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Enem

SUPERGUIA ATUALIZADO
ATÉ O ENEM

2019
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experientes na área
Enem
SUPERGUIA
Superguia Enem Geografia e História - Edição 3 - 2018 – ISBN 978-85-8246-812-8
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Conteúdo produzido por

Edição de Conteúdo: Mara Magaña


Coordenação Editorial: Juliana Klein
Supervisão Geral: Angel Fragallo
Revisão: Adriana Giusti
Ilustrações: Bruno Castro
INTRODUÇÃO

APRESENTAÇÃO
O Exame Nacional do Ensino Médio, conhecido dados do Inep, mais de 5,5 milhões de estudantes
popularmente como Enem, foi criado no ano de tiveram suas inscrições confirmadas para realizar
1998 a fim de avaliar habilidades básicas dos a prova nos dias quatro e 11 de novembro.

Números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, vinculado ao Ministério da Educação – MEC.
estudantes brasileiros. E, com o passar do tempo,
Com a reformulação da prova feita em 2009,
a prova acabou se tornando um dos principais
cresceu o número de faculdades que passaram
meios de se ingressar em uma universidade e,
a aceitar o exame como meio de ingresso em
assim, conquistar o diploma do Ensino Superior.
seus cursos. Por isso, quem prestou o Enem
Para isso, os alunos que prestam a avaliação
2017 concorreu a 239.601 vagas referentes a
podem, caso atinjam uma determinada nota,
130 instituições públicas de Ensino Superior,
optar por entrar em uma instituição pública
tanto federais quanto estaduais, para o primeiro
que aceite os resultados do Enem no processo
semestre de 2018. Lembrando que a relação de
seletivo ou, ainda, uma faculdade particular pelo
quantidade de vagas e instituições disponíveis
Programa Universidade Para Todos, o ProUni.
é realizada pelo Sistema de Seleção Unificada
Conforme informa o edital: “Os resultados
(Sisu), podendo ser acessada em sisu.mec.gov.br.
do Enem 2018 poderão ser utilizados como
mecanismo único, alternativo ou complementar Nesta coleção SUPERGUIA ENEM, preparamos
de acesso à educação superior, desde que exista o conteúdo necessário para o aluno que deseja
adesão por parte das Instituições de Educação garantir uma das 239.601 vagas disponíveis,
Superior (IES). A adesão não supre a faculdade buscando reforçar tudo aquilo que aprendeu em
legal concedida a órgãos públicos e a sala de aula ou estudando em casa. Nas próximas
instituições de ensino de estabelecer regras páginas, você poderá conferir uma seleção
próprias de processo seletivo para ingresso na das principais teorias explicadas e exercícios
educação superior”. comentados por professores especialistas.
Ao todo, são seis apostilas que abrangem os
Para se ter uma ideia da importância
temas trabalhados no Enem: Ciências Humanas
dessa alternativa para alcançar uma vaga
e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e
na universidade, 7.603.290 de pessoas se
suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas
inscreveram no Enem de 2017, superando a
Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias.
estimativa do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de Em cada edição você encontrará dicas especiais
7,5 milhões de inscritos. Deste número, 59,3% já e teorias bem explicadas que vão abrir caminho
concluíram o Ensino Médio, 31,9% completariam para seu ingresso no Ensino Superior, garantindo
o nível escolar em 2017 e 7,8% finalizariam uma posição de destaque no mundo profissional.
posteriormente. Na edição de 2018, segundo Bons estudos!

SE Geografia e História 2018 | 5


DICAS
PARA A
REVISÃO
1 Organize sua rotina de estudos e, se necessário, faça um cronograma para não deixar
passar nenhum conteúdo e conseguir dar conta das atividades cotidianas.

2 Livre-se de distrações na hora dos estudos. Celular, redes sociais, televisão ou


rádio podem ser empecilhos para a concentração e o foco.

3 Faça simulados ou provas de anos anteriores. Dessa forma, você ficará


habituado com o estilo da avaliação e não terá surpresas na hora.

4
Treine seu tempo, pois a prova é longa e o período para sua realização é curto. Em 2018, no
primeiro domingo de exame, os candidatos terão cinco horas e meia para a realização das 90
questões de linguagens e ciências humanas, além da redação. No segundo, serão 30 minutos a
mais do que em 2017: cinco horas para as 90 perguntas de matemática e ciências da natureza.

5 Foque no seu objetivo. Tenha consciência da nota necessária para ingressar na


universidade e curso desejados, assim poderá se esforçar visando sua meta.

6 Leia os enunciados com atenção. Interpretar aquilo o que se pede na pergunta é


essencial para escolher a resposta certa.

7 Responda primeiro às perguntas mais fáceis, aquelas que você sabe a opção correta.

8 Leia. O hábito da leitura constrói um vocabulário melhor, auxilia a interpretação de


texto e desenvolve o raciocínio crítico.

9 Mantenha-se informado. Notícias atuais são temas de redação em potencial.

10 Descanse e durma bem. A mente precisa de um tempo para que os conteúdos


sejam assimilados.
GEOGRAFIA GILBERTO C. CARVALHOSO
Graduado em Geografia pela PUCRS, mestrando em Sustentabilidade pela
Universidade Nove de Julho.

SUMÁRIO
Geografia Geral Geografia do Brasil
1. Representações cartográficas........ 8 1. Região e regionalização................... 22
2. Relevo.................................................. 10 2. Relevo.................................................. 24
3. Hidrografia.......................................... 11 3. Clima.................................................... 25
4. Tipos climáticos mundiais............... 12 4. Indústria.............................................. 27
5. Biomas mundiais............................... 12 5. Urbanização e população................ 28
6. Espaço mundial: indústria............... 13 6. Recursos energéticos....................... 30
7. População........................................... 14 7. Agropecuária...................................... 31
8. Recursos energéticos....................... 15 Bibliografia................................................ 32
9. Agropecuária...................................... 16 Execícios.................................................... 33
10. Globalização e blocos econômicos... 17 Gabarito e comentários.......................... 41
11. América anglo-saxônica.............. 18
12. Europa.............................................. 19
13. Ásia................................................... 20
14. África................................................ 20
GEOGRAFIA GERAL O início do verão no hemisfério norte marca o solstício
de verão nesse hemisfério, momento em que os raios sola-
1. REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS res incidem perpendicularmente sobre o Trópico de Câncer;
A cartografia realiza estudos de observação direta ou de esse dia corresponde ao solstício de inverno no hemisfério
análise de documentação para elaborar mapas, cartas ou sul. O início do verão no hemisfério sul marca o solstício de
outras formas de representação de fenômenos, elementos, verão nesse hemisfério, momento em que os raios solares in-
objetos ou ambientes físicos e socioeconômicos. A interpre- cidem perpendicularmente sobre o Trópico de Capricórnio.
tação desse material produzido é fundamental para que se É solstício de inverno no hemisfério norte.
conheça e utilize um território.
Próximo a 21 de março, tem início a primavera no he-
misfério norte e o outono no hemisfério sul, enquanto
aproximadamente em 23 de setembro começa o outono
A Terra e seus movimentos no hemisfério norte e a primavera no hemisfério sul. São
O movimento realizado pela Terra ao redor do Sol é de-
os equinócios, momentos em que os dois hemisférios re-
nominado translação e se completa num período apro-
cebem a mesma quantidade de energia solar. Nessas datas,
ximado de 365 dias e 6 horas. Esse movimento, somado à
os raios solares atingem perpendicularmente a Terra junto à
inclinação do eixo do planeta, resulta nas estações do ano.
linha do Equador.
O eixo terrestre é inclinado 23º 27’ em relação ao plano
Outro movimento importante realizado pela Terra é o de
de sua órbita ao redor do Sol. A inclinação do eixo da Terra
rotação, caracterizado pelo giro do planeta ao redor de seu
faz com que as estações do ano sejam diferentes nos hemis-
próprio eixo, de oeste para leste. Com duração aproximada
férios norte e sul. Aproximadamente no dia 21 de junho, tem
de 24 horas, é responsável pelos dias e pelas noites.
início o verão no hemisfério norte e o inverno no hemisfério
sul. Já perto do dia 21 de dezembro começa o inverno no Ao se dividir o planeta em 24 fusos, a cada 15º de longitu-
hemisfério norte e o verão no hemisfério sul. de ocorre a variação de 1 hora entre as localidades da Terra.

Fuso horário civil


O meridiano de Greenwich, que passa por Londres, é Os mapas topográficos representam a posição altimé-
usado como referência para o cálculo dos diferentes horá- trica e planimétrica de elementos do espaço geográfico. Os
rios existentes no planeta. mapas temáticos representam informações sobre um deter-
minado fenômeno geográfico, quer sejam naturais (clima,
vegetação, por exemplo), sociais (analfabetismo, guerras
A Terra e suas representações civis, etc.) ou econômicos (indústrias, produção).
Os mapas são formas gráficas por meio das quais se re- Os mapas são representações com forte caráter ideológi-
presentam elementos que compõem a paisagem geográfi- co. Podem omitir informações consideradas confidenciais e
ca. Para isso, são utilizados símbolos, que localizam no es- são fontes de poder, uma vez que subsidiam ações militares,
paço aspectos físicos, sociais e econômicos. Eles traduzem a divisões de territórios e até políticas públicas de desenvolvi-
visão de mundo de determinada época. mento econômico, agrícola, entre outros).

