical de amar “am” permanece o mes-
mo em todos os tempos verbais mencionados, o radi-
Conhecer Conocer
cal de hacer, que originalmente é “hac”, muda para
102 Vir Venir “hag”, “hic” e “hiz” a depender do tempo verbal.
Os principais verbos irregulares em espanhol são: Pretérito mais-que-perfeito composto: Yo había
estudiado. (Eu havia estudado.)
„ Caber (caber) Futuro perfeito composto: Ya habré estudiado. (Já
„ Agradecer (agradecer) terei estudado.)
„ Caer (cair) Condicional composto: Yo habría estudiado. (Eu
„ Decir (dizer) haveria estudado.)
„ Dormir (dormir)
„ Salir (sair) „ Subjuntivo: esse modo expressa ações possí-
„ Conducir (dirigir) veis de desejo, dúvida, suposição, ou seja, ações
não concretas ou não reais.
z Reflexivos: expressam uma ação praticada e
recebida pelo sujeito. Conjugam-se com os prono- Os tempos do modo subjuntivo são:
mes reflexivos me, te, se, nos, os, se. No infinitivo
aparecem sempre acompanhados do pronome se. Presente: Que yo estudie. (Que eu estude.)
Pretérito Imperfeito: Yo estudiara. (Eu estudara.)
Exemplo: despertarse, levantarse. Pretérito Perfecto Compuesto: Es mejor que yo
haya estudiado. (É melhor que eu tenha estudado.)
z Formas Nominais: além dessas classificações, há Pretérito Pluscuamperfecto Compuesto: Si yo
também as formas nominais dos verbos. Elas são hubiera estudiado, sería mejor. (Se eu tivesse estuda-
denominadas assim porque não apresentam fle- do, seria melhor.)
xão de número, modo ou pessoa. São elas:
„ Imperativo: expressa ordem, desejo, conselho.
„ Infinitivo: Expressa o significado do verbo. Não é conjugado em tempos, mas possui duas
Terminado em ar, er e ir. formas: afirmativo e negativo.

Exemplo: Estudiar es muy importante. (Estudar é Afirmativo: Estaciona acá. (Estacione aqui.)
muito importante) Negativo: No estaciones acá. (Não estacione aqui.)

„ Gerúndio: É o advérbio verbal e se caracteriza VOCABULÁRIO


por expressar sempre ação anterior ou simultâ-
nea. Terminado em ndo.
Para compreender melhor os textos, é necessário
um conhecimento mínimo a respeito do vocabulário,
Exemplo: Estaba caminando. (Estava caminhando.)
a seguir, trataremos de alguns pontos de vocabulário.
„ Particípio: Junto com o auxiliar haber, forma
Dias da semana
os tempos compostos das conjunções. Funcio-
na também como adjetivo quando modifica um
Destacamos esse ponto pela diferença que há entre
substantivo.
os dias em português e em espanhol.
Exemplo: He comprado una alfombra. (Comprei
um tapete) PORTUGUÊS ESPANHOL
El café fue hervido. (O café foi fervido.) Domingo Domingo

z Modos Verbais Segunda-feira Lunes

A partir dos modos verbais, há a conjugação dos Terça-feira Martes


verbos dentro dos tempos verbais e de acordo com a Quarta-feira Miércoles
desinência de número e pessoa. Confira:
Quinta-feira Jueves
„ Indicativo: expressa ações reais, concretas,
Sexta-feira Viernes
objetivas e efetivas.
Sábado Sábado
Exemplo: Trabajo en casa. (Trabalho em casa)

Os tempos do modo indicativo são: Não destacamos com tanta importância os meses
LÍNGUA ESPANHOLA

do ano, porque sua escrita é parecida ao português e


Presente: Yo estudio mucho. (Eu estudo muito.) de fácil tradução, são eles: Enero, febrero, marzo, abril,
Pretérito imperfeito: Yo estudiaba mucho. (Eu mayo, junio, julio, agosto, septiembre, octubre, noviem-
estudava muito). bre e diciembre.
Pretérito indefinido: Yo estudié mucho. (Eu estu-
dei muito.) Heterossemânticos
Futuro imperfeito: Yo estudiaré mucho. (Eu estu-
darei muito.) São palavras que têm escrita semelhante ou igual a
Condicional imperfeito: Yo estudiaria mucho. (Eu outras palavras em português, portanto, parecem a tra-
estudaria muito.) dução dessas palavras, mas na verdade seu significado
Pretérito Perfeito composto: Yo he estudiado em é diferente. São chamadas também de falsos cognatos
casa. (Eu estudei em casa.) ou falsos amigos. A seguir, algumas dessas palavras: 103
z Acreditar z Apellido

Parece: acreditar Parece: apelido


Significado: creditar valor Significado: sobrenome

z Berro z Presunto

Parece: berrar, gritar Parece: presunto


Significado: agrião Significado: suposto

z Borracha z Propina

Parece: borracha Parece: propina


Significado: bêbada Significado: gorjeta

z Chulo z Concertar

Parece: chulo, algo ruim Parece: consertar


Significado: elegante, bonito Significado: combinar

z Conozco z Rico

Parece: conosco Parece: rico


Significado: conheço Significado: encantador

z Crianza z Sino

Parece: criança Parece: sino


Significado: criação Significado: se não (conjunção)

z Desperto z Pelado

Parece: acordado Parece: nu


Significado: esperto Significado: careca

z Embarazada z Latir

Parece: embaraçada, envergonhada Parece: latir, latido de cachorro


Significado: grávida Significado: bater do coração

z Fecha z Dirección

Parece: fechar Parece: direção


Significado: data Significado: endereço

z Frente z Cueca

Parece: frente Parece: cueca


Significado: testa Significado: dança chilena

z Novela z Largo

Parece: novela Parece: largo


Significado: romance/ livro Significado: comprido

z Pelo z Paladar

Parece: pelo Parece: paladar


Significado: cabelo Significado: céu da boca

z Polvo z Taza

Parece: polvo (animal) Parece: taça


104 Significado: pó Significado: xícara
z Vaso

Parece: vaso
Significado: copo

z Vacío

Parece: vazio
Significado: vago

Não há como destacar todo o vocabulário de diferen-


tes temáticas como saúde, alimentação, economia, polí-
tica, medicina, dentre outros, por serem muito extensos,
e quase “impossíveis” de serem decorados. No entanto,
quanto mais você buscar leituras em espanhol de dife-
rentes temas e gêneros textuais, mais vocabulário você
vai acumular e mais fácil se tornará a prova.

ANOTAÇÕES

LÍNGUA ESPANHOLA

105
106
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Quando nos deparamos com um texto na língua


inglesa, para que possamos realizar não apenas a lei-
tura, mas uma interpretação significativa e coerente, é
LÍNGUA INGLESA necessário identificar elementos chave no decorrer da
leitura que, de algum modo, sintetizam as informações
cruciais para a compreensão do texto. Estes elementos
especiais podem ser encontrados em aspectos grama-
ticais do texto, mas podem também ser captados por
POR QUE ESTUDAR LÍNGUA INGLESA? meio do contexto presente na narrativa textual. Ele-
mentos como o tipo de linguagem (formal, informal,
Ao decidir pela Língua Inglesa para fazer a prova técnica etc.) e o vocabulário presente, além de outros
de língua estrangeira do ENEM, você opta por um idio- pontos estratégicos, podem ser identificados para a
ma com regras gramaticais simples e de compreensão interpretação adequada de um texto em uma questão.
lógica. Esta escolha é vantajosa para quem já tem uma A fim de que se possa entender o sentido do texto,
ideia básica da língua. antes de uma leitura direta, uma técnica simples deve
Caso você ainda não tenha decidido, observe algu- ser realizada: um escaneamento inicial do texto à pro-
mas vantagens em optar por esse idioma na prova de cura de palavras-chave e dados relevantes. O propósito
língua estrangeira do ENEM: pode ser relatar um fato, contar novidades, listar ou enu-
merar itens, reportar um crime, expor uma opinião etc.,
z Gramática simplificada: diferentemente da língua que deverá ser observado no decorrer deste escanea-
portuguesa ou espanhola, a língua inglesa possui mento inicial. Alguns marcadores como nomes, datas,
menor número de tempos verbais, o que simplifica locais, dados, estatísticas, números em geral e pronomes
o uso gramatical da língua por completo e, apesar de tratamento podem servir como indicativos do propó-
de não seguir a estrutura organizacional semelhan- sito do texto a partir da percepção do conteúdo presente
e do teor da mensagem encontrada no texto.
te à de nosso idioma nativo (sujeito + verbo + com-
Assim que este primeiro passo é dado, uma lei-
plemento), ela apresenta modificações estruturais
tura corrente se torna mais fácil e a busca pelo sen-
mínimas na relação entre pronomes e verbos;
tido completo do texto, mais coerente. O sentido do
z Estruturação linguística lógica: ainda que a lín- texto diz respeito à ideia ou mensagem que o autor
gua inglesa seja visivelmente diferente do nosso do texto pretende passar, e só é possível identificar
português, a estrutura deste idioma se dá de forma esta mensagem a partir do conhecimento de palavras,
lógica, há padrões e regras muito bem definidas que expressões, contextos, aspectos culturais e sociais,
auxiliam a compreensão do idioma de modo quase entre outros elementos que circundam a língua ingle-
que matemático, e diferentemente da língua inglesa sa e conhecimento de mundo, elemento de extrema
ou espanhola, possui mais regras que exceções. importância para a realização da prova do ENEM. A
prova de idiomas se baseia primordialmente na inter-
Agora que você se decidiu, observe atentamente os pretação de diferentes gêneros textuais e, para rea-
tópicos a seguir sobre a Língua Inglesa, os quais irão auxi- lizar uma boa interpretação, é necessário praticar a
liar seus estudos para a realização de uma boa prova. leitura neste idioma com certa frequência.
Note a seguir alguns exemplos de gêneros textuais
ESTRUTURA DAS QUESTÕES e suas principais características em breves descrições:

A grande maioria das questões de língua inglesa Notícias


na prova do ENEM são baseadas em excertos de textos
de livros, artigos e matérias jornalísticas, quadrinhos, Reportagens jornalísticas costumam apresentar
charges, tirinhas, entre outros elementos textuais, temas diversos, entretanto se destacam por apresen-
escritos 100% em inglês. Seus enunciados, porém, são tarem assuntos relevantes à sociedade de modo geral.
escritos em português, o que pode auxiliar na com- Exemplo:
preensão do cerne da questão.
Scientists say cure for baldness could be close
São 5 questões de pesos diferentes referentes à lín-
gua estrangeira na prova, sendo possível que sua nota
“Help may soon be at hand for those who are losing
final sofra alterações de acordo com os seus erros e or have lost their hair. A team of Japanese scientists
acertos, sendo assim é imprescindível estar atento à has discovered stem cells that are vital in the hair
proposta de cada questão. regeneration process. This is promising news for
Observar todos os elementos que se relacionam com the millions of people worldwide who suffer from
LÍNGUA INGLESA

o próprio texto é primordial: os itens adjacentes, como baldness.


o enunciado, imagens/figuras que acompanham o tex- A cure has eluded scientists for decades, despite
to, datas, local, referências bibliográficas, a fonte do extensive research and significant investment in
texto, o nome do autor ou do veículo de comunicação, research. The scientists are now embarking on clin-
ical research and laboratory trials. They hope to
entre outros aspectos. Ao analisar atentamente estas
adapt the stem cells to finally create a therapy for
informações, durante o processo de captação de dados,
hair loss. Baldness predominantly affects men. By
pode-se notar indícios que facilitarão a identificação de the age of 35, around two-thirds of men will experi-
seu gênero textual (artigo, crônica, reportagem etc.), ence some degree of hair loss. By the age of 50, up
público-alvo, faixa etária e contexto, elementos centrais to 85 per cent will experience significantly thinning
quando estamos tratando de interpretação textual. hair. 107
The scientists took fur cells from mice and cultured Contos/ Fábulas
them in the lab. They observed that hair growth
was a cyclical process within the follicle. They ana- Estes textos narrativos, conhecidos em inglês como
lysed the stem cells and used 220 combinations of “short stories”, são de tamanho enxuto e contam histó-
chemicals to make the hair regrow naturally. rias que por vezes possuem diálogos e elementos liga-
Lead scientist Takashi Tsuji said: “Our culture sys-
dos à cultura de uma sociedade, levando sempre algum
tem establishes a method for cyclical regeneration
of hair follicles from hair follicle stem cells and will tipo de reflexão à mente a partir de sua conclusão.
help make hair follicle regeneration therapy a reali-
ty in the near future.” He added: “Losing hair is not Exemplo:
life-threatening, but it adversely affects the quali-
ty of life.” Sam Baker, a 52-year-old bank worker, The Swan and the Owl
hopes the therapy works. He said: “Having a full
head of hair again will make me look ten years Once upon a time, there lived a Swan near a lake
younger”. in a forest. One night, an Owl saw the Swan gliding
Fonte: https://www.japantimes.co.jp/news/2021/02/14 on the lake in the moonlight. He praised the Swan
/national/hair-loss-researchers/ and soon, the two became friends. They met near
the lake for many days.
Tirinhas/histórias em quadrinhos The Owl soon got bored of the place and told the
Swan, “I am going back to my forest. You are wel-
Os famosos personagens de tirinhas em inglês, come to visit me whenever you want to.” One day,
como Calvin and Hobbes, Archie e Peanuts (Charlie the Swan decided to visit the Owl. It was daylight
Brown), são conhecidos no mundo todo. As tirinhas when the Swan reached the Owl’s home. She could
apresentam uma linguagem leve, engraçada e cômica, not find him, as he was hiding in the dark hole of a
mas podem também expor mazelas sociais/culturais tree. The Owl told the Swan, “Please rest till the sun
por meio de críticas sutis. Exemplo. sets. I can come out only at night.”
Early next morning, some people were passing by. On
Look! I If people could
hearing them, the Owl hooted. The people thought it
caught a put rainbows
butterfly! in zoos, they’d was not a good sign to hear an Owl hoot. So, one of
do it.
them wanted to shoot the Owl. The Owl flew away
and hid in a hole near the lake. The poor Swan did
not move. The arrow hit the Swan and she died.
Never leave your friends in difficulty.”

Fonte: https://shortstoriesshort.com/story/the-swan-and-the-owl/

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Além dos gêneros mencionados anteriormente, é
possível encontrar diversas outras informações onli-
Este gênero textual deve ser lido com muita cau-
tela, pois a imagem apresentada “conversa” com a ne sobre gêneros textuais em inglês para que seu estu-
informação escrita da propaganda: não é apenas uma do se aprofunde ainda mais. Confira a seguir uma lista
simples leitura, pois necessita que o leitor possua útil para estudo posterior:
repertório e conhecimento geral para realizar a inter-
pretação de uma simples peça publicitária, além do z Sites de notícias: BBC News, The New York Times,
conhecimento do idioma por si só. Daily Mail, The Sunday Times;
z Sites de tirinhas/histórias em quadrinhos/char-
Exemplo: ge: Archie Comics, Peanuts, Go Comics;
z Site de literatura: Literature.org.

Além desses sites, o estudo da obra de alguns famo-


sos escritos da língua inglesa é imprescindível para
aprofundar seus conhecimentos. Autores clássicos da
língua inglesa como: William Shakespeare, Oscar Wil-
de, Charles Dickens, Jane Austen, entre outros, agre-
gam muito ao conhecimento da língua em si, além de
trazer referências culturais perpetuadas desde a época
da escrita de suas obras.
Diante de um extenso texto, um dos mais comuns
erros cometidos pelos estudantes é buscar entender
cada palavra presente no decorrer da leitura. Caso
você não seja proficiente neste idioma, é inútil concen-
trar todos os seus esforços em traduzir letra por letra
o que se lê. De fato, é muito mais produtivo entender
o seu contexto geral, o sentido do enunciado e dados
isolados que complementem a compreensão de um
sentido global do texto. Além disso, exercitar a leitura
com constância e exercitar a mente com questões de
edições anteriores da prova do ENEM podem ser alia-
108 dos nos estudos para esta prova tão importante.
ASPECTOS GRAMATICAIS
They decided to invite her.
HER Lhe, a, a ela
Eles decidiram convidá-la.
A proficiência em um idioma só pode ser obtida a
partir do conhecimento teórico e prático de sua estru- Lhe, o, a, a He fed it its food.
IT ele, a ela Eles o alimentaram com sua
tura gramatical. Este processo, no entanto, é extenso e
(neutro) comida
pode durar anos de estudo. O processo de se estudar
para realizar uma prova, por outro lado, requer um Would they fire us?
US Nós
estudo prático e rápido dos elementos principais da Eles nos demitiriam?
língua, tais como vocabulário básico e algumas classes Vós, lhes, a I’ll give you a discount.
YOU
gramaticais e suas estruturas. São eles: vocês Eu lhes darei um desconto.
Please, let them now.
Pronomes THEM Lhes, os, as
Por favor, avise-os.

Os pronomes são palavras que podem substituir


em orações o nome próprio de um lugar, uma pessoa, z Pronomes possesivos
um objeto, um animal etc. Quanto aos pronomes na
língua inglesa, temos algumas classificações específi- Os pronomes possessivos, também conhecidos
cas para cada grupo. Confira a seguir: como pronomes substantivos expressam pertenci-
mento de algo a alguém. No caso da língua inglesa,
z Pronomes pessoais: São eles as palavras que existem dois grupos de possessivos, os possessive
indicam pessoas, lugares, objetos, animais, entre adjectives e os possessive pronouns. Trataremos dos
outros.
adjetivos possessivos adiante neste material, vejamos,
por hora, o caso dos pronomes possessivos, cuja fun-
Dentro deste grupo existem dois casos: subject pro-
nouns, que agem como sujeitos nas orações, os que ção é substituir o nome próprio ao final da oração,
realizam a ação; e object pronouns, os que são objetos como objeto da oração, sem qualquer flexão de núme-
da ação ou “sofrem” a ação na oração. Observe seu ro ou grau. Confira:
uso e exemplos:
Meu, minha, These socks are mine.
MINE
„ Subject Pronouns meus, minhas Estas meias são minhas.
Teu, tua, seu, Is this book yours?
I would love to visit your family. YOURS
I Eu sua Este livro é seu?
Eu adoraria visitar tua família.
That enormous mansion is
You never call your relatives. his.
YOU Você, tu Você nunca liga para seus HIS Dele
Aquela mansão enorme é
parentes. dele.
He should be more careful. All those white clothes are
HE Ele
Ele deve ser mais cuidadoso. hers.
HERS Dela
She goes scuba-diving every year. Todas aquelas roupas
SHE Ela brancas são dela.
Ela faz mergulho todo ano.
Ele, ela It’s going to be an amazing year. This rubber bone is its.
IT Dele, dela
(neutro) Vai ser um ano incrível. ITS Este osso de borracha é
(neutro)
dele.
We were really tired after the game.
WE Nós Nós estávamos muito cansados Keep your hands off of it,
depois do jogo. OURS Nosso, nossa it’s ours!
Tire suas mãos daí, é nosso!
You could come to NY one day.
YOU Vocês, vós Vocês poderiam vir a Nova Ior- Vosso, vossa, Are these records yours?
YOURS
que um dia. seu, sua Estes discos são seus?
They decided to stay home for None of the reports are theirs.
Christmas. THEIRS Deles, delas Nenhum dos relatórios são
THEY Eles, elas deles.
Eles decidiram ficar em casa no
Natal.
É comum ao falante de língua portuguesa se con-
LÍNGUA INGLESA

„ Object Pronouns fundir e utilizar o pronome possessivo your (seu,


sua) para se referir aos sujeitos da primeira pessoa
This car belongs to me. do singular he, she e it, pois em português é possí-
ME Me, mim
Este carro pertence a mim.
vel a construção de uma oração como “ela ama seus
Lhe, o, a, te, Would she go with you? pais”, considerando que seus é pronome possessivo
YOU
ti, a você Ela iria com você?
referente ao sujeito ela; estaria errada, no entanto, a
We should call him tomorrow. tradução pé da letra “she loves your parents”, pois o
HIM Lhe, o, a ele Nós deveríamos o telefonar pronome possessivo your se refere ao sujeito You, o
amanhã.
correto, então, seria “she loves her parents” 109
z Pronomes reflexivos Os pronomes relativos são usados para indicar rela-
ção entre partes da oração, são eles: that (que), which
Estes pronomes são utilizados para concordar com (o qual, a qual, que), whose (cujo, cuja, de quem), who
o sujeito inicial da oração, eles sempre aparecem logo (que, quem), whom (a quem). Veja alguns exemplos:
após o verbo. Vale ressaltar que os pronomes reflexi-
vos são usados apenas um grupo específico de verbo z This is the bus which takes me home (Este é o
na língua inglesa, propriamente reflexivos. Confira a ônibus que me leva para a casa);
seguir alguns exemplos. z Is this the girl whose house was robbed? (Esta é a
garota cuja casa foi roubada?);
I check it myself. z He is the teacher who got arrested. (Ele é o profes-
A mim, a mim sor que foi preso);
MYSELF Eu chequei eu
mesmo, -me z The man whom you called is my husband. (O
mesmo.
Don’t blame homem a quem você ligou é meu marido);
A ti, a você mes-
YOURSELF yourself. z I never knew that sang. (Eu nunca soube que você
mo, -te, -se
Não se culpe. cantava).
He taught himself
how to play the Já os pronomes indefinidos são aqueles que acom-
A si, a si mesmo, guitar. panham o substantivo de maneira imprecisa, ou seja,
HIMSELF
-se Ele ensinou a si sem de fato identificar quem ou o que é o pronome
mesmo como to- por meio de algumas palavras específicas. Observe a
car o violão. tabela com alguns exemplos:
She promised her-
self she wouldn’t
Algum, alguma, Do you have any advice?
A si, a si mesma, go. ANY
HERSELF qualquer Você tem algum conselho?
-se Ela prometeu a si
mesma que não There should be some in-
iria. Algum, algu-
formation here.
SOME ma, alguns,
The machine did it Deve haver alguma infor-
algumas
A si, a si mesmo/a, itself. mação aqui,
ITSELF
-se A máquina o fez
por si mesma. They have many children.
MANY Muitos, muitas
Eles têm muitos filhos
We can start the
presentation Our neighbor makes much
ourselves. noise.
A nós, a nós mes- MUCH Muito, muita
OURSELVES Nós podemos Nosso vizinho faz muito
mos, -nos
começar a apre- barulho.
sentação nós
mesmos. She knows every single
You should take Todo, toda, room.
EVERY
A vós, a vocês care of yourselves. cada Ela conhece todos os
YOURSELVES quartos.
mesmos, -vos, -se Vocês devem cui-
dar de si mesmos.
They can help z Pronomes interrogativos
A si, a eles mes-
themselves.
THEMSELVES mos, a elas mes-
Eles mesmos po-
mas, -se Os pronomes interrogativos são elementos linguís-
dem se servir.
ticos usados em perguntas para as quais as respostas
são um nome. Observe a seguir a tabela:
z Pronomes demonstrativos, relativos e indefinidos
PRONOME RESPOSTA COM
PERGUNTA
Além destes pronomes, temos dois tipos especiais INTERROGATIVO NOME
de pronomes, os demonstrativos ou relativos e os inde- What city do you
I prefer London.
finidos. Os pronomes demonstrativos são usados para What (que, o que, prefer?
(Eu prefiro
indicar algo durante a oração, são eles: this (este, esta, qual, quais) (Que cidade você
Londres)
prefere?
isto), these (estes, estas), that (aquele, aquela, aquilo) e
Where have you I’ve been jogging
those (aqueles, aquelas). Veja alguns exemplos:
Where (onde, been? at the park. (Es-
aonde) (Onde você tive correndo no
z We really need this money! (Nós realmente precisa- esteve?) parque?)
mos deste dinheiro!); Who is that boy?
z They should see these flowers. (Eles deveriam ver He is my son.
Who (quem) (Quem é aquele
estas flores); (Ele é meu filho)
garoto?)
z Helen will show us that beautiful painting. (Helen When did you go I went there
vai nos mostrar aquela linda pintura); there? last week. (Eu
When (quando)
z How much for those pants? (Quanto custam aque- (Quando você foi fui lá semana
110 las calças?). lá?) passada)
A partir dos exemplos, é possível observar que no This store is for women only. (Esta loja é apenas
caso dos pronomes interrogativos a resposta é sempre para mulheres).
um nome, ainda que de modo oculto ou subentendido.
Os pronomes interrogativos jamais referem-se às cir- He has been working in that company for eleven
cunstâncias ou razões. years. (Ele trabalha naquela empresa há onze anos).

Preposições You’ve been in the bathroom for half an hour. (Você


está no banheiro há uma hora).
Bem como na língua portuguesa, as preposições
na língua inglesa são elementos linguísticos que agem z To: para; a.
como conectivos entre frases, de modo a conectá-las
de modo lógico e provido de sentido, baseado na rela- Exemplos:
ção que se pretende estabelecer entre uma oração e
outra. Confira a seguir as preposições mais comuns da His family is moving to Australia in a month. (A
língua inglesa: família dele vai se mudar para a Austrália em um
mês).
z In: dentro de; em; de; no; na.
Grandma is going to the store. (A vovó está indo à loja).
Exemplos:
She was born in July. (Ela nasceu em julho). We studied together from 2011 to 2016. (Nós estu-
Oliver lives in Romenia. (Oliver mora na Romênia). damos juntos de 2011 a 2016).

Her pencils are in her pencil case. (Os lápis dela We prefer drinking juice to drinking soda. (Preferi-
estão em seu estojo). mos beber suco a refrigerante).

Lucas is working in his bedroom. (Lucas está traba- Além destas preposições, existem diversas outras
lhando em seu quarto). que indicam lugar e lugar. Confira a seguir uma lista
com mais exemplos:
z At: à; às; em; na; no
PREPOSIÇÕES SIGNIFICADO
Exemplos:
Before Antes
Is this meeting at 5 pm? (Esta reunião é às 17h?).
After Depois
They live at 97 Broadway Street, California. (Eles During Durante
moram na Rua Broadway, número 97, na Califórnia). Since Desde
Until/till Até
He works at the National Bank. (Ele trabalha no
Banco Nacional). From Desde, da, das
Up to Até agora
Will you be waiting for us at the airport? (Você By Até
esperará por nós no aeroporto?).
Ago Atrás
z On: sobre a; em cima de; acima de; em; no; na. Past Antes (hora)
Under Debaixo
Exemplos: Above Acima
She was born on July 17th, 1992. (Ela nasceu em 17
de julho de 1992). In front Em frente à
Across Do outro lado
We have to work on the weekend. (Nós temos que Below Abaixo
trabalhar no fim de semana).
Along Ao longo de
Ron never goes jogging on Sundays. (Ron nunca faz Behind Atrás
cooper aos domingos). Beside Ao lado
Between Entre
Her pencils are on her desk. (Os lápis dela estão em
Among Entre
sua escrivaninha).
LÍNGUA INGLESA

By Ao lado de
Joseph is dancing on the stage. (Joseph está dançan- Far from Longe de
do no palco). Near Perto
Inside Dentro
z For: para; durante; por; há.
Outside Fora
Exemplos: Next to Próximo a/ao
Through Através
My wife uses our porch area for painting. (Minha
esposa usa nossa área da sacada para pintar). Toward Em direção a 111
Adjetivos Exemplo: Although she was tired, she went for a
walk.
Os adjetivos são palavras que caracterizam os Embora ela estivesse cansada, ela foi caminhar.
substantivos com o objetivo de expressar o estado, a
condição, a qualidade ou o defeito deles. Eles podem z Or: ou.
possuir diferentes usos dependendo do grau, podendo
estabelecer relações comparativas ou superlativas. Exemplo: Would you rather stay home or go to the
Curiosamente, em inglês não há variação quanto mall?
ao gênero (masculino e feminino) e número (singular Você prefere ficar em casa ou ir para o shopping?
e plural), como ocorre na língua portuguesa. Sendo
assim, a grande maioria dos adjetivos são usados para z However: porém, entretanto.
qualquer substantivo, seja ele no masculino ou no
feminino, no singular ou no plural. Os adjetivos sem- Exemplo: They were willing to start, the rain, how-
pre são apresentados antes do substantivo em inglês. ever, poured outside.
Veja a seguir alguns exemplos: Eles estavam dispostos a começar, a chuva, porém,
caía lá fora.
z lazy boys don’t help at home. (Aqueles meninos
preguiçosos não ajudam em casa). z Therefore: assim, portanto, por isso.
z Mary and John adopted three black dogs. (Mary e
John adotaram três cachorros pretos). Exemplo: Our class is over, therefore we can dis-
cuss it on Monday.
z Which brownie do you prefer: the small choco-
Nossa aula acabou, sendo assim podemos discutir
late-chip ones or the big chocolate ones? (Quais
isso na segunda-feira.
brownies você prefere: os pequenos de pepitas de
chocolate ou os grandes de chocolate?).
z Because: porque, pois.
Conjunções Exemplo: He didn’t text me because his phone was
broken.
Seja em inglês ou em português, as conjunções Ele não me mandou mensagem porque seu celular
são responsáveis por conectar a ideia de uma ora- estava quebrado.
ção a outra, estabelecendo relação entre elas, poden-
do acrescentar informações, contrapor ou explicar z If: se.
ideias. Veja a seguir a forma como uma conjunção é
capaz de unir ideias de orações separadas. Exemplo: I’ll only go if you come with me.
Eu só vou se você for comigo.
John was very frustrated. John got fired. (John esta-
va muito frustrado. John foi demitido). z Since: já que, desde.
John was very frustrated because he got fired. (John Exemplo: Since you’re going to the kitchen, could
estava muito frustrado porque ele foi demitido). you fetch me some water?
Já que você está indo à cozinha, você poderia me
A conjunção because conectou as orações de arranjar um pouco de água?
maneira natural, organizando as ideias sem que haja
quebra na narrativa da oração. Confira a seguir algu- Advérbios
mas das conjunções mais usadas da língua inglesa e
exemplos: Advérbios são palavras que mudam o sentido do
verbo. De acordo com o sentido que dão à oração,
z And: e. eles podem ser classificados em advérbios de tem-
po, modo, lugar, afirmação, negação, ordem, dúvida,
Exemplo: She went to the store and bought some intensidade, frequência e advérbios interrogativos.
fruits. Veja alguns dos principais advérbios da língua inglesa
Ela foi ao mercado e comprou algumas frutas. e seus exemplos:

z But: mas. z Advérbios de tempo: expressa o tempo em que a


ação é realizada.
Exemplo: He loved talking but he felt shy.
Ele amava conversar, mas ele se sentiu tímido. We’ll be with you Estaremos com vo-
SHORTLY
shortly. cês em breve.
z So: então, portanto. Put your coat on Coloque seu casa-
IMMEDIATELY
immediately. co imediatamente.
Exemplo: Mark was thirsty, so he stopped to drink The doctor will O médico estará
SOON
some water before running. be here soon. aqui em breve.
Mark estava com sede, então ele parou para beber Por que ela está
Why is she so
um pouco de água antes de correr. LATELY tão chateada
upset lately?
ultimamente?
112 z Although: embora. NOW Let’s go now. Vamos agora.
z Advérbios de modo: expressa o modo ou a manei- FIRST You said it first! Você disse primeiro!
ra como a ação é realizada.
And, secondly, I’m E, em segundo lugar,
He kissed me Ele me beijou SECONDLY really bad at ma- eu sou ruim em fazer
SLOWLY king friends. amigos.
slowly. vagarosamente.
Você preci- Thirdly, they didn’t Em terceiro lugar, eles
You need to lift it
CAREFULLY sa levantá-lo THIRDLY even understand nem mesmo enten-
carefully.
cuidadosamente. what I said. deram o que eu disse.
Eles alegremente
They gadly recei- Por último, eles to-
GLADLY receberam nosso Lastly, they played
ved our gift. LASTLY caram minha músi-
presente. my favorite song.
He plays the cello Ele toca o violonce- ca favorita.
BEAUTIFULLY
beautifully. lo lindamente.
I’ll try to finish it Tentarei terminar z Advérbios de dúvida: expressa dúvida ou ques-
QUICKLY
quickly. rapidamente.
tionamento quanto à ação.

z Advérbios de lugar: expressa o lugar em que a


ação é realizada. Maybe she doesn’t Talvez ela não
MAYBE
like cats. goste de gatos.
Did you see them Anna possibly speaks Anna possivel-
THERE Você os viu lá? POSSIBLY
there? Chinese. mente fala chinês.
Nós podemos ir a Perhaps I should be Talvez eu deva es-
We can go wherev- PERHAPS
WHEREVER qualquer lugar que studying math. tudar matemática.
er you want.
você quiser.
They probably had Eles provavelmente
The shoes were be- Os sapatos esta- PROBABLY
BEHIND too much to drink. beberam demais.
hind the door. vam atrás da porta
Ele não podia es-
He can’t be further
FURTHER tar mais longe da z Advérbios de intensidade: expressa a intensida-
from the truth.
verdade. de com a qual a ação é realizada.
There’s na excelen-
Há uma ótima pi-
NEAR te pizza place near Ela concorda vee-
zzaria perto daqui. She strongly agrees
here. STRONGLY mentemente com
with them.
eles.
z Advérbios de afirmação: expressa certeza com They barely talked Eles mal falaram
BARELY
relação à ação em questão. to me. comigo.
He knew exaclty Ele sabia exatamen-
She surely knows Ela certamente EXACTLY
SURELY what I wanted. te o que eu queroa.
how to dance. sabe dançar.
Meus pais me de-
My parents gave
They indeed hate Eles de fato te ram dinheiro quase
INDEED NEARLY me nearly enough
you. odeiam. o suficiente para eu
money to travel.
viajar.
John certamente
John certainly didn’t Eu não tenho com-
CERTAINLY não quis fazer QUITE I’m not quite sure.
mean no harm. pleta certeza.
mal algum.
As crianças
The kids evidently
EVIDENTLY evidentemente z Advérbios de frequência: expressa a frequência
love their parents.
amam seus pais.
em que uma ação é realizada.
He obviously loves Ele obviamente
OBVIOUSLY
you. te ama. RARELY He rarely calls. Ele raramente liga.
Mamãe nunca diz
Mom never says how
z Advérbios de negação: expressa negação quanto NEVER o quanto ela se
much she cares.
importa.
LÍNGUA INGLESA

a ação em questão.
Eu geralmente me
USUALLY I usually wake up at 7.
levanto às 7.
No, we can’t. Não, nós não
NO Ian often visits his Ian frequentemente
podemos. OFTEN
grandparents. visita seus avós.
He is not the Ele não é cara Ela é sempre tão
NOT ALWAYS She’s always so clever.
guy for you. para você. esperta.

z Advérbios de ordem: expressa a sequência ou a z Advérbios interrogativos: mudam de forma


ordem em que as ações na oração são realizadas. interrogativa a maneira como a ação é realizada. 113
WHEN When is she coming? Quando ela vem? To finish

Did you she where Você viu onde ela I (eu) finish
WHERE
she went? foi?
You (tu, você) finish
Quanto você ali-
How much do you
HOW menta o seu He/she/it (ele, ela) finishes
feed your dog?
cachorro?
We (nós) finish
Why didn’t they Por que eles não
WHY You (vós, vocês) finish
come? vieram?
They (Eles, elas) finish
TEMPOS VERBAIS
Em alguns casos, em verbos com terminações em
Simple present y precedidos por uma consoante, como em to study
(estudar), to fly (voar) e to cry (chorar).
O presente simples em inglês tem sua conjugação de
verbos dividida entre pronomes. Os pronomes da ter- To study
ceira pessoa do singular se enquadram em uma catego-
ria e os demais em outra. Apesar de suas conjugações I (eu) study
serem simples ao expressar ações no tempo presente,
You (tu, você) study
em alguns casos elas se diferenciam. O padrão de con-
jugação no presente simples se estabelece retirando o He/she/it (ele, ela) studies
“to” do verbo no infinitivo em todos os casos.
We (nós) study
Ex: to eat – comer // I eat bread (Eu como pão).
You (vós, vocês) study
Observe que o “to” foi removido para realizar a They (Eles, elas) study
conjugação de acordo com o pronome em questão, esta
regra se aplica a seguinte lista de pronomes (veja como
exemplo a conjugação do verbo citado anteriormente): Simple past

I (eu) Eat O passado simples é usado para expressar ações


realizadas e finalizadas no tempo passado. Para usá-
You (tu, você) Eat -lo é obrigatório o uso do verbo auxiliar “did”. Este
tempo verbal é também marcado pelo uso de verbos
He/she/it (ele, ela) Eats
regulares e irregulares.
We (nós) Eat Os verbos regulares no passado possuem uma ter-
minação padrão em “-ed” ou “-ied” (verbos termina-
You (vós, vocês) Eat dos em y precedidos por uma consoante). Já os demais
They (Eles, elas) Eat verbos que não comportam da mesma maneira quan-
do conjugados no tempo passado, ou seja, possuem
uma escrita diferente da forma original no verbo no
Observe que no caso dos pronomes na terceira presente, e por isso são chamados de irregulares.
pessoa do singular he, she e it, a conjugação ocorrerá Os verbos são modificados para se adequarem
de modo diferenciado. Aos verbos que acompanham ao passado apenas em frases afirmativas. Em frases
estes pronomes, acrescenta-se “-s”, “-es” ou “-ies”. Ver- negativas e interrogativas, utilizamos o verbo auxiliar
bos terminados em consoantes, de forma geral, apre- did ou did + not (não), já o verbo volta ao seu estado
sentam terminação padrão “s”, como é o caso do verbo original (infinitivo sem o “to”).
to drink (beber), to play (jogar), to speak (falar). Veja: Confira alguns exemplos com verbos regulares na
afirmativa, negativa e interrogativa:
To drink

Nós começamos
I (eu) drink We started a new
AFIRMATIVA um novo curso de
business course.
You (tu, você) drink negócios.

He/she/it (ele, ela) drinks We did not start Nós não começa-
NEGATIVA a new business mos um novo cur-
We (nós) drink course. so de negócios.

You (vós, vocês) drink Nós começamos


Did we start a new
INTERROGATIVA um novo curso de
business course?
They (Eles, elas) drinks negócios?

No caso de verbos terminados em x, ch, s, ss e sh, Já os verbos irregulares do passado não possuem
acrescentamos “-es”, como no caso do verbo to finish regras específicas, mas podemos memorizá-los a fim
114 (terminar). de expandir o vocabulário. Confira a tabela a seguir:
VERBO z She won’t accept the judge’s decision / She will not
VERBO NO
IRREGULAR TRADUÇÃO accept the judge’s decision. (Ela não aceitará a deci-
INFINITIVO
NO PASSADO são do juiz).
To eat Ate Comer
E na interrogativa, inverte-se a posição do verbo
To come Came Vir modal will e o sujeito em questão na oração; ela tam-
Partir, sair, bém pode vir em sua forma negativa (won’t), usada
To leave Left
deixar para confirmar ou reafirmar informações através de
To understand Understood Entender uma pergunta. Confira:

To say Said Dizer z Will you say yes if he proposes to you?


To send Sent Enviar (Você dirá sim se ele te pedir a mão?);
To write Wrote Escrever
z Won’t you travel to Bulgaria next year?
To read Read Ler (Você não viajará para a Bulgária no próximo ano?).
To run Ran Correr
To lend Lent Emprestar Present perfect
To put Put Colocar, pôr
O present perfect é um tempo verbal da língua ingle-
To drive Drove Dirigir sa que não encontra equivalente em português, sendo
To take Took Levar assim, é um dos tempos verbais que mais demandam
atenção do idioma. Porém, entender sua estrutura e
To keep Kept Manter, guardar
propósito facilitam a compreensão de quem estuda
To wake up Woke up Acordar inglês. Apesar de ser similar ao passado simples quan-
To get Got Pegar, conseguir do traduzido literalmente, o present perfect serve para
expressar ações no tempo passado de modo indeter-
To bring Brought Trazer
minado, ou seja, que não precisam necessariamente
To buy Bought Comprar ter incisão de tempo.
To sell Sold Vender No passado simples, as ações ocorrem e terminam
no passado e isto é comumente expresso com alguns
advérbios de tempo e palavras e expressões de tempo
Simple future como last week (semana passada), yesterday (ontem),
at 3 o’clock (às 3 horas), before lunch (antes do almo-
O simple future em inglês é o tempo verbal usado ço), two months ago (há dois meses), entre outros
para expressar ações futuras. Existem dois tipos de utilizados.
futuro simples: o futuro próximo ou certo e o futuro O present perfect, por outro lado, é utilizado quan-
mais distante e incerto. O primeiro é marcado pelo do a ação a ser reportada é mais importante do que
verbo to be (ser, estar) + going to; o segundo é marca- quando ela ocorreu no passado, ou seja, sem indicação
do pelo verbo modal de futuro will. temporal e para expressar acontecimentos passados
Para tratar de situações que acontecerão em breve que tem consequências ou repercussão no tempo pre-
ou são mais prováveis de acontecer, utilizamos verb sente. Sua estrutura se baseia no verbo auxiliar have
to be + going to + um verbo complementar + comple- ou has seguido de um verbo no particípio. Confira:
mento do assunto. Confira a seguir alguns exemplos:
HAVE/HAS VERBO NO COMPLE-
z She is going to spend Christmas with her family. SUJEITO
(AUX.) PARTICÍPIO MENTO
(futuro próximo/certeza) (Ela vai passar o Natal
com a família dela); I have been to Brazil.
z They aren’t going to believe my story. (grandes Tradução: Eu estive no Brazil
chances/probabilidade) (Eles não vão acreditar na
minha história); No caso dos sujeitos I, you, we, they utilizamos o
z Are you going to accept the job? (certeza/probabilidade) verbo auxiliar have e no caso dos sujeitos he, she, it
(Você vai aceitar o emprego?). usamos has que é sua conjugação base no presente. E
é por este motivo que este tempo verbal leva o nome
A conjugação das orações com going to no futu- de presente perfeito.
ro simples se dá de mesmo modo que as orações com Observe que o verbo no particípio no exemplo ante-
LÍNGUA INGLESA

verbo to be no presente simples. rior é o verbo irregular to be. Os verbos irregulares no


Em orações cuja intenção é expressar um futuro passado também serão irregulares no particípio. Os
verbos regulares mantêm a sua estrutura do passado
incerto ou mais distante do presente, usa-se o WILL.
simples mesmo quando conjugadas no particípio. Veja:
Sua estrutura é bem simples, observe um exemplo na
afirmativa com will + verbo no tempo presente. HAVE/HAS VERBO NO
SUJEITO COMPLEMENTO
(AUX.) PARTICÍPIO
z Matthew will live in Canada in a couple of years.
to the
(Matheus viverá no Canadá daqui alguns anos.) He has talked
principal.
Na negativa, somamos o will + not, o que poderá
ser contraído para won’t; Tradução: Ele conversou com o diretor. 115
O verbo to talk (conversar) é um verbo regular e, contável, incontável, composto ou não. Observe os
portanto, assume sua forma no particípio de maneira exemplos em suas diferentes categorias:
idêntica à sua forma no passado simples, talked.
Em frases negativas no present perfect, é o verbo z Comuns: tree (árvore); leaf (folha); flower (flor);
auxiliar que fica negativo. Soma-se o not ao have ou ao grass (grama); dirt (terra).
has, podendo vir contraído como haven’t ou hasn’t. z Concretos: chair (cadeira); fantasy (fantasia);
armor (armadura); bee (abelha); dream (sonho).
z She hasn’t called me to explain it. (Ela não me ligou z Coletivos: kennel (canil); people (pessoas); shoal
para explicar); (cardume); herd (manada); grove (arvoredo).
z They haven’t started the monthly planning. (Eles z Abstratos: love (amor); hate (ódio); encouragement
não começaram o planejamento mensal);
(encorajamento); kindness (bondade); spirit (espírito).
z It hasn’t made any sense to me. (Não fez nenhum
z Contáveis: table (mesa); pencil (lápis); pillow (tra-
sentido para mim);
vesseiro); door (porta).
z Incontáveis: bread (pão); water (água); advice
Em orações interrogativas, inverte-se a posição do
(conselho); information (informação).
verbo auxiliar e do sujeito.
z Compostos: Scuba-diving (mergulho); stepson (entea-
z Have you considered joining the army? (Você consi- do); newsstand (banca de jornal); train station (esta-
derou ir para o exército?); ção de trem).
z Has he lost his mind? (Ele perdeu a cabeça/ficou
louco?); É impossível listar todo o vocabulário de diferentes
z Has Jenna commented anything? (Jenna comentou temáticas (tecnologia, saúde, economia, política, medi-
alguma coisa?). cina etc.) em apenas um material para estudos, pois há
uma imensa vastidão de palavras na língua inglesa,
Alguns advérbios de frequência são utilizados jun- assim como em qualquer outro idioma. É uma tarefa
tamente ao present perfect para indicar ações que já desafiadora, porém, quanto mais se aumenta a práti-
ocorreram ou não em algum momento na vida, sem ca da leitura em inglês, sobre os mais diversos temas,
a necessidade da incidência de tempo. São eles: ever, mais fácil se torna adquirir conhecimento e repertório
already, never e yet. Eles são colocados logo após o ver- para um bom desempenho na prova do ENEM.
bo auxiliar, salvo pelo yet que deve estar no fim da
oração. Observe alguns exemplos:

z She has never been to another country (Ela nunca


esteve em outro país);
ANOTAÇÕES
z I have already made many mistakes (Eu já cometi
muitos erros);
z Have you ever had alcohol? (Você já ingeriu álcool?);
z They haven’t decided anything yet (Eles não decidi-
ram nada ainda).

VOCABULÁRIO

Os substantivos são responsáveis por nomear os


seres, podendo eles serem objetos, pessoas, lugares,
emoções, fenômenos da natureza, animais etc. Dentre
todos os elementos importantes de serem aprendidos
em um outro idioma, os substantivos compõem uma
classe de palavras cruciais para a construção de um bom
aprendizado na língua inglesa, pois é a partir deles que
se constitui um vasto conhecimento de vocabulário.
Podemos classificar os substantivos em dois gru-
pos: proper nouns (substantivos próprios) e common
nouns (substantivos comuns).

Proper nouns

Referem-se ao nome dos seres de modo específi-


co, indicando o nome de pessoas, de locais, dos dias e
meses, nomes próprios de instituições, marcas e orga-
nizações, de profissões etc.

Exemplos: London (Londres); architect (arquiteto);


friday (sexta-feira); Pepsi (Pepsi).

Common nouns

Referem-se ao nome dos seres de mesma categoria


ou família, ou seja, o nome das coisas e dos objetos,
116 em geral, podendo ser algo físico, subjetivo, abstrato,
Hora de Praticar
Pela análise do conteúdo, constata-se que essa cam-
HORA DE PRATICAR! panha publicitária tem como função social

a) propagar a imagem positiva do Ministério Público.


b) conscientizar a população que direitos implicam
deveres.
LÍNGUA PORTUGUESA c) coibir violações de direitos humanos nos meios de
comunicação.
1. (ENEM – 2019) d) divulgar políticas sociais que combatem a intolerân-
cia e o preconceito.
Um amor desse e) instruir as pessoas sobre a forma correta de expres-
são nas redes sociais.
Era 24 horas lado a lado
Um radar na pele, aquele sentimento alucinado 3. (ENEM – 2019) Meu caro Sherlock Holmes, algo hor-
Coração batia acelerado rível aconteceu às três da manhã no Jardim Lau-
riston. Nosso homem que estava na vigia viu uma
Bastava um olhar pra eu entender luz às duas da manhã saindo de uma casa vazia.
Que era hora de me entregar pra você Quando se aproximou, encontrou a porta aberta e,
Palavras não faziam falta mais na sala da frente, o corpo de um cavalheiro bem ves-
Ah, só de lembrar do seu perfume tido. Os cartões que estavam em seu bolso tinham
Que arrepio, que calafrio o nome de Enoch J. Drebber, Cleveland, Ohio, EUA.
Que o meu corpo sente Não houve assalto e nosso homem não conseguiu
Nem que eu queira, eu te apago da minha mente encontrar algo que indicasse como ele morreu. Não
havia marcas de sangue, nem feridas nele. Não
Ah, esse amor sabemos como ele entrou na casa vazia. Na verda-
Deixou marcas no meu corpo de, todo assunto é um quebra-cabeça sem fim. Se
Ah, esse amor puder vir até a casa seria ótimo, se não, eu lhe conto
Só de pensar, eu grito, eu quase morro os detalhes e gostaria muito de saber sua opinião.
AZEVEDO, N.; LEÃO, W.; QUADROS, R. Coração pede socorro. Rio de
Atenciosamente, Tobias Gregson.
Janeiro: Som Livre, 2018 (fragmento). DOYLE, A. C. Um estudo em vermelho. Cotia: Pé de Letra, 2017.

Essa letra de canção foi composta especialmente Considerando o objetivo da carta de Tobias Greg-
para uma campanha de combate à violência contra as son, a sequência de enunciados negativos presente
mulheres, buscando conscientizá-las acerca do limite nesse texto tem a função de
entre relacionamento amoroso e relacionamento abu-
sivo. Para tanto, a estratégia empregada na letra é a a) restringir a investigação, deixando-a sob a responsa-
bilidade do autor da carta.
a) revelação da submissão da mulher à situação de vio- b) refutar possíveis causas da morte do cavalheiro, auxi-
lência, que muitas vezes a leva à morte. liando na investigação.
b) ênfase na necessidade de se ouvirem os apelos da c) identificar o local da cena do crime, localizando-o no
mulher agredida, que continuamente pede socorro. Jardim Lauriston.
c) exploração de situação de duplo sentido, que mostra d) introduzir o destinatário da carta, caracterizando sua
que atos de dominação e violência não configuram personalidade.
amor. e) apresentar o vigia, incluindo-o entre os suspeitos do
d) divulgação da importância de denunciar a violência sinato.
doméstica, que atinge um grande número de mulhe-
res no país. 4. (ENEM – 2019)
e) naturalização de situações opressivas, que fazem
parte da vida de mulheres que vivem em uma socie- Blues da piedade
dade patriarcal.
Vamos pedir piedade
2. (ENEM – 2019) Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
CAZUZA. Cazuza: o poeta não morreu. Rio de Janeiro: Universal
Music, 2000 (fragmento).

Todo gênero apresenta elementos constitutivos que


condicionam seu uso em sociedade. A letra de can-
ção identifica-se com o gênero ladainha, essencial-
LINGUAGENS

mente, pela utilização da sequência textual

a) expositiva, por discorrer sobre um dado tema.


b) narrativa, por apresentar uma cadeia de ações.
c) injuntiva, por chamar o interlocutor à participação.
d) descritiva, por enumerar características de um
personagem.
Disponível em: http://palavrastempoder.org. Acesso em: 20 abr. e) argumentativa, por incitar o leitor a uma tomada de
2015. atitude. 119
5. (ENEM – 2019) TEXTO I Nesses versos, há uma exaltação ao sertão do Cariri
em uma ambientação linguisticamente apoiada no(a)
Estratos
a) uso recorrente de pronomes.
Na passagem de uma língua para outra, algo sem- b) variedade popular da língua portuguesa.
pre permanece, mesmo que não haja ninguém para c) referência ao conjunto da fauna nordestina.
se lembrar desse algo. Pois um idioma retém em si d) exploração de instrumentos musicais eruditos.
mais memórias que os seus falantes e, como uma e) predomínio de regionalismos lexicais nordestinos
chapa mineral marcada por camadas de uma história
mais antiga do que aquela dos seres viventes, ine- 7. (ENEM – 2019)
vitavelmente carrega em si a impressão das eras
pelas quais passou. Se as “línguas são arquivos da A ciência do Homem-Aranha
história”, elas carecem de livros de registro e catálo-
gos. Aquilo que contêm pode apenas ser consultado Muitos dos superpoderes do querido Homem- -Ara-
em parte, fornecendo ao pesquisador menos os ele- nha de fato se assemelham às habilidades biológi-
mentos de uma biografia do que um estudo geoló- cas das aranhas e são objeto de estudo para
gico de uma sedimentação realizada em um período produção de novos materiais.
sem começo ou sem fim definido. O “sentido-aranha” adquirido por Peter Parker fun-
ciona quase como um sexto sentido, uma espécie
HELLER-ROAZEN, D. Ecolalias: sobre o esquecimento das línguas. de habilidade premonitória e, por isso, soa como
Campinas: Unicamp, 2010. um mero elemento ficcional. No entanto, as ara-
nhas realmente têm um sentido mais aguçado. Na
TEXTO II verdade, elas têm um dos sistemas sensoriais mais
impressionantes da natureza.
Na reflexão gramatical dos séculos XVI e XVII, a Os pelos sensoriais das aranhas, que estão espalha-
influência árabe aparece pontualmente, e se reveste dos por todo o corpo, funcionam como uma forma
sobretudo de item bélico fundamental na atribuição muito boa de perceber o mundo e captar infor-
de rudeza aos idiomas português e castelhano por mações do ambiente. Em muitas espécies, esse
seus respectivos detratores. Parecer com o árabe, tato por meio dos pelos tem papel mais importante
assim, é uma acusação de dessemelhança com o que a própria visão, uma vez que muitas aranhas
latim. conseguem prender e atacar suas presas na comple-
SOUZA, M. P. Linguística histórica. Campinas: Unicamp, 2006. ta escuridão. E por que os pelos humanos não são
tão eficientes como órgãos sensoriais como os das
Relacionando-se as ideias dos textos a respeito da aranhas? Primeiro, porque um ser humano tem em
história e memória das línguas, quanto à formação média 60 fios de pelo em cada cm² do corpo, enquan-
da língua portuguesa, constata-se que to algumas espécies de aranha podem chegar a ter
40 mil pelos por cm²; segundo, porque cada pelo
a) a presença de elementos de outras línguas no portu- das aranhas possui até 3 nervos para fazer a comu-
guês foi historicamente avaliada como um índice de nicação entre a sensação percebida e o cérebro,
riqueza. enquanto nós, seres humanos, temos apenas 1 nervo
b) o estudioso da língua pode identificar com precisão por pelo.
os elementos deixados por outras línguas na trans- Disponível em: http://cienciahoje.org.br. Acesso em: 11 dez. 2018
formação da língua portuguesa. (adaptado).
c) o português é o resultado da influência de outras lín-
guas no passado e carrega marcas delas em suas Como estratégia de progressão do texto, o autor
múltiplas camadas. simula uma interlocução com o público leitor ao
d) o árabe e o latim estão na formação escolar e na recorrer à
memória dos falantes brasileiros.
e) a influência de outras línguas no português ocorreu a) revelação do “sentido-aranha” adquirido pelo super-
de maneira uniforme ao longo da história. -herói como um sexto sentido.
b) caracterização do afeto do público pelo super-herói
6. (ENEM – 2019) marcado pela palavra “querido”.
Irerê, meu passarinho do sertão do Cariri, c) comparação entre os poderes do super-herói e as
Irerê, meu companheiro, habilidades biológicas das aranhas.
Cadê viola? Cadê meu bem? Cadê Maria? d) pergunta retórica na introdução das causas da efi-
Ai triste sorte a do violeiro cantadô! ciência do sistema sensorial das aranhas.
Ah! Sem a viola em que cantava o seu amô, e) comprovação das diferenças entre a constituição
Ah! Seu assobio é tua flauta de irerê: física do homem e da aranha por meio de dados
Que tua flauta do sertão quando assobia, numéricos.
Ah! A gente sofre sem querê!
Ah! Teu canto chega lá no fundo do sertão, 8. (ENEM – 2019) Antes de Roma ser fundada, as
Ah! Como uma brisa amolecendo o coração, colinas de Alba eram ocupadas por tribos latinas,
Ah! Ah! Irerê, solta teu canto! que dividiam o ano de acordo com seus deuses. Os
Canta mais! Canta mais! romanos adaptaram essa estrutura. No princípio
Prá alembrá o Cariri! dessa civilização o ano tinha dez meses e começava
VILLA-LOBOS, H. Bachianas Brasileiras n. 5 para soprano e oito por Martius (atual março). Os outros dois teriam sido
violoncelos (1938-1945). Disponível em: http://euterpe.blog.br. acrescentados por Numa Pompílio, o segundo rei de
120 Acesso em: 23 abr. 2019. Roma.
Até Júlio César reformar o calendário local, os meses Muitos são pais e mães de primeira viagem, frutos da
eram lunares, mas as festas em homenagem aos geração Y (que nasceu junto com a internet) e usam
deuses permaneciam designadas pelas estações. esses canais para saberem que não estão sozinhos
O descompasso de dez dias por ano fazia com que, na empreitada de uma criança. Há, contudo, um risco
em todos os triênios, um décimo terceiro mês, o no modo como as pessoas estão compartilhando
Intercalaris, tivesse que ser enxertado. Com a ajuda
essas experiências. É a chamada exposição paren-
de matemáticos do Egito emprestados por Cleópatra,
tal exagerada, alertam os pesquisadores.
Júlio César acabou com a bagunça ao estabelecer o
seguinte calendário solar: Januarius, Februarius, Mar- De acordo com os especialistas no assunto, se
tius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis, Sextilis, Sep- você compartilha uma foto ou vídeo do seu filho
tember, October, November e December. Quase igual pequeno fazendo algo ridículo, por achar engraçadi-
ao nosso, com as diferenças de que Quinctilis e Sex- nho, quando a criança tiver seus 11, 12 anos, pode
tilis deram origem aos meses de julho e agosto. se sentir constrangida. A autoconsciência vem com a
Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br. Acesso em: idade.
8 dez. 2018. A exibição da privacidade dos filhos começa a assu-
mir uma característica de linha do tempo e eles não
Considerando as informações no texto e aspectos participaram da aprovação ou recusa quanto à vei-
históricos da formação da língua, a atual escrita culação desses conteúdos. Assim, quando a criança
dos meses do ano em português
cresce, sua privacidade pode já estar violada.
OTONI, A. C. O Globo, 31 mar. 2015 (adaptado).
a) reflete a origem latina de nossa língua.
b) decorre de uma língua falada no Egito antigo.
c) tem como base um calendário criado por Cleópatra. Sobre o compartilhamento parental excessivo em
d) segue a reformulação da norma da língua proposta mídias sociais, o texto destaca como impacto o(a)
por Júlio César.
e) resulta da padronização do calendário antes da fun- a) interferência das novas tecnologias na comunicação
dação de Roma. entre pais e filhos.
b) desatenção dos pais em relação ao comportamento
9. (ENEM – 2019) Na semana passada, os alunos do dos filhos na internet.
colégio do meu filho se mobilizaram, através do c) distanciamento na relação entre pais e filhos provo-
Twitter, para não comprarem na cantina da escola cado pelo uso das redes sociais.
naquele dia, pois acharam o preço do pão de quei-
d) fortalecimento das redes de relações decorrente da
jo abusivo. São adolescentes. Quase senhores das
troca de experiências entre as famílias.
novas tecnologias, transitam nas redes sociais, var-
rem o mundo através dos teclados dos celulares, e) desrespeito à intimidade das crianças cujas imagens
iPads e se organizam para fazer um movimento têm sido divulgadas nas redes sociais.
pacífico de não comprar lanches por um dia. Foi
parar na TV e em muitas páginas da internet. 11. (ENEM – 2020)
GOMES, A. A revolução silenciosa e o impacto na sociedade das
redes sociais. Disponível em: www.hsm.com.br. Acesso em: 31 jul.
2012.

O texto aborda a temática das tecnologias da infor-


mação e comunicação, especificamente o uso de
redes sociais. Muito se debate acerca dos benefícios
e malefícios do uso desses recursos e, nesse sentido,
o texto

a) aborda a discriminação que as redes sociais sofrem


de outros meios de comunicação.
b) mostra que as reivindicações feitas nas redes sociais
não têm impacto fora da internet.
c) expõe a possibilidade de as redes sociais favorece-
rem comportamentos e manifestações violentos dos
adolescentes que nelas se relacionam.
d) trata as redes sociais como modo de agregar e empo-
derar grupos de pessoas, que se unem em prol de
causas próprias ou de mudanças sociais.
e) evidencia que as redes sociais são usadas inadequa-
damente pelos adolescentes, que, imaturos, não utili-
zam a ferramenta como forma de mudança social.
LINGUAGENS

10. (ENEM – 2019)

Expostos na web desde a gravidez

Mais da metade das mães e um terço dos pais


ouvidos em uma pesquisa sobre compartilhamen-
to paterno em mídias sociais discutem nas redes Disponível em: www.globofilmes.globo.com. Acesso em: 13 dez.
sociais sobre a educação dos filhos. 2017 (adaptado). 121
A frase, título do filme, reproduz uma variedade “É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima
linguística recorrente na fala de muitos brasileiros. de tudo”. Combinar Olavo Bilac e macumba já seria
Essa estrutura caracteriza-se pelo(a) bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito
além: tudo se transforma numa outra coisa e numa
a) uso de uma marcação temporal. outra música, que recompõem o mundo para nós.
b) imprecisão do referente de pessoa. NESTROVSKI, A. O samba mais bonito do mundo. In: Três canções
c) organização interrogativa da frase. de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
d) utilização de um verbo de ação.
e) apagamento de uma preposição. Ao situar a composição no panorama cultural brasilei-
ro, o Texto II destaca o(a)
12. (ENEM – 2020) É possível afirmar que muitas expres-
sões idiomáticas transmitidas pela cultura regional a) diálogo que a letra da canção estabelece com diferen-
possuem autores anônimos, no entanto, algumas tes tradições da cultura nacional.
delas surgiram em consequência de contextos histó- b) singularidade com que o compositor converte refe-
ricos bem curiosos. “Aquele é um cabra da peste” é um rências eruditas em populares.
bom exemplo dessas construções. c) caráter inovador com que o compositor concebe o
Para compreender essa expressão tão repetida no processo de criação artística.
Nordeste brasileiro, faz-se necessário voltar o olhar d) relativização que a letra da canção promove na con-
para o século 16. “Cabra” remete à forma com que cepção tradicional de originalidade.
os navegadores portugueses chamavam os índios. e) resgate que a letra da canção promove de obras pou-
Já “peste” estaria ligada à questão da superação e co conhecidas pelo público no país.
resistência, ou mesmo uma associação com o diabo.
Assim, com o passar dos anos, passou-se a utilizar tal 14. (ENEM – 2020)
expressão para denominar qualquer indivíduo que se Por que a indústria do empreendedorismo de palco
mostre corajoso, ou mesmo insolente, já que a expres- irá destruir você
são pode ter caráter positivo ou negativo. Aliás, quem Se, antigamente, os livros, enormes e com suas
já não ficou de “nhe-nhe-nhém” por aí? O termo, que setecentas páginas, cuspiam fórmulas, equações e
normalmente tem significado de conversa intermi- cálculos que te ensinavam a lidar com o fluxo de cai-
nável, monótona ou resmungo, tem origem no tupi- xa da sua empresa, hoje eles dizem: “Você irá chegar
-guarani e “nhém” significa “falar”. lá! Acredite, você irá vencer!”.
Disponível em: http://leiturasdahistoria.uol.com.br. Acesso em: 13 Mindset, empoderamento, millennials, networking,
dez. 2017. coworking, deal, business, deadline, salesman com
perfil hunter… tudo isso faz parte do seu vocabulá-
A leitura do texto permite ao leitor entrar em contato rio. O pacote de livros é sempre idêntico e as expe-
com riências são passadas da mesma forma: você está a
um único centímetro da vitória. Não pare!
a) registros do inventário do português brasileiro. Se desistir agora, será para sempre. Tome, leia a
b) justificativas da variedade linguística do país. estratégia do oceano azul. Faça mais uma men-
c) influências da fala do nordestino no uso da língua. toria, participe de mais uma sessão de coaching. O
d) explorações do falar de um grupo social específico. problema é que o seu mindset não está ajustado.
e) representações da mudança linguística do português. Você precisa ser mais proativo. Vamos fazer mais um
powermind ? Eu consigo um precinho bacana para
13. (ENEM – 2020) você…
CARVALHO, Í. C. Disponível em: https://medium.com. Acesso em: 17
TEXTO I ago. 2017 (adaptado).

É pau, é pedra, é o fim do caminho De acordo com o texto, é possível identificar o


É um resto de toco, é um pouco sozinho “empreendedor de palco” por
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol a) livros por ele indicados.
É peroba-do-campo, é o nó da madeira b) suas habilidades em língua inglesa.
Caingá, candeia, é omatita-pereira c) experiências por ele compartilhadas.
TOM JOBIM. Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João d) padrões de linguagem por ele utilizados.
Bosco (disco de bolso). Salvador: Zen Produtora, 1972 (fragmento). e) preços acessíveis de seus treinamentos.

TEXTO II 15. (ENEM – 2020)


Sou o coração do folclore nordestino
A inspiração súbita e certeira do compositor ser- Eu sou Mateus e Bastião do Boi-bumbá
ve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do Sou o boneco de Mestre Vitalino
nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Dançando uma ciranda em Itamaracá
Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A pri- Eu sou um verso de Carlos Pena Filho
meira é o poema O caçador de esmeraldas, do mestre Num frevo de Capiba
parnasiano Olavo Bilac: “Foi em março, ao findar da Ao som da Orquestra Armorial Sou Capibaribe
chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra Num livro de João Cabral
em sede requeimada/ bebera longamente as águas Sou mamulengo de São Bento do Una
da estação [...]”. E a outra é um ponto de macumba, Vindo no baque solto de maracatu
gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Eu sou um auto de Ariano Suassuna
122 Tupi: No meio da Feira de Caruaru
Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta 17. (ENEM – 2020)
Levando a flor da lira
Pra Nova Jerusalém Sou Luiz Gonzaga
E sou do mangue também
Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte
LENINE; PINHEIRO, P.C. Leão do Norte. In: LENINE; SUZANO, M. Olho
de peixe. São Paulo: Velas, 1993 (fragmento).

O fragmento faz parte da canção brasileira contem-


porânea e celebra a cultura popular nordestina. Nele,
Disponível em: www.iotforall.com. Acesso em: 22 jun. 2018.
o artista exalta as diferentes manifestações culturais
pela
A realidade virtual é uma tecnologia de informação
que, conforme sugere a imagem, tem como uma de
a) valorização do teatro, música, artesanato, literatura, suas principais funções
dança, personagens históricos e artistas populares,
compondo um tecido diversificado e enriquecedor da a) promover a manipulação eficiente de conhecimen-
cultura popular como patrimônio regional e nacional. tos e informações de difícil compreensão no mundo
b) identificação dos lugares pernambucanos, manifes- físico.
tações culturais, como o bumba meu boi, as cirandas, b) conduzir escolhas profissionais da área de ciência
os bonecos mamulengos e heróis locais, fazendo com da computação, oferecendo um leque de opções de
que essa canção se apresente como uma referência à atuação.
cultura popular nordestina. c) transferir conhecimento da inteligência artificial para
c) exaltação das raízes populares, como a poesia, a as áreas tradicionais, como as das ciências exatas e
literatura de cordel e o frevo, misturadas ao erudito, naturais.
como a Orquestra Armorial, compondo um rico tecido d) levar o ser humano a experimentar mentalmente
outras realidades, para as quais é transportado sem
cultural, que transforma o popular em erudito.
sair de seu próprio lugar.
d) caracterização das festas populares como identida-
e) delimitar tecnologias exclusivas de jogos virtuais, a
de cultural localizada e como representantes de uma fim de oferecer maior emoção ao jogador por meio de
cultura que reflete valores históricos e sociais pró- outras realidades.
prios da população local.
e) apresentação do Pastoril do Faceta, do maracatu, do 18. (ENEM – 2020)
bumba meu boi e dos autos como representação da Leandro Aparecido Ferreira, o MC Fioti, compôs em
musicalidade e do teatro popular religioso, bastante 2017 a música Bum bum tam tam, que gerou, em
comum ao folclore brasileiro. nove meses, 480 milhões de visualizações no You-
Tube. É o funk brasileiro mais ouvido na história do
16. (ENEM – 2020) site.
A partir de uma gravação da flauta que achou na
DECRETO N. 28 314, DE 28 DE SETEMBRO DE 2007 internet, MC Fioti fez tudo sozinho: compôs, can-
tou e produziu em uma noite só. “Comecei a pesquisar
Demite o Gerúndio do Distrito Federal e dá outras alguns tipos de flauta, coisas antigas. E nisso eu achei a
providências. ‘flautinha do Sebastian Bach’”, conta. A descoberta foi
por acaso: Fioti não sabia quem era o músico alemão
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das
e não sabe tocar o instrumento.
atribuições que lhe confere o artigo 100, incisos VII e
A “flauta envolvente” da música é um trecho da Partita
XXVI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, DECRETA: em Lá menor, escrita pelo alemão Johann Sebas-
Art. 1° Fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos do tian Bach por volta de 1723.
Governo do Distrito Federal. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 6 jun. 2018
Art. 2° Fica proibido, a partir desta data, o uso do gerún- (adaptado).
dio para desculpa de INEFICIÊNCIA.
Art. 3° Este Decreto entra em vigor na data de sua A incorporação de um trecho da obra para flauta
publicação. solo de Johann Sebastian Bach na música de MC Fioti
Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário. demonstra a
Brasília, 28 de setembro de 2007. 119º da República e
48º de Brasília a) influência permanente da cultura eurocêntrica nas
Disponível em: www.dodf.gov.br. Acesso em: 11 dez. 2017.
produções musicais brasileiras.
b) homenagem aos referenciais estéticos que deram
LINGUAGENS

origem às produções da música popular.


Esse decreto pauta-se na ideia de que o uso do gerún-
c) necessidade de divulgar a música de concerto nos
dio, como “desculpa de ineficiência”, indica meios populares nas periferias das grandes cidades.
d) utilização desintencional de uma música excessi-
a) conclusão de uma ação. vamente distante da realidade cultural dos jovens
b) realização de um evento. brasileiros.
c) repetição de uma prática. e) inter-relação de elementos culturais vindos de reali-
d) continuidade de um processo. dades distintas na construção de uma nova proposta
e) transferência de responsabilidade. musical. 123
19. (ENEM – 2020)
EDUCAÇÃO FÍSICA
21. (ENEM – 2019)

Esporte e cultura: análise acerca da esportivização de


práticas corporais nos jogos indígenas

Nos Jogos dos Povos Indígenas, observa-se que as


práticas corporais realizadas envolvem elementos
tradicionais (como as pinturas e adornos corporais) e
modernos (como a regulamentação, a fiscalização e a
padronização). O arco e flecha e a lança, por exemplo,
são instrumentos tradicionalmente utilizados para a
caça e a defesa da comunidade na aldeia. Na ocasião
do evento, esses artefatos foram produzidos pela pró-
pria etnia, porém sua estruturação como “modalidade
esportiva” promoveu uma semelhança entre as técni-
cas apresentadas, com o sentido único da competição.
ALMEIDA, A. J. M.; SUASSUNA, D. M. F. A. Pensar a prática, n. 1,
jan.-abr. 2010 (adaptado).

Disponível em: www.bhaz.com.br. Acesso em: 14 jun. 2018.


A relação entre os elementos tradicionais e modernos
nos Jogos dos Povos Indígenas desencadeou a
Essa campanha de conscientização sobre o assé-
dio sofrido pelas mulheres nas ruas constrói-se
a) padronização de pinturas e adornos corporais.
pela combinação da linguagem verbal e não verbal. A b) sobreposição de elementos tradicionais sobre os
imagem da mulher com o nariz e a boca cobertos por modernos.
um lenço é a representação não verbal do(a) c) individuação das técnicas apresentadas em diferen-
tes modalidades.
a) silêncio imposto às mulheres, que não podem denun- d) legitimação das práticas corporais indígenas como
ciar o assédio sofrido. modalidade esportiva.
b) metáfora de que as mulheres precisam defender-se e) preservação dos significados próprios das práticas
do assédio masculino. corporais em cada cultura.
c) constrangimento pelo qual passam as mulheres e sua
tentativa de esconderem-se. 22. (ENEM – 2019)
d) necessidade que as mulheres têm de passarem des-
percebidas para evitar o assédio. Emagrecer sem exercício?
e) incapacidade de as mulheres protegerem-se da
agressão verbal dos assediadores. Hormônio aumenta a esperança de perder gordura
sem sair do sofá. A solução viria em cápsulas.
20. (ENEM – 2020) Policarpo Quaresma, cidadão brasi- O sonho dos sedentários ganhou novo aliado. Um
estudo publicado na revista científica Nature, em
leiro, funcionário público, certo de que a língua portu-
janeiro, sugere que é possível modificar a gordu-
guesa é emprestada ao Brasil; certo também de que,
ra corporal sem fazer exercício. Pesquisadores do
por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobre- Dana-Farber Cancer Institute e da Escola de Medicina
tudo no campo das letras, se veem na humilhan- de Harvard, nos EUA, isolaram em laboratório a irisina,
te contingência de sofrer continuamente censuras hormônio naturalmente produzido pelas células mus-
ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, culares durante os exercícios aeróbicos, como cami-
que, dentro do nosso país, os autores eos escrito- nhada, corrida ou pedalada. A substância foi aplicada
res, com especialidade os gramáticos, não se enten- em ratos e agiu como se eles tivessem se exercitado,
dem no tocante à correção gramatical, vendo-se, inclusive com efeito protetor contra o diabetes.
diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais O segredo foi a conversão de gordura branca — aque-
profundos estudiosos do nosso idioma — usando do la que estoca energia inerte e estraga nossa silhueta
direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que — em marrom. Mais comum em bebês, e praticamen-
o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como lín- te inexistente em adultos, esse tipo de gordura serve
gua oficial e nacional do povo brasileiro. para nos aquecer. E, nesse processo, gasta uma ener-
gia efeito colateral, afinaria nossa silhueta.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.
dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun. 2012.
A expectativa é que, se o hormônio funcionar da
mesma forma em humanos, surja em breve um novo
medicamento para emagrecer. Mas ele estaria longe
Nessa petição da pitoresca personagem do romance
de substituir por completo os benefícios da atividade
de Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se física. “Possivelmente existem muitos outros hormô-
pela nios musculares liberados durante o exercício e ainda
não descobertos”, diz o fisiologista Paul Coen, pro-
a) situação social de enunciação representada. fessor assistente da Universidade de Pittsburgh, nos
b) divergência teórica entre gramáticos e literatos. EUA. A irisina não fortalece os músculos, por exem-
c) pouca representatividade das línguas indígenas. plo. E para ficar com aquele tríceps de fazer inveja só
d) atitude irônica diante da língua dos colonizadores. o levantamento de controle remoto não daria conta.
124 e) tentativa de solicitação do documento demandado. LIMA, F. Galileu. São Paulo, n. 248, mar. 2012.
Para convencer o leitor de que o exercício físico é TEXTO II
importante, o autor usa a estratégia de divulgar que

a) a falta de exercício físico não emagrece e desenvolve


doenças.
b) se trata de uma forma de transformar a gordura bran-
ca em marrom e de emagrecer.
c) a irisina é um hormônio que apenas é produzido com
o exercício físico.
d) o exercício é uma forma de afinar a silhueta por elimi-
nar a gordura branca.
e) se produzem outros hormônios e há outros benefícios
com o exercício.

ARTES
23. (ENEM – 2019)
MUNIZ, V. Action Photo (segundo Hans Namuth em Pictures in
Chocolate). Impressão fotográfica, 152,4 cm x 121,92 cm, The
Museum of Modern Art, Nova Iorque, 1977. NEVES, A. História da
arte 4. Vitória: Ufes – Nead, 2011.

Utilizando chocolate derretido como matéria-prima,


essa obra de Vick Muniz reproduz a célebre foto-
grafia do processo de criação de Jackson Pollock. A
originalidade dessa releitura reside na

a) apropriação parodística das técnicas e materiais


utilizados.
PICASSO, P. Cabeça de touro. Bronze, 33,5 cm x 43,5 cm x 19 cm. b) reflexão acerca dos sistemas de circulação da arte.
Musée Picasso, Paris. França, 1945. JANSON, H. W. Iniciação à c) simplificação dos traços da composição pictórica.
história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1988. d) contraposição de linguagens artísticas distintas.
e) crítica ao advento do abstracionismo.
Na obra Cabeça de touro, o material descartado torna-
-se objeto de arte por meio da

a) reciclagem da matéria-prima original.


b) complexidade da combinação de formas abstratas. ESPANHOL
c) perenidade dos elementos que constituem a
escultura. 25. (ENEM – 2019)
d) mudança da funcionalidade pela integração dos
objetos. Millennials: Así es la generación que ya no recuerda
e) fragmentação da imagem no uso de elementos cómo era el mundo sin Internet
diversificados.
Algunos los llaman generación Y, otros “Millennials”,
24. (ENEM – 2019) generación del milenio o incluso “Echo Boomers”.
Nacieron y crecieron en una era de rápido desarrol-
TEXTO I
lo de las nuevas tecnologías, y casi no recuerdan
cómo era el mundo sin Internet.
Son idealistas, impacientes y están bien preparados
académicamente. Muchos de ellos han tenido opor-
tunidad de viajar por el mundo a una edad temprana, de
estudiar en las mejores universidades y de trabajar
en empresas multinacionales y extranjeras.
La generación Y se compone de este tipo de personas
LINGUAGENS

que quieren todo a la vez. No están dispuestos a sopor-


tar un trabajo poco interesante y rutinario, no quieren
dejar las cosas buenas para luego. Lo que sí quieren
es dejar su huella en la historia, vivir una vida intere-
sante, formar parte de algo grande, crecer y desarrol-
larse, cambiar el mundo que les rodea, y no solo ganar
Fotografia de Jackson Pollock pintando em seu ateliê, realizada
por Hans Namuth em 1951. CHIPP, H. Teorias da arte moderna. São dinero.
Paulo: Martins Fontes, 1988. Disponível em: https://actualidad.rt.com. Acesso em: 4 dez. 2018. 125
O texto aponta características e interesses da “Gera- Allí, en el corredor de la casa, en taburetes separados,
ção Y”. Nele, a expressão dejar su huella refere-se a recibieron los primeros cálidos soplos de la noche. Con
um dos desejos dessa geração, que é o de su habitual entereza, Elisenda entró a conectar la luz de
la sala, sofocando parte de su reflejo, mientras comenta-
a) conhecer diferentes lugares. ba que así estarían mejor. Al menos, pensó el tío Cama-
b) fazer a diferença no mundo. rillo, no había sacado la lámpara como otras veces, ni
c) aproveitar todas as oportunidades. le había entregado alguno de sus álbumes, y parecía en
d) obter uma formação acadêmica de excelência. cambio decidida a mantener en ascuas al vecindario.
e) conquistar boas colocações no mundo do trabalho. Aquélla fue la primera vez que en mucho tiempo dejaron
de lado el tema de las rentas, para entrar con pies de
26. (ENEM – 2020) plomo en el espinoso terreno de las confidencias.
SÁNCHEZ, H. El héroe de la família. Bogotá: Tercer Mundo, 1988.
Los propietarios de la libertad
No texto, no qual é narrada a visita à casa de uma
personagem, a expressão “entrar con pies de plomo”
Las palabras cumplen ciclos; las actitudes también.
é utilizada para se referir ao(à)
Sin embargo, cuando las palavras designan actitu-
des, los ciclos se vuelven más complejos. Cuando el
hoy tan denostado Sartre puso la palabra compro- a) determinação para conduzir discussões pessoais.
b) insensibilidade para lidar com temas do passado.
miso sobre el tapete y hasta Mac Leish publicó un
c) discrição para administrar questões financeiras.
libro sobre la responsabilidad de los intelectuales,
d) disposição para resolver problemas familiares.
estas dos palabras, compromiso y responsabili-
e) cuidado para tratar de assuntos íntimos.
dad,designa banactitudes que,sinsergemelas, eran
bastante afines. Salvo contadas excepciones, los
intelectuales de entonces las hicieron suyas y, equivo-
cados o no dijeron sin eufemismos por qué empeño se
la jugaban. INGLÊS
Los intelectuales latino americanos también com-
prendieron dónde estaba esta vez el enemigo. Sólo 28. (ENEM – 2019)
entonces empezó la mala prensa. Los grandes pon-
tífices de la propaganda subrayaron una y otra vez LETTER TO THE EDITOR: Sugar fear-mongering
la palabra libertad y denostaron el compromiso. unhelpful
Libertad no era librarse de Batista o de Somoza, sino By The Washington Times Tuesday, June 25, 2013
mantener la prensa libre. Libertad es la emocionada
comprobación de que la gran prensa norteamericana In his recent piece “Is obesity a disease?” (Web, June
es capaz de descubrir que Lumumba o Allende fue- 19), Dr. Peter Lind refers to high-fructose corn syrup
ron liquidados por la CIA, sin poner el acento en que and other “manufactured sugars” as “poison” that will
eso no sirve para resucitarlos. “guarantee storage of fat in the body.” Current scien-
¿Y compromiso? Es la actitud que adoptan ciertos tific research strongly indicates that obesity results
intelectuales, cuya carga ideológica perjudica noto- from excessive calorie intake combined with a seden-
riamente su arte. Después detodo, ¿cómo se atreven a tary lifestyle. The fact is Americans are consuming
frecuentar las provincias del espíritu, si es público y more total calories now than ever before. According
notorio que tales ámbitos son patrimonio exclusivo de to the U.S. Department of Agriculture, our total per-
los propietarios de la libertad? -capita daily caloric intake increased by 22 percent
BENEDETTI, M. Perplejidades de fin de siglo. Buenos Aires: from 2,076 calories per day in 1970 to 2,534 calories
Sudamericana, 1993 (adaptado). per day in 2010 — an additional 458 calories, only 34
of which come from increased added sugar intake.
Transformar palavras em atitudes tem sido um dos A vast majority of these calories come from increa-
grandes dilemas dos intelectuais. Ao ponderar sed fats and flour/ cereals. Surprisingly, the amount
sobre essa temática, o autor, um dos grandes críticos e of caloric sweeteners (i.e. sugar, high-fructose, corn
literatos latino-americanos da atualidade, leva o leitor syrup, honey, etc.). Americans consume has actually
a perceber que decreased over the past decade. We need to continue
to study the obesity epidemic to see what more can be
a) o compromisso político afasta o artista da criação. done, but demonizing one specific ingredient accom-
plishes nothing and raises unnecessary fears that get
b) os costumes sociais governam a linguagem e as ati-
in the way of real solutions.
tudes das pessoas.
c) o compromisso ideológico de alguns intelectuais está JAMES M. RIPPE Shrewsbury, Mass. Disponível em: www.
refletido em suas obras. washingtontimes.com. Acesso em: 29 jul. 2013 (adaptado).
d) a complexidade relacionada ao conceito de liberdade
impede o compromisso. Ao abordar o assunto “obesidade”, em uma seção de
e) os intelectuais latino-americanos têm um posiciona- jornal, o autor
mento acrítico perante o poder.
a) defende o consumo liberado de açúcar.
27. (ENEM – 2020) Poco después apareció en casa de Eli- b) aponta a gordura como o grande vilão da saúde.
senda Morales, arrastrando su cansancio y las contra- c) demonstra acreditar que a obesidade não é
riedades de un largo día que había dejado su ánimo preocupante.
en ruinas. A pesar de todo, supo resistirlo, y cuan- d) indica a necessidade de mais pesquisas sobre o
do ella le ofreció una copa de mistela, abandonó su assunto.
asiento para ir hasta la tienda en busca de algo más e) enfatiza a redução de ingestão de calorias pelos
126 estimulante. americanos.
29. (ENEM – 2020) 9 GABARITO

1 C

2 B

3 B

4 C

5 C

6 B

7 D

8 A

9 D

10 E

11 E

12 A

13 A

14 D

15 B

16 D

17 D

18 E
Disponível em: www.csuchico.edu. Acesso em: 11 dez. 2017. 19 B

Nesse pôster de divulgação de uma campanha que 20 A


aborda a diversidade e a inclusão, a interação dos
21 D
elementos verbais e não verbais faz referência ao ato
de 22 E

a) estereotipar povos de certas culturas. 23 D


b) discriminar hábitos de grupos minoritários.
24 A
c) banir imigrantes de determinadas origens.
d) julgar padrões de beleza de diversas etnias. 25 B
e) desvalorizar costumes de algumas sociedades
26 C
30. (ENEM – 2020)
27 E
A Minor Bird 28 D

I have wished a bird would fly away, 29 A


And not sing by my house all day; 30 D
Have clapped my hands at him from the door
When it seemed as if I could bear no more.
The fault must partly have been in me.
The bird was not to blame for his key.
And of course there must be something wrong ANOTAÇÕES
In wanting to silence any song.

No poema de Robert Frost, as palavras “fault” e “bla-


LINGUAGENS

me revelam por parte do eu lírico uma

a) culpa por não poder cuidar do pássaro.


b) atitude errada por querer matar o pássaro.
c) necessidade de entender o silêncio do pássaro.
d) sensibilização com relação à natureza do pássaro.
e) irritação quanto à persistência do canto do pássaro.

127
128
CIÊNCIAS HUMANAS
e Suas Tecnologias

?
PATRIMÔNIO E DIVERSIDADE CULTURAL NO
BRASIL

Por suas dimensões continentais e origens populacio-


nais advindas de diferentes lugares, o Brasil é um lugar
HISTÓRIA privilegiado em relação a sua diversidade. Neste sentido,
podemos pensar em nossa cultura enquanto processo que
sofreu grande influência dos povos indígenas, dos coloni-
zadores portugueses, dos africanos escravizados, dos imi-
grantes europeus e japoneses, entre outros.
DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS
E VIDA EM SOCIEDADE Região Nordeste

CULTURA MATERIAL E IMATERIAL Entre as manifestações culturais da região, estão


danças e festas, como o bumba meu boi, maracatu,
Podemos definir cultura material como toda mani- caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de zabum-
festação humana transformada em elementos palpáveis ba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoei-
e concretos. Sendo assim, patrimônio cultural material ra. Existem, ainda, festas religiosas, como a festa de
representa a história de um determinado povo por meio Iemanjá e a lavagem das escadarias do Bonfim. A
de suas vestimentas, utensílios, obras de arte, constru- literatura de Cordel é, também, um elemento forte da
ções, monumentos, museus, entre outros. cultura nordestina. O artesanato é representado, prin-
A cultura material ainda pode se apresentar em cipalmente, pelos trabalhos de rendas. Entre os pratos
sua forma de bem móvel, podendo fazer parte de típicos, estão a carne de sol, a buchada de bode, o aca-
acervos e coleções que podem ser transportados, e de rajé, o vatapá, a canjica, a cocada, a tapioca, o pé de
bem imóvel, que corresponde a estruturas fixas, como moleque, entre outros.
sítios arqueológicos ou centros históricos.
Região Norte

As duas maiores festas populares do Norte são o


Círio de Nazaré, em Belém (PA) e o Festival de Parin-
tins, no Amazonas. A influência indígena é presente
na culinária do Norte, que utiliza bastante a mandioca
e os peixes. Outros alimentos típicos são a carne de sol,
o tucupi (caldo da mandioca cozida), o tacacá (espécie
de sopa quente feita com tucupi), o jambu (um tipo de
erva), o camarão seco e a pimenta-de-cheiro.

Região Centro-Oeste

As manifestações culturais de maior destaque do


Centro Histórico de Ouro Preto-MG
Centro-Oeste são a cavalhada e o fogaréu, em Goiás, e o
cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Na culi-
Fonte: Site Turismo Ouro Preto
nária, se destacam o arroz com pequi, a sopa paraguaia,
o arroz carreteiro, a Maria Isabel, a pamonha, o angu, o
curau, além dos peixes comuns nos rios da região, como
Por outro lado, quando falamos em cultura imate-
o pintado, o pacu, o dourado, entre outros.
rial, estamos nos referindo às manifestações humanas
que são representadas em práticas, saberes, crenças,
ou seja, naquilo que é abstrato e não em algo concreto Região Sul
e palpável. Sendo assim, o patrimônio cultural imate-
rial é representado pelas danças, músicas, culinária, O Sul sofreu muita influência de alemães e italianos.
linguagem, rituais, festas, entre outros. A Festa da Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã) são as
mais conhecidas. Compõem a cultura da região o fan-
dango, de influência portuguesa, a tirana e o anuo, de
origem espanhola, a festa de Nossa Senhora dos Nave-
gantes, a congada, o boi de mamão, a dança de fitas e o
boi na vara. A cozinha sulista é famosa pelo churrasco,
pelo chimarrão, pelo barreado (cozido de carne em uma
panela de barro), pelo vinho, entre outros.

Região Sudeste
HISTÓRIA

As festas mais conhecidas são a do Divino, dos fes-


tejos da Páscoa e dos Santos Padroeiros, a congada, o
carnaval, as festas de peão de boiadeiro e a Folia de
Reis. Entre os pratos típicos, os mais conhecidos são
o pão de queijo, o feijão tropeiro, a carne de porco, a
Festa da Congada
feijoada, o bolinho de bacalhau, o virado à paulista, a
Fonte: Site Info Escola farofa, entre outros. 131
A CONQUISTA DA AMÉRICA a principal fonte de alimentação dos indígenas. Por
consequência, muitos índios sofriam com a escassez
Quando os europeus chegaram ao continente ame- de alimentos e acabavam morrendo de forme.
ricano, encontraram civilizações já bem desenvolvi-
das, como era o caso dos astecas, no atual México, e A ESCRAVIDÃO E FORMAS DE RESISTÊNCIA
dos incas, no atual Peru. A chegada da esquadra de INDÍGENA E AFRICANA NA AMÉRICA
Cristóvão Colombo em 12 outubro de 1492 deu ori-
gem a um longo processo de conquista e ocupação do A escravidão era conhecida pelos europeus pelo
território. menos desde a Grécia e Roma antigas, contudo, a for-
A conquista da América se deu no contexto das ma assumida na América Portuguesa, sobretudo no
Grandes Navegações, durante o século XV, em razão empreendimento açucareiro, trouxe características
da necessidade de portugueses e espanhóis procura- específicas. Em primeiro lugar, desde o início do tráfi-
rem rotas alternativas ao Mar Mediterrâneo. Assim, co atlântico, no século XVI, até seu término, no século
várias expedições cruzaram o Oceano Atlântico em XIX, a taxa de nascimento entre os cativos foi negativa,
busca de metais preciosos, ouro e prata, por exemplo. em razão, sobretudo, das mortes precoces e da violência
A Coroa autorizava as expedições das quais os tri- do sistema. A escravização atlântica demonstrava novos
pulantes tinham interesse em um possível enrique- padrões e nova intensidade: os escravizados eram des-
cimento. Os chefes das expedições eram, em geral, tituídos de suas famílias, sociedades, comunidades, e
membros da baixa nobreza espanhola e as tropas desenraizados de tudo o que conheciam.
eram formadas por soldados e camponeses pobres A grande diferença trazida pela escravidão atlântica
que procuravam melhores condições de vida. moderna consistiu em fazer do trabalho compulsório a
Um número relativamente pequeno de espanhóis, base de todo o sistema econômico da colônia: era a par-
na casa dos milhares, acabou sendo responsável pela tir do trabalho escravizado que, primeiro nos engenhos,
conquista de milhões de nativos. O motivo para que depois na mineração e em todas as atividades econômi-
essa vitória improvável ocorresse passa, pelo menos, cas importantes, construía-se a economia da colônia.
por três explicações. A primeira delas é o fato de que A escravidão também era uma instituição pre-
os espanhóis se aproveitaram das rivalidades já exis- sente na África; contudo, trazia características mui-
tentes entre povos nativos, o que permitiu o recru- to diversas daquelas apresentadas pela escravidão
tamento de vários indígenas pelos seus exércitos. A atlântica. Nesse continente, o sistema de escravidão
vitória espanhola também pode ser explicada pela constituía-se em relação ao pertencimento e parentes-
questão biológica, pois o contato dos nativos com co: de modo muito genérico, ser escravo não significa-
os espanhóis acabou levando ao contágio por doen- va pertencer, estar à margem, mas era uma condição
ças para as quais essas populações não tinham imu- que poderia mudar, pois um escravizado poderia ser
nidade. O terceiro fator foi a capacidade de ataque absolvido pela sociedade.
dos espanhóis, já que estes possuíam armas de fogo, Com a indústria do açúcar, o trabalho escravo
espadas e lanças que potencializaram os ataques. Os passou a ser essencial, sustentando toda a economia;
astecas acabaram derrotados em 1521, por Hernan acreditava-se que não era possível mantê-la tão lucra-
Cortez, enquanto os incas sucumbiram, em 1532, sob tiva sem o trabalho compulsório. O tráfico atlântico
Fernando Pizarro. inaugurou também um nível de violência nas relações
escravistas sem precedentes.
CONFLITOS ENTRE EUROPEUS E INDÍGENAS NA Os cativos eram capturados no interior do con-
AMÉRICA COLONIAL tinente africano e levados para a costa; lá, eram
embarcados em navios para o Novo Mundo, onde
Como dito anteriormente, houve a adoção da desempenhariam o trabalho conscrito. Muitos escra-
estratégia de forçar as divergências entre as tribos vizados morriam na longa viagem pelo atlântico,
indígenas para consolidar o processo de conquista. fosse pelas condições péssimas de higiene, fosse pela
No entanto, os espanhóis também lançaram mão do falta de mantimentos ou doenças. Mas, dentro dos
uso de armas para atacar os nativos. Por seu turno, os porões dos Navios Negreiros, essas pessoas também
portugueses precisaram de alianças estratégicas com criavam laços com outros cativos, mesmo que muitas
os índios para se proteger de outras tribos e também vezes fossem trazidos de partes diferentes do conti-
de invasores de outras nações europeias, enquanto as nente, iniciando ali a resistência ao regime.
tribos indígenas se submetiam a essas alianças com a Embora já existissem rotas de comércio de escravi-
finalidade de derrotar tribos inimigas. zados controladas por muçulmanos na África, os por-
No Brasil, os tupiniquins foram os nativos que tugueses criaram várias feitorias e portos no litoral do
mais tiveram participação na colonização portugue- continente para suprir a constante demanda de mão
sa. Eles eram aliados dos colonizadores portugueses de obra escravizada no Novo Mundo, dominando o
e foram catequizados por jesuítas . Em contrapartida, comércio atlântico. Assim, para a América Portugue-
vários indígenas tiveram de superar diversas pragas, sa, vieram, sobretudo, escravizados da Senegâmbia e
como a varíola. costa ocidental da África.
Nos Estados Unidos da América, por outro lado, em Se os jesuítas tentaram proteger, em alguma medi-
virtude do crescimento das vilas e o desenvolvimento da, as populações indígenas do trabalho forçado, o
econômico, os povos indígenas foram sendo dizima- mesmo não aconteceu com os negros escravizados. A
dos, e expulsos de suas terras durante o processo de Igreja fazia coro ao discurso que compreendia a impo-
ocupação territorial. O Governo vendia as terras sem sição do trabalho forçado aos africanos como uma
a autorização dos índios, o quais eram expulsos ou maneira de civilizá-los e impor-lhes disciplina.
mortos pelos colonos que tomavam posse. O trabalho compulsório, por si só, já dava ao coti-
O avanço da colonização, rumo ao oeste do territó- diano tons de violência. Contudo, a ordem e discipli-
132 rio, também dizimou os búfalos. Esses animais eram na eram mantidas pela constante ameaça de castigos,
comunitários ou não, além de várias técnicas violen- assassinato de Zumbi. Embora tenha tido um final trá-
tas, como a manutenção dos cativos acorrentados. gico, Palmares permaneceu no imaginário da popula-
Isso não significa, contudo, que os escravizados não ção cativa, representando um ideal de resistência
criaram formas de resistência, seja ela solitária ou em
grupo. HISTÓRIA CULTURAL DOS POVOS AFRICANOS
É necessário compreender a resistência tanto nos
atos individuais de insubordinação diários, quanto A região mais ao norte da África, conhecida como
nas revoltas e quilombos. É preciso atentar-se, tam- saariana, sofreu grade influência de povos fenícios,
bém, para a complexidade das relações entre escravi- turcos, árabes, romanos e gregos. Nessa região, con-
zados e senhores: os espaços urbano e rural traziam solidou-se, ao longo do tempo, uma intensa rede
diferenças significativas, sendo que o escravo urbano comercial, tendo, como epicentro, a cidade histórica
possuía algum nível de mobilidade maior, pois, por de Tombuctu. O Islamismo é a principal religião, con-
vezes, desempenhava trabalhos que exigiam que se figurando-se como um importante elo cultural desses
afastasse dos senhores, enquanto nas zonas rurais, o povos.
trabalho tendia a ser mais pesado e policiado. O sis-
tema escravista se sustentava pela violência em um
misto de paternalismo e hierarquia.
A resistência coletiva dos escravos originou os
chamados quilombos (em Angola, um tipo de acam-
pamento militarizado) ou mocambos (que significava
esconderijo). Na América Portuguesa, os quilombos
foram agrupamentos de escravizados fugidos, que
tentavam escapar do violento sistema. Esses escra-
vizados se mantinham à margem da sociedade, em
lugares de acesso difícil, sem, contudo, perderem as
relações de proximidade com vilarejos e comunida-
des das proximidades.
Palmares, surgida em 1597, foi a maior comunida-
de de escravos fugidos que se tem conhecimento na
história da América Portuguesa, e ficava na Zona da
Mata, onde hoje está o estado de Alagoas. O ambien- Cidade de Tombuctu, no Mali.
te favoreceu o abrigo da população do quilombo e as
palmeiras possibilitaram-lhes sustento e possibilidade Fonte: Blog Ensinar História Joelza.
de confeccionarem armadilhas, roupas e cobertas. A
partir de algum momento, Palmares passou a nomear A porção continental ao sul do deserto do Saara,
uma confederação de comunidades com diversos subsaariana, é composta de diversas origens étnicas,
tamanhos, que se vinculavam por acordos. Era tam- destacando-se os Bantos, Nagôs e Jejes. A base reli-
bém por acordo que escolhiam seus líderes, além de giosa dessa região era, geralmente, politeísta, sendo
contar com administração pública, leis e forma de muito comum o culto aos orixás. A rivalidade entre
governo própria, disposição militar e concepções reli- as etnias dessa região fez com que os europeus iden-
giosas e culturais típicas que colaboravam para a coe- tificassem uma oportunidade de usar prisioneiros de
são do grupo. guerra como escravos na América.
Obviamente, as autoridades metropolitanas per- Muitos artefatos são, hoje, reconhecidos como
cebiam um grande risco em Palmares: além da rela- símbolos da diversidade cultural dos povos daquele
ção ativa com vilas que mediavam a região, poderia continente. Máscaras, trançados de corda, estatuetas,
incentivar o imaginário dos escravizados, acenando objetos talhados em madeira, confecção de tecidos são
para a fuga e resistência. Em 1612, deu-se a primeira alguns dos exemplos.
ação contra Palmares, e a última, em 1694. Durante A metalurgia também é uma técnica dominada
1644 e 1645, período da ocupação holandesa, Palma- há muito tempo, com destaque para a fabricação de
res foi crescendo, aproveitando o contexto social e armas de caça e de guerra, além de ferramentas para
político tumultuado para se favorecer. o trabalho. Na música, podemos citar instrumentos
As autoridades coloniais direcionavam frequen- como o atabaque, o berimbau, o agogô e o afoxé.
temente à confederação missões de reconhecimento
e expedições para ataque, além das tentativas inces- A LUTA DOS NEGROS NO BRASIL E O NEGRO NA
santes de desfazer ligações comerciais dos quilombo- FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
las com as comunidades próximas. Embora as ações
das autoridades portuguesas sempre acabassem fra- Diferentemente dos Estados Unidos, no Brasil não
cassadas, puderam ser finalmente favorecidas com houve um sistema legal voltado para a segregação
as divisões internas que surgiam dentro de Palma- racial. Por ser um país de origem escravista, o racis-
res, ocasionando sua derrocada. Nesse contexto, em mo persistiu como um problema social que perseguiu
HISTÓRIA

1678, Ganga Zumba e Zumbi se indispuseram, criando os negros. O movimento negro, como ficou conhecida
uma fissura em Palmares e dando início a anos vio- a luta pela igualdade étnica-racial, inspirou grandes
lentos. Ganga Zumba foi morto por considerar fazer nomes que lutaram contra o sistema escravista, como
um acordo com as autoridades coloniais e, por mais Zumbi e Dandara dos Palmares e Luís Gama.
quinze anos, Zumbi conseguiu manter a liberdade Ao longo do século XX, a atuação de diversas per-
e autonomia dos quilombolas. Contudo, o estado de sonalidades foi importante para a tomada de espaço
sítio feito pelas tropas coloniais, em 1694, ao Cerco e conquistas pelo movimento. Nomes, como Abdias
Real do Macaco, levou à derrota da comunidade e ao do Nascimento (político), Iyalorixá (mãe de santo), 133
Laudelina de Campos Melo (empregada doméstica), z Tupi: habitavam o litoral e foram os primeiros a
Milton Santos (geógrafo), Kabengele Munanga (pro- entrar em contato com os portugueses. Eram exí-
fessor), Djamila Ribeiro (socióloga) e Marielle Franco mios pescadores e nadadores. Caçavam e cole-
(política) ganharam destaque, sendo bem emblemáti- tavam na floresta. Compunham esse grupo as
co o caso dessa última, que compreendeu um assassi- tribos Tamoio, Guarani, Tupinambá, Tupini-
nato brutal e, ainda hoje, sem solução. quim, Tabajara, entre outras.
O que essas personalidades, bem como outras pes- z Macro-jê: habitavam o interior, principalmente
soas envolvidas no movimento negro, procuraram o Planalto Central, mas algumas de suas tribos
evidenciar é que o racismo é uma forma de segrega- viviam próximas ao litoral, na Serra do Mar.
ção social não oficial. Como consequência, vemos São desse grupo as tribos Timbira, Aimoré, Goi-
cada vez menos negros tendo acesso a melhores tacaz, Carijó, Carajá, Bororó e Botocudo. Viviam
empregos ou adentrando nas faculdades, além da vio- da pesca nas nascentes dos rios, da caça e cole-
lência a qual estão expostos. Neste sentido, a atuação ta de frutos e raízes. Esse grupo somente entrou
de movimentos, como o Movimento Negro Unificado, em contato com os brancos no século XVII, no
é fundamental. momento em que os colonizadores, interessados
Entre as conquistas legais, podemos citar a Lei nº em escravos indígenas, passaram a atacá-los.
12.711/12 e a Lei 12.990/14, popularmente conhecidas z Karib: ocupavam a região do baixo Amazonas e
como Leis de Cotas. A primeira prevê a reserva de parte do Amapá e Roraima, sendo as tribos mais
50% das vagas em cursos de universidades e institutos conhecidas os Atroari e Uaimiri. Eram bastante
federais para estudantes de escola pública e estudan- agressivos e, inclusive, praticavam a antropo-
tes que se autodeclarem pretos, pardos ou indígenas. fagia. Entraram em contato com os brancos no
A segunda prevê a reserva de 20% das vagas ofertadas século XVII, com os aldeamentos religiosos e as
em editais de concursos públicos federais para pretos, fortificações militares.
pardos e indígenas. z Aruak: localizavam-se na Amazônia e na ilha do
A Lei nº 7.716/89 prevê detenção de um a cinco Marajó. Destacaram-se pelos trabalhos em cerâ-
anos para crime de discriminação racial. Essa Lei mica. Suas principais tribos eram Aruá, Pareci,
veda a recusa ao acesso a estabelecimentos públicos Cunibó, Guaná e Terena.
ou privados, o impedimento de acesso aos transpor-
tes públicos, a recusa à matrícula em instituições de A organização básica era a tribo, cada uma delas
ensino, ofensas, agressões e tratamento desigual por liderada por um chefe. As aldeias eram ligadas entre
motivação racial. si por parentesco, costumes e tradição. Para prover
Vale o destaque, também, para a celebração do Dia a sua alimentação, os povos indígenas caçavam,
da Consciência Negra, 20 de novembro, mesma data pescavam e coletavam crustáceos, frutos e raízes.
do assassinato de Zumbi dos Palmares, sendo esse um Alguns grupos cultivavam uma agricultura simples,
dia voltado à memória da luta dos negros no Brasil. com o plantio de milho, batata-doce, mandioca, abó-
bora, pimenta, abacaxi, amendoim, mamão, caju e
HISTÓRIA DOS POVOS INDÍGENAS E A FORMAÇÃO maracujá.
SOCIOCULTURAL BRASILEIRA O trabalho era dividido entre os homens que
faziam o arado, lidavam com a pesca, a guerra e a
Os povos indígenas que ocupavam o território do caça, enquanto as mulheres lidavam com o plantio,
Brasil, de um modo geral, podem ser classificados em a colheita e o artesanato. As práticas religiosas dos
quatro grupos linguísticos: Tupi, Macro-jê, Aruak e indígenas eram de natureza politeísta, possuindo
Karib. uma relação muito estreita com os elementos da
natureza. O pajé, líder religioso, era muito importan-
te na organização das tribos.
Alguns hábitos dos indígenas influenciaram a
nossa cultura atual, como o banho diário, a língua
(temos, no português do Brasil, muitas palavras de
origem indígena), as festividades e o folclore.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL, MOVIMENTOS


SOCIAIS, PENSAMENTO POLÍTICO E
AÇÃO DO ESTADO
CIDADANIA E DEMOCRACIA NA ANTIGUIDADE

Para falarmos de cidadania e democracia na Anti-


guidade, devemos nos remeter para a história de
Atenas, na Grécia, berço desses elementos tão impor-
tantes na política dos nossos dias. Fundada pelos
jônios no século X a. C. Inicialmente, era governada
por uma monarquia restringida por um conselho de
aristocratas, que aos poucos assumiu mais poderes
até tornar Atenas uma oligarquia (governo de um
134 Fonte: Wikimedia Commons grupo de pessoas). Esses eram chamados eupátridas e
descendiam das antigas famílias proprietárias de ter- ESTADO E DIREITOS DO CIDADÃO A PARTIR DA
ra. No entanto, com a expansão comercial e colonial IDADE MODERNA
das cidades gregas, em Atenas foi aumentando a força
dos comerciantes e artesãos que passaram a reclamar Para a compreensão desse tópico, vamos nos apro-
por maior participação política. Assim foi criada a fundar em dois movimentos de suma importância no
figura do legislador, responsável pelo registro das leis. período: Iluminismo e Revolução Francesa.
O mais conhecido dos legisladores foi Sólon, que
Iluminismo
no início do século IV a. C. foi responsável por uma
série de mudanças fundamentais: fim da escravidão
O iluminismo foi um movimento intelectual que
por dívidas, aumento do número de cidadãos com
ocorreu na Europa, no século XVIII. Os intelectuais
direitos políticos, criação de um conselho de quatro-
que participaram desse movimento acreditavam que
centos membros (Bulleutérion), de uma assembleia
sua época precisava ser iluminada pela luz da razão,
popular (Eclésia) e de um tribunal popular de justiça
ou seja, a natureza e a sociedade deveriam ser com-
(Helieia). Na economia, houve incentivo ao artesanato
preendidas por meio da racionalidade. Os pensadores
e ao comércio, além da padronização de moeda, pesos
iluministas pretendiam tornar a sociedade europeia
e medidas. No entanto, os camponeses ficaram insatis-
mais justa e racional. Por isso, questionaram as bases
feitos sem a redistribuição de terras.
do Antigo Regime, criticando o poder despótico dos
Essas reformas parciais levaram ao surgimento da
reis absolutistas.
tirania, quando um indivíduo com o apoio das classes
As ideias iluministas tiveram grande repercussão
populares toma o poder. O mais conhecido foi Pisístra-
e influenciaram movimentos sociais por todo o mun-
to, que por volta de 560 a. C. trouxe algumas mudan-
do, como a Revolução de Independência dos Estados
ças como a distribuição de terras e disponibilização
Unidos da América e a Revolução Francesa. Os ideais
de empréstimos aos camponeses, fomentou a constru-
iluministas também inspiraram algumas rebeliões
ção de obras públicas e incentivou artistas e estudio-
no Brasil, como a Conjuração Mineira e a Conjuração
sos. Seus sucessores, no entanto, não conseguiram dar
Baiana.
continuidade à tirania.
O iluminismo foi importante também por pro-
Por volta de 510 a. C., o aristocrata Clístenes devol-
mover uma revolução científica. O método científico
veu os poderes ao Bulleutérion e a Helieia, além de
moderno deveria ser baseado em algumas “leis” a
criar os demos. Esses funcionaram como assembleias
serem seguidas: a) A curiosidade para resolver uma
populares que permitiram aos cidadãos atenienses
dúvida; b) Para resolver essa dúvida, desenvolve-se
tomarem decisões sobre questões públicas, além do
uma explicação possível chamada de hipótese; c) Essa
direito de voto ao ostracismo, mandando ao exílio
hipótese deve ser posta à prova por meio dos experi-
por dez anos aqueles que viessem a ameaçar a ordem
mentos; d) Se o experimento comprovou a hipótese,
democrática. A democracia foi consolidada por Péri-
temos uma teoria.
cles entre 461 e 429 a. C. No entanto, só participavam
Os principais nomes a empregar esse método
da democracia os nascidos em Atenas com mais de 18 científico moderno de forma pioneira foram Galileu
anos, além disso, os mais pobres tinham menos tempo Galilei, no estudo do sistema solar, Francis Bacon, por
de participação por conta da dedicação ao trabalho, estabelecer o empirismo e a importância da expe-
fazendo com que os mais abastados tivessem mais riência, René Descartes, pela abordagem racional dos
espaço de decisão. fenômenos para estabelecer uma teoria, e Isaac New-
ton, responsável por estabelecer pela primeira vez
um sistema científico para explicar o movimento dos
corpos físicos.

HISTÓRIA

Fonte: Info Escola.

O espaço público de Atenas era dividido pela Acró-


pole (cidade alta), onde se localizavam os templos
religiosos como o Partenon, e pela Ágora (cidade bai- Experiência com um pássaro e uma bomba de ar de Joseph Wright.
xa), onde se ficavam as assembleias como Helieia e o
Bulleutérion. Fonte: História das Artes. 135
As críticas dos pensadores iluministas foram Revolução Francesa
direcionadas principalmente contra o absolutismo e
contra o poder da Igreja Católica. Alguns pensadores A Revolução Francesa é o evento histórico que
destaque foram: separa a Idade Moderna e a Idade Contemporânea,
dado o tamanho do seu impacto na história da huma-
nidade. Até o século XVIII, a França vivia sob o reina-
z Montesquieu: o absolutismo, segundo ele, era um
do absolutista de Luís XVI, que acumulava os poderes
regime violento, corrupto, culpado pela estagna- legislativo, executivo e judiciário.
ção, temor e pobreza do povo. Para combatê-lo, A estrutura do Estado Absolutista possuía três dife-
deveria haver uma divisão entre três poderes. O rentes estados que caracterizavam sua população: o
legislativo, para elaborar as leis, o executivo, para Primeiro Estado era representado pelo Alto Clero, o
administrar as leis, e o judiciário, para julgar os Segundo Estado era formado pela nobreza, dividia-se
desvios da lei. entre aqueles de funções militares (nobreza de espa-
z Voltaire: um crítico feroz da Igreja Católica, que da) e aqueles de funções jurídicas (nobreza de toga),
já o Terceiro Estado compreendia a burguesia, o Baixo
era responsável por propagar superstição, fana-
Clero, comerciantes, banqueiros, empresários, traba-
tismo e a intolerância religiosa. Nesse sentido, ele
lhadores urbanos e os camponeses. Os membros do
defendia que a razão deveria combater tais males. Terceiro Estado eram conhecidos como sans-cullotes,
z Rousseau: defendia que o poder tinha origem no por conta de não usarem um calção que caracterizava
povo e só seria legítimo se fosse exercido sob seu a nobreza.
nome. Para garantir a sua liberdade em sociedade, A Corte absolutista francesa possuía um alto custo de
o homem deveria priorizar os interesses coletivos vida sustentado pelo estado. No contexto pré-revolucio-
ao invés de seus interesses individuais, mantendo nário, a França enfrentava uma terrível seca que afetou
a produção de alimentos uma crise no campo. Enfrenta-
assim a sua liberdade e combatendo a corrupção.
va também uma crise financeira, por conta do endivida-
z John Locke: defensor radical da propriedade
mento e da falta de modernização econômica.
privada, que segundo ele era o meio por onde o No fim da década de 1780, os membros do Tercei-
homem produzia seus bens e garantia a riqueza da ro Estado, já sob a influência iluminista, começaram
sociedade. Defendia que a população escolhesse a exigir maior participação política e uma resposta
seus governantes por meio do voto e os fiscalizas- efetiva da Coroa e da nobreza para a crise. Com a ten-
se, o chamado livre consentimento político. são entre os interesses do Terceiro Estado e os do Alto
z Adam Smith: considerado pai da liberdade econô- Clero e da Nobreza se acentuando, Luís XVI convocou
a Assembleia dos Estados Gerais em maio de 1789.
mica, defendia que as pessoas fossem livres para
Entretanto, o fato dos votos do Primeiro e do Segundo
comprar e vender produtos que desejassem. Dessa
Estado terem maior peso, despertou a indignação de
forma, o protecionismo feito pela Coroa era algo burgueses e trabalhadores. A burguesia passou a se
ruim porque isolava o mercado interno de produ- articular para redigir uma nova constituição para a
tos externos, assim não deveria haver intervenção França. No mesmo momento, o levante de populares
estatal. sacudiu a cidade de Paris.
Em 14 de julho de 1789, o povo tomou a prisão
O despotismo esclarecido foi uma forma de da Bastilha que simbolizava o Antigo Regime, pois
governo que buscava conciliar ideias iluministas e era onde ficavam detidos os presos políticos. Em 4
de agosto, a Assembleia Nacional ditou alguns decre-
práticas absolutistas. Monarcas como Frederico II, da
tos que cortavam os privilégios da nobreza, como a
Prússia, Catarina, da Rússia, José II, da Áustria, e José
isenção de impostos e o monopólio sobre terras cul-
I, de Portugal promoveram o combate à corrupção, a tiváveis. Também instituiu a Declaração de Direitos
melhoria na administração dos tributos, a abolição da do Homem e do Cidadão, estabelecendo cidadania,
servidão e o incentivo à agricultura, à indústria e ao liberdade, soberania e direito à defesa.
comércio.

Marques de Pombal, ministro português responsável pelas reformas


no reinado de José I. Queda da bastilha em 14 de julho de 1789.

136 Fonte: Opera Mundi. Fonte: Wikimedia Commons.


Em setembro de 1791 foi promulgada a nova cons- REVOLUÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS NA EUROPA
tituição. Ela assegurava a cidadania para todos, a MODERNA
igualdade de todos perante a lei, o voto censitário e
confiscava as terras da Igreja, entre outras coisas. Essa As revoluções da Europa Moderna ou as Revolu-
fase da Revolução é conhecida como Monarquia Cons- ções burguesas são as caracterizações dadas às duas
titucional, que durou de 1791 a 1792. Os jacobinos, revoluções inglesas do século XVIII, que tiveram
partidários de mudanças mais radicais, defendiam como consequência a formação de uma monarquia
uma ampliação da revolução, aumentando a pressão constitucional e a imposição de limites ao poder do
contra os nobres e o clero para instituir a república. rei, dividindo atribuições com o parlamento. A pri-
Ameaçado pelos rumos da Revolução, Luís XVI articu- meira revolução tem início em 1640. O Parlamento,
lou com a Prússia uma intervenção na França. Após majoritariamente puritano (protestante), estava des-
o fracasso, o rei e sua esposa Maria Antonieta tenta- contente com a aproximação do rei católico Carlos I
ram fugir, mas acabaram sendo detidos. Ambos foram com o papado e decidiu recusar o recolhimento de
mortos na guilhotina em 1793. impostos como forma de protesto. Com isso, tem iní-
Esses eventos marcam o início do período da Con- cio uma violenta guerra civil, tendo como desfecho
venção, sob a liderança dos jacobinos. Caracterizou-se a decapitação do rei, a queda da monarquia e a ins-
pela fase do Terror, quando a guilhotina foi usada de tauração de uma república sob a liderança de Oliver
forma mais sistemática. Robespierre, Saint-Just e Dan- Cromwell em 1649. A essa primeira revolução ingle-
ton eram os líderes mais conhecidos. Nesse período, os sa chamamos de Revolução Puritana.
franceses também tiveram que resistir contra prussia- A república durou pouco tempo após a morte de
nos e austríacos, que tentaram deter a revolução com Cromwell. Houve o retorno à dinastia dos Stuarts,
medo de que ela se espalhasse. Nesse momento, nasceu com a posse do filho do rei decapitado, Carlos II.
o exército nacional francês. O que foi um marco por Quando da morte dele em 1685, este não havia dei-
não ser composto por mercenários e aristocratas, mas xado herdeiro, de tal sorte que o trono inglês passou
pelo povo que se reconhecia com aquela nacionalidade. para seu irmão Jaime II. O novo rei trouxe de volta os
Em 1795, a burguesia conseguiu retomar o poder e atritos com o parlamento. Entre suas medidas, estava
deu início ao período conhecido como Diretório. Uma o retorno aos poderes absolutos do rei e o fortaleci-
nova constituição foi redigida. O órgão de liderança mento do catolicismo na Inglaterra, havendo certos
era formado por cinco membros indicados pelos privilégios aos católicos como isenção de impostos e
deputados. A crise social na França era generalizada nomeação para altos cargos. O medo da perpetuação
e o medo da burguesia de que os jacobinos retornas- de católicos no poder com o nascimento do filho do
sem ao poder fez com que eles se aliassem ao jovem rei em 1688 foi o estopim para o que conhecemos
general de destaque que retornava do Egito: Napoleão como Revolução Gloriosa.
Bonaparte. O Golpe do 18 Brumário (9 de novembro) Ela ganhou esse nome, pois sua saída foi feita
em 1799 instaurou uma ditadura sob sua liderança e sem guerra. O Parlamento protestante tramou junto
pôs fim a Revolução Francesa. à filha do rei, Maria Stuart, e seu marido, Guilherme
de Orange. Com a reunião de tropas para sua deposi-
DEMOCRACIA DIRETA, INDIRETA E ção, o rei Jaime II se exilou na França, enquanto sua
REPRESENTATIVA filha e seu genro assumiam o trono e garantiam o
poder dos protestantes na Inglaterra. A condição fun-
A democracia direta é onde o cidadão tem direito damental para a coroação dos novos reis foi a assi-
ao voto e pode expressar sua opinião sem precisar ele- natura da Bill of Rights (Declaração dos Direitos),
ger intermediários. Foi um modelo presente na Grécia em que a monarquia constitucional era baseada em
Antiga. Sua forma acaba sendo viável apenas em meio limites postos pelo Parlamento à atuação real, como
a populações que vivem em territórios pequenos. no aumento de impostos, no confisco de propriedade
Sendo assim, os países democráticos adotam a forma e no direito à liberdade de expressão, a Coroa não
indireta e representativa, ou seja, as decisões políticas poderia interferir sem a decisão do Parlamento.
não são tomadas diretamente pelos cidadãos, mas por Essas revoluções são consideradas burguesas,
representantes eleitos. Eles passam a ser a “voz” do pois garantiram as demandas da burguesia inglesa,
povo nas instituições, como o parlamento, ao fazerem interessada em derrubar o absolutismo, sendo esse
e executarem as leis. sistema visto como um entrave no desenvolvimento
das atividades econômicas. Além disso, as revolu-
ções burguesas da Inglaterra irão repercutir no sécu-
lo seguinte: na própria Inglaterra, com a Revolução
Industrial, e na França, com a Revolução Francesa.
HISTÓRIA

Sessão da Câmara dos Deputados. Coroação de Guilherme de Orange e Maria Stuart em 1690.

Fonte: Senado Federal. Fonte: Wikimedia Commons. 137


FORMAÇÃO TERRITORIAL BRASILEIRA Há que se dizer que a posição de defesa da Igreja,
em relação aos indígenas, freou, em alguma medida,
A primeira fase da chegada portuguesa é caracte- as ações bandeirantes, fazendo a atenção voltar-se
rizada pela instituição das feitorias após a chegada da para o tráfico atlântico, que causava menos incômo-
esquadra de Cabral em 22 de abril de 1500. Essas fei- do moral que o trabalho compulsório indígena que, é
torias eram fortificações militares que visavam garan- preciso reiterar, continuou a existir.
tir o domínio sobre uma determinada área e explorar
economicamente o território. Invasões estrangeiras
Em 1532, a expedição de Martim Afonso de Sousa
foi um empreendimento no qual a Coroa Portuguesa Desde o início da chegada dos portugueses à Amé-
adotava medidas mais efetivas para a colonização do rica, a costa da colônia fora alvo de inúmeras invasões
território, procurando efetivá-la pelo povoamento além estrangeiras, de povos franceses, ingleses, holandeses,
da exploração. A missão de Martim de Sousa era esta- entre outros. Contudo, o inconveniente não vinha
belecer uma capitania com a fundação da vila de São apenas dos piratas, pois a França já havia tentado
Vicente. Assim foi fundada a primeira câmara legislati- quebrar o Tratado de Tordesilhas por duas vezes e os
va, formada pelos “homens bons” (homens proprietá- holandeses também não ficaram para trás.
rios), além de começar o empreendimento açucareiro, A primeira tentativa da França de colonização
que não chegou a vingar. Foi a partir dessa experiência da América Portuguesa ficou conhecida como Fran-
que se adotou o regime das capitanias hereditárias. ça Antártica, e foi empreendida por Nicolas Durand
Com as capitanias hereditárias, Portugal repartiu de Villegagnon, que desembarcou no Rio de Janeiro
suas terras na América que iam do litoral até o limi- em 1555 e permaneceu lá por três anos: um período
te estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas (divisão curto, mas que trouxe muitas repercussões no que se
de territórios entre Espanha e Portugal realizada por refere ao imaginário em relação aos grupos indíge-
Alexandre VI em 1494). Ao todo, foram divididas 15 nas. Em 1612, a França realizou a segunda invasão,
faixas de terra distribuídas entre homens da aristo- dessa vez em São Luís, no Maranhão. Ali, tentaram
cracia portuguesa, que passariam esse controle aos instalar a França Equinocial, começando por instituir
seus herdeiros. No entanto, os sucessivos ataques uma feitoria na ilha de São Luís e se relacionando com
de nativos e o fracasso econômico da maioria delas as sociedades indígenas que habitavam a região.
(exceto Pernambuco e São Vicente) levaram a Coroa a A França Equinocial tinha apoio da Coroa francesa
abandonar gradativamente esse sistema, dando força e se instituiu sob a autoridade de Daniel de la Tou-
para o modelo de governo-geral. che, fundador do povoado de Saint Louis, que seria
A expansão territorial brasileira contou com apenas o território inicial de uma vasta extensão ocu-
outros dois importantes agentes: os bandeirantes e as pada pelos franceses: desde o litoral maranhense até
invasões estrangeiras. o espaço do que hoje é o atual Tocantins. Em 1615, os
Uma questão fundamental na colonização portu- franceses foram expulsos pelas tropas lusitanas e o
guesa diz respeito ao trato dos indígenas pelos colonos, território ocupado por colonos portugueses que inse-
pois enquanto estes queriam escravizar as populações riram a cultura de açúcar na região. Em 1626, os fran-
nativas, as missões jesuíticas procuravam protegê-los ceses tomaram o território da contemporânea Guiana
do trabalho forçado e encaminhá-los à catequese. A Francesa, e apenas aí tiveram êxito.
concepção de trabalho das sociedades indígenas era Se a França falhou na fundação de uma colônia
um tanto diferente da concepção europeia, já que não duradoura na América Portuguesa, a Holanda teria
havia nessas sociedades interesse imediato por exce- mais êxito em sua tentativa. A relação entre Holanda e
dentes e sua produção se caracterizava por uma con- Portugal nem sempre foi tranquila, e quando da crise
cepção coletiva de fabrico e consumo. de sucessão da monarquia portuguesa, que entregava
Muitos indígenas, ao terem contato com os colo- o trono português à Coroa espanhola, (ato conhecido
nizadores, foram se retirando para o interior, procu- como União Ibérica), Portugal assumiu, consequente-
rando escapar do trabalho compulsório. Uma questão mente, os inimigos da Coroa Espanhola, e entre eles
se mostrou central nesse contexto: a necessidade cris- estavam os holandeses. Com as duas Coroas unidas, os
tã de catequização das populações indígenas. Para domínios coloniais também foram fundidos, ficando
a Igreja, esses indivíduos eram importantes “novos sob o comando da Casa Real espanhola, na dinastia
fiéis” que precisavam ser encaminhados. que ficou conhecida como “filipina”.
Muito embora se tenha encorpado o discurso que Em 1604, os holandeses atacaram Salvador, ima-
diz respeito à substituição do trabalho indígena pelo ginando que os portugueses não conseguiriam, pelo
trabalho, também compulsório, dos africanos, o que tamanho da costa, impedir a ação. Essa primeira ten-
de fato se percebe nas pesquisas historiográficas é que tativa falhou. Seria criada, então, a Companhia Holan-
uma ação não anulou a outra, pois ambas as popula- desa das Índias Ocidentais, em 1621, formada por
ções foram utilizadas como mão de obra forçada. capital do Estado e investidores privados, cujos objeti-
Um exemplo notável do processo de escravização vos eram a tomada das áreas açucareiras e o controle
indígena pode ser apontado pelas atividades dos ban- do mercado de escravos na África.
deirantes, da região de São Paulo. Os bandeirantes Finalmente, em 1624, a capital foi ocupada por um
adentravam o interior – os sertões – procurando por dia, mas retomada em seguida em ação coordenada
indígenas e assaltando as missões jesuítas que trans- por Matias de Albuquerque (governador português
portavam os indígenas, onde eram criadas vilas em vigente), evitando, assim, que as fazendas de cana e
que trabalhavam e eram catequisados. Assim, as duas os engenhos fossem tomados. Novo ataque aconteceu
categorias, colonos e jesuítas, se viam em constante em 1627, no entanto o objetivo parecia ser apenas a
138 litígio. pilhagem e não a ocupação da área.
Como não conseguiam ocupar a capitania da Bahia, os holandeses se voltaram para Pernambuco, que também
era importante centro produtor de açúcar. Organizados, 7280 homens, em 65 embarcações, iniciaram o ataque
em 1630, e Olinda foi ocupada pelos holandeses. Estes, por sua vez, investiram na colônia que acabavam de con-
quistar: Maurício de Nassau foi feito governador-geral do Brasil holandês e transformou substancialmente a área.
Nassau reestabeleceu os engenhos que haviam sido abandonados pelos colonos portugueses, recompôs o tráfico
de escravizados, forneceu crédito e obrigou o plantio para subsistência da capitania. Além disso, Nassau se mos-
trou tolerante na questão religiosa.
A administração do Brasil holandês por Nassau trouxe bons feitos para a região, como a criação da Cidade
Maurícia, melhorando a situação da população da região, que antes se via em péssimas habitações e sem acesso às
devidas condições de higiene. Foi também sob sua supervisão que se construiu as três primeiras pontes de grande
proporção no território colonial, e criou-se um espaço que recolhia espécies variadas de fauna e flora.
Embora Nassau tenha feito uma administração popular na região, acabou retornando à Europa em 1644, por
conta das sucessivas pressões dos seus compatriotas. A partir daí, deu-se um declínio do chamado Brasil holandês,
e as “guerras brasílicas”, que visavam à retomada do território pelos portugueses. Prologaram-se até 1654, quan-
do as tropas portuguesas finalmente retomaram o espaço invadido.

AS REGIÕES BRASILEIRAS

A lº divisão oficial do IBGE, adotada pelo governo brasileiro, considera os limites dos estados e as característi-
cas naturais dominantes no território. Uma das críticas apontadas a essa divisão é o fato de apresentar uma limi-
tada capacidade de análise, uma vez que não há compatibilidade entre os limites políticos e os limites naturais, e
também sua baixa eficácia na mediação das ações que visam solucionar as desigualdades regionais surgidas no
percurso histórico do Brasil, já que a Região Sudeste continua sendo a que possui maior desenvolvimento indus-
trial e econômico. Apesar de não oferecer um panorama mais fiel da realidade socioeconômica das unidades
regionais, essa divisão serve de base para pesquisas e levantamentos de estatísticas, além de ser utilizada pelo
governo para a elaboração de políticas públicas e a atuação de determinados órgãos governamentais.

Brasil - Divisão regional segundo o IBGE


Venezuela Guiana
Guiana N
Suriname Francesa
Colômbia Roraima
(FRA)
Amapá
Equador

Amazonas Pará Maranhão Ceará Rio Grande


do Norte

Piauí Paraíba
Acre Pernambuco

Rondônia Tocantins Alagoas


Peru Bahia
Mato Grosso Sergipe
Brasília
DF Oceano
Bolívia
Goiás Atlântico
Minas
Mato Grosso Gerais
Oceano do Sul Espírito
Pacífico Santo
São Paulo
Chile Paraguai Rio de
Catarina
Capital do País Paraná
Região
Santa
Norte Argentina Catarina
Nordeste Rio Grande
Centro-Oeste do Sul
Sudeste
Uruguai
Sul

Fonte: IBGE.

Assim, a divisão regional atual do Brasil consiste em: Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá
e Tocantins), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bah-
ia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo,
Rio de Janeiro e São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

POLÍTICAS DE REORDENAMENTO TERRITORIAL

O território da América Portuguesa frequentemente sofria invasões de corsários de variadas nacionalidades,


ficando evidente para a Coroa a necessidade de apossar-se efetivamente do território, uma vez que apenas o
HISTÓRIA

tratado de Tordesilhas não frearia as incursões e estabelecimentos não autorizados. Nesse sentido, foram criadas
frentes colonizadoras independentes, que apresentavam pouca comunicação entre si, relacionando-se imedia-
tamente apenas com a metrópole. O sistema administrativo pelo qual se optou foram as chamadas capitanias
hereditárias, forma de administração realizada em outros domínios lusitanos. A Coroa não tinha os recursos
necessários para realizar a exploração de tão amplos domínios, por isso, doou lotes de terras a particulares que,
com seus recursos econômicos e humanos, deveriam primar pelo desenvolvimento dos espaços. Esses lotes de
terra eram hereditários. 139
O território da América Portuguesa foi dividido países no continente. O projeto pan-americano de
em quinze lotes, sendo quatorze capitanias que, por integração entre as nações independentes no Congres-
sua vez, eram administradas por doze donatários. O so do Panamá em 1826 não foi adiante, inclusive pela
donatário era o responsável com poder proeminente intervenção inglesa preocupada que isso colocasse
e, além do uso da terra, também administrava o traba- em risco seus interesses na região.
lho indígena. As capitanias não se relacionavam entre Os processos de independência acabaram não se
si e o distanciamento era evidente e preocupante, de traduzindo em uma efetiva e radical transformação
modo que em 1572 a Coroa Portuguesa fragmentou da sociedade, vide o poder das elites locais que instau-
a administração em dois governos-gerais: o Governo raram regimes ditatoriais. Além disso, a dependência
do Norte, que tinha como capital a cidade de Salva- econômica em relação às potências capitalistas esta-
dor e era composto da Capitania da Baía até a capi- belecida a partir do século XIX fez com que muitos dos
tania do Maranhão, e o Governo do Sul, sediado no problemas, como a desigualdade econômica e a insta-
Rio de Janeiro, e composto pela região de Ilhéus até bilidade social e política, permanecessem.
o Sul. Reuniam-se regiões, ainda, que não pareciam
compreender pertencerem ao mesmo espaço admi- GRUPOS SOCIAIS EM CONFLITO NO BRASIL
nistrativo e político. IMPERIAL E A CONSTRUÇÃO DA NAÇÃO
A configuração dos limites territoriais alterou-se
bastante após o Tratado de Tordesilhas de 1494. Duran- Primeiro Reinado
te a União Ibérica, quando as possessões de Espanha
e Portugal foram fundidas, o respeito aos limites do Entre 1822 e 1831, tem-se a primeira fase adminis-
território deixou de ser levado a sério. Porém, a ativi- trativa do Império, conhecida como Primeiro Reina-
dade bandeirante e a atividade pecuária aumentavam do. A Assembleia Constituinte eleita em 1823 desejava
o espaço ocupado por colonos ligados a Portugal. a limitação dos poderes de D. Pedro I. Durante a Noite
O Tratado de Utrecht, de 1713, teve como objeti- da Agonia, o imperador cassou os deputados oposito-
vo resolver esses problemas. Definiu que a Colônia res, impugnou as proposições constitucionais e outor-
de Sacramento, atual Uruguai, era posse portuguesa.
gou a Primeira Constituição Brasileira, em 1824. Ela
O Tratado de Madri, de 1750, devolveu a Colônia de
estabelecia, entre outras coisas:
Sacramento aos espanhóis, enquanto estabelecia a
região dos Sete Povos das Missões (atual Rio Grande
z Existência do poder moderador, que poderia sus-
do Sul), do atual Centro-Oeste e boa parte da Amazô-
pender o poder legislativo, executivo e judiciário;
nia como posses portuguesas. Essa decisão seria tam-
z Poder hereditário;
bém confirmada com o Tratado de Santo Ildefonso,
z Voto censitário, calculado pela renda.
em 1750, e com o Tratado de Badajós, em 1801.
Em reação ao autoritarismo, eclodiu, em Pernam-
AS LUTAS PELA CONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA
buco, a Confederação do Equador, exigindo uma repú-
POLÍTICA DAS COLÔNIAS DA AMÉRICA
blica liberal, a abolição da escravidão e a ampliação
de direitos sociais. Esse movimento teve como prin-
A elite letrada da América Espanhola, influencia-
cipal líder Frei Caneca, mas acabou sendo reprimida
da pelos ideais iluministas, passou a questionar as
com sucesso.
decisões autoritárias da metrópole, bem como o pacto
Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina
colonial. Esses intelectuais faziam parte de um grupo
entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do
conhecido como criollos, filhos de espanhóis nascidos
na América, que eram desprovidos de direitos políti- Rio da Prata. Após um desgastante e custoso conflito
cos. Seu enfrentamento se daria, sobretudo, contra os (o Banco do Brasil chegou a falir), a independência do
chapetones, nascidos na Espanha e que ocupavam os Uruguai foi reconhecida. A instabilidade política tam-
principais cargos. bém podia ser verificada em episódios como a Noite
Além do iluminismo entre os intelectuais, a explo- das Garrafadas, demonstrando a grande divergência
ração do trabalho dos índios, dos escravos e dos mes- entre brasileiros e portugueses, juntava-se a isso a cri-
tiços também motivou algumas rebeliões. Junto à se econômica e a disputa pela sucessão do trono em
situação de miséria vivida por esses grupos, essa explo- Portugal, levando D. Pedro I à abdicação do trono em
ração levou movimentos revolucionários a tomar 7 de abril de 1831.
força, como a Rebelião Tupac Amaro (1780, Peru) e o
Movimento Comunero (1781, atual Colômbia). Período Regencial
O estopim para o movimento mais amplo de
emancipação das colônias teve início quando Napo- Segundo a Constituição de 1824, a abdicação de
leão Bonaparte invadiu a Espanha e prendeu o rei D. Pedro I levaria ao trono seu filho D. Pedro II. No
Fernando VII. As colônias passaram a agir cada vez entanto, ele tinha apenas cinco anos de idade naquela
mais autonomamente em relação às metrópoles. Por ocasião. Então, o Parlamento buscou uma alternativa:
outro lado, a Inglaterra, em um momento de necessi- a regência. O período regencial durou de 1831 até
dade de ampliar os mercados consumidores por conta 1840 e foi marcado por grandes conflitos regionais. Os
da Revolução Industrial, viu com bons olhos o fim do grupos políticos se dividiam entre:
monopólio comercial espanhol na América.
Nesse contexto, a mobilização ganha impulso. A z Restauradores: Defendiam o retorno de D. Pedro I
restauração da autoridade colonial espanhola foi o e, posteriormente, a coroação de D. Pedro II;
início para as hostilidades dos criollos. Simon Bolívar z Liberais moderados: Exigiam poderes monárqui-
e José de San Martin tiveram papel de destaque, con- cos com restrições;
seguindo mobilizar lideranças e exércitos que tinha z Liberais exaltados: Favoráveis ao federalismo,
140 como objetivo declarar a independência de vários com maior autonomia das províncias.
Durante o período foram criados: o Código de Pro- A guerra opôs os paraguaios, liderados pelo dita-
cesso Criminal, a Guarda Nacional, o Ato Adicional dor Solano Lopez, e a Tríplice Aliança, formada
(dando poder às assembleias regionais) e a Lei Feijó por Brasil, Argentina e Uruguai. No entanto, o Brasil
(que abolia o tráfico no papel, fazendo, entretanto, acabou indo bem mais além que os outros dois, arras-
“vista grossa” para que ele ainda existisse na prática). tando a guerra até o assassinato de Lopez em 1870.
A instabilidade política acentuou-se com a eclosão Mesmo vitorioso, o Brasil passou a enfrentar um pro-
de diversos movimentos separatistas nas províncias cesso de crise.
do país. Dentre eles, destacam-se:
Crise e queda do Império
z Cabanada (1832-34, Pernambuco): Lutava pela res-
O conflito levou ao surgimento da Questão Mili-
tauração da monarquia sob D. Pedro I e pelo fim
tar, envolvendo os direitos sociais e políticos dos mili-
da escravidão;
tares. Com o surgimento do Partido Republicano em
z Cabanagem (1835-40, Grão-Pará): Lutava por melho- 1873, uma ala mais radical do Partido Liberal passou
res condições de vida para a população da região e a contestar a centralização monárquica. O movimen-
vitimou cerca de 30 mil pessoas; to abolicionista ganhava cada vez maior repercus-
z Revolução Farroupilha (1835-45, Rio Grande do são em busca da aprovação de leis que dessem fim à
Sul): Lutavam pela independência do estado e por escravidão.
melhores condições para os criadores de gado; Ademais, houve uma quebra no elo com os conser-
z Sabinada (1837-38, na Bahia): Lutava pela inde- vadores, quando o Império passou a recusar as inter-
pendência da Bahia e pelo fim da escravidão; venções do Vaticano sobre a Igreja no Brasil, episódio
z Balaiada (1838-41, Maranhão): Lutava contra a conhecido como Questão Religiosa.
desigualdade social e contra as injustiças cometi- O rompimento definitivo viria com o fim da escra-
das pelas elites. vidão. A partir da Lei do Ventre Livre, em 1871, e da
Lei dos Sexagenários, em 1883, a abolição parecia
Na preocupação de garantir a unidade do territó- inevitável. No entanto, os escravocratas radicalizaram
rio, liberais e conservadores (antigos restauradores) sua oposição aos abolicionistas a partir de 1885, proi-
bindo seus eventos e organizando ataques.
fizeram uma manobra constitucional e aclamaram D.
Diante da iminência de uma guerra civil, o Império
Pedro II por meio do golpe da maioridade (1840).
decidiu mediar o fim da escravidão com a Lei Áurea,
em 13 de maio de 1888, perdendo o apoio dos cafei-
Segundo Reinado (1840-1889) cultores do Vale do Paraíba, que ficaram conhecidos
como republicanos de última hora. Por fim, um golpe
Com o golpe da maioridade, teve início o período militar com o apoio de setores civis realizou a Procla-
conhecido como Segundo Reinado, que se estendeu mação da República, em 1889.
até 1889. Por meio de uma manobra conhecida como
“parlamentarismo às avessas”, D. Pedro II exercia O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO LIBERAL
poder sobre a Chefia de Gabinete e sobre o Parlamen- NA SOCIEDADE CAPITALISTA E SEUS CRÍTICOS
to. Embora o legislativo fosse dividido entre Partido NOS SÉCULOS XIX E XX
Conservador (saquaremas) e Partido Liberal (luzias),
ambos tinham posições semelhantes, como a manu- O liberalismo defende que uma sociedade justa é
tenção da escravidão e a centralização de poder pelo aquela na qual as pessoas são livres para realizar seus
imperador. interesses e objetivos. Ou seja, o pensamento liberal
O Segundo Reinado foi marcado também por acredita que cada pessoa tenha liberdade de decidir
uma fase de desenvolvimento econômico. O sucesso no que crer, desde religião até posicionamento político.
do ciclo do café (1830-1950) foi possível pelo forta- Por isso, é contrário a que autoridades religiosas e do
governo interfiram sobre o modo de vida dos indiví-
lecimento da Inglaterra e dos Estados Unidos como
duos, tanto no campo ideológico como no campo mate-
mercados consumidores, além de algumas condições
rial (relacionado às práticas econômicas e de trabalho).
internas: O pensamento liberal se opunha à concentração
de poderes nas mãos dos governantes, especialmen-
z A abertura de caminhos que ligavam o litoral ao te dos reis, assim como o mercantilismo, já que estes
interior passando pelo Vale do Paraíba; dois eram vistos como barreiras às liberdades dos
z A disponibilidade de terras herdadas da política de indivíduos, tanto econômicas como sociais. Tornou-
vigilância na época do ouro; -se, assim, um importante instrumento de crítica às
z O sistema de transporte que foi modernizado com monarquias absolutistas e foi utilizado pela burguesia
a instalação das ferrovias a partir de 1860. para lutar por liberdades e maior participação políti-
ca a partir do século XVIII.
O Império começou a sofrer com legislação inter- Na transição do feudalismo para o capitalismo,
nacional inglesa para a proibição do tráfico, o que entre os séculos XVI e XVIII, as terras comunais passa-
o levou a aprovar duas medidas: a Lei Eusébio de ram pelo processo de cercamento na Inglaterra. Com
isso, os trabalhadores perderam acesso à terra e, con-
Queirós, que extinguia o tráfico atlântico de escravos,
sequentemente, aos seus meios de sustento, o que os
e a Lei de Terras, colocando que a terra só poderia
levou, por fim, a vender seu tempo em troca de salá-
HISTÓRIA

ser adquirida por meio de compra, excluindo futuros rios. Assim, antigos servos e pequenos produtores tor-
escravizados libertos e os imigrantes europeus que naram-se trabalhadores assalariados e aumentaram o
começaram a vir. contingente de trabalhadores nas indústrias.
Em 1864, teve início a Guerra do Paraguai, inicia- O século XIX também ficou marcado pelas teorias
da a partir da intervenção brasileira sobre os gover- críticas do liberalismo. Ganhou destaque o socialismo
nos do Uruguai e da Argentina, desagradando os científico, desenvolvido por Karl Marx e Friederick
interesses paraguaios na Bacia Platina; em resposta, Engels. Segundo eles, o capitalismo é um sistema que
os paraguaios invadiram o atual Mato Grosso do Sul. tende a crises, nas quais os grandes prejudicados são os 141
trabalhadores, menos privilegiados na luta de classes A ATUAÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS E OS GRANDES
contra os proprietários dos meios de produção. Sendo PROCESSOS REVOLUCIONÁRIOS DO SÉCULO XX
assim, a emancipação do trabalhador deveria vir por
meio de uma revolução em que a classe operária passa- Revolução Bolchevique
ria a ter a posse coletiva dos meios de produção.
Já no final da década de 1970 e início da década Os antecedentes da Revolução Russa têm sua bali-
de 1980, o keynesianismo começou a perder força, e a za associada à modernização ocorrida na segunda
ideia de Estado mínimo e baixa participação estatal na metade do século XIX. Em 1861 a servidão foi aboli-
economia retornou no que foi definido como neolibe- da, o que possibilitou um espaço para uma dinâmica
ralismo. O neoliberalismo, expandido a partir do Reino comercial por parte dos camponeses. No fim do século
Unido e dos EUA, defende a privatização de empresas, XIX, graças ao movimento de industrialização de cida-
o corte de gastos públicos e o aumento da taxa de juros des como Moscou e São Petersburgo, houve o floresci-
para atrair investimentos estrangeiros. Diferentemen- mento de uma classe operária urbana.
te do liberalismo clássico, tem foco econômico. O fracasso da Rússia na guerra contra a emergente
Nos países em desenvolvimento, o neoliberalismo potência japonesa foi o estopim para que a insatisfa-
chegou mais tarde, principalmente após o Consenso ção se transformasse em revolta. Em 22 de janeiro de
de Washington, que reforçou a privatização e a dimi- 1905, um protesto pacífico convocado por um padre
nuição de gastos públicos. No geral, essa medida trou- que apenas queria entregar uma reivindicação por
maior atenção do czar para com o povo, resultou em
xe modernização para a economia local, porém, em
um massacre, episódio que ficou conhecido como
consequência, a questão social foi prejudicada com o
Domingo Sangrento. Isso apenas aumentou a revolta e
aumento do desemprego, o corte de gastos públicos e
os populares começaram a se organizar em conselhos,
a diminuição do chamado bem-estar social.
chamados de sovietes. Além disso, alguns partidos
também surgiram. Vale destacar o Partido Operário
POLÍTICAS DE COLONIZAÇÃO, MIGRAÇÃO, Social Democrata Russo, dividido entre os mais radi-
IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO NO BRASIL NOS cais, chamados bolcheviques, e mais moderados, cha-
SÉCULOS XIX E XX mados mencheviques. Para conter a possível escalada
revolucionária, o czar criou a Duma: parlamento que
Antes mesmo da proibição do tráfico negreiro, os deveria promover uma maior abertura política, mas
grandes produtores e proprietários de terra preocu- que na prática não o fez.
param-se em encontrar formas de substituir a mão de Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, igno-
obra de origem africana. rando todas as dificuldades, o Império Russo entrou
A utilização da mão de obra imigrante europeia na guerra interessado no pan-eslavismo: expandir
foi vista positivamente por alguns motivos: dificulda- sua influência pelo leste europeu. No entanto, o alto
de em empregar homens livres brasileiros; contexto nível de deserção dos soldados russos e o alto nível
de crise que assolou alguns países europeus durante de pobreza da população fizeram eclodir a Revolução
o século XIX; inclusão do discurso racista, segundo de Fevereiro em 1917. Com a renúncia do czar, um
o qual o Brasil deveria se “embranquecer” para se governo provisório foi montado e os sovietes foram
desenvolver. reestabelecidos. Em muitas fábricas, os conselhos ope-
Os primeiros imigrantes europeus não portugue- rários passaram a comandar a produção. No entanto,
ses foram os suíços, trazidos ao Brasil a mando de D. a Rússia permaneceu na guerra.
João VI. Em 1818, o governo assentou famílias suíças Em abril de 1917, um dos principais revo-
nas serras fluminenses, e lá fundaram o município de lucionários russos voltou do exílio. Vladimir Lênin
Nova Friburgo. tomou a liderança e passou a organizar os bolchevi-
No mesmo ano, colonos alemães foram mandados ques para tomarem o poder, tirar a Rússia da guerra
e aprofundar o processo revolucionário, sob o lema
para a Bahia. Em 1824, os alemães chegaram ao sul do
pão, paz e terra. Em 25 de outubro (7 de novembro
país e instalaram-se em São Leopoldo, no Rio Gran-
no nosso calendário), os bolcheviques chegaram ao
de do Sul. Durante muito tempo, eles foram os mais
poder ao derrubarem o governo provisório.
numerosos imigrantes do Brasil, superados posterior-
mente pelos italianos. A imigração alemã foi longa,
estendendo-se de 1824 até a década de 1960, com cer-
to crescimento durante o período de 1920, por conse-
quência do fim da Primeira Guerra Mundial.
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, aboliu o tráfi-
co negreiro no Brasil. Isso fez com que os cafeicultores
forçassem o Império a adotar medidas mais efetivas
para atrair imigrantes para o trabalho nas lavouras.
Essa pressão seria reforçada com a abolição da escra-
vatura em 1888.
Com isso, a imigração italiana teve o seu auge entre
1880 e 1930, principalmente em São Paulo e Minas
Gerais e, posteriormente, nos estados do sul. Os imi-
grantes italianos fixaram-se no território brasileiro Lênin discursando em 1920 com a presença de Kamenev e Trotsky
com os mais variados negócios, como ramo cafeeiro, nas escadas do palanque.
atividades artesanais, policultura, atividade madeirei-
ra, produção de borracha, vinicultura e comércio. No Fonte: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/fotografias-que-
início do século XX, foi a vez dos japoneses desembar- falsificam-a-historia/
carem rumo às lavouras de café em São Paulo e no
Paraná em fuga do empobrecimento que a moderni- O poder dos conselhos operários foi garantido nas
142 zação de seu país causava aos pequenos agricultores. fábricas, os sovietes passaram a ser administrados de
maneira mais centralizada, as terras da nobreza e da e a industrialização. A propriedade passou a ser con-
Igreja Ortodoxa foram divididas entre os camponeses trolada pelo governo. A tentativa de modernização da
e o estado passou a ser administrado pelo Conselhos mentalidade chinesa veio com a Revolução Cultural
dos Comissários do Povo. Também foi instituído o de 1966, quando as autoridades intelectuais e algu-
Exército Vermelho, sob o comando de Leon Trotsky. mas autoridades do partido foram perseguidas. Após
A Rússia foi retirada da guerra ao assinar o Tratado de a morte de Mao Tsé Tung em 1976, a China passou por
Brest-Litovsk com a Alemanha. uma transformação que levou a entrada de capital
A assinatura do armistício não significou a paz na
estrangeiro no país, fazendo com que o socialismo de
Rússia, pois as forças czaristas receberam apoio de
lá se desenvolvesse com características de mercado.
ingleses e franceses para formarem o Exército Branco
e tentar destruir o processo revolucionário. A estraté-
gia do Comunismo de Guerra buscou ajustar o Estado Revolução Cubana 13
àquela conjuntura, promovendo a militarização da
economia e direcionando-a para os esforços de guer- Nos anos 1950, Cuba estava sob a ditadura de Fun-
ra. Assim, o Comunismo de Guerra impôs a disciplina gencio Batista, apoiada pelos Estados Unidos. Estudan-
militar nas indústrias e passou a confiscar a produção tes e militantes de partidos de esquerda procuraram
camponesa. A união entre as forças ucranianas e as sua derrubada em dois movimentos fracassados, o
do Exército Vermelho conseguiram derrotar o Exér- Assalto ao Quartel Moncada e em 1956, quando Fidel
cito Branco. A Guerra Civil Russa durou de 1918 até Castro ganhou destaque. Em 1959, o exército rebelde
1921, deixando a Rússia destruída. conseguiu sucesso e derrubou o ditador, tendo como
Para restaurar a economia, Lenin propôs que os bandeiras o nacionalismo, a crítica ao domínio esta-
revolucionários dessem “um passou para trás para que dunidense e a situação de pobreza enfrentada pelos
tivessem condições de dar dois passos à frente”. Sendo cubanos.
assim, foi instituída a Nova Política Econômica (NEP),
Fidel procurou adotar a reforma agrária, nacio-
dando espaço para pequenas e médias empresas priva-
nalizações, construção de casas populares e maciça
das. Teve início a coletivização das terras camponesas,
campanha de alfabetização. A Revolução desagrada-
o que causou forte tensão no campo com os grandes e
médios proprietários de terra. Também, em 1921, foi va os Estados Unidos, que tentaram, de forma fracas-
redigida a Constituição da União das Repúblicas Socia- sada, um golpe sobre o movimento. O rompimento
listas Soviéticas, reunindo 12 repúblicas e mais de 150 definitivo entre os dois países veio em 1962, quando
nacionalidades em um vasto território. Fidel declarou o caráter socialista daquele movimen-
Lenin veio a falecer em janeiro de 1924. Com sua to, enquanto os EUA declararam embargo econômico
morte houve uma grande disputa pelo poder que só à ilha. Cuba passou à esfera de influência da União
foi resolvida em 1928, quando Josef Stalin assumiu o Soviética. Além de Fidel, destacaram-se no movimen-
cargo de Secretário Geral. O stalinismo foi caracteri- to Raul Castro e Ernesto “Che” Guevara.
zado como um regime autoritário que buscou moder-
nizar a União Soviética, ao mesmo tempo em que GEOPOLÍTICA E CONFLITOS ENTRE OS SÉCULOS
suprimia liberdades políticas e perseguia adversários. XIX E XX
Stalin permaneceu no poder até sua morte em 1953.
Imperialismo e A ocupação da Ásia e da África
Revolução Chinesa
O desenvolvimento industrial do século XIX levou
Desde o final do século XIX, a China esteve em
as grandes potências mundiais a empreender a colo-
mãos de potências imperialistas – Inglaterra, França,
nização de vários territórios na África, na Ásia e na
Alemanha, Estados Unidos e Rússia – que controla-
vam grande parte de seus mercados. O comércio com Oceania. Além do poder econômico, essas potências
o Ocidente gerou o declínio da indústria artesanal, possuíam força militar muito expressiva, já que esta-
acentuando o desemprego. A República foi instalada vam munidas de diversas inovações tecnológicas no
pela Revolução de 1911 e significou uma tentativa de setor bélico. O imperialismo, dessa maneira, dominou
modernizar o país que mantinha uma permanência vários povos e moldou o mundo na passagem do sécu-
secular de suas características. lo XIX para o século XX.
O Partido Comunista, fundado em 1921, aliou- A Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885 foi
-se aos nacionalistas (Kuomintang) para lutar con- convocada pelo chanceler alemão Otto Von Bismark e
tra a dominação imperialista. No entanto a chegada contou com a presença de 13 nações europeias, além
de Chiang Kai-Shek ao poder em 1927 deu origem a dos Estados Unidos e do Império Turco-Otomano. O
uma longa guerra civil, que se estenderia como algu- objetivo da conferência era estabelecer regras e crité-
mas pausas até 1949. Em 1934, a Grande Marcha, um rios para a anexação dos territórios africanos. A posse
dos episódios mais famosos da história da China foi de um território era reconhecida mediante a fixação
importante para que fossem mobilizados campone-
de um protetorado ou outra forma de administração
ses na luta pela emancipação da China em favor dos
sobre aquele território.
HISTÓRIA

comunistas. Com a invasão japonesa em 1937 e a eclo-


são definitiva da Segunda Guerra Mundial em 1939, a Vale destacar que o processo neocolonial foi carac-
Guerra Civil acabou ficando em segundo plano e reto- terizado também pela grande violência empregada.
mada após a derrota japonesa em 1945. Em 1949, os Essa se deu em sentido militar, sufocando qualquer
nacionalistas foram expulsos para a ilha de Taiwan. iniciativa de oposição dos colonizados, assim como
A vitória da Revolução Chinesa seguiu-se a imple- em sentido cultural, já que o racismo, a inferiorização
mentação do sistema socialista naquele país procu- dessas populações e o esforço de aniquilar as práticas
rando a modernização da agricultura, a urbanização culturais nativas foram práticas de europeus. 143
AS GUERRAS MUNDIAIS E A GUERRA FRIA só fracassaram em pôr fim às hostilidades, como deram
força ao revanchismo e a continuidade da disputa
A Primeira Guerra Mundial imperialista.

A Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial teve entre suas causas


a tensão entre os imperialismos europeus, vitoriosos
e derrotados, ao fim daquele conflito. O acordo de paz
de Versalhes, mais do que estabelecer novas relações
diplomáticas, procurou culpar a Alemanha pelo con-
flito. Isso fez com que persistisse aquele sentimento
de revanchismo entre as nações, em especial, entre
alemães e franceses. Nesse sentido, a Liga das Nações
nasceu quase que fadada ao fracasso em garantir a
paz. No Oriente, o Japão começou a guerra de colo-
Arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa. nização da China em 1931. Esse conflito acabou se
somando à Segunda Guerra.
Na imagem você pode ver o arquiduque Francisco Outro importante fator é o impacto da Revolução
Ferdinando acompanhado de sua esposa Sofia. No dia Bolchevique de 1917. Com a vitória dos comunistas, o
28 de junho de 1914, o herdeiro ao trono do Império restante dos países europeus temeu que a revolução
Austro-Húngaro foi à Sarajevo para uma solenidade. se espalhasse naquele contexto de crise. Para evitar
Um grupo de nacionalistas sérvios e bósnios conse- que isso acontecesse, parte da burguesia europeia
guiu a proeza de assassinar o futuro imperador. Com aderiu a movimentos radicalmente anticomunistas
isso, um jogo de alianças foi formado: acusada de como no caso da Alemanha e da Itália. Outras nações
envolvimento, a Rússia defendeu a Sérvia contra Ale- viam o nazifascismo como um “mal menor” diante da
manha, Áustria-Hungria e Itália, ganhando o reforço “ameaça comunista”, de modo que foram complacen-
da Entente, formada com França e Inglaterra. Tinha tes com o militarismo e o expansionismo dos países
início a Primeira Guerra Mundial. que formaram o Eixo.
As causas para a guerra vinham sendo amadure- A expansão territorial empenhada pela Alemanha
cidas desde o século XIX. A emergência da Alemanha fazia parte da formação daquilo que os nazistas cha-
como potência após sua unificação e tomada de ter- mavam de “espaço vital”, região que deveria abrigar
ritórios da França, levou ao surgimento de um forte os arianos. A prosperidade dos alemães seria garan-
sentimento de revanche entre os franceses. Logo que tida por meio da exploração dos povos vistos como
a Alemanha formou a Tríplice Aliança, a França cor- “sub-humanos” como “inferiores”, como os eslavos e
reu para formar a Tríplice Entente. A expansão do judeus.
nacionalismo em meio às divergências étnicas e a Em 1938, os alemães a Áustria em um evento
expansão do neocolonialismo promovida sobre ter- conhecido como Anschluss. Depois, os alemães se
ritórios na Ásia e na África conduziram a Europa ao voltaram para dominar a Tchecoslováquia, dominan-
conflito em 1914. Vale o destaque para o fato de que do os Sudetos e integrando a minoria alemã ao terri-
a Itália abandonou a Tríplice Aliança e se juntou à tório do Reich. Durante a Conferência de Munique,
Entente no ano seguinte. ingleses e franceses cederam às pressões alemãs e
A primeira fase da guerra foi conhecida como permitiram que os alemães invadissem o território da
Tchecoslováquia para evitar que uma guerra fosse ini-
Guerra de Movimento, quando a Alemanha avançou
ciada. No entanto, houve a contrapartida que aquela
sobre territórios franceses e sobre a região dos Balcãs
seria a última ofensiva alemã. Essa estratégia adotada
no Leste Europeu. No entanto, o que marcou a guer-
por ingleses e franceses era conhecida como política
ra mesmo foi a segunda fase chamada de Guerra de
de apaziguamento.
Posição ou Guerra de Trincheiras entre 1915 e iní-
Para ganhar tempo, Hitler conseguiu assinar o
cio de 1918, sem que nenhum bloco tenha consegui-
Pacto de Não Agressão com a União Soviética em agos-
do avançar de maneira considerável. O uso de novas
to de 1939. Em setembro, a Polônia foi invadida. Ingla-
armas, produzidas em ritmo industrial, e a presença terra e França cumpriram a promessa de garantir a
de aviões e tanques, levou a uma grande mortalidade, integridade da Polônia e declararam guerra à Alema-
estimada ao longo de toda a guerra por volta de 17 nha. Tinha início a Segunda Guerra Mundial.
milhões de pessoas, soldados e civis. A Segunda Guerra Mundial pode ser dividida em
Em 1917, a Tríplice Entente perdeu a Rússia, que saiu três partes:
da guerra após a Revolução Bolchevique de outubro.
No entanto ganhou apoio militar, além do econômico, z 1939-1941: avanço do Eixo (Alemanha-Itália-Japão)
dos Estados Unidos. A guerra chegou ao fim em 1918, conquistando novos territórios. A Alemanha con-
com a vitória da Tríplice Entente e derrota da Tríplice quistou França, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo
Aliança. Em 1919, o Tratado de Versalhes penalizou a a oeste e começou sua expansão a leste, que ganharia
Alemanha com a perda de território, exército e obriga- impulso com o início da Operação Barbarossa para
toriedade de pagar uma grande indenização aos vence- invadir a União Soviética. O Japão conquistou áreas
dores. O Império Austro-Húngaro foi dissolvido, assim do sudoeste asiático e a Itália tomou áreas na África.
como o Império Turco-Otomano. Além disso, a Liga das z 1942-1943: equilíbrio entre as forças aliadas (URSS-
Nações foi criada para estreitar a diplomacia entre as -Inglaterra-EUA) e as forças do Eixo. Os EUA entra-
nações europeias. Como a história comprovaria 20 anos ram na guerra após o ataque japonês a Pearl Harbor.
144 depois, o Tratado de Versalhes e a Liga das Nações não A URSS conseguiu reagir ao avanço alemão em seu
território e passou a equilibrar o conflito, destaque Empenhadas em manter as áreas de influência
para a Batalha de Moscou e a Batalha de Stalingrado. que haviam conquistado e em adquirir outras, as dis-
A Alemanha toma territórios de antigos aliados seus putas entre as duas superpotências geraram blocos
para formar estados fantoches e garantir sua força. de cooperação econômica: o Conselho de Assistên-
z 1944-1945: avanço e vitória dos aliados. Ingla- cia Mútua (COMECOM) foi fundado pelo governo
terra e EUA invadiram a Normandia na França e soviético para ajudar os países de orientação comu-
reconquistam o país. A URSS lançou a Operação nista, enquanto os Estados Unidos operaram o Plano
Bagration, expulsou os alemães de seus territórios Marshall, com o objetivo de reconstruir os países do
e partiu rumo a derrubada do Reich. Os EUA con- ocidente europeu e o Japão destruídos pela guerra.
Também houve a fundação de dois blocos de coopera-
seguem avançar sobre os domínios japoneses.
ção militar: a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) tinha como objetivo impedir a expan-
O fim da Segunda Guerra ocorreu primeiro na
são do comunismo pela Europa, enquanto o Pacto de
Europa. Mussolini foi morto em 28 de abril de 1945. Varsóvia formou uma aliança militar entre os países
Dois dias depois, Hitler se suicidou em seu bunker na alinhados à URSS.
Chancelaria do Reich em Berlim, quando os soviéticos Em alguns momentos, a Guerra Fria resultou em
já tomavam a cidade. A rendição alemã ocorreu em confrontos em regiões pretendidas pelas duas super-
8 de maio. No Oriente, a guerra se arrastou até agos- potências. Destacam-se a Guerra da Coréia, travada
to. Os ataques com bombas atômicas em Hiroshima e entre 1950 e 1953, quando a Coreia do Norte comunis-
Nagasaki junto à entrada da União Soviética na luta ta tentou, sem sucesso, invadir e unificar a Coréia do
contra o Japão fez com que declarasse o fim das hosti- Sul capitalista, e a Guerra do Vietnã, travada entre
lidades em 14 de agosto. A rendição oficial foi assina- 1964 e 1974, quando os EUA interviram para evitar
da em 2 de setembro de 1945. que o Vietnã do Sul fosse integrado ao Vietnã do Nor-
A Segunda Guerra Mundial deixou cerca de 60 te, mas fracassou.
milhões de mortos, sendo o conflito mais letal em toda
história. Os crimes contra a humanidade cometidos OS SISTEMAS TOTALITÁRIOS NA EUROPA DO
pelos nazistas nos campos de concentração foram SÉCULO XX
julgados pelo Tribunal de Nuremberg em 1946, com
alguns condenados à pena de morte, outros à prisão O período entre guerras foi marcado pela ascensão
perpétua e também os que tiveram a pena com direito dos regimes totalitários. Em geral, eles prometiam um
à liberdade depois de cumprida. Em 1948, foi criada retorno a um passado idealizado e grandioso pelo qual
seu povo tinha vivido. Para isso, a sociedade deveria
a Organização das Nações Unidas para reformar a
ser militarizada, o Estado comandado por um parti-
diplomacia mundial e manejar a paz mundial.
do único, sem pluralidade política e ideológica, além
do componente racista e preconceituoso que atingia
Guerra Fria
diversos grupos: os judeus, os ciganos, os negros, os
homossexuais etc., uma vez que estes impediam a
Quando os Estados Unidos lançaram as bombas “pureza da raça ariana”.
atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, além de terem Os regimes que se destacam nesse sentido são:
posto um fim à Segunda Guerra, mostraram o tama-
nho de sua força bélica, em especial, à União Soviéti- Fascismo na Itália
ca, a outra superpotência que emergia dos escombros
do conflito. Durante a Conferência de Yalta e a Con- Benito Mussolini era um antigo militante socialista
ferência de Potsdam, em 1945, as duas começaram que rompeu com a esquerda quando se opuseram à
a desenhar seu campo de força em torno das nego- entrada de seu país na guerra. O revanchismo não foi
ciações de paz. Como diria o primeiro-ministro inglês um fator aproveitado como em outros países, já que a
Winston Churchill, formara-se uma “cortina de ferro” Itália foi uma das vitoriosas na guerra. Porém, a frus-
sobre a Europa, que dividia o lado oriental comunista, tração em não receber compensações territoriais após
do lado ocidental capitalista. Como também ficou cla- a vitória e grave crise econômica enfrentada pelo país
ro com a divisão da Alemanha. fizeram com que desempregados, estudantes, classe
média, militares e proprietários de terra aderissem à
ideologia fascista, que prometia o retorno ao suposto
“passado glorioso italiano” a partir da obediência a Mus-
solini, combate aos adeptos da esquerda e controle do
Estado sobre as relações de classe. Esse último ponto fez
com que o fascismo ganhasse a simpatia da burguesia.
Após a bem sucedida Marcha sobre Roma em 1922,
o rei Vitor Emanuel III nomeou Mussolini primeiro-mi-
nistro. Aos poucos, ele concentrou poderes ditatoriais,
aboliu sindicatos e partidos políticos, pôs fim ao poder
HISTÓRIA

legislativo e submeteu o poder judiciário ao seu governo.

Nazismo na Alemanha

Os alemães foram tratados como grandes culpados


pela guerra, o que levou a que grandes perdas terri-
Fonte: http://bibliotecadigital.sedis.ufrn.br/interativos/eopolítica/ toriais, militares, além dos custos das indenizações
pgs/box-figura13.html ficassem sob sua responsabilidade. Nesse contexto, 145
surgiu o Partido Nacional Socialista dos Trabalhado- DITADURAS POLÍTICAS NA AMÉRICA LATINA
res Alemães, que teve como importante porta-voz, um
cabo da Primeira Guerra chamado Adolf Hitler. Estado Novo no Brasil
Em 1923, no auge do colapso econômico alemão,
ele tentou promover em Munique uma Marcha sobre Embora Vargas agisse habilidosamente, com o
Berlim. Preso e solto quase dois anos depois, tomou intuito de aumentar o próprio poder, não foi somen-
a liderança do partido e divulgou suas ideias por te sua atuação que gerou o Estado Novo. Pelo menos
meio de sua obra Mein Kampf (Minha Luta), em que três elementos convergiam para sua criação: a defe-
defendia que o “passado glorioso alemão” foi perdido sa de um Estado forte por parte dos cafeicultores,
graças à conspiração judaica e marxista que domina- que dependiam dele para manter os preços do café;
va a República de Weimar (governo alemão). Eleição os industriais, que seguiam a mesma linha de defesa
em eleição, o Partido Nazista foi ganhando cadeiras, dos cafeicultores, já que o crescimento das indústrias
na medida em que sua milícia, as SA, atuava perse- dependia da proteção estatal; as oligarquias e classe
guindo opositores políticos. média urbana, que se assustavam com a expansão
Com a crise de 1929 e declínio da recuperação da esquerda e julgavam que para “manter a ordem”
econômica alemã, o discurso extremista ganhou for- era necessário um governo forte. Além disso, Vargas
ça, até que em janeiro de 1933, Hitler foi nomeado tinha também o apoio dos militares. Durante o perío-
do foram implacáveis o autoritarismo, a censura, a
Chanceler. Por meio de sabotagens e perseguições, ele
repressão policial e política e a perseguição daqueles
acumulou mais poderes, até que com a morte do pre-
que fossem considerados inimigos do Estado.
sidente Hindenburg, ele assumiu o comando absoluto
Em termos práticos, o governo do Estado Novo
do país, sendo chamado de führer (líder). Sua ditadu-
funcionou da seguinte maneira:
ra promoveu a perseguição a judeus, ciganos, eslavos,
homossexuais, testemunhas de jeová e comunistas.
z O poder político se concentrava todo nas mãos do
presidente da república;
Franquismo z O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e
as Câmaras Municipais foram fechadas;
A República Espanhola, instituída na década de 1930, z Fechamento de todos os partidos políticos;
era liderada pela Frente Popular, de tendência à esquer- z O sistema judiciário ficou subordinado ao poder
da no espectro político. O general Francisco Franco, con- executivo;
servador, articulou um golpe, tendo o apoio de nazistas z Os Estados eram governados por intervento-
e fascistas, enquanto a Frente Popular teve apoio sovié- res nomeados por Vargas, os quais, por sua vez,
tico. A Guerra Civil Espanhola se estendeu de 1936 até nomeavam os prefeitos municipais;
1939, com a vitória do exército franquista. Durante a z A Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais
Segunda Guerra Mundial, a Espanha ficou neutra. Mes- adquiriram total liberdade de ação, prendendo,
mo após a queda de regimes autoritários com o fim da torturando e assassinando qualquer pessoa sus-
guerra, Franco permaneceu no poder até 1975. peita de se opor ao governo;
z A propaganda pela imprensa e pelo rádio foi lar-
Salazarismo gamente usada pelo governo, por meio do Depar-
tamento de Imprensa e Propaganda (DIP). O DIP
Salazar foi o Primeiro Ministro de Portugal e, a era incansável tanto na censura quanto na propa-
partir de 1933, implantou uma ditadura, marcada ganda, voltada para todos os setores da sociedade,
pela perseguição aos opositores e enfraquecimento de como operários, estudantes, classe média, crianças
outros poderes da república. Houve a instituição de e militares. Procurava-se, assim, formar uma “ideo-
partido único, censura a veículos de imprensa, educa- logia estadonovista” que fosse aceita pelas diversas
ção nacionalista nas escolas, enfraquecimento do sin- camadas sociais, grupos profissionais e intelectuais.
dicalismo e uso maciço da propaganda. Assim como Cabia também ao DIP o preparo das gigantescas
o franquismo, seu regime perdurou após o fim da manifestações operárias, particularmente no dia 1º
Segunda Guerra, sendo derrubado apenas em 1974. de Maio, quando os trabalhadores, além de come-
morarem o Dia do Trabalho, prestavam uma home-
nagem a Vargas, apelidado de “o pai dos pobres”.
Stalinismo

Josef Stalin assumiu o poder alguns anos após a


morte de Lênin, em 1924. Seu poder foi marcado pela
sistemática perseguição a opositores. Muitos desses
eram mortos, enviados para campos de trabalho à
força e para o exílio. A falsificação histórica foi outra
característica do regime stalinista, procurando criar
um líder de importante papel revolucionário em con-
trapartida do apagamento de diversas figuras rele-
vantes do partido e da Revolução de 1917. Stalin teve
grande apoio popular graças a modernização econô-
mica da União Soviética, melhoria das condições de
vida dos trabalhadores, bem como a vitória sobre a
Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial. O
secretário geral do Partido Comunista da União Sovié- Propaganda veiculada durante o Estado Novo.
146 tica veio a falecer em 1953. Fonte: Indagação.
Com a criação do Departamento Administrati- Democrática Nacional (UDN), o Partido Trabalhista
vo do Serviço Público (DASP), além de centralizar a Brasileiro (PTB) e o Partido Social Democrático (PSD).
reforma administrativa, o governo tinha poderes para O debate sobre a possibilidade de Vargas concor-
elaborar o orçamento dos órgãos públicos e contro- rer às eleições foi bastante tenso. Quando ele nomeou
lar a execução orçamentária deles. Com a criação do seu irmão Benjamin Vargas para a chefia da Polícia
DASP e do Conselho Nacional de Economia, não só a do Distrito Federal, a oposição e o Alto Comando do
atuação administrativa e econômica do governo pas- Exército não aceitaram. Todavia, sem maiores resis-
sou a ser muito mais efetiva, como também aumentou tências, Getúlio aceitou a deposição em 29 de outubro
consideravelmente o poder do Estado. A cafeicultura de 1945. Na ausência de Congresso, José Linhares,
foi convenientemente defendida, a exportação agríco- presidente do STF, dirigiu o país até a posse do eleito
la foi diversificada, a dívida externa foi congelada, a Eurico Gaspar Dutra em 31 de janeiro de 1946. Vargas
indústria cresceu rapidamente, a mineração de ferro
seguia, mesmo de sua fazenda em São Borja-RS, uma
e carvão expandiram e a legislação trabalhista foi con-
liderança importante. Não à toa, voltaria ao Palácio do
solidada com a adoção da Consolidação das Leis do
Catete por meio do voto em 1951.
Trabalho (CLT). As principais empresas estatais cria-
das no período foram: CSN – Companhia Siderúrgica
Nacional (1940); Companhia Vale do Rio Doce (1942); Ditaduras na América
CNA – Companhia nacional de Álcalis (1943); FNM –
Fábrica Nacional de Motores (1943); CHESF – Compa- Nas primeiras décadas do século XIX, grande par-
nhia Hidroelétrica do São Francisco (1945). te dos países latino-americanos conseguiu proclamar
No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, sua independência política e elaborar constituições
o governo de Vargas ensaiou uma neutralidade para que asseguraram a estabilidade. No entanto, por con-
negociar tanto com os Aliados quanto com o Eixo, ta das disputas políticas entre chefes locais, a estabili-
conseguindo financiamento dos Estados Unidos para dade estava longe de ser conseguida. Os novos países
a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda latino-americanos mantiveram o modelo agroexporta-
e trocas comerciais com a Alemanha. Apesar da neu- dor e continuaram com suas economias dependentes
tralidade de Getúlio, que esperava o desenrolar do das nações industrializadas, principalmente Estados
conflito para determinar apoio ao provável vencedor, Unidos e Inglaterra, fornecendo matéria-prima e
em seu governo haviam grupos divididos e definidos comprando produtos manufaturados. A concentração
sobre quem apoiar: Oswaldo Aranha, que era minis- de terra e da renda levou grande parte da população,
tro das Relações Exteriores, era favorável aos Estados principalmente os camponeses, a viver em condições
Unidos, enquanto os generais Gaspar Dutra e Góis miseráveis, situação que gerava revoltas.
Monteiro eram favoráveis ao nazismo. Durante a Primeira Guerra Mundial, como as
nações fornecedoras de produtos industrializados
estavam envolvidas no conflito, alguns países lati-
no-americanos desenvolveram suas indústrias. Na
década de 1950, Brasil, Argentina, Chile e México ace-
leraram o processo de urbanização, industrialização,
consolidação de uma burguesia industrial, ampliação
das camadas médias e da classe operária. As bur-
guesias nacionais não tinham condições de realizar
investimentos para desenvolver a indústria de base
e o Estado ocupou esses espaços. O capital estrangei-
ro, principalmente estadunidense, tornou-se impres-
cindível para alavancar o desenvolvimento. Todavia,
aumentou a dívida externa, ampliando a dependência
dos países em desenvolvimento.
No período da Guerra Fria, os Estados Unidos
interviram de forma direta e indireta na deposição de
Emblema utilizado pela Força Expedicionária Brasileira durante a presidentes e na instauração de regimes ditatoriais,
Segunda Guerra Mundial. casos de Argentina, Chile e Brasil. Tudo em nome do
Fonte: Wikimedia Commons. receio que a Revolução Cubana de 1959 causou nos
estadunidenses, preocupados que o ideal comunista
Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, em ganhasse força pelo continente. Na década de 1980,
1941, e o torpedeamento de vários navios mercantes com as crises do petróleo, os Estados Unidos inviabi-
brasileiros, o país entra em guerra ao lado dos aliados lizaram os empréstimos e aumentaram os juros para
em agosto de 1942. A saída de Lourival Fontes, Filin- pagamentos, o que levou a uma crise sistemática, tan-
to Müller e Francisco Campos, defensores da aliança to social quanto política na América Latina.
com os alemães, marcou a tomada de decisão. Em Entre os regimes ditatoriais da América Latina
1944 foram mandados 25.000 soldados da Força Expe- acabam se destacando o regime chileno de Augusto
dicionária Brasileira (FEB) para a Itália, marcando a Pinochet, entre 1973 e 1990 e o regime argentino entre
HISTÓRIA

participação do Brasil no conflito. 1976 e 1983, responsáveis por um grande número de


O antigetulismo tentava criar a contradição entre mortos e desaparecidos. As ditaduras latino-america-
um regime ditatorial que lutava por democracia ao nas também atuaram em conjunto para matar poten-
lado dos aliados na Europa. A pressão política acabou ciais adversários, como durante a Operação Condor,
por levar o governo a aprovar o Ato Adicional n. 9 que que teve inclusive o apoio estadunidense. Após o fim
previa realização de eleições e liberdade partidária. dos regimes ditatoriais, muitos países tiveram movi-
Entre abril e julho de 1945, o Partido Comunista Bra- mentos pela memória das vítimas de Estado e pelos
sileiro voltou a funcionar, e foram fundados a União direitos humanos. 147
CONFLITOS POLÍTICO-CULTURAIS PÓS-GUERRA Esse conflito é conhecido como a Guerra dos Seis
FRIA, REORGANIZAÇÃO POLÍTICA INTERNACIONAL Dias. Em 1973, teve início a guerra do Yom Kippur
E OS ORGANISMOS MULTILATERAIS NOS SÉCULOS (Dia do Perdão). Aproveitando o feriado judeu, as
XX E XXI tropas egípcias e sírias avançaram sobre a Penín-
sula do Sinai e as Colinas de Golã com o objetivo de
O petróleo, o Oriente Médio e as lutas religiosas reconquistar os territórios perdidos na Guerra dos
Seis Dias. Uma das consequências dessa guerra foi a
Conhecida como uma das regiões mais conflituo- crise do petróleo, já que os países árabes, membros
sas do mundo, o Oriente Médio é palco de muitas ten- da Organização dos Países Exportadores de Petróleo
sões de ordem econômica, política, religiosa e étnica. (Opep), decidiram interromper a produção e a expor-
Como um ponto inicial, pode-se destacar a riqueza tação desse produto para o Ocidente. Em 1979, Israel
de recursos minerais da região, em especial, o devolveu a Península do Sinai ao Egito. Atualmente, a
petróleo. maior parte do território da Cisjordânia é controlada
Na imagem, temos as reservas de petróleo distri- por Israel, assim como as fronteiras da Faixa de Gaza,
buídas pelo mundo. apesar de a região ser dominada por palestinos.

Reservas de petróleo no mundo. Destaque para a abundância desse


recurso no Oriente Médio.

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_por_ Diferenças territoriais entre palestinos e israelenses ao longo do


reservas_de_petr%C3%B3leo tempo.

Além disso, temos a presença de povos árabes, per- Fonte: https://www.diferenca.com/israel-e-palestina/


sas, curdos, judeus, turcos, entre outros, que formam
uma grande diversidade de etnias, além da diversida- z Irã x Iraque: em 1979, um movimento islâmico
de religiosa, tendo a presença de judeus, muçulmanos radical implementou um sistema teocrata no Irã.
e cristãos, as três maiores denominações religiosas Esse movimento, chamado de Revolução Irania-
do mundo. Muitas vezes, essas diferenças se trans- na causou problemas entre o Irã e o Ocidente. O
formam em atritos muito sérios, convertendo-se em Iraque, liderado por Saddam Hussein e apoiado
guerras muitas vezes. pelos EUA, invadiu uma província iraniana rica
Vejamos alguns desses conflitos: em petróleo. No entanto, após oito anos de conflito,
a guerra terminou sem vitoriosos, além dos altos
z Questão Palestina: após a Segunda Guerra Mun- custos humanos e econômicos.
dial, a ONU decidiu dividir a Palestina como for- z Guerras do Golfo: entre 1990 e 1991, os Estados
ma de tentar resolver os inúmeros problemas da Unidos, com o aval da ONU, lutaram contra o Ira-
região causados pela presença dos dois povos, ára- que para sua expulsão do Kuwait. Os bombardeios
bes e judeus. Assim, em 1947, o território palestino estadunidenses acabaram sendo decisivos para a
foi dividido, mas os árabes rejeitaram a proposta. retirada iraquiana. Em 2003, mesmo sob críticas da
Durante a Guerra de Independência (1948-1949), a ONU e de diversos países, o governo Bush ordenou
Liga Árabe, composta por sete países (Jordânia, Egi- a invasão do Iraque, sob a justificativa de posse de
to, Síria, Líbano, Iraque, Arábia Saudita e Iêmen), armas de destruição em massa, acusação que nun-
não aceitou a partilha da Palestina e invadiu o novo ca foi comprovada. A ocupação durou até 2011.
Estado de Israel, mas acabou derrotada. O Estado z Afeganistão: entre 1979 e 1988, o país foi ocupado
de Israel aumentou o seu território, a Faixa de Gaza pela URSS, apesar da forte resistência imposta pelos
foi anexada ao Egito e o território chamado de Cis- guerrilheiros afegãos. Em 1996, o Talibã tomou o
jordânia passou a ser administrado pela Jordânia. poder no Afeganistão. Esse movimento islâmico
Em 1967, as tensões se agravaram e, com o apoio da radical implantou um Estado muçulmano. Segun-
União Soviética, o Egito, a Síria e a Jordânia criaram do o Serviço de Inteligência dos EUA, os atentados
uma força militar com o intuito de recuperar o terri- terroristas que ocorreram em 11 de setembro de
tório perdido em 1947. No entanto, com o apoio dos 2001 teriam sido de autoria do grupo Al-Qaeda, que
Estados Unidos, Israel atacou esses três países e ocu- tinha seu principal centro de treinamento no Afega-
pou a Península do Sinai (Egito); a Faixa de Gaza e a nistão. O que justificou a invasão estadunidense em
Cisjordânia (Palestina); as Colinas de Golã (Síria); e outubro de 2001. O líder da Al-Qaeda, Osama Bin
a parte oriental de Jerusalém. Com isso, o território Laden, foi morto em 2011. No entanto, as tropas só
148 israelense cresceu consideravelmente. começaram a deixar o país em 2015.
Globalização e as políticas neoliberais no contexto de julgamento dos crimes contra a huma-
nidade praticados durante a Segunda Guerra Mundial.
A globalização é o nome que se dá à integração eco- No entanto, quando olhamos para o caso dos Estados
nômica, comercial, cultural, financeira e social entre Unidos, por exemplo, onde as leis de segregação racial
países do mundo todo. Possui uma relação direta com prosseguiram nos anos posteriores à carta de 1948,
o movimento de abertura de mercados para a concor- vemos que a luta pelos direitos civis teve outras mar-
rência feita por governos do mundo todo, prevalecendo cas. Por isso, o nome de Martin Luther King se torna
o que chamamos de neoliberalismo. De modo geral, o tão emblemático quando falamos em igualdade civil.
neoliberalismo pode ser definido como o conjunto de Direitos sociais são os direitos coletivos que o Estado
discursos e práticas que determinam um novo modo deve ofertar por meio de políticas públicas, são exem-
de governo dos homens segundo o princípio universal plos: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia,
da concorrência. Define certa norma de vida dentro de transporte, lazer, segurança, previdência social, pro-
um universo de competição generalizada, moldando o teção à maternidade e assistência aos desemparados.
indivíduo, que é levado a se entender a se comportar Direitos políticos se referem à garantia do exercício da
como se fosse uma empresa e moldando as relações
soberania por meio do voto, de eleger e de ser eleito,
sociais, que funcionam segundo o modelo de mercado.
desde que cumpra requisitos jurídicos para tal.
As crises do petróleo de 1973 e 1979 foram o ponto
crucial de virada para o neoliberalismo. A nova política
passou a combater duplamente a questão econômica DIREITOS SOCIAIS NAS CONSTITUIÇÕES
(estagnação e inflação) e a questão social (o poder de pres- BRASILEIRAS
são dos sindicatos). O neoliberalismo passou a ser adota-
do em diversos países, destacam-se: o Chile de Augusto A primeira Constituição brasileira foi a de 1824 e,
Pinochet, a ascensão de Margaret Thatcher como primei- para os padrões da época, era considerada bastante
ra-ministra britânica em 1976 e Ronald Reagan como pre- “liberal”. A carta estabelecia que todos os homens
sidente dos Estados Unidos em 1980. O discurso era que acima de 25 anos, com renda mínima anual de 100
as sociedades são taxadas com muitos impostos, sofre mil-réis, podiam votar, mas esse critério de renda não
com muita regulamentação e que são submetidas às pres- era grande barreira, pois a maioria dos trabalhadores
sões de sindicatos, corporações e funcionários públicos. ganhava mais que essa quantia.
Esses governos passaram a questionar profunda- Analfabetos também possuíam direito a voto, e
mente a regulação da economia, a propriedade pública os libertos podiam votar nas eleições primárias. Essa
das empresas, o sistema fiscal progressivo, a proteção constituição, que foi mantida até o final do Império,
social, o enquadramento do setor privado por regu- não mexeu na questão da escravidão nem na estru-
lamentações estreitas, especialmente em matéria de tura da terra, sendo alguns aspectos alterados em
direito trabalhista e representação dos assalariados. A meados do século XIX, assim como impôs uma grande
política destinada a sustentar o crescimento e realizar o centralização dos poderes na mão do Imperador.
pleno emprego foi o principal alvo desses governos, para A Constituição republicana de 1891 definiu as
os quais a inflação se tornou o problema prioritário. Na bases do novo regime nos termos do presidencialismo,
concepção neoliberal para os mercados funcionarem do federalismo e do sistema bicameral. Na questão do
bem, era necessário reduzir os impostos, diminuir o gas- voto, foram mantidas as reformas restritivas imple-
to público, transferir as empresas públicas para o setor
mentadas no fim do Império, excluindo os analfabe-
privado, restringir a proteção social, privilegiar “solu-
tos. Esse é um aspecto fundamental, pois a maioria
ções individuais” diante dos riscos de controlar o cres-
esmagadora da população era analfabeta e, portanto,
cimento da massa monetária para reduzir a inflação,
deveria ficar fora das eleições. A constituição introdu-
possuir uma moeda forte e estável e desregulamentar
os mercados, principalmente o mercado de trabalho. ziu o registro civil de nascimentos, casamentos e mor-
Em novembro de 1989, o chamado Consenso de te, assim como separou o Estado da Igreja.
Washington estabeleceu dez recomendações que todos A Constituição seguinte foi promulgada em 1934.
os países que quisessem empréstimos e auxílios deve- Nesse novo texto, o Executivo deveria ser submetido
riam seguir, destacam-se: disciplina orçamentária e fis- à fiscalização do Legislativo, eliminava a maneira de
cal (respeito ao equilíbrio orçamentário e diminuição de governar baseada em decretos, garantia a indepen-
descontos obrigatórios e taxas de impostos), liberaliza- dência do Tribunal de Contas, limitava o mandato
ção comercial, com supressão das barreiras alfandegá- presidencial em quatro anos e impedia a reeleição.
rias e fixação das taxas de câmbio competitivas, abertura A estrutura do Estado pouco se alterou, mas hou-
à movimentação de capitais estrangeiros, privatização ve a manutenção da estrutura da terra, a exclusão
da economia, desregulamentação e criação de mercados dos analfabetos do processo eleitoral, e o trabalha-
concorrenciais e proteção aos direitos de propriedade, dor rural não foi incorporado à agenda de proteção
em particular à propriedade intelectual dos oligopólios social. Essa Constituição durou apenas três anos, uma
internacionais. Essas medidas acabaram enquadrando vez que o golpe de 1937 interrompeu completamen-
a política econômica global ao neoliberalismo. te qualquer garantia constitucional, embora também
possuísse seu próprio texto.
A LUTA PELA CONQUISTA DE DIREITOS PELOS Findada a ditadura de Vargas, a carta de 1946
CIDADÃOS: DIREITOS CIVIS, HUMANOS, POLÍTICOS preservaria as conquistas sociais obtidas no período
HISTÓRIA

E SOCIAIS anterior e realocaria a democracia enquanto aspec-


to fundamental da vida pública. Estabelecia eleições
Os direitos civis remetem à Declaração Universal diretas para o executivo e para o legislativo em todos
dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, que os âmbitos da federação, a liberdade de imprensa e
procurava estabelecer o princípio de igualdade civil. opinião, e incorporava os eleitores alfabetizados aci-
Outro marco fundamental é da Declaração dos Direi- ma de 18 anos. O texto constitucional também regulou
tos Humanos, de 1948. Referendado pela Organização o fortalecimento dos partidos políticos, assim como a
das Nações Unidas (ONU), os direitos humanos vieram independência dos sindicatos. 149
Os limites, contudo, ficavam evidentes na res- viável, e um exemplo nítido disso são as mortes em
trição do direito de greve, na não incorporação dos decorrência das ações policiais.
trabalhadores rurais à legislação social, assim como Além dos homicídios da população jovem negra
não regulava a intromissão cada vez mais acentuada pelas forças coercitivas, é também perceptível a pre-
dos militares na vida pública. Essa Constituição vigo- dominância da vigilância policial sobre esses indi-
rou por quase vinte anos, marcando um período de víduos, o que configura outro tipo de violência. Os
aumento significativo da participação política, cessa- jovens negros são os que mais morrem no Brasil e
da com o golpe civil-militar de 1964 e formalmente são também os que mais são encarcerados. A grande
substituída em 1967. quantidade de prisões provisórias (quase 40%) indi-
A Constituição da Ditadura Militar tinha o pro- ca que estas são resultado de policiamento ostensivo
pósito de institucionalizar o novo regime, e seu baseado em “identificação de suspeitos” e flagrantes,
texto basicamente era a reunião dos diversos Atos e não em investigação policial.
Institucionais estabelecidos até 1967. De modo geral, Se há muitos jovens e muitos negros na prisão, não
concedia amplos poderes às Forças Armadas, como
é porque a polícia esteja vigiando em suas ativida-
suspender direitos políticos, cassar mandatos legisla-
des cotidianas os mais violentos, os que cometem os
tivos, interferir nos estados da federação, determinar
crimes bárbaros. Apenas 12% dos presos brasileiros
eleições indiretas para governadores e prefeitos e ins-
estão cumprindo penas por terem cometido homi-
tituir o bipartidarismo.
cídios. O centro da política criminal é pautado pela
Em outubro de 1969, estando o Congresso fecha-
punição aos crimes patrimoniais e ligados às drogas
do desde a implementação do Ato Institucional nº
5 (AI-5), a Junta Militar impôs uma emenda constitu- ilícitas, seguindo a doutrina de “guerra às drogas”.
cional reformando o texto de 1967; dentre as altera- A punição recai desigualmente sobre negros e
ções, constavam a implementação da pena de morte, brancos, jovens e não jovens. Isto é: a polícia tem uma
o banimento, a ampliação do estado de sítio de 60 pré-disposição em suas abordagens e jovens negros
para 180 dias ou tempo indeterminado, assim como são sempre considerados suspeitos, quando não mes-
a determinação de novas limitações ao exercício dos mo culpados.
direitos políticos, liberdade de cátedra e expressão Ao contrário do que versam algumas explicações,
artística. argumentando que as reminiscências da escravidão
A Constituição de 1988, que é a vigente em nossos estariam em derrocada na contemporaneidade, o
dias, é conhecida como Constituição Cidadã. O texto que se percebe é que as políticas de segurança públi-
restabeleceu eleições diretas para presidente e demais ca e justiça moderna contribuem para a desigualda-
cargos executivos, reduziu o mandato para quatro de, colocando a população negra, sobretudo jovem,
anos, fortaleceu o Ministério Público, deu direito de a mercê de mais violência, morte e encarceramento.
voto aos analfabetos, assim como a pessoas a partir Não se trata apenas da morte física: a juventude negra
dos 16 anos, diminuiu a jornada de trabalho para 44 sofre uma série de violências e mortes simbólicas nas
horas semanais, criou o abono de férias e o seguro- perdas de oportunidades que decorrem da cor de sua
-desemprego, o décimo terceiro salário para aposen- pele.
tados, definiu como crimes inafiançáveis o racismo e Nesse contexto, surgiu o que se chama de asso-
a tortura, proibiu a censura, garantiu a liberdade de ciativismo negro, que atua tanto nos espaços políti-
expressão e aumentou significativamente os mecanis- co-sociais quanto nos espaços político institucionais,
mos de participação popular direta. pautando direitos à juventude negra, como seguran-
ça e educação. Esse movimento da juventude negra
POLÍTICAS AFIRMATIVAS tem dois momentos chaves: o 1° Encontro Nacional
de Juventude Negra (1° Enjune) e o encontro de
Entre 2002 e 2010, mais de 270 mil pessoas negras formação do Fórum Nacional de Juventude Negra
foram assassinadas no Brasil, o que representa mais (Fonajune).
de 30 mil por ano. É um tipo tão brutal de violência São nesses espaços que vão ser ponderadas medi-
que ultrapassa o nível de mortalidade da maioria dos
das que possam auxiliar na contenção do chamado
países do mundo, mesmo aqueles que sofrem confli-
“genocídio da juventude negra”, apontando para
tos armados declarados.
ações desenvolvidas pelos poderes públicos, mas
O número de assassinatos de brancos decaiu,
também para maior compromisso e engajamento da
enquanto o número de assassinato de pessoas negras
sociedade civil.
aumentou em 5,6%. Essa situação se torna ain-
O conceito de genocídio da juventude negra faz
da mais gritante quando se analisa os dados sobre
jovens negros: eles morrem 2,5 vezes mais que jovens apelo em um contexto que se discutia nomeadamente
brancos. a criminalização da pobreza como geradora da violên-
Quando são analisados dados mais recentes, o qua- cia urbana. Embora a questão de classe seja um fator
dro não muda muito; na verdade, ele se torna pior: importante, é necessário dar visibilidade ao aspecto
segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública fundamental que os dados expostos aqui evidenciam:
de 2016, entre 2011 e 2015, houve 279.567 mortes, sen- a violência no Brasil é, sobretudo, uma questão racial,
do que 73% delas foram de jovens negros. É evidente além de que a desigualdade procede de questões
que a desigualdade racial e o racismo são peças-cha- raciais não revolvidas que remontam à escravização.
ves para compreender esses números, mas é preciso As intervenções do associativismo negro em espa-
ir além das explicações que entendem a situação ape- ços político institucionais impulsionaram a criação do
nas como decorrente do histórico de uso de trabalho Plano Juventude Viva, uma das únicas iniciativas dos
escravizado no Brasil: as próprias políticas públicas poderes públicos considerada relevante no enfrenta-
150 incorrem na produção social da violência, tornando-a mento do genocídio da juventude negra por ativistas.
z A rede centralizada por São Paulo, que também
Se liga! abrange parte de Minas Gerais, Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre;
Lançado pelo Governo Federal, o Plano Juventude
Viva procura reduzir a vulnerabilidade de jovens z A rede do Rio de Janeiro, que também abrange o
negros em situação de violência física e simbóli- Espírito Santo, o sul da Bahia e na Zona da Mata
ca. A iniciativa contempla 142 municípios com os mineira;
maiores índices de homicídios de jovens, criando z A rede de Brasília influi no oeste da Bahia, em
oportunidades de inclusão e autonomia desses alguns municípios de Goiás e no noroeste de Minas
jovens, por meio da oferta de serviços públicos. Gerais;
O objetivo é, também, aperfeiçoar a atuação do z As outras nove redes de influência são centrali-
Estado no enfretamento do racismo institucional zadas por Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Sal-
e na sensibilização de agentes públicos. vador, Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba e Porto
Alegre.

Em relação às intervenções priorizadas pelo asso- O termo “metrópole” é empregado, atualmente,


ciativismo, existem denúncias públicas de casos que para designar as cidades centrais de áreas urbanas
se tornaram simbólicos no tratamento desigual da
que assumem importante papel polarizador (influên-
ação policial, ações que pretendem pôr em evidência
cia econômica, política, cultural etc.) dentro da rede
a desigualdade e o racismo; existem também ações de
urbana da qual faz parte. Assim, as cidades são clas-
valorização da cultura negra, como o rap, que é utili-
zado como mecanismo de denúncia da realidade da sificadas segundo uma hierarquia, que dependem do
população negra do país. Além disso, vítimas de práti- grau de influência e importância dela, começando por
cas consideradas autoritárias e discriminatórias pas- aquelas de importância global até aquelas de impor-
saram a procurar ativistas, organizações da sociedade tância local apenas.
civil e instituições participativas a fim de receberem
amparo no processo de denúncia.
Entre os movimentos associativos, é possível elencar
as Mães de Maio, organizado após os conflitos de maio
de 2006, procurando denunciar centenas de execuções
de jovens negros atribuídas a policiais militares e milí-
cias. Uma segunda referência é o Movimento Negro
Unificado (MNU), que se constituiu em protesto contra a
morte de Robson Silveira da Luz, torturado nas depen-
dências do 44° Distrito de Guaianazes, em 1978.
Os casos de violências contra a população negra,
sobretudo a juventude negra, são inúmeros, sendo que
muitos nem chegam aos noticiários; assim, esses grupos
e movimentos são importantes para dar visibilidade à
causa, oferecendo rostos e nomes para o que muitas
vezes chega à população apenas como dados e números.
O racismo institucional está inserido nas orga- À esquerda, Paraisópolis, à direita, Bairro do Morumbi, na cidade de
nizações e no funcionamento do sistema judicial e São Paulo, em 2004.
criminal que, desde a escravidão, tem elencado a
Fonte: UOL.
população negra como aquela que deve ser controla-
da, geralmente, pela violência. Não se trata apenas de
Em grandes metrópoles, regiões metropolitanas
negligência: o racismo institucional ampara o genocí-
ou, ainda, megalópoles, é comum que ocorram muitos
dio da juventude negra ou se torna meio direto para
problemas sociais, como a criminalidade, os conges-
sua elaboração.
tionamentos de veículos e a economia informal.
São Paulo, o maior dos polos metropolitanos, ocu-
VIDA URBANA: REDES E HIERARQUIA NAS
CIDADES, POBREZA E SEGREGAÇÃO ESPACIAL pa a desconfortável primeira posição no ranking das
cidades brasileiras com mais favelas – no total, abriga
Rede urbana é o conjunto da malha urbana de um 2018. O Rio de Janeiro também tem problemas agra-
país que se constitui pela articulação e pela influência vantes sob esse aspecto, abrigando a maior favela
das metrópoles nas cidades médias e pequenas. Para do país e uma das maiores do mundo: a Rocinha. A
definir os centros da rede urbana brasileira, buscam- influência do narcotráfico e do crime organizado são
-se informações de subordinação administrativa no problemas que causam muito impacto.
setor público federal, no caso da gestão federal, e de Outro problema típico das grandes metrópoles é
localização das sedes e filiais de empresas para esta- a mobilidade urbana. Os grandes congestionamentos
nas avenidas desses polos representam um dos maio-
HISTÓRIA

belecer a gestão empresarial.


A oferta de equipamentos e serviços também iden- res problemas que, atualmente, também atingem
tificam esses centros, como informações de ligações as cidades de médio porte. Por fim, vale ressaltar o
aéreas, deslocamentos para internações hospitalares, aumento da economia que envolve atividades à mar-
áreas de cobertura das emissoras de televisão, oferta gem da formalidade, ou seja, aquelas que não pos-
de ensino superior, diversidade de atividades comer- suem firma registrada, não emitem notas fiscais, não
ciais, oferta de serviços bancários, entre outros. Exis- possuem empregados com carteira assinada e, prin-
tem, no Brasil, doze grandes redes de influência: cipalmente, não recolhem impostos para o governo. 151
ESTRUTURAS PRODUTIVAS
DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

Escravismo Antigo

A escravidão foi citada num dos primeiros códigos de leis de que se tem notícia, o Código de Hamurabi. Além
dos babilônios, essa forma de trabalho foi empregada entre egípcios, assírios, hebreus, gregos e romanos. Em
Atenas, na Grécia Antiga, os escravos eram capturados em guerras e ocupavam funções diversas, realizando ati-
vidades domésticas, artesanais, comerciais e rurais. Assim como ocorreu no Egito Antigo, o escravo que possuía
grande habilidade artesanal era reconhecido, podendo adquirir alguma renda para chegar à liberdade.
Na sociedade espartana, os escravos eram propriedade do Estado e tinham de servir nas guerras. Entre os
romanos, eram empregados, principalmente, nas grandes propriedades, para cuidar do cultivo das terras. Ao lon-
go do tempo, os escravos foram conquistando certas garantias, como, por exemplo, não serem castigados por seus
senhores. Em Roma, assim como em Atenas, havia possibilidade de o escravo obter sua liberdade.

Feudalismo

Após a queda do Império Romano Ocidental, a Europa acabou sendo dividida em diversos reinos germânicos.

Já no século VIII, Carlos Magno promoveu a expansão dos francos, formando o Império Carolíngio.
Para governar um território com extensão cada vez maior, Carlos Magno passou a delegar poderes para gran-
des proprietários de terra que passaram a possuir títulos de nobreza: duques, condes e marqueses. A principal
função deles era garantir a proteção do território. Após a morte de Carlos Magno, o Império Carolíngio foi divi-
dido entre seus três filhos. No entanto, a dificuldade de manter uma administração centralizada levou ao cresci-
mento do prestígio e do poder dessa nobreza proprietária de terras.
A essas grandes faixas de terras dadas em troca de obediência e fidelidade se dava o nome de feudo. Desse
termo, surgiu o feudalismo, isto é, um sistema baseado na relação de dependência entre pessoas que recebiam
posses e, em troca, garantiam proteção. Assim como os servos que trabalhavam em troca de moradia no feudo.
Nesse sistema, a Igreja Católica tinha grande influência e prestígio.

Capitalismo

O Capitalismo é um sistema econômico que tem, como principal objetivo, a obtenção do lucro, a proteção
da propriedade privada e a reprodução do capital, dividindo a sociedade em classes. Trata-se de um sistema
que não possui impactos apenas econômicos, pois apresenta, também, ramificações políticas, sociais, culturais e
ambientais.
152
O capital econômico é representado pelo conjunto A ECONOMIA AGROEXPORTADORA BRASILEIRA
de bens econômicos como: dinheiro, bitcoins, patri-
mônio, bens materiais, entre outros, podendo ser Complexo açucareiro
medido, também, pela quantidade de bens e serviços
a que ele dá acesso. Neste sentido, é possível refletir O solo propício para o cultivo da cana-de-açúcar
que, numa família que possui maior capital econô- e a boa cotação no comércio europeu favoreceram a
mico, os pais tem capacidade de oferecer aos filhos escolha do produto para a colônia. Os principais cen-
acesso a instituições de ensino melhores que numa tros de produção açucareira do Brasil localizavam-se
família com menor capital econômico, além de recur- nos atuais estados de Pernambuco e Bahia. A ocupa-
sos materiais, viagens pedagógicas e um local apro- ção do Brasil, no século XVI, esteve profundamente
priado para estudos. ligada à indústria açucareira.
O capitalismo evoluiu, ao longo da História, para
um sistema econômico mundial que tem como princi-
pais características:

z Obtenção de lucro e acúmulo de riquezas: o objetivo


é ter o maior lucro possível, decorrente do trabalho
da mão de obra proletária e dos meios de produção.
A fim de aumentar os lucros, os donos dos meios de
produção buscam reduzir os custos e subir os preços
de seus produtos e serviços sempre que possível.
z Trabalhadores assalariados: o salário é funda-
mental para que a economia capitalista continue
girando, pois é com ele que os próprios proletários
consomem os bens e serviços produzidos por eles
mesmos nos meios de produção, os quais são deti-
dos pela classe oposta ao proletariado, a capitalista.
z Predominância da propriedade privada: no Capita-
lismo, o modo de produção está atrelado à proprie-
dade individual. Assim, nesse sistema, a propriedade
privada está acima dos preceitos da coletividade.
z Sociedade dividida em classes sociais: esse sistema
criou duas classes de destaque, as quais são opos- Pintura realizada por Franz Post em 1647, representando um
tas e complementares – a classe capitalista e a clas- engenho em Itamaracá.
se proletária.
z Matematização do tempo e do espaço: o sistema Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.
capitalista tem tendência a matematizar, ou seja,
quantificar, calcular e medir, com crescente pre- O latifúndio, isto é, a grande propriedade rural, for-
cisão, as dimensões do tempo e do espaço, pois a mou-se nesse período, assim como a monocultura de
reprodução do capital depende disso. O salário, exportação e a escravidão. O senhor de engenho, que
por exemplo, é pago de acordo com as horas tra- era proprietário do complexo de produção de açúcar,
balhadas. Os juros são calculados de acordo com desfrutava de grande status social. Ele e sua família
uma data de pagamento preestabelecida. Os custos moravam na casa-grande, local em que podia desem-
de uma viagem são determinados pela distância e penhar seu papel de patriarca. Os engenhos eram
pelo tempo para percorrê-la. compostos de amplas propriedades de terra, ganhas
z Tendência à expansão: o Capitalismo expandiu-se através da concessão de sesmarias (grandes porções
e, hoje, abarca praticamente todo o mundo. Em de terra cedidas aos colonos pela Coroa Portuguesa).
outras palavras, quando se fala em globalização,
fala-se da própria história do Capitalismo, porque
A mineração no período colonial
sua tendência foi estender-se por todo o mundo,
disseminando ideias, valores e teorias que, antes,
estavam restritas à Europa no início do século XVI. Os bandeirantes encontraram ouro na região de
Minas Gerais por volta de 1698, o que levou a um gran-
Socialismo de fluxo migratório, no qual milhares de portugueses
deslocaram-se para as minas, além da intensificação
Teoria desenvolvida por Karl Marx e Friederick do tráfico de escravizados da África. A população da
Engels. Segundo eles, o Capitalismo é um sistema que região chegou a 300 mil habitantes, dos quais 50%
tende a crises, nas quais os grandes prejudicados são os eram escravos.
trabalhadores, menos privilegiados na luta de classes A vinda de forasteiros causou tensão entre os ban-
contra os proprietários dos meios de produção. Sendo deirantes paulistas e os emboabas portugueses sobre
assim, a emancipação do trabalhador deveria vir por o direito de exploração do ouro, assim, entre 1707 e
1709, eclodiu a Guerra dos Emboabas. Derrotados e
HISTÓRIA

meio de uma revolução em que a classe operária passa-


ria a ter a posse coletiva dos meios de produção. expulsos, os bandeirantes deslocaram-se para o oeste
Esse modelo foi empregado pela primeira vez do território, onde encontram ouro em Cuiabá (1717)
na União Soviética, alguns anos após a Revolução e em Goiás Velho (1721).
de 1917. Depois, ao longo do século XX, também foi Após o episódio, a Coroa Portuguesa reforçou o
implementado em países, como China, Coreia do Nor- seu domínio, com a aplicação de tributação (a quinta
te, Vietnam, Cuba, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Polô- sobre a onça de ouro extraída), com o impedimento
nia, Angola, entre outros. de que vilas se tornassem cidades (e, por conseguinte, 153
exigindo mais autonomia), com a construção da Estra- eram organizados em ternos (turmas) e alocados em
da Real (primeiro, entre Parati e Ouro Preto e, depois, fileiras de arbustos sob o comando de um capataz.
entre Rio de Janeiro e Diamantina) e com a mudança A partir da década de 1850, a elasticidade da pro-
da sede do Governo Geral para o Rio de Janeiro (1763). dução brasileira ganhou um aliado fundamental: a
O mercado interno tornou-se mais integrado para o ferrovia. Com empréstimos ingleses, investimentos de
abastecimento da Capitania das Minas. Com o declí- grandes cafeicultores e de empresários, como o Barão
nio do ciclo do ouro, por volta de 1770, a população se de Mauá, várias foram as ferrovias surgidas com a
espalhou, principalmente para o sul de Minas e para intenção de ligar os portos do Rio de Janeiro às regiões
a Zona da Mata. produtoras, como o Vale do Paraíba, o Oeste Paulista,
Outra consequência foi o florescimento das artes, a Zona da Mata Mineira e o Sul de Minas.
em especial, na arquitetura, com Antônio Francisco
Lisboa, o Aleijadinho.

A economia cafeeira

Com a Revolução Industrial, a Inglaterra tornou-


-se um importante consumidor de café como estimu-
lante para os seus trabalhadores. Até o século XVIII, a
principal produtora da bebida era a colônia francesa
de São Domingo. Com o processo revolucionário que
culminou na independência do Haiti, em 1804, e a
consequente retirada do principal produtor, houve
um impacto nas demais zonas produtoras mundiais.
O deslanche cafeeiro, a partir do final da década de
1820, aconteceu por alguns legados da economia
aurífera:

z Um volumoso tráfico negreiro transatlântico entre


os portos da África Central e o Rio de Janeiro (con-
trolado pelos negociantes);
z A abertura de vias que cruzavam o Vale do Paraíba;
z A grande disponibilidade de terras virgens deri-
vada da “política das zonas proibidas” (ordena- Colheita de café no início do século XX no interior paulista.
ção que buscava evitar o extravio de ouro ao
impossibilitar a abertura de novos caminhos ou o Fonte: E. M. Newman/Wikimedia Commons.
povoamento em áreas onde inexistissem registros,
passagens e vigilância); Na década de 1870, os Estados Unidos tiveram
z O sistema de transporte baseado em tropas de importante papel enquanto consumidores de café
mulas (eficiente para a topografia acidentada do durante os períodos da “Expansão para Oeste” e da
Centro-Sul). “Reconstrução”, facilitados por meio de tarifas de
importação mais baixas e barateamento nos custos do
Com a vinda da Família Real Portuguesa, em 1808, produto, com uma tendência semelhante à dos países
houve um crescimento vertiginoso da produção de do norte da Europa em processo de industrialização,
café, chegando a 67 mil toneladas em 1833, o que urbanização e aumento demográfico. Interessa desta-
representava o valor total da produção mundial nas car, ainda, a passagem do café de um mercado restrito
portas da Revolução Haitiana em 1790. e de luxo, no século XVIII, para um mercado de massa
A produção do Vale do Paraíba dominou o merca- industrial no século XIX.
do mundial do café, com larga vantagem, até a déca- A consequência do modo de exploração vertical
da de 1870, quando foi superado pelo Oeste Paulista e que priorizava a exploração do trabalho levou ao
pela Zona da Mata Mineira. esgotamento dos solos e ao envelhecimento rápido
O crescimento cafeeiro dependeu de acordos polí- dos pés, exigindo constantes utilizações de mata vir-
ticos internos que dessem segurança ao elo entre gem. Nesse processo, o Oeste Paulista, a Zona da Mata
cafeicultura e tráfico negreiro: mesmo com a Lei Feijó
Mineira e o Sul de Minas ofereciam solos melhores,
(7 de novembro de 1831) aprovada e com a proibição
modo de plantio menos destrutivo (plantação em
do tráfico imposta (inclusive pela pressão inglesa), a
curva de nível) e novas formas de empreendimen-
coalizão entre conservadores (saquaremas), liberais
to (por meio do trabalho assalariado de imigrantes).
moderados (luzias) e fazendeiros do Vale do Paraíba
levou à revogação prática (não formal) da legislação, Com isso, o ciclo do café teria um novo impulso, vindo
o que a fez entrar para a história como a “Lei para a declinar apenas na década de 1920 com a crise de
inglês ver”. Após uma queda, entre 1831 e 1835, o trá- superprodução e queda vertiginosa nos preços mun-
fico foi praticado, sistematicamente, até 1850, ano em diais do café.
que a Lei Eusébio de Queirós foi criada. Mesmo assim,
a legislação não impediu o crescimento do tráfico A borracha na Amazônia
interno para abastecer as lavouras de café do sudeste.
O plantio realizado em modo vertical tinha, como A borracha era um material reconhecido há muito
objetivo, o aumento da exploração de trabalho escra- tempo na Amazônia, no entanto, faltava oportunidade
vo, sendo, em média, 6 mil pés por escravo (em Cuba, de mercado que pudesse valorizar o produto. Com o
154 a média era de 2 mil pés por escravo). Os escravos advento da Segunda Revolução Industrial, na segunda
metade do século XIX, a borracha passou a ser uma tecnologia de ponta, com o emprego da robótica, da
importante matéria-prima para a indústria global. informática e da eletrônica, com o protagonismo de
A exploração acabou forçando um movimento de europeus, estadunidenses, japoneses e sul-coreanos.
migração considerável para a região amazônica, em Ao se lançar à expansão pelos mares, além da
especial, do Nordeste. Por outro lado, houve um pro- acumulação de riqueza em metais preciosos e espe-
cesso de modernização da região, com a instalação ciarias, a formação de mercado internacional exigia
da ferrovia Madeira-Mamoré. Além disso, a cidade de novos investimentos, a procura por lucros dos grandes
Manaus acabou passando por um processo de urbani- comerciantes impulsionou negócios industriais. O cres-
zação, simbolizado pelo Teatro Municipal. cimento desses negócios levou à circulação de moeda,
aparecimento de bancos regulares, de novas operações
financeiras que foram valorizando cada vez mais os
bens móveis sobre os bens imóveis, afetando a terra e
o símbolo de poder da aristocracia. A necessidade de
unificar moedas, impostos, leis, normas, pesos, medi-
das, fronteiras, alfândega e regulamentar mercados
nacionais e internacionais significou a necessidade
unificação política entorno do Estado Nacional. Por
outro lado, o processo de expurgos e expropriações dos
camponeses de suas terras para a produção de lã per-
mitiu a formação de uma massa carente de trabalho
nas cidades para serem absorvidas pela indústria.
A condição de vida dos trabalhadores era péssima.
Crianças, idosos, mulheres ou homens eram submeti-
dos a jornadas que chegavam a de 16 horas de traba-
lho por dia. Caso houvesse atrasos ou eles perdessem
o ritmo da produção, poderiam sofrer com castigos
físicos, além de sofrerem com descontos de metade de
seu pagamento. Não tardou que surgissem movimen-
tos de reação a esse sistema de exploração.
Em 1799, o Parlamento Inglês aprovou o Com-
bination Act proibindo a criação de associações de
Teatro Municipal de Manaus. trabalhadores para negociar condições de trabalho e
de salário. Houve entre 1811 e 1812 entre os tecelões
Fonte: Wikimedia Commons. um movimento de quebrar teares para forçar o recuo
de proprietários na demissão de trabalhadores e na
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: CRIAÇÃO DO SISTEMA diminuição de salários. Esse movimento ficou conhe-
DE FÁBRICA NA EUROPA E TRANSFORMAÇÕES NO cido como ludismo e acabou inspirando outros movi-
PROCESSO DE PRODUÇÃO mentos pela Europa. Mesmo em meio à repressão, a
pressão do movimento fez com que o Parlamento em
Sem exagero algum, podemos dizer que a Revo- 1825 revogasse a Combination Act de 1799, permitin-
lução Industrial pariu a nossa época. A Revolução do o surgimento de associações de trabalhadores. É
Industrial é o longo processo de transformação social desse modo que, a partir da década de 1830, tem inicio
e econômica iniciado com novas formas de produção, um movimento conhecido como cartismo, que busca-
emprego de novas matérias-primas e formas de ener- va direitos por meio da política, como o sufrágio uni-
gia que modificaram a forma de trabalho, a estrutura versal e as eleições parlamentares anuais, lembrando
social, a estrutura urbana e rural, as tecnologias e a que apenas 18% da população masculina inglesa vota-
relação com o tempo. va. A rejeição do Parlamento a essas mudanças foi o
A Revolução Industrial não tem uma data específi- estopim para diversas greves.
ca. Ela possui diferentes fases e cada uma dessas fases Entre as principais consequências da Revolução
foi marcada por uma inovação na forma de produzir Industrial podemos mencionar os métodos de pro-
as mercadorias. Seguindo esse entendimento: A Pri- dução mais eficientes que exigiram a ampliação de
meira Revolução Industrial ocorreu entre os anos mercado consumidor e que levou ao barateamento
1760 até os anos 1830 e foi marcada pela força da de produtos. A necessidade de exploração de maté-
indústria de lã e algodão para a fabricação de tecidos rias-primas induziu as nações europeias a uma nova
e difusão do uso de máquinas a vapor que utilizavam expansão colonial: a partir da década de 1880, Ingla-
o carvão mineral como fonte de energia, essa fase pra- terra, França, Alemanha, Bélgica, entre outros se fir-
ticamente se limitou à Inglaterra, embora Países Bai- mam como impérios neocoloniais com possessões em
xos e França tenham participado tardiamente. vários continentes, mas com destaque para a partilha
A Segunda Revolução Industrial ocorreu entre da África e da Ásia. Inclusive, foi essa guerra imperia-
os anos de 1850 até os anos 1910 e foi marcada pelo lista por terras, mercados e poder que levou a Primei-
emprego de combustíveis fósseis, principalmente o ra Grande Guerra em 1914.
HISTÓRIA

petróleo, pela expansão do setor secundário da eco-


nomia (siderurgia e metalurgia): Estados Unidos (no FORMAÇÃO DO ESPAÇO URBANO INDUSTRIAL
processo de reconstrução após a Guerra Civil), o Japão
(durante a Era Meiji) e a Alemanha (em seu proces- Espaço geoeconômico é o espaço em que atuam os
so de unificação) tiveram maior destaque. A Tercei- elementos do sistema econômico, ou seja, é a relação
ra Revolução Industrial, iniciada nos anos 1950, entre agropecuária, comércio, indústria ou serviços
tem como característica a expansão da indústria de com o meio no qual este está instalado.
155
Assim, o espaço urbano-industrial é um exemplo de z Fordismo: utiliza a premissa de esforço repetitivo e
espaço geoeconômico. de distribuição de tarefas, introduzindo a esteira que
O Brasil não apresentou grandes avanços em sua agiliza que a matéria em confecção chegue ao operá-
indústria até a década de 1930. Geralmente, a indús- rio, modelo que passaria a ser conhecido como linha
tria somente servia para auxiliar setores mais impor- de montagem. Elaborado por Henry Ford.
tantes, como o café e a borracha. Em 1929, uma grande
crise econômica impediu que os grandes fazendeiros
conseguissem vender, prejudicando a economia. Sen-
do assim, o país passou a investir no setor industrial.
Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, em
1945, os países destruídos precisavam importar pro-
dutos, oportunidade que o Brasil precisava para con-
seguir desenvolver sua industrialização. A partir da
década de 1950, o país passou a investir cada vez mais
em suas cidades, na construção de estradas e na gera-
ção de energia.
Hoje em dia, a indústria no Brasil tem tido um avan-
ço tecnológico cada vez maior com o uso de máquinas e
da informática. O setor industrial é responsável por 22%
de toda riqueza produzida no território.
Uma das consequências mais importantes do
desenvolvimento da indústria brasileira foi a urba-
nização. As cidades cresceram e, com elas, vieram as
oportunidades de emprego e de moradia. Neste con-
texto, as pessoas foram abandonando o campo para
se mudarem para a cidade. Assim, a necessidade de
transporte é uma questão que se torna cada vez mais
importante, além da criação e manutenção de rodovias,
estradas, avenidas e ruas para facilitar a locomoção das Linha de produção fordista.
pessoas.
A desigualdade foi, também, outra consequência, Toyotismo: baseia-se em uma produção flexí-
representada pelo surgimento das periferias, pela vel, que depende da procura dos consumidores, em
defasagem dos sistemas de transporte, pelo desem- rapidez na produção e em um trabalhador que acu-
prego, entre diversos outros problemas. mula funções, tem como uma grande vantagem a não
necessidade de estocagem de produtos, o que poderia
TRANSFORMAÇÕES NA ESTRUTURA PRODUTIVA ocasionar perda. Esse modelo foi formulado na déca-
NO SÉCULO XX: O FORDISMO, O TOYOTISMO, da de 1970 por Taiichi Ohno e Eiji Toyoda e aplicado
AS NOVAS TÉCNICAS DE PRODUÇÃO E SEUS primeiramente nas linhas de produção da Toyota.
IMPACTOS Esse modelo favoreceu o aumento da tecnologia na
produção, que reduziu substancialmente a necessida-
As modalidades produtivas são adotadas por de de mão-de-obra. Esta passaria a ser absorvida pelo
empresas para organizar o modo de produzir e modo comércio e pelos serviços.
de prestar serviços. Com a adoção massiva de um
determinado modelo, temos mudanças de impacto
socioeconômico. Os modelos mais famosos ao longo
da história foram:

z Taylorismo: elaborado por Frederick W. Taylor.


Modalidade que aplica a máxima produtividade
por meio da repetição da mesma tarefa pelos tra-
balhadores e pela divisão de tarefas.

Linha de produção toyotista.


Linha de produção taylorista.

156
A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA, A de café. Até aquele momento, o transporte do pro-
URBANIZAÇÃO E AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS duto era realizado por mulas, o que causava grande
E TRABALHISTAS perda de tempo e de grãos no trajeto até os portos. Os
fazendeiros da época viram, então, a necessidade em
Observe o gráfico a seguir referente à composição construir ferrovias para otimizar o deslocamento da
da população rural e urbana historicamente no Brasil: produção. Foi assim que o capital cafeeiro passou a ser
investido, também, na indústria. Por outro lado, vale
1000 Habitantes destacar que a mão de obra foi ampliada com a vinda
160.000 de imigrantes europeus e, paralelamente, a escravidão
era substituída pelo trabalho livre e assalariado.
140.000 Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em
1914, a indústria brasileira beneficiou-se, pois à medi-
120.000 da deveria atender ao mercado internacional que
estava voltado para a produção bélica, os empreen-
100.000
dimentos alimentícios e têxteis tiveram destaque.
Todavia, com a crise econômica resultante da quebra
80.000
da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929, o Brasil
60.000
perdeu seus principais consumidores – Estados Uni-
dos e Europa, preocupados em reestruturar sua eco-
40.000 nomia interna. A chegada de Getúlio Vargas ao poder,
em 1930, foi, então, o ponto de virada para a industria-
20.000 lização do Brasil.

0
Industrialização na Era Vargas (1930-1954)
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
A crise na base agrário exportadora levou o Bra-
sil a procurar por saídas industrialistas. Durante a
Populaçao Urbana década de 1930, os empreendimentos industriais qua-
se duplicaram de tamanho no país, ao passo que os
População projetos para instalação das indústrias de base eram
postos em prática.

Fonte: IBGE
Se liga!
Perceba que, dentro do prazo de algumas décadas,
o Brasil deixou de ser um país maciçamente rural para Indústrias de base são aquelas responsáveis
ter como base as cidades. Para entendermos o que pela transformação de matérias-primas em
houve para que esse movimento fosse consolidado, produtos para outras indústrias, metalúrgicas,
é necessário discutir o processo de industrialização. siderúrgicas e petrolíferas.
Sem a mudança radical no modo como produzimos
nossas mercadorias e no emprego da mão de obra,
certamente não teríamos tido o deslocamento de Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em
milhões de brasileiros para as cidades ao longo do 1939, os países envolvidos no conflito tiveram seus
século XX e XXI. esforços econômicos direcionados para o abasteci-
mento de seus fronts de batalha.
Os antecedentes A dificuldade no comércio exterior forçou o Brasil
a adotar a substituição de importações para que o país
O primeiro movimento de destaque para a indus- tivesse maior autossuficiência produtiva. O símbolo
trialização no Brasil pode ser localizado na vinda da dessa época foi a fundação da Companhia Siderúr-
Família Real Portuguesa em 1808. D. João VI revo- gica Nacional (CSN), em 1941, em Volta Redonda, que
gou as medidas do período colonial que proibiam o passou a operar de forma efetiva, em 1946, fornecen-
empreendimento em terras brasileiras. Por outro do minério de ferro e aço.
lado, assinou um acordo de abertura comercial com Deposto em 1945, Vargas voltaria ao poder através
o Império Britânico, que acabou sendo desvantajoso, de voto em 1951. Em 1953, foi fundada a Petrobrás,
já que o Brasil estava muito atrasado industrialmente uma das maiores petrolíferas do mundo. De sua fun-
em relação ao seu parceiro. dação até 1998, a Petrobrás teve o monopólio sobre a
Já sob o Brasil Independente, governado por D. exploração de petróleo em território brasileiro.
Pedro II, a Tarifa Alves Branco (1844) estabelecia Após o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto
medidas que visavam proteger o mercado interno da de 1954, a política brasileira ficaria marcada por gran-
concorrência externa com o aumento das tarifas para de turbulência, até que, em 31 de janeiro de 1956, o pre-
sidente eleito Juscelino Kubitschek assumiu o Governo.
HISTÓRIA

importação. Embora o setor têxtil tenha tido algum


crescimento, outras iniciativas industrialistas, caso do
Barão de Mauá, acabaram morrendo sem o interesse A industrialização nos anos JK (1956-1961)
do Estado em promover esses empreendimentos, ao
passo que o país possuía mão de obra escrava e sem Empossado como presidente, JK procurou por em
qualificação para a indústria. prática o seu lema de campanha “50 anos em 5”, isto
A partir da segunda metade do século XIX, o Brasil é, o quanto o Brasil deveria se desenvolver sob seu
consolidou-se como o principal exportador mundial mandato. A fim de executá-lo, ele apresentou o Plano 157
de Metas, um programa que continha trinta metas a Por outro lado, todo esse crescimento não se deu
serem cumpridas, dando ênfase aos setores indus- sem contradições. Os empréstimos realizados pelo
trial, energético e de transportes. Vale destacar que Governo acabaram aumentando a dívida externa. Pela
havia uma espécie de metassíntese de seu programa: falta de regulamentação da remessa de lucros, gran-
a construção de uma nova capital no Planalto Central: de parte dos lucros foram para os países de origem
Brasília. das multinacionais. O desenvolvimento econômico
também não foi acompanhado pelo desenvolvimento
social, então a inflação e o desemprego foram proble-
mas que perduraram, sem contar a concentração de
terras no campo, que obrigou o êxodo rural da popu-
lação camponesa.

Industrialização no Regime Militar (1964-1985)

A crise no modelo desenvolvimentista do governo


JK foi sentida nos anos 1960. A ruptura ocorrida com
a deposição do presidente João Goulart, por um golpe
civil-militar, em 1964, tinha como promessa recolo-
car o Brasil no caminho do “desenvolvimento” e da
“ordem”.
Durante o governo Castelo Branco (1964-1967), a
principal preocupação econômica era o controle da
inflação e o controle do endividamento público. Isso
se traduziu, na prática, em abandono do apoio esta-
tal ao desenvolvimento industrial e congelamento de
ganhos salariais aos trabalhadores. Por outro lado,
essa fase possibilitou a formação de uma poupança
Vista aérea da capital em construção. que pôde ser convertida em altos investimentos pelos
próximos dois governos militares: Costa e Silva (1967-
Fonte: Vizzoni/Estadão Conteúdo. 1969) e Médici (1969-1974).

Durante os anos de governo JK, a produção indus-


trial de base (metalúrgica, siderúrgica, petroquímica),
de bens duráveis (automóveis) e de energia teve um
crescimento notável, induzido, principalmente, por
meio de empréstimos estrangeiros, pela instalação de
multinacionais e pela elevação do padrão de consumo
da população. Neste sentido, muitos estudiosos sobre
o período analisam que o barateamento dos bens de
consumo, a integração nacional e a geração de empre-
gos foram grandes vantagens obtidas pelo projeto
desenvolvimentista de Juscelino.

Usina de Itaipu em 1982, importante símbolo do investimento


energético na época dos militares.

Fonte: Antônio Carlos Piccino/ Agência O Globo.

O período compreendido entre 1968 e 1974 é


conhecido como “milagre econômico”, dada as altas
taxas de crescimento econômico e da atividade pro-
dutiva no Brasil. Vale destacar que a média de cresci-
mento do Produto Interno Bruto (PIB) alcançou 7% ao
ano, quando ocorreu um grande processo de moder-
nização do sistema rodoviário e energético por todo o
país, bem como o consumo de bens duráveis – auto-
móveis e eletrodomésticos – foi ampliado.
Todavia, o aumento do preço internacional do
petróleo trouxe ao país dificuldades em administrar o
crescimento de empréstimos externos e em ampliar o
Charge ironizando a contradição entre o desenvolvimento
econômico e a desigualdade social nos anos JK. consumo interno. Por isso, o período do “milagre eco-
nômico” também é marcado pela grande concentra-
ção de renda e aumento da desigualdade social.
158 Fonte: Acervo Biblioteca Nacional Digital.
Durante o governo Geisel (1974-1979), a grande Estima-se que, hoje, cerca de 85% dos brasileiros resi-
preocupação foi consolidar a produção de energia e dem nas áreas urbanas.
extração de recursos minerais, mesmo que às custas
das poucas condições de investimento e empréstimo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Não à toa, o último governo militar, Figueiredo (1979-
1985), foi marcado, justamente, pela explosão da infla- CARDOSO, Ciro Flamarion. Sociedades do Antigo
ção e dos custos da dívida externa, problemas estes Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 1986.
que se estenderiam para a Nova República.
CATANI, Âfranio. O que é capitalismo. São Paulo:
Industrialização nos nossos dias Brasiliense, 1981.

Os anos 1980 foram marcados pela grande crise eco- DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil Impé-
nômica que se abateu sobre vários países latino-ame- rio. São Paulo: Contexto, 2017.
ricanos. Sem condições de contar com os empréstimos
estrangeiros, houve grande dificuldade em retomar o FICO, Carlos. História do Brasil contemporâneo.
crescimento. Em meio a isso, somava-se a inflação e o São Paulo: Contexto, 2016.
desemprego. A crise do modelo desenvolvimentista, de
grande intervenção do Estado na economia, deu lugar FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. 6 ed. São
às propostas conhecidas como neoliberais. Entre outras Paulo: Contexto, 2018.
coisas, o neoliberalismo propunha:
GUARINELLO, Norberto. História Antiga. São
z Controle dos gastos do Governo; Paulo: Contexto, 2013.
z Não intervenção do Estado na economia;
z Desregulamentação e flexibilização de leis trabalhistas; MACEDO, José Rivair. História da África. São Pau-
z Privatização de empresas estatais; lo: Contexto, 2018.
z Controle da inflação.
MESGRAVIS, Laima. História do Brasil colônia.
Essas medidas acabaram sendo adotadas, sobretu- São Paulo: Contexto, 2017.
do, a partir dos anos 1990. Vale destacar que, durante
o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), MICELI, Paulo. História Moderna. São Paulo: Con-
houve privatizações nos setores da comunicação, da texto, 2013.
Vale do Rio Doce e a quebra do monopólio da explora-
ção de petróleo pela Petrobrás. NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil repúbli-
O novo século foi marcado pela elevação no pre- ca. São Paulo: Contexto, 2017.
ço das commodities, isto é, produtos primários, como
petróleo, minério de ferro, soja, café, cana de açúcar, NAPOLITANO, Marcos. História contemporânea:
carne, entre outros. Essa tendência fez com que o Bra- da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mun-
sil recuasse nos investimentos industriais para dar dial. São Paulo: Contexto, 2017.
atenção ao setor primário. Para muitos especialistas,
vivemos um duplo processo: de um lado, a desindus-
NAPOLITANO, Marcos. História contemporânea
trialização e, por outro, a primarização da economia
2: do entreguerras à nova ordem mundial. São
brasileira.
Paulo: Contexto, 2020.
Urbanização no Brasil
PELLEGRINO, Gabriela; PRADO, Maria Lígia. His-
tória da América Latina. São Paulo: Contexto,
O processo acentuado de industrialização vivi- 2014.
do pelo Brasil, sobretudo entre as décadas de 1950 e
1980, teve como importante consequência, a urbani-
SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloisa. Brasil: uma
zação do Brasil. Caracterizamos esse processo em um
biografia. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras,
país quando a maioria da população passa a residir
2018.
nas cidades.
Alguns fatores que colaboraram para o desloca-
SILVA, Marcelo Cândido da Silva. História medie-
mento dos brasileiros para as cidades foram:
val. São Paulo: Contexto, 2019.
z A grande concentração de terra existente no
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique.
campo, que dificulta a posse e propriedade por
Dicionário de Conceitos Históricos. 2 ed. São
camponeses;
Paulo: Contexto, 2006.
z Dificuldade na produção em pequenas proprieda-
des rurais;
z A alta mecanização da agricultura que reduz o
número de postos de trabalho;
HISTÓRIA

z As oportunidades de emprego e de desenvolvi-


mento existentes nas cidades;

Todavia, o crescimento urbano desordenado con-


duziu as cidades brasileiras a problemas, como desem-
prego, falta de moradia, violência, ocupação irregular
em áreas de risco, problemas ambientais, entre outros. 159
ANOTAÇÕES

160
do espaço pelo tempo, dando a entender que o mundo
está cada vez menor, pois está cada vez mais prático
e fácil (para alguns grupos específicos) a aquisição e
obtenção de informações, o conhecimento e influên-
cia nas transações de mercadorias, culturas e econo-
GEOGRAFIA mias pelo mundo afora.
Como principais características desse processo
podemos destacar:

z A flexibilização da economia;
A GLOBALIZAÇÃO E AS z Ampliação das relações comerciais e das transa-
NOVAS TECNOLOGIAS DE ções financeiras;
TELECOMUNICAÇÃO: SUAS z Uma maior difusão das tecnologias de informação;
z Propagação do multiculturalismo e do hibridismo
CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS, cultural e uma transformação dos modos de vida;
POLÍTICAS E SOCIAIS z A fragmentação do espaço mundial.

O processo de globalização é o momento pelo qual A fase atual do processo de globalização pode ser
a economia-mundo identifica-se com a economia mun- dividida e organizada com aspectos importantes e
dial, ou seja, quando o espaço mundial adquire unidade. antagônicos, caracterizando o processo com pontos
Do ponto de vista histórico o fenômeno da globalização positivos e negativos que vamos destacar agora.
se remete ao momento em que os seres humanos, que
até um determinado momento histórico viviam de for- Pontos Positivos
ma isolada em seus países e em seus continentes, e estes
povos passaram a ter conhecimento de outros povos que z Maior abertura, ou mesmo o processo de interna-
viviam além-mar, e começa ocorrer processo de intera- cionalização dos mercados;
ção e, em especial desenvolver atividades comerciais. z Crescimento da produção industrial, que gera um
Dessa forma, podemos destacar que o processo aumento na oferta de produtos;
de globalização teve seu marco inicial no período da z Aumento da concorrência em nível internacional/
Expansão Marítima Comercial Europeia – também global e uma consequente flexibilização dos pre-
conhecida como as grandes navegações (a partir do ços no mercado consumidor;
ano de 1492), e esse processo ganha maior complexi- z Constante avanço tecnológico e um maior desenvolvi-
dade na história com as transformações das atividades mento dos meios de telecomunicações e transportes.
econômicas, por exemplo, as Revoluções Industriais,
e a partir de então o fluxo de pessoas, bens e serviços Em relação aos pontos negativos, podemos citar:
passa a ser impulsionado por esse processo de mudan-
ças, vale ressaltar que o fenômeno da globalização é z Aumento do desemprego – tanto estrutural quanto
única e exclusivamente capitalista, sistema que cres- conjuntural;
ceu e se fortaleceu tendo como base principal a lei da z Redução do estado do bem-estar social e aumento
oferta e da procura e a incansável busca pelo lucro, e da desigualdade entre povos e nações;
todos esses processos estavam associados ao desenvol- z Maior vulnerabilidade dos mercados, ficando estes
vimento das redes de transporte e de telecomunicações mais suscetíveis a crises financeiras que afetam
extremamente importantes para o mundo atual. todos os países do mundo;
A origem do termo globalização gera algumas z Aumento do endividamento externo dos países, que
controvérsias entre estudiosos do assunto, dentre as causam uma maior dependência econômica de nações
hipóteses para o surgimento deste processo, a mais pobres em relação a nações ricas.
aceita está associada a ideias do estudioso Marshall
McLuhan e do político Zbigniew Brzezinski, que nos Dessa forma podemos concluir que o processo de
anos 60 que trouxeram em suas obras os termos globalização provocou, provoca e ainda provocará
aldeia global e sociedade global – a formação destes mudanças em todo o mundo, e estas mudanças ocorre-
cenários proporcionaria o estreitamento entre as rão de forma cada vez mais rápida, acelerada e desigual.
nações do mundo, que iriam realizar entre si transa-
ções e movimentações financeiras e econômicas cada PRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DOS ESPAÇOS
vez mais intensas e complexas, através do processo de AGRÁRIOS
expansão das grandes multinacionais para diversos
países do globo, e esse processo provocou mudanças As atividades agricultura e pecuária exerceram
significativas, em especial um aumento significativo um papel extremamente importante no processo de
no mercado consumidor mundial. evolução e desenvolvimento da sociedade humana,
O final da Guerra Fria e a dissolução da União proporcionou a produção de alimentos, a mudança
Soviética e do bloco socialista contribuíram para ace- do nomadismo para o sedentarismo, a formação dos
GEOGRAFIA

lerar o processo de globalização proporcionando o aglomerados humanos, que posteriormente se organi-


surgimento de uma nova DIT – Divisão Internacional zaram em vilas e em cidades.
do Trabalho, fase do sistema capitalista pós 1991 que Até a ocorrência da 1ª Revolução Industrial, a agri-
foi reformulada com o surgimento, o fortalecimen- cultura juntamente com o comércio eram as princi-
to e a consequente expansão dos blocos econômicos pais atividades econômicas, sendo responsáveis pela
supranacionais e o processo de interdependência da produção de recursos no meio rural e as cidades
econômica mundial. Assim podemos afirmar que no eram os locais onde ocorria a distribuição das merca-
mundo globalizado ocorre o processo de compressão dorias, criando assim espaços que do ponto de vista 161
geográfico eram distintos: os espaços de produção O AGRONEGÓCIO, A AGRICULTURA FAMILIAR, OS
(áreas produtoras) e espaços de circulação (áreas ASSALARIADOS DO CAMPO E AS LUTAS SOCIAIS
onde ocorria o comércio). NO CAMPO
No século XVIII, como resultado direto do pro-
cesso de industrialização que o mundo passava, eixo O agronegócio – também denominado por agribu-
econômico passa por transformações de rural para o siness – é a nomenclatura utilizada para fazer refe-
urbano, assim os espaços urbanos passaram a con- rência ao processo da produção agropecuária, e nele
centrar os recursos financeiros e tecnológicos, e estas estão inclusos todos os serviços, as técnicas utilizadas
mudanças fizeram com que o meio rural se adaptasse e equipamentos de maneira direta ou indireta.
as novas realidades do mercado. O setor da economia envolve uma cadeia produtiva
O desenvolvimento técnico-científico ocorrido na com a realização de atividades que incluem desde a pro-
Europa, Estados Unidos e posteriormente no Japão, nos dução agrícola (cultivo de culturas como a soja, milho,
séculos XVIII e XIX, o mundo passou por um conjunto de café, dentre outros), o consumo e a compra de adubos
transformações sociais, econômicas, políticas, culturais etc. e fertilizantes, o desenvolvimento de máquinas agríco-
A ocorrência da 2ª Revolução Industrial, proporcio- las, o processo de industrialização de produtos oriundos
nou várias inovações para o setor agropecuário, como a do campo (como óleos, café solúvel, entre outros) até o
produção de insumos, adubos e agrotóxicos, que amplia- desenvolvimento de tecnologias para tornar todo esse
ram a capacidade produtiva dos solos (diminuindo as processo produtivo e suas atividades mais dinâmicas.
perdas das lavouras por conta das ações de pragas). Entretanto, o agronegócio não está somente rela-
Até o fim do século XIX, essa modernização ocor- cionado às atividades voltadas para o campo, esse
rida na agricultura estava concentrada nos países setor é especialista em meio urbano, sendo um dos
mais ricos e desenvolvidos, pois estes concentravam motivos da ocorrência do processo de subordinação
as melhores condições econômicas, além de melho- e dependência das atividades rurais em relação aos
res condições técnico-científicas para a realização de mercados presentes nas grandes cidades. Isso ocorre
investimentos no setor rural. porque, conforme o agronegócio se moderniza e passa
por transformações, maior é dependência de atuações
MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E ESTRUTURAS dos complexos industriais e das atividades produtivas
AGRÁRIAS TRADICIONAIS oriundas das grandes cidades.
Esse importante setor da economia está relaciona-
do com três setores da cadeia produtiva econômica,
Na segunda metade do século XX, em especial a
o setor primário (agropecuária), o setor secundário
partir dos anos 60, um problema antigo chamava a
(indústrias de tecnologias de ponta e de transforma-
atenção das autoridades em nível mundial – a fome,
ção das matérias-primas) e o setor terciário (com o
mas foi no período posterior a 2ª Guerra Mundial
escoamento e transporte e a comercialização dos pro-
que ficou claro e evidente o processo de desigualdade
dutos produzidos no campo).
entre as nações do mundo.
Um dos pilares importantes do processo produti-
Os organismos financeiros internacionais como
vo presente no contexto do agronegócio é a elevada
o Banco Mundial e corporações privadas, injetando
concentração de investimentos. Os produtores estão
capitais, proporcionaram a introdução de insumos,
investindo tanto na produção em si quanto nos fato-
adubos, fertilizantes, sementes selecionadas em algu-
res que melhoram a sua execução. Dessa forma, essa
mas regiões da Ásia e da América, contribuindo para
atividade também abrange estudos científicos relacio-
o aumento da produtividade agrícola e uma tímida nados com o campo e com o envolvimento de áreas
redução dos indicadores de fome e pobreza na região. como a biotecnologia e até com a meteorologia e cli-
O objetivo era reduzir, amenizar e talvez acabar matologia, com o objetivo de oferecer as melhores
com o quadro de fome em todo o mundo, porém, os condições para que ocorra o acúmulo de capital por
investimentos em regiões como América Latina e Áfri- parte de seus proprietários.
ca não foi o suficiente para alterar de forma significa- No Brasil, o agronegócio é um dos mais importan-
tiva os quadros de fome nestas duas regiões. tes do mundo, principalmente em relação à dinâmica
A utilização de insumos agrícolas e da mecanização de exportações. Nosso país está entre os maiores pro-
do processo produtivo ficou conhecido como Revolução dutores agrícolas do mundo, sendo o maior exporta-
Verde, que além de receber produtos químicos e semen- dor mundial de café, de açúcar e de cana-de-açúcar;
tes melhoradas e selecionadas, contava também com a é o segundo maior exportador de carne bovina e o
utilização de maquinários no campo e com a forte inje- maior exportador de carne de frango, sendo também o
ção de capitais de grupos econômicos internacionais. quarto maior exportador de carne suína. Esse quadro
A mecanização e modernização da agricultura vie- nos leva a estimativas que os lucros produzidos nesse
ram acompanhadas de problemas para a maioria dos setor cresçam ainda mais, com projeções de aumento
trabalhadores rurais que ficaram a margem de todo o e crescimento em torno de 40% nos próximos anos,
processo única e exclusivamente por questões econô- de acordo com estudos do Ministério da Agricultura.
micas e financeiras. Na agricultura familiar, que vai na contramão do
A Revolução Verde provocou a formação de um agronegócio, caracterizada por ser um tipo de agricul-
grande contingente de desempregados no campo (o uso tura praticada em pequenas propriedades rurais, sen-
da mão de obra em grande quantidade se fazia cada vez do denominada dessa forma pelo fato de ser praticada
mais reduzida com o processo de mecanização), sendo por grupos de famílias (pequenos agricultores e alguns
assim essa parcela de trabalhadores desempregados empregados). O processo de colheita dos produtos ser-
no campo foram obrigados, forçados a realizarem pro- ve como forma de alimentação para os produtores, e
cessos migratórios para os centros urbanos através do ainda, pode ser colocado como moeda de troca contri-
162 processo conhecido como Êxodo rural. buindo assim para o consumo de parte da população.
A Importância da Agricultura Familiar Logo abaixo temos alguns conceitos-chave importan-
tes para compreender a dinâmica das relações traba-
Embora seja uma atividade muito importante para lhistas no campo.
o consumo e sustento de várias famílias de agriculto-
res que vivem nas áreas rurais, dados do IBGE indi- z Mão-de-obra familiar: É a relação de trabalho
cam que em torno de 70% dos alimentos consumidos quando todas as etapas do processo de produção
no Brasil são oriundos da agricultura familiar. são realizadas por entes da mesma família.
É importante destacar que, nesse processo, as técnicas z Posseiros: São grupos de trabalhadores rurais que
de cultivo e produção utilizadas envolvem também práti- ocupam e/ou cultivam terras que não estão produ-
cas tradicionais e de conhecimento popular. zindo (terras devolutas).
A agricultura familiar é responsável por uma grande z Parceria: É o processo onde dois trabalhadores ou
parcela da produção de gêneros alimentícios no Brasil. produtores rurais, firmam acordos onde um fornece a
As famílias vivem da venda de produtos que plan- propriedade da terra e o outro apenas a força de traba-
tam, sendo esse tipo de atividade uma importante forma lho, sendo que o segundo vai cultivar a terra e depois
de obter renda familiar, e nela o trabalho realizado em ocorre a divisão da produção com o proprietário.
equipe se mostra importante para a economia da região. Arrendatário: Ocorre quando um produtor/agri-
A agricultura familiar proporciona a geração de cultor não possuía propriedade da terra, mas possui
renda e emprego no campo e ainda, aumenta o nível de recursos financeiros, então este promove o arren-
sustentabilidade das atividades no setor agrícola, pois damento ou aluga a propriedade por um período
a qualidade dos produtos é superior aos outros conven- especifico.
cionais pelo fato de não utilizar produtos químicos em z Trabalhadores assalariados temporários: São os
larga escala, como ocorre na prática da monocultura. trabalhadores rurais que recebem salário, porém
este trabalho é sazonal, ou seja, ocorre em apenas
Agricultura Familiar no Brasil uma parte do ano, normalmente são recrutados
para os períodos que ocorrem as colheitas.
A agricultura familiar está presente em quase 85% z Trabalho escravo no campo: Apesar da escra-
das propriedades rurais do país. A maior parte desse vidão estar abolida no Brasil desde 1888, ainda
percentual está localizado na região nordestina. A região encontramos situações de escravidão plena ou em
nordeste é responsável por cerca de 1/3 da produção total. condições análogas à escravidão, geralmente o tra-
balhador não tem direitos trabalhistas, não recebe
salário, e tudo que o trabalhador utiliza é cobrado
Agricultura familiar por região como: sua alimentação, as ferramentas de traba-
lho, ficando esse endividado, dessa forma também
Distribuição do número de estabelecimento por região
fica impedido de ir embora. Em pleno século XXI,
esse processo se faz real, em especial nos estados
50 do Pará, Mato Grosso e Goiás, podendo ocorrer em
45
outras unidades da Federação também.

40 Os conflitos no campo aumentaram de forma sig-


35
nificativa na segunda metade do século XX, a concen-
tração fundiária aumentava cada vez mais, e esse
30 processo foi impulsionado com a implantação da
25
mecanização das atividades agrícolas em solo brasi-
leiro, os trabalhadores rurais que não migraram para
20 os grandes centros urbanos com o desemprego acen-
tuado nas áreas agrícolas, se organizaram e funda-
15
ram os movimentos sociais que lutavam pela reforma
10 agrária e pela democratização do acesso à Terra.
A princípio essa luta por uma equidade em relação
5
a questão agrária era realizada pela Pastoral da Terra
0 – membros da Igreja Católica, e posteriormente sur-
Nordeste Sul Sudeste Centro ge o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST),
Norte
Oeste no final dos anos 70 e começo dos anos 80, durante o
processo de anistia e abertura política do Brasil, tendo
Agricultura familiar por regiões (Dados do Embrapa) vista que os movimentos sociais e impedidos eram cri-
minalizados pelos governos militares. Vale ressaltar
Com a expansão do agronegócio, os produtores que o processo de concentração fundiária é um pro-
familiares tem enfrentado dificuldades, e isso tem cesso que ocorre desde os tempos coloniais.
GEOGRAFIA

proporcionado problemas de ordem social e econô- Os pequenos produtores rurais, buscando ter
mica. As relações de trabalho no campo vêm passan- acesso a terras para produção, começam a se deslo-
do por processos de transformações e diversificação, car pelo território brasileiro em um movimento que
como por exemplo a mão-de-obra familiar, a presen- ficou conhecido como expansão da fronteira agríco-
ça de posseiros, o sistema de parceria e o processo de la, que posteriormente também foi incorporado pelo
arrendamento, a presença de trabalhadores assala- agronegócio ou agricultura comercial, na qual muitas
riados temporários e o problema mais grave de todos famílias saíram da região Sul do país com destino as
que é o trabalho em condições análogas à escravidão. regiões Centro-Oeste e para a porção sul da região da 163
Amazônia, ocasionando uma nova estrutura no cená-
rio agropecuário brasileiro, e nestas regiões podemos OS DOMÍNIOS NATURAIS E A RELAÇÃO
destacar atividades como a soja e a criação de gado. DO SER HUMANO COM O AMBIENTE
A RELAÇÃO CAMPO-CIDADE RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA E A APROPRIAÇÃO
DOS RECURSOS NATURAIS PELAS SOCIEDADES AO
Para compreender a relação campo-cidade é necessá- LONGO DO TEMPO
rio a ampliação da nossa visão sobre a estrutura de pro-
cessos produtivos como a industrialização, urbanização, A humanidade, desde a pré-história, realiza a trans-
Revolução Verde, e as mudanças ocorridas ao longo dos formação do meio natural em que vive. Nos primórdios,
os povos do mundo eram nômades e deslocavam-se cons-
tempos e, essencialmente, entender a evolução ocorrida
tantemente de um local para outro na busca de alimen-
no espaço geográfico. No período pré-industrial, a depen-
tos e de locais seguros para a moradia e sobrevivência.
dência dos recursos naturais era enorme, no meio rural Com o desenvolvimento de técnicas para cultivo de
estavam localizados os principais postos de trabalho e vegetais e frutos, além do processo de domesticação,
somente poucas cidades do meio urbano conseguiam confinamento e criação de animais, a agricultura e a
produzir o suficiente para sustentar seus habitantes. As pecuária desenvolveram-se, o que permitiu a sedenta-
relações de poder deixavam de forma clara o domínio rização dos grupos humanos; ou seja, os homens pude-
que o campo exercia sobre a cidade. ram se fixar em determinados locais, dando início ao
Com a ocorrência da Revolução Industrial, as mudan- processo de formação das primeiras civilizações.
Com o passar dos séculos, houve o desenvolvimen-
ças nas relações campo x cidade se iniciam, pois, pela pri-
to de técnicas cada vez mais avançadas que não só
meira vez na história, o número maior de trabalhadores
garantiram as necessidades de suas populações, mas
empregados estava na cidade, e não no campo. O meio também que os seres humanos pudessem exercer
urbano passa a ser o principal centro econômico se trans- poder e domínio sobre outros territórios. As técnicas
formando em uma área de atração populacional e passa tornaram-se cada vez mais complexas, mas sem dei-
a ser o principal destino da população. Observa-se aqui xarem de lado o ponto principal desde o surgimento
a ocorrência do fenômeno conhecido como êxodo rural dos primeiros aglomerados humanos: a capacidade
(migração em larga escala de pessoas das áreas rurais de utilizar e transformar a natureza.
para as áreas urbanas) e, com isso, as primeiras socieda- Assim, podemos afirmar que o espaço geográfico
des urbano-industriais começam a se formar. – resultado das ações e das atividades humanas – está
sempre sendo produzido e transformado pela socie-
O Brasil, por um longo período, foi conhecido por
dade em diferentes momentos da História. Existe um
ser um país agroexportador, pois até 1930, a econo- vínculo entre natureza e ação humana, ou seja, entre
mia do país girava em torno deste seguimento econô- o espaço natural e o espaço geográfico.
mico. Embora essa atividade não tenha deixado de ser Podemos citar como exemplos dessas ações o pro-
importante para a economia, o processo de industria- cesso de extração de matérias-primas do meio ambien-
lização, que foi iniciado no governo de Getúlio Vargas te ou a retirada de matas e florestas para o cultivo de
nos anos 1930, impulsionou nosso país a uma série de alimentos ou matérias-primas que serão posteriormen-
mudanças nas relações campo x cidade. te utilizadas na produção de mercadorias diversas.
Nos anos de 1950, já eram registrados os primeiros O processo de extração mineral é considerado um
exemplo das diferentes maneiras pelas quais os seres
números de um país que em pouco tempo viria a ser
humanos transformam e modificam o ambiente em
urbano (o percentual de pessoas que moravam nas que vivem, o processo de apropriação da natureza
grandes cidades já atingia a marca de 51%). A grande pelos seres humanos
concentração de terras no meio rural brasileiro, que Essa relação entre a natureza e os seres humanos
está entre as heranças deixadas do período do Brasil dá-se sempre de maneira harmoniosa? A resposta é
colônia, logo proporcionou um intenso êxodo rural. não. Os seres humanos estão cada vez mais exploran-
Fazendo com que o processo de urbanização brasileira do a natureza de forma predatória, além do limite que
ocorresse de forma muito acelerada, rápida, desigual e ela pode suportar, provocando alterações considera-
excludente, e o processo de forma acelerada dificultou das desastrosas sobre o meio natural. Os impactos das
ações predatórias dos seres humanos podem ser vis-
o planejamento urbano e ocasionou vários problemas
tos quando há o desmatamento de florestas ou quan-
nos centros urbanos, como a favelização, a formação
do as reservas hídricas estão altamente poluídas.
de periferias, o trânsito caótico sem mobilidade, a vio- Como consequência desses processos, podemos
lência e a segregação socioespacial. Problemas esses observar os mais diversos efeitos: a erosão que atinge
diretamente relacionados a macrocefalia das cidades, as áreas de rios, córregos, lagos e outros reservatórios
fenômeno também conhecido como inchaço urbano. de água, sejam eles superficiais ou subterrâneos; a
É importante destacar que o campo influencia a prática da agricultura e da pecuária de forma intensi-
cidade e vice-versa. Hoje, pode-se perceber que as ati- va. Essas atividades têm como consequências a perda
vidades realizadas em áreas rurais são cada vez mais de recursos hídricos ou até mesmo alterações climáti-
cas provocadas pela perda de áreas naturais ou pela
dependentes do processo de industrialização e do sur-
grande quantidade de poluentes emitidos e lançados
gimento de novas tecnologias. Dessa forma, uma crise
na atmosfera. Dessa forma, fica evidente o impacto da
econômica ocorrida em área urbana afeta, diretamen- natureza sobre a sociedade.
te o campo. Para discutirmos e compreendermos o Como forma de combater os impactos provocados no
espaço brasileiro, é necessário entender esse processo meio natural por ações antrópicas (do homem), surgem
164 de relação entre o meio rural e o meio urbano. vários movimentos sociais e ativistas. No atual momento
do sistema capitalista, os efeitos estão mais intensos, o quais estão concentradas as maiores reservas de petró-
que promove preocupações com a problemática ambien- leo do país. Também é importante destacar as reservas
tal, dentre as quais podemos citar o agravamento do de petróleo do pré-sal localizadas entre os estados de
efeito estufa, o aquecimento global, a poluição e os pro- Santa Catarina e Espírito Santo, cuja extensão total de
blemas ambientais urbanos, entre outros tipos de impac- petróleo ultrapassa 800 quilômetros.
tos ambientais. As reservas de petróleo estão localizadas em pro-
Dessa forma, a humanidade precisa desenvolver fundidades maiores e menores. O pré-sal, por exem-
técnicas sustentáveis para um melhor aproveitamento plo, encontra-se a 7 mil metros abaixo do nível do mar;
desses recursos naturais, ao invés de extrair todos os antes, sua exploração era inviável, porém, com o desen-
recursos de forma indiscriminada, provocando o agra- volvimento da tecnologia, a Petrobrás passou a extrair
vamento da questão ambiental. Cada vez mais é neces- uma grande quantidade de petróleo na área. Estima-se
sário discutir ações sustentáveis; só assim será possível que as reservas de petróleo somem mais de 200 milhões
garantir a preservação e a utilização dos recursos natu- de barris. Assim, o Brasil tornou-se autossuficiente na
rais para as próximas gerações, e esse é o maior desafio produção de petróleo com a descoberta dessas reservas.
para os indivíduos do mundo contemporâneo. Em relação à energia nuclear, as usinas nucleares de
Angra nº 1 e nº 2 foram construídas na década de 1970,
IMPACTO AMBIENTAL DAS ATIVIDADES mas sem muita representação na matriz energética do
ECONÔMICAS NO BRASIL: RECURSOS MINERAIS E Brasil.
ENERGÉTICOS No gráfico a seguir, podemos ver a quantidade de
energia produzida por cada setor para atender nossa
Os recursos energéticos são a matéria-prima uti- demanda de consumo:
lizada para a produção de energia, que movimenta
máquinas direta ou indiretamente; são extraídos da Lixívia e outras
natureza e devem passar por um processo de trans- renováveis Carvão
formação para gerar energia. Outras não 5,9% 5,7%
A energia pode ser classificada em renovável e renováveis
não renovável. Alguns exemplos de energia renová- 0,6%
vel são: hidrelétrica, solar, eólica, geotérmica (calor Lenha e Carvão
do interior da terra), biomassa (gerada por meio do vegetal
uso de materiais orgânicos), marés (força das ondas) e 8,0%
hidrogênio (o processo de reação química do hidrogê-
nio eventualmente libera energia).
Existem também formas de energia não renová- Petróleo e
Derivados da
derivados
veis, como os combustíveis fósseis (petróleo, carvão, cana
36,4%
gás natural e gás de xisto). Existe também a energia 17,0%
nuclear (passa pelo núcleo do urânio e átomos de
tório, em um processo de fissão/fratura).
Para reduzir o impacto ambiental da matriz ener- Hidráulica
gética, o mundo contemporâneo enfrenta o desafio 12,0%
de usar energias renováveis e livres de poluição. No Gás natural
Brasil, já temos planos de produção de energia com o 13,0%
objetivo de reduzir o impacto ambiental. Um exemplo Nuclear
é o etanol, utilizado na produção de combustível para 1,4%
veículos, introduzido no Brasil por meio do Programa
Brasileiro do Álcool na década de 1970, principalmen- Fonte: epe.gov.br
te em função da primeira crise do petróleo. Essa crise
ocorreu em 1973, resultando em um aumento subs- Falando-se em recursos minerais, o Brasil tem
tancial no valor do barril de petróleo. grandes reservas e se destaca principalmente na
O Brasil também se sobressai na produção de ener- produção de ferro, bauxita (alumínio), manganês e
gia em hidrelétricas, com destaque para as de Itaipu, nióbio. O ferro é o principal minério de exportação
Ilha Solteira, Belo Monte e Cachoeira Dourada e para o do Brasil, e sua extração ocorre principalmente no
crescimento da produção na região Nordeste. Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais; no Pará, na
O litoral, com foco na usina Prainha no estado do Sara dos Carajás e no Mato Grosso do Sul, no Maciço
Ceará, também se destaca na produção de energia do Urucum. Atualmente, a produção anual do Brasil
solar, com o exemplo do cinturão solar no Nordeste. é de cerca de 235 milhões de toneladas, ocupando o
É importante ainda mencionar algumas usinas da segundo lugar na produção mundial.
região sul, em especial de biomassa, com o processa- O minério de bauxita é extraído na Serra do Orixi-
mento da cana-de-açúcar e produção de etanol (a par- miná, no estado do Pará, que é o principal produtor e
tir da cana-de-açúcar). maior concentrador de minério do país. A produção
Em relação às energias não renováveis, menciona- anual é de aproximadamente 17,4 milhões de tonela-
GEOGRAFIA

mos o uso de gás natural importado da Bolívia, que das. O Brasil é o terceiro maior produtor do mundo.
é um pequeno número de reservas de carvão mine- Aproximadamente 1,3 milhão de toneladas de
ral localizadas nos estados do Sul (principalmente em manganês são extraídas a cada ano, o que torna o país
Santa Catarina). o terceiro maior do mundo. Os principais depósitos
O processo de extração de petróleo no Brasil passou estão localizados na Serra dos Carajás, no Quadrilá-
a ocorrer de forma mais intensa a partir dos anos 1950, tero Ferrífero e no Maciço do Urucum. Países como
quando foi inaugurada a Petrobrás. As reservas encon- Japão e Estados Unidos respondem por aproximada-
tradas nas bacias de Campos e Santos são as regiões nas mente 50% das vendas que o Brasil faz de manganês. 165
Os estados de Minas Gerais e Goiás respondem por indústria em nosso país e uma elevada concentração de
grande parte da produção de nióbio; a produção do veículos automotivos; porém, não podemos esquecer a
metal chega a 38 mil toneladas por ano, tornando o emissão do gás metano na atividade pecuária. Os impac-
Brasil o maior produtor de nióbio do mundo. O miné- tos ambientais causados pela liberação dos gases do efei-
rio tem ampla utilização na fabricação de equipamen- to estufa (GEE) são o aumento do buraco na Camada de
tos de última geração. Ozônio, o agravamento de mudanças climáticas provo-
A partir da década de 1930, a história da deterioração cadas pelo aquecimento global, a contaminação da água
dos impactos ambientais no Brasil e no mundo começou e o comprometimento da fauna e da flora.
a mudar. Em nosso país, esse fenômeno é acompanhado A poluição da água nos centros urbanos está prin-
pelo processo de industrialização e urbanização. Esses cipalmente associada à falta de políticas para descar-
eventos proporcionaram certo desenvolvimento para o te do esgoto e tratamento. Pouco mais da metade dos
país, não houve adoção e implantação de uma legislação domicílios brasileiros tem sistema de coleta de esgoto
apropriada para evitar danos ao meio ambiente. e fornecimento de água potável; grande parte do esgo-
Existe uma luta diária para conter a deterioração to doméstico produzido em nosso país é lançado dire-
do meio ambiental causada pelo crescimento das
tamente nos rios sem qualquer forma de tratamento.
cidades e das indústrias relacionado ao crescimento
O Brasil possui cerca de 12% das reservas de água
populacional. A seguir, destacaremos alguns dos prin-
doce do mundo, porém somente 4% está própria para
cipais problemas ambientais atuais:
o consumo de acordo com estudos da Agência Nacio-
O desmatamento é um dos mais antigos e graves
nal das Águas (ANA). Como consequências da escassez
problemas ambientais que nosso país possui. Desde
de água, destacamos a destruição e perda da biodiver-
a chegada dos portugueses, e com os diversos ciclos
de exploração, esse problema vem sendo agravado. O sidade, a falta de água com qualidade para o consumo
processo de urbanização e crescimento das cidades, a humano e uma queda na qualidade de vida da popu-
expansão das atividades agropecuárias, a extração de lação, além do agravamento de doenças associadas às
madeira de lei e a utilização das terras para a criação questões citadas acima.
de bovinos, principalmente com a pecuária extensi- O Governo Federal sancionou a Lei nº 14.026 de
va, foram determinantes para o agravamento dessa julho de 2020, o Marco de Saneamento Básico, que
situação. Como consequências do processo de desma- visa universalizar no território nacional os sistemas
tamento, podemos destacar: a destruição da biodiver- de coleta de esgoto e tratamento de água até o ano de
sidade, os processos de erosão e empobrecimento dos 2033. Devem ser promovidas parcerias público-priva-
solos, a redução no ciclo das chuvas, o aumento das das para resolver os problemas que mais afligem os
temperaturas e o aquecimento global. brasileiros; serão investidos cerca de R$ 753 bilhões,
As queimadas, em sua maioria, estão diretamente totalizando R$ 47 bilhões por ano no setor.
associadas à prática da agricultura. Em nosso país, as Dentre os problemas ambientais em ambientes
queimadas vêm aumentando de forma considerável urbanos, podemos destacar a formação das ilhas de
nos últimos anos, vide os exemplos de 2020 ocorri- calor (também conhecidas como micro climas), que são
dos no Pantanal e na Amazônia. Como consequências provocadas pela retirada da cobertura vegetal, vertica-
das queimadas estão o aceleramento do processo de lização das construções que impedem uma maior cir-
desertificação, a poluição do ar e o processo de empo- culação dos ventos, circulação de veículos automotivos
brecimento dos solos. e o processo de impermeabilização dos solos. Causam,
A questão do lixo é considerada o grande desafio assim, um aumento da temperatura das áreas centrais
das autoridades brasileiras, visto que o consumo do ser em relação às periféricas que pode chegar a 10º C.
humano e a produção de lixo só aumentam ano após Outro problema ambiental dos centros urbanos é a
ano. As dificuldades se potencializam com a coleta e o formação das chuvas ácidas, que ocorrem em regiões
tratamento que ocorrem de forma inadequada. Mesmo nas quais o nível de poluentes na atmosfera, ao entrar
com a Lei Federal nº 12.305 de 2010, também conheci- em contato com as gotículas de água, promove o aumen-
da como a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que proíbe to da acidez da chuva. Esse fenômeno tem como prin-
o descarte do lixo coletado em lixões a céu aberto (o cipais consequências a destruição de lavouras agrícolas
ideal é a construção de aterros sanitários), o problema
localizadas próximas a centros urbanos, a corrosão de
ainda persiste por falta de interesse dos agentes públi-
monumentos históricos e o aumento de doenças de pele.
cos em fiscalizar a questão e pela falta de consciência
Por último, vamos destacar o fenômeno da inver-
da população em colaborar e contribuir para amenizar
são térmica, que ocorre principalmente em áreas
os impactos desse problema. A má administração do
urbanizadas com elevados índices de poluição, em
lixo causa a contaminação dos solos e dos lençóis freá-
ticos, por conta da produção de chorume, a produção especial no inverno. Esse fenômeno ocorre da seguin-
de gases tóxicos e o aquecimento global. te forma: a camada de ar poluído impede a troca de
A poluição dos solos existe por conta da utilização ar na atmosfera (que é um fenômeno de ordem natu-
de agrotóxicos no setor agrícola e do descarte incor- ral); esse impedimento deixa uma camada de ar frio e
reto dos produtos químicos utilizados no meio rural. poluído próximo à superfície. A inversão térmica gera
Nesse contexto, nosso país é um grande produtor agrí- uma série de doenças respiratórias.
cola e o país que mais utiliza agrotóxicos em todo o
mundo. Como impactos ambientais decorrentes dessa RECURSOS HÍDRICOS, BACIAS HIDROGRÁFICAS E
situação, destacamos o processo de empobrecimento SEUS APROVEITAMENTOS
do solo, a contaminação dos lençóis freáticos e a des-
truição da biodiversidade (flora e fauna). O Brasil possui uma das mais extensas e diversifica-
No quesito poluição do ar, nosso país está entre as das reservas de recursos hídricos do planeta. No terri-
nações que mais emitem dióxido de carbono. Esse pro- tório brasileiro, estão presentes cerca de 12% do total
166 blema tem como principais causas o crescimento da das reservas de água doce existentes em todo o planeta.
Os rios ou cursos d’água brasileiros possuem carac- Região Hidrográfica do Paraná
terísticas próprias e complexas resultantes da com-
binação de diversos aspectos geográficos, como por A Região Hidrográfica do Paraná ou Bacia do Para-
ná ocupa uma área de 879.860 km², correspondente a
exemplo: a região onde os rios estão localizados, o cli-
10,33% de todo o território nacional. Localiza-se nos
ma, as unidades de relevo, a cobertura de vegetação e
estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul,
também os impactos das ações antrópicas na natureza.
Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e o Distrito Fede-
O mapa abaixo apresenta um breve resumo da ral, região de maior desenvolvimento econômico e de
hidrografia do Brasil. maior concentração populacional do país.
O principal rio dessa bacia, o Paraná, possui uma
Bacia Tocantins
Araguaia extensão de 2.750 km; sua nascente está localizada
Bacia Atlântico entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato
Nordeste
Ocidental Grosso do Sul e corre na fronteira do Brasil com o
Bacia Bacia do Parnaíba Paraguai até desaguar no rio Iguaçu. Os principais
Amazônica Bacia Atlântico afluentes são o rio Grande, Iguaçu, Paranaíba, Para-
Nordeste
Oriental napanema, Paraná e Tietê.
Bacia do São
Francisco
Bacia do Região Hidrográfica do São Francisco
Atlântico Leste
Bacia do
Paraguai Bacia do
Bacia do Atlântico Sudeste A Região Hidrográfica do São Francisco ou Bacia
Paraná do Rio São Francisco ocupa uma área de 641.000 km²,
Bacia do abrangendo área equivalente a 7,52% do território
Bacia do Atlântico Sul
Uruguai nacional. Localiza-se nos estados de Minas Gerais,
Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e também
o Distrito Federal.
Regiões Hidrográficas do Brasil. Fonte: IBGE. O rio São Francisco percorre todo o Sertão nordes-
tino, região mais seca do Brasil. Suas águas são usadas
As reservas de água no Brasil estão distribuídas principalmente para abastecimento, lazer e irrigação.
em 12 regiões hidrográficas, que foram agrupadas em O rio São Francisco possui mais de 2.000 km de tre-
bacias hidrográficas com rios de maior vazão; existem cho navegáveis. Existem 158 afluentes; cerca de 90 são
também as microbacias localizadas no do litoral brasi- perenes e 68 são temporários. Como principais afluen-
leiro, formadas por rios que possuem pequena exten- tes, destacam-se os rios Das Velhas, Abaeté, Correntes,
são e vazão. A seguir, destacamos as principais bacias Jequitaí, Verde Grande e Paracatu.
hidrográficas presentes no território brasileiro.
Região Hidrográfica do Paraguai
Região Hidrográfica Amazônica
A Região Hidrográfica do Paraguai ou Bacia do
Paraguai ocupa uma área de 361,35 km² e está locali-
A Região Hidrográfica Amazônica ou Bacia Amazô-
zada nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
nica tem como principal rio o Amazonas e seus afluen- O rio Paraguai tem sua nascente localizada na Cha-
tes. Ocupa uma área de 3.843.402 km², correspondente a pada dos Parecis, no estado do Mato Grosso. Ao lon-
44,63% do território nacional. Abrange os territórios dos go de seu percurso em direção ao sul, recebe vários
estados do Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima, afluentes, com destaque aos rios Cuiabá, Taquari, São
Pará e Mato Grosso. O rio Amazonas é o maior rio do Lourenço, Negro e Miranda.
mundo em volume de água e o segundo em extensão, O rio percorre todo o Pantanal Mato-Grossense, con-
ficando atrás somente do rio Nilo, no Egito. siderado uma das maiores áreas úmidas contínuas do
Podemos destacar como principais afluentes do rio planeta. O Pantanal age como um grande reservatório,
Amazonas os rios Javari, Juruá, Jutaí, Purus, Madeira, concentrando a maior parte da água vinda do planalto,
Tapajós e Xingu, localizados na margem direita; e os e contribui para a regulação da vazão do rio Paraguai.
rios Iça, Japurá, Negro, Trombetas e Jari, localizados
na margem esquerda. Região Hidrográfica do Uruguai

Região Hidrográfica Tocantins Araguaia A Região Hidrográfica do Uruguai ou Bacia do Uru-


guai ocupa uma área de 174.612 km², totalizando uma
área de 2,05% do território nacional. Está localizada
A Região Hidrográfica Tocantins Araguaia ou Bacia
na região de divisa dos estados do Rio Grande do Sul e
Tocantins-Araguaia ocupa uma área de 967.059 km²,
Santa Catarina, assim como na área de fronteira entre
representando cerca de 11,36% do território nacional.
o Brasil e a Argentina. Os principais afluentes são os
GEOGRAFIA

Está localizada nos estados de Goiás, Tocantins, Pará, rios Chapecó, Passo Fundo, Peixe e Várzea.
Maranhão, Mato Grosso, além do Distrito Federal.
No estado do Tocantins, com uma extensão de Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
2.600 km, está o rio Araguaia, que abriga a maior ilha
fluvial do mundo, a Ilha do Bananal. Os principais rios A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ociden-
afluentes da Bacia Tocantins Araguaia são: Formoso, tal ou Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
Garças, Bagagem, Tocantíssimo, Paraná, Manuel Alves ocupa uma área de 254.100 km², que equivale a 2,98%
Grande, Rio Sono e Santa Tereza. do território nacional. Está localizada no estado do 167
Maranhão e em uma pequena área do estado do Pará. O processo de aquecimento global afetará os
Na região, podemos destacar os rios Gurupi, Turiaçu, recursos naturais, o acesso à água, a produção de ali-
Pericumã, Mearim e Itapecuru. mentos, a saúde e o meio ambiente. À medida em que
a temperatura média do planeta aumenta, centenas
Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental de milhões de pessoas passam fome, sofrem com a
escassez de água e inundações costeiras. A economia
A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental mundial e as sociedades serão afetadas em níveis que
ou Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental tem ainda são desconhecidos.
uma área de 287.348 km², totalizando 3,37% do terri- A análise dos impactos ambientais e das questões
tório nacional. Localiza-se nos estados do Ceará, Rio climáticas e suas relações com a produção e o con-
Grande do Norte Paraíba, Pernambuco e Alagoas. A sumo (inclusive energia) leva à conclusão de que a
região possui baixa disponibilidade de água principal- transição para uma “economia de baixo carbono” é
mente no período de seca ou estiagem; os principais essencial para a humanidade. Mesmo que o Brasil seja
rios localizados na região são o Capibaribe, Paraíba, um dos países líderes na discussão sobre mudanças
Jaguaribe e Acaraú. climáticas, por conta de sua matriz energética, pes-
quisas científicas, abundância de recursos naturais e
Região Hidrográfica do Parnaíba outros motivos, o país não está imune às consequên-
cias das mudanças climáticas.
A Região Hidrográfica do Parnaíba ou Bacia do Ao formular a Política Nacional de Mudanças Cli-
Parnaíba ocupa uma área de 344.112 km², que equiva- máticas e adotar compromissos nacionais voluntários
le a 4,04% do território nacional. Localizada nos esta- para tomar ações de redução de emissões de gases de
dos do Piauí, Maranhão e Ceará. A maioria dos seus efeito estufa, pretendia-se reduzir suas emissões pro-
jetadas em 36,1% a 38,9% até 2020.
afluentes são rios perenes e abastecidos por águas
O país busca formas de mitigar com eficácia as
pluviais e subterrâneas.
mudanças climáticas e garantir o bem-estar de seus
cidadãos ao longo prazo. Os organismos ligados à
Região Hidrográfica Atlântico Leste
questão ambiental em nosso país estão cientes da
urgência e da relevância do tema mudanças climáti-
A Região Hidrográfica do Atlântico Leste ou Bacia
cas e da importância da participação do setor privado
Hidrográfica do Atlântico Leste ocupa uma área de
nos esforços para reduzir os gases de efeito estufa e
374.677 km², que equivale a 4,4% do território nacio-
em adaptar as regiões vulneráveis ao clima.
nal. Localiza-se em parte dos estados de Sergipe, Bah- Portanto, deve haver um comprometimento de
ia, Minas Gerais e Espírito Santo. Seus principais rios órgãos públicos e privados com a transição para um
são o Paraguaçu, São Mateus, Pardo, Salinas, Contas, clima e uma economia de baixo carbono. O Brasil
Jequitinhonha e Mucuri. pode ter um papel de liderança nessa questão.

Região Hidrográfica Atlântico Sudeste Ilha de Calor

A Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste ou Bacia Um dos problemas climáticos presentes nos cen-
Hidrográfica do Atlântico Sudeste ocupa uma área de tros urbanos é a ilha de calor ou ilha de calor urbana
229.972 km², equivalente a uma área de 2,7% do territó- (ICU). Quando a luz solar atinge diretamente o centro
rio nacional. Localiza-se nos estados do Espírito Santo, da cidade, o calor é facilmente acumulado devido à
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e no litoral do dificuldade de dissipação.
Paraná. Destaque para os rios Parnaíba do Sul e Doce. As ilhas de calor são consideradas microclimas urba-
nos formados pela aglomeração de edifícios em grandes
Região Hidrográfica Atlântico Sul cidades, o que pode levar à retenção de calor em compa-
ração com o ambiente em áreas periféricas (por exem-
A Região Hidrográfica Atlântico Sul ou Bacia Hidro- plo, cidades menores e áreas rurais). Observe o esquema
gráfica Atlântico Sul ocupa uma área de 185.856km², que a seguir da ocorrência de uma ilha de calor:
corresponde a 2,18% do território nacional. Tem início
na divisa dos estados de São Paulo e Paraná e se estende
até o Arroio Chuí no extremo sul do país. Compreende os
Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Na região, predominam rios de pequeno porte que
escoam diretamente para o mar, com exceção dos rios
Itajaí e Capivari em Santa Catarina, que apresentam
maior volume de água. São encontrados outros rios de
grande porte, como Taquari-Antas e Jacuí.

QUESTÕES AMBIENTAIS CONTEMPORÂNEAS


Área Centro da Área Área
Área Periférica Área cidade Área Verde Área Rural
Mudanças Climáticas Rural Comercial Residencial Periférica

Segundo pesquisas e dados científicos, o maior Quando ocorre a ilha de calor, a diferença de tempe-
desafio da humanidade no século XXI são as mudan- ratura entre os centros urbanos e rurais é de cerca de 5°
ças climáticas e questões ambientais. Essas mudanças a 10°. À noite as pessoas tendem a notar mais a diferença
ocorrem devido ao aumento da concentração dos gases de temperatura, pois as calçadas, os prédios e as ruas que
168 atmosféricos (produzidos pelas atividades humanas). são aquecidos pelo sol o dia todo demoram mais a esfriar.
Nas grandes cidades, outro fenômeno chamado A indústria é a principal responsável pela emissão
“reversão de calor” também é comum. Ele ocorre de gases de efeito estufa na atmosfera, o que leva ao
quando a atmosfera se inverte, ou seja, quando o ar aquecimento global.
frio fica em baixa altitude, enquanto o ar quente fica De acordo com o Painel Intergovernamental sobre
em uma camada mais alta. Mudanças Climáticas, estas são as principais conse-
quências do efeito estufa:
Efeito Estufa
z Derretimento das calotas polares e aumento do
O efeito estufa é um fenômeno natural importante nível dos oceanos;
para a vida no planeta. É responsável por manter a z Aumento da insegurança alimentar, prejudicando
temperatura média global, evitando grandes ampli- as colheitas e a pesca;
tudes térmicas e proporcionando a vida na Terra. No z Risco de extinção de espécies e danos a diversos
entanto, o comportamento humano está agravando ecossistemas;
esse fenômeno com o aumento da emissão de gases de z Redução de territórios por conta do aumento do
efeito estufa na atmosfera, o que leva a mudanças cli- nível do mar, causando deslocamentos populacio-
máticas em todo o planeta. Essa alta concentração de nais em massa;
gás torna difícil o retorno do calor ao espaço, aumen- z Falta de água em algumas regiões;
tando a temperatura do planeta. z Inundações em áreas localizadas nas latitudes do
Devido à alta concentração de gases de efeito estufa norte e no Pacífico Equatorial;
na atmosfera, a energia solar refletida pela superfície z Possibilidade da ocorrência de conflitos em decor-
torna-se difícil de se dispersar no espaço e ser captu- rência da escassez de recursos naturais;
rada. O sol irradia calor para a Terra. Parte do calor z Problemas de saúde provocados pelo aumento das
é absorvida pela superfície da Terra e pelo oceano, e temperaturas e pela ocorrência de ondas de calor;
a outra parte é devolvida ao espaço. Porém, devido à z Previsão de aumento da temperatura da Terra em
até 2ºC até 2100 (quando em comparação ao perío-
presença de gases de efeito estufa, parte da radiação
do pré-industrial).
solar da radiação superficial ficará na atmosfera, o que
impede que esse calor retorne totalmente ao espaço.
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre
Dessa forma, o equilíbrio de energia é mantido e
Mudanças Climáticas, entre 2010 e 2050, as emissões
grandes amplitudes térmicas são evitadas. Para um
de gases de efeito estufa devem ser reduzidas de 40%
exemplo melhor, suponha que haja um carro estacio-
a 70%. Para tanto, os países devem estabelecer metas
nado em um local muito ensolarado. Os raios solares
para reduzir essas emissões de gases.
passam pelas janelas e aquecem o interior do veículo.
Uma das possibilidades que se tornou realidade
O calor é frequentemente trazido de volta do carro e
em alguns países é a utilização de energias alterna-
dissipado pelo vidro, mas encontra dificuldades. Por-
tivas, renováveis e limpas, em substituição ao uso de
tanto, parte do calor permanece no carro, mantendo-o
combustíveis fósseis. Além disso, algumas atividades
aquecido. Assim, os gases de efeito estufa na atmosfe-
diárias podem ser coordenadas para controlar o efei-
ra funcionam como o vidro de um carro, permitindo a
to estufa, tais como:
entrada da radiação solar e dificultando o retorno de
toda a radiação ao espaço. z Reduzir o uso de transporte para percorrer curtas
Nas últimas décadas, a emissão de gases de efeito distâncias;
estufa na atmosfera terrestre aumentou significativa- z Usar bicicleta, transporte público ou quaisquer
mente, exacerbando o efeito estufa. A alta concentra- outros tipos individuais (que não emitam gases
ção desses gases está relacionada principalmente às poluentes) e outras formas de transporte coletivo;
atividades industriais, que geralmente são realizadas z Aumentar a utilização de produtos biodegradáveis;
com a queima de combustíveis fósseis. Além disso, o z Estimular e praticar a coleta seletiva.
crescimento da produção agrícola, do desmatamen-
to e do uso de meios de transporte também levou ao Chuva Ácida
aumento das emissões de gases.
O aumento da concentração de gases de efeito A chuva ácida é o tipo de chuva com grandes con-
estufa na atmosfera levou a mudanças irreversíveis centrações de ácido sulfúrico, nítrico e nitroso causa-
na dinâmica do clima da Terra. Segundo dados do Pai- da por reações químicas na atmosfera. Mesmo em um
nel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em ambiente sem poluição, todas as chuvas são ácidas.
cem anos a temperatura de cada continente subiu cer- No entanto, quando o pH é inferior a 4,5, a chuva tor-
ca de 0,85ºC, e a temperatura do oceano subiu 0,55º C. na-se um problema ambiental. São causadas por um
Quanto maior a quantidade de gases de efeito estu- grande número de produtos produzidos pela queima
fa emitidos para a atmosfera, maior será a dificuldade de combustíveis fósseis lançados na atmosfera devido
desse calor emitido se espalhar no espaço, o que leva às atividades humanas.
a um aumento anormal da temperatura e confirma a Mesmo em condições naturais, o dióxido de carbo-
GEOGRAFIA

teoria do aquecimento global. no (CO2) na atmosfera tornou a água da chuva ligeira-


É importante ressaltar, no entanto, que a relação mente ácida. O pH natural da água é 7 e é 5,6 quando
entre o efeito estufa e o aquecimento global não é con- está em equilíbrio com o CO2 na atmosfera, e quase
sistente entre acadêmicos e pessoas comuns. Parte da não há ácido. Os óxidos de enxofre (SO2 e SO3) e o
população e da comunidade científica não acredita nitrogênio (N2O, NO e NO2) são os principais compo-
que o aumento do gás leve a um aumento da tempera- nentes da chuva ácida. Esses compostos são liberados
tura. Eles acreditam que o alto aquecimento é apenas na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis.
uma fase da mudança dinâmica do clima da Terra. Quando reagem com gotículas de água na atmosfera, 169
formam ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico o desenvolvimento dos organismos aquáticos e redu-
(HNO3). Esses dois ácidos juntos aumentam a acidez zem a produtividade do fitoplâncton. Essa situação
da água da chuva. leva a mudanças na cadeia alimentar e nas funções
Como vimos, a liberação de gás devido ao uso de do ecossistema.
combustíveis fósseis é a principal causa da chuva O forte efeito dos raios ultravioleta também pode
ácida. Portanto, é o resultado do uso de combustíveis causar muitos danos à saúde humana, tais como
fósseis no transporte, nas usinas termelétricas, indús- destruição do DNA celular, câncer de pele, cegueira,
trias e outras formas de combustão. Também podem deformação e atrofia muscular, além de deixar o sis-
ser formadas por causas naturais, como os gases libe- tema imunológico enfraquecido. A camada de ozônio
rados durante erupções vulcânicas. e o efeito estufa são os fenômenos naturais que garan-
Os países industrializados são os mais afetados tem a manutenção da vida na Terra.
pela chuva ácida. No entanto, o fluxo de ar pode trans-
portar poluentes para lugares distantes. Isso aconte- A NOVA ORDEM AMBIENTAL INTERNACIONAL
ceu em lagos escandinavos, que se tornaram ácidos
pela chuva devido às atividades industriais na Alema- Com o fim da Guerra Fria, após a desintegração da
nha, França e Reino Unido. União Soviética em 1991, o mundo iniciou uma nova
Para a natureza, a consequência da chuva ácida é fase de relações geopolíticas. Os Estados Unidos foram
destruir a vegetação e acidificar o solo e as águas dos definidos como um país hegemônico, e o sistema
rios e lagos. Um exemplo das consequências da chuva capitalista foi o fator decisivo na construção de uma
ácida foi observado no Brasil. A chuva ácida destruiu a nova ordem mundial. Discussões e análises de dispu-
vegetação das encostas da Serra do Mar e erodiu o solo. tas entre ideologias opostas que existem há décadas
Quando a acidificação atingir o solo e as águas de começaram a dividir espaço com outras questões,
rios e lagos, os organismos que vivem nesses locais como erradicação da pobreza, degradação ambiental
serão afetados. A água e o solo tornam-se inadequa- e terrorismo internacional.
dos para conter certos organismos, levando à sua Em 1992, foi realizada a Conferência das Nações
morte. A chuva ácida também pode causar a corro- Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, tam-
são de mármore e calcário e a oxidação de metais em bém conhecida como 92ª Conferência do Rio, a primei-
locais históricos, como edifícios e estátuas. ra reunião importante iniciada pelas Nações Unidas
desde o início da Nova Ordem Mundial. É importante
A Destruição da Camada de Ozônio notar que as autoridades políticas e a imprensa em
geral começaram a dar mais atenção às questões rela-
A “camada de ozônio” é composta em maior parte cionadas ao meio ambiente global; o debate, até então
pelo gás ozônio (90%) a uma altitude de 25 quilôme- muito centrado na ciência e na academia, estendeu-se
tros na estratosfera, protegendo a Terra da radiação ao cotidiano das pessoas.
ultravioleta prejudicial aos seres humanos. Sem ela, a No mundo globalizado, desde o final do século XX,
vida na terra seria impossível. O ozônio (O3) é um dos a desterritorialização é um ponto importante. Ela con-
gases que constituem a atmosfera. É a forma molecu- siste no processo de fragmentação dos territórios em
lar do oxigênio e possui alta reatividade. algumas regiões do planeta e na formação de novos
Pode ser produzido de duas maneiras: na troposfe- territórios que passam a ganhar destaque no cená-
ra, o óxido nitroso (N2O) e a luz solar são produzidos rio das relações econômicas e internacionais. Nesse
pela oxidação do oxigênio (O2); já na estratosfera, é processo, um país perde, em parte ou completamen-
produzido pela radiação ultravioleta, que se decom- te, certas decisões sobre o seu território. Essa perda é
põe em dois átomos de oxigênio sob a ação da molé- causada pelas necessidades de outros países ou pelas
cula de oxigênio (O2), e cada átomo de oxigênio é prioridades do capital globalizado, que opera como
combinado com a molécula de oxigênio (O2). empresas multinacionais cujos objetivos muitas vezes
A função do gás ozônio também varia de local para vão contra os objetivos do país e da própria sociedade.
local. Na troposfera, altos níveis causam poluição do Nesse contexto, como novos países ganham desta-
ar e chuva ácida, que são prejudiciais às plantas e à que em relação ao desenvolvimento de atividades eco-
saúde humana. Na estratosfera, a camada de ozônio é nômicas, ocorre um aumento de forma gradativa ou
formada absorvendo quase 90% dos raios ultraviole- mais intensa da importância das questões ambientais,
tas do sol para produzir um efeito benéfico. devido ao processo de emissão de materiais poluentes
O buraco na camada de ozônio é a área onde a con- e de degradação do meio ambiente. Sendo assim, essas
centração de ozônio na estratosfera cai abaixo de 50%. regiões, que até então estavam fora da pauta ambien-
Os buracos na camada de ozônio estão relacionados aos tal, passam a ser observadas e analisadas sob essa ótica.
gases produzidos pelas atividades humanas. O princi- Muitas vezes, a lógica do capital é contrária à cons-
pal desses gases é o clorofluorocarbono (CFC), formado ciência ecológica; os empresários buscam sempre a via-
por cloro, flúor e carbono. A lista também inclui óxi- bilidade econômica dos empreendimentos, que pode ser
do nitroso, óxido nitroso e CO2 emitido por veículos e constatada a partir da divulgação de selos verdes, certifi-
queima de combustíveis fósseis, respectivamente. cados ambientais e diversos planos de proteção. Muitas
Os CFCs são usados há muito tempo em latas de empresas ganham maior valor de mercado participan-
aerossol, plásticos, ar condicionado e sistemas de do de projetos de florestamento e educação ambiental
refrigeração. As moléculas de CFC podem destruir até (atualmente chamados de marketing ecológico).
100.000 moléculas de ozônio. Por meio do Protocolo A tendência da globalização mostra que o ritmo
de Montreal (1987), foi decidido banir completamente da economia está se acelerando, o que não condiz
o uso de CFCs até o final do século XX. com o ritmo do equilíbrio ecológico. Nesse sentido, as
Sem a proteção da camada de ozônio, a taxa de Nações Unidas e outras instituições supranacionais e
crescimento das plantas diminuirá, o que reduzirá a grupos econômicos ainda são insuficientes para aten-
170 fotossíntese. Os raios ultravioletas também dificultam der a essas necessidades.
Para resolver o problema das mudanças climáti- Porém, em 2010, com a elaboração da política de
cas, é necessário mudar completamente o sistema proteção ambiental, uma nova polêmica foi deflagra-
energético atual de forma justa. O novo sistema deve da, com a redação da “Nova Lei Florestal”, considerada
ser baseado em energia renovável, com redução do pelo órgão de proteção ambiental como um retrocesso
impacto ambiental e do consumo de energia, maior da legislação ambiental brasileira. Questões polêmicas
eficiência de utilização da energia e satisfação das incluem a redução do tamanho das Áreas de Preserva-
necessidades básicas da população mundial. ção Permanente (APP) e a anistia para crimes ambien-
Essa mudança nos métodos de produção de ener- tais cometidos por proprietários de terras.
gia, além de constituir uma antítese às doutrinas do
consumismo e do crescimento econômico vigentes USO E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS,
na sociedade atual, também acarretará mudanças na UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, CORREDORES
economia, na sociedade e no estilo de vida. ECOLÓGICOS, ZONEAMENTO ECOLÓGICO E
ECONÔMICO
POLÍTICAS TERRITORIAIS AMBIENTAIS
A proteção do solo e dos recursos naturais pode ser
A política ambiental é entendida como um con- definida como uma série de atividades com múltiplos
junto de normas, leis e ações públicas voltadas para a significados. Trata-se de uma relação entre as pessoas
proteção do meio ambiente em um determinado ter- e o meio ambiente, com o objetivo de reduzir o impac-
ritório. No Brasil, essa prática não foi adotada até a to ambiental causado pela ocupação e uso do solo.
década de 1930. As unidades de conservação (UCs) são áreas naturais
As primeiras iniciativas do governo para promo- criadas e protegidas por autoridades públicas, munici-
ver a proteção ambiental no país foram baseadas pais, estaduais e federais. São regulamentados pela Lei
na criação de parques nacionais, localizados onde nº 9.985, de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de
ocorreu a expansão agrícola e o consequente proces- Unidades Protegidas (SNUC). De acordo com a definição
so de desmatamento. Como exemplos, tem-se o Par- do SNUC, uma reserva natural refere-se ao espaço ter-
que Nacional Italiano (localizado na divisa de Minas ritorial e aos recursos ambientais com características
Gerais e Rio de Janeiro), Parque Iguaçu (localizado naturais estipuladas pelo governo por lei, incluindo as
entre o Paraná e Argentina) e Serra dos Órgãos (tam- águas jurisdicionais com características naturais rele-
bém localizado no Rio de Janeiro). vantes. Devem ser aplicados os objetivos de proteção e
Além disso, em 1934, o primeiro Código Florestal o âmbito limitado das medidas de proteção.
Brasileiro foi elaborado para regular o uso da terra Existem várias UCs e são permitidos em suas
para proteger o meio ambiente. regiões diferentes nomes, diretrizes, finalidades e
Devido ao processo intensificado de expansão indus- tipos de atividades. De acordo com suas característi-
trial do país desde a década de 1950 – com o objetivo cas e finalidades, são divididas em dois tipos: unida-
de atrair indústrias estrangeiras e promover o desen- des de proteção geral e unidades de uso sustentável.
volvimento econômico e financeiro do país – as políticas O primeiro tem padrões mais rígidos e se concentra
ambientais foram suspensas e seu progresso estagnou. mais na pesquisa e proteção da biodiversidade. Entre
Na década de 1960, algumas ações ainda eram reali- eles, exceto em certas circunstâncias estipuladas por lei,
zadas, com foco na promulgação da “Nova Lei Florestal apenas o uso indireto de seus recursos naturais é permiti-
Brasileira”, que estabeleceu alguns novos parâmetros, do. A Unidade de Utilização Sustentável está mais voltada
como a implantação de Unidades de Conservação Per- para visitas e atividades educacionais e o uso sustentável
manente (UCP) e a responsabilidade dos produtores de recursos. Seu objetivo é adaptar a proteção da nature-
rurais pela implantação de áreas protegidas. za ao uso sustentável de alguns recursos naturais.
Nos anos seguintes, por conta da pressão do movi- Corredores ecológicos fazem parte do ecossistema,
mento ambientalista, além da Conferência de Estocol- podem promover conexões entre áreas espalhadas e são
mo em 1972, o Brasil também retomou ações voltadas essenciais para garantir a atividade dos animais e a dis-
para a expansão da política ambiental do país. A pri- seminação de sementes entre essas áreas. Esses corredo-
meira grande atitude foi a criação da Secretaria Espe- res são importantes para reduzir o impacto do homem
cial do Meio Ambiente (SEMA) em 1973, cuja direção nesses locais, pois a fragmentação dos habitats pode ter
girava em torno da proteção do meio ambiente e da graves consequências para a flora e fauna locais, poden-
preservação dos recursos naturais do país. do até ser responsável pela extinção de espécies.
Na década de 1980, outras instituições foram criadas, Portanto, os corredores ecológicos desempenham o
como o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNA- papel de melhorar a capacidade dos organismos de se
MA), o Comitê Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) moverem no meio ambiente, reduzindo o isolamento da
e o órgão fiscalizador, o Instituto Brasileiro do Meio população e promovendo conexões entre áreas disper-
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). sas. De acordo com a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2020,
Com a promulgação da Constituição Federal em os corredores ecológicos podem ser definidos como:
1988, a política ambiental do Brasil foi considerada “Porções de ecossistemas naturais ou seminaturais,
uma das leis ambientais mais avançadas do mundo, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre
e tem feito os maiores avanços. Isso deve-se principal- elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitan-
GEOGRAFIA

mente ao fato de que a legislação cobrar as responsa- do a dispersão de espécies e a recolonização de áreas
bilidades dos cidadãos, das empresas, instituições e do degradadas, bem como a manutenção de populações que
próprio governo. demandam para sua sobrevivência áreas com extensão
Desde então, as críticas deixaram de ser dirigidas maior do que aquela das unidades individuais.”
à legislação e passaram a questionar a aplicabilida- Os seres humanos são causadores de grandes danos
de dela, pois inúmeros crimes ambientais, principal- ao ambiente natural, por exemplo, a fragmentação de
mente os cometidos por grandes empresas, costumam habitats anteriores contínuos. Essa fragmentação iso-
ficar impunes no final. la plantas e animais nesses ecossistemas, podendo até 171
causar a morte de espécies locais. É para esses casos A zona econômica exclusiva também afeta a locali-
que surge o corredor ecológico, conectando duas áreas zação das reservas estatutárias, a redução ou amplia-
dispersas e permitindo que animais e sementes de ção (art. 13 da Lei nº 12.651 / 12) e o uso sustentável
plantas possam ter livre circulação. de apicuns e salgados (art. 11-A da Lei nº 12.651/12).
Os corredores ecológicos são uma forma de com- O ZEE é instrumento da Política Nacional de Meio
pensar o impacto negativo do homem sobre o meio Ambiente, conforme o inciso II do artigo 9º da Lei n.º
ambiente, garantindo a interligação de áreas disper- 6.938/1981, e regulamentado pelo Decreto Federal Nº
sas. Plantas e animais são diretamente afetados pela 4.297/2002.
fragmentação ambiental. Os animais são impedidos O zoneamento ecológico-econômico é uma com-
de se moverem livremente sobre uma grande área, petência compartilhada da União, dos estados e dos
sendo necessário percorrer um ambiente sem seu municípios. A Lei complementar nº 140/2011 fixa nor-
habitat natural para chegar a outro fragmento. mas para a cooperação entre esses entes no exercício
As plantas também são danificadas porque sua da competência comum relativa ao meio ambiente
reprodução é danificada. Por exemplo, a polinização (art. 23 da Constituição Federal).
e a dispersão de sementes podem não ocorrer, o que Ela também constitui ação administrativa da União
torna difícil para a espécie se espalhar para outras a elaboração do ZEE de âmbito nacional e regional,
áreas. Além disso, com o tempo, a fragmentação pode dos Estados elaborar o ZEE de âmbito estadual, e dos
levar ao surgimento de subgrupos. Municípios a elaboração do plano diretor, observando
O desmatamento pode levar à fragmentação os ZEEs existentes nas demais esferas.
ambiental, fazendo com que ambientes anteriormen- Seguindo a abordagem unificada estabelecida no Códi-
te contínuos apareçam em manchas. Ao conectar essas go Federal, a nova Lei Florestal (Lei Federal 12.651/2012)
áreas dispersas, os corredores permitem a transferên- prevê um prazo de cinco anos para todos os países elabo-
cia de sementes, animais e plantas. Essa transferên- rarem e aprovarem o ZEE (§2º do artigo 13).
cia é essencial para fornecer o fluxo gênico entre as Essa cooperação é realizada através da Comissão
espécies (o movimento dos genes de uma população Nacional de Coordenação do Zoneamento Ecoeconô-
para outra). Além disso, corredores ecológicos podem mico Territorial (CCZEE) (Decreto nº 28/2001), que é o
ajudar a recolonizar áreas degradadas. órgão político responsável pelo planejamento, acom-
A zona ecoeconômica (ZEE), também conhecida panhamento, pela coordenação e avaliação da execu-
como zona ambiental, visa alcançar o desenvolvimento
ção do projeto de ZEE.
sustentável, adaptando o desenvolvimento social e eco-
O apoio técnico vem da Aliança Brasileira ZEE
nômico à proteção ambiental. Esse mecanismo de ges-
(art. 6º do Decreto nº 28/2001), que é composta por
tão ambiental inclui a delimitação de áreas ambientais e
15 órgãos públicos (como ANA, CPRM-Agência Geo-
a atribuição de usos e atividades compatíveis com base
lógica Brasileira, Embrapa, Ibama e IBGE), prestando
nas características (potencialidades e limitações) de
assessoria ao CCZEE e aos estados da Federação para
cada área. Seu objetivo é o uso sustentável dos recursos
realizar trabalhos, desenvolver métodos e orientar a
naturais e o equilíbrio dos ecossistemas existentes. Por-
elaboração da terminologia de referência do ZEE.
tanto, a zona econômica exclusiva deve ser baseada em
uma análise detalhada e abrangente da área, levando
ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE
em consideração o impacto do comportamento humano
SUSTENTABILIDADE
e a capacidade de suporte ao meio ambiente.
Com base nessa análise, propõe-se orientações
específicas para cada unidade territorial (região) A primeira Conferência Mundial das Nações Unidas
identificada, incluindo a formulação de medidas des- sobre o Homem e o Meio Ambiente foi organizada em
tinadas a mitigar ou corrigir os impactos ambientais Estocolmo, Suécia, em 1972. Nessa conferência, foram
nocivos potencialmente identificados. discutidas questões ambientais e possíveis soluções
Considerando que cada região terá diferentes carac- para elas, como por exemplo a proposta de crescimen-
terísticas ambientais, sociais, econômicas e culturais, to econômico zero, segundo a qual todas as nações do
vulnerabilidades e potencialidades, seus padrões de mundo deveriam pausar seus modelos produtivos com
desenvolvimento não são uniformes. A zona econômica o objetivo de amenizar os efeitos das ações antrópicas
exclusiva atribui importância a essas peculiaridades, o sobre o meio ambiente. Essa proposta foi recusada
que se traduz no estabelecimento de alternativas de uso tanto pelas nações pobres quanto pelas ricas. A discus-
e manejo, proporcionando assim uma vantagem compe- são ambiental avança na década seguinte em especial
titiva para a região. após a ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland
Assim, o zoneamento econômico ecológico forne- organizar o relatório da Comissão Mundial sobre Meio
ce informações para a proteção e desenvolvimento de Ambiente e Desenvolvimento (1987).
diversas ações no país e na região, tais como: Plano de Apareceu, pela primeira vez, o conceito de desen-
Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e volvimento sustentável, que é a base para um deba-
Queimadas existentes no Rio Amazonas Legal e Cer- te maduro, seguido pela ECO 92 em 1997 e suas 21
rado; Políticas de Defesa Nacional (PND); Programa propostas, a saber, “Agenda 21” ou “Conferência de
Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC); Programa Kyoto”. Mas não é apenas a Organização das Nações
Território Cidadão; Programa de Desenvolvimento Unidas que é palco para esse debate: nas universi-
Regional (Marajó, BR-163 e Programa do Xingu); Leis e dades, ONGs e cidades, as discussões sobre diversas
Regulamentos da Amazônia (Terra Legal); Lei de Ges- áreas estão em constante evolução.
tão de Florestas Públicas (Lei Federal nº 11.284/2006); O problema a ser resolvido está na atitude de
Plano de Manejo de Florestas Comunitárias e Familia- grandes empresários e governos, bem como em nos-
res (Decreto Federal 6.874/2009) e o Plano de Desen- sas escolhas do dia a dia. É um conceito relacionado a
172 volvimento Regional da Amazônia (PRDA). todas as áreas da vida, ou seja, é sistemático. A adoção
de novas abordagens porá em perigo a continuidade planeta, e os cientistas obtiveram certezas por meio
da sociedade humana, das atividades econômicas, da de vários cálculos. Usando um sismógrafo, pode-se
cultura e da sociedade, e do meio ambiente natural. tirar conclusões sobre a espessura e a composição das
Nesse sentido, o conceito de desenvolvimento sus- várias camadas da Terra. Por outro lado, a temperatu-
tentável parece propor uma nova forma de vida. É ra é calculada com base em experimentos científicos
uma nova forma de organizar a vida humana e bus- que testam o comportamento de vários elementos sob
car uma sociedade que atenda às suas necessidades condições extremas de temperatura e pressão.
e expresse seu potencial. O conceito de sustentabili- A crosta é a camada superior da Terra. É a camada
dade precisa ser testado quanto à consistência lógica mais fina da estrutura terrestre e sua espessura varia
nas aplicações práticas para transformar o discurso em média entre 5 quilômetros na parte mais profunda
em realidade objetiva. do oceano e 70 quilômetros em todos os continentes. A
Construir uma sociedade sustentável não é tarefa crosta é basicamente composta por silício e alumínio no
fácil; é preciso conscientizar, mudar a forma de aqui- continente e silício e magnésio no fundo do mar. Portan-
sição de informação e educação ambiental, usar os to, os termos SIAL (silício e alumínio) e SIMA (silício e
recursos planetários de forma mais eficaz e responsá- magnésio) referem-se a essas partes da crosta terrestre.
vel, de forma a garantir o desenvolvimento econômi- Toda a vida conhecida na Terra está localizada na
co básico e adotar novos paradigmas de preservação crosta terrestre. A vida na parte interior da Terra é
da dignidade humana como valor intransferível. impossível e os organismos vivos não seriam capazes
A transição para esse novo modelo sustentável não de suportar temperaturas tão altas. A perfuração mais
acontecerá repentinamente. Como já vimos, são muitos profunda já conduzida foi o poço Kola SuperDeep, na
os anos que formaram o sistema atual, produzindo maus antiga União Soviética. Em 1989, o poço atingia 12.262
hábitos profundamente enraizados em nossa sociedade. metros e a temperatura estava em torno de 180° C.
No entanto, a adaptação incremental já está em Mesmo assim, a perfuração permaneceu na superfície
andamento. O funcionamento da sociedade de con- do planeta e não atingiu o manto.
sumo deve travar o funcionamento predatório e a O manto da Terra é a camada intermediária, abaixo
necessidade de operar sob os novos parâmetros do da crosta e acima do núcleo. Sua espessura é de cerca
consumo sustentável, o que exige sobretudo mudan- de 2.900 quilômetros. O manto é responsável por cerca
ças de comportamento que não podem ignorar as con- de 85% da massa da Terra. Geralmente, é dividido em
sequências de cada escolha que fazemos. duas partes: o manto superior, mais próximo da super-
fície, e o manto inferior, mais próximo do núcleo.
ESTRUTURA INTERNA DA TERRA
z Manto superior: Devido à alta temperatura, está
A estrutura interna da Terra é dividida em várias em um estado de magma (rocha derretida pastosa);
camadas, e cada parte possui algumas características z Manto inferior: Nele, a rocha encontra-se no esta-
especiais em termos de composição, pressão e estado. do sólido devido à alta pressão, embora a tempe-
A superfície de um planeta faz parte da camada mais ratura seja maior em relação à parte superior. A
fina (crosta), que é a única camada conhecida pelo temperatura na parte mais profunda do manto
homem. Lá, as placas tectônicas “flutuam” acima da inferior atinge cerca de 3000° C.
camada de fluido subjacente – o manto. As placas tec-
tônicas formam a litosfera, que é composta por partes O núcleo é a parte mais interna da estrutura da
da crosta terrestre e do manto. Terra. Também é chamado de NIFE porque é compos-
Abaixo está a astenosfera, que pertence ao man- to de níquel e ferro. Como o manto, o núcleo é dividido
to. O manto é composto por duas partes: superior e em duas partes: externo (líquido) e interno (sólido).
inferior. Abaixo do manto, está o núcleo. O núcleo é
a camada no centro do planeta e está subdividido em z Núcleo externo: Composto de níquel e ferro líqui-
duas partes: externo e interno. dos, com cerca de 2.200 quilômetros de espessura. A
Existem duas fronteiras entre as camadas com o temperatura do núcleo externo varia entre 4000° C
nome do sismólogo que as descobriu. Elas são descon- e 5000° C;
tinuidades com características diferentes em relação z Núcleo interno: Parte mais profunda da estrutura
às duas camadas inferiores. Esses limites são cha- interna da Terra, com raio de 1200 km e profundi-
mados de: descontinuidade de Gutemberg (entre o dade de cerca de 5.500 km em relação à superfície.
núcleo e o manto) e descontinuidade de Mohovicic
(entre o manto e a crosta). A temperatura dentro do núcleo é próxima a 6.000°
Qual é o nível da Terra? Como ela está organizada? C, semelhante à do sol. Devido à pressão, seu interior é
Cada camada da terra representa a divisão entre sua composto basicamente de ferro sólido, um milhão de
estrutura interna, e cada camada tem suas próprias vezes acima do nível do mar. Diversos estudos apon-
características e subdivisões. O raio da Terra é de cerca tam que o núcleo interno gira a uma velocidade maior
de 6.371 quilômetros. Ou seja, a soma da espessura de do que a rotação da Terra. Isso só é possível porque ele
sua camada interna dá esse resultado, e ele se distribui está totalmente envolvido em meio líquido.
entre crosta (5-70 km), manto (aproximadamente 2900
GEOGRAFIA

km) e núcleo (raio de aproximadamente 3400 km). ESTRUTURAS DO SOLO E DO RELEVO


Estudos têm mostrado que quanto mais profundo,
maior a temperatura e a pressão. A temperatura do Os agentes do relevo são classificados em agentes
núcleo da terra deve ultrapassar 5500°C, e a pressão é internos e externos. São responsáveis por formar e mode-
de aproximadamente 1,3 milhão de atmosferas. lar as diferentes formas existentes de relevo no planeta. O
Usa-se o instrumento de medição chamado sismô- relevo é formado pela ação das forças endógenas (inter-
metro para estudar a estrutura interna da Terra. O nas), formadoras do relevo; e a ação das forças exógenas
sismógrafo capturou todos os movimentos internos do (externas), responsáveis por modelar o relevo. 173
Agentes Internos z Köppen-Geiger: Sistema de classificação global
para tipos de clima;
Chamados de agentes endógenos, formam relevos z Alisov: Baseada no conceito de massa de ar;
e atuam na terra, como o movimento tectônico (movi- z Trewartha: Publicada pelo geógrafo americano
mento das placas tectônicas), as ondas sísmicas (terre- Glenn Thomas Trewartha em 1966;
motos) e o vulcanismo (erupções vulcânicas); z Thornthwaite: Criada por Charles Warren Thorn-
thwaite; o fator mais importante é a evapotranspira-
Agentes Externos ção potencial e sua comparação com a precipitação;
z Strahler: Proposta pelo climatologista indiano
Conhecidos como agentes exógenos, simulam as e professor de Ciências da Terra Arthur Newell
formas de relevo que atuam em partes da superfície
Strahler (Kolapur, Índia, 1918-2002), estrutura-se
terrestre, por exemplo, humanos e vento, chuva, água
de acordo com a origem do fenômeno, classifican-
(rio, oceano, oceano), neve, geleiras, temperatura,
do o estado da área, o desempenho da massa de ar,
entre outros.
o tipo genético ou explicativo.
Modeladores do Relevo
As Características Climáticas do Território Brasileiro
Os agentes modeladores do relevo são responsáveis
A maior parte do território brasileiro está locali-
por transformar e modificar as formas e estruturas do
relevo terrestre. Eles atuam de forma intensa e cons- zada nas baixas latitudes entre o Equador e o Trópi-
tante e também podem ser chamados de intemperismo. co de Capricórnio. Portanto, o clima quente e úmido
O intemperismo é uma série de fenômenos bio- predomina. Em relação à umidade, existem algumas
lógicos, químicos e físicos que degradam as rochas. O diferenças de clima de uma região para outra, de ultra
intemperismo químico é comum em áreas tropicais, úmido (mais de 2500 mm de chuva por ano) a semiári-
nas quais a temperatura e a umidade são altas e os do (entre 300 e 600 mm de chuva anual).
elementos químicos na rocha se decompõem. Por
outro lado, o intemperismo físico depende do vento, Tipos de Climas do Brasil
da temperatura e da pressão, além da ação da água,
mas não há mudança química nos elementos; então, As regiões brasileiras apresentam seis tipos de cli-
as rochas se fragmentam. mas classificados com relação às zonas térmicas da
Os tipos de erosão são os seguintes: Terra. São eles: equatorial, tropical, tropical semiári-
do, tropical de altitude, tropical litorâneo, subtropical
z Erosão pluvial: Causada pela chuva. As áreas e clima equatorial. Vejamos as principais característi-
desmatadas de encostas dos rios são as principais cas de cada um dos climas do Brasil:
afetadas; quando há muita chuva em uma deter-
minada área, o desmatamento acaba se tornando z Tropical
um fator secundário nessa questão;
z Erosão fluvial: Causada pelas águas dos rios. O Localizado na região central do Brasil, mais pre-
maior problema é que, quando a floresta marginal sente na região Centro-oeste. Este clima tem duas esta-
é cortada e o assoreamento é promovido, o rio per- ções distintas: a temperatura é moderada e seca no
de sua força e fica mais difícil chegar ao estuário. inverno, e o verão é quente e chuvoso. A temperatura
Outro processo que pode ocorrer é o desgaste do média anual é superior a 18º C e a amplitude térmica
leito do rio, tornando-o mais profundo, como é o anual chega a 7º C. A precipitação anual varia de 1.000
caso do Grand Canyon nos Estados Unidos; mm a 1.500 mm. Quanto à umidade, a região central
z Erosão das geleiras: Uma vez por ano, o desgaste é do país possui clima semiúmido;
formado nas áreas congeladas, pois a ação do con-
gelamento e derretimento irá erodir diretamente
z Tropical Semiárido
as rochas (quando a água flui sobre as rochas), for-
mando os chamados fiordes;
Esse clima é característico do Nordeste, região que
z Abrasão marinha: Causada pelas ondas, seja o
inclui uma área chuvosa e outra com menos chuvas, e
impacto das ondas no litoral suave ou erosivo; leva
a maior temperatura do país. No clima tropical semiá-
à degradação das rochas matriz, principalmente
das praias. Quando esses impactos são fortes, for- rido, a temperatura média anual é de cerca de 27º C e a
mam-se as chamadas falésias, como as de Torres-RS; amplitude térmica é de cerca de 5º C. O índice de chuvas
z Erosão eólica: Causada pelo vento, mas com a aju- não é maior que 800 mm por ano. Neste tipo climático,
da de partículas de rocha e partículas de areia. É está presente o Polígono das Secas, área que passa por
a causa do desgaste da rocha e desempenha um constantes processos de escassez de água e de chuvas;
papel de jato de areia, muito comum em áreas mais
secas. Esta erosão proporciona belas paisagens. z Tropical Litorâneo

SITUAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA E Do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, o clima


CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA tropical costeiro domina a maior parte do litoral do
país. Afetado pelas massas de ar do Atlântico, o clima
A classificação climática é o estudo da climatologia nessa área é quente e chuvoso. A temperatura média
que define os limites dos tipos de clima que ocorrem anual está entre 18ºC e 26ºC, e o índice de precipitação
em uma determinada área com base na temperatura, é de cerca de 1.500 mm / ano. No litoral nordeste, as
umidade e distribuição sazonal. chuvas no outono e inverno são mais intensas. Na cos-
174 Tipos de classificação: ta sudeste, são mais fortes no verão;
z Tropical de Altitude z Cerrado

A área montanhosa e serrana do Sudeste possui um O Cerrado é comparado à savana porque reúne
clima tropical com alturas tropicais. Devido à altitude, árvores baixas, troncos esparsos e retorcidos, além
apresentam a temperatura mais baixa de toda a região de gramíneas e arbustos. Essa vegetação é encontrada
tropical, com média inferior a 18º C. Sua amplitude tér- nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-oeste do
mica anual também está entre 7º C e 9º C, e seu padrão país e se desenvolve em um clima tropical sazonal;
de chuvas é semelhante ao do clima tropical. No inver-
no, a entrada de frentes frias pode causar geadas; z Mangue

z Subtropical Os manguezais são vegetação típica de pântanos e


áreas lamacentas, chamados de “vegetação de transi-
O clima subtropical ocorre na parte sul do país, ção”, e aparecem entre os ambientes terrestre e mari-
abaixo da zona tropical de Mori; por isso o nome sub- nho. Apresentam um tipo de solo rico em nutrientes,
tropical. Possui duas estações distintas: verão quente água salobra (devido à combinação de rios e mares),
e inverno rigoroso, durante o qual podem ocorrer e coletam vegetais tolerantes ao sal, bem como árvo-
geadas ou neve. A precipitação é uniformemente dis- res de médio e grande porte. Devido à falta de oxigênio
tribuída ao longo do ano, variando de 1.500 mm a nos manguezais, essas árvores podem ter raízes aéreas.
2.000 mm por ano. A temperatura média anual está São encontrados em áreas tropicais e subtropicais ao
quase sempre abaixo de 18º C, e a amplitude térmica longo da costa do Brasil, assim como em outras partes
está entre 9º C e 13º C. do continente americano e na África, Ásia e Oceania;

OS GRANDES DOMÍNIOS DA VEGETAÇÃO NO z Pampa


BRASIL E NO MUNDO
As características dos pampas são relevo pouco
Vegetação é o termo usado para se referir à cober- acidentado e vegetação de herbáceas, pequenas árvo-
tura vegetal do espaço geográfico. A vegetação nati-
res e arbustos. Ocorrem em regiões de clima subtropi-
va de uma área é diretamente afetada por seu clima.
cal. É encontrado no sul do país e em países vizinhos,
Além do clima, outros fatores também participam do
como Argentina e Uruguai;
desenvolvimento da vegetação, como relevo, hidro-
logia, solo, pressão atmosférica, altitude, latitude e
z Pantanal
movimentação da qualidade do ar.
A vegetação é importante para regular os ciclos
É considerado a maior planície de inundação do
biogeoquímicos, como os ciclos da água e do carbono,
mundo. A vegetação que existe no Pantanal é chama-
a manutenção do solo, o equilíbrio do clima, o habitat
da de “vegetação de transição” (entre a pradaria e os
e outras fontes de energia biológica.
campos). Grande parte dessa vegetação desenvolve-se
Vale ressaltar que vegetação não é sinônimo de
no período mais seco (estiagem), a maior parte do ano
flora. A vegetação representa as características gerais
na área ainda submersa por inundações. Está localiza-
da vida vegetal e a flora é uma coleção de todas as
do na região tropical Centro-oeste do país (nos estados
espécies de plantas desenvolvidas em um único lugar.
de Mato Grosso e sul de Mato Grosso). Além do Brasil,
Tipos de Vegetação do Brasil esse bioma abrange também os vizinhos Paraguai e
Bolívia, lá chamado de “chaco”;
A vegetação do Brasil pode ser dividida em:
z Mata Atlântica
z Florestais ou arbóreas: Densas vegetações forma-
das por árvores, como Floresta Amazônica, Mata Também conhecida como floresta tropical, é rica
Atlântica, Mata das Araucárias e Mata dos Cocais; em diversidade vegetal, incluindo árvores de médio
z Herbáceas e arbustivas: Formada por plantas de e grande porte que foram florestas densas. Devido ao
porte rasteiro, nomeadamente, ervas e arbustos, clima tropical predominantemente úmido (quente e
como no Cerrado, na Caatinga e nos Pampas; úmido), também pode apresentar microclima (tropi-
z Complexas: Formações vegetais heterogêneas, cal alto úmido subtropical) por ser formado por pla-
como o Pantanal e a vegetação litorânea. naltos e montanhas. Esse tipo de vegetação existe na
maioria das áreas do litoral do Brasil e também pode
A seguir, veremos algumas características das ser encontrada em outros países da América do Sul,
vegetações presentes no Brasil: América Central, África, Ásia e Oceania;
GEOGRAFIA

z Caatinga z Mata das Araucárias

A Caatinga cresce no clima tropical semiárido e Também conhecida como “Mata dos Pinhais”, cres-
reúne principalmente vegetação arbustiva, cactos e ce em clima subtropical (frio no inverno e quente no
plantas secas, próprias para climas áridos. Esse tipo de verão). Há grandes árvores, dentre as quais se destaca
vegetação está distribuído na parte nordeste do Brasil o pinheiro-do-paraná ou “araucária”, que forma uma
e, em menor medida, na parte sudeste. Também é cha- densa floresta fechada. Essa vegetação está distribuída
mado de estepe em países da Europa, Ásia e África; principalmente na parte sul do país. 175
Embora seja encontrada principalmente nos estados baixas (gramíneas, ervas etc.). As pastagens estão dis-
do Paraná e Santa Catarina, a formação dessa planta tribuídas na Europa, América, Ásia Central e África, no
também ocorre na Serra do Mar e na Mantiqueira no local de transição entre a savana e o deserto. No Brasil,
estado de São Paulo; esse tipo de vegetação pode ser observado no bioma
Caatinga, típico do semiárido brasileiro;
z Mata dos Cocais
z Savana
É considerada uma “floresta de transição” porque
se situa entre os biomas Amazônia, Catinga e Cerrado. Embora existam algumas árvores esparsas, a taxa
Portanto, esse tipo de vegetação aparece em dois tipos de cobertura da vegetação é baixa (relva, ervas, arbus-
de clima: equatorial úmido e semiárido. Geralmente, tos). É comum em climas tropicais e áreas de terreno
manifesta-se com alta temperatura e invernos secos e plano. A savana está localizada nos continentes da
verões chuvosos. Possui grandes árvores que formam África, América e Oceania. Exemplos dessa vegetação
matas, entre as quais se destacam a carnaúba, o buri- são a savana africana e a brasileira;
ti, o açaí e o babaçu. Essa vegetação está localizada no
Nordeste do país (Planalto do Maranhão-Piauí); z Deserto

z Floresta Amazônica Vegetação adequada para uma ampla faixa de tem-


peratura, alta evaporação e baixa umidade. É comum
A classificação da Floresta Amazônica é muito encontrar xerófitas nessas áreas. Desertos quentes como
diversa, dividida em: Floresta de Várzea, Floresta o Deserto do Saara podem ser encontrados na Ásia, Áfri-
Terra Firme, Floresta Igarapé e Floresta Andina. Esse ca, América do Norte e Oceania. São formados também
tipo de vegetação cresce na zona de clima equatorial em áreas de desertos frios, como o Deserto de Gobi;
(quente e úmida) e apresenta uma floresta densamen-
te fechada composta por árvores de grande, médio e z Pradaria
pequeno porte. A Amazônia está localizada no norte
do Brasil, com uma área total de 4.196.943 de quilôme-
Nas padrarias, não há árvores ou arbustos. Os cam-
tros quadrados, abrangendo outros países da América
pos estão inseridos em climas úmidos (temperados,
do Sul: Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Guia-
tropicais), ao contrário das pastagens que crescem em
na, Guiana Francesa, Peru e Suriname, na chamada
climas mais secos. Vegetação encontrada na Europa,
Amazônia Internacional.
Ásia, América do Sul e América do Norte, relacionada
aos Pampas no Brasil;
Tipos de Vegetação do Mundo
z Florestas Tropicais
Temos, em nosso planeta, diversas coberturas vege-
tais específicas de diferentes regiões. As principais
Vegetação densa, crescendo em áreas com clima
são: tundra, taiga, estepe, savana, deserto, pradaria,
quente e alto índice pluviométrico. Abrange grandes
florestas tropicais, florestas temperadas, vegetação de
altitude e vegetação mediterrânea. Vejamos, portanto, árvores até epífitas e líquenes, com grande variedade
as principais características desses tipos de vegetação: de espécies. Podem ser encontradas nas Américas (Sul
e Central), África e Ásia;
z Tundra
z Florestas Temperadas
Vegetação escassa, como ervas, gramíneas e mus-
gos. Os fortes ventos em sua área impedem o cresci- Vegetação formada por árvores, arbustos, ervas
mento de plantas grandes. Assim como a floresta de e riachos, também denominada floresta estacional
coníferas, a tundra cresce em um lugar muito frio, decidual temperada ou floresta estacional decidual. A
na extremidade norte do globo. Pode ser encontrada principal característica é a perda de folhas de outo-
na parte mais fria da Terra, o Círculo Polar Ártico, na no e o aparecimento de folhas de primavera devido
Rússia, Groenlândia e Finlândia; às mudanças sazonais. É fácil encontrar lugares com
quatro estações distintas na Europa continental, Ásia
z Taiga e América do Norte;

As florestas de coníferas crescem em locais muito z Vegetação de Altitude


frios da terra, também conhecidos como florestas de
coníferas ou florestas boreais. A taiga é diferente da Também conhecida como vegetação de montanha,
tundra, pois na tundra a vegetação é baixa devido ao reúne vegetação rasteira, como musgo, líquen e gra-
excesso de gelo e ventos fortes. As florestas de conífe- ma, adequada para baixas temperaturas em áreas aci-
ras reúnem algumas árvores (especialmente coníferas). ma de 1200 metros. Pode ser encontrada em países da
Localiza-se em ambientes de clima subpolar (setentrio- América do Sul (como Peru, Bolívia e Chile) e na Euro-
nal) na América do Norte, Europa e Norte da Ásia; pa continental (principalmente na Alemanha);

z Estepe z Vegetação Mediterrânea

Ocorre em áreas de clima árido, temperado e sub- É muito diversa, dominada por árvores, arbustos e
tropical, e são consideradas uma “manta vegetal” ampla ervas. Aparece em regiões temperadas da Terra com
176 por apresentarem principalmente plantas herbáceas clima mediterrâneo, com verões quentes e secos e
invernos frios e úmidos. Atualmente, em vários luga- z Projeção plana: Também chamada de projeção
res do planeta (África, Europa, América do Norte, azimutal, é um plano tangente à esfera terrestre. Nela,
América do Sul e Oceania). as linhas paralelas representam círculos concêntri-
cos, enquanto os meridianos retos irradiam dos polos.
De acordo com a representação esperada, eles são
divididos em três formas: polar, equatorial e oblíqua.
REPRESENTAÇÃO ESPACIAL
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

A projeção dos mapas é composta por linhas ima-


ginárias, chamadas de latitude e longitude. De acordo
com o objetivo esperado, o uso de um tipo de projeção
pode tornar a representação espacial mais rigorosa.
Portanto, o objetivo principal do uso de cada pro-
jeção é reduzir as imperfeições do mapa, sejam de
escala ou de ângulo. Isso porque, na verdade, o mapa fonte: https://www.todamateria.com.br/projecoes-cartograficas/
não apresenta uma imagem real da área, mas sim con-
tornos próximos uns dos outros. A partir dos três modelos apresentados acima,
temos diversos tipos de projeções que foram estuda-
Tipos de Projeções Cartográficas dos por muitos geógrafos. As mais importantes são:

Para representar em um plano o globo terrestre, z Projeção de Mercator


são utilizados três tipos de projeções:

z Projeção cilíndrica: Funciona como se um cilin-


dro envolvesse o globo. Nesse caso, linhas para-
lelas e meridianos são representados por linhas
ÁSIA
retas convergindo entre si. Um exemplo famo-
AMÉRICA EUROPA
so é a representação do mapa mundial como o
DO NORTE
conhecemos;
ÁFRICA

AMÉRICA
AMÉRICA DO SUL
OCEANIA
CENTRAL

A projeção de Mercator foi desenvolvida pelo car-


tógrafo, geógrafo e matemático Gerhard Mercator
(1512-1594) e é uma das mais usadas. Nesse tipo de
projeção cilíndrica do globo, os ângulos e as formas
dos continentes são preservados, mas as regiões são
deformadas. O modelo está incluído na categoria “esca-
la isométrica” e é amplamente utilizado nas áreas de
navegação e aviação;
z Projeção cônica: Um cone envolve uma parte da
Terra. É amplamente utilizada para representar a
z Projeção de Gall-Peters
área continental. Nessa projeção, as linhas paralelas
representam círculos concêntricos e os meridianos
são linhas retas convergindo para o ponto extremo;
GEOGRAFIA

Fonte: https://www.todamateria.com.br/projecoes-cartograficas/ 177


Por ter sido desenvolvida pelo escocês James Gall
(1808-1895) e posteriormente adotada pelo historia-
dor alemão Arno Peters (1916-2002), é chamada de
projeção de Gall-Peters. É uma projeção cilíndrica que
preserva as proporções entre as regiões, mas o ângulo
e a forma dos continentes mudam. Este modelo está
incluído na chamada “razão equivalente”.

z Projeção de Robinson

Mapa físico do continente europeu, destacando as formas de relevo.

Mapa Político

Neste tipo de mapa, podemos observar as divisões


administrativas do país, estado, província ou cidade.
Por exemplo: o mapa político do Brasil mostra as divi-
Fonte: https://www.todamateria.com.br/projecoes-cartograficas/ sões dos estados do Brasil. Já o mapa político mundial
nos mostra como os territórios da Terra são divididos
Foi produzida pelo geógrafo e cartógrafo america- em países.
no Arthur H. Robinson (1915-2004). Este tipo de pro- Os mapas políticos mostram nomes de cidades, paí-
jeção cilíndrica e afilática altera a forma e a área do ses, estados, regiões e outros elementos administrati-
continente. Portanto, pertence à categoria “não equi- vos. Neles, os nomes das capitais dos países e estados
valente e não conforme”. Nela, o meridiano é uma são destacados. As fronteiras são delineadas e as cores
curva e o paralelo é uma linha reta. Atualmente, este são usadas para que não haja sobreposição entre paí-
modelo é usado para representar o mapa-múndi, por ses ou estados vizinhos (se houver fronteiras).
isso, é o mais famoso.
Mapa Temático
LEITURA DE MAPAS FÍSICOS, POLÍTICOS E
TEMÁTICOS São usados para mostrar elementos específicos
ou fenômenos específicos em certas áreas. Neles, a
Os mapas são projetados para nos mostrarem presença de símbolos (e seus significados) e legendas
certos aspectos de nosso planeta como um todo e de descritivas é muito importante. Exemplos de mapas
certas regiões. São muito importantes para orientar temáticos são:
e auxiliar na compreensão de diferentes aspectos
físicos, econômicos, sociais e culturais do mundo. Os z Rodoviário: Apresenta as estradas e rodovias;
principais tipos de mapas e suas principais caracterís- z Turístico: Mostra os principais pontos turísticos
ticas são os seguintes: de determinados países, estados ou regiões;
z Econômico: Representa o nível de desenvolvimen-
Mapa Físico to econômico de uma região, mostrando as áreas
industriais, produtoras agrícolas e os principais
Um mapa físico é um mapa que representa as for- centros financeiros e comerciais;
mas do território: montanhas, rios, lagos, planaltos, z Étnico: Mostra a localização e a distribuição
planícies e outras formas de relevo. São confecciona- das etnias de um país ou uma região pelos seus
dos em diferentes cores e tonalidades para facilitar a territórios;
visualização dos elementos geográficos. A água (rios, z Linguístico: Apresenta a incidência das línguas e
lagos, oceanos etc.) é mostrada em azul. O marrom é dialetos de cidades, estados, regiões e países.
geralmente usado em planaltos e montanhas; quanto z Populacional (ou demográfico): Retrata a distri-
mais forte a tonalidade, maior a altitude. O verde é buição e a concentração de habitantes em deter-
usado em áreas planas. minada região;
Nos mapas físicos, elementos gráficos também são z Religioso: Representa como estão distribuídos os
usados para representar certos aspectos geográficos. grupos religiosos pelo território estudado;
Nesse sentido, pequenos triângulos pretos podem ser z Climático: Mostra os diferentes tipos climáticos
usados para representar cordilheiras, montanhas e que atuam em determinadas regiões.
colinas. Esses mapas também usam números para
indicar altura das montanhas, extensão de rios, pro- Apesar de os mapas mais antigos (anteriores ao
fundidade de oceanos etc. Atualmente, com a ajuda de século XIX) não serem muito precisos, eles nos forne-
satélites, os mapas físicos podem ser desenhados com cem muitas informações geográficas e históricas sobre
178 muita precisão e realismo. o período e sobre as áreas que analisadas e estudadas.
TECNOLOGIAS APLICADAS À CARTOGRAFIA

Os mapas são ferramentas importantes para o


desenvolvimento de várias ciências e profissões. Sem
esse recurso, disciplinas como Geografia, História e
Ciências não podem ser realizadas plenamente.
Para determinar sua importância, é necessário lem-
brar que o mapa é uma representação feita em um pla-
no (como o papel), e que sua linha imaginária cobre
diferentes tópicos (Física, História, Geopolítica, Econo-
mia etc.). De acordo com suas informações, todo o ter-
reno que realmente existe não precisa ser processado.
Os dados podem ser analisados por visitas de campo.
Por meio dos mapas, podemos estudar aspectos da
natureza, relações econômicas, estrutura do espaço geo-
gráfico e interações entre humanos e natureza. Ao longo
da História, a participação dos mapas foi muito impor-
tante, sobretudo nos primórdios das viagens europeias.
Naquela época, muitos continentes foram descobertos
através das viagens; depois as pessoas os exploraram, e
esses fatos marcaram o início da cartografia moderna.
Durante as viagens, além do conceito de distância
e extensão, também foi coletada uma série de infor-
mações que descreviam os locais por onde os explo-
radores passaram, como baías, montanhas, rios, tipo
de clima, altitude, latitude etc. As informações eram
passadas para o cartógrafo, que preparava o mapa.
A produção cartográfica atual nos mostra dados rigo-
rosos e precisos sobre quase todos os lugares do mundo,
mesmo que as condições deles sejam desfavoráveis. Isso
pode ser feito por meio de modernos instrumentos dedi-
cados à realização de trabalhos cartográficos.
As principais ferramentas utilizadas pela cartogra-
fia são: bússola (criada pela China antes de 1800), astro-
lábio e quadrante (usados para grandes navegações,
pois os dados exibidos nesse tipo de mapa representam
com precisão informações sobre o litoral), sextante
(feito por volta do século XVIII), sensoriamento remoto
moderno (informações obtidas por sensores acoplados
a aviões, satélites e balões), fotos aéreas (tiradas por
câmeras fixas em aviões) e imagens de satélite.

ANOTAÇÕES

GEOGRAFIA

179
180
z Simone de Beauvoir (1908–1986): socióloga e filó-
sofa francesa, foi responsável por discutir o papel
e as relações de gênero na sociedade. É conhecida
pela célebre frase “não se nasce mulher, torna-se”.

SOCIOLOGIA
Sua obra famosa é “O Segundo Sexo”;
z Zygmunt Bauman (1925–2017): sociólogo e filóso-
fo polonês, foi responsável por discutir o concei-
to de Pós-Modernidade para pensar a fluidez das
relações sociais nos dias de hoje. É conhecido pelo
SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA conceito de “amor líquido”;
z Slavoj Zizek (1949): sociólogo e filósofo esloveno,
A Sociologia Contemporânea reúne as contribui- tem uma vasta obra que discute o Capitalismo no
mundo atual;
ções das ciências humanas acerca dos estudos das
z Thomas Piketty (1971): sociólogo e economista
relações estabelecidas entre indivíduos e seus agru-
francês, tem uma obra, “O Capital no Século XXI”,
pamentos, que chamamos de comunidade ou socieda-
como uma das referências para debater Capitalis-
de. Embora as grandes questões dessa disciplina não
mo, globalização e desigualdade social;
abandonem, por completo, a importância dos grandes
z Michel Foucault (1926–1984): sociólogo, filósofo e
teóricos, como Émile Durkheim e Karl Marx, temos a
historiador francês que reviu a maioria das teses
emergência de certos assuntos não necessariamente relacionadas à esquerda revolucionária, dando
acompanhados pelos autores clássicos. muita ênfase para a individualidade na constru-
Como tema central desde que a Sociologia surgiu ção das relações de poder;
como disciplina científica, o Capitalismo segue no z David Harvey (1935): sociólogo e geógrafo, refe-
centro das atenções. Vale destacar o debate recente rência nos estudos sobre o mundo do trabalho
em torno do impacto do Neoliberalismo no mundo do atualmente;
trabalho, por exemplo, pelo fato do indivíduo se com- z Naomi Klein (1970): jornalista de formação, tem
portar como uma empresa, que exige um “empresário sido referência nos estudos sobre o impacto do
de si mesmo”. Tema este debatido por autores, como Capitalismo sobre o clima global.
Pierre Dardot, Cristian Laval, David Harvey e Thomas
Piketty, sendo que este último analisa os impactos nos CIDADANIA
níveis de renda causados pela ausência de políticas
públicas. O conceito de cidadania tem origem na Antiguida-
Intelectuais, como a canadense Naomi Klein, têm de Grega e Romana. O cidadão era aquele que parti-
debatido o impacto do Capitalismo no clima, demons- cipava da cidade, do latim, “civitas”. De modo geral,
trando como o uso exacerbado dos recursos naturais cidadania consiste em atribuir um conjunto de direi-
tem complicado as condições de vida das sociedades. tos e deveres a um indivíduo para que ele estabeleça
Um tema muito comum é a indústria cultural, pro- relação com a comunidade política. Divide-se a cida-
posta pelos estudiosos da Escola de Frankfurt. Os ele- dania em formal e substantiva.
mentos culturais são transformados em mercadorias A cidadania formal é o pertencimento de uma
para serem comercializados para as massas. Os gran- pessoa a um Estado-Nação, tomando posse de direi-
des grupos que dominam as mídias passam a homo- tos civis, políticos e sociais. A cidadania substan-
tiva refere-se à extensão dos direitos civis, políticos
geneizar um determinado tipo de material cultural,
e socais para todos, portanto, busca a igualdade e a
seja a música, a TV, o rádio, o cinema, entre outros. Ou
ampliação da participação da população.
seja, a cultura de massa é como uma mercadoria nas
mãos dos proprietários dos meios de comunicação.
Essa massificação da cultura é avessa ao pensamento
crítico e autônomo, com isso o lazer passa a ser um
prolongamento da alienação já existente no trabalho.
A questão da identidade de gênero também é outro
tema debatido com muita frequência. Trata-se da
maneira como alguém se sente e se apresenta para si e
para as demais pessoas como masculino ou feminino,
havendo, ainda, aqueles que não se identificam com
nenhum dos dois, os chamados “não binários”.
Os debates propostos por Michel Foucault também
tiveram impacto. No conceito de biopolítica, por exem-
SOCIOLOGIA

Manifestação pelas Diretas Já, pelo direito ao voto direto


plo, ele trata a maneira que internalizamos, como
sujeitos, as instituições e os poderes constituídos. A Fonte: Memória EBC
questão da punição também era caro para esse autor,
por exemplo, analisando que vivemos uma medicali- A cidadania, no Brasil, é um percurso bastante aci-
zação da vida quando laudos médicos atestam quem dentado. Formado em bases coloniais de dominação,
tem ou não desvios da normalidade. dependência e exploração, o país teve, como elemento
Os nomes mais famosos da sociologia contempo- formador, a escravidão, a qual abarcou condições de
rânea são: profunda desigualdade. 181
No campo político, podemos dizer que a participa- CAPITALISMO
ção social sempre sofreu tentativas de cerceamento,
de tal maneira que o Brasil tem o Autoritarismo como O Capitalismo é um sistema econômico que tem,
regra e a Democracia como exceção. Da Constituição como principal objetivo, a obtenção do lucro, a prote-
de 1988 até os dias de hoje, tivemos conquistas sociais ção da propriedade privada e a reprodução do capi-
consideráveis, como a ampliação do Ensino Básico, tal, dividindo a sociedade em classes. Apesar de ser
aumento do nível de renda e aumento da assistência um sistema econômico, o Capitalismo não tem impac-
tos apenas financeiros, pois possui ramificações polí-
social, os diminuíram as taxas de pobreza.
ticas, sociais, culturais e ambientais.
CULTURA E EDUCAÇÃO

A Cultura é um elemento que é transmitido entre


as gerações por meio da Educação, podendo ser pela
Educação “Formal”, aquela que temos nas escolas e
pela Educação “Informal”, aquela que temos em outros
espaços, como na família, na igreja e no meio social.
Por meio da Educação, transmitem-se valores, conhe-
cimentos, técnicas, modo de vida, entre outras coisas.
A Cultura e a Educação são processos sociais e,
não, biológicos, de aprendizagem e reprodução. Uma
sociedade reproduz para as novas gerações os códigos
de sua cultura, tais como a sua história, seus símbolos
coletivos, sua língua, seus patrimônios, entre outros.
A Cultura pode ser pensada, por meio da Educação,
como uma herança social.
O indivíduo é influenciado pelo meio social em Linha de produção no início do século XX
que vive. Quando não há escola, a Cultura é trans-
mitida por meios que não são sistemáticos, ou seja, Fonte: Brasil Escola – UOL
não possuem um conjunto de regras bem estabele-
cidas anteriormente, ocorrendo por meio da família O Capitalismo evoluiu, ao longo da História, para
por exemplo. Com a existência de escolas, a herança um sistema econômico mundial que tem como princi-
sociocultural passa a ser algo sistematizado por meio pais características:
de um conjunto de disciplinas que nos orienta para
nos reconhecermos no mundo em que vivemos. z Obtenção de lucro e acúmulo de riquezas: o objeti-
vo é ter o maior lucro possível, decorrente do trabalho
POLÍTICA, PODER E ESTADO da mão de obra proletária e dos meios de produção.
A fim de aumentar os lucros, os donos dos meios de
produção buscam reduzir os custos e subir os preços
A Política surge como a consequência das relações de seus produtos e serviços sempre que possível;
estabelecidas entre indivíduos em ambiente coletivo, z Trabalhadores assalariados: o salário é funda-
trazendo a complexidade dos grupos que passaram a mental para que a economia capitalista continue
ter a necessidade de organizar a administração de um girando. É com ele que os proletários consomem
território, a sua defesa e suas regras. Quando falamos os bens e serviços fabricados por eles mesmos nos
em instituições políticas, vemos a importância dos meios de produção, os quais são detidos pela classe
seguintes conceitos: oposta ao proletariado, a capitalista;
z Predominância da propriedade privada: no Capi-
z Estado: povo politicamente organizado em um talismo, o modo de produção está atrelado à proprie-
território; dade individual. Assim, nesse sistema, a propriedade
privada está acima dos preceitos da coletividade;
z Poder: habilidade de impor a sua vontade sobre os
z Sociedade dividida em classes sociais: esse sis-
outros, mesmo se esses resistem de alguma manei-
tema criou duas classes de destaque, as quais são
ra. Dentro do contexto sociológico, falamos em opostas e complementares – a classe capitalista e a
diversos tipos de poder: poder social, poder econô- classe proletária;
mico, poder militar, poder político, entre outros; z Matematização do tempo e do espaço: o sistema
z Povo: refere-se a um agrupamento humano com capitalista tem tendência a matematizar, ou seja,
cultura semelhante (língua, religião, tradições) e quantificar, calcular e medir, com crescente pre-
antepassados comuns, além de supor certa homo- cisão, as dimensões do tempo e do espaço, pois a
geneidade e desenvolvimento de laços espirituais reprodução do capital depende disso. O salário,
entre si. Ex.: ciganos, curdos, bascos etc.; por exemplo, é pago de acordo com as horas tra-
z Nação: é um povo fixado em determinada área geo- balhadas. Os juros são calculados de acordo com
gráfica. Para alguns autores, compreende um povo uma data de pagamento preestabelecida. Os custos
com certa organização. Para que haja uma Nação, é de uma viagem são determinados pela distância e
pelo tempo para percorrê-la;
necessário haver um ou mais povos, um território e
z Tendência à expansão: o Capitalismo expandiu-se
a consciência comum. A antiga Iugoslávia, por exem- e, hoje, abarca, praticamente, todo o mundo. Em
plo, formava uma única nação, mas abrangia vários outras palavras, quando se fala em globalização,
povos, como croatas, sérvios, bósnios etc.; fala-se da própria história do Capitalismo, porque
z Governo: exerce controle imperativo no âmbito sua tendência foi expandir-se por todo o mundo,
de um território definido, reivindicando, com êxi- disseminando ideias, valores e teorias que antes
182 to, o monopólio da força. estavam restritas à Europa no início do século XVI.
Como vimos, no Capitalismo, a sociedade é divi- A partir dos anos 1990, as tecnologias produziram
dida em classes, sendo as principais: a capitalista e um grande impacto no mundo do trabalho, especial-
a proletária. A classe capitalista – também denomi- mente com os fluxos de capitais que se deslocam pelo
nada burguesa – é aquela que detém os meios de pro- planeta. A internet foi importante fator de mudança,
dução, as máquinas, as terras, as fábricas, ou seja, os nesse sentido: inserção de novas tecnologias, obsoles-
capitais (econômico, cultural e social). O proletário, ou cência de profissões, aumento de exclusão, exigência
trabalhador, é aquele que vende seu tempo de traba- de qualificação profissional e precarização das rela-
lho em troca de um salário. ções de trabalho mostram quanto a sociedade se rela-
Essa divisão de classes gera uma situação de desi- ciona com o mundo do trabalho.
gualdade socioeconômica em escala mundial, pois o Essas mudanças sempre existiram, porém, com a
acesso aos recursos é limitado a um conjunto peque- aceleração das transformações, muitas pessoas não a
no de pessoas. Segundo dados divulgados pela orga- acompanham, o que aumenta a exclusão. A sociologia
nização Oxfam, referentes ao ano de 2018, a soma
do trabalho se ocupa justamente desse ramo, dando
do patrimônio das 26 pessoas mais ricas do mundo
conta, também, das formas de divisão do trabalho.
é equivalente ao da metade mais pobre. Esse sele-
Sabe-se que, hoje, o grau de especialização técnica
to grupo de 26 pessoas detém a mesma riqueza dos
é a principal regra do que conhecemos como mercado
3,8 bilhões mais pobres, que correspondem a 50% da
de trabalho. Esse alto grau de especialização fez com
população mundial.
que muitos trabalhadores do setor industrial fossem
para a área de comércio e serviços.
ECONOMIA E SOCIEDADE

Entre os povos “primitivos”, as instituições eco-


nômicas encontravam-se intimamente relacionadas
com as outras instituições. As atividades econômicas
apresentavam-se rodeadas de tabus, governadas por
poderes “invisíveis”, orientadas por normas e valores,
ligadas aos valores de status e prestígio. Após a Revo-
lução Industrial, a família perde parte de sua força
econômica, que se transfere para uma variedade de
organizações específicas, não controladas por costu-
mes, mas submetidas a uma legislação governamental.
A interferência do Estado na economia é uma das
características das sociedades modernas. No entanto,
o papel do Estado tem diminuído com a presença da
ideologia neoliberal, que se fundamenta no protago-
nismo das decisões do mercado e não do Estado.
O trabalho já foi considerado uma atividade extre-
mamente humilhante. A escravidão no mundo antigo
ou na Idade Moderna era associada ao trabalho. As
transformações ocorridas no mundo do trabalho são
importantíssimas para que se compreenda a realida- Homem trabalhando em home office
de de hoje. Desde os trabalhos artesanais até o sur-
Fonte: Parceria de Negócios TIM
gimento do trabalho industrial, as condições sociais
influenciaram e foram influenciadas pelo mundo do
trabalho. O relacionamento entre patrões e empre- INDÚSTRIA CULTURAL
gados, consumidores, a organização do tempo, a
formação de famílias, as relações de gênero, sempre Ainda na primeira metade do século XX, um con-
estiveram interligados. junto de sociólogos, filósofos e historiadores vincula-
dos ao Instituto para Pesquisa Social da Universidade
de Frankfurt começou a desenvolver e a disseminar
uma corrente de pensamento conhecida como “teoria
crítica”. Nomes como Theodor Adorno, Max Horkhei-
mer, Eric Fromm, Walter Benjamin, Herbert Marcuse
e Jürgen Habermas foram os mais conhecidos entre os
“frankfurtianos”.
Dos objetos de estudo mais importantes da escola
de Frankfurt, destacam-se a cultura e o consumo de
massa. Sobre eles, Adorno e Horkheimer formularam
o conceito de “indústria cultural”, estabelecendo que
os elementos culturais são transformados em merca-
SOCIOLOGIA

dorias para serem comercializados para as massas.