Municípios brasileiros que indicaram desmatamento e/ou queimadas afetando as condições de vida e/ou
alterando a paisagem, com destaque para a Amazônia Legal, o Arco do Desmatamento e a BR-163 - Brasil - 2002

Fonte: https://ww2.Ibge.Gov.Br/home/presidencia/no-
ticias/images/mapa21.Pdf <acesso em 03 jul 2018>

Escalas e coordenadas geográficas relação é explicitada mediante linha graduada. O sistema


Todo mapa transpõe a realidade do terreno para o papel.
de coordenadas geográficas permite localizar um ponto na
Portanto, pressupõe uma redução dos elementos presentes
superfície da Terra a partir da latitude e da longitude. A lati-
no espaço geográfico. O valor numérico que expressa essa
tude é calculada a partir dos paralelos – linhas que vão do
redução é a escala.
Equador (0º) aos polos (90º). A longitude é calculada a partir
As escalas pequenas mostram áreas muito extensas, com dos meridianos − linhas situadas entre o semicírculo do me-
pequeno grau de detalhamento. As escalas grandes mostram ridiano de Greenwich e o meridiano oposto, localizado do
áreas pequenas, com grande detalhamento. Assim, uma plan- outro lado da Terra (18º).
ta arquitetônica trará mais detalhes do que uma carta topo-
Hoje existe um sistema preciso de localização conhecido
gráfica e esta, mais detalhes do que um planisfério.
como GPS (Global Positioning System). A partir das informa-
As escalas podem ser numéricas, quando a proporção ções de uma rede de satélites, o aparelho receptor calcula
é indicada por meio de uma fração, ou gráficas, quando a com grande precisão latitudes, longitudes e altitudes, o que
permite a localização de estradas, avenidas, rios e até mes- (quando surgem as rochas intrusivas, como o granito);
mo de objetos, parados ou em movimento. • As rochas sedimentares constituem-se devido à depo-
sição de sedimentos de outras rochas pela ação do intem-
perismo. Esse material acumulado sofre uma compactação
2. RELEVO conhecida como diagênese. É comum nesse tipo de rocha a
As diferentes feições geomorfológicas são formadas a partir
presença de camadas. O arenito e o carvão são exemplos de
da interação da estrutura geológica existente combinada com
rochas sedimentares;
a ação dos agentes internos e externos. Assim, forma-se um re-
levo, que apresenta uma transformação e dinâmicas contínuas. • As rochas metamórficas formam-se quando rochas íg-
neas ou sedimentares passam por processos de transforma-
ção causados por mudanças de temperatura ou pressão. Os
O interior da Terra minerais modificam-se e sofrem rearranjos em suas estru-
Nosso planeta sofreu resfriamento parcial. Com isso, for- turas físico-químicas. O mármore e o gnaisse são exemplos
mou-se na superfície uma camada rígida chamada de crosta desse tipo de rocha.
ou litosfera. Abaixo da crosta, há uma camada de magma
incandescente, o manto. Este é subdividido em camadas,
Forças endógenas ou agentes internos
sendo que a superior é conhecida como astenosfera. Nela,
São mecanismos internos do planeta associados aos movi-
ocorrem correntes de convecção de magma, responsáveis
mentos das placas tectônicas. Essas placas são partes da litos-
pela movimentação das placas tectônicas. Há, ainda, uma
fera e se movimentam devido à ação da astenosfera. A teoria
terceira camada conhecida como núcleo.
tectônica de placas baseia-se nesse princípio. A chamada teoria
da deriva continental foi desenvolvida a partir da análise do en-
Estrutura e história geológica caixe perfeito entre a costa da América do Sul e a da África.
A Terra surgiu há cerca de 4,6 bilhões de anos. A partir de
estudos de fósseis e de métodos de datação de rochas e mi- As placas realizam movimentos horizontais, denomina-
nerais, foi possível resgatar os principais eventos geológicos dos orogênese, e movimentos verticais, conhecidos como
ocorridos durante a formação do planeta. A crosta é forma- epirogênese. No primeiro, as rochas sofrem pressões tec-
da por minerais e rochas. Toda rocha é um aglomerado de tônicas que dão origem a dobramentos, enquanto os mo-
minerais constituídos de elementos químicos que podem se vimentos epirogenéticos provocam a formação de sistemas
combinar das mais diferentes formas. As rochas originam-se de falhas na crosta terrestre.
por meio de diferentes processos: Áreas situadas nos limites entre as placas são de grande
• As rochas magmáticas ou ígneas formam-se a partir instabilidade tectônica e estão sujeitas a terremotos,
do resfriamento do magma. Esse processo pode ocorrer na vulcões e maremotos (que podem levar à ocorrência de tsu-
superfície da crosta (quando se formam rochas extrusivas, namis). Além disso, nessas áreas, ocorre a formação de mon-
como o basalto) ou em áreas mais profundas da litosfera tanhas, dorsais e fossas submarinas.

Ações de placas tectônicas


e vulcões ativos

Fonte: http://portaldopro-
fessor.Mec.Gov.Br/storage/
discovirtual/galerias/ima-
gem/0000001806/0000021652.
Jpg <acesso em 03 jul 2018>
Forças exógenas ou agentes externos Ciclo hidrológico
Há diversos agentes que modificam o relevo: A transferência da água de um lugar para outro da Terra
• rios: carregam grande quantidade de sedimentos for- ocorre por meio do ciclo hidrológico. A água da superfície
mando deltas ou estuários em sua desembocadura; volta para a atmosfera mediante evapotranspiração. O vapor
da atmosfera, por sua vez, sofre processos de condensação
• erosão fluvial: esculpe vales em formato de V e cânions; e retorna sob a forma de precipitações, que ocorrem sobre
• chuvas: causa deslizamentos de encostas, e as enxurra- superfícies líquidas ou continentais.
das causam erosão laminar; A água é um recurso renovável, mas pouco disponível.
• mar: forma falésias, praias, restingas e tômbolos; Seu uso inadequado tem criado situações de estresse hídri-
co, no qual a necessidade de retirada de água do ambiente
• geleiras: esculpem vales profundos em formato de U, é maior do que a disponibilidade do local. Somado a isso,
conhecidos como fiordes. Sua ação é bastante intensa e o ações como o desmatamento alteram o ciclo hidrológico e
arraste de material pelas geleiras possibilita a formação de tornam o ar mais seco. A contaminação dos mananciais por
depósitos conhecidos como morainas ou morenas. A Terra poluentes causa a degradação dos recursos hídricos.
passou por várias glaciações que deixaram marcas dessa
erosão glaciária nas rochas; O consumo excessivo da água acontece em áreas urba-
nas, áreas de concentração industrial e áreas destinadas à
• vento: constrói dunas de areia. Atuação mais intensa agropecuária. Há uma desigualdade na distribuição da água
em áreas de climas árido e semiárido; pelo planeta − o Oriente Médio é a região mais duramente
• ação antrópica: seres humanos podem destruir morros, afetada por sua escassez.
represar rios, explodir rochedos, etc.

Águas doces
As formas de relevo Os rios são fluxos de água concentrados em vales. Sua
Montanhas recentes formaram-se no período terciário origem está relacionada a fontes de água subterrânea (que
da era cenozoica e resultam da ação tectônica. Já os planal- originam nascentes), ao transbordamento de lagos e ao der-
tos são relevos antigos, expostos a intenso processo de ero- retimento de neve e geleiras. A origem das águas de um rio
são. Possuem diferentes formas devido aos variados tipos determina seu regime, que pode ser pluvial, lacustre ou nival.
de rocha que os formaram. Há chapadas, escarpas, cuestas, As bacias hidrográficas correspondem ao conjunto de
entre outros. terras banhadas por um rio principal e seus afluentes. As
As planícies são relevos jovens, resultantes dos proces- nascentes de uma ou mais bacias hidrográficas ocorrem nos
sos de deposição sedimentar. Podem ser: centros dispersores de águas, situados em altitudes mais
elevadas. Elevações topográficas conhecidas como divisores
• fluviais - formadas por depósitos de rios; de água separam as bacias hidrográficas.
• costeiras (resultam da sedi-
mentação marinha) ou lacustres Suprimento de água no mundo
(material acumulado por um lago).
As depressões são chamadas
de absolutas quando se situam
abaixo do nível do mar. Se forem
mais baixas do que o relevo que
as circundam, são chamadas de
relativas.