Os grandes grupos que dominam as mídias pas-
sam a homogeneizar um determinado tipo de material
cultural, seja a música, a TV, o rádio, o cinema, entre
outros. Ou seja, a cultura de massa é uma mercadoria
nas mãos dos proprietários dos meios de comunicação.
Escravos em um cafezal no século XIX Essa massificação da cultura é avessa ao pensamento
crítico e autônomo. Com isso, o lazer passa a ser um
Fonte: Scielo prolongamento da alienação já existente no trabalho. 183
MAX WEBER Outra importante reflexão de Max Weber está pre-
sente em sua obra mais conhecida “A Ética Protestan-
Max Weber (1864–1920) foi um sociólogo, filóso- te e o Espírito do Capitalismo”. Para ele, o Capitalismo
fo, jurista e economista alemão considerado um dos desenvolveu-se em sociedades calvinistas por conta
da disciplina para o trabalho e pela valorização da
principais nomes da história da Sociologia. Teve uma
acumulação da riqueza. Se comparado ao Catolicismo,
atuação política considerável, estando presente no vemos que havia uma condenação à busca pelo lucro,
Tratado de Versalhes ao fim da Primeira Guerra Mun- visto como pecado da ganância.
dial e na redação da Constituição de Weimar na Ale- Por sua vez, o Calvinismo via, na prosperidade, a
manha. Vale a curiosidade de que Weber foi uma das ideia da predestinação divina, sendo que aqueles que
milhões de vítimas da pandemia da gripe espanhola, prosperavam na acumulação de riqueza demonstra-
falecido em 14 de junho de 1920. vam a bênção que tinham de Deus.

O MUNDO GLOBALIZADO

Durante o século XX, a atividade industrial alcançou


muitos países da Europa, além de países latino-america-
nos, principalmente Brasil, México e Argentina. Sobretu-
do, a partir da década de 1950, inovações no campo da
informática aplicadas na produção permitiram que novos
e importantes avanços fossem possíveis. A esse processo
chamamos de Terceira Revolução Industrial, caracteri-
zada por um grande desenvolvimento tecnológico, sendo
importante pelo eixo técnico-científico-informacional.

Max Weber

Fonte: Wikimedia Commons

Diferentemente de outros sociólogos, Weber acredi-


tava que não era possível fazer um estudo da socieda-
de de forma imparcial, já que vivemos inseridos nela
em todos os momentos. Emile Durkheim, importante
sociólogo francês, dizia que a natureza se sobressaía
Robótica no processo produtivo
sobre as ações dos sujeitos, teoria da qual Weber dis-
cordava, acreditando que os homens guiam a socieda-
Fonte: Blog Cimautomação
de por meio das ações sociais. Ele divide essas ações
sociais em quatro, sendo duas racionais e duas irracio- O processo de informatização continua crescendo
nais. Vejamos: até os dias atuais. A robótica também se desenvolveu
muito, tornando a produção cada vez menos depen-
z Ações irracionais dente de mão de obra. A intensa substituição da mão
de obra por máquinas é acompanhada pelo desenvol-
„ Afetiva: movidas por sentimentos (Ex.: amor, vimento de novas fontes de energia, como a nuclear,
as fontes alternativas, como a solar e a eólica, conside-
ódio, paixão etc.);
radas fontes limpas por não emitirem gases poluentes.
„ Tradicional: movidas pelos seus hábitos coti- Além disso, devido ao elevado grau de especialização
dianos (Ex.: tomar café da manhã, usar o cinto para o trabalho, nota-se, também, o deslocamento de
de segurança etc.); trabalhadores do setor secundário (indústria) para o
setor terciário (comércio e serviços).
z Ações racionais A Terceira Revolução Industrial também se mos-
tra muito ligada ao processo de globalização, no qual
„ Com uma finalidade: movidas por um objeti- cada etapa de produção é realizada em países ou em
continentes diferentes. Nesse sentido, a mão de obra
vo (Ex.: estudar para passar em um vestibular,
mais especializada tem se concentrado nos países cen-
praticar atividade física para perder peso etc.); trais mais desenvolvidos e com alto grau de inovação
„ Por valores: movidas por valores morais, reli- tecnológica, enquanto outras economias participan-
giosos, políticos, entre outros (Ex.: realizar um tes dos países emergentes ou subdesenvolvidos ficam
184 evento beneficente). com uma parte menor dos ganhos da produção.
A globalização é o nome que se dá à integração ANOTAÇÕES
econômica, comercial, cultural, financeira e social
entre países do mundo todo. Possui uma relação dire-
ta com o movimento de abertura de mercados para
a concorrência feita por governos do mundo todo,
prevalecendo o que chamamos de Neoliberalismo.
De modo geral, o Neoliberalismo pode ser definido
como o conjunto de discursos e práticas que determi-
nam um novo modo de governo dos homens segundo
o princípio universal da concorrência. Define certa
norma de vida dentro de um universo de competição
generalizada, moldando o indivíduo, que é levado a se
entender a se comportar como se fosse uma empresa,
que funcionam segundo o modelo de mercado.
As crises do petróleo de 1973 e 1979 foram o ponto
crucial de virada para o Neoliberalismo. A nova políti-
ca passou a combater duplamente a questão econômi-
ca (estagnação e inflação) e a questão social (o poder
de pressão dos sindicatos). A doutrina neoliberal
passou a ser adotada em diversos países, merecendo
destaque o Chile, de Augusto Pinochet, a ascensão de
Margaret Thatcher como primeira-ministra britânica,
em 1976, e Ronald Reagan como Presidente dos Esta-
dos Unidos, em 1980.
O discurso era de que as sociedades eram taxa-
das com muitos impostos, as quais sofrem com muita
regulamentação e são submetidas às pressões de sin-
dicatos, corporações e funcionários públicos.
Esses governos passaram a questionar profunda-
mente a regulação da economia, a propriedade pública
das empresas, o sistema fiscal progressivo, a proteção
social, o enquadramento do setor privado por regu-
lamentações estreitas, especialmente em matéria de
direito trabalhista e representação dos assalariados.
A política destinada a sustentar o crescimento e
realizar o pleno emprego foi o principal alvo desses
governos, para os quais a inflação se tornou o pro-
blema prioritário. Na concepção neoliberal, para os
mercados funcionarem bem, era necessário reduzir
os impostos, diminuir o gasto público, transferir as
empresas públicas para o setor privado, restringir
a proteção social, privilegiar “soluções individuais”
diante dos riscos de controlar o crescimento da massa
monetária para reduzir a inflação, possuir uma moe-
da forte e estável e desregulamentar os mercados,
principalmente o mercado de trabalho.
Em novembro de 1989, o chamado Consenso de
Washington estabeleceu dez recomendações que todos
os países que quisessem empréstimos e auxílios deve-
riam seguir, quais sejam:

z Disciplina orçamentária e fiscal (respeito ao equilí-


brio orçamentário e diminuição de descontos obri-
gatórios e taxas de impostos);
z Liberalização comercial, com supressão das bar-
reiras alfandegárias e fixação das taxas de câmbio
SOCIOLOGIA

competitivas; abertura à movimentação de capi-


tais estrangeiros;
z Privatização da economia; desregulamentação e
criação de mercados concorrenciais e proteção aos
direitos de propriedade, em particular à proprie-
dade intelectual dos oligopólios internacionais.
Essas medidas acabaram enquadrando a política
econômica global ao Neoliberalismo. 185
186
FILOSOFIA

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA
A filosofia é o ramo do conhecimento humano que
busca a explicação do mundo e das coisas do mundo
de maneira racional, lógica e argumentativa. Pitágo-
ras de Samos (570 – 495 a.C.), filósofo grego que viveu Escola de Atenas (Rafael Sanzio) representando Platão e Aristóteles
no século VI a.C, é tido como o criador do termo Filoso- ao centro
fia, a qual compreende a busca pela sabedoria.
Fonte: Wikimedia Commons
O primeiro filósofo foi Tales de Mileto (624–548
a.C.), que, para entender o mundo, procurou elemen- O período de intercâmbio da cultura grega com
tos da natureza. Tales e outros pensadores de seu tem- outros espaços, graças à expansão do Império Mace-
po ficaram conhecidos como “filósofos da natureza” e, dônico, possibilitou o surgimento de diversas corren-
posteriormente, pré-socráticos. tes divergentes da Filosofia. Destacam-se, entre as
Philo (amizade, amor fraterno) + Sophia (sabedo- chamadas escolas helenísticas:
ria) = amor pela sabedoria.
Entre os pré-socráticos, os objetos de estudo são z Epicurismo: levou o nome de seu fundador, Epi-
curo, para quem a vida era uma intensa luta
a natureza, o universo e os fenômenos cosmológicos.
entre o prazer e a dor, ou seja, o objetivo do ser
Eles buscavam explicar a “arché”, elemento primor- humano é maximizar o prazer e diminuir a dor.
dial que serviria de ponto de partida para todo proces- No entanto, esse prazer não era visto como uma
so de criação dos seres naturais. prática de excessos, mas, sim, como racionalidade
e equilíbrio;
ARISTÓTELES E A ESCOLA HELENÍSTICA z Estoicismo: para essa Escola, a felicidade huma-
na é baseada na ataraxia (tranquilidade da alma)
Aristóteles (384–322 a.C.) nasceu em Estagira, uma e na apatheia (ausência de perturbações). Segundo
Zenão, o fundador, o homem deve orientar-se pela
cidade localizada no litoral nordeste da Grécia, mas,
racionalidade para atingir a felicidade, procuran-
ainda criança, se mudou para a capital da Macedônia.
do se libertar das emoções;
Quando tinha cerca de 17 anos, mudou para Atenas e z Ceticismo: para essa Escola, a tranquilidade da
ingressou na Academia de Platão, onde ficou respon- alma só pode ser conseguida por meio do aban-
sável por lecionar a disciplina de Retórica durante dono de convicções, sendo que tudo é duvidoso e
vinte anos. Em 343 a.C., Felipe II, Rei da Macedônia, questionável;
chamou o filósofo para ser o tutor de seu filho, Alexan- z Cinismo: fundada por Diógenes, a Escola Cínica
dre, que assumiria o trono em 336 a.C. acreditava que a felicidade humana é atingida por
meio da autarkeia (autodomínio), que deve ser
De volta a Atenas, o filósofo fundou o Liceu, onde
buscado pela dedicação à vida filosófica. Acredita-
ensinava sob seu método peripatético, que consistia va-se que deveríamos romper com padrões morais
em lecionar caminhando pelo ambiente. Diferen- e sociais e viver uma vida anárquica. Por isso, seus
temente de Platão, que acreditava na existência do seguidores viviam nas ruas;
mundo real e do mundo das coisas, Aristóteles acre- z Neoplatonismo: para eles, a busca pela felicidade
ditava que a verdade se encontrava neste mundo. Ele deveria se guiar pela união com o divino, de tal
tratou de, praticamente, todos os temas de interesse maneira que o homem deveria se conectar, misti-
camente, com a unidade suprema e fonte do bem.
em seu tempo, tendo maior importância a Metafísica,
a Retórica, a Ética, a Política, a Física e a Zoologia. No
RACIONALISMO MODERNO
campo da Lógica, procurou estabelecer uma verdade
semântica na qual duas premissas formassem uma O Racionalismo foi uma corrente filosófica origina-
conclusão indiscutível. da na Idade Moderna. Podemos dizer que ela surgiu
Após a morte de Alexandre, em 323 a.C, um forte graças aos Renascentistas, que defendiam a valoriza-
FILOSOFIA

sentimento “antimacedônico” tomou conta de Atenas, ção do homem e da cultura greco-romana. Com isso,
fazendo com que o filósofo fugisse para a ilha Eubeia, esses pensadores retomaram ideias de Platão acerca
do princípio da causa das coisas.
na qual viria a morrer pouco tempo depois. Embora
Para os Racionalistas, todas as ideias têm origem
tenha deixado um grande legado, suas afirmações
na própria racionalidade, ou seja, têm origens inatas
foram tomadas como verdades absolutas por muitos ao ser humano, surgindo em nosso intelecto e sendo
pensadores depois dele, o que prejudicou o desenvol- empregas pelo uso da Razão. Portanto, a Razão é o ele-
vimento científico e filosófico. mento determinante no processo de conhecer. 187
Dois nomes se destacam entre os racionalistas: ESCOLA SOFÍSTICA, SÓCRATES E PLATÃO

z René Descartes (1596–1650): Autor da frase “Pen- Entre os séculos VI e V a.C, uma corrente de sábios
so, logo existo”, o filósofo e matemático é, também, e eruditos que dominava técnicas de retórica e discur-
muito conhecido por ser o criador do plano car- so, chamados de Sofistas, vendia seus conhecimentos
tesiano. Para ele, o reconhecimento da existência a jovens e aprendizes interessados em adquiri-los.
dava-se no ato de pensar. Em sua obra “Discur- Eram muito destacados pelo uso da Retórica e Orató-
so sobre o método”, colocava quatro regras para ria, vistas como indispensáveis para a vida política. Os
se chegar ao conhecimento, quais sejam: nada é Sofistas negavam o princípio da verdade, acreditando
verdadeiro até ser reconhecido como tal; os pro- que ela surgia por meio do consenso entre os homens.
blemas devem ser analisados e resolvidos; as con- Foi nesse contexto que surgiu um dos principais
siderações devem partir das mais simples para as nomes da história da filosofia: Sócrates (469–399 a.C.).
mais complexas e o processo de análise deve ter Diferentemente dos Sofistas, ele acreditava que havia
começo, meio e fim para que nada seja omitido. uma verdade universal, mas que, para conhecê-la, o
homem precisa fazer uma imersão em si mesmo. Por
isso, ele dizia “conhece-te a ti mesmo”.
Outra expressão muito conhecida dele, “só sei
que nada sei”, tinha a intenção de demonstrar que
o homem precisa reconhecer a sua ignorância, para
buscar a verdade.
O método socrático era constituído pela ironia (levar
o interlocutor a reconhecer a própria ignorância) e pela
maiêutica (uso de perguntas para que o interlocutor des-
cubra a verdade por meio de exemplos). Com o tempo,
Sócrates passou a ser acusado de blasfemar contra os
deuses e corromper a juventude ateniense. Por conta
disso, foi condenado à morte por envenenamento.

René Descartes

Fonte: Wikimedia Commons

z Baruch Spinoza (1632–1677): dedicou-se ao estu-


do da Filosofia e da Teologia, desenvolvendo teses
que lhe causaram problemas com a comunidade
judaica holandesa. Defendia a separação da maté-
ria, do intelecto e da racionalidade. Para ele, Deus
era imanente (Ele próprio é o seu princípio e fina- Sócrates cumprindo a sua pena de morte
lidade) e transcendente (possui um fim externo
superior a si mesmo). Além disso, Deus seria uma Fonte: Site Educ
substância presente em toda a matéria.
Um dos principais discípulos de Sócrates foi Pla-
tão (428–347 a.C.). O filósofo reinterpretou o mundo
ao desenvolver o que ficou conhecido como dualismo
platônico. Em uma esfera, temos o mundo inteligível,
formado pela essência das coisas, pelo intelecto, pelas
ideias perfeitas, dotado de sabedoria e conhecimen-
to. Na outra esfera, temos o mundo sensível, formado
pela existência material das coisas que temos no mun-
do inteligível e nós percebemos essas coisas por meio
dos nossos sentidos.
Em sua obra clássica, A República, Platão descre-
ve o “mito da caverna”, para demonstrar a busca
pela verdade. Um grupo é prisioneiro em toda a sua
existência dentro de uma caverna. Eles podiam ver
as sombras, na parede, das coisas que são iluminadas
pela fogueira e essas representações simbolizavam o
mundo sensível. Um dia, um dos prisioneiros fugiu e
Baruch Spinoza conseguiu ver as coisas como elas eram, ou seja, pôde
ver o mundo real e, após isso, voltou para libertar os
188 Fonte: Wikimedia Commons demais. Assim, todos puderam conhecer a verdade.
ESCOLA DE FRANKFURT

Ainda na primeira metade do século XX, um con-


junto de sociólogos, filósofos e historiadores, vincula-
dos ao Instituto para Pesquisa Social da Universidade
de Frankfurt, começou a desenvolver e a disseminar
uma corrente de pensamento conhecida como “Teoria
Crítica”. Nomes, como Theodor Adorno, Max Horkhei-
mer, Eric Fromm, Walter Benjamin, Herbert Marcuse
e Jürgen Habermas foram os mais conhecidos entre
os “frankfurtianos”. Embora reconhecida como mar-
xista, a Escola de Frankfurt discordava em diversos
pontos da Teoria Marxista Clássica, além de não estar
vinculada a nenhum projeto revolucionário ou parti-
dário socialista.

Platão

Fonte: Wikimedia Commons

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

Chamamos de Filosofia Contemporânea os pres-


supostos filosóficos desenvolvidos no século XIX até
os dias de hoje. Uma importante característica dos
pensadores dessa corrente é a crítica ao conceito de
modernidade, envolvendo temas que também eram
preocupações da Idade Moderna, como a Razão e
outros próprios da Idade Contemporânea, como o
Capitalismo, o trabalho industrial e o holocausto.
Os nomes mais famosos da Filosofia Contemporâ-
nea são: Horkheimer e Adorno

z Friedrich Nietzsche (1844–1900): o pensador ale- Fonte: Mundo Educação – UOL


mão é um dos mais característicos da contempo-
raneidade, por ter influenciado muitos filósofos e Dos objetos de estudo mais importantes da Esco-
correntes filosóficas importantes do século XX, como la de Frankfurt, destacam-se a cultura e o consumo
o Existencialismo e o Pós-Estruturalismo. Era um crí- de massa. Sobre eles, Adorno e Horkheimer formu-
tico bastante ferrenho do Catolicismo; laram o conceito de “indústria cultural”, o qual esta-
z Martin Heidegger: o filósofo alemão estruturou
belece que os elementos culturais são transformados
uma crítica à técnica e estabeleceu novo modo de
se chegar a um conhecimento mediante uma nova em mercadorias para serem comercializados para
estrutura filosófica. Contudo, teve uma controver- as massas. Ou seja, os grandes grupos, que dominam
sa história, sendo filiado ao Partido Nazista; as mídias, passam a homogeneizar um determinado
z Theodor Adorno: também alemão, o pensador tipo de material cultural, seja a música, a TV, o rádio,
contemporâneo questionou elementos políticos o cinema, entre outros. Então, a cultura de massa
fundamentais da sociedade do século XX e elabo- seria uma mercadoria nas mãos dos proprietários dos
rou uma crítica ao Iluminismo; meios de comunicação. Essa massificação da cultura é
z Jean-Paul Sartre: um dos principais teóricos do avessa ao pensamento crítico e autônomo. Com isso,
existencialismo, questionando o modo como o ser
o lazer passa a ser um prolongamento da alienação já
humano encarava a existência;
existente no trabalho.
z Simone de Beauvoir: filósofa existencialista e
feminista, responsável pela elaboração das pri- Vale o destaque para o fato de que a Escola de
meiras teorias feministas do século XX, baseada no Frankfurt se situou, historicamente, no contexto da
que ela chamou de Condição Feminina; ascensão do Nazismo, tanto que seus pensadores tive-
z Hannah Arendt: judia alemã, perseguida pelos ram que se exilar e a Escola só foi plenamente recons-
nazistas, falou sobre a condição humana em meio tituída em seu local de origem em 1950.
aos conflitos globais e estudou profundamente o O Nazismo e o Holocausto também foram obje-
Totalitarismo;
FILOSOFIA

to de análise desses pesquisadores, que procuraram


z Michel Foucault: estudou os novos parâmetros se atentar para as forças culturais de negação da
da convivência humana e da sociedade por meio
modernidade, que possibilitaram o ultranacionalis-
da visão biopolítica, que são políticas públicas
que tratam da gestão e do controle tanto da vida mo romântico na Alemanha. Já na década de 1990, o
quanto da morte. Com a elaboração do conceito de frankfurtiano Jürgen Habermas envolveu-se em um
biopoder, procurou desvendar como as leis e as episódio conhecido como “querela dos historiadores”,
instituições eram internalizadas e individualiza- quando acusou vários pesquisadores de estarem rela-
das pelos sujeitos. tivizando o terror do Holocausto. 189
FILOSOFIA MEDIEVAL

Na Idade Média, ocorreu uma intensa mistura


entre o conhecimento clássico e as crenças religiosas,
especialmente judaico-cristãs. Os filósofos medievais
usaram argumentações racionais, inspiradas nas con-
tribuições dos gregos, para justificar as chamadas ver-
dades reveladas pela religião, tais como a existência
de Deus, a imortalidade da alma etc.
Santo Agostinho, no século V, inspirado nas ideias
de Platão, defendia que os homens deveriam ver além
da “cidade dos homens” (aparências) e sinalizava a
necessidade de se alcançar a “cidade de Deus”.
Outro nome da filosofia medieval foi São Tomás
de Aquino, na Baixa Idade Média. Influenciado pelas
obras resgatadas por bizantinos e islâmicos sobre Aris-
tóteles, ele articulou a Lógica Aristotélica com a com- São Tomás de Aquino
provação racional da existência divina. O Tomismo ou
Fonte: Wikimedia Commons
Escolástica, como ficou conhecida essa filosofia, ampa-
ra-se na ideia de que tudo que existe obedece a leis e
IDEALISMO ALEMÃO E IMMANUEL KANT
causas. Contudo, nem todas as leis e causas são conhe-
cidas pelas criaturas e somente Deus conhece tudo. O idealismo alemão foi formado em um contexto
de produção dos filósofos alemães a partir das obras
z Patrística: a Filosofia Patrística foi desenvolvida de Immanuel Kant, não à toa, o movimento também
a partir do século IV e permaneceu até o século é chamado de Pós-Kantismo. Os nomes mais famosos,
VIII. Recebeu esse nome, porque os textos desen- além de Kant, são Johan Fichte, Friedrich Schelling e
volvidos no período foram escritos pelos chama- George Wilhelm Friedrich Hegel.
dos “Padres da Igreja” (Pater, “pai”, em latim). Para Kant, as ideias e a realidade coexistiam para
Com destaque para Santo Agostinho de Hipona, a busca de conhecimento. Segundo ele, as ideias orien-
que defendia a superioridade da alma humana e a tam o que recebemos a partir das experiências práti-
supremacia do espírito sobre o corpo. cas. Outro ponto fundamental de seu pensamento é a
relação entre sujeito observador e objeto conhecido, na
qual podemos conhecer o mundo de diferentes manei-
ras, já que a experiência perceptível pode mudar de
uma pessoa para outra. O uso da razão sobre a maté-
ria serviria, então, para afirmarmos um conhecimento
mais sólido. Segundo a sua “teoria dos juízos”, dividi-
mos os saberes em juízos analíticos (uma característica
que é inseparável do sujeito, como dizer que “todo leite
é branco” por exemplo) e juízos sintéticos (uma carac-
terística que é particular daquele sujeito, como dizer
“aquela casa é branca” por exemplo).

Santo Agostinho

Fonte: Brasil Escola – UOL

z Escolástica: baseada na Filosofia Aristotélica,


desenvolveu-se entre os séculos IX e XVI. Surgiu
com o intuito de refletir sobre a existência de Deus,
da alma humana e da imortalidade, justificando
a fé a partir da razão. Destacou-se São Tomás de Immanuel Kant
Aquino, que estabeleceu os princípios para provar
190 a existência de Deus. Fonte: Wikimedia Commons
O outro nome mais relevante do Idealismo alemão z Adam Smith (1723–1790): crítico do mercantilis-
é Hegel (1770–1831). Ele empregava a ideia de espírito mo, foi um dos precursores do Liberalismo econô-
subjetivo, que seria a mentalidade do sujeito, e de espí- mico, defendendo uma economia com liberdade
rito objetivo, que seria a manifestação da coletividade, de oferta e procura;
como a moralidade ou o direito. Para incorporar uma z Immanuel Kant (1724–1804): defendia que o
determinada ideia ou realidade, Hegel utilizou o movi- conhecimento era resultante da sensibilidade e do
mento dialético, em que uma ideia (tese) analisada entendimento, sendo o nome que deu origem ao
junto a uma ideia oposta (antítese), não seria anulada, Idealismo alemão. Sua teoria dos juízos divide-se
em juízos analíticos e juízos sintéticos, conforme
mas daria lugar a uma nova ideia que iria incorporar
vimos anteriormente.
elementos das duas ideias anteriores (síntese).

ANOTAÇÕES

Hegel

Fonte: Wikimedia Commons

ILUMINISMO

Mais próximo do século XVIII, o Iluminismo, cor-


rente que valoriza a razão e a busca pelo conhecimento
por meio da ciência, vai influenciar novos pensamen-
tos e teorias, com destaque para Kant, Hegel, Montes-
quieu e Rousseau.
No século XVIII, a filosofia das luzes incorporou o
Racionalismo e o Empirismo com temas políticos, pois
questionava o Absolutismo Monárquico e o dogmatis-
mo que limitava o saber científico.
Foi durante a Filosofia Setecentista (Iluminismo),
que houve o desenvolvimento da Filosofia Kantiana.
Kant considerou os limites do conhecimento por meio
de certezas racionais do chamado “imperativo categó-
rico” que são colocados à prova pelas experiências.
Os principais iluministas foram:

z Montesquieu (1689–1755): defensor da democra-


cia, crítico do Absolutismo e do Catolicismo. Na
obra “O Espírito das Leis”, defendeu a divisão do
Estado em três Poderes (Executivo, Legislativo e
Judiciário);
z Voltaire (1694–1778): defendia uma monarquia
governada por um soberano esclarecido, liberda-
de individual e de pensamento, além de crítico à
FILOSOFIA

intolerância religiosa;
z Denis Diderot (1713–1784): ao lado de D’Alam-
bert, foi responsável pela Enciclopédia, que reunia
os conhecimentos de diversas áreas;
z Jean-Jacques Rousseau (1712–1778): defensor da
liberdade e crítico do Racionalismo, investigou ins-
tituições sociais e políticas, em especial, a proprie-
dade, a desigualdade e a educação; 191
192
Hora de Praticar
Entretanto, o aumento da participação dos países em
HORA DE PRATICAR desenvolvimento no produto global deu-se de forma
bastante assimétrica quando se compara o dinamis-
mo dos países do leste asiático com o dos demais
países, sobretudo os latino-americanos, no período
GEOGRAFIA 1980-2000.
SARTI, F.; HIRATUKA, C. Indústria mundial: mudanças e tendências
1. (ENEM – 2019) recentes. Campinas: Unicamp, n. 186, dez. 2010.

Brasil, Alemanha, Japão e Índia pedem reforma do A dinâmica de transformação da geografia das indús-
Conselho de Segurança trias descrita expõe a complementaridade entre dis-
persão espacial e
Os representantes do G4 (Brasil, Alemanha, Índia e
Japão) reiteraram, em setembro de 2018, a defesa a) autonomia tecnológica
pela ampliação do Conselho de Segurança da Organi- b) crises de abastecimento.
zação das Nações Unidas (ONU) durante reunião em c) descentralização política.
Nova York (Estados Unidos). Em declaração conjunta, d) concentração econômica.
de dez itens, os chanceleres destacaram que o órgão, e) compartilhamento de lucros.
no formato em que está, com apenas cinco membros
permanentes e dez rotativos, não reflete o século 4. (ENEM – 2019) O Ministério do Trabalho e Empre-
21. “A reforma do Conselho de Segurança é essen- go (MTE) realizou 248 ações fiscais e resgatou um
cial para enfrentar os desafios complexos de hoje. total de 1 590 trabalhadores da situação análoga à
Como aspirantes a novos membros permanentes de de escravo, em 2014, em todo o país. A análise do
um conselho reformado, os ministros reiteraram seu enfrentamento do trabalho em condições análogas
compromisso de trabalhar para fortalecer o funcio- às de escravo materializa a efetivação de parcerias
namento da ONU e da ordem multilateral global, bem inéditas no trato da (ENEM – 2019), podendo ser refe-
como seu apoio às respectivas candidaturas”, afirma renciadas ações fiscais realizadas com o Ministério
a declaração conjunta. da Defesa, Exército Brasileiro, Instituto Brasileiro do
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br. Acesso em: 7 dez. Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
2018 (adaptado). (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio).
Os países mencionados no texto justificam sua pre-
Disponível em:http://portal.mte.gov.br. Acesso em: 4 fev. 2015
tensão com base na seguinte característica comum: (adaptado).

a) Extensividade de área territorial. A estratégia defendida no texto para reduzir o proble-


b) Protagonismo em escala regional. ma social apontado consiste em:
c) Investimento em tecnologia militar.
d) Desenvolvimento de energia nuclear. a) Articular os órgãos públicos.
e) Disponibilidade de recursos minerais b) Pressionar o Poder Legislativo.
c) Ampliar a emissão das multas.
2. (ENEM – 2019) Saudado por centenas de militantes
d) Limitar a autonomia das empresas.
de movimentos sociais de quarenta países, o papa
e) Financiar as pesquisas acadêmicas
Francisco encerrou no dia 09/07/2015 o 2º Encontro
Mundial dos Movimentos Populares, em Santa Cruz
5. (ENEM – 2019)
de La Sierra, na Bolívia. Segundo ele, a “globalização
da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os
pobres, deve substituir esta globalização da exclusão
e da indiferença”.
Disponível em: http://cartamaior.com.br. Acesso em: 15 jul. 2015
(adaptado).

No texto há uma crítica ao seguinte aspecto do mun-


do globalizado:
CIÊNCIAS HUMANAS

a) Liberdade política.
b) Mobilidade humana. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 11 dez. 2018
c) Conectividade cultural. (adaptado).
d) Disparidade econômica.
e) Complementaridade comercial. A geração de imagens por meio da tecnologia ilustra-
da depende da variação do(a):
3. (ENEM – 2019) A reestruturação global da indústria,
condicionada pelas estratégias de gestão global da a) Albedo dos corpos físicos.
cadeia de valor dos grandes grupos transnacionais, b) Profundidade do lençol freático.
promoveu um forte deslocamento do processo pro- c) Campo de magnetismo terrestre.
dutivo, até mesmo de plantas industriais inteiras, e d) Qualidade dos recursos minerais.
redirecionou os fluxos de produção e de investimento. e) Movimento de translação planetária. 195
6. (ENEM – 2020) As estatísticas mais recentes do Brasil c) jazidas de minerais metálicos.
rural revelam um paradoxo que interessa a toda socie- d) depósitos de calcário agrícola.
dade: o emprego de natureza agrícola definha em pra- e) reservas de combustível fóssil.
ticamente todo o país, mas a população residente no
campo voltou a crescer; ou pelo menos parou de cair. 9. (ENEM – 2020)
Esses sinais trocados sugerem que a dinâmica agrí-
cola, embora fundamental, já não determina sozinha
os rumos da demografia no campo. Esse novo cená-
rio é explicado em parte pelo incremento do emprego
não agrícola no campo. Ao mesmo tempo, aumentou
a massa de desempregados, inativos e aposentados
que mantêm residência rural.
SILVA, J. G. Velhos e novos mitos do rural brasileiro. Estudos
Avançados, n. 43, dez. 2001.

Sobre o espaço brasileiro, o texto apresenta argu-


mentos que refletem a

a) heterogeneidade do modo de vida agrário.


b) redução do fluxo populacional nas cidades.
c) correlação entre força de trabalho emigração sazonal.
d) indissociabilidade entre local de moradia e acesso à
renda.
e) desregulamentação das propriedades nas zonas de
fronteira.

7. (ENEM – 2020) “Devo estar chegando perto do centro


da Terra. Deixe ver: deve ter sido mais de seis mil qui-
lômetros, por aí...” (como se vê, Alice tinha aprendido
uma porção de coisas desse tipo na escola, e embo- O conjunto representado pelo agronegócio demanda
ra essa não fosse uma oportunidade lá muito boa de condições específicas que passam a ser exigidas dos
demonstrar conhecimentos, já que não havia nin- territórios. Como há uma elevação da formação de
guém por perto para escutá-la, em todo caso era bom fluxos, materiais e imateriais, a crescente articulação
praticar um pouco) “... sim, deve ser mais ou menos com as escalas que vão do local ao global terminam
essa a distância... mas então qual seria a latitude ou por pressionar o Estado a agir visando uma instala-
longitude em que estou?” (Alice não tinha a menor ção no território de fixos diversos, bem como de uma
ideia do que fosse latitude ou longitude, mas achou regulação específica.
que eram palavras muito imponentes).
LIMA, R. C.; PENNA, N. A. A logística de transportes do agronegócio
CARROLL, L. Aventuras de Alice: no País das Maravilhas, Através do em Mato Grosso (Brasil). Confins, n. 26, fev. 2016.
espelho e outros textos. São Paulo: Summus, 1980.

O mapa e o texto se complementam indicando que a


O texto descreve uma confusão da personagem em
expansão das rodovias se deu como resposta ao(à)
relação
a) alteração da matriz econômica.
a) ao tipo de projeção cartográfica.
b) substituição do modal hidroviário.
b) aos contornos dos fusos horários.
c) retração do contingente demográfico.
c) à localização do norte magnético.
d) projeção do escoamento produtivo.
d) aos referenciais de posição relativa.
e) às distorções das formas continentais. e) estagnação de lavouras policultoras.

8. (ENEM – 2020) Escudos antigos ou maciços cristalinos 10. (ENEM – 2020) A colisão entre uma placa continental
são blocos imensos de rochas antigas. Estes escudos e uma oceânica provocará a subducção desta última
são constituídos por rochas cristalinas (magmático- sob a placa continental, que, a exemplo dos arcos e
plutônicas), formadas em eras pré-cambrianas, ou ilhas, produzirá um arco magmático na borda do con-
por rochas metamórficas (material sedimentar) do tinente, composto por rochas vulcânicas acompanha-
Paleozoico. São resistentes, estáveis, porém bastante do de deformações e metamorfismo tanto de rochas
desgastadas. Correspondem a 36% da área territorial preexistentes como de parte das rochas formadas no
e dividem-se em duas grandes porções: o Escudo das processo.
Guianas (norte da Planície Amazônica) e o Escudo TEIXEIRA, W. et al. (Org.). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de
Brasileiro (porção centro-oriental brasileira). Textos, 2000.
Disponível em: http://ambientes.ambientebrasil.com.br. Acesso em:
25 jun. 2015. Qual feição fisiográfica é gerada pelo processo tectô-
nico apresentado?
As estruturas geológicas indicadas no texto são
importantes economicamente para o Brasil por a) Planícies abissais.
concentrarem b) Planaltos cristalinos.
c) Depressões absolutas.
a) fontes de águas termais. d) Bacias sedimentares.
196 b) afloramentos de sal-gema. e) Dobramentos modernos.
As práticas descritas no texto são incompatíveis com
HISTÓRIA a dinâmica de uma sociedade laica e democrática
porque
11. (ENEM – 2019) O processamento da mandioca era
uma atividade já realizada pelos nativos que viviam a) asseguram as expressões multiculturais.
no Brasil antes da chegada de portugueses e africa- b) promovem a diversidade de etnias.
nos. Entretanto, ao longo do processo de colonização c) falseiam os dogmas teológicos.
portuguesa, a produção de farinha foi aperfeiçoada e d) estimulam os rituais sincréticos.
ampliada, tornando-se lugar-comum em todo o terri- e) restringem a liberdade de credo
tório da colônia portuguesa na América. Com a con-
solidação do comércio atlântico em suas diferentes 14. (ENEM – 2019) Entre os combatentes estava a mais
conexões, a farinha atravessou os mares e chegou famosa heroína da Independência. Nascida em Feira
de Santana, filha de lavradores pobres, Maria Quitéria
aos mercados africanos.
de Jesus tinha trinta anos quando a Bahia começou
BEZERRA, N. R. Escravidão, farinha e tráfico atlântico: um novo
a pegar em armas contra os portugueses. Apesar da
olhar sobre as relações entre o Rio de Janeiro e Benguela (1790-
1830). Disponível em:www.bn.br. Acesso em: 20 ago. 2014
proibição de mulheres nos batalhões de voluntários,
(adaptado). decidiu se alistar às escondidas. Cortou os cabelos,
amarrou os seios, vestiu-se de homem e incorpo-
Considerando a formação do espaço atlântico, esse rou-se às fileiras brasileiras com o nome de Soldado
produto exemplifica historicamente a Medeiros.
GOMES, L. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
a) difusão de hábitos alimentares.
b) disseminação de rituais festivos. No processo de Independência do Brasil, o caso men-
c) ampliação dos saberes autóctones. cionado é emblemático porque evidencia a
d) apropriação de costumes guerreiros.
a) rigidez hierárquica da estrutura social.
e) diversificação de oferendas religiosas.
b) inserção feminina nos ofícios militares.
c) adesão pública dos imigrantes portugueses.
12. (ENEM – 2019) A cidade medieval é, antes de mais
d) flexibilidade administrativa do governo imperial.
nada, uma sociedade da abundância, concentrada
e) receptividade metropolitana aos ideais emancipatórios.
num pequeno espaço em meio a vastas regiões pou-
co povoadas. Em seguida, é um lugar de produção e
15. (ENEM – 2019) A Revolta da Vacina (1904) mostrou
de trocas, onde se articulam o artesanato e o comér- claramente o aspecto defensivo, desorganizado, frag-
cio, sustentados por uma economia monetária. É mentado da ação popular. Não se negava o Estado,
também o centro de um sistema de valores particular, não se reivindicava participação nas decisões polí-
do qual emerge a prática laboriosa e criativa do traba- ticas; defendiam-se valores e direitos considerados
lho, o gosto pelo negócio e pelo dinheiro, a inclinação acima da intervenção do Estado.
para o luxo, o senso da beleza. É ainda um sistema CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República o:
de organização de um espaço fechado com muralhas, Cia. das Letras, 1987 (adaptado).
onde se penetra por portas e se caminha por ruas e
praças e que é guarnecido por torres. A mobilização analisada representou um alerta, na
LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. Dicionário temático do Ocidente medida em que a ação popular questionava
Medieval. Bauru: Edusc, 2006.
a) a alta de preços.
No texto, o espaço descrito se caracteriza pela asso- b) a política clientelista.
ciação entre a ampliação das atividades urbanas e a c) as reformas urbanas.
d) o arbítrio governamental.
a) emancipação do poder hegemônico da realeza. e) as práticas eleitorais.
b) aceitação das práticas usurárias dos religiosos.
c) independência da produção alimentar dos campos. 16. (ENEM – 2020) A arte pré-histórica africana foi incon-
d) superação do ordenamento corporativo dos ofícios. testavelmente um veículo de mensagens pedagó-
e) permanência dos elementos arquitetônicos de gicas e sociais. Os San, que constituem hoje o povo
proteção. mais próximo da realidade das representações rupes-
tres, afirmam que seus antepassados lhes explicaram
sua visão do mundo a partir desse gigantesco livro de
13. (ENEM – 2019) A maior parte das agressões e mani-
CIÊNCIAS HUMANAS

imagens que são as galerias. A educação dos povos


festações discriminatórias contra as religiões de
que desconhecem a escrita está baseada sobretudo
matrizes africanas ocorrem em locais públicos (57%).
na imagem e no som, no audiovisual.
É na rua, na via pública, que tiveram lugar mais de 2/3
KI-ZERBO, J. A arte pré-histórica africana. In: KI-ZERBO, J. (Org.)
das agressões, geralmente em locais próximos às História geral da África, I: metodologia e pré-história da África.
casas de culto dessas religiões. O transporte públi- Brasília: Unesco, 2010.
co também é apontado como um local em que os
adeptos das religiões de matrizes africanas são dis- De acordo com o texto, a arte mencionada é importante
criminados, geralmente quando se encontram para- para os povos que a cultivam por colaborar para o(a)
mentados por conta dos preceitos religiosos.
REGO, L. F.; FONSECA, D. P. R.; GIACOMINI, S. M. Cartografia social a) transmissão dos saberes acumulados.
de terreiros no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2014. b) expansão da propriedade individual. 197
c) ruptura da disciplina hierárquica. 20. (ENEM – 2020)
d) surgimento dos laços familiares.
e) rejeição de práticas exógenas. Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão
– 1789
17. (ENEM – 2020) A reabilitação da biografia históri-
ca integrou as aquisições da história social e cultu- Os representantes do povo francês, tendo em vista
ral, oferecendo aos diferentes atores históricos uma que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos
importância diferenciada, distinta, individual. Mas direitos do homem são as únicas causas dos males
não se tratava mais de fazer, simplesmente, a história públicos e da corrupção dos governos, resolveram
dos grandes nomes, em formato hagiográfico — qua- declarar solenemente os direitos naturais, inaliená-
se uma vida de santo —, sem problemas, nem mácu- veis e sagrados do homem, a fim de que esta declara-
las. Mas de examinar os atores (ou o ator) célebres ou ção, sempre presente em todos os membros do corpo
não, como testemunhas, como reflexos, como revela- social, lhes lembre permanentemente seus direitos
dores de uma época. e seus deveres; a fim de que as reivindicações dos
DEL PRIORE, M. Biografia: quando o indivíduo encontra a história. cidadãos, fundadas em princípios simples e incontes-
Topoi, n. 19, jul.-dez. 2009. táveis, se dirijam sempre à conservação da Constitui-
ção e à felicidade geral.
De acordo com o texto, novos estudos têm valorizado Disponível em: www.direitoshumanosusp.br. Acesso em: 7 jun. 2018
a história do indivíduo por se constituir como possibi- (adaptado).
lidade de
Esse documento, elaborado no contexto da Revolu-
a) adesão ao método positivista. ção Francesa, reflete uma profunda mudança social
b) expressão do papel das elites. ao estabelecer a
c) resgate das narrativas heroicas.
d) acesso ao cotidiano das comunidades. a) manutenção das terras comunais.
e) interpretação das manifestações do divino. b) supressão do poder constituinte.
c) falência da sociedade burguesa.
18. (ENEM – 2020) Com efeito, até a destruição de Car- d) paridade do tratamento jurídico.
tago, o povo e o Senado romano governavam a Repú- e) abolição dos partidos políticos.
blica em harmonia e sem paixão, e não havia entre
os cidadãos luta por glória ou dominação; o medo do
inimigo mantinha a cidade no cumprimento do dever.
Mas, assim que o medo desapareceu dos espíritos, FILOSOFIA
introduziram-se os males pelos quais a prosperidade
tem predileção, isto é, a libertinagem e o orgulho. 21. (ENEM – 2019) Em sentido geral e fundamental,
SALÚSTIO. A conjuração de Catilina/A guerra de Jugurta. Direito é a técnica da coexistência humana, isto é, a
Petrópolis: Vozes, 1990 (adaptado).
técnica voltada a tornar possível a coexistência dos
homens. Como técnica, o Direito se concretiza em um
O acontecimento histórico mencionado no texto de conjunto de regras (que, nesse caso, são leis ou nor-
Salústio, datado de I a.C., manteve correspondência mas); e tais regras têm por objeto o comportamento
com o processo de intersubjetivo, isto é, o comportamento recíproco dos
homens entre si.
a) demarcação de terras públicas. ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes,
b) imposição da escravidão por dívidas. 2007.
c) restrição da cidadania por parentesco.
d) restauração de instituições ancestrais. O sentido geral e fundamental do Direito, conforme foi
e) expansão das fronteiras extrapeninsulares destacado, refere-se à

19. (ENEM – 2020) Porque todos confessamos não se a) aplicação de códigos legais.
poder viver sem alguns escravos, que busquem a b) regulação do convívio social.
lenha e a água, e façam cada dia o pão que se come, c) legitimação de decisões políticas.
e outros serviços que não são possíveis poderem-se d) mediação de conflitos econômicos.
fazer pelos Irmãos Jesuítas, máxime sendo tão pou- e) representação da autoridade constituída.
cos, que seria necessário deixar as confissões e tudo
mais. Parece- me que a Companhia de Jesus deve 22. (ENEM – 2019) De fato, não é porque o homem pode
ter e adquirir escravos, justamente, por meios que as usar a vontade livre para pecar que se deve supor que
Constituições permitem, quando puder para nossos Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão
colégios e casas de meninos. pela qual Deus deu ao homem esta característica,
LEITE, S. História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro. pois sem ela não poderia viver e agir corretamente.
Civilização Brasileira, 1938 (adaptado). Pode-se compreender, então, que ela foi concedida
ao homem para esse fim, considerando-se que se um
O texto explicita premissas da expansão ultramarina homem a usa para pecar, recairão sobre ele as puni-
portuguesa ao buscar justificar a ções divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre
tivesse sido dada ao homem não apenas para agir
a) propagação do ideário cristão. corretamente, mas também para pecar. Na verdade,
b) valorização do trabalho braçal. por que deveria ser punido aquele que usasse sua
c) adoção do cativeiro na Colônia. vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada?
d) adesão ao ascetismo contemplativo. AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de
198 e) alfabetização dos indígenas nas Missões ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sus- No fragmento, Aristóteles promove uma reflexão que
tenta que a punição divina tem como fundamento o(a) associa dois elementos essenciais à discussão sobre
a vida em comunidade, a saber:
a) desvio da postura celibatária.
b) insuficiência da autonomia moral. a) Ética e política, pois conduzem à eudaimonia.
c) afastamento das ações de desapego. b) Retórica e linguagem, pois cuidam dos discursos na
d) distanciamento das práticas de sacrifício. ágora.
e) violação dos preceitos do Velho Testamento. c) Metafísica e ontologia, pois tratam da filosofia
primeira.
23. (ENEM – 2020) Em A morte de Ivan Ilitch, Tolstoi des- d) Democracia e sociedade, pois se referem a relações
creve com detalhes repulsivos o terror de encarar a sociais.
morte iminente. Ilitch adoece depois de um pequeno e) Geração e corrupção, pois abarcam o campo da
acidente e logo compreende que se encaminha para physis.
o fim de modo impossível de parar. “Nas profunde-
zas de seu coração, ele sabia estar morrendo, mas em
vez de se acostumar com a ideia, simplesmente não o
fazia e não conseguia compreendê-la”.
SOCIOLOGIA
KAZEZ, J. O peso das coisas: filosofia para o bem-viver. Rio de
Janeiro: Tinta Negra, 2004.
26. (ENEM – 2019) A Declaração Universal dos Direitos
Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia
O texto descreve a experiência do personagem de Tols-
Geral da ONU na Resolução 217-A, de 10 de dezem-
toi diante de um aspecto incontornável de nossas vidas.
bro de 1948, foi um acontecimento histórico de gran-
Esse aspecto foi um tema central na tradição filosófica
de relevância. Ao afirmar, pela primeira vez em escala
planetária, o papel dos direitos humanos na convivên-
a) marxista, no contexto do materialismo histórico.
cia coletiva, pode ser considerada um evento inaugu-
b) logicista, no propósito de entendimento dos fatos.
ral de uma nova concepção de vida internacional.
c) utilitarista, no sentido da racionalidade das ações.
LAFER, C. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). In:
d) pós-modernista, na discussão da fluidez das relações. MAGNOLI, D. (Org.). História da paz. São Paulo: Contexto,2008.
e) existencialista, na questão do reconhecimento de si.
A declaração citada no texto introduziu uma nova
24. (ENEM – 2020) concepção nas relações internacionais ao possibilitar
a
TEXTO I
a) superação da soberania estatal.
Os meus pensamentos são todos sensações. b) defesa dos grupos vulneráveis.
Penso com os olhos e com os ouvidos c) redução da truculência belicista.
E com as mãos e os pés d) impunidade dos atos criminosos.
E com o nariz e a boca. e) inibição dos choques civilizacionais.
PESSOA, F. O guardador de rebanhos – IX. In: GALHOZ, M. A. (Org.).
Obras poéticas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999(fragmento).
27. (ENEM – 2019) No sistema capitalista, as muitas
manifestações de crise criam condições que forçam
TEXTO II a algum tipo de racionalização. Em geral, essas cri-
ses periódicas têm o efeito de expandir a capacidade
Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu produtiva e de renovar as condições de acumulação.
o sei a partir de uma visão minha ou de uma experiên- Podemos conceber cada crise como uma mudança
cia do mundo sem a qual os símbolos da ciência não do processo de acumulação para um nível novo e
poderiam dizer nada. superior.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo:
Martins Fontes, 1999 (adaptado). Annablume, 2005 (adaptado).

Os textos mostram-se alinhados a um entendimento A condição para a inclusão dos trabalhadores no


acerca da ideia de conhecimento, numa perspectiva novo processo produtivo descrito no texto é a
que ampara a
a) associação sindical.
a) anterioridade da razão no domínio cognitivo. b) participação eleitoral.
b) confirmação da existência de saberes inatos. c) migração internacional.
c) valorização do corpo na apreensão da realidade. d) qualificação profissional.
d) verificabilidade de proposições no campo da lógica.
CIÊNCIAS HUMANAS

e) regulamentação funcional.
e) possibilidade de contemplação de verdades
atemporais. 28. (ENEM – 2020) Nas últimas décadas, uma acentuada
feminização no mundo do trabalho vem ocorrendo. Se
25. (ENEM – 2020) Vemos que toda cidade é uma espé- a participação masculina pouco cresceu no período
cie de comunidade, e toda comunidade se forma com pós-1970, a intensificação da inserção das mulheres
vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os foi o traço marcante. Entretanto, essa presença femi-
homens são praticadas com vistas ao que lhe parece nina se dá mais no espaço dos empregos precários,
um bem; se todas as comunidades visam algum bem, onde a exploração, em grande medida, se encontra
é evidente que a mais importante de todas elas e que mais acentuada.
inclui todas as outras tem mais que todas este objeti- NOGUEIRA, C. M. As trabalhadoras do telemarketing: uma nova
vo e visa ao mais importante de todos os bens. divisão sexual do trabalho? In: ANTUNES, R. et al. Infoproletários:
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB,1988. degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009. 199
A transformação descrita no texto tem sido insufi- 9 GABARITO
ciente para o estabelecimento de uma condição de
igualdade de oportunidade em virtude da(s)
1 B
a) estagnação de direitos adquiridos e do anacronismo
2 D
da legislação vigente.
b) manutenção do status quo gerencial e dos padrões de 3 D
socialização familiar.
c) desestruturação da herança patriarcal e das mudan- 4 A
ças do perfil ocupacional.
5 A
d) disputas na composição sindical e da presença na
esfera político-partidária. 6 A
e) exigências de aperfeiçoamento profissional e de
habilidades na competência diretiva. 7 D

8 C
29. (ENEM – 2020) Desde o mundo antigo e sua filosofia,
que o trabalho tem sido compreendido como expres- 9 D
são de vida e degradação, criação e infelicidade, ati-
vidade vital e escravidão, felicidade social e servidão. 10 E
Trabalho e fadiga. Na Modernidade, sob o comando
11 A
do mundo da mercadoria e do dinheiro, a prevalên-
cia do negócio (negar o ócio) veio sepultar o império 12 E
do repouso, da folga e da preguiça, criando uma ética
positiva do trabalho. 13 E
ANTUNES, R. O século XX e a era da degradação do trabalho. In:
14 A
SILVA, J. P. (Org.). Por uma sociologia do século XX. São Paulo:
Annablume, 2007 (adaptado).
15 D
O processo de ressignificação do trabalho nas socie- 16 A
dades modernas teve início a partir do surgimento de
uma nova mentalidade, influenciada pela 17 D

18 E
a) reforma higienista, que combateu o caráter excessivo
e insalubre do trabalho fabril. 19 C
b) Reforma Protestante, que expressou a importância
das atividades laborais no mundo secularizado. 20 D
c) força do sindicalismo, que emergiu no esteio do anar- 21 B
quismo reivindicando direitos trabalhistas.
d) participação das mulheres em movimentos sociais, 22 B
defendendo o direito ao trabalho.
e) visão do catolicismo, que, desde a Idade Média, 23 E
defendia a dignidade do trabalho e do lucro. 24 C
30. (ENEM – 2020) O toyotismo, a partir dos anos 1970, 25 A
teve grande impacto no mundo ocidental, quando
se mostrou para os países avançados como uma 26 B
opção possível para a superação de uma crise de 27 D
acumulação.
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a 28 B
negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009 (adaptado).
29 B
A característica organizacional do modelo em ques- 30 C
tão, requerida no contexto de crise, foi o(a)

a) expansão dos grandes estoques.


b) incremento da fabricação em massa.
c) adequação da produção à demanda.
d) aumento da mecanização do trabalho.
e) centralização das etapas de planejamento

200
CIÊNCIAS DA NATUREZA
e Suas Tecnologias
REPRESENTAÇÃO EM NOTAÇÃO
NÚMERO
CIENTÍFICA

250000 2,5 ‧ 105

FÍSICA 3000000 3,0 ‧ 106

354000000 3,54 ‧ 108

INTRODUÇÃO À FÍSICA A convenção é que se separe com vírgula antes do


último número diferente de zero à esquerda.
CONCEITOS BÁSICOS E FUNDAMENTAIS Sendo uma notação científica qualquer: X ‧ 10b,
tem-se:
A Física é o ramo das Ciências Exatas que visa o X: fator,
entendimento de inúmeros fenômenos naturais. 10: base e
Assuntos como: estática, movimento, óptica, termolo- b: expoente.
gia, eletricidade, magnetismo e Física moderna serão Com a notação científica, pode-se efetuar as ope-
abordados nesse material. rações de: soma, subtração, multiplicação, divisão e
Agora, atentaremos aos diversos estudos relacio- exponenciação. Então:
nados à introdução da Física como: notação científi-
ca, ordem de grandeza, gráficos, sistema de medidas, z Soma: conserva-se a base e o expoente, e depois,
tipos de grandezas e operações com vetores. O primei- soma-se os fatores.
ro capítulo é essencial para o bom entendimento das
próximas seções. 2,0 ‧ 103 +3,0 ‧ 103 = 5,0 ‧ 103
A linguagem desse conteúdo visa o aprendizado
objetivo de cada tema, explorando os tópicos mais
Observa-se que, nesse caso, os expoentes necessi-
importantes dentro de cada subárea da Física. Tabe-
tam ser iguais.
las, ilustrações, diagramas e resoluções de exemplos
serão sempre abordados de forma clara, para que a
z Subtração: conserva-se a base e o expoente, e
finalidade desse material seja alcançada. Sem delon-
depois, subtrai-se os fatores.
gas, vamos aos conteúdos!
8,0 ‧ 105 – 2,0 ‧ 105 = 6,0 ‧ 105
NOTAÇÃO CIENTÍFICA
Observa-se que, nesse caso, os expoentes necessi-
No imenso campo da Física, a observação de núme-
tam ser iguais.
ros muito grandes, como por exemplo a massa do Sol
(cerca de 150000000 km), e números muito pequenos, z Multiplicação: multiplica-se os fatores e soma-se
como por exemplo a carga elementar de um átomo os expoentes.
(cerca de 0,00000000000000000016 C), é algo corri-
queiro. Para que ocorra a simplificação desses tipos 2,0 ‧ 10² x 3,0 ‧ 104 = 6,0 ‧ 108
de números, surgiu a “notação científica”, que trans-
forma cada número (grande ou pequeno) em um múl- z Divisão: divide-se os fatores e subtrai-se os
tiplo ou submúltiplo de potências de base 10. Vamos expoentes.
analisar cada caso: z Exponenciação: eleva-se o fator e multiplica-se o
expoente.
z Se o número for pequeno: desloca-se a vírgula da
esquerda para a direita, somando-se uma unidade (3,0 ‧ 102)3 = 9,0 ‧ 106
(negativa) no expoente da base 10 para cada casa
deslocada. Veja o exemplo abaixo: ORDEM DE GRANDEZA

REPRESENTAÇÃO EM NOTAÇÃO Utiliza dos preceitos de notação científica para


NÚMERO estimar a potência de base 10 que mais se aproxima
CIENTÍFICA
do valor desejado.
0,001 1,0 ‧ 10-3 Por exemplo:
2,3 ‧ 10³ possui ordem de grandeza igual a 10³ (10 ‧
0,0000025 2,5 ‧ 10-6 10 ‧ 10 = 1000), já que é a potência que mais se aproxi-
ma de 2,3 ‧ 103 = 2,3 ‧ 10 ‧ 10 ‧ 10 = 2300.
0,788 7,8 ‧ 10-1 Conclui-se que, nesse caso, 102 (10 ‧ 10 = 100) se
localiza muito abaixo do valor estimado e 104 (10 ‧ 10
‧ 10 ‧ 10 = 10000) muito acima do valor estimado, tor-
A convenção é que se separe com vírgula após o nando 103 (10 ‧ 10 ‧ 10 = 1000) o valor mais apropriado.
FÍSICA

primeiro número diferente de zero à direita. Regras para a ordem de grandeza:


Sendo X ‧ 10b e √10 = 3,16, então:
z Se o número for grande: desloca-se a vírgula da Se X < √10, ou seja, X < 3,16 (lê-se “menor”), então a
direita para a esquerda, somando-se uma unidade ordem de grandeza será 10b.
(positiva) no expoente da base 10 para cada casa Se X ≥ √10, ou seja, X ≥ 3,16, (lê-se maior e igual)
deslocada. Como no exemplo abaixo: então a ordem de grandeza será 10b + 1. 203
Vamos aos exemplos:
GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO
z 1,7.10 possui ordem de grandeza 10 , pois 1,7 é
8 8
Metro por segundo
menor que 3,16. Aceleração m/s²
ao quadrado
z 4,5.106 possui ordem de grandeza igual a 106+1 = 107,
pois 4,5 é maior que 3,16. Força Newton N

Pressão Pascal Pa = N/m²


Observações e mensurações: Representação de
grandezas físicas como grandezas mensuráveis Quilograma por
Densidade Kg/m³
metro cúbico
Grande parte das coisas que existem podem ser
medidas, como por exemplo: seu tamanho, o intervalo Energia Joule J = N.m
de tempo, a distância da sua casa até a rua, o volume
de uma caixa de leite, a potência ou a velocidade de Potência Watts W = j/s
um automóvel, a temperatura que está nesse exato
momento, etc. Dá-se o nome de grandeza a tudo que Dentro de uma unidade pode haver diversas con-
pode ser medido.
Em contrapartida, existem características que não versões, tais como:
podem ser medidas, como por exemplo o amor, a sau-
dade, a esperança, etc. „ Unidades de comprimento: de centímetro
A Física em si se preocupa com o estudo das gran- para metro, de quilômetro para centímetro etc.
dezas mensuráveis, ou seja, aquelas que se consegue „ Unidades de área: de metro quadrado para
medir e comparar com outras grandezas. centímetro quadrado, de milímetros quadra-
dos para metros quadrados etc.
SISTEMA DE UNIDADES „ Unidades de velocidade: de quilômetros por
hora para metros por segundo etc.
Como uma grandeza está relacionada com algo
que pode ser medido e comparado, surge a necessida- Segue abaixo um resumo com as conversões mais
de de unidades de comparação, ou seja, unidades de
utilizadas nas provas de concursos públicos:
medidas. Sabe-se que 2 m (metros) é maior que 1 m
(metro), pois existe uma unidade de medida chamada
“metro” que é utilizada para fazer essa comparação. UNIDADES DE
UNIDADES DE SUPERFICIE
Sabe-se que um carro a 100 km/h está mais rápido que COMPRIMENTO
um carro a 20 km/h, pois existe uma unidade de medi-
da que é chamada de “quilômetros por hora – km/h”,
que é capaz de dar o auxílio para essa comparação. multiplica-se por 10 multiplica-se por 102
Com isso, surge a necessidade de estabelecer
padrões de unidades para serem usadas em qualquer Km hm dam m dm cm mm Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
lugar do planeta, e a partir disso surge as unidades
fundamentais e derivadas do sistema internacional
de medidas (SI). As tabelas que demonstram esse sis- divide-se por 10 divide-se por 102
tema estão anexadas logo abaixo:
UNIDADES DE VOLUME UNIDADE DE
Grandezas fundamentais do SI OU CAPACIDADE VELOCIDADE

GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO x 3,6


multiplica-se por 103
Comprimento Metro m

Massa Quilograma kg Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3 m/s Km/h

Tempo Segundos s
divide-se por 103 ÷ 3,6
Corrente
Ampere A
elétrica

Temperatura Kelvin K Observa-se, também, algumas outras conversões


que todo estudante de concurso público deve ficar
Quantidade de matéria Mol mol
atento:
Intensidade luminosa Candela cd
Outras conversões importantes

Grandezas derivadas do SI
GRANDEZA EQUIVALÊNCIA

GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO 1 minuto 60 segundos

Área Metro quadrado m² 1 hora 3600 segundos

Volume Metro cúbico m³ 1 dia 24h = 86.400 segundos

Velocidade Metro por segundo m/s 1 m³ 1000 litros


204
Agora, perceba que dentro desse tema surgem
GRANDEZA EQUIVALÊNCIA duas subdivisões:
1 dm³ 1 litro
z Grandezas escalares: São grandezas que são sufi-
1 cm³ 1 ml cientemente representadas por valores numéri-
cos, sem a preocupação com a direção ou sentido.
1 kg 1000 g
Exemplos: tempo, temperatura, volume, massa,
etc.
A única forma de aprender sobre unidades de z Grandezas vetoriais: São grandezas que além de
medidas e suas conversões é praticando (e não, um valor (também chamado de módulo), necessi-
decorando). tam de uma direção (horizontal, vertical, diagonal)
É importante saber que, além das conversões vis- e um sentido (da esquerda para direita, da direi-
tas até agora, há também múltiplos e submúltiplos ta para esquerda, de cima para baixo ou de baixo
(também chamados de prefixos) que, às vezes, são uti- para cima). Com isso, utiliza-se setas (vetores) para
lizados junto das unidades de medidas. representar esse tipo de grandeza. Exemplos: for-
ça, aceleração, velocidade, campo elétrico, deslo-
Principais Múltiplos e submúltiplos camento, impulso, momento linear, etc.

NOME SÍMBOLO VALOR OPERAÇÕES BÁSICAS COM VETORES

Tera T 1012 Composição e Decomposição de Vetores


Giga G 109
Mega M 106 Vetores são “setas” que são orientadas em direção
e sentido.
Quilo K 10 3
Para entender melhor, observe a representação
Mili m 10-3 abaixo:
Micro μ 10-6
Nano n 10-9

Exemplos:

z 10 Kg = 10 ‧ 103g, ou seja, 10 kg (Quilogramas) equi-


vale a 10 ‧ 103g (gramas), já que foi usado o múlti-
plo quilo (K = 10³).
z 2 MPa = 2,0 ‧ 106Pa (uso do prefixo Mega)
z 6 Kbytes = 6,0 ‧ 103bytes (uso do prefixo Quilo) Com eles, pode-se aplicar operações básicas, como:
z 9 nC = 9,0 ‧ 10-9C (uso do prefixo Nano) soma, subtração, multiplicação por um escalar e
decomposição. Observe cada caso abaixo e veja que
VETORES os resultados não possuem unidades de medida, pois
não estão sendo aplicados em contextos específicos:
O vetor é uma figura representada por uma seta. A
seta leva consigo a intensidade (também chamada de Soma de vetores paralelos
módulo) do objeto que ela representa, assim como sua
direção e sentido. Quando se fala de velocidade, por A soma de vetores paralelos ocorre quando os
exemplo, necessita-se estabelecer seu valor (intensidade vetores se encontram em uma mesma direção (hori-
ou módulo), sua direção (vertical, horizontal ou diago- zontal, vertical ou diagonal) e em um mesmo sentido,
nal) e seu sentido (da esquerda para direita, da direita ou seja, a ponta da seta aponta para a mesma posição.
para a esquerda, de baixo para cima ou de cima para Nesse caso, o vetor resultante (R) é a soma numéri-
baixo) – uma seta representa essas três características. ca do valor de cada vetor. Observe a representação
Observe a imagem abaixo: abaixo:

Subtração de vetores paralelos


FÍSICA

CONCEITUAÇÃO DE GRANDEZAS ESCALARES E A subtração de vetores paralelos ocorre quando os


VETORIAIS vetores se encontram em uma mesma direção (hori-
zontal, vertical ou diagonal) e em um sentido oposto,
Grandezas relacionam-se a tudo que pode ser ou seja, a ponta da seta aponta para posições opostas.
medido, como por exemplo: a velocidade, o tempo, a Nesse caso, o vetor resultante (R) é a subtração numé-
temperatura, a força, a pressão, a densidade, etc. rica do valor de cada vetor. 205
A função das barras laterais (módulo) é transfor- Soma de vetores pelo método poligonal
mar o número em positivo, se o resultado final for
negativo. Isso acontece, pois o interesse é no valor Com esse método, pode-se somar mais de dois
final do vetor, e não em seu sinal. Observe a represen- vetores de uma única vez. Para isso, une-se um vetor
tação abaixo: pela origem e o outro pela extremidade (ponta). Esses
passos serão realizados com todos os vetores disponí-
veis para a soma, sendo que o espaço que sobrar no
desenho, será o vetor resultante da operação. Observe
a representação a seguir:

Multiplicação de vetores por um escalar

Se um vetor for multiplicado por um escalar


(número qualquer), seu valor será alterado na pro-
porção da multiplicação. Multiplicando por dois, seu
tamanho dobra; por três, seu tamanho triplica, e assim
sucessivamente. Observe a representação abaixo:

Soma de vetores perpendiculares

Vetores perpendiculares possuem um ângulo de Decomposição de vetores


90º entre eles. A soma é realizada pelo teorema de
Pitágoras. Observe a representação abaixo: Em contextos específicos da Física, vetores na dire-
ção diagonal são difíceis para se trabalhar. Nesse con-
texto, surge o artifício da decomposição de vetores.
Utilizando as relações de seno e cosseno, consegue-
-se a decompor um vetor na diagonal em dois vetores
(um na horizontal e outro vertical). Observe a repre-
sentação a seguir:

Soma de vetores oblíquos

Vetores oblíquos, diferentemente dos perpendicu-


lares, possuem um ângulo qualquer entre eles (exce-
tuando ângulos paralelos e perpendiculares – assuntos
tratados acima). Nesse caso, a soma é realizada pela lei
dos cossenos. Observe a representação a seguir:

CINEMÁTICA
A cinemática é o ramo da mecânica que estuda o
movimento sem levar em consideração a sua origem,
ou seja, as forças que ocasionam esse movimento não
206 são estudadas.
Para iniciar esse conteúdo, precisa-se entender Uma velocidade negativa indica que o objeto está
sobre sistemas referenciais. contrário ao eixo adotado como principal.
Referencial: é utilizado para analisar se um corpo Exemplo: se adotarmos da esquerda para direi-
está parado (repouso) ou em movimento. Para isso, ta como sentido principal, um carro transitando da
compara-se um corpo a outro corpo. direita para esquerda terá uma velocidade negativa.
Exemplo: Portanto, não confunda velocidade negativa (que
Imagine um ônibus em movimento em uma aveni- envolve o eixo adotado), com aceleração negativa
da com todos os passageiros sentados. Pode-se afirmar (que indica que o objeto está diminuindo a velocidade
que dois passageiros estão parados (em repouso) se
– “freando”).
comparados um com o outro, porém, os mesmos passa-
A velocidade média de um objeto é a divisão da
geiros estão em movimento quando comparados a uma
pessoa que está caminhando no passeio desta avenida. distância percorrida pelo tempo gasto nesse trajeto:
Conclui-se que comparar significa estabelecer um
referencial de análise entre dois ou mais corpos. DS
Vm =
DT
O MOVIMENTO, O EQUILÍBRIO E SUAS LEIS FÍSICAS Unidade padrão de velocidade média: m/s
Unidade usual de velocidade média: km/h
Grandezas fundamentais da mecânica: tempo,
espaço, velocidade e aceleração z Aceleração: é a taxa que a velocidade está aumen-
tando ou diminuindo em relação ao tempo. Sua
Quando se fala em movimento, surge a necessida- unidade padrão (e que comumente é utilizada nos
de de entendermos a definição de algumas grandezas: exercícios) é o m/s².

� Tempo: na mecânica clássica, tempo é aquele que Exemplos:


não depende do referencial. É muito utilizado para Um objeto com uma aceleração de 2m/s², aumen-
comparar grandezas em um devido intervalo.
ta a velocidade de 2m/s em 2m/s a cada segundo (daí
o “s²” na unidade de m/s²). Nesse caso, o objeto está
Exemplo: a unidade de velocidade “Km/h” utiliza
“acelerando”.
uma unidade de tempo (hora) para fazer a compara-
Do mesmo modo, um objeto com uma aceleração
ção com a unidade de comprimento “Km”. Um carro
a 100 km/h percorre 100 km a cada unidade de hora de -35m/s², diminui a velocidade de 35m/s em 35m/s
(tempo). Observação: a cada segundo.

UNIDADE DE TEMPO EQUIVALÊNCIA


Se liga!
1 min 60 segundos
� Uma aceleração negativa indica que o obje-
1 hora 3600 segundos
to está diminuindo a velocidade em relação ao
1 dia horas = 86400 segundos tempo (o objeto estará “freando”).
� A aceleração média de um corpo é a divisão
z Variação de espaço e distância percorrida: A da variação da velocidade pelo tempo gasto
variação de espaço se relaciona com a distância de para esse feito:
um ponto tomado como inicial.
DV
Já a distância percorrida leva em conta todo o Am =
DT
caminho percorrido.
Exemplo:
� Unidade padrão de aceleração média: m/s²

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME (MRU)

É o movimento horizontal e em linha reta que não


ocorre a variação da velocidade do objeto (a veloci-
dade se mantém a mesma em todo o trajeto). Pode-se
Vamos imaginar uma pessoa caminhando de “A” concluir que o objeto não possui aceleração.
até “C” e voltando na posição “B”. A distância per- A equação que traduz esse movimento é:
corrida é todo o trajeto: 10m + 5m = 15m, porém, a
variação de espaço é somente o que efetivamente foi
distanciado do ponto “A”: 5m

z Velocidade: é a relação entre uma grandeza de


espaço por uma grandeza de tempo. Exemplo: m/s
(lê-se metros a cada segundo), km/h (lê-se quilôme-
FÍSICA

tros a cada hora).

UNIDADE CONVERSÃO
Km/h para m/s ÷ 3,6
m/s para km/h × 3,6
207
MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE O gráfico “v x t” é uma reta constante e acima do
VARIADO (MRUV) eixo “t” se a velocidade do objeto for positiva.
Em contrapartida, se a velocidade for negativa, a
É o movimento horizontal e em linha reta que a reta constante e fica abaixo do eixo “t”.
velocidade está em constante mudança. Essa altera-
ção é causada pelo surgimento de uma grandeza cha- Velocidade x Tempo
mada de aceleração. Esse tipo de movimento possui
quatro principais equações que o define:
V V>0 V
V<0

Reta acima do eixo “t“: +V


Reta abaixo do eixo “t“: +V
t t

z Gráficos do MRUV

O MRUV possui três principais gráficos:

„ Posição x tempo: representado por uma pará-


bola com a concavidade dependendo do sinal
da aceleração.
„ Velocidade x tempo: representado por uma
reta com a inclinação dependendo do sinal da
velocidade.
„ Aceleração x tempo: representado por uma
reta constante. Quando a aceleração é positiva,
a reta localiza-se acima do eixo “t”. Quando a
aceleração é negativa, a reta localiza-se abaixo
do eixo “t”.

Observe as representações logo abaixo:

Posição x Tempo

espaço a>0
Para encontrar a equação correta basta:
Organizar os dados fornecidos pelo enunciado.
Encontrar a equação (dentre as quatro informa-
das) que esses dados se encaixem.
V<0 V>0

QUANTIFICAÇÃO DO MOVIMENTO E SUA retardado acelerado


DESCRIÇÃO MATEMÁTICA E GRÁFICA vértice (V=0)
0 tempo
Tanto o MRU quanto o MRUV possuem gráficos
com definições específicas que nos ajudam a entender
cada movimento. Vamos entender cada tipo: S= S0 + v0 t + 1 at2 a> 0 = concavidade
2 voltada para cima
z Gráficos do MRU

O gráfico “S x t” é uma reta crescente se a velocida- espaço a<0


vértice (V=0)
de do objeto for positiva.
Em contrapartida, se a velocidade for negativa, a retardado acelerado
reta será decrescente.
V>0 V<0

Posição x Tempo

S S
Reta crecente: +V 0 tempo

S0
S0 Reta decrecente: -V
S= S0 + v0 t + 1 at2 a< 0 = concavidade
2 voltada para baixo
208 t t
Velocidade x Tempo QUEDA LIVRE E ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE

V Os movimentos estudados até agora ocorrem na


direção horizontal. Porém, e se esse movimento ocor-
V (t) rer na direção vertical?! Aí trata-se do movimento em
a> 0 = movimento acelerado
V0 queda livre.
Assim temos que queda livre é o movimento que
t
0 t ocorre na direção vertical no sentido de cima para
baixo onde a resistência do ar não é levada em conta.
V Apenas leva-se em consideração a aceleração da gra-
vidade do planeta em questão.
V0 Nesse contexto, dois objetos de massas diferen-
a< 0 = movimento retardado tes cairão ao mesmo tempo quando largados de uma
a<0
mesma altura.
Como se trata de um movimento acelerado (gra-
0 t
vidade), as equações são as mesmas vistas no MRUV,
trocando apenas a letra “a” (aceleração) por “g”
Aceleração x Tempo
(gravidade).
Utiliza-se “ +g ” quando o objeto está caindo e “ -g ”
quando o objeto está subindo. Observe a imagem abaixo:

–g
VF = Vi ± gt

SF = Si + Vi · t ± gt2
2
VF2 = Vi2 ± 2 · g · ΔS

z Relação dos gráficos do movimento ΔS = Vi + VF · t


2
+g
Após conhecer os gráficos de cada movimento, é
de suma importância o entendimento das transforma-
ções de cada gráfico em relação ao seu eixo.
Encontra-se a tangente (Δy/Δx) dos eixos quando
se deseja:

„ Com o gráfico da “posição vs tempo” encontrar Si = Posição inicial (m)


a velocidade. SF = Posição final (m)
„ Com o gráfico da “velocidade vs tempo” encon- Vi = Velocidade inicial (m/s)
trar a aceleração. t = Tempo (s)
a = Aceleração (m/s2)
Encontra-se a área abaixo do gráfico quando se ΔS = Variação da distância (m)
g = aceleração da gravidade (m/s2)
deseja:
MOVIMENTO OBLÍQUO
„ Com o gráfico da “aceleração vs tempo” encon-
trar a velocidade.
E se o movimento de um objeto estiver ocorrendo
„ Com o gráfico da “velocidade vs tempo” encon-
na diagonal?! Nesse caso, trata-se do lançamento de
trar a posição.
projéteis ou movimento oblíquo.
Esse tipo de movimento caracteriza-se por possuir
Observe a ilustração abaixo contendo essas
uma trajetória que forma um ângulo com a horizon-
anotações: tal. Observe a imagem abaixo:

Transformações

área área

S V a
FÍSICA

t t t

tangente tangente 209


Como o vetor da velocidade inicial (V0) está volta- MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME (MCU)
do para a diagonal, em várias questões será preciso
decompô-lo nas direções horizontal (V0x) e vertical Imagine um Hamster dentro de uma roda. Dentro
(V0y). Para isso, utilize-se das regras apresentadas no dela ele pode andar e fazer com que a roda gire e pro-
primeiro capítulo dessa apostila. Recapitulando: duza um movimento para frente.

z Pode-se chamar de velocidade linear (v), a veloci-


dade horizontal produzida pelo Hamster.
z Pode-se chamar de velocidade angular (w) a velo-
cidade angular produzida dentro da roda.

Observe a imagem abaixo:

Quando decomposto em dois vetores, o vetor


horizontal (V0x) se equivale ao movimento retilíneo
uniforme (MRU), já o vertical (V0y) se equivale ao
movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV).
Observe a imagem abaixo:
Com isso, surgem algumas outras características:

z Raio da circunferência: distância linear do cen-


tro da circunferência a borda. Unidade: “metro”.
z Frequência: é o número de ciclos a cada segundo.
Unidade: “Hertz”.
z Período: é o tempo gasto para cada ciclo. Unidade:
“segundo”.
z Distância angular: distância no arco da circunfe-
rência em relação ao seu ângulo de origem. Unida-
de: “Radianos”
z Aceleração centrípeta: é a aceleração que causa a
mudança na direção da velocidade em algum objeto
que execute o movimento circular. Ela é sempre orien-
Equação do MRU tada para o centro da circunferência e impede que o
objeto saia da trajetória circular. Unidade: rad/s².

Equações do MRUV As equações que regem esse tipo de movimento são:

ΔS

A partir de algumas deduções de equações, chega-


-se a algumas relações importantes para esse tipo de
movimento: ΔƟ
R

V02.sen2θ
Altura máxima = Hmáx = C
2.g

V02.sen(2θ)
Distância máxima = Dmáx =
g
Velocidade linear: V = w · R
Velocidade angular: w = ΔS ou w = 2πf ou w = 2π
V0y R T
Tempo de subida = Frequência: f = 1
g T
Frequência: T = 1
f
Tempo de subida = Tempo de descida
Aceleração centrípeta: Acp = V2
R
z O ângulo de 45º produz a maior distância de Sendo:
lançamento.
z Tenha sempre em mente a relação dos valores dos V = Velocidade linear (m/s)
senos e cossenos dos ângulos notáveis (30°, 60°, 90°). w = Velocidade angular (rad/s)
z Para as resoluções das questões, utilize a equação ΔS = Deslocamento angular (rad)
T = Período (s)
do MRU (para o vetor horizontal), as equações f = Frequência (hz)
do MRUV (para o vetor vertical) e as deduções Acp = Aceleração centrípeta (rad/s2)
210 demonstradas no quadro acima. R = raio de circunferência (m)
A bicicleta parou ao bater no obstáculo primeiro,
DINÂMICA porém seu corpo ainda continuou em movimento até
encontrar algum outro obstáculo. Daí a importância do
A dinâmica é o ramo da mecânica que estuda o cinto de segurança nos automóveis (“frear” a inércia
movimento considerando a sua origem, ou seja, são dos corpos em acidentes com veículos automotores).
estudadas as forças que ocasionam e modificam esse
movimento. z Dentro de um carro, em MRU, ao fazer uma curva
Aqui veremos: as leis de Newton; a ação das for- para a direta, seu corpo parece quente a virar para
ças externas e internas; sistemas referenciais iniciais a esquerda – isso é outra implicação da inércia, já
e referenciais não inerciais; lei de Hooke; centros de que no movimento curvilíneo surgem forças capa-
massa e de gravidade; momento linear e sua conser- zes de alterar o estado de MRU e seu corpo possui a
vação; teorema do impulso e colisões. “vontade” de permanecer no estado inicial.
Sem delongas, vamos aos conteúdos!
Observe algumas ilustrações a seguir envolvendo
LEIS DE NEWTON esse conceito.

São compostas de três leis que estabelecem a base


para a mecânica clássica. Elas fundamentam o con-
ceito de “força” e sua implicação no surgimento e na
alteração do movimento de um corpo.
A publicação dessas leis ocorreu pelo físico Inglês
Isaak Newton no ano de 1687 com o livro “Princípios
Matemáticos da Filosofia Natural”. Vamos analisar
uma a uma.

1ª Lei de Newton

Newton descreve o seguinte trecho em sua primei-


ra lei:

“Um objeto permanecerá em repouso(“parado”) ou


em movimento uniforme em linha reta (MRU) a
menos que tenha seu estado alterado pela ação de
uma força externa”.

O intuito dessa lei é definir o propósito existen-


cial de uma força: alterar o estado de repouso ou MRU
De forma simplificada, as principais característi-
de um corpo. Não existindo forças, esses estados não
cas que alteram o estado de repouso ou de MRU de
serão alterados (aqui não levando em consideração as
um corpo são:
forças dissipativas, como por exemplo a resistência do
ar, o atrito etc.).
z A aceleração.
Para o melhor entendimento desse tópico, vamos
analisar o conceito de inércia: z A frenagem.
Inércia é a resistência que um corpo produz ao z O movimento curvilíneo.
sofrer uma alteração do seu estado de repouso ou de
MRU, ou seja, a inércia é a tendência (vontade) que os Assim, tomando como base a 1ª lei de Newton (lei
corpos possuem em permanecer em repouso ou em da inércia), dois conceitos importantes podem ser
MRU. Quanto maior a massa do objeto, mais inércia explicados:
ele possuirá. A alteração desse estado é causada por
uma grandeza chamada “força”. z Sistema de referência inerciais: na compara-
A inércia é facilmente entendida com alguns exem- ção de dois corpos, o “corpo de referência” será
plos do nosso cotidiano. dito “inercial” se este estiver em repouso ou MRU
Exemplos: quando relacionado ao outro.
Levando em consideração uma pessoa dentro de
z Imagine uma pedra com uma massa imensa. Você um ônibus que está em repouso ou em MRU (linha
amarra uma corda e tenta puxá-la. Provavelmente reta com velocidade constante) pode-se afirmar
não irá conseguir movê-la. Isso ocorre pois ela pos- que o ônibus é um sistema referencial inercial
suiu uma inércia grande, ou seja, “uma vontade” quando relacionado à pessoa.
de permanecer em repouso. Para mudar esse esta- z Sistema de referência não inerciais: na compa-
do, há a necessidade de uma força extremamente ração de dois corpos, o “corpo de referência” será
grande. dito “não inercial” se este não estiver em repouso
z Imagine você em movimento retilíneo uniforme ou MRU quando relacionado ao outro (como por
(MRU) em cima de uma bicicleta com uma velo- exemplo: acelerando, freando, ou fazendo curvas).
FÍSICA

cidade constante de 10 km/h. Você não vê um


cachorro na calçada e, infelizmente, colide com Exemplo:
ele. Você será arremessado para frente já que seu Levando em consideração uma pessoa dentro
corpo possui inércia, e, portanto, não “queria” que de um ônibus que está constantemente acelerando
o estado de MRU fosse alterado (essa é a “tendência (MRUV) pode-se afirmar que o ônibus não é um siste-
ao movimento”). ma referencial inercial quando relacionado à pessoa. 211
Sabe-se que o planeta Terra não é um referencial Peso: é uma força de atração gravitacional aponta-
inercial já que possui o movimento de rotação, porém, da para o centro do planeta e expressa em Newton (N).
nas questões de nível médio, ela pode ser considerada Exemplo: Na Terra ou em Marte uma pessoa tem as
como um sistema inercial levando em consideração mesmas massas (os átomos e moléculas não mudam),
curtos intervalos de tempo. porém, possui pesos diferentes (já que cada planeta
possui uma aceleração da gravidade diferente).
Segunda lei de Newton
Lei de Hooke
A segunda lei de Newton, também conhecida como
o “princípio fundamental da dinâmica”, nos fornece A força que é originada no armazenamento da
que a força resultante que atua em um determinado energia em molas e elásticos, é chamada de “força
corpo é o produto de sua massa aceleração que ele elástica” e é regida pela lei de Hooke. Nela é estabele-
possui. Observe a representação a seguir: cido que a força produzida por uma mola ou elástico
é proporcional ao produto da constante elástica do
material pelo valor de seu alongamento.
FR = m × a Essa força depende de duas características: a cons-
tante do material (quanto maior essa constante mais
FR = Força resultante (N) difícil será de esticar ou comprimir esse material) e sua
m = Massa (kg) deformação (o quanto ele está comprimido ou esticado).
a = aceleração (m/s2)
Observe a imagem a seguir:
Observe a imagem a seguir:

Massa = constante

Força = constante

Para uma massa igual, o aumento de forças produz


uma maior aceleração. Todavia, a mesma força em
objetos com massas diferentes, a produção da acele-
ração é inversamente proporcional às massas (quanto Fe = K · X
mais massa, menos aceleração).
Fe = Força elástica (N)
Força Peso K = Constante elástica (N/m)
X = defromação da mola (m)
A força peso origina na atração gravitacional que
um planeta exerce sobre o corpo que está em sua Terceira lei de Newton
superfície ou em sua região de influência. Para o pla-
neta Terra a aceleração da gravidade tem um valor Conhecida como a lei da “ação e reação”, pode-se
aproximado de 9,8 m/s² ≅ 10 m/s². Observe a equação enunciá-la como: “toda força de ação produz uma for-
abaixo: ça de reação, com mesmas direções, porém, com senti-
dos opostos”. Observe a imagem a seguir:

P=m×g

P = Peso (N)
m = Massa (kg)
g = gravidade do lugar em questão (m/s2)

Não confunda massa com peso:


Massa: é a quantidade de matéria (átomos e
moléculas) que um corpo possui. Sempre é medida
em balanças, com a unidade quilograma (kg) como
212 padrão de medida.
Vamos para um exemplo do dia a dia: um avião
P=m·g
se movimenta utilizando a terceira lei de Newton. Os
motores empurram o ar para trás (ação) e o ar, por
P = Peso (N)
sua vez, empurra o avião para frente (reação). As for-
m = Massa (Kg)
ças possuem mesmas intensidades e direções; porém,
g = Gravidade do lugar em questão (m/s²)
sentidos opostos. Vários outros exemplos podem ser
relacionados:
Força normal de contato
a) Quando uma pessoa está andando ela empurra o
chão para baixo (ação) e “o chão” a empurra para A força normal (N) é aquela que aponta na mes-
cima (reação). ma direção e em sentido contrário ao apoio que o
b) Quando alguém solta uma bexiga que estava cheia objeto esteja localizado. Observe a imagem abaixo:
de ar, ela se movimenta para frente pois o ar que
saiu da bexiga (ação) produziu uma força com
mesma direção e sentido oposto (reação).

Tração
Se as forças de ação e reação possuem mesmas
intensidades, elas não se anulam, pois uma mesma Força de tração (ou tensão) ocorre quando cabos
força agindo em corpos diferentes, produz efeitos ou fios estão aplicados no sistema. Observe a imagem
diferentes para cada corpo. abaixo:
Exemplo: imagine um cavalo puxando uma carro-
ça, e levando em consideração a lei da ação e reação,
as forças de ação (cavalo) e reação (carroça) não se
anulam pois elas agem em corpos diferentes. Com
isso, o cavalo consegue se movimentar, e movimentar
a carroça.
Com isso, conclui-se que o par de forças ação e rea-
ção só produzirá movimento se ocorrerem em corpos
diferentes.

FORÇAS ESPECIAIS

Força peso (P)

É a força causada pela aceleração da gravidade do


local em que o objeto esteja inserido. É orientada para
o centro do planeta em questão.

Força de atrito

A força de atrito é a força que age no sentido con-


trário ao movimento, e com isso, essa força tende a
atrapalhá-lo. Existem dois tipos de atritos:
FÍSICA

z Força de atrito estático (Fatest) = É a que a super-


fície oferece para INICIAR o movimento.
z Força de atrito dinâmico (Fatd) = É a resistência
que a superfície oferece após o início do movimen-
to do objeto. 213
Observe a ilustração e as equações abaixo:

Força de atrito estático


F atest = µ est ‧ N

Sendo:

• F atest é a força de atrito estático;


• µ est é o coeficiente de atrito estático;
• N é a Força Normal.

Força de atrito dinâmico


F atd = N . µd
Sendo:
Observa-se nas imagens acima a representação
• F atd é a força de atrito dinâmico; da junção dos vetores que estudamos até agora, daí o
• µd é o coeficiente de atrito dinâmico; nome: diagrama de forças. Esse diagrama dependerá
• N é a Força Normal. da análise de cada caso.
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/ Assim temos que:

Assim temos que: z O vetor peso sempre aponta para o centro do Pla-
neta em questão;
z O coeficiente de atrito estático é sempre maior que z A força normal sempre apontará para o sentido
o coeficiente de atrito dinâmico, por esse motivo, contrário ao da superfície de contato;
é mais fácil manter o movimento do que iniciá-lo. z A força resultante (que produz o movimento) sem-
z Em superfícies horizontais a força normal (N) será pre aponta no sentido do movimento;
igual ao peso (P=m.g) do objeto em questão.
z A força de atrito é sempre contrária ao movimento;
z O coeficiente de atrito (u) não tem unidade de
medida e quanto maior seu valor, mais resistência z A força de tensão (ou tração) é aplicada em cabos
a superfície oferece. ou cordas.

DIAGRAMA DE FORÇAS FORÇA NOS MOVIMENTOS CIRCULARES

É a representação gráfica (em desenho) da ação de A força que atua nos movimentos circulares é a
todas as forças que estão agindo em um corpo num força que “puxa” o objeto para o centro da circunfe-
dado instante de tempo. Essas forças podem ser: força rência. Ela forma um ângulo de 90º com a velocida-
peso, força de tração, força de atrito, força normal etc. de linear do objeto. Sem essa força o objeto não seria
capaz de manter o movimento curvilíneo, tendendo a
seguir o sentido horizontal da velocidade.
Se liga!
Observe a imagem e a equação a seguir:
A representação dos diagramas de forças é o
passo inicial para a resolução de diversas ques-
tões da mecânica, pois a análise dos vetores-
-força nos ajudará a entender como cada força
está influenciando (ou não) no estado de repou-
so ou movimento de um corpo.

Observe alguns exemplos a seguir:

m ‧ v²
Fc =
R

Fc = força centrípeta (N)


m = massa do objeto (Kg)
214 v = velocidade do objeto (m/s)
Na imagem acima percebe-se que a força centrípe-
ta está sempre apontada para o centro da circunferên-
cia e ela forma um ângulo de 90º com a velocidade do
objeto. Essa força é diretamente proporcional à massa
e à velocidade do objeto, e, inversamente proporcio-
nal ao raio da circunferência.

CENTRO DE MASSA

É o ponto em que se pode considerar que toda


a massa de um corpo está localizada. Se o objeto
for homogêneo, seu centro de gravidade coincide
com o centro geométrico. Observe algumas figuras
homogêneas:
Perceba, que nesse caso, o objeto não é homogê-
Retângulo
neo, e por isso, a média ponderada de seus pontos será
b/2 necessária para encontrarmos o centro de massa des-
se conjunto.
Círculo
As coordenadas das particulas são:
h
2
m1 → x1 = 0 ; y1 = 0
CM
h CM m2 → x2 = 1 ; y2 = 2

m3 → x3 = 4 ; y3 = 1

Deste modo, as coordenadas do centro de massa são:

m1x1 + m2x2 + m3x3


E se a figura não for homogênea? Nesse caso, apli- xCM
cam-se as equações a seguir:
m1 + m2 + m3

2.0 + 3.1 + 5.4


xCM
2+3+5

xcm = 2,3 cm

m1y1 + m2y2 + m3y3


yCM
m1 + m2 + m3

2.0 + 3.2 + 5.1


yCM
2+3+5

ycm = 1,1 cm

Fonte: https://www.infoescola.com/

Com isso encontramos as coordenadas “x” e “y” do


m₁x₁ + m₂x₂ + m₃x₃ centro de massa de um corpo não homogêneo.
xCM =
m₁ + m₂ + m₃
Centro de gravidade
m₁y₁ + m₂y₂ + m₃y₃
FÍSICA

yCM =
m₁ + m₂ + m₃ É o ponto em que se pode considerar que a gravi-
dade está sendo aplicada (para objetos pequenos ela
Exemplo: coincide com o centro de massa). Aqui tomamos como
“grande” um prédio de 10 km de altura, nesse caso os
z Determine as coordenadas do centro de massa do centros não coincidirão – sabe-se que um prédio des-
sistema de partículas indicado ao lado. sas proporções é algo inexistente. 215
Então, de modo geral, pode-se entender que o cen- QUANTIDADE DE MOVIMENTO
tro de gravidade sempre coincidirá com o cento de
massa do objeto e as equações do centro de massa A quantidade de movimento (Q) de um corpo rela-
valerá para o centro de gravidade (vide equações e ciona com produto da massa (em kg) de um corpo pela
exemplo acima). sua velocidade (em m/s). A unidade padrão da quan-
Observe a ilustração a seguir: tidade de movimento é kg.m/s (lê-se quilograma por
metros por segundo).

Q=m·v

Q = Quantidade de movimento (kg.m/s)


M = massa (kg)
V = velocidade (m/s)

Os corpos apresentam equilíbrio estático quando a Observe o exemplo:


linha que passa pelo centro de gravidade atinge a base
de apoio do objeto. Observe a imagem a seguir: Determine a quantidade de movimento de um
objeto de massa de 5 kg que se move com velocidade
igual a 30 m/s.

a) Q=6 kg.m/s
b) Q=30 kg.m/s
c) Q=150 kg.m/s
d) Q=15 kg.m/s
e) Q=60 kg.m/s

Sendo m = 5kg e v = 30 m/s basta aplicar a equação


da quantidade de movimento:
Q = m.v
Q = 5.30
Ponto material Q = 150 kg.m/s
Esse valor indica a taxa de transferência de movi-
Na comparação entre dois objetos, se um corpo é mento de um corpo, ou seja, sua quantidade de
extremamente menor que o outro, ele será chama- movimento. Essa equação será de suma importân-
do de ponto material. Essa comparação ocorre, pois, cia nos conteúdos sobe a “conservação da quanti-
sabe-se que se ele fizer parte de uma questão, sua dade de movimento” e “colisões”. Resposta: Letra C.
dimensão não influenciará na resolução (seu pequeno
tamanho é desconsiderado para os cálculos). TEOREMA DO IMPULSO

Exemplos: Esse teorema relaciona o impulso e a quantidade


de movimento em uma equação. Essa equação infor-
z Uma pessoa é considerada um ponto material em ma que a variação da quantidade de movimento (ou
relação à Terra. seja, a quantidade de movimento final menos a ini-
z Uma moeda é considerada um ponto material em cial) de um corpo é igual ao seu impulso (multiplica-
relação a um caminhão. ção da força e o tempo decorrido).
z A lua é considerada um ponto material em relação Observe a representação a seguir:
à via láctea.

Impulso I = δQ
ou

O impulso (I) recebido por um corpo relaciona-se


com a força recebida (em Newtons) por ele em um F.δt = Qf - Qi
intervalo de tempo (em segundos). A unidade padrão ou
de impulso é N.s (lê-se Newton por segundo).
Sabe-se, também, que a área abaixo do gráfico
F.δt = (m.vf) - (m.vi)
“força vs tempo” resulta no impulso adquirido pelo
corpo.
Sendo:
Observe a ilustração abaixo: I : impulso (N.s)
δQ: varição da quantidade de movimento (kg.m/s)
F: força (N)
δt: tempo decorrido (s)
Qf: quantidade de movimento final (kg.m/s)
m: massa (kg)
vf: velocidade final (m/s)
vi: velocidade inicial (m/s)
216
Com isso, possuindo os dados corretos em mãos, O coeficiente de restituição (e) é a divisão da velo-
pode-se encontrar a incógnita que estiver faltando na cidade relativa de afastamento pela velocidade relati-
equação. va de aproximação.
Exemplo:
Um objeto desloca-se com movimento linear igual z O coeficiente 1 diz que a velocidade de afastamen-
a 50 kg.m/s, mas choca-se com uma parede e gasta to é igual a de aproximação.
0,02 s para parar. Por meio do teorema do impulso, z O coeficiente ente 0 e 1 diz que a velocidade
de afastamento é menor que a velocidade de
determine o valor da força necessária para parar esse
aproximação.
objeto. z O coeficiente zero indica que não existe velocidade
de afastamento (já que nesse caso, os objetos per-
a) 1000 N manecem “grudados”).
b) 1500 N
c) 2000 N Observe o resumo logo a seguir:
d) 2500 N
e) 3000 N TIPO DE ENERGIA
QUANTIDADE COEFICIENTE DE
DE RESTITUIÇÃO
COLISÃO CINÉTICA
MOVIMENTO (E)
Pelo teorema do impulso e da variação da quantida-
Completamente
de de movimento sabe-se que: Elástica
conservada
Conservada 1
F.Δt = ΔQ Parcialmente Parcialmente
A variação da quantidade de movimento do objeto Conservada 0<e<1
Elástica conservada
vai de 50 kg.m/s para zero (o objeto parou, sem velo- Dissipação
Inelástica Conservada 0
cidade, sem quantidade de movimento final), logo, máxima
podemos concluir que ΔQ = 50 Kg.m/s. Sendo assim,
Fonte: Brasilescola.uol.com.br
temos:
F.0,02 = 50
Observe que nos três casos a quantidade de movi-
F.2x10 – 2 = 50 mento é conservada, com isso a equação da conserva-
50 ção da quantidade de movimento poderá ser usada:
F= -2
2x10
Equação da conservação da quantidade de
F = 25 ‧ 102 movimento (lei da conservação)
F = 2500 N. Resposta: Letra D.
Tendo dois objetos com massas “m” (não neces-
Colisões sariamente iguais), velocidades iniciais “vi” (não
necessariamente iguais) e velocidades finais “vf” (não
Nas colisões a quantidade de movimento (Q) está necessariamente iguais), pode-se estabelecer que a
quantidade de movimento inicial (Qantes) é neces-
totalmente envolvida. Ela que mede o modo de trans-
sariamente igual à quantidade de movimento final
ferência de movimento de um corpo quando este é (Qfinal). Se “Q = m.v”, então pode-se estabelecer uma
colidido com outro. equação para cada objeto (em situações iniciais e
Imagine uma colisão frontal de um caminhão e um finais). Com isso, podemos encontrar algum dado que
carro com as mesmas velocidades. Por que o carro se o exercício não nos forneceu, desde que ele tenha nos
deforma mais? Isso está relacionado com o material fornecido todos os outros dados necessários. Observe
que o automóvel é feito, e, também com a quantidade essa esquematização logo abaixo:
de movimento (Q).
A quantidade de movimento (movimento linear) Qantes = Qdepois
pode ser definida pelo produto da massa pela veloci-
dade. Então, quanto maior a massa, maior a quanti- Para dois objetos colidindo:
dade de movimento, explicando o caso de o caminhão
transferir mais movimento para o carro do que o car-
m · vi + m · vi = m · vf + m · vf
ro para o caminhão.
Objeto 01 Objeto 02 Objeto 03 Objeto 04

Pode-se definir as colisões em três tipos:


Sendo:
COLISÕES
m = massa (Kg)
Ocorre quando, após a colisão, os vi = velocidade inicial (m/s)
Colisão perfeitamente objetos permanecem separados e vf = velocidade fnicial (m/s)
elástica com velocidades diferentes (o sis-
tema não perde energia cinética).
CONCEITO DE FORÇAS INTERNAS E FORÇAS
Ocorre quando, após a colisão, os EXTERNAS
Colisão parcialmente objetos permanecem separados e
FÍSICA

elásticas com velocidades diferentes (o sis-


tema perde energia cinética).
z Forças internas: São forças que agem de dentro
para fora do sistema, e não possuem a capacida-
Ocorre quando, após a colisão, os de de alterar a quantidade de movimento de um
objetos permanecem grudados e corpo. Exemplo: uma pessoa dentro de um carro
Colisão inelástica
com velocidades iguais (Há uma “empurrando” o volante não será capaz de alterar
perda máxima energia cinética).
sua quantidade de movimento. 217
z Forças externas: São forças que agem de fora para
dentro do sistema, e possuem a capacidade de alte-
rar a quantidade de movimento de um corpo. Exem-
plo: a força peso que atua em um carro é capaz de
alterar sua quantidade de movimento de um corpo.

TRABALHO E ENERGIA Fonte: http//www.proenem.com.br/

Alguém já te disse a seguinte frase: “Olha, hoje Nesse caso, a área abaixo do gráfico é um trapézio,
estou com bastante energia!” ou “Meu carro é mui- ou seja, basta calcular numericamente essa área para
to potente”, ou ainda, “Meu carro é muito eficiente se chegar ao trabalho realizado pelo corpo.
(rendimento)”? Aqui serão esclarecidos alguns temas Ex.: Uma pessoa empurra uma caixa com uma for-
ça de 20 N. Essa caixa desloca-se por 10 metros. Qual é
relacionados ao nosso cotidiano como: trabalho, ener-
o trabalho produzido por essa pessoa?
gia, potência e rendimento.
T = F ‧ ΔS
Então vamos demonstrar quais são os principais T = 20 ‧ 10
tipos de energia e sua conservação. T = 200J
Vamos aos conteúdos!
ENERGIA
TRABALHO
O enunciado formal de energia diz: “energia é a
Na física, o trabalho está relacionado com duas capacidade que um corpo possui de realizar traba-
características: força e deslocamento. Sempre que lho”. Dessa frase pode-se interpretar que quanto mais
uma força produz um certo deslocamento, esse corpo energia um corpo possui maior será o trabalho que
produziu um trabalho. Veja a representação a seguir: ele conseguirá executar, logo, maior será a relação
entre força x deslocamento desse corpo.

Se liga!
Ao analisarmos o último parágrafo, consegui-
mos responder a pergunta feita na parte inicial
dessa seção: “Alguém já te disse a seguinte
frase? Olha, hoje estou com bastante energia”.
Teoricamente, uma pessoa com bastante ener-
gia produzirá bastante trabalho, que, por sua
vez, produzirá um grande deslocamento (movi-
mento). Entendeu? Isso é a física contida no
Trabalho de uma força: dia a dia. Nos subtópicos abaixo exploraremos
outros conceitos envolvendo energia.
T = F · ΔS
POTÊNCIA
T = Trabalho (J)
F = Força (N) A potência de uma força é o trabalho realizado por
ΔS = Deslocamento (m) ela em um determinado instante de tempo. Na com-
paração entre dois carros, um carro mais potente é o
Na imagem anterior, observa-se que uma pessoa
que realiza mais trabalho (movimento) em um dado
está empurrando um carrinho com pedras. A força intervalo de tempo quando comparado a um carro
que a pessoa faz, multiplicada pelo deslocamento (dis- que realiza menos trabalho (movimento) em um mes-
tância percorrida), nos remete a uma grandeza cha- mo intervalo de tempo.
mada de Trabalho. Entende-se, portanto, que a potência de uma força
A unidade padrão de trabalho é o Joule, represen- (potência mecânica) é o quão rápido um objeto trans-
tado pela letra “J”. forma uma certa força em movimento (os motores
fazem muito isso). Quanto mais rápida essa transfor-
Aqui vai uma dica para sua prova: Se a questão mação, mais potente é o objeto (compare, por exem-
disponibilizar o gráfico da força atuante em um corpo plo, uma Ferrari com um Fusca e faça sua análise).
em função de seu deslocamento, você poderá calcular A equação da potência de uma força é:
a área abaixo da linha do gráfico para encontrar o tra-
balho realizado pelo corpo. T
Observe a imagem de um gráfico envolvendo esses P=
ΔS
218 conceitos:
Sendo: Energia Cinética

P = Potência (W) Energia cinética é a energia associada ao movi-


T = Trabalho (J) mento. Em termos gerais, sempre que um objeto
Δt = Intervalo de tempo (s) possui velocidade, ele possuirá energia cinética. Essa
energia é calculada pela multiplicação da massa do
A unidade de medida padrão de potência é Watts,
objeto pela velocidade ao quadrado, dividindo esse
com o símbolo “W”. Quanto mais potência, mais tra-
resultado por dois. Observe a equação logo a seguir:
balho é realizado em um determinado intervalo de
tempo.
Em alguns exercícios podem aparecer algumas
m · V²
unidades de potência usuais, ou seja, que não são Ec =
padrão. A seguir estão os nomes e as respectivas con- 2
versões para Watts.
1KW (1 quilowatt) = 1000W
Sendo:
1MW (1 megawatt) = 1000W = 1000KW
1CV (1 cavalo-vapor) = 735W
Ec = energia cinética (J)
1HP (1 horse-power) = 746W
m = massa (Kg)
Fonte: https://www.soficisa.combr/
v = velocidade (m/s)

Ex.: Um objeto realiza um trabalho de 100 J em 20 A unidade padrão de medida de energia é o Jou-
segundos. Qual é sua potência média nesse intervalo le, representada pela letra “J”. Observe que quanto
de tempo? maior a massa ou a velocidade de um corpo, maior
sua energia cinética.
T 100
P= = = 5W Energia Potencial Gravitacional
ΔT 20
Energia potencial gravitacional é a energia asso-
ciada à altura. Em termos gerais, sempre que um obje-
Ao analisar essa equação, vê-se que esse objeto
to está a uma certa altura do solo, ele possuirá energia
possui uma potência média de 5 watts.
potencial gravitacional. Essa energia é calculada pela
multiplicação da massa do objeto, a gravidade do pla-
RENDIMENTO
neta e a altura em relação ao solo. Observe a equação:

O rendimento (n) é a eficiência de um dado objeto.


Para encontrá-la basta efetuar a divisão da potência Epg = m · g · h
útil (utilizada) pela potência total. Multiplicando-se
o resultado por cem, encontra-se o percentual desse Sendo:
rendimento. Observe que a potência total sempre será
maior que a potência útil, visto que parte da potência Epg = energia potencial gravitacional (J)
é perdida pelas forças dissipativas (atrito, som, calor m = massa (Kg)
etc.). g = gravidade (m/s²)
Observe a equação dessa representação: h = altura (m)
Observe que quanto mais alto o corpo está, maior
Potência últil será sua energia potencial gravitacional.
n= x 100
Potência total Energia Potencial Elástica

Ex.: Um liquidificar possui potência útil de 100W e Energia potencial elástica é a energia associada às
potência total de 125W. Qual é o rendimento, em per- molas e elásticos. Em termos gerais, sempre que uma
centual, desse liquidificador? mola ou um elástico está comprimido ou esticado,
ele possuirá energia potencial elástica. Essa energia
é calculada pela multiplicação da constante elástica
100
P= x 100 = 80% do objeto pela sua deformação ao quadrado, sendo o
125 resultado divido por dois. Observe a equação:

Ao analisar essa equação, vê-se que esse motor k · x²


tem um rendimento de 80% (20% é perdido por forças Epe =
2
dissipativas).
FÍSICA

ENERGIA E SUA CLASSIFICAÇÃO Sendo:

Pode-se classificar a energia em três tipos: ener- Epe = energia potencial elástica (j)
gia cinética, energia potencial gravitacional e energia k = constante elástica do material (N/m)
potencial elástica. Vamos analisar uma a uma. x = deformação do objeto (m) 219
A constante elástica (K) depende de cada material DISSIPAÇÃO DA ENERGIA
(normalmente o exercício fornece o valor no enuncia-
do da questão). Quanto maior esse valor mais difícil se Até aqui aprendemos três tipos de energia: cinéti-
torna para esticar ou comprimir esse material. ca, potencial gravitacional e potencial elástica. Sabe-
-se que uma está constantemente se transformando
CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA na outra (princípio da conservação), todavia, é conhe-
cido que nessas transformações, parte da energia é
Esse princípio informa que toda energia é trans- perdida, seja pelo atrito, pela elevação da temperatu-
formada, portanto, nunca será criada ou destruída. As ra, pela dissipação sonora etc.
energias cinética, potencial gravitacional e potencial Como essa perda é muito pequena, ela poderá ser
elástica estão em constante transformação, uma se desprezada, e, com isso, não entrará em nossos cálcu-
transformando na outra. los (a não ser que o exercício nos obrigue a calculá-la).
Observe a representação abaixo: Em suma, mesmo tendo o conhecimento que, em
um caso real essa perda existe, a fim da resolução das
questões mais corriqueiras de nível médio, não calcu-
laremos a dissipação da energia e vamos supor que a
conservação da energia é totalmente perfeita.

FORÇAS CONSERVATIVAS E DISSIPATIVAS

Forças conservativas

Força conservativa é aquela que age no sistema


e produz um efeito que conserva a energia mecâni-
ca final (energia cinética + energia potencial). Como
Observando-se a imagem acima, percebe-se que, exemplo, pode-se citar a força peso, que transforma
nos pontos mais altos, o skatista possui somente uma a energia potencial gravitacional (um objeto com um
certa altura (h) em reação ao solo (energia potencial certo peso caindo) em energia cinética (energia do
gravitacional). Porém, quando ele está no ponto mais movimento).
baixo da trajetória, ele só possui uma certa velocidade
(energia cinética). Conclui-se que a energia potencial Observe essa dica para sua prova:
gravitacional está constantemente se transformando Sempre que uma força age no sentido de somente
em energia cinética (velocidade), isto é, a conservação alterar a energia cinética ou energia potencial de um
da energia mecânica. Observe o quadro-resumo: corpo, essa força será conservativa.

Forças Dissipativas
CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA

Nos pontos mais altos Existência da energia po- Força dissipativa é aquela que age no sistema e
da figura tencial gravitacional produz um efeito que não conserva a energia mecâ-
nica final (energia cinética + energia potencial).
A energia potencial gra- Como exemplo, pode-se citar a força de atrito, que
No ponto mais baixo da vitacional é transforma- transforma energia cinética (movimento) em ener-
figura da em energia cinética
gia térmica (esquentando a superfície de contato).
(movimento).
Essa energia transformada em calor não será compu-
tada em nenhuma das três energias estudadas até o
Em um sistema isolado (sem perdas de energia), momento: cinética, potencial gravitacional ou poten-
uma energia se transforma na outra sem perdas cial elástica. Por esse motivo ela recebe o nome de for-
externas. No exemplo acima, o skatista está fazendo ça dissipativa.
com que uma certa altura (h) se transforme em veloci-
dade (v), ou seja, toda energia potencial gravitacional
está se transformando em energia cinética. Nesse caso Se liga!
a equação será: Sempre que uma força age no sentido de alte-
rar a energia cinética e/ou energia potencial
Epg = Ec em outras formas de energia: atrito (térmico),
arrasto etc., essa força receberá o nome de fora
Ou seja: dissipativa.

m · v² Como exemplo, temos que em um carro freando,


m·g·h= as pastilhas de freio esquentam muito, fazendo com
2 que toda essa energia seja perdida (força dissipativa
de atrito das pastilhas)
Todos os casos deverão ser analisados individual- Para a criação de um carro mais eficiente, o apro-
mente para que seja encontrada qual (ou quais) equa- veitamento dessa energia será de suma importância
ções de energias estão em constante transformação, e, (sabe-se que já existem alguns (poucos) carros com
220 portanto, devem ser igualadas. essa tecnologia).
Adota-se o sentido positivo quando o objeto girar
ESTÁTICA no sentido anti-horário.
Adota-se o sendo negativo quando o objeto girar
Estática é o ramo da dinâmica que estuda equilí- no sentido horário.
brio dos corpos que não se movimentam (estão em
repouso) ou que estão em movimento retilíneo uni- CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO PONTO
forme (MRU). Vamos aos conceitos:
MATERIAL E DO CORPO EXTENSO
TORQUE
As condições de equilíbrio estático de um corpo
Momento de uma força (ou torque) relaciona-se relacionam-se com as forças necessárias para que
com a força que produz um movimento de rotação. esse corpo permaneça em repouso (parado). Antes de
iniciar esse conteúdo, atente na diferenciação:
Exemplos:
PONTO MATERIAL CORPO EXTENSO
z Uma pessoa abrindo uma porta (maçaneta).
z Uma pessoa apertando um parafuso com uma cha- Ocorre quando o tama- Ocorre quando o tamanho
ve de fenda. nho do corpo é desprezí- do corpo não é desprezí-
vel (pequeno) em relação vel (pequeno) em relação
Observe a ilustração abaixo: a outro corpo. a outro corpo.
Exemplo: uma casa é Exemplo: um carro é um
um ponto material quan- corpo extenso em relação
do comparada com um a uma motocicleta.
planeta.

Condições de equilíbrio estático do ponto material

Um ponto material estará em equilíbrio estático


(repouso) quando todas as forças que
Agirem sobre ele resultarem em zero (parado).
Observe a ilustração abaixo:

Na imagem acima percebe-se que a força aplicada


na ferramenta produz o giro no parafuso. Esse giro
é chamado de momento ou torque. Quanto maior o
braço da alavanca, maior a multiplicação da força no
ponto de aplicação.
As equações de torque envolvem dois conceitos:

z Se a força está sendo aplicada com o ângulo de 90º


(equação I) ou
z Se a força está sendo aplicada com um ângulo dife-
rente de 90º (equação II):
Se os vetores estivem no mesmo plano (XY) pode-se
 
decompô-los nos eixos “x” e “y” para depois estabele-
M = F ‧ d (I) cer a relação de equilíbrio para cada eixo separada-
  mente. Observe a imagem abaixo:
M = F ‧ d ‧ senθ (I)

Sendo:
M=Módulo do Momento da Força.(N.m)
F=Módulo da Força. (N)
d=distância entre a aplicação da força ao ponto de
giro; braço de alavanca. (m)
sen θ=menor ângulo formado entre os dois vetores.
Fonte:www.sofisica.com.br/
FÍSICA

z Sabe-se que Sen(0º) = 0, então não haverá toque


para esse ângulo (torque paralelo).
z Sabe-se que Sen(90º) = 1, então, nesse caso, o tor-
que será máximo (torque perpendicular).

Em se tratando de sentido do torque: 221


Observe a equação a seguir :
A adição algébrica das projeções de
todas as forças na direção do eixo X
é igual a zero: F
F1x + F2x + F3x = 0 P=
A

P = Pressão ( N/m² ou Pa)


A adição algébrica das projeções de
F = Força aplicada (N
todas as forças na direção do eixo Y
A = Área (m²)
é igual a zero:
F1y + F2y + F3y = 0
Se liga!
Com:
F1x + F1.cosθ Para uma mesma força de aplicação, uma maior
F1y + F1.senθ área ocasionará uma menor pressão; e, uma
menor área, uma maior pressão. Observe a ilus-
CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO ESTÁTICO DE UM tração abaixo:
CORPO EXTENSO

Para um corpo extenso todas as regras do equilí-


brio do ponto material são aplicáveis, porém com o
acréscimo de uma outra característica: o somatório
dos momentos (ou torques) necessitam resultar em
zero para que esse corpo não rotacione. Observe a
imagem abaixo:

z Com isso, conclui-se que a pressão é inversamente


proporcional a área. Ou seja, quando uma aumen-
ta, a outra diminui e, quando uma diminuiu, a
outra aumenta.
z Unidades usuais de pressão (não é padrão): N/cm²,
mmHg, Psi etc.

DENSIDADE
z Conversões de sinais para o equilíbrio dos corpos É a razão entre a massa do objeto e seu volume. A
rígidos: unidade padrão de densidade é o kg/m³. Já a unidade
„ Para a análise horizontal (fx) adota-se o senti- usual é o g/cm³.
do positivo da esquerda para a direita (→)
„ Para a análise vertical (fy) adota-se o sentido Vamos a alguns exemplos:
de baixo para cima como o sentido positivo (↑)
„ Para a análise de momentos (M) adota-se a z Um objeto com uma densidade de 15 kg/m³ signifi-
rotação no sentido anti-horário como positivo. ca dizer que para cada metro cúbico de material, a
massa será igual a 15 kg.
z Um objeto com uma densidade de 50 g/cm³ signi-
fica dizer que para cada cm³ de material, a massa
HIDROSTÁTICA será igual a 50 g.

Hidrostática é o ramo da física que estuda os flui- Pode-se observar que para um mesmo volume,
dos em repouso (parados). Um fluido pode ser carac- materiais mais densos possuem uma maior massa, e,
materiais menos densos possuem uma menor massa.
terizado como uma substância que se apresenta no
Observe a imagem a seguir:
estado líquido ou no estado gasoso.
Aqui veremos os conceitos de pressão, densidade,
pressão atmosférica, experiência de Torricelli, prin-
cípio de Pascal, princípio de Stevin, e princípio de
Arquimedes, conhecido também como empuxo.

PRESSÃO

Pressão é a relação da força perpendicular (F)


aplicada em uma região de área (A) de um objeto
qualquer.
A unidade padrão de pressão é N/m² ou Pa (Pascal),
222 sendo as duas equivalentes.
É possível concluir que o metal possui uma maior
ETAPA PROCESSO
densidade quando relacionado com a borracha, ou
seja, o conjunto de átomos e moléculas do metal pos- 1ª Encheu totalmente um tubo de mercúrio.
sui um “peso” maior quando comparados com os áto- Posicionou a base (aberta) do tubo em um

mos e moléculas da borracha. recipiente que também continha mercúrio.
Percebeu que o tamanho da coluna de
3ª mercúrio em relação ao nível da superfície
Se liga! de mercúrio correspondeu à 76 cm.
Caso seja necessário transformar de g/cm³ para Observou que na parte superior do tubo

kg/m³ basta multiplicar o valor por 1000. surgiu uma área sem ar (vácuo)
Com isso Torricelli concluiu que a pressão
atmosférica que existia em cima da super-
PRESSÃO ATMOSFÉRICA 5ª
fície do líquido pressionou o líquido e o fez
subir a uma altura de 76 cm.
A pressão atmosférica é a pressão exercida pela
atmosfera (oxigênio e outros gases) sobre a superfície Sabendo que 76 cm = 760 mm, ele esta-
terrestre. Então sabe-se que todos os corpos sobre a beleceu que, ao nível do mar, a pressão at-
mosférica seria igual a 760 mmHg (lê-se
superfície terrestre estão sofrendo a ação da pressão
6ª 760 milímetros de mercúrio).
atmosférica.
Obs: Já vimos acima que esse valor é
Como a pressão varia com a quantidade de gás na
equivalente à 100.000 N/m² ou 1 atm
atmosfera pode-se observar que: (uma atmosfera).

z Quanto mais alto a posição do objeto, menor será a


pressão atmosférica sobre ele. Observe a ilustração a seguir que exemplifica todas
z Quanto mais baixo a posição do objeto, maior será essas etapas acima:
a pressão atmosférica sobre ele.

Sabe-se também que a temperatura é proporcio-


nal à pressão. Então quanto mais alto a posição de um
objeto, menor será a pressão, e consequentemente
menor a temperatura. Por isso que o clima nas monta-
nhas tende a ser baixo.
Observe a imagem a seguir:

Maior altitude
=
Menor pressão
atmoférica

Partículas de ar

Veja um exemplo de como o tema é abordado nas


Menor altitude provas:
= (FUMARC – 2018) Em 1643, Evangelista Torricelli,
Maior pressão
atmosférica discípulo de Galileu, realizou uma experiência para
medir a pressão atmosférica da Terra e conseguiu
demonstrar que esta sustentava uma coluna de mer-
Observação: A pressão atmosférica a nível do mar
cúrio (Hg) de 76 cm ao nível do mar. Para isso, ele
(nível zero) é tabelada. Seu valor é aproximadamente
mergulhou um tubo contendo mercúrio em uma vasi-
100.000 Pa ou 100.000 N/m². Ou seja, ao nível do mar,
lha com o mesmo elemento.
para cada m² de área, a atmosfera exerce uma pressão
aproximada de 100.000 N. Esse valor também pode ser
expressado em outras unidades equivalentes, como:

100.000 Pa = 100.000 N/m² = 1 atm = 760 mm/Hg

Experiência de Torrichelli

A atmosfera faz uma pressão sobre todos na super-


fície da Terra. Essa pressão nada mais é que o “peso
FÍSICA

acima das nossas cabeças” que está pressionando


uma certa área. Esse peso é ocasionado pelos átomos
e moléculas desse ambiente. Torrichelli, no século
XVII, conseguiu medir a pressão atmosférica com uma
experiência relativamente simples. Essa experiência
consistiu em algumas etapas: 223
Qual alternativa apresenta uma mudança a ser feita Conversões de áreas:
no experimento para indicar um valor diferente do
medido por Torricelli, conforme descrito no texto. z cm² para m²: divide-se por 10000.
z mm² para m²: divide-se por 1000000.
a) Diâmetro do tubo.
b) Formato do tubo. Princípio de Stevin – Pressão hidrostática em
c) Troca do líquido. diferentes níveis de um fluido qualquer
d) Volume da vasilha.
e) Volume do tubo.
Estabelece a pressão sofrida por um objeto quan-
do ele está imerso em um fluido (líquido ou gasoso).
Como podemos ver, a alternativa correta é a letra C,
pois, como a pressão age proporcionalmente em cada Assim, antes de Stevin:
área de um corpo, trocando o diâmetro, formato ou
volume, ela não iria ocasionar alterações. Porém, tro- “A diferença entre as pressões de dois pontos de
cando o líquido (e sabe-se que cada líquido possui suas um fluido em equilíbrio (repouso) é igual ao pro-
peculiaridades – volume, compressibilidade etc), iria duto entre a densidade do fluido, a aceleração da
ocorrer uma mudança na coluna de líquido suspensa. gravidade e a diferença entre as profundidades dos
pontos”.
PRINCÍPIO DE PASCAL
Considerando a citação anterior tem-se que qual-
Expressa a pressão hidráulica exercida por um quer fluido exerce uma pressão em um corpo que está
fluido em equilíbrio. Pascal afirmou: imerso nele. Essa pressão é proporcional a densidade
do líquido, a gravidade do planeta, e a altura de que
“O aumento da pressão exercida em um líquido em este objeto está da superfície do líquido (Stevin desco-
equilíbrio é transmitido integralmente a todos os briu isso).
pontos do líquido bem como às paredes do recipien- Se levarmos em conta a pressão acima da superfí-
te em que ele está contido”.
cie do líquido (pressão atmosférica), encontraremos a
pressão total.
Entende-se desse enunciado que quando apli-
Observe a representação desse enunciado logo a
camos uma força em um embolo qualquer (de área
menor), se este embolo estiver interligado em outro seguir:
embolo (de área maior) por uma mangueira com
um fluido em seu interior, essa força é transmitida
integralmente (totalmente) para esse último embolo
(imagine duas seringas de diferentes tamanhos cheias
de água e interligadas por um mangueira – aperte o
embolo menor e verifique que você fará uma força
pequena nesse embolo, porém, conseguirá levantar o
embolo maior facilmente). Esse princípio “da multi-
plicação de forças” é utilizado em inúmeros ramos da
engenharia.

Sendo:

P = Pressão do fluido (Pa ou N/m²)


P₀ = Pressão atmosférica (ao nível do mar: 100.00 Pa)
d = Densidade do fluido (Kg/m³)
g = Gravidade local (m/s²)
h = Altura de imersão no fluido (m)

Na figura anterior observa-se que quanto mais


fundo o objeto esteja, mais pressão ele sofrerá do flui-
do (quanto maior o valor de “h”, maior o valor de “P”).
É importante saber que a pressão hidrostática
F ₁ e F₂: Forças aplicadas aos êmbolos 1 e 2 depende apenas da posição vertical do objeto, e não
A₁ e A₂: Áreas dos êmbolos 1 e 2 de sua posição horizontal, nem mesmo do formato do
Nessa ilustração, percebe-se que a força aplicada recipiente. Observe a imagem a seguir:
em F1 é transmitida integralmente (totalmente) para
F2, mesmo sendo aplicada em uma área menor. Com
uma pequena força aplicada em F1, produz efeitos
significativos em F2.
Isso tem várias aplicações na mecânica como:
elevadores hidráulicos, freios hidráulicos, direções
hidráulicas, pistões hidráulicos, etc.
Em se tratando de unidade, na equação acima as
forças são representadas em Newtons (N) e as áreas
em metros quadrados (padrão). Muitas das vezes as
áreas necessitarão serem convertidas para essa uni-
224 dade padrão de área.
Princípio de Arquimedes (Empuxo) Assim, podemos considerar a temperatura de um
corpo como uma grandeza que está diretamente liga-
Você já percebeu que conseguimos boiar na água? da ao grau de agitação de suas moléculas. A energia
E que outros objetos também conseguem? Porque associada a essa agitação é chamada energia térmica,
isso ocorre?! Esse feito é ocasionado pelo princípio de e como as moléculas estão em movimento, elas pos-
Arquimedes (também chamado de impulso). suem energia cinética. Quanto maior a energia ciné-
Arquimedes disse: “Todo corpo mergulhado num tica média das moléculas, maior a temperatura do
fluido recebe um impulso de baixo para cima igual ao objeto.
peso do volume do fluido deslocado, por esse motivo, os Além da energia cinética, as moléculas possuem
corpos mais densos que a água, afundam, enquanto os energia potencial, que está associada às interações
menos densos flutuam.” entre elas, sendo assim, a energia total, a soma das
Observa-se que no empuxo o objeto necessita estar energias cinética e potencial, é denominada energia
imerso em um fluido, e com isso surgirá uma força interna. A seguir, podemos representar de forma
vertical, de baixo para cima tendo sentido contrário esquemática, as moléculas (esferas) que constituem o
ao peso do corpo. corpo, em vibração:
O empuxo é diretamente proporcional à densidade
do líquido, à gravidade do planeta e o volume de líqui-
do deslocado pelo objeto (Arquimedes descobriu isso).
Vide esquematização abaixo:

E=d·g·v
Se dois corpos possuem a mesma agitação térmica,
eles estão com a mesma temperatura.
E = empuxo d = densidade do fluido (kg/m³)
O conceito de calor é a energia térmica trocada
g = gravidade do local (m/s²)
entre dois corpos mediante uma diferença de tempe-
V= volume deslocamento (m³)
ratura entre eles, ou seja, calor é a energia térmica em
Podemos observar que o empuxo sofrido por um trânsito que se desloca do corpo de maior temperatu-
corpo é igual ao produto da densidade do fluido pela ra para o corpo de menor temperatura.
gravidade local e o volume deslocado no fluido. Calor e temperatura não são grandezas equivalen-
Em relação à flutuabilidade, tem-se que: tes! Um corpo não possui calor, pois calor é uma ener-
gia em trânsito.
CRITÉRIOS DE FLUTUABILIDADE É importante ressaltar que quanto maior a dife-
rença de temperatura entre dois corpos, maior será o
Se P < E O objeto flutua
fluxo de energia térmica entre eles. Na figura a seguir,
Se P = E O objeto permanece em equilíbrio os corpos A e B trocam energia térmica, onde TA é tem-
Se P > E O objeto afunda peratura do corpo A, TB é a temperatura do corpo B e
Q é a quantidade de calor trocada entre eles.

Q
CALOR E FENÔMENOS TÉRMICOS
A B
CALOR E TEMPERATURA
TA > TB
FÍSICA

É recorrente em nosso cotidiano associarmos o


conceito de calor e temperatura de forma errônea, Quando as propriedades termométricas de dois
como, por exemplo, dizer “hoje está calor”, no entan- ou mais sistemas não variam no decorrer do tempo,
to, esses conceitos possuem significados distintos. O dizemos que eles estão em equilíbrio térmico entre si.
conceito de temperatura está relacionado à constitui- Logo, as trocas de energia ocorrem até que os corpos
ção da matéria. atinjam a temperatura de equilíbrio. 225
Conversão entre escalas Termométricas

A B Para converter valores de temperaturas entre as


escalas, vamos considerar C, F e K as temperaturas
de um determinado corpo nas escalas Celsius, Fahre-
T’A = TB
nheit e Kelvin respectivamente. Para obter as funções
termométricas que relacionam as três escalas é neces-
Podemos generalizar o conceito de equilibro térmi- sário considerar os pontos de fusão do gelo e ebulição
co para mais de dois sistemas, por meio da chamada da água, além de alinhar as três escalas com as tempe-
Lei Zero da termodinâmica. Considere três sistemas, raturas, como mostrado no esquema a seguir:
A, B e C. Durante uma experiência, no primeiro
momento, consta-se o equilíbrio térmico entre A e C.
Suponha agora que mantidas constantes as condições
de C, tenha constatado, em um segundo momento, o
equilíbrio térmico entre B e C. Logo, as conclusões que
podemos tomar é que o sistema A está em equilíbrio
térmico com B.
O enunciado da Lei Zero da Termodinâmica diz o
seguinte: dois sistemas em equilíbrio térmico com um
terceiro estão em equilíbrio térmico entre si.

ESCALAS TERMOMÉTRICAS

Para definir a temperatura de um corpo, utiliza-se


escalas termométricas, que são escalas graduadas, ou
seja, um instrumento que dispõe de uma escala de Como podemos observar, para obter-se a tempe-
ratura correspondente a uma escala, basta saber a
valores para conhecer a temperatura de algo. As três
temperatura em outra, com isso, podemos estabelecer
que mais se destacam são:
uma proporção
Escala Celsius
Tc - 0 TF - 32 TK - 273
Proposta em 1742, pelo astrônomo sueco Anders
= =
100 - 0 212 - 32 373 - 273
Celsius. Atualmente a escala Celsius é a mais utilizada
em todo mundo. É uma escala relativa que usa como
pontos fixos de referência o ponto de fusão e solidifi- Simplificando, temos:
cação da água, ambos a uma pressão de 1 atm. O inter-
valo entre esses dois pontos foi dividido em 100 partes Tc TF - 32 TK - 273
iguais e cada divisão equivale a 1° C (1 grau Celsius). = =
Sendo o ponto fusão 0°C e ponto de ebulição 100° C. 5 9 5

Escala Kelvin Assim, essas relações são válidas para quaisquer


temperaturas, tomando duas temperaturas é possível
A escala Kelvin foi elaborada em 1848, pelo Físico encontrar o valor correspondente.
britânico William Thomson, homenageado com o títu-
lo de Lord Kelvin. Durante as experimentações, per- Transferência de calor e equilíbrio térmico
cebeu-se que é impossível reduzir a temperatura de
uma substância a um valor igual ou inferior a -273,15° O calor pode se deslocar de uma região para outra
C. Esse valor de temperatura é chamado de zero abso- de um corpo, podendo estes corpos estarem em conta-
luto ou 0 K, uma temperatura que é impossível de ser to ou não. Esse fenômeno é chamado de transferência
atingida. Desse modo, essa é uma escala absoluta e a ou propagação de calor, podendo ocorrer em meios
subdivisão de sua escala possui o mesmo tamanho da sólidos, fluidos ou até mesmo no vácuo.
escala Celsius. O ponto de fusão da água corresponde Há três tipos de propagação de calor:
a 273 K e o ponto de ebulição da água corresponde a
373 K. CONDUÇÃO DO CALOR

O calor se propaga por condução, quando há con-


Escala Fahrenheit
tato entre os corpos. Nesse processo há transporte de
energia sem deslocamento de matéria.
A escala Fahrenheit foi proposta no ano de 1727
Há vários exemplos no cotidiano que demonstram
pelo físico alemão-polonês Gabriel Daniel Fahrenheit. esse fenômeno e para demonstrar, imagina-se uma
Apenas cinco países adotaram essa escala, dentre eles pessoa segurando uma barra metálica em um dos seus
os Estados Unidos. Possui como pontos fixos, ponto de extremos, enquanto o outro extremo está próximo a
fusão da água 32° F e ponto de ebulição da água 212° uma chama. Nota-se que decorrido um certo interva-
F, ambos a uma pressão de 1 atm. O intervalo entre lo de tempo, o extremo da barra que a pessoa estava
esses dois pontos fixos é igual a 180 partes, cada divi- segurando estará também aquecido. A seguir, apre-
226 são equivale a 1° F (1 grau Fahrenheit). senta-se uma figura exemplificando essa situação:
Verifica-se que o fluxo de calor Ø é diretamen-
te proporcional a diferença de temperatura (T₁ e T₂)
entre os extremos do cilindro e a área da secção trans-
versal A, e inversamente proporcional ao comprimen-
to L do cilindro. Logo, podemos escrever:
A condução do calor nesse exemplo pode ser expli-
cada da seguinte forma: após a extremidade da barra
ser aquecida, as partículas dessa região adquirem mais T₁ - T₂
Ø=K·A� �
energia, no qual provoca uma agitação maior delas,
L
além de fazer com que elas vibrem com maior ampli-
tude, transmitindo essa vibração às partículas mais
próximas, que em seguida também passam a vibrar Nessa equação K é uma constante que depende das
com amplitudes maiores, e assim sucessivamente. características do material que constitui o cilindro e
O choque entre as partículas se propaga por toda é denominada coeficiente de condutividade térmica
extensão da barra metálica, resultando no aqueci- do material. O seu valor é diferente para cada tipo
mento da região que não estava em contato direto de material. Nos condutores térmicos, o valor de K é
com a fonte de calor. maior que nos isolantes térmicos. Por exemplo, a pra-
ta possui K = 418 _ m $ k i e a madeira 0,13 _ m $ k i .
Além disso, há materiais que são bons conduto- w w
res de calor como os metais, por exemplo, e outros
materiais que possuem maior dificuldade em condu-
CONVECÇÃO
zir o calor, que são chamados de isolantes térmicos.
A madeira, o isopor, a cerâmica, o tijolo de barro, o
gelo, os líquidos e os gases são exemplos de isolantes A propagação de calor por convecção é caracteri-
térmicos. zada pelo arrasto de matéria, ou seja, a convecção não
pode ocorrer em meios sólidos, sendo um processo
característicos dos fluidos, líquidos e gases. Tomamos
Se liga! como exemplo uma panela que contém uma certa
quantidade de água, que ao ser aquecida sob a chama
Muitos pensam que os casacos são feitos para de um fogo, a porção de água que está situada no fun-
aquecer o corpo no inverno, no entanto, ele é do da panela recebe o calor em primeiro lugar, tendo
utilizado para diminuir as trocas de calor com o um aumento de temperatura e volume, no qual resul-
meio, atuando como um isolante térmico. ta na diminuição da densidade em relação à porção de
água restante situada acima. Logo, essa porção menos
densa e mais quente se desloca para a parte superior
Fluxo de Calor para dar espaço para a porção de água fria e mais den-
sa, que desce para o fundo da panela, formando assim,
Como sabemos, o sentido espontâneo que o calor correntes de convicção. Esse ciclo se repete, enquanto
se propaga é sempre de uma região de maior tempe- haver aquecimento de água. A seguir, podemos visua-
ratura para outra de menor temperatura. Tendo isso lizar esse processo:
em vista, chamamos de fluxo de calor a quantidade
de calor que atravessa uma sessão reta do corpo que o
conduz, por unidade de tempo. O fluxo de calor pode
ser calculado da seguinte maneira:

Q
Ø=
Δt

Onde Q é a quantidade de calor e Δt é o interva-


lo de tempo. A unidade de fluxo de calor no Sistema
Internacional de Medidas é o watt (W), essa unidade
é a mesma coisa do que Joule por segundo. Ao longo
desse material vocês vão entender o porquê a unidade O processo de movimentação do ar, formação de
de quantidade de calor (Q) é dada em Joule, ou seja, brisa e ventos, pode ser explicado por convecção.
FÍSICA

joule por segundo. Durante o dia, quando os raios solares atingem a Ter-
Vamos imaginar um cilindro condutor que possui ra, o ar que fica próximo ao solo se aquece, ficando
um comprimento L, no qual as suas extremidades menos denso e em seguida sobe, levando os poluentes
estão em temperaturas diferentes, sendo T₁ > T₂. A terrestres e sendo substituído pelo ar que está situa-
quantidade de calor Q é transmitido de uma extremi- do nas camadas superiores que está mais frio e mais
dade a outra em um intervalo de tempo Δt. denso. 227
No entanto, durante o inverno, essa incidência
solar é menor e o solo se esfria rapidamente, o que faz DILATAÇÃO TÉRMICA
com que o ar em contato com o solo seja mais frio e
mais denso que o ar das camadas superiores, por isso Quando fornecemos calor a um corpo, verificamos
não há correntes de convecção, aumentando assim, a que ele tem um aumento de temperatura, e da mesma for-
concentração de poluentes no ar que respiramos. ma quando há liberação de calor, a temperatura diminui.
Esse fenômeno é conhecido como Inversão Tér- Além disso, por meio do conceito de tempera-
mica, no qual uma camada de ar quente se sobrepõe tura, sabemos que a maior agitação das partículas
a uma camada de ar frio. está associada a uma maior temperatura. No entan-
to, sabemos que uma maior agitação está associada
IRRADIAÇÃO TÉRMICA a uma necessidade de espaço, o que faz com que as
partículas se afastem uma das outras, aumentando as
dimensões do corpo. Essa situação é denominada de
A irradiação térmica efetua-se por meio de ondas
dilatação térmica.
eletromagnéticas denominadas ondas caloríficas ou
A seguir, vamos conhecer os tipos de dilatação
calor radiante. Além disso, o fenômeno de irradiação térmica:
térmica pode ser entendido quando uma radiação ele-
tromagnética é absorvida por um corpo causando a DILATAÇÃO DOS SÓLIDOS
elevação de sua temperatura, ou seja, irradiação é a
forma de propagação de calor por meio de radiação Em várias situações como em construções de edi-
térmica. Nesse processo, não é necessário um meio fícios de concretos, nos trilhos de trem ou até mesmo
para se propagar, isto é, o calor pode se propagar nas calçadas, é necessário deixar um espaço, pois ao
no vácuo. serem aquecidos pelo sol, tenham um espaço para se
Há alguns exemplos que podemos identificar esse dilatar ou quando a temperatura diminui, possam se
tipo de propagação, como ao acendermos uma lâm- contrair. Outro exemplo que podemos notar em nosso
pada incandescente e ao aproximar dela sem tocá-la, cotidiano são os cabos de rede elétrica, eles sempre
podemos sentir o calor por ela produzido. Esse mesmo apresentam uma certa folga entre os postes e nunca
processo que acontece com a lâmpada é o que acontece são instalados totalmente esticados, isso é para evitar
entre o sol e planeta Terra, o calor é propagado por uma tração excessiva quando a temperatura cai, o que
irradiação. A seguir, uma ilustração desses exemplos: poderia causar ruptura dos fios e consequentemente
uma interrupção de energia.
Em geral, com o aumento da temperatura, há
aumento do volume de um corpo. No entanto, há
situações em que a dilatação em uma das três dimen-
sões é mais significativa do que a variação do volume
do corpo na totalidade. Assim, dizemos que quando o
corpo se dilata somente no comprimento, consideran-
do apenas a variação em uma das dimensões, tratare-
mos de dilatação linear.
Nos casos em que é considerado a variação da
área superficial dos corpos, podemos afirmar que esse
corpo apresenta dilatação superficial. E por último,
quando há variação das três dimensões, tratamos de
dilatação volumétrica.

Se liga!
A dilatação de um corpo depende de três fato-
res: do material que o constitui, das dimensões
iniciais e da variação de temperatura.

A seguir, vamos analisar os três tipos de dilatação:


Se liga!
Dilatação Linear
A garrafa térmica é um exemplo no qual pode-
mos entender os três tipos de propagação de A dilatação linear ocorre quando a variação em
calor. Ela conserva a temperatura dos líquidos uma única dimensão do corpo é mais relevante com
quentes e gelados, e para que isso seja possí- a aumento de sua temperatura. Nesse caso, a variação
vel, a perda ou ganho de calor pelo líquido para do comprimento é o que nos interessa.
o ambiente deve ser minimizada, qualquer que Vamos considerar um barra metálica como apre-
seja o processo: condução, convecção ou irra- sentado na figura a seguir, com um comprimento ini-
cial L0 a uma temperatura inicial T1 . Ao aumentar a
diação. Para evitar a condução e a convecção,
temperatura da barra para T2 , o seu comprimento
a ampola interna é feita de vidro, sendo este um passa a ser L.
material isolante térmico e com paredes duplas,
entre as quais se faz vácuo. A parede de vidro é
espelhada para que não ocorra a perda de calor
por irradiação.
228
Logo, ΔL = L - L₀ é a variação de comprimento, ou Dilatação volumétrica
seja, a dilatação linear da barra na variação de tempe-
ratura ΔT = T₂ - T₁. Agora vamos considerar que há dilatação nas três
É relevante enfatizar que a variação do compri- dimensões, altura, largura e comprimento, aumentan-
mento depende do tipo do material que constitui a do o seu volume. Considere um bloco com um volume
barra e essa influência está no fato de que as intera- inicial V₀ a uma temperatura inicial T₁, e após ser aque-
ções mais fortes entre partículas do material fazem cido, apresenta um volume V e uma temperatura T₂.
com que elas se afastem menos ao se dilatar e intera-
ções mais fracas fazem com que elas se afastem mais.
E a grandeza física que mede essa influência é chama-
da de coeficiente de dilatação térmica.
Para o caso de dilatação linear, essa grandeza é
denominada α (letra grega alfa), coeficiente de dila-
tação linear.
Destas relações, podemos escrever:
A variação do volume (ΔV) é diretamente propor-
ΔL = T₀ · α · ΔT cional ao volume inicial V₀, a variação de temperatura
(ΔT) e depende do tipo de material de que é feito o
Onde ΔL é a variação do comprimento, α é o bloco.
coeficiente de dilatação linear e ΔT é a variação da
temperatura. ΔV = V₀ · γ · ΔT
Sendo ΔL proporcional ao comprimento inicial e a
variação de temperatura ΔT. Sendo γ coeficiente de dilatação volumétrica do
O comprimento final (L) pode ser calculado da material.
seguinte forma: Seguindo a mesma forma que nos outros casos, o
volume final do bloco pode ser calculado pela relação:
L = L₀ + ΔL
V = V₀ ( 1 + γ · ΔT )
Substituindo o ΔL na equação acima, temos:
O coeficiente de dilatação volumétrica pode ser
L = L₀ (1 + α · ΔT)
calculado por γ = 3 α .
Dilatação Superficial
DILATAÇÃO DOS LÍQUIDOS
Analogamente ao que foi dito para dilatação linear,
podemos calcular a dilatação de uma placa. Em comparação aos sólidos, os líquidos apresen-
Vamos considerar que a face de um cubo tenha tam forças de interação mais fracas entre as partícu-
área inicial S₀ com uma temperatura inicial T1 e, após las. No entanto, para estudar a variação de volume,
ser aquecido, apresenta área final S e temperatura deve-se considerar também a dilatação do recipiente
final T. que contém o líquido, pois parte do calor que aquece
esse líquido é absorvida também pelo recipiente, que
tem suas dimensões modificadas ao dilatar-se. Assim,
surge entre eles uma dilatação aparente. Ao analisar o
caso em que o recipiente se encontra completamente
cheio, ao aumentar a temperatura do sistema, o reci-
piente deverá dilatar, mas o líquido dilatará mais que
o recipiente. Aqui nota-se que parte do líquido extra-
vasa, no qual o volume extravasado é exatamente a
dilatação aparente.
Logo, é possível perceber que a dilatação real do
líquido é dada pela soma da dilatação volumétri-
É possível verificar que a variação da área (ΔS)
ca sofrida pelo recipiente e a dilatação aparente do
depende do tipo de material que constitui a superfície,
sendo diretamente proporcional à área inicial (S₀) e à líquido:
variação de temperatura (ΔT).
ΔVLíquido = ΔVRecipiente + ΔVaparente
ΔS = S₀ · β · ΔT
Sendo que, para cada ΔV, é possível escrever a
Sendo β o coeficiente de dilatação superficial do relação de dilatação, ou seja:
material que constitui a placa.
A área final de uma placa pode ser calculada da V₀ · γ líquido · ΔT = V₀ · γ recipiente · ΔT =
FÍSICA

seguinte maneira: = V₀ · γ aparente · ΔT

S = S₀ (1 + β · ΔT ) Nota-se que V₀ e ΔT são os mesmos em todos os ter-


mos, logo:
O coeficiente de dilatação superficial do material
que constitui a placa pode ser calculado por β = 2α. γlíquido = γrecipiente + γaparente 229
Sendo essa a relação entre os coeficientes de É frequente o uso da unidade quilocaloria (kcal),
dilatação volumétrica do líquido e do material do no qual 1Kcal = 10³ cal.
recipiente.
Em geral, aumentando a temperatura de uma
substância, ocorre um aumento de seu volume, exceto Se liga!
com a água entre 0° C e 4° C, que ocorre o fenôme-
no inverso. Esse fenômeno é chamamos de Dilatação Por definição, a quantidade de calor de 1 cal ele-
anômala da água. va a temperatura de 1 grama de água em 1° C.

Dada a definição de calor, é possível descrever o


que acontece a um corpo quando uma quantidade de
CAPACIDADE CALORÍFICA E CALOR
calor é fornecida a ele ou retirada por ele. Podemos
ESPECÍFICO observar que esse corpo pode mudar de temperatu-
ra, porém pode haver também mudança de fase da
Como já vimos, a definição de calor pode ser enten-
matéria, no qual o calor pode ser classificado em dois
dida como a energia em trânsito entre corpos com
tipos: calor sensível e calor latente (esse veremos mais
temperaturas diferentes, no entanto, essa definição
só veio depois. Antes a comunidade científica consi- adiante).
derava o calor uma substância fluida, invisível e sem
massa, presente no interior dos corpos. E o termo que CALOR SENSÍVEL
se utilizava para denominar essa substância era “caló-
rico”, proposto por Antoine Laurent Lavoisier. Ele Podemos definir calor sensível, sendo aquele que,
considerava o calórico com um dos elementos mais fornecido a um corpo, provoca nele uma mudança
fundamentais da natureza, quanto mais quente fosse em sua temperatura. E para entender melhor, vamos
um corpo, maior era a quantidade de calórico. conhecer duas grandezas físicas associadas à quanti-
Outros físicos da época estudavam e realizavam dade de calor fornecida a um corpo: capacidade tér-
experimentos relacionados à teoria do calórico. Ben- mica e calor específico.
jamim Thompson por volta do ano de 1798, durante
seu expediente na fábrica de armas, na qual ele tra-
Capacidade térmica
balhava na Alemanha, observou que as brocas de aço
esquentavam muito durante as perfurações de tubos
de aços nas produções de canhões e para que as bro- A capacidade térmica de um corpo pode ser defini-
cas não derretessem era necessário resfriá-las cons- da como sendo a quantidade de calor necessária para
tantemente com água. elevar ou diminuir a temperatura de um corpo de 1°C.
E de acordo com a teoria do calórico, acreditava-se Em termos matemáticos, podemos defini-la como:
que o calor era proveniente do material retirado da
broca, pois quanto mais quente fosse um corpo, maior Q
C=
era sua quantidade de calórico. Com isso, Thompson TT
propôs que se tentassem perfurar os canhões com bro-
cas que perderam a capacidade de perfurar, porém Para representar a capacidade térmica, usaremos
ele verificou que o calor produzido era ainda maior. a letra C (maiúscula). Além disso, no SI, sua unidade
Tendo isso em vista, Thompson começou a ques- é J/K, porém pode ser usado também cal/ °C.
tionar o modelo que explicava o calórico como
substância, que essa teoria devia ser repensada. Ele
Calor específico
argumentou que o que acontecia era uma transforma-
ção de trabalho mecânico em calor e que este seria
a forma de energia responsável pelo aquecimento do Pode-se definir calor específico como a quantidade
sistema. de calor que devemos fornecer a uma amostra de uma
E só então em 1847, o físico Hermann von Hel- unidade de massa de um corpo para que ele possa
mholtz definiu calor como uma forma de energia sofrer um aumento de temperatura de uma unidade.
e que para todas as formas de energia há o equi-
valente em calor. E um ano depois, durante um Q
m · TT
C=
experimento, o físico James Joule, conseguiu medir
precisamente a quantidade de calor produzida a
partir de uma quantidade determinada de energia Usaremos a letra c (minúsculo) para representar
mecânica e, com base em seus resultados, a teoria do o calor específico. No sistema internacional, medimos
calórico foi rejeitada. calor específico em J/kg s, mas também se usa cal/g °C.
Vamos representar pela letra Q a quantidade de
Se desenvolvermos a equação anterior, veremos
calor trocado entre os corpos com temperaturas dife-
que podemos escrever da seguinte maneira:
rentes. No Sistema Internacional (SI), a quantidade de
calor é medida em Joule (J), em homenagem a James
Joule, porém é também muito utilizado a unidade Q = m · c · ΔT
caloria (cal).
Da experiência de Joule, temos: Como podemos observar, para um mesmo mate-
rial, quanto maior for a massa, maior será a quanti-
dade de calor que deve ser trocada para uma dada
230 1 Caloria (cal) = 4,186 Joule (J) variação de temperatura.
Além disso, outra conclusão que se pode tomar é A seguir, podemos visualizar, de forma ilustrativa,
que a variação de temperatura de um corpo, ao trocar esses casos:
uma certa quantidade de energia térmica, depende do
material de que é constituído o corpo (calor específico)
e de sua massa. A seguir, podemos encontrar na tabe-
la o valor do calor específico de algumas substâncias:

SUBSTÂNCIA CALOR ESPECIFICO (CAL/ G °C)


Ouro 0,032
Prata 0,056
Cobre 0,093
Ferro 0,110
No tópico anterior definimos que se denomina
Alumínio 0,200 calor sensível os casos em que a quantidade de calor
Gelo 0,550 trocado com o meio provocar na substância a varia-
ção da temperatura. E agora vamos conhecer o outro
Álcool 0,600
tipo de calor: Calor latente.
Água 1,000
CALOR LATENTE
Como podemos observar na tabela acima, quanto
Quando a quantidade de calor trocado com o meio
maior o calor específico, mais difícil é o aquecimento
provoca na substância ou no corpo uma mudança de
ou resfriamento desse material ou substância, isto é,
menor é a sua variação de temperatura quando rece- fase, denominamos calor latente de transformação.
be ou perde uma mesma quantidade de calor. Para entender melhor, imagine um cubo de gelo ao
Podemos também substituir Q na expressão da nível do mar, ao fornecer calor, ele atinge a tempe-
capacidade térmica e teremos: ratura de 0°C e inicia a mudança de fase, de sólido
para líquido e se mantivermos a fonte de calor, a água
Q m · c · TT aquecerá e ao atingir a temperatura de 100°C, nova-
C= →C= →c=m·c mente irá passar por mudança de fase: líquida para
TT TT
gasosa. Com isso, esse calor trocado é o que chama-
mos de calor latente de transformação ou de mudança
Essa expressão mostra que a capacidade térmica
de fase.
pode ser expressa também pelo produto entre a mas-
Podemos entender que mudança de fase é como
sa e o calor específico de um corpo.
uma transformação física, isto é, não há interferên-
cia na sua composição química, o calor trocado com o
MUDANÇAS DE ESTADO FÍSICO E CALOR LATENTE
corpo atua na forma de agregação de suas partículas.
DE TRANSFORMAÇÃO
A substância permanece a mesma ao final do proces-
so, porém em fases diferentes. Além disso, quando há
Vocês já devem ter ouvido falar dos três estados
transformação física é possível reverter o processo e
físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso. Lem-
a substância retorna a fase anterior. Quando as trans-
bram deles? Vocês devem lembrar também que um
formações são capazes de modificar a substância e
dos principais fatores que permite condições para o
não é possível o processo ser revertido, chamamos de
desenvolvimento da vida e a diversidade de espécies
transformação química irreversível.
que habitam em nosso planeta é a existência da água
A seguir, podemos representar esquematicamen-
nesses três estados físicos ou também podemos cha-
te as variadas mudanças de fase e seus respectivos
mar de três fases.
nomes:
Essas mudanças de fase se devem as trocas de calor
com o meio, além disso, independente do estado físico
que uma substância se encontra, ela continua sendo a
mesma. O que distingue o estado físico da matéria é o
grau de liberdade que os átomos e moléculas possuem
ao interagirem. Essa liberdade pode ser entendida
como a intensidade das forças de interação molecular.
Na fase sólida, o grau de liberdade é muito peque-
no e a força de interação entre as moléculas é máxima.
A forma e o volume das substâncias são bem definidos
e as moléculas ficam rigidamente unidas.
O estado líquido, o grau de liberdade é maior e em
consequência a força de interação é menor, a forma e
o volume também são definidos.
A fase gasosa, o grau de liberdade é máximo, não
FÍSICA

há praticamente forças de interação entre as molécu-


las, o volume e a forma são indefinidos.
É necessário enfatizar que esses estados físicos são
em um modelo ideal, com isso, vale lembrar que nem Ao analisar os processos de mudanças de fase
todas as substâncias se comportam desta maneira, representados na imagem acima, podemos descrever
isto é, como um modelo ideal. da seguinte maneira: 231
z Fusão: é o processo de passagem da fase sólida É necessário destacar que, embora a temperatura
para a fase líquida. permanece constante durante o processo de mudança
z Solidificação: é o processo de passagem da fase de fase, o fornecimento de calor continua.
líquida para a fase sólida. Do mesmo modo que há a curva de aquecimento,
z Vaporização: é processo de passagem da fase existe também a curva de resfriamento, ao passo que
líquida para a fase gasosa. retirássemos progressivamente o calor o fenômeno
z Condensação: é o processo de passagem da fase ocorreria de forma inversa.
gasosa para a fase líquida.
z Sublimação: é o processo de passagem da fase TROCAS DE CALOR EM UM CALORÍMETRO
sólida para fase gasosa.
z Ressublimação: também chamado de sublimação Ao misturar duas ou mais substâncias em um
inversa, é a passagem da fase gasosa para a fase sólida. recipiente isolado do meio externo, elas trocam calor
entre si até que atinjam o equilíbrio térmico. Como
Em termos matemáticos, o calor latente de mudan- já mencionado no início, um sistema se encontra em
ça de fase pode ser calculado da seguinte maneira: equilíbrio térmico quando todas as suas substâncias
se encontrarem a uma mesma temperatura final. Isso
Q=m·L faz com que não ocorra trocas de calor com o meio. E
o recipiente no qual ocorrem essas trocas de calor é
chamado de calorímetro, pois ele não permite as tro-
Onde m é a massa da amostra e L é a constante que
cas de calor com a vizinhança.
representa o calor latente. Esse depende da mudança
Podemos dizer que para um sistema isolado, inde-
de estado (fusão/solidificação ou evaporação/conden-
pendente do número de substâncias envolvidas, a
sação) e da substância. Sendo assim, a quantidade de
quantidade de calor recebido somada a quantidade de
calor Q trocada durante a mudança de fase de uma calor cedido, é igual a zero, ou seja, a soma de todas
substância é dada pelo produto da massa pelo calor as trocas de calor ocorridos dentro do calorímetro é
latente L. Geralmente, utiliza-se a unidade cal/g para igual a zero. Logo,
o calor latente de uma substância.
É importante lembrar que deve-se considerar que ∑Q= 0
durante a mudança de fase de uma substância, a tem-
peratura não se altera até que ocorra totalmente a Sendo,
mudança de fase. Logo, o cálculo do calor latente não
considera a variação de temperatura. QRecebido+ Qcedido = 0
A seguir, vamos conhecer o que são as curvas de
aquecimentos e resfriamento e como elas se apresen-
tam graficamente. Se Liga!
Deve-se levar em consideração a quantidade de
calor recebida e cedida pelo calorímetro caso
ele não seja ideal, além de considerar a quan-
tidade de calor que entra e sai do sistema por
suas paredes.

TERMODINÂMICA
Como podemos observar no gráfico acima, as cur- A termodinâmica é a área da Física responsável
vas de aquecimento mostram como a temperatura de em estudar como a energia térmica pode ser usada
um corpo ou substância varia em função da quantida- para produzir trabalho. E os estudos nesta área se
de de calor trocada por ele. ampliaram e difundiram durante a Revolução Indus-
Tomamos como exemplo um bloco de gelo que está trial com o surgimento das máquinas térmicas, pois
inicialmente a uma temperatura negativa, sob pressão era necessário a compreensão do seu funcionamento
de 1 atm. Ao aquece-lo e fornecer um fluxo de calor e como fazer com que elas tivessem um melhor ren-
constante, percebe-se que com o passar do tempo, o dimento e melhores resultados. Nesta sessão, vamos
calor fornecido produz um aumento da temperatura estudar o comportamento dos gases, as leis da termo-
do bloco do gelo, até atingir seu ponto de fusão a 0°C, dinâmica e as máquinas térmicas.
sendo este o processo de mudança da fase sólida para
líquida. Nesse momento, a temperatura da mistura de COMPORTAMENTOS DE GASES IDEAIS (EQUAÇÃO
água e gelo permanece constante em 0°C, até que o DE CLAPEYRON)
processo de fusão se complete, isto é, até que todo gelo
se transforme em água. Uma parte importante na termodinâmica é o estu-
Após terminar o processo de fusão, o fornecimento do do comportamento dos gases. Os gases são fluidos
de calor volta a produzir o aquecimento da água até altamente compressíveis, isto é, expandem-se espon-
que ela atinja seu ponto de ebulição em 100°C e a água taneamente e ocupam toda capacidade quando con-
começa a transformar em vapor. A partir desse ins- tidos em recipientes. Um bom exemplo são os balões
tante, a temperatura da mistura de água e vapor para de festas que são preenchidos com gás. E neste tópico
de subir e permanece constante em 100°C até que toda vamos estudar os gases, nos quais chamaremos de
232 água se transforme em vapor. gases ideais.
Também chamado de gás perfeito, o gás ideal é Como mostrado anteriormente, o gás está encerra-
aquele em que os efeitos das forças intermoleculares do dentro do recipiente fechado, com isso, o número de
e o tamanho de suas moléculas podem ser despreza- mols do gás é o mesmo no início e no final da transfor-
dos. Um gás real pode ter um comportamento ideal mação, logo os segundos termos das duas igualdades
se colocado sob baixas pressões e altas temperaturas. acima são iguais, o que permite igualar os primeiros
Para definirmos o estado de um gás é necessário termos, pois também são iguais, desta forma:
conhecermos o volume que ocupa, sua temperatura e a
pressão exercida nas paredes do recipiente que ele está p0 · V0 p·V
contido. Essas grandezas, pressão (p), volume (V) e tem- =
peratura (T) se relacionam e são chamados de variáveis T0 T
de estado.
Há uma equação que foi determinada experimen-
Sendo esta a equação geral de um gás. A seguir
talmente e que relacionam essas três variáveis de
vamos conhecer os tipos de transformação:
estado e o número de mols (n) de um certo gás. Essa
equação ficou conhecida como equação de Clapeyron
Transformação Isobárica
e pode ser expressa da seguinte maneira:
Durante uma transformação isobárica, a tempe-
p · V = n · R· T ratura e volume de um gás são alterados, porém, a
pressão é mantida constante. Essa transformação foi
Sendo R a constante dos gases ideais. O seu valor estudada por dois físicos franceses: Jacques Charles
depende das unidades das variáveis do gás: e Joseph Louis Gay-Lussac, no qual os resultados de
seus experimentos mostraram que se a pressão per-
Para p _m i
N , V (m3) e T (K), teremos:
2 manecer constante, o volume e a temperatura abso-
J luta do gás são grandezas diretamente proporcionais,
R = 8,31 mol · K desta forma podemos escrever:
Sendo este no Sistema Internacional (SI).
Para p = (atm), V(L) e T(K), teremos: p0 · V0 p·V
=
atm $ L T0 T
R = 0,082 mol K .
Com isso, por meio desta equação é possível calcu-
Como p0 = p, temos
lar o volume molar de um gás. Além disso, verifica-se
que se o gás ideal, apresentar o mesmo número de
mols, nas mesmas condições de pressão e temperatu- V0 V
=
ra, deverá ocupar o mesmo volume.
T0 T
Podemos dizer que quando uma certa massa de
gás se encontra a 0°C (273 K) e pressão de 1 atm, ele
se encontra nas Condições Normais de Temperatura e E pode ser representado por um gráfico de volume
Pressão (CNTP). por temperatura da seguinte maneira:
Quando ao menos duas das três variáveis de esta-
do se alteram, dizemos que o gás sofreu uma transfor- V
mação. No tópico a seguir, iremos estudar esses tipos
de transformações.
O número de unidades elementares existentes em
cada mol de matéria é representado pela constante de
Avogadro que é NA = 6,022 · 10-23 moléculas/mol. Além
disso, o número de mols pode ser calculado por meio
m T (K)
da relação n = M , onde m é a massa da substância e
M, a massa molar da mesma.
Como a pressão é constante, em um gráfico de
pressão por temperatura e pressão por volume, os
TRANSFORMAÇÃO GERAL DE UM GÁS
gráficos ficariam da seguinte forma:
Ao considerar uma certa quantidade de um gás
ideal contido dentro de um recipiente fechado, no
qual suas variáveis de estado inicialmente são p₀, V₀,
T₀, ao sofrer uma transformação, suas variáveis de
estado final são dadas por p, V e T. Pela equação de
Clapeyron, podemos escrever os dois estados do gás:
p0 · V0
Inicial: p₀ · V₀ = n · R· T₀ ou =n.R
FÍSICA

T0
Transformação Isovolumétrica

p·V Na transformação isovolumétrica, o que permane-


Final: p · V = n · R · T ou =n·R ce constante ao longo da transformação é o volume
T
do gás. 233
O físico responsável por realizar os experimentos Sendo T0 = T, temos
e verificar essa transformação é Jacques Alexandre
Cesar Charles. Os resultados mostraram que para uma p₀ · V₀ = p · V
determinada massa de gás mantida a volume constan-
te, a pressão exercida é diretamente proporcional à Em um gráfico de pressão por volume, os dados
temperatura absoluta. Com isso, em termos matemá-
obtidos experimentalmente fornecem uma cur-
ticos, podemos escrever:
va característica desta transformação, essa curva é
conhecida como isoterma. A seguir podemos repre-
p0 · V0 p·V sentar um gráfico característico:
=
T0 T
P

Nesse caso, V0 = V, logo


ISOTERMA
P0 p
=
T0 T V

Podemos representar a transformação isovolumé- Os gráficos de pressão por volume e volume por
trica em um gráfico de pressão por temperatura: temperatura são apresentados da seguinte maneira:

P P V

T (K) T (K)
T (K)
Transformação Adiabática
Como o volume é constante, em gráficos de volu-
me por temperatura e pressão por volume, teremos as
Em todas as transformações que vimos até aqui, o
seguintes representações:
gás troca calor com a vizinhança, já a transformação
adiabática é aquela que o gás não troca calor com o
V P
meio externo. Isso pode ocorrer pelo fato de a trans-
formação ocorrer de forma rápida, o que faz com que
não haja tempo para que o gás troca calor com o meio
externo. Nesta transformação são alteradas todas as
variáveis de estado do gás, ou seja, variam a pressão,
volume e temperatura. Desta forma, a equação geral
T (K) V dos gases é válida:

A transformação isovolumétrica é também conhe- p0 · V0 p·V


cida por isométrica ou isocórica. =
T0 T
Transformação Isotérmica
Neste caso, o gráfico que nos interessa é de pressão
Durante uma transformação isotérmica, a tempe-
por volume e nele vamos considerar duas isotermas
ratura do gás permanece constante. É muito comum
em estados de temperatura T1 e T2, sendo T1 < T₂, con-
pensarmos que quando não há variação de tempera-
forme representado a seguir:
tura, o gás não troca calor com o meio, no entanto,
essa concepção é errada.
O físico Robert Boyle, em 1660, realizou diversos
experimentos, no qual submeteu uma quantidade de
gás a temperatura constante, a diversos valores de
pressão. Os resultados mostraram que mantendo a
temperatura inalterada, a pressão e o volume desse
gás são grandezas inversamente proporcionais, isto é,
quando se dobra o volume, a pressão se reduz à meta-
de. Logo,

p0 · V0 p·V
=
234 T0 T
Imaginemos um gás contido em um cilindro. Par- →
Agora vamos calcular o trabalho τ da força F exer-
tindo do ponto A, onde temos p₁, V₁ e T₁, uma certa
cida sobre o êmbolo pela equação do trabalho:
amostra desse gás será comprimido dentro do cilin-
dro, no qual se encontra isolado termicamente. Duran-
te essa compreensão, o sistema se afasta da isoterma τ = F · d · cosϴ
T₁ e se aproxima da isoterma T₂ no ponto B (p₂, V₂ e

T₂). Se ligarmos esses pontos (A e B), teremos uma cur- Sendo θ o ângulo formado entre a força F e o des-

va adiabática que representa uma compressão adia- locamento d , como os vetores têm as mesmas dire-
bática. Em nosso exemplo, a curva está representada ções, o ângulo formado é zero. Logo, temos:
pela cor cinza.

LEIS DA TERMODINÂMICA τ=F·d

Neste módulo, vamos continuar nossos estudos Sabendo que a definição de pressão é dada por:
sobre calor, porém vamos dar maior relevância no
F
seu uso como fonte energética para realização de p= A
trabalho mecânico, sendo esse o maior objetivo da
Termodinâmica. Vamos estudar também as duas leis Podemos manipular a equação acima e definir a
da Termodinâmica, sendo que essas leis são respon- força como sendo:
sáveis em explicar os principais aspectos que domi-
nam as transformações de energia. Em resumo, a
primeira lei trata das trocas energéticas dos sistemas
F=p·A
gasosos e os princípios de conservação da quantida-
Desta forma, substituindo a equação acima na
de de energia que podem ser estabelecidos em todos
equação do trabalho, teremos:
os processos de transformação. A segunda lei trata da
qualidade da energia nesses processos.
τ=p·A·d
TRABALHO REALIZADO EM UMA
TRANSFORMAÇÃO GASOSA Sendo ΔV = A · d, temos que a definição de trabalho
em uma transformação isobárica pode ser calculado
Imagine agora uma certa quantidade de massa da seguinte maneira:
de um gás sofrendo uma transformação, no qual há
variação de volume, esse gás exercerá uma força resul-

τ = p · ΔV
tante F na base do êmbolo, que por sua vez, sofre um

deslocamento d , ao mesmo tempo, uma pressão atua É relevante enfatizar que quando a transformação
sobre as paredes do cilindro. Esse processo resulta em sofrida pelo gás não é isobárica, a fórmula acima não
um trabalho π realizado ou sofrido pelo gás. O termo é válida, porém pode-se calcular o trabalho por meio
trabalho se destacará por diversas vezes em nossos da área abaixo da curva em um gráfico de pressão por
estudos. A seguir uma ilustração desse procedimento: volume:

τ = A (área da figura)

d ΔV
V

⟶ Sendo assim, o trabalho é numericamente igual à


F área sob a curva.

V0 = T0 V=T PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

Neste exemplo foi fornecida uma quantidade calor Como falado anteriormente, a primeira lei aborda
Q ao gás, que sofrerá uma transformação isobárica a conservação de energia de um sistema, além disso,
(pressão constante). Neste caso, houve uma expansão ela verifica as trocas de energia sofridas pelo gás. Há
do gás, isto é, aumento de volume. dois processos de trocas de energia: trabalho e calor,
Quando a variação de volume é positiva, houve com isso o gás sofre uma mudança de energia interna
expansão do gás e o mesmo realiza trabalho sobre o referente a essas duas formas de troca de energia com
ambiente, trabalho positivo ΔV > 0 → τ > 0 o meio.
FÍSICA

Quando a variação de volume é negativa, hou- Mas como se dá o cálculo da energia interna de
ve compressão do gás e o ambiente realiza trabalho um gás? É relevante saber que a energia interna de
sobre o gás, trabalho negativo ΔV > 0 → τ < 0 um gás monoatômico é em função da sua temperatu-
Quando não há variação de volume, transforma- ra. Com isso, consideramos o estado inicial de um gás
ção isovolumétrica, não há realização de trabalho ΔV contido em um recipiente, com n mols e a temperatu-
=0→τ=0 ra inicial T₀, a energia interna é dada por: 235
3 Transformação Isobárica
U0 = 2 n · R · T₀
Nessa transformação não ocorre variação da pres-
Ao fornecer uma quantidade de calor, e ocorrer são do gás, no entanto há variação de volume e tem-
aumento no volume do gás, a temperatura irá mudar peratura. Com isso, não se cancela nenhum termo na
para T e, em consequência, a energia interna final é equação da primeira lei da Termodinâmica, sendo
dada por: assim a relação permanece a mesma: ΔU = Q - τ.
3
U= 2 n · R · T Transformação Adiabática

Logo, podemos escrever que a variação de energia Na transformação adiabática, o gás não troca calor
interna de um gás é dada por: com o meio externo, logo, Q = 0. Desta forma, temos
que a variação de energia interna ΔU é dada por:
3
ΔU = U - U₀ = 2 nRΔT
ΔU = - τ
Agora podemos dizer que a variação de energia
interna de um gás, considerando as duas formas de Se o gás realiza trabalho (τ > 0), mas não recebe
troca de energia, é dada pela diferença entre o calor calor, a energia interna do gás deve diminuir ΔU < 0,
trocado e o trabalho realizado: em consequência disso a temperatura também dimi-
nui. Caso aconteça o contrário, se o gás sofrer trabalho
ΔU = Q - τ (τ < 0), sem trocar calor com o meio externo, a energia
interna aumentará ΔU > 0 e há aumento de tempera-
É válido algumas convenções de sinais: tura também.
Quando ocorre uma expansão do gás, o sistema
recebe calor, ou seja, Q>0. Transformações Cíclicas
Quando há compressão do gás, o sistema fornece
calor, ou seja, Q < 0. Quando um gás parte de um estado inicial de pres-
são, volume e temperatura, passando por estados
A primeira lei da Termodinâmica e as intermediários e retorna ao mesmo estado inicial,
Transformações Gasosas podemos dizer que o gás sofreu uma transformação
cíclica. Como os estados inicial e final são os mesmos,
Quando os parâmetros de quantidade de calor nos permite concluir que não há variação de tempera-
(Q), trabalho (τ) e energia interna (U) variam, ou tura, logo a variação de energia interna é nula ΔU = 0.
seja, assumem valores positivos, negativos ou nulos Além disso, como a transformação é cíclica, o calor
é necessário verificar como fica a equação mostrada trocado é equivalente ao trabalho realizado, com isso,
anteriormente e como a primeira lei se aplica a cada
não há variação de energia interna. A seguir, a repre-
uma das transformações a seguir:
sentação de uma transformação cíclica em um gráfico
de pressão por volume:
Transformação Isovolumétrica

Como sabemos, nessa transformação não há varia- P


A
ção no volume do gás. Se o gás não sofre variação no
volume, não há realização de trabalho. Com isso,
τ = Aciclo
ΔU = Q - τ Aciclo
C B
Sendo τ = 0, a relação fica:

ΔU = Q
Como mostrado na figura, o trabalho realizado
Neste caso, quando o gás recebe calor, sua ener- numa transformação cíclica é numericamente igual à
gia interna aumenta, e caso contrário, quando perde área do ciclo. Além disso, se o ciclo ocorre no sentido-
calor, sua energia interna diminui. Logo, pode-se con- -horário, o gás realiza trabalho sobre o meio, isto é,
cluir que as trocas de calor são utilizadas para alterar trabalho positivo (τ > 0), se o ciclo ocorre no sentido
a energia interna do gás. anti-horário, o meio realiza trabalho sobre o gás, tra-
balho negativo ( τ < 0).
Transformação Isotérmica
SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA
Nesta transformação não há variação na tempera-
tura do gás, com isso sua energia interna também não Sabemos que o principal objetivo da Termodinâ-
pode variar. Logo ΔU = Q. Desta forma, mica é explicar o funcionamento das máquinas tér-
micas. E a segunda lei vem discutir o que são essas
τ=Q máquinas e qual é o processo responsável por seu
funcionamento (que envolve em seu funcionamento).
Assim, o gás realiza trocas de calor com o meio, Neste tópico vamos mostrar também os dois enun-
mas sua temperatura permanece constante. Esse ciados da segunda lei e o que eles representam. Além
fenômeno acontece, pois, todo o calor recebido será disso, ela discute também as transformações irrever-
236 usado na realização de trabalho. síveis e suas limitações.
Máquinas térmicas Para que o rendimento de uma máquina seja 100%,
era necessário que todo o calor Q₁ fornecido fosse con-
Maquinas térmicas são dispositivos, que tem a fina- vertido totalmente em trabalho, mas isso nunca acontece.
lidade de transformar ou transferir energia, isto é, são Tendo isso em vista, podemos mostrar os dois enun-
dispositivos que opera em ciclos e durante esse pro- ciados da segunda lei da Termodinâmica. Enquanto a
cesso, transforma calor em trabalho periodicamente. primeira lei da Termodinâmica estabelece a conser-
As geladeiras, os motores dos automóveis e locomoti- vação de energia em qualquer transformação, esses
vas a vapor são exemplos de máquinas térmicas. enunciados estabelecem condições para que as trans-
O funcionamento de uma máquina térmica acon- formações termodinâmicas possam ocorrer.
tece da seguinte forma: há duas fontes térmicas nos O primeiro enunciado estabelece que:
quais vamos chamar de fonte quente e fonte fria, essas
fontes estão ligadas a máquina térmica. A fonte quente “O calor flui naturalmente de um reservatório
ela está a uma temperatura T₁ e fornece energia na for- quente para um reservatório frio, mas nunca ao
contrário”.
ma de calor Q₁ à máquina. Parte desse calor é utilizado
pela máquina térmica para realizar trabalho, e a outra
O segundo enunciado diz o seguinte:
parte, o calor excedente Q₂, é rejeitado pela máquina
térmica para a fonte fria que está à uma temperatura
“Nenhuma máquina térmica que opera em ciclos,
T₂. É necessário enfatizar que a temperatura da fonte
consegue transformar integralmente o calor em
fria é menor que a temperatura da fonte quente T₂ < T₁. trabalho”.
A seguir, uma esquematização desse processo:
Máquinas Frigoríficas
Fonte Quente
Acabamos de falar que o calor flui espontanea-
mente do corpo mais quente para o corpo mais frio.
Q1 Porém, há máquinas que realizam o processo inverso.
Você, agora, pode estar se perguntando se esse fato
não violaria o enunciado da segunda lei da Termo-
Trabalho dinâmica. No entanto, só violaria caso esse processo
Maquina ocorresse de forma espontânea. Mas, é necessário o
Térmica Realizado
fornecimento externo de energia por meio de um pro-
cesso forçado que ocorre através de um compressor
que realiza o trabalho mecânico. Um bom exemplo
são as geladeiras das nossas casas.
Q2 Os refrigeradores funcionam da seguinte forma:
eles recebem calor Q₂ da fonte fria e cede calor Q₁ para
a fonte quente, devido ao trabalho τ realizado pelo
compressor. Normalmente, a fonte fria está localiza-
Fonte Fria
da no espaço que se quer refrigerar, retirando calor,
enquanto a fonte quente rejeita calor para o ambien-
De acordo com o princípio de conservação de energia te. A seguir uma esquematização desse processo:
demonstrado na primeira lei da Termodinâmica, temos
que em uma transformação cíclica, a energia interna
é nula, ou seja, ΔU = 0. Logo, o trabalho realizado pela Fonte Quente
máquina térmica é igual à diferença entre a quantidade
de calor Q₁ fornecida a maquina térmica e a quantidade
de calor Q₂ rejeitada pela máquina. Desta forma, temos: Q1
τ = Q₁ - Q₂ τ
Refrigerador Compressor
O rendimento η de uma máquina térmica é dado
pela relação entre a quantidade útil de energia que
se obtém e a quantidade total de energia fornecida à
máquina, em outras palavras, o rendimento de uma
máquina é a razão entre o trabalho τ realizado pela Q2
máquina e a quantidade de calor Q₁ que ela recebe,
com isso, podemos escrever:
Fonte Fria

τ
η= Logo, podemos concluir que as máquinas frigorífi-
Q₁
cas convertem trabalho em calor.
A eficiência (e) de um refrigerador é dado pela
FÍSICA

Para calcular o rendimento, em termos de porcenta- razão entre a quantidade de calor Q₂ recebida da fonte
gem, basta multiplicar a equação anterior por 100, logo: fria e o trabalho mecânico τ realizado pelo compressor:

τ Q₂
η= · 100 e=
Q₁ τ
237
Ciclo de Carnot
T₂
ηcarnot = 1 -
As primeiras máquinas térmicas foram à vapor e T₁
possuía um rendimento muito baixo. Com intuito de
melhorar esse rendimento, em 1824, o físico Sadi Car- Degradação da Energia
not propôs um ciclo termodinâmico que proporciona-
va um rendimento máximo a uma máquina térmica. Vamos imaginar um recipiente no qual é dividi-
Esse ciclo, chamado de ciclo de Carnot, opera entre do em duas partes, uma dessas partes é ocupado por
duas fontes térmicas e consiste em duas transforma- um gás de nitrogênio e a outra parte por gás oxigê-
ções isotérmicas, uma a uma temperatura T₁ (fonte nio, esses são separados por uma placa removível. A
quente) e a outra a uma temperatura T₂ (fonte fria) e seguir uma ilustração:
duas transformações adiabáticas, alternadas, confor-
me mostra o gráfico de pressão por volume:

T1
D
C T2
V O gás nitrogênio está sendo representado por boli-
nhas e o gás oxigênio está sendo representado por
Como podemos ver, na figura temos um ciclo de triângulos. Se retirarmos a placa, os gases irão se mis-
Carnot, em que: turar espontaneamente, no qual ocorre uma distribui-
ção dos dois gases dentro do recipiente, como mostra
z AB ocorre uma expansão isotérmica; a figura a seguir:
z BC ocorre uma expansão adiabática;
z CD ocorre uma compressão isotérmica;
z DA ocorre uma compressão adiabática.

Se liga!
Segundo Carnot, nenhuma máquina térmica que
opere entre duas temperaturas tem rendimento
maior do que aquela que opera segundo o ciclo
de Carnot.
Se tomarmos esse exemplo, é praticamente impro-
vável, mas não é impossível que os gases se separem
No entanto, é relevante enfatizar que por mais que novamente, isto é, voltem à ordem inicial que ocupa-
o ciclo de Carnot possua o maior rendimento entre as vam antes da retirada da placa. Os fenômenos natu-
máquinas térmicas e por ser considerado ideal, ele rais são irreversíveis e, nos processos naturais, há
ainda não possui um rendimento 100%. sempre a passagem espontânea de um estado ordena-
Em cada ciclo de Carnot, as quantidades de calor do para um estado desordenado.
Q₁ e Q₂ trocadas com as fontes quentes e frias são pro- Com isso, podemos dizer que a degradação da
porcionais as respectivas temperaturas T₁ e T₂. Sendo energia também é uma evolução para a desordem.
assim, temos: Desta forma, pode-se anunciar o princípio da degrada-
ção da energia, sendo esta, mais uma forma de enun-
ciar a segunda Lei da Termodinâmica: “No Universo,
Q₂ T₂
= à medida que o tempo passa, diminui a quantidade de
Q₁ T₁ energia utilizável, ou seja, a energia se degrada”, tam-
bém podemos entender que a medida que o Universo
evolui, a desordem aumenta.
Como sabemos que o rendimento de uma máquina
Tendo isso em vista, podemos introduzir o concei-
térmica é dado por η = Qx1 e o trabalho é dado por τ
to de entropia, que é dada pela variável de estado, que
= Q₁ - Q₂, com isso a equação fica da seguinte forma: nos processos irreversíveis, ela representa a medida
da disponibilidade do emprego útil da energia. As
Q₂ transformações naturais, sempre levam a um aumen-
η=1-
Q₁ to na entropia do Universo.
Em termos matemáticos, podemos definir a varia-
ção da entropia de um sistema, representada pela
Desta forma, em função das temperaturas, o ren- letra (S), como sendo a razão da quantidade de calor
dimento de uma máquina que opere segundo o ciclo (Q) cedida ou recebida durante uma transformação e
238 de Carnot é: a temperatura (T) correspondente:
Q
ΔS =
T

A entropia é medida em J/K no Sistema


Internacional.

Se liga! O número de ciclos por uma unidade de tempo (s)


Todo sistema isolado que sofre uma transfor- é a frequência (f), sendo sempre positiva e medida no
mação irreversível tem sua entropia aumentada. SI por hertz, em homenagem ao físico alemão Heinri-
ch Hertz:

ciclo
1hertz = 1Hz = 1 = 1s-1.
s
ÓPTICA E ONDULATÓRIA
Definimos também a frequência angular, ω, sendo
PERÍODO, FREQUÊNCIA E CICLO 2π multiplicando a frequência:

Vamos estudar o sistema mais simples que pode ω = 2πf.


executar o movimento periódico.
Imagine um bloco preso em uma mola, na vertical, Podemos definir também o período T, já que eles
conforme a figura seguinte. Em um primeiro momen- são recíprocos:
to vamos desconsiderar todas as forças que atuam
sobre o bloco, forças de atrito e considerar apenas
1 1
a força que uma pessoa exerce para puxar ele para f= ou T =
T f
baixo, puxando-o até um ponto onde a mola se esti- , .
ca por completo, no ponto (-Xm) e a seguir liberamos
a força resultante e a aceleração são orientadas para Com essa definição a frequência angular fica ω,
cima, conforme o bloco sobe, ele ganha velocidade até
atingir a posição de equilíbrio, em 0, a força resultan- 2π
te neste ponto é igual a zero, mas como ele está em ω = 2πf =
movimento, ele passa da posição de equilíbrio. T .
Assim que o bloco chegar na posição (Xm), a veloci-
dade do bloco será orientada para cima, mas a força MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES
resultante e a aceleração estão orientadas para baixa,
e com isso a velocidade irá diminuindo ao passo que o O Movimento Harmônico Simples (MHS) é consi-
bloco desce novamente. Podemos analisar essa situa- derado o movimento oscilatório mais importante, já
que ele é bem fácil de se descrever matematicamen-
ção na figura a seguir:
te e com ele é possível exemplificar muitas oscilações
que são encontradas na natureza.
Quando temos molas ideais, mas o que são elas?
Você pode se perguntar, o conceito de ideal na física é
perfeito no mundo das ideias, ou seja, em um experi-
mento ideal a mola se deformará de forma que não irá
haver nenhum dano a ela e posteriormente irá retor-
nar na posição de equilíbrio que estava antes, sem
sofrer nenhum dano a suas propriedades.
Isso não ocorre no mundo real. Assim, antes de
caso você pegue uma mola e a estique completamen-
te, muito provável que a mola irá estragar, não vai
voltar para a posição de equilíbrio novamente. Caso
temos molas ideais elas obedecem à lei de Hooke, ou
seja, quando a força restauradora (F) que age sobre a
mola é diretamente proporcional ao deslocamento x
Ao tirar uma foto de cada momento em que o bloco da posição de equilíbrio, assim temos:
se movimenta, de forma a termos uma sequência do
movimento, podemos construir um gráfico de posição Fαx,
ao longo do tempo, de modo que conseguimos ana-
FÍSICA

Precisamos agora encontrar uma constante de pro-


lisar melhor o movimento do bloco. O bloco executa
porcionalidade para tirarmos a igualdade da equação
um movimento periódico, já que ele executa o mes- anterior. Para esse caso temos o k que representa a
mo movimento repetidas vezes, de forma idêntica, rigidez da mola, sendo assim, quanto maior for a cons-
em intervalos de tempos iguais. Sendo um movimento tante elástica k, a mola será mais rígida, mais difícil
periódico, podemos definir alguns termos que estão de comprimir ou esticar. Dessa forma, nossa equação
presentes em todos os movimentos periódicos. F α x fica: 239
F = –kx, Projetando a posição da partícula no eixo x, temos
que
O sinal negativo é pelo fato de que a força que é
exercida sobre a mola é do tipo restauradora, sendo
assim, ela sempre tende a restabelecer o equilíbrio, x
cosθ = ,
portanto ela é sempre oposta ao movimento do bloco A
a partir da posição de equilíbrio.
A equação F = –kx nos fornece uma força que Assim, a posição da partícula pode ser encontrada,
independentemente do valor de x, sendo ele positivo, isolando x da equação acima
negativo ou nulo, fornece o módulo e o sinal da força.
A constante k é sempre positiva e no SI suas unida-
des são N/m, Newtons por metro. Em um caso especial x = Acosθ.
onde não temos atrito, com a equação acima temos
a força resultante que atua sobre o bloco. Quando Se considerarmos que em t = 0, o fasor é um núme-
temos este cenário, que a força é diretamente propor- ro complexo que representa uma função seno com
cional ao deslocamento, o movimento é considerado amplitude A, frequência angular ω e uma fase 𝜙, ele
um MHS. é muito útil para representar um movimento de um
Assim, essa equação nos dá a força resultante que vetor que está no plano xy e está girando com velo-
age sobre a mola. cidade angular constante ω. vamos tentar entender
Quando falamos de força restauradora que age melhor isso: Imagine antes de uma figura que de OP
sobre qualquer objeto temos que lembrar dos estudos faz um ângulo 𝜙 (positivo) com Ox, sendo assim, para
da dinâmica, onde foi tratado sobre as leis de New- qualquer outro valor de t o ângulo θ = ωt + 𝜙, sendo o
ton, que vem de um grande físico do século XVI, que ângulo 𝜙 uma fase. Podemos reescrever a equação x =
em meio a uma pandemia teorizou as leis que regem Acosθ, e teremos
o movimento dos corpos e também inventou o cálcu-
lo diferencial e integral. Da segunda lei de Newton,
temos que a força resultante que age sobre um corpo x(t) = Acos(ωt + 𝜙),
é igual à massa vezes a aceleração, ou seja,
Agora temos a equação completa para explicar o
→ →
F = ma, fasor, a equação x(t) = Acos(ωt + ϕ) projetada nos eixos
x e y, fica
→ →
Substituindo a força (F) da equação F = ma em F = → ^
–kx , e isolando a, teremos x (t) = A(cos(ωt + 𝜙)x+sen(ωt + 𝜙)ŷ),

Ou seja, essa é a representação do vetor girante e a


k
a=– x, equação x(t) = Acos(ωt + ϕ) é uma forma bidimensio-
m nal de representar o vetor ao longo do tempo, como
podemos ver na figura a seguir
Obtemos, então, a aceleração do componente
x do nosso MHS, sendo uma aceleração que não é
constante.

Se liga!
Essa aceleração será importante para nós no
futuro, então guarde ela!

Para encontrar as equações do MHS, que são a


posição e velocidade que dependem do tempo, ou
seja, x(t) e v(t), vamos analisar o movimento circular
de uma partícula:

240
A equação x(t) = Acos(ωt + ϕ) é a função horária Ao isolar o sinal de menos da equação acima, per-
para o MHS onde x é o deslocamento do MHS em fun- cebemos que voltamos na nossa primeira equação
ção do tempo, A é a amplitude do movimento, ω é a (sen(a+b) = sen(a) cos(b) + sen(b)cos(a)), mas com um
frequência angular, t é o tempo e 𝜙 é o ângulo de fase sinal de menos na frente, sendo assim ao fazer o uso
do MHS. dessas relações podemos mostrar que –sen(b+a) = –
Vamos agora analisar a velocidade no MHS, para [sen(a+b)]. Por isso temos um sinal de menos ao fazer
conseguirmos entender melhor, vamos analisar a uma transformação da equação vc = ω ∙ A ∙ sen(𝜙+ωt)
figura a seguir. para v(t) = – ω ∙ A ∙ sen(ωt+ϕ).
Como a v c tem sentido contrario a x o sinal nega-
tivo da equação vc = ω ∙ A ∙ sen(𝜙+ωt) está correto. Com
essa equação é possível analisar quando teremos a
velocidade máxima que qualquer objeto pode ter em
um MHS, sendo assim, os valores máximos e mínimos
para o seno é 1 e -1, então temos

π
sen(ωt+𝜙) = 1 → ωt+𝜙 =
2

Essa é a mesma figura em que analisamos a posi- 3π


ção da partícula, mas agora vamos analisar a velo- sen(ωt+𝜙) = – 1 → ωt+𝜙 =
2
cidade, tanto a que está representada no Movimento

Circular Uniforme (MCU), sendo designada por vc e
a velocidade projetada no eixo x e está representada Logo, a velocidade máxima ocorre quando o obje-
→ to passa pela posição de equilíbrio, onde a sua veloci-
por v. Pelo zoom dado na partícula, podemos notar
→ → dade, em módulo, será:
que v é a projeção de vc no eixo x, sendo assim:
vmax = ωA.
v
senθ = , Agora, vamos analisar a aceleração no MHS, pri-
vc
meiro observe a figura a seguir:
Do MCU temos as equações de velocidade e para o
ângulo inicial

v = ωR→v = ωA e θ = 𝜙+ωt.

Vamos agora substituir as equações v = ωR→v = ωA


e θ = 𝜙+ωt em:

v
senθ =
vc

Logo ficamos

vc = v ∙ senθ,
vc = ω ∙ A ∙ sen(𝜙+ωt), A aceleração da partícula é representada analisan-
do a projeção do seu movimento no eixo x, de modo
Para ficar a mesma forma da equação x(t) = A que temos
cos(ωt + ϕ), precisamos inverter os parâmetros do
seno, para fazermos isso precisamos utilizar das rela- a
ções trigonométricas, então teremos cosθ = ,
acp
v(t) = – ω ∙ A ∙ sen(ωt+𝜙).
Assim, isolando a, encontramos
Vamos explicar agora o porquê aparece o sinal
negativo na expressão (19) e para isso vamos preci- a = acp cosθ,
sar fazer o uso de algumas relações trigonométricas.
A primeira temos; Onde θ = 𝜙+ωt e como fizemos na equação vc = v ∙
FÍSICA

sen(a+b) = sen(a)cos(b)+sen(b)cos(a) senθ, teremos


E uma segunda relação, é
–sen(b+a) = –sen(b)cos(a) – sen(a)cos(b) a = –acp cos(ωt+𝜙),
Podemos isolar o sinal de menos na segunda
expressão e teremos, Onde acp é a aceleração centrípeta sofrida pela par-
–sen(b+a) = –[sen(b)cos(a)+sen(a)cos(b)], tícula e ela é definida por acp = ω2A, 241
Substituindo em:


sen(ωt+𝜙) = – 1 → ωt+𝜙 =
2

Obtemos:

a = – ω2 ∙ A ∙ cos(ωt+𝜙)

Podemos analisar que da equação vmax = ωA temos


o mesmo termo encontrado na equação x(t) = Acos(ωt
+ 𝜙), sendo x(t) = A cos(ωt+𝜙) e a(t) = – ω2 ∙ A ∙ cos(ω-
t+𝜙), na equação da aceleração podemos simplificar
como a =– ω2x. T V
A aceleração máxima ocorre quando um objeto no 0 0
MHS está no máximo da amplitude ou analisando a T
equação a = –acp cos(ωt+𝜙), temos – ωA
4
cos(ωt+𝜙) = 1 → ωt+𝜙 = 0 T
0
e 2
cos(ωt+𝜙) = –1 → ωt+𝜙 = π.
3T
ωA
Sendo assim, em módulo: 4
T 0
a = ω2A.
Gráfico da velocidade versus o tempo, utilizando
Para que possamos compreender melhor todos a equação:
os conceitos apreendidos até agora sobre o MHS e
também nos ajudar sobre os próximos conceitos, que
π
serão sobre a energia do MHS, vamos analisar os grá- sen(ωt+𝜙) = 1 → ωt+𝜙 =
2
ficos de posição versus tempo, velocidade versus tem-
po e aceleração versus tempo, considerando 𝜙 = 0 e ω
= 2π/T. Primeiro vamos analisar o gráfico da posição Como ela é negativa e temos a função seno, tere-
versus tempo de acordo com a equação x(t) = A cos(ωt mos um gráfico com a concavidade para cima e come-
+ 𝜙). çando em zero.
Por fim, vamos analisar o gráfico da aceleração

T X T A
0 A 0 – ω2A
T T
0 0
4 4
T T
–A ω2A
2 2
3T 3T
0 0
4 4
T A T – ω2A

Gráfico da posição da partícula ao longo do MCU Gráfico da aceleração versus o tempo, utilizando
com a tabela de valores com as posições mais relevan- a equação a = –acp cos(ωt+𝜙), como ela é negativa e
tes do objeto. temos a função cosseno, podemos observar que o grá-
242 Para a velocidade versus tempo, temos fico já começa em (– ω2A), pois o valor de T = 0.
Com o auxílio dos gráficos e das tabelas acima, E assim teremos
vamos agora fazer uma análise da energia do MHS.
A única força que atua sobre o nosso bloco, referen- m(– ωAsen(ωt+𝜙))2 k(Acos(ωt+𝜙))2
te à primeira figura, é a força conservadora da mola, E= + ,
2 2
considerando-a como uma mola ideal, não temos for-
ças horizontais e assim a energia mecânica total do Elevando ao quadrado os termos, encontramos
sistema é conservada. Supondo também que a mola
não tem massa. mω2 A2 sen2 (ωt+𝜙) kA2cos2 (ωt+𝜙)
E= + ,
A energia cinética é dada por 2 2

Da equação:
mV2 mvx2
K= →k = ,
2 2 k
a=– x
m
E a energia potencial
Você lembra que falei para guardar essa relação
que em uma hora eu iria utilizá-la? Pois é, não era
kx 2
mentira, a = – ω2 x = – kx/m sendo a massa igual a m
U= .
2 = k/ω2, substituindo a m na equação acima, obtém-se:

Em alguns lugares você pode encontrar represen-


kA2sen2 (ωt+𝜙) kA2cos2 (ωt+𝜙)
tando a energia cinética e a energia potencial por Ec e E= + ,
Ep, mas é apenas uma forma de representar. 2 2
A energia mecânica total é E = K + U, logo temos
Temos um termo em comum na equação acima,
que é kA2/2, logo, isolando esse termo, temos
mvx2 kx2
E= + ,
2 2 kA2
E= (sen2(ωt+𝜙)+cos2(ωt+𝜙))
2
Como estamos em uma única dimensão, v = vx
. A energia mecânica total E está relacionada com a Temos uma relação trigonométrica onde cos2
amplitude do movimento A, que é seu deslocamento θ+sen2 θ = 1, logo temos
máximo a partir do ponto de equilíbrio. Sendo que o
bloco vai indo de -A até A, com as velocidades iguais a kA2
zero nestes pontos, vx = 0. Assim nestes pontos a ener- E= ,
2
gia é inteiramente potencial, e
Conseguimos provar utilizando as equações da posi-
ção e velocidade, a conservação de energia no MHS.
kA 2

E= , Agora uma dica que deixo para você é: refaça as


2 contas que foram realizadas, para você ter um apren-
dizado ainda maior sobre o MHS.
Como E é constante, logo seu valor sempre será
igual a kA2/2 em qualquer outra posição. Assim pode- PULSO E ONDAS
mos voltar na equação:
Pulso
kx2
U= As ondas estão presentes em praticamente tudo que
2 está ao nosso redor, seja para enxergamos algo, enviar
mensagens, assistir TV, ouvir músicas etc. Podemos
E teremos falar de muitos outros exemplos do uso das ondas, mas
vamos nos atentar em apenas algumas por agora. Para
começarmos os estudos de ondas, vamos imaginar um
mvx2 kx2 kA2 sistema, onde temos um pistão, que pode se movimen-
E= + = = constante. tar na vertical, com uma corda presa a ele e a corda fixa
2 2 2 em outra extremidade, para ficar mais fácil de analisar
essa situação, observe a figura a seguir.
Você encontrou mais acima no texto relações para
a posição e velocidade, para o MHS, assim é uma boa
hora para você pensar: será que se eu usar essas rela-
ções na equação acima, o que podemos encontrar?
FÍSICA

Para isso vamos utilizar as equações x(t) = Acos(ωt +


𝜙) e vc = ω ∙ A ∙ sen(𝜙+ωt) e substituir em:

mvx2 kx2 kA2


E= + = = constante
2 2 2 243
Quando o pistão realiza o movimento de subir e Podemos ter uma situação onde temos os dois
descer, ele vai produzir uma onda que vai se propa- movimentos longitudinais e transversais, assim tere-
gar na corda, como podemos analisar na figura, essa mos as ondas mistas. Podemos ver esse movimento
perturbação é conhecida como pulso. Um pulso faz na superfície de líquidos.
parte de uma onda, agora quando temos o movimen- Vamos imaginar um canal com água, com uma pla-
to de sobe e desce do pistão repetidas vezes, teremos ca que pode se movimentar para frente e para trás na
uma sequência de pulsos, formando assim um trem extremidade esquerda. Assim, ao fazer uma perturba-
de ondas. O pulso se move sem alterar a estrutura da
ção que se propaga ao longo do canal, as partículas
corda, ou seja, os outros pontos na corda não sofrem
que estão na superfície do líquido descrevem trajetó-
deformação, mas quando o pulso passa, eles se defor-
mam e depois voltam a posição original, assim o que rias circulares, que tem componentes longitudinais e
se propaga é a energia e a deformação da corda. transversais. Como podemos ver na figura a seguir:

Ondas

Vamos agora estudar um pouco sobre ondas, De


modo geral as ondas transportam energia e movimen-
to de um ponto ao outro, mas sem transportar maté-
ria entre esses pontos. Temos as ondas sonoras que
podem se propagar em líquidos, sólidos e gases, mas
as ondas sonoras não se propagam no vácuo. Tam-
bém temos as ondas luminosas, que se propagam em Além da classificação das ondas, podemos também
sólidos (caso eles forem transparentes ou translúci- analisa-las por sua dimensão de propagação.
dos), em líquidos, em gases e também no vácuo. Como assim? Você deve estar se perguntando. Nós
Além disso, as ondas podem ser classificadas em vivemos em um mundo em três dimensões, mas ainda
ondas transversais, longitudinais e mistas. temos uma dimensão e duas dimensões que consegui-
Vamos agora classificar essas categorias de ondas: mos analisar e interagir. Exemplos de duas dimensões
Começando com as ondas transversais, primeiro são jogos de plataforma como Super Mario World
vamos imaginar uma corda esticada (mesmo exem- (para quem é mais velho).
plo dado acima com o Pulso), assim ao agitar o lado Ainda há espaço para uma discussão de quantas
esquerdo da corda, temos uma agitação se propagan- dimensões temos no nosso universo. Definimos mui-
do durante a corda, da esquerda para a direita. Então tas vezes as dimensões como eixos no plano cartesia-
temos que o pulso produzido vai se propagando na no. Assim, em uma dimensão uma partícula pode se
corda, mas o deslocamento neste meio é perpendicu- mover apenas no eixo x ou y ou z. Agora para duas
lar ou transversal à direção de propagação da onda, dimensões trabalhamos com dois eixos, formando
tendo o movimento designado por onda transversal. assim um plano de coordenadas, sendo um plano xy e
agora para três dimensões relacionamos os três eixos
para definir a posição de algo no espaço.
Podemos sim ter mais dimensões, mas fica muito
complicado exemplificá-las.
Podemos sim ter mais dimensões, mas fica muito
complicado exemplifica-las. Terminando assim e se
lembrando sobre dimensões vamos falar de alguns
exemplos, mas relacionados com ondas.
Vamos analisar outra situação, onde temos uma Vamos primeiro exemplificar as ondas unidimen-
mola presa, parecido com o mesmo esquema apresen- sionais, ou seja, são ondas que se propagam em ape-
tado acima, quem já brincou com mola maluca pode nas uma dimensão, por exemplo, cordas de violão,
ter percebido essa situação. Ao realizar uma perturba- linha da pipa, entre outras.
ção, puxar a mola para frente e para trás, teremos uma As ondas bidimensionais são aquelas que se pro-
vibração paralela à direção do movimento do pulso. pagam em um plano, por exemplo, ondas sobre a água
Cada partícula que compõem a mola oscila para frente e por fim, as ondas tridimensionais que são aquelas
e para trás e na mesma direção de propagação da onda, que se propagam nas três dimensões, como as ondas
esse movimento é chamado de onda longitudinal. sonoras (sem dar spoiler, mas vamos estudar sobre
Temos outros exemplos desse tipo de onda, como elas mais para frente!).
o som produzido por um alto-falante, mas você pode Agora precisamos saber qual é a natureza dessas
se perguntar, como é produzido esse som e como é ondas. Elas podem ser de dois tipos, ondas mecâ-
essa onda? A resposta é que a vibração promovida nicas e eletromagnéticas. Vale ressaltar que a dife-
pela bobina altera a pressão do ar e as partículas que rença entre elas é o vácuo. Explicaremos isso mais
são arrastadas ou seja, temos uma massa de ar que é detalhadamente.
colocada em movimento, podemos exemplificar essa As ondas mecânicas são ondas que precisam de
ocorrência na imagem a seguir: um meio para se propagar. Ela se forma quando há
uma perturbação em um meio elástico, ou seja, a onda
precisa de um meio material para se propagar como o
ar, água, osso (como alguns fones de ouvido), cordas,
entre outras.
Agora as ondas eletromagnéticas são ondas gera-
das pela oscilação de cargas elétricas, logo uma carga
elétrica em movimento gera uma onda eletromagné-
tica como ondas de rádio, raios-X, ondas luminosas,
244 entre outras.
Além disso, essas ondas podem se propagar no O comprimento de onda é então definido pela
vácuo e em meios materiais. Vale ressaltar que elas menor distância entre dois pontos que oscilam em
são muito usadas hoje em dia, como por exemplo, em fase, mas agora quando temos dois pontos que não
redes móveis e wi-fi. estão em fase, podemos definir o meio comprimento
Outro ponto a ser notado é que as Ondas eletro- de onda (λ/2). Quando começamos a estudar física, um
magnéticas são definidas por um campo elétrico e dos primeiros conceitos que aprendemos é sobre a
campos magnéticos, oscilando perpendicularmente velocidade, que é definido pela variação da distância
entre sim e se propagando no espaço, observe a figura dividido pela variação do tempo, ou seja
a seguir:

→ Δx
V= ,
Δt

a velocidade é um vetor, mas vamos trabalhar com


ela em módulo. Agora a distância para o caso de ondas
é Δx = λ e o tempo é Δt = T, onde T é o período, substi-
tuindo tudo isso na equação F α x, teremos
→ →
Os componentes de E e B são semelhantes, tem o λ
mesmo período, mas em direções perpendiculares. v= .
T
ONDAS PERIÓDICAS
No início dos nossos estudos, tratamos sobre
alguns conceitos sobre período, frequência e ciclo,
Já tratamos sobre ondas em geral, agora vamos
você lembra? Então, ao analisar a equação F = –kx
começar a especificar cada um dos temas citados, mas
podemos substituir a frequência, e assim teremos
primeiro precisamos definir alguns conceitos mate-
máticos que serão a nossa ferramenta de trabalho,
não precisa se assustar. Agora vamos estudar ondas v = λf,
periódicas, em poucas palavras são ondas (uma
sequência de pulsos) que oscilam de forma idêntica Lembrando que a velocidade dos pontos que osci-
em intervalos de tempos iguais, definido isso pode- lam em MHS é dada pela equação: v(t) = – ω ∙ A ∙ sen(ω-
mos terminar por hoje, brincadeira ainda temos mui- t+𝜙), v(t) = – ωA\sen(ωt+𝜙).
to trabalho pela frente. Um bom exemplo para esse Tratamos acima de ondas periódicas transversais,
tipo de onda é o Movimento Harmônico Simples, ou agora vamos estudar sobre ondas periódicas longitu-
simplesmente MHS, que será estudado mais adiante. dinais. Também vimos os conceitos de ondas e demos
Para que seja melhor a sua compreensão vamos anali- um exemplo para ondas longitudinais, o som se propa-
sar a figura a seguir: gando no ar, vamos agora dar outro exemplo: ondas
longitudinais promovidas por um cilindro que contém
um gás com um êmbolo, em uma das suas extremida-
des, quase uma seringa. Observe a figura a seguir:

Nesta figura há uma onda produzida por um MHS,


onde A é a amplitude da onda e v a velocidade de
propagação. Em todos os pontos dessa onda, temos a
mesma frequência e amplitude da fonte, ou seja, um
movimento periódico. Em todas as ondas temos os
pontos mais altos e os mais baixos, eles são denomina- Imagine que esse êmbolo fique oscilando em MHS,
dos cristas e vales, respectivamente. Definimos então promovendo assim ondas longitudinais. Quando o
a distância entre dois vales ou duas cristas, como um êmbolo executa seu movimento ele comprime o gás,
comprimento de onda, designado pela letra grega o que faz com que as moléculas fiquem agrupadas
lambda (λ). em uma determinada região, e em outras regiões com
poucas moléculas do gás. Como o êmbolo, faz esse
movimento na horizontal, de forma periódica, produ-
zirá várias regiões de moléculas agrupadas e regiões
com poucas moléculas, e de maneira bem padroniza-
da. Podemos fazer uma analogia com o caso das ondas
FÍSICA

longitudinais, isto é, onde temos regiões com molécu-


las agrupadas identificamos como picos e as regiões
com poucas moléculas são os vales, você está de acor-
do com isso? Sendo assim, podemos, refazer as mes-
mas considerações acima e também iremos encontrar
que a velocidade é v = λf. 245
Como falamos anteriormente, as ondas mecânicas Reflexão
precisam de um meio elástico para se propagarem,
logo a velocidade irá depender deste meio. Se anali- Você pode até pensar que a reflexão de uma onda
sarmos, veremos que essas ondas dependem somente é quando ela está pensando sobre algum assunto
das características do meio, que podem ser a densida- filosófico, no sentido da vida, mas não é bem assim.
de e a elasticidade. A reflexão de ondas está presente em nosso cotidia-
Um exemplo dessa ocorrência é a sirene de uma no e é graças a este efeito que conseguimos enxergar,
ambulância que depende somente das propriedades do afinal, os raios de luz providos de uma fonte lumino-
ar, e não do movimento da ambulância, mas, neste caso,
sa ao chocar com os diversos elementos que estão ao
talvez ointe uma dúvida, sendo: Quando uma ambulân-
nosso redor são refletidos até chegar aos nossos olhos.
cia passa por você o tom dela aumenta e logo em seguida
Assim, quando uma onda colide com algum objeto e
diminui, não é mesmo? Essa dúvida será sanada quando
formos estudar sobre o efeito de Doopler. sua energia não é absorvida, mantém-se todas as suas
propriedades, entretanto sua direção muda e para
FENÔMENOS ONDULATÓRIOS este fenômeno damos o nome de reflexão.

Princípio De Huygens

Os efeitos ondulatórios estão bastante presentes


em nosso cotidiano, nossa comunicação quase inteira-
mente depende de ondas, seja para falarmos e ouvir-
mos com as ondas sonoras emitidas por quem fala e
ouvida por nossos ouvidos, seja ao vermos tudo que
está ao nosso redor, afinal isso tudo depende da luz,
que por sua vez é uma onda eletromagnética (vere-
mos mais para frente sobre isso).
Mas, a forma com que as ondas se propagavam
intrigava os filósofos naturais e entre eles viveu um
filósofo, físico, matemático e astrônomo (ufa, esse pes- A reflexão de ondas respeita duas leis, sendo elas
soal fazia tanta coisa) Chistiaan Huygens, um holan-
dês que viveu no século XVII e formulou as bases para z O raio incidente, o raio refletido e a reta normal1
a teoria ondulatória da luz. situam-se no mesmo plano.
Huygens propôs que a propagação das ondas acon-
z O ângulo refletido β possui o mesmo valor do
tece, pois, cada ponto da frente de onda atua como
ângulo refletido α obedecendo a lei de Snell:
uma fonte que gera uma onda através de transferên-
cia de energia, mantendo as características da onda
inicial. Estes pontos são chamados de fontes secun- sen(α) va
dárias e as ondas geradas por eles são chamadas de =
sen(β) vb
ondas secundárias.
A proposta de Huygens resulta em três
Refração
consequências:

z A frente de onda A’ é a que envolve todas as ondas Vimos que a reflexão ocorre quando uma onda
secundárias criadas pelas fontes secundárias. colidi com um objeto que não absorve sua energia,
z A distância entre A e A’ em uma onda periódica é o mas muda sua direção. Entretanto, uma onda que
comprimento de onda λ. muda de meio de propagação tem sua velocidade
z O raio de onda é sempre perpendicular, isso é, tem alterada e chamamos este fenômeno de refração.
um ângulo de 90º com a frente de onda.

246 1 A reta normal é traçada perpendicularmente à superfície no ponto de incidência da onda.


Imagine os raios de luz vindo do Sol, no vácuo eles
possuem a mesma frequência f, mesmo comprimen- Se liga!
to de λA onda e a mesma velocidade de propagação
vA, entretanto ao entrar na atmosfera terrestre eles fA = fB fA = fB
sofrem o efeito de refração e sua velocidade muda, λA > λB λA < λB
passando a ser vB e consequentemente o comprimen- Se vA > vB→ α > β Se vA < vB→ α < β
to de onda λB também será diferente, afinal
Difração
vA = λA ∙ f e vB = λB ∙ f.
Uma característica da propagação de onda é que
O ângulo de incidência também será diferente do
ela segue a direção no qual aponta o raio de onda,
ângulo refratado, pois
entretanto, como é possível ouvir uma pessoa em um
cômodo diferente do que estamos, ou ouvir alguém
sen(α) vA λA ∙ f falando do lado oposto de um muro? Isso só é possível
= = em decorrência a um efeito físico chamado difração.
sen(β) vB λB ∙ f ,

Como a frequência continua a mesma nos dois


meios, nossa relação simplifica da seguinte forma

sen(α) vA λA
= =
sen(β) vB λB

A partir dessa relação podemos verificar que existe


uma relação direta entre a velocidade de propagação
de uma onda e os ângulos de incidência e refratado.
Quando uma onda passa do meio A cujo vA é maior
que a velocidade vB, no meio B, o ângulo de incidência
α é maior que o ângulo refratado β.
Na situação reversa, quando a velocidade vA, no
meio A, é menor que vB, no meio B, o ângulo de inci- A difração é o encurvamento das ondas ao se
dência α é menor que o ângulo refratado β. Ambos os depararem com as bordas de um obstáculo ou de
casos estão retratados na figura a seguir: fendas que possuem a mesma ordem de grande-
za do comprimento de onda. Se o comprimento de
normal onda for relativamente menor em comparação com
λA a barreira ou fenda o efeito não ocorre, ou quando
ocorre, é de maneira bastante sutil, pois a onda atra-
vessa a barreira. Já quando o comprimento de onda é
da mesma ordem de grandeza que o comprimento de
α onda, ao atravessar uma fenda o efeito acontece como
mostrado na figura acima.
A Em geral não vemos a luz difratada pois os obs-
B táculos presentes ao nosso redor possuem tamanhos
bastante superiores ao comprimento de onda da luz,
β λB mas podemos ver os efeitos de difração da luz ao
apontar um laser em um fio de cabelo. Como mensu-
rado anteriormente, costumamos observar este efeito
com o som, pois possui comprimento de onda com a
mesma proporcionalidade da maioria dos obstáculos
que estão ao nosso redor.

normal
λA

α
A
λB B
FÍSICA

247
Eco e Reverberação Nas figuras estão representados apenas um pul-
so de onda, mas as interferências ocorrem na sua
Dois efeitos que estão diretamente ligados à refle- totalidade. Os dois casos são consequências diretas
xão são o eco e a reverberação. Esses dois efeitos con- da superposição das ondas, visto que ao interagirem
sistem no encontro de uma mesma onda com o seu somamos as funções de onda de cada uma e obtemos
reflexo em um ponto do espaço. uma função de onda resultante.
Imagine que uma onda foi emitida em todas as
direções e que uma parcela delas foi refletida por Ressonância
algum anteparo qualquer. Em um determinado tempo
e em um ponto do espaço as ondas podem se encon- Quem nunca acompanhou nos programas de audi-
trar e interagir. tório onde desafiam um participante a quebrar uma
O que diferencia um fenômeno do outro é o tem- taça de cristal com a voz? Para que isso ocorra é neces-
po em que a onda refletida encontra a onda que foi sário que o participante, em geral, um tenor ou qual-
emitida e não houve nenhuma interação. Se o tempo quer pessoa que tenha um controle grande da sua voz
de encontro for menor que 0,2 segundos ocorre a emita um som com a mesma frequência que as partí-
reverberação, isso é, a amplitude da onda é aumenta- culas da taça vibram, aumentando a amplitude dessa
da e isso é bastante comum nas igrejas medievais que frequência até que o material quebre.
O fenômeno envolvido no exemplo citado acima
mesmo uma pessoa sem microfone consegue falar
é a ressonância. Isso é quando um sistema recebe
para o público.
uma força externa periódica, no qual possui a mes-
Se o tempo de encontro dessas ondas for superior
ma frequência do sistema oscilante, eles entram em
a 0,2 segundo ocorre o eco e é bastante comum quan-
ressonância e passa a oscilar com frequência maior.
do gritamos em um penhasco e escutamos algumas
Este efeito é bastante comum em parques, em que
vezes o som que emitimos.
crianças balançando são empurradas por um adulto
e a amplitude do movimento do balanço se torna cada
Princípio da Superposição e Interferência vez maior.
O efeito está presente em muitos outros exem-
Até agora estudamos as ondas se propagando em plos de nosso cotidiano que aparentemente não
um sentido, podendo até mesmo mudar sua direção possuem nenhuma característica ondulatória, entre-
e vimos que esse fenômeno é chamado refração. Mas tanto, basicamente todas as partículas ao nosso
quando uma onda é refletida, o que acontece? Por redor estão variando, porém, de forma quase sempre
exemplo, ao gritarmos próximo de um penhasco, con- imperceptível.
seguimos ouvir o eco, ou seja, a onda que foi propaga-
da em um sentido refletiu ao bater em um obstáculo ONDAS SONORAS
e mudou seu sentido. Entretanto, se continuarmos
a gritar durante a reflexão do grito inicial, as ondas Já estudamos muitas propriedades das ondas até
sonoras interagirem e se superpõem e o efeito de agora, a partir desses conceitos vamos estudar as
superposição de ondas é chamado de interferência. ondas sonoras. Prometo que vamos tentar entender
O princípio da superposição de ondas é o fenôme- como funciona um violão. Então primeiro vamos ana-
no do encontro entre duas ondas e para calcular o lisar algumas situações da onda se propagando em
deslocamento destas ondas em qualquer momento uma corda. Imagine dois cenários, primeiro uma onda
basta somar a função de onda de cada uma das ondas em uma corda onde temos uma extremidade presa e
envolvidas. outra quando temos essa mesma onda, mas agora a
Ao se superporem, as ondas podem sofrer dois corda está solta na extremidade. Para te ajudar a ima-
tipos de interferências: interferência construtiva e ginar, observe a figura a seguir.
interferência destrutiva.
Quando duas ondas estão em fase e se encontram
no espaço acontece uma interferência construtiva,
conforme vemos na figura da esquerda e quando as
ondas estão fora de fase o que ocorre é uma interfe-
rência destrutiva, conforme a figura da direita.

→ →
v v →
v

v

Interferencia Construtiva Interferencia Destrutiva

Para estudarmos como funciona um violão, pre-


v
→ → → → cisamos analisar uma situação onde as extremidades
v v v
da corda estão fixas, caso contrário, não temos como
tocar o vilão. Iremos considerar a superposição de
duas ondas que se propagam em uma corda, sendo
248 uma onda incidente e outra a refletida.
A corda oscila para cima e para baixo em MHS Para o segundo harmônico será
(notou que o MHS está aparecendo em tudo. Por isso
que eu falei que ele era muito importante), pensa que
a onda oscila da esquerda para direita, assim que ela λ2 2L
L=2∙ → λ2 = .
chega na extremidade da direita ela irá bater e voltar. 2 2
Mas temos outras ondas sendo produzidas que estão
indo e voltando, imagine essa situação! Quando uma Podemos encontrar uma relação entre os compri-
onda se encontra com outra, elas irão interagir, agora mentos de onda em cordas vibrantes, caso formos
como vai ocorrer essa interação é o que precisamos prosseguindo com as relações acima, iremos encon-
entender. trar que uma relação para qualquer comprimento de
Então temos uma onda que está se propagando onda, em matemática dizemos para o enésimo termo,
ao longo dessa corda e sua amplitude é constante e a
assim podemos escrever
sua velocidade não se altera, como vimos isso antes. O
padrão da onda se mantém constante e a sua amplitu-
de se move na corda, como mostra na figura a seguir: 2L
λn = ,
n

Sendo n = 1, 2, 3, até o infinito e além. Com a rela-


ção do comprimento de onda podemos encontrar as
frequências de ressonância, com a equação v = λf, só
para lembrar é v = λf. Sabendo que a velocidade v será
a mesma em todos os pontos da corda, pois ela depen-
de somente da tração que a corda está submetida e da
densidade linear da corda. Assim, podemos reescre-
ver a equação v = λf para n valores

v = λnfn,

Com isso, a frequência é dada por

v
Se analisarmos o movimento da onda, iremos per- fn = ,
ceber que existem pontos que nunca se movem, onde λn
esses são chamados de nós, que está indicado pela
letra N, entre os nós teremos pontos onde a ampli- Podemos substituir o valor do comprimento de
tude é máxima, esses pontos vamos chamar de ven- onda, encontrada em:
tre, designado pela letra V. Temos então um padrão
de onda que aparentemente não se move ao longo da 2L
corda, essa onda é chamada de onda estacionária, ao λn =
n
contrário, temos ondas progressivas, que se movem
ao longo da corda.
Já podemos analisar o violão! Como temos cor- nv
das presas nas duas extremidades, ao realizar uma fn = ,
vibração teremos então uma onda estacionária com 2L
determinadas frequências, que são de ressonância do
sistema, dando origem as ondas estacionárias. Encontramos assim a frequência para o enésimo
Observe a figura anterior, onde a onda em verme- termo que é a frequência fundamental multiplicada
lho-escuro é uma onda se propagando e em verme- por n vezes. Pela equação:
lho mais claro é a onda que foi refletida. Nos pontos
onde a extremidade da corda está presa, temos nós, nv
para cada modo de vibração temos os harmônicos. fn =
2L
Para o primeiro caso, temos o primeiro harmônico
que possui um ventre, agora para o segundo harmôni-
co, temos dois ventres e assim por diante. Agora pre- É possível perceber que a frequência fundamen-
cisamos recuperar uma informação fornecida acima; tal depende somente da velocidade e do comprimento
é sobre o comprimento de onda, definimos que ele é da corda, mas para produzir um som a corda preci-
o menor comprimento de dois pontos que oscilam, sa estar bem tensionada, certo? Por exemplo, caso
assim para o de meio comprimento é você coloque as cordas em um violão e não as aperte
(afinar o violão), como será o som? Não teremos som
algum, será algo bem diferente que o violão pode pro-
λ1 duzir. Assim se então apertarmos as cordas do violão,
FÍSICA

L= ,
2 tencionando-as, as cordas irão produzir um som mui-
to melhor.
Ou seja, o comprimento de onda do primeiro har- Então para produzir o som são mais importantes
mônico é a tensão e a densidade linear da corda, que influencia
a velocidade de propagação da corda. Ao relacionar
λ1 = 2L, essas ideias teremos 249
v=
√ T
µ
,

Onde T é a tensão da corda e µ é a densidade linear,


logo substituindo essa equação em:

nv
fn =
2L

Teremos
A onda se propaga de forma periódica e a distân-

fn =
n
2L
√ T
µ
.
cia entre os centros de duas compressões ou de duas
descompressões, corresponde a um comprimento de
onda. Como já vimos antes, λ é o comprimento de
onda e f a frequência da onda sonora, então podemos
Essa equação nos dá a frequência fundamental de definir a velocidade, v = λf.
onda sonora criada no ar, com ela podemos conhecer
o porquê o som de um piano é mais grave do que o
som de um agudo produzido por um violino. Como a
Se liga!
frequência tem dependia inversa ao comprimento da Ondas transversais longitudinais ou mecânicas,
corda (L), com uma corda mais comprida temos sons não temos transporte de matéria.
mais graves, produzindo assim baixas frequências,
agora com cordas mais curtas, como as de um violino
ou violão, temos sons mais agudos, ou seja, com altas As ondas sonoras se propagam da mesma forma
frequências. A tensão (T) é proporcional à frequência, que as ondas longitudinais, que estudamos anterior-
mente, sendo assim, os fenômenos de difração e refle-
então ao aumentar a tensão, temos um aumento da
xão também se aplicam para as ondas sonoras. Dessa
frequência. Agora a densidade linear também altera
forma, para uma onda difratar as dimensões dos obs-
o som, assim quanto maior for ela, menor será a velo-
táculos e o comprimento de onda precisam ser da
cidade, e consequentemente a frequência, por isso as mesma ordem de grandeza.
notas mais baixas de uma guitarra, as cordas são fei- Para ondas sonoras na faixa audível temos os com-
tas de aço e com isso temos aquele solo de guitarra. primentos de onda máximo de 17 m e mínimo de 1,7
Entendemos até agora como o som é produzido cm. Como você pode encontrar esses valores? Não é
em cordas fixas, mas após termos ele produzido ele uma tarefa difícil, precisamos utilizar a relação v = λf,
se propaga e chega até o nosso ouvido, que é por onde isolando o λ e a velocidade do som no ar é 340 ms–1 e
julgamos se a pessoa sabe ou não tocar um violão. utilizando a frequência máxima e mínima para o som
Vamos agora estudar como ele se propaga no ar e em audível, 20.000 Hz e 20 Hz.
outros meios também (como em meios gasosos, líqui- Para o fenômeno de reflexão da onda sonora tam-
do e solido), em sólidos? Você já deve ter percebido bém podemos usar os mesmos conceitos de ondas,
isso quando você estava dormindo e seu vizinho ligou mas temos algumas peculiaridades. Quando uma
o som alto em um domingo. O som é uma onda longitu- onda sonora reflete em alguma superfície podemos
dinal, como havíamos visto acima, sendo assim temos ter três fenômenos: reforço, reverberação e eco.
as propriedades já estudadas acima sendo aplicadas O som reforçado ocorre quando o som da fonte
reflete em uma superfície e chega até um ouvinte,
agora, elas são ondas mecânicas, ou seja, precisa-se de
percebemos um som, em um tempo muito menor
um meio para se propagar. Uma forma mais simples
que 0,1 s é possível perceber outro som, sendo que o
de visualizar as ondas sonoras é em ondas senoidais,
intervalo entre os dois sons será imperceptível, assim
que temos valores bem definidos para a amplitude, a o som inicial será amplificado, ou seja, o som inicial
frequência e o comprimento de onda, como já vimos foi reforçado. É possível fazer uma comparação com o
antes. seu estudo de ondas anteriormente, que quando duas
O nosso ouvido é bem sensível às ondas sonoras, ondas são refletidas em uma parede, caso elas tenham
assim, crianças podem ouvir sons com frequências a mesma amplitude, comprimento de onda e fase, elas
entre 20 e 20.000 Hz¸ que está na faixa do interva- se sobrepõem e temos uma amplitude maior. Agora,
lo audível, mas para frequências maiores temos o para o fenômeno de reverberação, o ouvinte percebe
ultrassom e para menores o infrassom, vamos anali- que o som da fonte se prolonga um pouco mais, esse
sar a imagem abaixo. fenômeno pode ser percebido em palestras em auditó-
rios, onde as ondas sonoras percorrem todo o ambien-
infrassom som audível ultrassom te até chegar no ouvinte e o atraso desse caminho é
compensado pela reverberação. O fenômeno de eco
é aquele onde você pode gritar do alto de uma mon-
0 20 20.000 f tanha e perceber que seu som se repetiu. Isso ocor-
re quando a onda emitida é refletida com um tempo
Vamos relembrar agora a propagação do som em maior de 0,1 s, logo é preciso de ambientes com pouco
250 um gás, observe a figura abaixo objetos.
Tubos sonoros
λ
= L → λ = 2L,
Agora você já consegue julgar se uma pessoa sabe 2
tocar um violão e ainda como montar um estúdio de
música, com os conceitos de difração e reflexão das
ondas. Então vamos para um instrumento que não λ L
= → λ = L,
pode faltar em uma boa banda, que é a flauta doce 2 2
Disse isso porque vamos estudar os tubos sonoros,
que são basicamente ondas estacionárias, agora den-
tro de um tubo. Nesse caso teremos os mesmos concei- λ L 2L
tos aprendidos para as cordas presas, modos normais, = →λ= ⋯
2 3 3
mas agora sendo produzido pelo ar dentro do tubo,
que também vai depender das características do tubo,
E assim a frequência é
como comprimento e suas extremidades.
Dessa forma temos que os tubos sonoros podem
ser de dois tipos, fechados e abertos em uma extremi- v v
dade. Uma flauta pode ser um exemplo de tubo fecha- f1 = → f1 = ,
λ 2L
do nas duas extremidades (existem flautas com uma
extremidade aberta) e para um tubo fechado temos o
órgão (não de um ser humano e sim um instrumento). v v
Em um órgão o som é produzido pelo ar que passa f2 = → f2 = ,
pelos tubos, o ar é fornecido pelos foles ou ventoinhas λ L
que ficam na extremidade inferior do tubo. Assim,
essa corrente de ar passa por uma extremidade estrei-
ta e é direcionada para a parte superior, chamada de v 3v
f3 = → f3 = ⋯
boca do tubo. A coluna de ar dentro do tubo vibra λ 2L
e teremos os modos normais possíveis, como no caso
das cordas fixas. A boca do tubo sempre estará aberta, Ou seja, as frequências são múltiplas da frequên-
assim em cada extremidade teremos um ventre, como cia natural, para n valores
podemos ver na figura a seguir:
fn = nf1,

Onde n é um número inteiro, começando em 1,


sendo n = 1, 2, 3 ... .
Agora e se tivermos um tubo com às duas extremi-
dades fechadas, como uma flauta (não fechado com-
pletamente, pois caso ele seja completamente fechado
não teremos nenhum som produzido pela flauta). Em
uma extremidade do tubo teremos um ventre e na
outra extremidade teremos um nó, como podemos
ver na figura a seguir. Para a frequência mais baixa,
teremos que o comprimento de onda será

λ1 = 4L

E assim a frequência fundamental é


Assim na frequência fundamental, f1, temos um nó
no meio de dois ventres e corresponde ao padrão de
uma onda estacionária, e como vimos anteriormente, v
f1 =
o comprimento de onda é dado por duas vezes o com- 4L
primento do tubo, ou seja, λ = 2L . E as frequências
podem ser obtidas, também utilizando os conceitos
apreendidos anteriormente, sendo f = v/λ. Assim a fre-
quência fundamental é

v v
f1 = → f1 = ,
λ 2L

Da figura anterior, podemos perceber que os pró-


ximos harmônicos o número de nós vamos aumen-
FÍSICA

tando, assim para o segundo harmônico temos dois


nós, para o terceiro, três nós e assim por diante, mas o
que isso implica? temos agora que o comprimento da
corda será L/2, L/3 e assim por diante. Note que para o
primeiro harmônico tínhamos L e o comprimento de
onda era λ = 2L, agora teremos 251
O valor da frequência fundamental para o tubo Podemos analisar esse fenômeno de duas for-
fechado é a metade do valor encontrado para o tubo mas: uma quando o ouvinte está em movimento e
aberto, com o mesmo comprimento. Agora o próximo a fonte em repouso e a outra quando o ouvinte em
modo é quatro terços do comprimento de onda, ou movimento e a fonte também está em movimento.
seja, λ3 = 4L/3 e assim a frequência pode ser encon- Supondo então que um ouvinte O está se movendo
trada f3 = 3v/4L. Para o próximo harmônico teríamos com uma velocidade e se aproxima de fonte sonora
quatro quintos do comprimento de onda e a frequên- S, seria um caso em que você está se aproximando
cia seria f5 = 5v/4L , e assim por diante. Logo, podemos de um carro com um alarme ligado. A fonte está emi-
relacionar com a frequência fundamental e teremos tindo uma onda sonora com frequência e com com-
primento de onda . Vamos imaginar esse caso, onde
fn = nf1 temos um carro com um alarme acionado, conforme
a figura a seguir:
Do mesmo modo para o tubo aberto, só que agora
o valor de n não é o mesmo, e sim ele precisa ser valo-
res impares, ou seja, n = 1, 3, 5, 7 ... . Para tubos fecha-
dos somente as frequências impares são possíveis.

Audição Humana

Um dos nossos cinco sentidos é a audição, que tem


como objetivo receber determinado som e processá-
-lo. Para isso o órgão (agora não é um instrumento)
são as orelhas, que fica responsável em captar os sons
e direcioná-los para as vias auditivas centrais, que
serão processados no sistema nervoso e compreendi-
dos pelo córtex. Para que o som seja processado ele
precisa ter uma intensidade e também uma frequên-
cia na faixa do audível, como visto antes.
Em nós seres humanos, o som causa vibrações As ondas são separadas pelas mesmas distâncias, λ,
dentro da orelha, o que provoca movimentos da as cristas da onda se aproximam do ouvinte com uma
membrana timpânica, onde esse movimento faz com velocidade de propagação, onde devemos considerar
que pequenos ossos, que são eles: martelo, bigorna a velocidade do ouvinte, que será (v+v0). Podemos ago-
e estribo, esses ossinhos tenham como função movi- ra definir a frequência f0, que é percebida pelo ouvin-
mentação de líquidos dentro da estrutura óssea, a te, conforme visto anteriormente, f = v/λ, substituindo
cóclea. Assim dentro da estrutura óssea temos alguns os valores para essa frequência temos
sensores que vão captar e transmitir essas vibrações
do som para o córtex. Parece que saímos um pouco
v+v0 v+v0 v+v0
da física para entrar em biologia, mas não, temos f0 = → f0 = → f0 = � �
muitos conceitos físicos aplicados nessa área, em nos- λ v v
so sistema auditivo funciona dessa forma, mas em fs
baleias, por exemplo, usam a reflexão das ondas para
se orientar. Enquanto humanos têm uma faixa audí-
vel, de 20 a 20.000 Hz, outros animais podem perceber v0
frequências até 100.000 Hz, assim morcegos emitem fs → f0 = � 1+ � fs.
uma onda de até 50.000 Hz e com a sua reflexão, eles v
podem identificar e desviar de obstáculos.
Analisando a equação acima, podemos perceber
Efeito Doppler que quando o ouvinte se aproxima da fonte sonora,
(v0 > 0), ele percebe um som com uma frequência mais
O efeito doppler foi analisado primeiramente por alta, em relação à frequência que ele ouvia quando
Christian Doppler, cientista austríaco no século XIX, estava em repouso. Agora quando o ouvinte se afasta
ele enunciou da seguinte forma: quando existe um da fonte sonora, (v0 > 0), ele vai ouvir uma frequência
movimento relativo entre uma fonte sonora e um menor.
ouvinte, a frequência do som percebida pelo ouvinte é Vamos agora analisar o caso em que ambos estão
diferente da frequência do som da fonte. Esse fenôme- em movimento, agora a fonte se move com uma velo-
no pode ser percebido quando uma ambulância passa cidade vs. A velocidade da onda no ar é v, já que essa
por você, parece que a frequência do som vai dimi- velocidade depende das propriedades do meio e não
nuindo quando passa por você. Isso ocorre porque as muda se a fonte se move ou não. Mas agora o compri-
frequências aparentes ouvidas pelo ouvinte, dos sons mento de onda não é mais constante, ou seja, preci-
mais graves agudos provem do movimento relativo samos contabilizar o deslocamento de um ciclo para
entre a fonte e o detector. o outro.
Antes de começar a analisar o efeito Doppler do Assim o tempo de emissão de um ciclo de uma
som, vamos agora estabelecer algumas relações que onda para o outro é dado pelo período T = 1/fS. Duran-
irão nos ajudar. Vamos considerar um caso particular, te esse período a onda percorreu uma certa distância,
em que a velocidade da onda e do ouvinte estão se x = vt, assim a distância que a onda percorreu é x = v/
propagando em uma linha reta que os une. Ou seja, fS e fonte também se moveu, xS = vS/fS. Determinamos
as velocidades designadas por (velocidade do som) e anteriormente que o comprimento de onda é a distân-
(velocidade do ouvinte), sendo positivo o sentido do cia entre duas cristas, ou seja, a distância determinada
252 ouvinte O para a fonte sonoro S. pelo deslocamento relativo entre a fonte e o ouvinte.
Na figura a seguir podemos perceber que isso não O que podemos perceber da equação (57) é algo mui-
se cumpre nesse caso, sendo assim, as distâncias de to importante, ela foi deduzida seguindo uma situação
uma crista para a outra não são iguais, para o ouvinte. particular, mostrado na figura acima, em que temos o
Agora você pode se perguntar, como vamos resolver movimento do ouvinte e da fonte em uma linha reta.
esse problema? A resposta é: precisamos analisar os Mas tal equação pode ser usada para qualquer situação
dois comprimentos de onda, o que está à frente da onde temos um movimento do ouvinte e da fonte ao
fonte e os que estão atrás. longo de uma linha reta. Caso eles estejam em repouso
ou ambos estão com a mesma velocidade, sendo assim
e v0 = vS e f0 = fS. Agora, quando a velocidade do ouvinte
vai no sentido contrário da fonte, ou seja, quando eles
estão se afastando, o sentido da velocidade que entra
na equação deve ser negativo. Caso o ouvinte esteja em
repouso, v0 = 0 a frequência será f0 = [v/(v+vS)]fS. Outro
caso que podemos ter é quando a fonte se move em
direção ao ouvinte, assim o ouvinte escuta uma fre-
quência mais alta, agora caso contrário, quando a fonte
se afasta do ouvinte, temos que a frequência percebida
pelo ouvinte será mais baixa. Assim explicamos as dife-
renças de frequências que você percebe quando uma
ambulância passa por você.

ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

Os estudos sobre efeitos elétricos e magnéticos são


bastante antigos na Física e há relatos que eles se ini-
As cristas das ondas que são emitidas pela fonte ciaram com observações de fenômenos como raios que
em movimento, do ponto a para b ficam comprimidas ocorrem durante uma tempestade e de rochas de mag-
na frente da fonte e se dilatam atrás da fonte. Em fren- netitas presentes na Ilha da Magnésia na Grécia. Depois
te a fonte, o comprimento de onda é dado por de muitos estudos de forma separada o matemático
escocês James Clerk Maxwell reuniu diversos trabalhos
feitos até o momento e unificou as teorias da eletricidade
v vS v – vS
λf = – → λf = e do magnetismo formulando a teoria eletromagnética.
fS fS fS A partir do estudo feito por Maxwell, que reuniu
as equações das teorias elétricas e magnéticas, pode-
E na parte atrás da fonte o comprimento da onda é -se concluir que campos elétricos variando ao longo
do tempo induzem um campo magnético e também
v+vS que um campo magnético oscilando ao longo do tem-
λa = po induz um campo elétrico. Este é aquele momento
fS
clássico que os cientistas da ficção gritariam ‘EUREKA!’,
Onde λf e λa são o comprimento de onda da parte pois se um campo elétrico variando é fonte de um cam-
da frente e da parte de trás da fonte sonora as ondas po magnético, e o campo magnético variando é fonte
de um campo elétrico, ao gerar um deles o outro será
se contraem ou distendem devido ao seu movimento.
gerado, dando origem a onda eletromagnética. Logo,
Tratamos até então uma fonte que estava em repou-
uma onda eletromagnética é compreendida como cam-
so, agora temos um exemplo de uma fonte em movi-
pos elétricos e magnéticos variando no espaço.
mento e assim temos esse padrão das ondas que são
emitidas. Então para encontrar a frequência que é
percebida pelo ouvinte, substituímos a equação:

v+vS
λa =
fS

Em

v+v0 v+v0 v+v0


f0 = → f0 = → f0 = � �
λ v v
fs
Um exemplo de geradores de ondas eletromag-
v néticas são as antenas de transmissão de emissoras
fs → f0 = � 1+ 0 � fs
v de televisão. As antenas consistem em um aparelho
que faz com que os elétrons sejam acelerados em seu
interior, cargas elétricas aceleradas geram campos
FÍSICA

E teremos.
elétricos oscilantes que culminam em uma onda ele-
tromagnética. Basta que a emissora ajuste a frequên-
v+v0 v+v0 v+v0 cia no qual quer emitir sua programação e que você
f0 = → f0 = → f0 = � � fS
ajuste os receptores da sua casa para que eles captem
λ v+vS v+vS
a onda eletromagnética com aquela determinada
fS frequência. 253
Existem ondas eletromagnéticas com diversos Meios De Propagação
tamanhos de comprimento de onda λ, algumas cujo λ
são da ordem de quilômetros, são as conhecidas ondas Antes do modelo sobre a natureza da luz como
AM e outras com comprimento de onda da ordem de uma onda eletromagnética, os físicos se questiona-
10 –10m, são conhecidas como raio X vam que se a luz é uma onda, como ela se propaga
A luz visível é uma pequena parcela de todo espec- fora da atmosfera da Terra? Para que a teoria ondu-
tro eletromagnético e ela vai do vermelho até o viole- latória da época funcionasse eles imaginavam que
ta. As ondas com comprimento de onda menor que o havia um meio universal que não possui massa, mas
do vermelho são as ondas de rádio AM. As ondas de que preenche todo o espaço chamado éter luminífero.
TV, micro-ondas, radares e infravermelho, são ondas Este éter foi descartado por nunca terem comprovado
que carregam menos energia e estão presente cons- sua existência. Mas como onda eletromagnética, um
tantemente ao nosso redor. Estas ondas interagem raio de luz pode propagar no vácuo, como ocorre com
os raios de luz vindos do Sol. Além do vácuo a luz pode
muito pouco com a matéria, logo não são prejudiciais
se propagar em alguns tipos de matérias e classifica-
à nossa saúde.
mos os meios de propagação da luz em transparente,
Já as ondas mais energéticas, acima do violeta pre-
translucido ou opaco.
cisam de maiores cuidados. Embora utilizadas para
Um meio de propagação em que a luz possa se pro-
formação de imagem como o raio X e ultrassonografia, pagar e que podemos enxergar claramente objetos
há um número de vezes por ano que são indicadas, através dele é chamado de transparente. Vidros poli-
acima desse número, a exposição do corpo humano dos são um exemplo deste meio.
a essas radiações podem causar danos como câncer. Quando o meio permite a propagação da luz, mas
não conseguimos identificar a forma de um objeto,
apenas conseguimos identificar que algo está por
detrás deste meio, é chamado de translúcido. Este
PRINCÍPIO DA ÓTICA GEOMÉTRICA tipo de meio em geral absorve parcialmente a luz que
passa por ele e podemos exemplificar os vidros foscos
como exemplos de meios translúcidos.
Vimos anteriormente a concepção da luz como
Já alguns meios impedem totalmente a passagem
uma onda eletromagnética, sendo que, a luz visível
da luz, absorvendo ou refletindo a luz que chega até
consiste em apenas uma pequena parcela do espec-
eles, são chamados de opaco. Uma parede de tijolo ou
tro eletromagnético. Há atualmente uma concepção uma porta de madeira são exemplos de meios opacos.
moderna sobre a natureza da luz, no qual se baseia
em fenômenos quânticos, no qual se explica a intera-
Sombra e penumbra
ção da luz com a matéria, que pode refletir e refratan-
do, uma característica ondulatória, ou então realizar
Toda a ótica geométrica é baseada na ideia de que
a fotossíntese de uma planta, uma característica de a luz se propaga em linha reta independente da natu-
partículas. Para o modelo quântico a luz possui uma reza da luz. Um dos fatos que evidenciam a propaga-
natureza dual, uma natureza de onda-partícula. ção linear da luz são as sombras e a penumbra.
Muito antes da atual concepção dual sobre a luz, Imagine a seguinte situação, você aponta uma
muitos estudos foram feitos sobre ela e nomes como lanterna daquelas bem pequenas para uma bola
Isaac Newton, Chistiaan Huygens, Thomas Young opaca, cujo tamanho é relativamente superior ao da
foram importantes para o aprimoramento sobre lanterna. Neste caso podemos considerar a lanterna
conceitos referentes à luz. Através desses estudos foi um ponto de luz, ou um feixe de luz puntiforme. Ao
constituída um ramo da Física chamado Óptica, no colocar a lanterna e a bola em frente a uma placa e
qual se propõe a estudar fenômenos sobre a luz de em decorrência da propagação retilínea da luz, o que
forma simples, usando leis empíricas e esquemas geo- você observa é formação de uma sombra na placa
métricos dos raios de luz, que possuem seu percurso conforme podemos observar na figura a seguir.
representados por linhas.

Tipos de Fonte

O fato de podermos enxergar só é possível se um


objeto emana luz ou reflete a luz de uma fonte lumi-
nosa, para que assim parte dos raios de luz cheguem
até nossos olhos. A partir disso, podemos perceber
que existem certos utensílios que transformam algum
tipo de energia em luz, tal como o gás contido nas
lâmpadas florescentes que ao ser exposto a um cam-
po elétrico emana luz, ou mesmo o Sol que converte a
energia das reações nucleares em luz. Para esses uten-
sílios damos o nome de fontes luminosas, também
conhecidas como fontes primárias. Já quando a fonte de luz tem dimensões parecidas
Existem ainda algumas coisas que não transfor- com o objeto que está em sua frente, como, por exem-
mam algum tipo de energia em luz, mas que podem plo, se substituirmos a bola do exemplo anterior por
ser vistos e até mesmo confundidos como uma fonte uma menor, o que acontece é que passa a existir duas
luminosa, tal qual a Lua. Na verdade, o que realmen- regiões na placa, uma que bloqueia totalmente a luz e
te ocorre é que esses objetos refletem parcialmente a como vimos anteriormente se chama sombra e outra
luz de uma fonte primária e são chamados de fontes região que recebe parcialmente a luz proveniente da
254 secundárias. lanterna, no qual denominamos penumbra.
Quando uma lâmpada está ligada conseguimos
identificar como fonte luminosa, pois a luz emitida
por ela chega até nossos olhos, entretanto nem todos
os objetos que estão ao seu redor emitem luz. Vimos
que esses objetos podem ser considerados fontes
secundárias, pois a luz proveniente da lâmpada ou
qualquer outra fonte luminosa, ao colidir com estes
objetos, são refletidas e chegam até nossos olhos.
O fenômeno de reflexão da luz ocorre quando ela,
propagando-se por um meio, encontra uma superfície
de um segundo meio, e sua energia não é absorvida,
Um exemplo de sombra e penumbra são os eclip- ou é apenas parcialmente absorvida, causando uma
ses. Um eclipse ocorre quando o plano da órbita da mudança de direção da propagação da luz. Por exem-
Lua coincide com o plano da órbita da Terra. Nessa plo, a luz provinda do Sol que se propaga pelo ar e
situação a Lua passa em frente ao Sol e parte da luz colide com uma parede e é refletida.
solar é bloqueada por ela, formando uma sombra na A reflexão pode ocorrer de forma regular ou difusa
Terra e outra parte da luz forma uma penumbra. A e isso depende diretamente da superfície em que a luz
parcela dos locais encobertos pela sobra da Lua perce- foi refletida. Uma superfície como um espelho plano
be o que chamamos de Eclipse Total, já a parcela que
reflete raios paralelos de forma que eles continuem
encoberta pela penumbra percebe o que chamamos
paralelos, assim chamamos essa reflexão de regular
de Eclipse Parcial.
Quando a Lua passa por de trás da Terra na mes-
ma situação descrita anteriormente, ocorre o Eclipse
Solar, neste caso a Lua é totalmente encoberta pela
sombra da Terra. O que é uma péssima notícia para
quem acredita no formato da Terra plana, pois sua
sombra é redonda.
Outra evidência da propagação retilínea da luz são
as câmaras escuras, que nada mais são que uma caixa
feita com material opaco e com um pequeno orifício A
em uma de suas faces. Quando colocamos uma fon- S
te primária ou secundária em frente a câmara, uma
parcela dos raios de luz emitidos pela fonte segue em B
direção ao orifício presente na caixa. Para exempli-
ficar, usaremos um pássaro, no qual está refletindo
Já uma superfície áspera, como uma porta sem
uma parcela dos raios de luz em direção ao orifício.
Para analisar o que está acontecendo usaremos pon- envernizar, reflete os raios de luz de forma aleatória,
tos aleatórios do pássaro, por exemplo, o topo da em todas as direções, dessa forma chamamos de refle-
cabeça e seus pés e a partir disso podemos observar xão difusa. É graças a esse tipo de reflexão que vemos
que os feixes refletidos passam pelo orifício formando praticamente tudo ao nosso redor, afinal, se os raios
uma figura no fundo da caixa, no qual denominamos incidentes fossem refletidos apenas em uma direção,
imagem. A imagem formada em uma câmara escura só enxergaríamos os objetos quando nossos olhos esti-
é invertida em relação ao objeto original. vessem voltados apenas na direção de propagação dos
raios de luz.
REFLEXÃO

Tratamos a refração e a reflexão de ondas em


alguns capítulos anteriores, agora faremos o mesmo
com a luz, o que não precisa ser nenhuma novidade,
afinal, vimos na seção de Ondas Eletromagnéticas que
a luz possui natureza ondulatória. Vale ressaltar que
embora compreendamos a luz como onda eletromag-
nética, todos os conceitos acerca da ótica geométrica
se baseiam na ideia de raios de luz, representados
S A
simplesmente por linhas.

Leis Da Reflexão
FÍSICA

Um raio de luz incidente (RI) ao colidir com uma


superfície polida, como, por exemplo, um espelho pla-
no, é refletido formando o raio refletido (RR) e ao rea-
lizarmos o experimento conforme ilustrado na figura
a seguir observamos que este efeito obedece a duas
leis: 255
z O RI, o RR e a reta normal N, uma reta traçada no
ponto da reflexão, estão no mesmo plano, dizemos
que eles são coplanares.
z O ângulo no qual o RI incide o plano é numeri-
camente igual ao ângulo de reflexão, neste caso
ambos representados pela letra grega α. Os pontos P e P’ são simétricos em relação ao espe-
lho, logo a distância entre os P e o espelho é a mesma
distância entre P’ e o espelho.
Se liga! Podemos generalizar para todos os raios que saem
da fonte e atingem o espelho, mas os únicos raios que
Um raio de luz que colide com uma superfície nossos olhos perceberão serão os refletidos em nos-
refletora polida de forma perpendicular, isso é, sa direção. O ponto P’ é formado pela intersecção de
com um ângulo de 90º com a superfície, retorna todos as extensões dos raios refletidos e pode passar a
para o mesmo lugar de onde veio. impressão de que a imagem que vemos no espelho é
a fonte de luz, entretanto, damos o nome de imagem
virtual ao objeto visto em P’, afinal o que vemos é ape-
ESPELHOS nas um prolongamento dos raios refletidos no espelho
e chamamos de imagem real ao objeto em P, de onde
Um espelho é um objeto no qual a maior parte da realmente saem os raios de luz.
luz é refletida de forma regular e está presente em Podemos resumir a imagem formada em um espe-
nosso dia a dia de muitas formas. Nesta etapa, trata- lho plano em três pontos:
remos aqueles espelhos comuns, que você observa o
reflexo sem nenhuma distorção, seja aumentando a z O objeto e a imagem possuem simetria, isso é, estão
imagem como os espelhos usados por maquiadoras ou a mesma distância do espelho.
diminuindo a imagem de forma que você pode obser- z A imagem real é formada pelos raios de luz que
var o ambiente de forma ampla como os espelhos pre- partem da fonte efetiva de luz.
z A imagem virtual é a formada pelo prolongamento
sentes em ônibus. Assim, denominaremos este objeto
refletor de espelho plano, e, em geral, são obtidos por dos raios refletidos pelo espelho.
metais polidos.
Os espelhos que geralmente usamos em guarda- Podemos tratar os objetos no qual possuem mais
-roupas ou no banheiro são feitos de uma fina camada de uma dimensão de forma parecida com os objetos
de prata sob um vidro opaco. E geralmente, os espe- pontuais, ou seja, analisamos ponto a ponto do objeto
real (A, B, C...). Podemos perceber que o espelho unifi-
lhos são produzidos dessa forma, e é exatamente por
ca estes pontos de forma simétrica (A’, B’, C’...) forman-
esse motivo que representamos os espelhos com uma
do a imagem virtual.
linha reta representando a superfície refletora e algu-
mas retas perpendiculares representando a camada
opaca.
Para tratarmos a formação das imagens nos espe-
lhos vamos primeiramente ao caso mais simples de
uma fonte luminosa (primaria ou secundária) pontual
e depois podemos generalizar para objetos de duas ou
três dimensões.
Conforme ilustrado na figura a seguir, considere
uma fonte pontual, no qual chamaremos de P, posta
na frente de um espelho plano, ela emite raios de luz
para todos os lados, mas vamos nos focar em apenas
um raio de luz que sai da fonte e incide na superfície
refletora de forma diagonal, para este raio daremos o
nome de RI. A partir das leis da reflexão e de proces-
sos empíricos, podemos observar um raio refletido,
no qual denominaremos RR e também observamos
256 que a extensão de RR coincide a reta N no ponto F’.
As imagens virtuais formadas pelos espelhos pla- z C: O centro de curvatura, representado pela letra C,
nos possuem as seguintes características: é o centro da esfera no qual da origem ao espelho.
z r: O raio de curvatura, definido pela letra r, é o raio
z A imagem real e a virtual possuem simetria, isso da esfera no qual da origem ao espelho.
é, cada ponto da figura real está a uma distância z V: O vértice, definido pela letra V, é o polo da esfera
igual em relação ao espelho, em relação a sua ima- geradora do espelho.
gem virtual. z Eixo Principal: O eixo principal, também pode
z O tamanho da imagem virtual é o mesmo da ima- ser representado pelas letras e.p, é a reta definida
gem real. pelos pontos do centro de curvatura C e o vértice V.
z A imagem é direta, isso é, ela não fica de cabeça z α: O ângulo α é a abertura do espelho.
para baixo como ocorre nas câmaras escuras, que
dizemos que são imagens invertidas.
z As imagens são enantiomorfas, isso é, conservam
a mesma forma, entretanto, são simetricamente
inversas.

Espelhos Esféricos

No estudo dos espelhos não nos limitamos apenas


aos espelhos planos, afinal, estamos repletos de espe-
lhos curvos ao nosso redor, por exemplo, nos espelhos
presentes em ônibus para podermos aumentar o cam-
po de visão ou espelhos utilizados por esteticistas para
ampliar a imagem.
Uma forma fácil de lembrar qual espelho é o côn-
cavo e qual é o espelho convexo e fazer a letra C com
a mão. A parte de dentro da mão lembra um espelho
côncavo e a parte de fora lembra um espelho convexo.
Os espelhos utilizados em retrovisores, dentro dos Se liga!
ônibus ou mesmo na proximidade dos elevadores
aumentam o campo visual de quem os utiliza, entre- Um matemático bastante conhecido na Físi-
tanto, vemos a imagem menor que o objeto. Estes ca chamado Gauss propôs algumas condições
espelhos são chamados espelhos convexos e estão para a imagem refletida pelos espelhos esféricos
demonstrados na figura a seguir: polissem nitidez, e tais condições são:
� Os espelhos devem possuir ângulos de aber-
tura relativamente pequenos, em torno de 10º.
� Os raios de luz a serem refletidos devem estar
próximos do eixo principal.
� Já raios a serem refletidos devem possuir uma
leve inclinação em relação ao eixo principal.

O Foco De Um Espelho Esférico

Considerando um feixe de luz que incide um espe-


lho côncavo o que observamos é que os raios de luz
Espelho Convexo Espelho Côncavo incidentes de forma paralela ao eixo principal do
espelho convergem para um único ponto F, situado no
Já os espelhos utilizados por esteticistas ou mesmo eixo principal, no qual denominamos foco principal.
por dentistas para que possam enxergar a imagem Podemos observar esta situação na figura abaixo. Nes-
ampliada são os espelhos côncavos. Quando utiliza- te caso, o foco é considerado real, pois está situado a
dos a uma distância relativamente pequena a imagem frente do espelho.
refletida por ele é direta e maior que a imagem real,
já quando olhamos a uma distância relativamente
grande a imagem passa a ser invertida. O que define o
quão próximos ou distante; para que a imagem fique
direta ou invertida são as propriedades do espelho
que veremos mais adiante.

Elementos Geométricos Dos Espelhos Esféricos

Como já vimos a ótica geométrica utiliza de ele-


mentos geométricos para poder tratar os fenômenos
FÍSICA

acerca da luz e quando tratamos da reflexão da lux


nos espelhos esféricos precisamos definir algumas
propriedades para que possamos entender com clare-
za a formação das imagens nesses espelhos. A seguir
veremos os principais elementos geométricos de um
espelho formado por uma calota esférica: 257
Já nos espelhos convexos o que observamos é que Nos espelhos côncavos, os raios incidentes que pas-
o prolongamento dos raios que incidem paralelamen- sam pelo centro de curvatura C são refletidos sobre si
te converge para um ponto F atrás do espelho, este mesmo, conforme observamos na figura 1, já os raios
ponto também é chamado de foco principal, entre- que incidem passando pelo ponto de foco principal F
tanto é tido como virtual, justamente por estar situa- são refletidos paralelamente ao eixo principal, con-
do atrás do espelho. Embora os prolongamentos dos forme a figura 2 e por fim os raios que incidem nos
raios de luz estão convergindo para um único ponto, espelhos côncavos pelo vértice V são refletidos com o
o que observamos é que os raios refletidos pelos espe- mesmo ângulo de incidência como pode ser observado
lhos convexos são divergentes. na figura 3.

Figura 1

Em razão da reversibilidade da luz, os raios que


incidem pelo foco nos espelhos côncavos são refle-
tidos paralelamente e os raios de luz que incidem
nos espelhos convexos, cujo prolongamento passa
pelo ponto de foco principal, também são refletidos
paralelamente.
Assim dizemos que se um raio de luz incide para-
lelamente ele “sai” pelo foco, e se um raio de luz inci-
de pelo foco ele “sai” paralelamente. Com essa frase
em mente fica mais fácil de fixar o conteúdo e não
se esqueça, a palavra “sai” está entre aspas, pois
ela é uma simplificação para dizer que os raios são
Figura 2
refletidos.
Nos espelhos esféricos de Gauss, isso é, aqueles
espelhos que seguem as condições de nitidez de Gauss,
a imagem é real, pois é formada no ponto de foco prin-
cipal, à frente do espelho. Já nos espelhos convexos a
imagem é virtual, pois, é formada no ponto de foco
principal na parte de trás do espelho.
O ponto de foco F está sempre situado no ponto
médio entre o seguimento formado pelos pontos C,
o centro de curvatura, e o ponto V, o vértice. Sendo
assim, a distância entre os pontos F e V é denominada
distância focal f. Ela equivale à metade do raio, assim,
podemos escrever

R
f= . Figura 3
2
Agora faremos a mesma análise para os espelhos
Casos Particulares De Reflexão Dos Espelhos convexos, as figuras que representam cada situação
Esféricos estão logo a seguir. Um raio cujo prolongamento pas-
sa pelo centro de curvatura C reflete sobre ele mesmo
Alguns raios específicos são importantes para a como observamos na figura 1. O raio cujo prolonga-
representação das imagens que são refletidas pelos mento passa pelo ponto de foco F é refletido parale-
espelhos plano e nesse tópico trataremos com um lamente conforme apresentado na figura 2, e por fim,
pouco mais de cuidado de cada um deles. Agora anali- o raio que incide no vértice do espelho é refletido de
saremos os raios que incidem nos espelhos esféricos e forma que o ângulo do raio incidente é igual ao ângulo
que passam pelo centro de curvatura C, pelo ponto de do raio refletido como pode ser observado nas figuras
258 foco principal F e pelo vértice V. que seguem a seguir.
Espelhos Convexos

A imagem i de um objeto o colocado em frente a


um espelho convexo, diferente dos espelhos conve-
xos, não depende da distância. Para analisar a forma-
ção dessa imagem vamos utilizar dois raios de luz que
partem do topo da lâmpada: um incide o espelho de
forma paralela ao eixo principal, logo seu prolonga-
mento passa pelo ponto de foco F, e o outro incide o
espelho de forma que seu prolongamento passa pelo
ponto de centro de curvatura C. A imagem i é forma-
da pelo ponto de intersecção dos prolongamentos dos
raios e ela é sempre direta, virtual e menor que o obje-
to o.
Figura 1

Espelhos Côncavos

Figura 2
A análise da imagem formada pelos espelhos côn-
cavos precisa de um pouco mais de atenção e anali-
saremos cinco casos diferentes, porém utilizaremos
novamente dois feixes de luz, um passando pelo cen-
tro de curvatura e outro pelo foco, somente no caso
três usaremos um feixe de luz que passa pelo vértice.
Uma observação muito relevante a ser considera-
da é que qualquer uma das figuras analisadas abaixo
poderia ser feita levando em consideração o feixe que
passa pelo vértice, a escolha do autor é apenas uma
preferência didática.

Caso I – Objeto antes do centro de curvatura

Quando colocamos um objeto o antes do centro de


Figura 3 curvatura, a imagem i formada pelo espelho côncavo
é menor que o objeto, real, pois é formada antes do
Formação De Imagem Nos Espelhos Esféricos espelho e invertida conforme observamos na figura
a baixo.
A partir dos conceitos apresentados até agora,
podemos analisar de forma geométrica a forma-
ção das imagens refletidas por espelhos côncavos e
convexos.
Em princípio precisamos fazer algumas considera-
ções que nos ajudarão bastante para compreendermos
bem a formação de imagens nos espelhos esféricos:

z Quando o objeto o e a imagem i formada no espe-


lho estão no mesmo semiplano, isso é, quando
observamos que eles estão ao mesmo tempo, aci-
ma ou abaixo do eixo principal, dizemos que a
imagem é direta. Caso contrário, dizemos que a
imagem é invertida.
FÍSICA

z Se a posição da imagem for à frente do espelho, Caso II – Objeto no centro de curvatura


dizemos que esta imagem é real e caso contrário,
se a imagem for formada atrás do espelho, temos Quando o objeto o é colocado no ponto de centro de
uma imagem virtual. curvatura a imagem i formada possui o mesmo tama-
z Em relação ao tamanho, a imagem i pode ser nho do objeto real, por ser formada antes do espelho
maior, menor ou igual ao objeto o. e invertida, conforme vemos na figura a seguir: 259
Caso III – Objeto entre centro de curvatura e o foco
Equações Dos Espelhos Esféricos
Um objeto o posto em um ponto qualquer que esteja
entre o centro de curvatura C e o ponto de Foco F, tem Uma forma diferente de encontrar as imagens for-
imagem i maior, real e invertida, conforme a figura. madas pelos espelhos esféricos é analisando de forma
analítica, isso é, descrevendo uma equação para que
possamos analisar a imagem. Antes de chegar nessa
equação analisemos a figura a seguir e seus elementos.
O eixo das abscissas, chamado simplesmente de
eixo x é colocado na mesma distância do eixo princi-
pal do espelho e está orientado contrário aos raios de
luz que incidem o espelho. O eixo das ordenadas, cha-
mado simplesmente de eixo y, é perpendicular ao eixo
das abscissas, tem como origem o vértice do espelho
e sua direção de crescimento está voltada para cima.

Caso IV – Objeto no foco V i F


x
Um objeto colocado no ponto de foco F, os raios
refletidos são paralelos e não se encontram, chama-
mos assim a imagem neste caso de imprópria. f
p pf

0
F V

i
f
pf
p

Para definirmos as coordenadas do objeto e da


imagem usamos o ponto p definido como a abscissa
Caso V – Objeto entre o foco e o vértice do objeto, p’ como a abscissa da imagem, o como a
altura do objeto, i como a altura da imagem e f como
Um objeto o colocado entre os pontos de foco F e o a abscissa do foco, também tida como distância focal.
vértice V de um espelho côncavo tem imagem i maior, Em relação aos valores de cada coordenada nos
virtual, pois ela é formada atrás do espelho e direta, espelhos convexos e côncavos, analisando a figura
260 conforme verificamos na figura. acima vemos que:
ESPELHO ESPELHO Costumamos observar esse fenômeno quando
COORDENADA inserimos uma colher em um copo de água e ela pare-
CONVEXO CÔNCAVO
ce estar “quebrada” ou então quando olhamos alguém
p >0 >0
com as pernas submersas em uma piscina e vemos as
p’ <0 >0 pernas deslocadas em relação ao restante do corpo
o >0 >0 fora da água.
Em duas situações o efeito de refração não
i >0 <0
ocorre:
f <0 >0
z Quando os raios incidentes são perpendiculares
Concluímos que as grandezas das imagens reais à superfície, os raios transmitidos também são
são positivas e as grandezas das imagens virtuais são perpendiculares.
negativas. Além disso, podemos escrever as seguintes z Quando a luz tem a mesma velocidade de propa-
relações diante das considerações feitas até o momento gação tanto no meio A, quando se propaga inicial-
mente, quanto no meio B. Um exemplo da segunda
1 1 1 situação é o líquido de tetracloreto de carbono
+ = ,
p p' f (CCl4) e alguns tipos de vidro.

E também a relação Índice De Refração

i p' Temos que ter bem claro em nossas mentes que a


= refração ocorre devido à diferença da velocidade de
o p
propagação nos diferentes meios. Hoje sabemos que a
luz tem a velocidade de propagação no vácuo de apro-
Em que a razão do tamanho da imagem i pelo 8
ximadamente c b 3 $ 10 m/s e nos demais meios ela
tamanho do objeto o é chamado de aumento transver-
possui velocidade menor, dependendo diretamente
sal e usamos a letra A em nossa equação
da natureza desse material e também da cor da luz.
A relação entre a velocidade da luz no vácuo é a
i
A= . velocidade da luz em um meio A é chamada de índice
o
de refração. Dizemos que o índice de refração desse
meio é nA e calculamos da seguinte forma:
Se liga! c
nA =
vA
,
� Se o e i têm sinais iguais, a imagem é direta;
� Se o e i têm sinais opostos, a imagem é invertida.
Sendo v A a velocidade com que a luz se propaga
no meio A.
A velocidade da luz no vácuo possui o maior valor
em que é possível obter informações, logo, para este
REFRAÇÃO material a consideraremos como a maior velocida-
de que a luz pode alcançar. Feita essa consideração
Novamente trataremos outro fenômeno que não é podemos observar que o índice de refração sempre
nenhuma novidade, afinal, é uma característica dire- será maior ou igual a um, pois a velocidade da luz em
ta da natureza ondulatória da luz. A refração ocorre outros materiais sempre será menor que c.
quando os raios de luz emitidos por uma fonte primá- O índice de refração do ar possui valor muito próxi-
ria ou refletidos por uma fonte secundária incidem mo do índice de refração do vácuo, mas também depen-
de diretamente da cor da luz. Essa dependência se deve
em uma superfície que divide um meio de propagação
ao fato de que a velocidade de propagação de cada cor
A para outro B, no qual a velocidade de propagação
depende do produto da frequência de oscilação da onda
do meio no segundo meio é diferente da velocidade
luminosa f pelo sem comprimento de onda λ,
de propagação no primeiro meio e podemos observar
uma espécie de “quebra”, na figura a seguir vemos um
v = λ ∙ f.
esquema o fenômeno:
Através dessa equação e com os dados obtidos
experimentalmente, os físicos concluíram que a cor
vermelha possui maior velocidade no ar que a cor
violeta, consequentemente o índice de refração da cor
vermelha é menor que da cor violeta.
FÍSICA

Se liga!
Em relação às cores do arco-íris, podemos
escrever que a velocidade decresce partindo do
vermelho até chegar no violeta
vvermelho>vlaranja>vamarelo>vverde>vciano>vazul>vvioleta
261
Substituindo na expressão anterior temos
Consequentemente, o índice de refração pode
ser descrito como crescente partindo da cor c c
vermelha até a cor violeta $ sen (a) = $ sen (b),
vA vB
nvermelho<nlaranja<namarelo<nverde<nciano<nazul<nvioleta
Onde c é um fator comum dos dois lados da igual-
dade, sendo possível simplificar a equação e assim
Podemos generalizar a expressão obtida anterior-
temos a Segunda Lei da refração reescrita da seguinte
mente para o índice de refração, antes o definimos
forma
como comparação da velocidade de propagação da
luz em um meio qualquer com a velocidade da luz no
sen (a) sen (b)
vácuo. Mas a refração também ocorre passando de =
outros meios que não o vácuo e dessa forma conside- vA vB .
raremos o índice de refração em um meio qualquer
denominado A com o índice de refração em outro meio Um meio menos refrativo é o que possui menor
qualquer denominado B, assim podemos escrever índice de refração comparado a outro meio, logo, o
meio A é menos refrativo que o meio B se nA < nB . Ana-
nA lisando a Lei de Snell-Descartes quando nA for menor
n AB = .
nB que nB, o ângulo de incidência α é maior que β.
Assim, sempre que houver o fenômeno de refra-
Considerando um meio A cujo seu índice de refra- ção, o ângulo será maior para os meios cujo índice
ção nA é maior que o índice de refração nB de um meio de refração é menor, nos meios menos refringentes.
B, dizemos que o meio A é mais refringente que o Já nos meios mais refringentes, os meios com maior
meio B, isso é a refrata. índice de refração, o ângulo será menor.
Dizemos que nos meios menos refringentes os
Leis da Refração raios se afastam da reta normal e nos meios mais
refringentes eles se aproximam da reta normal.
A Primeira Lei da Refração diz que o raio inciden-
te, o raio refratado e a reta normal a superfície são Formação de Imagem
coplanares, isso é, estão situadas no mesmo plano.
Suponha que você se aproxime de um aquário com
um peixe, conforme representado na figura a seguir:
Você está sendo representado pelo ponto P. Nesta figu-
ra podemos observar que os raios de luz que são refle-
tidos pelo peixe, posicionado no ponto O, percorrem
um espaço na água e difrata quando passa para o ar
e assim chega até seus olhos posicionados no ponto P.
Seus olhos observam o prolongamento dos raios que
chegam até eles, ou seja, para você que está observan-
do o peixe parece estar acima da posição real deno-
minada O’.

Ao raio de luz incidente denominamos RI e ao raio


refratado damos o nome de RE. O ângulo no qual o RI
incide a superfície que separa os meios de propagação
damos o nome de α e o ângulo refratado β.
Já a segunda Lei da Refração considera dois meios
de propagação, sendo que o meio A possui o índice de
refração nA , a luz incide a superfície que separa os
dois meios com um ângulo α. O meio B possui índice
de refração nB e a luz é refratada com ângulo β, assim
escrevemos a seguinte relação

nA ∙ sen(α) = nB ∙ sen(β).

Também conhecida como Lei de Snell-Descartes


ou costumeiramente como Lei de Snell, ela pode ser Em decorrência à reversibilidade da luz, a sua
escrita levando em consideração que imagem que chega até o peixe também está acima do
ponto P, de onde você está. O que o peixe observa é o
c c
nA =
vA e
nB = vB
, prolongamento dos raios que culminam no ponto P’,
262 conforme a figura seguir.
Resumidamente, para ocorrer a reflexão total é
necessário que a luz seja refratada depois de se pro-
pagar de um meio mais refringente para um meio
menos refringente e o ângulo de incidência ser maior
que o ângulo limite.

Prismas

Um prisma é um instrumento ótico bastante utili-


zado em diversos anteparos que depende da reflexão
da luz, tais como telescópios e até mesmo mouses óti-
cos. Eles, em geral são feitos de vidro e são projetados
de forma que a luz ao colidir com um de seus vértices
reflita, ou seja, são projetados na condição de reflexão
total, como podemos observar nas figuras a seguir:

Reflexão Total

Consideremos a seguinte situação: três raios lumi-


nosos (a, b e c) que passam de um meio A, mais refrin-
gente, para o meio B, menos refringente. Como vimos
anteriormente, os raios no meio A ficam mais próxi-
mos da reta normal que os raios refratados no meio B.
Chamaremos os raios refratados de a’, b’ e c’.

Os prismas são ótimas soluções para os equipa-


mentos óticos que precisam de reflexão da luz, pois
sua durabilidade é muito maior que os espelhos que
podem descascar.
Uma aplicação bastante direta dos prismas é a
dispersão da luz, isso é a desfragmentação de uma
onda luminosa policromática nas cores que a compõe.
Podemos observar que quanto maior o ângulo de Por exemplo, a luz branca é a junção de todas as cores
incidência, mais os raios refratados se afastam da reta do espectro visível e ao passar por um prisma ocor-
normal, isso é, ângulo refratado aumenta limitando a re a decomposição das cores que a compõe. Quando
90º, representado pelo ângulo βc. vemos um arco-íris o que vemos é a decomposição da
O ângulo αc, no qual a luz incide a superfície e é luz branca ao ser refratada por um prisma, neste caso,
refratado com o ângulo máximo βc é chamado ângulo
as gotículas de água funcionam como um prisma.
limite e, em geral, o denominamos como ângulo L.
O motivo da dispersão da luz acontecer está rela-
Aplicando a Segunda Lei da refração podemos definir
cionado ao índice de refração de cada cor, isso é, cada
o ângulo L da seguinte forma:
cor possui uma velocidade diferente dependendo
do material e a luz ao passar por um meio em que a
n A $ sen (L) = n B $ sen (b c), diferença entre os índices de refração é relevante é
decomposta nas diferentes cores.
Considerando o ângulo βc como 90º e sen(90°) = 1,
podemos reescrever a equação da seguinte forma LENTES

nB
sen (L) = . Um dos aparatos óticos que está mais presente em
nA nosso cotidiano são as lentes, elas estão presentes nos
FÍSICA

óculos, nas câmeras fotográficas e até mesmo a retina


O ângulo L depende diretamente da razão entre o de nossos olhos funcionam como uma lente. Em geral,
menor índice de refração pelo maior índice de refra- elas são um meio transparente, formada de materiais
ção e quando a luz incide à superfície um meio de como o vidro, algum tipo de acrílico ou até mesmo um
refração menos refringente com ângulo maior que L, cristal e que pode ter as duas faces curvadas ou uma
ocorre a reflexão total. face curvada e outra reta. 263
Na figura abaixo podemos observar os mais Em geral, o índice de refração das lentes é maior
comuns tipos de lentes que podemos encontrar. que o índice de refração do meio em que ela está
inserida (n2 > n1), nesse caso as lentes de bordas finas
são convergentes e as lentes de bordas grossas são
divergentes.
Essa não é uma lei geral, pois se a situação inverte
(n1 > n2), as lentes de bordas finas passam a ser diver-
gentes e as lentes de bordas grossas passam a ser
convergente.
biconvexa plano-convexa côncavo-convexa
Elementos Geométricos Das Lentes

Assim como fizemos nos espelhos esféricos, apre-


sentaremos os principais elementos geométricos pre-
sentes nas lentes. Nesta apresentação iremos utilizar
uma lente biconvexa e consideraremos a lente com
índice de refração maior que o índice de refração do
bicôncava côncavo-convexa meio externo.
plano-côncava
Os elementos são:
As lentes podem ser divididas em dois grupos, as
z O é o centro óptico da lente.
lentes delgadas de borda fina, representadas pela
z V1 e V2 são os vértices de cada face da lente.
primeira fila de lentes, e as lentes de bordas grossas,
z A distância entre V1 e V2 é chamada a espessura
presente na segunda fileira. Além disso, com relação
da lente.
às faces das lentes, elas podem ser côncavas, convexas
z C1 e C2 são os centros de curvatura de cada face da
ou retas.
lente,
As lentes ainda podem ser classificadas como con-
z R1 e R2 são os raios de curvatura de cada face da
vergentes ou divergentes, isso é, podemos classificar
lente.
de acordo com a interação da lente com a luz.
Se os raios de luz incidirem paralelamente uma
lente e convergir para um ponto de foco F dizemos
que se trata de uma lente convergente.
Já quando os raios de luz incidem paralelamente
uma lente e divergem de um ponto de foco F, dizemos
que essa lente se trata de uma lente divergente. Nesse
caso o ponto de foco F é virtual, pois ele é formado
pelo prolongamento dos raios refratados.
Na figura a seguir representamos duas lentes, uma
convergente e uma divergente, repare que o formato
das lentes está um pouco diferente do que vimos ante-
riormente, isso se deve a uma simplificação desses Além disso, as lentes possuem dois focos que cha-
dois modelos de lentes. Além disso, a luz pode incidir mamos de focos principais, sendo o foco principal do
uma lente dos dois lados e isso implica que as figuras objeto F e o foco principal da imagem F’. Eles possuem
abaixo apresentam apenas um dos casos possíveis, simetria em relação ao centro ótico O.
entretanto se os raios de luz estivessem incidindo a
lente no lado oposto ao apresentado, veríamos um
ponto de foco simétrico ao que vemos na figura, entre-
tanto de forma também oposta.

Lente Convergente

264 Lente Divergente


A distância entre o centro ótico até o ponto de foco
é chamada distância focal, representado pela letra f.
Também apresentamos na figura acima os pontos A e
A’ que são pontos antiprincipais e estão a uma distân-
cia f dos pontos de foco.

Raios Particulares Nas Lentes Esféricas

Para realizarmos a análise da formação das


imagens formadas por raios que incidem as lentes
esféricas delgadas daremos atenção a três casos par-
ticulares. Nesse momento apresentaremos uma aná- Lente Divergente
lise muito próxima do que fizemos com os espelhos
esféricos e consequentemente você verá algumas Todo raio de luz que incide uma lente na direção
semelhanças. do centro de ótico O não sofre nenhum desvio.
Nas lentes delgadas todo raio de luz que incide de
forma paralela ao eixo principal é refratado na dire-
ção do foco principal imagem F’.

Lente Convergente

Lente Convergente

Lente Divergente

Formação De Imagem Nas Lentes

Para analisar a formação das imagens de objetos


cujo raios passam pelas lentes delgadas esféricas ire-
mos utilizar o mesmo processo utilizado para obten-
ção das imagens dos espelhos esféricos, utilizaremos
Lente Divergente dois raios de luz dos casos particulares e analisaremos
caso a caso para as lentes convergentes e divergentes.
Todo raio de luz que incide nas lentes delgadas na
direção do foco objeto F saem de forma paralela ao Lentes Convergentes
eixo principal.
z Caso I – Objeto situado antes do ponto antiprincipal
Nesse caso a imagem é real, isso é, formada depois
da lente, invertida e menor em relação ao objeto.
FÍSICA

Lente Convergente 265


z Caso II – Objeto situado no ponto antiprincipal Lente Divergente
Nesse caso a imagem é real, invertida e do mes-
mo tamanho que o objeto. Com as lentes divergentes, diferentemente das len-
tes convergentes, a imagem é sempre virtual, direta e
real em relação ao objeto e não depende da distância
que ele esteja da lente.

z Caso III – Objeto situado entre o ponto antiprin- Equação Das Lentes
cipal e o ponto de foco
Nesse caso a imagem é real, invertida e maior em Seguindo a mesma forma que definimos as equa-
relação ao objeto. ções para os espelhos esféricos, podemos definir as
mesmas equações aqui.

1 1 1 i p'
+ = e A= =- .
p p' f o p

Tal qual apresentamos na sessão dos espelhos esfé-


ricos, aqui vale a mesma convenção dos sinais:
Se A > 0, o e i possuem sinais iguais, a imagem é
direta.
Se A < 0, o e i possuem sinais opostos, a imagem é
invertida.

z Caso IV – Objeto situado no ponto de foco Lâminas


Assim como nos espelhos esféricos, a imagem de
um objeto colocado no foco de uma lente conver- Ao tratarmos das lentes como fizemos acima, todo
gente tem imagem imprópria. nosso estudo depende diretamente de um fator que
consideramos bem no início deste capítulo, as lentes
precisam ser relativamente pouco espessas e graças a
essa característica chamamos de lentes delgadas.
Agora imagine uma placa de vidro espeça, o fenô-
meno de refração continua acontecendo, entretanto,
denominamos essa placa de vidro, ou qualquer outro
objeto com características parecidas com ela, de lâmi-
na de face paralelas.
Elas são bastante úteis quando é necessário desviar
a luz sem que haja mudança na direção de propagação
e podem ser utilizadas em experimentos acerca da luz.
Para podermos calcular o desvio que a luz sofre quando é
refratada por uma lâmina utilizamos a seguinte equação
z Caso IV – Objeto situado entre o ponto de foco e sen (a - b)
o centro ótico d=e∙ cos (b)
,
Por fim, a imagem de um objeto colocado entre o
ponto de foco e o centro ótico possui imagem vir-
tual, direta e menor que o objeto. Onde d é o desvio, e a espessura da lâmina, α o
ângulo de incidência e β o ângulo refratado.

INSTRUMENTOS ÓTICOS SIMPLES

Diversos avanços ocorreram na história da huma-


nidade graças a alguns instrumentos óticos, como
por exemplo, o telescópio de Galileu que possibilitou
a observação das Luas de Júpiter e possibilitou refu-
tar o modelo Ptolomaico-Aristotélico de que a Terra
era o centro do Universo, afinal, se a Terra é o cen-
tro, porque haveria objetos celestes rodeando outros
planetas? Além disso, ao observar as crateras da
Lua, Galileu refutou o fato dos corpos celestes serem
266 imperfeitos, contradizendo as teorias da época.
Tudo isso e muito mais só foi possível graças à uti- Outro problema é a hipermetropia que consiste
lização de instrumentos óticos que hoje é comum para na convergência dos raios luminosos atrás da retina,
nós e agora vamos conhecer alguns deles: isso é, quando os raios de luz chegam até a retina eles
ainda não convergiram. As razões para este problema
Lupa pode ser a falta de curvatura das camadas formadoras
da lente dos olhos ou então no formado mais arredon-
As lupas consistem em lentes cujo objetivo é dado dos olhos do que o necessário.
ampliar objetos pequenos, no qual temos dificuldades A pessoa que possui este defeito nos olhos tem pro-
de enxergar ou então letras pequenas de um texto. blemas para enxergar objetos que estão próximos e
Uma lupa nada mais é que a utilização de uma len- para corrigir este problema faz-se necessário o uso de
te convergente colocada próxima à objetos, para que lentes convergentes.
eles possam se situar entre o ponto de foco e a lente. Outro defeito bastante comum é o astigmatismo.
Esse problema pode ser tanto a miopia quanto a hiper-
Microscópio Composto metropia, entretanto em um eixo dos olhos. É como
se apenas uma parcela dos olhos possuísse algum dos
Um grande avanço na ciência foi poder anali- dois defeitos citados anteriormente.
sar partículas que são impossíveis de enxergar sem
nenhum aparelho, pois possuem dimensão da ordem
de micrometros. Para que seja possível observar coi-
sas nessa ordem de grandeza, utiliza-se o microscópio
composto, que consiste na associação de duas lentes
FENÔMENOS ELÉTRICOS
convergentes situadas sobre o mesmo eixo princi-
CARGA ELÉTRICA
pal. Uma delas consiste em uma lente objetiva como
pequena distância focal e fica na extremidade voltada
Todos os corpos são formados de átomos. Cada
para o que se deseja observar. Na outra extremidade
átomo é constituído de partículas elementares, sendo
fica uma lente com as mesmas características de uma
os elétrons, prótons e os nêutrons. A carga elétrica
lupa, no qual amplia a imagem da primeira lente.
é quantizada, isto é, seu valor é múltiplo inteiro do
valor da carga elétrica elementar (e = 1,6 × 10–19C).
Telescópio

Já citado acima, os telescópios revolucionaram Q=n·e


a visão de universo e com eles podemos ver objetos
celestes que estão distantes de nós. Os telescópios sim- Q = Quantidade de Carga, unidade no SI é
ples são constituídos por duas lentes convergentes, (C)=(coulombs).
uma objetiva com distância focal da ordem de metros e = Carga Elementar (e = 1,6 × 10-19C).
que é apontada para objeto que deseja observar e n = Número de Partículas (número inteiro).
uma lente ocular.
ENTENDENDO A LÓGICA...
Olho Humano
1 elétron tem –1,6 × 10–19 coulombs
O olho humano é um dos mais fascinantes instru- 2 elétrons têm –3,2 × 10–19 coulombs
mentos óticos, afinal, nele podemos encontrar elemen- 3 elétrons têm –4,8 × 10–19 coulombs
tos nos quais ainda não conseguimos reproduzir com
a mesma precisão. Um desses elementos é o controle Assim como:
de luz que entra em nosso olho exercido pela pupila 1 próton tem +1,6 × 10–19 coulombs
e mudança imediata da distância focal pela contra- 2 prótons têm +3,2 × 10–19 coulombs
ção ou relaxamento do cristalino pelo músculo ciliar.
Essas funções podem até ser encontradas em máqui- 3 prótons têm +4,8 × 10–19 coulombs
nas fotográficas, mas não com a mesma precisão que Também podemos concluir que:
encontramos neste órgão. Um corpo pode possuir 9,6 × 10–19 C, pois 9,6 é múlti-
De forma bastante simplificada, nossos olhos pos- plo inteiro de 1,6.
suem elementos que funcionam como uma lente con-
vergente e os raios que incidem neles são projetados 9,6 × 10–19 = 6 x 1,6 × 10–19 (POSSÍVEL)
em uma parte chamada retina. Um corpo não pode ter 6,88 × 10–19 C, pois 6,88 não é
O que pode acontecer é que um olho não saudá- múltiplo inteiro de 1,6.
vel pode possuir imperfeições que no qual a imagem 6,88 × 10–19 = 4,3 x 1,6 × 10–19 (IMPOSSÍVEL)
de um objeto que vemos passa a convergir antes ou
depois da retina.
Uma pessoa que possui miopia os raios de luz que Se liga!
incidem paralelamente os olhos convergem antes da
retina e os fatores que podem levar a esse problema Use a lógica a seu favor. Isso é a mesma coi-
FÍSICA

é a curvatura acentuada das várias camadas que for- sa daquelas pesquisas estilo “Fantástico” – “O
mam a lente dos olhos ou então os olhos possuem for- brasileiro tem em média 2,5 filhos”. Pense bem,
mato mais oval do que o necessário. é a mesma coisa: ou você tem 2 filhos ou tem 3
Neste caso, a pessoa que apresenta esse problema filhos. Isso também ocorre na Quantização de
possui dificuldades de enxergar elementos mais distan- Carga.
tes e a correção é dada pelo uso de lentes divergentes. 267
CORRENTE ELÉTRICA E essa equação só funciona para correntes elétri-
cas constantes, e agora?
É um movimento ordenado dos elétrons devido a Então precisamos de um novo recurso para calcu-
uma diferença de potencial (voltagem). Os metais são lar essas correntes elétricas variáveis.
conhecidos por sua camada de valência (mais exter- Esse recurso é uma análise do gráfico de corren-
na) ter elétrons fracamente ligados ao núcleo e facil- te elétrica por tempo. A área abaixo da curva corres-
mente podem ser orientados com uma DDP (diferença ponde à quantidade de carga que passa no corpo.
de potencial) diferente de zero. I(A)

DIFERENÇA DE POTENCIAL ENTRE O FIO SENDO


NULA
Fio Condutor
t (s)

Não existe movimento “ordenado de cargas elétricas” I(A)

DIFERENÇA DE POTENCIAL ENTRE O FIO SENDO


NÃO NULA
Fio Condutor ΔQ
t (s)

Existe movimento “ordenado de cargas elétricas” e


Se liga!
damos o nome de CORRENTE ELÉTRICA
Nem sempre podemos usar i=∆Q/∆t, pois essa
Intensidade de corrente elétrica (i) equação só funciona para cálculo de corren-
tes constantes ou se a prova pedir a corrente
Se um dia você precisar explicar o que é Corren- média. Caso seja uma corrente variável, temos
te Elétrica para alguém em poucas palavras é muito que fazer a análise gráfica.
fácil, apenas diga que é o choque. Todo mundo algu-
ma vez já tomou um choque (com certeza uma lem-
PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO
brança ruim). Esse choque ocorre graças à corrente
elétrica passando pelo nosso corpo. Você já sabe que a matéria é constituída por áto-
Correntes Elétricas ocorrem em qualquer lugar mos, e esses possuem partículas menores ainda que
que exista Diferença de Potencial (“voltagem” como são os prótons, elétrons e nêutrons. Quando um áto-
chamamos no dia a dia). Matematicamente, ela é defi- mo tem o mesmo número de prótons e elétrons, dize-
nida como a quantidade de carga que passa por um mos que ele está neutro. Caso tenha mais elétrons que
prótons, dizemos que está negativo. Se tiver mais pró-
condutor, durante um intervalo de tempo.
tons do que elétrons, ele está positivo. Dependendo da
nossa intenção, é interessante que os corpos estejam
DQ com uma carga ou outra. Um bom exemplo é uma
i= impressora que deixa a tinta eletrizada para conse-
Dt
guir empurrar ela para formar a impressão.
Existem três maneiras para tirarmos os corpos da
Onde: neutralidade (prótons=elétrons) e esses processos são:
I = Intensidade de corrente elétrica, unidade no SI Eletrização por Atrito, Eletrização por Contato e Ele-
é (A)=(c/s). trização por Indução.
Δq = Quantidade de carga, unidade no SI é (C).
Eletrização por Atrito
Δt = Intervalo de tempo, unidade no SI é (s).
Existe um pré-requisito fundamental para ocorrer,
Cálculo de carga a partir de um gráfico é necessário que seja materiais diferentes; um perde
e o outro ganha elétrons; ficam com cargas de tipos
Usamos muitos dispositivos elétricos na nossa opostos e iguais em módulo.
vida, porém, nem todos funcionam com o mesmo tipo
de corrente elétrica. Uma pilha de um controle remoto
funciona com corrente elétrica continua, ou seja, que
só tem um sentido. Já uma tomada elétrica funciona
com corrente alternada, ou seja, com sentidos diferen-
tes a cada instante. Você, ao se deparar com isso, fica
sem recursos para calcular a quantidade de carga(∆Q) Eletrização por Contato
que passa em um fio condutor, pois só aprendemos:
Aqui os materiais podem ser iguais ou diferentes; um
DQ neutro e outro eletrizado; ou ambos eletrizados; ficam
i=
268 Dt com sinais iguais e cargas proporcionais ao tamanho.
ELETRIZAÇÃO DE CARGA DE CORPOS EXEMPLO 2
CONDUTORES IDÊNTICOS Condutor Neutro (n° prótons = n°elétrons)

Aproximo um indutor, assim, polarizando o induzido

Média Aritmética Faço um aterramento no induzido

Q1 + Q 2
QF =
2

Onde:
QF=carga final nas esferas idênticas

Se liga!
No exemplo apresentando, foi com apenas duas Elétrons descem pela repulsão e, assim, eletrizamos o
esferas, mas, essa teoria é válida para quantas induzido
esferas idênticas você fizer o contato. Se forem
3 esferas, por exemplo, você irá somar a carga
das 3 e também dividir por 3.

Eletrização por Indução

Entre qualquer material; um neutro e o outro ele-


trizado, necessita aterramento. Objeto induzido fica
com carga de tipo oposto ao indutor.
Se liga!
EXEMPLO 1
Dois condutores neutros (n°prótons = n°elétrons) Guarde que, na Física Clássica, um corpo nunca
pode doar ou ganhar prótons, assim como eles
também não podem se mexer. Qualquer afirma-
ção de questão dizendo que as cargas positivas
se “mexeram”, está errada.

CONDUTORES E ISOLANTES
Aproximo um indutor, assim, polarizando o induzido
Condutores e isolantes são materiais que se com-
portam de maneiras diferentes no que diz respeito aos
elétrons (corrente elétrica). Condutores facilmente per-
mitem a movimentação livre dos elétrons, os isolantes
dificultam essa movimentação em função da sua estru-
tura interna, ou seja, a passagem da corrente elétrica.
Como as estruturas atômicas das substâncias são
Afasto as esferas primeiro e depois o indutor diferentes, os condutores possuem os elétrons livres
(fracamente ligado ao núcleo) na sua camada mais
FÍSICA

afastada do núcleo (camada de valência) que os iso-


lantes não têm.
Condutores: Podemos generalizar, dizendo que
os condutores são os metais em geral, e diferente do
que muitas pessoas pensam, a água pura não conduz
eletricidade. 269
São exemplos de condutores elétricos os metais em A Lei de Coulomb consiste em uma equação que
geral, tais como cobre, ferro, ouro e prata. descreve a dependência da Força elétrica entre duas
cargas e sua distância de separação, podendo ser vista
TIPO DE CONDUTORES
a seguir:

Sólidos: Conhecido pelos elétrons livres e são condutores “Cargas elétricas de mesmo tipo repelem-se; de tipos
metálicos. diferentes atraem-se. O módulo das forças de intera-
Líquidos: Conhecido como condutores eletrolíticos, eles têm o ção (F) entre dois pontos materiais de cargas elétricas
movimento de cargas positivas (cátions) e negativas (ânions) Q1 e Q2 é diretamente proporcional ao produto dessas
que é uma corrente elétrica. cargas e inversamente proporcional ao quadrado da
Gasosos: Conhecido como condutores de terceira classe, eles distância (d) entre esses pontos materiais. A direção
têm o movimento de cátions e ânions. Mas, diferente dos con- das forças de interação entre os pontos materiais de
dutores líquidos, a energia é produzida através de colisões en- cargas Q1 e Q2 , cujos módulos são iguais a F, é a da
tre as cargas e não de forma única. reta que contém esses pontos; o sentido é de atração,
ISOLANTES
quando as cargas forem de sinais diferentes, ou de
repulsão, quando forem de mesmo sinal” (Char-
Conhecidos como dielétricos, neles há a ausência dos elé- les Augustin de Coulomb, 1736-1806).
trons livre. Pela Lei de Coulomb, podemos verificar que os
elétrons são fortemente ligados ao núcleo. São exemplos de
isolante elétricos: lã, madeira, plástico, borracha, isopor, papel,
vácuo e vidro.
SEMICONDUTORES
Podem se comportar como um isolante ou condutor, de acor-
do com as condições físicas. Os exemplos mais comuns de
semicondutores são germânio (Ge) e o Silício (Si).
k· | Q1 | | Q2 |
SUPERCONDUTORES F= 2
Pode conduzir elétrons de um átomo para outro sem resistên-
d
cia nenhuma, quando o material atingir a “temperatura crítica”
(Tc), que é a temperatura onde o material se transforma em Onde:
supercondutor. K = Constante eletrostática do meio.

EFEITO JOULE
Se liga!
Você já deve ter notado que quando usa muito
Lembre-se sempre que a força é uma grande-
tempo determinados aparelhos elétricos esses ficam
za vetorial, logo, todas as operações vetoriais
quente, isso ocorre pelo EFEITO JOULE que é um
da Mecânica são válidas aqui na Eletrostática
fenômeno que consiste na conversão de energia
elétrica em calor. Verificamos isso em qualquer
também.
dispositivo elétrico. Caso tenhamos o objetivo de
calcular esse calor: CAMPO, TRABALHO E POTENCIAL ELÉTRICOS

Q = i² · R · ∆t Qualquer partícula com carga elétrica modifica a


região ao seu redor, pelo simples fato de possuir car-
Onde: ga elétrica, e essa modificação chamamos de campo
elétrico.
Q = Calor
O Campo Elétrico é um conceito que, junto com
i = Corrente elétrica Potencial Elétrico, é fundamental para o estudo da
R = Resistência Elétrica do Material eletrostática.
∆t = Intervalo de tempo analisado Imagine que o Campo Elétrico é como se fosse algo
invisível que existe para as cargas conseguirem inte-
LEI DE COULOMB ragirem entre si, é como se fosse o campo do futebol,
sem o campo não há jogo de futebol e sem Campo
No século XVII, Newton conseguiu entender como Elétrico não irá existir força elétrica. A diferença é
funcionava a gravidade, porém ninguém até então que o campo de futebol nós vemos e o campo elétrico
conseguia entender como funcionava a força de atra- nós não conseguimos ver. Dentro do campo existem
regiões que são mais intensas, e para identificarmos
ção entre cargas elétricas. No século XIX, o francês
essas regiões nós utilizamos o conceito de potencial
Coulomb deduziu uma lei que descreve a força de elétrico. Gosto de dizer que Potencial Elétrico é como
interação entre cargas elétricas. Na ciência, isso é fun- se fosse uma altura elétrica, quanto maior a altura da
damental, pois agora é possível estipular as distâncias queda, mais estrago podemos ter.
necessárias para organizar os componentes elétricos Eu sei que isso está parecendo assunto de louco,
de aparelhos elétricos e também podemos calcular mas acredite, caro leitor, que ao olharmos as equa-
uma distância mínima de centrais de alta tensão, ções tudo fará, mas sentido.
de modo que não coloque em risco as nossas vidas.
Na época de Coulomb, já se sabia que os opostos se Vetor campo elétrico (e)
atraem e semelhantes se repelem, e as Leis de New-
ton eram muito bem conhecidas. O francês conseguiu O conceito de Campo Elétrico é fundamental para
demonstrar que as dependências que Newton tinha montarmos circuitos elétricos e também transmi-
achado para explicar a gravidade eram semelhantes tirmos energia elétrica de um lugar do mundo para
270 às dependências das cargas elétricas. outro.
Eu gosto de dizer que Campo Elétrico e Potencial O conceito formal de trabalho diz que campo elétri-
Elétrico são como a tabuada: é obrigatório que você co uniforme realiza trabalho sobre a carga, e assim a
saiba a tabuada, mas não significa que terá uma ques- carga do repouso (sem velocidade) pode ganhar velo-
tão perguntando quanto é 4 vezes 2. Esse domínio téc- cidade em virtude do trabalho realizado pelo Campo
nico é essencial para outros tópicos da ciência, ou seja, Elétrico Uniforme, o que faz a partícula ganhar Ener-
tentarmos entender campo elétrico e potencial elétri- gia Cinética.
co isoladamente fica muito abstrato, mas com certeza
esses assuntos são essenciais para a continuidade da
W = –q · ∆V
ciência.
Matematicamente, dizemos que a orientação do
Campo Elétrico é dada pela trajetória que o teste posi-
tivo iria percorrer no ponto analisado devido à força
elétrica, ou seja, é uma definição que os cientistas ado-
taram de acordo com uma convenção, logo isso ficará
mais interessante nas hora dos exercícios.

F
E=
q

Onde:
F = Força Elétrica na carga de teste, unidade no SI
é (N) = (newton);
q = Carga de teste, unidade no SI é (C).

Campo elétrico criado por cargas geradoras


Onde:
W = Trabalho realizado pelo Campo Elétrico, uni-
dade no SI é (J)=(joules);
q = Carga;
∆V=Vf – Vi = Diferença de Potencial Elétrico, unida-
de no SI é (V)=(volts).

Potencial elétrico

O conceito de Potencial é bem abstrato de definir,


mas podemos simplificar que é como se fosse um “des-
nível” elétrico: quanto maior o “desnível”, maior é a
energia que podemos converter.
k. | Q |
E= 2
d Potencial elétrico de cargas pontuais

Onde: Na Física existem dois tipos de grandezas vetoriais


IQI = Módulo da carga geradora de campo elétrico. e escalares. As vetoriais são representadas por veto-
res e os escalares que são representadas apenas por
números. Quando uma grandeza for escalar, teremos
Se liga! que ter muito cuidado para considerarmos o sinal
matemático, ou seja, não iremos efetuar nenhum cál-
Imagine o campo gravitacional(“gravidade”): ele culo em módulo.
só existe em virtude da presença do nosso pla- É sempre importante notar que potencial elétrico
neta Terra, o campo elétrico é análogo, só existe é uma grandeza escalar, por isso, não usamos módulo
pela presença de carga elétrica geradora. na hora do cálculo.

Trabalho em um campo elétrico

O Conceito de trabalho formal é bem matemático


mesmo, mas se entendermos o conceito fica muito
mais fácil. Assim, podemos pensar na unidade de tra-
balho que é joules, ou seja, isso é unidade de energia,
então, trabalho é energia!
FÍSICA

De uma maneira mais conceitual, podemos dizer


que Trabalho é a Energia que o Campo Elétrico forne- k·Q
V=
ce para as cargas, ou seja, é essa movimentação que d
nos permite a existência de corrente elétrica que usa-
mos no dia a dia para o uso de eletricidade em nossas Para calcular o potencial criado em um ponto P
casas. qualquer, usamos: 271
Linhas de campo Fluxo elétrico(φ)

Agora, vamos falar de linhas de campo, ou seja, é Agora, vamos falar de Fluxo Elétrico.
como se fosse um mapa de como é o campo elétrico Relaciona a quantidade de linhas de campo elétri-
em regiões próximas a carga elétrica. co(E) (que penetra em uma superfície de área (A), em
Carga Positiva: Campo Elétrico é divergente e sai função do ângulo do “vetor área imaginário” e o vetor
da carga. campo elétrico.

Carga Negativa: Campo Elétrico é convergente e


entra na carga.

Linhas de força ϕ = E · A · cos θ

Se liga!
Cuidado! Área é uma grandeza escalar, por isso
que está escrito vetor área imaginário, pois nós
imaginamos um vetor perpendicular à superfície
para conseguirmos relacionar o ângulo.

LEI DE GAUSS
Superfícies equipotenciais
Agora, iremos falar um pouco sobre a Lei em si e
Agora, vamos falar de superfícies equipotenciais como montar as superfícies gaussianas imaginárias.
que consistem em regiões onde o potencial elétrico É uma distribuição qualquer de uma ou mais car-
tem o mesmo valor. gas elétricas, envolta por uma superfície imaginá-
As superfícies e equipotenciais são regiões dentro ria fechada qualquer envolvendo essas cargas. Essa
de um campo elétrico em que a diferença de potencial superfície recebe o nome de superfície gaussiana, ela
elétrico é zero, ou seja, ao deslocar uma carga dentro pode ter a forma que quisermos. A única regra é que
de uma superfície equipotencial, não há realização de ela deve ser fechada e também podemos definir quan-
trabalho. Essas superfícies equipotenciais sempre são do estamos dentro ou fora da superfície gaussiana. A
perpendiculares ao vetor do campo elétrico Lei de Gauss estabelece que o fluxo total (ϕtotal) através
da superfície gaussiana é igual à carga total interna
à superfície (qinterna), dividida pela permissividade elé-
trica do meio (ε): por isso é essencial definirmos o que
é Fluxo Elétrico(ϕ). Por isso é importante fazermos
uma adaptação e sempre escolhermos superfícies
gaussianas onde o fluxo elétrico seja perpendicular ao
“vetor imaginário área”. Assim, na Lei de Gauss usa-
remos o conceito infinitesimal de calcularmos todo o
fluxo sobre a superfície gaussiana.
Nos dois exemplos acima, as linhas pontilhadas
representam essas superfícies. ϕ = E · ∆A

Lei de Gauss Onde, nesse contexto, ∆A é a área total da superfí-


cie gaussiana imaginária, que já garantimos antes que
A lei de Gauus estabelece que o fluxo total (ϕtotal), seja perpendicular ao fluxo elétrico.
através da superfície gaussiana, é igual à carga total
interna à superfície (qinterna), dividida pela permissivi-
k ·|Q|
dade elétrica do meio (ε): por isso é essencial definir- E= 2
272 mos o que é Fluxo Elétrico(ϕ). d
EXEMPLOS DE SUPERFÍCIES GAUSSIANAS
Se liga!
É importante lembrar que um corpo que está
positivo perdeu elétrons e, por isso, a sua car-
ga líquida é positiva. Nunca se esqueça que um
corpo nunca ganha ou perde prótons, pois esses
estão no núcleo do átomo.

BLINDAGEM ELETROSTÁTICA

Você já ouviu falar que se estiver dentro de um


carro e cair um raio nele você está seguro por causa
dos pneus que são feitos de borracha?
Isso é verdade! Mas não por causa dos pneus feitos
de borracha. Convido você para a seguinte reflexão: Se
Dessa superfície não seria algo tão fácil, por isso sem- você sentar em cima dos quatro pneus empilhados do
pre escolhesmo superfícies fáceis de calcular. carro, você deixaria jogarem um raio na sua cabeça?
O motivo de você estar seguro dentro do carro é
Blindagem Eletrostática.
O Campo Elétrico no interior de condutores em
equilíbrio eletrostático é nulo, ou seja, sem ter cam-
po dentro do condutor, você não pode tomar choque.
Na figura abaixo coloquei um experimento da famosa
Gaiola de Faraday.

Dessa superfície escolhida é a área superfícial de uma


esfera de raio r: ∆A = 4 π · r²

qinterna
U total =
f
PODER DAS PONTAS

Agora, vamos falar de sobre o Poder das Pontas. Você já Fonte: http://www.ebanataw.com.br/raios/faraday.htm
ouviufalarqueoraionuncacaiduasvezesnomesmolugar?
Isso está errado, pois as cargas se concentram mais nas Verificamos isso em aviões também, pois ao tomar
pontas e assim os raios sempre buscam pontas eletriza- uma descarga elétrica, os seus passageiros ficam
das na mediada do possível. seguros.
O poder das pontas mostra que se tivermos algum
DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO
condutor com alguma ponta, sempre terá maior con-
centração de carga nessas pontas. Em condutores
O conceito de Potencial é bem abstrato de definir,
eletricamente carregados existe uma grandeza física,
mas podemos simplificar que é como se fosse um “des-
chamada densidade superficial de carga, que basica-
nível” elétrico, quanto maior o “desnível”, maior é a
mente diz que onde tiver “pontas” nos condutores,
energia que podemos converter. A diferença de poten-
terá uma concentração de cargas mais acentuado do cial elétrico (∆V) entre dois pontos é a razão entre o
que no restante dele. trabalho (W) necessário para mover uma carga(q)
entre duas superfícies equipotenciais.
CONDUTOR NEUTRO CONDUTOR
CARREGADO W
| DV | =
q
FÍSICA

O campo elétrico uniforme realiza trabalho sobre


a carga, e assim a carga do repouso (sem velocidade)
pode ganhar velocidade em virtude do trabalho reali-
zado pelo Campo Elétrico Uniforme, fazendo a partí-
cula ganhar Energia Cinética. 273
Com temperatura constante, corrente e voltagem
W = –q · ∆V
variam na mesma proporção (resistor ôhmico).

R cte

Onde: Esse gráfico demonstra como funciona a ddp (V) e


W = Trabalho realizado pelo Campo Elétrico, uni- a corrente elétrica se o resistor for ôhmico (Resistên-
dade no SI é (J) = (joules). cia Elétrica Constante).
q = Carga.
∆V = Vf – Vi = Diferença de Potencial Elétrico, uni-
dade no SI é (V)=(volts).
CIRCUITOS
CORRENTES CONTÍNUA E ALTERNADA
RESISTÊNCIA ELÉTRICA E RESISTIVIDADE
Corrente Contínua: Quando ela tem apenas um
sentido, geralmente é produzida pela ddp de uma Antigamente, os filósofos acreditavam que a natu-
pilha que tem tensão contínua também. reza era formada por 4 elementos, porém hoje em dia
sabemos que existem muitos elementos na tabela.
I(A) Corrente continua (CC) Dependendo de que os elementos são feitos, os átomos
oferecem uma resistência à passagem de corrente elé-
trica. Em tudo que envolve eletricidade é utilizado
resistores, graças a eles que temos toda a tecnologia.
São dispositivos que oferecem uma resistência à
passagem da corrente elétrica:
Representação Esquemática de Resistores

t(s)

Corrente Alternada: É quando ela tem o sentido


alterado a cada instante de tempo já pré-definido, por
exemplo, no Brasil a frequência da nossa rede de ten-
são é 60 ciclos por segundo, significa dizer que em 1
segundo a corrente elétrica muda 60 vezes de sentido
nesse 1s. O conceito matemático de Resistência Elétrica é
dado pela definição:
I(A)
Corrente alternada (CA) V
R=
i

É interessante chamarmos a atenção que, para


facilitar a memorização, é importante isolarmos o V.
t(s)

V=R·i

Onde:
LEIS DE OHM, RESISTORES, ASSOCIAÇÕES E V = Diferença de Potencial Elétrico (Tensão Elétri-
PONTE DE WHEATSTONE ca), unidade do SI(V) = (volts).
R = Resistência Elétrica à passagem de Corrente
Lei De Ohm Elétrica, unidade no SI(Ω) = (ohms).
Existem também outros fatores que influenciam
OHM foi um físico responsável por entender na Resistência Elétrica de um corpo, como fatores geo-
melhor a eletricidade com as equações que revolu- métricos e o material de que são feitos.
cionaram a ciência. Usamos a Lei de OHM em toda a
parte da Eletricidade para dispositivos elétricos. Dife-
rente do que muitos pensam, a Lei de OHM não é uma
equação, e sim uma relação física fantástica que rela-
274 cionamos grandezas.
t·L RESISTÊNCIA 1 1 1 1
R= = + +
A EQUIVALENTE R eq R1 R 2 R3
CORRENTE
Onde: itotal = i1 + i2 + i3
ELÉTRICA
ρ = Resistividade elétrica (diferencia um material DDP Utotal = U1 = U2 = U3
do outro a uma determinada temperatura), unidade
no SI(Ω · m) = (ohm · metro). Se você pegar dois resistores, apenas em paralelo,
L = Comprimento. você pode notar que a resistência equivalente dos dois
A = Área da secção transversal. é calculada pela seguinte forma: “produto” pela “soma”

produto = R1 · R 2
Geralmente os corpos são fios cilíndricos, por isso R eq = R1 + R 2
a área da secção transversal é calculada como área de soma
um círculo de Raio (r).
Ponte de Wheatstone
A = πr2
O esquema permite a medição do valor de uma
resistência elétrica desconhecida. A ponte pode estar
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES equilibrada ou não:
Ponte Equilibrada: Os quatro resistores estão
Associação em série ajustados, de maneira que o medidor de corrente
(amperímetro, galvanômetro) está medindo uma cor-
Como você já viu anteriormente no título Capacito- rente igual a zero.
res e Associações, vamos apresentar aqui um exemplo Ponte Desequilibrada: Podemos fazer a estabi-
de Associação em Série contextualizando a Associação lização quando um dos resistores é variável (como
de Resistores. um potenciômetro, por exemplo) e, assim, podemos
Associação em série: Podemos pensar que um divi- mudar sua resistência até que não passe corrente pelo
sor de Tensão Elétrica (DDP) e todos os resistores são medidor. A ponte pode ser usada manualmente ou em
“percorridos” pelo mesmo valor de corrente elétrica. versões automatizadas.

R2 Req Ponte equilibrada

R1 RX
R1 R3

+ - + -
G
+

RESISTÊNCIA - R4
Req = R1 + R2 + R3 R2
EQUIVALENTE
CORRENTE
itotal = i1 + i2 + i3
ELÉTRICA
R1 · R4 = R2 · Rx
DDP Utotal = U1 + U2 + U3
RELAÇÕES ENTRE GRANDEZAS ELÉTRICAS
Associação em paralelo
Você vai verificar que todas essas situações apre-
Como você já viu anteriormente o exemplo de sentadas a seguir já foram mencionadas anteriormen-
dinheiro, vamos apresentar aqui novamente este te, mas fica legal formalizarmos elas agora.
exemplo de Associação em paralelo contextualizando Existem várias grandezas elétricas que se relacio-
os Resistores. nam, algumas delas nós já vimos, como Tensão, Corrente
A ideia da associação de resistores é a mesma: Elétrica, Energia Elétrica. Importante também relaciona
cientistas não fabricam infinitos valores de resistores, todas essas grandezas com Potência Elétrica.
mas, de acordo com a nossa necessidade, associamos
os resistores para dar o resultado desejado. POTÊNCIA ELÉTRICA

R1 O conceito físico de potência é a rapidez para uma


Req forma de energia se transforma em outra forma de
R2 energia. Um bom exemplo disso é um resistor dentro
FÍSICA

de um chuveiro elétrico, o qual converte energia elé-


R3 trica em energia térmica:

+ -
+ - Energia
P=
VT tempo
VT 275
Onde: Capacitância (c)
Energia, unidade no SI(J)=(joules);
Tempo, unidade no SI(s)=(segundos); Agora, vamos falar de Capacitância .
Potência, unidade no SI (W)=(watts)=(J/s) =(joules/ Você já imaginou “guardar” carga elétrica para
segundo). usar depois? Demais essa ideia, né!!
Um capacitor tem essa função, ele consegue arma-
É importante lembrar que no sistema internacio- zenar cargas elétricas, como se fosse uma geladeira
nal de medidas, a unidade de energia é em (J) = (jou- que armazena alimentos para usarmos depois. A nos-
les), porém em muitas questões eles apresentam a sa tecnologia hoje é toda em cima do uso de capacito-
unidade de energia em (k · W · h). res, principalmente em dispositivos eletrônicos.
Cada dispositivo elétrico tem a sua capacidade de
armazenar cargas, ou seja, a sua capacitância. O Concei-
CONVERSÃO DE ENERGIA
to de matemático de capacitância é a equação a seguir.
1k · W · h = 1000 · W · h
1h = 3600s
Q
1k · W · h = 1000 · W · 3600s C=
1k · W · h = 3600 000 W · s V
1k · W · h = 3,6 . 10+6 W · s
Mas lembre que: (W) = (watts) = (J/s) Onde:
Q = Módulo das cargas de uma das placas
+6 J V = Diferença de Potencial entre as placas
1k · W · h = 3, 6 · 10 s
·s
C = Capacitância, unidade no SI, (F)=(faraday)

Potência Elétrica em Resistores ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES

No conceito de elétrica, é importante conseguirmos Associação em série


calcular a potência elétrica consumida nos resistores.
Sempre que começamos o estudo de Associações
de Capacitadores, gosto de usar exemplos de dinhei-
Se liga! ro. Atualmente, no Brasil, é possível termos 13 reais
em dinheiro, mas com certeza não iremos olhar a car-
Uma maneira fácil de lembrar como calcular a
teira e achar uma nota de 13, pois não existe. Nós faze-
potência elétrica em resistores é lembrando do
mos associações de dinheiro: uma nota de 10 reais e o
barulho que o pinto faz (piu). restante em moedas, por exemplo, e o resultado será
os 13 reais. A ideia da associação de capacitores é a
mesma: cientistas não fabricam infinitos valores de
P=i·U capacitores. De acordo com a nossa necessidade, asso-
ciamos os capacitores para dar o resultado desejado.
Onde:
U = Tensão Elétrica, DDP, unidade no SI(V) = (volts).
Podemos, ainda, calcular que a Potência pode ser
calculada como:

2
U
P = R · i2 ou P = 1 1 2 3
R CAPACITÂNCIA = + +
EQUIVALENTE C eq C1 C2 C3
CAPACIDADE ELÉTRICA CARGA Qtotal = Q1 = Q2 = Q3

Capacidade Elétrica também pode ser chamada DDP Utotal = U1 + U2 + U3


da Capacitância, inclusive é o nome mais usado em
provas. Aqui, nesse módulo, estudaremos dispositivo Se você pegar dois capacitores apenas em série, a capa-
elétricos chamados capacitores, que nos permitem citância equivalente é o famoso “produto” pela “soma”.
armazenar cargas elétricas e, por sua vez, energia elé-
trica para usarmos depois, um exemplo bem comum produto C ·C
C eq = = 1 2
são os desfibriladores usados na medicina. soma C1 + C 2

Associação em paralelo

276 Fonte: https://br.pinterest.com/pin/839780661745426893/


CAPACITÂNCIA
Ceq = C1 + C2 + C3
EQUIVALENTE
CARGA Qtotal = Q1 + Q2 + Q3
DDP Utotal = U1 = U2 = U3
Agora se deixarmos percorrer uma corrente elétri-
ca no gerado verificaremos que
Se liga!
Pode cair em prova os dois juntos, no mesmo cir- VAB < ε
cuito. A sugestão é sempre começar reduzindo os
capacitores que você identificar em série, e depois, Ou seja, pelo fato de percorrer corrente elétrica, não
eles todos vão ficar acabando em paralelo, mas conseguimos usar toda F.E.M do gerador para o circuito.
isso não é uma regra, só um atalho.
ASSOCIAÇÃO DE GERADORES
GERADORES
Agora, vamos falar de associações mais uma vez,
só que agora é de geradores.
Gerador transforma algum tipo de energia em
energia elétrica. Na física existem dois geradores
que iremos estudar: os geradores ideais e os gerado- SÉRIE
res reais, todos eles são fundamentais para o estudo
de eletrodinâmica. Os geradores mais frequentes no
nosso dia a dia são as pilhas, por isso que os desenhos
irão lembrar a forma de uma.

Gerador Ideal
εeq = ε1 + ε2 + ε3
req = r1 + r2 + r3
O gerador ideal é aquele que dizemos que não pos-
sui resistência interna, ou seja, pode fornecer toda a
energia para o circuito.

εeq = ε1 – ε2 + ε3
req = r1 + r2 + r3

Podemos imaginar que é como se fosse uma pilha,


onde a sua diferença de potencial de A para B (VAB)
seja igual a força eletromotriz do gerador(ε), que pode Se liga!
ser chamada de F.E.M
Sempre fique atento as polaridades do gerador:
se estiver o menos de um gerador e, na sequên-
VAB = ε
cia, um mais de outro gerador, as suas F.E.M
estão se ajudando.
Gerador Real

Todo gerador ao ser percorrido por corrente elé-


trica tem parte de sua energia “dissipada” por uma
resistência interna imaginária. Essa perda de energia E se for o contrário, menos de um gerador e,
só é verificada com a passagem de corrente elétrica, na sequência, um menos de outro gerador, eles
por isso se olharmos um gerador real e um gerador estão se atrapalhando, assim como o mais de
ideal, sem ter corrente elétrica, eles parecerão iguais. um e, na sequência, o mais de outro.
Veremos, então, a representação do Gerador Real e
do Gerador Ideal respectivamente no quadro a seguir:

RECEPTORES

Os receptores elétricos são dispositivos que trans-


formam energia elétrica em outra forma de energia.
FÍSICA

Podemos imaginar que é como se fosse uma pilha,


onde a sua diferença de potencial de A para B (VAB) O receptor não transforma energia elétrica apenas em
seja igual a força eletromotriz (ε) se não existir cor- calor. O calor é sempre um pouco da energia transfor-
rente elétrica(i) mada por esse receptor. No nosso dia a dia, estamos
rodeados de dispositivos elétricos que são chamados
de receptores, tais como microondas, secadores de
VAB = ε cabelo, televisões, computadores, e etc. 277
Podemos encarar como sendo o gerador que “per- Voltímetros
deu” a batalha das F.E.M. Na prática, são os disposi-
tivos elétricos que usamos no nosso dia a dia, como São representados em geral pela letra V colocada
aparelhos elétricos como secadores, torradeiras, dentro de um círculo ou, às vezes, cortado por uma
motores elétricos etc. seta. Como medem a diferença de potencial elétrico
entre dois pontos de um, devem ter seus terminais inse-
ε ridos em paralelo com o trecho do circuito entre esses
ε = 20V 2
= 10V
1
pontos. O Voltímetro ideal possui resistência infinita.

SÍMBOLO
gerador receptor

Medidores Elétricos

Os medidores elétricos são equipamentos utili-


zados para medir o quanto de energia elétrica e os
valores de intensidade de algumas grandezas física.
As pessoas erroneamente chamam de “amperagem”
e “voltagem” essas grandezas medidas. O instrumento
de medida elétrico mais frequente no uso de profissio-
nais elétricos é o multímetro, onde encontramos todas
as grandezas elétricas para serem medidas como ten-
são, corrente elétrica e resistência elétrica.
Os principais medidores elétricos são:
Amperímetro: utilizado para medir a intensidade
da corrente elétrica e deve ser colocado em série em
um circuito.
Voltímetro: tem como finalidade medir a tensão
elétrica entre dois pontos de um circuito elétrico e
deve ser conectado em paralelo.
Além desses, também são muito utilizados os mul- Voltímetro está medindo ddp entre o ponto A e B.
tímetros, aparelhos com várias funções que podem
fazer inúmeras medidas elétricas. Eles são conheci-
Representação gráfica de circuitos
dos também por instrumentos de medidas, serve para
fazermos medidas no circuito sem alterar as caracte-
No meio da correria de um laboratório, os cientis-
rísticas do circuito original.
tas não tem tempo de desenhar os circuitos com todos
os seus detalhes, e assim, para otimizar o trabalho
Amperímetros
deles, foi inventado uma convenção para desenhos
rápidos de cada componente de um circuito elétrico
O amperímetro ideal tem resistência nula e os sím-
de uma maneira rápida e simples, como apresentado
bolos estão mostrados abaixo.
na tabela a seguir:

SÍMBOLO Símbolos Convencionais

SÍMBOLOS CONVENCIONAIS
RESISTOR Oferece uma resistência
à passagem da corrente
elétrica.

LÂMPADAS Converte energia elétrica


em energia luminosa.

DIODO Dispositivo que permite


a condução da corren-
te elétrica em apenas um
sentido. Podemos usar ele
Amperímetro está medindo apenas a corrente elétrica como uma chave para fe-
que “atravessa” R2. char e abrir o circuito.
278
SÍMBOLOS CONVENCIONAIS
LED O LED é um diodo que
emite luz. A sigla LED é de
Light Emitting Diode. A luz
é produzida por interações
do elétron com o material
do que o LED é feito.
Atração e Repulsão de Imãs

RESISTOR LIGHT A sigla LDR significa Light Na figura a seguir, veremos um exemplo de Atra-
DEPENDENT RESISTOR Dependent Resistor. Sua ção de Polos Diferentes: Atração
resistência varia conforme
a intensidade da luz que
incide sobre ele.
Luz  Resistência Mínima;
Sem luz Resistência
Máxima. Na figura a seguir, veremos um exemplo de Repul-
são de Polos Iguais: Repulsão

RESISTORES NTC Sensível a temperatura, a


sigla NTC significa Negative
Temperature Coefficient.
Temperatura Aumenta: Linhas de campo magnético
Resistência Diminui;
Temperatura Diminui: Re- As linhas do campo magnético são tangentes às
sistência Aumenta. linhas de força. Além disso, elas são curvas, porque
Fusível é um dispositivo o campo magnético não é uniforme, ou seja, é mais
de proteção dos circuitos. intenso perto no polo do ímã.
FUSÍVEIS Filamento de metal de bai-
xo ponto de fusão. Assim,
quando o fusível é percor-
rido por uma corrente elé-
trica acima do normal, o
filamento se funde e abre
o circuito.
Possui resistência elétri-
POTENCIOMETRO ca ajustável. Para con-
trolar as características
de entrada/saída de apa- As linhas de campo magnético são tangentes às
relhos eletrônicos, como linhas de força e quanto maior a densidade de linha
volume, brilho, tempo de de força, mais intenso é o B, por isso temos que o B é
funcionamento. mais intenso perto dos polos.

MAGNETISMO
ÍMÃS PERMANENTES E TEMPORÁRIOS

O estudo dos ímãs é o ponto de partida do nosso


estudo do eletromagnetismo.
Após vermos o conceito e a função de um ímã, deli-
FORÇA MAGNÉTICA
mitaremos os tipos que existem:
Desde a época da Grécia antiga já se conhecia
z Ímãs permanentes: São permanentes, no sentido
várias propriedades do Magnetismo. Os chineses
de que, quando são magnetizados, retêm um nível
foram um dos primeiros a utilizar esse estudo da for-
de magnetismo. ça magnética para se orientar, ou seja, graças a essa
z Ímãs temporários: Agem como um ímã perma- força magnética que materiais sofrem entre si que
nente quando estão imersos em campo magnético podemos criar muitas tecnologias que envolvam isso,
FÍSICA

intenso, mas, perdem o seu magnetismo, quando o desde Usinas Hidroelétricas a motores de carro.
campo magnético desaparece. Os ímãs interagem entre si, obedecendo algumas
regras de atração e repulsão. Seguindo a ideia de força
Um ímã é divido em polos, um polo é chamado de magnética, temos que os imãs interagem entre si, obe-
Norte e outro de Sul. Na figura a seguir veremos uma decendo algumas regras de atração e repulsão. Para
imagem que é a representação esquemática de um ímã. uma melhor representação, segue o quadro abaixo: 279
Podemos imaginar a Terra como se fosse um gigan-
ATRAÇÃO
te imã, em que tem um POLO NORTE.
Quando são polos diferentes
Polo Norte Geográfico “abriga” o Polo Sul Magnético;
Polo Sul Geográfico “abriga” o Polo Norte Magnético.

Se liga!
Em astronomia, estudamos que graças ao cam-
po magnético terrestre é possível vivermos na
Terra. Mais à frente, vamos estudar que no Sol
ocorre a reação de fusão nuclear, o que libera
uma energia chamada de ventos solares. Se
REPULSÃO essas energias fossem lançadas diretamente
Quando são polos iguais na Terra, não teríamos chance de sobreviver. O
campo magnético terrestre desvia grande par-
te desses ventos solares, permitindo, assim, a
nossa vida na Terra.

Bússola

Uma bússola é um imã, seu polo norte sempre


acompanha a orientação do campo magnético.

Inseparabilidade

Os polos de um ímã são inseparáveis. Não existe


monopólio-magnético.

BÚSSOLA

Campo magnético terreste

O campo magnético da Terra, também chamado de


Magnetosfera da Terra, é uma área ao redor do planeta
que sofre influência do campo de energia criado pelo
magnetismo do núcleo terrestre. Até hoje não se sabe
ao certo o porquê o planeta Terra tem um campo mag- ORIENTAÇÃO EM UM CAMPO
nético, mas o que importa é que, graças a esse campo
magnético, os pássaros e nós conseguimos nos orientar.

CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS MAGNÉTICAS

Ferromagnéticos: Fortemente atraído por imãs


como ferro, níquel e cobalto.
Paramagnéticos: Fracamente atraído por imãs
como alumínio, o magnésio, o sulfato de cobre etc.
Diamagnéticos: Fracamente repelido por imãs
280 como o bismuto, o cobre, a prata, o chumbo e etc.
CAMPO MAGNÉTICO
Nunca se esqueçam das notações
Conceito e Aplicações

Já vimos muitas coisas até aqui, como: Campo Mag-


nético Terrestre, Bússola, Importância para as aves e etc.
Durante muito tempo se pensou que Magnetismo e
Eletricidade eram ciências distintas, mas, em 1820,
um fato mudou tudo, o “Experimento de Oersted”.
Esse experimento foi o primeiro a mostrar evidências
de que o Magnetismo e a Eletricidade poderiam ser Corrente elétrica convencional é o sentido contrário da
encarados como dois lados de uma mesma moeda. real, ou seja, a convencional é “imaginarmos” que as
Mais à frente, foi definido os 3 fenômenos eletromag- cargas positivas se movem.
néticos. Podemos dizer, então, que esse fenômeno de
atração e repulsão, que é observado entre dois objetos Campo magnético em uma espira
que possuem diferentes propriedades magnéticas, é
responsável por muita coisa. O movimento de cargas é
o responsável pelos experimentos magnéticos, já que
os átomos produzem seu próprio campo pelo simples
fato de se movimentarem.
De acordo com o Guia de Investimento:

“Antes desse período, os dois fenômenos eram vis-


tos como completamente separados, tanto que a
teoria do eletromagnetismo só foi aceita em mea-
dos do século XIX. Hoje em dia, o eletromagnetis-
n·i
mo e o magnetismo são usados como base para o
B centro =
aperfeiçoamento de muitos instrumentos do coti- 2·R
diano. Do mesmo modo, ele pode ser utilizado para
a produção de energia, ondas de rádio, aparelhos
de comunicação, entre muitas outras aplicações μ= Permeabilidade magnética
em empresas de engenharia elétrica”. i= Corrente elétrica
R= Raio da Espira
CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR CORRENTE
ELÉTRICA EM CONDUTORES RETILÍNEOS E LEI DE BIOT-SAVART
ESPIRAIS
Basicamente, essa lei é apenas uma fórmula para
Michael Faraday (1791-1867) descobriu os efeitos calcularmos a intensidade do campo magnético em fios.
elétricos produzidos pelo magnetismo. Através desses
fenômenos, chamados de indução eletromagnética, ele
REGRA DA MÃO DIREITA
explicou a natureza e as propriedades dos campos mag-
néticos alternados que pode gerar corrente elétrica.
Faraday explicou que o campo magnético é produ-
zido pelas cargas elétricas geradas a partir do atrito
entre os corpos que, por variar o fluxo magnético,
sofrem atração ou repulsão. Graças a essa descober-
ta, hoje conseguimos transmitir energia elétrica para
todo o mundo. O eletromagnetismo se divide em 3
fenômenos eletromagnéticos que veremos a seguir.

Primeiro fenômeno eletromagnético


Sentido do polegar é o da corrente elétrica e os outros
Carga elétrica em movimento gera campo magné- quatro dedos é a orientação do campo magnético
tico. (OERSTED) Nunca se esqueçam das notações

REGRA DA MÃO DIREITA

n·i
FÍSICA

B fio =
2·r·d

μ=Permeabilidade magnética
Sentido do polegar é o da corrente elétrica e os outros i= Corrente elétrica
quatro dedos é a orientação do campo magnético. d= Distância até o ponto analisado
281
LEI DE AMPÈRE
CAMPO MAGNÉTICO EM UM SOLENOIDE
A Lei de Ampère permite ainda, em algumas situa-
ções, a determinação da intensidade do campo mag-
nético. A explicação de como se chega à formulação
matemática utilizada para a determinação da intensi-
dade desses campos é complexa, pois acaba utilizando
ideias e conceitos super avançados.
Para formulação matemática, considerando ape-
nas seus aspectos mais recorrentes em prova, ima-
ginaremos uma linha imaginária. Verificaremos o
campo magnético em cada ponto, em uma função
matemática que um somatório. Na prática, o aluno
deve apenas guardar a equação.

∑(B · Δ L) = μ .ienvolvida N, n · i
B solenoide / =
L
Onde o termo B. é a soma de todas as contribui-
ções ao longo da linha imaginária. Ficará mais claro μ = Permeabilidade magnética
no exemplo a seguir: i = Corrente elétrica
L = Comprimento
N = Número de voltas
EXEMPLO DA APLICAÇÃO DA LEI DE AMPÈRE
FORÇA MAGNÉTICA SOBRE CARGAS ELÉTRICAS
E CONDUTORES PERCORRIDOS POR CORRENTE
ELÉTRICA

A força magnética ocorre da interação magnética


entre dois corpos com características magnéticas.
Se analisarmos as cargas elétricas, a força só existe
quando há movimento da partícula com campo mag-
nético em que o ângulo entre a velocidade seja dife-
rente de 0° ou 180.
Temos um fio com corrente i entrando no plano Considerando que uma carga puntiforme Q, com
∑(B · Δ L) = μ · ienvolvida velocidade v, é lançada em um campo magnético
∑(B · Δ L) = B∑( Δ L) = B(2 · π · d) uniforme B, passa a existir sobre ela uma força mag-
B(2 · π · d) = μ · ienvolvida nética. Hoje em dia, em aceleradores de partículas,
usamos muito esses conceitos físicos.
n · i envolvida Para existir força magnética sobre cargas elétricas
B=
2·r·d é necessário que:

z Estar em movimento (ter velocidade);


ELETROÍMÃ z Cortar as linhas de campo magnético (atravessar
as linhas de campo magnético).
Com a unificação da eletricidade e o magnetismo
foi possível criar o eletroímã, que é um ímã que pode-
mos escolher a polaridade e também a intensidade de PARA ACHAR A ORIENTAÇÃO DA FORÇA USAMOS
seu campo magnético. Podemos chamar o eletroímã A REGRA DO TAPA COM A MÃO DIREITA
de solenoide também.
Um bom exemplo de eletroímã são aqueles dispo-
sitivos em ferro velho, usados para pegar as carcaças
de automóveis estragados.

282
Campo Magnético (B), entrando no plano e duas car-
gas com velocidade(V) para o topo da página, a Direção
dessa força é perpendicular ao plano formado pelos ve-
→ →
tores B e V

Fcentrípeta = Fmagnética

m·V
2
= B · V · |q| · sen 90°
Grandeza orientada do plano para o observador. R
Grandeza orientada do observador para o plano
m·V
= B · |q| · (1)
R

m·V
R=
|q | · B

Onde:

R = Raio da Trajetória
B = Intensidade do vetor Campo Mangético
V = Vetor velocidade da carga
Campo Magnético(B), entrando no plano e um fio de com- |q| = Módulo da carga elétrica
primento (L) com corrente elétrica (i) para o topo da página
Módulo da força magnética em fio condutor

Assim como vimos em cargas elétricas, existe uma


equação para calcularmos a força magnética de um
fio que sofre ao estar dentro de um campo magnético.

F = B · i · L · senθ

Onde:
F = Força magnética na carga
B = Intensidade do vetor Campo Magnético
Grandeza orientada do plano para o observador. I = Corrente elétrica convencional(positiva)
Grandeza orientada do observador para o plano L = Comprimento do fio
θ = Ângulo entre o vetor B e a i
Módulo da força magnética em cargas
Força magnética entre dois fios
F = B · V · |q| · senθ
Verificamos experimentalmente como os fios se
Onde: comportam, dessa maneira, como será mostrado na
F = Força magnética na carga figura, se formos para uma prova é interessante levar
B = Intensidade do vetor Campo Magnético isso em mente:
V = Vetor velocidade da carga
|q| = Módulo da carga elétrica
CORRENTES NO MESMO SENTIDO
θ = Ângulo entre o vetor B e o vetor V

Raio da trajetória de cargas entrando perpendicular


FÍSICA

ao campo magnético

Em aceleradores de partículas, usamos muito esse


conceito das partículas entrarem perpendiculares ao
campo magnético, na figura a seguir verificaremos
isso ATRAÇÃO 283
CORRENTES SENTIDOS DIFERENTES A Lei: Se o fluxo de indução magnética em uma
espira variar, surgirá uma corrente elétrica induzida
associada a uma F.E.M(tensão). O sentido da corrente
induzida se opõe as causas que a originaram

REPULSÃO
FORÇA MAGNÉTICA ENTRE OS FIOS

n · i1 i 2 · L
F=
2·r·d

Onde:
μ = Permeabilidade magnética
i1 e i2= Correntes elétricas dos fios Faraday foi o responsável por descobrir que varia-
L = Comprimento dos fios ção de fluxo magnético produz correntes induzidas,
d = Distância de separação dos fios mas foi o Lenz que descobriu que o sinal da corrente
induzida é contrário à variação de fluxo magnético:
3° FENÔMENO ELETROMAGNÉTICO (INDUÇÃO
ELETROMAGNÉTICA)
DU
f=–
Fluxo magnético (ф) Dt

Agora, veremos sobre o Fluxo Magnético. Esse se Onde:


refere à quantidade de linhas de indução que passam ε = F.E.M = Força Eletromotriz, unidade no SI [volts] *
∆Ф = Variação do fluxo, SI [Webber]
através de um material condutor.
∆t = Tempo, SI [s]
*F.E.M é uma DDP, logo também é valido:

ε=R·i

Se liga!
Essa Lei de Faraday-Lenz possibilitou trans-
mitirmos energia elétrica para todo o mundo.
Quem gosta de filmes, aconselho o título: “O
Menino que Descobriu o Vento”.

NA PRÁTICA
Espira, aproximando-se do ímã:
Ф = B · A · cosθ Surge uma Corrente Induzida no sentido Anti-Horário.

Onde:
Ф = Fluxo Magnético, unidade no SI (Wb)=(webber)
B = Campo Magnético, unidade no SI(T)=(tesla)
A = *”vetor” Área, unidade no SI (m²)=(metro²)
Θ = ângulo entre A e B.

Se liga!
Espira, aproximando-se do ímã:
Área não é vetor, isso é apenas um recurso
Surge uma Corrente Induzida no sentido Horário.
matemático para usarmos ângulo.

LEI DE FARADAY-LENZ

Essa lei revolucionou a ciência, pois com a desco-


berta dela foi possível o desenvolvimento de toda as
linhas de transmissão de Energia Elétrica do mundo.
Foi uma revolução na época, pois permitiu que criás-
semos eletricidade a partir do magnetismo, e assim,
284 finalmente, unificaram a eletricidade e magnetismo.
TRANSFORMADORES MODELO ATÔMICO DE ERWIN SCHRODINGER E
WERNER HEISENBERG - NUVEM ELETRÔNICA.
Transformadores são elementos utilizados para
levantar ou diminuir a tensão elétrica e a corrente elé- Esse é um dos modelos mais aceitos atualmen-
tricas. Eles são fios enrolados, envolto por um núcleo te, pois ele usa o caráter probabilístico para explicar
para melhorar o desempenho. É importante notar o modelo atômico. SCHRODINGER evidenciou que nós
que ele só irá funcionar se a ddp ou corrente for alter- nunca vamos saber exatamente a posição(X) e a veloci-
nada. Se utilizarmos ddp contínua, verificaremos que dade(V) de um elétron, mas caso isso fosse verdade ele
a tensão de saída será nula. iria se opor ao princípio de incerteza de HEISENBERG.
O caráter probabilístico torna tudo muito diferente do
proposto pela Física Clássica, mas (ainda que seja com-
plexo) o utilizamos para criar transmissões de informa-
ções pela rede de internet e funciona muito bem.