3. HIDROGRAFIA
A água está em toda parte na
Terra, mas 97,5% dela está nos
oceanos. Quase a totalidade do
restante está congelada, então, o
pouco que sobra está nos rios, la-
gos e parte subterrânea. Apenas
0,4% encontra-se na superfície
da atmosfera.
As bacias hidrográficas que correm para o mar são cha- cipitação no verão, e o tropical litorâneo tem chuvas bem
madas exorreicas. Quando deságuam no interior de países distribuídas ao longo do ano.
ou continentes, são denominadas endorreicas; nas áreas de-
Na zona temperada, estão presentes climas com tempe-
sérticas, quando não se estruturam na forma de bacias devi-
raturas amenas e estações do ano bem marcadas.
do à presença de rios intermitentes, são chamadas arreicas.
Há uma variação significativa das precipitações: o tem-
Os rios correm no chamado leito menor, mas suas águas
perado oceânico apresenta chuvas bem distribuídas ao
podem ocupar durante as cheias a planície de inundação,
longo do ano; o temperado continental, precipitações mais
denominada leito maior. O curso de um rio pode ser dividido
reduzidas e maior rigor térmico no inverno, além da maior
em três: alto curso, próximo à nascente; médio curso; e baixo
amplitude térmica dessa zona; o mediterrâneo é marcado
curso, situado próximo à foz. Também chamada de desem-
pela escassez de chuvas no verão.
bocadura, a foz pode ocorrer em estuário ou delta. Os locais
à montante de um rio situam-se próximos da nascente e os Nas maiores latitudes, há climas marcados por baixas
à jusante localizam-se perto da foz. temperaturas ao longo do ano. Especialmente no clima po-
lar, ocorrem recordes no inverno, com o registro de tempe-
raturas inferiores a –35 ºC.
4. TIPOS CLIMÁTICOS MUNDIAIS
Tempo e clima são conceitos diferentes. O primeiro re- Nos climas azonais, os desertos, que podem ser quen-
presenta um estado momentâneo da atmosfera, enquanto tes ou frios, caracterizam-se por baixas precipitações ao
o segundo relaciona-se à ocorrência mais comum de tipos longo do ano e grandes oscilações térmicas diárias. Já os
de tempo de uma determinada localidade por, no mínimo, climas frios de montanha formam-se em função das gran-
30 anos. des altitudes. É frequente a presença de neve no topo dos
picos mais elevados.
Envolta pela atmosfera, a Terra apresenta uma camada
gasosa cuja finalidade é proteger o planeta de radiação solar
excessiva. O nitrogênio compõe 78% das camadas mais bai-
Mudanças climáticas
xas da atmosfera; o oxigênio, gás fundamental para a exis-
Ao longo da história geológica da Terra, ocorreram diver-
tência da vida, representa 21%. Além desses gases, é pos-
sas mudanças climáticas. Um exemplo disso são as glacia-
sível encontrar gás carbônico, argônio, hélio, entre outros.
ções. Estudos paleoclimáticos comprovam que o planeta já
A troposfera é a camada inferior, que pode atingir até passou por períodos de maior ou menor aquecimento.
12 km de altitude, onde fenômenos meteorológicos atuam
Algumas perturbações climáticas têm origem natural. É
diretamente sobre a superfície terrestre: chuvas, geadas, fu-
o caso dos fenômenos El Niño e La Niña, que resultam res-
racões, neve e movimentação das massas de ar (ventos). O
pectivamente do aquecimento e do resfriamento das águas
aumento da altitude provoca redução das temperaturas e
do oceano Pacífico.
escassez de oxigênio, o chamado ar rarefeito.
A ação antrópica tem sido responsável por mudanças cli-
A estratosfera, acima da troposfera, apresenta elevada
máticas significativas. A queima de combustíveis fósseis, com a
concentração do gás ozônio, cujo papel é barrar a radiação
consequente emissão de dióxido de carbono (CO2) e monóxido
nociva do Sol. Esse tipo de radiação pode provocar doenças
de carbono (CO), contribui para o aumento das temperaturas ter-
como o câncer de pele.
restres; os poluentes atmosféricos, combinados com a água das
chuvas, originam chuvas ácidas que devastam a vegetação e ma-
tam o plâncton; os gases clorofluorcarbonos destroem a camada
Tipos climáticos de ozônio e, com isso, facilitam a penetração da radiação nociva
Existem na Terra climas denominados zonais, que acom-
do Sol. Além disso, o crescimento das áreas urbanas, com o con-
panham as zonas térmicas terrestres, e azonais, cuja área
sequente extermínio da vegetação original e o uso de asfalto e
de ocorrência independe de uma distribuição geográfica
concreto, causa elevação térmica no centro das grandes cidades,
padrão. Neste último, encontram-se os climas desérticos e
fenômeno conhecido como “ilhas de calor”.
montanhosos.
Nas cidades, fenômenos como as inversões térmicas
Entre os climas zonais, as maiores temperaturas estão na contribuem para a maior concentração de poluentes.
faixa intertropical, onde se localizam os climas equatoriais e
tropicais. No caso dos equatoriais, além da baixa amplitude
térmica anual, as precipitações são elevadas o ano todo. Já 5. BIOMAS MUNDIAIS
no caso dos climas tropicais, há maiores variações quanto à Formações vegetais terrestres e fatores abióticos man-
umidade. O semiárido caracteriza-se pela escassez hídrica; têm uma relação direta. Os ecossistemas sofrem influência
o tropical continental, pela presença de uma estação seca e dos elementos do clima, como umidade e temperatura, que
outra chuvosa; o tropical monçônico apresenta intensa pre- propiciam um equilíbrio dinâmico em cada um.
mas florestais com grande biodiversidade.
Paisagens vegetais
Biomas são resultados de um conjunto de vários ecos- As florestas perenes, que se adaptam à abundância da
sistemas que têm estrutura biológica parecida, mas, pelas água, localizam-se nos climas equatoriais e tropicais e pos-
características fisionômicas, é possível reconhecê-los. suem espécies latifoliadas e higrófilas. A maior representan-
te é a floresta Amazônica, a mais extensa pluvial do mundo.
Fatores abióticos, como relevo, climas, solos, altitude,
definem sua distribuição geográfica. Se um desses fatores Essas florestas estão situadas sobre solos muito pobres,
sofrer alteração, como destruição, queimadas, etc., interfere ao contrário do que sua exuberância pode sugerir. A biodi-
em toda a cadeia da vegetação. versidade é sustentada pela camada de matéria orgânica
presente no solo.
Cada bioma possui maior ou menor biodiversidade, ou
seja, variedade de formas de vida em seu domínio. A dinâ- Nessa zona climática, no entanto, surgem climas com
mica de combinação dos fatores bióticos e abióticos produz oscilação pluviométrica anual. É o caso do clima tropical
paisagens naturais diversificadas. Em diferentes altitudes e continental, caracterizado pela alternância de duas estações
latitudes, os biomas têm características distintas. anuais: o verão quente e úmido e o inverno seco. O bioma
que se apresenta é mais aberto, com paisagens arbustivas-
-herbáceas, tendo casca grossa, galhos e troncos retorcidos.
Regiões polares Estão presentes na América do Sul, Austrália e África tropical.
Situadas a 66° de latitude ao norte e sul dos paralelos,
possuem baixas temperaturas e precipitações anuais. Mus-
gos, liquens e vegetação rasteira nos períodos curtos de ve- Biomas azonais
rão recebem o nome de tundra. Existem formações fitogeográficas cuja distribuição no
planeta está associada a fatores locais, como feições geo-
morfológicas e até mesmo influência de correntes marinhas.
Regiões temperadas A variação altimétrica que ocorre nas áreas montanhosas
Com quatro estações bem definidas, apresentam for- reduz as temperaturas e os níveis pluviométricos. A falta
mações florestais e localizam-se entre os trópicos e os cír- de água, solos arenosos e pedregosos e grande amplitude
culos polares. térmica caracterizam as áreas desérticas, que apresentam
climas quentes e frios.
Com árvores até 20m de altura, exibindo pouca diversifi-
cação em espécies, e localizando-se na transição dos climas
polares para os temperados, a taiga ou floresta de conífe- 6. ESPAÇO MUNDIAL: INDÚSTRIA
ras (floresta boreal) apresenta grande amplitude térmica A partir do século XVIII, ocorre grande saída das pessoas
anual e inverno rigoroso. do campo para a cidade.
Localizadas nas grandes extensões da América do Nor-
te, Ásia e Europa, apresentando clima temperado oceânico
Urbanização por grupos de países
e boa distribuição de chuvas anualmente, a floresta tem-
Pioneira no processo de urbanização, a Inglaterra já re-
perada tem como característica de vegetação pinheiros e
gistrava metade da sua população vivendo nas cidades
caducifólias (perdem as folhas no outono e inverno). Mui-
em meados do século XIX. Outros países também sofre-
to devastada por causa da ocupação humana, a floresta foi
ram esse fenômeno de urbanização acerada, embora de
substituída pela agricultura e atividades industriais.
forma mais lenta. Eram países desenvolvidos economi-
Cobertas por vegetação herbácea, os climas temperados camente, e essa forma nem tão acelerada possibilitou
continentais apresentam uma maior amplitude térmica e redu- planejamento e investimentos nos distritos industriais e
ção sensível dos níveis pluviométricos, localizando-se nas planí- áreas comerciais, como saneamento básico, moradias e
cies centrais americanas e canadenses, no hemisfério norte. No construção de ruas.
sul, no Brasil, Austrália, Argentina e Uruguai e na Europa, Rússia
Nos países subdesenvolvidos, essa migração chega no
e Ucrânia, são denominadas pradarias e estepes.
início do século XX. Não aconteceu em bloco, e nos paí-
Com chuvas escassas, como as que apresentam as regiões ses onde isso se sucedeu mais tarde ocorreu um intenso
do sul da Europa e norte da África, o clima temperado medi- êxodo rural, provocando um superávit habitacional nos
terrâneo possui uma característica marcante, que é o xero- centros urbanos. Sem infraestrutura adequada, viram-se às
morfismo, que o faz adaptar-se a verões quentes e secos. voltas com graves problemas, que permanecem até hoje
em alguns países, como baixos níveis de urbanização ou,
do lado oposto, há os que só recentemente se industriali-
Regiões intertropicais zaram, mas que não oferecem condições de vida adequa-
As regiões de clima quente e úmido são dominadas bio- da, como trabalho, saúde, educação e moradia.
O espaço urbano 7. POPULAÇÃO
Toda cidade ocupa um sítio urbano, ou seja, um local com
Com a queda nas taxas de mortalidade, a partir do fi-
topografia própria que influencia a ocupação do espaço.
nal do século XIX, a população do planeta experimenta um
As cidades concentram funções que são definidas pela aumento considerável. Pairava sobre a questão a teoria de
principal atividade econômica ali desenvolvida. Podem ser Thomas Malthus, concebida no século XVIII: enquanto a
turísticas, portuárias, religiosas, comerciais, administrativas, produção de alimentos crescia em progressão aritmética, a
industriais e até mesmo militares. Essas funções podem mu- populacional aumentaria a ritmo de progressão geométri-
dar ao longo do tempo a partir de redefinições das caracte- ca; portanto faltariam alimentos. A previsão não se concre-
rísticas de produção do espaço. tizou, graças a avanços importantes: nos campos, no setor
da agropecuária, uma maior difusão dos métodos contra-
Há cidades formadas espontaneamente, a partir de pe-
ceptivos seguros e a queda na natalidade. Mas, devido à má
quenos povoados, e outras que surgem por meio de um pla-
distribuição de alimentos, a fome e a miséria perduram em
no governamental (cidades planejadas).
vários lugares do mundo.
A partir da aceleração da urbanização no século XX, cres-
A partir de 1960, o mundo assistiu ao ápice do crescimen-
ceu a tendência de formação de megacidades, caracteriza-
to populacional, como resultado da redução da mortalidade
das pelo elevado número de habitantes – em geral, mais de
nos países subdesenvolvidos. As ideias de Malthus voltaram
10 milhões de pessoas.
às discussões e novos adeptos de sua teoria, denominados
É possível ocorrer o crescimento de duas ou mais neomalthusianos, defendiam a tese de que o elevado cres-
cidades a ponto de elas se juntarem territorialmente cimento demográfico seria responsável pela pobreza dos
– a conurbação. Isso pode ocorrer em escala regional, países. De acordo com esses teóricos, uma população jovem
nacional e até mundial. As áreas urbanas com essas ca- demandaria mais gastos governamentais com creches e
racterísticas são denominadas metrópoles. Algumas são escolas, e assim sobrariam menos recursos para os setores
referência mundial em relação aos setores de comércio produtivos da economia, como indústria e agricultura, a fim
e serviço, além de possuírem importantes instituições de garantir pleno desenvolvimento e consequente melhoria
financeiras e receberem fluxos de capital internacional. das condições de vida das pessoas. A solução seriam as me-
São as chamadas cidades globais. didas de controle da natalidade, com a implementação de
métodos de controle da natalidade seguros.
Quando ocorre a integração espacial e socioeconômica
dessas metrópoles com outros municípios por meio de uma in- A teoria reformista foi formulada por teóricos de paí-
fraestrutura comum, há a formação da região metropolitana. ses subdesenvolvidos em resposta à essa teoria. Segundo
esse pensamento, as altas taxas de natalidade ocasionam-se
Caso a conurbação se dê entre várias metrópoles ou re-
devido ao atraso econômico dessas nações. Com isso, ficam
giões metropolitanas, forma-se a megalópole, encontrada
prejudicadas as condições básicas de saúde, educação e sa-
em países desenvolvidos, como Japão e Estados Unidos. As
neamento. O importante, no caso, seria fazer investimentos
megalópoles se constituem hoje nas maiores aglomerações
efetivos na área social e criar programas eficazes de planeja-
urbanas do mundo atual.
mento familiar.
A revolução tecnológica possibilitou a aproximação
virtual entre os lugares, e as telecomunicações e a in-
formática foram fundamentais para a maior articulação Transição demográfica
do espaço geográfico. As vias de circulação tradicionais, Há períodos com mudanças no crescimento demográfi-
porém, ainda exercem um importante papel nessas rela- co. Em fase de pré-transição, tanto natalidade quanto mor-
ções. A rede urbana garante a integração física do espaço talidade são altas, com declínio no crescimento vegetativo.
urbano.
Quando se atinge a primeira fase da transição, graças à
O grau de articulação dessas redes cria uma hierarquia vacinação maciça, difusão de medicamentos e maior sane-
urbana na qual a importância da cidade está diretamente amento básico, a mortalidade recua, e o crescimento vege-
relacionada à abrangência de sua área de influência. tativo aumenta. No segundo momento, acontece o mesmo.
Na pós-transição, há baixas natalidade e mortalidade. Os
Assim, os estágios mais baixos dessa hierarquia estão
países desenvolvidos atingem essa fase a partir de 1950. Os
nas cidades locais e nos centros regionais, ao passo que
países subdesenvolvidos ainda estão no processo.
nos níveis mais elevados de influência figuram as metró-
poles regionais e, sobretudo, as nacionais e as globais.
Novamente é perceptível a alteração nos níveis de rela- Estrutura etária da população
ção entre as cidades a partir da formação de uma intensa Associada ao grau de desenvolvimento dos países, é re-
rede de comunicações. presentada por gráficos em forma de pirâmide. Os países
Movimentos populacionais
desenvolvidos apresentam pirâmides de base estreita. Isso A migração acontece por necessidade (busca de traba-
indica pouca natalidade e grande número de adultos e ido- lho, estudo, etc) e quando há motivos externos (guerras, tra-
sos, já que, com a alta qualidade de vida, as pessoas vivem gédias naturais, epidemias e fome).
mais e melhor. Pirâmides de base larga são exatamente o
contrário em tudo. Nos séculos XVIII e XIX, houve diversos movimentos mi-
gratórios, principalmente com a saída de grande leva popu-
A dinâmica demográfica dos países interfere no compor- lacional, com destino às Américas e Oceania. Guerras e con-
tamento da População Economicamente Ativa (PEA). Países flitos regionais também ocasionaram grande movimento
com elevada população idosa e reduzido número de jovens populacional na Índia e no Paquistão.
tendem a ter escassez de mão de obra e gastos excessivos
com o sistema previdenciário. É o caso de muitos países eu- Nas últimas décadas, com a migração de parte da po-
ropeus. Se a situação é inversa, ou seja, se a população jo- pulação de países pobres para nações desenvolvidas, em
vem é numerosa, isso representa gastos com educação e a busca de boas oportunidades de trabalho, intensificou-se a
necessidade de gerar postos de trabalho. vigilância e a xenofobia, com enrijecimento das fronteiras.
As guerras, ultimamente, também têm sido um dos moti-
vos mais pertinentes para a migração, ocasionando um dos
maiores problemas da atualidade.