V1 V
= 2
N1 N2

Onde:
N 1 = Número de espiras primárias
N 2 = Número de espiras secundárias
V 1 = Tensão primária
V 2 = Tensão secundária Atualmente existe o acelerador de partículas que
lança partículas a velocidades muito altas e assim
podemos vê-las se colidindo entre si e assim se divi-
dindo em partículas menores.
FÍSICA MODERNA
ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
MODELO DE BROGLIE
Ondas de rádio nos raios gama e suas tecnologias
De Broglie (~1926) foi um cientista que já conhe-
cia a dualidade da luz, a luz em alguns experimen- O estudo de ondas eletromagnéticas é fundamen-
tos pode se comportar com caráter corpuscular e em tal para a física, pois é por meio de ondas eletromag-
outros momentos com caráter ondulatório, ou seja, a néticas que transmitimos a maioria das informações
luz pode ser onda ou partícula. Com essa ideia ele se no mundo. Especificamente nas ondas eletromagnéti-
fez a seguinte pergunta: Será que a matéria pode se cas é necessário saber o Espectro Eletromagnético que
comportar como onda? Algo fascinante foi descoberto, consiste em todas as ondas eletromagnéticas conheci-
qualquer corpo com velocidade tem uma onda associa- das na Física.
da ao seu movimento. Essa descoberta é amplamente O conceito de onda é: uma perturbação periódica
usada em tecnologias de ponta como computadores que transporta energia sem transportar matéria.
e celulares. De Broglie demonstrou que os elétrons e O espectro eletromagnético estará presente na
todas as outras partículas apresentam propriedades figura a seguir.:
ondulatórias onde as órbitas dos elétrons são como
ondas estacionárias e as órbitas eletrônicas em torno Espectro eletromagnético Frequência (Hz)
dos núcleos atômicos devem conter um número inteiro 1014 Hz
N de comprimentos de onda de Broglie do elétron.” Ra M I L U X G
Na Teoria de Broglie, as órbitas em volta dos
núcleos podem ser representadas por um caráter λ (m)
Luz
ondulatório e seu comprimento deve ter um número
Visível
inteiro N relacionado com as características defini-
das. O círculo associado a cada órbita está ligado a um 4 x 1014 Hz 8 x 1014 Hz
VLAVAAV
número inteiro de comprimentos de onda de acordo
com a fórmula. N λ = 2π.r (para N inteiro) 700 x 10-9 Hz 400 x 10-9 Hz

As ondas eletromagnéticas propagam a energia


pela vibração dos campos, e por isso podem ocorrer
no vácuo e todas as ondas eletromagnéticas propa-
gam-se com c
FÍSICA

m
c = 3 · 10+8
s

z Rádio (104 – 1010 Hz): Rádio, AM, FM, TV.


z Micro-ondas (1010 – 1012 Hz): TV, telefonia, radares. 285
z Infravermelho (1011 – 4.1014 Hz): Calor. EMISSÃO E TRANSMISSÃO DE LUZ
z Luz visível (4.1014 – 8.1014 Hz): Luz Branca = Verme-
lho, Laranja, Amarelo, Verde, Azul, Anil e Violeta. Luz é uma parte essencial da Física.
z Ultravioleta (8.1014 – 1017 Hz): ionizante.
z Raios X (Tomografia)(1015 – 1020 Hz): ionizante.
A Física moderna revolucionou com a compreen-
z Raios Gama (1019 – 1024 Hz): ionizante.
são da emissão e transmissão de luz, na astronomia
„ Quanto maior a Frequência (f), maior a Energia utilizamos os espectros característicos para saber de
(E), maior o Momentum (Q), maior o poder de
que os planetas são compostos.
penetração (PP).
„ Quanto maior o Comprimento de Onda (λ),
maior o Período (T), melhor contorno de obs-
táculos (CO). Se liga!
A maioria das provas do Brasil cobra essa parte.
RADIAÇÕES E MEIOS MATERIAIS

As ondas mecânicas precisam de um meio para se Agora vamos definir alguns conceitos de luz para
propagarem, como por exemplo o som. Se admitirmos aprofundarmos o assunto.
que no nosso espaço existe vácuo, não será possível
ouvirmos ondas sonoras pois são ondas mecânicas,
já as ondas eletromagnéticas podem se propagar tan- z Fontes de luz primária: São todas aquelas que
to em meios materiais como no vácuo. Interessante emitem luz própria como o sol, estrelas, vela acesa
cuidarmos que a velocidade da onda só depende do e etc.
meio material que ela se encontra, ou seja, a onda z Fontes de luz secundárias: São todas aquelas
só irá mudar sua velocidade se ela trocar de meio de que refletem a luz de uma fonte de luz primária.
propagação. Alguns exemplos de fontes secundárias são: ocea-
Atentem-se aos aspectos matemáticos que vou nos, lua, planetas e etc.
apresentar:
As emissões de luz podem ser classificadas basi-
z Ondas Eletromagnéticas = propagação das pertur-
camente em dois grupos: As luminescentes e as
bações de um campo elétrico e magnético.
z Óptica = estudo da luz e suas propriedades. termoluminescentes.
z Luz = exemplo de onda eletromagnética, transversal.
Termoluminescência: Em virtude da excitação
térmica em função do aquecimento, depois dos elé-
V= λ. f trons terem sido aquecidos, no processo de retorno
(relaxamento) esses elétrons emitem luz como carvão
z Velocidade da Luz no vácuo = c = 3.108 m/s. aquecido em brasa, emissões de corpo negro e etc.
Luminescência: Todos que não são feitos por exci-
λ = comprimento de onda (m). tação térmica. O processo de luminescência, o que
f = frequência (Hz). mais se destaca é a fotoluminescência (ao absorver
Lembrem que frequência (f) é o inverso do perío- fótons o corpo emite luz), responsável pela fluores-
do(T) e que ambos se relacionam da seguinte maneira:
cência, bioluminescência, fosforescência, etc.
1
f= Transmissão de luz
T
A luz se propaga com valores diferentes de veloci- A transmissão de luz ocorre quando a luz atraves-
dade média através de materiais diferentes. No vácuo sa dois meios com índices de refração distintos ou até
temos todas as ondas eletromagnéticas com sua máxi- iguais. Existem três tipos de transmissão:
ma velocidade possível que é c= 3.10+8m/s Transmissão Direta: Quando a luz atravessa e não
muda na direção da velocidade da onda, isso ocorre
Fotocélulas quando a luz atravessa algum meio transparente.
Transmissão Difusa: Quando atravessa algum
São dispositivos que convertem energia luminosa material que apresenta uma superfície não lisa e
em eletricidade. Esses dispositivos (fotocélulas) criam
assim a luz é transmitida em várias direções.
uma diferença de potencial em função da intensidade
luminosa em um material semicondutor. A energia Transmissão Seletiva: São aquelas que usamos
recebida do fóton de luz deve ser grande o suficiente filtros, onde eles selecionam as que vão passar.
para o excedente se transformar em calor, aquecendo Nessa imagem você tem um exemplo de Reflexão,
o material (efeito chamado de termalização e assim Absorção e Transmissão.
surgindo a corrente elétrica

286
RADIOATIVIDADE E TRANSFORMAÇÕES
NUCLEARES

Radioatividade ou Transformações Nucleares é o


fenômeno espontâneo onde os núcleos atômicos ins-
táveis de radiação utilizados para buscar estabilidade,
muitas vezes se transformam em outro núcleo. Os fenô-
menos radioativos começaram a ser descobertos em
1896 pelo cientista francês Antoine Henri Becquerel
(1852-1908). No entanto, as suas descobertas só foram
possíveis graças aos estudos anteriores sobre os raios
Marie Curie fez estudo nessa parte e graças a esses
estudos conseguimos fazer vários exames médicos.

X
A
Z
CURIE, M.S. Rayons émis par les composés de l’uranium et du
thorium. Comptes Rendus, 126, 1102-1103 (1898).
onde:
A = número de massa(prótons+neutrons)
Meia Vida ou Período de Semi Integração
Z = número atômico(prótons)

Emissões Naturais Tempo necessário para que metade do número ini-


cial de átomos sofra desintegração.
Existem 3 tipos de Emissões Naturais e chegou a
hora de conhecê-las:

4
z Decaimento Alfa(2 α): É um decaimento onde o
núcleo se desintegra lançando uma partícula α que
tem mesma configuração de um elemento hélio
positivo que são 2 prótons e 2 nêutrons. Ao lançar
a partícula α o núcleo perde 4 unidades do número
de massa e 2 unidades no número atômico.

z Decaimento Beta (–10 β ou +10 β): É um decaimento


onde o núcleo emite uma partícula beta, podendo NA PRÁTICA
ser um elétron ou um pósitron, –10 β ou +10 β, assim Início 100% = 1
mudando apenas o seu número atômico sem alte-
1 t1/2 50% = 1/2
rar o seu número de massa
2 t1/2 25% = 1/4
3 t1/2 12,5% = 1/8
4 t1/2
6,25% = 1/16
5 t1/2 ....

0
z Decaimento Gama ( 0c ) Núcleo emite radiação
gama que é um fóton altamente energético sem
carga e massa. O núcleo não tem sua estrutura
alterada a ponto de virar outro núcleo, ele ape-
nas perde energia. No decaimento ɣ , um núcleo
em um estado excitado decai para um estado de
menor energia pela emissão de um fóton.
FÍSICA

Poder de Penetração

Das 3 radiações apresentadas a radiação gama por


ser energia pura é a mais penetrante. 287
TIPOS DE
MEIA - VIDA
ELEMENTO RADIAÇÃO
T1/2
EMITIDA
4,5 bilhões Como é uma reação nuclear, é interessante notar
238
U (urânio, z = 92)
de anos que assim como na fusão nuclear a soma das massas
234
Th (tório, z = 90) 24,1 dias α dos reagentes é menor que a soma das massas dos
produtos em virtude que massa virou energia pela
Pa (pratoctínio, z = 91)
234
1,17min β equivalência de massa-energia do Einstein.
234
U (urânio, z = 92) 245 mil anos β
230
Th (tório, z = 90) 8 mil anos α
Se liga!
1620 mil
226
Ra (rádio, z = 88) α O grande problema na segunda guerra mundial
anos
222
Rn (radônio,z = 86) 3,8 dias α era o enriquecimento de urânio, onde o objetivo
era conseguir o Urânio Físsil ( 92 U ) que não é o
235
218
Pb (Chumbo, z = 82) 3,1 min α
mais abundante da natureza. O projeto manhat-
214
Pb (Chumbo, z = 82) 26,8 min α tan tinha esse grande desafio na época.
214
Bi (Bismuto, z = 83) 19,17 min β
214
Po (polônio, z = 84) 0,0002 seg β Reação em cadeia
210
Pb (Chumbo, z = 82) 22,3 anos α
É o nome dado para uma das etapas da fissão
210
Bi (Bismuto, z = 83) 5 dias β
nuclear quando fazemos os nêutrons expelidos coli-
210
Po (polônio, z = 84) 138,4 dias α direm em outro elemento radioativo para dar conti-
206
Pb (chumbo, z = 82) ESTÁVEL nuidade a fissão.
A cada nêutron que colide em um Urânio, esse
A técnica de Datação Radioativa para estimar a ida- mesmo quebra em Criptônio e Bário (Lixo radioativo)
de de fósseis por meio do tempo de meia-vida do car- e também libera dois ou três nêutrons que colidem
bono 14 é um assunto que as bancas adoram colocar. novamente em um outro Urânio e assim sucessiva-
mente até não ter mais Urânio para fissionar, uma
Reações nucleares sugestão é olhar atentamente a figura a seguir.

São todas aquelas reações que ocorrem no núcleo.


Essas reações são responsáveis pela existência das estre-
las entre outros exemplos. Agora vamos falar das duas
mais importantes que são Fusão Nuclear e Fissão Nuclear.

z Fusão Nuclear: União de dois elementos meno-


res formando um maior. Há liberação de energia.
Não há resíduos radioativos, reação que ocorre em
estrelas e também usada na bomba de hidrogênio.

2
1 H + 31 H " 42 He + 10 n + energia

Como é uma reação nuclear, é interessante notar


que a soma das massas dos reagentes é menor que a
soma das massas dos produtos, uma vez que a massa ANOTAÇÕES
virou energia pela equivalência de massa-energia do
Einstein.

ΔE = Δm · c²

Onde:
∆E = variação de energia
∆E = variação de massa
c = velocidade da luz no vácuo

z Fissão Nuclear: Desintegração de um núcleo gran-


de em outros menores.
Assim, quando isso ocorre, há liberação de ener-
gia. Também há resíduos radioativos e ocorre a
reação em cadeia.
Essa reação foi utilizada nas bombas lançadas nos
japoneses na Segunda Guerra Mundial e também é
288 a mesma reação utilizada em reatores nucleares.
entorno os planetas. Depois de certo tempo, desco-
briu ainda que além das cargas negativas (elétrons) o
núcleo possuía carga positiva (intitulada próton) bem
como partículas neutras (intitulada nêutron).

QUÍMICA Modelo de Rutherford-Bohr

Bohr veio para complementar o postulado por


Rutherford. Segundo Bohr: “Só é permitido ao elétron
ocupar níveis energéticos nos quais ele se apresenta
QUÍMICA GERAL com valores de energia múltiplos inteiros de um fóton”.
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
Átomo e sua estrutura: Número Atômico, Número
de Massa, Íons e a Caracterização dos Elementos
O caminho para chegarmos a diversas conclusões
acerca de toda formação atômica foi longo, com diver- Isótonos, Isótopos, Isóbaros e Isoeletrônicos
sos protagonistas brilhantes, que muitas vezes se opu-
nham ao que já havia sido consolidado, debates para Um átomo é essencialmente constituído de duas
se chegar a um consenso universal, e ainda assim partes, sendo elas: o núcleo e a eletrosfera.
temos pequenas divergências quanto a determinadas
subáreas da teoria atômico-molecular. Núcleo
Nesta etapa iremos falar sobre essas teorias, propos-
tas por grandes nomes da química como: Dalton, Thom- É a parte central do átomo, sendo considerada
son, Rutherford, Rutherford-Bohr e Linus Pauling. como uma parte densa e maciça (Modelo de Dalton).
Nesse capítulo, faremos uma introdução sobre a Encontra-se no núcleo também os nêutrons e prótons.
química e a evolução cronológica dos modelos pro- Os nêutrons são as conhecidas cargas neutras. Ser-
postos, informações acerca dos elementos químicos,
vem para diminuir a repulsão entre os prótons dentro
falando sobre seu número atômico, número de massa,
o conceito de íons, o que são elementos isótonos, isó- do núcleo.
topos, isóbaros e isoeletrônicos e o que é o Diagrama E os prótons, por sua vez, são as partículas com
de Linus Pauling. cargas positivas. É a partir da quantificação deles que
definimos o número atômico (Z) dos elementos.
Linha Cronológica Evolutiva dos Modelos Atômicos

Por meio dos conhecimentos adquiridos dentro da Se liga!


química é possível vivenciar um mar de descobertas
O número atômico é como se fosse a marca
sobre os elementos químicos, em como eles se rear-
ranjam, se conectam e formam novas substâncias, as registrada do elemento. É por meio dele que os
quais denominamos produtos. elementos são posicionados na tabela periódi-
Esses produtos são em suma utilizados no nosso ca, em ordem crescente na linha.
dia a dia e por muitas vezes não nos damos conta des-
se mar de substâncias que utilizamos, das situações
mais corriqueiras quando utilizamos nossos produtos Eletrosfera
de limpeza caseira, até produções industriais comple-
xas e em quantidades enormes. É o espaço vazio onde se encontram os elétrons. A
Para chegar a esse estágio, tivemos diversas men- seguir temos uma figura esquemática de um átomo.
tes brilhantes por detrás, pessoas essas que serão
elencadas a seguir: Núcleo

Modelo de Dalton

Foi quem mencionou que o átomo era semelhante


a uma bola de bilhar, ou seja, possuía formato esfé-
rico, maciço e não era possível separá-lo: indivisível.

Modelo de Thomson

Foi quem contestou o modelo proposto por Dalton,


dizendo que na verdade o átomo não era indivisível
muito menos maciço. Segundo suas próprias pala-
vras: “O átomo é uma esfera de carga elétrica positiva,
não maciça, incrustada de elétrons (partículas negati- Elétron
vas), de modo que sua carga total seja nula”. O modelo
de Thomson também é muito conhecido como “pudim Próton
QUÍMICA

de passas”.
Nêutron
Modelo de Rutherford
O átomo em seu estado fundamental obedece a
Foi quem associou a composição de um áto- uma distribuição eletrônica padrão em que os elétrons
mo como sendo semelhante ao sistema solar onde são dispostos de tal forma a estabelecer um equilíbrio
o núcleo seria associado ao Sol e os elétrons em seu entre atração e repulsão das cargas existentes. 289
De acordo com o Modelo de Bohr, os elétrons Esses elementos podem se agrupar e formarem um
devem ser distribuídos de tal forma a obedecer a seu novo composto, que denominamos moléculas. Essas
respectivo nível de energia. Esses elétrons são distri- moléculas podem ser compostas por elementos iguais,
buídos nas conhecidas camadas K, L, M, N, O, P e Q, como o O2, e por elementos diferentes, como o NaCl.
seguindo-se essa ordem de dentro para fora, de 1 até Foi mencionado acima algumas propriedades com
7, conforme exemplificado na figura a seguir. relação aos elementos, que são:

z Número atômico: expresso pela quantidade de


prótons no núcleo do átomo. Cada um desses ele-
mentos possui um valor para o número atômico.
z Número de massa: soma dos prótons e nêutrons
que estão dentro do núcleo.

Para expressar o número de massa existe uma fór-


mula, que é: A = p + n, onde A = número de massa, p
= quantidade de prótons e n = número de nêutrons.
Temos ainda que: Z = A – n, onde Z = número atômico.
Pode-se encontrar também o número atômico expresso
K=1 pela letra P no lugar do Z. Então, é evidente que Z = P.
L=2 Outras propriedades que podemos associar aos
M=3 átomos são:
N=4
z Isótonos: a característica dominante é que os
O=5 elementos considerados isótonos têm a mesma
quantidade de nêutrons, e além disso, isso ocor-
P=6
re apenas entre elementos que sejam diferentes,
Q=7 que tenham quantidade de prótons diferentes bem
como número de massa diferente.

Dentro dessas camadas existe um detalhe a ser Para memorizar:


falado: cada camada possui uma limitação quanto
à quantidade de elétrons a serem distribuídos. Na
ISÓtoNos: ISO = mesmo/igual + o N de nêutron!
sequência será demonstrada essa distribuição por
meio de uma tabela para que se possa ter maior com-
preensão, bem como a aplicação de um exemplo. z Isótopos: a característica dominante é que os ele-
mentos considerados isótopos têm a mesma quan-
tidade de prótons, e consequentemente, o mesmo
NÍVEL 1 2 3 4 5 6 7
número atômico, mas terão número de massa e
CAMADA K L M N O P Q nêutrons diferentes.

ELÉTRONS 2 8 18 32 32 18 2 Para memorizar:


Tabela 1 - Distribuição em nível, camada e de elétrons
ISÓtoPos: ISO = mesmo/igual + o P de próton!
Exemplo: efetuar a distribuição eletrônica do ele-
mento X que possui como número atômico Z = 78. z Isóbaros: a característica dominante é que os ele-
mentos considerados isóbaros têm a mesma quan-
NÍVEL 1 2 3 4 5 tidade de massa, e além disso, isso ocorre apenas
entre elementos que sejam diferentes, que tenham
CAMADA K L M N O quantidade de prótons diferentes.

ELÉTRONS 2 8 18 32 18 Para memorizar:

A tabela periódica é composta por elementos quí- ISÓbaros: ISO = mesmo/igual + o baros de massa!
micos que são representados um a um, sendo infor-
mados seus respectivos nomes, o símbolo utilizado z Isoeletrônico: característica dominante é que os
para sua representação (que é a abreviação do seu elementos considerados isoeletrônicos têm a mes-
nome escrito na forma latina), o número atômico, a ma quantidade de elétrons. Nessa classe são englo-
massa atômica e por vezes, em algumas tabelas, é pos- bados tanto átomos como íons.
sível encontrar a distribuição eletrônica.
Exemplo: representação de um dos elementos Elementos Químicos
químicos dentro da tabela periódica.
Vejamos a classificação dos elementos químicos:
2
55 8
18
18 z H (Hidrogênio): O hidrogênio é colocado isolada-
Cs
Caesium
8
1 mente. Ele é um dos dois elementos do 1º perío-
do, e suas propriedades são diferentes de todos os
outros. Por isso, escrevemos que ele não pertence
132, 9054519
290 à nenhuma família ou grupo da Tabela Periódica.
z Metais: 2/3 da Tabela Periódica (maior parte dos Famílias da Tabela Periódica (Bloco B – Elementos
elementos químicos). de Transição)
z Não Metais: 16 elementos.
z Gases Nobres: 7 elementos (Com a entrada do No grupo B, a subcamada a ser preenchida é a d.
Oganessônio ou Oganésson, elemento sintéti-
co de número atômico 118. Sua descoberta foi z 3B ou 3: n s2 (n-1) d1
confirmada pela IUPAC (União Internacional da 21
Sc (Escândio): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d1
Química Pura e Aplicada), em 2015, e foi oficiali-
zada por ela em 28 de novembro de 2016 para que z 4B ou 4: n s2 (n-1) d2
entrasse na tabela periódica). 22
Ti (Titânio): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d2

No passado, a classificação dos elementos quími- z 5B ou 5: n s2 (n-1) d3


cos da tabela periódica era feita da seguinte maneira: 23
V (Vanádio): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d3
metais, não metais e metaloides. Contudo, a IUPAC,
z 6B ou 6: n s1 (n-1) d5 (PS: preenchimento mais está-
órgão máximo na química, recomendou que a nomen-
vel completando o subnível d) / n s2 (n-1) d4
clatura “metaloide” deixasse de ser utilizada, por-
Cr (Cromo): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d5
que seu uso era inconsistente em diferentes línguas. 24
Mo (Molibdênio): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6
Logo em seguida, a classificação dos elementos quí- 42
5s1 4d5
micos passou a ser: metais, ametais ou não metais e
W (Tungstênio): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s
semimetais. 74
2
4d10 5p6 6s2 4f14 5d4
Os semimetais eram sete: boro (B), silício (Si), ger-
mânio (Ge), arsênio (As), antimônio (Sb), telúrio (Te) z 7B ou 7: n s2 (n-1) d5
e polônio (Po). Esses elementos apareciam na tabela Mn (Manganês): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d5
25
periódica formando uma linha diagonal, parecida
com uma escada, que ficava entre os metais e entre z 8B ou 8: n s2 (n-1) d6
os ametais. 26
Fe (Ferro): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6
Atualmente, o termo semimetais deixou de ser
usado, e a classificação dos elementos químicos da z 8B ou 9: n s2 (n-1) d7
tabela periódica é feita da seguinte maneira: metais, 27
Co (Cobalto): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d7
não metais e metaloides. E os semimetais foram redi-
vididos (ou reclassificados) da seguinte forma: z 8B ou 10: n s2 (n-1) d8
28
Ni (Níquel): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d8
z Não Metais: boro (B), silício (Si), arsênio (As) e telúrio z 1B ou 11: n s1 (n-1) d10 (PS: preenchimento mais
(Te). estável completando o subnível d)
z Metais: germânio (Ge), antimônio (Sb) e polônio (Po). Cu (Cobre): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d10
29

47
Ag (Prata): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s1 4d10
Famílias da Tabela Periódica (Bloco A – Elementos Au (Ouro): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10
79
Representativos) 5p6 6s1 4f14 5d10

z 1A ou 1 (grupo I): metais alcalinos z 2B ou 12: n s2 (n-1) d10


1 elétron na última camada 30
Zn (Zinco): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10
Configuração eletrônica (camada de valência): ns1
Analisando a tabela do bloco A, pode-se dizer que
z 2A ou 2 (grupo II): metais alcalinos-terrosos cada período é iniciado pela adição de um elétron a
2 elétrons na última camada uma nova camada, mais externa, denominada cama-
Configuração eletrônica (camada de valência): ns2 da de valência.
É importante saber que a camada de valência de
z 3A ou 13 (grupo III): família do Boro (B) um átomo é geralmente aquela com maior nº quân-
3 elétrons na última camada tico principal n.
Configuração eletrônica (camada de valência): ns2 np1 Assim, os elétrons da camada de valência são
geralmente responsáveis pela maneira dos átomos se
z 4A ou 14 (grupo IV): família do Carbono (C) combinarem entre si.
4 elétrons na última camada Quando oito elétrons estão presentes na camada
Configuração eletrônica (camada de valência): ns2 np2 de valência, sua configuração é ns2 np6 e o elemento é
um gás nobre. Vale ressaltar que a configuração ns2
z 5A ou 15 (grupo V): família do Nitrogênio (N)
np6 é uma configuração estável, que tem pouca ten-
5 elétrons na última camada
dência a reagir (gases nobres).
Configuração eletrônica (camada de valência): ns2 np3
Dessa maneira, é chamada octeto, porque consiste
z 6A ou 16 (grupo VI): família dos Calcogênios em um total de oito elétrons, e a generalização des-
6 elétrons na última camada ta configuração de especial estabilidade é conhecida
Configuração eletrônica (camada de valência): ns2 np4 como regra do octeto. Sendo assim, para alcançar a
estabilidade, os elementos fazem ligações químicas
QUÍMICA

z 7A ou 17 (grupo VII): família dos Halogênios para completar seu octeto.


7 elétrons na última camada Nos elementos de transição, cada série horizontal
Configuração eletrônica (camada de valência): ns2 np5 de elementos de transição corresponde ao preenchi-
mento do subnível d da camada.
z 8A,18 ou 0 (grupo VIII): família dos Gases Nobres No tocante à série dos lantanídeos e actinídeos, a
(raros ou inertes) subcamada a ser preenchida é a f. Eles correspondem
8 elétrons na última camada (Octeto completo) ao sexto e sétimo períodos da família IIIB da Tabela
Configuração eletrônica (camada de valência): ns2 np6 Periódica, respectivamente. 291
Série dos lantanídeos: Lantânio (La), Cério (Ce), z Raio Atômico: O Raio Atômico representa o tama-
Praseodímio (Pr), Neodímio (Nd), Promécio (Pm), nho do átomo, volume atômico. Por sua vez, é
Samário (Sm), Európio (Eu), Gadolínio (Gd), Térbio difícil determinar o tamanho do átomo, pois a ele-
(Te), Disprósio (Dy), Hólmio (Ho), Érbio (Er), Túlio trosfera de um átomo não tem fronteira definida.
(Tm), Itérbio (Yb) e Lutécio (Lu). Frente a isso, devemos levar em conta dois fatores
Série dos actinídeos: Actínio (Ac), Tório (Th), Pro- para comparar o tamanho do átomo:
tactínio (Pa), Urânio (U), Netúnio (Np), Plutônio (Pu),
Amerício (Am), Cúrio (Cm), Berquélio (Bk), Califórnio „ Número de níveis (camadas): quanto maior o
(Cf), Einstênio (Es), Férmio (Fm), Mendelévio (Md), número de níveis, maior será o tamanho do átomo.
„ Número de prótons: o átomo que apresenta
Nobélio (No) e o Laurêncio (Lw).
maior número de prótons exerce uma maior
Vejamos as características físicas e químicas gerais
atração sobre seus elétrons, o que ocasiona uma
dos elementos das séries dos lantanídeos e actinídeos: redução no seu tamanho.
„ Em uma mesma família ou grupo: o raio atô-
z São sólidos em temperatura ambiente; mico aumenta devido ao aumento do número
z São metais; de níveis.
z São elementos da série dos lantanídeos naturais,
exceto o Promécio (Pm); Exemplo:
z São radioativos;
z Na série dos actinídeos, a maioria é artificial, exce- Be (Z = 4): 1s2 2s2
to: Actínio (Ac), Tório (Th), Protactínio (Pa) e Urâ- Mg (Z = 12): 1s2 2s2 2p6 3s2
nio (U). Ca (Z = 20): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2

Tabela Periódica e as configurações eletrônicas Be r = 1,13 A

Mg r = 1,60 A

Ca r = 1,97 A

Como podemos ver, o raio atômico aumenta des-


cendo no mesmo grupo (ou família) e, nos elementos
representativos, esse aumento é bem marcante. (O
aumento é sempre de cima para baixo).
Agora, se formos analisar por período, podemos
Se liga!
afirmar que o raio atômico aumenta com a diminui-
O período em que um elemento está localizado ção de Z (número atômico), que representa o número
indica o número de subníveis do elemento. de prótons no núcleo (cargas positivas), acarretando
uma diminuição da força de atração sobre os elétrons.
(O aumento é sempre da direita para a esquerda). Veja
Exemplo: O fósforo (P) está localizado no 3° perío- o exemplo abaixo, entre sódio (Na) e cloro (Cl), que
do, logo, tem 3 camadas ou níveis de energia. estão no mesmo período (3º período).
Nas famílias A (representativos), e nos grupos IB e Exemplo:
IIB, o número da coluna indica o número de elétrons
da camada de valência do elemento. Na (Z = 11): 1s2 2s2 2p6 3s1
Exemplo: O oxigênio, que está no grupo 6A, apre- Cl (Z = 17): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
senta 6 elétrons na última camada.
Sendo assim, o raio do sódio é maior que o raio do
Periodicidade das Propriedades Químicas dos cloro.
Elementos Os resultados demonstram uma variação periódi-
ca dos raios atômicos em função do número atômico.
Como vimos no tópico anterior, a tabela Periódica O raio atômico decresce ao longo do período e abai-
é um instrumento de consulta riquíssimo para pesqui- xo dos grupos. Isso se deve ao fato de que, ao longo
sar a localização dos elementos químicos, os valores de um período, o número atômico aumenta, isto é, o
de número atômico e a massa atômica. É importante núcleo contém mais prótons, o que aumenta a carga
deixar claro que esses elementos estão organizados nuclear. Isso provoca um aumento na força de atração
por semelhanças em grupos (ou famílias), relacionan- exercida sobre os elétrons, aproximando-os do núcleo.
do propriedades com suas estruturas atômicas. Ou Como resultado, o raio atômico diminui.
seja, a organização desses elementos é feita de acor- Atenção: Na série dos elementos de transição, o
do com suas propriedades periódicas: à medida que decréscimo do raio atômico é moderado em relação à
o número atômico aumenta, os elementos assumem dos representativos.
valores crescentes ou decrescentes em cada período. A configuração eletrônica dos elementos de transi-
As principais propriedades periódicas são: Raio ção é caracterizada pelo aumento gradual de elétrons
Atômico, Raio Iônico, Energia de Ionização, Afinidade na segunda camada externa (n-1) d, e não na camada
292 Eletrônica e Eletronegatividade. de valência, n.
Fe (Z = 26): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6 eletrônica, contribuindo para a redução do raio. Pode-
mos generalizar que um cátion é sempre menor do
que o átomo neutro que o originou.
Analisemos agora o átomo de cloro e seu íon Cl- (ânion):

Cloro, Cl (Z = 17 / 17 elétrons): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5


K L M N Íon cloro, Cl- (Z = 17 / 18 elétrons): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
(n-1) (n) Raio do íon Cl- > Raio do Cl

Uma vez que os elétrons são colocados entre o O Cloro (1s2 2s2 2p5), quando recebe um elétron,
núcleo e a camada n-1, eles protegem parcialmente os aumenta seu número de elétrons e, consequentemen-
elétrons da camada de valência da força de atração te, as repulsões intereletrônicas na sua camada 2p.
exercida pelo núcleo. Esse efeito, chamado efeito de Isso contribui para uma expansão da nuvem eletrô-
blindagem, reduz a carga nuclear efetiva, mantendo nica, que aumenta o raio iônico. Portanto, um ânion é
os elétrons de valência do átomo. sempre maior do que o átomo neutro que o originou.
Portanto, o raio atômico ao longo das séries dos
elementos de transição não decresce tão rapidamente z Energia de Ionização: Por definição, energia de
como nas dos representativos. Ionização é a energia necessária para remover um
No final da série dos elementos de transição, a sub- ou mais elétrons de um átomo isolado no estado
camada (n-1) d se aproxima de sua população máxi- gasoso. Vamos considerar que um átomo isolado
ma, 10 elétrons, aumentando o efeito de blindagem. no estado fundamental absorve energia. Assim, o
elétron pode ser transferido de uma camada ener-
Zn (Z =30): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 gética quantizada para outra.

Assim, as repulsões intereletrônicas entre a cama- Caso a energia fornecida seja suficiente, o elétron
da (n-1) d e a camada de valência compensam quase pode ser retirado do átomo, originando um cátion (íon
completamente o aumento na carga nuclear, acarre- com carga positiva).
tando um menor aumento no tamanho do raio, prin- O elétron mais facilmente removível é aquele que
cipalmente nas séries dos elementos de transição possui maior energia, e está menos atraído pelo núcleo.
interna, onde a subcamada (n-2) f, que é preenchida Desta forma, quanto maior o raio do átomo, menor
ao longo do período, comporta um grande número de a atração feita pelo núcleo atômico sobre os elétrons
elétrons (14, no máximo). mais distantes, assim, menor a energia necessária
para remover esse elétron.
Exemplos: Lantanídeos Quanto maior o tamanho do átomo, menor será a
1ª energia de ionização.
Lantânio, La (Z = 57): [Xe Z=54] 6s2 5d1 No caso de íons com mais de um elétron removí-
Cério, Ce (Z = 58): [Xe Z=54] 6s2 4f1 5d1 vel, dizemos que a energia necessária para remover
Itérbio, Yb (Z = 70): [Xe Z=54] 6s2 4f14 o primeiro elétron é a primeira energia de ionização.
Lutécio, Lu (Z = 71): [Xe Z=54] 6s2 4f14 5d1 Para o segundo elétron, a segunda energia de ioniza-
ção, e assim por diante. A energia de ionização geral-
Exemplos: Actinídeos mente é dada em kJ/mol.

Actínio, Ac (Z = 89): [Rn Z=86] 7s2 6d1 1ª Energia de Ionização < 2ª Energia de
Tório, Th (Z = 90): [Rn Z=86] 7s2 6d2 Ionização < 3ª Energia de Ionização
Nobélio, No (Z = 102): [Rn Z=86] 7s2 5f14
Laurêncio, Lr (Z = 103): [Rn Z=86] 7s2 5f14 7p1 „ Em uma mesma família ou grupo: A EI aumen-
ta de baixo para cima. Exemplo:
z Raio Iônico: Em relação ao raio dos íons, usaremos
a nomenclatura raio iônico. Comparando um áto-
Mg (Z = 12): 1s2 2s2 2p6 3s2
mo neutro com seu respectivo íon, se faz necessário
Ca (Z = 20): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2
levar em consideração a carga nuclear efetiva. O
núcleo exerce sobre os elétrons das camadas uma
A energia de ionização também é uma proprie-
força permanece constante, uma vez que o número
atômico (Z) não se altera. Porém, como o número de dade periódica e varia com o número atômico.
elétrons em um íon é diferente do número de elé-
trons do átomo neutro, ocorrerá uma diferença no „ Em um mesmo período: A EI aumenta da esquer-
raio atômico decorrente dessa situação. da para a direita. Exemplo:

Observe os exemplos abaixo, acerca do sódio e seu Na (Z = 11): 1s2 2s2 2p6 3s1
íon Na+ (cátion): Cl (Z = 17): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5

Sódio, Na (Z = 11 / 11 elétrons): 1s2 2s2 2p6 3s1 Em geral, quanto maior a carga nuclear do ele-
QUÍMICA

Íon sódio, Na+ (Z = 11 / 10 elétrons): 1s2 2s2 2p6 mento, maior a atração dos elétrons pelo núcleo, e
Raio do Na > Raio do íon Na+ mais difícil é a sua ionização.

O átomo de sódio (1s2 2s2 2p6 3s1), quando perde Metal < Ametal < Gás Nobre
seu elétron 3s, perde também a terceira camada, o que
leva à redução do raio. Além disso, o menor número A energia de ionização tende a aumentar através do
de elétrons facilita a atração nuclear sobre a nuvem período. Contudo, existem casos que fogem a essa regra. 293
Exemplo: O boro (3ª ou grupo 13) tem energia de Formação do sal de cozinha, cloreto de sódio, com-
ionização menor do que a do berílio (2ª ou grupo 2). posto iônico:
Pois, no boro, o elétron a ser removido está no orbital
2p, enquanto, no berílio, está no orbital 2s. Na+ Cl- = NaCl
Um elétron 2s está mais firmemente preso ao
núcleo do que um elétron 2p, o que conduz à menor
energia de ionização do boro, mesmo com maior car-
Cl
ga nuclear. Além disso, os elétrons 2s do boro podem Na
blindar parte dessa carga do seu elétron 2p.
Cl: mais eletronegativo que Na
Be (Z = 4): 1s2 2s2 NaCl Na: mais eletronpositivo
B (Z = 5): 1s2 2s2 2p1
A eletronegatividade tende a crescer da esquerda
Outra exceção: Oxigênio comparado com o Nitrogênio. para a direita através de um período na tabela perió-
No caso do oxigênio, a primeira energia de ioniza- dica, devido ao aumento da carga nuclear.
ção é mais baixa do que o esperado, porque o elétron Em uma ligação covalente, o par eletrônico é com-
é removido de um orbital 2p que contém um segundo partilhado entre dois átomos. Isso significa que o par
elétron. é atraído simultaneamente para o núcleo de ambos os
Dois elétrons ocupando um mesmo orbital repe- átomos, resultando em uma competição pelos elétrons.
lem-se com maior intensidade do que se estivessem Essa atração é medida por uma quantidade cha-
em orbitais diferentes. A repulsão intereletrônica mada eletronegatividade, que é definida como a
facilita a remoção do elétron. No átomo de nitrogênio, tendência relativa de um átomo em atrair o par de
não há tal repulsão. elétrons da ligação. Essa tendência é geralmente uni-
forme entre os elementos representativos.
N (Z = 7): 1s2 2s2 2p3 Através de uma série de transição, a eletronega-
tividade apresenta algumas irregularidades no cres-
O (Z = 8): 1s2 2s2 2p4
cimento da esquerda para a direita, resultantes da
variação na efetividade do efeito de blindagem.
Irregularidades análogas às encontradas no boro Indo para baixo em um grupo, a eletronegativi-
e no oxigênio são igualmente explicáveis nos demais dade decresce à medida que a camada de valência se
períodos sucessivos. torna mais afastada do núcleo e à medida que o efeito
de blindagem compensa amplamente o aumento da
Afinidade Eletrônica ou Eletroafinidade carga nuclear. Assim, os elementos com maior eletro-
negatividade são os ametais à direita, particularmen-
Por definição, afinidade eletrônica, ou eletroafi- te, os da parte superior direita da tabela periódica.
nidade, é a quantidade de energia envolvida no pro- Os elementos com as mais baixas eletronegativida-
cesso em que um átomo isolado gasoso, no seu estado des são os metais, particularmente, os que se encon-
fundamental, recebe um elétron, formando um ânion. tram na parte inferior esquerda da tabela periódica.
Em uma mesma família ou em um período, quanto
menor o raio, maior a afinidade eletrônica.
Quando um átomo recebe elétrons, torna-se um
íon ânion; esse processo envolve a liberação de ener-
gia. Essa energia mede o quão fortemente o elétron se
liga ao átomo.
Exemplos:

Li (Z = 3): 1s2 2s1


60 KJ Raio atômico Afinidade eletrônica
Caráter metálico Energia de ionização
K (Z = 19): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 Eletronegatividade
48 KJ

F (Z = 3): 1s2 2s2 2p5 Tabela Periódica


328 KJ
Dmitri Ivanovich Mendeleiev (1834 – 1907), quí-
Br (Z = 35): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 3p5 mico russo, e Julius Meyer (1830 – 1895), químico ale-
325 KJ mão, publicaram de forma independente suas tabelas
periódicas em 1869 e 1870, respectivamente.
Assim como a energia de ionização, a afinidade Eles construíram suas tabelas de forma semelhan-
eletrônica também é expressa em kJ/mol. te, listando os elementos de uma linha ou coluna em
ordem de massa atômica e iniciando uma nova linha
z Eletronegatividade: É a força de atração exercida ou coluna quando as características dos elementos
começavam a se repetir.
sobre os elétrons de uma ligação.
Um dos méritos dessa classificação foi a previsão
da existência de alguns elementos. Mendeleiev orga-
Na (Z = 11 / 11 elétrons): 1s2 2s2 2p6 3s1 nizou sua classificação para 60 elementos existen-
Na+ (Z = 11 / 10 elétrons): 1s2 2s2 2p6 tes na época, e ficavam alguns “buracos”, os quais
Cl (Z = 17 / 17 elétrons): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 seriam preenchidos com elementos descobertos
Cl- (Z = 17 / 18 elétrons): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 posteriormente.
294
Assim, Mendeleiev pôde prever algumas propriedades desses elementos desconhecidos.
Abaixo, a primeira tabela de Dimitri Ivanovich Mendeleiev:

Como pode ser visto na imagem, Mendeleiev deixou lacunas na tabela quando parecia que o elemento corres-
pondente ainda não tinha sido descoberto. No entanto, classificação de Mendeleiev apresentava alguns proble-
mas. Por exemplo, o Cobalto (Co) e o Níquel (Ni) ficariam em posições contrárias às atuais se fossem colocados em
ordem crescente de massa atômica.
Por isso, Mendeleiev afirmou que outro critério de classificação ainda seria criado para sanar essas falhas.
Como mostra a História, em 1913, o físico inglês Henry Moseley (1887 - 1915), que foi assistente de Ruther-
ford, lançou o conceito de número atômico e, assim, a tabela de Mendeleiev foi reorganizada. Frente a isso, os
elementos foram dispostos em ordem crescente de número atômico (Z), e não pela massa atômica (A), chegando
praticamente à tabela atual. Relembrando:

Z = p = e (para espécies neutras)


A = p + n ou A = Z + n

Depois que Mendeleiev publicou sua tabela periódica, as lacunas deixadas por ele foram preenchidas pelos
químicos que descobriram novos elementos químicos. O frâncio foi o último elemento natural descoberto, em
1939. Outro fator que fez aumentar o número de elementos na tabela periódica foram os elementos sintéticos.

A Tabela Periódica Moderna


QUÍMICA

A tabela periódica atual foi elaborada com base nas propriedades químicas e físicas dos elementos químicos.
É um instrumento de consulta sobre a localização desses elementos em suas famílias (ou grupos), bem como seus
números atômicos e números de massa. Nela, os átomos são organizados na ordem crescente de seus números
atômicos. A periodicidade nas propriedades dos elementos é resultado da periodicidade nas configurações eletrô-
nicas de seus átomos. 295
z Tabela Periódica dos Elementos Químicos: É a As Leis Ponderais, ou seja, a Lei de Lavoisier e a Lei
organização dos elementos químicos em famílias e de Proust norteiam os princípios da estequiometria,
períodos. As linhas na vertical representam famí- onde relacionam as massas dos elementos químicos
lias ou grupos. Já as linhas na horizontal represen- no que compete a interação das reações químicas.
tam períodos. Diante dessas informações, teremos o ques-
tionamento: Como devemos realizar um cálculo
REPRESENTAÇÕES DAS TRANSFORMAÇÕES estequiométrico?
QUÍMICAS O cálculo estequiométrico pode ser feito conforme
as 3 seguintes etapas:
Balanceamento de Equações Químicas e Leis
Ponderais das Reações Químicas 1. Escrever a equação química;
2. Balanceamento da equação química;
Dentro desse tópico abordaremos Balanceamento 3. Estabelecer a regra de três.
de equações químicas e Leis ponderais das reações
químicas juntamente com cáuculos estequiométricos .
Exemplo: Na reação de combustão do metano
Dentro da Química conseguimos entender que
(CH4), qual o número de mols de moléculas de O2
existem reações que ocorrem a partir da mistura de
necessário para reagir com 5 mols de metano?
substâncias (denominadas reagentes), originando
novas substâncias (denominadas produtos). No entan- 1° Passo – Nessa etapa, vamos descrever a equação
to, é necessário compreender que, para podermos química: CH4 + O2  CO2 + H2O.
adquirir um produto, precisamos quantificar os rea- 2° Passo – Após definir a equação, devemos efe-
gentes, a fim de se obter a porção ideal deste produto tuar o balanceamento:
desejado. A estequiometria é quem nos auxilia nesse
quesito e será ela nosso objeto de estudo. ENTRADA (REAGENTE) SAÍDA (PRODUTO)
Atentaremos-nos, então, aos diversos estudos rela-
cionados à estequiometria, como: aspectos quantitati- 1 CH4 + 2 O2 1 CO2 + 2 H2O
vos das reações químicas, cálculos estequiométricos e C=1 C=1
conceitos de reagente em excesso e limitante através H=4 H= 4
das leis ponderais.
O=4 O=4
Cálculos Estequiométricos
É possível ver que, para a reação de 1 mol de meta-
Dentro dos conceitos voltados para o cálculo este- no (CH4) com 2 mols de Oxigênio (O2), teremos a for-
quiométrico, temos estabelecida uma relação entre a mação de 1 mol de gás carbônico (CO2) e 2 mols de
quantidade de reagentes que devem ser introduzidos água (H2O).
para uma reação acontecer e a quantidade de produto 3° Passo – Agora, basta efetuar a regra de três para
296 formado nessa reação química. encontrar o valor esperado:
1 CH4 ____ 2 O2 seguinte cena: uma criança brincando com um baldinho
1 mol ____ 2 mols de areia e água, na beira do mar. Sob o ponto de vista
5 mols ____ x mols ou olhar da criança, esse balde, contendo água salgada e
x = 10 mols de O2.
areia é um sistema: um corpo submetido à observação.
A relação sempre será convencionada de acordo Transformação da Matéria
com o parâmetro que o enunciado pedir, ou seja, o
enunciado será o guia que te dirá quais as moléculas Imagine as duas situações a seguir:
serão analisadas.
z você pegou um pedaço de papel e o amassou;
MATERIAIS, SUAS PROPRIEDADES E USOS z você pegou um pedaço de papel e o queimou.

A Química pode ser definida como a ciência que Na primeira situação, a matéria não sofreu nenhuma
estuda a matéria, suas transformações e as trocas de modificação, portanto, não sofreu transformação, ape-
energias envolvidas nesses fenômenos.
nas mudou sua forma. A composição química do papel
Por definição, matéria é tudo aquilo que tem massa
(m) e ocupa lugar no espaço (volume), sendo essa maté- é a celulose, sendo a folha amassada ou não. Não houve
ria orgânica ou inorgânica, natural ou artificial, visível alteração da estrutura ou constituição da matéria.
a olho nu ou não, de origem animal, vegetal ou mineral. Já, na segunda situação, a celulose sofreu combus-
Outros conceitos que também devem ser entendi- tão, portanto, se transformou em cinzas. Houve trans-
dos são os de corpo e objeto. Corpo é a porção limi- formação e modificação da matéria, houve alteração
tada da matéria; objetos são as alterações que o corpo da estrutura da matéria.
pode sofrer. Exemplos: Matéria – Corpo – Objeto
Essas transformações da matéria são denomina-
das fenômenos, os quais podem ser classificados
Árvores
como físico e químico.

Tipos de Fenômenos

z Fenômeno físico: É toda alteração na estrutu-


ra física da matéria, como, por exemplo: forma,
tamanho, aparência e estado físico, mas que não
gere alteração em sua natureza, isto é, não altere a
composição química da matéria.
Matéria Por exemplo, amassar uma folha de papel faz
mudar o aspecto físico da matéria, mas sua com-
posição permanece sendo a celulose.
Tronco de Árvores

Corpo
Atração magnética
Mesa de Madeira
QUÍMICA

Objeto

Imagine que você está sentado de frente para o mar,


admirando a paisagem, e que você fixe seu olhar na Reflexão da Luz 297
Ao aprofundar seus estudos em Química, você verá
que, de acordo com os objetos de estudo, essa ciência
pode dividir-se nos seguintes quatro ramos principais:

Principais Ramos da Química

z Química Orgânica: Estuda a estrutura, as pro-


priedades, a composição, as reações e síntese de
compostos orgânicos. Esses compostos, além do
carbono, podem conter outros átomos, como o
hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, enxofre
e halogênios.
z Química Inorgânica: É o ramo da química que
estuda os elementos químicos e as substâncias da
Lançamento de um projétil natureza que não possuem o carbono coordenados
em cadeias. Investiga as estruturas, propriedades
� Fenômeno Químico: É uma mudança na composi- e a explicação dos mecanismos de suas reações e
ção da matéria, da substância que a constitui. transformações.
Por exemplo, um fenômeno químico, como a combus- z Bioquímica: É o ramo da biologia e da química
tão, transforma uma substância em outra, com dife- que estuda as estruturas, a organização e as trans-
rentes propriedades químicas. Combustíveis como formações moleculares que ocorrem na célula. Em
madeiras ou carvão transformam-se em cinzas. resumo, a Bioquímica aborda todos os processos
químicos que ocorrem nos organismos vivos.
z Físico-Química: Estuda os fenômenos químicos
sob a ótica dos princípios, conceitos e práticas da
física, sendo, assim, a combinação dessas duas
ciências: a física e a química.

Tipos de Substâncias:

z Simples: São aquelas cujas moléculas são forma-


das apenas por um único tipo de elemento quími-
co. Os átomos dos elementos podem aparecer na
forma isolada, sendo substâncias monoatômicas
(Ar – gás argônio), ou formar moléculas diatômicas
(O2 – gás oxigênio) e triatômicas (O3 – gás ozônio).
Queima da parafina Ferrugem Ex.: Imagem representativa de substâncias simples:

Combustão (queima) Fermentação z Compostas: São aquelas cujas moléculas, ou aglo-


merados iônicos, são formadas por dois ou mais
elementos químicos ou íons. Exemplos: água
(H2O), cloreto de sódio (sal de cozinha) NaCl, dió-
xido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO),
gás metano (CH4) e amônia (NH3).
Ex.: Imagem representativa de substâncias simples:

Fermentação

Energia

Para que um sistema realize trabalho, é necessá-


rio que haja energia. Por exemplo, a energia química
dentro dos alimentos é transformada no nosso orga- z Mistura: É um sistema formado por duas ou mais
nismo em energia, que gera o trabalho que nosso cor- substâncias puras, chamadas componentes. As
po realiza nas atividades diárias e também o calor que misturas podem ser classificadas em homogêneas
aquece o nosso corpo. e heterogêneas.
298
Misturas: tipos e métodos de separação Estados Físicos da Matéria

A todo momento nós efetuamos misturas em nossa A matéria é formada por partículas menores, deno-
rotina, por meio da junção de um pó instantâneo em minadas átomos e moléculas, que interagem entre si,
água, água com óleo ao lavar nossas louças dentre tan- apresentando certas características.
tas outras opções. Algo que muitas pessoas percebem Uma delas é a propriedade física denominada
muito bem é quando essa mistura origina uma única como estado físico da matéria, estado de agregação
fase (homogênea) ou mais de uma fase (heterogênea).
ou fase.
A seguir, serão abordados esses conceitos de forma
Tal propriedade diz respeito à configuração
separada.
macroscópica que os objetos apresentam e está rela-
„ Homogênea: é uma solução que apresenta cionada com a velocidade de agitação das partículas
uma única fase (monofásico). que os constituem.

Sólido Líquido

CO2 + ar atmosférico Álcool + água

Gasoso
Solução de sulfato de cobre
(Coloração azul-esverdeada) Agora, veremos os tipos de estados da matéria:

„ Heterogênea: pode apresentar duas ou mais fases. z Estado sólido: as moléculas no estado sólido estão
muito próximas umas das outras, com uma média
de energia cinética baixa.
z Estado líquido: as moléculas no estado líquido
não estão tão próximas umas das outras, como
no estado sólido, e nem tão afastadas umas das
outras, como no estado gasoso.
z Estado gasoso: as moléculas no estado gasoso
(vapor) estão bastante dispersas ou separadas, gra-
ças ao alto grau de agitação delas.
Água + areia Pó de ferro e areia
QUÍMICA

Óleo e água
Sólido 299
Exemplo: Acima de 0ºC e abaixo de 100ºC a água
está no estado líquido; 100ºC é a temperatura de
passagem do estado líquido para o gasoso, a vapo-
rização.
z Sublimação: É o processo de passagem de uma
substância do estado sólido para o estado gasoso,
sem passar pelo estado líquido. Essa propriedade é
exclusiva apenas de alguns materiais. Esse proces-
so também é endotérmico.
Exemplo: Gelo seco, naftalina, iodo.

z Condensação ou Liquefação: É o processo de pas-


sagem de uma substância do estado gasoso para
Líquido
o estado líquido. Esse fenômeno requer perda de
calor, por isso, é denominado exotérmico.

z Solidificação: É o processo de passagem de uma


substância do estado líquido para o estado sólido.
Esse fenômeno requer perda de calor, por isso, é
exotérmico.

z Ressublimação: É o processo de passagem de uma


substância do estado gasoso para o estado sólido,
sem passar pelo estado líquido. Esse fenômeno
também é exotérmico.

Métodos de Separação das Misturas e Critérios de


Gasoso Pureza

Mudanças de Estado Físico (Fenômeno Físico) Os métodos de separação das misturas são de gran-
de relevância na área da química, pois podem ser apli-
Veremos a seguir uma imagem que representa as cados a processos em escala industrial ou em escala
mudanças de estado: laboratorial, uma vez que grande parte dos materiais
não são puros, ou seja, são misturas constituídas por
Vaporização duas ou mais substâncias diferentes.
Fusão
A separação dos componentes das misturas é fun-
damental em diversos aspectos do cotidiano, como a
purificação da água, nas estações de tratamento de
água, a fim de torná-la apropriada para o consumo;
na obtenção do cloreto de sódio (sal de cozinha) nas
regiões litorâneas de produção salina; nos laborató-
rios de análises clínicas, com a verificação dos compo-
nentes do sangue; na reciclagem do lixo etc.
Solidificação Liquefação Para a separação, faz-se necessário aplicar o méto-
(condensação) do adequado e/ou específico para cada tipo de mis-
tura. As técnicas de purificação podem ser físicas ou
Sublimação
químicas, uma vez que o princípio fundamental é
utilizar as propriedades dos componentes das mistu-
z Fusão: É o processo de passagem de uma substân- ras para separá-las. Essas propriedades podem ser o
cia do estado sólido para o estado líquido. Esse ponto de fusão, o ponto de ebulição, a solubilidade, a
fenômeno requer calor, por isso, é denominado densidade etc.
endotérmico. Veremos a seguir os métodos de separação das
Exemplo: Abaixo de 0ºC a água está no estado só- misturas e critérios de pureza:
lido; 0ºC é a temperatura de passagem do estado
sólido para o líquido, a fusão. z Filtração: É um método de separação de substân-
cias presentes em uma mistura heterogênea (pos-
z Vaporização: É o processo de passagem de uma sui duas ou mais fases) que apresenta pelo menos
substância do estado líquido para o estado gasoso. dois componentes em estados físicos diferentes,
Esse fenômeno requer calor, por isso é denomina- como: um componente no estado sólido e um no
300 do endotérmico. estado líquido. Exemplo: Areia e água.
dos componentes via sedimentação dos líquidos
imiscíveis (que não se misturam) de densidades
diferentes.
Ex.: Análise de sangue em laboratório.

tubo
motor

Trazendo esse assunto para o cotidiano, podemos


exemplificar com a filtração do café (coar o café).

z Imantação ou Separação Magnética: É o método


usado para separar dois sólidos. Um deles preci-
z Sedimentação ou Flotação: É um método de sa sofrer atração de um ímã, ou seja, deve ser um
separação de misturas heterogêneas que utiliza a material magnético.
diferença de densidade entre os materiais como Exemplo: Areia e limalha de ferro. O componente
princípio básico para realizar a separação. magnético da mistura, no caso, o ferro, é atraído
Exemplo: Separação da serragem misturada com
pelo ímã.
areia. A serragem, por ser menos densa, flutua na
água, enquanto a areia precipita (sedimenta).
QUÍMICA

z Decantação: É um processo de separação que permi-


te separar misturas heterogêneas. É utilizada princi-
palmente em misturas bifásicas, como sólido-líquido
z Centrifugação: A centrifugação é um proces- (areia e água), sólido-gás (poeira e gás), líquido-líqui-
so de separação de misturas feita por um apare- do (água e óleo) e líquido-gás (vapor d’água e ar).
lho chamado centrifugador, que faz a separação Exemplo: Líquido + líquido. 301
z Destilação Simples: Método utilizado para separar os componentes de uma mistura homogênea (apresenta
uma única fase), formada por um componente sólido dissolvido em um líquido.
Exemplo: Água e sal (água do mar).

Termômetro
Condensador
Rolha

Balão de vidro Entrada de


Solução água + Sal água fria
Chama

Erlenmeyer

Saída de água quente

z Destilação Fracionada: É utilizada exclusivamente para separação dos componentes de uma mistura que apresente
dois ou mais líquidos em sua constituição.
Exemplo: Mistura de água e acetona.

Termômetro

(Condensador)
Vapor de acetona
Coluna de entra no condensador
fracionamento

Balão de destilação

Manta ou chapa
de aquecimento Acetona líquida
Acetona + Água (Destilado)
(Mistura)

302
z Volume: Está associado à porção do espaço ocu-
Se liga! pado pela matéria. Para os gases, podemos dizer
Se os componentes da amostra a ser destilada que o volume ocupado por ele é igual ao volume
forem líquidos, e apresentarem valores de PE do recipiente que o contém.
próximos, ou se os componentes da mistura for-
marem um azeótropo, é necessário que a des- „ Unidade de volume no sistema internacional
tilação seja do tipo fracionada, utilizando uma de medidas (SI): L (litro)
coluna de fracionamento.
Atenção para as conversões entre as unidades
Esse também é o método utilizado para a separa- de volume:
ção do petróleo, nas colunas de separação, como na
figura a seguir: 1 m3 = 1000 L = 1000 dm3
1 L = 1 dm3 = 1000 cm3 = 1000 mL
1 cm3 = 1 mL
6.Gás

5.Gasolina
z Temperatura: A temperatura de um corpo é defi-
Torre de Fracionamento nida pelo grau de agitação de suas partículas. Os
4.Querosene
átomos ou as moléculas se movimentam mais rápi-
Armazenamento do em corpos cuja temperatura é mais elevada.
de Petróleo 3. Óleo combustível A temperatura de 0 K (zero Kelvin) equivale à
temperatura na qual cessam todas as agitações e
2. Óleo lubrificante movimentações de partículas, sendo denomina-
da zero absoluto.
1. Resíduos (parafina, asfalto)
„ Unidade de temperatura no sistema inter-
nacional de medidas (SI): K (Kelvin). Outras
Fornalha unidades de temperatura: Celsius (ºC), Fahre-
nheit (ºF)
z Cromatografia em papel: É um método de sepa-
ração que se baseia na migração diferencial dos
componentes de uma mistura entre duas fases
Atenção para as conversões entre as unidades:
imiscíveis. Os componentes da amostra (mistura) Para converter Kelvin em graus Celsius: K = °C + 273
são separados entre a fase estacionária (celulose)
e a fase móvel (solvente), que sobe pelo papel por z Para converter graus Celsius em graus Fahre-
capilaridade. nheit: °F = °C × 1, 8 + 32
As substâncias capazes de formar interações inter- z Para converter graus Fahrenheit em graus Cel-
moleculares mais fortes com a fase estacionária sius: °C = (°F − 32) ÷ 1,8
migram mais lentamente pelo papel.
z Pressão: Corresponde à razão entre a intensidade
Grandezas e unidades de medida de uma força aplicada sobre a área na qual é apli-
cada. Fórmula: P = F / A
z Massa: Quantidade de matéria que um corpo pos-
sui, sendo, portanto, constante em qualquer lugar „ Unidade de pressão no sistema internacio-
da terra ou fora dela. nal de medidas (SI): N/m² (Newton por metro
quadrado) ou Pa (Pascal), em homenagem ao
„ Unidade de massa no sistema internacional físico francês Blaise Pascal.
de medidas (SI): kg (quilogramas). Um cilindro „ Outras unidades de pressão: Pressão atmos-
de platina e irídio é usado como o padrão uni- férica (atm), Centímetro de mercúrio (cmHg),
versal do quilograma. Milímetro de mercúrio (mmHg), Bar.
„ Unidades de massa: quilograma (kg), hecto-
grama (hg), decagrama (dag), grama (g), deci-
Atenção para as conversões entre as unidades:
grama (dg), centigrama (cg) e miligrama (mg).
1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg = 1,01 x 105 Pa
Atenção para as conversões entre as unidades 1 bar = 105 Pa
de massa:
Propriedades Físicas da Matéria
QUÍMICA

1 g = 1000 mg
1 kg = 1000 g As propriedades físicas da matéria são caracterís-
1 tonelada = 1000 kg ticas determinadas de maneira experimental. Ou seja,
1 arroba = 15 kg são aquelas propriedades que podem ser observadas e
medidas sem alterar a composição da matéria. A Quí-
Outras unidades de medidas de massa: arroba, mica estuda os materiais, as transformações que eles
libra, onça. podem sofrer e a energia envolvida nesses processos. 303
Ponto de Fusão (P.F.) ou Temperatura de Fusão Exemplo: Solução aquosa 96% – álcool etílico
(96%) + água (4%).
É a temperatura de passagem do estado sólido
para o estado líquido.
Exemplo: P.F. água = 0ºC. Abaixo de 0ºC, a água
está no estado sólido; acima de 0ºC, a água está no
estado líquido. Em 0ºC, temperatura de transforma-
ção, há água no estado sólido e no estado líquido.

z Ponto de Ebulição (P.E.) ou Temperatura de


Ebulição: É a temperatura de passagem do estado
líquido para o estado sólido.
„ Densidade (D): A densidade de um corpo defi-
Exemplo: P.E. água = 100ºC. Abaixo de 100ºC, a água
ne-se como a razão entre a massa e o volume
está no estado líquido; acima de 100ºC, a água está no
desse corpo. Desta forma, pode-se dizer que
estado gasoso. Em 100ºC, temperatura de transfor-
a densidade mede o grau de concentração de
mação, há água no estado líquido e no estado gasoso.
massa em determinado volume. Fórmula para
o cálculo da densidade: d
Representações Gráficas das Transformações
d = m (massa da solução) / v (volume da solução)
z Substância Pura: P.F. e P.E. constantes.
A unidade de medida de densidade, no Sistema
T (°C) Internacional de Unidades (SI), é o quilograma
Vapor Pressão por metro cúbico (kg/m3), embora as unidades
constante mais utilizadas sejam o grama por centímetro
cúbico (g/cm3) ou o grama por mililitro (g/mL).
PE Ebulição
E DE - líquido + vapor Para gases, ela costuma ser expressa em gra-
D
Líquido mas por litro (g/L).
B Exemplo: d água = 1,0 g/cm3.
PF Fusão BC - sólido + líquido
C
A t(min)
Exemplo: Água.
z Mistura Comum: Durante a mudança de estado QUÍMICA INORGÂNICA
físico de uma mistura homogênea comum, a tempe-
ratura se altera. Segundo o gráfico a seguir, não pos- ÁGUA
sui nenhum patamar com temperatura constante.
Exemplo: Solução aquosa salina (água e sal de Nesta etapa iremos falar sobre os compostos que
cozinha). possuem origem inorgânica elencando os 4 tipos que
podemos ter: ácido, base, sais e óxidos.
Além disso, nos atentaremos à nomenclatura que
cada um rege, quais os elementos chave que permi-
tem identificar a classe da molécula inorgânica, bem
como a conceituação do que cada uma dessas funções
significa.

Ácidos
z Mistura Eutética: Comporta-se como uma subs-
Em nosso dia a dia encontramos muitas substân-
tância em relação aos pontos de fusão e solidifi-
cias ácidas, sejam elas sobre o aspecto de frutas cítri-
cação, ou seja, constantes (temperatura em um
cas, assim como o limão, bem como de compostos
mesmo patamar enquanto durar a transformação).
utilizados em produtos de limpeza em geral, assim
Exemplo: Liga metálica – Estanho (62%) + Chum-
como o ácido muriático.
bo (38%).
De acordo com a teoria de Arrhenius, o ácido está
presente em substâncias que em meio aquoso se ioni-
zam e originam como cátion o H+. Outro detalhe muito
importante, na composição da molécula será possível
observar que o hidrogênio (H) sempre estará na fren-
te, ou seja, será o primeiro elemento da molécula.
Exemplos: como ácido a ser mencionado podemos
citar o suco gástrico, que nada mais é que o ácido clo-
rídrico (HCl).
Em algumas literaturas é possível encontrar uma
z Mistura Azeotrópica: Comporta-se como uma correlação aos tipos de ácidos que existem de acordo
substância em relação aos pontos de ebulição e con- com a quantidade de hidrogênio ionizável, bem como
densação, ou seja, constantes (temperatura em um com relação à presença e ausência de oxigênio na
304 mesmo patamar enquanto durar a transformação). composição da molécula.
Essa classificação, de forma muito objetiva pode A nomenclatura será sempre precedida pela pala-
ser descrita como: vra hidróxido de, que se refere à presença do OH- e
em seguida a complementação do nome representan-
z Pela quantidade de hidrogênio ionizáveis: do a parte positiva da molécula, ou seja, o cátion.
Monoácido (com 1 H+), Diácido (com 2 H+), Triácido Existe uma grande ressalva a ser feita com relação
(com 3 H+) e Tetraácido (com 4 H+); ao nome do cátion, pois, para poder formar o nome
z Pela presença ou ausência do oxigênio: sen- dele deverá ser considerada a carga que o íon possuir.
do Hidrácido, aquele que não possui o oxigênio De forma mais objetiva:
na composição da molécula do ácido e Oxiácido, Quando o cátion possui NOX fixo: a situação
aquela molécula que tem em sua composição o mais fácil, pois a nomenclatura ficará hidróxido de +
oxigênio. nome do cátion. Os metais alcalinos, metais alcalinos
terrosos, alumínio, zinco e prata são os elementos que
Para generalizar a composição básica de um áci- possuem NOX fixo na tabela periódica. Sendo assim,
do temos uma fórmula geral descrita como sendo qualquer elemento que estiver dentro desse grupo
HxA, sendo o hidrogênio expresso a frente da molé- representará seu nome conforme o é.
cula (sempre!) como a parte de cátion, o x o índice Exemplos: KOH = Hidróxido de potássio (K é da
mostrando a quantidade de hidrogênios presentes na família dos metais alcalinos); Ba(OH)2 = Hidróxido de
molécula e o A representando o ânion que irá se ligar bário (Ba é da família dos metais alcalinos terrosos) e
no hidrogênio, formando assim a molécula do ácido.
Al(OH)3 = Hidróxido de alumínio.
A nomenclatura será sempre precedida pela pala-
Quando o cátion possui NOX variável: diferente
vra ácido, que se refere à presença do H+ e em segui-
dos elementos com número de oxidação fixo, os que
da a complementação do nome representando a parte
se apresentam como variável terão uma forma um
negativa da molécula, ou seja, o ânion.
Existe uma grande ressalva a ser feita com relação pouco diferente para se descrever. Podemos ter as
ao nome do ânion, pois, para poder formar o nome seguintes situações: hidróxido de + nome do cátion
dele ligado ao hidrogênio teremos de associar o tipo + carga do nox em número romano ou hidróxido
de terminação que ele tem de forma isolada e efetuar de + nome do cátion + terminação ico ou oso. Para
a troca na composição da molécula. De forma mais perceber isso veja o exemplo.
objetiva: Exemplo: Pegaremos como base o elemento Cobre,
Ânion com terminação em -ato, passa a ter final -ico. que pode ter carga 1+ ou 2+. Utilizando a primeira
Exemplo: ânion clorato passa a ser ácido clórico. forma de nomenclatura teremos, respectivamente:
Ânion com terminação em -eto, passa a ter final hidróxido de Cobre I e Hidróxido de Cobre II. Agora
-ídrico; utilizando a segunda opção, para o mesmo elemento
Exemplo: ânion cloreto passa a ser ácido e mesma ordem de carga: Hidróxido cuproso e Hidró-
clorídrico. xido cúprico.
Ânion com terminação em -ito, passa a ter final -oso.
Exemplo: ânion clorito passa a ser ácido cloroso.
Se liga!
Bases
Quando fazemos a nomenclatura com base
Em nosso dia a dia encontramos muitas substân- na mudança na terminação ICO E OSO sempre
cias básicas, principalmente em compostos utilizados atentar a ordem, ou seja, o que for com carga
em produtos de limpeza em geral, assim como a soda numérica Menor, terminará em OSO, o que tiver a
cáustica. carga numérica Maior terminará em ICO.
De acordo com a teoria de Arrhenius, a base está
presente em substâncias que em meio aquoso se dis-
sociam e originam como ânion o OH-. Outro detalhe Sais
muito importante, na composição da molécula será
possível observar que a hidroxila (OH-) sempre estará Conhecemos em nosso dia a dia a formação de
atrás, ou seja, será o último elemento da molécula. alguns sais, principalmente o famoso sal de cozinha,
Exemplos: como base a ser mencionada podemos o Cloreto de Sódio (NaCl).
citar o conhecido “diabo verde”, que nada mais é que Podemos encontrar sua formação a partir de um
a soda cáustica (nome comercial) ou pela nomenclatu- processo de neutralização, que nada mais é do que a
ra oficial: hidróxido de sódio (NaOH). mistura de reagente ácido + reagente base formando
Em algumas literaturas é possível encontrar uma um sal + água.
correlação aos tipos de bases que existem de acordo Sua grande característica é não possuir o cátion H+
com a quantidade de hidroxila dissociável. nem a hidroxila OH-.
Essa classificação de forma muito objetiva pode Temos algumas classificações dentro da classe dos
ser descrita como: sais de acordo com o seu comportamento em meio
Pela quantidade de hidroxila dissociáveis: aquoso, ou seja, a relação de sua dissolução em água
Monobase (com 1 OH-), Dibase (com 2 OH-), Tribase e o pH que originará nessa mistura. Dentre as classi-
(com 3 OH-) e Tetrabase (com 4 OH-); ficações temos:
QUÍMICA

Para generalizar a composição básica de uma


base temos uma fórmula geral descrita como sendo z Sal ácido: aquele que em meio aquoso deixará a
B1y+OHy1-, sendo a hidroxila expressa atrás da molé- solução com pH menor que 7, ou seja, ácido;
cula (sempre!) como a parte de ânion, o y a carga z Sal básico: aquele que em meio aquoso deixará a
representada pelo cátion a frente, que deverá ser “des- solução com pH maior que 7, ou seja, básico (ou
lizada” como índice para a quantificação da hidroxila também conhecido como alcalino);
e o B representando o cátion que irá se ligar na hidro- z Sal neutro: aquele que em meio aquoso não alte-
xila, formando assim a molécula da base. rará o pH da solução. 305
No que compete a formulação do nome do sal Nesse capítulo, nos atentaremos ao estudo dos
segue-se a seguinte regra: NOME DO ÂNION + DE + ânodos e dos cátodos, bem como sobre a polaridade
NOME DO CÁTION. desses eletrodos; quais são os processos de oxidação
Exemplo: KNO2 = K+ + NO2- = Nitrito de potássio. e redução por meio da identificação de elementos
redutores e oxidantes, o que é número de oxidação,
potencial padrão, as pilhas e baterias e a equação de
Óxidos
Nernst, além dos processos de corrosão, eletrólise e as
leis de Faraday
Os óxidos são compostos que possuem 2 elementos
em sua composição, sendo o oxigênio o mais eletronega- Conceituação de ânodo, cátodo e as polaridades dos
tivo. Desses dois elementos, um será o cátion, posiciona- eletrodos
do à frente, e o outro o ânion oxigênio na parte de trás.
Para generalizar a composição básica de um óxi- Para que tenhamos movimentação de cargas car-
do temos uma fórmula geral descrita como sendo regadas eletricamente é necessário que tenhamos ele-
C2y+Oy2-, sendo o oxigênio expresso atrás da molécula trodos dotados de cargas positivas e negativas. Essas
cargas podem ser expressas como sendo um eletrodo
(sempre!) como a parte de ânion, o y a carga repre-
carregado com cargas negativas, atraindo para si todas
sentada pelo cátion a frente, que deverá ser “desliza-
as cargas de sinal oposto, ou seja, positiva, expressado
da” como índice para a quantificação de oxigênio e o como sendo o cátodo. É ele quem é a fonte de elétrons,
C representando o cátion que irá se ligar no oxigênio, ou também chamado de doador de elétrons. São eles,
formando assim a molécula do óxido. os cátodos, responsáveis por gerar carga no sistema,
Assim como os sais, os óxidos podem alterar o sendo o ponto de partida da corrente elétrica.
pH de uma solução aquosa. Dentre as classificações Se o cátodo é o elétrodo negativo que “puxa” as
temos: partículas negativas, o ânodo será o seu oposto, ou
seja, é um elétrodo carregado com cargas positivas,
z Óxido ácido: aquele que em meio aquoso deixa- atraindo para si todas as cargas de sinal negativo, ou
seja, os elétrons. Também pode ser uma fonte forne-
rá a solução com pH menor que 7, ou seja, ácido.
cedora de cargas positivas bem como aceitar elétrons.
Como exemplo temos o CO2, SOx e NOx; O sentido da carga pode ocorrer do polo negativo
z Óxido básico: aquele que em meio aquoso deixará para o positivo e vice versa.
a solução com pH maior que 7, ou seja, básico (ou Nas baterias, serão sempre associados da seguinte
também conhecido como alcalino). Como exemplo forma:
tem o oxigênio ligado aos metais alcalinos e alcali- Ânodo = polo negativo // Cátodo = polo positivo
nos terrosos; As pilhas, ou também conhecidas tecnicamente
z Óxido neutro: aquele que em meio aquoso não como células eletroquímicas, são definidas da seguin-
te forma: “Dispositivos que possuem a capacidade de
alterará o pH da solução. Como exemplo temos o
efetuar uma transformação da energia química para
monóxido de carbono.
energia elétrica por meio de reações de oxirredução
(que ocorre transferência de elétrons)”.
Além das propriedades de mudarem o pH da solu- As pilhas são compostas em sua essência de um
ção temos também óxidos que em contato com a água eletrólito e dois eletrodos. Esse eletrólito é muito
formam peróxidos, ou seja, óxidos com uma “dose conhecido também como ponte salina, que nada mais
extra” de oxigênio bem como os óxidos chamados de é do que uma solução aquosa que contém íons.
anfóteros, que em meio aquoso podem se comportar As baterias possuem a mesma finalidade que as
como ácidos ou bases. pilhas, no entanto sua composição será essencial-
No que compete à formulação do nome do óxido mente composta por diversas pilhas que podem ser
agrupadas tanto em série como em paralelo. São as
segue-se a seguinte regra: óxido de + nome do elemen-
baterias que podem ser recarregáveis também.
to associado ao oxigênio. Como mencionado, a pilha sempre terá reação de
Exemplo: Al2O3 = Óxido de alumínio. oxirredução, tendo dois elétrodos que podem ser des-
critos da seguinte forma:

z Ânodo: polo negativo, que sofre a oxidação, per-


FÍSICO-QUÍMICA dendo elétrons e sendo classificado como o agente
redutor;
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E ENERGIA z Cátodo: polo positivo, que sofre a redução,
ganhando elétrons e sendo classificado como o
Eletroquímica, junção das palavras eletricidade agente oxidante.
com química. Parece uma correlação estranha para
você? Se sim, saiba que é muito comum essa asso- Podemos representar, de forma mais clara, a
essência da pilha:
ciação multidisciplinar. Em algum momento existem
conceitos que irão se intercalar para poder fornecer
ÂNODO CÁTODO
uma base e suporte adequado à compreensão
A pilha, por exemplo, algo que utilizamos no nosso Sofre oxidação Sofre redução
dia a dia, nada mais é do que uma aplicação prática
A  Ax+ + x e- Cx+ + x e-  C
306 dos conceitos que envolvem a eletroquímica.
Potencial Padrão e sua Aplicação das Tabelas 0, 059
c
[C] [D]
d
ΔE = ΔEº - · log a
n [A] · [B] b
Para saber se um elétrodo sofrerá redução ou oxi-
dação existe um meio muito importante, ou seja, por
meio da comparação dos potenciais de redução deles Em: ΔE = variação do potencial da pilha em dado
é possível saber se o elétrodo terá tendência a ser momento; ΔEº = variação do potencial padrão da
um agente oxidante ou redutor nesses processos de pilha; [C] e [D] = são as concentrações dos produtos da
oxirredução. equação global da pilha, tendo ‘c’ e ‘d’ como coeficien-
Sendo assim, podemos verificar que: se um eletro- tes estequiométricos; [A] e [B] = são as concentrações
do possui um potencial alto (Eºred), ele terá a tendên- dos reagentes da equação global da pilha, tendo ‘a’ e
cia a receber elétrons, e consequentemente uma alta ‘b’ como coeficientes estequiométricos; e n = número
tendência de se comportar como agente oxidante, e, de elétrons na oxidação e redução da pilha.
portanto, sofrerá uma redução. Toda pilha, em seu funcionamento, terá um metal
Já para o elétrodo que possuir um potencial baixo que sofrerá oxidação e um cátion sofrendo redução.
(Eºoxid), ele terá a tendência a perder elétrons, e conse- As equações genéricas que podemos expressar essa
quentemente uma alta tendência de se comportar como relação são:
agente redutor, e, portanto, sofrerá uma oxidação.
Abaixo teremos uma tabela que pode representar z Oxidação: um metal irá se oxidar se tornando um
esses potenciais considerados padrão de alguns elementos. cátion em meio aquoso.

ESTADO ESTADO O(s) → O+(aq) + e-


Eº RED Eº OXID
REDUZIDO OXIDADO
z Redução: processo inverso da oxidação, ou seja,
- 3,04 Li Li+ + e- 3,04 um cátion em meio aquoso sofre redução e se tor-
na em um metal sólido.
- 2,92 K K+ + e- 2,92

- 2,90 Ba Ba + 2 e
2+ -
2,90 R+(aq) + e- → R(s)
- 2,89 Sr Sr2+ + 2 e- 2,89 Fazendo a equação global dessa reação teremos:
- 2,87 Ca Ca2+ + 2 e- 2,87 Quando somamos as equações, temos a seguinte
equação global:
- 2,71 Na Na+ + e- 2,71

- 2,37 Mg Mg2+ + 2 e- 2,37


O(s) + bR+(aq) → cO+(aq) + R(s)

- 1,66 Al Al3+ + 3 e- 1,66 Dessa forma, a equação de Nersnst é reescrita, eli-


minando-se os metais sólidos, pois, por serem inalte-
- 1,18 Mn Mn2+ + 2 e- 1,18 rados, ou seja, por não sofrer alteração, eles podem
ser desconsiderados. Teremos a seguinte relação:
- 0,83 H2 + 2 (OH)- 2 H2O + 2 e- 0,83

- 0,76 Zn Zn2+ + 2 e- 0,76 0, 059 [O +] c


ΔE = ΔEº - · log +
n [R ] b
- 0,74 Cr Cr3+ + 3 e- 0,74

- 0,48 S2- S + 2 e- 0,48 Conceituação da Corrosão e Eletrólise a Partir da Lei


de Faraday
- 0,44 Fe Fe + 2 e
2+ -
0,44

- 0,28 Co Co2+ + 2 e- 0,28 Eletrólise nada mais é do que um processo em que


se emprega a aplicação de energia externa no sistema,
- 0,23 Ni Ni2+ + 2 e- 0,23 promovendo um rompimento dos elementos partici-
pantes. É um tipo de reação que não acontece de for-
- 0,13 Pb Pb2+ + 2 e- 0,13 ma espontânea.
0,00 H2 2H +2e
+ -
0,00 Essa energia aplicada pode ser por meio de uma
fonte química ou elétrica (que é a mais utilizada).
0,15 Cu+ Cu2+ + e- - 0,15 Temos em sua essência dois tipos de eletrólises pos-
síveis, sendo elas: Eletrólise Ígnea, que acontece na
0,34 Cu Cu + 2 e
2+ -
- 0,34 ausência de meio líquido (água) e a Eletrólise em
meio aquoso, que, diferentemente da ígnea, aconte-
0,40 2 (OH)- H2O + ½ O2 + 2 e- - 0,40 ce apenas em meio a uma solução que contenha íons
0,52 Cu Cu + e
+ -
- 0,52 dissociados.
Para ambos os casos de eletrólise, a aplicação da
0,54 2 I- I2 + 2 e- - 0,54 análise por meio de fórmula, sendo ela a da Lei de
Faraday, é igualmente empregada. Temos duas leis em
QUÍMICA

específico para essa aplicabilidade, sendo:


A Equação de Nernst e as Pilhas e Baterias
z 1ª Lei de Faraday: fala sobre a massa forma-
Nernst foi a pessoa responsável por desenvolver a da durante o processo de eletrólise. Essa relação
equação matemática que leva em consideração a dife- de formação da massa é admitida como sendo a
rença de potencial (ddp) de uma pilha em funciona- quantidade formada durante o processo sendo de
mento. Ela é expressa da seguinte forma: forma proporcional à carga pela qual a partícula 307
passou. Nessa primeira lei é calculada essa inten- Agora, conhecidos os termos e seus respectivos
sidade da energia que é aplicada ao sistema em exemplos, podemos descrever também a diferença
função de um determinado tempo. A fórmula entre a aplicação e utilização de um e do outro.
representativa será: Um reator de uma usina nuclear representa um
processo de fissão. Em suma, esses processos são
m = K1 . Q possíveis de se controlar, pois existe uma segurança
quanto à quantidade utilizada no processo.
Em que: m = massa; K1 = constante de proporciona- Já numa bomba de hidrogênio, que se utiliza da
lidade e Q = carga elétrica em Coulomb. fusão, não é possível controlar a reação, o que explica
seu potencial devastador.
z 2ª Lei de Faraday: No processo eletrolítico, a mas-
sa de uma substância produzida é diretamente
proporcional ao equivalente-grama (E) dessa subs- Se liga!
tância. A fórmula representativa será: A formação de hélio na região do Sol é advinda
da fusão de núcleos do hidrogênio, por isso há
m = K2. E
tanta luminosidade e calor.
Em que: m = massa; K2 = constante de proporciona-
lidade e E = equivalente grama. DINÂMICAS DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
A constante de proporcionalidade é a própria
constante de Faraday e possui como valor numérico Sabemos que a todo momento reações químicas
1/96.500. A carga elétrica é expressa como 96.500 C, acontecem, seja uma reação de neutralização em um
que representa diretamente 1 F. evento ambiental, seja um processo de decomposição
Conhecidos os conceitos sobre a eletrólise, nos ou em um processo industrial. Fato é que em todos os
remetemos agora a corrosão, que nada mais é do que momentos de nossas vidas vamos evidenciar algum
a deterioração que um metal sofre em consequência processo de reação química acontecendo.
do processo eletroquímico da reação de oxirredução. O que poucas pessoas pensam nesse processo todo
Lembrando que: oxidação = perda de elétrons; e é que cada uma dessas reações é única, sejam pela
redução = ganho de elétrons. composição dos seus elementos, reagentes e produtos,
Podemos mencionar também que a reação de ou pelo tempo que demoram para que essas reações
oxirredução trata da transferência de elétrons entre ocorram efetivamente.
os átomos que participam da reação bem como a cor- Nesse capítulo, atentaremos para as relações de
rosão é causada principalmente a partir da ação do cinética química para constatar qual a velocidade em
oxigênio nos metais. que essas reações acontecem, os fatores que interfe-
A ferrugem, que é o processo de oxidação no fer- rem nela, bem como os cálculos que são efetuados
para reações que envolvem velocidade de consumo
ro, é um grande exemplo dessa aplicação da ação do
de reagentes ou de formação de produtos.
oxigênio diretamente no ferro. Sem um meio aquoso
A linguagem desse conteúdo visa o aprendizado
(água) e oxigênio não temos a ocorrência de corrosão.
objetivo de cada tema, explorando os tópicos mais
importantes dentro de cada subárea da Química.
Reações de fissão e fusão nuclear Serão desenvolvidos exemplos práticos, com base em
exercícios propostos. Vamos nessa?
z Entendendo a Fissão e Fusão Nuclear
A Velocidade das Reações e os Fatores que a Interferem
Muitas vezes, quando tratamos de elementos
radioativos as pessoas sentem muito medo e dúvida a Você, em algum momento de curiosidade, já deve
respeito, principalmente quando envolvem conceitos ter visto alguns vídeos no Youtube com reações quí-
técnicos desconhecidos. Assim acontece com a fissão micas que acontecem. Deve ter percebido ainda que
e fusão nuclear, que são termos muito empregados, algumas dessas reações acontecem de forma muito
mas pouco conhecidos. rápida, e outras nem tanto assim, e é assim mesmo
Agora veremos, de forma individualizada, o que que se processa a percepção quanto a velocidade de
cada um desses termos significa. uma reação química.
A velocidade na química leva em consideração
„ Fissão nuclear: é o bombardeio ao núcleo do alguns fatores e para poder verificá-la deverá ser com
átomo radioativo. A colisão entre esses átomos base no consumo de determinados reagentes, bem
provoca uma zina muito instável, e dessa insta- como na formação de novos produtos em função da
bilidade vão se formando dois novos elementos unidade de tempo em que se processar essa reação.
que vão liberando uma grande quantidade de Vamos ver uma situação em que é possível enten-
energia no meio. Como exemplo temos a bom- der perfeitamente como é a cinética química das
reações.
ba A (bomba atômica).
Exemplo: Em uma indústria fornecedora de ácido
„ Fusão nuclear: é a formação de um novo
clorídrico temos um processo muito único. A empresa
elemento a partir da fusão de dois outros ele-
se utiliza dos reagentes hidrogênio (H2) e nitrogênio
mentos radioativos. Nesse processo o núcleo (N2) para produzir o seu produto, ou seja, o ácido clorí-
de um átomo se funde ao de outro originando drico (HCl). Um operador percebeu que a cada 2,5 horas
um único átomo com um novo núcleo também. a empresa conseguia produzir 500 Kg de HCl. Visando
Pode-se citar que também ocorre a liberação de saber qual era a velocidade dessa reação, ele realizou o
calor pro meio. Como exemplo temos a bomba cálculo da cinética química. Que resultado ele obteve?
308 de hidrogênio.
Para encontrar a velocidade dessa reação, ele fez Fatores que Alteram a Velocidade de Reação
a relação de divisão entre a massa do produto adqui-
rido em função do tempo, sendo assim expressa a Nesta etapa, veremos as correlações de variação
resolução: da velocidade, mediante concentração dos reagentes
e dos produtos dentro de uma reação química.
massa 500 kg kg Nosso ponto de partida será com relação a velo-
V = tempo  V = 2,5 h  V = 200 cidade média da reação, que pode ser expressa pela
h
seguinte equação:
Não satisfeito apenas com o resultado obtido, o
operador ainda decidiu efetuar um cálculo para des-
cobrir, também, qual a velocidade de consumo dos variação de concentração Δ [Concentração]
reagentes no processo, tendo por base as mesmas 2,5 Vm = =
horas e uma massa de 250 Kg de H2 e 250 Kg de N2. variação do tempo Δt

massa 250 kg Teremos a variação da velocidade que compete


VH2= tempo  VH2 = 2,5  VH2= 100 h a formação de produtos, sendo expressa da seguinte
kg maneira:
massa 250
VN2= tempo  VN2 = 2,5  VN2= 100 h
Δ [ produtos ]
Portanto, é possível verificar que, para um consu-
Vm =
mo de 100 Kg/h de cada um dos reagentes, teremos a
Δt
formação proporcional de 200 Kg/h de produto.
Note que existe diferença entre a velocidade de
formação dos produtos e de consumo dos reagentes. Bem como teremos a representação da equação
Notem que, para o exemplo mencionado acima, pelo consumo dos reagentes:
não levamos em consideração nenhum tipo de fator
que pudesse acelerar ou atrasar a reação, mas eles
existem e serão evidenciados logo a seguir: Δ [ reagentes ]
Vm =
Δt
z Superfície de contato: quem nunca teve um pro-
blema de acidez e precisou tomar um sal de fru-
tas? E além de tomá-lo, quem nunca ficou olhando
o momento em que adiciona o composto na água Se liga!
e logo aquela efervescência aparece? É justamen-
te isso, quando colocamos aquele “pó” na água, Atente-se que para a velocidade média dos pro-
temos diversas superfícies de contato representa- dutos temos um sinal negativo à frente, isso
das pelos grânulos do sal de frutas, e por ter tantas representa que o reagente está sendo consumido,
superfícies que entram em contato direto com a ou seja, está diminuindo para formar o produto.
água é que a reação se acelera e é possível ver a
agitação das moléculas de antiácido. Se ele fosse
Após vistas as velocidades de forma individuali-
em formato de comprimido, certamente não pro-
zada, tanto dos reagentes como dos produtos, iremos
moveria tanta turbulência, pois a superfície de
elucidar como devem ser feitas as velocidades envol-
contato exposta é menor.
vendo a equação global.
z Concentração dos reagentes: a concentração está
De modo geral, a velocidade média da reação leva
diretamente ligada a velocidade da reação, pois,
em consideração a reação química, associando a con-
quanto maior for a concentração dos reagentes centração dos elementos em função de seu coeficiente
mais rapidamente acontecerá a reação. Essa inte- estequiométrico. Abaixo, está exemplificado de forma
ração se dá pelas diversas colisões que acontecem objetiva para melhor compreensão.
entre as partículas. Primeiro vamos mostrar a seguinte reação gené-
z Temperatura: assim como mencionado para a rica: xX + yY  zZ + wW, onde x, y, z e w são os coe-
concentração dos reagentes, a temperatura funcio- ficientes estequiométricos e X, Y, Z e W são nossas
nará da mesma forma, ou seja, quanto maior for a substâncias.
temperatura, mais rápida será a reação. Podemos De forma análoga, teremos a seguinte fórmula
observar isso claramente quando estamos cozi- para a velocidade média da reação:
nhando. Se colocarmos o alimento numa panela
convencional, ele demorará um tempo para cozi-
nhar, no entanto, ao colocarmos o mesmo alimen- Vx VY VZ Vw
to em uma panela de pressão (que alcançará uma Vm da reação = = = =
temperatura superior), o alimento cozinhará mui- x y z w
to mais rápido.
QUÍMICA

z Catalisador: são excelentes para acelerar uma Agora, para consolidação do entendimento, será
reação, e com um detalhe mais fantástico ainda, apresentado um exemplo aplicando a situação para
apesar de promover um aumento na velocidade velocidade média da reação global.
de geração dos produtos, eles não participam da Exemplo: Em um acidente ambiental, uma empre-
reação, ou seja, não teremos formação de nenhum sa derramou ácido sulfúrico (H2SO4) em um solo. Para
elemento secundário em função de sua presença efetuar a neutralização desse ácido, foi contratada
ali. 309
uma empresa especialista em solos. Depois de análise
1,5 3,0 1,5 3,0
prévia, os técnicos decidiram que iram efetuar a neu- Vm da reação = - = = =
tralização através da adição de hidróxido de potássio 1 2 1 2
(KOH).
Sabendo-se que inicialmente tinham 10 mols, tan-
to de KOH quanto de H2SO4, e que após passadas 2 mol/L
horas sobraram apenas 4 mols de KOH e 7 mols de Vm da reação = 1,5
H2SO4, sabe-se também que tivemos uma formação de h
3 mols de K2SO4 e 6 mols de H2O, calcule a velocidade
dos reagentes, de formação dos produtos e global. Nos conceitos abordados na química verde temos
Primeiro escreve-se a reação global: 1H2SO4 + 2 difundidos a questão da associação da química aliada
KOH  1 K2SO4 + 2 H2O. ao meio ambiente, ou seja, ela visa melhoramentos
Efetuada a etapa da reação global, iremos efetuar dentro de processos que ocorrem nas industrias obje-
o cálculo da velocidade de consumo dos reagentes: tivando o alinhamento entre os conceitos de:

Ácido sulfúrico: z Prevenir a formação de subprodutos que sejam


nocivos aos homens e ao meio ambiente;
z Ser eficiente, convertendo o máximo possível de
Δ [ H2SO4 ] Δ [ 7-10 ] -3 mol/L reagentes em produtos;
VH2SO4 = - =- =- = 1,5 z Efetuar uma síntese que seja segura, não fomen-
Δt 2 2 h tando subprodutos nocivos;
z A produção de produtos que sejam seguros aos
clientes;
Hidróxido de potássio: z Descarte de solventes que não afetem ao meio
ambiente;
Δ [ KOH ] Δ [ 4 - 10 ] -6 mol/L z Integrar a energia gerada no processo, através de
VKOH = – =– =– = 3,0 calor, e utiliza-la como fonte de abastecimento de
Δt 2 2 h energia dentro da própria indústria;
z Utilizar fontes de energias renováveis;
z Evitar a formação de produtos sintéticos;
Através dos números expressos na velocidade dos z Optar por utilizar catalisadores para aceleração
reagentes é possível chegar à conclusão, que serão das reações;
consumidos 1,5 mol/L dentro de uma hora de ácido z Procurar produzir produtos que sejam
sulfúrico, bem como serão consumidos 3,0 mol/l den- biodegradáveis;
z Analisar a poluição para evitar que os efluen-
tro de uma hora de hidróxido de potássio.
tes gerados na indústria causem algum impacto
Após feitos os cálculos para determinar o consumo
ambiental; e
dos reagentes, serão realizados agora para os produ- z Agir na segurança dos colaboradores e ao meio
tos, conforme segue: ambiente.

Sulfato de potássio: TRANSFORMAÇÃO QUÍMICA E EQUILÍBRIO

Δ [ K2SO4 ] Δ[3] mol/L Caracterização do Sistema em Equilíbrio


VK2SO4 = – = = 1,5
Δt 2 h Antes de mais nada, para entender quais são os
conceitos empregados nessa matéria, e aplicar efeti-
vamente os princípios do equilíbrio químico, preci-
Água: samos efetuar algumas conceituações a respeito de
reação química.
A reação química se baseia na combinação de
Δ [ H2O ] Δ [6] mol/L reagentes para a formação de um produto com pro-
VH2O = – = = 3,0 priedades diferentes dos elementos que entraram. É
Δt 2 h preciso compreender que temos limitações quanto
ao processamento dessa reação, ou seja, teremos, em
muitas situações, reações intermediárias incompletas
Através dos números expressos na velocidade dos indesejadas no meio do caminho. Para entender, veja
produtos, é possível chegar à conclusão: serão forma- o exemplo muito comum que acontece no dia a dia.
dos 1,5 mol/L dentro de uma hora de sulfato de potás- Exemplo: No processo de combustão de gás meta-
sio, bem como serão formados 3,0 mol/l dentro de no temos a formação de gás carbônico representando
uma hora de água. uma reação completa, mas, teremos também uma rea-
Para descobrir a velocidade da reação, podemos ção incompleta formando monóxido de carbono.
pegar tanto o resultado dos reagentes como dos pro- Reação de combustão completa do metano:
dutos e dividi-los por seu respectivo coeficiente este-
quiométrico na equação balanceada. Veja a seguir: CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g)

Reação de combustão incompleta do metano:


H2SO4 KOH K2SO4 H2O
Vm da reação = - = = = CH4(g) + 3/2 O2(g) → CO(g) + 2 H2O(g)
1 2 1 2
310
Outra situação precisa ser considerada nessa for- Toda reação possui um rendimento, e, sabendo que
mação incompleta: a questão da reversibilidade dela, uma reação dificilmente tem 100% de produtividade,
ou seja, existem situações em que as reações inter- esse rendimento estabelece o grau de equilíbrio (α).
mediárias formam produtos que serão consumidos Esse grau é indicado em porcentagem por cada mol de
dentro da própria continuidade da reação, seja rege- substância formada dentro do processo. Quanto maior
nerando-se ou formando novos compostos.
for o α, maior terá sido o caminho percorrido para for-
Para entender essa reação incompleta de reversi-
bilidade, vejamos o exemplo a seguir. mação de produto e do consequente equilíbrio.
Para encontrar o percentual desse grau de equilí-
Exemplo: a produção da amônia ocorre em meio brio utilizaremos a seguinte fórmula:
fechado e tendo temperatura e pressão controladas
de forma a permanecerem constantes. Os reagentes
utilizados e o produto desejado (no caso a amônia) são número total de mols que reagiram
α=
representados pela equação química abaixo: quantidade inicial de mols
N2(g) + 3 H2(g) ⟺ 2 NH3(g)
Exemplo: numa reação de síntese da amônia, expres-
sa pela seguinte reação química: N2(g) + 3 H2(g) ⟺ 2 NH3(g),
Toda vez que ver esse símbolo “⟺” significa que a
reação com certeza é reversível, ou seja, acontece em temos 200 mols de N2. Ao atingir o equilíbrio, foi possível
ambos os sentidos. verificar que ainda tinha sobrado 50 mols de N2. Qual o
Compreendidos esses conceitos vamos aden- grau de equilíbrio para o reagente nitrogênio?
trar em como essa dinâmica do equilíbrio químico Temos um total inicial de 200 mols e uma quanti-
funciona. dade de 200 – 50 = 150 mols que efetivamente reagi-
ram. Logo, podemos alocar na fórmula e encontrar o
Fatores que Alteram o Sistema em Equilíbrio grau:

Temos um processo dinâmico, com reações se


a = 150 = 0,75 = 75%
deslocando e acontecendo para ambos os lados. Para 200
visualizar de uma forma mais clara, consideremos a
seguinte reação expressa de forma hipotética:
É possível afirmar, portanto, que a reação chegou
ao equilíbrio após consumir 75% de N2.
rR + xX ⟺ pP + yY
pH: potencial hidrogeniônico
Em que: r e x são os coeficientes estequiométri-
cos dos reagentes e R e X os reagentes. p e y são os
coeficientes estequiométricos dos produtos e P e Y os O pH, ou também conhecido como potencial hidro-
produtos. geniônico, é a medição da concentração de íons [H+]
Diante dessa reação, pode-se dizer que temos ini- em um meio aquoso.
cialmente os reagentes R e X em sua concentração Nessa relação, temos a quantificação de sua con-
máxima uma vez que a concentração dos produtos P centração e um respectivo valor referencial para clas-
e Y são nulas. Ao passo que a reação se inicia, teremos sificação de substâncias ácidas, básicas e neutras. Na
o consumo dos reagentes, que irão diminuir sua con- figura a seguir podemos encontrar essa classificação
centração, e a formação dos produtos, que aumenta-
de forma mais clara:
rão sua concentração.
E dessa forma a reação acontecerá até que a situa-
ção se inverta, ou seja, ao fim da reação teremos
concentração máxima de P e Y, em contrapartida as
concentrações de R e X serão nulas. Nesse estado, as
concentrações dos reagentes e produtos não mais se
alteram, chegando então na fase do equilíbrio.
A figura a seguir expressa esse equilíbrio.

É possivel verificar através da escala, portanto,


Reação direta que toda substância classificada como ácida com-
preenderá uma faixa de 0 a 6,9 de concentração de
[H+], no ponto igual a 7,0 a substância é chamada
de neutro, e de 7,1 até 14,0 será considerada uma
Ponto de equilíbrio
substância básica. É comum encontrarmos o nome
de substância alcalina em algumas literaturas para
Velocidade

designar o básico.
A relação com o meio ambiente se dá em relação
a concentração do pH no corpo hídrico, ou seja, a pre-
QUÍMICA

sença de fauna e flora local está diretamente ligada ao


Reação inversa pH da região. É possível afirmar que, quanto menor
for o pH de uma área, menor será sua biodiversidade,
pois a acidez do local diminui a quantidade de oxigê-
nio disponível, e, quanto menor a concentração de
Tempo oxigênio, maior a mortandade de peixes e de outros
microorganismos do local. 311
Alcadienos
QUÍMICA ORGÂNICA
Mesma aplicação do alceno, no entanto expressan-
COMPOSTO DE CARBONO do duas ligações duplas na cadeia carbônica principal.
A nomenclatura obedecerá a seguinte ordem: prefixo
Quando falamos em carbonos, hidrogênios, oxi- = quantidade de carbonos na cadeia principal + infixo
gênio, nitrogênio dentre outros, estamos falando da = fica no meio da cadeia e se refere ao tipo de ligação
essência do que é a química orgânica. A maior par- entre os carbonos, no caso do alcadieno, temos duas
te dos compostos que fazem parte do nosso cotidiano ligações duplas e expressaremos por meio do infixo
tem origem direta ou indireta na química orgânica. en + sufixo = expressa o grupo do composto, no caso
Nesse capítulo, atentaremos para a estrutura e do alceno ser um hidrocarboneto acaba com O.
Exemplo: H3C = CH2 – CH2 = CH2 – CH3, essa é a subs-
nomenclatura dos compostos orgânicos, os tipos de
tância que possui como nome pent-1,3-dieno, ou seja,
classificações com relação às cadeias carbônicas
PENT = 5 Carbonos + 1,3-DIEN = uma ligação dupla no
bem como verificar suas propriedades físico-química
carbono 1 e uma ligação dupla no carbono 3 + O = fun-
aplicadas. ção orgânica Hidrocarboneto.
Características e Principais Funções dos Compostos Alcinos
Orgânicos
Mesma constituição que os alcanos, sendo que a
A grande característica de um composto orgâni- diferença consiste na presença de uma ou mais liga-
co é possuir átomos de carbono e hidrogênio em sua ção tripla no meio cadeia carbônica. A nomenclatura
estrutura fundamental. Cada uma dessas cadeias obedecerá a seguinte ordem: prefixo = quantidade de
apresentam grupos funcionais subdivididos por clas- carbonos na cadeia principal + infixo = fica no meio
se conforme sua composição. da cadeia e se refere ao tipo de ligação entre os carbo-
Nesta etapa iremos elencar cada uma dessas pro- nos, no caso do alcino, temos pelo menos uma ligação
priedades, assim como apresentar o modo como se tripla e expressaremos por meio do infixo IN + SUFI-
dará a construção de sua nomenclatura. XO = expressa o grupo do composto, no caso do alceno
ser um hidrocarboneto acaba com O.
Alcanos Exemplo: H3C ≡ CH2 – CH2 – CH2 – CH3, essa é a
substância que possui como nome pent-1-ino, ou seja,
Cadeia composta apenas de carbono e hidrogênio, PENT = 5 Carbonos + 1-IN = uma ligação tripla no car-
tendo apenas ligações simples entre os carbonos. A bono 1 + O = função orgânica Hidrocarboneto.
nomenclatura obedecerá a seguinte ordem: Prefixo =
quantidade de carbonos na cadeia principal + Infixo Ciclanos
= fica no meio da cadeia e se refere ao tipo de liga-
ção entre os carbonos, no caso do alcano, são apenas Possui cadeia fechada, formando um ciclo. Com-
ligações simples expressas pelo infixo an + sufixo = posição e ligação igual ao do alcano. A nomenclatura
expressa o grupo do composto, no caso do alcano ser obedecerá a mesma designada para o alcano, tendo
um hidrocarboneto acaba com O. na frente a palavra ciclo.
Exemplo: H3C – CH2 – CH2 – CH2 – CH3, essa é a subs- Exemplo:
tância que possui como nome pentano, ou seja, pent =
5 Carbonos + AN = apenas ligação simples entre carbo- CH2
nos + O = função orgânica Hidrocarboneto.

Se liga! H2C CH2

Atente-se que a relação de ligação será expres- Essa é a substância que possui como nome ciclo-
sa apenas de acordo com a cadeia orgânica propano, ou seja, ciclo = cadeia fechada, em ciclo
principal! + PROP = 3 Carbonos + AN = apenas ligação simples
entre carbonos + O = função orgânica Hidrocarboneto.

Alcenos Aromático

Mesma constituição que os alcanos, sendo que a Conhecido pela presença do anel benzênico.
diferença consiste na presença de uma ou mais liga- Exemplo:
ção dupla no meio cadeia carbônica. A nomenclatura
obedecerá a seguinte ordem: prefixo = quantidade de
carbonos na cadeia principal + infixo = fica no meio
da cadeia e se refere ao tipo de ligação entre os carbo-
nos, no caso do alceno, temos pelo menos uma ligação
dupla expressaremos por meio do infixo en + sufixo =
expressa o grupo do composto, no caso do alceno ser
um hidrocarboneto acaba com O.
Exemplo: H3C = CH2 – CH2 – CH2 – CH3, essa é a
substância que possui como nome pent-1-eno, ou seja,
PENT = 5 Carbonos + 1-EN = uma ligação dupla no car-
312 bono 1 + O = função orgânica Hidrocarboneto. Seu nome é expresso como simplesmente benzeno.
Ácido Carboxílico Exemplo:

Caracterizado pelo grupo funcional R – COOH liga- H3C – CH2 – C – O – CH3


do à cadeia carbônica. A nomenclatura obedecerá a
seguinte ordem: ácido + prefixo = quantidade de car- O
bonos na cadeia principal + infixo = fica no meio da
cadeia e se refere ao tipo de ligação entre os carbonos Essa é a substância que possui como nome propa-
+ sufixo = expressa o grupo do composto, no caso do noato de metila, ou seja, o primeiro nome refere-se a
ácido carboxílico o final é óico. todo carbono que vem antes do oxigênio + o que está
Exemplo: H3C – CH2 – COOH, essa é a substância que depois, logo, PROPANOATO = 4 Carbonos + apenas liga-
possui como nome ácido propanóico, ou seja, PROP = ção simples entre carbonos + O + ATO + radical METILA.
3 Carbonos + AN = apenas ligação simples entre carbo-
nos + ÓICO = função orgânica ácido carboxílico. Éter

Álcool É quando temos o oxigênio, ligado a carbonos, no


meio da cadeia carbônica. A nomenclatura obedece-
É quando temos a hidroxila (OH) ligada à cadeia rá a seguinte ordem: prefixo da primeira cadeia com
carbônica. A nomenclatura obedecerá a seguinte menor quantidade de carbono + OXI + nomenclatura
ordem: prefixo = quantidade de carbonos na cadeia do hidrocarboneto com cadeia maior.
principal + infixo = fica no meio da cadeia e se refere Exemplo: H3C – CH2 – CH2 – O – CH3, essa é a substância
ao tipo de ligação entre os carbonos + sufixo = expres- que possui como nome metoxipropano, ou seja, prefixo
sa o grupo do composto, no caso do álcool o final é OL. da primeira cadeia menor: MET + OXI + PROP = 3 car-
Exemplo: H3C – CH2 – CH2 – OH, essa é a substância xbonos na cadeia maior + AN = apenas ligação simples
que possui como nome propanol, ou seja, PROP = 3 entre carbonos + O = função orgânica Hidrocarboneto.
Carbonos + AN = apenas ligação simples entre carbo-
nos + OL = função orgânica álcool. Fenol

Aldeído É quando temos hidroxila (OH) ligada no anel aro-


mático. A nomenclatura obedecerá a seguinte ordem:
Sempre estará alocado na extremidade da cadeia localização do grupo hidroxila (OH) + HIDRÓXI +
carbônica, sendo colocada a carbonila (= O) como seu nome do anel aromático.
radical. A nomenclatura obedecerá a seguinte ordem: Exemplo:
prefixo = quantidade de carbonos na cadeia principal
+ infixo = fica no meio da cadeia e se refere ao tipo de
ligação entre os carbonos + sufixo = expressa o grupo
do composto, no caso do aldeído o final é AL.
Exemplo: H3C – CH2 – CH = O, essa é a substância
que possui como nome propanal, ou seja, PROP = 3
Carbonos + AN = apenas ligação simples entre carbo-
nos + AL = função orgânica aldeído.

Cetona OH

Assim como o aldeído terá em sua cadeia a pre- Essa é a substância que possui como nome benze-
sença da carbonila (= O), no entanto, diferentemen- nol ou hidróxi-benzenol ou ainda fenol.
te do aldeído, a carbonila não estará na extremidade
da cadeia, sendo colocada a carbonila (= O) como seu Amina
radical. A nomenclatura obedecerá a seguinte ordem:
prefixo = quantidade de carbonos na cadeia principal É quando temos a presença de nitrogênio na cadeia
+ infixo = fica no meio da cadeia e se refere ao tipo de carbônica, ligado apenas com carbonos e hidrogênios.
ligação entre os carbonos + sufixo = expressa o grupo A nomenclatura obedecerá a seguinte ordem: prefi-
do composto, no caso da cetona o final é ONA. xo = quantidade de carbonos na cadeia principal do
Exemplo: radical + infixo = fica no meio da cadeia e se refere ao
tipo de ligação entre os carbonos + sufixo = expressa o
H3C – CH2 – C – CH3 grupo do composto, no caso da amina o final é amina.
O Exemplo: H3C – CH2 – NH2, essa é a substância que
possui como nome etilamina, ou seja, ETIL = 2 Carbo-
nos + AN = apenas ligação simples entre carbonos +
Essa é a substância que possui como nome butano-
AMINA = função orgânica amina.
na, ou seja, BUT = 4 Carbonos + AN = apenas ligação sim-
ples entre carbonos + ONA = função orgânica cetona.
Amida
Éster
QUÍMICA

É quando temos a presença de nitrogênio na


cadeia carbônica, ligado com oxigênio, carbonos e
Expresso como sendo um radical inserido no meio hidrogênios. A nomenclatura obedecerá a seguinte
da equação principal: R – COO – R. A nomenclatura ordem: prefixo = quantidade de carbonos na cadeia
obedecerá a seguinte ordem: prefixo = quantidade de principal do radical + infixo = fica no meio da cadeia e
carbonos na cadeia principal + infixo = fica no meio se refere ao tipo de ligação entre os carbonos + sufixo
da cadeia e se refere ao tipo de ligação entre os carbo- = expressa o grupo do composto, no caso da amina o
nos + O + ATO + DE + NOME DO RADICAL. final é amida. 313
Exemplo: z Aromática: é a cadeia que possui o anel aromático
em sua constituição.
H3C – CH2 – C – NH2
Exemplo:
O

Essa é a substância que possui como nome propa-


namida, ou seja, PROP = 3 Carbonos + AN = apenas
ligação simples entre carbonos + AMIDA = função
orgânica amida.

CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS CARBÔNICAS

Para a classificação das cadeias carbônicas encon-


tramos na literatura quatro critérios essenciais para
poder identificá-las. São eles: Disposição dos Átomos Dentro da Cadeia Carbônica

A disposição mencionada trata-se, nesse caso se a


z Tipo de fechamento da cadeia (se é aberta, fecha-
cadeia possui ramificações ou se a cadeia é normal.
da, mista ou aromática);
z A disposição dos átomos dentro da cadeia
z Cadeia normal: cadeia com duas extremidades
carbônica;
livres e possui em sua composição apenas carbo-
z O tipo de ligação existente entre os átomos de car- nos primários e secundários.
bono da cadeia principal;
z Presença de heteroátomo na cadeia, ou seja, ele- Exemplo:
mentos que não sejam carbono nem hidrogênio.
HC ≡ C – CH2 – CH2 – CH3.
Diante desses critérios, vamos apresentar cada um
dos tipos possíveis.
Carbono primário é aquele que só se conecta com
Tipo de Fechamento da Cadeia um único carbono, bem como carbono secundário é o
que se conecta com dois carbonos.
Como mencionado acima temos 3 principais tipos
de composição com relação ao fechamento da cadeia: z Cadeia ramificada: como o próprio nome sugere,
possui ramificações na cadeia, tendo mais de uma
z Cadeia aberta: também conhecida como acíclica extremidade e possuindo pelo menos um carbono
ou alifática, esse tipo de cadeia se apresenta de for- terciário ou quaternário.
ma muito linear, tendo suas extremidades abertas,
livres. Exemplo:

Exemplo: CH3
HC ≡ C – CH – CH – CH3
H3C – CH2 – CH2 – CH2 – CH3.
CH2
z Cadeia fechada: conhecida também como cíclica,
CH3
não existe nenhuma extremidade livre, forma um
ciclo. Carbono terciário é aquele que se conecta com três
outros carbonos, bem como carbono quaternário é o
Exemplo: que se conecta com quatro carbonos.

CH2 Tipo de Ligação Entre os Átomos de Carbono

Numa cadeia carbônica podemos ter três tipos de


ligações entre os átomos de carbono, sendo simples,
H2C CH2 dupla ou tripla. A relação de ter esses tipos de ligações
entre os átomos nos evidencia se a cadeia será satura-
z Cadeia mista: como sugestiona o próprio nome, é da ou insaturada.
uma mescla de parte aberta e parte fechada.
z Saturada: composta apenas de ligação simples.
Exemplo:
Exemplo:
CH2
H3C – CH2 – CH2 – CH2 – CH3

z Insaturada: apresentará pelo menos uma ligação


314 H2C CH – CH2 – CH3 dupla ou tripla no meio da cadeia.
Exemplo: Dentre os grupos funcionais que fazem essa ponte de
hidrogênio temos a do álcool (– OH) e os ácidos carbo-
H3C = CH2 – CH2 = CH2 – CH3 xílicos (– COOH).

Presença de heteroátomo Estados físicos

Dentro dessa classificação teremos a representa- Podemos encontrar nos três estados possíveis, ou
ção de uma cadeia homogênea (em que não há hete- seja, sólido, líquido e gasoso. E, esse estado dependerá
roátomo no meio da cadeia) bem como heterogênea de algumas características, que serão elencadas abaixo.
(em que terá a presença do heteroátomo no meio da
cadeia). z Pontos de fusão e ebulição: em comparação aos
Exemplo 1: teremos como exemplo uma cadeia demais tipos de compostos, os que são inorgâni-
homogênea a seguir: cos, ligados por ligações iônicas ou metálicas, terão
pontos de fusão e ebulição menores. Isso se deve
a baixa força intermolecular, o que resulta numa
CH2 – CH2 – C – CH3
menor quantidade de energia que precisa ser for-
O necida para que possa ocasionar o rompimento da
molécula e modificar o seu estado físico;
Exemplo 2: teremos como exemplo uma cadeia z Combustibilidade: grande parte das substâncias
heterogênea a seguir: orgânicas são classificadas como combustível, ou
seja, elas entram facilmente em combustão ao entrar
H3C – CH2 – CH2 – CH2 – O – CH3. em contato com o oxigênio. Ai diante de um ponto
de ignição, temos o suficiente para que aconteça a
reação, liberando energia para o meio. É a chamada
Estrutura e Propriedades dos Hidrocarbonetos
reação exotérmica (aquela que libera calor).
Existem algumas propriedades que podemos
elencar a respeito das características dos compostos
orgânicos.
QUÍMICA AMBIENTAL
Polaridade
RELAÇÕES DA QUÍMICA COM AS TECNOLOGIAS,
Está direcionada aos elementos que constituem SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE
a cadeia carbônica. Quando temos Carbono ligado
a Carbono ou Carbono ligado a Hidrogênio teremos Constantemente, nos deparamos com situações no
uma formação de ligação apolar. Não importa se as dia a dia que nos remetem as necessidades do homem
ligações são simples, dupla ou tripla. Lembrando que em frente aos quesitos ambientais. É uma realidade que
a ligação existente será a covalente. a maior parte dos bens de consumo que usufruímos,
Exemplo: molécula de gás butano, com constitui- sejam eles objetos ou eletrodomésticos e até mesmo nos-
ção apolar, onde contem ligações simples entre carbo- sas refeições industrializadas, fazem parte de uma gama
nos e hidrogênios. H3C – CH2 – CH2 – CH3.
de elementos criados através de processos químicos.
Quando temos, na cadeia carbônica, a presença
Esses processos afetam diretamente ao ser humano
de outros elementos, assim como o oxigênio, enxofre
e ao meio ambiente e ter esse conhecimento acerca das
e demais halogênios, a ligação passará a ser do tipo
polar. Tendo a região polar como sendo a que estiver reações, proporções e principalmente interações são
o elemento diferente de carbono e hidrogênio. fundamentais para se utilizar a química a nosso favor.
Exemplo: molécula de propanol, com constituição Nesse capítulo, atentaremos para a química e o
apolar na região de carbonos e hidrogênios (H3C – CH2 – meio ambiente, a poluição gerada no meio hídrico e o
CH2 –) e uma região polar com a função do álcool (OH). tratamento de água, a poluição atmosférica e a conta-
minação e proteção do ambiente. Vejam que a quími-
H3C – CH2 – CH2 – O – H. ca e o meio ambiente não podem ser consideradas de
forma separada, pois, quando isso acontece, estamos
Solubilidade correndo risco de acidentes que afetam diretamente
ao homem e ao ambiente.
Com a propriedade muito conhecida como “seme-
lhante que dissolve semelhante”, a solubilidade esta- Química e Ambiente
rá atrelada ao tipo de moléculas envolvidas, ou seja,
polar dissolverá na presença de outro polar, bem A química é a essência da vida, ela nos rodeia por
como apolar dissolverá na presença de outro apolar. todos os lados e está presente em toda nossa etapa da
Exemplo: é possível limpar a mão que está com vida, seja por meio de reações naturais, advindas do
graxa com gasolina ou solventes de base apolar. Isso próprio equilíbrio da natureza, ou da reação antrópi-
se dá justamente por tanto a graxa quanto a gasolina ca, aquela que ocorre por ação do homem, a química
serem apolares. é uma realidade e precisa ser dominada, mas como
QUÍMICA

todo processo químico tem seus dois lados, a sua falta


Forças Intermoleculares de controle pode ser algo extremamente prejudicial
ao ser humano, gerando ambientes poluídos nas esfe-
A força intermolecular entre os compostos orgâ- ras do solo, ar e água; por meio da emissão de gases
nicos é considerada fraca, se em comparação aos de efeito estufa que geram o aquecimento global e dos
compostos inorgânicos. A única que apresentará uma processos que modificam os ciclos naturais do ambien-
força maior será a que tiver ponte de hidrogênio. te, assim como o ciclo do carbono e do nitrogênio. 315
Não podemos, no entanto, ver a química como no entanto, é comum as pessoas fazerem associação da
uma grande vilã, afinal, ela possui muitos atributos poluição do ar apenas com emissões gasosas. Os particula-
satisfatórios se utilizadas de forma adequada e con- dos suspensos no ar também ocasionam sua degradação
trolada. Podemos citar entre esses exemplos da quími- e contribuem para diversos problemas ao ser humano.
ca boa a utilização dela para retorno de equilíbrio de Assim como em qualquer outra forma de poluição,
áreas degradadas e para a melhoria da qualidade do a que envolve a atmosfera pode ter sua origem nas
planeta onde vivemos. industrias, através da emissão pelas chaminés; dos
Enfim, podemos dizer que a química e o ambiente são
veículos automotores nas cidades; das atividades vul-
questões inseparáveis e saber utilizá-los norteará todo um
cânicas, se apresentando como uma emissão natural;
futuro brilhante, unindo cada vez mais esses dois mundos
e até mesmo advinda dos gases gerados da respiração
tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão complementares.
do ser humano e de gases oriundos da digestão (sim o
CO2 liberado na respiração e o “pum” que soltamos na
Poluição e Tratamento de Água
forma de metano fazem parte dos gases lançados no ar
por reação normal do ciclo de carbono na natureza).
Quando falamos de poluição da água, estamos nos
Para quantificação de poluição atmosférica é
referindo às suas características básicas e essenciais
que garantem a qualidade da vida no ambiente. Muito comum a comunidade científica fazer conforme uma
além de ser direcionada aos homens, a qualidade da única medida proporcional: por meio da carga de CO2
água visa manutenção da saúde de toda fauna e flora e CO2 equivalente lançada no ar, são feitas as estima-
local. Ao se ter uma alteração nesse padrão mínimo tivas de poluição das regiões.
para a água, ela pode tanto se tornar imprópria para Para se fazer essa mensuração de carga equivalen-
o consumo - onde nenhum ser vivo pode consumi-la - te, são definidos os lançamentos de poluentes confor-
quanto para finalidades de lazer (assim como quando me classificação de primário e secundário.
temos bandeira vermelha na praia afixada pela Cetesb
para proibir atividades dentro daquele entorno). z Emissão primária: é aquela que se origina direta-
A água considerada poluída pode ter como principal mente na fonte de lançamento. Entre os exemplos
fonte contaminadora as áreas industriais, as atividades temos: SO2, H2S, CO, CO2, NOx etc;
no ramo de agricultura e também das casas em zonas z Emissão secundária: aqui são os compostos forma-
urbanas (chamada de fonte de origem doméstica). dos a partir da associação com os gases primários.
Para uma água ser considerada potável ela pre- Entre os exemplos temos: ácidos como H2SO4, HNO3; os
cisa seguir pelo menos os 3 padrões essenciais de compostos à base de nitratos NO3- e sulfatos SO42- etc.
potabilidade que é: ser incolor (que seja translucida),
ser inodora (não possua odor) e insípida (que não
tenha gosto). Além disso, existe a portaria de número
05/2017 que estabelece os padrões de potabilidade da
Se liga!
água para consumo humano. Para entender o CO2 equivalente, utilizaremos
Quando a água não está adequada ao consumo como parâmetro o metano. Cada molécula
humano, ela pode ocasionar sérias doenças, sendo de metano tem equivalência com o CO2 em 21
algumas delas: infecções do trato gastrointestinal, a
vezes, ou seja: 1 molécula CH4 = 21 moléculas
leptospirose, disenteria, dentre tantas outras. Em vir-
tude disso que, a boa qualidade da água se enquadra de CO2.
em lei, pois trata de saúde pública. Dessa forma, quando se mede o CO2 equivalen-
Nos corpos hídricos, quando temos excesso de te, estamos colocando uma mesma base para
material orgânico (que pode ser de fonte de esgoto unificar o efeito real dos gases lançados no ar.
doméstico), ocasionamos na região um processo cha-
mado de eutrofização, processo esse que consiste no
excesso de nitrogênio e fósforo que é consumido por Contaminação e Proteção do Ambiente
micro-organismos e algas, aumentando a quantida-
de dessas plantas na superfície do local. Por ficar na A contaminação em todas as esferas, ou seja, água,
superfície, essas plantas consumirão o oxigênio dis- solo e ar, são realidades muito latentes para todos da
solvido, fazendo faltar para os demais micro-organis- sociedade. De alguma forma, toda essa desregulação
mos que estiverem abaixo. acaba afetando o equilíbrio da natureza e do homem.
Para o tratamento da água temos três estágios Em virtude disso, os conceitos de sustentabilidade
base: a captação (pode ser de rios subterrâneos), o se fizeram necessários, pois através de seus 3 pilares:
tratamento em si (com processo de decantação, coa- meio ambiente, impacto na sociedade e impacto na
gulação, floculação, filtração e desinfecção com bacte- economia, ele engloba medidas para se mitigar tais
ricida) e posterior distribuição através das redes. efeitos que sejam nocivos ao meio ambiente.
Como prática de proteção ao meio ambiente,
englobado nos pilares de sustentabilidade, podemos
Se liga! elencar a conceituação dos 5 R’s:
Dentro da química que trata do saneamento, é
importante destacar que será assegurado a todo z Repensar: é realmente necessário o consumo?
indivíduo o acesso a uma água potável de qualidade. Essa é a questão que rege o pilar de repensar.
Muitas vezes temos atitudes por impulso sem que,
para isso, tenhamos uma real necessidade de aqui-
Poluição Atmosférica sição de algo novo;
z Recusar: existe uma opção ecologicamente melhor?
Como sugestiona o próprio nome, a poluição atmos- Pensando nesse quesito, pode-se optar por adquirir
férica envolve a degradação da qualidade do ar por algo que seja biodegradável, recusando, portanto,
emissões oriundas das atividades antrópicas excessivas, opções que sejam advindas de plásticos que são fei-
316 tos de derivados do petróleo;
z Reduzir: quantidade é sinônimo de qualidade? prótons e dois nêutrons a menos que o original,
Muitas vezes o barato acaba saindo mais caro. ficando com uma massa quatro vezes menor em
Optar por comprar algo que tenha qualidade evita proporções de unidades. A representação da rea-
precisar comprar mais do mesmo; ção que faz parte dessa regra se dá da seguinte
z Reciclar: por que não reciclar? Se podemos reci- forma:
clar porque não o fazer? Podemos separar nossos
materiais recicláveis. A reciclagem ajuda a dimi- z
WA → 2α4 + (z – 2) Y(A – 4)
nuir (e muito) a necessidade de derrubada de
árvores (para fazer papel), de extração de alumí- z Segunda lei da radioatividade: diferente do áto-
nio (para fazer latinhas). Então, reciclar também mo com característica de raio alfa, a segunda lei
se torna uma forma de ajudar ao meio ambiente. trata da emissão de raio beta. Os átomos com essa
z Reutilizar: não podemos customizar e criar novas característica terão sua massa atômica inalterada,
possiblidades? A criatividade na produção de novos pois, conforme contextualizado, possui uma massa
artesanatos por meio da utilização de materiais desprezível. A única diferença que teremos é que o
descartáveis é fundamental para transformarmos número atômico desse átomo novo aumentará em
nosso lixo em arte. apenas uma unidade. A representação da reação
que faz parte dessa regra se dá da seguinte forma:
ENERGIAS QUÍMICAS NO COTIDIANO
WA → –1β0 + (z + 1) Y(A)
z
Por mais que não nos damos conta, os elementos
que possuem característica radioativa estão por toda Como exemplo de átomo que sofre ação de raio
parte. Seja na usina nuclear, com a utilização do urâ- alfa temos o Plutônio 239, e, como que sofre ação por
nio, seja nas datações arqueológicas de fósseis com o raio beta, temos o Carbono 14.
uso do carbono 14, o iodo 131 utilizado na medicina
para fazer mapeamento da tireoide, na agricultura Velocidade da Reação Radioativa por meio da
com a utilização de isótopos radioativos nos adubos, Cinética e as Principais Constantes Radioativas
dentre tantas outras aplicações.
Ficou surpreso, né? As vezes não nos damos conta Assim como para as reações convencionais, para
que substâncias que possuem um potencial risco caso
os elementos radioativos também verificamos a
manipuladas de forma errônea são tão disseminadas
velocidade em que se processa a reação. No entanto,
e utilizadas assim. Mas não se preocupe, todos são uti-
teremos algumas diferenciações em virtude de suas
lizados seguindo rígidas regras de segurança, garan-
características. Aqui veremos, por exemplo, o tempo
tindo que apenas as propriedades desejáveis deles
de desintegração de um isótopo sob a ação das radia-
sejam exploradas.
ções alfa e beta.
Agora, após essas informações, iremos ver como
Radiações: Origem, Principais Propriedades e as
devem ser desenvolvidos esses cálculos para nossos
Leis que as Regem
átomos radioativos.
De uma forma muito simples e objetiva, a radioati-
z Velocidade de desintegração (v): expresso por
vidade de um átomo está relacionada a sua caracterís-
meio de dado matemático, a velocidade de desin-
tica de emissão, de uma forma espontânea, de energia
tegração demonstra a relação entre a quantidade
em formato de onda ou de partículas. Esse é um meca-
de átomos radioativos em função do tempo. A fór-
nismo utilizado por esses átomos para ficarem mais
mula que expressa essa relação é demonstrada a
estáveis e muito mais leves.
seguir:
Os tipos que encontramos de radioatividade
podem ser encontrados de duas formas: as radiações
por partícula alfa (α) e beta (β) e a outra como sendo v = Dn
Dt
raio gama (γ).
Abaixo será falado de uma forma individualizada
a respeito desses tipos de radiações. Em que: Δn = n - no (n = número de átomos final
e no = número de átomos inicial); Δt = t- to (t = tempo
z Raio alfa (α): trata-se de uma partícula positiva, final e to = tempo inicial).
que possui dois prótons e dois nêutrons em seu
núcleo e capacidade baixa de penetração;
z Raio beta (β): trata-se de uma partícula negativa, Se liga!
de massa desprezível, com capacidade de penetra- No processo de desintegração vale destacar que a
ção maior que a do raio alfa; variação em n sempre será negativa, uma vez que
z Raio gama (γ): trata de uma onda magnética, dota- com o passar do tempo a quantidade de átomo
da de muita energia. Possui maior capacidade de
disponível para emitir radiação vai diminuindo.
penetração se comparada com os raios alfa e beta.
QUÍMICA

Na radioatividade, duas leis principais servem z Constante radioativa (C): relaciona a velocidade
como regentes de seus princípios, sendo elas assim de desintegração com a quantidade de átomos de
enunciadas: isótopo radioativo. A fórmula que expressa essa
relação é demonstrada a seguir:
z Primeira lei da radioatividade: o átomo que
se encontra na característica do tipo alfa terá a C= v
tendência a formar um novo átomo, tendo dois n 317
Em que: v é a velocidade de desintegração e n = „ Grande disponibilidade do combustível;
quantidade de átomos de isótopo radioativo. „ Pequeno risco no transporte do combustível;
„ Pequena quantidade de resíduos;
z Intensidade radioativa (i): mede a intensidade „ Independência de fatores climáticos (ventos;
da quantidade de partículas alfa e beta emitidas chuvas)
pelo isótopo radioativo. Está diretamente relacio-
nada a constante radioativa e a quantidade de áto- z Desvantagens:
mos de isótopo radioativo. A fórmula que expressa
essa relação é demonstrada a seguir: „ O lixo nuclear radioativo deve ser armazenado
em locais seguros e isolados;
i=C·n „ Mais cara, quando comparada a outras formas;
„ Risco de acidentes nucleares;
Em que: C é a constante radioativa e n = quantida- „ Problemas ambientais, devido ao aquecimento de
de de átomos de isótopo radioativo. ecossistemas aquáticos pela água de resfriamento
dos reatores.
z Vida média (Vm): mede o tempo em que um átomo de
Disponível em: Infoescola
isótopo radioativo leva para se desintegrar. A fórmula
que expressa essa relação é demonstrada a seguir:

Vm = 1
C ANOTAÇÕES
A vida média leva em consideração uma grande
quantidade numérica de átomos ao se desintegrar!

z Meia-vida (n): tempo necessário para que metade


da capacidade radioativa seja atingida. Expressa
também quando chegou na metade da massa exis-
tente do isótopo radioativo. A fórmula que expres-
sa essa relação é demonstrada a seguir:

n = n#o
2

Em que: n = número de átomos após a meia-vi-


da; no = número de átomos inicial; x = quantidade de
meias-vidas.
É comumente encontrado também a relação da
massa perdida, trocando-se apenas onde tem a letra
n, de número de átomos por m, de massa.

Biomassa

z Obtenção de energia a partir da biomassa

Oriunda da utilização de matéria orgânica de ori-


gem vegetal ou animal, a biomassa é formada por
uma variedade de opções renováveis de energia. Ela é
capaz de fornecer calor para um sistema, gerar ener-
gia elétrica e formar biocombustíveis, assim como eta-
nol e o gás natural.
O carvão vegetal que utilizamos também é uma
fonte renovável de geração de calor.

Energia Nuclear

Esse assunto já foi abordado no subtópico “Rea-


ções de fissão e fusão nuclear”

Vantagens e Desvantagens do Uso de Energia


Nuclear

z Vantagens:

„ Não libera gases estufa;


„ Exigência de pequena área para construção da
usina
318
Células Procariontes

São células que apresentam o material genético


disperso no citoplasma, ou seja, não possuem núcleo
envolvido por membrana nuclear. São encontradas
BIOLOGIA no Reino Monera (Archaea e Bactéria). Exemplos: bac-
térias e cianobactérias.

Mesossomo Nucleóide
(DNA)
CITOLOGIA Citoplasma Flagelo

Dentro da ampla área da Biologia, o estudo


das células e tudo que isso engloba é denominado
Citologia.

A UNIDADE DOS SERES VIVOS


Parede
A célula é descrita como a menor unidade funcio- Ribossomos celular
nal e estrutural formadora dos seres vivos. É consti- Cápsula
tuída por, pelo menos, três estruturas: membrana Plamídeo Fímbrias
plasmática, citoplasma e material genético. Podem
Membrana
apresentar organelas, que são como pequenos órgãos, plasmática
com formas e funções diferentes, as quais se unem
para realizar atividades essenciais ao metabolismo e à
sobrevivência da célula. Têm tamanho microscópico. � Estruturas que constituem este tipo celular e suas
A Teoria Celular consiste em: funções:
� Membrana plasmática: delimita a célula ao
� Células são unidades fundamentais da vida; separar os meios interno e externo. Regula o
� Todos os organismos são compostos por células; transporte de substâncias que entram e saem
� Todas as células se originam a partir de outra através da permeabilidade seletiva.
preexistente. � Citoplasma: Composto por citosol (parte
líquida) e partículas sólidas como os ribosso-
ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS mos. Mantém movimentos constantes de seu
material.
Estudos mostram que o surgimento das células no � Nucleoide: material genético (DNA) disperso
planeta Terra ocorreu no início do período Pré-cam- no citoplasma, ou seja, aquele que não é envol-
briano, há cerca de 3,5 bilhões de anos. A hipótese vido por membrana nuclear.
mais aceita é a que indica uma atmosfera primitiva � Cápsula: camada de muco, composta princi-
composta por gases como o metano, o hidrogênio e palmente por polissacarídeos. Proteção contra
o gás carbônico, além de água e amônia. Em meio a o ressecamento, protege contra o ataque de
tempestades frequentes e incidência de raios ultravio- anticorpos dos organismos infectados e pode
letas e calor, esses componentes passaram por descar- ajudar em processos de adesão a outras células.
gas elétricas. Assim, formaram diversas combinações, � Parede celular: proteção e sustentação da célu-
dando origem às primeiras moléculas orgânicas. la, permitindo uma forma específica. Externa à
Após, as moléculas orgânicas também se aglome- membrana plasmática. É impermeável e cons-
raram, formando proteínas e permitindo a existência tituída por peptideoglicano (exceção: Archaea).
das primeiras formas de vida. Neste momento, a ali- � Estruturas locomotoras: permitem movimen-
mentação era a base de compostos inorgânicos pre- tação. Exemplos: flagelos.
sentes nos aglomerados, ou seja, heterotrófica (não � Pili e fímbrias: estruturas semelhantes a fios
eram capazes de produzir seu próprio alimento). Além de cabelo que permitem adesão a células ani-
disso, eram anaeróbicas, visto que não havia oxigênio mais ou até mesmo durante a troca de material
genético entre bactérias.
na atmosfera primitiva, e apresentavam capacidade
� Ribossomos: síntese de proteínas.
de auto reprodução, mantendo as características pre-
� Plasmídeos: DNA circular.
sentes em seu DNA. � Mesossomo: invaginação da membrana plas-
Com o passar do tempo, surgiram formas de vida mática. Associado a processos respiratórios em
capazes de utilizar o gás carbônico, a água e a luz solar bactérias.
para produzir seu próprio alimento, foram chamados
de autotróficos. Esse processo resultava em liberação Células Eucariontes
de gás oxigênio e possibilitou o surgimento de seres
aeróbicos, diversificados, complexos e compostos por As células eucariontes são aquelas que possuem
BIOLOGIA

mais de uma célula. um núcleo verdadeiro, ou seja, o material genético


dessas células é envolto por uma membrana nuclear,
DIVERSIDADE E ORGANIZAÇÃO DAS CÉLULAS denominada carioteca. Normalmente são maiores
do que as procariontes. Possuem estruturas mem-
Considerando a constituição e estrutura das célu- branosas em seu interior, as chamadas organelas.
las, elas são classificadas em dois tipos: procariontes e São classificadas em dois tipos: animal e vegetal. São
eucariontes, além de apresentarem diferentes formas encontrados em todos os grupos, com exceção do Rei-
e funções em um organismo. no Monera (único grupo procarionte). 319
� Célula Eucarionte Animal � Sistema Golgiense: conjunto de bolsas membra-
nosas achatadas e empilhadas (cisternas), as quais
formam e liberam pequenas vesículas. Tem como
Lisossomos função a secreção celular. Processa, empacota e
Aparelho Ribossomos Membrana plasmática
envia substâncias que vieram do retículo endo-
de Golgi
Citoplasma plasmático para fora das células, através de vesícu-
las. Pode também produzir alguns polissacarídeos
Retículo da parede celular de plantas.
Endoplasmático � Peroxissomos: desintoxicação. Degrada H2O2.
Rugoso Protegem contra o estresse oxidativo.
Peroxissomo
z Retículo Endoplasmático: conjunto de membra-
nas que se ramifica, formando tubos e bolsas acha-
Centríolo tadas. Pode ser considerado uma continuação da
Núcleo membrana nuclear. Divide-se em dois tipos:

„ Liso: não possui ribossomos aderidos em sua


Retículo membrana. Realiza síntese de lipídeos (gordu-
Endoplasmático ras) e esteroides, hidrólise de glicogênio em
células animais e atua na modificação quími-
ca de drogas e pesticidas. Normalmente são
encontrados em grande quantidade em células
z Célula Eucarionte Vegetal do fígado.
„ Rugoso: apresenta ribossomos aderidos. Sínte-
Membrana plasmática Parede celular se de proteínas que serão excretadas, enviadas
Ribossomos Citoplasma para fora da célula. Presente em grande quanti-
Aparelho de
Golgi Vacúolo
dade em células que secretam grande quantida-
de de moléculas proteicas. Exemplo: glândulas
Cloroplasto
que secretam enzimas digestivas e células de
defesa que secretam anticorpos, visto que enzi-
Mitocôndria
mas e anticorpos são substâncias proteicas.

Peroxissomo
Exclusivas de célula animal

z Centríolos: importantes em processos de divi-


Núcleo são celular (mitose e meiose). Também formam o
citoesqueleto celular, ajudando a dar uma forma
para a célula, da mesma maneira que um esquele-
Retículo
Endoplasmático
to ósseo em um organismo.
z Lisossomos: são formados pelo Complexo Golgien-
se. Têm função de digestão intracelular (fagocitose
OS COMPONENTES CITOPLASMÁTICOS e pinocitose). Possuem enzimas digestivas em seu
interior, as hidrolases ácidas, peptidases, protea-
Componentes comuns a todas as células ses, lipases, etc. Encontrados de forma concentra-
da no acrossomo do espermatozoide, por exemplo.
� Membrana Plasmática: delimita a célula ao sepa-
rar os meios interno e externo. Regula o transpor- Exclusivas de célula vegetal
te de substâncias que entram e saem através da
permeabilidade seletiva. Constituição lipoproteica z Parede celular: Sustentação. Dá formato à célula,
(ver com detalhes no tópico “Membrana plasmáti- como um esqueleto. Constituída de celulose.
ca”, mais adiante). z Cloroplasto: apresentam membrana dupla e DNA
� Material genético: sequências de nucleotídeos próprio. Dividido em estroma e tilacóides. Realizam
(DNA). Envolvido pela carioteca. Define as caracterís- fotossíntese, processo que possibilita tansformar
ticas que serão expressas (o fenótipo do organismo). energia luminosa (solar) em química (açúcar - glicose).
� Citoplasma: Citosol (parte líquida) + organelas z Vacúolo: armazenamento de água. Em alguns
(parte sólida). Apresenta constante movimento de casos pode conter enzimas digestivas, atuando
seus componentes. em função similar a dos lisossomos (presentes em
� Ribossomos: síntese de proteínas. Encontram-se células animais).
livres no citoplasma ou aderidos ao Retículo Endo-
plasmático Rugoso. Também podem ser encontra-
dos no interior de mitocôndrias e cloroplastos. Se liga!
Componentes de Células Eucariontes A teoria da endossimbiose indica que mitocôn-
drias e cloroplastos se originaram a partir de
� Carioteca (membrana nuclear): individualiza o uma célula procarionte. Dessa forma, ambos
DNA. foram fagocitados, de maneira independente,
� Mitocôndrias: apresentam membrana duplas, por uma célula eucarionte e passaram a viver
DNA próprio (DNA mitocondrial) e dividida em em simbiose desde então.
três regiões (matris mitocondrial, cristas mitocon- As provas dessa teoria se baseiam no fato de
driais e espaço intermembranas). Atuam na respi- que essas duas organelas apresentam mem-
ração celular (metabolismo celular, produção de brana dupla e DNA próprio.
320 energia para a célula) – produção de ATP.
MEMBRANA CELULAR Com o passar do tempo, surgiram formas de vida
capazes de utilizar o gás carbônico, a água e a luz solar
A membrana celular é constituída por carboidra- para produzir seu próprio alimento, foram chamados
tos, lipídeos e proteínas. Sua organização é estabele- de autotróficos. Esse processo resultava em liberação
cida de acordo com o modelo mosaico fluido, ou seja, de gás oxigênio e possibilitou o surgimento de seres
apresenta uma bicamada lipídica (fosfolipídios) que aeróbicos, diversificados, complexos e compostos por
permite a movimentação de estruturas conectadas a mais de uma célula.
ela. Esses lipídeos mantém a integridade e estabiliza-
ção da membrana.
Proteínas associadas a membrana plasmática per- Se liga!
mitem a passagem de substâncias através da mem-
brana e podem atuar no reconhecimento de sinais As primeiras formas de vida eram simples, uni-
químicos vindos do meio externo. Carboidratos celulares, heterotróficas e anaeróbicas.
podem ser encontrados apenas na parte externa da
membrana plasmática e têm a importante missão de
reconhecimento de patógenos, por exemplo. Ademais, NÚCLEO
apresenta permeabilidade seletiva, ou seja, seleciona É considerado a maior organela de células eucarion-
moléculas que podem entrar e sair da célula. tes. É a região que controla as atividades celulares, e
É importante que você entenda também sobre os também onde ocorre o processo de replicação do DNA.
tipos de transporte realizados através da membrana. Dentro do núcleo encontra-se o nucléolo, local onde são
Eles podem ser classificados como passivos ou ativos. formados os ribossomos. É constituído por membrana
No transporte passivo consideramos que não ocorre dupla e apresenta poros que permitem trocas entre
gasto de energia, ou seja, a passagem de substâncias é núcleo e citoplasma. Entretanto, para ultrapassar os
a favor do gradiente de concentração (do lado onde a limites do núcleo é necessário possuir uma sequência
substância está mais concentrada para o lado em que de aminoácidos específica, denominada sequência sinal.
ela está menos concentrada). Além disso, o transporte Dentro do núcleo podemos encontrar a molécula
passivo é subdividido em dois tipos: osmose e difu- de DNA associada a proteínas histonas, formando a
são. Na osmose temos a passagem de solventes atra- cromatina. Assim como a célula tem o citoplasma, o
vés da membrana, sendo a água o solvente universal. núcleo é preenchido por nucleoplasma.
Enquanto que na difusão temos a passagem de solu- No núcleo ocorrem os processos de transcrição e
tos. Quando esses solutos atravessam diretamente a de tradução da molécula de DNA. Após, o RNA for-
membrana, ou mesmo através de poros presentes na mado é capaz de passar pelos poros e migra para o
membrana, dizemos que é um caso de difusão sim- citoplasma, levando a informação necessária para a
ples. Entretanto, se os solutos atravessarem a mem- produção de proteínas, através da tradução.
brana com a ajuda de proteínas, teremos um caso de
difusão facilitada. CITOESQUELETO E MOVIMENTO CELULAR
Aí você pode estar se perguntando...mas e quan-
do o transporte não for a favor do gradiente de con- Conjunto de fibras com função de sustentação, for-
centração. E essa é uma ótima pergunta. Quando a ma, movimento e posicionamento. Dividem-se em:
substância atravessa a membrana do lado indo de
onde está menos concentrada para onde ela está mais � Microtúbulos: cilindros ocos e sem ramificação,
concentrada, dizemos que o transporte ocorre contra constituídos por moléculas de tubulina, que se ori-
o gradiente de concentração. Neste caso o transporte ginam a partir de uma região denominada centro
é classificado como um transporte ativo, pois precisa organizador de microtúbulos. Podem formar um
haver gasto de energia para a atravessar a membra- esqueleto rígido em algumas células e auxiliam os
na. Como principal exemplo temos a bomba de sódio movimentos de proteínas motoras entre diferentes
e potássio (Na+/K+). estruturas dentro das células.

Em células vegetais participam da organização da


ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS parede celular (de celulose). Já em células animais
eles se associam a estruturas locomotoras como cílios
Estudos mostram que o surgimento das células no e flagelos.
planeta Terra ocorreu no início do período Pré-cam-
briano, há cerca de 3,5 bilhões de anos. A hipótese � Microfilamentos: se organizam em filamentos
mais aceita é a que indica uma atmosfera primitiva individuais ou em forma de malhas (redes de fila-
composta por gases como o metano, o hidrogênio e mentos), constituídos por actina. São responsáveis
o gás carbônico, além de água e amônia. Em meio a pela locomoção celular ou de partes específicas da
tempestades frequentes e incidência de raios ultravio- célula e pela forma apresentada por ela. Atuam
letas e calor, esses componentes passaram por descar- na contração muscular, situação em que a actina
se associa a miosina. Também participam de pro-
gas elétricas. Assim, formaram diversas combinações,
cessos de locomoção por pseudópodes e do estran-
dando origem às primeiras moléculas orgânicas.
gulamento na telófase da divisão celular, onde a
Após, as moléculas orgânicas também se aglome- célula se divide em duas novas células.
raram, formando proteínas e permitindo a existência � Filamentos intermediários: apresentam estru-
BIOLOGIA

das primeiras formas de vida. Neste momento, a ali- tura em formato de cabo. São constituídos por
mentação era a base de compostos inorgânicos pre- queratina. São importantes para manter a estabili-
sentes nos aglomerados, ou seja, heterotrófica (não zação da célula e em casos de resistência à tensão.
eram capazes de produzir seu próprio alimento). Além Esses filamentos são os responsáveis por manter
disso, eram anaeróbicas, visto que não havia oxigênio o núcleo e as organelas em posições específicas
na atmosfera primitiva, e apresentavam capacidade dento da célula. Podem ser encontrados, por exem-
de auto reprodução, mantendo as características pre- plo, nas microvilosidades intestinais, na lâmina
sentes em seu DNA. nuclear e em conexões entre o tipo desmossomos. 321
DIVISÃO CELULAR

As divisões celulares podem ser do tipo: Mitose e


Meiose.
É importante saber que na mitose uma célula gera
duas idênticas a ela, enquanto que na meiose uma
célula gera quatro células com a metade do material
genético da célula inicial (célula mãe). Além disso, a
meiose ocorre apenas em processos de formação de
gametas (espermatozoide em homens e ovócitos II
nas mulheres), sendo a mitose o processo responsável
� Prófase I - desaparecimento da carioteca e do
pela divisão em qualquer outro tipo celular.
nucléolo, início da migração dos centríolos para
Tanto a mitose quanto a meiose seguem um ciclo lados opostos da célula. Possibilidade de ocorrer
celular, que contém uma fase de interfase, constituída crossing-over ou permutação (troca de pedaços
por G1, S e G2. Em G0 a célula se mantém em quies- entre cromossomos homólogos).
cência celular (sem proliferação). Podemos conside- � Metáfase I - cromossomos migram aos pares para
rar que em G1 ela basicamente aumenta seu volume, o centro da célula (região equatorial).
em S duplica o DNA e em G2 confere enzimas neces- � Anáfase I - separação dos cromossomos homólogos.
� Telófase I – citocinese.
sárias para a divisão celular. Se estiver tudo “ok” ela
� Prófase II - ocorre o desaparecimento da carioteca
inicia o processo de divisão. e do nucléolo.
Então, vamos entender as etapas de cada um dos � Metáfase II - cromossomos migram para a região
processos de divisão celular? equatorial da célula.
� Anáfase II - separação das cromátides irmãs.
Mitose � Telófase II - reaparecimento da carioteca e do
nucléolo, e citocinese.
Apresenta quatro fases: Prófase, Metáfase, Anáfa-
se e Telófase.
Se liga!
Na fase II da meiose o processo é similar ao que
ocorre na mitose.

BIOQUÍMICA
Bioquímica é a área da Biologia responsável pelo
Interfase Prófase Metáfase estudo das reações químicas que ocorrem nos orga-
nismos vivos. É uma ciência amplamente utilizada na
microbiologia, agricultura, indústria alimentícia, far-
macologia, dentre outras.
As moléculas químicas são formadas por átomos.
A matéria viva é composta por alguns elementos quí-
micos importantes, os quais devem estar na ponta da
língua quando vamos estudar Bioquímica. São eles:
carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo e
enxofre. A partir desses elementos são formadas subs-
tâncias químicas essenciais para a existência da vida e
para a formação de um organismo.
Anáfase Telófase Células filhas
COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DOS ORGANISMOS
VIVOS

� Prófase - desaparecimento da carioteca e do


nucléolo.
� Metáfase - cromossomos migram para a região
equatorial da célula.
� Anáfase - separação das cromátides irmãs.
� Telófase - reaparecimento da carioteca e do
nucléolo, e citocinese.

Meiose
Água Proteínas Lípideos Carboidratos
70% 15% 10% 3,5%
Divide-se em Meiose I (Prófase I, Metáfase I, Aná-
fase I e Telófase I) e Meiose II (Prófase II, Metáfase II, Sais minerais Outros
322 Anáfase II e Telófase II). 1,0% 0,5%
Essa porcentagem pode variar entre diferentes As proteínas são compostos orgânicos de grande
espécies. Também existe variação entre os órgãos de importância para o bom funcionamento de um orga-
um organismo, variações no decorrer da idade, etc. nismo. Elas desempenham diversas funções, sendo:
estruturais, energéticas, enzimáticas, hormonais e de
defesa.
Se liga!
Os elementos químicos importantes para a FUNÇÃO EXEMPLOS
constituição dos organismos podem ser lem- Proteínas de membrana – membrana
brados através do termo “CHONPS”. Estrutural plasmática.
Diferenças na porcentagem de água em órgãos Actina e miosina – músculos
do corpo humano: cérebro 75%, sangue 81%, Queratina – cabelos e unhas
fígado 86%, músculos 75%, rins 83% etc. Colágeno - pele
Energética Fontes alimentares – 4kcal/g

Quanto à classificação, essas substâncias podem Enzimática Lipases – digerem lipídeos


ser orgânicas ou inorgânicas. Proteases – digerem proteínas
Hormonal Insulina - pâncreas
SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS Defesa Anticorpos

Água e sais minerais. Temos, então, as caracterís- São classificadas em quatro tipos, de acordo com a
ticas da água: configuração espacial apresentada.
z Solubilidade – é considerada “solvente universal”, Primária Sequência linear dos aminoácidos
pois consegue dissolver uma grande quantidade que compõem a proteína
de substâncias;
z Tensão superficial – alta coesão entre as moléculas; Secundária
Estrutura em α-hélice ou β-pregueada.
Ligação de hidrogênio. Exemplo: colágeno
z Participa de diversas reações químicas importan-
tes para os organismos;
z Atua no controle da temperatura corporal – é
Ligação de enxofre ou pontes dissulfeto.
capaz de absorver e de conservar calor. Terceária
Exemplo: mioglobina

Já os sais minerais são assim caracterizados:

z Desempenham várias funções em um organismo, União de proteínas em conformação


Quarternária
sendo responsáveis pela manutenção do funciona- terceária. Exemplo: hemoglobina humana.
mento adequado;
z São obtidos através da alimentação (o corpo não
As proteínas apresentam conformações (formatos)
produz);
z Atuam como reguladores enzimáticos em reações específicos para as funções que ela irá desempenhar.
químicas e também no equilíbrio osmótico do Se esse formato for alterado por algum motivo, ela
organismo. pode perder a capacidade de desempenhar sua fun-
ção. E, quais fatores poderiam causar essa perda de
SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS função?

Proteínas z Aumento da temperatura;


z Alterações de PH;
Compostos de extrema importância para o orga- z Salinidade.
nismo. Desempenham funções estruturais, energéti-
cas, enzimáticas, hormonais e de defesa. O aumento da temperatura pode resultar na des-
As proteínas são formadas por conjuntos de ami- naturação da proteína e, consequentemente, a perda
noácidos. Os aminoácidos são formados por reações de função. Algumas desnaturações são reversíveis
de condensação do tipo ligação peptídica que ocorrem (Exemplo: alisamento do cabelo por uso de chapinha
entre grupamentos amino e grupamentos carboxila, quente) e outras irreversíveis (Exemplo: clara do ovo
resultando na liberação de uma molécula de água. após cozimento).
Estruturalmente, são compostos por um átomo de
carbono central (carbono α), um átomo de hidrogênio, Carboidratos
um grupo amino, um grupo carboxila e um grupo R.
Conhecidos também como açúcares, glicídios ou hidra-
H O H H O H2O H O O
tos de carbono, eles são importantes para o metabolismo
energético e na formação de componentes estruturais.
BIOLOGIA

H3N+– Cα– C– O- + H–N+– Cα– C– O- H3N+– Cα– C – N – Cα– C– O-


Os carboidratos são considerados a principal
R1 H R2 R1 H R2 fonte de energia das células e são classificados em 3
grandes grupos: monossacarídeos, dissacarídeos e
polissacarídeos:
Ligação peptídica

Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/> Acesso em 11 nov. z Monossacarídeos: apenas uma molécula de car-
2020 boidrato. Exemplos: glicose, frutose e galactose. 323
z Dissacarídeos: duas moléculas de carboidrato uni- z Hidrossolúveis – solubilizam em água. Vitaminas:
das. Exemplos: maltose (glicose + glicose), sacarose C e Complexo B. O excesso é descartado na urina.
(glicose + frutose) e lactose (glicose + galactose). z Lipossolúveis – solubilizam em lipídeos. Vitami-
z Polissacarídeos: várias moléculas de carboidra- nas: A, D, E e K
to unidas. Exemplos: glicogênio, amido, quitina e
celulose. Deficiências Lipossolúveis: Vitamina A = ceguei-
ra noturna, Vitamina D = raquitismo, Vitamina E =
esterilidade, Vitamina K = deficiência na coagulação
sanguínea.
Se liga! Deficiências hidrossolúveis: Vitamina C = escor-
Carboidratos simples são facilmente absorvi- buto, Vitamina B1 = beribéri.
dos pelo organismo. Carboidratos complexos
Enzimas
precisam ser quebrados em moléculas simples
antes de serem absorvidos. Por este motivo, “Toda enzima é uma proteína, mas nem toda pro-
devemos dar preferência a monossacarídeos teína é uma enzima.”
quando queremos fornecer energia mais rapi- As enzimas são proteínas com capacidade de
damente ao organismo. aumentar a velocidade da reação, sendo classificadas
como catalisadores biológicos. Isso é possível porque
elas conseguem diminuir a energia de ativação neces-
Lipídeos sária para a realização do processo.
As enzimas são específicas para cada substrato,
Conhecidos também como gorduras. São insolú- funcionando no mecanismo chave-fechadura, ou seja,
veis em água. Participam do metabolismo energético se ligam apenas a substratos com um encaixe perfeito.
atuando como reserva energética, atuam na formação Além disso, temos as coenzimas (exemplo – vitaminas)
de componentes estruturais, têm função hormonal, que podem atuar no processo, mas apenas quando for
protegem contra variações de temperatura (isolante necessário.
térmico) e contra choques mecânicos.
Os lipídeos são classificados como: Substrato específico

z Glicerídeos: formado pela união entre ácidos gra-


Coenzima
xos e glicerol. Exemplo: triglicerídeo (3 moléculas
de ácido graxo).
z Fosfolipídios: atua na composição das membra-
nas celulares. É formado pela união de glicerídeo Enzima
com um fosfato.
z Carotenoides: são pigmentos com coloração ala-
ranjada presentes em células vegetais. As enzimas podem ser reutilizadas em diferentes
z Cera: composto responsável por evitar a perda reações, já que não ocorre gasto delas durante as rea-
de água por transpiração. Pode ser encontrado ções químicas. O melhor funcionamento das enzimas
em superfícies foliares, em ceras de abelhas ou de ocorre em uma temperatura ideal e um PH ótimo, e
ouvido humano e sobre a estrutura corporal de isso vai variar para cada enzima. É preciso saber o
alguns insetos. local e a forma de ação das enzimas para encontrar as
z Esteroides: como exemplo temos os hormônios melhores condições de funcionamento.
sexuais masculinos e femininos (testosterona,
estrogênio e progesterona) e o colesterol. PROCESSOS DE OBTENÇÃO DE ENERGIA NA
CÉLULA
Essa molécula de colesterol pode se associar a pro-
Metabolismo Energético
teínas presentes no sangue e formar lipoproteínas, as
famosas moléculas de HDL (colesterol bom) e de LDL
Reações químicas ocorrem o tempo todo em orga-
(colesterol ruim).
nismos vivos. Denominamos metabolismo energé-
tico o conjunto de reações que visam a obtenção de
Ácidos nucleicos energia.
Podemos dizer que os processos metabólicos con-
Formados pelo conjunto de nucleotídeos. Classi- sistem em sucessivas atividades anabólicas e catabó-
ficam-se em Ácido Desoxirribonucleico (DNA) e Áci- licas, como ganhos e gastos de energia. Mas o que isso
do Ribonucleico (RNA). Têm como função carregar a significa?
informação genética, bem como codificar e traduzir Significa que estamos formando e quebrando subs-
informações referentes à síntese de proteínas. tâncias o tempo todo. No anabolismo, as moléculas
são formadas (Reações de síntese) e no catabolismo,
Vitaminas elas são quebradas (Reações de degradação), libe-
rando produtos que podem ser utilizados em outras
Auxiliam na manutenção e no bom funciona- reações, inclusive anabólicas. Como exemplos temos
mento do organismo, sendo obtidas via alimentação. a fotossíntese e a respiração celular, respectivamente.
Atuam como coenzimas (catalisadores enzimáticos). Além disso, devemos lembrar que existem orga-
Não fornecem energia aos organismos. Quando em nismos capazes de produzir seu próprio alimento, os
falta, o indivíduo sofre por avitaminose e quando em autotróficos, e também organismos que não possuem
excesso, denominamos hipervitaminose. Encontram- essa habilidade, os heterotróficos. Sendo assim, preci-
-se divididas em dois grupos: as vitaminas hidrossolú- samos entender e descrever os mecanismos que cada
324 veis e as lipossolúveis. um deles utiliza para obter energia.
PRINCIPAIS VIAS METABÓLICAS z Respiração anaeróbica

Reações de Síntese Glicólise – é o processo de quebra da molécula de gli-


cose. Não precisa de O2 para acontecer, mas é uma fase
necessária para a ocorrência respiração celular aeróbica.
Síntese de compostos orgânicos a partir de inor-
Ocorre no citoplasma. Produz 2ATPs e ácido pirúvico.
gânicos, realizada apenas por organismos autotrófi-
cos. São ENDOTÉRMICAS – precisam de energia para
acontecer. 2
ATPs
z Fotossíntese

Energia luminosa é transformada em energia


química. Glicose Ácido Pirúvico
Reação:

2NAD+ 2NADH + 2H+


Clorofila
6CO2 + 6H2O C6H12O6 + 6O2
Luz z Respiração aeróbia: Nas mitocôndrias

Gás Carbônico + água = Glicose + Oxigênio


Matriz mitocondrial
Ribossomos DNA

As reações de fotossíntese ocorrem nas folhas das Espaço intermembrana


plantas, mais especificamente, nos cloroplastos de
células vegetais. Essas organelas apresentam estrutu-
ra dividida em estroma, onde ocorre a fase escura da
fotossíntese, e tilacóides, onde ocorre a fase clara.
A fotossíntese é realizada apenas na presença de Membrana externa
luz, por isso dizemos que ocorre de dia. Na fase clara,
Grânulos Membrana interna
a luz quebra a molécula de água e libera O2 dessa que-
bra, gerando ATP e NADPH2. Essa fase gera elétrons e
energia, que serão utilizados na fase escura, onde o
CO2 será recrutado para formar a molécula de glicose.
Disponível em: <https://enciclopediadebiologia.com/mitocondria/>
z Quimiossíntese Acesso em 11 nov.2020.Adaptado

Ocorre oxidação de substâncias químicas inorgâ- z Ciclo de Krebs ou Ciclo do Ácido Cítrico – ocorre
nicas para a produção de substâncias orgânicas. Não na matriz mitocondrial e produz 2 ATPs.
precisa de luz para acontecer. Processo realizado por z Cadeia Respiratória ou fosforilação oxidativa –
Archaeas e Bactérias quimiossintetizantes. ocorre nas cristas mitocondriais e produz 34 ATPs.
Única fase que tem consumo efetivo de O2.
„ Processo em duas etapas:
A soma e ATPs é de 38 ATPs!!!
Primeira etapa – o composto orgânico se une ao
O2, formando um composto inorgânico oxidado. Nessa Se liga!
reação, são liberados que serão utilizados na segunda
etapa. O gás cianeto age bloqueando a entrada de O2 e,
Segunda etapa – utiliza CO2, H2O e a energia trazi- consequentemente, impedindo a ocorrência da
da da primeira etapa em moléculas de ATP e NADPH2 cadeia respiratória, levando o indivíduo a morte
para formar composto orgânico e O2. por asfixia química.

Reações de Degradação
z Fermentação
Organismos heterotróficos degradam alimento
É um processo anaeróbico que ocorre para a for-
para a obtenção de energia e os autotróficos obtém
mação de ATP (2ATPs por reação). Processos anaeróbi-
energia por meio de substâncias produzidas por eles
cos são aqueles que ocorrem na ausência de O2.
mesmos, em reações de síntese.
São exotérmicas: liberam energia quando concluídas.

z Respiração celular 2 ATPs

Etanol + CO2 Fermentação


Processo realizado nas mitocôndrias de células Alcoólica
BIOLOGIA

eucariontes. É um processo aeróbio (ocorre na pre-


sença de O2), constituído por três etapas: glicólise,
ciclo de Krebs e cadeia respiratória. Glicose Ácido Pirúvico

2NAD+ 2NADH + 2H+


ATPs
Oxigênio + Glicose = Gás Carbônico + Água Ácido Láctico Fermentação
Láctica 325
O tipo de fermentação será definido de acordo com
o produto formado pelo ácido pirúvico. Se o produto BIOLOGIA MOLECULAR: DNA, RNA E
for etanol + gás carbônico, então, será uma fermen- PROTEÍNAS
tação alcoólica. É realizada, por exemplo, por leve-
duras, na produção de pães, bolos, combustível, etc.
NUCLEOTÍDEOS, REAPLICAÇÃO, TRANSCRIÇÃO E
Mas, se o ácido pirúvico formar ácido lático, então, a
TRADUÇÃO
fermentação será do tipo láctica. Organismos capazes
de realizar fermentação láctica: lactobacilos, vermes
A molécula de DNA (Ácido Desoxirribonucleico)
e protozoários. Além disso, os músculos esqueléticos
pode ser considerada a estrutura mais importante do
possuem essa capacidade, inclusive em humanos, uma
corpo humano. Nela é possível encontrar informa-
consequência disso são as famosas câimbras. Esse tipo
ções hereditárias únicas, utilizadas para a formação
de fermentação é muito utilizado na indústria alimen-
de cada ser. É resultado de informações com origem
tícia, para a produção de derivados do leite.
nos gametas masculino (espermatozoide) e femini-
O que faz o pão crescer ao fermentar é o CO2 libe-
no (óvulo). Sendo assim, essa molécula carrega 50%
rado durante a reação. O fungo (Saccharomyces cere-
de informação de origem paterna e 50% de origem
visiae) utiliza a glicose para produzir energia e libera
materna. Em células procariontes encontra-se disper-
CO2 como consequência.
sa no citoplasma, constituindo o nucleoide. Já em célu-
las eucariontes, é protegida pela carioteca, ocupando
REGULAÇÃO METABÓLICA
a região interna do núcleo (ilustração abaixo).
Célula procarionte:
Mecanismos de regulação metabólica

z Ativação e Inibição Alostérica: Aqui, as enzimas


trabalham em conjunto com efetores alostéricos, Mesossomo Nucleóide
ou seja, com moléculas regulatórias capazes de (DNA)
reduzir ou ampliar os efeitos das reações enzi- Citoplasma Flagelo
máticas, através de alterações nos sítios catalíticos.
z Modificação covalente de enzimas: Neste caso,
existe a participação de grupos fosfato. A regula-
ção enzimática ocorre através de processos de
fosforilação, os quais podem inibir ou estimular a
formação de determinado produto de uma reação
enzimática. Parede
z Alteração na quantidade de enzimas: Os proces- celular
Ribossomos
sos metabólicos que ocorrem em um organismo Cápsula
Plamídeo Fímbrias
dependem da velocidade de síntese e degra-
dação apresentadas pelas enzimas das reações.
Membrana
Assim, se alterarmos as quantidades de enzimas
plasmática
para um dos lados (de formação ou de quebra dos
produtos), haverá consequente alteração na velo-
cidade da reação.
Célula eucarionte:
METABOLISMO E REGULAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE
ENERGIA z Animal

Utilização de ATP pelos músculos e cérebros

Glicose, corpos cetônicos e ácidos graxos livres Lisossomos Ribossomos


Membrana plasmática
podem ser usados como fonte de energia para o mús- Aparelho
de Golgi Citoplasma
culo. A escolha da fonte energética dependerá do
nível de esforço realizado pelo órgão. Em repouso, o
tecido muscular utiliza corpos cetônicos dos hepató- Retículo
Endoplasmático
citos e ácidos graxos do tecido adiposo. Em atividade
Rugoso
moderada, o músculo utiliza glicose circulante na cor-
rente sanguínea. Já quando a atividade máxima, os Peroxissomo
músculos precisam de energia rápida, utilizando, por- Centríolo
tanto, o glicogênio (através da glicogênese = quebra do Núcleo
glicogênio). Ao fim do exercício de alta intensidade, o
organismo realiza processos para repor o glicogênio
de abastecimento no fígado e nos músculos.
Retículo
O cérebro utiliza apenas a glicose como fonte
Endoplasmático
de energia e, por possuir uma reserva de glicogênio
muito pequena, ele frequentemente precisa de glico-
se sanguínea. Porém, em casos excepcionais e emer-
genciais, como uma situação de jejum prolongado, o
cérebro pode utilizar corpos cetônicos originados em
ácidos graxos do fígado.
326
z Vegetal

Membrana plasmática Parede celular


Aparelho de Ribossomos Citoplasma
Golgi Vacúolo
Cloroplasto

Mitocôndria

Peroxissomo

Núcleo

Retículo
Endoplasmático

As ligações duplas são mais sensíveis ao aumen-


A unidade fundamental formadora da molécula to de temperatura do que as ligações triplas, poden-
de DNA é o nucleotídeo. Cada nucleotídeo é constituí- do ser desfeitas com maior facilidade. Portanto, uma
do por um açúcar (pentose), um grupamento fosfato molécula com maior quantidade de ligações entre A-T
e uma base nitrogenada. O conjunto de nucleotídeos é mais frágil do que uma molécula com maior quanti-
forma a fita de DNA, como mostra o esquema a seguir. dade de ligações entre C-G.
A molécula de DNA é estruturada em dupla hélice
e apresenta a capacidade de formar novas moléculas,
que podem ser de DNA ou de RNA (Ácido Ribonucleico).
A molécula de RNA também é formada por nucleo-
tídeos. Porém, as bases nitrogenadas que constituem o
RNA são adenina, uracila, citosina e guanina. Orga-
nizadas apenas em fita simples, nunca dupla.

Se liga!
Quando o nucleotídeo não possui grupamento
fosfato, apresentando apenas a base nitroge-
nada e a pentose, ele passa a ser chamado de
nucleosídeo.
Durante a formação do RNA adenina (A) é comple-
mentar a uracila (U) (não a timina como em casos de
As bases nitrogenadas são descritas como adeni- formação de DNA), e guanina (G) se mantém comple-
na, timina, citosina e guanina. Em fitas duplas de mentar a citosina (C).
DNA ocorre ligação entre as bases nitrogenadas dos Temos, então:
nucleotídeos de cada uma das fitas. A ligação química
é do tipo ponte de hidrogênio (ou ligação de hidrogê- DNA RNA
nio). Adenina (A) sempre se liga a timina (T) por dupla
ligação, e guanina (G) sempre se liga a citosina (C) por Tipo de fita Dupla ou simples Simples
BIOLOGIA

meio de tripla ligação, como pode ser observado na


Tipo de açúcar Desoxirribonucleico Ribonucleico
figura abaixo.
Tipos de bases
A, T, C e G A, U, C e G
nitrogenadas

327
Por meio de um processo denominado replica- O anticódon sempre traz uma sequência comple-
ção (ou duplicação) ocorre a formação de uma nova mentar a do códon. Por exemplo, se o códon é AUG
molécula de DNA (sempre no sentido 5`3` da fita). então o anticódon será UAC. O ribossomo conecta as
Esse processo é semiconservativo. É importante subunidades maior e menor dele, de forma a abraçar
que vocês entendam muito bem o que isso significa. a fita de RNAm e iniciar a leitura do RNAm assim que
Indo direto ao ponto: significa que metade da fita foi encontra um códon de iniciação (start codon), que é
mantida (fita molde ou fita antiga) e a outra metade sempre a metionina (códon=AUG). A leitura continua
é nova (fita recém sintetizada). Necessita de enzimas até o momento em que o ribossomo encontra uma
para ocorrer: helicase (quebra as ligações de hidrogê- sequência de terminação, esse códon é denominado
nio), DNA polimerase (produz DNA) e ligase (refaz as códon de parada (stop codon). As sequências repre-
ligações de hidrogênio). Para ilustrar o processo, olhe
sentativas dele podem ser observadas na imagem a
atentamente a figura a seguir:
seguir, ou seja, na tabela do código genético.

Já se o processo for a transcrição, a fita de DNA


formará moléculas de RNA mensageiro (RNAm) ao
invés de DNA.

Ao término da leitura:

z O RNAt se desliga, ficando livre no citoplasma;


z O ribossomo (RNAr) também se desliga, liberando
as subunidades maior e menor até que encontrem
outra metionina;
z A proteína formada é liberada.

A figura abaixo traz um resumo dos processos de


replicação, transcrição e tradução que ocorrem nas
células.

Repare que o processo é bem similar ao da replica-


ção, embora a enzima formadora de RNA seja a RNA
polimerase (não a DNA polimerase, que forma DNA)
e, considerando que RNA nunca é dupla fita, também
não ocorre a ação da ligase (enzima que refaz as liga-
ções de hidrogênio entre as fitas). Caso ainda reste
Esses processos apresentam algumas diferenças
dúvidas sobre a diferença entre os dois processos, é
em células eucariontes e procariontes:
interessante comparar as figuras dos processos de
replicação e de transcrição.
Esse RNAm que foi produzido carrega os códons. Células eucariontes
A informação contida nele é lida (traduzida) durante
um processo denominado tradução. Nesta etapa são A replicação ocorre no núcleo da célula. A transcri-
necessárias também moléculas de RNA transportador ção também ocorre no núcleo.
(RNAt), que carregam os chamados anticódons; e dos O RNAm consegue passar pelos poros da carioteca
ribossomos que possuem RNA ribossômico (RNAr). A e chegar ao citoplasma, onde ocorre a tradução.
leitura tem como resultado a formação de aminoáci- Atenção para os éxons e íntrons: éxons são partes
dos. Os conjuntos de aminoácidos formam as proteínas. do RNAm transcritas e traduzidas, enquanto que os
íntrons são partes transcritas que não são traduzidas.
Dessa forma, a proteína formada irá conter apenas as
informações dos éxons. Essa informação é importan-
te para células eucariontes. Células procariontes tem
328 todo o RNAm lido, sendo raro encontrar íntrons nelas.
Células procariontes Característica Recessiva

Lembre-se que as células procariontes não pos- É aquela que se expressa em indivíduos com alelos
suem núcleo separando o DNA do citoplasma. Na em homozigose, mas não em heterozigose.
ausência de membrana nuclear (carioteca), os RNAm Exemplos: aa, vv, bb, e etc.
formados podem ser lidos pelos ribossomos a qual-
quer momento, sem que haja um controle do proces-
so, diferente do que ocorre nas células eucariontes, Se liga!
como visto anteriormente. Fenótipo = Genótipo + Ambiente
Aqui, os processos ocorrem de forma simultânea
e não linear, ou seja, replicação, transcrição e tra-
dução ocorrem ao mesmo tempo e o tempo todo. É ÁRVORE GENEALÓGICA / HEREDOGRAMA
fundamental ter essa diferença entre os processos
moleculares que ocorrem em células procariontes e Heredograma é a representação gráfica do paren-
eucariontes sempre em mente, pois isso facilitará o tesco entre indivíduos de uma família, juntamente
entendimento de outras matérias dentro da biologia. com informações sobre nascimentos, doenças, fale-
cimentos, uniões, etc. Não há como estudar genética
sem o domínio e o conhecimento prévio deste assunto.