8. RECURSOS ENERGÉTICOS
Os recursos energéticos têm importância vital para o
desenvolvimento socioeconômico mundial. Há fontes ener-
géticas que podem ser renovadas, como as energias solar,
eólica, hidráulica, maremotriz, geotérmica e a extraída da
biomassa. Há outras, entretanto, cujo consumo leva a seu
esgotamento. São os minerais radioativos (urânio e tório) ou
os combustíveis fósseis (petróleo, o carvão mineral e o xisto
betuminoso), que se formaram há milhões de anos sob con-
dições específicas de temperatura e pressão.
Houve, ao longo do processo de desenvolvimento tec-
nológico, um incremento do consumo das fontes não re-
nováveis. Além disso, há desigualdade na distribuição dos
recursos energéticos mais consumidos atualmente. Muitas
vezes, os maiores consumidores não são os maiores produ-
tores. O Japão, por exemplo, consome 5% do total energéti-
co mundial, porém gera menos de 20% do necessário para
suprir sua demanda. Os Estados Unidos, com uma popula-
Outros indicadores ção de 300 milhões de habitantes, consomem quatro vezes
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da ONU, mais energia do que todo o continente africano, que possui
foi criado no início da década de 1990 e se baseia em três quase 900 milhões de pessoas.
índices socioeconômicos importantes: expectativa de vida, O uso de fontes energéticas tradicionais, como a lenha,
grau de instrução da população e PIB per capita. O resultado ainda predomina nos países mais pobres. A Revolução In-
é uma classificação que varia de 0 a 1 e reflete as desigualda- dustrial, no século XVIII, teve papel importante na mudan-
des existentes entre as nações. ça do padrão energético mundial. Novas fontes de energia,
O Produto Interno Bruto (PIB) dos países também permi- como o carvão mineral, a energia hidráulica e, mais tarde, o
te a análise da situação econômica de cada um deles. Já a petróleo, foram fundamentais nesse processo.
mortalidade infantil é um importante indicador da situação
social de um país em relação a outro.
Fontes principais
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimen- O carvão mineral é uma das principais fontes, e se forma
to (PNUD) mede o índice de Pobreza Humana, conhecido a partir da decomposição inacabada de florestas soterradas
como IPH. Nesse indicado, estão representadas a inclusão em bacias sedimentares. Originou-se na era paleozoica e
social e condição econômica dos países bem como a ques- apresenta quatro estágios de formação: o inicial, denomina-
tão da longevidade. do turfa; com o passar do tempo há aumento da pressão e
formam-se o linhito, a hulha e o antracito, o mais puro de todos. e consequente perda de reservas naturais ou de patrimônio
A maior concentração carbonífera está no hemisfério histórico, além da necessidade de realocação de milhares
norte, e cerca de 75% das jazidas mundiais são subterrâneas. de pessoas; nas termonucleares, há geração de resíduos al-
A extração a grandes profundidades expõe os trabalhadores tamente contaminantes e o despejo das águas aquecidas
a sérios riscos e eleva os custos de produção. provenientes do reator da usina provoca poluição térmica,
que compromete a vida em rios, mares e lagos. A queima de
Os Estados Unidos e a China são os maiores produto- combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral,
res mundiais de carvão mineral. As grandes reservas car- lança grande quantidade de resíduos na atmosfera, espe-
boníferas encontram-se em áreas de concentração side- cialmente gases como o CO2 (dióxido de carbono) e o CH4
rúrgica. (metano), que contribuem para o aquecimento global. Há,
O petróleo e o gás natural também se formaram em ro- nos dias atuais, o reconhecimento, por parte de governos e
chas sedimentares. São hidrocarbonetos originados pelo da população, da necessidade de reduzir tais emissões.
processo de decomposição anaeróbia de restos de matéria
orgânica de origem marinha. Arábia Saudita, Rússia, Estados
Unidos, Irã e China são os maiores produtores mundiais de Energia inovadora
petróleo. Diante dos desafios ambientais, tem se observado um in-
cremento no uso de fontes energéticas inovadoras, como a
O gás natural pode ser encontrado associado a poços eólica, a solar e a maremotriz (de marés). O maior incremen-
petrolíferos ou sozinho, nos chamados “poços secos”. A Ará- to verificado, porém, diz respeito ao uso do etanol, obtido
bia Saudita é a maior produtora mundial, mas jazidas situ- principalmente da biomassa da cana-de-açúcar e desenvol-
adas na região do mar Cáspio também são de grande im- vido pioneiramente pelo Brasil, atualmente maior produtor
portância, embora haja problemas de logística em razão das mundial. Há, contudo, alertas importantes em relação ao
grandes distâncias que as separam dos principais centros uso indiscriminado das terras agricultáveis para esse fim e
consumidores. Atualmente, há crescente demanda por esse não para a geração de alimentos, o que pode colocar em ris-
recurso, o que eleva a disputa pelo controle das principais co a segurança alimentar da população.
jazidas mundiais.
O petróleo também tem gerado inúmeras disputas por
suas reservas. Até 1960, ano da criação da Organização dos 9. AGROPECUÁRIA
Países Exportadores de Petróleo (Opep), havia forte controle Atividade econômica mais antiga, diz respeito às planta-
do setor exercido por um grupo de empresas. Conhecidas ções e criação de animais, tanto para o consumo alimentar
como “Sete Irmãs”, elas levavam grande vantagem nas eta- quanto a produção industrial. Fatores físicos (solo, clima) e
pas de produção, refino e distribuição do petróleo. A forma- outros (desenvolvimento tecnológicos) influenciam em seu
ção da Opep permitiu que os países produtores exercessem, desenvolvimento. Foi a atividade responsável para que o
por meio desse cartel, controle do volume da produção e da homem pré-histórico conseguisse sobreviver, por meio do
oferta de petróleo no mercado internacional. desenvolvimento das habilidades para o cultivo de plantas e
domesticação de animais.
Em 1973 e em 1979 ocorreram as duas crises do petróleo,
nas quais o embargo do fornecimento do recurso praticado Atualmente, as relações capitalistas estão muito presen-
pelos países árabes elevou substancialmente seus preços. tes no campo por meio da difusão de novas tecnologias. Se-
mentes selecionadas, comércio de mudas, aprimoramento
genético de espécies, fertilizantes químicos, pesticidas, her-
Energia elétrica bicidas e maquinário garantiram maior produtividade, po-
É normalmente obtida em usinas termelétricas, rém aumentaram a dependência dos produtores rurais em
termonucleares ou em hidrelétricas. Nestas últimas, a relação às grandes empresas do setor agropecuário.
geração está condicionada a fatores naturais, como a presença O domínio de técnicas responsáveis pelo crescimento da
de rios de planalto com significativo volume de água. produção agropecuária mundial intensificou-se a partir de
Nas termelétricas, queima-se carvão, petróleo ou gás 1960, o que garantiu a triplicação das colheitas e possibilitou
natural para aquecer e vaporizar água. Esse vapor moverá a a ampliação da ocupação de terras aráveis. Esse momento é
turbina da usina, gerando energia. Nas termonucleares, o conhecido como revolução verde.
processo é semelhante, mas o aquecimento da água ocorre
Desde 1990, o mundo tem verificado o cultivo de trans-
pela liberação do calor resultante da fissão do átomo ocor-
gênicos, conhecidos também como OGMs (organismos
rida no reator.
geneticamente modificados). A engenharia genética de-
Todas essas fontes geradoras provocam impactos am- senvolveu técnicas por meio das quais há a transferência
bientais: as hidrelétricas causam inundação de vastas áreas controlada de genes de espécies de animais e plantas para
outro organismo receptor, tornando os produtos mais resis- e o uso de técnicas modernas de produção, além dos incen-
tentes a pragas e tolerantes à ação dos herbicidas. tivos governamentais. Esses fatores fizeram do país o maior
exportador mundial de alimentos.
Dos produtos agrícolas, a soja é aquele em que a varie-
dade transgênica é mais difundida. Estima-se que 56% dos No continente asiático, a revolução verde foi responsá-
cultivos sejam geneticamente modificados. Em países com vel pelo aumento da produtividade. O principal cultivo é o
poucos incentivos governamentais nesse setor, é comum arroz, base alimentar de sua população.
pequenos agricultores perderem suas terras por contraírem
A rizicultura é praticada em pequenas propriedades,
dívidas com o objetivo de conseguir acesso a novas tecno-
com técnicas bastante difundidas, como o terraceamento e
logias no campo.
a jardinagem, e que demandam grande contingente de mão
O resultado mostra-se desastroso, pois contribui para o de obra, o que faz dos asiáticos os maiores produtores mun-
aumento da concentração fundiária nesses países. Há dife- diais de arroz.
renças entre a agricultura de subsistência, praticada em pe-
No continente africano, encontra-se o maior contin-
quenas propriedades e apoiada na policultura, na mecaniza-
gente do planeta dedicado à produção agropecuária. En-
ção e na mão de obra qualificada, e a agricultura comercial,
frenta, porém, inúmeros problemas, como a utilização das
normalmente praticada em latifúndios e monocultora.
melhores terras para lavouras de exportação, desertificação,
Na pecuária, há uma situação semelhante, em que é concentração fundiária e baixo preço dos produtos no mer-
possível criar animais por meio de técnicas intensivas, em cado internacional.
confinamento e alimentados preferencialmente com ração,
Na África, América Latina e Ásia Meridional, vastas
mas também há criações extensivas em amplas pastagens.
terras aráveis ainda são ocupadas pela agricultura do tipo
plantation. Herança da colonização europeia, caracteriza-se
por seu caráter comercial, pela presença de monoculturas,
Espacialização da agropecuária
pelo amplo uso de mão de obra e pela produção voltada ba-
Em toda a Europa, nos pequenos e médios estabeleci-
sicamente à exportação.
mentos rurais, predomina a policultura, com uso de adubos
químicos e elevada mecanização. Nas planícies situadas no Na África e na América Latina, parte da população ainda
noroeste do continente, tem ocorrido a especialização de pratica agricultura itinerante. Por meio de técnicas rudimen-
cultivos como o do trigo e o da batata. tares, como a queimada, limpa-se o terreno para então rea-
lizar a semeadura do solo. Essa prática, somada à presença
Na porção mediterrânea da Europa, em razão das condi-
de climas úmidos, leva os solos ao rápido esgotamento e
ções climáticas marcadas pelas temperaturas mais elevadas e
à necessidade de o agricultor buscar novas terras. Provoca
pela sensível redução da pluviosidade, é possível cultivar pro-
também intensa exposição dos solos tropicais a processos
dutos como a oliveira, a videira e até mesmo as frutas cítricas.
de erosão, lixiviação, laterização, desertificação e salinização.
Apesar da ocupação intensiva do solo, práticas conserva-
cionistas, como a rotação de culturas e o descanso da terra
(pousio) têm garantido a manutenção de sua fertilidade. 10. GLOBALIZAÇÃO E BLOCOS
Desde 1962, vigora no continente europeu a Política
ECONÔMICOS
O mundo sofreu importantes transformações durante o
Agrícola Comum, cujo objetivo principal é o protecionismo
século XX. A bipolarização mundial é a característica mais
do setor. Há a difusão de subsídios e de barreiras alfandegá-
marcante após a Segunda Guerra Mundial. Mas as relações
rias para produtos que venham de fora da União Europeia.
geopolíticas mudam drasticamente com a crise do socialis-
Essa política tem sido alvo de intensas críticas internacio-
mo, nos anos 1980.
nais, pois prejudica a competitividade de agricultores oriun-
dos de países pobres dependentes da exportação de produ- Foi o fim da Segunda Grande Guerra que dividiu o mun-
tos agrícolas. do em dois poderes antagônicos: de um lado, o comando
dos países capitalistas pelos Estados Unidos; de outro, os
Nos Estados Unidos, há forte especialização: vastas ter-
países socialistas comandados pela União Soviética.
ras agricultáveis são destinadas a um produto específico.
Essas áreas são denominadas cinturões ou belts. Os produ- Durante pouco mais de quatro décadas, a humanidade
tores associam-se para conseguir maior competitividade e conviveu com a tensa disputa pela hegemonia mundial en-
utilização de tecnologia no campo. tre as duas superpotências. Esse período ficou conhecido
como Guerra Fria.
Alguns fatores colaboraram para o desenvolvimento do
setor agropecuário americano: a disponibilidade de terras, a A década de 1980 trouxe à tona, porém, a crise do so-
presença de solos férteis, o predomínio de relevos de planí- cialismo e o colapso desse sistema socioeconômico, acom-
cie (o que contribui para a mecanização), a competitividade panhado da redefinição das fronteiras no antigo mundo
socialista. A própria União Soviética sofreu fragmentação garantem o fluxo de pessoas, serviços e capital entre os
territorial e, pouco tempo depois, nações como Tchecoslo- membros do bloco.
váquia e Iugoslávia passariam por processos semelhantes.
O mundo passa a exibir, então, a face capitalista, com
três polos principais: os EUA, que dominam o continente
Principais blocos
O Acordo de Livre Comércio da América do Norte
americano principalmente, a União Europeia, que abrange
(Nafta) foi criado por meio de um tratado assinado em 1988,
ao continente africano e Oriente Médio; e o Japão, que atua
que estabeleceu uma zona de livre-comércio agregando Ca-
na bacia do Pacífico.
nadá, Estados Unidos e México. Está em vigor desde 1994.
Há, em curso, juntamente, uma revolução tecnológica
Uma das maiores dificuldades diz respeito aos trabalha-
na informática e nas telecomunicações, que vai ditar a nova
dores mexicanos. Foram instaladas no país as maquiladoras,
forma das relações, com a internet possibilitando, cada vez
e os EUA pretendiam, com isso, resolver o problema de mi-
mais, acesso a informações e conhecimento variado. Os se-
gração ilegal na fronteira desses dois países, hoje agravado
res humanos também passam a experimentar contatos ime-
com a crise que o presidente Donald Trump criou, ao anun-
diatos com pessoas e culturas de diversas regiões do planeta.
ciar a construção de um muro na fronteira. A Alca, zona de li-
A globalização tem sido impulsionada principalmente pelo vre-comércio das Américas, também faz parte dos objetivos
comércio exterior. Há a internacionalização da economia e a elencados pelos eua por meio do Nafta para esse problema.
abertura das fronteiras, garantida pelo intercâmbio de produ-
A União Europeia (UE) é o bloco em estágio mais avan-
tos, de culturas e até mesmo de hábitos de consumo. Verifica-se
çado de integração, já tendo alcançado inclusive a união
na prática um papel fundamental da propaganda, da mídia e da
monetária. A ideia de unir países para fortalecer suas econo-
internet nesse processo, com tendência ao controle e à manipu-
mias surgiu na Europa, logo após o fim da Segunda Guerra
lação das informações, em especial na difusão do consumismo.
Mundial, com a criação da Comunidade Europeia do Carvão
A globalização tem aprofundado o desnível entre países e do Aço. O Tratado de Roma criou o Mercado Comum Eu-
ricos e pobres. A desigualdade tecnológica entre as nações ropeu em 1957 e, finalmente, em 1992 o Tratado de Maas-
contribuiu para reforçar esse panorama, além de acentuar, tricht criou a União Europeia, que atualmente conta com
como consequência, a disparidade salarial e as desiguais 27 membros. Desde 1999, circula a moeda única no bloco,
condições de vida entre as populações dos países. o euro, utilizada por 15 países. A grande heterogeneidade
econômica e cultural entre os países-membros e o risco de
Há resistência, porém, a essa invasão cultural e, muitas
conflitos étnico-religiosos e sociais, decorrentes sobretudo
vezes, reforça-se o sentimento de nação. Paralelamente ao
da imigração de indivíduos provenientes de nações menos
globalismo dominante, há lugar para manifestações que
desenvolvidas da União Europeia para as mais ricas, ainda
procuram enfatizar aspectos culturais e sociais, entre outros,
impõem desafios ao processo de integração plena do bloco.
do espaço local.
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) surgiu em 1991,
Outro paradoxo interessante da globalização é a forma-
com a assinatura do Tratado de Assunção, e funciona como
ção de blocos econômicos regionais, pois, ao mesmo tem-
uma união aduaneira. São membros efetivos: Argentina,
po que se prega a existência de um grande mercado mun-
Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela (essa em processo de
dial, há a tendência de os países se fecharem em blocos que
adaptação aos princípios do bloco). Chile, Bolívia, Peru, Co-
têm no protecionismo um de seus pilares.
lômbia e Equador são membros associados, participando
apenas da zona de livre-comércio.
Etapas da integração Um dos principais desafios do Mercosul é superar os des-
Os países podem se unir em associações com diferentes níveis econômicos entre seus membros e buscar novos par-
níveis de integração. O primeiro estágio de aproximação ceiros comerciais. Há outras iniciativas de integração entre
econômica é a chamada zona de livre-comércio. Nela, os países latino-americanos, como a Aladi, o Pacto Andino, a
países-membros realizam trocas comerciais com a redução Unasul, o Caricom e o MCCA.
ou a isenção das tarifas alfandegárias.
A Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Apec) visa
O segundo estágio é denominado união aduaneira e se tornar, até 2020, a maior zona de livre-comércio do mun-
nele, além de funcionar uma zona de livre-comércio, os paí- do. Agrega algumas das maiores potências econômicas da
ses estabelecem a Tarifa Externa Comum, com objetivo criar atualidade, como EUA e Japão, ao lado de pequenas econo-
regras comuns para as relações comerciais com nações de mias, como Peru e Chile.
fora do bloco.
No terceiro estágio, denominado mercado comum, 11. AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
além das etapas anteriores, os países firmam acordos que Historicamente, corresponde à área, na América do Nor-