Sexo masculino
GENÉTICA Sexo feminino
Irmãos

Genética é a área da Biologia que estuda a heredi- Sexo indefinido ou Portador heterozigoto
tariedade, ou seja, atransmissão de características de ou Afetado
pais para filhos ao longo das gerações. ou Falecido

União
CONCEITOS IMPORTANTES Gêmeos univitelinos
União consanguínea
Genótipo Gêmeos bivitelinos
Casal com filha

Características genéticas do organismo, mostra os


tipos de alelo que o organismo possui. É representado
por letras. GREGOR MENDEL
Exemplos: VV, Aa, bb, etc.
Gregor Johann Mendel (1822-1884), mais conheci-
do como o “Pai da genética”, foi o responsável pelos
Fenótipo
famosos cruzamentos em ervilhas. Sim, aqueles cru-
zamentos que sempre ouvimos falar ao estudar gené-
Características físicas, fisiológicas e comportamen-
tica. Ele tinha como objetivo entender os princípios da
tais do organismo. herança, ou seja, a hereditariedade.
Exemplos: cor do cabelo, textura de uma semente, A escolha pelas ervilhas (espécie Pisum sativum)
tamanho do pé, agressividade, e etc. como material de estudo foi devido a facilidade de cul-
tivo, praticidade em procedimentos com polinização
Alelo controlada e a grande variedade de traços contrastan-
tes encontrada nessas plantas.
São as diferentes formas de representar as carac- Em seus testes ele utilizava plantas que nomeou
terísticas de um mesmo gene. Ocupam mesmo lócus como puras ou híbridas. As linhagens puras eram
gênico (posição em um cromossomo). resultado de sucessivos cruzamentos por autofecun-
Exemplos: Gene A, seus alelos podem ser A ou a. dação (com seleção das características de interesse) e
as híbridas eram resultado do cruzamento entre duas
Homozigoto (ou puros) linhagens puras. Após anos de estudo ele postulou as
Leis de Mendel.
Apresenta alelos iguais. É representado por letras
idênticas. LEIS DE MENDEL
Exemplos: AA, vv, BB.
Primeira Lei de Mendel ou Lei da segregação dos
fatores
Heterozigoto (ou híbridos)
As características de um indivíduo são determina-
Apresenta alelos diferentes. É representado por
das por um par de fatores que se separam na forma-
letras iguais, mas não idênticas, afinal uma deverá ser
ção dos gametas. P = geração parental / F1= geração
maiúscula e outra minúscula.
BIOLOGIA

híbrida resultante do cruzamento entre 2 parentais e


Exemplos: Aa, Vv, Bb. F2 = geração resultante da autofecundação do híbrido.
Mendel cruzou ervilhas com determinada caracte-
Característica Dominante rística até ter certeza de que eram linhagens puras.
Depois, ele cruzou as linhagens puras obtidas (cruza-
É aquela que se expressa em indivíduos com alelos mento da geração parental). Obteve o híbrido (gera-
em homozigose e também em heterozigose. ção F1). Realizou autofecundação do híbrido e obteve
Exemplo: AA e Aa; VV e Vv; BB e Bb, etc. a geração F2, encontrando as seguintes proporções: 329
z Proporção genotípica: 1(AA) : 2 (Aa) : 1 (aa) PROBABILIDADE GENÉTICA
z Proporção fenotípica: 3 (amarelas) : 1 (verde)
Regra do “E” e do “OU”.
Linhagem pura Linhagem pura Quando queremos analisar a probabilidade de
duas características ocorrerem simultaneamente
fazemos referência a regra do E = multiplicamos
vv vv os resultados parciais para obter o resultado final.
VV VV
Exemplo: Qual a chance da criança ser albina E o
sexo feminino? Devemos calcular a probabilidade
VV vv para cada situação e multiplicá-las depois.
100% 100% Quando queremos analisar a probabilidade de
ocorrer apenas uma coisa ou outra fazemos referên-
cia a regra do OU = somamos os resultados parciais
P: vv para obter o resultado final (é importante lembrar
VV do mínimo múltiplo comum, lá da matemática para
F1: resolver). Exemplo: Qual a chance da criança nascer
Vv albina OU do sexo feminino? Devemos calcular a pro-
F2: babilidade para cada situação e somá-las depois.
VV Vv Vv vv
75% 25% INTERAÇÃO ENTRE GENES ALELOS

Ervilhas amarelas (V_) Dominância Incompleta

Ervilhas verdes (vv) Ocorre quando o genótipo híbrido (heterozigoto)


expressa uma característica intermediária, aquela
Segunda Lei de Mendel ou Lei da segregação expressa pelos genótipos puros (homozigotos domi-
independente dos fatores nante e recessivo). Considerando as informações con-
tidas na figura abaixo, temos que o genótipo híbrido é
Os fatores que determinam as características de um
o VB e os puros são VV e BB. Exemplo: flores boca de
indivíduo se separam de forma independente durante
a formação dos gametas e se combinam ao acaso. Para leão ou flores maravilha.
o desenvolvimento e a comprovação dessa Lei, Mendel
investigou duas ou mais características por vez. z Proporção genotípica: 1(VV) : 2 (VB) : 1 (BB)
Exemplo: Ervilhas amarelas e lisas vs Ervilhas ver- z Proporção fenotípica: 1 (vermelha) : 2 (rosas) :1
des e rugosas. (branca)
Mendel obteve linhagens puras de ervilhas ama-
relas lisas e também de ervilhas verdes rugosas. Fez o
cruzamento delas e conseguiu a geração F1. Por auto-
fecundação da F1, surgiram as ervilhas da geração F2, P:
encontrado a proporção fenotípica:
vv
BB
z Proporção fenotípica: Vermelha (VV)
F1:
9 (amarelas e lisas) : 3 (amarelas e rugosas) : 3 Branca (BB) VB
(verdes e lisas) : 1 (verde e rugosa)
Rosa (VB)
Linhagem pura Linhagem pura
F2:
vv VB VB BB
VVRR VVRR vvrr vvrr

VVRR vvrr z Codominância


100% 100%
Grupos sanguíneos: sistema ABO
P:
VVRR VVRR A definição do grupo sanguíneo de um indiví-
duo depende do aglutinogênio (glicoproteína) que
F1: se encontra ligado a superfície de suas hemácias, e
VvRr
pode ser de quatro tipos: A, B, AB ou O. No caso de
F2: não haver proteínas ligadas, o indivíduo é classificado
V_R_ V_rr vvR_ vvrr como O (ou zero).
9 3 3 1

Ervilhas amarelas e lisas (V_R_)

Ervilhas verdes rugosas (VVrr)


330
FENÓTIPO A B AB O
Característica 1
I I
a a
I I
b b

GENÓTIPO ou ou Ia Ib ii
Iai Ibi Gene A Característica 2
AGLUTINOGÊNIO
A B AeB ---
(NAS HEMÁCIAS)
AGLUTININA Anti-A Característica 3
Anti-B Anti-A ---
(NO PLASMA) e Anti-B
A, B, AB Exemplos: na espécie humana, temos a fenilceto-
Be eO
DOA PARA: A e AB A, B e AB núria e a anemia falciforme.
AB “Doador
Universal”
A, B, AB z Alelos Múltiplos ou Polialelia
eO
RECEBE DE: AeO BeO O
“Receptor Dizemos que é um caso de polialelia quando mais
Universal” de um genótipo gera a mesma expressão fenotípica.
Exemplo: pelagem de coelhos.
Se o sangue aglutina significa que ele tem aque-
Possíveis fenótipos: Selvagem, chinchila, himalaia
la proteína. Por exemplo, adicionamos um pouco de
e albino.
aglutinina Anti-A em uma amostra de sangue e esse
sangue aglutinou, significa que ele tinha a proteína A
reagindo a essa aglutinina. Selvagem/aguti chinchila Himalaia Albino
(Castanho) (Cinza) (Branco com (Branco)
Extremidades
Fator Rh
escuras)

Em 1940 foi descoberta uma proteína presente no C_ > C _


Ch
> Ch_ > Ca Ca
sangue de macacos do gênero “Rhesus”. Essa proteína
estimulava a produção de anticorpos anti-Rh quando
em contato com o sangue de outros animais. Assim, a POSSÍVEL GENÓTIPOS
população foi classificada em Rh+ e Rh-, ou seja, que o
fator Rh está presente ou ausente no sangue do indi- C_ ⟶ CC; CCCh; CCh; CCa
víduo. Por exemplo, quando dizemos “meu sangue é ⟶CChCCh; CChCCh; CChCa
CCh_
A+”, estamos informando que temos proteína “A” e ⟶ChCh; ChCa
Ch_
fator Rh na superfície de nossas hemácias.
Ca Ca ⟶CaCa
Eritroblastose fetal (ou Doença Hemolítica do
Recém Nascido) ocorre apenas em casos de mãe Rh-
e bebê Rh+. Afinal, a mãe ataca o que é estranho ao Para pelagem selvagem é necessário pelo menos 1
corpo dela – o fator Rh presente no bebê. Lembre-se, “C” no genótipo. Chinchila, mínimo de 1 “CCh”. Hima-
também, que no 1º filho isso pode não representar um laia, mínimo de 1 “Ch”. Albino, é necessário “Ca“ em
grande problema, mas se for o 2° filho, a mãe (que já dose dupla.
foi sensibilizada na 1° gestação) produzirá anticorpos
Anti-Rh que poderão atacar o bebê. CARIÓTIPO E DETERMINAÇÃO DO SEXO

Sistema MN Cariótipo é o nome dado ao conjunto cromos-


sômico característico de uma espécie. Exemplo:
É uma herança codominante representada por
Abaixo temos duas imagens de cariótipo, ambas da
indivíduos MM, MN, NN na população. As letras
espécie humana (46 cromossomos = 23 pares de cro-
representam proteínas presentes na superfície das
hemácias. mossomos). Cada par possui um cromossomo de ori-
gem paterna e outro de origem materna. Além disso,
z Genes Letais devemos observar que o cariótipo masculino apresen-
ta XY como último par de cromossomos (X que veio
Ocorre quando o descendente apresenta uma com- da mãe e Y que veio do pai) e que o cariótipo femi-
binação de alelos que é letal em alguma fase do desen- nino apresenta XX (um que veio do pai e outro que
volvimento embrionário ou que leva a morte logo veio da mãe). Os outros 22 pares de cromossomos
após o nascimento. A letalidade é associada a alelos são semelhantes em ambos os sexos e denominados
em homozigose (normalmente casos de genótipo AA). autossomos.
Neste caso, a proporção fenotípica da prole será
Considerando que mulheres são sempre XX, um
sempre 2:1, pois o AA não é considerado, visto que
BIOLOGIA

cromossomo X obrigatoriamente vem da mãe (pois


nem chega a nascer.
ela só tem X para doar), através do ovócito II. Já no
z Pleiotropia caso dos homens, que são XY, pode ocorrer a doa-
ção do cromossomo X ou do Y para os filhos. Por isso
Dizemos que ocorre um caso de Pleiotropia, quan- dizemos que quem define o sexo do bebê é o homem,
do um gene é responsável pela expressão de mais de afinal, tudo depende apenas do cromossomo que o
uma característica no organismo afetado. espermatozoide está carregando. 331
Exemplo: Gene SRY (responsável pelo desenvolvi-
mento genital masculino).
Algumas provas podem considerar a hipertricose
auricular (presença de pelos nas orelhas), mas atual-
1 2 3 4 5 mente essa herança não é mais classificada como res-
trita ao Y.

6 7 8 9 10 11 12 Herança influenciada pelo sexo

São heranças que afetam os sexos de maneira dife-


rencial, não sendo transmitidas para as gerações atra-
13 14 15 16 17 18 vés do cromossomo X ou Y.
Exemplo: calvice, afeta homens em padrão domi-
nante (CC e Cc = homens calvos; cc= homens normais
XY para a calvice) e mulheres em padrão recessivo (CC e Cc
19 20 21 22
= mulheres normais para a calvice; cc= mulheres calvas).

MUTAÇÕES GENÉTICAS
Sexo masculino
Mutação genética é definida como alteração que ocor-
re no material genético do indivíduo. Em muitos casos
essa alteração resulta no desenvolvimento de síndromes.

3 4 5 z Gênicas: alterações nos genes. Elas podem ocor-


1 2
rer por meio de substituição, adição ou deleção de
bases nitrogenadas.

6 7 8 9 10 11 12
Se liga!
A adição e a deleção de bases nitrogenadas
13 14 15 16 17 18 resultam em alteração não apenas de um ami-
noácido mas de toda a sequência proteica pos-
terior a esse evento. Já a substituição pode ou
19 20 21 22 XX não levar a alteração da proteína. Às vezes a
substituição de uma base resulta em um mes-
mo aminoácido.
Sexo feminino Logo, processos de adição e de deleção são
mais prejudiciais do que processos de substi-
Disponível em: https://www.genome.gov/es/genetics-glossary/
Cariótipo. Acesso em 24 out. 2020. (Adaptada)
tuição de bases nitrogenadas no gene.

HERANÇA SEXUAL z Monogênicas (ou Mendelianas) – ocorrem em


um único par de genes.
Herança ligada ao sexo (cromossomos X) Exemplos:
Fenilcetonúria (defeito ou ausência da enzima
São heranças transmitidas para outras gerações fenilalanina hidroxilase) – herança autossômica
via cromossomo X. Afetam mais homens do que recessiva.
mulheres. Homens com apenas um “cromossomo X Acondroplasia (mutação no gene para FGFR3,
portador” são afetados, enquanto que mulheres preci- receptor do Fator de Crescimento Fibroblástico 3)
sam do “cromossomo X portador” em dose dupla para – herança autossômica dominante.
desenvolver a doença. Caso o “cromossomo X porta- Distrofia Muscular de Duchenne (mutações no gene
dor” esteja em dose simples, as mulheres são conside- para a distrofina) – herança recessiva Ligada ao X.
radas portadoras, mas não afetadas. z Cromossômicas – alterações na estrutura ou no
Exemplos: Síndrome de Duchenne, dastonismo, número de cromossomos.
hemofilia. Estruturais: inserção, deleção, duplicação, inver-
são e translocação.
Exemplo: Cru du Chat ou Síndrome do miado de gato.
HEMOFILIA HOMENS MULHERES Deleção – perda de um pedaço do cromossomo 5.
Numéricas: euploidias e aneuploidias.
Fenótipo normal X Y H
XHXH
Fenótipo normal --- XHXh „ Euploidias: envolvem todo o conjunto cromos-
portador sômico (genoma) e podem ser haploidias (“n”),
Fenótipo afeta- XhY XhXh diploidias (“2n”), triploidias (“3n”), poliploidias
do: Hemofílico (“4n” ou mais).
Exemplo: um indivíduo normal da espécie
humana é diploide e tem 2n = 46 cromosso-
Herança restrita ao Y ou holândrica mos, o que significa que tem 23 pares de cro-
mossomos. O zangão é haploide, ou seja, possui
São heranças transmitidas para outras gerações apenas cromossomos que recebeu da mãe. Na
via cromossomo Y. Afetam apenas homens, visto que banana, temos um exemplo de triploidia e, nas
332 mulheres não possuem cromossomo Y. orquídeas, um de poliploidia.
„ Aneuploidias: envolvem apenas um tipo de NEOPLASIAS E A INFLUÊNCIA DE FATORES
cromossomo do genoma. AMBIENTAIS
Nulissomia (2n-2). O indivíduo perde 2 cro-
mossomos de um dos pares. Em humanos seria Para falar deste tema vamos primeiro definir o que
equivalente a 46-2 cromossomos, ou seja, um é uma neoplasia. Neoplasia é o crescimento anormal
indivíduo com 44 cromossomos. do número de células de um tecido, isso pode resultar
Monossomia (2n-1). O indivíduo perde 1 cro- em consequências para o organismo. Elas são classifi-
mossomo de um dos pares. Em humanos seria cadas em benignas e malignas. As neoplasias benignas
equivalente a 46-1 cromossomos, ou seja, um são também conhecidas como tumores benignos, pos-
indivíduo com 45 cromossomos. Exemplo: Sín- suem crescimento lento e não apresentam habilidades
drome de Turner 45, X0. para invadir tecidos vizinhos, portanto não provocam
Trissomia (2n+1). O indivíduo ganha 1 cromos- metástases. Já as neoplasias malignas, fazem referên-
somo em um dos pares. Em humanos seria
cia aos tumores malignos ou ao câncer, apresentam
equivalente a 46+1 cromossomos, ou seja,
células com capacidade de rápido crescimento, de
um indivíduo com 47 cromossomos. Exem-
invadir tecidos vizinhos e de provoca metástases.
plo: Síndrome de Klinefelter 47, XXY (ape-
nas em homens), Síndrome da super fêmea
47, XXX (apenas em mulheres). Síndrome de
Patau, onde o indivíduo tem um cromossomo Se liga!
13 a mais (independe do sexo). Síndrome de Metástase é o nome dado ao processo em que
Down, onde o indivíduo tem um cromossomo o tumor se espalha pelo organismo. Ocorre ape-
21 a mais (independe do sexo). Síndrome de
nas em casos de tumor maligno.
Edwards, onde o indivíduo tem um cromosso-
mo 18 a mais (independe do sexo).
Polissomia (2n+2, ou mais). Em humanos seria Alguns indivíduos desenvolvem doenças genéticas
equivalente a 46+2 cromossomos, ou seja, um herdadas. Outros, herdam apenas a predisposição ao
indivíduo com 48 cromossomos. desenvolvimento de determinada doença. Nesse caso,
o gene associado à doença pode se manter inativo por
z Multifatoriais – são causadas pela combinação de toda a vida ou ser ativado, dependendo do modo de
múltiplos fatores ambientais que levam a muta- vida e da exposição a fatores externos. O câncer é um
ções em mais de um gene. É hereditária e normal-
bom exemplo, pois é consequência de modificações
mente envolve diferentes cromossomos.
genéticas adquiridas por ação de fatores externos,
Exemplos: Diabetes mellitus, hipertensão arterial,
afetando células somáticas do organismo, não sendo
câncer, dentre outras.
passado entre gerações.
E quais seriam esses fatores externos? Bem, pode-
ACONSELHAMENTO GENÉTICO
mos citar a fumaça de cigarro, o consumo de álcool
e a não utilização do filtro solar. Ademais indivíduos
Dentro da ampla área de estudos em genética é
sedentários e/ou com uma alimentação inadequada
possível prever as chances de um casal ter um filho
também têm maiores chances de aumento da proli-
com determinadas características. Podemos avaliar a
feração celular e, consequentemente, das chances de
probabilidade desse filho ter olhos de uma cor especí-
fica, dele apresentar determinado tipo sanguíneo, ou mutação em células somáticas e desenvolvimento de
até mesmo de apresentar uma anomalia genética. neoplasias.
Quando falamos de aconselhamento genético,
fazemos referência a aplicações desses estudos genéti-
cos na vida humana, através da atuação de uma equi-
pe especializada em genética médica. Durante uma ORIGEM DA VIDA
consulta, é realizada uma análise prévia das chances
de um casal gerar um filho com alguma doença gené- Existem diversas teorias que foram criadas com
tica, alguma patologia específica ou com algum tipo a intenção de explicar a origem da vida. Até hoje
de má-formação. Geralmente, esse tipo de consulta nenhuma delas foi comprovada, apesar disso, algu-
é indicado para casais que apresentam: histórico de mas são mais aceitas. Neste material estudaremos as
câncer ou de doenças degenerativas em parentes pró-
principais teorias. Prontos?
ximos - ou em filhos já existentes, consanguinidade
(parentesco próximo do casal, podendo ser primos,
HIPÓTESES SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO, DA
por exemplo), infertilidade, casais com idade avança-
da, dentre outros. TERRA E DOS SERES VIVOS
Os procedimentos ocorrem nas seguintes etapas:
z Criacionismo: hipótese da criação divina, ou seja,
z Perguntas são feitas ao casal com o objetivo de Deus criou todos os seres vivos, exatamente da for-
conhecer melhor o histórico familiar de cada um. ma que conhecemos.
Assim, é possível analisar se existem riscos reais z Panspermia: acredita que a vida surgiu em algum
BIOLOGIA

de uma alteração genética ou hereditária ocorrer. lugar do espaço e que os seres vivos chegaram à
z O casal é submetido a alguns exames físicos. Terra transportados por rochas que colidiram com
z São realizados exames de cariótipo. o planeta.
z O casal recebe o diagnóstico do caso e são realizadas z Oparin-Haldane: propuseram que a atmosfera
conversas de esclarecimento sobre o que pode ocorrer primitiva continha compostos (amônia, hidrogê-
e as possíveis formas de prevenção (quando houver). nio, metano e vapor d’água) que deram origem a
z O casal recebe acompanhamento psicológico para moléculas simples, por ação de raios e da radiação
lidar com situações complicadas. ultravioleta. As moléculas orgânicas (aminoácidos) 333
ficavam nos oceanos primitivos formando o que ocorriam variações entre os indivíduos das popu-
foi denominado “sopa primitiva”. Sob condições lações. Então, no início do século XIX, sugeriu duas
favoráveis, os aminoácidos formaram compostos teorias para explicar como surgiam as variações em
semelhantes às proteínas. A união dessas “proteí- todos os seres vivos. Primeiro criou a Lei do uso e
nas primitivas” originou os coacervados (conjun- desuso e em seguida a Lei da transmissão dos caracte-
tos de proteínas rodeadas por água). Essa é a teoria res adquiridos.
mais aceita atualmente.
z Miller-Urey: eles criaram um experimento que z Lei do uso e desuso: Quanto maior o uso de deter-
possibilitou simular as condições de origem da minado órgão mais esse órgão irá se desenvolver.
vida, em atmosfera primitiva, descrita por Opa- E, quanto menor o uso mais ele irá atrofiar, poden-
rin-Haldane.Com isso, eles conseguiram produzir do até desaparecer com o passar do tempo.
aminoácidos e outras moléculas orgânicas. Con- z Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: As
cluíram que moléculas orgânicas podem ser gera- características adquiridas pelos indivíduos (duran-
das espontaneamente em condições equivalentes te a vida) são passadas aos seus descendentes.
às da Terra primitiva. Vamos aos exemplos:
z Hipótese heterotrófica: os primeiros seres vivos
eram incapazes de produzir seu próprio alimento, Exemplo 1: Podemos pensar no caso das cobras.
obtendo-o por processos de fermentação e utiliza- Informações em registros fósseis mostram que seus
ancestrais tinham patas. Porém, sabemos que as
ção de moléculas orgânicas simples presentes no
cobras atuais não têm. Sendo assim, como explicar
ambiente.
este fato?
z Hipótese autotrófica: os primeiros seres vivos
Lamarck explicaria da seguinte forma: As cobras
eram capazes de produzir seu próprio alimento e não utilizavam as patas porque rastejavam para se
faziam isso através de processos de quimiossínte- locomover. Como consequência, as patas foram atro-
se, utilizando energia presente em moléculas inor- fiando até que desapareceram. E essa característica foi
gânicas para formar moléculas orgânicas. passada para os filhotes, que já nasceram sem patas.
Exemplo 2: O pescoço longo das girafas. Lamarck
explicaria que havendo escassez de alimento no solo
a girava precisaria esticar seu pescoço, na tentativa de
EVOLUÇÃO alcançar o alimento do topo das árvores. Quanto mais
esticavam o pescoço mais o membro se desenvolvia.
Essa característica foi passada aos descendentes e é o
Evolução é a área da biologia que estuda as trans- motivo de conhecermos somente girafas de pescoço
formações que ocorrem nos seres vivos ao longo do longo nos dias atuais.
tempo. Essas transformações podem, inclusive, levar De forma geral, Lamarck considerava que o
à formação de novas espécies. Vale ressaltar que, no ambiente seria o responsável por provocar as mudan-
contexto evolutivo, os organismos surgem a partir de ças nos seres vivos. O ambiente muda, o organismo
um ancestral comum. Esse ancestral sofre sucessivas também muda.
modificações, as quais são herdadas pelos seus des-
cendentes ao longo das gerações. Darwinismo

CENÁRIO PRÉ EVOLUCIONISTA Charles Robert Darwin (1809-1882) teve suas


teorias fundamentadas em observações realizadas
Até meados do século XVIII, as crenças populacio- durante a viagem no HMS Beagle. Ele utilizou as teo-
nais, associadas à ocorrência de uma ampla varie- rias de Lamarck como base para elaborar possíveis
dade de organismos, consistiam basicamente no explicações sobre o processo evolutivo. E, após muitos
Criacionismo, ou seja, que Deus criou todos os seres estudos, considerou que todos os seres vivos têm ori-
exatamente como são. Além disso, esses seres eram gem em um mesmo ancestral comum, o qual sofreu
sucessivas modificações, resultando no surgimento
considerados imutáveis (sem modificações), algo que
das mais variadas espécies existentes.
ficou conhecido como Fixismo. Porém, essas cren-
ças se enfraqueceram com o surgimento das teorias
z Seleção natural: O ambiente seleciona os orga-
evolucionistas. nismos promovendo uma luta pela sobrevivência.
Aqueles que apresentam características mais favo-
TEORIAS DA EVOLUÇÃO ráveis ao ambiente sobrevivem e se reproduzem,
passando as características aos descendentes.
O pensamento evolucionista (ou “Transformis- z Adaptação: Os organismos mais adaptados têm
mo”) surgiu como uma tentativa de explicar as varia- chances de sobrevivência superiores aos menos
ções encontradas entre os seres vivos e a forma que adaptados e, por isso, resultam em um maior
as características de um indivíduo são passadas aos número de descendentes.
seus descendentes. Existem três teorias que você deve
estudar em evolução: Lamarckismo, Darwinismo e
Neodarwinismo. Se liga!
Mimetismo, camuflagem e coloração de avi-
Lamarckismo so são exemplos de adaptações por seleção
natural.
O primeiro a desenvolver uma teoria em evolu-
ção biológica foi Jean Baptiste Lamarck (1744-1829).
Ele também acreditava na imutabilidade das espé- Então, como Darwin explicaria os exemplos cita-
334 cies, mas, ao trabalhar com moluscos, percebeu que dos anteriormente?
Exemplo 1: Caso das cobras. Informações em re- Se no exercício fizer referência à alterações genéti-
gistros fósseis mostram que seus ancestrais tinham cas as explicações serão associadas ao neodarwinismo.
patas. Porém, sabemos que as cobras atuais não têm. Mutação, migração e deriva gênica são fatores
Sendo assim, como explicar este fato? associados à variabilidade genética.
Darwin explicaria da seguinte forma: Todas as
cobras tinham patas. Até que começaram a nascer al- PROVAS DA EVOLUÇÃO
gumas cobras sem patas. Aquelas que não tinham pa-
tas foram favorecidas ao fugir de predadores pois ras- Você sabia que existem provas de que essas trans-
tejavam mais rápido e conseguiam se esconder mais formações ocorreram? Essas provas evolutivas são
facilmente. As cobras com patas foram morrendo, en- conhecidas como evidências da evolução biológica
quanto que as que não tinham patas se reproduziam e nos permitem relacionar os organismos ao nível de
cada vez mais, de forma a passar essa característica parentesco. Dentre as principais temos:
aos seus descendentes. Hoje, existem apenas cobras
sem patas. � Fósseis: São vestígios de seres vivos preservados
Exemplo 2: O pescoço longo das girafas. Darwin em algum material (rochas, gelo, lava vulcânica
explicaria que existiam girafas de pescoço longo e de etc). Ex.: pegadas em rochas, dentes, ossos, fezes
pescoço curto. Em um dado momento houve escassez petrificadas, restos de organismos que foram con-
de alimento na parte baixa da vegetação e as girafas servados em materiais.
precisavam alcançar o alimento do topo das árvores.
z Órgãos vestigiais: Estruturas atrofiadas que pare-
Girafas de pescoço longo alcançavam o alimento mas
cem não ter função, mas que em outros organismos
as de pescoço curto não conseguiam. Dessa forma,
apresentam alguma função. Ex.: apêndice humano,
girafas de pescoço curto morreram e as de pescoço
dente do siso, ossos na bacia de cobras (associados
longo sobreviveram e se reproduziram passando essa
a função de patas nos ancestrais), cóccix humano
característica aos descendentes. Por isso conhecemos
(indicam presença de cauda nos antepassados).
somente girafas de pescoço longo nos dias atuais.
z Órgãos homólogos e análogos: Órgãos homólo-
Darwin considera que o ambiente seleciona natural-
gos possuem mesma origem embrionária podendo
mente os organismos mais adaptados e que estes irão se
ou não apresentar uma mesma função, indican-
reproduzir mais gerando maior número de descendentes. do que os indivíduos possuem um ancestral em
comum neste caso. Ex.: dente humano e barbatana
z “Organismos mais adaptados” não significa o mes- do tubarão. Apresentam a mesma constituição.
mo que “organismos mais fortes”. Os mais fortes Órgãos análogos possuem mesma função, mas
podem até ser os mais adaptados também, mas são indicam informações sobre a ancestralidade. Ex.:
coisas diferentes. O mais adaptado é aquele que asas de morcego, nadadeiras de peixes e pernas
tem características mais favoráveis para o ambien- humanas. Todos servem para a locomoção.
te em questão. z Embriologia comparada: Muitos vertebra-
z Além disso, guarde também que pode se encontrar dos apresentam desenvolvimento embrionário
o nome Alfred Russel Wallace (1823-1913) relacio- similar, ou seja, embriões muito parecidos. Ex.:
nado às teorias da evolução. Ele também era um homem, galinha, tartaruga.
naturalista e tinha interesse em entender os pro- z Convergência e irradiação adaptativa: Na con-
cessos de transformação dos seres vivos. Chegou às vergência adaptativa diferentes ancestrais for-
mesmas conclusões que Darwin. Porém, Darwin foi mam indivíduos com características semelhantes
o primeiro a desenvolver a teoria da evolução por (anatomia, fisiologia) como consequência de uma
seleção natural e, merecidamente, acabou ficando mesma seleção natural.
com o mérito pelo trabalho. De certa forma, Walla-
ce pode ser considerado coautor da teoria, referida Na irradiação adaptativa a ancestralidade é
como Darwin/Wallace por alguns estudiosos. comum e os indivíduos tentam colonizar diferen-
tes regiões. Como consequência eles sofrem seleções
Neodarwinismo (Teoria sintética da evolução) naturais distintas. Isso resulta em indivíduos com
características anatômicas e fisiológicas diferentes.
Convergência adaptativa está relacionada à órgãos
Quando o assunto faz referência ao Neodarwinis-
análogos (órgãos com função e/ou anatomia semelhan-
mo nós encontramos, por exemplo, os termos gene,
tes). Na irradiação adaptativa a estrutura do órgão é seme-
mutação genética e permutação. Esses conceitos só
lhante e associamos esse processo aos órgãos homólogos.
começaram a ser utilizados após um aprofundamen-
to da teoria e atualizações em genética. Sendo assim,
z Evidências bioquímicas: Análises de proteínas e DNA
essa teoria consiste na junção do Darwinismo com as mostram parentesco entre os seres vivos no passado.
comprovações genéticas e da hereditariedade (Gregor Ex.: 20 tipos de aminoácidos reconhecidos por todos os
Mendel + Genética Moderna). organismos, análises associadas ao citocromo c.
Vamos lembrar rapidamente o que significa cada
um desses termos? ESPECIAÇÃO
BIOLOGIA

z Genes (molécula de DNA): São fragmentos de É de grande importância saber que o processo
DNA que carregam informações que possibilitam de transformação das espécies pode ocorrer de duas
a produção de proteínas importantes. formas: anagênese ou cladogênese. Na anagênese as
z Mutação: Mudanças na sequência de nucleotídeos transformações ocorrem de maneira gradual, atra-
da molécula de DNA de um organismo. Ocorre ao vés do surgimento de novas características dentro
acaso. de uma espécie (“novidades evolutivas”). Enquanto
z Permutação (ou crossing-over): Troca de pedaços que na cladogênese ocorre um ponto de ruptura, com
entre cromossomos homólogos. Ocorre ao acaso. o surgimento de duas populações. Cada uma dessas 335
novas populações passa por processos de anagênese, todos os indivíduos de uma população, uma ameaça
podendo originas novas espécies mas mantendo um capaz de atingir um indivíduo será também capaz
mesmo ancestral comum. Para facilitar o entendimen- de atingir todos eles. O resultado pode ser a extinção
to vamos observar a figura a seguir. da espécie. E tudo isso se aplica também a população
humana, que vem selecionando genes de interesse e
investindo em reprodução artificial. As consequên-
cias devem ser refletidas. Será que vale mesmo pagar
o preço? Pensem nisso!!!

EVOLUÇÃO HUMANA

Quando falamos de evolução humana temos que


pensar nas transformações que ocorreram ao longo
do tempo e resultaram na espécie humana. Australo-
pitecos: primeiros hominídeos.

z Gênero Homo: destaca-se pelo desenvolvimen-


to do sistema nervoso e da inteligência. Todos os
Sendo assim, podemos dizer que ocorre especiação
representantes são bípedes. Homo habilitis é consi-
quando uma população ancestral sofre tantas modifi-
derado atualmente Australopithecos habilis.
cações que resulta no surgimento de novas espécies.
z Homo erectus: era capaz de fabricar instrumen-
Mas, o que é espécie? Simplificando o conceito, pode-
tos e utensílios para caça ou uso rotineiro.
mos dizer que espécie é um grupo de indivíduos que
z Homo neanthertalensis: conseguiam se comunicar
apresentam a capacidade de cruzar entre si gerando
verbalmente de forma rudimentar, apresentavam
descendentes férteis.
organização social e tinham costume de sepultar
A formação de novas espécies pode ocorrer na
mortos.
presença ou ausência de barreiras geográficas entre
duas populações da espécie ancestral. Se o surgimento
O homem moderno é denominado Homo sapiens
de uma nova espécie ocorre sem a formação de uma
sapiens, sendo subespécie do Homo sapiens. Segue
barreira geográfica dizemos que é uma especiação
abaixo uma imagem que resume bem esse processo.
do tipo simpátrica. Caso ocorra a formação de bar-
reiras então essa especiação será classificada como 3,5 milhões 2,4 milhões 2,0 milhões 2,5 milhões 300 mil
alopátrica. 2 milhões 1,6 milhões 400 mil 12 mil ......
Além disso, a especiação é considerada completa Anos atrás
somente quando ocorre também o isolamento repro-
dutivo, o qual pode ser pré ou pós zigótico. No isola-
mento pré-zigótico, o zigoto nem chega a se formar,
isso pode ser resultado de diferentes habitats ou de
diferentes ciclos reprodutivos, por exemplo. Já no
isolamento pós-zigótico, ocorre a formação do zigo-
to, porém, são gerados híbridos inviáveis (com morte
prematura) ou até mesmo híbridos estéreis (não aptos
para a reprodução).

SELEÇÃO ARTIFICIAL E SEU IMPACTO SOBRE


AMBIENTES NATURAIS E SOBRE POPULAÇÕES
HUMANAS 1 2 3 4 5

No processo de seleção artificial o homem sele- Gênero Homo


ciona indivíduos (animais ou vegetais) que contém 1 - Australopitecos
uma característica desejada e promove o cruzamento 2 - Homo Habilis
entre eles, fazendo repetindo o processo durante algu- 3 - Homo erectus
mas gerações. Isso leva a um aumento da frequência 4 - Homo neanderthalensis
da característica desejada, tendendo a alcançar cada 5 - Homo sapiens
vez mais pureza. Consequentemente, a variabilidade
genética diminui. Isso dificulta a adaptação a varia-
ções ambientais.
Um efeito negativo é relacionado ao endocruza-
mento, que aumenta a possibilidade de que genes NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA
recessivos deletérios se manifestarem. Um bom
exemplo de seleção artificial é encontrado em raças Você sabe o que significa organizar as estruturas
de cachorros. Afinal, muitas delas surgiram por com- biológicas em níveis?
binação de características de interesse em raças pre- Significa que elas foram agrupadas de acordo com
viamente conhecidas. um nível hierárquico, ou seja, de um nível mais baixo
O impacto gerado sobre os ambientes naturais é (átomos) até um nível mais elevado (biosfera). Cada
relacionado à diminuição da biodiversidade, e isso nível mais avançado é formado por um conjunto de
pode ser perigoso frente a uma ameaça. Afinal, se inter- estruturas do nível anterior. Exemplos: (1) as molé-
ferimos priorizando determinadas características em culas são formadas por um conjunto de átomos; (2) as
336
organelas são formadas por conjuntos de moléculas; (3) as células são formadas por conjuntos de organelas e assim
por diante, até alcançar o 12º nível, que é a Biosfera. A seguir, são apresentados cada um dos níveis de organização
biológica em ordem hierárquica.
1º - Átomo: menor unidade básica da matéria. Exemplos: O, C e H.
2º - Moléculas: são formadas pela união de átomos em diferentes combinações. A combinação entre dife-
rentes moléculas forma os compostos. Exemplos: H2O e CO2.
3º - Organelas: estruturas encontradas no interior das células, formadas por moléculas e com funções especí-
ficas – a função de cada organela pode ser encontrada em módulos de Citologia.
4º - Célula: unidade fundamental do ser vivo. A célula é constituída, basicamente, por membrana plasmática, cito-
plasma e material genético (nucleóide - disperso no citoplasma em células procariontes e material genético envolvido
por carioteca em células eucariontes).
5º - Tecido: Conjunto de células especializadas que realizam função específica. Em humanos, existem quatro
tipos de tecido: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso, que são classificados, também, em subdivisões específi-
cas para cada um deles.
6º - Órgão: conjunto de tecidos com função específica dentro de um organismo. Exemplos: fígado, coração,
rins etc.
7º - Sistema: conjunto de órgãos que compartilham funções. Como exemplos, temos os sistemas: Cardiovascu-
lar, Respiratório, Nervoso, Digestório etc.
8º - Organismo: pode ser formado por uma única célula (unicelular) ou por mais de uma célula (multicelular/
pluricelular). No geral, é o conjunto de sistemas.
9º - População: conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que vive em um mesmo local, dentro de um
mesmo período de tempo.
10º - Comunidade: conjunto de indivíduos de diferentes populações que vive em um mesmo local e dentro de
um mesmo período de tempo.
11º - Ecossistema: formado pelos fatores bióticos (vivos) e abióticos (não vivos), além das interações entre eles.
12º - Biosfera: formada pelo conjunto de todos os ecossistemas do planeta.

Os quatro primeiros níveis são microscópicos, ou seja, não é possível observá-los a olho nu. Os dois primeiros níveis
(átomos e moléculas) são estudados em bioquímica e biofísica. O 3º e o 4º níveis (organelas e células) são estudados
dentro de citologia. Em histologia vemos o 5º nível (tecidos). Já o 6º e o 7º níveis (órgãos e sistemas) podem ser encontra-
dos em tópicos de anatomia e fisiologia.De População até Biosfera (do 9º ao 12º nível), encontram-se os níveis estudados
dentro da ecologia.

DIVERSIDADE DOS SERES VIVOS


ALGUNS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO

Taxonomia é uma técnica utilizada em Biologia para organizar e classificar os seres vivos de acordo com seme-
lhanças e graus de parentesco. A linguagem biológica utilizada permite que indivíduos de qualquer parte do mundo
sejam capazes de entender, descrever e nomear espécies, não importando o idioma falado.

Sendo assim, quais as principais formas usadas para classificar os seres vivos?

Classificação e nomenclatura de Lineu (Carl Von Linée, século XVIII):

Após alguns pensadores sugerirem modelos de classificação, ficou definido que aquele utilizado por Lineu seria o
mais aceito. Ele classificou os seres vivos em níveis de organização e utilizando a nomenclatura binomial.

z Níveis de organização

Lineu considerou características anatômicas para agrupar os organismos dentro de categorias, as quais foram
nomeadas táxons. Esses táxons seguem do mais amplo (Reino) para o mais específico (Espécie), com consequente
queda na biodiversidade (variedade de organismos), visto que os grupos se tornam cada vez mais seletos.

R e i n o  F i l o  C l a s s e  O r d e m  Fa m í l i a  G ê n e r o  E s p é c i e
BIOLOGIA

Se liga!
Para lembrar a ordem hierárquica de classificação taxonômica, basta guardar a sequência a seguir:
ReFiCOFaGE.
337
Nomenclatura Binomial:

Cada organismo foi classificado dentro de uma espécie, e cada espécie recebeu um nome científico único e uni-
versal, o que permite o reconhecimento por qualquer pessoa do mundo. Deve ser sempre escrito em latim e desta-
cado no texto (itálico ou sublinhado). O gênero apresenta a primeira letra maiúscula e o restante (epíteto específico)
apenas letras minúsculas.

Exemplo de nome científico: Drosophila melanogaster (“mosca da fruta”).


Gênero
Espécie

Filogenia

Em filogenia, os seres vivos são classificados de acordo com o grau de parentesco evolutivo (número de carac-
terísticas comuns entre os organismos). O modelo mais utilizado aqui é o cladograma, uma representação gráfica
da árvore filogenética, que é construída com base na relação evolutiva entre as espécies.

CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS GRANDES GRUPOS

Vírus

São acelulares, ou seja, não são formados por células.


Consistem em uma estrutura constituída basicamente de capsídio (cápsula proteica) e material genético (DNA
ou RNA), podendo ter também uma proteção externa chamada de envelope viral. O capsídio possui proteínas
ligantes responsáveis pela especificidade entre o vírus e a célula que ele ataca.
Não apresentam metabolismo próprio, sendo por isso classificados como parasitas intracelulares obrigatórios.
Eles inserem o material genético viral na célula hospedeira e utilizam o metabolismo dessa célula para gerar
novos vírus. Quando atacam bactérias recebem um nome específico: bacterófago.
Apresentam ciclo lítico e lisogênico. No ciclo lítico ocorre rompimento (lise) celular, liberando novos vírus,
que atacarão novas células. No ciclo lisogênico o material genético viral se liga ao material genético da célula hos-
pedeira e a transmissão do material genético ocorre a cada divisão celular, ou seja, ele se multiplica juntamente
com a célula.
As doenças causadas por vírus são denominadas viroses e tratadas com antivirais ou com repouso e boa ali-
mentação. Algumas delas não tem cura, e algumas apresentam vacina como forma de prevenção. Podemos citar
como exemplos: AIDS, caxumba, dengue, ebola, febre amarela, gripe, hepatites, herpes, HPV, meningite, raiva,
rubéola, sarampo e varicela.
Os seres vivos são, atualmente, classificados dentro de 5 grandes Reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia.

MONERA PROTISTA FUNGI PLANTAE OU ANIMALIA


METAPHYTA OU
METAZOA
Procarionte Eucarionte Eucarionte Eucarionte Eucarionte
Unicelulares Uni/Pluricelulares Uni/Pluricelulares Pluricelulares Pluricelulares
Autótrofos / Autótrofos / Heterótrofos Autótrofos Heterótrofos
Heterótrofos Heterótrofos
--- --- Armazenam Armazenam celulose Armazenam
glicogênio glicogênio
Ex.: Bactérias Ex.: Ex.: Ex.: Ex.:
Protozoários Mofos, Cogumelos Musgo, Samambaia Moscas, Vermes, Leão

Antigamente a divisão era em 3 Reinos (ou 3 domínios): Archaea, Bactéria e Eukarya.


Atualmente, o reino Monera encontra-se dividido em Archaea e Bactéria e o Reino Protoctista em Archezoa,
Protista e Chromista. Classificação em 8 Reinos (ou 8 domínios).

z Archaea - ausência de peptideoglicanos na parede celular, capacidade de sobreviver em ambientes extremos


(extremófilos) e de produzir metano como resíduo metabólico.
z Bactérias - representado por Bactérias e Cianobactérias. Possuem células com peptideoglicanos.
z Archezoa - não tem mitocôndria.
z Protista - algas, mixomicetos e protozoários (ciliados, flagelados, rizópodos e esporozoários  classificados de
acordo com as estruturas utilizadas para se movimentar).
z Chromista - algas com clorofila A e C.
z Fungos unicelulares - Saccharomyces cerevisiae é um exemplo. Muito utilizado em fabricação de alimentos por
fermentação (pão, cerveja, e etc).
338 z Fungos Pluricelulares – orelha de pau, cogumelo.
Bactérias

As bactérias são representantes do Reino Monera, unicelulares e procariontes. Podem ser encontradas em
praticamente todos os ambientes, inclusive de altas temperaturas, alta pressão e dentro de outros organismos.
Apresentam grande importância ecológica (ciclo do nitrogênio, atividade decompositora) e econômica (produção
de alimentos, remédios e em projetos de engenharia genética), embora algumas possam causar doenças.
As bactérias apresentam capacidade de produzir o próprio alimento, através de fotossíntese e de quimiossín-
tese sendo, portanto, seres autotróficos. Mas também podemos encontrar bactérias heterotróficas. Podem habitar
ambientes com oxigênio (bactérias aeróbias) e também sem oxigênio (bactérias anaeróbias).
Morfologicamente, podem ser do tipo: cocos, bacilo, espirilo, espiroqueta e embrião. A parede celular é de
peptideoglicano e pode apresentar DNA circular, denominado plasmídeo.
A reprodução pode ser assexuada, por meio de fissão binária, ou sexuada, quando realiza conjugação, trans-
formação ou transdução.
Podem causar doenças tanto em animais quanto em vegetais. Exemplos de doenças bacterianas que atingem
humanos: difteria, tétano, coqueluche, sífilis, tuberculose, dentre outras. Em casos de contaminação por doenças
bacterianas é indicado tratamento com antibióticos.

Protozoários

São unicelulares, eucariontes e heterotróficos. A grande maioria apresenta vida livre, mas podem viver
também dentro de outros organismos (parasitas, por exemplo). São classificados em quatro tipos, de acordo com
a forma de locomoção: ciliados (movimentam-se por cílios), flagelados (movimentam-se por flagelos), rizópodos
(movimentam-se por pseudópodes), e esporozoários (não apresentam estrutura de locomoção e é o único grupo
em que todos os representantes são parasitas).
Quanto a reprodução, esta pode ser assexuada ou sexuada, dependendo da espécie. E como doenças humanas
causadas por protozoários podemos citar: doença de chagas, malária, toxoplasmose, leishmaniose, tricomoníase
e amebíase.
São seres uni ou pluricelulares, eucariontes e heterotróficos. Habitam diversos ambientes, podendo viver
inclusive no organismo humano. A reprodução pode ser sexuada (cariogamia, plasmogamia) ou assexuada (bro-
tamento, esporulação).
A parede celular é constituída por quitina. E são classificados em cinco grupos distintos: quitridiomicetos,
zigomicetos, ascomicetos, basidiomicetos e deuteromicetos. No caso dos cogumelos podemos observar a presença
de filamentos, denominados hifas. Sendo o conjunto de hifas chamado de micélio.
Podem ser encontrados em associação com algas, onde são descritos como líquens. E também atuando no
ambiente como saprófagos, predadores ou parasitas. Em humanos, podem causar doenças, exemplos: micose,
candidíase, sapinho, frieira.

Fungos

São seres uni ou pluricelulares, eucariontes e heterotróficos. Habitam diversos ambientes, podendo viver
inclusive no organismo humano. A reprodução pode ser sexuada (cariogamia, plasmogamia) ou assexuada (bro-
tamento, esporulação).
A parede celular é constituída por quitina. E são classificados em cinco grupos distintos: quitridiomicetos,
zigomicetos, ascomicetos, basidiomicetos e deuteromicetos. No caso dos cogumelos podemos observar a presença
de filamentos, denominados hifas. Sendo o conjunto de hifas chamado de micélio.
Podem ser encontrados em associação com algas, onde são descritos como líquens. E também atuando no
ambiente como saprófagos, predadores ou parasitas. Em humanos, podem causar doenças, exemplos: micose,
candidíase, sapinho, frieira.

BIOLOGIA DAS PLANTAS

O Reino Plantae foi dividido em 4 grandes grupos: Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas. De
maneira geral, todos os grupos apresentam as seguintes características:

z Eucariontes – células com núcleo delimitado por carioteca.


BIOLOGIA

z Pluricelulares – constituídos por várias células.


z Autótrofos fotossintetizantes – produzem o próprio alimento (por fotossíntese).
z Parede celular – formada por fibras de celulose.
� Plastídios – podem ser cloroplasto, cromoplasto ou leucoplasto.
z Clorofilas A e B.
z Alternância de gerações (ou metagênese), isso significa que o ciclo reprodutivo possui uma fase haploide e
uma diploide, sendo o gametófito e o esporófito, respectivamente. 339
BRIÓFITAS PTERIDÓFITAS GIMNOSPERMAS ANGIOSPEMAS
Tecidos e órgãos Ausentes: Têm rizoi- Raiz, caule e folhas Raiz, caule e folhas Raiz, caule e folhas
de, cauloide e filoide
Vasos condutores Transporte de subs- Traqueófitas
tâncias por difusão
(célula a célula) Presentes Presentes Presentes

Fase duradoura Gametófito Esporófito Esporófito Esporófito


Dependem de água Sim Apenas para o encon- Não Não
para a reprodução tro dos gametas
Sementes Não possui Não possui Possui Possui
Frutos e flores Não possui Não possui Não possui Possui
Representantes do Musgos Samambaias e Pinheiro Qualquer planta com
grupo avencas frutos
Estruturas Anterídio e arquegônio Protalo (gametas) Estróbilos Flor (androceu e
reprodutivas Esporofilos com so- gineceu)
Características do ros (esporos)
grupo

TIPOS DE CICLO DE VIDA A BIOLOGIA DOS ANIMAIS

Existem duas formas de reprodução: sexuada O Reino animal encontra-se dividido em 9 Filos:
(encontro de gametas) e assexuada. A reprodução Poríferos, Cnidários, Platelmintos, Nematelmintos,
sexuada apresenta um passo a passo relacionado Anelídeos, Artrópodes, Moluscos, Equinodermas e
ao encontro dos gametas, que é definido como ciclo Cordados. Maiores detalhes foram descritos na tabela
reprodutivo. Existem basicamente três tipos de ciclo: a seguir.
haplobionte haplonte, haplobionte diplonte e diplo-
bionte. O que os diferencia é a ocorrência de adultos
(1) – Tecidos especializados, ausência de órgãos.
haplóides ou diplóides e o número de cromossomos
(2) – Órgãos e sistemas rudimentares.
encontrado nas células somáticas. Além disso, os
(3) – Simetria bilateral em larvas e pentarradial em
ciclos haplobiontes, tanto haplonte quanto diplonte,
adultos.
apresentam apenas uma forma de vida adulta e o
(4) – Segmentos muito semelhantes, com exceção da
ciclo diplobionte apresenta duas.
cabeça.
Vamos analisar melhor as características básicas
(5) – Segmentação diferenciada, heterogênea.
de cada um deles?
(6) – Segmentos diferenciados.
(7) – Espículas calcárias ou silicosas. Esponjas apre-
z Ciclo Haplobionte Haplonte: O indivíduo adulto sentam fibras de enpongina.
é haplóide (n) e o zigoto é diplóide (2n). O adul- (8) – Esqueleto ausente, com exceção dos corais que
to produz gametas haplóides (n) que se unem na tem exoesqueleto calcário.
fecundação formando o zigoto diplóide (2n). O (9) – Esqueleto ausente, alguns grupos com concha
zigoto passa pelo processo de meiose formando interna ou externa.
células haplóides que dão origem aos indivíduos (10) – Exoesqueleto de quitina, às vezes também
adultos. Considerando que a meiose ocorre no endurecido por sais de cálcio.
zigoto, essa é denominada meiose zigótica. (11) – Endoesqueleto formado por placas calcárias e
z Ciclo Haplobionte Diplonte: Diferente do ciclo com espinhos.
anterior, o adulto deste ciclo é diplóide (2n) e (12) – Endoesqueleto ósseo e cartilaginoso.
o zigoto também é diplóide (2n). Aqui temos (13) – Revestido externamente por pinacócitos e
um indivíduo adulto (2n) que forma gametas internamente por coanócitos.
por um processo de meiose, ou seja, gametas (n). (14) – Por fora é revestido pela epiderme e, por den-
Esses gametas se encontram e se unem durante a tro, pela gastroderme.
fecundação, formando o zigoto (2n), o qual origina (15) – Troca gasosa realizada através do fluxo de água
um indivíduo adulto (2n) por processos de mitose. gerado no pelos coanócitos.
Como a meiose origina os gametas, dizemos que (16) – Por difusão (do mais concentrado para o menos
ocorre meiose gamética neste ciclo. concentrado).
z Ciclo Diplobionte: Este ciclo apresenta duas for- (17) – Brânquias em animais aquáticos, traqueias e
mas de vida adulta, sendo uma haplóide (n) e filotraquéias em animais terrestres.
outra diplóide (2n), e consideramos que ocor- (18) – Brânquias, pés ambulacrários.
re alternância de gerações. Gametas haplóides (19) – Aberto, com exceção dos cefalópodes que apre-
(n) se unem para a produção do zigoto (2n). Esse sentam sistema circulatório fechado. Tem a
zigoto realiza mitoses, originando o adulto (2n). O hemocianina como pigmento sanguíneo.
adulto realizará meiose e formará células haplói- (20) – Fechado, constituído por corações laterais. Tem
des (2n), que darão origem a um indivíduo adulto a hemoglobina como pigmento sanguíneo.
haplóide (n). Esses adultos haplóides (n) produzem (21) – Aberto, coração tubular.
gametas haplóides (n) que se unem no processo de (22) – Aberto.
fecundação originando zigotos diplóides (2n). O (23) – Fechado.
ciclo se inicia novamente... (24) – A excreção também ocorre através do fluxo de
A alternância de gerações ocorre entre gera- água criado pelos coanócitos.
ções haplóides e diplóides. (25) - Eliminam substâncias por difusão.
340
(26) – Protonefrídeos (Células-flama).
(27) – Protonefrídeos.
(28) – Metanefrídeos.
(29) – Metanefrídeos, um par por segmento do corpo.
(30) – Em insetos ocorre por Túbulos de Malpighi, em crustáceos, por glândulas antenais e, em aracnídeos, atra-
vés de glândulas coxais.
(31) – Ausente, excreta na água por difusão direta.

PORIF CNID. PLAT. NEM. MOL. ANEL. ART. EQUIN CORD.


Tecidos e Não (1) (2) Sim Sim Sim Sim Sim Sim
órgãos
Folhetos Não Diblast Tribl. Tribl. Tribl. Tribl. Tribl. Tribl. Tribl.
Embrionários
Celoma Acelom Pseud Pseud Celom Celom Celom Celom Celom Celom
Simetria Ausente Radial em Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral * Bilateral
Ou adultos Radial (3)
Radial
Segmentação Não Não Não Não Não (4) (5) Não (6)
Blastóporo Ausência Protost. Protost. Protost. Protost. Protost. Protost. Deutero Deutero
(Boca / Ânus) de boca
Sistema Ausente Incomplet. Incomplet. Completo Completo Completo Completo Completo Completo
Digestório
Digestão Intracel. Extracel. / Extracel. / Extracel. / Extracel. / Extracel. / Extracel. / Extracel. / Extracel.
Intracel. Intracel. Intracel. Intracel. Intracel. Intracel. Intracel. / Intracel.
Esqueleto EXO EXO Não Não EXO Não EXO ENDO ENDO
(7) (8) (9) (10) (11) (12)
Revestimento (13) (14) Epiderme Manto Epiderme Epiderme / Epiderme Epiderme
Epiderme Exoesquel.
Sistema Ausente Ausente Ausente Ausente Branquial / Cutâneo (17) (18) Branquial
Respiratório (15) (16) (16) (16) Pulm. / Cut / Pulm. /
Cut
Sistema Ausente Ausente Ausente Ausente Aberto Fechado Aberto Aberto Fechado
Circulatório (19) (20) (21) (22) (23)
Sistema Ausente Ausente Rudiment. (27) (28) (29) (30) Ausente Rins /
excretor (24) (25) (26) (31) Néfrons

Principais verminoses Profilaxia: saneamento básico, por exemplo.

Causadas por vermes platelmintos: z Ancilostomose: Ancylostoma duodenale ou Neca-


z Esquistossomose: Larvas miracídios invadem o tor americanos. Vermes com sexos separados.
caramujo S. mansoni (hospedeiro intermediário),
se desenvolvem em cercarias e nadam na água, Doença conhecida como amarelão. Larvas conse-
podendo penetrar pela pele do homem (hospedei- guem penetrar pela pele.
ro definitivo). Profilaxia: uso de calçados, evitar andar descalço.

Os vermes apresentam sexos separados. z Filariose (Elefantíase): Verme da espécie Wuche-


Profilaxia: saneamento básico, por exemplo. reria bancrofti. Sexos separados. Mosquito Culex é
z Teníase e cisticercose: Taenia solium (porco) e o vetor. O parasita vai para o sistema linfático, se
Taenia saginata (boi). O verme é chamado solitá- reproduz rapidamente e pode levar ao entupimen-
ria. É hermafrodita e seus órgãos reprodutores se to dos vasos. A consequência é o inchaço do órgão
encontram nas proglotes. O homem é o hospedeiro afetado, que adquire um aspecto que lembra mem-
definitivo. O porco e o boi são os hospedeiros inter- bros de um elefante (por isso o nome).
mediários. Costuma-se dizer que a carne apresen- z Profilaxia: uso de telas, por exemplo.
ta canjiquinha.
FUNÇÕES VITAIS DOS SERES VIVOS E SUA
Profilaxia: cozinhar bem a carne, por exemplo. RELAÇÃO COM A ADAPTAÇÃO DESSES
A teníase é causada pela ingestão de larvas na ORGANISMOS A DIFERENTES AMBIENTES
carne, enquanto que a cisticercose está relacionada a
BIOLOGIA

ingestão direta de ovos da Taenia solium, mas não da Ao longo do processo evolutivo os organismos
Taenia saginata.
sofrem transformações, as quais resultam em carac-
Causadas por vermes nematelmintos:
terísticas que favorecem a sobrevivência ao meio em
z Ascaridíase: Causada pelo verme Ascaris lumbri- que vivem. As transformações que se mantém após
coides. Possui sexos separados (monoico / herma- processos de seleção natural do ambiente são conside-
frodita). Um hospedeiro apenas, o homem. Fezes radas uma forma de adaptação ao meio. Como adapta-
com ovos podem contaminar água e alimento. ções podemos citar: 341
z Alimentação
ESPERMATOGÊNESE
(HOMENS)
„ Formato da língua de tamanduás: se alimen-
tam de formigas e a língua comprida favorece Espermatogônia (2n)
a captura do alimento.
„ Formato do bico de pássaros: o bico varia de
Espermatócito I (2n)
acordo com o tipo de alimento. Os pássaros que
tem os bicos mais adaptados para determina- meiose I
do alimento sobrevivem mais em determinado Espermatócito II (2n)
local, e geram descendentes. meiose II meiose II

z Reprodução Espermátides (2n)

„ Polinização: plantas atraem animais como o


beija-flor, por exemplo, que ao se alimentar
do néctar fica cheio de grãos de pólen em seu Espermatozóides (n)
corpo. Ao voar ele espalha esses grãos de pólen
favorecendo a reprodução da planta. Plantas
Espermiogênese
com essa característica se reproduzem mais,
sendo consideradas mais adaptadas. OOGÊNESE
„ Tipo de desenvolvimento do embrião/feto: (MULHERES)
larval, dentro de ovo, dentro de marsúpio, den-
Ovogônia (2n)
tro do corpo da mãe.

z Ambiente Ovócito I (2n)

„ Tipo de excreta nitrogenada: amônia – ambien- meiose I

te úmido (Exemplo: peixes, girinos), ureia (Exem- Ovócito II (n) Corpúsculo Polar (n)

plo: homem, tubarão e anfíbio adulto) e ácido meiose II


úrico – ambiente seco (Exemplo: aves e répteis). Corpúsculos Polares (n)

z Defesa Óvulo (n)

„ Camuflagem: quando o organismo se asseme- A espermatogênese ocorre nos testículos. É um


lha ao ambiente, conseguindo se esconder de processo contínuo que tem início na puberdade e
possíveis predadores. duração por toda a vida do homem. Muito cuidado
„ Mimetismo: quando uma espécie imita outra para não confundir espermatogênese e espermiogê-
para se proteger. nese. O primeiro refere-se a todo o processo de for-
„ Produção de veneno: importante para o ata-
mação do gameta masculino, enquanto que o segundo
que. Também funciona como forma de prote-
refere-se apenas ao processo de diferenciação das
ção no caso de predadores.
células em formato de espermatozoide.
A ovulogênese (ou oogênese) ocorre nos ovários.
Tem início no período fetal e, ao fim do terceiro mês
de vida, as mulheres já tem todas os ovócitos I forma-
EMBRIOLOGIA dos e estacionados na prófase I da meiose. Na puber-
dade, ocorre a liberação do FSH (Hormônio Folículo
Embriologia é a parte da Biologia que estuda o
desenvolvimento embrionário, desde a fase de ovo Estimulante) que provoca a maturação e liberação de
(formação do zigoto) até o final do estágio de embrião, um ovócito por mês (ovulação), resultando no ovó-
onde ocorre a formação dos tecidos e órgãos (organo- cito II. Esse ovócito II se transformará em óvulo no
gênese). Após esta etapa, os estudos fazem referência momento da fecundação.
ao período entre a formação do feto e a ocorrência do
parto. FECUNDAÇÃO, SEGMENTAÇÃO E GASTRULAÇÃO
Em Biologia esses estudos são importantes, basica-
mente, para a classificação dos animais quanto: aos Fecundação
folhetos embrionários (diblásticos ou triblásticos),
a formação do tubo digestório (protostômios e deu- Fecundação é o encontro entre o espermatozoide e
terostômios) e a presença de celoma (acelomados, o óvulo, que ocorre na tuba uterina, e resulta na for-
pseudocelomados e celomados).
mação de uma célula ovo, mais conhecida como zigo-
to. Essa célula começa a se dividir, dando início a fase
GAMETOGÊNESE
de segmentação.
Primeiramente, vamos entender como ocorre a O zigoto é constituído por núcleo e reserva nutri-
formação dos gametas, ou seja, a gametogênese. Em tiva (função de alimentar o embrião). Ele apresenta
indivíduos do sexo masculino, esse processo é deno- um polo animal (com pouca ou nenhuma quantidade
minado espermatogênese e, no sexo feminino, oogê- de vitelo) e um polo vegetativo (onde se concentra o
342 nese (ou ovulogênese). vitelo, quando presente).
Tipos de ovos (zigoto):
ECTODERME MESODERME ENDODERME
(CAMADA + (CAMADA DO (CAMADA+
z Alécito ou Metalécito: Considerado sem vitelo. EXTERNA) MEIO) INTERNA)
Exemplo: Humanos.
z Oligolécito (ou Homolécito): Pouco vitelo, distri- � Tecido Nervoso � Tecido conjuntivo � Tecido Epitelial de
� Tecido Epitelial � Tecido muscular revestimento interno
buído de maneira uniforme no ovo.
� Tecido epitelial do sistema digestó-
Exemplos: Poríferos, Cnidários, Equinodermos, Exemplos: Sistema rio e anexos
Anfioxo. nervoso, epiderme e Exemplos: Ossos, � Sistema respira-
z Mediolécito (ou Heterolécito): Quantidade inter- seus anexos (unhas, cartilagem, coração, tório
mediária de vitelo, distribuído de forma desigual pelos, glândulas su- músculos, rim. � Revestimento in-
entre os polos animal e vegetativo do ovo (mais doríparas), mucosa terno da bexiga
concentrado em vitelo). anal e bucal.
Exemplos: Moluscos, Anelídeos, Platelmintos, Pei- Exemplos: glându-
las salivares, fígado,
xes e Anfíbios.
pâncreas.
z Telolécito: Muito vitelo. Concentrado em maior
quantidade no polo vegetativo.
Com relação ao desenvolvimento embrionário, os
Exemplos: Répteis e Aves.
animais podem ser considerados:
z Centrolécito: O vitelo fica concentrado no centro
do ovo. É conhecida também como segmentação
z Ovulíparos = são aqueles que liberam ovos no
superficial, pois a divisão ocorre apenas no núcleo.
meio externo (água).
Exemplos: Artrópodes, Répteis, Aves, Ornitorrin-
Exemplos: Anfíbios e alguns peixes.
co (mamífero que bota ovo), Cefalópodes (polvo).
z Ovovivíparos = se desenvolvem em ovos dentro
Segmentação ou clivagem
do organismo materno (vitelo).
Exemplos: alguns répteis (cobras), tubarão branco.
Fase de sucessivas mitoses (várias divisões celu-
lares). Ocorre um aumento no número de células, de
z Ovíparos = se desenvolvem em ovos fora do orga-
forma a manter constante o volume ocupado pelo
nismo materno (vitelo).
zigoto, ou seja, as células formadas apresentam um
Exemplos: aves, tubarão zebra e répteis.
menor tamanho. Além disso, essas células recebem o
nome de blastômeros.
O primeiro estágio da segmentação é denominado z Vivíparos = se desenvolvem dentro do corpo da mãe
mórula, caracterizado por um conjunto maciço com e sem a formação de ovos (presença de placenta).
cerca de 16 a 32 células, que lembra uma amora (por Exemplos: mamíferos (exceção: ornitorrinco),
tubarão martelo.
isso o nome). Após, com o aparecimento da blastocele,
tem início a fase de blástula. Nesta etapa, os blastô-
meros migram para a periferia, formando a blasto-
derme e, como consequência, uma cavidade se forma Se liga!
no centro, a blastocele. Ovo  Mórula  Blástula  Gástrula 
Nêurula  Organogênese
Gastrulação

A camada de células da blátula sofre um dobra- ANEXOS EMBRIONÁRIOS


mento, que resulta na formação do blastóporo. Aqui,
as células começam a se diferenciar dando origem São estruturas anexas ao embrião, ou seja, apesar
aos folhetos embrionários (ectoderme, mesoderme de não fazerem parte dele, ajudam no seu desenvolvi-
e endoderme). O blastóporo dará início a formação do mento. São elas:
tubo digestório. Se ele formar primeiro a boca, o orga-
nismo será classificado como protostomado, mas, se z Âmnio – É uma bolsa que aparece no fim da pri-
ele formar primeiro o ânus, então o organismo será meira semana de gestação, delimitando a cavidade
classificado como deuterostomado (apenas equino- amniótica, preenchida pelo líquido amniótico. Tem
dermas e cordados são deuterostomados no Reino como função a proteção contra choques e contra o
animal). ressecamento. Essa estrutura permitiu que embriões
se desenvolvessem fora da água, ou seja, que o desen-
ORGANOGÊNESE volvimento ocorresse no ambiente terrestre.
Exemplos: répteis, aves e mamíferos.
Tem início no momento em que a gástrula se
transforma em nêurula, com a ectoderme, originan- z Córion – É uma membrana que envolve o embrião e
do o tubo neural, que formará o sistema nervoso. É todos os seus anexos embrionários. É responsável pelas
na organogênese que as células se diferenciam para a trocas gasosas realizadas entre o meio e o embrião.
BIOLOGIA

formação de tecidos e órgãos. Exemplos: répteis, aves e mamíferos.


É necessário saber que os folhetos embrionários
(ou germinativos) são as camadas celulares respon- z Alantoide – É uma bolsa que cumpre a função de
sáveis pela formação dos tecidos e dos órgãos, bem remover as excretas do embrião. Em mamíferos é
como quais estruturas são formadas por cada folhe- responsável pela eliminação da uréia).
to do organismo em desenvolvimento. Para facilitar Exemplos: répteis e aves.
os estudos, essa informação pode ser encontrada na z Saco vitelínico – Bolsa que armazena o vitelo.
tabela a seguir: Tem função de fornecer nutrientes ao embrião. 343
Exemplos: Muito desenvolvido em peixes. Presente também em répteis e aves.
Em mamíferos placentários as funções cório e do alantoide são realizadas pela placenta e cordão umbilical.
Também, não apresentam saco vitelínico. Exceção: ornitorrinco que bota ovos.

DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO HUMANO

Início

Fecundação – encontro dos gametas masculino e feminino.


Espermatozoide (n) + Óvulo (n) = Zigoto (ou Célula Ovo) (2n)

z Primeira semana do desenvolvimento:

Fase de segmentação do zigoto (ou Clivagem). Ocorre na tuba uterina. Cerca de 30 horas após a fecundação, o
zigoto começa a se dividir, formando muitas células (sucessivas divisões celulares  mitoses), e cada uma dessas
células é chamada blastômero (as famosas células tronco embrionárias). Após três dias, forma-se a mórula.

z Segunda semana do desenvolvimento:

Fase de formação da blástula e implantação do blastocisto. A mórula se reorganiza em uma camada de célu-
las (blastoderme) preenchida por um líquido (bastocele). Formação dos três folhetos embrionários (ectoderme,
mesoderme e endoderme). O blastocisto se fixa na parede do útero e inicia o processo conhecido como nidação
ou implantação.
Para que isso seja possível, o sincíciotrofoblasto produz enzimas que permitem a invasão do tecido materno
e a implantação com rápida expansão pelo endométrio, até que todo o embrião esteja localizado dentro do endo-
métrio. Começa a formação de estruturas extraembrionárias: âmnion, cavidade amniótica, cório, saco vitelínico,
placenta, etc.

Se liga!
A placenta tem função de realização de trocas gasosas, nutrientes e excretas entre mãe e feto. É formado
por parte materna e também fetal.

z Terceira semana do desenvolvimento:

Período embrionário: Fase de neurula e da organogênese. Aqui ocorre o desenvolvimento do tubo neural, da
notocorda, da linha primitiva e da formação de órgãos e sistemas a partir dos três folhetos embrionários (ectoder-
me, mesoderme e endoderme). Esse período, de formação e desenvolvimento do embrião, segue ocorrendo até a
oitava semana do desenvolvimento. É caracterizado como o período com maior chance de “erros”, podendo ocasio-
nar as malformações congênitas, conhecidas pela alta incidência em embriões.

z Nona semana do desenvolvimento até o nascimento do bebê:

Neste momento, o embrião já se transformou em feto, portanto, inicia-se a fase de desenvolvimento fetal, que
tem duração até o momento do nascimento. Os pontos mais importantes dessa etapa são o rápido crescimento
corporal e a diferenciação que ocorre em tecidos e órgãos. Fatores externos e ambientais (vírus, bactérias, dro-
gas, dentre outros) já não são tão perigosos para o desenvolvimento do futuro indivíduo quanto eram na fase
embrionária.

DIFERENCIAÇÃO CELULAR
Organismos multicelulares são aqueles constituídos por mais de uma célula, podendo até conter um número
elevado de células, como ocorre no homem, por exemplo.
Essas células desempenham funções específicas e são capazes de se unir, formando tecidos. Além disso, a gran-
de maioria dos seres multicelulares é formado por mais de um tipo celular, o que resulta em diferentes tipos de
tecidos e órgãos, que também desempenham funções específicas em um organismo.
De maneira geral, as células encontradas podem apresentar formato de coluna, arredondado, achatado, alon-
gado, dentre outros. E esse formato está relacionado ao tipo de função exercida pela célula. Ademais, é importante
lembrar que todas as células apresentam as mesmas características genéticas, pois têm origem em uma mesma
célula inicial, conhecida como célula ovo ou zigoto.
O zigoto é formado a partir da fecundação, após o encontro do espermatozoide com o óvulo. E, logo em segui-
da, inicia sucessivos processos de divisão celular. Em determinado momento, as células formadas serão diferen-
344 temente ativadas, resultando em diferenciação celular:
Células nervosas

Zigoto Células cardíacas

Células musculares

Células tronco Células intestinais

Células hepáticas

https://www.biologianet.com/biologia-celular/celulas-tronco.htm. Adaptada. Acesso em 02 fev. 2021

Como consequência, organismos multicelulares Os tecidos são classificados em dois tipos: epitelial
podem apresentar uma ampla variedade de células, glandular e epitelial de revestimento como vere-
o que é caracterizado como diversidade celular. Por- mos a seguir:
tanto, para aprofundar seus conhecimentos sobre a
diversidade celular, você deve conhecer os diferentes Tecido Epitelial Glandular
órgãos que constituem cada organismo, bem como os
tecidos que formam este órgão. Exemplos: células san- É o tecido responsável pela secreção de substâncias.
guíneas (de transporte e de defesa), células da pele, As glândulas formadas por ele podem ser de três tipos:
neurônios, células ósseas, células adiposas etc.
z Endócrinas: não apresentam ductos e lançam
substâncias diretamente no sangue. Ex.: hipófise.
z Exócrinas: apresentam ductos e lançam substân-
HISTOLOGIA cias em cavidades ou na superfície corporal. Ex.:
glândulas mamárias e sudoríparas.
ANIMAL z Mistas: apresentam uma parte endócrina e outra exó-
crina, cumprindo com as duas funções. Ex.: pâncreas.
Dentro deste tópico, vamos abranger os estudos
que visam o conhecimento estrutural e funcional das
células que formam os tecidos do corpo humano. Como
tecidos, temos: o tecido epitelial, o tecido conjuntivo, o
tecido muscular e o tecido nervoso. Eles foram analisa-
dos, a seguir, nessa mesma ordem.

TECIDO EPITELIAL

É um tecido avascular – isto é, não apresenta vasos


sanguíneos, formado por células justapostas (unidas
umas às outras), com pouca matriz extracelular, vis-
to que as células se organizam muito próximas umas
das outras, com alta capacidade de regeneração e
renovação e que é nutrido e oxigenado pela lâmina
basal através de difusão. Glândula Glândula
O tecido tem, como funções, o revestimento dos cor- Endócrina Exócrina
pos; a secreção de substâncias; a proteção física, funcio-
nando como uma barreira, a fim de garantir a proteção
contra antígenos, e mecânica, prevenindo a perda de https://brasilescola.uol.com.br/biologia/tecido-epitelial.htm
água, além de sua capacidade de formar glândulas. Adaptado. Acesso em: 26 jan.2021
BIOLOGIA

Possui, ainda, uma superfície apical e outra basal.


Pode apresentar determinadas especializações que Tecido Epitelial de Revestimento
permitem adesão e comunicação entre as células, cha-
madas de junções intercelulares. Também, pode con-
Sua função é a de revestir o corpo e as superfícies
ter certas especializações, como as microvilosidades
que aumentam a superfície de contato para absorção dos órgãos, além de fornecer proteção, absorver subs-
ou os cílios e os flagelos, capazes de facilitar a movi- tâncias e permitir a percepção de estímulos. Essas são
mentação de partículas. funções específicas do epitélio de revestimento. 345
Pode ser classificado de duas formas, de acordo O Epitélio Escamoso, também chamado de Simples
com o número ou com o formato de células. Pavimentoso, está presente nos alvéolos pulmonares
Considerando o número de células que forma
e em endotélios (revestimento interno de vasos san-
cada camada:
guíneos e linfáticos).
z Epitélio Simples: Apenas uma camada de células; O Epitélio Simples Cúbico está presente nos túbu-
z Epitélio Estratificado: Mais de uma camada de células; los renais.
z Epitélio Pseudoestratificado: Apenas uma cama- O Epitélio Simples Prismático está presente no
da de células, aparentando ter mais. estômago e o Pseudoestratificado em fossas nasais,
traqueia e brônquios.
Quando os epitélios são formados por várias cama-
das de células, são denominados Epitélio Estratificado.
Epitélio Simples Assim, podem ser classificados em Epitélio Estratifi-
cado Pavimentoso (encontrado na pele, na boca e no
esôfago), de Transição (Ex.: bexiga urinária) ou Pris-
mático (Ex.: uretra).

Pele
Epitélio estratificado
É o maior órgão do corpo humano. Tem função
protetora do organismo como um todo e, também, de
órgãos internos. Ela é composta por três camadas de
tecidos, as quais são:

z Epiderme: uma camada visível, formada por célu-


Epitélio pseudoestratificado las mortas ou que estão para morrer. Essa é cama-
da mais externa da pele.
z Derme: localizada logo abaixo da epiderme. É
onde se encontram as raízes dos pelos, as termina-
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/tecido-epitelial.htm ções nervosas, os vasos sanguíneos e o colágeno.
Adaptado. Acesso em: 26 jan.2021
Hipoderme (ou Tecido Subcutâneo): camada
Considerando o formato das células: mais interna da pele. É onde ficam as gorduras, as
veias e os músculos. É composto por células repletas
z Epitélio Escamoso: células achatadas.
de gordura, participando diretamente do processo de
z Epitélio Cúbico: células em formato de cubo.
isolamento térmico.
z Epitélio Colunar: células alongadas.
z Epitélio colunar ciliado: células alongadas e que
apresentam cílios. Poro sudoríparo Glândula
Corpúsculo Sebácea
de Meissner Pêlo
Camada cómea
Epiderme (queratinizada)

Terminação
nervosa livre
Epitélio Escamoso Epitélio Cúbico
Derme Glândula
nervosa livre
Músculo
eretor do pêlo

Tecido subcutâneo
(adiposo)

Artéria Veia Foliculo piloso


Epitélio Colunar Epitélio colunar Ciliado
https://www.infoescola.com/anatomia-humana/epiderme/
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/tecido-epitelial.htm Adaptada. Acesso em: 09 Mar. 2021
Adaptado. Acesso em: 26 jan.2021
Anexos Epidérmicos
Se liga! Correspondem aos pelos (proteção e controle da
Existe, também, um epitélio que é classificado temperatura corporal), às unhas (proteção) e à algu-
como de transição. Ele é um tipo especial de epi- mas glândulas exócrinas, como, por exemplo, as glân-
télio. Suas células apresentam formato variável dulas sebáceas (lubrificação da pele).
conforme a distensão do órgão que elas formam.
Como exemplo, cito as células encontradas em Mucosa
grande quantidade no tecido da bexiga urinária, as
quais têm aparência globosa quando a bexiga está Caracterizada como um tecido epitelial que reves-
vazia e formato achatado quando ela está cheia. te o corpo internamente – isto é, reveste órgãos e
346 superfícies internas.
As mucosas são formadas por epitélio acoplado a Tecido Conjuntivo Cartilaginoso
tecido conjuntivo, formando uma camada responsável
por revestir cavidades úmidas do organismo. O tecido Rico em matriz extracelular, em fibras colágenas e
conjuntivo, aqui, recebe o nome de lâmina própria. glicosaminoglicanas associadas às proteínas. As célu-
Como exemplos, temos a mucosa da boca, do estômago, las características desse tecido são os condrócitos.
do intestino, do nariz, do pulmão, do útero, entre outras.
Apesar de ser um tecido flexível, tem, como função, a
TECIDO CONJUNTIVO sustentação de partes do corpo. Pode ser encontrado,
por exemplo, no nariz e nas orelhas.
O Tecido Conjuntivo é responsável, por nutrir,
dar sustentação e preencher espaços entre os tecidos. Tecido Conjuntivo Ósseo
Sua composição inclui grande quantidade de células,
a matriz extracelular e as fibras. O que define cada Apresenta grande quantidade de matriz extrace-
um dos tipos de tecido conjuntivo é a composição da lular rica em fibras colágenas, glicoproteínas e pro-
matriz e o conjunto celular que o compõe.
teoglicanas. A matriz é calcificada por deposição de
Os diferentes tipos de tecido conjuntivo possuem
células também específicas, além de uma matriz cristais de cálcio sobre as fibras, o que torna esse teci-
extracelular constituída por diferentes moléculas e do mais rígido do que os outros tecidos.
fibras, o que determina a função desenvolvida. As células específicas desse tecido são os osteóci-
A matriz extracelular pode ser: tos (células ósseas maduras) e os osteoblastos (célu-
las ósseas jovens).
z Gelatinosa (tecido conjuntivo frouxo e denso);
z Líquida (sanguíneo); Tecido Conjuntivo Hematoiético
z Flexível (cartilaginoso);
z Rígida (ósseo).
Apresenta matriz extracelular líquida, que recebe
Dessa forma, o tecido conjuntivo encontra-se divi- o nome de plasma, local onde são encontradas as célu-
dido em: tecido conjuntivo propriamente dito e em las sanguíneas (glóbulos vermelhos — ou hemácias;
tecidos conjuntivos de propriedades especiais: adipo- glóbulos brancos — ou leucócitos e plaquetas; ou
so, cartilaginoso, ósseo e sanguíneo. fragmentos celulares).
Propriedades relacionadas ao Tecido Conjuntivo: Esse tecido tem, como função, a formação de célu-
las sanguíneas e de componentes do sangue. É encon-
z Preenchimento de espações entre tecidos;
trado na medula óssea e dentro de alguns ossos longos
z Nutrição de tecidos avasculares;
z Reserva energética em adipócitos; do corpo como, por exemplo, nas extremidades do
z Produção de células sanguíneas na medula óssea, fêmur e do úmero.
algumas, inclusive, que atuam na defesa do orga-
nismo (glóbulos brancos). TECIDO MUSCULAR

Tecido Conjuntivo Propriamente Dito Musculatura estriada e lisa


Tem como função unir tecidos, preenchendo e sus-
O tecido muscular é responsável por grande parte
tentando os tecidos e estruturas ao redor. Apresenta
grande quantidade de matriz extracelular, além de da movimentação do corpo. É constituído por fibras
fibras proteicas dos tipos colágena, elástica e reticular. musculares (miócitos) as quais apresentam citoplas-
É subdividido em tecido conjuntivo denso e frouxo. ma rico em células proteicas, o que permite a reali-
Veremos, a seguir, as propriedades de cada um deles. zação de contrações. É, também, composto por fibras
proteicas dos tipos actina (formadora dos filamentos
z Tecido conjuntivo denso finos) e miosina (formadora dos filamentos espessos).
É um tecido associado ao tecido conjuntivo de
Matriz extracelular abundante e predominân-
cia de fibras colágenas. Fibroblastos estão presentes. matriz extracelular, constituída por lâmina basal e
É encontrado em epitélio e em tendões, associado à fibras reticulares.
resistência em casos de pressão mecânica. O tecido muscular encontra-se dividido em três
tipos básicos:
z Tecido conjuntivo frouxo

Matriz extracelular em pequena quantidade, rico


em células e pobre em fibras. São encontradas células Músculo estriado esquelético
do tipo fibroblastos e macrófagos, além de células tran-
sitórias, como os linfócitos, neutrófilos e eosinófilos.
Devido à baixa quantidade de fibras, é um tecido
Músculo liso
bastante elástico. Muito importante na nutrição dos
tecidos, podendo ser encontrado em todo o corpo.
BIOLOGIA

Tecido Conjuntivo Adiposo

Apresenta pouca matriz extracelular e grande Músculo estriado cardíaco


quantidade de fibras reticulares e de adipócitos (célu-
las de gordura). É um tecido que tem, como função, a
reserva energética e proteção contra o frio (isolamen-
to térmico) e impactos mecânicos. Pode ser encontra- https://www.biologianet.com/histologia-animal/tecido-muscular.
do, por exemplo, na camada abaixo da pele. htm. Acesso em: 26 jan. 2021 347
z Muscular Liso: formado por células fusiformes
que apresentam núcleos centrais. Sua aparência Se liga!
não é estriada, por isso é denominada lisa. Apre-
Células musculares apresentam nomes espe-
senta contrações lentas e involuntárias e, portan-
ciais para algumas estruturas:
to, está associada à movimentação involuntária
do organismo. Pode ser encontrada na bexiga, no
Sua membrana plasmática é denominada sar-
útero, no trato digestório e nas artérias por exem- colema. Seu citoplasma é conhecido como
plo. São revestidas por lâmina basal. São capazes sarcoplasma. E o Retículo Endoplasmático
de se dividir em indivíduos adultos, atuando em recebe o nome de Retículo Sarcoplasmático.
situações de aumento dos órgãos ou reparo teci-
dual. Em gestantes, ocorre um aumento numérico
TECIDO NERVOSO
e volumétrico dessas células.
z Muscular Estriado Esquelético: formado por
É o tecido responsável pela comunicação entre os
células alongadas e com vários núcleos (multinu-
órgãos do indivíduo e o meio externo. Essa comunica-
cleadas). Os núcleos ocupam a região mais peri-
ção é do tipo elétrica, ocorre de forma rápida e é reali-
férica das células. Tem, como função, a contração
zada através de sinapses químicas entre os neurônios.
voluntária do organismo. Devido à conexão com os
Neurônios são as células mais representativas des-
ossos, está associado à locomoção. Suas fibras mus-
te tecido. Atuam juntamente com células da glia. Eles
culares são constituídas por miofibrilas, as quais
consistem em um conjunto de sarcômeros (respon- são a base para que as mensagens sejam recebidas,
sáveis pela contração muscular). Essas células não processadas e as respostas sejam geradas. Transmi-
se multiplicam em indivíduos adultos, mas podem tem informações através de neurotransmissores e
sofrer hipertrofia como consequência de exercício impulsos elétricos.
físico.
Neurônio

Corpo celular
Fibra muscular

Axônio
Miofibrila Dendrito

Sarcômero

Bainha de mielina

https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-
neuronio.htm. Acesso em: 26 jan. 2021

https://www.biologianet.com/histologia-animal/tecido-muscular.
Os dendritos são prolongamentos do corpo celular
htm. Acesso em: 26 jan. 2021 que se ramificam. É no corpo celular que se encon-
tram as organelas. O dendrito é um prolongamento do
z Muscular Estriado Cardíaco: Forma o tecido corpo celular envolvido por macroglias (oligodendró-
cardíaco, sendo de grande importância para a citos e células de Schwann).
contração do coração. A diferença do músculo
estriado esquelético é que, aqui, os núcleos são z Possíveis classificações dos neurônios:
em número de um ou dois e ocupam posição
central nas células. Apresenta fibras constituídas „ De acordo com a forma: Neurônios Multipola-
por bainha de tecido conjuntivo, rica em capilares res, Bipolares e Unipolares.
sanguíneos. Possui discos intercalares (conhecidos „ Considerando a função: Neurônios Sensitivos,
como linhas transversais), com especializações de Motores e Integradores.
membrana – zonas de adesão, desmossomos e jun-
ções comunicantes que permitem a ocorrência de A informação que passa pelos neurônios segue
conexão elétrica entre as células desse tecido. As sempre um sentido único, que é: Dendrito → Corpo
348 contrações são involuntárias, rápidas e contínuas. Celular → Axônio
Células da glia z Meristemas: são tecido vivo indiferenciado, ou
seja, podem ser comparados as células tronco de
Conhecidas também como neuroglias, ajudam na humanos, visto que apresentam capacidade de
regulação das sinapses e na transmissão dos impul- se multiplicar e originar outros tecidos. Dividem-
sos nervosos, desenvolvendo a função de proteger, -se em 2 tipos: o apical, responsável pelo cresci-
dar suporte e nutrir o Sistema Nervoso. Podemos con- mento em comprimento da planta (crescimento
siderar que elas apresentam maior número quando primário), e o lateral, associado ao crescimento
comparadas aos neurônios. Na figura a seguir, pode- em espessura (crescimento secundário). O meris-
mos observar os tipos de células, caracterizadas como tema apical é encontrado na ponta da raiz e do
células da glia. caule. Já o meristema lateral no câmbio vascular e
felogênio.
z Epiderme: assim como a epiderme de humanos, a
epiderme das plantas é o tecido que reveste o cor-
po do vegetal. Tem função de proteção, com células
organizadas de maneira compacta e que podem
apresentar pigmentos. Como células característi-
Oligodendrócitos cas desse tecido temos:
Micróglia
„ As células-guarda dos estômatos;
„ Os tricomas;
„ Os litocistos e
Células ependimárias „ As células tuberosas.

z Periderme: conjunto de tecidos de origem secun-


dária. É formado pelo súber, felogênio e feloderme.
z Parênquima: tecido vegetal associado a proces-
sos de cicatrização e revestimento, devido a sua
capacidade de retornar a atividade meristemáti-
ca, formando outras células. É dividido em 3 tipos
básicos:

„ Parênquima de preenchimento;
Células de Schwann Astrócitos
„ Parênquima clorofiliano e
„ Parênquima de reserva.
https://www.biologianet.com/histologia-animal/celulas-glia.htm.
Adaptada. Acesso em: 26 jan. 2021 z Colênquima: células não lignificadas, que podem
retomar a atividade meristemática. Relacionado
As células da glia são classificadas, em dois tipos: com a sustentação de órgãos jovens em crescimento.
z Esclerênquima: composto por células mortas
z Microglias: são aquelas que agem de maneira simi- que podem ser lignificadas. Os tipos celulares que
lar aos macrófagos, protegendo o Sistema Nervoso. podemos encontrar nesse tecido são:
Podem ser encontradas em situações de inflamação
e de reparação do Sistema Nervoso Central. „ Fibras e
z Macroglias: divide-se em subtipos que atuam com „ Esclereides.
funções específicas na transmissão dos impul-
sos nervosos: os astrócitos (células com formato
z Xilema e Floema: são tecidos de condução. O xile-
estrelado, encontradas nas substâncias branca e
ma é um tecido mais interno no corpo do vegetal
cinzenta); os oligodendrócitos (responsáveis pela
produção da bainha de mielina, atuando como iso- e está relacionado com o transporte de água e sair
lante térmico para o Sistema Nervoso Central); os minerais (seiva bruta) da raiz para as folhas. Já o
ependimócitos (revestem os ventrículos do cére- floema, é um tecido mais externo ao corpo do vege-
bro e o canal central da medula espinhal; quando tal, responsável pelo transporte de matéria orgâ-
ciliados, elas facilitam a movimentação do líquido nica e inorgânica (seiva elaborada), para todo o
cefalorraquidiano) e as células de Schwann (fun- corpo do vegetal. O xilema é composto por células
ção similar a dos oligodentrócitos, porém envolvem especializadas denominadas elementos do vaso e
apenas um axônio do Sistema Nervoso periférico). traqueídes, enquanto que no floema encontramos
as células crivadas e os elementos do tubo crivado.
VEGETAL

Como tecidos vegetais temos: embrionários ou


meristemáticos (meristemas – crescimento primário e
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA
BIOLOGIA

secundário) e permanentes ou diferenciados (epider-


me e súber = proteção e revestimento; parênquima
= preenchimento; colênquima e esclerênquima = sus- O corpo humano é composto por diversos sistemas
tentação; xilema e floema = condução). Esses tecidos que funcionam de forma conjunta, visando a manu-
são classificados como simples quando têm apenas tenção do equilíbrio interno do organismo. Nesse
um tipo de célula, ou como complexos, quando têm material estudaremos diversos sistemas, tanto com
mais de um tipo de célula em sua constituição. Cada relação a anatomia deles quanto ao funcionamento
um deles será descrito logo adiante. que desempenham no organismo. 349
Ao final destes tópicos você deve saber descrever Os vasos sanguíneos
as funções desenvolvidas por cada um deles, as estru-
turas responsáveis pelo desenvolvimento de cada fun- Como já citado anteriormente, os vasos sanguíneos
ção e a importância deles para todo o organismo. são responsáveis por transportar o sangue pelo corpo,
levando oxigênio e glicose a todas as células. Compõem
SISTEMA CIRCULATÓRIO um grande sistema formado por tubos fechados, por
onde o sangue circula. Em geral, podemos dizer que
O Sistema circulatório é conhecido também como existem três tipos de vasos sanguíneos: as artérias, as
sistema cardiovascular, visto que é composto pelo veias e os capilares.
coração (bomba muscular) e pelos vasos sanguíneos.
Sua função é, basicamente, garantir que todas as célu-
z Artérias: definidas como vasos que partem do
las receberão nutrientes e oxigênio, transportados
coração, levando o sangue para os órgãos e os teci-
pelo sangue. Então, o coração é responsável pelo bom-
beamento de sangue e os vasos sanguíneos pelo trans- dos do corpo. O sangue presente no interior desses
porte do sangue por todo o corpo. vasos apresenta alta pressão. Quando as artérias
se ramificam, passam a se chamar arteríolas.
O coração z Capilares: são vasos muito delgados que realizam
a troca de substâncias entre o sangue e os tecidos
O coração de mamíferos, incluindo o de huma- do corpo.
nos, é formado por quatro câmaras: dois átrios e dois z Veias: vasos que levam o sangue de volta ao cora-
ventrículos. O lado direito do coração é formado pelo ção. O sangue presente no interior desses vasos
átrio direito e pelo ventrículo direito, enquanto que o apresenta baixa pressão, diferente do que ocorre
lado esquerdo é formado pelo átrio esquerdo e pelo nas artérias. Uma característica específica desses
ventrículo esquerdo. Em meio a essas câmaras pode- vasos é a presença de válvulas que impedem o
mos encontrar também válvulas, ou seja, estruturas refluxo sanguíneo.
que de certa forma controlam a passagem de sangue,
impedindo o retorno dele. Agora que já sabemos quais são as estruturas
Podemos dizer que os átrios são responsáveis envolvidas no transporte de sangue, vamos falar de
pela chegada de sangue ao coração, e os ventrículos como é realizado o processo de circulação sanguínea.
pela saída de sangue e bombeamento para o corpo.
A circulação do sangue em mamíferos é do tipo
Além disso, é importante que você saiba que o lado
dupla, apresentando duas formas: pode acontecer na
esquerdo do coração é preenchido com sangue rico
forma de grande ou pequena circulação. A pequena
em oxigênio, enquanto que o lado direito é preen-
chido com sangue rico em gás carbônico. circulação (ou circulação pulmonar) envolve:
Quanto às válvulas do coração, elas podem ser
classificadas em atrioventriculares ou semilunares. coração → pulmão → coração
As atrioventriculares encontram-se localizadas entre
o átrio e o ventrículo, tanto do lado direito quanto do Já a grande circulação (ou circulação sistêmica)
lado esquerdo do coração. Já as semilunares controlam envolve:
a passagem de sangue para os pulmões e para a artéria
aorta. As válvulas atrioventriculares são subdivididas coração → corpo (tecidos) → coração
em tricúspide (entre o átrio direito e o ventrículo direi-
to) e bicúspide ou mitral (entre o átrio esquerdo e o Para entender ambas com maiores detalhes vamos
ventrículo esquerdo). Assim como as semilunares, são descrever os processos enquanto observamos a ima-
subdivididas em aórtica e pulmonar: a aórtica na saída gem a seguir.
para a aorta e a pulmonar na saída para o pulmão.
Além disso, o coração apresenta três camadas: o Pulmão
endocárdio (mais interna), o miocárdio (camada
média, composta por musculatura estriada cardíaca e,
por isso, é a principal responsável pelo bombeamento Artéria
sanguíneo) e o epicárdio (mais externa - onde pode Pulmonares
ocorrer o acúmulo de tecido adiposo). Veias
O batimento do coração apresenta sincronia com Veia Cava Pulmonares
os movimentos de sístole e diástole, que nada mais
são do que movimentos de contração e relaxamento
do órgão, respectivamente. Durante cada contração Artéria Aorta
ocorre o bombeamento do sangue e a cada relaxamen-
to o coração é novamente preenchido pelo sangue. Átrio Esquerdo
Átrio Direito
Ventrículo
Esquerdo
Se liga!
Ventrículo
Existe uma região que é responsável por ori- Direito
ginar os batimentos cardíacos, é o chama-
do nó sinoatrial. Por definição, é uma região Corpo
de aglomeração celular capaz de produzir
impulsos elétricos. fonte: https://br.pinterest.com/pin/705446729106047532/visual-
350 search/ Adaptada. Acesso em: 02 fev .2021
Lembre-se que nos pulmões ocorre o processo de ÓRGÃOS DIGESTÓRIOS
hematose (ou troca gasosa): o sangue, até então rico
em gás carbônico, recebe oxigênio proveniente da Boca
respiração pulmonar. O sangue, agora rico em oxigê-
nio, retorna ao coração por meio das veias pulmona- Local onde se inicia a digestão. Na boca, a digestão
res, chegando a esse órgão pelo átrio esquerdo. Ele ocorre de duas formas: mecânica e química. Na digestão
segue do átrio para o ventrículo esquerdo. Então, o mecânica, temos a ação dos dentes, garantindo que o ali-
sangue é bombeado para o corpo, saindo do coração mento seja rasgado, amassado e triturado. Já na digestão
pela artéria aorta. química, o alimento sofre a ação da saliva secretada pelas
O sangue alcança vários órgãos e tecidos do corpo. glândulas salivares. A enzima salivar que age na boca é a
Nos capilares ocorrem as trocas gasosas, que é quan- ptialina, ou amilase salivar. Apresenta bom desempenho
do, enfim, o oxigênio presente no sangue é passado em PH neutro (PH da boca = 7.0). Essa enzima promove a
para os tecidos e o gás carbônico produzido na res- quebra do amido, um carboidrato. A língua também tem
piração celular é deixado para o sangue. Os capilares papel importante na digestão: ajuda a misturar o alimento
reúnem-se formando vênulas, que formam as veias, e a saliva; e também na deglutição: auxilia a engolir o ali-
as quais levam esse sangue pobre em oxigênio e rico mento, que seguirá rumo à faringe.
em gás carbônico de volta para o coração. O sangue
é transportado até o coração por meio da veia cava Faringe
e entra pelo átrio direito. Esse sangue, agora rico em
gás carbônico e pobre em oxigênio é enviado para o É um órgão comum aos sistemas digestório e res-
ventrículo direito, e do ventrículo direito é bombeado piratório. No sistema digestório, o alimento seguirá da
para os pulmões por meio das artérias pulmonares. faringe em direção ao esôfago, enquanto que, no respi-
ratório, segue em direção à laringe. É um canal de passa-
Lá passa novamente pelo processo de hematose e todo
gem para o alimento que segue da boca para o esôfago.
o processo é reiniciado.
Esôfago
SISTEMA DIGESTÓRIO
Órgão tubular e musculoso localizado entre a
O sistema digestório tem como função proces-
faringe e o estômago. O esôfago é o primeiro local
sar os alimentos ingeridos de forma que seja possível
onde ocorrem movimentos peristálticos, ou seja,
aproveitar os nutrientes necessário para o organismo
contrações do músculo liso que empurram o alimento
e eliminar o que não for utilizado.
pelo tubo, até que ele chegue no estômago.
Na figura a seguir é possível identificar a localização
dos órgãos que compõem o sistema digestório humano:
Estômago

Órgão localizado logo abaixo do diafragma. Apre-


BOCA senta musculatura que permite dilatação conforme
a quantidade de alimento ou líquido digerido. É no
FIGADO estômago que o bolo alimentar sofre a ação do suco
ESÔFAGO gástrico, transformando-se em quimo. Tem início a
digestão de proteínas, por ação da enzima pepsina.
ESTÔMAGO O ácido clorídrico liberado é o responsável por ativar
a pepsina (transformação de pepsinogênio em pepsina)
e por manter o PH ácido. Lembrando que as enzimas
estomacais tem melhor ação quando em PH ácido (PH
do estômago = 2.0). Apesar de parecer arriscado termos
INTESTINO “ácido” dentro do nosso corpo, as células do estômago
GROSSO PÂNCREAS ficam liberando muco e esse muco protege a parede
estomacal do contato com o ácido, mantendo o órgão
realizando sua função de digestão.

Intestino delgado

INTESTINO É considerado a parte mais longa do sistema diges-


DELGADO RETO tório, apresentando aproximadamente 6m de compri-
mento. Divide-se em três partes: duodeno, jejuno e
íleo (alguns se referem a essa parte como jejuno-í-
leo). É aqui que ocorre a maior parte da digestão, que
tem início a digestão de lipídeos e que os nutrientes
BIOLOGIA

fonte :https:/ensinarhoje.com/sistema-digestorio-texto-e-atividades
Adaptada. Acesso em: 02 fev 2021 são finalmente absorvidos.
O duodeno é a região do intestino em que o suco
Os órgãos do sistema digestório possibilitam a pancreático age sobre o quimo que vem do estômago.
ingestão e a digestão do alimento, a absorção dos Também é nessa parte do intestino que age a bile, uma
nutrientes e a eliminação do que for desnecessário substância produzida pelo fígado e que é armazenada
para o corpo. Sendo assim, é importante saber o papel e liberada pela vesícula biliar, e o suco entérico, uma
desempenhado por cada um dos órgãos digestórios. secreção produzida pelo próprio duodeno. 351
A bile tem como função a quebra de moléculas de SISTEMA URINÁRIO
gordura (emulsificação de lipídeos), ao passo que o
suco entérico é rico em enzimas capazes de quebrar Quando falamos de sistema urinário, aposto que
nucleotídeos e aminoácidos. você já pensa em formação de urina. Mas, você sabia
É também nessa região que o pâncreas libera suco que a formação da urina depende, também, da circu-
pancreático, que é rico em bicarbonato, tripsina e qui- lação sanguínea? Ou que a quantidade de água pre-
motripsina. A presença de bicarbonato é de extrema sente na urina, bem como a reabsorção de sais, tem
importância neste momento, pois ele age neutralizan- relação com o sistema endócrino? Garanto que, após
do a acidez do quimo que veio do estômago. Isso é esta aula, ficará mais fácil relacionar esses sistemas.
necessário porque a parede do intestino, diferente do Vamos começar?
estômago, não apresenta células produtoras de muco O Sistema Urinário tem, como função, auxiliar
para a proteção da parede. na manutenção do equilíbrio interno (homeostase)
do organismo. Além disso, ele filtra o sangue, sendo
capaz de reabsorver substâncias importantes para o
Se liga! corpo, eliminar compostos tóxicos ou em excesso, pro-
duzir e armazenar a urina até o momento em que seja
A bile, substância liberada no duodeno para a possível expulsá-la pelo canal urinário.
emulsificação de gorduras, é produzida pelo Esse sistema é composto por quatro órgãos: rins,
fígado e não pela vesícula biliar como muitos ureteres, bexiga e uretra. Observe, abaixo, a ima-
pensam. A vesícula biliar apenas armazena e gem representativa da organização desses órgãos no
libera a bile. corpo humano, bem como a descrição das caracterís-
ticas e da função desempenhada por cada um deles.

O jejuno e o íleo são ricos em superfícies especia-


lizadas na absorção: apresentam aumento da super-
fície de contato, o que potencializa a sua função.
Essas especializações de membrana são chamadas de
vilosidades (dobras no revestimento do intestino) ou
microvilosidades (projeções nas células epiteliais da
vilosidade). Por esse motivo, é principalmente no jeju-
no e no íleo que ocorre a absorção de nutrientes.

Intestino grosso

Tem cerca de 1,5 m de comprimento. Caracteriza-


do como a região responsável pela absorção de água
e formação da massa fecal. É formado por três partes:
ceco, cólon e reto. No ceco, encontramos o apêndice,
órgão não vital que serve de reserva de bactérias para z Rins: ao todo, temos 2 rins. Resumidamente, são
a digestão, função essa que já foi importante, porém, responsáveis pela produção da urina.
nos dias atuais é facilmente suprida de outras manei- z Ureteres: também temos 2 ureteres. Eles são res-
ras e, além disso, o apêndice pode inflamar, causan- ponsáveis por levar a urina dos rins até a bexiga
do apendicite. O cólon encontra-se dividido também urinária.
em três partes: cólon ascendente, cólon transverso e z Bexiga: é um órgão com capacidade elástica que
cólon descendente. E o reto, ou canal anal: uma estru- tem, como função, o armazenamento da urina.
tura que se abre para o exterior no ânus, por onde as z Uretra: é o canal que permite que a urina seja
fezes são eliminadas. enviada para fora do organismo.

Glândulas acessórias ao sistema digestório Dentro deste tema, é importante darmos uma
atenção especial aos rins.
São definidas como glândulas que lançam subs- Conforme vimos anteriormente, é bom que tenha-
tâncias no tubo digestório, mas não fazem parte deste mos uma noção dos planos de posição e direção dos
tubo, por isso são chamadas de acessórias. São elas: órgãos no nosso corpo. Os rins, por exemplo, estão
localizados na parte posterior do abdômen, logo abai-
z Glândulas salivares: atuam na produção da sali- xo do diafragma. Cada rim possui cerca de 10cm de
va, substância composta por água e enzimas. A
comprimento e pesa entre 120g e 280g, apresentando
saliva ajuda a lubrificar o bolo alimentar e tam-
formato similar ao de um grão de feijão. Além disso, é
bém possui ação antibacteriana. Inclusive, já foi
através deles que ocorre a passagem de vasos sanguí-
mostrada a presença de anticorpos do tipo IgA na
saliva neos e também de nervos.
z Pâncreas: a famosa glândula mista dos humanos, Internamente, eles possuem duas regiões diferen-
ou seja, possui funções endócrinas e exócrinas. tes, o córtex (mais externa) e a medula (mais inter-
Quando desempenha sua função exócrina, ocorre na). É nessas regiões que encontramos os néfrons. E o
a produção do suco pancreático, enquanto que na que são esses néfrons, hein?
função endócrina fica responsável pela produção Os néfrons são considerados a menor unidade fun-
dos hormônios insulina e glucagon. cional dos rins. É neles que toda a função renal é desem-
z Fígado: dentro do contexto “digestão alimentar”, penhada. Eles são formados por um glomérulo renal,
esse órgão atua na produção da bile, uma substân- envolvido por uma cápsula (Cápsula de Bowman),
cia que é armazenada na vesícula biliar e, poste- local de ocorrência da filtração do sangue. Seguidamen-
352 riormente, lançada no duodeno. te, apresentam túbulos, o contorcido proximal e o
contorcido distal, nos quais ocorrem a reabsorção e a Testículo
secreção de substâncias respectivamente. No meio des-
ses túbulos, existe a alça renal, associada à reabsorção Como citado anteriormente, é a gônada masculi-
de água pelos néfrons. Por último, devemos citar a na onde são formados os espermatozoides e também
presença de um ducto coletor, que é para onde a urina onde é produzida a testosterona (hormônio masculi-
segue ao ser formada. Dalí, ela vai para os ureteres. Dos no). Esses gametas são produzidos mais precisamente
ureteres, para a bexiga e da bexiga para a uretra. em túbulos enrolados, conhecidos como túbulos semi-
Para finalizarmos, é bom que você saiba que existe níferos. Cada homem possui dois testículos.
uma correlação entre o Sistema Urinário e o Sistema
Reprodutor em homens. Isso acontece, pois a uretra é Epidídimo
comum a ambos os sistemas.
Quer saber mais sobre isso? Então, continue os Localizado acima dos testículos. É onde os espermato-
estudos, que já chegaremos nessa parte! zoides completam sua maturação e adquirem mobilidade.

SISTEMA REPRODUTOR
Ducto deferente e ejaculatório
Quando falamos de sistema reprodutor, a primeira
É um canal que parte de cada epidídimo e encon-
coisa que já deve vir em nossas mentes é a diferen-
tra-se com o ducto da vesícula seminal, formando os
ça anatômica e fisiológica apresentada por homens
ductos ejaculatórios, os quais se abrem na uretra.
e mulheres. Afinal, esse sistema é responsável por
garantir a reprodução e, por isso, encontramos nele as
Uretra
estruturas responsáveis pela produção dos gametas.
Essas estruturas que formam os gametas são chama-
das de gônadas. A gônada masculina são os testículos, Estrutura comum ao sistema excretor e reprodu-
enquanto que a feminina são os ovários. Estruturas tor, o que significa que pela uretra saem o sêmen e a
que, diga-se de passagem, são bem diferentes. urina. Percorre todo o pênis.
Além disso, os homens possuem glândulas ane-
SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO xas ao sistema reprodutor que atuam auxiliando na
reprodução. Essas glândulas também são classificadas
O Sistema reprodutor masculino é responsável como estruturas internas do organismo, e recebem o
pela produção dos espermatozoides, especificamen- nome de glândulas acessórias. São elas: vesícula semi-
te os testículos. Antes, porém, precisamos analisar nal, próstata e glândula bulbouretral.
outras estruturas que compõem este sistema, que se
dividirão em externas e internas. Vesículas seminais
As estruturas externas (visíveis ao olhar para o
corpo de um homem) são: o pênis e o saco escrotal. Associadas à formação do sêmen, produz uma
O pênis é o órgão associado à cópula (relação sexual). secreção composta por frutose, o que garante energia
Durante a excitação, os corpos cavernosos são preen- para os espermatozoides.
chidos com sangue, o que possibilita a ereção. Já o
saco escrotal é a região em que podemos encontrar os Próstata
testículos. Ela apresenta temperatura um pouco mais
baixa que o restante do corpo, o que ajuda a proteger Produz a substância que serve de nutriente para
os espermatozoides formados. os espermatozoides.
Já as estruturas internas consistem em: testículo, epi-
dídimo, canal deferente, canal ejaculatório e uretra. Glândulas bulbouretrais

Produz uma secreção que limpa a uretra antes da


ejaculação.

Ducto Bexiga
Deferente
SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
Vesícula
Seminal O Sistema Reprodutor Feminino também é com-
posto por estruturas externas e internas.
Próstata A estrutura externa se resume na vulva: constituí-
da pelos grandes lábios, pequenos lábios (protegem a
entrada da vagina e da uretra) e pelo clitóris. Assim
como o pênis, o clitóris é formado por tecido erétil e,
Uretra
da mesma forma, recebe sangue durante a excitação
BIOLOGIA

sexual. Por este motivo, é considerado um dos pon-


Epidídimo tos mais sensíveis no corpo da mulher. Isso faz todo
o sentido quando pensamos em embriologia, onde é
mostrado que o pênis é como um clitóris desenvolvi-
do. Por isso há semelhança funcional entre eles.
Já como órgãos internos, as mulheres possuem: ová-
Testículo
rios, tuba uterina, útero e vagina. 353
Tuba Uterina Útero Fundo Tuba Uterina Se liga!
As glândulas endócrinas lançam substâncias
(hormônios) diretamente nos vasos sanguí-
neos. Já as glândulas exócrinas, lançam suas
secreções em superfícies livres, ou seja, nun-
Ovário Endométrio ca em vasos sanguíneos.
Fímbria
Miométrio

Vagina
Colo do Útero
As glândulas endócrinas podem ser encontradas
em diferentes partes do corpo, como mostra a figura
a seguir.

Ovários
Hipotálamo
Descritas como as gônadas femininas. Local onde Hipófise
são produzidos os ovócitos. É nos ovários também que
são produzidos os hormônios femininos (estrogênio e Tireóide
progesterona). Cada mulher apresenta dois ovários.
Paratireóides
(atrás da tireóide)
Tuba uterina
Adrenais
São dois tubos que se estendem dos ovários até o útero.
Pâncreas
Antigamente eram chamadas de trompas de falópio.
Testículos
Útero (homens)

Ovários
Órgão muscular com formato de pera, onde o zigo- (mulheres)
to se instala e o bebê se desenvolve.

Vagina
Ao longo do texto, você encontrará informações
Local onde o pênis se insere na hora da cópula e é importantes sobre as principais glândulas humanas.
também o canal por onde o bebê sai na hora do parto.
Até aqui conseguimos entender as característi- Hipotálamo
cas anatômicas e fisiológicas associadas aos sistemas
reprodutores masculino e feminino. É importante O hipotálamo é uma região responsável por
entender com total clareza as diferenças entre eles manter a homeostase (equilíbrio) do organismo e
antes de seguir adiante com os estudos. realizar funções endócrinas e nervosas. Caracteri-
za-se como uma região do sistema nervoso capaz de
SISTEMA ENDÓCRINO controlar o sistema endócrino, pois age diretamente
sobre a hipófise e indiretamente sobre outras glându-
O Sistema Endócrino é responsável pela comu- las (tireoide, adrenal, mamárias e gônadas).
nicação química que ocorre em cada organismo, ou
até mesmo entre diferentes organismos. Ele consiste z Localização: encéfalo, conectado diretamente
em um conjunto de glândulas com capacidade de pro- com a hipófise.
duzir e lançar hormônios no sangue, chamadas glân- z Hormônios: produz ADH e Ocitocina, que são
dulas endócrinas. Os hormônios, também conhecidos enviados para a neurohipófise liberar.
como “mensageiros químicos”, têm como função
levar mensagens para células específicas, as famosas Hipófise
“células alvo”.
Células alvo são células que apresentam recepto- Conhecida como “glândula-mestre” por produzir
res de hormônio específicos na membrana plasmáti- hormônios que regulam outras glândulas presentes
ca. É por meio da mensagem recebida que as células no organismo. Apresenta tamanho pequeno, equiva-
sabem como devem se comportar em um determina- lente ao de uma ervilha. Pode ser referenciada pelo
do momento. nome mais antigo: Glândula Pituitária.

z Localização: encéfalo, ligada diretamente ao hipo-


tálamo. Divide-se em Adenohipófise (hipófise ante-
Vaso Sanguíneos rior) e Neurohipófise (hipófise posterior).
Célula
Endócrina
Célula alvo
Adenohipófise
Hormônio

354 Produz e libera os seguintes hormônios:


z Somatotrófico (GSH) ou “hormônio do cresci- Tanto o hiper quanto o hipotireoidismo podem
mento”: crescimento de tecidos; resultar na formação de bócio endêmico, um inchaço
na região do pescoço, formando um papo.
Determinação da altura corporal. Sua ausência pode
causar, na infância, o nanismo. Já o excesso, na infância,
pode causar o gigantismo e na vida adulta a acromegalia.
Se liga!
z Tireotrófico (TSH) ou “Tireotropina”: estimula A produção desses hormônios necessita da pre-
síntese e secreção de hormônios da tireoide. sença de iodo. Como forma de evitar a ocorrên-
z Adenocorticotrófico (ACTH) ou “Adenocortico-
cia de hipotireoidismo o iodo foi adicionado ao sal
tropina”: estimula a secreção de hormônios da
supra-renal. de cozinha, para que fosse consumido de forma
z Gonadotrófico (FSH “hormônio folículo estimu- natural no dia a dia da população. Por isso vocês
lante” e LH “hormônio luteinizante”): promove encontrarão na embalagem do sal de cozinha a
crescimento e funcionamento das gônadas. informação “sal iodado”.
z Prolactina: produção de leite em mulheres.

Neurohipófise z Calcitonina: Levar Ca++ do sangue para os ossos.

Recebe hormônios produzidos pelo hipotálamo e Paratireoides


os libera na corrente sanguínea, em direção às células
alvo. É fundamental lembrar que a neurohipófise não z Localização: são 4 glândulas pequenas que se
produz esses hormônios, apenas libera na corrente
encontram atrás da tireoide.
sanguínea.
z Hormônio: paratormônio.
Vejamos quais são os hormônios liberados pela
z Função do hormônio: Retirar Ca++ dos ossos e
neurohipófise:
enviar para o sangue.
z ADH (ou vasopressina): Hormônio Antidiurético.
Age nos rins, mais especificamente nos néfrons, Adrenais ou Suprarrenais
promovendo a reabsorção de água. Sua deficiência
acarreta o início de um quadro de Diabetes insípi- z Localização: sobre os rins.
dus, onde ocorre a liberação de grande quantidade z Hormônios: produzidos pelo córtex: cortisol e
de urina muito diluída. aldosterona. Produzidos pela medula: adrenalina
(ou epinefrina) e noradrenalina (ou norepinefrina).
Esse hormônio é inibido em casos de ingestão de
bebidas alcoólicas, e as consequências são aumento
Função dos hormônios produzidos pelo córtex:
na liberação de urina com posterior desidratação,
causando sensação de muita sede.
z Glicocorticoides: o cortisol é controlado pelo
z Ocitocina: associada ao processo de contração ute- ACTH produzido na adenohipófise e liberado em
rina durante o parto. É também conhecida como situações de estresse. Atua aumentando a glice-
hormônio do amor/afeto, devido a relação com- mia, ou seja, na produção de glicose a partir de
provada com casos de melhora de humor, aumen- proteínas e gorduras, e participa dos mecanismos
to da interação social e de ligação entre pessoas de resposta imunológica reduzindo inflamações e
(parceiros, filhos etc.), e diminuição da ansiedade. alergias.
Em homens esse hormônio é capaz de diminuir z Mineralocorticóides: a aldosterona é controlada
a agressividade, permitindo um comportamento pelo ACTH produzido na adenohipófise e respon-
mais amável e generoso (comportamentos nor- sável por aumentar a pressão arterial e o volume
malmente diminuídos pela testosterona). de sangue circulante (volemia). Além disso, tem
função de extrema importância nos rins, mais
É justamente por esses benefícios que a ocitoci-
na vem sendo utilizada em casos de tratamento ou especificamente nos néfrons, em que é responsá-
melhora do espectro autista. vel pela reabsorção de sódio (Na+) e excreção de
potássio (K+).
Tireoide
Função dos hormônios produzidos pela medula:
z Localização: logo abaixo das cartilagens da glote.
z Hormônios: T3, T4 e Calcitonina. z Adrenalina: prepara o organismo para enfrentar
z Triiodotironina (T3) e Tiroxina (T4): estimulam situações de estresse. Exemplos: vasoconstrição,
o metabolismo energético e controlam a taxa de aumento da quantidade de açúcar no sangue,
respiração celular.
redistribuição de sangue para diferentes órgãos e
z Excesso: resulta em hipertireoidismo. Consequên-
músculos.
cias: hiperatividade, perda de peso, nervosismo,
z Noradrenalina: atua em conjunto com a adrena-
exoftalmia (olhos arregalados), ou seja, metabolis-
lina em situações de estresse. Exemplos: acelera
BIOLOGIA

mo acelerado.
z Falta: resulta em hipotireoidismo. batimentos cardíacos e mantém a pressão sanguí-
z Hipotireoidismo no adulto: Consequências: nea em níveis normais.
metabolismo lento, ganho de peso, bradicardia
(coração com batimento lento). Pâncreas
z Hipotireoidismo na criança: pode levar ao creti-
nismo, caracterizado por retardo mental e compro- z Localização: lado esquerdo da cavidade abdominal.
metimento do crescimento de ossos e dentes. z Hormônios: insulina e glucagon. 355
Função dos hormônios produzidos no pâncreas: z Estrogênio: responsável pelo aparecimento de
características secundárias femininas (mamas, acú-
z Insulina: produzido pelas células beta pancreáti- mulo de gordura em determinadas regiões, pelos
cas. É liberado em situações de aumento de glicose pubianos etc.), pelo estímulo do desenvolvimento
no sangue. Indica para as células que os transpor- do endométrio para a chegada do embrião (futuro
tadores de glicose, presentes na membrana celu- bebê), pela indução ao amadurecimento dos órgãos
lar, devem ser ativados, permitindo que a glicose genitais, associado ao controle da libido.
entre nas células. A glicose é então utilizada para z Progesterona: estimula o desenvolvimento das
produzir energia através da respiração celular. E glândulas mamárias e, assim como o estrogênio,
os níveis de glicose no sangue retornam ao normal. estimula o desenvolvimento do endométrio para a
z Glucagon: produzido pelas células alfa pancreá-
chegada do embrião (futuro bebê).
ticas. É liberado em situações de diminuição da
glicose no sangue. Indica para as células que deve
ocorrer liberação do glicogênio armazenado em
células do fígado e dos músculos. Afinal, a quebra Se liga!
do glicogênio libera moléculas de glicose que serão Feedback negativo é quando ocorre a libera-
encaminhadas para a corrente sanguínea e distri-
ção de um estímulo contrário àquele que levou
buídas pelo corpo do indivíduo. Assim, os níveis de
glicose no sangue retornam ao normal. ao desequilíbrio. Por exemplo: Falta cálcio nos
ossos, então o organismo vai liberar calcitonina
Atenção para o caso de Diabetes Mellitus, que é que levará cálcio para os ossos. E então, quando
dividida em dois tipos básicos: Diabetes tipo 1 e Dia- os ossos já estão cheios de cálcio e é necessá-
betes tipo 2. No tipo 1 ocorre uma falha na produção rio liberar mais calcitonina, o organismo ativa o
de insulina. As células pancreáticas sofrem com uma paratormônio para retirar cálcio dos ossos, de
síndrome autoimune que leva à destruição de células maneira a manter o equilíbrio sempre.
beta pancreáticas. Com isso, não ocorre produção de
insulina e o indivíduo precisa aplicar insulina todos os
dias para manter o equilíbrio no metabolismo do açú- SISTEMA NERVOSO
car. Já no caso de diabetes tipo 2, o indivíduo produz
insulina normalmente, porém, os receptores de insuli- O Sistema Nervoso, assim como o Sistema Endó-
na falham no reconhecimento do hormônio. Portanto, crino, é um sistema responsável pela comunica-
esses indivíduos precisam tomar remédios que ajuda-
ção dentro de um organismo e pela manutenção da
rão a contornar a situação, permitindo que a glicose
homeostase (equilíbrio). Porém, neste caso, a comuni-
entre nas células e a homeostase seja mantida.
Em indivíduos com diabetes mellitus, ocorre a cação é do tipo elétrica, uma comunicação muito mais
perda de glicose também na urina, pois essa molé- rápida do que a endócrina. Sua principal função é
cula está presente em excesso no plasma sanguíneo, processar e armazenar informações, tanto de origem
sendo assim, o excesso é liberado pela urina após a interna quanto de origem externa ao corpo do indiví-
filtração do plasma sanguíneo pelos rins. Como esses duo, elaborando respostas adaptativas frente à cada
indivíduos não conseguem utilizar a glicose presen- situação vivida.
te no plasma sanguíneo, as células utilizam glicose A principal célula desse sistema é o neurônio e, de
do armazenamento de gordura e proteína, podendo forma geral, o Sistema Nervoso encontra-se dividido
chegar ao ponto de degradar músculos devido a perda em duas partes importantes: o Sistema Nervoso Cen-
proteica. tral (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP). Adian-
te, compreenderemos cada uma delas.
Gônadas O SNC é composto pelo encéfalo e pela medula
espinhal. Já o SNP, é composto por nervos e gânglios
z Localização: homens = testículos (interior da bol- nervosos. Os nervos que tem origem no tronco ence-
sa escrotal); mulheres = ovários (interior da cavi- fálico recebem o nome de nervos cranianos e aqueles
dade pélvica). que se originam a partir da medula são denominados
z Hormônios: Homens = testosterona. Mulheres = nervos raquidianos (ou nervos espinhais).
Estrogênio e Progesterona. Vejamos, de forma esquemática, os componentes
do SNC e do SNP:
Esses hormônios sofrem influência dos hormônios
FSH e LH produzidos na adenohipófise. Vejamos:
Cérebro

z FSH: em homens induz a produção de espermato-


zoides. Já em mulheres induz a formação dos folí- Encéfalo Cerebelo Mesencéfalo
culos ovarianos, os quais produzem estrogênio. Sistema
z LH: em homens induz a produção de testosterona. Nervoso Tronco Ponte
Já em mulheres promove a ovulação e a forma- Central (SNC) Encefálico
ção do corpo lúteo (amarelo), o qual irá produzir
progesterona. Bulbo
Medula

Já quanto à função dos hormônios em si, teremos:


Nervos cranianos (12 pares)
z Testosterona: responsável pelo aparecimento de
características secundárias masculinas (barba, Sistema Nervoso
Periférico Nerbos raquidianos (31 pares)
pelos pubianos, engrossamento da voz etc.), pelo
(SNP)
amadurecimento dos órgãos genitais masculinos e
também pelo controle da libido. Terminações nervoso
356
„ Bulbo: controle dos batimentos cardíacos, con-
Encéfalo trole dos movimentos respiratórios e controle
da deglutição (engolir).

SNC
Medula Espinhal
Medula
Espinhal
É um cordão cilíndrico que parte da base do encé-
falo, percorre toda a coluna vertebral e se aloja dentro
das perfurações das vértebras. Da Medula Espinhal,
Nervos partem 31 pares de nervos raquidianos. Tem como
SNP
funções: receber as informações de diversas partes do
corpo e enviá-las para o encéfalo e vice-versa, além de
ser responsável pelos atos reflexos (reflexo medular).
Cuidado para não confundir Medula Espinhal e
Medula Óssea. A Medula Espinhal é encontrada dentro
das vértebras da coluna vertebral. Já a Medula Óssea é
encontrada no interior dos ossos longos e esponjosos,
desempenhando funções do tecido hematopoiético,
como a produção de células sanguíneas.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL - SNC Se liga!


No encéfalo, a substância cinzenta é mais exter-
Encéfalo
na e a branca mais interna, enquanto que, na
medula, é o contrário, sendo a substância cin-
Constitui cerca de 90% da massa encefálica. Sua
zenta mais interna e a branca mais externa.
superfície é bastante pregueada (aumento da super-
fície) e é dividido em dois hemisférios (esquerdo e
direito) e em duas partes: Córtex (externo) – subs- Ato reflexo
tância cinzenta (corpos neuronais) e Região interna
– substância branca (dendritos e axônios). Principais Ocorre em situações de risco ou emergência. Neste
estruturas que ocupam o cérebro e suas funções caso, a medula espinhal elabora respostas rápidas, sem
a interferência do encéfalo. Exemplo: resposta patelar.
O mecanismo de resposta envolve apenas um
Corpo Caloso Córtex cerebral Ossos do crânio neurônio sensitivo (aferente), a medula e um neurô-
Cérebro Meninge nio motor (eferente). Por esse motivo, a resposta ao
estímulo é mais rápida.
Epifise
lobo Meninges
frontal
Lobo Tanto o encéfalo quanto a medula são protegidos por
occipital membranas denominadas meninges. Elas são descritas
Talamo
Hipotalamo como um conjunto de membranas que reveste e protege
o sistema nervoso central (SNC). Essas membranas são
Hipófise Cerebelo classificadas como: dura-máter (mais externa), arac-
Mesencéfalo
noide (intermediária) e pia-máter (mais interna). Além
Ponte
Bulbo Medula Espinhal disso, é importante lembrar que o espaço entre elas é
preenchido por líquido cefalorraquidiano (ou líquor).
z Tálamo: reorganização dos estímulos nervosos e Vale notar que a meningite é uma infecção menin-
percepção sensorial (consciência). gocócica causada por bactérias que se alojam no inte-
z Hipotálamo: regulador da homeostase corporal, rior dessas membranas, podendo gerar inflamação ou
até infecção generalizada.
controle da temperatura e do apetite, balanço
hídrico e controle da hipófise e de outras glândulas.
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO – SNP
z Cerebelo: responsável pelo equilíbrio do corpo,
pelo tônus e vigor muscular, pela orientação espa- Nervos
cial e pela coordenação dos movimentos.
São fios finos formados por vários axônios de neurô-
A ingestão de álcool afeta o cerebelo, prejudican- nios envolvidos por tecido conjuntivo que transmitem
do a coordenação dos movimentos. É por esse motivo mensagens de várias partes do corpo para o sistema
que uma pessoa bêbada fica tonta, com dificuldades nervoso central ou destes para as regiões corporais.
em manter o equilíbrio do corpo. Classificação dos nervos:
BIOLOGIA

z Quanto ao tipo de neurônio:


z Tronco Encefálico:
„ Sensitivos ou aferentes (contém apenas neurô-
„ Mesencéfalo: recepção e coordenação da con- nios sensoriais);
tração muscular e postura corpora; „ Motores ou eferentes (contém apenas neurô-
„ Ponte: manutenção da postura corporal, equilí- nios motores);
brio do corpo e tônus muscular; „ Mistos (contém neurônios sensitivos e motores). 357
z Quanto à posição anatômica: diferentes, mais ácidos, azedos, doces e salgados e
veja o que acontece! Você verá que o reconhecimento
„ Cranianos (ligados ao encéfalo): 12 pares; deles é mais específico quando colocados em determi-
„ Raquidianos ou espinhais (ligados à medula): nadas regiões da língua.
31 pares. Mas, por que estamos falando disso agora? Por-
que, para estudar os órgãos dos sentidos, precisamos
Gânglios nervosos entender, também, que as funções desempenhadas
por eles são complementares e fundamentais para o
Caracterizados como um aglomerado de corpos equilíbrio e o bom funcionamento do corpo.
celulares de neurônios encontrados fora do sistema E quais são os órgãos responsáveis pelo desen-
nervo central. volvimento e reconhecimento dos sentidos? São eles:
visão, audição, olfato, paladar e tato. Eles formam o
Terminações nervosas sistema sensorial.

São responsáveis por captar estímulos do meio


interno ou externo e levá-los para o sistema nervoso
central. As terminações nervosas são as receptoras
para dor, tato, frio, pressão, calor, paldar etc.Sistema
Nervoso Periférico Voluntário
Formado por nervos motores que conduzem impul-
sos do sistema nervoso central (SNC) à musculatura
estriada esquelética. É responsável por determinar
ações conscientes: andar, falar, abraçar, correr etc.

Sistema Nervoso Periférico Involuntário

Constituído por nervos motores que conduzem impul-


sos do sistema nervoso central à musculatura lisa de
órgãos viscerais, músculos cardíacos e glândulas. É
responsável por realizar o controle da digestão e dos
sistemas cardiovascular, excretor e endócrino.

Os nervos do SNP autônomo possuem dois tipos de


neurônios:

z Pré-ganglionares (corpo celular dentro do SNC); Visão


z Pós-ganglionares (corpo celular dentro do gânglio).
Você sabia que estímulos externos, associados à luz
Além disso, o Sistema Nervoso Periférico Involun- ambiente, atingem os nossos olhos e permitem a asso-
tário encontra-se dividido em duas partes: Simpático ciação de informações através da formação de imagens?
e Parassimpático. Vejamos: Os olhos são órgãos fotossensíveis que possuem
estruturas capazes de transformar estímulos lumino-
z Sistema Nervoso Simpático: é aquele que prepa- sos em potenciais de ação, que serão transmitidos ao
ra o organismo para situações de estresse (instinto nosso cérebro, onde serão processadas as imagens.
de fuga ou luta).
z Sistema Nervos Parassimpático: responsável por
z Partes do olho
estimular atividades relaxantes (repouso).
O olho apresenta uma região denominada crista-
Eles desenvolvem ações antagônicas no organismo.
lino (semelhante à uma lente) que divide o olho em
Vamos exemplificar os dois Sistemas utilizando uma
mesma situação: resposta corporal perante um assalto. duas regiões: humor aquoso (anterior) e humor vítreo
Neste caso, o Sistema Simpático agirá, preparando (posterior). Há, ainda, outra região, formada por três
o organismo para lutar ou para fugir, ou seja, as pupi- camadas:
las se dilatarão, a saliva será inibida, deixando a boca
seca, os batimentos cardíacos aumentarão, a bexiga z A camada mais externa, formada pela esclera e
relaxará, adrenalina e noradrenalina serão liberadas, pela córnea;
entre outras consequências. Já o parassimpático, nesse z A camada intermediária, formada pela coroide,
caso, agirá tentando equilibrar o organismo pós situa- pelo corpo ciliar e pela íris; e
ção de estresse. Assim, atuará contraindo as pupilas, z A camada mais interna, na qual encontramos a
estimulando a salivação, diminuindo a frequência dos retina.
batimentos cardíacos, contraindo a bexiga, levando à
liberação de acetilcolina. A seguir, vamos falar de cada uma dessas partes:
Esclera: É a camada protetora do olho. Formada
ÓRGÃOS DOS SENTIDOS por tecido conjuntivo, rico em fibras colágenas.
Córnea: Localizada na parte da frente do olho.
Você já reparou que deficientes visuais têm a Apresenta formato esférico e transparente.
audição e o tato mais sensíveis? Ou que, quando esta- Coroide: responsável pela nutrição da retina.
mos com o nariz entupido, também não consegui- Localizado entre a retina e a esclera. É uma região
mos sentir muito bem o sabor dos alimentos? Tente rica em vasos sanguíneos e de coloração escurecida
358 colocar sobre a língua alimentos com características devido a presença de melanina.
Corpo ciliar: Onde ocorre a formação do humor que você ingerir, pode ser? E, aí, volte para ler sobre
aquoso. Região onde o cristalino é encontrado. o assunto.
Íris: responsável pela cor do olho. Apresenta uma
abertura no centro (pupila) por onde entra a luz. Con- Paladar
trola a entrada de luz no olho através da pupila.
Pupila: orifício circular localizado no centro da Ainda que os nossos olhos sejam vendados e o
íris. É capaz de aumentar e diminuir seu diâmetro nariz tapado, somos capazes de identificar um ali-
como resposta à variações de luz no ambiente. mento que é colocado dentro de nossa boca. Esse sen-
Cristalino: representa uma lente biconvexa gelati- tido é o paladar. O alimento libera partículas que se
nosa e elástica. Permite focalizar os objetos. dissolvem na nossa boca, local onde a informação é
Retina: constituída por células especializadas transformada para ser conduzida até o cérebro, que
(fotorreceptores), denominadas de cones e basto- irá decodificá-la.
netes. Os cones são relacionados à visão em cores e Os seres humanos distinguem as sensações de
os bastonetes à sensibilidade à luz. Os fotorrecepto- doce, salgado, azedo e amargo. Isso é possível graças à
res captam informações e as transmitem para o nervo presença de papilas gustativas, encontradas em dife-
óptico e para o cérebro. rentes regiões da língua. Os alimentos colocados em
Agora que já sabemos sobre as funções e estrutu- nossa boca estimulam receptores gustativos existen-
ras visuais, podemos estudar sobre os sons percebidos tes nas papilas e o cérebro processa a informação, seja
no ambiente. de uma lembrança associada aquele alimento, seja da
primeira impressão que temos ao provar algo novo
Audição ou, até mesmo, da sensação de comer algo que ado-
ramos. É possível sentir a textura e a temperatura das
Se te perguntassem qual é a função dos ouvidos, o coisas que provamos. Os sentidos comprovam o quão
que você responderia? incrível é o nosso corpo.
Provavelmente, sua resposta seria que a função
é perceber sons. E sua resposta estaria parcialmente Tato
correta, pois os ouvidos também são capazes de indi-
car a nossa posição corporal. Isso é possível devido à As funções associadas ao tato são realizadas em
presença de líquidos existentes nos canais semicircu- conjunto com a nossa pele. Ela permite a percepção
lares e no vestíbulo da orelha interna. É através do de textura dos materiais, de temperatura, de pressão
movimento desses líquidos que o corpo recebe infor- e de dor. Sem essas percepções, poderíamos sofrer
mações sobre os movimentos efetuados e sobre a posi- queimaduras e perder a chance de acariciar o pelo
ção da cabeça, gerando uma ideia de equilíbrio. macio do nosso bichinho de estimação.
Mas e quanto aos sons? Os sons são captados pelo Além disso, você precisa saber que as terminações
pavilhão auditivo (orelha externa) e diferenciados em nervosas que nos permitem associar essas sensações
fortes, fracos, altos, baixos, graves e agudos. O fato de estão mais concentradas nas extremidades do nosso
possuirmos uma orelha de cada lado permite identificar corpo. Por exemplo, se colocar as pontas de dois lápis
a distância do emissor de som. As vibrações sonoras são na palma de uma mão, será possível perceber, com
percebidas por membranas na parte interna do ouvido, detalhes, as duas pontas encostando na região. Mas,
chamadas tímpanos. Então, a vibração passa por três se essas mesmas pontas forem encostadas em uma
ossículos, chamados: martelo, bigorna e estribo. Eles região das nossas costas, sentiremos como um ponto
apresentam habilidade de amplificar o som percebido. apenas. Isso comprova a disposição de sensores distri-
Sabe aquele momento que estamos estudando buídos de forma desigual pelo nosso organismo.
e sentimos o cheiro de algo sendo preparado por Agora, você pode testar esse experimento dos pon-
alguém que mora na nossa casa, por um vizinho ou, tos e, depois disso, tomar aquele banho quentinho para
até mesmo, quando lembramos do cheiro de algo? Dá relaxar. Lógico que pensando nisso tudo que falamos
até para imaginar o alimento e salivar pensando nele, aqui! Sinta a temperatura da água, o cheiro do sabo-
não dá? Já nos casos de cheiros ruins, nós queremos é nete e o som do chuveiro ou da sua voz ao cantar no
distância. Concordam? banho. Ou você pode tentar comer tapando o nariz, a
Bem, vamos entender como o nosso corpo percebe fim de comprovar a relação entre o olfato e o paladar.
e processa as informações associadas a essas situa- Ou, ainda, fechar os olhos para dormir e prestar aten-
ções no próximo órgão estudado. ção nos sons ao redor, observando que a audição é agu-
çada na ausência da visão. Enfim, ligue os pontos entre
Olfato tudo o que estudamos aqui e os acontecimentos do dia
a dia. Isso facilitará a consolidação do aprendizado.
Como será que o nosso corpo processa a informa-
ção recebida através dos cheiros e aromas? O que
tem no cheiro que sentimos? Os alimentos, as flores
e alguns líquidos apresentam partículas capazes de IMUNOLOGIA
BIOLOGIA

alcançar as nossas narinas e se dissolver na mucosa


olfatória da cavidade nasal. A partir daí, a informação Imunologia é a área da biologia que estuda o sistema
segue pelo nervo olfatório até chegar no cérebro, local imunológico, ou seja, os mecanismos de defesa do orga-
onde será processada e enviará respostas em concor- nismo. Esse sistema funciona como uma barreira de pro-
dância com o estímulo recebido. teção contra patógenos e corpos estranhos que possam
Agora, eu te aconselho até a fazer um lanche antes invadir nosso corpo, de forma a reconhecê-los e destruí-
de continuar os estudos. Aproveite e teste a percepção, -los. Isso é possível devido ao trabalho em conjunto de
gerada no paladar, em consequência dos alimentos órgãos e células específicas envolvidas no processo. 359
É por meio de estudos nessa área que podemos quando as estruturas são retiradas de uma pessoa
obter maiores informações sobre doenças autoimu- (doador) e implantadas em outra (receptor). Em casos
nes, alergias, hipersensibilidade, rejeição a transplan- de estruturas retiradas de doador morto, é importan-
tes, imunodeficiência, dentre outros. te que a morte seja muito recente e que as estruturas
Sabendo disso, vamos aprofundar nossos conheci- estejam conservadas.
mentos sobre o assunto. Em casos de rejeição, ocorre ausência de reconhe-
cimento da nova estrutura (célula, tecido ou órgão)
IMUNIDADE INATA E IMUNIDADE ADQUIRIDA pelo sistema imunológico do receptor. Isso gera uma
produção de anticorpos contra a estrutura transplan-
Vamos começar falando de imunidade inata e tada e consequente destruição dessa estrutura. Em
imunidade adquirida. A imunidade inata é aque- alguns casos essa rejeição pode levar o receptor a
la que já possuímos assim que nascemos. Ela utiliza morte. Por este motivo é importante que sejam reali-
barreiras naturais como pele e mucosas para a nossa zados testes de compatibilidade de sangue e antígenos
proteção, além dos leucócitos e de células especiali- entre o doador e o receptor. Quanto mais compatíveis,
zadas em processos de fagocitose. A resposta inata é maior será a chance de sucesso no transplante. Para
considerada inespecífica. Já a imunidade adquirida evitar que tecidos sejam rejeitados os pacientes são
é desenvolvida durante toda a nossa vida. Neste caso, orientados a utilizar medicamentos imunossupresso-
é necessário um contato com o agente invasor e a ati- res por tempo indeterminado ou por toda a vida.
vação de células específicas e síntese de anticorpos. A É importante destacar que não existe chance de
resposta imune é mais específica e pode ser classifi- rejeição em transplantes autólogos. Isso porque o
cada como humoral (envolvimento de anticorpos) ou código genético das estruturas é o mesmo, visto que
celular (recrutamento de linfócitos T, não há envolvi- doador e receptor são a mesma pessoa.
mento de anticorpos).
DOENÇAS AUTOIMUNES
ANTÍGENOS E ANTICORPOS
Doenças autoimunes ocorrem quando um organis-
Antígeno é qualquer substância estranha que mo começa a atacar e destruir células dele mesmo, ou
entra em contato com o nosso corpo e desencadeia a seja, o sistema imune do indivíduo produz anticorpos
produção de anticorpos. E anticorpos são glicoproteí- contra estruturas do próprio organismo. Essas doen-
nas, também conhecidas como imunoglobulinas, que ças normalmente não possuem uma forma de cura
apresentam como principal função evitar danos cau- eficaz. Posto isto, os tratamentos consistem basica-
sados por agentes invasores. mente no uso de anti-inflamatórios e de drogas imu-
nossupressoras e imunomoduladoras. O uso contínuo
VACINA E SORO dessas substâncias costuma mostrar resultados satis-
fatórios, porém atuam apenas impedindo o avanço da
VACINA SORO doença e melhorando a qualidade de vida do indiví-
duo. E, em casos que o tratamento através de medi-
Preventiva (an- Curativa (depois do camentos não venha a ser viável, pode ser necessária
Utilização
tes do contato) contato) a realização de procedimentos como quimioterapia e
transplantes de medula óssea.
Antígenos Anticorpos prontos Como exemplos de doenças autoimunes podemos
(mortos, ate- (produzidos em citar: diabetes tipo 1, lúpus, esclerose múltipla, vitili-
Composta
nuados/enfra- outro animal) go, doença de Crohn, dentre outras.
por
quecidos ou
aos pedaços)

Microorga- Toxinas/venenos
Ação contra nismos / BIOTECNOLOGIA
patógenos
Biotecnologia é uma área que une a engenharia,
Resposta Lenta Imediata
química e a biologia, visando a criação de produtos
Tempo de Duradoura Temporária que permitem a melhoria de vida da população como
duração um todo.
Atualmente é possível até mesmo editar genes, de
Produção de Sim Não forma a modificar pontos específicos do nosso DNA.
anticorpos

Memória Sim Não


Se liga!
imunológica
Existe uma série no NETFLIX que ilustra bem
TRANSPLANTES diversas técnicas utilizadas em biotecnologia.
Caso você tenha interesse em assistir, o nome
Quando falamos de transplante na área de saúde, é “Seleção Artificial”. Além disso, existem filmes
nos referimos ao processo de transferência de células, que também auxiliam na reflexão sobre o tema
tecidos e órgãos, com atividade vital, com o objetivo biotecnologia. Podemos citar como exemplo:
de recuperar funções perdidas. “Jurassic Park”, “Titan”, “Cópias de volta a vida”,
Basicamente, existem dois tipos de transplante: “GATTACA”, “Splice – A nova espécie”, dentre
autólogo, com estruturas retiradas e implantadas na outros.
360 própria pessoa, porém em local diferente; e alogênico,
O quadro a seguir representa muito bem as diver- CÉLULAS TRONCO
sas técnicas utilizadas nos estudos biotecnológicos
atuais. Tenho certeza que ele o ajudará a fixar melhor São células indiferenciadas que apresentam capa-
essa matéria. Mas lembre-se de estudar a explicação cidade de autorreplicação (produção de outras células
de cada um deles logo em seguida. iguais a ela) e também de se diferenciar em células de
diversos tecidos, qualquer tecido presente em nosso
Biotecnologia Moderna organismo.
(Engenharia genética) São classificadas em células embrionárias ou célu-
las adultas. As células embrionárias são encontradas
durante o desenvolvimento do embrião, nos momen-
tos finais da fase de mórula (quando existe entre 8-16
Clonagem
células) e durante a fase de blástula. As células tronco
ainda em fase de mórula são definidas como totipo-
Natural tentes, enquanto que as células tronco encontradas
Artificial
em fase de blástula são pluripotentes.
(induzida)
Células totipotentes podem formar qualquer teci-
Celular Gêmeos do, incluindo a placenta e os anexos embrionários.
Já as células pluripotentes podem formar diver-
sos tecidos, mas nunca formarão placenta e anexos
Moléculas, células, embrionários.
tecidos, organismos. As células tronco adultas são classificadas como
multipotentes, pois são capazes de formar qualquer
tipo de célula de um órgão específico, sendo, portan-
to, mais restritas do que as células tronco embrioná-
rias. Podem ser encontradas na medula óssea, cordão
Células tronco
umbilical e até mesmo na polpa de dentes de leite.
São subdivididas em células tronco mesenquimais
Induzidas e hematopoiéticas. As células tronco mesenquimais
Embrionárias Adultas
(“IPScells”) são responsáveis pela formação de células dos teci-
dos adiposo, cartilaginoso e ósseo. E as células tronco
Totipotentes Pluripotentes hematopoiéticas têm como função formar células san-
guíneas (para maiores informações você deve estudar
Multipotentes o tópico de histologia, mais especificamente o tecido
hematopoiético).
É importante saber que células tronco do cor-
Mesenquimais Hematopoiéticas dão umbilical são células tronco adultas e não
embrionárias.

CLONAGEM
Identificação de indivíduos através do DNA
(Técnica de PCR/Eletroforese) Você já deve ter escutado esse termo em filmes ou
em alguma aula de biologia, então vamos lembrar o
Teste de DNA Forense que ele significa. Um clone é algo idêntico ao que foi
Paternidade mitocondrial criminal utilizado como molde para a produção dele. Como
assim? Bem, vamos pensar em moléculas de DNA
em processo de replicação, você lembra o que ocorre
OMGs nesse processo? Cada molécula de DNA serve como
molde para a formação de novas moléculas de DNA,
idênticas a molécula inicialmente utilizada. Podemos
Técnicas KNOCKIN e Transgênicos - mistura de
pensar também em clonagem de órgãos ou até mesmo
KNOCKOUT material genético entre
de indivíduos. Nestes casos, também serão formados
espécies
novos órgãos ou indivíduos idênticos àqueles utiliza-
dos como molde.
O processo de clonagem pode ocorrer de forma
natural ou artificial. Como exemplos de clonagem
Terapia gênica (“Transplante de genes) natural temos a divisão celular do tipo mitose e tam-
bém a formação de gêmeos idênticos. Já como exem-
plos de clonagem artificial (induzida), podemos citar a
formação de moléculas, células, tecidos e organismos
inteiros.
Um dos casos mais famosos de clonagem de orga-
BIOLOGIA

DNA recombinante
nismos inteiros é o caso da ovelha Dolly. Mas você sabe
como essa clonagem foi realizada? Os pesquisadores
envolvidos no projeto utilizaram 3 ovelhas, as quais
citaremos como ovelhas 1, 2 e 3. A ovelha 1 teve os
núcleos das células de suas glândulas mamárias reti-
rado. A ovelha 2 teve o núcleo de suas células também
retirado, porém foi utilizada a parte citoplasmática de
361
um ovócito II. Então, eles inseriram o núcleo da célula z Desequilíbrio na natureza, visto que as vezes a
da ovelha 1 (2n) no citoplasma da célula da ovelha 2 característica alterada prejudicará outras espécies
(n) e induziram o desenvolvimento dessa célula for- que se relacionam com o organismo em questão.
mada, através de choques elétricos. Essa célula (2n)
formada pela junção de partes das células das ovelhas A verdade é que ainda não sabemos se essas alte-
1 e 2 foi inseminada na ovelha 3, resultando na forma- rações no DNA das espécies resultarão em problemas
ção de um novo indivíduo. futuros. Talvez nem haja prejuízo para gerações atuais
E o que é mais importante lembrar de todo esse e leve muito tempo para os problemas surgirem. Talvez
processo? Que a ovelha clonada será idêntica à ovelha não resulte em prejuízo algum, nem agora e nem para
1, que foi quem doou o núcleo com o material gené- gerações futuras. O importante é termos consciência
das possibilidades sobre o que pode vir a ocorrer.
tico. Além disso, não podemos esquecer que o DNA
mitocondrial desse clone será da ovelha 2, que foi
Seleção artificial X OGMs
quem doou o citoplasma, região onde estão dispersas
as mitocôndrias da célula. A seguir temos uma ima-
Na seleção artificial, os indivíduos que possuem
gem que ilustra bem esse processo.
características de interesse são reproduzidos entre
si como tentativa de aumentar a ocorrência dessas
Ovelha Finn Dorset Ovelha Scottsh Blackface características na população. Foi uma técnica mui-
to utilizada para reprodução de plantas com frutos
mais doces, por exemplo. No caso de OGMs não é mais
necessário que sejam realizados vários cruzamentos
Remoção das células como forma de aumentar características de interesse
mamárias em uma população, é preciso apenas alterar o DNA do
Óvulo
indivíduo para favorecer uma característica específi-
Remoção do ca. Dessa forma, ocorre um menor gasto de tempo e
núcleo do maior especificidade ao criar organismos com carac-
óvulo
Óvulo terísticas de interesse.
Anuclear

Eletrofusão
Se liga!
Organismos knockin: sofreram alteração/mudan-
Fusão
Células reconstruídas com
ça em algum gene.
Embrião após
6 dias de
cifoplasma da Scottish Organismos knockout: tiveram algum gene inati-
desenvolvimento
Blackface e o núcleo da Finn vado ou retirado.
Dorset

TRANSGÊNICOS
Implante do embrião no útero de
olha “barriga de aluguel” da raça Dolly - uma ovelha Finn Vamos iniciar esse tema com a frase “todo transgê-
Scottish Blackface Dorset nico é um OGM, mas nem todo OGM é um transgêni-
co”. Mas, o que isso significa?
Disponível em: http://www.ghente.org/temas/clonagem/index dolly. Quando falamos de OGMs nos referimos a altera-
htm Acesso em: 03 mar.2021
ções que ocorrem em um organismo, envolvendo a
inativação/deleção de um gene ou as alterações que
ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS ocorrem em um determinado gene. Entretanto, quan-
(OGMS) do a alteração no DNA ocorre por meio da inserção de
genes de um organismo em outro organismo, ou seja,
Quando falamos de organismos geneticamente por combinações entre diferentes organismos, o indi-
modificados nos referimos aos organismos que tiveram víduo formado é denominado transgênico. Podemos
seu DNA alterado de forma não natural, ou seja, causa- dizer que, neste caso, ocorre permuta de genes entre
das intencionalmente por interferências humanas. espécies. Isso só é possível porque o código genético é
universal, o que significa que todas as espécies apresen-
Benefícios: tam o mesmo sistema para leitura do material genético.
Após a escolha do gene de interesse, são escolhidas
z Alimentos mais nutritivos e saborosos; também enzimas de restrição (ou endonucleases) que
z Resistência a pragas, sem a necessidade do uso de serão capazes de fazer cortes em pontos específicos
agrotóxicos; do DNA de uma espécie (A). Esses genes que foram
z Maior durabilidade dos alimentos; “recortados” são inseridos no DNA de uma outra espé-
z Aumento na produção de alimentos sem que seja cie (B). A partir daí, a espécie B começa a expressar a
necessário aumentar a área de cultivo. característica de interesse da espécie A. Podemos citar
como exemplos: bioluminescência, resistência a pra-
Malefícios: gas, resistência a doenças, dentre outros.

z Plantas mais resistentes e adaptáveis, o que pode DNA RECOMBINANTE


resultar no desaparecimento de plantas com
características naturais; É uma técnica utilizada em muitos processos biotecno-
z Pode desencadear reações alérgicas ou outras lógicos. Consiste, basicamente, na utilização de três com-
362 doenças; ponentes: enzima de restrição, DNA ligase e plasmídeo.
A enzima de restrição, também conhecida como APLICAÇÕES DE TECNOLOGIAS RELACIONADAS
endonuclease, é capaz de reconhecer sequências AO DNA E ÀS INVESTIGAÇÕES CIENTÍFICAS
palindrômicas, ou seja, sequências que tem o mesmo
sentido quando lidas de forma direita ou de trás pra Em um determinado momento da rotina de pes-
frente. Essa enzima de restrição deve estar de acor- quisas científicas, os pesquisadores descobriram que
do com o trecho que ela irá reconhecer, para que o era possível identificar fragmentos de DNA por meio
corte seja feito no local de interesse. A DNA ligase é de reações de eletroforese (técnicas de PCR). Então, foi
responsável por ligar o fragmento específico, que foi pensado se seria possível identificar também pessoas
cortado pela enzima de restrição, ao DNA da bactéria. por utilização desta técnica.
E o plasmídeo é um DNA circular presente em bacté- Para tal, foram coletadas gotas de sangue dos indi-
rias, capaz de se duplicar de maneira independente víduos. Essas gotas de sangue continham amostras
do DNA cromossômico da bactéria. Ele funciona como
de DNA de cada ser. Cada amostra de sangue passou
um vetor neste processo, realizando o transporte do
por procedimentos de preparo, sendo colocadas em
gene de interesse. Essa técnica é utilizada por exem-
meio a enzimas que selecionam trechos de interes-
plo em processos de produção de insulina.
se do DNA em questão (enzimas de restrição/endo-
Observe a figura abaixo para entender melhor o
nucleases). A solução passou então por processos de
passo a passo dessa técnica.
purificação, onde tudo o que não era de interesse foi
Bactéria retirado da amostra e o material estava pronto para
ser inserido no gel.
No gel de uma corrida de eletroforese, a amostra
migra por diferença de potencial (DDP), isso é possível
Cromossomo por causa da carga negativa que a molécula de DNA
bacteriano Plasmídeo Molécula
Plasmídeo
de DNA apresenta. Como consequência, o DNA é atraído para
recombinante Gene de
interesse o polo positivo da cuba de eletroforese. A velocidade
de migração dos componentes da amostra varia de
Clone
acordo com o peso molecular apresentado, ou seja,
recombinante compostos com menor peso molecular migram mais
rápido do que aqueles com alto peso molecular. Nesse
Disponível: https://www.coladaweb.com/biologia/genetica/dna- gel é adicionado também uma substância de extrema
recombinante. Acesso em 03 mar.2021 importância denominada marcador de peso molecu-
lar (controle). É através desse marcador que é feita a
TERAPIA GÊNICA identificação de cada um dos componentes ali presen-
te. Brometo de etídio é adicionado ao gel para permi-
A terapia gênica, também conhecida como “trans- tir a visualização das bandas através de iluminação
plante de genes” é uma técnica associada a modifica-
por luz ultravioleta. O processo pode ser observado na
ções genéticas realizadas nas células. Por meio dessa
imagem a seguir.
técnica é possível trocar um gene defeituoso por um
gene funcional (funcionando corretamente). O objeti- Amostra de DNA Fragmentos Fragmentos Fragmentos
vo aqui é tratar doenças, tanto de forma preventiva migram no gel pequenos Médios Grandes
Gel
a) b)
quanto de forma curativa.
Para a realização dessa técnica são necessários
um gene funcional e um vetor. O vetor geralmente Local da
aplicação da
é um vírus (modificado para não causar doenças) ou amostra
um plasmídeo. Esse vetor é responsável por carre-
gar o gene funcional para dentro das células. O vírus Solução
infecta a célula, esse reproduz, multiplicando a quan- Tampão
tidade desse gene funcional nas células do organismo. Eletrodo O DNA é corado
Fonte que para ser visualizado
Quando esse processo é realizado em células ger- estabelece um
minativas (gametas) a alteração pode ser passada campo elétrico

para gerações futuras. Porém, quando forem utiliza-


das células somáticas (de todo o corpo, com exceção a) Cuba de eletroforese com aplicação das amostras de gel
dos gametas) a alteração não é transmitida para as b)gel com resultado da corrida de eletroforese
gerações futuras.
Disponível em: https://canal.cercierj.edu.br/recursos/8307. Acesso
Terapia gênica in vitro: as células são cultivadas
em laboratório, juntamente com os vírus, sendo pos- em: 03 mar.2021

teriormente transferidas para o tecido defeituoso do


BIOLOGIA

indivíduo. Com o passar do tempo essa técnica foi utilizada


Terapia gênica in vivo: as células são alteradas também em casos de pesquisas sobre o pai biológi-
diretamente no corpo do indivíduo, sem a necessida- co, ou seja, testes de paternidade, pesquisa forense
de de cultivo em laboratório. na área criminal e em processos de identificação de
Anemia falciforme e Distrofia muscular são exem- pessoas pelo DNA mitocondrial. O método utilizado é
plos de doenças em que essa técnica é utilizada de for- exatamente o mesmo, bem como a forma de análise
ma eficaz. dos resultados. 363
Determinação da paternidade Se você entendeu bem a matéria chegou à conclu-
são de que o culpado pelo crime é o suspeito 3.
Testes de paternidade por comparação do DNA
presente em amostras biológicas é algo muito comum DNA mitocondrial
atualmente. A precisão é de quase 100%.
Para resolver questões sobre teste de paternidade No caso de análises de DNA mitocondrial as ban-
você deve lembrar que todos nós carregamos 50% de
das moleculares do filho devem ser as mesmas da
material genético do pai e 50% da mãe. Sendo assim,
as bandas que aparecem no filho em questão devem mãe, no gel. Afinal, o DNA mitocondrial é frequente-
estar presentes também no pai e na mãe biológicos, mente descrito como sendo 100% de origem materna,
de forma complementar, ou seja, o que um não tem embora existam controvérsias.
o outro deve ter. O filho nunca apresentará algo que
não existe no pai e nem na mãe. Observe a imagem APLICAÇÕES DA BIOTECNOLOGIA NA PRODUÇÃO
abaixo para aprofundar o entendimento. DE ALIMENTOS, FÁRMACOS E COMPOSTOS
BIOLÓGICOS

Mãe Marido Outro Filho 1 Filho 2


homem A biotecnologia já era utilizada muito antes de
ser definida como uma área específica da pesquisa
científica:

z Há tempos microorganismos vem sendo utilizados


na produção de bebidas alcoólicas, pães, cerveja,
queijos, iogurtes, etc. E o processo principal é a
fermentação;
z A produção de biocombustíveis, como o etanol,
também é um processo biotecnológico;
z As vacinas, contendo microorganismos, para a
Disponivel em: https://brainly.com.br/tarefa/9889545. Acesso 03
prevenção de doenças e a penicilina, um antibióti-
mar. 2021. co, também são fundamentadas em metodologias
biotecnológicas.
Observando a imagem e pensando nos conceitos
explicados você consegue descobrir quem é o pai do ASPECTOS ÉTICOS RELACIONADOS AO
filho 1 e do filho 2? DESENVOLVIMENTO BIOTECNOLÓGICO
Se compreendeu bem o assunto chegou à conclu-
são de que o marido é pai do filho 2 e o outro homem Ética é a ciência da moral, ou seja, abrange os
é pai do filho 1. direitos e deveres que cada indivíduo tem. Tem como
fundamento o Princípio Universal da Responsabilida-
Investigação criminal e identificação de indivíduos
de que afirma que cada ser é dono de si e livre para
fazer escolhas sobre suas ações, devendo se responsa-
Utilizando a mesma lógica do teste de paternidade,
observe a figura a seguir e tente descobrir qual dos bilizar por cada decisão tomada.
criminosos é o culpado. Dentro da área da biologia nós estudamos a ética
dentro da Ciência, ou mesmo da pesquisa científica,
área denominada Bioética. Essa área tem como tema
DNA da cena do crime
central a responsabilidade social:
Escada de DNA DNA do suspeito
z Tudo o que é feito na ciência deve visar o bem
nº1 nº2 nº3 estar da população;
z Evitar atitudes de risco e prejuízo;
z Liberdade sobre as próprias ações.

Temas polêmicos dentro dessa área: aborto, euta-


500 pb
násia, clonagem humana, experimentação animal,
células tronco retiradas de embriões humanos em
400 pb desenvolvimento, e muitos outros assuntos.

BIOTECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE
300 pb
A biotecnologia pode ser uma ferramenta extre-
mamente útil quando tratamos de metas de sustenta-
200 pb bilidade, por exemplo:

100 pb z Bioenergética (geração de energia): melhoramento


genético de leveduras resultando em aumento na
produção de etanol;
Disponivel em: https://pt.khanacademy.org/science/biology/biothec-
z Meio ambiente: biopolímeros produzidos a partir
dna-technology/dna-sequencing-pcr-electrophoresis/a/polymerase- de recursos renováveis que atuam na prevenção
364 chain-reaction-pcr. Acesso em 03 mar.2021 da poluição ambiental;
z Biorremediação de áreas contaminadas por metais Esses organismos utilizam a energia captada da luz
tóxicos: seres vivos descontaminando ou reduzin- solar (energia luminosa) e a transformam em energia
do o teor de poluentes em áreas ambientais. química, armazenada nas moléculas de glicose.

ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Luz Solar


Energia Luminosa
Ecologia é a área da biologia que estuda as rela-
ções entre os seres vivos e o ambiente. Os níveis de Glicose
organização estudados em ecologia são: população, Energia química
comunidade, ecossistema e biosfera.
População: conjunto de indivíduos de uma mes-
ma espécie que vive em um mesmo local, dentro de Fotossíntese GLICOSE
um mesmo período de tempo. OH H OH OH OH
Comunidade: conjunto de indivíduos de diferen-



H–C– C – C – C – C–H
tes populações que vive em um mesmo local e dentro






H OH H H H
de um mesmo período de tempo.
Ecossistema: formado pelos fatores bióticos C6H12O6
(vivos) e abióticos (não vivos), além das interações
entre eles.
Autótrofos
Biosfera: formada pelo conjunto de todos os ecos-
sistemas do planeta.
Se você está pensando: “mas não são apenas plan-
FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS tas que fazem fotossíntese?”. É importante lembrar
que também existem algas e bactérias capazes de rea-
O ecossistema é mantido em constante equilíbrio lizar esse processo.
devido às relações que ocorrem entre fatores biótico
A vida de todos os seres depende direta ou indire-
e abióticos.
tamente da ocorrência de fotossíntese, processo reali-
Os fatores bióticos são a parte viva do ecossiste-
zado por organismos autotróficos (capazes de produzir
ma, podemos citar as bactérias, os fungos, as algas,
as plantas e os animais. E os fatores abióticos são os seu próprio alimento), como as plantas, por exemplo.
componentes não vivos, representados por elementos Esses organismos utilizam a energia captada da luz
físicos, químicos e geológicos. Temos como exemplos: solar (energia luminosa), e a transformam em energia
vento, água, solo, ar, temperatura, pH etc. química, armazenada nas moléculas de glicose.
Agora podemos nos perguntar como essa energia
HABITAT E NICHO ECOLÓGICO produzida pelos seres fotossintetizantes é aproveita-
da pelos outros organismos? Isso é fácil, ela é transfe-
Todos os seres vivos possuem um habitat e um rida de um organismo para outro, de maneira linear,
nicho ecológico que definem informações importan- ao longo das cadeias alimentares. Caso você ainda não
tes sobre eles. tenha aprendido o que são cadeias alimentares, ou
Habitat: é o “endereço” do organismo, o local apenas precise relembrar o assunto, não se preocupe,
onde ele vive. Exemplo: o habitat da preguiça-de-co- é só acompanhar atentamente os tópicos a seguir.
leira (Bradypus torquatus) é a mata atlântica.
Nicho ecológico: é a “rotina” do organismo, define CADEIA ALIMENTAR
tudo o que ele faz no dia a dia. Que horas ele dorme,
do que se alimenta, se mora no solo ou no topo das A cadeia alimentar consiste em um modelo didáti-
árvores, se ele caça, que horas ele caça etc. Exemplo: co que tem, como objetivo, organizar e exemplificar o
preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) apresenta percurso da energia e da matéria orgânica dentro de
hábito arborícola, alimenta-se de folhas, apresentam um ecossistema, visando as relações existentes entre
baixa metabolismo lento, é solitária, etc. os organismos que ali vivem. Nessas cadeias, a trans-
ferência de energia é sempre unidirecional, ou seja,
MANUTENÇÃO DA VIDA, FLUXO DA ENERGIA E DA passa de um organismo a outro sem chance de retorno.
MATÉRIA Dentro das cadeias alimentares, os organismos são
classificados em 3 tipos: produtores, consumidores e
Fluxo é definido como movimentação contínua.
decompositores.
Já energia está associada à produção de ação e/ou de
movimentos. Por fim, entende-se por matéria tudo
z Os produtores são sempre seres autotróficos
aquilo que ocupa lugar no espaço e apresenta uma
massa definida. fotossintetizantes;
Sendo assim, estudar o fluxo da energia e da maté- z Os consumidores são seres heterotróficos. Podem
BIOLOGIA

ria significa conhecer o caminho percorrido por ser subdivididos em consumidores herbívoros e
essas duas grandezas ao longo dos ecossistemas. Os consumidores carnívoros. Herbívoros são aqueles
dois processos são fundamentais para o funcionamen- que se alimentam, diretamente, dos produtores
to e, também, para a manutenção dos ecossistemas. e, por esse motivo, são chamados de consumi-
A vida de todos os seres depende, direta ou indire- dores primários. Carnívoros são aqueles que se
tamente, da ocorrência de fotossíntese, processo reali- alimentam de outros consumidores. Eles serão
zado por organismos autotróficos (capazes de produzir considerados consumidores secundários sempre
seu próprio alimento), como as plantas, por exemplo. que se alimentarem de um consumidor primário; 365
consumidores terciários sempre que se alimen- 1ºnível trófico 2ºnível trófico 3ºnível trófico 4ºnível trófico 5ºnível trófico
tarem de um consumidor secundário; consumido- Produtor Consumidor Consumidor Consumidor Consumidor
primário secundário terciário quaternário
res quaternários, sempre que se alimentarem de 100% 10% 1% 0,1% 0,01%
um consumidor terciário e assim por diante;
z Os decompositores são seres heterotróficos capa-
zes de realizar a ciclagem dos nutrientes. São
representados pelos fungos e pelas bactérias. Eles Por este motivo, que é muito difícil encontrar
utilizam energia de qualquer organismo da cadeia cadeias alimentares que apresentam organismos ocu-
alimentar que esteja em processo de decomposi- pando posições acima do 4º nível trófico. A energia
ção. Dessa forma, eles retornam para o ambiente obtida é muito pequena e não compensa o gasto ener-
diversos elementos químicos que estavam presen- gético para a obtenção do alimento. A figura a seguir
tes nos restos desses seres vivos. representa um exemplo de cadeia alimentar:

Podemos dizer que o fluxo de energia se inicia com


a captação da energia luminosa pelos produtores e
termina na ação dos decompositores, podendo passar,
também, pelos consumidores neste caminho. Produtor Consumidor Consumidor Decompositor
Primário Secundário
A cada transferência ocorrida de um organismo Consumidor
Terciário
para outro, ocorrem perdas de energia na forma de
calor. Isso acontece, pois, a cada nível trófico, parte da 1º Nível trófico
energia contida nas moléculas orgânicas é utilizada 2º Nível trófico
para a realização de trabalho, como a manutenção do 3º Nível trófico
4º Nível trófico
metabolismo por exemplo.
Nível trófico pode ser entendido como a posição
TEIA ALIMENTAR
ocupada por um organismo dentro da cadeia alimen-
tar. Organismos que ocupam um mesmo nível trófico
A teia alimentar nada mais é do que um conjunto
possuem hábitos alimentares semelhantes.
de cadeias alimentares que ocorrem dentro de um
Consumidores ocupam o 1º nível trófico, consumi-
ecossistema. Neste caso, o fluxo de energia e nutrien-
dores primários ocupam o 2º nível trófico, consumi-
tes ocorre de forma multidirecional. O nome dado
dores secundários ocupam o 3º nível trófico e assim
é decorrência do emaranhado de cadeias formado,
por diante.
que lembra uma teia. A figura a seguir ilustra bem o
Atenção para não confundir, por exemplo, con- assunto
sumidor primário com 1º nível trófico. O mesmo se A planta sempre será o produtor (1º nível trófico).
aplica aos outros níveis dentro da cadeia alimentar. Embora, nessa teia, encontremos apenas uma planta,
As plantas são as produtoras de energia e, conse- em teias alimentares, é possível encontrar mais de um
quentemente, possuem 100% da energia originalmen- organismo produtor. O importante, aqui, é compreen-
te produzida. Então, elas gastam cerca de 15% dessa der que os organismos podem ocupar mais de um
energia em processos associados ao metabolismo, nível trófico e que a definição desse nível depende-
durante a respiração celular. Logo, os organismos que rá do alimento escolhido por ele. Por exemplo, se um
consomem essas plantas conseguem obter um máxi- pássaro se alimentar diretamente da planta, ele será
mo de 85% da energia que elas produziram. um consumidor primário, ocupando o 2º nível trófico.
Os herbívoros, entretanto, conseguem aproveitar Caso ele escolha se alimentar de um dos insetos dis-
apenas 10% desses 85% consumidos, sendo o restan- poníveis, será um consumidor secundário, ocupando
te eliminado com as fezes. Cerca de 15% a 20% dessa o 3º nível trófico, visto que os insetos se alimentam
energia efetivamente aproveitada é utilizada para a diretamente da planta. Já uma cobra pode se compor-
realização de processos metabólicos e apenas o res- tar ora como consumidor secundário, ora terciário e
tante é armazenado em substâncias específicas asso- ora quaternário. Para treinar, veja se você consegue
ciadas aos tecidos corporais. encontrar todas essas possibilidades na teia apresen-
No caso dos carnívoros, a quantidade de energia tada. E, caso não consiga, releia a explicação para
obtida na alimentação é, também, pequena. Ele apro- consolidar melhor a matéria estudada. Então, tente
veita 50% da energia obtida através da alimentação, novamente encontrar as possíveis cadeias dentro des-
eliminando o restante com as fezes. Além disso, cerca sa teia.
de 15 a 20% da quantia aproveitada é utilizada para a Uma forma de evitar erros ao estudar uma teia é
realização dos processos metabólicos essenciais para a escrever cada cadeia separadamente. Então, se você
sobrevivência. E isso se repete nos níveis posteriores. tem dificuldades em analisar em conjunto as possíveis
Resumindo, a energia solar captada vai se dissi- cadeias, não tenha vergonha de separá-las. O impor-
pando na forma de calor ao longo da cadeia alimen- tante não é o caminho que você levará para chegar ao
tar. O importante, aqui, é entender que, a cada nível resultado e, sim, conseguir alcançar a resposta corre-
trófico, a quantidade de energia obtida no alimento é ta em um exercício.
menor que no nível anterior e maior do que o nível Seguem alguns exemplos de cadeia alimentar pre-
posterior. Para facilitar o entendimento sobre a trans- sente na teia alimentar apresentada anteriormente:
ferência de energia de um nível para o outro, vamos Planta  pássaro  cobra;
supor que, a cada nível, ocorra uma perda de 90% da Planta  pássaro  gavião  cobra;
energia obtida. Você pode observar os resultados dis- Planta  besouro  pássaro  gavião  cobra.
366 so na figura a seguir: E assim por diante.
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS: ÁGUA, OXIGÊNIO, Falado tudo isso, chegou o momento de você recor-
CARBONO E NITROGÊNIO dar os três estados físicos que a água pode apresentar:
sólido, líquido e gasoso. Também, é importante que
Os ciclos biogeoquímicos representam o caminho relembre os nomes das transformações que ocorrem
percorrido por elementos químicos essenciais à vida entre esses estados: evaporação, sublimação, conden-
em determinado ambiente. Então, eu te pergunto: sação, fusão e solidificação. Isso, porque essas trans-
quais são os elementos químicos considerados essen- formações ocorrem o tempo todo no ciclo da água.
ciais para a vida? Agora, observe a imagem a seguir enquanto acom-
Você deve ter isso na ponta da língua! Eles são panha o restante do texto. Assim, seu entendimento
representados de forma didática e em ordem de será ainda mais aproveitado.
importância pelos seus átomos: C, H, O, N, P e S.
Temos o carbono, o hidrogênio, o oxigênio, o nitrogê-
nio, o fósforo e o enxofre. Agora que já recordamos
quais são eles, podemos aprofundar nossos conheci- precipitação
mentos no assunto.
Os organismos vivos são constituídos por matéria condensação
orgânica formada por combinações entre esses áto-
mos. Quando ocorre a morte de um organismo, esses transpiração
das plantas
átomos retornam ao ambiente não vivo até que sejam, evaporação
evaporação
novamente, incorporados por outros seres vivos ou nos oceanos
aproveitados pelos componentes abióticos (ar, água
e solo). Esse fenômeno de circulação dos elementos
entre as partes vivas e não vivas do planeta é deno-
minado ciclo biogeoquímico. Caso não houvesse esse infiltração na terra

reaproveitamento da matéria, os elementos logo se


tornariam escassos, o que impossibilitaria a existên-
cia de vida.
Você se lembra de quem são os responsáveis pela Fonte:suportegeografico77.blogspot.com.br
ciclagem de nutrientes? São os decompositores, repre-
sentados pelos fungos e pelas bactérias. Caso já tenha O ciclo da água é dividido em duas etapas: 1) ciclo
esquecido, volte lá, rapidinho, para relembrar como curto da água e 2) ciclo longo da água. Vejamos:
eles interagem dentro de um ecossistema. Apenas
depois de ter esse conceito consolidado, dê continui- z Ciclo curto da água: não apresenta participação
dade na matéria a seguir, ok? Isso é muito importante de seres vivos.
para entender a Ecologia. Tudo começa com a evaporação da água presen-
Os decompositores são responsáveis por promover te nos mares, rios, lagos e geleiras, fenômeno que
a degradação da matéria orgânica e formar moléculas ocorre como consequência da radiação solar que ele-
mais simples que possam ser reaproveitadas por outros va a temperatura ambiental. A água, agora em seu
organismos durante a síntese de substâncias orgânicas. estado gasoso, forma as nuvens.
Os ciclos biogeoquímicos podem ser classifica- Então, o vapor de água se condensa e precipita e
dos em 2 tipos: gasosos e sedimentares. Ciclos gaso- ela é devolvida para a superfície na forma de chu-
sos utilizam a atmosfera como reservatório principal, va (podendo ser, também, em formato de neve ou gra-
enquanto que, nos ciclos sedimentares, o reservató- nizo), momento em que ocorre a infiltração no solo,
rio principal é a crosta terrestre. enchendo os lençóis freáticos (ou pode, também, acu-
Geralmente, os ciclos gasosos são mais rápidos que mular-se novamente em mares, rios, lagos e geleiras).
os sedimentares. Alguns fatores podem influenciar Mas, nós bebemos água, não é? Então, de onde
a velocidade dos ciclos biogeoquímicos, dentre eles, vem e para onde vai essa água? É neste momento que
temos: (1) a natureza do elemento químico do ciclo; (2) nós precisamos falar da outra etapa do ciclo da água.
as taxas de crescimento e de decomposição dos seres
vivos envolvidos no ciclo e (3) a ação do homem sobre z Ciclo longo da água: ocorre com a participação de
os elementos do ciclo (poluição, extração de minerais seres vivos.
e utilização para a produção de energia). Após chegar na superfície do planeta, a água pode,
Estudaremos, agora, os ciclos que envolvem qua- também, ser absorvida pelas raízes das plantas ou
tro dos elementos essenciais: ciclo da água, ciclo do ingerida pelos animais (diretamente ou através dos
carbono, ciclo do oxigênio e ciclo do nitrogênio. alimentos). Os vegetais devolvem água para o ambiente
através da transpiração que ocorre em suas folhas. Já
Ciclo da Água os animais, além da transpiração, devolvem água atra-
vés da respiração, da urina e das fezes. Mas, e aquela
Você deve lembrar que a água é o composto mais água acumulada nos tecidos dos seres vivos? Bem, essa
BIOLOGIA

abundante no planeta (3/4 da superfície, sendo 97% água é devolvida ao ambiente através da participação
água salgada e 3% água de rios, lagos, geleiras e solos), dos decompositores após a morte dos organismos.
além de ser, também, o composto presente em maior Tudo o que aconteceu na descrição do ciclo curto
quantidade nos organismos vivos. Ela desempenha da água acontece no ciclo longo também e, conside-
diversas funções fundamentais para a manutenção rando que nessa 2ª etapa ocorre tanto a evaporação
da vida: solvente universal, controle da temperatura, da água quanto a transpiração, esses dois processos
transporte de nutrientes, entre outras. são unidos e recebem o nome de evapotranspiração. 367
Viu só como esse ciclo é bem simples de entender? Fotossíntese
Podemos deduzir que, se a participação dos animais
CO2
foi citada, então a referência é feita ao ciclo longo e,
quando não for citada, ao ciclo curto, embora os dois
ciclos sejam necessários e o ciclo curto ocorra, tam- Respiração
bém, dentro do ciclo longo.
Agora podemos ir para o próximo elemento Nutrição
essencial? Produtores Consumidores

Ciclo do Oxigênio
Decomposição
Decompositores
O oxigênio é o elemento que permitiu a presença
de vida no planeta. Ele é formado durante o processo
de fotossíntese, realizado pelas plantas, e liberado no Combustão
Combustíveis Fósseis
ambiente.
Ao inspirar, os seres vivos absorvem esse gás para
a realização do metabolismo energético (respiração
celular). Observando a figura, podemos perceber que o car-
Na atmosfera, as moléculas de O2 podem encon- bono é incorporado à matéria animal através da ali-
trar oxigênios livres e formar O3 (ozônio), composto mentação, representada, no esquema, como nutrição,
importante para a camada de ozônio. e que ele retorna à atmosfera através de processos de
respiração, decomposição e combustão.