te, colonizada predominantemente por ingleses, povo de pois de intensos conflitos, as terras foram cedidas à Inglater-
origem anglo-saxônica. No Canadá, houve também forte ra. O território canadense é bastante extenso, sendo consti-
influência dos colonizadores franceses, o que motiva o se- tuído por dez províncias e três territórios.
paratismo de Quebec. São os países mais desenvolvidos do
O Canadá enfrenta as maiores limitações climáticas para a
continente americano.
prática agropecuária, restrita ao sul do território. Apesar disso,
Destacam-se quatro formas de relevo principais: as cor- o elevado padrão tecnológico garante boa produtividade. Os
dilheiras, no oeste; as planícies e depressões, no centro; e os cultivos mais importantes são o trigo, o milho, o centeio, a ce-
planaltos desgastados, no leste. vada, a batata e a beterraba. As planícies centrais também se
constituem no celeiro agrícola do país. A indústria canadense
As Montanhas Rochosas, a cadeia da Costa e a da Cascata
é bastante diversificada e concentra-se na região dos Grandes
têm formação geológica recente, possuem altitudes eleva-
Lagos e no vale do rio São Lourenço. Os setores siderúrgico,
das e estão em áreas de contato entre as placas tectônicas,
automobilístico, metalúrgico, mecânico, de eletrônicos e de
o que faz que toda a região esteja sujeita a ações sísmicas.
produção de papel e celulose se destacam.
As planícies costeiras são estreitas, mas na porção central
localizam-se importantes planícies fluviais, como a do Mis-
sissipi, e lacustres, como a dos Grandes Lagos, na fronteira
12. EUROPA
Apresenta uma área de cerca de 10.349.915 km2 e, para
entre os Estados Unidos e o Canadá.
muitos, é uma península do grande continente conhecido
A mais importante depressão é absoluta e está situada como Eurásia. A denominação “continente” dada a esse pe-
no estado da Califórnia, nos Estados Unidos: é o Vale da Mor- queno conjunto de terras decorre das profundas diferenças
te, 86 metros abaixo do nível do mar. histórico-culturais em relação à Ásia.
Os rios distribuem-se de acordo com as vertentes: do Árti- As terras europeias estão situadas totalmente no hemis-
co, onde se destaca o rio Mackenzie, que congela no inverno; fério setentrional, na zona temperada do norte. Apenas a
do golfo do México, cuja bacia mais importante é a do Mis- porção localizada no extremo norte situa-se na zona polar
sissipi; a do Pacífico, cujos rios mais extensos são o Yukon e o ártica. A vegetação nas áreas temperadas junto ao oceano
Colorado; e a do Atlântico, cujo destaque é o São Lourenço. apresenta florestas caducifólias e, no interior do continente,
estepes e pradarias. Na área polar, surge a tundra.
Os dois países apresentam os climas temperados – com
as quatro estações bem definidas −, frio e polar, marcados A porção meridional tem uma situação climatobotânica
pelas reduzidas médias térmicas anuais. Nos Estados Uni- específica, pois o avanço de massas de ar quente oriundas
dos, também é notável a presença de climas subtropicais, do deserto do Saara transforma o clima da região, que apre-
situados entre os domínios temperado e tropical, e de climas senta verão seco e baixa pluviosidade total anual. O relevo
marcados pela escassez de chuvas, como o árido e semiári- tem, nas planícies de origem glaciária, as formas predomi-
do, situados no meio-oeste americano. nantes, especialmente na porção central do continente. O
norte possui maciços antigos marcados pela presença de
Os Estados Unidos são constituídos por 50 estados,
planaltos desgastados; já a porção meridional está em área
sendo 48 em seu território contínuo e dois, Alasca e Havaí,
de tensão tectônica e, por isso, em sua paisagem, se desta-
fora de suas terras contínuas. Foi um longo processo de
cam os dobramentos modernos, além da ocorrência perió-
conquistas e expansões que levou o país, originalmente
dica de terremotos e de atividade vulcânica
formado por 13 colônias, à posição de quarta maior nação
do mundo. Entre essas montanhas destacam-se os Pireneus, os Al-
pes, os Apeninos, os Cárpatos e o Cáucaso. Há também de-
Os EUA são a maior potência econômica do mundo atual.
pressões absolutas junto ao mar Cáspio e aos Países Baixos,
Em relação à indústria, abrigam um cinturão de industriali-
que, com boa parte de seus territórios situados abaixo do
zação mais tradicional, situado na costa leste. Já a costa do
nível dos oceanos, desenvolveram um sistema chamado
Pacífico é, atualmente, a área industrial mais importante e
pôlder para conquistar terras do mar.
dinâmica, graças ao desenvolvimento de empresas e indús-
trias ligadas à alta tecnologia, à informática e às telecomuni- Os rios europeus, em geral, não são de grande extensão,
cações, sobretudo no Vale do Silício. Nessa região também sendo, contudo, bastante utilizados para a navegação, pois
despontam os setores bélico e aeronáutico. Os principais re- a maioria é de planície. Nos Alpes e nos Pireneus, há gran-
cursos naturais americanos são petróleo, gás natural, carvão, de aproveitamento hidrelétrico dos rios que drenam essas
minério de ferro, chumbo, ouro e zinco. Apesar dessas jazi- montanhas. Os mais importantes são: Reno, Sena, Ródano,
das, o país é grande importador de recursos em decorrência Danúbio e Volga.
do elevado nível de consumo de sua sociedade.
O continente é muito populoso e povoado. As áreas de
Até 1763, o Canadá esteve sob domínio francês mas, de- maior adensamento populacional situam-se na porção cen-
tro-ocidental do continente, junto aos principais rios, e os grandes contrastes naturais e culturais, abriga o berço de
vazios demográficos estão na porção setentrional. A maioria importantes religiões: cristianismo, islamismo, judaísmo,
da população vive em cidades, sendo as mais importantes: hinduísmo e budismo.
Paris, Londres, Madri, Berlim, Budapeste, Istambul, Varsóvia,
Seus limites estão definidos da seguinte maneira: com a
Praga, Milão, Frankfurt, Roma, Atenas, Bucareste, Sófia, Bel-
Europa, por meio dos Montes Urais; com a África, por meio
grado, Moscou, Kiev, Copenhague e Estocolmo.
do Canal de Suez e o mar Vermelho. Sua grande extensão
O crescimento vegetativo da população europeia é bai- territorial abrange, do leste para o oeste, 11 fusos horários.
xo, em virtude sobretudo da equivalência entre natalidade
Possui importantes penínsulas: do Decã ou hindustâni-
e mortalidade. Em alguns países, como a Rússia e a Suécia,
ca, arábica, da Indochina, malaia, da Coreia e de Kamchatka.
por exemplo, a taxa chega a ser negativa porque morrem
O litoral do Pacífico apresenta inúmeros arquipélagos de
mais pessoas do que nascem. Os problemas advindos dessa
origem vulcânica pertencentes ao chamado Círculo de Fogo.
situação se relacionam à escassez de mão de obra (pouca
população jovem) e a elevados gastos com aposentadorias Com as terras mais altas do mundo, a cordilheira do
(grande número de idosos). Himalaia é o grande destaque por lá encontrar-se o ponto
mais alto da Terra: o pico do Everest. As planícies asiáticas
A população do continente, em geral, apresenta elevada
apresentam rios extensos, com grandes densidades demo-
expectativa de vida e baixas taxas de mortalidade infantil e
gráficas. O continente é dotado de grandes contrastes cli-
de analfabetismo. Os países apresentam alguns dos maiores
máticos. Possui desde climas extremamente úmidos, como
IDHs e rendas per capita do mundo.
o monçônico, no sul e no sudeste, até o desértico, na penín-
Uma das questões mais tensas, porém, diz respeito, atu- sula arábica; há climas equatoriais no sudeste e polares no
almente, à presença de imigrantes na Europa. Embora o extremo norte, junto à Sibéria.
período pós-Segunda Guerra Mundial tenha sido de aber-
Mais da metade da população mundial vive na Ásia.
tura à entrada de pessoas oriundas de países africanos e
China e Índia são os países mais populosos do mundo.
asiáticos, há forte tendência de endurecimento das leis anti-
Indonésia, Paquistão, Japão e Bangladesh contam com
-imigração e de punição a imigrantes ilegais.
grandes contingentes populacionais. Há, porém, desigual
Além dessa tensão, a Europa tem assistido a inúmeros distribuição territorial da população. Os chamados vazios
conflitos de caráter étnico-religioso. Há movimentos se- populacionais são constituídos por desertos, as montanhas
paratistas de importância histórica, como o conflito envol- e as densas florestas. Já nos vales dos rios, há uma acentua-
vendo a Irlanda do Norte e a Grã-Bretanha, a luta dos bascos da concentração populacional: a Índia, o sudeste asiático e
na Espanha e o nacionalismo de Flandres, na Bélgica. as costas chinesa e coreana são áreas de grandes densida-
des demográficas. O amarelo, grupo étnico mais numeroso,
O colapso do socialismo trouxe à tona inúmeras trans-
encontra-se no centro, leste e sudeste da Ásia; os negros es-
formações político-territoriais, como o desmembramento
tão na porção meridional da Índia e os brancos, por sua vez,
da Tchecoslováquia, que ocorreu sem maiores conflitos, mas
localizam-se ao norte da Índia e sudoeste.
também de guerras como as que marcaram o fim da anti-