O2 Ciclo do Nitrogênio
Atmosfera
O3 O nitrogênio gasoso (N2) é o composto mais encon-
trado na atmosfera. Apesar disso, não conseguimos
O2 CO2 absorvê-lo na forma gasosa. Por isso, precisamos da
ajuda de bactérias fixadoras (encontradas no solo
Fotossíntese Respiração CO2 ou em raízes de plantas leguminosas), para conse-
guirmos fixá-lo. É aí que entram as famosas bactérias
CO2 O2 Respiração Rhizobium. Esse processo resulta na formação da
amônia (NH3).
O2 A amônia formada sofrerá nitrificação, por ação
de bactérias nitrificantes, podendo seguir por dois
caminhos existentes nesse processo: a nitrosação ou
a nitratação — transformação da amônia em nitrito e
Litosfera Hidrosfera do nitrito em nitrato respectivamente.
O nitrato formado será absorvido pelas raízes das
plantas. E, após todos esses processos, torna-se possí-
vel a absorção do nitrogênio pelos animais também,
Além disso, o oxigênio também pode ser usado na que obtém o composto ao se alimentarem dos vegetais.
queima de combustíveis, com o consumo voltado para Será que o ciclo pode parar por aí? Certamente,
a produção de energia. não, pois ainda não vimos o nitrogênio voltando para
Agora, olhe, novamente, a imagem referente ao a atmosfera, então o ciclo não foi fechado. Olhando
ciclo do oxigênio. Será que nós falamos de tudo o que para a imagem representativa desse ciclo, vemos eta-
é mostrado lá? pas que ainda não foram citadas até aqui, como os pro-
Você deve ter percebido que, apesar de estarmos cessos de desnitrificação e decomposição, excreção ou
falando do ciclo do oxigênio, tem um outro compos- fixação biológica. Sendo assim, precisamos continuar!
to que aparece bastante na imagem: o CO2!!! Isso
acontece, porque os ciclos estão interligados. Então,
se você entendeu um, entenderá o outro facilmente. N2
Preparado? atmosférico

Ciclo do Carbono
Fixação
Ao contrário do oxigênio, que é liberado para o atmosférico Alimentação
ambiente durante a fotossíntese, o carbono é absor- Fixação
atmosférico
vido pela planta durante esse processo. Ele é utilizado Desnitrificação
Decomposição
para a formação da molécula de glicose e passa a ser excreção ou
denominado “carbono orgânico”. fixação biológica
Após a morte dos animais, passados muitos e mui-
tos anos, a matéria pode dar origem a combustíveis
fósseis (o petróleo é um exemplo), produto que terá
ampla utilização em carros e indústrias. A queima de
combustíveis resulta na liberação de gás carbônico NO3 NH3
para a atmosfera, o que acarreta o aumento do efeito
estufa e, por consequência, o aquecimento global. Por Nódulos nas
esse motivo, é importante evitar ou reduzir o consu- raízes
368 mo desses compostos.
As excretas nitrogenadas e a matéria em decompo- DINÂMICA DE POPULAÇÕES
sição liberam amônia no solo através do processo de
amonificação. Agora, o nitrogênio pode ser encontrado Toda população apresenta uma taxa de densidade
no solo novamente, na forma de amônia e retornará à populacional, que é definida pelo número de habi-
tantes dividido pela área/volume ocupada por eles.
atmosfera quando o nitrato for desnitrificado por bacté-
Sendo o número de indivíduos é medido através de
rias desnitrificantes. Ufa! Agora, sim, fechamos o ciclo. uma fórmula que relaciona natalidade (n), imigração
(i), mortes (m) e emigração (e).
BIODIVERSIDADE Se n+i > m+e, então a população está crescendo.
Se n+i = m+e, tem-se uma população estável.
Também conhecida como diversidade biológica, é E se n+i < m+e, então a população está diminuindo.
a variabilidade de genes que compõem os seres vivos, Além disso, a curva de crescimento populacional
indica o quanto uma população pode crescer. Nela
a riqueza de espécies e de ecossistemas que forma o
existem fatores denominados capacidade suporte,
meio ambiente. Problemas que ocasionem a diminui- potencial biótico, resistência do meio e crescimento
ção da biodiversidade podem resultar em extinção de real, como mostra a figura seguir.
espécies, visto que nenhum organismo vive totalmen-
te isolado dos outros.
Crescimento populacional

Nº de individuos da população
SUCESSÃO ECOLÓGICA curva do
potencial
Sucessão ecológica é o processo de mudanças a nível capacidade resistência
biótico
de suporte do meio
estrutural e de variação dos componentes que formam
uma comunidade. O ambiente sofre mudanças gra-
duais desde o surgimento do primeiro organismo até o
curva do
momento em que a comunidade entra em fase clímax.
crescimento
O processo pode ser classificado como sucessão real
primária ou como sucessão secundária. A sucessão
primária ocorre em ambientes onde nunca houve Tempo
vida antes, em ambientes como rochas, areia, lava. Já
a sucessão secundária ocorre em ambientes onde já
existiu vida, porém tudo desapareceu e nasceu nova- Disponícel em : https://pir2.forumeiros.com/t128046-uesb-dinamica-
mente. Normalmente a sucessão secundária ocorre de-populações. Acesso em; 03 mar.2021

após um desastre ambiental por exemplo, após uma


O potencial biótico indica que toda população sob
queimada, em áreas desmatadas ou abandonadas.
condições favoráveis tende ao crescimento infinito. No
A sucessão, tanto primária quanto secundária, é entanto, sempre existirá algum fator limitante que impe-
dividida em três fases: ecese (ou comunidade pionei- dirá o crescimento em excesso, mantendo o equilíbrio.
ra), sere (ou comunidade intermediária) e clímax, Esse fator limitante é denominado resistência do meio.
indo da fase mais simples para a mais complexa. Na A capacidade suporte indica o quanto a população
ecese surge a comunidade pioneira, composta por pode crescer sob a ação da resistência do meio e, com
todos esses fatores, temos a indicação do crescimento
líquens, gramíneas e insetos. Após, surge a comunida-
real que a população pode alcançar em um ambiente.
de intermediária, chamada de sere, que é composta É importante destacar que o equilíbrio não é
por plantas e animais de pequeno porte. E na última representado por uma reta constante, sempre existirá
etapa, na comunidade clímax, existe um aumento na um equilíbrio dinâmico dentro das populações, ou
biodiversidade (número de espécies) e na biomassa. As seja, ela cresce até o momento que algo impede o seu
plantas e animais tem um porte maior. É nessa fase que crescimento e aí ela diminui até o momento que con-
siga aumentar novamente.
a comunidade se mantém em equilíbrio com o meio. As
teias alimentares apresentam maior complexidade e a
INTERAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS
taxa de fotossíntese é igual a taxa de respiração.
A imagem abaixo ilustra o desenvolvimento da Os seres vivos interagem entre si e, em ecologia,
população durante a sucessão ecológica, do início ao essas interações são denominadas relações ecológi-
fim do processo. cas. Elas podem ser resumidas da seguinte forma:

Como elas podem ser classificadas ?

Etapas de uma Sucessão Ecológica Intra-específicas


BIOLOGIA

Harmônicas Desarmônicas
Comunidade <<Comunidades intermediárias>> Comunidade
pioneira clímax
Sociedade Canibalismo
Disponível em: https:/app.estuda.com/questoes/?id-142526. Acesso
Colônia Competição
em: 03 mar 2021 intra-específicas 369
Interespecíficas Exemplo de inquilinismo: bromélias.

Predação X Parasitismo

Harmônicas Desarmônicas Ambas ocorrem entre indivíduos de diferentes


espécies e apresentam um organismo que se beneficia
Mutualismo Predação e outro que é prejudicado. Na predação um organis-
mo mata o outro para se alimentar dele. No parasi-
Protocooperação Amensalismo tismo um organismo se alimenta às custas de um
Comensalismo Parasitismo outro, porém gera prejuízo, mas não tem a intenção
Inquilinismo Competição de matar, pois se matar o hospedeiro ele morre junto.
Interespecífica Exemplo de predação: Leão ao se alimentar de
uma zebra.
Relações intraespecíficas são aquelas que ocor- Exemplos de parasitismo: vermes com hospedeiro
rem entre indivíduos de uma mesma espécie. E Rela- humano, carrapatos, piolhos, etc.
ções interespecíficas ocorrem entre indivíduos de
espécies diferentes. Amensalismo
Relações do tipo harmônica são aquelas que
beneficiam pelo menos um dos organismos envolvi- Relação entre organismos de diferentes espécies
dos, sendo benéfica ou nula para o outro organismo. em que um deles produz uma substância capaz de
Relações desarmônicas prejudicam pelo menos um impedir o crescimento do outro.
dos organismos envolvidos. Exemplos: eucalipto, fungo que mata bactéria (caso
da penicilina, um antibiótico).
Sociedade x Colônia
BIOGEOGRAFIA: ECOSSISTEMAS E BIOMAS
Em ambas ocorre divisão de trabalho e todos os BRASILEIROS
organismos envolvidos se beneficiam. A diferença entre
elas é que na sociedade os organismos são fisicamente Quando falamos de ecossistemas, biogeografia e
separados e na colônia são fisicamente unidos. biomas estamos envolvendo áreas como a biologia,
Exemplos de sociedade: formigas e abelhas. Exem- geografia e a ecologia.
plo de colônia: corais.
Ecossistemas
Canibalismo
É o conjunto formado pela interação fatores abióti-
Um organismo mata outro da mesma espécie e cos e comunidades bióticas, havendo transferência de
se alimenta dele. Exemplos: baratas e viúva negra. matéria e de energia entre eles.
É uma relação que ocorre também em alguns rituais Como exemplos de biomas brasileiros, temos:
humanos específicos. Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado, Caatin-
ga, Campos, Restingas e Manguezais.
Competição intraespecífica X Competição
interespecífica Biomas brasileiros

A competição intraespecífica envolve organis- São grandes áreas geográficas que apresentam carac-
mos de uma mesma espécie que disputam por espa- terísticas ambientais específicas, diversidade de vegeta-
ço, alimento ou pela fêmea (sexual). Na competição ção, interação entre fatores como vegetação, solo, clima,
interespecífica ocorre disputa entre indivíduos de relevo, hidrografia e fauna. Porém, apesar de ser uma
espécies diferentes, por alimento e por espaço, mas região uniforme, é difícil definir seus limites naturais.
nunca pela fêmea (sexual). Como exemplos de biomas brasileiros, temos: Amazô-
nia, Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata dos
Mutualismo X Protocooperação cocais, Mata dos pinhais e Vegetação costeira (Mangue).

Ambas são relações entre organismos de diferen-


tes espécies, porém, no mutualismo a relação é obri- Se liga!
gatória para a sobrevivência de ambos, enquanto que
na protocooperação não existe obrigatoriedade. O bioma abrange uma classificação mais ampla do
Exemplo de mutualismo: líquens. que o ecossistema, que é mais específico. Um bio-
Exemplo de protocooperação: jacaré e pássaro ma pode ser formado por mais de um ecossistema.
palito.

Comensalismo X Inquilinismo CARACTERÍSTICAS DOS ECOSSISTEMAS E


BIOMAS BRASILEIROS
Ambas ocorrem entre indivíduos de diferentes
espécies e apresentam um organismo que se beneficia Amazônia
através do outro, mas sem causar prejuízos. A relação
é do tipo nula para o outro organismo, nem benefi- Ambiente que representa a maior bacia hidrográ-
cia nem causa danos. No comensalismo o organismo fica e a maior biodiversidade do mundo. Apresenta
come às custas do outro e no inquilinismo um mora às folhas perenes/latifoliadas, solo pobre e arenoso, alta
custas do outro. pluviosidade (muita chuva). É considerado um depó-
370 Exemplo de comensalismo: rêmora e tubarão. sito de serrapilheira.
Mata atlântica As florestas costumam ser degradadas devido a
um alto consumo de madeira, alimento e água, por
A mata atlântica é o ambiente que com maiores parte do ser humano. E os recursos degradados são a
problemas relacionados à preservação do ambiente. flora, a fauna, a água e o solo.
Também sofre muito com o desmatamento, em conse- Mas quais são as atividades realizadas nestes
quência do processo de urbanização. Representa uma locais que resultam na degradação da área?
Floresta tropical perene no nordeste do Brasil e Flo-
resta tropical decidual no sul do país. Altamente rica z Construção de rodovias e ferrovias;
em bromélias e epífitas. Além disso, espécies extrema- z Construção de empresas: represas e hidrelétricas,
mente ameaçadas pertencem a esse ambiente. por exemplo;

Pantanal „ Prática de atividades agropecuárias;


„ Mineração;
Caracterizado como planície alagadiça. Também „ Exploração florestal;
era considerado uma região de transição entre a Ama- „ Caça e pesca;
zônia e o cerrado e conquistou a nomeação de bioma „ Construção civil;
por conta de suas planícies alagadiças (Bacia do Rio „ Urbanização;
Paraguai). Apresenta grande diversidade animal.
„ Queima de combustíveis;
Cerrado
Sendo assim, para recuperar o ecossistema é neces-
sário inserir uma certa quantidade de biodiversidade
É considerado a savana brasileira. É um ambiente
nele, pode ser um número mínimo de espécies, levan-
que sofre com queimadas em estações secas. Conhecido
do em conta a variabilidade estrutural e funcional dos
como o 2º maior bioma brasileiro. As árvores crescem
processos ecológicos que ali ocorrem.
de forma espalhada. As plantas no geral possuem casca
grossa, folhas coriáceas, gemas pilosas e raiz profunda.
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
O solo é rico em alumínio e por isso é considerado tóxico.

Caatinga Biodiversidade é o termo utilizado para se referir


a riqueza de espécies que existem em um local. Então,
Região conhecida como semiárido brasileiro. Menor quando dizemos que uma região apresenta gran-
índice pluviométrico (pouquíssima chuva). O solo é fér- de biodiversidade queremos dizer que existe muita
til e apresenta muitos cactos se desenvolvendo. variedade de espécies ali, e uma região com baixa
biodiversidade apresenta pouca variedade de espé-
Mata dos cocais cies. Atualmente é considerada também a diversidade
genética que os organismos apresentam.
Antigamente era considerado em ecótono, porém Cada uma das espécies que habita o planeta tem um
conquistou a nomeação de bioma. Presença de palmei- papel fundamental dentro do ecossistema e é por isso
ras: buriti, babaçu e carnaúba. Plantas economicamen- que quando uma espécie é extinta todos os organismos
te importantes pela ampla utilização em produção de do local são afetados. Nas cadeias alimentares, por exem-
materiais. plo, temos os produtores, os consumidores e os decompo-
sitores, e todos eles são importantes para a manutenção
Mata dos pinhais do equilíbrio entre as populações existentes.
O desmatamento, a poluição e o consumo exagera-
Região com chuvas bem distribuídas ao longo do do de recursos disponíveis no ambiente resultam na
ano. Apresenta característica mista: elementos de ori- destruição do ambiente. E, para que a biodiversidade
gem tropical + araucárias. seja mantida é necessário que o homem repense essas
atitudes, ou os danos poderão ser irreparáveis.
Vegetação costeira (Mangue)
ASPECTOS BIOLÓGICOS DO DESENVOLVIMENTO
Plantas que não crescem muito e vivem em ambien- SUSTENTÁVEL
te de água salobra, com estruturas especiais para a eli-
minação de sal. Também, as raízes são profundas em O termo desenvolvimento sustentável surgiu
consequência ao solo lodoso. em 1987, durante a Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento. É definido como o
Campos sulinos (Pampa) desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da
população sem gerar prejuízo para as gerações futuras.
Vegetação rasteira composta principalmente por O meio ambiente está sempre em busca de equilí-
gramíneas. brio, por isso é necessário analisar as relações prati-
cadas por nós no meio em que vivemos, tanto com a
BIOLOGIA

CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE flora quanto com a fauna existente.


ECOSSISTEMAS É preciso considerar que os recursos naturais são
finitos, portanto, se não forem bem cuidados e utili-
Ecossistemas que não tem mais capacidade de recu- zados não estarão mais disponíveis para uso. O con-
peração natural são considerados ambientes degradados. sumismo, a produção exagerada e o estilo de vida
Considera-se, neste caso, que eles perdem a capacidade predatório prejudicam o ambiente e resultam em
de adaptação às mudanças ocorridas. devastação ambiental. 371
Tipos de sustentabilidade O Brasil é um país rico em recursos naturais de todos
os tipos. Possui um solo rico em nutrientes e as maiores
Podemos dividir a sustentabilidade em 3 tipos: reservas de água doce do planeta. Entretanto, mesmo
social, econômica e ambiental. A sustentabilidade estando em abundância, se os recursos não forem cor-
social depende da participação da sociedade na cria- retamente aproveitados eles tendem a acabar.
ção de propostas que visem o bem estar e o desen-
volvimento social, de maneira igualitária para todos PROBLEMAS AMBIENTAIS
os indivíduos. A sustentabilidade econômica visa
a utilização de recursos naturais através de um bom Processos de urbanização, agricultura, pecuária e
modelo econômico. E a sustentabilidade ambiental, industrialização potencializam ações que geram prejuí-
que lida com a capacidade que o ecossistema tem de zo ao meio ambiente. Dentre esses prejuízos podemos
se manter diante das agressões humanas. citar extrações exageradas de recursos naturais; polui-
ção da água, do solo e do ar; desmatamentos, queimadas,
Consequências do mau comportamento da etc. Tudo isso afeta o ecossistema, tanto direta quanto
população indiretamente, resultando nos impactos ambientais.
Como consequência dessas ações inconsequentes,
As escolhas e ações humanas vem afetando o ocorrem eventos ambientais como o derretimento de
ambiente de diversas maneiras, por exemplo: des- geleiras, a extinção de espécies, a escassez de recursos
matamento, extinção de espécies, aquecimento glo- naturais não renováveis, o acúmulo de lixo em locais
bal, desperdício de alimentos, plástico nos oceanos, inapropriados, que leva à morte de plantas e animais,
falta de saneamento básico, lixo nas ruas, desastres dentre outros.
ambientais, e muitos outros fatores. Mas você saberia dizer quais seriam esses proble-
mas ambientais e explicar como eles ocorrem? Em
Ações que devem ser praticadas seguida olharemos um a um.

O mais importante aqui é entender que ações indi- Efeito estufa


viduais não vão gerar grandes impactos, é necessário
que a população tome atitudes em conjunto. As prá-
ticas e hábitos diários devem ser analisados e sujei-
tos a reflexão para que o planeta sobreviva e a vida
seja melhor para todos nós. Por exemplo: os 3 “Rs” da
sustentabilidade: reduzir, reutilizar e reciclar; utiliza-
ção apenas da quantidade mínima necessária para o
banho e a escovação dos dentes, consciência na utili-
zação de luz elétrica; não jogar lixo nas ruas etc.

USO E EXPLORAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS

Recursos naturais são elementos disponíveis no


ambiente de forma natural, que são utilizados pelo
homem com o objetivo de produção e desenvolvimen- Disponível: https://suportegeografico77.blogspot.com
to dentro de uma sociedade. Esses recursos podem ser Acesso em 05 mar.2021
de dois tipos: renováveis e não renováveis.
Os recursos renováveis são aqueles que nunca aca- Quando falamos de efeito estufa as pessoas costu-
bam, ou seja, a natureza consegue repor rapidamente. mam associar a algo ruim, mas esse processo é extrema-
Temos como exemplos o solo, a água o vento e o sol. É mente importante para a manutenção de vida na Terra.
importante lembrar que eles não apresentam caracte- O problema não é o aquecimento, e sim o superaqueci-
rística poluente. mento, que resulta de ações humanas no ambiente.
Já os recursos não renováveis são aqueles que a A liberação de gases estufa, principalmente o dió-
natureza não consegue repor frequentemente, ou xido de carbono (CO2) e o gás metano (CH4), ocasiona
seja, são recursos limitados. Neste caso podemos citar um aprisionamento de calor na atmosfera terrestre,
o petróleo, o gás natural, os minérios. provocando um superaquecimento global, com gra-
Quanto a classificação, os recursos naturais são ves consequências:
divididos em:
z Degelo de geleiras que causam aumento do nível
z Recursos biológicos: envolvem animais e vege- do mar;
tais. São considerados recursos renováveis. z Secas que afetam a agricultura, geram incêndios e
z Recursos hídricos: provenientes de fontes de escassez de água;
água existentes no planeta, tanto superficial quan- z Aumento intenso das chuvas, causando inunda-
to subterrânea. ções e deslizamentos de terra;
z Recursos energéticos: envolve todos aqueles z Extinção de espécies por alteração em seus habitats;
capazes de fornecer energia. z Poluição atmosférica que pode agravar doenças
z Recursos minerais: recursos geológicos não reno- respiratórias, cardiovasculares e alergias;
váveis, ou seja, os minerais e as rochas. z Aumento dos casos de dengue e malária devido à
maior taxa de reprodução dos insetos transmissores.
Exploração dos recursos naturais
A principal medida discutida como tentativa de
Não é de hoje que sabemos que os recursos, tanto diminuir o superaquecimento consiste em projetos
renováveis quanto não renováveis, devem ser utiliza- que visam a diminuição da emissão de gases estufa
372 dos de maneira consciente e sustentável pelo homem. pela população geral.
Desmatamento Poluição da água, do solo e do ar

A poluição é um fenômeno que prejudica o meio


ambiente inviabilizando o cultivo e o consumo de
recursos naturais e provocando desequilíbrios ecoló-
gicos, além de ser uma ameaça à saúde humana. Neste
material abordaremos três tipos de poluição: poluição
da água, poluição do solo e poluição do ar.
Quando falamos de poluição da água estamos nos
referindo à contaminação de mares, oceanos, lagos,
rios e córregos com lixo ou com alguma substância
Disponível: https://www.educolorir.com/imagem-
química. É o resultado de poluição de bacias hidro-
desmatamento-i15059.html. Acesso em: 04 mar.2021.
gráficas, pelo lixo que é carregado pelas chuvas até os
O desmatamento, ou desflorestamento, ocorre quan- leitos dos rios, e pelo derramamento indevido de esgo-
do uma determinada área tem sua cobertura vegetal to na água. Ademais, em mares e oceanos frequente-
retirada, total ou parcialmente. Essa prática é considera- mente ocorre derramamento de petróleo. Então, a
da por alguns como um dos maiores problemas ambien- poluição das águas provoca perda de recursos natu-
tais, enquanto que outros consideram ser uma atividade rais, principalmente água potável, e um aumento na
necessária para suprir as necessidades do homem. mortandade dos seres aquáticos que vivem no local.
As causas relacionadas são o aumento da urbani- A poluição dos solos é decorrente de lixos arma-
zação; o extrativismo animal, vegetal ou mineral; e zenados em aterros sanitários, situação associada à
a expansão do agronegócio. E as consequências são produção de chorume que penetra no solo alcançando
diminuição da biodiversidade local, envolvendo a flo- o lençol freático. Em cemitérios a situação é similar. A
ra e a fauna da região, extinção de espécies, menor utilização de agrotóxicos na agricultura também pode
taxa fotossintética com diminuição da liberação de O2 contaminar o solo, podendo torna-lo infértil. Por isso
para o ambiente, etc.
é sempre bom dar preferência a adubos orgânicos.
A poluição do ar é também conhecida como
Erosão
atmosférica e é causada principalmente pela emis-
são de gases poluentes do escapamento de veículos e
de chaminés de fábricas. O principal causador desse
tipo de poluição é a queima de combustíveis fósseis e
os fenômenos mais conhecidos em escala local são a
Inversão Térmica e as Ilhas de Calor.

Eutrofização

Dizemos que ocorre eutrofização quando há acúmu-


lo de nutrientes (nitrogênio e fósforo) em ecossistemas
aquáticos, resultando em aumento da produtividade e
Disponível: https://museuhe.com.br. Acesso em: 04 mar.2021
alterações no ambiente local.
A erosão é um processo que ocorre naturalmente, A eutrofização pode ser de dois tipos:
ou por ação do homem, no ambiente. É relacionado
ao desgaste das rochas e do solo, o que acarreta sedi- z Natural: Os nutrientes chegam naturalmente até
mentação dos detritos, podendo haver alteração de a água. É comum dizer que o ambiente envelhece
paisagens, relevos e do curso dos rios. Essa alteração naturalmente e de forma lenta.
de rochas e solos é o resultado de processos físicos z Artificial: os nutrientes são oriundos de esgotos
(variações de temperatura), químicos (ação da água) e domésticos ou atividades agrícolas. Ocorre um
biológicos (influência de organismos vivos), e recebe envelhecimento precoce do ambiente que torna a
o nome de intemperismo. água indisponível para uso.

CONSEQUÊNCIAS DA EROSÃO O aumento de nutrientes desencadeia um aumento


na proliferação de algas, que formam uma densa camada
O maior problema da ocorrência de erosão é o ris- sobre a superfície da água, não permitindo a passagem de
co de deslizamento de terra em terrenos irregulares. luz para a realização de fotossíntese pela vegetação abai-
As chances de deslizamento são maiores em terre- xo delas. Como consequência, essa vegetação morre e isso
nos que perderam a cobertura de vegetação natural,
gera um aumento na quantidade de matéria orgânica dis-
assim o solo fica desprotegido das chuvas fortes. Mui-
ponível no ambiente, além de um aumento na quantidade
BIOLOGIA

tas vezes essa cobertura é retirada para a construção


de bactérias decompositoras aeróbias (que utilizam oxigê-
de moradias em localidades mais pobres.
Outro grande problema é o assoreamento, ou seja, a nio). Então a concentração de oxigênio na água diminui,
diminuição da mata ciliar nas margens dos rios. Neste diversos organismos morrem, aumenta a quantidade de
caso, os sedimentos se acumulam no leito dos rios. Com bactérias decompositoras anaeróbias, devido à falta de oxi-
isso, pode haver secas na região em decorrência da dimi- gênio, e tem início a produção de gases tóxicos no ambien-
nuição na profundidade dos rios, o que leva a diminui- te em questão. Para facilitar os estudos de vocês, a figura a
ção da biodiversidade aquática com o passar dos anos. seguir ilustra o processo de forma direta e resumida. 373
1. Despejo de matéria orgânica.
águias DDT = 25ppm
2. Proliferação de bactérias decompositoras aeróbias.
peixes
DDT = 2ppm
grandes
3. Maior oferta de sais minerais.
peixes DDT = 0,5ppm
pequenos
4. Proliferação (algas da superfície).
Zooplâncton DDT no plâncton= 0,04ppm

5. Morte de algas (mais profundas)


Filoplâncton
DDT na água= 0,000.0003ppm
6. Aumento da população dos decompositores aeróbios

Disponível: https://enem.estuda.com/questoes/?id=601471
7. Redução na taxa de oxigênio. Acesso em: 04 mar.2021

8. Morte dos aeróbios (peixes e outros animais).

9. Decomposição anaeróbia. PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFETAM A


POPULAÇÃO BRASILEIRA
10. Produção de resíduos tóxicos, como o H2S
DOENÇAS CRÔNICAS
Disponível: https://dialmasantos.wordpress.com/2017/08/23eutrofizacao/
Acesso em: 04 mar.2021
Doenças crônicas geralmente possuem desenvolvi-
mento lento e progressivo, além de não ter cura. Na
Maré vermelha
maioria dos casos elas iniciam durante a fase adulta,
com tratamento que exigem longa duração.
Esse fenômeno é também conhecido como flora-
Existem alguns fatores que contribuem para a
ção. Ele ocorre em mares e em ambientes de água
ocorrência dessas doenças:
doce também. A aglomeração de algas no local acar-
reta a formação de uma mancha em tons avermelha- z Sedentarismo;
dos ou alaranjados, bem visível e característica desse z Obesidade;
fenômeno. As causas da ocorrência de maré vermelha z Álcool;
incluem alterações na temperatura e salinidade da z Tabagismo;
água e aumento na quantidade de nutrientes presen- z Má alimentação;
tes no local. z Elevados níveis de colesterol no sangue.
As algas envolvidas no processo são pertencentes a
divisão pirrófitas e chamadas dinoflageladas. Elas são Abaixo são descritas as doenças crônicas que
tóxicas e, por isso, é aconselhado que os banhistas não atualmente apresentam maior incidência na popula-
utilizem a água quando esse fenômeno ocorrer. Além ção brasileira.
dessas algas ainda ocorre a proliferação de cianobac-
térias e diatomáceas. z Diabetes
Essas algas são tóxicas. Portanto, quando esse z Alzheimer
fenômeno ocorre é indicado não tomar banho de mar, z Hipertensão
nem ingerir a água. E essas toxinas liberadas pelas z Asma
algas prejudicam os peixes, moluscos e outros orga- z AIDS
z Câncer
nismos marinhos, ou seja, ocorre um desequilíbrio no
z Depressão
ecossistema local.
z Acidente Vascular Cerebral (AVC)
z Mal de Parkinson
Magnificação trófica ou Bioacumulação
z Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
Magnificação trófica ou bioacumulação é o nome
VERMINOSES
dado ao processo em que substâncias que são assimi-
ladas a partir do meio ambiente, ou via alimentação,
Verminoses são doenças causadas por vermes para-
se acumulam nos organismos, aumentando progres- sitas que vivem dentro de um organismo, utilizan-
sivamente sua concentração a cada nível trófico ao do os nutrientes deste organismo. Elas são causadas
longo das cadeias e teias alimentares. Dessa forma, principalmente por má higienização e problemas com
organismos no topo da cadeia apresentam as maio- o saneamento básico. Em alguns casos também são
res concentrações dessas substâncias, enquanto que decorrentes de ingestão de carne crua ou mal passada.
os produtores contêm as menores concentrações dela. Os vermes geralmente migram para o intestino,
A pirâmide abaixo ilustra bem essa definição, através onde se alojam. Porém, existem casos em que eles
da indicação da concentração de DDT (pesticida) que migram para outros órgãos, como os pulmões, o fíga-
374 se acumula conforme aumentam os níveis tróficos. do e o cérebro, causando problemas ao hospedeiro.
Quanto aos sintomas, podem ser: perda de peso, de preservativo – camisinha, seja ela masculina ou
anemia, falta de apetite, vômitos, diarreia, dores abdo- feminina). Podem ser transmitidas por meio de sexo
minais, náuseas e problemas respiratórios. Porém, os vaginal, anal e/ou oral. As manifestações clínicas
sintomas variam conforme o tipo de verme parasita. incluem feridas, verrugas, bolhas ou corrimentos.
O diagnóstico é realizado por coleta de sangue e Algumas DSTs envolvem facilidade de tratamento
fezes, seguido de exames laboratoriais. E as medidas e recuperação rápida. Outras necessitam de tratamen-
profiláticas envolvem lavar bem os alimentos, evitar to mais trabalhoso e demorado. E, em alguns casos, a
carne crua ou mal passada, beber água filtrada e lavar doença não é curada, apenas tratada, podendo apre-
as mãos com frequência. sentar atividade e inatividade transitórias durante a
A seguir veremos algumas das verminoses mais vida inteira. Algumas delas podem evoluir tanto que
comuns no Brasil. resultam em morte.
Outras formas de transmissão envolvem transfu-
Teníase/cisticercose são sanguínea ou contato com sangue contaminado
presente em seringas e agulhas (caso mais voltado
A teníase é uma parasitose intestinal conhecida para usuários de drogas injetáveis) e gestantes infec-
pela presença de um verme conhecido vulgarmente tadas, que podem transmitir a doença para o bebê
como solitária. A teníase e a cisticercose diferem entre durante a gravidez ou após o parto.
si. Na teníase o indivíduo ingere carne de boi ou de De certa forma, as mulheres devem ser ainda
porco contaminada com larvas do parasita, enquanto mais cautelosas que os homens, uma vez que pos-
que na cisticercose ocorre contaminação por ingestão suem órgãos genitais organizados de forma interna,
de ovos do parasita, que migram para o cérebro. enquanto homens têm órgãos genitais mais expostos.
Profilaxia: cozinhar bem os alimentos; evitar Sendo assim, as mulheres precisam manter consultas
comer carne crua ou mal passada. ginecológicas com um intervalo de tempo regular e
pré-definido. O exame conhecido como Papanicolau,
Ancilostomose ou amarelão por exemplo, pode indicar a ocorrência de alterações
no tecido uterino.
É conhecida como a doença do Jeca Tatu, um per-
sonagem criado por Monteiro Lobato que simboliza a TIPOS MAIS RECORRENTES DE DST.
situação vivida pelo trabalhador rural paulista. Carac-
terizada como uma infecção intestinal, causada por AIDS (Síndrome da imunodeficiência humana)
vermes nematoides.
A transmissão ocorre através de contato direto z Patógeno causador: vírus HIV (vírus da imunode-
com ovos no solo ou em fezes, normalmente a pene- ficiência adquirida).
tração no hospedeiro é através dos pés. z Sintomas e consequências: compromete o siste-
Profilaxia: usar calçados. ma imunológico. Compromete o funcionamento
correto de células de defesa chamadas linfócitos. O
Ascaridíase linfócito mais afetado é o T-CD4+.

Doença causada por um nematelminto. Os vermes Condiloma acuminado (HPV ou Crista de galo)
neste caso são conhecidos como lombrigas e em casos
de grande número de vermes no intestino pode ocor- z Patógeno causador: Papilomavírus humano.
rer obstrução intestinal. z Sintomas e consequências: afeta a região genital,
A contaminação ocorre através da ingestão de com ocorrência de verrugas que podem ser exter-
ovos do parasita. nas ou internas. Mais visível em homens do que
Profilaxia: saneamento básico; lavar bem as mãos em mulheres. Verrugas na região uterina podem
e também os alimentos. ser detectadas por exames ginecológicos e, quando
não tratadas, podem levar ao desenvolvimento de
Giardíase câncer no útero.

A infecção é causada por um protozoário e a con- Cancro mole ou cancro venéreo


taminação ocorre por meio de água e alimentos con-
taminados. O contágio pode ocorrer por contato com z Patógeno causador: bactéria Haemophilus ducrevi.
as fezes de pessoas contaminadas, por exemplo, por z Sintomas e consequências: feridas bem doloridas
relação que envolva sexo anal. com a base mole.
Profilaxia: saneamento básico; relação sexual com
uso de preservativo. Gonorreia ou Blenorragia

z Patógeno causador: bactéria Neisseria gonorrhoeae.


z Sintomas e consequências: em mulheres atinge
principalmente o colo do útero.
DOENÇAS SEXUALMENTE
BIOLOGIA

TRANSMISSÍVEIS Sífilis

As Doenças Sexualmente Transmissíveis (ou DSTs), z Patógeno causador: bactéria Treponema pallidum.
são causadas por diversos tipos de agentes patológi- z Sintomas e consequências: Leva ao surgimento
cos. Como o próprio nome já indica, são transmitidas de feridas nos órgãos genitais e ínguas nas virilhas.
principalmente por contato sexual com parceiros Não ocorrem sintomas de dor, coceira, ardência ou
infectados, durante relações sem proteção (ausência liberação de pus. Essas feridas podem desaparecer 375
e reaparecer com o passar do tempo. Em muitos z Endorfina, que gera sensação de bem estar, aumen-
casos a pessoa chega a pensar que está curada, tando a disposição física e mental e também a resis-
porém, se a doença não for tratada continuará tência do sistema imunológico;
se desenvolvendo. Então podem surgir sintomas z Uma melhora na regulação de insulina e glucagon,
como manchas pelo corpo, queda de cabelos, relacionados ao controle da glicose sanguínea;
doença do coração, paralisia e cegueira. z Hormônio do crescimento (GSH), que atua aumen-
tando a queima de gordura e o anabolismo;
Tricomoníase z Adrenalina e noradrenalina, auxiliando no aumen-
to da taxa metabólica e na queima de gordura.
z Patógeno causador: protozoário Trichomonas
vaginalis. OBESIDADE
z Sintomas e consequências: presença de corri-
mento amarelo-esverdeado e mau cheiroso, dor A obesidade é considerada uma doença crônica
durante a relação sexual, dificuldade para urinar que pode desencadear outros problemas de saúde,
e coceira na região genital. Em mulheres podem como consequência do acúmulo excessivo de gordu-
alcançar o colo do útero. Em homens normalmen- ra no organismo. Pode ser causada por diversos fato-
te não apresenta sintomas. res, sendo os fatores genéticos, comportamentais e
ambientais os mais comuns.
Clamídia Complicações da obesidade:

z Patógeno causador: bactéria Chlamydia trachomatis. z Diabetes mellitus;


z Doenças cardiovasculares;
z Sintomas e consequências: apresenta sintomas
z Problemas ortopédicos;
semelhantes aos da gonorreia. Presença de corri-
z Doenças pulmonares;
mento similar à clara de ovo no canal urinário e
z Apneia do sono;
sentimento de dor ao urinar. Nas mulheres pode
z Acidente vascular cerebral;
apresentar desenvolvimento silencioso, ou seja, z Aumento das chances de desenvolvimento de câncer.
sem sintomas, mas a infecção pode se tornar gra-
ve, atingindo útero e trompas. Outros sintomas O tratamento é específico para cada indivíduo e
envolvem dor durante o ato sexual, gravidez ectó- para evitar é necessário dormir bem, ter uma alimen-
pica, parto prematuro e até mesmo esterilidade. tação saudável e praticar exercícios frequentemente.

Herpes genital

z Patógeno causador: vírus Herpes simplex.


z Sintomas e consequências: bolhas e úlceras dolo-
ANOTAÇÕES
ridas na região genital, principalmente na região
externa da vagina e na ponta do pênis. Presença
de ardor e coceira intensa. Não tem cura, porém
precisa ser tratado sempre que fica ativo.

Linfogranuloma venéreo

z Patógeno causador: bactéria Chlamydia trachomatis.


z Sintomas e consequências: lesão genital que per-
manece por um curto intervalo de tempo (de 3 a
5 dias). Após surge um inchaço doloroso nos gân-
glios da virilha podendo evoluir para o rompimen-
to com liberação de pus quando não tratado.

EXERCÍCIOS FÍSICOS E VIDA


SAUDÁVEL
A prática de exercícios físicos é essencial para uma
vida saudável, além de prevenir diversas doenças. Além
disso, o exercício leva a uma maior oxigenação do cére-
bro e do corpo como um todo, o que resulta em melho-
ria no aprendizado, diminuição da depressão, melhora
em quadros diabéticos, menor chance de infartos e de
derrames, melhoria da pressão arterial e da frequência
cardíaca. Enfim, podemos listar milhares de benefícios
que a prática de exercícios pode proporcionar.
Além de todos esses fatores, durante o exercício
376 nós temos a participação de alguns hormônios:
Hora de Praticar
a) Melhoria dos métodos de controle dos vetores desses
HORA DE PRATICAR! vírus.
b) Fabricação de soros mutagênicos para combate des-
ses vírus.
c) Investimento da indústria em equipamentos de prote-
BIOLOGIA ção individual.
d) Produção de vacinas que evitam a infecção das célu-
las hospedeiras.
1. (ENEM – 2019) A esquistossomose (barriga-dʼá-
e) Desenvolvimento de antirretrovirais que dificultam a
gua) caracteriza-se pela inflamação do fígado e do
reprodução desses vírus.
baço causada pelo verme Schistosoma mansoni
(esquistossomo). O contágio ocorre depois que lar-
vas do verme são liberadas na água pelo caramujo 4. (ENEM – 2019) O concreto utilizado na construção
do gênero Biomphalaria, seu hospedeiro intermediá- civil é um material formado por cimento misturado a
rio, e penetram na pele humana. Após o diagnóstico, areia, a brita e a água. A areia é normalmente extraída
o tratamento tradicional utiliza medicamentos por via de leitos de rios e a brita, oriunda da fragmentação
oral para matar o parasita dentro do corpo. Uma nova de rochas. Impactos ambientais gerados no uso do
estratégia terapêutica baseia-se na utilização de uma concreto estão associados à extração de recursos
vacina, feita a partir de uma proteína extraída do ver- minerais e ao descarte indiscriminado desse material.
me, que induz o organismo humano a produzir anti- Na tentativa de reverter esse quadro, foi proposta a
corpos para combater e prevenir a doença. utilização de concreto reciclado moído em substitui-
ção ao particulado rochoso graúdo na fabricação de
Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Fiocruz anuncia nova fase de vacina para esquistossomose. novo concreto, obtendo um material com as mesmas
Disponível em: http://agencia.fiocruz.br. Acesso em: 3 maio 2019 propriedades que o anterior.
(adaptado). O benefício ambiental gerado nessa proposta é a
redução do(a)
Uma vantagem da vacina em relação ao tratamento
tradicional é que ela poderá a) extração da brita.
b) extração de areia.
a) impedir a penetração do parasita pela pele. c) consumo de água.
b) eliminar o caramujo para que não haja contágio. d) consumo de concreto.
c) impedir o acesso do esquistossomo especificamente e) fabricação de cimento.
para o fígado.
d) eliminar o esquistossomo antes que ocorra contato 5. (ENEM – 2019) Uma cozinheira colocou sal a mais no
com o organismo. feijão que estava cozinhando. Para solucionar o pro-
e) eliminar o esquistossomo dentro do organismo antes blema, ela acrescentou batatas cruas e sem tempero
da manifestação de sintomas. dentro da panela. Quando terminou de cozinhá-lo, as
batatas estavam salgadas, porque absorveram parte
2. (ENEM – 2019) Um alimento orgânico deve apre- do caldo com excesso de sal. Finalmente, ela adicio-
sentar em sua embalagem o selo de uma instituição nou água para completar o caldo do feijão.
certificadora, garantindo ao consumidor que, além O sal foi absorvido pelas batatas por
de ser um alimento isento de agrotóxicos, também é
produzido com técnicas planejadas e controladas. A a) osmose, por envolver apenas o transporte do solvente.
técnica de produção desses alimentos causa menor b) fagocitose, porque o sal transportado é uma substân-
impacto aos recursos naturais, contribuindo para cia sólida.
melhorar a qualidade de vida das pessoas. c) exocitose, uma vez que o sal foi transportado da água
Nesse sistema de produção de alimentos vegetais, o para a batata.
controle de insetos é manejado por meio do(a) d) pinocitose, porque o sal estava diluído na água quan-
do foi transportado.
a) prática de adubação verde. e) difusão, porque o transporte ocorreu a favor do gra-
b) emprego da compostagem. diente de concentração.
c) controle da irrigação do solo.
d) utilização de predadores naturais. 6. (ENEM – 2020) A fragmentação dos hábitats é carac-
e) uso de sementes inoculadas com Rhizobium. terizada pela formação de ilhas da paisagem original,
circundadas por áreas transformadas. Esse tipo de
CIÊNCIAS DA NATUREZA

interferência no ambiente ameaça a biodiversidade.


3. (ENEM – 2019) Na família Retroviridae encontram-se Imagine que uma população de onças foi isolada em
diversos vírus que infectam aves e mamíferos, sendo uma mata pequena. Elas se extinguiriam mesmo sem
caracterizada pela produção de DNA a partir de uma terem sido abatidas. Diversos componentes da ilha
molécula de RNA. Alguns retrovírus infectam exclu- de hábitat, como o tamanho, a heterogeneidade, o seu
sivamente humanos, não necessitando de outros entorno, a sua conectividade e o efeito de borda são
hospedeiros, reservatórios ou vetores biológicos. As determinantes para a persistência ou não das espé-
infecções ocasionadas por esses vírus vêm causan- cies originais.
do mortes e grandes prejuízos ao desenvolvimento Uma medida que auxilia na conservação da biodiver-
social e econômico. Nesse contexto, pesquisadores sidade nas ilhas mencionadas no texto compreende a
têm produzido medicamentos que contribuem para o
tratamento dessas doenças. a) formação de micro-hábitats.
Que avanços tecnológicos têm contribuído para o tra- b) ampliação do efeito de borda.
tamento dessas infecções virais? c) construção de corredores ecológicos. 379
d) promoção da sucessão ecológica. a) Radioterapia.
e) introdução de novas espécies de animais e vegetais. b) Cromoterapia.
c) Quimioterapia.
7. (ENEM – 2020) O dióxido de carbono passa para o d) Fotoimunoterapia.
estado sólido (gelo seco) a −78 °C e retorna ao estado e) Terapia magnética.
gasoso à temperatura ambiente. O gás é facilmente
solubilizado em água, capaz de absorver radiação 10. (ENEM – 2020) Uma população encontra-se em equi-
infravermelha da superfície da terra e não conduz ele- líbrio genético quanto ao sistema ABO, em que 25%
tricidade. Ele é utilizado como matéria-prima para a dos indivíduos pertencem ao grupo O e 16%, ao grupo
fotossíntese até o limite de saturação. Após a fixação A homozigotos. Considerando que: p = frequência de
pelos organismos autotróficos, o gás retorna ao meio IA; q = frequência de IB; e r = frequência de i, espera-se
ambiente pela respiração aeróbica, fermentação, encontrar:
decomposição ou por resíduos industriais, queima
de combustíveis fósseis e queimadas. Apesar da sua GRUPO GENÓTIPOS FREQUÊNCIAS
importância ecológica, seu excesso causa perturba- A I I eI i
A A A
p2 + 2pr
ções no equilíbrio ambiental.
Considerando as propriedades descritas, o aumen- B IBIB e IBi q2 + 2qr
to atmosférico da substância afetará os organismos AB IAIB 2pq
aquáticos em razão da O ii r2

a) redução do potencial hidrogeniônico da água.


b) restrição da aerobiose pelo excesso de poluentes. A porcentagem de doadores compatíveis para alguém
c) diminuição da emissão de oxigênio pelos autótrofos. do grupo B nessa população deve ser de
d) limitação de transferência de energia entre os seres
vivos. a) 11%.
e) retração dos oceanos pelo congelamento do gás nos b) 19%.
polos. c) 26%.
d) 36%.
8. (ENEM – 2020) Instituições acadêmicas e de pesqui- e) 60%.
sa no mundo estão inserindo genes em genomas de
plantas que possam codificar produtos de interesse
farmacológico. No Brasil, está sendo desenvolvida
uma variedade de soja com um viricida ou microbici- FÍSICA
da capaz de prevenir a contaminação pelo vírus cau-
sador da aids. Essa leguminosa está sendo induzida 11. (ENEM – 2019) Uma casa tem um cabo elétrico mal
a produzir a enzima cianovirina-N, que tem eficiência dimensionado, de r cia igual a 10 Ω, que a conecta
comprovada contra o vírus. à rede elétrica de 120 V. Nessa casa, cinco lâmpa-
OLIVEIRA, M. Remédio na planta. Pesquisa Fapesp, n. 206, abr. das, de resistência igual a 200 Ω, estão conectadas
2013. ao mesmo circuito que uma televisão de resistência
igual a 50 Ω, conforme ilustrado no esquema. A televi-
A técnica para gerar essa leguminosa é um exemplo são funciona apenas com tensão entre 90 V e 130 V.
de

a) hibridismo.
b) transgenia.
c) conjugação.
d) terapia gênica.
e) melhoramento genético.

9. (ENEM – 2020) Pesquisadores dos Estados Unidos


desenvolveram uma nova técnica, que utiliza raios
de luz infravermelha (invisíveis a olho nu) para des-
truir tumores. Primeiramente, o paciente recebe uma O número máximo de lâmpadas que podem ser liga-
injeção com versões modificadas de anticorpos que das sem que a televisão pare de funcionar é:
têm a capacidade de “grudar” apenas nas células
cancerosas. Sozinhos, eles não fazem nada contra a) 1.
o tumor. Entretanto, esses anticorpos estão ligados b) 2.
a uma molécula, denominada IR700, que funcionará c) 3.
como uma “microbomba”, que irá destruir o câncer. d) 4.
Em seguida, o paciente recebe raios infravermelhos. e) 5.
Esses raios penetram no corpo e chegam até a molé-
cula IR700, que é ativada e libera uma substância que 12. (ENEM – 2019) Dois amigos se encontram em um
ataca a célula cancerosa. posto de gasolina para calibrar os pneus de suas bici-
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 13 dez. 2012 cletas. Uma das bicicletas é de corrida (bicicleta A) e
(adaptado). a outra, de passeio (bicicleta B). Os pneus de ambas
as bicicletas têm as mesmas características, exceto
Com base nas etapas de desenvolvimento, o nome que a largura dos pneus de A é menor que a largura
380 apropriado para a técnica descrita é: dos pneus de B.
Ao calibrarem os pneus das bicicletas A e B, respec- b) Evitar a entrada do frio na casa e nos corpos.
tivamente com pressões de calibração pA e pB, os c) Minimizar a perda de calor pela casa e pelos corpos.
amigos observam que o pneu da bicicleta A deforma, d) Diminuir a entrada do frio na casa e aquecer os
sob mesmos esforços, muito menos que o pneu da corpos.
bicicleta B. e) Aquecer a casa e reduzir a perda de calor pelos
Pode-se considerar que as massas de ar comprimido corpos.
no pneu da bicicleta A, mA, e no pneu da bicicleta B,
mB, são diretamente proporcionais aos seus volumes. 15. (ENEM – 2019) A agricultura de precisão reúne técni-
Comparando as pressões e massas de ar comprimido cas agrícolas que consideram particularidades locais
nos pneus das bicicletas, temos: do solo ou lavoura a fim de otimizar o uso de recur-
sos. Uma das formas de adquirir informações sobre
a) pA < pB e mA < mB essas particularidades é a fotografia aérea de baixa
b) pA > pB e mA < mB altitude realizada por um veículo aéreo não tripulado
c) pA > pB e mA = mB (vant). Na fase de aquisição é importante determinar
d) p A < pB e m A = m B o nível de sobreposição entre as fotografias. A figura
e) pA > pB e mA > mB ilustra como uma sequência de imagens é coletada
por um vant e como são formadas as sobreposições
13. (ENEM – 2019) Slackline é um esporte no qual o atleta frontais.
deve se equilibrar e executar manobras estando sobre
uma fita esticada. Para a prática do esporte, as duas Vant com câmera fotográfica
extremidades da fita são fixadas de forma que ela
fique a alguns centímetros do solo. Quando uma atle-
ta de massa igual a 80 kg está exatamente no meio
da fita, essa se desloca verticalmente, formando um
ângulo de 10° com a horizontal, como esquematizado
na figura. Sabe-se que a aceleração da gravidade é
igual a 10 m s−2, cos(10°) = 0,98 e sen(10°) = 0,17.

O operador do vant recebe uma encomenda na qual


as imagens devem ter uma sobreposição frontal de
20% em um terreno plano. Para realizar a aquisição
Qual é a força que a fita exerce em cada uma das das imagens, seleciona uma altitude H fixa de voo de
árvores por causa da presença da atleta? 1 000 m, a uma velocidade constante de 50 m s−1. A
abertura da câmera fotográfica do vant é de 90°. Con-
a) 4,0 × 102 N sidere tg(45°) = 1.
b) 4,1 × 102 N Natural Resources Canada. Concepts of Aerial Photography.
c) 8,0 × 102 N Disponível em: www.nrcan.gc.ca. Acesso em: 26 abr. 2019
d) 2,4 × 103 N (adaptado).
e) 4,7 × 103 N
Com que intervalo de tempo o operador deve adquirir
14. (ENEM – 2019) Em 1962, um jingle (vinheta musi- duas imagens consecutivas?
cal) criado por Heitor Carillo fez tanto sucesso que
extrapolou as fronteiras do rádio e chegou à televisão a) 40 segundos.
ilustrado por um desenho animado. Nele, uma pes- b) 32 segundos.
soa respondia ao fantasma que batia em sua porta, c) 28 segundos.
d) 16 segundos.
CIÊNCIAS DA NATUREZA

personificando o “frio”, que não o deixaria entrar, pois


não abriria a porta e compraria lãs e cobertores para e) 8 segundos.
aquecer sua casa. Apesar de memorável, tal comer-
cial televisivo continha incorreções a respeito de con- 16. (ENEM – 2020) Em uma usina geradora de energia
ceitos físicos relativos à calorimetria. elétrica, seja através de uma queda-d’água ou através
DUARTE, M. Jingle é a alma do negócio: livro revela os de vapor sob pressão, as pás do gerador são postas
bastidores das músicas de propagandas. Disponível em: https:// a girar. O movimento relativo de um ímã em relação
guiadoscuriosos.uol.com.br. Acesso em: 24 abr. 2019 (adaptado). a um conjunto de bobinas produz um fluxo magnéti-
co variável através delas, gerando uma diferença de
Para solucionar essas incorreções, deve-se associar potencial em seus terminais.
à porta e aos cobertores, respectivamente, as funções Durante o funcionamento de um dos geradores, o
de: operador da usina percebeu que houve um aumento
inesperado da diferença de potencial elétrico nos ter-
a) Aquecer a casa e os corpos. minais das bobinas. 381
Nessa situação, o aumento do módulo da diferença 19. (ENEM – 2020) Mesmo para peixes de aquário, como
de potencial obtida nos terminais das bobinas resulta o peixe arco-íris, a temperatura da água fora da faixa
do aumento do(a) ideal (26 °C a 28 °C), bem como sua variação brusca,
pode afetar a saúde do animal. Para manter a tem-
a) intervalo de tempo em que as bobinas ficam imersas peratura da água dentro do aquário na média dese-
no campo magnético externo, por meio de uma dimi- jada, utilizam- se dispositivos de aquecimento com
nuição de velocidade no eixo de rotação do gerador. termostato. Por exemplo, para um aquário de 50 L,
b) fluxo magnético através das bobinas, por meio de pode-se utilizar um sistema de aquecimento de 50 W
um aumento em sua área interna exposta ao campo otimizado para suprir sua taxa de resfriamento. Essa
magnético aplicado. taxa pode ser considerada praticamente constante, já
c) intensidade do campo magnético no qual as bobi- que a temperatura externa ao aquário é mantida pelas
nas estão imersas, por meio de aplicação de campos estufas. Utilize para a água o calor específico 4,0 kJ
magnéticos mais intensos. kg−1 K−1 L−1.
d) rapidez com que o fluxo magnético varia através das Se o sistema de aquecimento for desligado por 1 h,
bobinas, por meio de um aumento em sua velocidade qual o valor mais próximo para a redução da tempe-
angular. ratura da água do aquário?
e) resistência interna do condutor que constitui as
bobinas, por meio de um aumento na espessura dos a) 4,0 °C
terminais. b) 3,6 °C
c) 0,9 °C
17. (ENEM – 2020) Os fones de ouvido tradicionais trans- d) 0,6 °C
mitem a música diretamente para os nossos ouvidos. e) 0,3 °C
Já os modelos dotados de tecnologia redutora de ruído
— Cancelamento de Ruído (CR) — além de transmiti- 20. (ENEM – 2020) Há muitos mitos em relação a como
rem música, também reduzem todo ruído inconsisten- se proteger de raios, cobrir espelhos e não pegar em
te à nossa volta, como o barulho de turbinas de avião e facas, garfos e outros objetos metálicos, por exem-
aspiradores de pó. Os fones de ouvido CR não reduzem plo. Mas, de fato, se houver uma tempestade com
realmente barulhos irregulares como discursos e cho- raios, alguns cuidados são importantes, como evitar
ros de bebês. Mesmo assim, a supressão do ronco das ambientes abertos. Um bom abrigo para proteção é
turbinas do avião contribui para reduzir a “fadiga de o interior de um automóvel, desde que este não seja
ruído”, um cansaço persistente provocado pela expo- conversível.
sição a um barulho alto por horas a fio. Esses apare- OLIVEIRA, A. Raios nas tempestades de verão. Disponível em:
lhos também permitem que nós ouçamos músicas ou http://cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 10 dez. 2014 (adaptado).
assistamos a vídeos no trem ou no avião a um volume
muito menor (e mais seguro). Qual o motivo físico da proteção fornecida pelos
Disponível em: http://tecnologia.uol.com.br. Acesso em: 21 abr. automóveis, conforme citado no texto?
2015 (adaptado).

a) Isolamento elétrico dos pneus.


A tecnologia redutora de ruído CR utilizada na produ- b) Efeito de para-raios da antena.
ção de fones de ouvido baseia-se em qual fenômeno c) Blindagem pela carcaça metálica.
ondulatório? d) Escoamento da água pela lataria.
e) Aterramento pelo fio terra da bateria
a) Absorção.
b) Interferência.
c) Polarização.
d) Reflexão.
e) Difração. QUÍMICA

18. (ENEM – 2020) Dois engenheiros estão verificando 21. (ENEM – 2019) Em 1808, Dalton publicou o seu
se uma cavidade perfurada no solo está de acordo famoso livro intitulado Um novo sistema de filosofia
com o planejamento de uma obra, cuja profundida- química (do original A New System of Chemical Phi-
de requerida é de 30 m. O teste é feito por um dispo- losophy), no qual continha os cinco postulados que
sitivo denominado oscilador de áudio de frequência serviam como alicerce da primeira teoria atômica da
variável, que permite relacionar a profundidade com matéria fundamentada no método científico. Esses
os valores da frequência de duas ressonâncias con- postulados são numerados a seguir:
secutivas, assim como em um tubo sonoro fechado.
A menor frequência de ressonância que o aparelho 1. A matéria é constituída de átomos indivisíveis.
mediu foi 135 Hz. Considere que a velocidade do som 2. Todos os átomos de um dado elemento quími-
dentro da cavidade perfurada é de 360 m s-1. co são idênticos em massa e em todas as outras
Se a profundidade estiver de acordo com o projeto, propriedades.
qual será o valor da próxima frequência de ressonân- 3. Diferentes elementos químicos têm diferentes tipos
cia que será medida? de átomos; em particular, seus átomos têm diferentes
massas.
a) 137 Hz. 4. Os átomos são indestrutíveis e nas reações químicas
b) 138 Hz. mantêm suas identidades.
c) 141 Hz. 5. Átomos de elementos combinam com átomos de
d) 144 Hz. outros elementos em proporções de números inteiros
382 e) 159 Hz pequenos para formar compostos.
Após o modelo de Dalton, outros modelos baseados No funcionamento da bateria, a espécie química for-
em outros dados experimentais evidenciaram, entre mada no ânodo é
outras coisas, a natureza elétrica da matéria, a com-
posição e organização do átomo e a quantização da a) H2 (g).
energia no modelo atômico. b) O2 (g).
OXTOBY, D. W.; GILLIS, H. P.; BUTLER, L. J. Principles of Modern c) H2O (l).
Chemistry. Boston: Cengage Learning, 2012 (adaptado). d) OH− (aq).
e) Zn(OH)42-(aq).
Com base no modelo atual que descreve o átomo, qual
dos postulados de Dalton ainda é considerado correto? 24. (ENEM – 2019) Glicólise é um processo que ocorre
nas células, convertendo glicose em piruvato. Duran-
a) 1 te a prática de exercícios físicos que demandam gran-
b) 2 de quantidade de esforço, a glicose é completamente
c) 3 oxidada na presença de O2. Entretanto, em alguns
d) 4 casos, as células musculares podem sofrer um déficit
e) 5 de O2 e a glicose ser convertida em duas moléculas
de ácido lático. As equações termoquímicas para a
22. (ENEM – 2019) Para realizar o desentupimento de combustão da glicose e do ácido lático são, respecti-
tubulações de esgotos residenciais, é utilizada uma vamente, mostradas a seguir:
mistura sólida comercial que contém hidróxido de
sódio (NaOH) e outra espécie química pulverizada. C6H12O6 (s) + 6 O2 (g) → 6 CO2 (g) + 6 H2O (l)
Quando é adicionada água a essa mistura, ocorre ∆cH = −2 800 kJ
uma reação que libera gás hidrogênio e energia na CH3CH(OH)COOH (s) + 3 O2 (g) → 3 CO2 (g) + 3 H2O (l)
forma de calor, aumentando a eficiência do processo ∆cH = −1 344 kJ
de desentupimento. Considere os potenciais padrão
de redução (E ) da água e de outras espécies em meio O processo anaeróbico é menos vantajoso energeti-
básico, expressos no quadro. camente porque

SEMIRREAÇÃO DE REDUÇÃO EƟ (V) a) libera 112 kJ por mol de glicose.


2 H2O + 2 e → H2 + 2 OH
– –
–0,83 b) libera 467 kJ por mol de glicose.
c) libera 2 688 kJ por mol de glicose.
Co(OH)2 + 2 e– → Co + 2 OH– –0,73 d) absorve 1 344 kJ por mol de glicose.
Cu(OH)2 + 2 e– → Cu + 2 OH– –0,22 e) absorve 2 800 kJ por mol de glicose.
PbO + H2O + 2 e → Pb + 2 OH
– –
–0,58
25. (ENEM – 2019) Um experimento simples, que pode
Al(OH)4 + 3 e → Al + 4 OH
– – –
–2,33 ser realizado com materiais encontrados em casa, é
Fe(OH)2 + 2 e– → Fe + 2 OH– –0,88 realizado da seguinte forma: adiciona-se um volume
de etanol em um copo de vidro e, em seguida, uma
folha de papel. Com o passar do tempo, observa-se
Qual é a outra espécie que está presente na composição um comportamento peculiar: o etanol se desloca
da mistura sólida comercial para aumentar sua eficiência? sobre a superfície do papel, superando a gravidade
que o atrai no sentido oposto, como mostra a ima-
a) Al gem. Para parte dos estudantes, isso ocorre por cau-
b) Co sa da absorção do líquido pelo papel.
c) Cu(OH)2
d) Fe(OH)2
e) Pb

23. (ENEM – 2019) Grupos de pesquisa em todo o mun-


do vêm buscando soluções inovadoras, visando a
produção de dispositivos para a geração de energia
elétrica. Dentre eles, pode-se destacar as baterias de
zinco-ar, que combinam o oxigênio atmosférico e o Do ponto de vista científico, o que explica o movimen-
metal zinco em um eletrólito aquoso de caráter alcali- to do líquido é a
no. O esquema de funcionamento da bateria zinco-ar
está apresentado na figura.
a) evaporação do líquido.
CIÊNCIAS DA NATUREZA

b) diferença de densidades.
c) reação química com o papel.
d) capilaridade nos poros do papel.
e) resistência ao escoamento do líquido.

26. (ENEM – 2020)

LI, Y.; DAI, H. Recent Advances in Zinc–Air Batteries. Chemical


Society Reviews, v. 43, n. 15, 2014 (adaptado). 383
Por qual motivo ocorre a eletrização ilustrada na Foram analisadas as emissões de CO2 envolvidas em
tirinha? dois veículos, um movido a etanol e outro elétrico, em
um mesmo trajeto de 1 000 km.
a) Troca de átomos entre a calça e os pelos do gato. CHIARADIA, C. A. Estudo da viabilidade da implantação de frotas de
b) Diminuição do número de prótons nos pelos do gato. veículos elétricos e híbridos elétricos no atual cenário econômico,
político, energético e ambiental brasileiro. Guaratinguetá: Unesp,
c) Criação de novas partículas eletrizadas nos pelos do 2015 (adaptado).
gato.
d) Movimentação de elétrons entre a calça e os pelos do A quantidade equivalente de etanol economizada, em
gato. quilograma, com o uso do veículo elétrico nesse tra-
e) Repulsão entre partículas elétricas da calça e dos jeto, é mais próxima de
pelos do gato.
a) 50.
27. (ENEM – 2020) A sacarase (ou invertase) é uma enzi- b) 60.
ma que atua no intestino humano hidrolisando o dis- c) 95.
sacarídeo sacarose nos monossacarídeos glicose e d) 99.
frutose. Em um estudo cinético da reação de hidró- e) 120.
lise da sacarose (C12H22O11), foram dissolvidos 171 g
de sacarose em 500 mL de água. Observou-se que, 30. (ENEM – 2020) Embora a energia nuclear possa ser
a cada 100 minutos de reação, a concentração de utilizada para fins pacíficos, recentes conflitos geo-
sacarose foi reduzida à metade, qualquer que fosse políticos têm trazido preocupações em várias partes
o momento escolhido como tempo inicial. As massas do planeta e estimulado discussões visando o com-
molares dos elementos H, C e O são iguais a 1, 12 e 16 bate ao uso de armas de destruição em massa. Além
g mol−1, respectivamente. do potencial destrutivo da bomba atômica, uma gran-
Qual é a concentração de sacarose depois de 400 de preocupação associada ao emprego desse artefa-
minutos do início da reação de hidrólise? to bélico é a poeira radioativa deixada após a bomba
ser detonada.
a) 2,50 × 10−3 mol L−1 Qual é o processo envolvido na detonação dessa
b) 6,25 × 10−2 mol L−1 bomba?
c) 1,25 × 10−1 mol L−1
d) 2,50 × 10−1 mol L−1 a) Fissão nuclear do urânio, provocada por nêutrons.
e) 4,27 × 10−1 mol L−1 b) Fusão nuclear do hidrogênio, provocada por prótons.
c) Desintegração nuclear do plutônio, provocada por
28. (ENEM – 2020) As panelas de pressão reduzem o tem- elétrons.
d) Associação em cadeia de chumbo, provocada por
po de cozimento dos alimentos por elevar a tempera-
pósitrons.
tura de ebulição da água. Os usuários conhecedores
e) Decaimento radioativo do carbono, provocado por
do utensílio normalmente abaixam a intensidade do
partículas beta
fogo em panelas de pressão após estas iniciarem a
saída dos vapores.
Ao abaixar o fogo, reduz-se a chama, pois assim evi- 9 GABARITO
ta-se o(a)
1 E
a) aumento da pressão interna e os riscos de explosão.
b) dilatação da panela e a desconexão com sua tampa. 2 D
c) perda da qualidade nutritiva do alimento.
3 E
d) deformação da borracha de vedação.
e) consumo de gás desnecessário. 4 A

29. (ENEM – 2020) O crescimento da frota de veículos 5 E


em circulação no mundo tem levado à busca e desen- 6 C
volvimento de tecnologias que permitam minimizar
emissões de poluentes atmosféricos. O uso de veícu- 7 A
los elétricos é uma das propostas mais propagandea-
8 B
das por serem de emissão zero. Podemos comparar
a emissão de carbono na forma de CO2 (massa molar 9 D
igual a 44 g mol −)1 para os dois tipos de carros (a
combustão e elétrico). Considere que os veículos 10 D
tradicionais a combustão, movidos a etanol (mas-
11 B
sa molar igual a 46 g mol−1), emitem uma média de
2,6 mol de CO2 por quilômetro rodado, e os elétricos 12 B
emitem o equivalente a 0,45 mol de CO2 por quilôme-
tro rodado (considerando as emissões na geração e 13 D
transmissão da eletricidade). A reação de combus- 14 C
tão do etanol pode ser representada pela equação
química: 15 B

16 D
384 C2H5OH (l) + 3 O2 (g) → 2 CO2 (g) + 3 H2O (g)
17 B

18 C

19 C

20 C

21 E

22 A

23 E

24 A

25 D

26 D

27 B

28 E

29 A

30 A

ANOTAÇÕES

CIÊNCIAS DA NATUREZA

385
386
MATEMÁTICA
e Suas Tecnologias
A soma ou subtração de dois números ímpares
tem resultado par.
Ex.: 13 + 7 = 20; 13 – 7 = 6.

MATEMÁTICA
A soma ou subtração de um número par com
outro ímpar tem resultado ímpar.
Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9.
A multiplicação de números pares tem resultado
par.
CONHECIMENTOS NUMÉRICOS Ex.: 8 x 6 = 48.
A multiplicação de números ímpares tem resul-
NÚMEROS NATURAIS tado ímpar:
Ex.: 3 x 7 = 21.
Operações e Propriedades A multiplicação de um número par por um
número ímpar tem resultado par:
Os números construídos com os algarismos de 0 a
Ex.: 4 x 5 = 20.
9 são chamados de naturais. O símbolo desse conjun-
to é a letra N, e podemos escrever os seus elementos
entre chaves: NÚMEROS INTEIROS
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,
17, …} Os números inteiros são os números naturais e
Os três pontos “as reticências” indicam que este seus respectivos opostos (negativos). Veja:
conjunto tem infinitos números naturais. Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...}
O zero não é um número natural propriamente O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa
dito, pois não é um número de “contagem natural”. importante é saber que todos os números naturais
Por isso, utiliza-se o símbolo N* para designar os são inteiros, mas nem todos os números inteiros são
números naturais positivos, isto é, excluindo o zero. naturais. Logo, podemos representar através de dia-
Vejam: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7…} gramas e afirmar que o conjunto de números naturais
O símbolo do conjunto dos números naturais é a está contido no conjunto de números inteiros ou ain-
letra N e podemos ter ainda, o símbolo N*, que repre- da que N é um subconjunto de Z. Observe:
senta os números naturais positivos, isto é, excluin-
do o zero.
Conceitos básicos relacionados aos números
naturais:

z Sucessor: é o próximo número natural.

Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de 51 é


52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”. Z N

z Antecessor: é o número natural anterior.

Exemplo: o antecessor de 8 é 7, e o antecessor de 77


é 76. E o antecessor do número “n” é o número “n-1”.

z Números consecutivos: são números em sequência.

Exemplo: 5, 6, 7 são números consecutivos, porém Podemos destacar alguns subconjuntos de núme-
10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números ros. Veja:
consecutivos.
z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja
z Números naturais pares: é aquele que, ao ser divi- que são os números naturais.
dido por 2, não deixa resto. Por isso o zero também z Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}.
é par. Logo, todos os números que terminam em 0, Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
2, 4, 6 ou 8 são pares. pois ele não é positivo nem negativo.
z Números naturais ímpares: ao serem divididos por z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero
MATEMÁTICA

2, deixam resto 1. Todos os números que terminam não faz parte.


em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares. z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
te, o zero não faz parte.

Se liga! Operações com números inteiros


A soma ou subtração de dois números pares
tem resultado par. Há quatro operações básicas que podemos efetuar
Ex.: 12 + 8 = 20; 12 – 8 = 4. com estes números são: adição, subtração, multiplica-
ção e divisão. 389
z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou Algo que é muito importante e você deve lembrar
seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 sempre, são as regras de sinais na multiplicação de
números.
Veja mais alguns exemplos:
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18 SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85
Operações Resultados
Principais propriedades da operação de adição:
+ + +
z Propriedade comutativa: a ordem dos números
- - +
não altera a soma.
+ - -
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
- + -
z Propriedade associativa: quando é feita a adição
de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles,
primeiramente, e a depois somar o outro, em qual-
quer ordem, que vamos obter o mesmo resultado. Se liga!
� A multiplicação de números de mesmo sinal
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
tem resultado positivo.
Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
adição, pois qualquer número somado a zero é � A multiplicação de números de sinais diferen-
igual a ele mesmo. tes tem resultado negativo.
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75
Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.

z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme- As principais propriedades da operação de


ros inteiros sempre gera outro número inteiro. multiplicação.

Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou


número inteiro 10 (8 + 2 = 10). seja, a ordem não altera o resultado.

� Subtração: subtrair dois números é o mesmo que Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40.


diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)
13: 20 – 7 = 13. x A, que é igual a (A x C) x B.

Veja mais alguns exemplos: Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24.


Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por
As principais propriedades da operação de
subtração: qualquer número, este número permanecerá
inalterado.
z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-
ros altera o resultado, a subtração de números não Ex.: 15 x 1 = 15.
possui a propriedade comutativa.
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de
Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130. números inteiros sempre gera um número inteiro.

z Propriedade associativa: não há essa propriedade Ex.: 9 x 5 = 45


na subtração.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da z Propriedade distributiva: essa propriedade é
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C)
número, este número permanecerá inalterado. = (AxB) + (AxC)
Ex.: 13 – 0 = 13.
Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36
Usando a propriedade:
z Propriedade do fechamento: a subtração de dois
3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36
números inteiros sempre gera outro número
inteiro.
z Divisão: quando dividimos A por B, queremos
Ex.: 33 – 10 = 23. repartir a quantidade A em partes de mesmo
valor, sendo um total de B partes.
Multiplicação: a multiplicação funciona como se
fosse uma repetição de adições. Veja: Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere-
A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20 mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10
três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
390 vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3). consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50.
Algo que é muito importante e você deve lembrar Dica
sempre, são as regras de sinais na divisão de números.
Qualquer número natural é também inteiro e todo
SINAIS NA DIVISÃO número inteiro é também racional.
Operações Resultados O símbolo desse conjunto é a letra Q e podemos
+ + + representar por meio de diagramas a relação entre os
conjuntos naturais, inteiros e racionais, veja:
- - +

+ - - Q
- + -

z A multiplicação de números de mesmo sinal tem


resultado positivo. Z N
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3

z A multiplicação de números de sinais diferentes


tem resultado negativo.
Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24

Esquematizando: Representação fracionária e decimal

Dividendo Há 3 tipos de números no conjunto dos Números


Divisor
Racionais:
30 5
0 6 z Frações:

Resto Quociente 8 3 7
Ex.: 3 , 5 , 11 etc.

Dividendo = Divisor × Quociente + Resto z Números decimais.


30 = 5 · 6 + 0
Ex.: 1,75
As principais propriedades da operação de divisão.
Propriedade comutativa: a divisão não possui essa z Dízimas periódicas.
propriedade.
Ex.: 0,33333...
z Propriedade associativa: a divisão não possui essa
propriedade. Operações e propriedades dos números racionais
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número z Adição de números decimais: segue a mesma lógi-
por 1, o resultado será o próprio número. ca da adição comum.

Ex.: 15 / 1 = 15. Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4

z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em z Subtração de números decimais: segue a mesma


lógica da subtração comum.
uma diferença enorme dentro das operações de
números inteiros, pois a divisão não possui essa
Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18
propriedade. Uma vez que ao dividir números
inteiros podemos obter resultados fracionários ou
z Multiplicação de números decimais: aplicamos o
decimais.
mesmo procedimento da multiplicação comum.
Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos
Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05
números inteiros).
z Divisão de números decimais: devemos multipli-
MATEMÁTICA

NÚMEROS RACIONAIS car ambos os números (divisor e dividendo) por


uma potência de 10 (10, 100, 1000, 10000 etc.) de
São aqueles que podem ser escritos na forma da modo a retirar todas as casas decimais presentes.
divisão (fração) de dois números inteiros. Ou seja, Após isso, é só efetuar a operação normalmente.
escritos na forma A/B (A dividido por B), onde A e B
são números inteiros. Ex.: 5,7 ÷ 1,3
Exemplos: 7/4 e -15/9 são racionais. Veja, também, 5,7 × 100 = 570
que os números 87, 321 e 1221 são racionais, pois são 1,3 × 100 = 130
divididos pelo número 1. 570 ÷ 130 = 4,38 391
NÚMEROS REAIS Esse é o resultado de uma inequação qualquer e
podemos interpretar que qualquer número maior
É o conjunto que envolve todos os outros conjun- que 5 pode ser a resposta correta. Todavia, observe
tos, ou seja, aqui encontramos os números naturais, que 5 não é maior que 5, logo, o próprio 5 não satisfaz
inteiros e racionais envolvidos de uma única manei- a inequação. Agora veja um outro exemplo:
ra. Dentro dos números reais podemos envolver todos x ≤ 7, com x natural
os outros números dentro das operações matemáti- Já sabemos que os números naturais são apenas os
cas, sejam elas de adição, subtração, multiplicação ou inteiros não negativos. Sendo assim, as soluções para
divisão. essa inequação também podem ser: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
O símbolo desse conjunto é a letra R e podemos Note que o número 7 entra como uma possível
representar por meio de diagramas a relação entre os solução, pois o sinal de desigualdade que estamos
conjuntos naturais, inteiros, racionais e reais. Veja usando é o “menor ou igual”.

Propriedades da desigualdade

z Propriedade 1: somar um mesmo número aos


Q dois membros de uma inequação não altera o sen-
tido da desigualdade.

Z N 10x – 7 < 3x +15


10x – 7 + 4 < 3x +15 + 4
10x – 3 < 3x + 19

z Propriedade 2: subtrair um mesmo número dos


R dois membros de uma inequação não altera o sen-
tido da desigualdade.

25x < 5x + 20
Operações e propriedades dos números reais 25x – 5x < 5x + 20 – 5x
20x < 20
z Adição de números reais: segue a mesma lógica da
adição comum. z Propriedade 3: multiplicar os dois membros de
uma inequação por um número positivo não alte-
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4 ra o sentido da desigualdade.
5 + 37,8 + 120 = 162,8
55 + 83 + 205 = 343 5x > 35
5x . 1/5 > 35. 1/5
z Subtração de números reais: segue a mesma lógica x>7
da subtração comum.
z Propriedade 4: multiplicar os dois membros de
Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18 uma inequação por um número negativo inverte
25 – 63 = -38 o sinal da desigualdade.
41 – 0,75 – 4,8 = 35,45
5x – 8 > 12x + 41
z Multiplicação de números reais: aplicamos o mes- 5x – 12x > 41 + 8
mo procedimento da multiplicação comum. – 7x > 49 (multiplicando toda a inequação por -1)
7x < - 49 (o sinal foi invertido)
Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05 x < -49/7
3 × 55 = 165 x < -7
7 × 2,85 = 19,95
DIVISIBILIDADE
z Divisão de números reais: aplicamos o mesmo pro-
cedimento da divisão comum. Quando temos problemas que envolvem divisão,
sabe-se que precisamos de uma maneira mais eficien-
Ex.: 5,7 ÷ 1,3 = 4,38 te e simples para poder achar o resultado. Pensando
2,8 × 100 = 280 nisso, temos as regras de divisibilidade, ou seja, ferra-
15 × 51 = 765 mentas que nos ajudam nas operações de divisão. Há
apenas duas opções em relação ao resultado: a respos-
DESIGUALDADES ta é exata ou não. Vejamos as diversas regras:

Todas as vezes que temos uma expressão que não Divisibilidade por 2
representa uma igualdade, damos o nome de desi-
gualdade. Os símbolos usados são: <, >, ≤ e ≥, que, res- Um número é divisível por 2 quando ele é par, ou
pectivamente, significam: menor, maior, menor ou seja, todos os números em que o último algarismo é 0,
igual, maior ou igual. Veja um exemplo: 2, 4, 6 ou 8.
392 x>5 Ex.: 256 / 2 = 128
Divisibilidade por 3 Divisibilidade por 10

Um número é divisível por 3 quando a soma dos Todos os números terminados em 0 são divisíveis
seus algarismos é divisível por 3. por 10.
Ex.: 1236 é divisível por 3? Ex.: 1130/10 = 113
Somando os algarismos: 1 + 2 + 3 + 6 = 12 (12 é
divisível por 3) FATORAÇÃO, RAZÕES E PROPORÇÕES
Logo, 1236 é divisível por 3.
1236/3 = 412
Fatoração
Divisibilidade por 4
A fatoração serve para simplificar equações e
expressões algébricas. Veja as maneiras que podemos
Um número é divisível por 4 quando os dois últi-
fazer a fatoração.
mos algarismos também são divisíveis por 4 ou nos
números terminados em 00.
Ex.: 3664 é divisível por 4, pois os dois últimos alga- Fatoração com menor número primo
rismos, ou seja, “64” é divisível por 4.
Logo, 3664/4 = 916 O nosso objetivo principal aqui é utilizar os meno-
Ex.: 1500 é divisível por 4, pois o final termina em res números primos para simplificar até o máximo
00. possível o número em questão. Veja:
Logo, 1500/4 = 375 180 | 2
90 | 2
Divisibilidade por 5 45 | 3
15 | 3
Todos os números que possuem como último alga- 5|5
rismo os números 0 ou 5 são divisíveis por 5. 1
Ex.: 550/5 = 110 Forma fatorada do número 180 = 2×2×3×3×5.
Ex.: 1325/5 = 265
Fatoração por fator comum em evidência
Divisibilidade por 6
Nosso foco é observar qual o número que se repete
Todos os números que são divisíveis por 2 e por 3 nos termos e colocá-lo em evidência. Veja:
simultaneamente são divisíveis por 6. 7x + 7y
Ex.: 366 é divisível por 2 e por 3 ao mesmo tempo,
Podemos notar que o número 7 é comum nos dois
então também é divisível por 6.
termos, portanto, podemos destacá-lo:
366/6 = 61
7x + 7y = 7 (x + y)
Agora veja esse outro exemplo:
Divisibilidade por 7
14x + 28y = 7 (2x + 4y)
Devemos duplicar (dobrar) o algarismo das unida- Colocamos o 7 em evidência porque ele é divisor
des e subtrair o resto do número. Se o resultado dessa comum do 14 e 28 ao mesmo tempo.
operação for divisível por 7, então o número é divisí-
vel por 7. Fatoração por agrupamento de termos semelhantes
Ex.: 385
Dobra o algarismo das unidades: 5 x 2 = 10 Nosso principal objetivo é juntar os termos comuns
Subtrai o resto do número: 38 – 10 = 28 em partes da expressão, ou seja, essa fatoração é uti-
O resultado é divisível por 7? Sim, pois 28/7 = 4 lizada quando um elemento não é comum a todos os
Logo, 385 é divisível por 7. termos. Veja:
385/7 = 55 5x + 10x + 5y + 10y
Note que o x é comum nos dois primeiros termos e
Divisibilidade por 8 o y nos dois últimos. Logo, podemos destacá-los assim:
5x + 10x + 5y + 10y = x (5+10) + y (5+10)
Se os três últimos algarismos forem divisíveis por Ainda podemos simplificar, pois agora existe outro
8 ou for número terminado em 000, então esse núme- fator comum que é (5 + 10).
ro será divisível por 8. x (5+10) + y (5+10) = (5+10) + (x + y)
Ex.: 2000/8 = 250
Logo, podemos dizer que:
Ex.: 1256 é divisível por 8, pois os três últimos alga-
5x + 10x + 5y + 10y = (5+10) + (x + y).
rismos “256” é divisível por 8, ou seja, 256/8 = 32
Logo, 1256/8 = 157
Razões e proporções
MATEMÁTICA

Divisibilidade por 9
A razão entre duas grandezas é igual a divisão
Um número é divisível por 9 quando a soma dos entre elas, veja:
seus algarismos é divisível por 9.
Ex.: 5238 é divisível por 9? 2
Somando os algarismos: 5 + 2 + 3 + 8 = 18 (18 é 5
divisível por 9)
Logo, 5238 é divisível por 9. Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está
5238/9 = 582 para 5). 393
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja: Aqui cabe uma observação importante!
Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
2
=
4 Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
3 6 partes dentro da proporção. Veja:

Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2 C


= 2.000
está para 3 assim como 4 está para 6). 3
Os problemas mais comuns que envolvem razão e
proporção é quando se aplica uma variável qualquer C = 2000 x 3
dentro da proporcionalidade e se deseja saber o valor C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
dela. Veja o exemplo: D
= 2.000
2
2 x
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6 D = 2.000 x 2
3 6
D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor- Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
ção: produto dos meios pelos extremos. ber R$4.000.
Meio: 3 e x
Extremos: 2 e 6 z Somas Internas
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
numa igualdade. Observe: a
=
c
=
a+b
=
c+d
b d b d
3·X=2.6
3X = 12 É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
X = 12/3 minador ao efetuar essa soma interna, desde que
X=4 o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
proporção.
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro- a c a+b c+d
= = =
priedade fundamental. Porém, algumas questões b d a c
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
útil conhecer algumas propriedades para facilitar. Vejamos um exemplo:
Vamos a elas.
x 2
Propriedade das Proporções =
14 - x 5

z Somas Externas x + 14 - x 2+5


=
x 2
a c a+c
= =
b d b+d 14 7
=
x 2
Vamos entender um pouco melhor resolvendo um
questão-exemplo:
7 . x = 2 · 14
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos 14 · 2
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro- x= =4
7
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
Portanto, encontramos que x = 4.
fábrica. Quanto cada um vai receber?
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
Diego vai receber, temos: Se liga!
Vale lembrar que essa propriedade também ser-
C D ve para subtrações internas.
=
3 2

Utilizando a propriedade das somas externas: z Soma com Produto por Escalar:

C D C+D a c a + 2b c + 2d
= = = =
3 2 = 3+2 b d b d

Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas), Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
então podemos substituir na proporção: Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000
proporcionalmente ao número de anos trabalhados.
C D C+D 10.000 São dois funcionários que trabalham há 2 anos na
= = = = 2.000
394 3 2 3+2 5 empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos.
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B o X Y Z
prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, temos:
= = = constante de proporcionalidade.
4 5 6
A B
=
2 3 Usando uma das propriedades da proporção,
somas externas, temos:
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
funcionários na categoria B, podemos escrever que a X+Y+Z 900.000
soma total dos prêmios é igual a R$13.000. = 60.000
4+5+6 15

2A + 3B = 13.000 A menor dessas partes é aquela que é proporcional


a 4, logo:
Agora multiplicando em cima e embaixo de um
lado por 2 e do outro lado por 3, temos: X
= 60.000
4
2A 3B
4
=
9 X = 60.000 x 4
X = 240.000
Aplicando a propriedade das somas externas,
podemos escrever o seguinte: Inversamente proporcional

2A 3B 2A + 3B É um tipo de questão menos recorrente, mas não


= = menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
4 9 4+9
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
quinhão inversamente proporcional a três números.
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
Vejamos um exemplo:
porção, temos:
Exemplo:
2A + 3B Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
2A 3B 13.000
= = = = 1.000 inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
4 9 4+9 13
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res-
Logo, pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
total que dever ser distribuído para facilitar o nosso
2A
= 1.000 cálculo, veja:
4
2A = 4 x 1.000 X
+
X
+
X
= 740.000
2A = 4.000 4 5 6
A = 2.000
Fazendo a mesma resolução em B: Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl-
tiplo comum) entre os denominadores para resolver-
3B
= 1.000 mos a fração.
9
3B = 9 x 1.000 4–5–6|2
3B = 9.000 2–5–3|2
B = 3.000 1–5–3|3
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa 1–5–1|5
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3 1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
O total pago pela empresa será: Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e
Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000 multiplicando o resultado pelo numerador temos:
Agora vamos estudar um tipo de problema que
aparece frequentemente em provas de concursos 15x 12x 10x
+ +
envolvendo razão e proporção. 60 60 60 = 740.000

Regra da Sociedade diretamente proporcional 37x


= 740.000
60
Um dos tópicos mais comuns em questões de prova
é “dividir uma determinada quantia em partes propor- X = 1.200.000
cionais a determinados números. Vejamos um exemplo
para entendermos melhor como esse assunto é cobrado: Agora basta substituir o valor de X nas razões para
MATEMÁTICA

Exemplo: achar cada parte da divisão inversa.


A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor x 1.200.000
= 300.000
dessas partes corresponde a: 4 = 4
Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro- x 1.200.000
porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X = 240.000
5 = 5
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor-
cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de x 1.200.000
= 200.000
razão. Veja: 6 = 6 395
Logo, as partes dividas inversamente proporcio- Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K, vamos multiplicar a fração por 100:
240K e 200K.
1 x 100 = 25%
PORCENTAGEM E JUROS 4

Porcentagem Soma e Subtração de Porcentagem

A porcentagem é uma medida de razão com base As operações de soma e subtração de porcentagem
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi- são as mais comuns. É o que acontece quando se diz
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe-
como podemos representar um número porcentual. rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou
30 subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli-
30% = (forma de fração) car pelo valor da grandeza.
100
Exemplo 1:
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula.
30
30% = = 0,3 (forma decimal) Porém, com a publicação do edital, a escola precisou
100
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de
horas-aula do curso ao final?
30 3 Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total
30% = = (forma de fração simplificada)
100 10 de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o
aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% +
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de 15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total
várias maneiras: de horas-aula do curso será:
(1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula
30 3 A avaliação do crescimento ou da redução percen-
30% = = 0,3 =
100 10 tual deve ser feita sempre em relação ao valor inicial
da grandeza.
Também é possível fazer a conversão inversa, isto
é, transformar um número qualquer em porcentual. -
Variação percentual = Final Inicial
Para isso, basta multiplicar por 100. Veja: Inicial
Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor.
25 x 100 = 2500%
Exemplo 2:
0,35 x 100 = 35%
Juliano percebeu que ele ainda não assistiu a 200
0,586 x 100 = 58,6%
aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de aulas
não assistidas a 180. É correto afirmar que, se Juliano
Número Relativo
chegar às 180 aulas almejadas, o número terá caído 20%?
A variação percentual de uma grandeza corres-
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e
ponde ao índice:
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres-
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo Final - Inicial 180 - 200
que estamos especificando. Para descobrir a quanto Variação percentual = = =
Inicial 200
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000.
20
10 x 1000 = 100 – = - 0,10
10% de 1000 = 200
100
Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a
que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
parte que corresponde a 10% de 1000.
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
Se liga!
Juros Simples
Quando o todo varias, a porcentagem também
varia! A premissa que é a base da matemática financeira
é a seguinte: as pessoas e as instituições do mercado
preferem adiantar os seus recebimentos e retardar os
Veja um exemplo: seus pagamentos. Do ponto de vista estritamente racio-
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira. nal, é melhor pagar o mais tarde possível caso não haja
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total incidência de juros (ou caso esses juros sejam inferio-
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas res ao que você pode ganhar aplicando o dinheiro).
por Roberto? “Juros” é o termo utilizado para designar o “preço
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quantia
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. emprestada no banco, o banco te cobrará uma remune-
ração em cima do valor que ele te emprestou, pelo fato
2
=
1 de deixar você ficar na posse desse dinheiro por um certo
396 8 4 tempo. Esta remuneração é expressa pela taxa de juros.
Nos juros simples a incidência recorre sempre sobre Uma outra informação muito importante e que
o valor original. Veja um exemplo para melhor entender. você deve memorizar é que o cálculo de taxas equi-
Exemplo 1: valentes quando estamos no regime de juros simples
Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um pode ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6%
regime de juros simples de 5% ao mês, para um amigo ao semestre ou 12% ao ano, e levarão o mesmo capital
e que o mesmo ficou de quitar o empréstimo após 5 inicial C ao mesmo montante M após o mesmo perío-
meses. Então temos o seguinte: do de tempo.

CAPITAL
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO Se liga!
(1000,00)
1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
No regime de juros simples, taxas de juros
proporcionais são também taxas de juros
2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
equivalentes.
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
Juros Compostos
5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
Imagine que você pegou um empréstimo de
Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais R$10.000,00 no banco, cujo pagamento deve ser rea-
de juros. lizado após 4 meses, à taxa de juros de 10% ao mês.
Fórmulas utilizadas em juros simples Ficou combinado que o cálculo de juros de cada mês
será feito sobre o total da dívida no mês anterior, e
J=C·i·t não somente sobre o valor inicialmente emprestado.
Neste caso, estamos diante da cobrança de juros com-
postos. Podemos montar a seguinte tabela:
M=C+J

MÊS DO EMPRÉSTIMO 10.000,00


M = C · (1 + i ·J)
1º MÊS 11.000,00
Onde,
J = juros 2º MÊS 12.100,00
C = capital 3º MÊS 13.310,00
i = taxa em percentual (%)
t = tempo 4º MÊS 14.641,00
M = montante
Logo, ao final de 4 meses você deverá devolver
Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é im- ao banco R$14.641,00 que é a soma da dívida inicial
portante saber a unidade de tempo sobre a qual a taxa (R$10.000,00) e de juros de R$4.641,00.
de juros é definida. Isto é, não adianta saber apenas Fórmula utilizada em juros compostos
que a taxa de juros é de “5%”. É preciso saber se essa
taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos que duas
M = C · (1 + i)t
taxas de juros são proporcionais quando guardam a
mesma proporção em relação ao prazo. Por exemplo,
12% ao ano é proporcional a 6% ao semestre, e tam- Poderíamos ter utilizado a fórmula no nosso exem-
bém é proporcional a 1% ao mês. plo. Veja:
Basta efetuar uma regra de três simples. Para
obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que M = 10000 x (1 + 10%)4
é proporcional à taxa de 12% ao ano: M = 10000 x (1 + 0,10)4
M = 10000 x (1,10)4
12% ao ano ----------------------- 1 ano M = 10000 x 1,4641
Taxa bimestral ------------------ 2 meses M = 14.641,00 reais

Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei- Podemos fazer a comparação entre juros simples e
xar os valores da coluna da direita na mesma unidade compostos. Observe a tabela abaixo:
temporal, temos:
JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
12% ao ano ---------------------- 12 meses
Taxa bimestral ------------------ 2 meses Mais onerosos se t < 1 Mais onerosos se t > 1
Mesmo valor se t = 1 Mesmo valor se t = 1
MATEMÁTICA

Efetuando a multiplicação cruzada, temos: Juros capitalizados no final Juros capitalizados perio-
do prazo dicamente (“juros sobre
12% x 2 = Taxa bimestral x 12 juros”)

Taxa bimestral = 2% ao bimestre Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial


Valores similares para Valores similares para
Duas taxas de juros são equivalentes quando são prazos e taxas curtos prazos e taxas curtos
capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan-
te final M, após o mesmo intervalo de tempo. Juros compostos – cálculo do prazo 397
Nas questões em que é preciso calcular o prazo
Km hm dam m dm cm mm
você deverá utilizar logaritmos, visto que o tempo “t” (quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (mlímetro)

está no expoente da fórmula de juros compostos. A


propriedade mais importante a ser lembrada é que, ×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10
sendo dois números A e B, então:

log AB = B x log A Km hm dam m dm cm mm

Significa que o logaritmo de A elevado ao expoente :10 :10 :10 :10 :10 :10
B é igual a multiplicação de B pelo logaritmo de A.
Uma outra propriedade bastante útil dos logarit- Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros.
mos é a seguinte: Para sair do metro e chegar no centímetro deve-
mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas
bAl
casas até chegar em centímetro. Logo,
log = 𝑙𝑜𝑔𝐴 − 𝑙𝑜𝑔B
B 5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm.

Isto é, o logaritmo de uma divisão entre A e B é Medidas de Área (Superfície)


igual à subtração dos logaritmos de cada número.
A unidade principal tomada como referência é o
Também é importante ter em mente que “logA”
metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades
significa “logaritmo do número A na base 10”.
diferentes que servem para medir dimensões maiores
Observe um exemplo:
ou menores. A conversão de unidades de superfície
No regime de juros compostos com capitalização
segue potências de 100. Veja o esquema abaixo:
mensal à taxa de juros de 1% ao mês, a quantidade de
meses que o capital de R$100.000 deverá ficar investi-
do para produzir o montante de R$120.000 é expressa Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
por: quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

log2, 1 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100


log1, 01 .
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
Temos a taxa j = 1%am, capital C = 100.000 e mon-
tante M = 120.000. Na fórmula de juros compostos: :100 :100 :100 :100 :100 :100

M = C x (1+j)t
Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2.
120000 = 100000 x (1+1%)t Para sair do metro quadrado e chegar no cen-
12 = 10 x (1,01)t tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000
1,2 = (1,01)t (100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em
centímetro quadrado. Logo,
Podemos aplicar o logaritmo dos dois lados: 5,3m2 = 5,3 x 10000 = 53000 cm2.
log1,2 = log (1,01)t
log1,2 = t · log 1,01 Medidas de Volume (Capacidade)

log1, 1 A unidade principal tomada como referência é o


t=
log1, 01 metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades
diferentes que servem para medir dimensões maiores
Logo, questão errada. ou menores. A conversão de unidades de superfície
segue potências de 1000. Veja o esquema abaixo:
RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA ENTRE GRANDEZAS
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
Quando estudamos o sistema de medidas, nos cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

atentamos ao fato de que ele serve quantificar dimen- ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000
sões que podem ter uma variação gigantesca. Porém,
existem as conversões entre as unidades para uma
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
melhor interpretação e leitura.

Medidas de Comprimento :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000

A unidade principal tomada como referência é o Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3.
metro. Além dele, temos outras seis unidades dife- Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro
rentes que servem para medir dimensões maiores ou cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000),
menores. A conversão de unidades de comprimento pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro
398 segue potências de 10. Veja o esquema abaixo: cúbico. Logo, 5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3.
Veja agora algumas relações interessantes e que A primeira pergunta que podemos fazer para
você precisa ter em mente para resolver diversas achar a lei de formação é: os números estão aumen-
questões. tando ou diminuindo?
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
operações de soma ou multiplicação entre os termos.
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE
Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8, ... Do
1 quilograma (kg) 1000 gramas (g) primeiro termo para o segundo somamos o número
dois e depois repetimos isso.
1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)

1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3) 2+2 = 4


4+2 = 6
1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3) 6+2 = 8
1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2)
Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2) pois 8+2 = 10.
Caso os números estejam diminuindo, você pode
Medidas de Tempo buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
entre os termos.
Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu- Agora observe esta outra sequência:
to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como
se faz a relação nessa unidade: 2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
Para transformar de uma unidade maior para a
unidade menor, multiplica-se por 60. Veja: Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
a dizer que o próximo termo é o 15. Mesmo tendo per-
1 hora = 60 minutos cebido que o 9 NÃO está na sequência, a nossa tendên-
4 h = 4 x 60 = 240 minutos cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra-
Para transformar de uma unidade menor para a do deve ser capaz de explicar toda a sequência! Neste
unidade maior, divide-se por 60. Veja: caso, estamos diante dos números primos! Sim, aque-
les números que só podem ser divididos por eles mes-
20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h. mos ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria
Para medir ângulos, a unidade básica é o grau. o 17, e não o 15. A propósito, os próximos números
primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
Temos as seguintes relações:
Sequências numéricas alternadas
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) É bem comum aparecem questões que envolvem
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
Aqui vale fazer uma observação: os minutos e os Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema te exemplo:
(hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes,
mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja: 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...

1h32min24s é um intervalo de tempo ou um ins- Se analisarmos mais minuciosamente, podemos


tante do dia. dizer que temos uma sequência que, de um número
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. para outro, devemos somar 2 unidades e também
podemos notar que temos a sequência que, de um
SEQUÊNCIAS E PROGRESSÕES número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
Sequências numéricas 1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
Esse tema é cobrado de uma maneira que ao
mesmo tempo pode parecer fácil, mas ser, na verda- Progressão aritmética
de, bem complicada. Descobrir a lei de formação ou
padrão da sequência é o seu principal objetivo, pois Uma progressão aritmética é aquela em que os
termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
MATEMÁTICA

nas questões sobre sequências / raciocínio sequencial,


você será apresentado a um conjunto de dados dispos- tante, normalmente representada pela letra r.
tos de acordo com alguma “regra” implícita, alguma Termo inicial: valor do primeiro número que
lógica de formação. O desafio é exatamente descobrir compõe a sequência;
essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos Razão: regra que permite, a partir de um termo,
daquela mesma sequência. obter o seguinte.
Veja o exemplo abaixo: Observe o exemplo abaixo:

2, 4, 6, 8,... {1,3,5,7,9,11,13, ...} 399


Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim suces- 7 # (1 + 13)
sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres- S7 =
2
são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro- 7 # 14
S7 =
gressões aritméticas, é importante você saber obter o 2
termo geral e a soma dos termos, conforme veremos 98
a seguir. S7 = = 49
2

Termo geral da PA Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:


PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
crescente.
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
outro termo. Temos a seguinte fórmula:
decrescente.
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1
an = a1 + (n-1)r
PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
iguais.
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o
Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
a posição do termo na PA.
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir
o termo de posição 10. Já temos as informações que
Se liga!
precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...} PA crescente: se r > 0;
PA decrescente: se r < 0;
z O termo que buscamos é o da décima posição, isto PA constante: se r = 0.
é, a10;
z A razão da PA é 2, portanto r = 2;
z O termo inicial é 1, logo a1 = 1; Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
10: n = 10 tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:

Logo, PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2


PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4
an = a1 + (n-1)r
a10 = 1 + (10-1)2 Progressão geométrica
a10 = 1 + 2x9
a10 = 1 + 18 Observe a sequência abaixo:
a10 = 19
{2, 4, 8, 16, 32...}
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula, Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
posição 200 é: ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
an = a1 + (n-1)r mo número, o que chamamos de razão da progressão
a200 = 1 + (200-1)2 geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
a200 = 1 + 2x199 No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
a200 = 1 + 198 a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
a200 = 199 PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
e a soma dos termos.
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PA
Termo geral da PG
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
n # (a1 + an) primeiro termo (a1) e da razão (q):
Sn =
2
an = a1 × qn-1
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
ser encontrado assim:
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
{2, 4, 8, 16, 32...}
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
a5 = 2 × 25-1
temos:
a5 = 2 × 24
a5 = 2 × 16
n # (a1 + an)
400 Sn = a5 = 32
2
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PG O mesmo não ocorre para o número de elementos
do conjunto B com a lei de formação, sendo este um
A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n” conjunto finito de números de três algarismos distin-
primeiros termos da progressão geométrica: tos, formado pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, pois
enumerar todos elementos de B, n(B)=?, agora não é
n trivial B={123, 124, 125, ..., 876}. Por ser muito gran-
a1 # (q - 1)
Sn = de esse conjunto é necessário utilizar uma técnica de
q-1
contagem, onde veremos que n(B)=336.
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8, Fatorial
16, 32...}
4 O fatorial é uma operação matemática utilizada
2 # (2 - 1)
S4 = para simplificar a notação de algumas técnicas de
2-1
2 # (16 - 1) contagem, como permutação, arranjo e combinatória.
S4 = Sua definição é bem simples: dado um número inteiro
1
2 # 15 e não negativo, ou seja, n ∈ ℕ, define-se o fatorial de n,
S4 = 1 com notação de n!:
S4 = 30
n! = n ∙ (n – 1) ∙ (n – 2) ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1, para n ≥ 2.
Soma dos infinitos termos de uma progressão
geométrica Sendo que, para n=0 ou n=1, temos que os fatoriais
são, respectivamente, 1! = 1 e 0! = 1.
Suponha que você corra 1000 metros, depois, O cálculo do fatorial de n=5 é 5! ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120,
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros mas quando esse n tende a ser grande o cálculo do fato-
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você rial torna-se mais trabalhoso como para n=12, 12! = 12
correu anteriormente. Quanto você correrá no total? ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 479001600. Nesses casos podemos
Observe que o que temos é exatamente uma progres- simplificar e usar em algumas operações essa simplifica-
são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente. ção para facilitar o cálculo. Assim, temos o fatorial para
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q < n=12, 12! = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... 3 ∙ 2 ∙ 1 = 12 ∙ 11!, generalizando
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto temos:
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
tanto, substituindo, teremos: (n + 1) != (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙3 ∙ 2 ∙ 1 = (n +1) ∙ n!

a1 # (0 - 1) (n + 1)!
S∞ = Nesse sentido, a razão simplificada fica:
q-1 (n – 1)!
a1
S∞ =
q-1 (n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)!
= = (n + 1) ∙ n = n² +n
(n – 1)! (n – 1)!
Se liga!
Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão
Em uma progressão geométrica, o quadrado do
termo do meio é igual ao produto dos extremos. 13!
temos:
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3 11!
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...}
82 = 4 × 16
64 = 64. 13! 13 ∙ 12 ∙ 11!
= = 13 ∙ 12 = 156
11! 11!
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM
Princípio multiplicativo e aditivo da contagem
Um método muito utilizado na resolução de pro-
blemas matemáticos e probabilísticos é a teoria de O princípio multiplicativo, também conhecido
contagem e análise combinatória. Nela, desenvolvem- como o princípio fundamental da contagem, é defi-
-se técnicas de contagens de agrupamentos formados nido em duas situações diferentes, sendo a primeira
sob condições pré-estabelecidas. quando se deseja fazer a contagem da combinação
À primeira vista pode parecer desnecessário o uso de elementos entre dois ou mais conjuntos, ou seja,
de técnicas de contagem de números ou elementos, cruzamento todos com todos. A segunda é quando se
mas nem sempre a quantidade de elementos encon- quer contar elementos dessas combinações, mas res-
MATEMÁTICA

trada é pequena e nem trivial de enumerar, então a tringindo elementos a serem combinados.
aplicação de métodos de contagem se faz necessário. Na primeira situação podemos inicialmente traba-
Suponha que se queira contar a quantidade de
lhar com dois conjuntos A e B, sendo, A = {a₁,a₂, ⋯, am}
elementos de um conjunto A, sendo ele um conjunto
finito de números de dois algarismos distintos, forma- com m elementos e B = {b1, b2, ⋯, bn}com n elementos.
dos a partir dos dígitos 1, 2 e 3. Nesse caso, o número Com isso, podemos formar da combinação de A com B
de elementos do conjunto A é de fácil enumeração, uma quantidade m ∙ n (princípio multiplicativo) de
bastando formar todos os elementos e depois fazer a pares ordenados (ai, bj) com ai ∈ A e bj ∈ B. Podemos
contagem. Logo, A={12, 13, 21, 23, 31, 32} e assim o visualizar melhor descrevendo tal combinação em
número de elementos de A é n(A) = 6. forma de diagrama de árvore: 401
Agora para a segunda situação podemos inicial-
mente trabalhar com um conjunto A, A = {a1, a2, ⋯, am}
com m elementos. Com isso, podemos formar da com-
binação de A com A tais que, ai ∈ A e aj ∈ A, sendo ai ≠
aj (i ≠j) a quantidade m ∙ (m – 1) (princípio multiplica-
tivo, com restrição de elementos no par ordenado)
de pares ordenados (ai, aj) com ai ∈ A e aj ∈ A. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
forma de diagrama de árvore:

(a1, b1), ⋯ ,(a1, bn) → n pares


(a2, b1), ⋯ ,(a2, bn) → n pares


m linhas ∙

(am, b1), ⋯ ,(am, bn)


n pares

n+n+⋯+n=m∙n
(a1, a2), ⋯ ,(a1, am) → m – 1 pares
Suponha que em três cidades, Brasília, Belo Hori-
zonte e Rio de Janeiro, existam quatro rodovias que (a2, a1), ⋯ ,(a2, am) → m – 1 pares
ligam Brasília a Belo Horizonte e outras cinco rodo-

vias que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. m linhas ∙
Usando o princípio multiplicativo podemos saber de ∙
quantas formas diferentes podemos chegar ao Rio de
Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Hori- (am, a1), ⋯ ,(am, am–1) → m – 1 pares
zonte. Usando a ideia dos conjuntos A e B anteriores
(m – 1)+(m – 1)+ ⋯ +(m – 1) = m ∙ (m – 1)
temos o conjunto A ligando Brasília a Belo Horizonte e
o conjunto B ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro:

Voltando ao exemplo do início da seção temos


A = {a₁, a₂, a₃, a₄} e B = {b₁, b₂, b₃, b₄, b₅} o conjunto B, com a lei de formação sendo, um con-
(a1, b1), ⋯ ,(a1, b5) → 5 pares junto finito de números de três algarismos distintos
formado pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Para nume-
(a2, b1), ⋯ ,(a2, b5) → 5 pares rar todos elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ...,
4 linhas 876}, por ser muito grande esse conjunto é necessário

∙ utilizar uma técnica de contagem. Aqui podemos usar
∙ o princípio da multiplicação, com o caso de restrição,
onde para serem elementos distintos, o que aparecer
(a4, b1), ⋯ ,(a4, b5) → 5 pares no primeiro algarismo não pode aparecer no segundo,
5 + 5 + ⋯ + 5 = 4 ∙ 5 = 20 nem no terceiro, ou seja, o número 111 não é elemen-
to de B:
Assim, são 20 formas diferentes de chegar ao Rio de
Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Horizonte.
A = {a₁, a₂, a₃, a₄, a₅, a₆, a₇, a₈} = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Generalizando o princípio multiplicativo para
→ B = {123, 124, 125, ⋯, 876}
qualquer quantidade de conjuntos temos:
(a1, a2, a3), ⋯ ,(a1, a7, a8) → 7 ∙ 6pares (prin-
cípio multiplicativo)
A = {a₁, a₂, ⋯, an₁} n(A) = n₁
(a2, a1, a3), ⋯ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6pares
B = {b₁, b₂, ⋯, bn₂} n(B) = n₂
8 linhas ∙
∙ ∙
∙ ∙

(a8, a1, a2), ⋯ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6pares
Z = {z₁, z₂, ⋯, zn } n(Z) = nr
r

7 ∙ 6+7 ∙ 6+ ⋯ +7 ∙ 6=8 ∙ 7 ∙ 6 = 336


Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r
elementos, do tipo (ai, bj, ⋯, zp), onde ai ∈ A, bj ∈ B, ..., zp, Assim, são 336 números distintos formados por
402 ∈ Z é n1 ∙ n2 ∙ ... ∙ nr (princípio multiplicativo). três algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8.
Generalizando então o princípio multiplicativo,
n!
com restrição para elementos distintos, para qualquer An, r
quantidade de elementos temos: (n – r)!

Na mesma definição de arranjo, se as r-upla ordena-


Se A = {a₁, a₂, ⋯, am}, n(A) = m das são formadas por elementos de N não necessariamen-
com sequências do tipo: (ai,al, ⋯,aj, ⋯,ak) te distintos, temos a definição de arranjo com repetição:
r elementos
ARn, r =n ∙ n ∙ ... ∙ n = nr
r fatores

a quantidade de sequência é: m ∙ (m – 1) ∙ (m – 2) ∙ ... ∙ Então, no exemplo do início da seção em que o


[m – (r –1)] conjunto B, com a lei de formação é um conjunto fini-
to de números de três algarismos distintos, formado
pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, enumerando todos
Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r os elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876},
elementos, formados com elementos distintos dois a feito com princípio multiplicativo, temos o resultado
dois, é m ∙ (m – 1) ∙ ... ∙ [m – (r – 1)] (princípio multipli- n(B)=336; agora usando a definição de arranjo sem
cativo), onde a1 ∈ A ∀i ∈ {1, 2, ⋯, m} e a1 ≠ ap para i ≠ p. repetição temos:
Até o momento vimos técnicas de contagem envol-
vendo o princípio multiplicativo, já o princípio adi-
tivo é empregado em situações em que se deseja a n! 8! 8! 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
An,r = à A8,3 = = = =
união entre conjuntos de resultados possíveis, onde (n – r)! (8 – 3)! 5! 5!
em cada um deles a contagem será feita utilizando o
princípio da multiplicação e pôr fim a soma deles dará 8 ∙ 7 ∙ 6 = 336
o resultado final do número de elementos da união
desses conjuntos de interesse. Por exemplo, qual a Note que a solução usando o princípio fundamen-
quantidade de números inteiros positivos abaixo de tal da contagem (multiplicativo) foi exatamente o
1000, formado pelos dígitos {1, 2, 3}. Note que não foi mesmo que usando a definição de arranjo, veja ainda
informada a quantidade de algarismos que devem ter que a fórmula do arranjo no final caiu no princípio
esses números inteiros, assim eles podem ser conjun- multiplicativo.
to de números de 1 algarismo ou números de 2 alga- Para exemplificar o arranjo com repetição pode-
rismos ou ainda número de 3 algarismos. Não entram mos usar o problema de sorteio com urnas, onde o
números de 4 algarismos pois eles devem estar abaixo número sorteado é reposto na urna e pode ser sor-
de 1000. Para resolver esse problema, iremos utili- teado novamente, ou seja, com reposição (repetição).
zar primeiro o princípio multiplicativo e logo após o Seja nesse contexto uma urna com os números 1, 2
princípio da adição, onde somaremos os resultados de e 3, e em seguida um número é sorteado, reposto na
cada um dos possíveis conjuntos de números em rela- urna, e o segundo número é sorteado. Quantas for-
ção ao seus algarismos. Onde temos OU entenda como mas possíveis de sequências de números podem ser
SOMA (princípio aditivo), assim temos: observadas? Assim, usando a definição de arranjo
com repetição temos:
1algarismo: três possíveis: 1,2,3;
ARn, r = nr à AR3, 2 = 32 = 9
2algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo);
3algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis(princípio multiplicativo); Logo, temos nove pares possíveis de números
sorteados.
A união:3+9+27=39 casos (princípio aditivo)

Arranjos, permutações e combinações Permutação

Da definição do princípio fundamental da conta- Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
gem (multiplicativo) podemos deduzir algumas fór- chamamos de permutação dos n elementos a todo
mulas de agrupamentos, simplificando com notação arranjo onde r=n. Denotado por:
de fatorial e definindo alguns casos particulares.
n! n! n!
Arranjos An, n = = = = n! = Pn
(n – n)! 0! 1
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
chamamos de arranjo dos n elementos tomados r a r
MATEMÁTICA

Se liga!
(1 ≤ r ≤ n) a qualquer sequência de r elementos ou
toda r-upla formada com elementos de N todos distin- A permutação é um caso particular do arranjo,
tos. Denotado por: em que se queira combinar todos elementos.

An, r =n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙[n – (r – 1)]


Assim, a permutação de um conjunto N = {1, 2, 3},
r fatores
são todos os arranjos constituídos dos 3 elementos, ou
seja, {123,132,213,231,312,321}. Calculado o número de
Com simplificação fatorial temos: permutações temos então Pn = n! à P3 = 3! = 3 ∙ 2 ∙ 1 = 6. 403
Em situações que envolvam condições de con-
n! 15! 15!
tagem, como em anagramas de palavras, em que o An, r = à A15,3 = = =
conjunto N = {a1, a2, ⋯, an} de n elementos, irão existir (n – r)! (15 – 3)! 12!
alguns elementos iguais, ai = ajcom i ≠ j. Neste caso, uti-
liza-se a técnica de permutação com elementos repeti- 15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12!
dos, de forma geral temos: = 15 ∙ 14 ∙ 13 = 2730 .
12!

n! BINÔMIO DE NEWTON
Pnn₁, n₂, ⋯, nr =
n1!n2! ⋯ nr!
Desenvolvimento, coeficientes binomiais e termo
Suponha que se deseja saber quantos anagramas geral
podem ser construídos com a palavra ARARAQUARA?
Então, usando a definição de permutação com repe-
Usamos as técnicas de contagem como o diagra-
tição, da palavra temos 10 letras e duas delas com
repetição: ma de árvore e o princípio fundamental da contagem
para obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com
n = 10 n ∈ N e x, a ∈ ℝ.
A à n1 = 5
R à n2 = 3 Alguns casos particulares já são conhecidos:

n! 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5! z (x + a)0 = 1;
Pnn₁, n₂ = à P105,3 = = = z (x + a)1 = x + a;
n1!n2! 5!3! 5!3!
z (x + a)2 = x2 + 2xa + a2;
10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 z (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 .
= 5040
3∙2∙1
Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n
Combinações mais trabalhoso fica:

Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯,an},


(x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a)
chamamos de combinações dos n elementos tomados
r fatores
r a r, os subconjuntos de N constituídos de r elemen-
tos. Denotado por:
Seguindo essa ideia de distributiva da multiplica-
ção em relação aos termos (x+a), a cada fator (x+a),
n!
Cn, r = ,r≤n;∀n,r ∈ N selecionamos exatamente um termo, podendo ser x
r!(n – r)! ou a, e multiplicamos em seguida. Continua-se o pro-
Como define-se combinação sendo subconjuntos, a cesso até esgotar todas as seleções possíveis de um ter-
ordem dos elementos não interfere. Assim, os subcon- mo de cada fator. Toma-se todos os produtos obtidos
juntos {a,b} e {b,a}são iguais. e calcula-se sua soma (reduzindo os termos semelhan-
O exemplo clássico de combinações são os pro- tes). Por fim, a soma obtida é o desenvolvimento do
blemas envolvendo membros de comissões. Suponha binômio (x+a)n.
que uma empresa tenha 15 funcionários no setor
Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de
administrativo, e se queira formar uma comissão com
3 desses funcionários. De quantas formas possíveis árvore para seleção dos termos, e esgotando as possí-
pode-se formar essa comissão? Assim, essas comis- veis seleções para cada termo do fator, temos:
sões são subconjuntos com elementos funcionários e
a ordem dos elementos dentro dela não interfere, ou 1ºfator 2ºfator produto
seja, esses subconjuntos de mesmos elementos, mas
de ordem distintas, são iguais. Logo, essa contagem
pode ser feita a partir da combinação:

n! 15! 15!
Cn, r = à C15,3 = = =
r! (n – r)! 3!(15 – 3)! 3!12!

15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! 15 ∙ 14 ∙ 13
= = 455 .
3!12! 3∙2∙1

Caso usássemos no exemplo anterior a ideia de


arranjo teríamos um número bem maior de elemen-
tos, visto que a ordem importa no arranjo. Sendo
Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a
assim, o arranjo contaria como diferentes aqueles
subconjuntos que a combinação define como iguais. ∙ x+a ∙ a=x2+2xa+a2.
Logo, a escolha correta da técnica (arranjo ou combi- Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo
404 nação) para a condição definida é essencial! raciocínio:
2ºfator 2ºfator 3ºfator Produto No desenvolvimento do binômio (1 – 2x2)5, qual o
coeficiente de x8? O termo geral do binômio é:

C5, p (–2x2)5 – p 1p = C5,p (–2)5 – p x2(5 – p) = C5,p (-2)5 – p x10 – 2p


10 – 2p = 8 → p = 1
C5,1 (–2)5 – 1 x10 – 2∙1 = C5,1 (–2)4 x8 = C5,1 16x8 = 5 ∙16x8 = 80x8

Logo, o coeficiente do termo x8 é 80.

CONHECIMENTOS GEOMÉTRICOS
CARACTERÍSTICAS DAS FIGURAS GEOMÉTRICAS
PLANAS E ESPACIAIS
Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙
a ∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3 Polígonos

Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em Polígono é qualquer figura geométrica fechada for-
forma de combinações temos o seguinte: do binômio mada por uma série de segmentos de reta. Observe:
(x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um ter-
mo de cada fator, obteremos três termos (um em cada
fator), que são multiplicados entre si: x3, x2a, xa2 e a3,
ou seja, o diagrama de árvore está na coluna “Produ-
to”. Assim, o primeiro deles x3 só pode ser obtido de
uma única forma que é com a escolha de x para os três
fatores. Logo, o coeficiente de x3 no desenvolvimento
do binômio é 1 ou C3,0.
Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo
x2a no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
são iguais a x e uma igual a a, da permutação com Os elementos de qualquer polígono são:
repetição temos:
z Lados: são os segmentos de reta que formam o
3! polígono (a figura a seguir, um pentágono, possui 5
P32,1 = = C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1. segmentos de reta, isto é, 5 lados);
2!1! z Vértices: são os pontos de junção de dois segmen-
tos de reta consecutivos. Estão marcados com
Para o termo xa2, a quantidade de produtos do tipo letras maiúsculas na figura abaixo;
xa2 no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas z Diagonais: são os segmentos de reta que unem dois
são iguais a a e uma igual a x, da permutação com vértices não consecutivos. São as retas traçadas no
repetição temos: polígono abaixo.

A
3!
p31,2 = = C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2.
1!2!

Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma B E


única forma que é com a escolha de a para os três fato-
res. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento do
binômio é 1 ou C3,3.
Finalmente temos o desenvolvimento do binômio
cúbico:
C D
(x+a) = C3,0x +C3,1x a+C3,2xa +C3,3a .
3 3 2 2 3
Para calcular o número de diagonais de um polí-
Desse exemplo, podemos definir então o Teorema gono, precisamos levar em consideração os vértices
(lados). Chegamos na seguinte fórmula:
Binomial. Seja o binômio (x+a)n com n ∈ ℕ e x, a ∈ ℝ, o
desenvolvimento do binômio é dado por:
n # (n - 3)
D=
MATEMÁTICA

2
(x+a)n = Cn,0 xn+Cn,1 xn – 1a1+Cn,2 xn – 2a2+ ... +Cn, p xn – p ap+ ... +
Cn, n an Veja que o pentágono (n = 5) possui 5 diagonais.

Onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de z a soma do ângulo interno e do ângulo externo de
coeficientes binomiais. um mesmo vértice é igual a 180º;
Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimen- z a soma dos ângulos internos de um polígono de n
to do Teorema Binomial é: lados é:

(x+a)n = Cn, p xn – p ap S = (n – 2) × 180° 405


A soma dos ângulos internos de um triângulo (n
= 3) é 180º e nos quadriláteros (polígonos de 4 lados)
esta soma é 360º.
Os polígonos que possuem todos os lados iguais
e todos os ângulos internos iguais (congruentes) são
chamados de polígonos regulares. Conheça algumas
nomenclaturas dos principais polígonos regulares e
os seus números de lados.

Nº DE NOME Nº DE NOME
LADOS LADOS
3 Triângulo 9 Eneágono
4 Quadrilátero 10 Decágono
5 Pentágono 11 Undecágono
6 Hexágono 12 Dodecágono
7 Heptágono ... ...
8 Octógono 20 Icoságono

UTILIZAÇÃO DE ESCALAS

A escala é a razão constante entre qualquer gran- Fonte: Google.


deza química ou física que possamos fazer uma com-
paração, isso quando nos referimos às medidas de Podemos usar a seguinte classificação quanto ao
áreas. Já quando estamos falando de um desenho ou tamanho da representação:
mapa, chamamos de escala cartográfica. É uma rela-
ção matemática entre as dimensões apresentadas no z Escala natural: representada numericamente
desenho e o objeto real por ele apresentado. É impor- como 1:1 ou 1/1. É usada quando o tamanho do
tante lembrar que as dimensões devem ser sempre objeto (físico) representado no plano é igual ao
usadas na mesma unidade. Podemos representar da tamanho na realidade.
seguinte forma: z Escala reduzida: quando o tamanho real é maior
Escala = medida no desenho : medida no objeto do que a área representada em escala. Costuma
real ou Escala = medida no desenho / medida no obje- ser usada na geografia em mapas de territórios ou
to real plantas de habitações.
Por exemplo, se um mapa apresenta a escala 1:30, z Escala ampliada: quando o tamanho gráfico é
significa que 1 cm no mapa é equivalente a 30 cm na maior do que o real. É usada para mostrar detalhes
área real. Caso seja necessário indicar que cada cen- mínimos de determinada área, principalmente de
tímetro de um mapa representa 1 metro na área real, espaços com tamanhos pequenos.
utilizamos a escala 1:100 ou ainda 1/100. Repare que
convertemos 1 metro para centímetros (100 centíme-
tros), pois ambas as medidas precisam estar na mes- Se liga!
ma unidade.
A escala é inversamente proporcional, ou seja,
Geralmente, as escalas aparecem em figuras ou
quanto maior a escala, menos detalhes há, pois
mapas da seguinte maneira:
é menor a área representada no mapa e quanto
menor a escala, maior a área representada no
mapa (mais detalhes).

COMPRIMENTOS, ÁREAS E VOLUMES

Retângulo

Chamamos de retângulo um paralelogramo (polí-


gono que tem 4 lados opostos paralelos) com todos os
ângulos internos iguais a 90°.

h h

406 b
Chamamos o lado “b” maior de base, e o lado Losango
menor “h” de altura.
É um polígono com 4 lados de mesmo comprimen-
z Área do Retângulo to. Veja a seguir:

Para calcularmos a área, vamos fazer a multipli-


cação de sua base (b) pela sua altura (h), conforme a L L
fórmula:

A=b×h
L L
Exemplo: Em um retângulo com 10 centímetros de
lado e 5 centímetros de altura, a área será:
Para calcular a área de um losango, vamos preci-
A = 10cm × 5cm = 50cm2 sar das suas duas diagonais: maior (D) e menor (d) de
acordo com a figura a seguir:
Quando trabalhamos o conceito de cálculo de
áreas das figuras geométricas, usamos a unidade ao
quadrado. No nosso exemplo, tínhamos centímetros e L L
passamos para centímetros quadrados, que neste caso
é a unidade de área. d

D
Quadrado L L
Retângulo no qual a base e a altura têm o mesmo
comprimento, ou seja, todos os lados do quadrado têm Assim, a área do losango é dada pela fórmula abaixo:
o mesmo comprimento, que chamaremos de L. Veja:
D#d
L A=
2

Paralelogramo

L L É um quadrilátero (4 lados) com os lados opostos


paralelos entre si. Esses lados opostos possuem o mes-
mo tamanho.

L b

A área também será dada pela multiplicação da h


base pela altura (b x h). Como ambas medem L, tere-
mos L x L, ou seja:
A = L2 b

Trapézio
A área do paralelogramo também é dada pela mul-
Temos um polígono com 4 lados, sendo 2 deles tiplicação da base pela altura:
paralelos entre si, e chamados de base maior (B) e
base menor (b). Temos, também, a sua altura (h) que A=b×h
é a distância entre a base menor e a base maior. Veja
na figura a seguir: Triângulo
b
Trata-se de uma figura geométrica com 3 lados.
Veja-a a seguir:
MATEMÁTICA

B a c

Conhecendo b, B e h, podemos calcular a área do


trapézio através da fórmula a seguir:

(B + b) # h
A= b
2 407
Para calcular a área do triângulo, é preciso conhe- Podemos calcular a altura usando a seguinte
cer a sua altura (h): fórmula:

a 3
h=
2

c Para calcular a área do triângulo equilátero usan-


a do apenas o valor da medida dos lados (a), usamos a
h fórmula a seguir:
2
a 3
A=
4
b
„ Triângulo retângulo: possui um ângulo de 90°.
O lado “b”, em relação ao qual a altura foi dada, é
chamado de base. Assim, calcula-se a área do triângu-
lo utilizando a seguinte fórmula:
B
b#h c
A=
2 a
Vamos conhecer os tipos de triângulos existentes:
A
„ Triângulo isósceles: é o triângulo que tem dois
lados iguais. Consequentemente, os 2 ângulos b
internos da base são iguais (simbolizados na
figura pela letra A):
Temos as seguintes nomenclaturas para cada lado
do triângulo. Veja:
O ângulo marcado com um ponto é o ângulo reto
(90º). Oposto a ele temos o lado “c” do triângulo, que
chamaremos de hipotenusa. Já os lados “a” e “b”,
a a que são adjacentes ao ângulo reto, são chamados de
c catetos.
O Teorema de Pitágoras nos dá uma relação entre
a hipotenusa e os catetos, dizendo que a soma dos
quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipote-
A A nusa: a2 = b2 + c2.

C Poliedros

„ Triângulo escaleno: é o triângulo que possui os São figuras espaciais formadas por diversas faces,
três lados com medidas diferentes, tendo tam- cada uma delas sendo um polígono regular que estu-
bém os três ângulos internos distintos entre si: damos anteriormente. Vamos conhecer os principais
poliedros, destacando alguns pontos importantes,
como área e volumes:

a B Paralelepípedo reto-retângulo e Cubo


c

C A c a
b
b
a a
„ Triângulo equilátero: é o triângulo que tem
todos os lados iguais. Consequentemente, ele
terá todos os ângulos internos iguais: O cubo é um caso particular do paralelepípedo re-
to-retângulo, ou seja, basta que igualemos os valores
de a = b = c.
Para calcular o volume de um paralelepípedo reto-
A -retângulo, devemos multiplicar suas três dimensões.
a a Veja:
V=a×b×c

A A No caso do cubo, o volume fica:

408 a V = a × a × = a3
A base do cilindro é um círculo. Portanto, a área da
Se liga! base do cilindro é igual a πr2.
As faces do paralelepípedo são retangulares, Perceba que se “desenrolarmos” a área lateral e
enquanto as faces do cubo são todas quadradas. “abrimos” todo o cilindro, temos o seguinte:

A área total do cubo é a soma das 6 faces quadra-


das. Ou seja,

AT = 6a2
H H
Agora no paralelepípedo reto-retângulo temos 2
retângulos de lados (a, b), dois retângulos de lados (b,
c) e dois retângulos de lados (b, c). Portanto, a área R C
total de um paralelepípedo é: R
AT = 2ab + 2ac + 2bc
A área da superfície lateral do cilindro é igual a
Prismas 2πℎ.
E o volume do cilindro é o produto da área da base
Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles pela altura: V = πr2 × ℎ.
que tem as arestas laterais perpendiculares às bases.
Os prismas são figuras espaciais bem parecidas com Esfera
os cilindros. O que os difere é que a base de um prisma
não é uma circunferência. Quando estamos estudando a esfera, precisamos
O prisma será classificado de acordo com a sua lembrar que tudo depende e gira em torno do seu raio,
base. Por exemplo, se a base for um pentágono, o pris- ou seja, é o sólido geométrico mais fácil de trabalhar.
ma será pentagonal.

Prisma Prisma Prisma Prisma


triangular pentagonal hexagonal quadrangular

O volume para qualquer tipo de prisma será sem-


pre o produto da área da base pela altura. Veja:
O raio é simplesmente a distância do centro da es-
V = Ab × h fera até qualquer ponto da sua superfície.
O volume da esfera é calculado usando a seguinte
A área total de um prisma será a soma da área late- fórmula:
ral com duas bases. 4
V = 3 # rr
3

AT = Al + 2Ab
E a área da superfície é calculada pela fórmula a
seguir:
Cilindro
A = 4 × πr2
Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são
perpendiculares às bases. Observe a figura a seguir:
Cone

Observe a figura a seguir:

base (círculo) Altura


MATEMÁTICA

Geratriz
Geratriz

A distância entre as duas bases é chamada de altu-


ra (h). Quando a altura do cilindro é igual ao diâmetro
da base, o cilindro é chamado de equilátero.

Cilindro equilátero: ℎ = 2r Base 409


Vamos extrair algumas informações da imagem.
A base de um cone é um círculo, então a área da
base é πr2.
Quando “abrimos” um cone, temos a figura a seguir:

m1

A área lateral da pirâmide é dada por:

Aℓ = pm′

A área total da pirâmide é dada por:


R
AT = Ab + Aℓ

A área lateral é dada pela fórmula πrg , onde “G” é O volume da pirâmide é calculado da mesma for-
o comprimento da geratriz do cone. ma que o volume do cone: 1/3 do produto da área da
Para calcularmos o volume de um cone, basta base pela altura. Veja:
sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área
da base pela altura. Veja: Ab # h
V= 3
2
rr h
V= ÂNGULOS
3

Em um cone equilátero a sua geratriz será igual ao Ângulo é a medida de uma abertura delimitada
diâmetro, ou seja, 2r. por duas semi-retas. Veja na figura a seguir o ângulo
A, que é a abertura delimitada pelas duas semi-retas
Pirâmides desenhadas:

A base de uma pirâmide poderá ser qualquer polí-


gono regular; no caso, estamos falando apenas de
pirâmides regulares.
A

O ponto desenhado acima no encontro entre as


duas semi-retas é denominado “Vértice do ângulo”.
Um ângulo é medido de acordo com a sua abertura.
Pirâmide Pirâmide Pirâmide Dizemos que uma abertura completa mede 360 graus
triangular quadrangular pentagonal (360º). Veja:

Pirâmide Pirâmide
hexagonal heptagonal

O segmento de reta que liga o centro da base a um Como 360o representam uma volta completa, 180º
ponto médio da aresta da base é denominado “apóte- representam meia-volta, como você pode ver a seguir:
ma da base”. Indicaremos por “m” o apótema da base.
180°
E o segmento que liga o vértice da pirâmide ao ponto
médio de uma aresta da base é denominado “apótema
da pirâmide”. Indicaremos por m′ o apótema da pirâ-
410 mide. Veja:
Por sua vez, 90o representa metade de meia-volta, Uma outra unidade de medida de ângulos é cha-
isto é, ¼ de volta. Este ângulo é conhecido como ângu- mada de “radianos”. Dizemos que 180o correspondem
lo reto, e tem uma representação bem característica: a π (“pi”) radianos. Vamos usar uma regra de três sim-
ples para convertermos qualquer ângulo em radia-
nos. Veja, vamos converter 60o para radianos:

180° ---------------------------------- π radianos


60° ------------------------------------ x radianos
180x = 60 π
90° 60r r
x= = radianos.
180 3
POSIÇÕES DE RETAS
Os ângulos podem ser classificados quanto ao
valor do ângulo em relação a 90°:
Posições relativas entre duas retas
z Ângulos agudos: são aqueles ângulos inferiores à
90°. Ex.: 30o, 42o, 63o. Para falar de posições relativas entre duas retas,
z Ângulos obtusos: são aqueles ângulos superiores à primeiramente definiremos retas reversas, assim
90o. Ex.: 100o, 125o, 155o. sejam duas retas, estas são chamadas de retas rever-
sas quando não existe um plano que as contenha.
Agora podemos definir as posições relativas entre
Observação: os ângulos de 0 e 180º são denomina-
duas retas, então, sejam duas retas r e s distintas,
dos de ângulos rasos.
em relação a posição relativas entre essas duas retas,
Outra classificação de ângulos é em relação à
temos que ou elas são concorrentes, ou paralelas ou
medida:
reversas. Assim podemos ter o seguinte esquema:
z Ângulos congruentes: são congruentes (iguais)
quando possuem a mesma medida;   rr ees com
srcom ponto
eponto
s com em→comum
ponto
em comum em comum→ r→ e srconcorrent
r e s concorrentes e s concor
z Ângulos complementares: são complementares r e srrcoplanares
ees coplanares
s coplanares
 
quando a soma entre os ângulos é 90o. Ex.: 60° +   rr eessem
srsem ponto
eponto
s sem em →comum
ponto
em comum em
r e scomum → r→
paralelas e srparalelas
e s paralel
r e srrreversas
30° = 90°. Os ângulos 30° e 60° são complementares
um do outro;
  ees reversas
s reversas
z Ângulos suplementares: são suplementares quando
a soma entre os ângulos é 180o. Ex.: 110° + 70° = 180°. r e s com ponto comum→r ree ss concorrentes
com ponto em comum → r e s conc
Os ângulos 70° e 110° são suplementares entre si.  r e s coplanares 
  rrreeess coplanares
ssem
componto
ponto s em
→ r eem comum→→r er es paral
comum
paralelas s con
rreresesem
s coplanares
ponto comum 
A semi-reta que divide um ângulo em duas partes   s reversas rrees não
s sem ponto
coplanares → rem comum → r e s para
e s reversas
iguais é denominada Bissetriz. Veja: r e s reversas
Posições relativas entre dois planos

Alguns postulados ou teoremas em relação aos pla-


nos devem ser enunciados:
A/2
z Teorema da interseção de planos: se dois planos
A/2
distintos têm um ponto em comum, então a inter-
seção desses planos é uma única reta que passa
por aquele ponto.
Agora, observe esse cruzamento de retas. Vamos z Planos secantes: dois planos distintos que se cortam
tirar algumas conclusões interessantes. (ou interceptam) são chamados de planos secantes
ou concorrentes, nesse caso a reta que está nos dois
B planos ao mesmo tempo é chamada de traço.
z Paralelismo entre planos: dois planos são parale-
A los se, e somente se, eles não têm ponto em comum
C
ou são coincidentes, ou seja, se um plano contém
D duas retas concorrentes, ambas paralelas a um
outro plano, então esses dois planos são paralelos.
Os ângulos formados pelo cruzamento das retas
são denominados ângulos opostos pelo vértice e tem
o mesmo valor. Ou seja, A = C e B = D.
MATEMÁTICA

Os ângulos A e B são suplementares, pois a soma


entre eles é de 180o, assim como a soma dos ângulos B
e C, C e D, e D e A.

Se liga!
Ângulos opostos pelo vértice têm a mesma
medida.
Exemplo de planos secantes e traço. 411
Posições relativas entre reta e plano

Uma reta é paralela a um plano se, e somente se,


eles não têm ponto em comum. Se uma reta não está
contida num plano e é paralela a uma reta do plano,
então a reta também é paralela ao plano, ou seja, para
que uma reta não contida num plano seja paralela a
esse plano ela deve ser paralela a uma reta do plano.
Temos ainda que uma reta e um plano podem (c)
ainda apresentar em comum: dois pontos distintos,
fazendo, assim, com que a reta esteja contida no pla- Exemplo reta e plano perpendiculares (a); retas perpendiculares (b) e
planos perpendiculares (c).
no; um único ponto, daí a reta e o plano são concor-
rentes ou são secantes; nenhum ponto em comum,
assim a reta e o plano são paralelos. Razão entre Segmentos de Reta

Quando dois pontos delimitam um conjunto de


pontos numa mesma reta, chamamos de segmento de
reta e podemos representá-los por duas letras como,
por exemplo, AB. O início do segmento é em A e termi-
na em B. Veja a seguir:

Reta s
s
Exemplo reta paralela ao plano.

Segmento de Reta AB
Perpendicularidade entre duas retas, dois planos e A B t
entre reta e plano
Semirreta AB
Uma reta e um plano são perpendiculares se, e A B u
somente se, eles têm um único ponto em comum e a
reta seja perpendicular a todas as retas do plano que Feixe de Retas Paralelas
passam por esse ponto comum, como pode ser obser-
vado na Figura 25a. Caso a reta seja concorrente a Um conjunto de três ou mais retas paralelas num
todos as retas do plano, dizemos então que a reta é
plano é chamado feixe de retas paralelas. Temos, ain-
oblíqua ao plano. Se uma reta é perpendicular a um
da, uma reta que corta a reta de feixe que é chamada
plano, então ela forma ângulo reto com qualquer reta
de reta transversal. Veja:
do plano. Assim, podemos dizer que se uma reta é per-
pendicular a duas retas concorrentes do plano, então t
s
ela é perpendicular ao plano. Duas retas são perpen-
diculares, quando as retas são reversas e formam um
ângulo reto, são chamadas ainda de retas ortogonais, a
como vemos na Figura 25b. Um plano α é perpendicu-
lar a um plano β se, e somente se, α contém uma reta b
perpendicular ao plano β (Figura 25c), ou seja, o plano
β contém uma reta r que é perpendicular a uma reta c
s do plano α.
d

SIMETRIA DE FIGURAS PLANAS OU ESPACIAIS

Quando falamos que duas figuras são simétricas,


podemos afirmar que elas possuem uma relação de cor-
respondência que pode ser de diversas maneiras. A figu-
ra abaixo é simétrica em relação à reta traçada nela. Veja:
(a)

(b)
412 Lado A Lado B
Perceba que os lados A e B são simétricos em rela- Perante essa situação, dizemos que as duas esferas
ção à reta. Chamamos essa simetria de axial, ou sime- são simétricas à reta ou ao eixo, ou seja, uma é refle-
tria em relação ao eixo (reta). xão da outra.
Um outro tipo muito comum é a simetria radial ou Podemos ter, ainda, a simetria em relação a um
central, que é caracterizada por conseguirmos rota- plano. Olhe para o plano a seguir e veja que ele divide
cionar a figura em torno do seu centro. Veja a seguir: o cone ao meio. Perceba, também, que o cone é simé-
trico em relação a esse plano, ou seja, as duas partes
resultantes dessa divisão são iguais.

Se girarmos a figura acima em 360°/4 = 90°, inde-


pendente do sentido, ela volta a se repetir.

Simetria de figuras espaciais


Congruência e semelhança de triângulos
Dizemos que duas figuras são simétricas, quando
Quando falamos em semelhança de triângulos,
podemos afirmar que elas possuem uma relação de
estamos nos referindo àqueles triângulos que pos-
correspondência que pode ser de diversas maneiras.
suem os mesmos ângulos internos. Cabe lembrar que
Como por exemplo, uma esfera é simétrica em relação
a um ponto, o seu centro. Veja: podem ser de qualquer tipo, triângulos retângulos,
equiláteros, isósceles ou escalenos.
Se temos dois triângulos semelhantes, então pode-
mos afirmar que os seus lados são proporcionais.
Observe o exemplo:
C

B
E
Podemos afirmar que todos os pontos que este-
jam à mesma distância do centro terão características a c
similares ou idênticas.
d f
Uma esfera pode ser simétrica, também, a um eixo
que passe sobre seu diâmetro. Veja:
C A G D
b e

Esses triângulos são semelhantes se os ângulos


C internos forem iguais, ou seja:

A = D, B = E e C = F

Se isso acontecer, podemos montar proporções


entre os lados correspondentes dos dois triângulos.
A simetria também pode ocorrer entre duas figu-
Veja:
ras espaciais. Observe o exemplo a seguir:

a b c
MATEMÁTICA

= =
d e g

Podemos, também, afirmar que o lado “a” do


primeiro triângulo pode ser chamado de BC, pois os
ângulos B e C estão nas extremidades do lado “a”. Da
mesma forma, o lado “d” do segundo triângulo pode
ser chamado de EF. Logo, podemos escrever a propor-
ção mencionada da seguinte maneira: 413
Observação: a constante k é chamada de Razão
BC AC AB de Semelhança.
= =
EF DF DE Abaixo apresentamos cada um dos casos de seme-
lhança entre triângulos:

Se liga! z Caso AA (Ângulo-Ângulo): Se dois triângulos pos-


suem dois ângulos ordenadamente congruentes,
Congruência de triângulos tem o sentido de
então eles são semelhantes.
igualdade e/ou equivalência.
A
Temos os seguintes casos de semelhança de
triângulos:

z Lado, ângulo, lado: quando os triângulos têm dois


lados iguais e, também, o ângulo entre eles;
z Lado, lado, lado: quando os triângulos têm os três
lados iguais;
C B
z Ângulo, lado, ângulo: quando os triângulos têm
dois ângulos iguais e, também, aquele lado entre
A’
esses dois ângulos;
z Lado, ângulo, ângulo: quando os triângulos têm
um lado igual, um ângulo adjacente a esse lado
também igual e o ângulo oposto a esse lado tam-
bém igual.

SEMELHANÇA E CONGRUÊNCIA DE TRIÂNGULOS C’ B’

Casos de Semelhança Dois Triângulos Semelhantes pelo caso AA

Dois triângulos serão denominados de semelhan-


z Caso LAL (Lado-Ângulo-Lado): Se dois triângulos
tes se, e somente se, for possível estabelecer uma cor-
possuem dois pares de lados proporcionais e os
respondência entre seus vértices de modo que:
ângulos compreendidos entre eles são congruen-
z Os ângulos correspondentes sejam congruentes. tes, então esses dois triângulos são semelhantes.
z Os lados homólogos sejam proporcionais.
A
A

C B
C B

A’
A’

C’ B’

Dois Triângulos Semelhantes C’ B’

Dois Triângulos Semelhantes pelo caso LAL


 = Â’ , B̂ = B̂ ’ , Ĉ = Ĉ ’ e
AB AC BC ⇔ ΔABC ~ ΔA’ B’ C’ z Caso LLL (Lado-Lado-Lado): se dois triângulos
= = =k
A’ B’ A’ C’ B’ C’ têm os três lados correspondentes proporcionais,
414 então esses dois triângulos são semelhantes.
A Devemos nos atentar a algumas fórmulas que são
extraídas do triângulo acima que poderão nos ajudar com
a resolução de algumas questões. Veja quais são:

h2 = m×n
b2 = m×a
c2 = n×a
b×c = a×h

C B Essas fórmulas são chamadas de relações métricas


do triângulo retângulo.
A’
CIRCUNFERÊNCIAS

Todos os pontos estão a uma mesma distância em


relação ao centro do círculo ou circunferência, cha-
mada de raio e geralmente representada por “r”. Veja
na figura a seguir:

C’ B’

Dois Triângulos Semelhantes pelo caso LLL


r
TEOREMA DE TALES

Quando temos um feixe de retas paralelas sobre


duas transversais quaisquer, determinamos segmen-
tos proporcionais. Veja a figura abaixo para entender
um pouco mais: A área de um círculo é dada pela fórmula: A = π ×
r2. Na fórmula, a letra π (“pi”) representa um número
s t irracional que é, aproximadamente, igual a 3,14.
Vejamos um exemplo para calcular a área de um
A D a círculo com 10 centímetros de raio:

B E A = π × r2
b
A = π × (10)2
C F A = π × 100
c Substituindo π por 3,14, temos:
A = 3,14×100 = 314cm2
D G
d
O perímetro de uma circunferência, que é o mesmo
que o comprimento da circunferência, é dado por:

Vamos destacar algumas proporções: C=2×π×r

AB ⁄ BC = DE ⁄ E F Para exemplificar, agora vamos calcular o períme-


BC ⁄ AB = EF ⁄ DE tro daquela circunferência com 10cm de raio:
AB ⁄ D E = BC ⁄ E F
D E ⁄ AB = EF ⁄ BC C = 2 × 3,14 × 10
C = 6,28 × 10 = 62,8 cm
RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS
O diâmetro (D) de uma circunferência é um seg-
mento de reta que liga um lado ao outro da circun-
Agora vamos falar sobre algumas métricas interes- ferência, passando pelo centro. Veja que o diâmetro
santes que estão presentes no triângulo retângulo. mede o dobro do raio, ou seja, 2r.
MATEMÁTICA

b h c
D = 2r

n m
C H B

a 415
Repare na figura a seguir. Temos além do ângulo reto, outros dois ângulos
“a” e “b”. E, além disso, temos os lados A, B e C, onde C
é a hipotenusa e A e B são os catetos. Então podemos
A
definir algumas relações importantes:

z Seno de um ângulo: é a razão entre o cateto opos-


α to a esse ângulo e a hipotenusa:

C B Cateto Oposto
Sen(Ângulo) =
Hipotenusa

Olhando para o nosso triângulo, temos que o “seno


do ângulo a” é a razão entre A e C, ou seja, sen(a) =
A/C. Da mesma forma, podemos dizer que sen(b) = B/C.

Note que formamos uma região delimitada dentro z Cosseno de um ângulo: é a razão entre o cateto
do círculo. Essa região é chamada de setor circular. adjacente a este ângulo e a hipotenusa:
Temos ainda um ângulo central desse setor circular
simbolizado por α. Com base neste ângulo, consegui- Cateto Adjacente
mos determinar a área do setor circular e o compri- Cos(Ângulo) =
Hipotenusa
mento do segmento de círculo compreendido entre os
pontos A e B.
Sabemos que o ângulo central de uma volta com- Note que o cateto B é adjacente ao ângulo a. Logo,
pleta no círculo é 360º. E também sabemos a área des- cos(a) = B/C, e cos(b) = A/C, uma vez que o cateto A é
ta volta completa, que é a própria área do círculo ( π × adjacente ao ângulo B.
r2). Vejamos como calcular a área do setor circular, em
função do ângulo central “α”: z Tangente de um ângulo: é a razão entre o cateto opos-
to e o cateto adjacente a um determinado ângulo.
360° ---------------------- π × r2
α ------------------------- Área do setor circular Cateto Oposto Sen(Ângulo)
Tan(Ângulo) = =
Cateto Adjacente Cos(Ângulo)
Logo,
Ora, como A é oposto ao ângulo a e B é adjacente a
a # rr
2 este mesmo ângulo, podemos escrever tan(a) = A/B e
Área do setor circular = tan(b) = B/A. Temos, ainda, que tan(a) = sen(a)/cos(a) e
360c
tan(b) = sem(b)/cos(b).
Usando a mesma ideia, podemos calcular o com-
primento do segmento circular entre os pontos A e B,
cujo ângulo central é “α” e que o comprimento da cir- Se liga!
cunferência inteira é 2 πr. Confira abaixo:
Cossecante: inverso do seno, ou seja, cossec(a)
360° --------------------- 2 πr = 1/sem(a)
α -------------------------- Comprimento do setor circular Secante: inverso do cosseno, ou seja, sec(a) =
1/cos(a)
Logo, Cotangente: inverso da tangente, ou seja, cot(a)
= 1/tan(a)
a # 2rr
Comprimento do setor circular =
360c Temos uma relação fundamental da trigonometria
TRIGONOMETRIA DO ÂNGULO AGUDO válida para qualquer triângulo:

A trigonometria fala sobre as relações entre os sen²(a) + cos²(a) = 1


comprimentos de dois lados de um triângulo retângu-
lo. Observe o triângulo retângulo abaixo: Precisamos conhecer algumas leis que relacionam
os lados e ângulos de um triângulo qualquer. Observe
o triângulo abaixo:

b
c
C
A B
A

a a b
416 B C
Lei dos senos: VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
Masculino 34
sen(A) sen(B) sen(C)
= = Feminino 26
a b c
Observe que na coluna da esquerda colocamos as
Lei dos cossenos: categorias de valores que a variável pode assumir, ou
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
a2 = b2 + c2 – 2bc cos(A) camos o número de Frequências, isto é, o número de
ou observações (ou repetições) relativas a cada um dos
b2 = a2 + c2 – 2ac cos(B) valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
ou 60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
c2 = a2 +b2 –2ab cos(C) Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
mos ainda representar as frequências relativas (per-
É muito importante, também, conhecer os valores centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em
de seno, cosseno e tangente dos principais ângulos 60 são 43,33%. Portanto, teríamos:
(ângulos notáveis): 0°, 30°, 45°, 60° e 90°. Para facilitar
o conhecimento vamos esquematizar uma tabela que
relaciona todos os valores. Veja: FREQUÊNCIAS
VALOR DA VARIÁVEL
RELATIVAS (Fri)
ÂNGULO SENO COSSENO TANGENTE Masculino 56,67%

0° 0 1 0 Feminino 43,33%

30º 1 3 3 Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,


2 2 3
onde Fi é o número de frequências de determinado
valor da variável, e n é o número total de observações.
45º 2 2 1
2 2 Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
pode assumir um grande número de valores distintos.
3 1
60º 2 2 3 Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
moradores de Campinas”:
90º 1 0 Infinito
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
1,51m 12
Se liga! 1,54m 17
Conhecendo os valores da tabela, é possível 1,57m 4
descobrir o seno, cosseno, tangente de qualquer 1,60m 2
outro ângulo. Veja um exemplo: 1,63m 10
Qual o seno do ângulo 105°? 1,67m 5
105° = 90° + 45° 1,75m 13
sen(105°) = sen(90°+45°) = sen(45°)cos(90°) + 1,81m 15
sen(90°)cos(45°) 1,89m 2
sen(105°) = √2/2×0+1×√2/2
sen(105°) = √2/2 Quando isto acontece, é importante resumir os
dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu-
ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar
intervalos que chamaremos de “CLASSES”.
CONHECIMENTOS DE ESTATÍSTICA E
PROBABILIDADE CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)
1,50 | - 1,60 33
REPRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS 1,60 | - 1,70 17
1,70 | - 1,80 13
A apresentação de dados estatísticos por meio de
tabelas e gráficos fazem parte do ramo da Estatística 1,80 | - 1,90 17
Descritiva. Esta tem por objetivo descrever um con-
junto de dados, resumindo as suas informações prin- O símbolo “|” significa que o valor que se encontra
MATEMÁTICA

cipais. Para isso, as tabelas e gráficos estatísticos são ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50
ferramentas muito importantes. | - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a
1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas-
Tabelas
se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
Para descrever um conjunto de dados, um recurso contabilizadas.
muito utilizado são tabelas, como essa abaixo, refe- Veja abaixo novamente a última tabela, agora
rente à observação da variável “Sexo dos moradores com a coluna de frequências absolutas acumuladas à
de São Paulo”: direita: 417
Gráfico de Setores (ou de pizza)
CLASSE FREQUÊNCIAS FREQUÊNCIAS AB-
(FI) SOLUTAS ACUMU-
LADAS (FCA) Esse gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
mente a relação com o total de observações. Vamos
1,50 | - 1,60 33 33 supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
1,60 | - 1,70 17 50 alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico
1,70 | - 1,80 13 63 de pizza.

1,80 | - 1,90 17 80
Média de notas escolares trimestrais

A coluna da direita exprime o número de indiví-


duos que se encontram naquela classe ou abaixo dela.
Ou seja, o número acumulado de frequências do valor
mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior
daquela classe. Perceba que, para obter o número 50,
bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da
classe 1,50| - 1,60). Isto é, podemos dizer que 50 pes-
soas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior
da última classe). Analogamente, 63 pessoas possuem
altura inferior a 1,80m.

Gráficos estatísticos

Uma outra maneira muito utilizada para a Estatís-


tica Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns
tipos.

Colunas ou barras justapostas


Gráfico de Linha
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos-
São mais utilizados nas representações de séries
tas para dados agrupados por valor ou por atributo.
temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
Vamos supor que estamos interessados nas idades de
o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as
no número de alunos dentre as séries que estão em
respectivas frequências.
evidência para estudo dentro da escola. Observe:

Agora suponha, por exemplo, que queremos saber Histograma


a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida-
des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar É muito utilizado na representação gráfica de
em usar um gráfico de barras justapostas. Veja: dados agrupados em classes (distribuição de fre-
quências). Imagine que realizamos uma pesquisa
sobre os salários dos funcionários de uma empresa
de cosméticos e obtivemos a seguinte distribuição de
frequências.

SALÁRIOS EM FREQUÊNCIA
MILHARES DE REAIS
10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13

418 25 - 30 7
Esses dados podem ser resumidos com um histo-
MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)
grama, como mostra o gráfico a seguir.
Matemática 9,7 4
Salários dos Funcionários da Empresa de
18 Cosméticos x em milhares de reais
Física 8,8 4
16
14 Química 7,3 2
12
História 6,0 1
10
8 Biologia 5,7 1
6
4
2 Vamos calcular a média ponderada das notas des-
0 se aluno:
(10 - 15) (15 - 20) (20 - 25) (25 - 30)

É importante destacar que a área de cada retângu- 9,7 × 4 + 8,8 × 4 + 7,3×2 + 6,0×2 + 5,7×1
lo é proporcional à frequência. X=
4+4+2+1+1
MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL
38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7
Média Aritmética X=
12
A média aritmética é um valor que pode substituir
todos os elementos de uma lista sem alterar a soma 100,3
dos elementos da lista. Considere que há uma lista de X= = 8,35833...
n números (x1, x2, x3, ..., xn). A soma dos termos desta 12
lista é igual a (x1 + x2 + x3 + ... + xn).
Para calcular a média aritmética de uma lista de
números, basta somar todos os elementos e dividir Moda
pela quantidade de elementos. Ou seja,
A moda é definida como sendo aquele valor ou
valores que ocorrem com maior frequência em um
x1 +x2 + ... xn
x= rol. É interessante saber que a moda pode não existir
n e, quando existir, pode não ser única. Veja os exem-
plos abaixo:
Veja um exemplo: Calcular a média aritmética dos
A: {1;1;2;3;3;4;5;5;5;7} = Mo = 5
números 5, 10, 15, 20, 50.
B: {3;4;6;8;9;11} = não tem moda
C: {2;3;3;3;5;6;6;7;7;7;8;9;10} = tem duas modas, ou
5 + 10 + 15 + 20 + 50 100 seja, M1 = 3 e M2= 7.
X= = = 20
5 5 Caminhando um pouco mais dentro do nosso
estudo de Estatística, vejamos agora um exemplo de
A média aritmética é igual a 20. quando temos os dados dispostos em uma tabela com
frequências e não agrupados em classes. Quando isso
Média Ponderada
acontece, a localização da moda é imediata, bastando
para isso, verificar na tabela, qual o valor associado à
O cálculo da média aritmética ponderada (em que
levamos em consideração os pesos de cada parte), maior frequência. Observe:
devemos multiplicar cada parte pelo seu respectivo
peso, somar tudo e dividir pela soma dos pesos. Veja:
ESTATURA (M) FREQUÊNCIA

x1p1+x2p2 + ... xnpn 1,53 3


x=
p1 + p2 + ... pn 1,64 7

1,71 10
Interpretando a fórmula, temos uma lista de
números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2, 1,77 15
MATEMÁTICA

p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada


pela fórmula apresentada acima. 1,80 5
Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular
para Engenharia e realizou provas de 1,81 2
Matemática, Física, Química, História e Biologia.
1,89 1
Suponha que o peso de Matemática seja 4, de Física
seja 4, de Química seja 2, de História seja 1 e de Bio-
logia seja 1. Suponha ainda que o estudante obteve as Na tabela acima, a maior frequência (15) está asso-
seguintes notas: ciada à altura 1,77. Portanto, a moda é 1,77. 419
Mediana

Uma outra medida que estudamos em Estatística


é a mediana (ou valor mediano), que é definida como
número que se encontra no centro de uma série de O cálculo do desvio médio com dados agrupados é
números, estando estes de forma organizada segundo feito multiplicando cada desvio (em módulo) pela sua
um padrão. Ou seja, é o valor situado de tal forma no respectiva frequência, somando os resultados e divi-
conjunto que o separa em dois subconjuntos de mes- dindo por n.
mo número de elementos. Veja os exemplos abaixo.
A: {2;2;3;9;9} = a mediana é 3. Variância
B: {1;5;5;7;8;9;9;9} = a mediana é a média entre os
dois termos centrais, ou seja, (7+8)/2 = 7,5. 2 R (x i – x)
2

Agora, observe esse outro exemplo abaixo e perce- v =


N
ba que os dados não estão ordenados.
C: {2;3;3;7;6;6;8;5;5;5} A variância é a média aritmética dos quadrados
Para acharmos a mediana é necessário ordenar dos desvios. Ou seja, para calcular a variância, deve-
os números primeiro e depois fazer a média entre os mos elevar cada um dos desvios ao quadrado, somar
dois termos centrais, pois o número de elementos é todos os valores, e dividir por “n”, que é a quantidade
par. Vejamos: de elementos. A variância é representada simbolica-
C: {2;3;3;5;5;5;6;6;7;8} = a mediana é a média entre mente por 2.
os termos centrais, ou seja, (5+5)/2 = 5.
Moda = elemento(s) que mais aparece(m). Desvio Padrão
Mediana = elemento central de um conjunto de
números. O desvio padrão está inteiramente ligado a variân-
cia. O desvio padrão é a raiz quadrada da variância. A
z Se a quantidade de elementos for ímpar, então, a sua representação simbólica é dada por σ.
mediana é o termo do centro. O desvio padrão é a raiz quadrada da variância (
v = v ). A variância é o quadrado do desvio padrão v ).
2
z Se a quantidade de elementos for par, então, a media-
2

na será a média entre os dois elementos centrais. Só há dois casos em que a variância e o desvio
padrão são iguais, que é quando ambos valem zero ou
DESVIOS E VARIÂNCIA ambos valem 1, isso porque 02 = 0 e 12 = 1.
Vale ressaltar, também, que a variância e o desvio
Vejamos o seguinte conjunto de dados X = {x1, x2, x3, padrão só serão iguais a zero se todos os elementos
… xn} e um número real qualquer m. O desvio de um forem iguais. Se os elementos forem todos iguais,
todos os desvios serão iguais a zero. Consequentemen-
número qualquer do conjunto X em relação ao núme-
te, a variância será nula e também o desvio padrão.
ro m é a diferença entre eles, que pode ser represen-
tada pela fórmula:
di = xi – m
Se liga!
z A soma dos desvios tomados em relação à média Quando os dados são todos iguais, não há
aritmética é sempre nula. dispersão. Todas as medidas (desvio médio,
z A soma dos quadrados dos desvios é mínima quan- variância, desvio padrão etc.) são iguais a zero.
do os desvios são calculados em relação à média
aritmética.
z A soma dos módulos (valores absolutos) dos des- Vamos analisar dois exemplos em provas a respei-
vios é mínima quando os desvios são calculados to desse assunto:
em relação à mediana.
z (VUNESP – 2019) O desvio padrão dos valores 2, 6,
4, 3, e 5 é, aproximadamente,
Desvio Absoluto Médio
a) 2,00.
O desvio absoluto médio também pode ser cha-
b) 1,83.
mado de desvio médio. Para calcularmos, usamos a
c) 1,65.
seguinte fórmula:
d) 1,41.
e) 1,29.

Vamos calcular a média dos valores:


2+6+4+3+5
O desvio médio é uma medida de dispersão que x = =4
leva em consideração todos os valores. 5
Algo que é importante de se lembrar e precisa ser Agora, vamos calcular a média dos quadrados:
explanado é que quando os dados estiverem agrupa-
dos, precisamos calcular a média ponderada dos des- 22+62+42+32+52
x =
2
= 18
vios, em que os pesos são as frequências. Veja como
5
420 fica a fórmula:
Aplicando a fórmula da variância: Conhecendo esses dois conceitos, podemos che-
σ2 = (Média dos quadrados) – (Média)2 gar na fórmula para calcular a probabilidade de um
σ2 = 18 – 42 = 18 – 16 = 2 evento de um determinado experimento aleatório, é o
O desvio padrão é a raiz quadrada da variância: que podemos chamar de probabilidade de um evento
σ = v2 = 2 b 1, 41. Resposta: Letra D. qualquer.
Espaço amostral é igual a todas as possibilidades
z (UFMT – 2017) Um conjunto de dados sobre a pla- possíveis e o evento é um subconjunto do espaço
quetopenia de pacientes com dengue tem variân- amostral.
cia igual a zero. Pode-se concluir que também vale
zero
Probabilidade de um evento qualquer
a) a média.
b) o desvio padrão. n (evento)
c) a mediana. Probabilidade do Evento =
d) a moda. n (espaço amostral)

O desvio padrão é a raiz quadrada da variância. Se


a variância é igual a zero, então, o desvio padrão Na fórmula acima, n(Evento) é o número de ele-
vale σ = v2 = 0 = 0 . Resolução: Letra B. mentos do subconjunto Evento, isto é, o número
de resultados favoráveis; e n(Espaço Amostral) é o
Coeficiente de Variação número total de resultados possíveis no experimento
aleatório.
O coeficiente de variação é a razão entre o desvio Por isso, costumamos dizer também que:
padrão e a média, o qual pode ser calculado usando a
seguinte fórmula: Cv = σ / x .
É muito comum que o coeficiente de variação seja número de resultados favoráveis
expresso em porcentagem. Probabilidade do Evento =
números total de resultados
Logo, se σ = 1 cm e x = 10 cm, temos:

Cv = 1 / 10 = 0,10 = 10%. Agora, voltando ao exemplo que apenas os núme-


ros impares que nos interessam, temos:
Variância Relativa
z n(Evento) = 3 possibilidades
Uma outra medida de dispersão que podemos fa- z n(Espaço Amostral) = 6 possibilidades
lar, ainda, é a variância relativa. A variância relativa é
simplesmente o quadrado do coeficiente de variação.
Logo,
Pode ser representada simbolicamente por Vr = (Cv)2.
3 1
Usando o mesmo exemplo anteriormente, temos: Probabilidade do Evento = = = 0,50 = 50%
6 2

Se σ = 1 cm e x = 10 cm, temos:
Cv = 1 / 10 = 0,10 = 10%. Se liga!
Logo, Vr = (1/10)2 = 1/100 = 0,01 = 1%.
Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1.
NOÇÕES DE PROBABILIDADE Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤
100%.
Conceito

A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti- Eventos Independentes


ca que cria modelos que são utilizados para estudar
experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ- Qual seria a probabilidade de, em dois lançamen-
são do resultado de determinado experimento. tos consecutivos do dado, obtermos um resultado
ímpar em cada um deles? Veja que temos dois expe-
Espaço Amostral e Evento rimentos independentes ocorrendo: o primeiro lança-
mento e o segundo lançamento do dado. O resultado
Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos do primeiro lançamento em nada influencia o resulta-
os resultados possíveis do experimento. do do segundo.
Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo Quando temos experimentos independentes, a
uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6,
MATEMÁTICA

probabilidade de ter um resultado favorável em um e


isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
um resultado favorável no outro é feito pela multipli-
conjunto dos resultados possíveis de um determinado
experimento aleatório (não se pode prever o resul- cação das probabilidades de cada experimento:
tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
algum padrão). P(2 lançamentos) =P(lançamento 1) · P(lançamento 2)
Agora pense que você só tem interesse nos núme-
ros impares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa- Em nosso exemplo, teríamos:
ço amostral é o que chamamos de Evento – composto
apenas pelos resultados que são favoráveis. P(2 lançamentos) =0,50 0,50 = 0,25 = 25% 421
Assim, a chance de obter dois resultados ímpares Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B
em dois lançamentos de dado consecutivos é de 25%. quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
Generalizando, podemos dizer que a probabilidade de to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
dois eventos independentes A e B acontecerem é dada
pela multiplicação da probabilidade de cada um deles: P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)

P (A e B) = P(A) x P(B) A fórmula pode ser traduzida como “a probabilida-


de da união de dois eventos é igual a soma das pro-
Sendo mais formal, também é possível escrever babilidades de ocorrência de cada um dos eventos,
P(A ∩ B)=P(A) · P(B), onde ∩ simboliza a intersecção subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois
entre os eventos A e B. eventos simultaneamente”.

Probabilidade condicional Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-


tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem recor- (A) + P (B).
rente em questões de concursos. Imagine que vamos lan- Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas
çar um dado, e estamos analisando 2 eventos distintos: numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
A – sair um resultado ímpar acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
B – sair um número inferior a 4 plo de 3 ou de 5?
Para o evento A ser atendido, os resultados favo- Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os isso nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sen-
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi- do assim, podemos extrair os dados para aplicar na
damente a probabilidade de cada um desses eventos: fórmula:

3 1 P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3


P(A) = = 0,5 = 50%
6 2 Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
3 1 6
P(B) = = 0,5 = 50% P(A) =
6 2 20
P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento:
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um
resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per- 4
gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o P(B) = 20
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre- P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo
ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”. de 3 e 5
Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Portanto, Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo
o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3 (três resul- tempo.
tados possíveis). Destes resultados, apenas dois deles (o
resultado 1 e 3) atendem o evento A. Portanto, a probabi- 1
P(A ∩ B) =
lidade de A ocorrer, dado que B ocorreu, é simplesmente: 20

2 Aplicando na fórmula, temos:


P (A\B) = = 66,6% P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)
3
Uma outra forma de calculá-la é através da seguin- 6 4 - 1 6+4-1 9
te divisão: P (A ∪ B) = + = =
20 20 20 20 20

P (A k B) Probabilidade da interseção de dois eventos


P (A\B) =
P (B)
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral. A
A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocorrer, probabilidade de A ∩ B é dada por:
dado que B ocorreu, é a divisão entre a probabilidade
de A e B ocorrerem simultaneamente e a probabilidade P (A ∩ B) = P (B\A) · P (A) = P (B) · P (A\B)
de B ocorrer. Para que A e B ocorram simultaneamente
(resultado ímpar e inferior a 4), temos como possibi- Vale lembrar que P (B\A) é a probabilidade de
lidades o resultado igual a 1 e 3. Isto é, apenas 2 dos 6 ocorrer o evento B, sabendo que já ocorreu o evento A
resultados nos atende. Logo, P (A∩B) = 2 = 1 . (probabilidade condicional).
6 3
Se a ocorrência do evento A não interferir na pro-
Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos babilidade de ocorrer o evento B, ou seja, forem inde-
3 1 pendentes, a fórmula para o cálculo da probabilidade
que 3 resultados atendem. Portanto, P (A∩B) = = .
6 2 da intersecção será dada por:
Usando a fórmula acima, temos:
1
P (A + B) 3 = 1 · 2 = 2 =66,6% P (A ∩ B) = P (A) · P (B)
P (A\B) = =
P (B) 1 3 1 3
2 Imagine que você vai lançar dois dados sucessi-
vamente. Qual a probabilidade de sair um número
422 Probabilidade da união de dois eventos ímpar e o número 5?
O “e” que aparece na pergunta é que determina a utilização da fórmula da interseção, pois queremos “a pro-
babilidade de sair um número ímpar e o número 5”. Perceba que a ocorrência de um dos eventos não interfere na
ocorrência do outro. Temos, então, dois eventos independentes.
Evento A: sair um número ímpar = {1, 3, 5}
Evento B: sair o número 5 = {5}
Espaço Amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
Logo,

P(A) = 3 = 1
6 2
1
P(B) =
6
1 1 1
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) = · =
2 6 12

CONHECIMENTOS ALGÉBRICOS
GRÁFICOS E FUNÇÕES

Função

Quando temos a relação entre elementos de dois conjuntos, sendo que cada elemento de um conjunto tenha ligação
com somente um outro elemento do outro conjunto, dizemos que é uma função. Para ficar mais fácil de entender esse
conceito, veja o exemplo abaixo:

FUNÇÃO NÃO É FUNÇÃO FUNÇÃO


A B C D
2 4 1 4
4 8 3 6
6 16 5
8 20

Note que o conjunto A tem todos os seus elementos ligados apenas em um único elemento do conjunto B,
então, dizemos que é uma função. Já o conjunto C, além de não ter todos os seus elementos sendo ligados ao único
elemento de D, ainda tem o “elemento 3” sendo relacionado a mais de um elemento do conjunto D. Então, não há
relação de função nessa situação.

Gráfico

Um gráfico representa uma função, se qualquer reta paralela ao eixo y corta (intercepta) o gráfico em apenas
um ponto. Veja:

y y
x=a x=a
(a,c)

(a,b)
(a,b)

0 a x 0 a x
MATEMÁTICA

Domínio, contradomínio e imagem

Há alguns pontos que você precisa saber identificar em uma função:

z Domínio da função (D): é o conjunto em que a função é definida, ou seja, contém todos os elementos que serão
ligados aos elementos de outros conjuntos (olhando para o nosso exemplo – de onde saem as setas). Trata-se
do conjunto A apenas, pois o conjunto C não é uma função; 423
z Contradomínio da função (CD): é o conjunto onde Função Bijetora: se as duas coisas acima acontece-
se encontram todos os elementos que poderão ser rem ao mesmo tempo, ou seja, a função for injetora e
ligados aos elementos do Domínio. Neste caso, tra- sobrejetora ao mesmo tempo, a função é dita bijetora. Ex.:
ta-se do conjunto B somente, pois, como já vimos, o
conjunto D não é uma função; A B
z Imagem da função (I): é formado apenas pelos
valores do contradomínio efetivamente ligados a 2 4
algum elemento do Domínio. 4 8
6 16
Vamos analisar um exemplo para clarear um pou-
8 20
co mais:
A B
2 Representação de uma função lei de formação
4
4 8
Vamos representar a função f: R → R, onde f(x) =
6 16 3x. O “R”, na situação, é o conjunto dos números reais.
8 20 Portanto, a função f(x) tem como Domínio todos os
números reais, e também os têm como Contradomínio.
Lembre-se de que f(x) é igual a “y”, que é a nossa
Temos o conjunto A como domínio, o conjunto B imagem.
como contradomínio e o conjunto imagem definido Para a lei de formação, entendemos que “x” assu-
pelo conjunto formado apenas pelos elementos 8 e 16, mirá alguns valores que resultará valores “y” da fun-
pois os elementos 4 e 20 do conjunto B não estão liga- ção. Tudo isso é regido da seguinte maneira:
dos a nenhum termo do conjunto A.
Logo, eles fazem parte do Contradomínio, porém f(x) = 3x
não fazem parte do conjunto Imagem.
Quando “x” for igual a 1, por exemplo, precisamos
substituir o valor dele na função. Veja: f(1) = 3.1 = 3. Afir-
Se liga! mamos, então, que para x = 1 a função tem resultado 3.
Função: relação de cada elemento do Domí-
Funções inversas
nio com apenas um único elemento do
Contradomínio. Representamos a função inversa por “f-1(x)”. Para
que uma função seja inversa, ela necessariamente
precisa ser Bijetora. Vamos obter uma função inversa
Função Injetora, Sobrejetora e Bijetora
a seguir. Veja:
Função Injetora: se cada elemento do conjunto
f(x) = 2x
imagem estiver ligado a um único elemento do Domí-
nio, a função é chamada injetora. Ex.:
A B
A B 2 4
2 4 4 8
4 8 6 12
6 16 8 16

8 20
Na função inversa as setas estarão no sentido con-
trário, ou seja, elas sairão do Contradomínio para o
O conjunto imagem é I = {4, 8, 16, 20}. Por mais Domínio, mas precisamos ter uma relação entre as
que o 24 não esteja relacionado a nenhum elemento funções, Claro! Veja que nesse exemplo está fácil notar
do Domínio A, vemos que cada elemento da imagem que o contradomínio é o dobro do domínio, então a
está ligado a apenas um elemento do Domínio A. função inversa será a metade. Veja:
Função Sobrejetora: quando todos os elementos
do Contradomínio fizerem parte do conjunto imagem, f-1(x) = x / 2
temos uma função sobrejetora. Em outras palavras,
Contradomínio é igual a imagem. Ex.: A B
2 4/2
A B
4 8/2
2 4
6 12/2
4 8
8 16/2
6 16
8 20
Siga os passos abaixo para achar a função inversa
10 24
424 de uma função f(x) qualquer:
Sabemos que f(x) = y, então, vamos usar “y” para Funções ímpares são aquelas para as quais f(x) =
facilitar o cálculo. -f(x), ou seja, quando “x” assume valores opostos e
gera imagens opostas. Veja:
1. Substituir y por x;
2. Substituir x por y-1; f(x) = 2x
3. Isolar o y-1. f(4) = 2 . 4 = 8
f(-4) = 2 . (-4) = -8
Vamos aplicar o passo a passo usando o nosso
exemplo acima: FUNÇÕES ALGÉBRICAS DO 1° E DO 2° GRAU

f(x) = 2x (trocar f(x) por y) Função Afim ou Função do 1° Grau


y = 2x
Veja a função do tipo f(x) = ax + b. Chamaremos de
1. Substituir y por x; função de primeiro grau, onde a = coeficiente angular
2. Substituir x por y-1; e b = coeficiente linear. Esta função também é chama-
da de função linear ou então de função afim. O gráfico
x = 2y-1 dessa função é uma reta.
O coeficiente angular dá a inclinação da reta. Se a
3. Isolar o y-1. > 0, a reta será crescente e se a < 0 a reta, decrescen-
te. Já o coeficiente linear, indica em que ponto a reta
y-1 = x / 2 ou f-1(x) = x / 2 do gráfico cruza o eixo das ordenadas (eixo y, ou eixo
f(x)). Vejamos um exemplo:
Funções compostas
Seja f(x) = -3x + 5, então, temos:
Trata-se de uma função formada por duas ou mais
funções juntas. Veja um exemplo: z Uma função de primeiro grau (pois o maior
Temos f(x) = x + 3 e g(x) = x + 2. Encontrar as fun- expoente de x é 1);
ções compostas: z O coeficiente angular é a = -3 e o coeficiente linear
f(g(x)) e g(f(x)). é b = 5;

Usando f(g(x)) primeiro para entendermos como z Logo, seu gráfico é uma reta decrescente (a < 0),
que cruza o eixo y na posição y = 5 (pois este é o
resolver.
valor de b).
A primeira coisa que precisamos entender é que
no lugar de “x” em f(x) temos a função g(x), então,
Vamos construir um gráfico da função afim f(x) = 2x +3.
vamos substituir pelo valor dela.
Atribuindo valores aleatórios para “x”, temos:
f (x+2) = x + 3
f(x) = 2x +3
f(-1) = 2(-1) +3 = 1 Temos (x,y) = (-1,1)
Agora, no lugar de “x”, vamos substituir por “x+2”.
f(0) = 2.0 +3 = 3 Temos (x,y) = (0,3)
f(1) = 2.1 +3 = 5 Temos (x,y) = (1,5)
f (x+2) = x + 2 + 3
f(2) = 2.2 +3 = 7 Temos (x,y) = (2,7)
f (g(x)) = x + 5 (aqui está a nossa função composta).
Agora, vamos fazer com g(f(x)).
Colocando os pontos no plano cartesiano, temos:
g(x+3) = x + 2 y
g(x+3) = x + 3 + 2
g(f(x)) = x + 5. (aqui está a nossa função composta). 10

8
Se liga!
E
f(g(x)) é conhecida, também, como fog(x) “lê-se 6
fog de x”.
D
g(f(x)) é conhecida, também, como gof(x) “lê-se 4
gof de x”.
C
2
B
MATEMÁTICA

Funções pares e ímpares


x
-6 -4 -2 0 2 4 6 8
Funções pares são aquelas em que f(-x)=f(x), ou
seja, quando “x” assume valores opostos e gera a mes- -2
ma imagem. Veja:
-4
f(x) = x2 - 4
f(3) = 32 – 4 = 5
f(-3) = (-32) – 4 = 5 -6 425
Raiz de uma função afim
3! 9-8
x=
Para tirar a raiz de uma função do 1° grau, basta 2
igualar a zero. Veja:
3!1
x=
f(x) = 2x +3 2
2x +3 = 0
2x = -3 3+1
=2
x1 =
x = -3/2 2

Isso significa que x = -3/2 deixa a função com a ima- 3-1


x2 = =1
gem igual a zero. Veja: 2

f(-3/2) = 2x +3 As raízes da função f(x) = x2 - 3x + 2 são 1 e 2.


f(-3/2) = 2(-3/2) +3
Na fórmula de Báskara, podemos usar um discrimi-
f(-3/2) = -3 +3 = 0
nante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual a:
Funções de 2º grau ou funções quadráticas
Δ = b2 - 4ac
As funções de segundo grau são representadas
assim f(x) = ax2 + bx + c, ou seja, são aquelas em que as Assim, podemos escrever a fórmula de Báskara:
funções de variável x aparecem elevada ao quadrado.
Sabemos o seguinte:
-b ! D
Que a, b e c são os coeficientes da equação. x= 2a
z a é sempre o coeficiente do termo em x².
z b é sempre o coeficiente do termo em x. O discriminante fornece importantes informações
z c é sempre o coeficiente ou termo independente. de uma função do 2ª grau:
Se Δ > 0 → A função possui duas raízes reais e
As funções de segundo grau têm 2 raízes, isto distintas.
é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade Se Δ = 0 → A função possui duas raízes reais e
verdadeira.
idênticas.
Se Δ < 0 → A função não possui raízes reais.
Cálculo das raízes da função quadrática
As funções de segundo grau têm um gráfico na for-
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de ma de parábola. Veja:
Báskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e
colocá-los na seguinte expressão: f(x) = x2 - 3x + 2
f(-2) = (-2)2 – 3(-2) + 2 = 12
2
f(-1) = (-1)2 - 3(-1) + 2 = 6
x = -b ! b - 4ac
2a f(0) = (0)2 - 3(0) + 2 = 2
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele f(1) = 12 – 3.1 + 2 = 0
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, f(2) = 22 – 3.2 + 2 = 0
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor f(3) = 32 – 3.3 + 2 = 2
utilizando o sinal negativo (-). f(4) = 42 – 3.4 + 2 = 6
Vamos aplicar em um exemplo: f(5) = 52 – 3.5 + 2 = 12
Calcular as raízes da função f(x) = x2 - 3x + 2.
12
Iguala a zero.
10
x2 - 3x + 2 = 0
8

Identificando os valores de a, b e c. 6

a=1 4
b = -3 2
c=2
0
Substituindo na fórmula: -2 -1 0 1 2 3 4 5
x
2
-b ! b - 4ac
x=
2a Aqui vale ressaltar que quando “a < 0”, a parábola
tem concavidade para baixo, ou seja, a função terá um
- (3) ± √(-3)2 - 4 ×1 ×2 ponto máximo que chamamos de “vértice”. Já quando
x= “a > 0”, teremos a concavidade para cima e um ponto
2×1
426 mínimo, também chamado de vértice da função.
an, an – 1, an – 2, ... ,a1, a0 : são números complexos
e coeficientes do polinômio
a>0 a<0
anxn, an – 1xn – 1, an – 2xn – 2, ... ,a1x, a0 : são os termos
do polinômio
a0 é o termo independente
concavidade para cima concavidade para baixo
n∈N
Resumindo os tipos de gráficos olhando para o x∈C
valor de “a” e para o discriminante, temos:
Ex.:
a>0eΔ<0 a<0eΔ<0
x p(x) = – 7x4 + 2x3 – x2 + 11x + 2, onde: a0 = 2,
a1 = 11, a2 = –1, a3 = 2, a4 = –7

f(x) = 9x3 + 1, onde: a0 = 1, a1 = 0, a2 = 0, a3 = 9


x
a>0eΔ=0 a<0eΔ=0 Operações polinomiais
x
Adição

Vamos operar os termos semelhantes e depois colo-


ca-los em ordem decrescente, segundo a sua potência.
x Observe:
a>0eΔ>0 a<0eΔ>0 P(x) = –2x² + 5x – 2
Q(x) = –3x³ + 2x – 1
P(x) + Q(x) = (–2x² + 5x – 2) + (–3x³ + 2x – 1)
x x Primeiro vamos eliminar os parênteses e depois
juntar os termos semelhantes;
P(x) + Q(x) = –2x² + 5x – 2 – 3x³ + 2x – 1
Pontos de máximo ou mínimo P(x) + Q(x) = –2x² + (5x + 2x) – 3x³ + (-2 – 1)
Agora vamos operar os termos semelhantes;
Esse ponto de máximo ou mínimo da função de P(x) + Q(x) = –2x² + 7x – 3x³ – 3
segundo grau é chamado de Vértice (xv, yv). Para cal- Vamos colocar em ordem decrescente, segundo a
cularmos as coordenadas dele, basta saber que: sua potência:
P(x) + Q(x) = – 3x³ – 2x² + 7x – 3
XV - b
2a Subtração

YV - D Vamos operar os termos semelhantes e depois colo-


4a ca-los em ordem decrescente, segundo a sua potência.
Observe:
No gráfico fica: P(x) = –3x² + 4x – 1
Q(x) = –7x³ + 4x – 1
y P(x) - Q(x) = (–3x² + 4x – 1) - (–7x³ + 4x – 1)
Primeiro vamos eliminar os parênteses e depois
V
yV juntar os termos semelhantes;
P(x) - Q(x) = (–3x² + 4x – 1) - (–7x³ + 4x – 1) aqui tem
que fazer o jogo de sinais
XV P(x) - Q(x) = –3x² + 4x – 1 + 7x³ - 4x + 1
0 0
xV P(x) - Q(x) = –3x² + (4x - 4x) + 7x³ + (-1 + 1)
yV x x
V Agora vamos operar os termos semelhantes;
P(x) - Q(x) = –3x² + 7x³
Δ Δ
Se a > 0, yv = a é o valor Se a < 0, yv = 4a é o valor Vamos colocar em ordem decrescente, segundo a
mínimo da função máximo da função sua potência:
P(x) - Q(x) = = 7x³ – 3x²
MATEMÁTICA

FUNÇÕES POLINOMIAIS Multiplicação

Denominamos Polinômio (ou Função Polinomial) Para operarmos a multiplicação de polinômios,


em uma variável x e indicamos por P(x) toda expres- primeiro vamos fazer a propriedade distributiva e
são do tipo: depois juntar os termos semelhantes para realizar a
soma ou subtração de termos. Veja:
anxn + an-1xn-1 + an-2xn-2 + ⋯ + a1x + a0 P(x) = x – 2
Q(x) = –3x³ + 2x – 1
Onde: P(x) × Q(x) = (x – 2) × (–3x³ + 2x – 1) 427
Vamos fazer a distributiva: z Passo 3: Caso a diferença obtida tenha grau maior
(x – 2) × (–3x³ + 2x – 1) lembre-se de fazer o jogo ou igual ao do divisor, ela passa a ser um novo
de sinais dividendo. Repetimos então o processo a partir do
x.(- 3x³) + x. 2x + x.(-1) + (-2).(-3x³) + (-2).2x + (-2).(-1) segundo passo:
-3x4 + 2x2 – x + 6x³ - 4x +2
Agora vamos operar os termos semelhantes;
x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1
-3x4 + 2x2 – x + 6x³ - 4x +2
-3x4 + 2x2 +(– x - 4x) +2 + 6x³ – x4 – x3 + x2 x2 + 3x + 2
-3x4 + 2x2 – 5x +2 + 6x³ 3x3 + 5x2 + 0x
Vamos colocar em ordem decrescente, segundo a – 3x3 – 3x2 + 3x
sua potência:
P(x) × Q(x) = -3x4 + 6x³ + 2x2 – 5x +2 2x2 + 3x + 9
– 2x2 – 2x + 2
Divisão de Polinômios x + 11

Sejam A(x) e B(x) dois polinômios, sendo B(x) um


Logo obtemos: quociente Q(x) = x2 + 3x + 2 e resto
polinômio não nulo. Ao fazermos a Divisão de A(x) por
R(x) = x + 11
B(x) encontraremos os polinômios Q(x) e R(x), tal que:
Gráfico da função polinomial
quociente resto
↑ ↑ Basta atribuir valores à “x” nas funções P(x) para
A(x) = Q(x) ‧ B(x) + R(x) que o gráfico seja construído. Quando isso é feito
↓ ↓ encontramos os pares ordenados (x e y), que irão defi-
dividendo divisor nir os pontos do gráfico da função. Veja os exemplos
a seguir:
Indicando no Método da Chave, temos: P(x) = 2x + 1 (vejamos o gráfico da função polino-
mial de grau 1).
A(x) B(X)
R(x) Q(x) 4 y
3
Observações:
2
z O grau de Q(x) é igual a diferença dos graus de A(x) 1
e B(x).
z O grau de R(x) pra R(x) não nulo será sempre -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
menor que o grau do divisor B(x). -1
z Se a divisão é exata, o resto R(x) é nulo, ou seja, o
-2
polinômio A(x) é divisível pelo polinômio B(x).
-3
Divisão pelo Método da Chave
-4

Vamos dividir o polinômio A(x) = x + 4x + 4x + 9


4 3 2

pelo polinômio B(x) = x2 + x - 1 P(x) = x2 + 2x + 1 (vejamos o gráfico da função poli-


Para tanto façamos uso do Método da Chave: nomial de grau 2).

z Passo 1: escrevemos os polinômios na ordem 18 y


decrescente de seus expoentes (nesse caso já 16
estão), e completemos o polinômio com termos de
14
coeficiente zero:
12
A(x)= x + 4x + 4x + 0x + 9 e B(x) = x + x -1
4 3 2 2
10
8
z Passo 2: dividimos o termo de maior grau do divi-
dendo pelo termo de maior grau do divisor. Assim 6
nós obtemos o primeiro termo do quociente, a 4
seguir multiplicamos o termo obtido pelo divisor, 2 x
e subtraímos esse produto do dividendo:
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
4 3 2 2 -2
x + 4x + 4x + 0x + 9 x + x – 1
– x4 – x3 + x2 x2 P(x) = x³ + 2x² + 2x + 1 (vejamos o gráfico da função
428 3x3 + 5x2 polinomial de grau 3).
y Chamamos de assíntota vertical a linha tracejada verti-
8 cal. Uma função racional tem seu gráfico passando muito
6 próximo à assíntota, mas nunca irá encostar (tocar).
4 Agora veja um outro exemplo, onde vamos obser-
2 x var uma assíntota horizontal.
A função tem como gráfico:
-3,5 -3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 00 1 1,5
-2
-4 y
-6
-8
-10 4
-12
3 7
FUNÇÕES RACIONAIS y=
x² + 2
Uma função é do tipo racional quando temos a fun- 2
ção expressa por uma razão de polinômios. Sua repre-
sentação é a seguinte:
1

p(x)
f(x) = 0
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 x
q(x)
assintota
horizontal
Onde p(x) e q(x) são polinômios e q (x) é diferente
de zero.x2
Exemplo:
Se liga!
x² + 2 O domínio de uma função racional consiste de
f(x) = todos os números reais x tais que Q(x)≠ 0.
x² - 4 Assíntota vertical é a reta vertical tracejada
onde algumas funções racionais tendem a se
aproximar por não estar definida para alguns
Onde o domínio pertence aos reais, com x diferen-
valores de x.
te de 2 e -2.
Para resolver uma função racional, devemos igua- Assíntota horizontal é a reta horizontal traceja-
lar o numerador ao denominador e passar tudo para da em que o gráfico da função racional começa
o mesmo lado de igualdade. Dessa forma, haverá ape- e/ou termina cada vez mais perto dela.
nas um polinômio.
O gráfico de uma função racional não é contínuo,
FUNÇÕES EXPONENCIAIS
pode acontecer algumas interrupções por conta dos
pontos em que o denominador é igual a zero. E nesse
ponto não existe gráfico. Veja um exemplo: A função f(x) = 2x é uma função exponencial. Perce-
ba que a variável x encontra-se no expoente. De modo
geral, representamos as funções exponenciais assim
1 f(x) = ax. O coeficiente “a” precisa ser maior do que
f(x) = zero, e também diferente de 1. A função é crescente se
x-1 a > 1. Já se 0 < a < 1, a função é decrescente.
A função exponencial tem domínio no conjunto
dos números reais (R) e contradomínio no conjunto
A função tem como gráfico:
dos números reais positivos, ou seja, f: R → R+*. Obser-
y
ve os gráficos das funções f(x) = 2x (crescente) e de g(x)
= 0,5x (decrescente):

-2
f(x) g(x)
9
-1
7
MATEMÁTICA

5
-2 -2 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 x
3
1
-1
1
y- -5 -3 -1 -1 1 3 5
-2 x-1 -3

-5
429
FUNÇÕES LOGARÍTMICAS O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é
chamado de termo independente.
Antes de falarmos sobre função logarítmica, é inte- Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar
ressante relembrar algumas propriedades importan- todas as partes que possuem incógnitas de um lado
tes. Veja: igual e do outro os termos independentes. Veja um
Na expressão logab = c, chamamos o número “a” de exemplo:
base do logaritmo. Veja que o resultado do logaritmo
(c) é justamente o expoente ao qual deve ser elevada a 10x = 5x + 20 (vamos achar o valor de “x”)
base “a” para atingir o valor b, assim, as propriedades
mais importantes são: 10x – 5x = 20 (passamos o “5x” para o outro lado
da igual com o sinal trocado)
Logb 1 = 0, porque b0 = 1
Logb b = 1, porque b1 = b 5x = 20
Logb bk = K, porque bK = bK
bLogbM = M x = 20 / 5 (isolamos o “x” transferindo o seu coe-
Loga (b · c) = logab + logac ficiente “5” dividindo)
Loga (b ÷ c) = logab - logac
Loga bn = n · logab x = 4.
1
Logam b = logab O valor de x que torna a igualdade correta é cha-
m mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-
A função f(x) = log5(x) é um exemplo de função mos o valor encontrado de “x” na equação ela ficará
logarítmica. Veja que nela a variável x encontra-se igual a zero em ambos os lados. Observe:
dentro do operador logaritmo. De maneira geral, po-
demos representá-las da seguinte forma f(x) = loga(x). Para x = 4
Assim, como nas exponenciais, o coeficiente “a” preci- 10x = 5x + 20
sa ser positivo (a > 0) e diferente de 1. 10 . 4 = 5 . 4 + 20
O domínio é formado apenas pelos números reais 40 = 40
positivos – pois não há logaritmo de número negativo 40 – 40 = 0
– e o contradomínio é o conjunto dos números reais,
ou seja, temos uma função do tipo f: R+* → R. z Inequação do Primeiro Grau
Se a > 1, a função é crescente, já se 0 < a < 1, a fun-
ção é decrescente. Como exemplo, veja os gráficos de Nas inequações temos pelo menos um valor desco-
f(x) = log2x e de g(x) = log0,5x: nhecido (incógnita) e sempre uma desigualdade. Nas
inequações usamos os símbolos:
f(x) g(x)
> maior que
9
< menor que
7 ≥ maior que ou igual
≤ menor que ou igual
5

3 Podemos representar das formas a seguir:


1
ax + b > 0
-5 -3 -1 -1 1 3 5 ax + b < 0
-3 ax + b ≥ 0
ax + b ≤ 0
-5

Sendo a e b números reais e a ≠ 0


EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES Veja um exemplo abaixo:
Resolva a inequação 5x + 20 < 40
Conceito
5x + 20 < 40
Uma equação é uma igualdade na qual uma ou 5x < 40 – 20
mais variáveis – geralmente são as letras do nosso 5x < 20
alfabeto – denominadas por incógnitas são desconhe- x < 20 / 5
cidas. O nosso principal objetivo é encontrar o valor x < 4.
dessa incógnita.
Podemos resolver uma inequação de uma outra
Resolução e discussão maneira, fazendo um gráfico no plano cartesiano.
No gráfico, fazemos o estudo do sinal da inequação.
z Equação do Primeiro Grau Vamos identificar quais valores de x transformam a
desigualdade em uma sentença verdadeira.
A forma geral de uma equação do primeiro grau Siga os passos:
430 é: ax + b = 0. Resolva a inequação 5x + 20 < 40
z Coloque todos os termos da inequação em um mes- Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
mo lado. Identificando os valores de a, b e c.

5x + 20 - 40 < 0 a=1
5x -20 < 0 b = -3
c=2
z Substitua o sinal da desigualdade pelo da
igualdade. Substituindo na fórmula:

5x -20 = 0 -b ! 2
b - 4ac
x=
2a
z Resolva a equação, ou seja, encontre sua raiz.
-(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2
5x -20 = 0 x=
5x = 20 2×1
x = 20 / 5
x=4
3! 9-8
x=
z Faça o estudo do sinal da equação, identificando os 2
valores de x que representam a solução da inequa-
ção. Obs.: O gráfico deste tipo de equação é uma x= 3!1
2
reta.
3+1
x1 = =2
2
3-1
x2 = =1
2
4 + x Na fórmula de Báskara, podemos usar um discrimi-
nante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual a:

– Δ = b2 - 4ac

Assim, podemos escrever a fórmula de Báskara:


Identificamos que os valores < 0 (valores negati-
vos) são os valores de x < 4. -b ! D
x=
2a
z Equação do Segundo Grau
O discriminante fornece importantes informações
Equações do segundo grau são equações nas quais de uma equação do 2ª grau:
o maior expoente de x é igual a 2.
Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e
Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0.
distintas
Onde a, b e c são os coeficientes da equação.
Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e
idênticas
„ a é sempre o coeficiente do termo em x².
Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais
„ b é sempre o coeficiente do termo em x.
„ c é sempre o coeficiente ou termo independente.
Soma e produto das raízes
As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto
Em uma equação ax2 + bx + c = 0, temos:
é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
verdadeira. z a soma das raízes é dada por –𝑏/a
z o produto das raízes é dado por 𝑐 / a
Cálculo das raízes da equação
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de Soma: –𝑏/a = -(-3) / 1 = 3
Báskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e Produto: 𝑐/a = 2 / 1 = 2
colocá-los na seguinte expressão: Quais são os dois números que somados resultam
MATEMÁTICA

“3” e multiplicados, “2”?


-b ! 2
b - 4ac Soma: 3 = (2 + 1)
x= Produto 2 = (2 ×1)
2a
Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen-
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele te igual achamos usando a fórmula de Báskara.
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, Chamamos de Ciclo Trigonométrico a uma cir-
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor cunferência de raio unitário na qual fixamos um
utilizando o sinal negativo (-). ponto como origem dos arcos e adotamos o sentido
Vamos aplicar isso em um exemplo: anti-horário como sendo o positivo. 431
RELAÇÕES NO CICLO TRIGONOMÉTRICO
TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O
Chamamos de Arco Trigonométrico AP ao con- 1º QUADRANTE
junto dos “infinitos” arcos de origem A e extremida- ARCO SENO COSSENO TANGENTE
de P. Esses arcos são obtidos partindo da origem A e
girando em qualquer sentido (positivo ou negativo)
até a extremidade P, seja na primeira passagem ou π
(60º) 3 1 3
após várias voltas completas no ciclo trigonométrico. 2 2
3
Analogamente, chamamos de ângulo trigonométrico
AÔP ao conjunto dos “infinitos” ângulos de lado inicial
e lado terminal . π
(90º) 1 0 Não existe
P 2
(II) (I) α
r A (Origem) A
O O 2π
(120º) 3 -1 - 3
(III) (IV) 2 2
3

Quadrantes e orientação em uma circunferência de raio r



(135º) 2 2 -1
-
REDUÇÃO 2 2
4
Redução ao 1º quadrante

Vamos deduzir fórmulas para calcular funções (150º) 1
-
3
-
3
2 2 3
trigonométricas de x, com x não pertencente ao 1º 6
quadrante, relacionando x com algum elemento do
1º quadrante (por isso o nome Redução ao 1º qua- π 180º 0 -1 0
drante). A meta é conhecer sen x, cos x e tg x a partir
de uma tabela que dê as funções circulares dos reais
r 7π
entre 0 e 2 . (210º) 3
-1 -
3
6
2 2 3
Redução do 2º para o 1º quadrante

sen x = sen (π – x) 5π
cos x = - cos (π – x) (225º) -
2
-
2 1
4 2 2
Redução do 3º para o 1º quadrante

sen x = - sen (x - π) 4π
cos x = - cos (x - π) (240º) -
3 -1 3
2 2
3
Redução do 4º para o 1º quadrante

sen x = - sen (2π – x) (270º) -1 0 Não existe
sen x = - sen (2π – x)
2
Podemos criar a seguinte tabela:

TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O (300º) -
3 1 - 3
2 2
1º QUADRANTE 3

ARCO SENO COSSENO TANGENTE



0 0 1 0 (315º) 2 2 -1
-
4 2 2
π
(30º) 1 3 3
2 2 3 11π
6 (330º) -1 3
-
3
2 2 3
6
π
(45º) 2 2 1 2 π (360º) 0 1 0
4 2 2
432
Exemplo: Reduza para o 1º quadrante (consultar a FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
tabela resumo acima):
Função Seno
z sen 120º
z sen 135º Consideremos, no ciclo trigonométrico de origem
z sen 150º A, um sistema cartesiano ortogonal xOy, conforme
z sen 210º mostra a figura.
z sen 225º
z sen 240º y
z sen 300º
z sen 315º B
z sen 330º
z cos 120º (II) (I)
z cos 135º C O r A (Origem)
z cos 150º x
z cos 210º (III) (IV)
z cos 225º
z cos 240º
D
z cos 300º
z cos 315º Circunferência de raio r em um sistema cartesiano xOy
z cos 330º
Os pontos A = (1,0), B = (0,1), C = (-1,0) e D = (0, -1)
Utilizando a tabela acima, temos: dividem o ciclo trigonométrico em quatro quadrantes.
Quando dizemos que um arco AP pertence ao
3 segundo quadrante, por exemplo, queremos dizer
z sen 120º =
2 que a extremidade P pertence ao segundo quadrante.
O seno de um arco trigonométrico AP, de extremidade
2 P, é a ordenada do ponto P.
z sen 135º =
2
1
z sen 150º = 2 Eixos dos senos

P
1 N
z sen 210º = - 2

2
z sen 225º = - A
2 O

3
z sen 240º = -
2

3
z sen 300º = -
2
Circunferência de raio r com eixo dos senos
2
z sen 315º = -
2 sen (AP) = medida do segmento ON
1 A cada número real x corresponde a um único
z sen 330º = - 2 ponto P, extremidade do arco AP de medida x. A cada
ponto P, por sua vez, corresponde uma única ordena-
1 da chamada seno de x. A função de R em R que a cada
z cos 120º = - 2
número real x associa a ordenada do ponto P é, por
2 definição, a função seno.
z cos 135º = - Simbolicamente:
2

z cos 150º = -
3 𝑓: R → R
2 x ↦ sen x

z cos 210º = -
3 Tal que f(x)=sen x=ON . A definição é coerente com
2 aquela apresentada no triângulo retângulo.
2
z cos 225º = -
2
MATEMÁTICA

1
z cos 240º = - 2 N

1 X
z cos 300º = 2 senx
O
A
2
z cos 315º =
2

3
z cos 330º = 433
2
x = 90°
P N=P
N

x A
O
M O A

Circunferência de raio r com eixo dos senos, arcos e triângulos senx = 1(máximo)
retângulos
90° < x < 180°
De fato, se:
P N
π
0<x<
2
A
Então, P pertence ao primeiro quadrante e, além
O
disso, OP = 1 (raio) e MP = ON. Assim sendo, no triân-
gulo OMP retângulo em M, temos:

cateto oposto MP ON
sen x = = = ON 0 < sen x < 1
hipotenusa OP 1
x = 180°
Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no
sentido anti-horário, o número real varia x de 0º a
360º e o seno de varia de -1 a 1. Observe, na tabela
abaixo, as várias situações possíveis:
O=N A
P
x=0

senx = 0

180° < x < 270°


O=N
A=P

O A

senx = 0
N
P
0° < x < 90° 0 < sen x < 1

x = 270°
P
N

O A
O A

P=N
434 0 < sen x < 1 senx = -1(mínimo)
270° < x < 360°
P

O
O M A Eixo dos cossenos
A

N P
Circunferência de raio r com eixo dos cossenos
-1 < sen x < 0
cos (AP) = medida do segmento OM
x = 360° A cada número real x corresponde um único ponto
P, extremidade do arco AP de medida x. A cada ponto
P, por sua vez, corresponde a uma única abcissa cha-
mada cosseno de x. A função de R em R que a cada
número real x associa a abcissa do ponto P é, por defi-
O=N nição, a função cosseno.
A=P Simbolicamente:

𝑓: R → R
x ↦ cos x

Tal que f (x) = cos x = OM. A definição é coerente


com aquela apresentada no triângulo retângulo.
senx = 0

Notando que sen x = sen (x ± 2 π), pois x e x ± 2 π


são as medidas de arcos de mesma extremidade, e de
X
acordo com a tabela do item anterior, concluímos que cosx
o gráfico da função f: R → R tal que f (x) = sen x é: O
M A
y = senx

- π 3π
2 2
-2π -π 0 π π 2π
- 3π
2 2 P
-1

X
O
M A
Função Seno

E o conjunto imagem é {y ∈ R/-1 ≤ y ≤ 1}.

Podemos concluir que a função seno é: Circunferência de raio r com eixo dos cossenos, arcos e triângulos
retângulos
z Positiva no primeiro e segundo quadrantes;
z Negativa no terceiro e quarto quadrantes; De fato, se:

z Crescente no primeiro e quarto quadrantes; π


0<x<
2
MATEMÁTICA

z Decrescente no segundo e terceiro quadrantes;


z Ímpar, pois sen (-x) = - sen x; Então, P pertence ao primeiro quadrante e além
z Periódica de período 2 π. disso OP=1 (raio). Assim sendo, no triângulo OMP
retângulo em M, temos:
Função Cosseno
cateto adjacente OM OM
O cosseno de um arco trigonométrico AP, de extre- cos x = = = = OM
midade P, é a abscissa do ponto P. hipotenusa OP 1 435
Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no 180° < x < 270°
sentido anti-horário, o número real x varia de 0º a
360º e o cosseno de x varia de -1 a 1. Observe, na tabe-
la abaixo, as várias situações possíveis:

x=0 M A
O

A=P
O P
M
-1 < sen x < 0

x = 270°
cos x = 1 (máximo)

0° < x < 90°


O M A
P

A
O
M
P
cos x = 0
0 < cos x < 1
270° < x < 360°
x = 90°
P
M A
O

A
P
O=M

0 < cos x < 1

cos x = 0 x = 360°

90° < x < 180°

A=P
P O
M
A
O
M
cos x = 1 (máximo)

Notando que cos x = cos (x ± 2 π), pois x e x ± 2 π


-1 < cos x < 0 são as medidas de arcos de mesma extremidade, e de
acordo com a tabela do item anterior, concluímos que
x = 180° o gráfico da função f: R→R tal que f (x) = cos x é:

y = cosx
1
π 3π
A - 3π - π
O 2 -π 2 2 π 2 x
-2π 0 2π
M=P
-1

436 cos x = -1 (mínimo) Função Cosseno


E o conjunto imagem é {y ∈ R/-1 ≤ y ≤1}.
Podemos concluir que a função cosseno é:

z Positiva no primeiro e quarto quadrantes; T


z Negativa no segundo e terceiro quadrantes; P
z Crescente no terceiro e quarto quadrantes;
z Decrescente no primeiro e segundo quadrantes;
z Par, pois cos (- x) = cos x; x
z Periódica de período 2 . O
A
Função Tangente

Consideremos, no ciclo trigonométrico de origem A,


o eixo t perpendicular ao eixo x e de origem A, chamado Circunferência de raio r com eixo das tangentes, arcos e triângulos
eixo
*
das tangentes. Seja, ainda, T a intersecção da reta retângulos
OP com o eixo t. A tangente do arco trigonométrico AP,
de extremidade P, é a medida algébrica do segmento AT. De fato, se:
Representa-se:
π
0<x<
2
Eixo das tangentes
Então, P pertence ao primeiro quadrante e além
disso AO = 1 (raio). Assim sendo, no triângulo OAT
B T retângulo em A, temos:
P

cateto oposto AT AT
tg x = = = = AT
C cateto adjacente OA 1
O A
Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no
sentido anti-horário, o número real x varia de 0º a
360º e a tangente de x varia de -∞ a ∞. Observe, na
D tabela abaixo, as várias situações possíveis:
Circunferência de raio r com eixo das tangentes
x=0
tg (AP) = medida do segmento AT

A cada número real x corresponde a um único


AP T
ponto P, extremidade do arco AP de medida x. A cada O
ponto P, por sua vez, corresponde a uma única medi-
da algébrica AT, chamada tangente de x. A função de
R em R que a cada número real x associa a medida
algébrica AT é, por definição, a função tangente.
Simbolicamente: tg x = 0

𝑓: Dx→ R
↦ tg x 0° < x < 90°
P T
Onde:
π
D = R-{ +kπ,com k∈Z}
2 O A
Tal que f(x) = tg x = AT. A definição é coerente com
aquela apresentada no triângulo retângulo.

tg x > 0

T x = 90°
P
MATEMÁTICA

tgx
x

O
O A
A

∄ tg x 437
90° < x <180° x = 360°

A P T
O
O A

T
tg x = 0
tg x < 0
Notando que tg x = tg (x ± π), pois x e x ± π são as
medidas de arcos de mesma extremidade, e de acordo
com a tabela do item anterior, concluímos que o grá-
x = 180°
fico da função
π
f: R- { +kπ ,com k ∈ Z} → R
2
P O A T Tal que f(x) = tg x é:

y = tgx

π 3π
tg x = 0 2 2 2π x
-π 0
- 3π
-2π π π
-
2 2
180° < x <270°

T
Função Tangente

O A E o conjunto imagem é R.

Podemos concluir que a função tangente é:


P
z Positiva no primeiro e terceiro quadrantes;
tg x > 0 z Negativa no segundo e quarto quadrantes;
z Crescente em todos os quadrantes;
z Ímpar, pois tg (-x) = - tg x;
z Periódica de período π.
x = 270°

CONHECIMENTOS ALGÉBRICOS E
O A
GEOMÉTRICOS
PLANO CARTESIANO

Sejam dois eixos (retas) x e y perpendiculares em


P
relação ao ponto O, os quais determinam um plano
∄ tg x α. Chamamos esse plano α de plano cartesiano, sendo
o ponto O (0,0) a origem do sistema de coordenadas,
sendo o eixo x (Ox) chamado de abscissa, o eixo y (Oy)
de ordenada e para o ponto P pertencente ao plano α,
270° < x < 360° ou seja, pertencente ao plano cartesiano, suas coorde-
nadas são dadas pelos valores em x e y da projeção do
ponto aos eixos. Os eixos x e y ainda dividem o plano
cartesiano em quatro regiões, chamadas quadrantes.
O A Um ponto pertencente ao eixo x quando o y é nulo,
e vice-versa, quando os valores de x=y ou x=-y, esse
ponto pertence à bissetriz dos quadrantes, ou seja, os
pontos (2,2) e (-2,-2) são bissetrizes dos quadrantes
ímpares, e os pontos (-2,2) e (2,-2) são bissetrizes dos
P T
438 tg x < 0 quadrantes pares.
1 ∙ 5 ∙ 1+3 ∙ 1 ∙ 49+1 ∙ 2 ∙ 100 –1 ∙ 5 ∙ 49 – 3 ∙ 2 ∙ 1–1 ∙ 1 ∙ 100 =
= 5+147+200 – 245 – 6 – 100=352 – 351=1≠0

RETAS

Equações geral e reduzida

Sejam três pontos, A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x,y), colinea-


res em uma reta (r), onde os pontos A e B são pontos
fixos em r, ou seja, conhecidos no plano cartesiano e o
ponto C, um ponto qualquer que pode percorrer a reta
Figura 27. Plano cartesiano (x,y) de origem O e ponto P. r. A equação geral da reta é dada por:

Distância entre dois pontos a = y1 – y2, b = x2 – x1 e c = x1y2 – x2y1


ax + by + c = 0
Dados dois pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), calculamos a
distância entre eles da seguinte forma:

D = √(xb – xa)2 + (yb – ya)2

Sejam os pontos A(3,5) e B(1-3) no plano cartesia-


no, qual seria a distância entre A e B?

dAB = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2 = √(1 – 3)2 + (–3 – 5)2 =

= √(–2)2 + (–8)2 = √4+64 = √68 = 2√17

Ponto médio de um segmento e condições de


alinhamento de três pontos

Dados os pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), o ponto médio


de AB é dado por: Figura 28. Plano cartesiano (x,y) de origem O e reta r.

x1 + x2 y1 + y2 A equação geral ainda pode ser reescrita na forma


xPM = e reduzida:
2 2

Assim, o ponto médio do segmento AB, A(3,5) e B(1-


3), anterior é:
b≠0→y=
( ) ( )

a
b
x+ –
c
b

3+1 4 5–3 2 a c
→ y = mx + q; m = – eq=–
xPM = e = 2 e yPM = = =1 b b
2 2 2 2
PM = (2,1) Ex.: Sejam os pontos A(7/2,5/2) e B(-5/2,-7/2),a equa-
ção da reta definida por eles é:
Sejam três pontos A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x3 ,y2), dize-

( )
mos que são colineares quando o determinante deles
é nulo: 5 7 5 7
a = y1 – y2 = – – = + =6
2 2 2 2
x1 y1 1
5 7
b = x2 – x1 = – – = –6
x2 y2 1 = 0. 2 2

( )( )
x3 y3 1
MATEMÁTICA

7 7 5 5
c = x1y2 – x2y1 = ∙ – – – ∙ =
Ex.: Assim, mostre que os pontos A(1,3), B(2,5) e 2 2 2 2
C(49,100) não são colineares!
49 25 24
=– + =– = –6
4 4 4
x1 y1 1 1 3 1
ax + by + c = 0 → 6x – 6x – 6 = 0 ⟺ x – y – 1 = 0
x2 y2 1 =0→ 2 5 1 =0
x3 y3 1 49 100 1 Na forma reduzida temos: 439
b≠0→m a 6 c –6 Se liga!
=– = 1;q = – =– = –1
=– b –6 b –6
Para a reta r:x+2y+3=0 podemos encontrar a
y = mx + q → y = x – 1
equação das retas paralelas a r, bastando que
Temos ainda a equação da reta passando por um os coeficientes a e b das retas paralelas sejam
ponto P(x0,y0): a b
proporcionais a 1 e 2, ou seja, = .
1 2
(y – y0) = m(x – x0) Assim, a reta t:2x+4y+2=0 também é uma reta
paralela a r.
Interseção de retas

Um ponto P(x0,y0) de interseção de duas retas (r e Duas retas r e s são ditas perpendiculares, se e
s) deve satisfazer as equações de ambas. Assim, resol- somente se elas formarem entre si um ângulo reto,
vendo o sistema de equações (S) das retas encontra-se mas pode-se também determinar essa perpendicula-
o ponto comum às retas. ridade relacionando o coeficiente angular das retas.
Assim, se as equações das retas são dadas por:

S
{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0
{ r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2
Ex.: Sejam duas retas:
Então a relação dos coeficientes angulares das
r : x+2y – 3 = 0 e s: 2x+3y – 5 = 0
equações das retas para que elas sejam perpendicu-
lares é:
Então o ponto P(x0,y0) de interseção entre elas é:

{
r ⟘ s ⟺m1 ∙ m2 = –1
r : x+2y – 3=0
S Se a reta r:y=x+2 é perpendicular à reta s, e saben-
s : 2x+3y – 5=0
do que a reta s passa pelo ponto (3,2), qual seria a
r : x= – 2y+3 [I] equação da reta s?

{
[I]
s : 2x + 3y – 5= 0 → 2( – 2y + 3) + 3y – 5 = 0 → – 4y + 6 r : y = x+2 → m1=1
+ 3 y – 5 = 0 → -y + 1 = 0 → y = 1 [II]
s : y = m2x+q2

[II]
x= – 2y + 3y →x = – 2(1) + 3 → x = – 2 + 3 → x = 1 E para serem perpendiculares precisamos satisfa-
zer a equação:

P(x0,y0)=(1,1) r ⟘ s ⟺ m1 ∙ m2 = –1 → 1 ∙ m2 = –1 → m2 = –1

Paralelismo e perpendicularidade Da equação da reta quando se conhece um ponto


temos:
Sejam duas retas (r e s), para que elas sejam para-
lelas e distintas elas não devem ter nenhum ponto em (y – y0) = m2(x – x0)
comum, ou seja, a solução do sistema (S) não tem solu-
ção. Para isso temos que a relação entre os coeficien- (y – 2) = –1(x – 3)
tes das equações são: y – 2= – x+3

{
x+y – 5=0
r : a1x+b1y+c1 = 0
S Quando duas retas são paralelas os coeficientes
s : a2x+b2y+c2 = 0
angulares das retas são iguais, ou seja, se r e s são
paralelas então r // s ⟺ m1 = m2.
Por exemplo, as retas r e s são paralelas:

{
Ângulo entre duas retas
r : x+2y+3=0
S Chamamos de coeficiente angular ou declive de
s : 3x+6y+1 = 0
uma reta r, não perpendicular ao eixo das abscissas
(eixo x), o número real m dado por:
a1 b1 c1 1 2 3
= ≠ → = ≠
440 a2 b2 c2 3 6 1 m = tgα
A(x1, y1); B(x2, y2) → m =
y2 – y1
x2 – x1 { r : ax+by+c1 = 0
s : ax+by+c2 = 0
P(x0,y0)∈s
→ ax0+by0= –c2

a ax0+by0 – c2 c1 – c2
r : ax + by + c = 0 → m= – dr,s= =
b √a +b 2 2
√a2+b2

Sendo α o ângulo da reta r com o eixo x, na leitura


anti-horário. Bissetrizes do ângulo entre duas retas
Se o ângulo é agudo (0º<α<90º) então m é positi-
vo, se é obtuso (90º<α<180º) então m é negativo, se for Sejam as retas r e s no plano cartesiano, tais que
nulo então m também é nulo e se for reto então não essas retas determinem dois ângulos opostos pelo vér-
se define m. tice, assim, as bissetrizes que dividem esses ângulos
Quando duas retas r e s são concorrentes, podemos são dada por:
determinar o ângulo formado entre elas:

{ r : a1x+b1y+c1 = 0

{ r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2
s : a2x+b2y+c2 = 0

a1x+b1y+c1
±
a2x+b2y+c2
=0
m2 – m1 √a1 +b1
2 2
√a22+b22
tgθ =
1 + m1 ∙ m2
Ex.: Sejam as retas r:3x+3y-1=0 e s:2x-2y+1=0 as
equações das retas bissetrizes t1 e t2 são:
Dadas duas retas r e s, o ângulo formado por elas é:

{
3x+3y –1 2x – 2y+1 3x+3y –1 2x – 2y+1
± =0→ ± =0
a1 3 √32+32 √22+(–2)2 √18 √8
r : 3x – y + 5 = 0 → m1 = – =– =3
b1 –1
a2 2 3x+3y –1 2x – 2y+1
s : 2x + y + 3 = 0 → m2 = – =– = –2 → ± =0
b2 1 3√2 2√2

m2 – m1 3 – (–2) 3x+3y –1 2x – 2y+1


tgθ = → tgθ = →tgθ= – =0→
1+m1 ∙ m2 1 + (–2) ∙ 3 3√2 2√2
t1 :
5 π (6x+6y – 2) – (6x – 6y+3)
= =1⇒θ= = 0 → 12y – 5 = 0
–5 4 6√2

3x+3y – 1 2x – 2y+1
Distância entre ponto e reta e distância entre duas + =0→
3√2 2√2
retas t2 :
(6x+6y – 2) + (6x – 6y+3)
Seja uma reta r:ax+by+c=0 e um ponto P(x0,y0) no = 0 → 12x+1 = 0
6√2
plano cartesiano, a distância entre a reta r e o ponto
P é:
Área de um triangulo e inequações do primeiro grau
com duas variáveis
ax0+by0+c
dP,r =
√a2+b2 Seja um triangulo cujos vértices são A(x1,y1), B(x2,y2)
e C(x3,y3) como a área do triângulo é base vezes altura
Ex.: Seja o ponto P(-3,-1) e a reta r:3x-4y+8, a distân- divido por 2, então para nosso triângulo no plano car-
tesiano temos:
cia entre o ponto e a reta é:

1
ax0+by0+c Aδ = ∙ BC ∙ AH
dP,r = 2
√a2+b2
MATEMÁTICA

BC = √(x2 – x3)2 + (y2 – y3)2


3 ∙ (–3) – 4 ∙ (–1)+8 –9+4+8 3 3 3
→ dP,r= = = = =
√(3)2+(– 4)2 √9+16 √25 5 5 x1 y1 1
x2 y2 1
Sejam as retas paralelas r e s no plano cartesiano, a x3 y3 1
AH = dA,BC =
distância entre as retas é a mesma que a distância da √(x2 – x3)2+(y2 – y3)2
reta r a um ponto da reta s. Então seja P(x0,y0) perten-
cente a reta s, a distância de P(x0,y0) até r é: 441
z Segundo definimos o sinal de E na origem O(0,0),
1 x1 y1 1
ou seja, E(0)=a∙0+b∙0+c=c, assim concluímos que o
Aδ = ∙ x y 1 sinal de E é o mesmo de c;
2 2 2

x3 y3 1 z Terceiro atribuímos a E nos pontos do semiplano


opostos ao sinal anterior, ou seja, contrário de c;
z Se a reta contiver a origem O, significa que o c=0,
então os passos 2 e 3 não são válidos, daí o passo
2 deve ser um ponto P qualquer fora da reta e a
assim, atribuir o sinal dos planos.

Ex.: Seja a inequação x-y+1>0, a solução dela está


em qual plano?

{
a 1
1) E=0 → r: x – y+1=0 → m = – =– =1
b –1
2) E(0) = c=1>0 →E>0 em rα
3) E< 0 em r β

Como coeficiente angular m>0 reta crescente, pas-


sando pelos pontos (0,1) e (-1,0).

Ex.: Seja o triângulo no plano cartesiano formado


pelos pontos A(a,a+3), B(a-1,a) e C(a+1,a+1), a área
desse triângulo é:

x1 y1 1 a a+3 1
1 1
Aδ = ∙ x2 y2 1 = ∙ a–1 a 1
2 2
x3 y3 1 a+1 a+1 1

1
Aδ = ∙ a2+(a+3)(a+1)+(a – 1)(a+1) – a(a+1) – a(a+1)
2

– (a – 1)(a+3) CIRCUNFERÊNCIAS

1 Equações geral e reduzida


Aδ = ∙ a2+a2+a+3a+3+a2+a – a – 1 – a2 – a – a2 – a
2
Seja uma circunferência (λ) de centro C(a,b) e raio
(r) e um ponto P(x,y) pertencente a ela tem-se a equa-
ção reduzida da circunferência dada por:
– a2 – 3a+a+3
(x – a)2+(y – b)2=r2
1 1 5
Aδ = ∙ 3 – 1+3 = ∙5= Se, dados três pontos do tipo P(x0,y0) na circunferên-
2 2 2 cia, podemos encontrar a equação reduzida dela resol-
vendo o sistema de três equações e três incógnitas, a
partir da substituição dos pontos na equação abaixo:
O estudo do sinal de uma função do primeiro grau
(a–x0)2+(b – y0)2=r2
é usado para definir a região no gráfico que admite
solução para inequações do primeiro grau a duas
incógnitas, pois só admite solução gráfica. Logo a Desenvolvendo essa equação reduzida chegamos
regra para estudo do sinal e definição da região de na equação geral da circunferência:
solução da inequação é a seguinte, dado a função de
duas variáveis E(x,y)=ax+by+c: x2+y2 – 2ax – 2by+(a2+b2 – r2)=0

z Primeiro definimos os pontos que anulam o trinômio Ex.: Na equação da circunferência abaixo, encon-
442 E(x,y), ou seja, pontos da equação da reta ax+by+c=0; tre o centro e o raio:
{
2x2+2y2 – 4x –6y – 3=0
r : Ax + By + C = 0
S
Dividindo por 2 teremos os termos quadrados λ : (x – a)2 + (y – b)2 = r2
iguais a unidade:
Sendo que, a solução desse sistema resulta em uma
equação do segundo grau, então para diferentes valo-
3 res possíveis de Δ determinamos as posições relativas
X2+y2 – 2x – 3y – =0

{
2 da reta à circunferência:

z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-


– 2a = – 2 → a = 1; tos de solução, assim a reta é secante à circunfe-

( ) 3 rência, ou ainda, quando a distância do centro à


→C 1, reta é menor que o raio;
3 2
– 2b = – 3 → b = ; z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
2 co ponto, assim a reta é tangente à circunferência,
ou ainda, quando a distância do centro à reta é

()
2 igual ao raio;
3 3 3
(a2+b2 – r2) = – → 12 + – r2 = – z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, a solução não
2 2 2 tem ponto comum entre reta e circunferência,
assim a reta é exterior à circunferência, ou ainda,
9 3 19 √19 quando a distância do centro à reta é maior que
1+ – r2 = – → r2 = →r= ao raio.
4 2 4 2

Posições relativas entre ponto e circunferência

Seja um ponto P(x0,y0) e uma circunferência de cen-


tro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ: (x-a)2+(y-b)2=-
r2, a posição de P depende de três situações, são elas:
ponto P exterior à circunferência, ponto P na circun-
ferência e ponto P interior à circunferência. Assim
temos, respectivamente, o seguinte:

{
PC > r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 > 0
PC = r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 = 0
PC < r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 < 0

Seja a circunferência λ: x2 + y2 + 2x + 2y - 2 = 0, o
ponto P(-4, -5) está em qual posição em relação à
circunferência?
Primeiro determinamos o centro e o raio da
Circunferência de centro C raio (r) com exemplos de retas:
circunferência:
secante (r), tangente (s) e exterior (t).

x2 + y2 + 2x + 2y – 2 = 0

{
Ex.: Sendo a reta dada por r:3x+2y+17=0 e a circun-
–2a = 2 → a = –1; ferência λ:x2+y2+6x+8y+12=0, qual a posição relativa
→ C (–1, –1) entre elas e suas interseção?
–2b = 2 → b = –1;

{
a2+b2 – r2 = –2 → 1+1 – r2 = –2 → r2 = 4 →r = 2
r : 3x+2y+17 = 0
S
Depois substituímos o ponto na equação da circun- λ : x2+y2+6x+8y+12 = 0
ferência e vemos a posição relativa:
Isolando x na equação da reta e substituindo na

{
P(–4, –5) → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r² equação da circunferência temos:
→ (–4 – 1) + (–5 – 1)2 – 22 = 25+36 – 4 = 57>0
17 2
Logo, o ponto é exterior à circunferência pois a dis- r : 3x+2y+17 = 0 → x = – – y(I)
3 3
tância do ponto ao centro é PC>r.
MATEMÁTICA

( )
2
Reta e circunferência e duas circunferências S 17 2
λ : x +y +6x+8y+12 = 0
2 2
→ –
(I) – y +y2+6
3 3

( )
Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma circunferên-
cia de centro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ: 17 2
– – y +8y+12=0
(x-a)2+(y-b)2=r2, a interseção da reta com a circunfe- 3 3
rência é o P(x,y) que pertença ao mesmo tempo a reta
r e à circunferência. Logo para achar essa interseção
basta ver as soluções do sistema: 13y2+104y+91=0 → Δ=(104)2 – 4(13)(91)=6084 → Δ>0 443
Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja,
dois pontos de solução, assim a reta é secante à cir-
cunferência. Para determinar os pontos de interseção
basta achar as raízes:

13y2 + 104y + 91 = 0 → Δ = 6084

– b – √Δ –104 – 78
y1= = = –7
2a 2 ∙ 13 (a) (b)
– b + √Δ –104 + 78
y2= = = –1
2a 2 ∙ 13

Com os valores do eixo y para o ponto P de interse-


ção encontramos os respectivos valores para o eixo x:

17 2
y1 = –7 → x1 = – – ∙ (–7) = –1
3 3
(c) (d)
17 2
y2 = –1 → x2 = – – ∙ (–1) = –5
3 3

Logo, os pontos de interseção da reta secante com


a circunferência são:

P1(–1, –7)
P2(–5, –1)
(e) (f)
Da mesma forma podemos encontrar a interseção
entre duas circunferências, bastando encontrar o Posições relativas entre duas circunferências de centro C1 e C2,
(a) exteriores; (b) tangentes exteriores; (c) tangente interiores; (d)
ponto P(x,y) que pertença ao mesmo tempo às duas
secantes; (e) interior com menor raio e (f) concêntricas.
circunferências, ou seja, a solução do sistema:
Ex.: Dada duas circunferências, qual a posição

{ λ1 : (x – a1) +(y – b1) = r1


2 2 2 relativa entre elas?
S

{
λ2 : (x – a2)2+(y – b2)2 = r22
λ1 : x2 + y2 = 36
S
E a partir da comparação entre a distância entre os λ2 : x2 + y2 – 6x – 8y+21=0
centros das circunferências e a soma dos raios pode-
mos ter seis posições relativas entre elas. Então seja a Primeiro definimos o centro e o raio de cada uma
delas:
distância entre os centros C1 e C2:
λ1 : x2 + y2 – 36 = 0
d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2

z Circunferências exteriores, a distância entre os


centros é maior que a soma dos raios, d>r1+r2;
λ1
{ –2a1 = 0 → a1 = 0;
–2b1 = 0 → b1 = 0;
→ C1(0, 0)

z Circunferências tangentes exteriormente, a dis- a12+b12 – r12 = –36 → 0+0 – r12 = –36 → r1 = 6
tância entre os centros é igual à soma dos raios,
d=r1+r2; λ2 : x2 + y2 –6x – 8y + 21 = 0
z Circunferências tangentes interiores, a distância
entre os centros é igual ao módulo da diferença
dos raios, d=|r1 – r2|;
z Circunferências secantes, a distância entre os cen-
λ2
{ –2a2 = –6 → a2 = 3;
–2b2 = –8 → b2 = 4;
→ C2(3, 4)

tros está entre o módulo da diferença dos raios e a a22+b22 – r22 = 21 → 9+16 – r22 = 21 → r2 = 2
soma dos raios, |r1 – r2|<d<r1+r2;
Agora calculamos a distância entre os centros e
z Circunferências de menor raio e interior à outra,
comparamos com a soma ou diferença entre os raios:
a distância entre os centros está entre zero e o
módulo da diferença dos raios, 0≤d<|r1 – r2|; d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2 = √(0 – 3)2 + (0 – 4)2
z Circunferências concêntricas, a distância entre os
444 centros é zero, d = 0. = √9+16 = √25 = 5;
r1 + r2 = 6 + 2 =8; z Quando o ponto é interior à circunferência não
existe reta tangente;
|r1 – r2| = |6 – 2| = 4; z Quando o ponto pertence à circunferência:

4 < 5 < 8 → |r1 – r2| < d < r1+r2 → secantes.


a – x0
y – y0 = (x – x0)
Logo, as circunferências são secantes, com dois y0 – b ;
pontos de intersecção.
z Quando o ponto está externo à circunferência:
Problemas de tangência

Quando o intuito é encontrar as equações das retas ma – b+(y0 – mx0)


= r, y – y0 = mi(x – x0);
tangentes à circunferência, usamos a definição de reta √m2 + 1
tangente, que diz que existe um único ponto de interseção
entre a reta e a circunferência, e a distância entre o cen-
tro da circunferência a esse ponto da reta é exatamente o Ex.: Seja a circunferência λ:x2+y2-4x-5=0 e com pon-
valor do raio. Outro conceito que irá nos ajudar é o de fei-
to P(-1,7) de interseção da reta tangente e a circunfe-
xes de retas paralelas, em que a cada equação de reta dada
por Ax+By+C=0, para que as retas sejam paralelas entre si, rência, a equação da reta tangente é dada por:
os valores de A e B para todas as retas são iguais ou propor- Primeiro definimos o centro e o raio da circunfe-
cionais, e o valor de C irá mudar em cada reta, ou seja, para rência λ:
cada valor de C nos números reais, temos novas retas que
serão paralelas à reta original. λ : x2+y2 – 4x – 5=0
Assim, conhecendo uma reta paralela às retas tan-

{
gentes, o centro e o raio da circunferência, podemos
determinar as equações das retas tangentes. Para isso, –2a = –4 → a = 2;
λ → C(2, 0)
igualamos a distância do centro à reta paralela ao –2b = 0 → b = 0;
valor do raio e, assim, definimos quais os valores do
coeficiente C para cada uma delas. a2 + b2 – r2 = –5 → (2)2 + 02 – r2 = –5 → r = 3
Ex.: Então, seja uma reta r:5x+2y+7=0 a circunfe-
rência λ:x2+y2+4x-10y+4=0, quais são as equações das
retas tangentes (t) a circunferência e que sejam para- A distância entre o centro e o ponto é:
lelas a reta r?
Primeiro definimos qual o centro e o raio da dcp= √(a – x0)2+(b – y0)2 = √(2 – (–1))2+(0 – 7)2
circunferência:
= √9+49 = √58;
λ : x2+y2+4x – 10y+4=0

{
Se a distância do centro ao ponto é maior que o
–2a = 4 → a = –2; raio, temos que o ponto está fora da circunferência.
λ → C(–2, 5)
–2b = –10 → b = 5;
ma – b +(y0 – mx0)
a2+b2 – r2 =4 → (–2)2+52 – r2 = 4 → r=5 =r
√m2+1
Agora igualamos ao raio a distância do centro C à
reta t paralela à reta r dada:
m ∙ 2 – 0 +(7 – m ∙ (–1))
=3
t || s: Ax+By+C=0 → 5x+2y+C=0
i
√m2+1

Ax+By+C 5(–2)+2(5)+C
dCt = r → =5→ =5 3m +7
√A2+B2 √(5)2+(2)2 =3
√m2+1

–10+10+C 20
→ =5
√25+4 m=–
21

C y – y0 = mi (x – x0)
=5 → |C|=5√29 → C1 = 5√29 e C2 = –5√29
MATEMÁTICA

√29
20
y–7=– (x – (–1))
t1 : 5x+2y+5√29 = 0 e t2 : 5x+2y – 5√29 = 0 21

Nos casos em que não se conhece a reta paralela à


reta tangente, mas se conhece um ponto P(x0,y0) que 20
y–7=– (x+1)
é a interseção entre a reta tangente e a circunferên- 21
cia de centro C(a,b), podemos achar a equação da reta
tangente por: t1: 20x+21y – 127 = 0 445
Assim, além dessa reta tangente podemos cons-
truir o gráfico com a circunferência, os pontos e as
retas tangentes para visualizarmos mais facilmente
qual seria a segunda reta tangente, visto que da solu- 20
ção de m tivemos apenas um valor, e pelo ponto P ser
externo sabemos que existe mais uma reta tangente
além da encontrada. Logo, a outra reta tangente é a t2: 15
A
x = –1 ou x+1 = 0.
C
P 10
7
t2 t1 Raio
6
5
4 5
3
c
2
1
c -1 0 5 10 15
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
-1
-2
-3
-4 (b)
-5 Inequações com circunferência de centro C e raio r, com
-6 ponto A(x,y), (a) região exterior e (b) região interior, inclusos a
-7 circunferência.

Circunferência de centro C(2,0) e raio 3, com ponto P(-1,7) exterior a Ex.: Seja o sistema de inequações circulares:
circunferência com suas retas tangentes t1 e t2.

Equações e inequações do segundo grau com duas


variáveis
S
{ λ1 : x2 + y2 ≤ 25
λ2 : x2 + y2 ≥ 4
A solução desse sistema pode ser dada via solução
Uma inequação envolvendo uma circunferência gráfica como mostrado anteriormente. Assim, para
admitem infinitas soluções que podem ser represen- cada uma das inequações temos:
tadas num sistema de eixos coordenados por uma
região limitada pela circunferência. Alguns exemplos λ1 : x2 + y2 ≤ 25

{
de regiões soluções:
Região que contém os pontos A(x,y) fora da circun- –2a = 0 → a = 0
→ C (0, 0)
ferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – b)2 –2b = 0 → b = 0
– r2≥0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y – b)2 –
r2>0. Figura 32 a, quando for sinal sem igualdade usar a2 + b2 – r2 = –25 → 0+0 – r2 = –25 → r = 5
o contorno da circunferência pontilhada;
Região que contém os pontos A(x,y) dentro da circun- Então para a primeira circunferência temos o cen-
ferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – b)2 – r2 tro na origem e o raio igual a cinco, Figura 33:
≤ 0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y – b)2 – r2<0.
(x – a)2 + (y – b)2 – r2 ≤ 0 → (x – 0)2+(y – 0)2 – 52 ≤ 0 → x2
+ y2 – 25≤0

10
20
A
5
15

C C
10 5
-10 -5 0 10
Raio

5
-5

-1 0 5 10 15
-10

Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 5, com


446 (a) solução interior à circunferência.
λ1 : x2+y2 ≥ 4 Perceba que há infinitas possibilidades de x e y
que tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5,

{
15 e -10, etc. Por esse motivo, faz-se necessário obter
–2a = 0 → a = 0
→ C (0, 0) mais uma equação envolvendo as duas incógnitas
–2b = 0 → b = 0 para poder chegar nos seus valores exatos. Veja o
exemplo abaixo:
a2+b2 – r2 = –4 → 0+0 – r2 = –4 → r = 2

*
x + y = 10
Então para segunda circunferência temos o centro
na origem e o raio igual a dois, Figura 34: 4x - y = 5

(x – a)2 + (y – b)2 – r2 ≤ 0 → (x – 0)2 + (y – 0)2 – 22 ≥ 0 →


A principal forma de resolver esse sistema é usan-
x2 + y2 – 4 ≥ 0 do o método da substituição. Este método é muito sim-
ples, e consiste basicamente em duas etapas:
3
„ Isolar uma das variáveis em uma das equações;
2 „ Substituir esta variável na outra equação pela
expressão achada no item anterior.
1
C Vamos aplicar no nosso exemplo:
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 Isolando “x” na primeira equação
-1 x = 10 – y
Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”
-2 4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)
40 – 4y – y = 5
-3 -5y = 5 – 40
-5y = -35 (multiplica por -1)
5y = 35
Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 2, com
y=7
solução exterior à circunferência.
Logo, voltando na primeira equação, acharemos o
valor de “x”
Assim o conjunto solução para que ocorra as duas
x = 10 – y
inequações simultaneamente é o sistema circular for-
x = 10 – 7
mando uma coroa, com segue na Figura 35.
x=3
Assim, x = 3 e y = 7.
6
Se liga!
4
Método da substituição
1 - Isolar uma das variáveis em uma das
2 equações;
2 - Substituir esta variável na outra equação
C pela expressão achada no item anterior.
-6 -4 -2 0 2 4 6

-2 Há um outro método para resolver um sistema


de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou
soma) de equações. Veja:
-4
„ Multiplicar uma das equações por um número
-6 que seja mais conveniente para eliminar uma
variável.
„ Somar as duas equações, de forma a ficar ape-
Solução simultânea das inequações com circunferência de nas com uma variável.
mesmo centro C(0,0) e raio 5 e 2, com solução na coroa entre as
circunferências. Veja o exemplo a seguir:
MATEMÁTICA

SISTEMA DE EQUAÇÕES
*
x + y = 10
Sistemas de equações de primeiro grau (sistemas 4x - y = 5
lineares)
Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma
Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de multiplicação, pois já temos a condição necessária
uma incógnita. Imagine que um exercício diga que: x para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos
+ y = 10. fazer apenas a soma das equações. Veja: 447
ANOTAÇÕES
*
x + y = 10

4x - y = 5
5x = 15
x=3

Substituindo o valor de “x” na primeira equação


achamos o valor de “y”:

x + y = 10
3 + y = 10
y = 10 – 3
y=7

Veja um outro exemplo que vamos precisar


multiplicar:

*
x + y = 10

x - 2y = 4

Multiplicando por -1 a primeira equação, temos:

(
- x - y = - 10
x - 2y = 4

Fazendo a soma:

(
- x - y = - 10
x - 2y = 4
-3y = -6
y = -6 / -3
y= 2

Substituindo o valor de “y” na primeira equação


achamos o valor de “x”:

x + y = 10
x + 2 = 10
x = 10 – 2
x=8

Sistemas de equações do 2º grau

Vamos usar o mesmo método principal para resol-


vermos os sistemas de equações do 2° grau que utili-
zamos no sistema de equações do 1° grau, ou seja, o
Método da Substituição. Veja um exemplo:

(
x+y=3
2 2
x -y =-3

Isolando x na primeira equação, temos que x =


3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação,
temos que:

(3 – y)2 – y2 = -3
9 – 6y + y – y2 = -3
y=2
448 Logo, x = 3 – y = 3 – 2 = 1
Hora de Praticar
4. (ENEM – 2019) Um casal planejou uma viagem e defi-
HORA DE PRATICAR! niu como teto para o gasto diário um valor de até R$ 1
000,00. Antes de decidir o destino da viagem, fizeram
1. (ENEM – 2019) A bula de um antibiótico infantil, uma pesquisa sobre a taxa de câmbio vigente para
fabricado na forma de xarope, recomenda que sejam as moedas de cinco países que desejavam visitar e
ministrados, diariamente, no máximo 500 mg desse também sobre as estimativas de gasto diário em cada
medicamento para cada quilograma de massa do um, com o objetivo de escolher o destino que apre-
paciente. Um pediatra prescreveu a dosagem máxi- sentasse o menor custo diário em real.
ma desse antibiótico para ser ministrada diariamente
O quadro mostra os resultados obtidos com a pesqui-
a uma criança de 20 kg pelo período de 5 dias. Esse
sa realizada.
medicamento pode ser comprado em frascos de 10
mL, 50 mL, 100 mL, 250 mL e 500 mL. Os pais des-
sa criança decidiram comprar a quantidade exata de PAÍS DE TAXA DE GASTO
MOEDA LOCAL
medicamento que precisará ser ministrada no trata- DESTINO CÂMBIO DIÁRIO
mento, evitando a sobra de medicamento. Considere França Euro (€) R$ 3,14 315,00 €
que 1 g desse medicamento ocupe um volume de 1.
EUA Dólar (US$) R$ 2,78 US$ 390,00
A capacidade do frasco, em mililitro, que esses pais
deverão comprar é Dólar Australiano
Austrália R$ 2,14 A$ 400,00
(A$)
a) 10 Dólar Canadense
b) 50. Canadá R$ 2,10 C$ 410,00
(C$)
c) 100.
d) 250. Reino
Libra Esterlina (£) R$ 4,24 £ 290,00
e) 500. Unido

2. (ENEM – 2019) A Hydrangea macrophylla é uma plan- Nessas condições, qual será o destino escolhido para
ta com flor azul ou cor-de-rosa, dependendo do pH a viagem?
do solo no qual está plantada. Em solo ácido (ou seja,
com pH < 7) a flor é azul, enquanto que em solo alca- a) Austrália.
lino (ou seja, com pH > 7) a flor é rosa. Considere que
b) Canadá.
a Hydrangea cor-de-rosa mais valorizada comercial-
c) EUA.
mente numa determinada região seja aquela produ-
zida em solo com pH inferior a 8. Sabe-se que pH = d) França.
− log10x, em que x é a concentração de íon hidrogênio e) Reino Unido.
(H+).
Para produzir a Hydrangea cor-de-rosa de maior 5. (ENEM – 2019) Em um condomínio, uma área pavi-
valor comercial, deve-se preparar o solo de modo que mentada, que tem a forma de um círculo com diâmetro
x assuma medindo 6 m, é cercada por grama. A administração
do condomínio deseja ampliar essa área, mantendo
a) qualquer valor acima de 10−8. seu formato circular, e aumentando, em 8 m, o diâ-
b) qualquer valor positivo inferior a 10−7. metro dessa região, mantendo o revestimento da
c) valores maiores que 7 e menores que 8. parte já existente. O condomínio dispõe, em estoque,
d) valores maiores que 70 e menores que 80. de material suficiente para pavimentar mais 100 m2
e) valores maiores que 10-8 e menores que 10-7. de área. O síndico do condomínio irá avaliar se esse
material disponível será suficiente para pavimentar a
3. (ENEM – 2019) Uma pessoa, que perdeu um objeto região a ser ampliada.
pessoal quando visitou uma cidade, pretende divulgar
nos meios de comunicação informações a respeito Utilize 3 como aproximação para π.
da perda desse objeto e de seu contato para even- A conclusão correta a que o síndico deverá chegar,
tual devolução. No entanto, ela lembra que, de acordo considerando a nova área a ser pavimentada, é a de
com o Art. 1 234 do Código Civil, poderá ter que pagar que o material disponível em estoque
pelas despesas do transporte desse objeto até sua
cidade e poderá ter que recompensar a pessoa que a) será suficiente, pois a área da nova região a ser pavi-
lhe restituir o objeto em, pelo menos, 5% do valor do mentada mede 21 m2.
objeto. b) será suficiente, pois a área da nova região a ser pavi-
Ela sabe que o custo com transporte será de um mentada mede 24 m2.
quinto do valor atual do objeto e, como ela tem muito c) será suficiente, pois a área da nova região a ser pavi-
interesse em reavê-lo, pretende ofertar o maior per- mentada mede 48 m2.
centual possível de recompensa, desde que o gasto
d) não será suficiente, pois a área da nova região a ser
total com as despesas não ultrapasse o valor atual do
pavimentada mede 108 m2.
objeto.
MATEMÁTICA

e) não será suficiente, pois a área da nova região a ser


Nessas condições, o percentual sobre o valor do obje-
to, dado como recompensa, que ela deverá ofertar é pavimentada mede 120 m2.
igual a
6. (ENEM – 2019) Um professor aplica, durante os cinco
a) 20% dias úteis de uma semana, testes com quatro ques-
b) 25% tões de múltipla escolha a cinco alunos. Os resulta-
c) 40% dos foram representados na matriz.
d) 60%
e) 80% 451
Utilize 0,3 como aproximação para log 2.
3 2 0 1 2
De acordo com os dados fornecidos, o terremoto
3 2 4 1 2 ocorrido pode ser descrito como

2 2 2 3 2 a) Pequeno.
b) Ligeiro.
3 2 4 1 0
c) Moderado.
0 2 0 4 4 d) Grande.
e) Extremo.
Nessa matriz os elementos das linhas de 1 a 5 repre- 9. (ENEM – 2019) Durante suas férias, oito amigos, dos
sentam as quantidades de questões acertadas pelos quais dois são canhotos, decidem realizar um torneio
alunos Ana, Bruno, Carlos, Denis e Érica, respectiva- de vôlei de praia. Eles precisam formar quatro duplas
mente, enquanto que as colunas de 1 a 5 indicam os para a realização do torneio. Nenhuma dupla pode ser
dias da semana, de segunda-feira a sexta-feira, res- formada por dois jogadores canhotos.
pectivamente, em que os testes foram aplicados. De quantas maneiras diferentes podem ser formadas
O teste que apresentou maior quantidade de acertos essas quatro duplas?
foi o aplicado na
a) 69
a) segunda-feira. b) 70
b) terça-feira. c) 90
c) quarta-feira. d) 104
d) quinta-feira. e) 105
e) sexta-feira.
10. (ENEM – 2019) Em uma fábrica de refrigerantes, é
7. (ENEM – 2019) Uma pessoa se interessou em adquirir necessário que se faça periodicamente o controle no
um produto anunciado em uma loja. Negociou com o processo de engarrafamento para evitar que sejam
gerente e conseguiu comprá-lo a uma taxa de juros envasadas garrafas fora da especificação do volume
compostos de 1% ao mês. O primeiro pagamento será escrito no rótulo.
um mês após a aquisição do produto, e no valor de Diariamente, durante 60 dias, foram anotadas as
R$ 202,00. O segundo pagamento será efetuado um quantidades de garrafas fora dessas especificações.
mês após o primeiro, e terá o valor de R$ 204,02. Para O resultado está apresentado no quadro.
concretizar a compra, o gerente emitirá uma nota fis-
cal com o valor do produto à vista negociado com o QUANTIDADE DE GARRAFAS FORA QUANTIDADE
cliente, correspondendo ao financiamento aprovado. DAS ESPECIFICAÇÕES POR DIA DE DIAS
O valor à vista, em real, que deverá constar na nota
fiscal é de 0 52
1 5
a) 398,02.
2 2
b) 400,00.
c) 401,94. 3 1
d) 404,00.
e) 406,02. A média diária de garrafas fora das especificações no
período considerado é
8. (ENEM – 2019) Charles Richter e Beno Gutenberg
desenvolveram a escala Richter, que mede a magni- a) 0,1.
tude de um terremoto. Essa escala pode variar de 0 a b) 0,2.
10, com possibilidades de valores maiores. O quadro c) 1,5.
mostra a escala de magnitude local (Ms) de um terre- d) 2,0.
moto que é utilizada para descrevê-lo. e) 3,0.

DESCRIÇÃO MAGNITUDE LOCAL (M S) (MM ⋅ HZ) 11. (ENEM – 2019) O Sistema Métrico Decimal é o mais
Pequeno 0 ≤ Ms ≤ 3,9 utilizado atualmente para medir comprimentos e dis-
Ligeiro 4,0 ≤ Ms ≤ 4,9 tâncias. Em algumas atividades, porém, é possível
observar a utilização de diferentes unidades de medi-
Moderado 5,0 ≤ Ms ≤ 5,9
da. Um exemplo disso pode ser observado no quadro.
Grande 6,0 ≤ Ms ≤ 9,9
Extremo Ms ≥ 10,0 UNIDADE EQUIVALÊNCIA
Polegada 2,54 centímetros
Para se calcular a magnitude local, usa-se a fórmula Jarda 3 pés
Ms = 3,30 + log ( A×f ), em que A representa a amplitu-
Jarda 0,9144
de máxima da onda registrada por um sismógrafo em
micrômetro (mm) e f representa a frequência da onda,
em hertz (Hz). Ocorreu um terremoto com amplitude Assim, um pé, em polegada, equivale a
máxima de 2 000 mm e frequência de 0,2 Hz.
Disponível em: http://cejarj.cecierj.edu.br.Acesso em: 1 fev. 2015 a) 0,1200.
452 (adaptado). b) 0,3048.
c) 1,0800. População Rural
d) 12,0000. 14 000
e) 36,0000. 12 000
12 000
10 000
10 000
12. (ENEM – 2019) Construir figuras de diversos tipos, 8 000
apenas dobrando e cortando papel, sem cola e sem 8 000
tesoura, é a arte do origami (ori = dobrar; kami = 6 000 5 000
papel), que tem um significado altamente simbólico 4 000
4 000
no Japão. A base do origami é o conhecimento do 2 000
mundo por base do tato. Uma jovem resolveu cons-
0
truir um cisne usando a técnica do origami, utilizando I II III IV V
uma folha de papel de 18 cm por 12 cm. Assim, come-
çou por dobrar a folha conforme a figura.
A taxa de urbanização de um município é dada pela
A 18 cm B razão entre a população urbana e a população total
do município (isto é, a soma das populações rural e
urbana). Os gráficos apresentam, respectivamente, a
D
12 cm população urbana e a população rural de cinco muni-
cípios (I, II, III, IV, V) de uma mesma região estadual.
Em reunião entre o governo do estado e os prefeitos
E 12 cm C desses municípios, ficou acordado que o município
com maior taxa de urbanização receberá um investi-
Após essa primeira dobradura, a medida do segmento mento extra em infraestrutura.
AE é Segundo o acordo, qual município receberá o investi-
mento extra?
a) 2 cm.
b) 6 cm. a) I
c) 12cm. b) II
d) 6 cm. c) III
e) 12 cm. d) IV
e) V
13. (ENEM – 2019) Os alunos de uma turma escolar
foram divididos em dois grupos. Um grupo jogaria 15. (ENEM – 2019) Para construir uma piscina, cuja área
basquete, enquanto o outro jogaria futebol. Sabe-se total da superfície interna é igual a 40 m2, uma cons-
que o grupo de basquete é formado pelos alunos mais trutora apresentou o seguinte orçamento:
altos da classe e tem uma pessoa a mais do que o
grupo de futebol. A tabela seguinte apresenta infor- z R$ 10 000,00 pela elaboração do projeto;
mações sobre as alturas dos alunos da turma. z R$ 40 000,00 pelos custos fixos;
z R$ 2 500,00 por metro quadrado para construção da
MÉDIA MEDIANA MODA área interna da piscina.
1,65 1,67 1,70 Após a apresentação do orçamento, essa empre-
sa decidiu reduzir o valor de elaboração do projeto
Os alunos P, J, F e M medem, respectivamente, 1,65 em 50%, mas recalculou o valor do metro quadrado
m, 1,66 m, 1,67 m e 1,68 m, e as suas alturas não são para a construção da área interna da piscina, con-
iguais a de nenhum outro colega da sala. cluindo haver a necessidade de aumentá-lo em 25%.
Segundo essas informações, argumenta-se que os Além disso, a construtora pretende dar um descon-
alunos P, J, F e M jogaram, respectivamente, to nos custos fixos, de maneira que o novo valor do
orçamento seja reduzido em 10% em relação ao total
a) basquete, basquete, basquete, basquete. inicial.
b) futebol, basquete, basquete, basquete. O percentual de desconto que a construtora deverá
c) futebol, futebol, basquete, basquete. conceder nos custos fixos é de
d) futebol, futebol, futebol, basquete.
e) futebol, futebol, futebol, futebol. a) 23,3%
b) 25,0%
14. (ENEM – 2019) c) 50,0%
d) 87,5%
População Urbana e) 100,0%
20 000
18 000 16. (ENEM – 2020) A fabricação da Bandeira Nacional
MATEMÁTICA

18 000
17 000
16 000
deve obedecer ao descrito na Lei n. 5.700, de 1º de
14 000
setembro de 1971, que trata dos Símbolos Nacionais.
12 000 11 000 No artigo que se refere às dimensões da Bandeira,
10 000
10 000 observa-se:
8 000
8 000 “Para cálculos das dimensões, será tomada por base
6 000 a largura, dividindo-a em 14 (quatorze) partes iguais,
4 000 sendo que cada uma das partes será considerada
2 000
0 uma medida ou módulo (M). Os demais requisitos
I II III IV V dimensionais seguem o critério abaixo: 453
z Comprimento será de vinte módulos (20 M); b) 16
26
z A distância dos vértices do losango amarelo ao qua- 26
dro externo será de um módulo e sete décimos (1,7 c) 42
42
M); d) 26
z O raio do círculo azul no meio do losango amarelo 42
e) 16
será de três módulos e meio (3,5 M).”
BRASIL. Lei n. 5.700, de 1º de setembro de 1971.Disponível em:
www.planalto.gov.br. Acesso em: 15 set. 2015. 18. (ENEM – 2020) A caixa-d’água de um edifício terá a
forma de um paralelepípedo retângulo reto com volu-
A figura indica as cores da bandeira do Brasil e locali- me igual a 28 080 litros. Em uma maquete que repre-
za o quadro externo a que se refere a Lei n. 5.700. senta o edifício, a caixa-d’água tem dimensões 2 cm
× 3,51 cm × 4 cm.
Dado: 1 dm³ = 1 L.
A escala usada pelo arquiteto foi
VERDE

Largura do quadro externo


a) 1 : 10
b) 1 : 100
c) 1 : 1 000
AZUL AMARELO d) 1 : 10 000
e) 1 : 100 000

19. (ENEM – 2020) Um hotel de 3 andares está sendo cons-


truído. Cada andar terá 100 quartos. Os quartos serão
numerados de 100 a 399 e cada um terá seu número
afixado à porta. Cada número será composto por peças
Comprimento do quadro externo
individuais, cada uma simbolizando um único algarismo.
Qual a quantidade mínima de peças, simbolizando o
algarismo 2, necessárias para identificar o número de
Um torcedor, preparando-se para a Copa do Mundo todos os quartos?
e dispondo de cortes de tecidos verde (180 cm x 150
cm) e amarelo (o quanto baste), deseja confeccionar a) 160
a maior Bandeira Nacional possível a partir das medi- b) 157
das do tecido verde. c) 130
Qual a medida, em centímetro, do lado do menor qua- d) 120
drado de tecido azul que deverá ser comprado para e) 60
confecção do círculo da bandeira desejada?
20. (ENEM – 2020) Uma torneira está gotejando água em um
a) 27 balde com capacidade de 18 litros. No instante atual, o
b) 32 balde se encontra com ocupação de 50% de sua capaci-
c) 53 dade. A cada segundo caem 5 gotas de água da torneira, e
d) 63 uma gota é formada, em média, por 5 × 10−2 mL de água.
e) 90 Quanto tempo, em hora, será necessário para encher
completamente o balde, partindo do instante atual?
17. (ENEM – 2020) Uma empresa de ônibus utiliza um
sistema de vendas de passagens que fornece a ima- a) 2 × 101
b) 1 × 101
gem de todos os assentos do ônibus, diferenciando os
c) 2 × 10−2
assentos já vendidos, por uma cor mais escura, dos
d) 1 × 10
assentos ainda disponíveis. A empresa monitora, per- e) 1 × 10−3
manentemente, o número de assentos já vendidos e
compara-o com o número total de assentos do ônibus 21. (ENEM – 2020) Um clube deseja produzir miniaturas em
para avaliar a necessidade de alocação de veículos escala do troféu que ganhou no último campeonato. O
extras. troféu está representado na Figura 1 e é composto por
Na imagem tem-se a informação dos assentos já uma base em formato de um paralelepípedo reto-retân-
vendidos e dos ainda disponíveis em um determinado gulo de madeira, sobre a qual estão fixadas três hastes
instante. verticais que sustentam uma esfera de 30 cm de diâ-
metro, que fica centralizada sobre a base de madeira. O
troféu tem 100 cm de altura, incluída sua base.

A razão entre o número de assentos já vendidos e o


total de assentos desse ônibus, no instante conside-
rado na imagem, é 50 cm 50 cm

16
454 a) 42 Figura 1
A
F+
rB
?
O ranking da palavra é a sua posição ao ordenar as
palavras por ordem de frequência. Ou seja, r = 1 para
a palavra mais frequente, r = 2 para a segunda pala-
vra mais frequente e assim sucessivamente. A e B são
8 cm 10 cm constantes positivas.
Disponível em: http://klein.sbm.org.br. Acesso em: 12 ago. 2020
Figura 2 (adaptado).

A miniatura desse troféu deverá ser instalada no inte- Com base nos valores de X = log (r) e Y = log (f) , é
rior de uma caixa de vidro, em formato de paralelepí- possível estimar valores para A e B.
pedo reto-retângulo, cujas dimensões internas de sua No caso hipotético em que a lei é verificada exata-
mente, a relação entre Y e X é
base estão indicadas na Figura 2, de modo que a base
do troféu seja colada na base da caixa e distante das
a) Y + log (A) –B X
paredes laterais da caixa de vidro em pelo menos 1 log(A)
cm. Deve ainda haver uma distância de exatos 2 cm b) Y = X + log(B)
entre o topo da esfera e a tampa dessa caixa de vidro. c)
log(A)
B –X
Nessas condições deseja-se fazer a maior miniatura
log(A)
possível. d) BX
A medida da altura, em centímetro, dessa caixa de e)
log (A)
Xb
vidro deverá ser igual a

a) 12. 24. (ENEM – 2020) Um processo de aeração, que consiste


b) 14. na introdução de ar num líquido, acontece do seguinte
c) 16. modo: uma bomba B retira o líquido de um tanque T1 e
d) 18. o faz passar pelo aerador A1, que aumenta o volume do
e) 20. líquido em 15%, e em seguida pelo aerador A2, ganhan-
do novo aumento de volume de 10%. Ao final, ele fica
22. (ENEM – 2020) Uma casa de dois andares está sendo armazenado num tanque T2, de acordo com a figura.
projetada. É necessário incluir no projeto a constru-
ção de uma escada para o acesso ao segundo andar.
Para o cálculo das dimensões dos degraus utilizam- A1 A2
-se as regras:
T1
|2h + b − 63,5| ≤ 1,5 e 16 ≤ h ≤ 19
T2
Nas quais h é a altura do degrau (denominada espe- B
lho) e b é a profundidade da pisada, como mostra a
figura. Por conveniência, escolheu-se a altura do
degrau como sendo h = 16. As unidades de h e b estão Os tanques T1 e T2 são prismas retos de bases retan-
em centímetro. gulares, sendo que a base de T1 tem comprimento c e
largura L, e a base de T2 tem comprimento e largura 2L.
Para finalizar o processo de aeração sem derrama-
mento do líquido em T2, o responsável deve saber a
b relação entre a altura da coluna de líquido que já saiu
de T1, denotada por X, e a altura da coluna de líquido
que chegou a T2, denotada por y.
Disponível em: www.dec.ufcg.edu.br. Acesso em: 21 abr. 2015.
h
A equação que relaciona as medidas das alturas y e x
é dada por
Nesse caso, o mais amplo intervalo numérico ao qual
a profundidade da pisada (b) deve pertencer, para que a) y = 1,265x
as regras sejam satisfeitas é b) y = 1,250x
c) y = 1,150x
a) 30 ≤ b d) y = 1,125x
MATEMÁTICA

b) 30 ≤ b ≤ 31,5 e) y = x
c) 30 ≤ b ≤ 33
d) 31,5 ≤ b ≤ 33 25. (ENEM – 2020) Três amigos, André, Bernardo e Car-
e) b ≤ 33 los, moram em um condomínio fechado de uma cida-
de. O quadriculado representa a localização das ruas
23. (ENEM – 2020) A Lei de Zipf, batizada com o nome do paralelas e perpendiculares, delimitando quadras de
linguista americano George Zipf, é uma lei empírica mesmo tamanho nesse condomínio, em que nos pon-
que relaciona a frequência (f) de uma palavra em um tos A, B e C estão localizadas as casas de André, Ber-
dado texto com o seu ranking (r). Ela é dada por nardo e Carlos, respectivamente. 455
a) 9!
B b) 4! 5!
c) 2 x 4! 5!
C d) 9!2
4! 5!
e) 2

28. (ENEM – 2020) A exposição a barulhos excessivos,


A como os que percebemos em geral em trânsitos
intensos, casas noturnas e espetáculos musicais,
André deseja deslocar-se da sua casa até a casa de podem provocar insônia, estresse, infarto, perda de
Bernardo, sem passar pela casa de Carlos, seguindo audição, entre outras enfermidades. De acordo com a
ao longo das ruas do condomínio, fazendo sempre Organização Mundial da Saúde, todo e qualquer som
deslocamentos para a direita (→) ou para cima (↑), que ultrapasse os 55 decibéis (unidade de intensi-
segundo o esquema da figura. dade do som) já pode ser considerado nocivo para a
O número de diferentes caminhos que André poderá saúde. O gráfico foi elaborado a partir da medição do
utilizar para realizar o deslocamento nas condições ruído produzido, durante um dia, em um canteiro de
propostas é obras.

a) 4. Decibel
b) 14.
c) 17.
d) 35.
55
e) 48.

26. (ENEM – 2020) Uma pessoa precisa comprar 15 0


sacos de cimento para uma reforma em sua casa. Faz Hora
pesquisa de preço em cinco depósitos que vendem o 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
cimento de sua preferência e cobram frete para entre- Disponível em: www.revistaencontro.com.br. Acesso em: 12 ago.
ga do material, conforme a distância do depósito à sua 2020 (adaptado).
casa. As informações sobre preço do cimento, valor
do frete e distância do depósito até a casa dessa pes- Nesse dia, durante quantas horas o ruído esteve aci-
soa estão apresentadas no quadro. ma de 55 decibéis?

VALOR DO VALOR DO FRETE DISTÂNCIA a) 5


SACO DE PARA CADA ENTRE A CASA E b) 8
DEPÓSITO CIMENTO QUILÔMETRO O DEPÓSITO
c) 10
(R$) (R$) (KM) d) 11
A 23,00 1,00 10 e) 13
B 21,50 3,00 12
29. (ENEM – 2020) Um grupo sanguíneo, ou tipo san-
C 22,00 1,50 14 guíneo, baseia-se na presença ou ausência de dois
D 21,00 3,50 18 antígenos, A e B, na superfície das células vermelhas
E 24,00 2,50 2
do sangue. Como dois antígenos estão envolvidos, os
quatro tipos sanguíneos distintos são:

A pessoa escolherá um desses depósitos para reali- z Tipo A: apenas o antígeno A está presente;
zar sua compra, considerando os preços do cimento z Tipo B: apenas o antígeno B está presente;
e do frete oferecidos em cada opção. z Tipo AB: ambos os antígenos estão presentes;
Se a pessoa decidir pela opção mais econômica, o z Tipo O: nenhum dos antígenos está presente.
depósito escolhido para a realização dessa compra
será o Disponível em: http://saude.hsw.uol.com.br. Acesso em: 15 abr.
2012 (adaptado).
a) A.
b) B. Foram coletadas amostras de sangue de 200 pes-
c) C. soas e, após análise laboratorial, foi identificado que
d) D. em 100 amostras está presente o antígeno A, em 110
e) E. amostras há presença do antígeno B e em 20 amos-
tras nenhum dos antígenos está presente.
27. (ENEM – 2020) Nos livros Harry Potter, um anagrama Dessas pessoas que foram submetidas à coleta de
do nome do personagem “TOM MARVOLO RIDDLE” sangue, o número das que possuem o tipo sanguíneo
gerou a frase “I AM LORD VOLDEMORT”. A é igual a
Suponha que Harry quisesse formar todos os ana-
gramas da frase “I AM POTTER”, de tal forma que as a) 30.
vogais e consoantes aparecessem sempre intercala- b) 60.
das, e sem considerar o espaçamento entre as letras. c) 70.
Nessas condições, o número de anagramas formados d) 90.
456 é dado por e) 100.
30. (ENEM – 2020) Azulejo designa peça de cerâmi-
16 D
ca vitrificada e/ou esmaltada usada, sobretudo, no
revestimento de paredes. A origem das técnicas de 17 A
fabricação de azulejos é oriental, mas sua expansão
pela Europa traz consigo uma diversificação de esti- 18 B
los, padrões e usos, que podem ser decorativos, utili-
19 A
tários e arquitetônicos.
Disponível em: www.itaucultural.org.br. Acesso em: 31 jul. 2012. 20 B

21 B
Azulejos no formato de octógonos regulares serão
utilizados para cobrir um painel retangular conforme 22 C
ilustrado na figura.
23 A

24 A

25 C

26 C

27 E

28 E

29 C
Entre os octógonos e na borda lateral dessa área,
será necessária a colocação de 15 azulejos de outros 30 D
formatos para preencher os 15 espaços em branco
do painel. Uma loja oferece azulejos nos seguintes
formatos:
1 – Triângulo retângulo isósceles; ANOTAÇÕES
2 – Triângulo equilátero;
3 – Quadrado.
Os azulejos necessários para o devido preenchimento
das áreas em branco desse painel são os de formato

a) 1.
b) 3.
c) 1 e 2.
d) 1 e 3.
e) 2

9 GABARITO

1 B

2 E

3 E

4 A

5 E

6 A

7 B

8 C

9 C

10 B
MATEMÁTICA

11 D

12 D

13 C

14 C

15 D
457
458
REDAÇÃO
Se liga!
Ao praticar, cronometre a prova! Com a prática
você vai conseguir encaixar todos os passos da
REDAÇÃO escrita dentro deste tempo.

z Atente-se às novidades: uma vez que a redação


trata sempre de um tema atual relevante, tanto
no âmbito nacional quanto de interesse global, é
REDAÇÃO essencial ficar atento às novidades. Vamos dedi-
DISSERTATIVA-ARGUMENTATIVA car um tópico especial do nosso estudo apenas aos
temas mais recorrentes e com maior probabilidade
de serem cobrados, assim como as melhores formas
No ENEM, a redação é decisiva para um bom
de abordá-los; e
desempenho em sua média final. A tipologia cobra- z Já no dia da prova:
da é o texto dissertativo-argumentativo (ou apenas
„ Leia atentamente o tema da redação da pro-
dissertação).
va: As redações normalmente vêm com textos
Por isso, é muito importante o estudo das técnicas de apoio para o aluno. É fundamental com-
adequadas (ou seja, dominar a estrutura da reda- preender está pedindo, uma vez que a fuga do
ção), aumentar o capital cultural (desenvolver um tema pode zerar a nota na redação. Assim sen-
bom repertório de ideias) e treinar bastante (redigir do, não divague muito (foco no objetivo final
muito). Além disso, é imprescindível manter-se atuali- do texto) e crie uma linha de pensamento coe-
zado de acordo com as últimas notícias. rente (coordenando os argumentos, visando o
Ou seja, a receita para a aprovação na prova de problema, sem mudar de assunto);
redação envolve: „ Organize-se: Marque as palavras-chave nos
textos de apoio;
„ Defina qual o objetivo do seu texto: negar,
z Dominar a estrutura da redação; apoiar, justificar ou explicar algo; e
z Ter um bom repertório de ideias; „ Selecione os argumentos principais e coloque-os
z Redigir sempre; e em ordem. Ou seja, fazer um breve esqueleto do
z Manter-se bem informado. que será dito nos parágrafos do desenvolvimento.
„ Faça a revisão do texto: Dedique muita aten-
ORIENTAÇÕES BÁSICAS ção na hora de passar a limpo. É nesta etapa
que seu gerenciamento de tempo vai fazer toda
a diferença. Fazer correndo pode aumentar as
Tendo em vista os quatro elementos acima, vamos chances de errar uma palavra ou escrever o
ver algumas orientações básicas, porém essenciais. que estava na próxima linha, por exemplo. Este
Antes de redigir, aprenda a pensar. Para isso é é o momento para corrigir pequenos erros que
preciso ler, pesquisar, raciocinar e, então, escrever. ainda ficaram após a revisão.
Portanto, para redigir bem:

z Cultive o hábito pela leitura: leia muito! Com a Se liga!


leitura, adquire-se cultura geral, que é requisito
A caligrafia é um fator muito importante. Ao
para um bom escritor. Além disso, a familiarida-
passar a limpo é preciso fazer uma letra legível:
de com textos de qualidade faz com que se assimi-
o examinador precisa entender o que você está
le a forma da narrativa, a estrutura das orações,
dizendo! De nada adianta um texto bem estru-
a colocação das palavras, além de enriquecer o
turado, coerente, se quem for corrigir não con-
vocabulário;
seguir entender o conteúdo. Fora isso, não se
z Utilize uma biblioteca básica de apoio: durante
esqueça: respeite as margens da folha de res-
os estudos é normal surgirem dúvidas. Um bom
posta, uma vez que tudo o que estiver fora das
dicionário e uma gramática de qualidade (com-
margens da folha será desconsiderado.
pleta; as versões “mini” só são úteis em situações
emergenciais) são essenciais para solucionarem os
questionamentos e enriquecerem suas habilidades ESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E
linguísticas. Uma boa fonte de referência é o Voca- NÍVEIS DE FORMALIDADE
bulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP),
encontrado na homepage da Academia Brasileira Ao estudar redação, é necessário saber alguns con-
de Letras, pois se trata de um levantamento de ceitos fundamentais.
todas as palavras em língua portuguesa, com indi- A linguagem, em termos bem simples, é a capacida-
cação de sua grafia, prosódia, ortoépia, classe gra- de que nós, seres humanos, possuímos de expressar nos-
matical, formas irregulares de feminino e plural sos pensamentos, ideias, sentimentos e opiniões. Ou seja,
é um código utilizado para estabelecer comunicação.
etc. Se a palavra não está no VOLP, não existe no Existem dois tipos principais de linguagem: a lin-
idioma pátrio, ao menos oficialmente;
REDAÇÃO

guagem não verbal e a linguagem verbal. A lingua-


z Conheça a gramática da língua. Portanto, estude gem não verbal não utiliza palavras para constituir
com dedicação as regras gramaticais e as técnicas a comunicação: ela faz uso de formas de comunica-
gerais de redação; e ção como gestos, sinais, símbolos, cores luzes etc. (por
z Pratique! Acostume-se a redigir. Escreva incessan- exemplo, quando se observa um semáforo de trânsito,
temente. É apenas com o treino que você consegui- com suas luzes vermelha, amarela e verde e se enten-
rá transportar bem uma ideia para o papel. Mais de que se deve ou não avançar; ou ainda, quando se
adiante vamos ver dicas de como fazer isso. ouve o apito de um agente de trânsito). 461
Já a linguagem verbal usa palavras para estabe- z O seu interlocutor;
lecer a comunicação: esse uso pode se dar na forma z Ambiente em que se encontra;
oral ou na forma escrita (como, por exemplo, em uma z O assunto a ser tratado; e
entrevista na TV ou em um e-mail). Observe a tabela
z A intenção, objetivo a ser atingido (informar, soli-
a seguir que traz exemplos que ajudam a diferenciar
citar, persuadir etc.).
a linguagem não verbal da linguagem verbal (em suas
duas formas).
É observando esses elementos que o autor adequa:
LINGUAGEM
LINGUAGEM VERBAL - ORAL z Os vocábulos;
NÃO VERBAL
z A pronúncia (no caso da fala);
Telefonemas z A ortografia (no caso da escrita); e
Sinais de trânsito conversas
z A estruturação das sentenças.
Cores Discursos
Desenhos Aulas
Entrevistas etc Quanto mais formal for um ato de linguagem, mais
Gestos
cuidado deve ser dedicado aos itens acima.
Postura
LINGUAGEM VERBAL - ESCRITA Observe a tabela a seguir, retirada do manual de
Placas
Pinturas Textos Dissertativo-Argumentativo do Inep, que ilus-
Livros
Bandeiras E-mails tra os dois tipos de registro, o formal e o informal.
Buzinas Jornais
Músicas etc Cartas REGISTRO FORMAL REGISTRO INFORMAL
Leis etc Jovem para o chefe: Jovem para a mãe:

Boa tarde, chefe. Infelizmente, Que droga, mãe! Bateram no


A linguagem oral e a linguagem escrita são, pois, acabei de sofrer um acidente meu carro!
duas manifestações da linguagem verbal, cada uma de trânsito e devo me atrasar, Tô bem, não se preocupe. Me
com suas características próprias (a linguagem oral pois estou aguardando a polí- mande o
permite um contato direto com o destinatário, é mais cia, para os trâmites formais, número da seguradora. De-
espontânea, mais livre, não requer escolarização, e a seguradora, para o reco- pois te ligo.
renova-se permanentemente; já na linguagem escrita lhimento do veículo.
há maior distância entre emissor e receptor, sendo o
contato indireto e requer escolarização e aprendiza-
gem formal da escrita). Note que o fato é o mesmo: o acidente de trânsito
no caminho para o trabalho. No entanto, função das
A LINGUAGEM FORMAL duas diferentes situações (avisar duas pessoas com as
quais tem diferentes níveis de intimidade), o registro
Dependendo da situação, a linguagem verbal se faz necessário em suas duas espécies: no registro
(escrita e oral) pode ser mais ou menos formal. Quan- formal e no registro informal.
do você conversa ao telefone com um velho amigo ou
envia uma mensagem de texto para um parente, se Assim, ao elaborar o texto da redação, deve-se
comunica de uma forma mais livre; já numa entrevista atentar para o uso do registro formal, uma vez que
de emprego ou ao escrever um e-mail solicitando algo a se espera o uso da modalidade escrita formal da lín-
uma autoridade, você escolhe melhor as palavras. gua portuguesa.
Ou seja, o nível de formalidade nas comunica- Resumindo, a diferença entre linguagem formal e
ções varia conforme a circunstância.
linguagem informal está no contexto em que elas são
A linguagem informal (oral ou escrita) geralmen-
te é usada quando temos certo nível de intimidade utilizadas e na escolha das palavras e expressões
entre os interlocutores, como nas correspondências utilizadas para comunicar.
entre familiares ou amigos. Já a linguagem formal (na A tabela a seguir apresenta uma comparação entre
sua forma oral ou escrita), caracterizada pela polidez as duas formas de linguagem.
e escolha cuidadosa das palavras, é normalmente
empregada quando nos dirigimos a alguém com quem LINGUAGEM
não temos proximidade, como no exemplo da seleção LINGUAGEM FORMAL
INFORMAL
de emprego e em outras situações que exigem tal pro- O que é A linguagem formal é aque- A linguagem informal
tocolo, como na escrita de um texto científico, um livro la utilizada em situações é utilizada em situa-
didático, na correspondência entre empresas e, como que exigem maior protoco- ções mais descon-
veremos mais adiante, na comunicação oficial. lo (situações profissionais, traídas, quando existe
acadêmicas ou quando não maior liberdade entre
O termo “registro” é usado para se fazer referência
existe intimidade entre os os interlocutores.
aos níveis de formalidade na língua falada e na língua interlocutores).
escrita. Os níveis de formalidade são chamados, ain-
Características Uso da norma culta (respeito Não requer o uso da
da, de níveis de fala ou níveis de linguagem. rigoroso às normas gramati- norma culta, sendo
Em qualquer ato de linguagem, para a escolha do cais) e utilização de vocabu- normal o uso de gí-
registro (do nível de formalidade), o indivíduo leva lário extenso; rias, expressões po-
em conta, mesmo que de forma inconscientemente, pulares, neologismos
(palavras inventadas)
a situação em que se encontra ao produzir seu tex- e palavras abrevia-
to (oral ou escrito). Em outras palavras, ao praticar das, como vc, cê e tá.
a comunicação, o autor escolhe um nível maior ou Sofre influência de
menor de formalidade e, para isso, leva em considera- variações culturais e
regionais.
462 ção, entre outras coisas:
LINGUAGEM z As expressões típicas da oralidade: “bem”, “veja
LINGUAGEM FORMAL
INFORMAL bem”, “entendeu?”.
Quando se Situações mais formais, Utilizada em conver-
usa como entrevistas de empre- sas cotidianas, em Outro fenômeno linguístico que deve ser evitado
gos, palestras, concursos pú- mensagens de texto
na comunicação formal é o uso de regionalismos. O
blicos e documentos oficiais. enviadas por celular,
Geralmente, é utilizada quan- chats. regionalismo é o modo de falar particular de deter-
do se dirige a superiores, au- Normalmente é usada minada região geográfica, como, por exemplo, a pala-
toridades ou ao público em em conversas entre
vra “piá” (o regionalismo usado no sul do Brasil que se
geral. É mais utilizada quando amigos e familiares.
se escreve. O uso mais comum refere a menino) e o termo “semáforo” pode ser desig-
se dá quando se fala. nado por “farol” em São Paulo, e “sinal” ou “sinaleiro”
Estou muito atrasado. Caramba, tô muito no Rio de Janeiro.
atrasado.
DISSERTATIVO-EXPOSITIVO E
Quando se fala em linguagem oficial é importan- DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
te dar atenção aos vícios de linguagem, a fim de que
sejam evitados. Os vícios de linguagem são defeitos, A dissertação é a tipologia textual que visa à expo-
erros cotidianos que cometemos no emprego da lín- sição, à análise e à defesa de uma tese ou ponto de
gua, normalmente por falta de atenção e pouco conhe- vista a respeito de um assunto específico. É a forma
cimento dos significados das palavras. Confira alguns mais frequentemente exigida no ENEM, tendo em vis-
vícios de linguagem: ta a possibilidade de permitir ao aluno a exposição de
ideias a respeito de um tema de interesse social. A
z Barbarismo: grafia ou pronúncia de uma pala- dissertação é dividida em duas categorias:
vra em desacordo com a norma culta (como por
exemplo escrever “previlégio” ao invés de “privi- Dissertativo-expositiva
légio” ou pronunciar “RUbrica” quando o correto é
“ruBRIca”); outra forma de barbarismo é o estran- Neste tipo textual o autor apresenta ideias, fatos
geirismo: vício que se caracteriza pelo uso indevi- e fenômenos. O objetivo é informar o leitor (caráter
expositivo), sem a intenção de persuadi-lo, de conven-
do de expressões ou frases estrangeiras em nossa
cê-lo em relação ao pensamento. É impessoal (redigida
língua, como o uso de “performance” ao invés de
em terceira pessoa). Portanto, neste caso, a dissertação
“desempenho, exibição”; ou “show”, no lugar de
tende a simples exposição de ideias, de informações, de
“espetáculo”;
definições e de conceitos, como se nota no exemplo a
z Solecismo: desvio da norma em relação à sinta-
seguir, retirado da obra Textos Dissertativo-Argumen-
xe. Ex.: “Fazem dois anos que não nos vemos”, no
tativos, publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e
lugar de “Faz dois anos”; ou “Vamos no restauran-
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep):
te”, no lugar de “Vamos ao restaurante”;
z Cacofonia: mal uso de sons, causado pela junção
As peças de Nelson Rodrigues tratam de denunciar
de palavras, como em ela tinha muito dinheiro
toda a hipocrisia que paira sobre uma sociedade
(parece o som de: “é latinha”); beijou na boca dela vítima da repressão sexual. É o seu teatro que abre
(“cadela”); as portas para a modernidade na dramaturgia
z Neologismo: ocorrem quando da criação de uma brasileira.
palavra nova, ou ainda quando uma palavra exis-
tente assume outro significado. Ex.: “deletar”, que Note que no trecho referenciado o autor apenas
surge principalmente por conta do contexto da mostra certas características da obra do escritor Nel-
informática; e son Rodrigues. Não há, em nenhuma parte do texto,
z Eco: repetição de um som numa sequência de recursos argumentativos que buscam convencer o
palavras (como por exemplo, O acusado foi inter- leitor.
rogado pelo magistrado).
Dissertativo-argumentativo
Além disso, evite ainda:
Neste tipo dissertativo, as ideias são organiza-
z O emprego de gírias ou expressões popula- das no sentido de convencer o leitor. Os argumentos
res: (isso não significa usar palavras difíceis e (enunciados) atribuem ao objeto ou fenômeno de que
rebuscadas); se fala, qualidades, informações, depoimentos, cita-
z O uso de jargões: (terminologia técnica comum ções, fatos, evidências e dados estatístico, entre outros
a uma atividade ou grupo específico, comumente recursos, procurando defender o ponto de vista do
usada em grupos profissionais ou socioculturais, autor. Veja um exemplo de um trecho de texto disser-
como por exemplo, “peticionar”, de uso comum tativo-argumentativo, retirado da obra Textos Disser-
pelos advogados). Mas isso não quer dizer que não tativo-Argumentativos, do Inep:
se pode utilizar uma terminologia específica quan-
REDAÇÃO

do necessário (somente se você tiver certeza do Impossível desconhecer que Nelson Rodrigues é o
que determinada palavra significa); maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos. Foi
z As palavras reduzidas: “tá” em lugar de “estar”, revolucionário, renovador e ousado em relação ao
“cê” em vez de “você”, ou “pra” em vez de “para”; teatro tradicional. Suas dezessete peças são sucessiva-
z Os verbos de sentido muito geral: “dar”, “ter”, mente reeditadas. Sua obra é frequentemente encena-
“fazer”, “achar”, no lugar de verbos de sentido da na atualidade. Seus textos são os mais estudados
mais exato; e nos cursos de Letras. 463
Observe que agora, diferentemente do exemplo geográfica ou socioeconômica, nem apresentar de
anterior, o autor busca formar a opinião do leitor, qualquer forma de discurso de ódio).
buscando convencê-lo. Em uma linha você vai dizer de forma concisa a
Assim, podemos perceber que existem dois tipos de ideia central do seu texto e o seu posicionamento acer-
textos dissertativos: o expositivo e o argumentativo. ca daquilo (dizer se é contra, a favor ou qual é a impor-
No texto dissertativo-expositivo, o autor apresenta as tância de se discutir sobre isso). Essa parte deve ter até
informações sem a necessidade de convencer o leitor dois períodos (frases com pelo menos um verbo cada).
de algo (ou seja, faz uma exposição e não um debate). Já Logo após, em, em outras duas ou três linhas, você
no tipo dissertativo-argumentativo, o escritor faz uma irá apresentar como sua tese será desenvolvida, ou
reflexão sobre determinado tema para defender o seu seja, vai mostrar seus argumentos (esclarecer de forma
ponto de vista e, portanto, busca convencer o leitor simples o que cada parágrafo vai tratar, sem argumen-
Os tipos textuais acima expostos são utilizados de tar). A dica aqui é construir uma oração resumindo o
forma combinada de modo a compor o que conhece- assunto de cada parágrafo do desenvolvimento.
mos por gêneros textuais (textos que exercem uma Ou seja, retirar bold a introdução é composta
função social específica, isto é, aparecem em situações pela apresentação do tema e pela exibição da tese.
cotidianas de comunicação e apresentam uma finali-
Vamos ver algumas abordagens que podem ser
dade comunicativa bem definida). tomadas no parágrafo introdutório:

z Ir do geral ao específico: Primeiramente fazendo


Se Liga! uma exposição do tema de forma abrangente, para
Lembre-se que parte do método para fazer uma logo após chegar às questões mais específicas que
boa redação é ter um bom repertório de ideias. A serão abordadas no texto. Veja o exemplo a seguir,
leitura de editoriais e de artigos de opinião cons- extraído da obra A Análise do Texto Argumenta-
titui uma das melhores formas de ampliar seu tivo-Discursivo, de Cantarin, Bertucci e Almeida
(2017).
“capital cultural”, uma vez que tratam de assun-
tos recentes e de relevância social. Outro gêne-
ro recorrente é a notícia, na qual são relatados Ex.: É fato que as diferentes ações de marketing
de forma objetiva e concisa, fatos da realidade. exercem grande influência no processo de formação
dos sujeitos. Em se tratando de crianças, o poder das
propagandas na criação de hábitos e identidades é bas-
A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA tante grande. Surge então o debate acerca dos limites
da publicidade infantil.
Como dissemos antes, o tipo dissertativo-argumen- Observe que o autor inicia expondo algo genéri-
tativo é o mais cobrado. Assim sendo, vamos ver mais co sobre o tema publicidade (ações de marketing) e,
alguns detalhes relativos à dissertação argumentativa. em seguida, indica que propagandas são capazes de
O texto dissertativo-argumentativo é aquele pelo influenciar hábitos infantis. É apenas no final do pará-
qual o autor busca convencer o leitor ou o ouvinte a grafo onde se apresenta a situação problema: a ques-
aceitar a tese de quem produz o texto. Logo, o que está tão da publicidade infantil;
em jogo é a capacidade do autor de expor uma situação-
-problema, apresentando uma tese (opinião, ideia) sobre z Introdução direta: Em contrapartida, a intro-
o fato e expressando-a por meio de argumentos fortes e dução do tema pode ser direta, como se observa
coerentes. Esse tipo textual é composto por três etapas:
no exemplo a seguir, também retirado da obra
de Cantarin, Bertucci e Almeida (2017), em que
z A introdução: na qual se apresenta o objeto,
autor já inicia o texto apontando o crescimento da
expondo uma breve visão do ponto de vista do
“publicidade infantil no Brasil”.
autor;
z O desenvolvimento: (quando se apresentam os
argumentos e é feita a defesa da tese); e Ex.: A publicidade infantil é um ramo que vem cres-
z Uma conclusão: que encerra o tema, com uma sín- cendo muito no Brasil. Afinal, as crianças ainda não for-
tese de tudo o que foi exposto. maram toda base crítica necessária para entender toda
a complexidade e persuasão de uma propaganda, fatos
Introdução que as tornam um público alvo facilmente convencido.

No início da dissertação, é necessário que o autor DESENVOLVIMENTO/ARGUMENTAÇÃO


deixe claro qual é o assunto abordado no texto e, além
disso, qual será a tese a ser defendida. É um parágrafo Os parágrafos intermediários de um texto disser-
direto e curto no qual você vai demonstrar que com- tativo-argumentativo devem ser destinados à defesa
preendeu o tema e vai fazer uma afirmação sobre ele. da tese mediante argumentos (provas ou fundamen-
A tese é elemento essencial na composição do texto tos que confirmam o ponto de vista do autor).
dissertativo-argumentativo. Na redação é um posicio- São nesses parágrafos que o autor vai argumen-
namento crítico, ou seja, o seu ponto de vista sobre o tar, ou seja, apresentar ideias, razões, provas que
tema proposto. Sua função é persuadir o leitor a res- sejam relevantes ao ponto de conseguir convencer o
peito daquilo que você vai expor. Ela pode ser apre- leitor sobre um ponto de vista.
sentada por meio de declarações afirmativas (como,
O principal no desenvolvimento é apresentar
por exemplo, “A violência é resultado....”) ou negativas
(“Não ocorrem ...”. Importante lembrar que mesmo uma ideia e, em seguida, apresentar um raciocínio
sendo a sua opinião, a escrita deve ser feita de forma capaz de comprová-la.
impessoal (redigir em terceira pessoa; nada de usar A argumentação deve ser feita com argumentos
expressões como “eu acho que…”, “acredito que …”) fortes, tais como:
e respeitando os direitos humanos (nunca instigar
qualquer tipo de violência motivada por questões z Provas concretas: argumentos baseados em
464 de raça, etnia, gênero, credo, condição física, origem dados ou fatos sobre o tema;
z Fatos similares ou relacionados ao tema: argu-
OPERADOR FUNÇÃO
mentos baseados em exemplos;
z Citação de especialistas no tema: argumento de “Portanto”, “logo”, “por Introduzem uma conclu-
autoridade; e conseguinte”, “pois”, são relativa a argumen-
z Lógicos: causa e consequência, por exemplo. “em decorrência”, tos apresentados em
“consequentemente”. enunciados anteriores.
Por outro lado, devem ser evitados argumentos
Introduzem argumentos
fracos, tais como os argumentos de senso comum,
“Ou”, “ou então”, “quer... alternativos que condu-
os quais, embora válidos, são rasos e, portanto, facil-
quer”, “seja...seja”. zem a conclusões dife-
mente refutáveis. O uso de argumentos gerais (que
rentes ou opostas.
qualquer um conhece) evidencia pouco conhecimen-
to do tema, falta de opinião própria e baixo poder de Estabelecem relações en-
“Mais que”’, “menos que”,
argumentação. tre elementos, com vista
“tão...como”’.
Além disso, a fim de dar força ao discurso persua- a uma dada conclusão.
sivo, devem ser utilizados os chamados operadores
Introduzem uma justifica-
e conectivos argumentativos (também chamados de “Porque”’, “que”, “já que”,
tiva ou explicação relativa
marcadores de discurso). Os operadores argumenta- “pois”.
ao enunciado anterior.
tivos tem a função de introduzir argumentos que
convençam, ou seja, orientam o leitor a determinada OPERADOR FUNÇÃO
conclusão. Dominar a técnica e saber o momento de
usar esses elementos é um requisito imprescindível “Mas”, “porém”, “contu-
do”, “todavia”, “no en- Contrapõem argumentos
no momento de fazer valer pontos de vista e opiniões
tanto”, “embora”’, “ainda orientados para conclu-
e para defender teses e articular argumentos.
que”, “posto que”, “ape- sões contrárias.
Mas que vocábulos atuam com operadores argu-
sar de (que)”.
mentativos? Lembre-se:
Distribuem-se em esca-
z Conjunções; las opostas, isto é, um
z Advérbios; “Um pouco” e “pouco”, deles funciona numa
z Palavras denotativas: até, inclusive, também, afi- “quase” e “apenas”, “só”, escala orientada para a
nal, então, é que, aliás etc. “somente”’. afirmação total e o outro,
numa escala orientada
Como os operadores argumentativos atuam no para a negação total.
texto? Eles podem: “E”, “também”, “ainda”, São argumentos que fa-
“nem” (= e não), “não zem parte de uma mes-
z Somar argumentos: e, também, ainda, não só…, só..., mas também”, ma classe argumentativa,
mas também, além de…, além disso…, aliás. Ex.: Os “‘tanto...como”’, “além isto é, somam argumen-
efeitos nocivos do trabalho infantil sobre a escola- disso”,” além” de”, “a par tos a favor de uma mes-
rização são sentidos não só nas crianças menores, de”. ma conclusão.
mas também nos adolescentes;
z Indicar oposição/ideias contrárias: mas, porém, Introduz um argumen-
contudo, todavia, no entanto, embora, ainda que, to decisivo, resumin-
“Aliás”.
apesar de..., posto que. Ex.: João apresentou um do todos os demais
bom rendimento, mas não foi aprovado; argumentos.
z Indicar uma relação de condição entre um ante- São responsáveis por
cedente e um consequente: se, caso. Ex.: Se o alu- “Já”, “ainda”, “agora”. introduzir no enunciado
no não estudar, não vai passar; conteúdos pressupostos.
z Indicar finalidade/objetivo: para, a fim de..., para
que. Ex.: Eu estudo a fim de passar vno ENEM.
O uso desses operadores é essencial para manter a
Veja no quadro a seguir, de forma condensada, coesão do texto.
os principais tipos de operadores constante na obra
Argumentação e Linguagem, de Ingedore Koch (2000): CONCLUSÃO

O final de um texto dissertativo-argumentativo


OPERADOR FUNÇÃO
pode ser feito de duas maneiras:
Organizam a hierarquia
dos elementos numa es- z Na forma de síntese: o autor repete os argumen-
“Mesmo”, “até”, “até tos de forma resumida e conclui o texto alegando a
cala, assinalando o ar-
mesmo”, “inclusive”.
gumento mais forte para veracidade da tese; ou
REDAÇÃO

uma conclusão. z Apresentando propostas de solução: isso é feito


retomando os problemas discutidos na argumen-
Introduzem dado argu- tação e propondo ações que acabem ou diminuam
mento deixando suben-
“Ao menos”, “pelo me- com os problemas). Tais soluções devem ser deta-
tendida a presença de
nos”, “no mínimo”. lhadas, explicando, apontando quem vai promo-
uma escala com outros
ver a solução, as ações necessárias, os meios e os
argumentos mais fortes.
objetivos. 465
Assim como na introdução, na conclusção é o 4° Parágrafo
momento de ser simples e conciso. A conclusão não
deve ter um tamanho muito diferente da introdução. Ainda convém lembrarmos outro hábito que
O texto dissertativo-argumentativo (dissertação contribui para o sucesso do nosso bem elaborado
cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após
argumentativa), portanto, deve conter os seguintes
as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar
elementos: reabastece nosso cérebro de energia desviada para os
órgãos processadores da digestão no momento em que
z Introdução: apresentação do tema e exibição da comemos. Essas substâncias reprimem a sonolência
tese; típica da hora do almoço nos mantendo despertos.
z Desenvolvimento: provas ou fundamentos que
confirmam a tese; e 5° Parágrafo
z Conclusão: resumo ou apresentação de soluções.
Levando-se em consideração esses aspectos
práticos do prato do brasileiro somos levados a acre-
ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
DESENVOLVENDO A REDAÇÃO que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien-
Depois de observar as dificuldades que as pessoas tes nos causará debilidade além de insatisfação.
têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos Observe o texto e a estrutura. Imaginemos que o
aqui soluções para esses problemas, sem a pretensão tema proposto a nós fosse “A alimentação do brasileiro”
de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar um refe- e que a partir desse tema tivéssemos que produzir uma
rencial mais concreto e imediato. dissertação sobre ele. A primeira coisa a fazer seria a
O método aqui utilizado refere-se ao método Teo- delimitação do tema, ou seja, deveríamos buscar com
ria das Máscaras objetividade uma tese, dentro desse tema, sobre a qual
Leia inicialmente o texto piloto desse projeto: fôssemos capazes de argumentar, como essa:
Projeto de dissertação: Exemplos arroz com “A comida dos brasileiros é muito saudável e tem
tudo de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”.
feijão.
O próximo passo seria o de levantar alguns argumen-
Tema: A alimentação do brasileiro. tos que sustentassem a tese proposta com valor de ver-
Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável dade. Veja como fizemos. Já que estávamos falando da
e tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de alimentação dos brasileiros, nada melhor do que falar-
trabalho. mos sobre seus pontos positivos, pontos estes reconhe-
Argumentos: carboidratos no arroz com feijão; cidos até por especialistas em alimentação mundial. O
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do valor nutricional que compõe o nosso prato mais popu-
cafezinho preto com açúcar. lar. Isso mesmo, o “pf”, o “prato feito” que encontramos
em bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na
maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com fei-
1° Parágrafo jão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto.
Decompomos esse prato e identificamos seus prin-
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi- como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos
tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas”
bife com salada além da glicose no cafezinho preto presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à
com açúcar fornecem um completo abastecimento de “cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já
energia somada ao prazer. temos a primeira parte de nosso projeto organizado.
O próximo passo é juntar tudo no primeiro parágra-
2° Parágrafo fo, de maneira organizada, de forma que as ideias sejam
apresentadas em uma sequência que deixe claro ao leitor
sobre o que será falado e também qual será a sequência
É de fundamental importância o consumo de de argumentos que será apresentado para dar credibili-
alimentos ricos no fornecimento de energia para a dade a nossa tese. Veja o modelo do primeiro parágrafo:
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar,
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em Todos sabem o quanto, em nosso país, _____________
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe ____________________. Verifica-se que____________________(,)
da energia própria consumida durante o dia. ___________________ além de _____________________ forne-
cem (ou - resultam, culminam, têm como consequência...)
_________________________________________________________.
3° Parágrafo

Além disso, as proteínas da carne no bife que Compare agora com o parágrafo preenchido com
comemos servem para repor a massa muscular per- a tese e com os argumentos e veja a amarração que
dida durante o trabalho. E somando-se a isso, há as conseguimos:
fibras das verduras e folhas que ajudam no proces- Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida é
samento dos alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a saudável e tem tudo de que os brasileiros necessitam para
possibilidade de reafirmarmos o valor nutricional do o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que os carboidra-
conjunto de alimentos de nosso prato mais tradicional tos no arroz com feijão, as proteínas no bife com salada
e de justificarmos os hábitos desenvolvidos em nossa além da glicose no cafezinho preto com açúcar fornecem
466 cultura culinária. um completo abastecimento de energia somada ao prazer.
A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos 4o Parágrafo:
seguintes, impondo a eles estruturas programadas
com relação lógica de coerência e coesão. Você perce-
berá que a continuidade e a progressão textual foram Ainda convém lembrarmos_________________________
(que é): ________________________________________________
sendo procuradas e construídas para dar evolução ao
___________. Esse _________________________________ para
texto e aos argumentos.
______________________________. Essa (s) _________________
No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase de _________________________________________________________.
apresentação que valoriza o primeiro argumento, depois
fomos completando os espaços em branco que ligavam
os argumentos entre si com relações preestabelecidas Teremos, após preencher o modelo:
de: finalidade ― com a conjunção “para” ―; explicação Ainda convém lembrarmos outro hábito que con-
― com o “que” ― causa ― com a locução “por causa de”. tribui para o sucesso do nosso bem elaborado cardápio
Veja que, para manter a continuidade textual recupe- que é o de tomarmos um cafezinho após as refeições.
rando sempre a ideia central do parágrafo, nos preocu- Esse conjunto da cafeína mais o açúcar reabastece
pamos em acrescentar o pronome demonstrativo “Esse” nosso cérebro de energia desviada para os órgãos pro-
fechando com uma conclusão sobre esse argumento. cessadores da digestão no momento em que comemos.
Essas substâncias reprimem a sonolência típica da
hora do almoço nos mantendo despertos.
É de fundamental importância o_________________
Para os parágrafos de desenvolvimento, também
_______________ para_____________________________________.
Podemos mencionar, por exemplo, ______________que_____
podemos relacionar frases que você poderá escolher
_____________________________, por causa de _____________ para dar originalidade ao seu texto:
___________________________. Esse ________________________
_________________________________________________________. z Ao se examinarem alguns; verifica-se que;
z Pode-se mencionar, por exemplo,
z Em consequência disso; vê-se; a todo instante;
Observe como ficou a sequência completa do z Alguns argumentam que;
segundo parágrafo: z Além disso;
É de fundamental importância o consumo de ali- z Outro fator existente;
mentos ricos no fornecimento de energia para a movi- z Outra preocupação constante;
mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por z Ainda convém lembrar;
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece z Por outro lado;
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra- z Porém; mas; contudo; todavia; no entanto;
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia entretanto.
própria consumida durante o dia.
Lembramos que esses exemplos são apenas suges-
Veja agora uma coletânea de frases que podem tões e que você poderá desenvolver construções que
auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais:
atendam sua necessidade a partir de quando você
for adquirindo experiência com a produção de textos.
É de conhecimento geral que ... Todos sabem que,
Tanto quanto podemos criar padrões para a introdu-
em nosso país, há tempos, observa- se...
Cogita-se, com muita frequência, que... ção e para o desenvolvimento de nossas redações, também
Muito se tem discutido, recentemente, acerca de... podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação.
É de fundamental importância o (a).... Acompanhe a organização de nosso último
Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco- parágrafo.
brir as causas de....
Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual...
Levando-se em consideração esses aspectos __________
Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o ________________________ somos levados a acreditar que___
quarto também seguiram o mesmo princípio quanto _________________________________________________________
às relações de coesão. As conjunções foram posicio- _______________________, mas também____________________.
nadas para dar coerência a quase qualquer tipo de Sendo assim ____________________________________________
argumentação. Veja os parágrafos seguindo suas res- _________________________________________________________.
pectivas estruturas vazias:

3o Parágrafo: Teremos, após preencher o modelo:


Levando-se em consideração esses aspectos
práticos do prato do brasileiro somos levados a acre-
Além disso, ______________________________. E soman- ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
do-se a isso,_________________________ que _____________. zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
Daí__________________________________________________e que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
de______________________________________________________. Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien-
tes nos causará debilidade além de insatisfação.
Os aspectos conclusivos presentes nesse último
Teremos, após preencher o modelo:
REDAÇÃO

Além disso, as proteínas da carne no bife que come- parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se che-
mos servem para repor a massa muscular perdida gou ao final do desenvolvimento da tese inicial. As
durante o trabalho. E somando-se a isso, há as fibras frases em destaque dão força conclusiva ao parágrafo,
das verduras e folhas que ajudam no processamento dos conduzindo a sequência textual a uma possível solu-
alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de ção para os problemas propostos, ou ainda, podem
reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen- gerar simples constatações das verdades idealizadas.
tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os Você também pode contar com uma pequena lista de
hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária. frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa. 467
z Em virtude dos fatos mencionados; Vá observando como as máscaras garantem o
z Por isso tudo; encadeamento das ideias, a coesão entre as orações
z Levando-se em consideração esses aspectos; e a coerência com as várias possibilidades argumen-
z Dessa forma; tativas. A seguir temos mais um exemplo de máscara
z Em vista dos argumentos apresentados;
z Dado o exposto;
MÁSCARA 02
z Por todos esses aspectos;
z Pela observação dos aspectos analisados; Portanto;
1o Parágrafo
logo; então.
Entre os aspectos referentes a _______________.
Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão
______________________ três pontos merecem desta-
com as seguintes frases: que especial. O primeiro é __________________________;
o segundo ________________ e por fim________________
z somos levados a acreditar que;
z é-se levado a acreditar que; 2o Parágrafo
z entendemos que;
z entende-se que; Alguns argumentam que_______________________
z concluímos que; _______________________ para________________________.
z conclui-se que; Isso porque _______________________________. Dessa
z é necessário que; forma______________________________________________.
z faz-se necessário que.
3o Parágrafo
Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e
como se deu a criação da primeira máscara: Outra preocupação constante é _______________
___________________________________, pois____________
MÁSCARA 01
________________________. Como se isso não bastasse,
________________________ que _______________________
1o Parágrafo
____________ Daí _______________________________ que
____________e que__________________________________.
Todos sabem o quanto, em nosso país,_______________
______________Verifica-se que____________________________(,) 4o Parágrafo
__________________________ além de_____________________
_________ fornecem (ou - resultam, culminam, têm como Também merece destaque ______________________
consequência)_________________________________________. o (a) qual __________________________________________
. Diante disso ________________________para que ____
2o Parágrafo ____________________________________________________.

É de fundamental importância o_________________ 5o Parágrafo


_____________________ para ______________________________.
Podemos mencionar, por exemplo,_______________________
que_________________________, por causa de________________
Tendo em vista os aspectos observados __________
_______________. Esse______________________________________. ______________________ só nos resta esperar que ___
______________________________, ou quem saiba ______
3o Parágrafo ____________________________________________________.
Consequentemente_________________________________.
Além disso,________________________________________. E
somando-se a isso,________________________________que_____
_____________________________. Daí_________________________ Sugerimos a você que faça suas primeiras redações
____e de__________________________________________________. baseadas em uma das máscaras prontas, e conforme
forem avançando as aulas, você poderá construir a
4o Parágrafo suas próprias máscaras personalizadas.
Por fim, preparamos uma máscara de organização
Ainda convém lembrarmos__________________ (que é):______ sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se
_______________________. Esse______________________________ organizar.
_______________________para_______________________. Essa(s)
__________________________________________________________.
PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação)
5o Parágrafo
1° Tema: _______________________________________
Levando-se em consideração esses aspectos____________ ____________________________________________________
somos levados a acreditar que___________________________,
mas também_______________________________________ Sendo
assim_____________________________________________________. 2° Tese: ________________________________________

a) ___________________________
Muito bem, agora que vimos o processo de criação
das máscaras, você poderá começar também seu traba- 3°Argumentos
lho de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais b)____________________________
dois outros modelos de máscaras de redação que você c) ____________________________
468 poderá usar como base para suas próprias criações.
z Tipos diferentes de parágrafos de introdução:
4° (1º parágrafo) tese + argumentos
_________________________________________________
„ Declaração inicial: na declaração afirma-se ou
____________________________________________________
nega-se algo de início para em seguida justifi-
____________________________________________________
____________________________________________________ car-se e comprovar-se a assertiva com exem-
____________________________________________________. plos, comparações, testemunhos de autores etc.
Vejamos um exemplo desse tipo de parágrafo
5° (2º parágrafo) justificativas (por que isso aplicado à nossa proposta básica que é o proje-
ocorre?): argumento “a)” + provas e exemplos to arroz-com-feijão. Mais uma vez colocamos a
(mostre casos conhecidos ou dê exemplos seme- estrutura já construída e em seguida a disposi-
lhantes ao seu argumento). ção vazia do parágrafo que poderá ser utilizada
por vocês sempre que desejarem.
6° Construa o parágrafo unindo as informa-
ções anteriores ao argumento “a)”
_________________________________________________ Modelo nº 1
____________________________________________________
____________________________________________________ É fato notório que _____________________________
____________________________________________________ ___________________________________________________
____________________________________________________. ______________. Sabe-se que _______________________
________________________, além da _________________
7° Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágra- __________________________________________________.
fos para os argumentos “b)” e “c)”
Preenchendo o modelo, teremos:
_________________________________________________
____________________________________________________
É fato notório que a alimentação do brasileiro é boa
____________________________________________________
____________________________________________________ e tem tudo de que necessitamos para suprir os desgastes
____________________________________________________. de um dia de trabalho. Sabe-se que os carboidratos do
_________________________________________________ arroz e do feijão, as proteínas do bife e da salada, além
____________________________________________________ da glicose do cafezinho preto com açúcar fornecem um
____________________________________________________ completo abastecimento de energia somada ao prazer.
____________________________________________________.
„ Definição: o parágrafo por definição é enten-
8° Elabore sua conclusão: (confirme sua tese dido como um método preferencialmente
dizendo que, se algum dos argumentos não for didático, pois busca, por intermédio de uma
considerado, a ideia inicial não poderá ser sus- explicação clara e breve, a exposição do signifi-
tentada, ou que os resultados propostos não serão cado de uma ideia, palavra ou de uma expres-
atingidos). são. É a forma de exposição dos diversos lados
pelos quais se pode encarar um assunto. Pode
_________________________________________________ apresentar tanto o significado que o termo car-
____________________________________________________ rega no uso geral quanto aquele que o falante
____________________________________________________ pretende determinar para o propósito do seu
___________________________________________________ discurso.
___________________________________________________.
Uma definição é um enunciado que descreve um
conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos
APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO associados.
PARÁGRAFO DISSERTATIVO Vejam como em nosso parágrafo de exemplo explo-
ramos o conceito global e generalizado sobre o assunto.
Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com Vocês perceberão como o modelo vazio que segue
a estrutura dos textos dissertativos. Para isso traba-
este exemplo traz a indução do assunto a ser defini-
lharemos as várias modalidades de parágrafos que
do. Vale lembrar que, como se trata de uma definição,
podem ser utilizados para a elaboração de uma boa
a base dessa informação deve sustentar-se em uma
dissertação. Mostraremos aqui a continuidade de nos-
verdade consagrada, diferentemente do que vimos
so projeto de máscaras e os vários arranjos que são
possíveis ao construí-las. no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode
basear-se em uma posição pessoal a ser defendida.
z Parágrafo de introdução
Modelo nº 2
O parágrafo de introdução tem como uma de suas
REDAÇÃO

______________________________ é a denominação
funções mais importantes, a de apresentar a tese que dada a ________________________. Essa ____________
será defendida no decorrer da redação. É também ___________________, mas a hipótese mais aceita é
possível e bastante didático que vocês façam uma pré- a de que __________________________________________
via dos argumentos que serão trabalhados na susten- ______. Outra versão afirma que esse ____________
tação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orientado, ____________, que tem origem ____________. O que se
logo de saída, a acompanhar o ritmo do pensamento sabe é que _______________________________________.
de vocês e a sequência das suas argumentações. 469
Preenchendo o modelo, teremos: Observem como isso é simples:
Arroz com feijão é a denominação dada a um pra-
to típico da América Latina. Essa receita não tem uma Modelo nº 4
origem certa, mas a hipótese mais aceita é a de que Desde a época da ________________ sabe-se que
seria fruto de uma combinação do arroz (de origem ___________________________________________________
oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o fei- para ____________________________________. Principal-
jão, que já seria consumido no Brasil pelos índios. Outra mente hoje em dia, reconhece-se que ____________
versão afirma que esse prato foi a união do arroz com _____________________________________________, além
a feijoada, que tem origem africana ou portuguesa. O
de________________________________________________
que se sabe é que, ao longo dos séculos, esse prato foi se
____________________________________________________.
popularizando por todo o país, passando a ser uma par-
te quase que indispensável da refeição dos brasileiros.
„ Divisão: o parágrafo de divisão, processo também Preenchendo o modelo, teremos:
quase que exclusivamente didático, por causa das
suas características de objetividade e clareza, que Desde a época da escravidão no Brasil sabia-se
consiste em apresentar o tópico frasal (frase que que a alimentação dada a esses novos brasileiros era
introduz o parágrafo) sob a forma de divisão ou boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir
discriminação das ideias a serem desenvolvidas os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia
(normalmente a divisão vem precedida por uma principalmente, já se reconhece que os carboidratos
definição, ambas no mesmo parágrafo ou em do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras
parágrafos distintos). Usamos aqui como represen- fornecem um completo abastecimento de energia soma-
tação desse modelo o conceito de silogismo (Um da ao prazer, justificando os hábitos do passado como
silogismo é um termo filosófico com o qual Aris- responsáveis pelo tradição alimentar que preservamos.
tóteles designou a argumentação lógica perfeita,
constituída de três proposições declarativas que se „ Interrogação: A ideia núcleo do parágrafo por
conectam de tal modo que a partir das primeiras interrogação é colocada por intermédio de uma
duas, chamadas premissas, é possível deduzir uma pergunta a qual serve mais como recurso retó-
conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por rico, uma vez que a questão levantada deve ser
Aristóteles em sua obra Analíticos Anteriores. respondida pelo próprio autor. Seu desenvolvi-
mento é feito por intermédio da confecção de
uma resposta à pergunta.
Modelo nº 3
_____________ pode ser representado de duas
maneiras diferentes: ___________ que é ___________ Modelo nº 5
____________ e ___________, que é __________________ Será possível determinar qual é ______________
_______________. Enquanto a primeira ___________se para_____________________________? (Resposta) ______
apresenta __________________. Esta, por sua vez, rea- ____________________________________________________.
liza-se por intermédio de _________________________
____________________________________________________.
Preenchendo o modelo, teremos:

Preenchendo o modelo, teremos: Será possível determinar qual é a melhor combi-


nação de alimentos para atender às necessidades diá-
O silogismo pode ser representado de duas manei- rias de nossa população? Qualquer nutricionista dirá
ras diferentes: silogismo simples que é formado por um que sim, pois alimentos ricos em carboidratos e pro-
único núcleo argumentativo e silogismo composto que é teínas devem compor essa alimentação e não há quase
formado por diversos núcleos argumentativos de elabo- nada mais apropriado do que nosso tradicional prato
ração complexa. Enquanto a primeira teoria se apre- de todos os dias. O arroz com feijão tem as proporções
senta pela estrutura filosófica básica consagrada pela perfeitas para satisfazer essa necessidade que todos
antiguidade. Esta, por sua vez, realiza-se por inter- têm de recomposição de força e de energia.
médio de vários silogismos desenvolvidos para atender
às novas perspectivas de sedução e convencimento. z Parágrafos de desenvolvimento
„ Alusão histórica: a elaboração de um parágra-
fo por alusão histórica é um recurso que desperta Após o primeiro parágrafo que, como já vimos,
sempre a curiosidade do leitor por meio de fatos pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
históricos, lendas, tradições, crendices, anedotas ou cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor-
a acontecimentos de que o autor tenha sido parti- dar os elementos que sustentarão essas afirmações
cipante ou testemunha (desenvolve-se geralmente iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os
por meio da comparação com o presente ou retor- recursos argumentativos que articularão o convenci-
no a ele). A vantagem desse método é o de poder- mento do leitor quanto à tese apresentada.
mos mostrar o desenvolvimento cronológico de
um assunto, expondo sua evolução no tempo. Lem- „ Tipos diferentes de parágrafos de desenvol-
brem-se de que, ao se servirem de um fato histórico vimento: as possibilidades de ordenação do
para sustentar uma tese, a História é a ciência que parágrafo são várias: exploração de aspectos
estuda o homem e sua ação no tempo e no espaço, espaciais e temporais, enumeração de porme-
concomitante à análise de processos e eventos ocor- nores, apresentação de analogia, ou contraste,
ridos no passado - e como ela é uma ciência, tem, por citação de exemplos, apresentação de causas e
470 conseguinte, um grande valor argumentativo. consequências.
„ Desenvolvimento por exploração espacial: ao
Modelo nº 3
argumentar, vocês podem se servir da exposição
Entre os aspectos referentes a__________________
de informações relativas ao lugar em que os fatos
_______________________ três pontos merecem desta-
ocorreram.
que especial. O primeiro é _________________________
__________; o segundo________________ e por fim ____
Modelo nº 1 ____________________________________________________.
A cidade (ou região) em destaque é _____________,
que fica localizada em ____________, região nobre de
________ É aí onde se localiza ______________________ Ao preenchermos o modelo, teremos:
_____________ dessa região. Cercada por uma densa
floresta ___________________, foi bem no centro desse Entre os aspectos referentes à alimentação dos
____________________________________________________. brasileiros, três pontos merecem destaque especial. O
primeiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz
com feijão; o segundo diz respeito às proteínas pre-
Preenchendo o modelo, teremos: sentes no bife com salada e por fim a glicose somada à
cafeína no cafezinho preto com açúcar que fornecem um
completo abastecimento de energia somada ao prazer.
A cidade (ou região) em destaque é Pindaíba da
Serra, que fica localizada em Monte Mole, região
„ Desenvolvimento por exploração de contras-
nobre de Pindorama. É aí onde se localiza uma das te de ideias: na ordenação do parágrafo por
mais belas reservas naturais de paioca-rija, um cipó exposição de contrastes entre si, vocês pode se
medicinal e afrodisíaco muito cobiçado pelos morado- servir de comparações, ideias paralelas, ideias
res dessa região. Cercada por uma densa floresta diferentes e ideias opostas.
de mambutis gigantes, foi bem no centro desse san-
tuário tropical que a próspera cidadezinha se tornou
uma espécie de centro cultural da região por preservar Modelo nº 4
até hoje um dos mais tradicionais rituais de nossa his- Muitos acreditam que __________________________
tória: a sagração da taioba-plus, entidade sagrada e ________________________________________________, por
reverenciada pelos devotos naobilicos. causa da _____________________________. Por outro
lado, sabe-se também que _________________________
„ Desenvolvimento por exploração temporal: ____________________________________________________
nesse modelo o leitor é informado do momen- ________________, quando muitas vezes _____________
to em que os fatos ocorreram com a indicação ____________________________________________________.
de datas e outros aspectos temporais. Pode-se
recorrer nesse momento aos artifícios empre-
gados no próprio parágrafo de alusão histórica, Ao preenchermos o modelo, teremos:
já que este também se serve de referências cro-
nológicas como em: Muitos acreditam que o cafezinho preto com açú-
car pode causar excitação e ansiedade quando consu-
mido em excesso, por causa da cafeína e da glicose
Modelo nº 1 presentes nele. Por outro lado, sabe-se também que
A cidade (ou região) em destaque é ____________, essas substâncias fornecem uma carga suplementar
que fica localizada em ____________, região nobre de de energia nos deixando despertos logo após o almo-
_________. É aí onde se localiza ____________________ ço, quando muitas vezes somos acometidos por uma
__________________ dessa região. Cercada por uma sonolência indesejada.
densa floresta ____________________, foi bem no cen-
tro desse ___________________________________________ Desenvolvimento por exploração de ideias ana-
____________________________________________________. lógicas e comparação: para organização das ideias,
nossos redatores valem-se de expressões que indicam
confronto valendo-se do artifício de contrapor ideias,
seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto
Preenchendo o modelo, teremos:
pode ser de contrastes como de semelhanças. Analo-
gia e comparação são também espécies de confronto:
No passado, quando pensávamos em alimenta-
ção, notávamos que sua relação com a sobrevivência “A analogia é uma semelhança parcial que sugere
era muito maior comparada à que vemos nos nos- uma semelhança oculta, mais completa. Na compara-
sos atuais. Hoje, por outro lado, a qualidade desses ção, as semelhanças são reais, sensíveis numa forma
alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio- verbal própria, em que entram normalmente os cha-
nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resul- mados conectivos de comparação (quanto, como, do
tado disso é que comer, na atualidade, tornou-se que, tal qual)”. – Comunicação em prosa Moderna –
um ritual de bem viver. Othon M. Garcia.
Por exemplo:
REDAÇÃO

„ Desenvolvimento por exploração de porme-


nores ou de enumerações: nesse modelo de
parágrafo, vocês têm por objetivo enumerar Modelo nº 5
características, relacionar aspectos importan- No caso das _______________________, porque cada
tes sobre algum assunto. A apresentação das qual tem seus próprios valores __________________.
ideias pode ser ou não ordenada segundo uma Enquanto a __________________________________, as
ordem de importância. A ordem depende do ________, por sua vez, _____________________________.
que vocês pretendem enfatizar. 471
Ao preenchermos o modelo, teremos: „ Conclusão por síntese ou resumo: o primei-
ro recurso com que trabalharemos será o do
No caso das proteínas do bife e da salada que resumo ou síntese geral. Nesse caso vocês reto-
comemos, seria melhor não generalizar, porque cada mam, resumidamente, aquilo que exploraram
qual tem seus próprios valores para a alimentação. durante o texto:
Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem as
perdas musculares pelo desgaste do dia-a-dia, as verdu-
ras, por sua vez, oferecem as fibras que nos auxiliam Modelo nº 1
no processamento dos alimentos pelo nosso organismo Levando-se em consideração esses aspectos
ajudando na absorção dos nutrientes. __________________ somos levados a acreditar que
não é apenas por ____________________________, mas
„ Desenvolvimento por exploração de causa também _________________________________. Sendo
e consequência: Dentro de uma perspectiva assim_____________________________________________.
lógica e simples devemos compreender causa
como um fator como gerador de problemas e
Ao preenchermos o modelo, teremos:
consequência como os problemas gerados pela
causa. Trabalhar com causas e consequências é
Levando-se em consideração esses aspectos
apresentar os aspectos que levaram ao proble-
práticos do prato do brasileiro, somos levados a acre-
ma discutido e as suas decorrências.
ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Modelo nº 6
É de fundamental importância o ___________ Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingredien-
___________________________________________________ tes nos causará debilidade além de insatisfação.
__________ para___________________. Podemos men-
cionar, por exemplo, ____________________________ „ Conclusão por questionamento: nesse mode-
que____________________, por causa ________________. lo vocês partem de um questionamento para
encerrar seu raciocínio. Mas não se esqueçam
de que vocês não devem colocar em dúvida os
Ao preenchermos o modelo, teremos: argumentos desenvolvidos em sua redação.

É de fundamental importância o consumo de ali-


mentos ricos no fornecimento de energia para a movi- Modelo Nº 2
mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por O que mais há para ser tomado como _________
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece _________________________(?) _______________________
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra- acreditar que ____________________________________
_______________, mas também ____________________
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia
_______________________________(?) Certamente que
própria consumida durante o dia.
sim, pois _________________________________________.
z Parágrafo de conclusão
Preenchendo o modelo, teremos:
A conclusão de uma dissertação é o momento de
se mostrar que o objetivo proposto na introdução foi O que mais há para ser tomado como positivo
atingido. É de fundamental importância que não ocor- e prático no prato dos brasileiros? O que sabemos nos
ra contradição com a tese proposta no início de sua leva a acreditar que não é apenas por prazer que
redação, o que descaracterizaria toda a argumenta- somos seduzidos pela nossa culinária, mas tam-
ção. Vocês, nesse momento, devem fazer uma síntese bém por tudo o que ela nos oferece para a manutenção
geral; ou retomar a ideia inicial, reforçando os pon- de nossa saúde. E a falta desses ingredientes mudará a
tos de partida do raciocínio. Podem também demons- saúde de nossa população? Certamente que sim, pois
trar que uma solução a um problema foi encontrada a carência de tais ingredientes nos causará debilidade
ou que uma proposta de solução pode ser alcança- além de insatisfação.
da, ou ainda que uma resposta a uma pergunta foi
encontrada. „ Conclusão por resposta, solução ou propos-
Esse momento pode também gerar um questio- ta: vocês levantam uma (ou mais) hipóteses ou
namento final, desde que não concorra com suas sugestões do que se deve fazer para transfor-
exposições anteriores. A satisfação do leitor deve ser mar a história mostrada durante o desenrolar
contemplada na conclusão para que ele não se sinta do texto.
frustrado pela expectativa criada quanto ao tema.
Essa volta ao início do texto que a conclusão faz é algo
que chamamos de circularidade. Esse caráter finaliza- Modelo nº 3
dor da conclusão também colabora para a progressão Tendo em vista os aspectos observados sobre
e continuidade textual. _________________, só nos resta esperar que
____________________________. Ou quem saiba ainda
„ Tipos diferentes de parágrafos de conclusão: que ____________________________________ para que
podemos enumerar alguns exemplos de con- ______________________ Consequentemente ________
clusões satisfatórias que todos poderão usar __________________________________________________.
472 em seus textos dissertativos.
Preenchendo o modelo, teremos:
Nova máscara
Tendo em vista os aspectos observados sobre É fato notório que ____________________________
nossa alimentação, só nos resta esperar que se _________. Sabe-se que ___________________________,
garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio. além da ____________________. Entre os aspectos
Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de referentes a ______________________________ três
nossa combinação alimentar para que o mundo saiba pontos merecem destaque especial. O primeiro é
que no Brasil se come bem. Consequentemente será ___________________; o segundo_____________________
possível a qualquer um balancear com eficiência e bai- e por fim ____________________________________.
xo custo do que se põe na mesa de sua casa. No passado, quando pensávamos em __________,
notávamos que ___________________________ era
Agora, pessoal, é começar a criar seus próprios ____________ comparada à que vemos recentemen-
arranjos e utilizar essas técnicas para compor reda- te. Hoje, por outro lado, _________________________
ções eficientes que garantam seu sucesso em qualquer tornaram-se _________________. O resultado
tipo de concurso que peça a vocês um posicionamento disso é que ______, na atualidade, tornou-se
específico sobre qualquer tema. __________________________. Muitos acreditam que
________________________________, por causa da
Construindo as Máscaras de Redação __________________________. Por outro lado, sabe-
-se também que _________________, quando muitas
Vamos agora montar nosso quebra-cabeças? Veja vezes _______________. Levando-se em considera-
como arranjamos os modelos de maneiras diferentes. ção esses aspectos _________________ somos levados
a acreditar que não é apenas por _________________
z Modelo n° 1: Introdução (declaração inicial) ______________, mas também _____________________.
Sendo assim _____________________________________.

É fato notório que ____________________________ Observe que fizemos a opção por abrir nossa reda-
__________________________________________. Sabe-se ção com uma declaração inicial. Como abordamos um
que _____________________________________________,
tema geral, sem uma relevância científica notória e
além da __________________________________________.
que representa na verdade um conhecimento cultural
somado às observações de médicos e nutricionistas,
z Modelo n° 2: desenvolvimento (pormenores ou a declaração foi a melhor alternativa, já que não se
de enumerações) compromete com a obrigatoriedade de recorrência a
uma fonte de conhecimento referencial.
Em seguida, arranjamos os parágrafos de desen-
Entre os aspectos referentes a ___________________ volvimento mesclando os vários modelos apresen-
três pontos merecem destaque especial. O primei- tados anteriormente. Ao mesmo tempo em que eles
ro é ___________________________________; o segundo nos ofereciam diversas alternativas para a estrutura-
_________________ e por fim ________________________. ção de nosso projeto, também nos orientavam dando
caminhos a seguir na argumentação. É como se mon-
Modelo nº 2: desenvolvimento (temporal) tássemos realmente um quebra-cabeça.
No passado, quando pensávamos em _______, Escolhemos três modelos diferentes de parágrafos
notávamos que ___________________. era ____________ de desenvolvimento para esse projeto. Por enume-
comparada à que vemos recentemente . Hoje, por rações, o temporal e o por contraste. Forçamos um
outro lado, _______________________________ torna- pouco a barra, primeiro criando a máscara para, só
ram-se _____________. O resultado disso é que ______, depois, completar nossa redação. Afinal de contas,
na atualidade, tornou-se _________________________. essa é a vantagem do projeto de máscaras.
Vejam como ficou:
z Modelo n° 3: desenvolvimento (contraste de
ideias) É fato notório que a comida dos brasileiros é mui-
to boa e tem tudo de que eles necessitam para o seu
longo dia de trabalho. Sabe-se que o arroz-com-feijão
Muitos acreditam que ________________________ nos fornece um completo abastecimento de energia
_________________________________________, por cau- somado ao prazer.
sa da ____________________________. Por outro lado, Entre os aspectos referentes a esse par con-
sabe-se também que______________________________ siderado completo que é o arroz com feijão, três
_______________, quando muitas vezes _____________. pontos merecem destaque especial. O primeiro
está na riqueza de carboidratos presentes nele e que
nos reabastece repondo a energia consumida duran-
z Modelo n° 4: conclusão (síntese ou resumo)
REDAÇÃO

te o dia; o segundo nos reporta ao sabor exótico e


marcante que o alimento oferece, tornando-o sem-
pre uma escolha positiva quanto ao prazer e por fim
Levando-se em consideração esses aspectos deve-se levar em conta a vantagem do baixo custo
______________ somos levados a acreditar que não é dessa combinação se comparado a outros alimen-
apenas por _________________________________, mas tos também computados como importantes para a
também____________. Sendo assim________________. composição de uma alimentação rica.
473
z Atenção para os temas de caráter social, ambiental
No passado, quando pensávamos em alimen- ou que estão relacionados aos direitos humanos: o
tação, notávamos que sua relação com sobrevi- tema da redação sempre aborda algo relacionado
vência era muito maior comparada à que vemos a alguma parcela da sociedade ou ao meio ambien-
recentemente. Hoje, por outro lado, a qualidade te. Nesse caso, a temática sempre está relacionada
desses alimentos e a qualidade da saúde que eles pro- a algum problema social ou ambiental recente ou
porcionam tornaram-se o foco desse pensamento. que perdura até os dias atuais;
O resultado disso é que comer, na atualidade, z Alguns grupos sociais ainda não protagonizaram
tornou-se um ritual de bem viver.
a redação do Enem. São eles: indígenas; idosos;
Muitos acreditam que a comida presente em
homossexuais (preconceito e dificuldades); juven-
nossas mesas é uma das mais saudáveis do mun-
tude e suas demandas; pessoas que sofrem com o
do, por causa da sua variedade e equilíbrio. Por
outro lado, sabe-se também que poderá engor- preconceito linguístico (algumas regiões do país);
dar, quando muitas vezes for consumida sem z Seu conhecimento prévio e sua opinião pessoal
medida, com inspiração apenas no sabor e no pra- serão essenciais para construir os argumentos,
zer que oferece. portanto, é importante saber o que está aconte-
Levando-se em consideração esses aspectos cendo no mundo e em nosso país. Assista jornais,
práticos do prato do brasileiro somos levados a leia sites de notícias e artigos científicos; eles serão
acreditar que não é apenas por prazer que somos úteis mesmo que não sejam exatamente sobre o
seduzidos pela nossa culinária, mas também por tema da redação, pois farão parte do seu repertó-
tudo o que ela nos oferece para a manutenção de rio para desenvolver melhor o texto;
nossa saúde. Sendo assim, concluímos que a falta z Fique atento aos temas polêmicos, mas não esque-
desse ingrediente em nossa mesa nos causará debili- ça das temáticas que não viraram manchete: nem
dade além de insatisfação. sempre os assuntos que estão em alta caem na
redação do Enem.

Com esses modelos apresentados, desejamos mos- A IMPORTÂNCIA DE LIDAR COM O TEMPO DE
trar como é possível programar e treinar nossos tra- PROVA
balhos de redação se exercitarmos essas habilidades.
Porém, é de fundamental importância que você bus- Além de ser uma prova de conhecimentos, o Enem
que ou crie um modelo de máscara com o qual você é uma avaliação psicológica, pois são muitas questões e
mais se identifique. Isso para que, no momento de mais a redação para produzir dentro de um curto espa-
produção de sua redação, principalmente se ocorrer ço de tempo. Soma-se a isso toda a carga emocional que
durante uma prova de concurso, você já esteja orga- envolve esse exame, geralmente realizado por jovens que
nizado. Com isso, espera-se que vocês tenham a van- não têm muita experiência. Calcular o tempo faz parte
tagem de partir direto para a elaboração de seu texto das ações que você pode tomar para fazer uma prova
sem ter de ficar parados buscando inspiração em um melhor. A seguir, temos alguns conselhos nesse sentido:
momento em que todo segundo é importante.
z Não necessariamente a redação deve ser feita ao
fim da prova. Antes do exame, faça simulados, cal-
cule seu tempo e teste várias formas de executar a
redação: antes das questões, entre as questões ou
DICAS PARA UMA REDAÇÃO NOTA ao fim delas. Cada um precisa encontrar seu tempo
e estilo. Não copie cronogramas dos outros, estabe-
1000 leça um que faça sentido pra você;
z Organizar as ideias antes de escrever pode parecer
SOBRE OS TEMAS DA REDAÇÃO DO ENEM
perda de tempo, mas na verdade te ajuda a ganhar
tempo, porque seu cérebro já sabe o que precisa
Acertar o tema da redação do Enem é possível, mas escrever em cada parte do texto;
é algo muito difícil, por isso, você deve estar prepa- z Como já mencionamos, o Enem é uma prova tam-
rado para escrever sobre qualquer tema. No entanto, bém psicológica. Mesmo diante de um tema que
existem alguns assuntos aos quais podemos dar mais você não domina completamente, tente manter a
atenção, por serem recorrentes. calma para colocar em prática tudo o que estudou
e treinou.
z O primeiro e mais importante aspecto é: praticar
produção textual é essencial para adaptarmos a COMPETÊNCIAS EXIGIDAS PELA AVALIAÇÃO
nossa escrita a qualquer tema. Crie um cronogra-
ma de temas e estabeleça a produção de uma ou Competência 1: Demonstrar conhecimento e
duas redações por semana. É clichê, mas a prática domínio da modalidade escrita da língua portuguesa.
leva à perfeição; Revise bem o material relativo aos aspectos lin-
z A temática presente na redação do Enem é volta- guísticos da língua portuguesa e estude também a
ortografia das palavras. Em caso de dúvida sobre a
da para a realidade brasileira. O assunto pode ser
grafia de uma palavra, procure outra com mesmo sig-
pauta também em outros países, mas seus exem-
nificado para não errar na escrita. Cada palavra escri-
plos e argumentos devem estar baseados na reali- ta errada implica em menos pontos para você.
dade brasileira. Cuidado! Evite também a repetição de palavras dentro do
z Os temas anteriores jamais são repetidos, ou seja, mesmo parágrafo ou muitas vezes dentro do texto
você deve saber quais são os últimos temas para como um todo. Mostre ao avaliador que você tem um
474 não dedicar muito tempo para estudar esses temas; bom repertório de vocabulário e conectores.
Competência 2: Compreender o tema da redação z O tema é abordado de forma completa já no pri-
e dissertar sobre ele abrangendo conceitos presentes meiro parágrafo, no qual o participante aponta que
em várias áreas do conhecimento. a arte cinematográfica deve ser democratizada.
Faça o maior número de redações possíveis antes Há, também, repertório sociocultural utilizado de
e na hora da prova leia com calma a proposta, ana- maneira produtiva e pertinente à discussão no pri-
lise os textos motivadores e lembre-se de tudo o que meiro parágrafo, com a referência ao que é postula-
conhece e pode ser usado naquele contexto. Nem sem- do pelo filósofo David Hume para relacionar o poder
pre um tema sobre saúde exige conhecimentos ape- de pensamento do ser humano a sua capacidade de
nas da área da saúde, pode também abranger outras transpor ideias por meio do cinema, por exemplo;
áreas do conhecimento. z No segundo parágrafo, o participante aborda o
Competência 3: Para defender seu ponto de vista, potencial lúdico do cinema, mencionando a obra
é necessário selecionar, relacionar, analisar, reconhe- de Johan Huizinga. Por fim, no terceiro parágrafo,
cer fatos e opiniões.
ele se vale da Constituição Federal para afirmar que
Para mostrar seus argumentos com clareza, é
todos têm direito aos bens artísticos, o que não ocor-
essencial que você consiga abordar fatos e opiniões
re na prática, de acordo com pesquisas do IPHAN;
de forma objetiva e coerente. Além de expor seu pon-
to de vista, seja coerente e coeso ao defendê-los. Antes z O projeto de texto apresentado ao longo da redação
de começar a escrever o texto, selecione as melhores é considerado estratégico porque há uma organi-
ideias e os aspectos que deseja abordar para conven- zação clara e um desenvolvimento consistente da
cer o leitor. É preciso saber transmitir ao corretor que redação. Isso se deve ao fato de que o participante
suas ideias estão coerentes e que o texto foi planejado apresenta informações, fatos e opiniões relaciona-
conscientemente de acordo com as ideias e os argu- dos ao tema proposto para defender seu ponto de
mentos selecionados. vista de que o acesso ao cinema deve ser democra-
Competência 4: Demonstrar conhecimento dos tizado, por razões relacionadas tanto à sociedade
mecanismos linguísticos necessários para a constru- quanto às leis;
ção da argumentação. z Em relação à sociedade, o participante aponta a
Dentre os mecanismos linguísticos mais impor- importância do cinema como elemento lúdico, que
tantes para a construção de um bom texto, podemos proporciona bem-estar e coesão da comunidade.
destacar a coesão. Para se sair bem nesse critério de Já em relação às leis, ele apresenta o artigo 215 da
avaliação, é necessário que o texto tenha uma boa Constituição Federal, segundo o qual o acesso a bens
estrutura de parágrafos e períodos que possibilitem a culturais é um direito de todos. No entanto, ele afir-
conexão das ideias. Além disso, use as citações corre- ma que esse direito não é garantido, uma vez que
tamente e marcadas por aspas, quando necessário. O existe uma distribuição irregular das práticas artís-
uso de conjunções para ligar as orações é primordial; ticas, incluindo o cinema. Por fim, propõe uma solu-
mostre ao corretor que você consegue utilizar as con- ção para alcançar a democratização efetivamente;
junções de forma correta e harmônica. z Quanto à coesão, observa-se, nessa redação, um
Competência 5: Elaborar proposta de intervenção repertório diversificado de recursos coesivos,
para o problema abordado, respeitando os direitos sem inadequações. Há articulação tanto entre os
humanos. parágrafos (“Em segundo lugar”, “Por fim”) quan-
Na conclusão, você deve apresentar a proposta
to entre as ideias dentro de um mesmo parágrafo
de intervenção. Um erro dos candidatos é usar uma
(como “Sob essa ótica”, “de modo a” e “Diante dis-
proposta incluindo algo que desrespeite os direi-
so”, no 1º parágrafo; “o qual”, “pois” e “portanto”,
tos humanos, como punições extremas e/ou pena de
no 2º parágrafo; “Contudo” e “uma vez que”, no 3º
morte. Além disso, você não deve apresentar uma
proposta que seja tipificada como crime para as leis parágrafo; e “Sendo assim” e “Dessa forma”, no 4º
brasileiras. Sobre a violência contra as crianças, por parágrafo);
exemplo, o que precisamos fazer para combatê-la? z Por fim, o participante elabora proposta de inter-
Entender sobre leis e ministérios pode ajudar na fun- venção muito boa: concreta, detalhada, articulada
damentação da resposta se for algo que envolve o à discussão desenvolvida no texto e que respeita os
poder público, por isso a leitura ao decorrer do ano é direitos humanos. A proposta apresentada reforça
tão importante na hora de produzir um texto como a o papel do Governo de garantir o direito previsto
redação do Enem. na Constituição, propondo que seja elaborado um
plano de incentivo à prática cinematográfica.
ANÁLISE DOS AVALIADORES
Esperamos que os aspectos comentados aqui auxi-
z O participante demonstra excelente domínio da liem-no em sua redação e que você possa colocar em
modalidade escrita formal da língua portuguesa, prática tudo o que aprendeu! Boa prova!
uma vez que a estrutura sintática é excelente e há
apenas um desvio no trecho “habilidade que o per-
mite ver aquilo que nunca foi visto e ouvir aquilo
que nunca foi ouvido” (1º parágrafo), em que deve-
ria ter empregado o pronome “lhe”, e não “o”;
ANOTAÇÕES
z Com relação aos princípios da estruturação do
REDAÇÃO

texto dissertativo-argumentativo, percebe-se


que a redação do participante apresenta intro-
dução em que dá início à discussão, desenvol-
vimento com justificativas que comprovam seu
ponto de vista e conclusão que encerra a discus-
são, demonstrando excelente domínio do texto
dissertativo-argumentativo;
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