ga Iugoslávia e que trouxeram novamente ao continente os O continente também abriga grandes contrastes eco-
horrores da limpeza étnica. nômicos: países que são potências tecnológicas e indus-
triais, como o Japão, convivam com economias frágeis,
Economicamente, o continente apresenta um dos
como a do Laos ou do Camboja. O maior crescimento do
maiores índices de industrialização do mundo, com desta-
continente é o da China.
que para os países da porção ocidental. Dentro dessa pers-
pectiva, a formação e a ampliação da União Europeia se so-
bressaem pelo impulso e fortalecimento econômico que ela 14. ÁFRICA
possibilitou aos países-membros do bloco. É um continente muito heterogêneo do ponto de
Países da porção meridional, como Portugal, Espanha e vista natural, étnico e socioeconômico. Marcado por gran-
Grécia, precisaram receber investimentos em prol da moder- des tragédias humanitárias, vem atraindo investimentos
nização de suas economias. A Itália busca resolver a grande de países como China e Brasil. Seu desafio é superar as
desigualdade regional entre norte e sul, ainda existente em sequelas do imperialismo europeu e rumar para a integra-
seu território. O ingresso, em 2004 e 2007, de inúmeros paí- ção entre suas nações.
ses do antigo bloco socialista na União Europeia trouxe tam- Apresenta semelhança geológica com o Brasil, pois no
bém novos desafios de desenvolvimento para o continente. passado as duas regiões estavam unidas, formando a Gondu-
ana. Predominam relevos antigos e desgastados, destacan-
do-se o planalto setentrional, o centro-meridional e o oriental.
13. ÁSIA
É o maior e mais populoso dos continentes. Com Há regiões, porém, que estão sob ação tectônica, for-
mando imponentes montanhas: no norte, na região deno- fronteiras que não respeitou a diversidade entre a popula-
minada Magreb (na costa mediterrânea da Argélia, do Mar- ção nativa.
rocos e da Tunísia), desponta a cadeia do Atlas; e no leste,
Ao contrário, povos inimigos foram postos dentro do
o monte Quilimanjaro se destaca. São áreas sujeitas a terre-
mesmo país, ao passo que grupos de mesma identidade ét-
motos e atividades vulcânicas.
nica foram intencionalmente separados. Essa é uma das ori-
As planícies costeiras são estreitas mas, ao longo dos gens dos principais conflitos no continente, até hoje mar-
maiores rios africanos, estão relacionadas a importantes cado por longas e sangrentas guerras civis, sobretudo em
depósitos sedimentares. As mais extensas são a planície do países como Somália, Etiópia, Ruanda, Serra Leoa e Sudão.
Congo, do Níger, do Zambeze e do Okavango. Na África do Sul, o interesse da minoria branca em relação
às jazidas de minério levou à adoção, por várias décadas, da
Além dos rios citados pela formação de importantes pla-
política segregacionista do apartheid. Em Angola, a popula-
nícies, apesar de atravessar muitos quilômetros do deserto
ção sofre com milhares de minas terrestres ainda ativas.
do Saara, o Nilo nunca seca, pois sua nascente, no lago Vitó-
ria, está situada em área de clima equatorial com abundân- Do ponto de vista socioeconômico, a África é marcada pe-
cia de chuvas. Desde a Antiguidade, a bacia do Nilo tem alta los piores indicadores sociais do planeta. A fome, a disseminação
importância para a agricultura. do HIV e de doenças tropicais como a malária e o ebola, a falta
de saneamento básico, as guerras civis e os governos ditatoriais
As terras africanas apresentam grande distribuição lati-
e corruptos são responsáveis por atribuir ao continente os me-
tudinal de terras. Por isso, há uma repetição dos climas e
nores IDHs do mundo, com as menores expectativas de vida, as
biomas a partir do Equador, no sentido norte-sul. A porção
maiores taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil.
central do continente abriga áreas de clima equatorial com
elevados níveis de temperatura e pluviosidade. Os países africanos ainda possuem forte caráter expor-
tador de matérias-primas agrícolas. O padrão industrial
Formam-se aí florestas densas e latifoliadas. Ao nor-
da África é muito baixo, por isso muitas das nações do con-
te e ao sul dessas paisagens, estão áreas de clima tropical,
tinente não conseguem se inserir de forma competitiva no
com alternância de estações secas e chuvosas. Surge nesse
processo de globalização. Os níveis de acesso à tecnologia
tipo climático o bioma mais extenso da África: a savana, cuja
também são reduzidos.
vegetação apresenta poucas árvores e o predomínio de es-
pécies arbustivas e herbáceas. Lá vivem animais de grande A atividade industrial é limitada pela escassez de
porte, como elefantes, girafas, leões, impalas e zebras. A ve- capital, pelo mercado interno de baixo poder de consumo
getação desértica é escassa e possui espécies xerófilas que e pela ocorrência das guerras civis. Predominam indústrias
sobrevivem sob reduzidos índices pluviométricos. Junto aos produtoras de bens de consumo não duráveis, como a têxtil
cursos de água, formam-se oásis, usados como residência e a alimentícia, ou de processamento de recursos minerais
temporária de tribos nômades. e energéticos, como as petroquímicas e as siderúrgicas. O
Egito, a Nigéria e a África do Sul estão entre os países mais
Desde o século XVI, houve forte influência europeia
industrializados do continente.
na África. Nesse período, o grande interesse era a retirada
de nativos enviados como escravos, principalmente para a O subsolo africano é rico em recursos como petróleo,
América. Com o Congresso de Berlim, no final do século XIX, gás natural, urânio, ouro, diamante, fosfato, cobre e miné-
as ocupações inglesa, francesa, belga, holandesa, portugue- rio de ferro. Para alguns países, a exploração e a exportação
sa e alemã se legitimaram e criou-se um traçado artificial das desses recursos representa mais da metade de suas receitas.
GEOGRAFIA DO BRASIL dados estatísticos acerca do Brasil e de seus habitantes. A
ideia era conhecer e mapear melhor este país extenso, com
uma população mal distribuída.
1. REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO
Regionalizar um território significa criar uma divisão Além da coordenação da produção de dados relaciona-
do espaço agrupando áreas com características semelhan- dos à cartografia e ao meio ambiente do território nacional,
tes. Diferentes critérios possibilitam criar essa divisão. Em o IBGE, por meio dos censos demográficos, realiza periodi-
nosso país, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística camente o levantamento estatístico de informações socio-
(IBGE) é o responsável por essa regionalização. econômicas. Em 1942, o IBGE publicou a primeira divisão
regional oficial do país.
Estabeleceu como critérios os aspectos naturais do ter-
Formação territorial ritório, considerando as características do relevo, do clima
Quando os portugueses aqui chegaram, o Brasil possuía e da vegetação dos estados. O país foi agrupado em cinco
uma área de aproximadamente 2,5 milhões de km2. A ex- regiões: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste.
pansão territorial ocorreu em decorrência de diferentes
atividades econômicas que garantiram o avanço sobre as Na década de 1970, o IBGE estabeleceu uma nova divisão
terras situadas a oeste do Tratado de Tordesilhas. baseada em critérios físicos, econômicos e sociais, muito se-
melhante à atual. O país foi organizado em cinco macrorre-
A atividade mineradora exerceu importante papel na giões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
expansão do território. As expedições desbravadoras dos
bandeirantes para o interior e a própria necessidade de Na regionalização proposta em 1980, o Centro-Oeste
abastecer com alimentos a região aurífera desempenharam ganhou mais um estado; com o desmembramento do Mato
papel fundamental na criação de uma articulação econômi- Grosso surgia o Mato Grosso do Sul. Em 1988, foi a vez de a
ca entre áreas geograficamente distantes, como o Sul e o região Norte ganhar o estado do Tocantins, oriundo do des-
Nordeste, com Minas Gerais. membramento territorial e político de Goiás.

No século XVIII,
Mapa do Brasil
os portugueses con-
quistaram definitiva-
mente a Amazônia e
terras localizadas no
atual Centro-Oeste
e parte do Sul, por
meio do Tratado de
Madri. No século
XIX, a exploração do
látex na Amazônia
impulsionou o Brasil
a adquirir o Acre da
Bolívia, fato que se
concretizou apenas
em 1903. Surgia as-
sim um país de di-
mensões continen-
tais, com 8.514.876
km2.

Regionalização
Em 1938, o go-
verno federal criou
o IBGE, com o obje-
tivo de fazer desse
órgão o responsável
por um minucioso
levantamento de
Características das regiões O Sudeste apresenta extensas áreas planálticas, com a
A região Norte é constituída por extensas áreas de predominância do clima tropical, cujas características de
baixas altitudes, recobertas pela floresta amazônica e atra- temperatura e umidade sofrem influência da variação alti-
vessadas pela bacia de mesmo nome. É pouco populosa e métrica e da maior ou menor proximidade com o mar. Por
povoada, e a presença indígena é marcante na composição isso, a vegetação pode ser: mata atlântica, cerrado ou áreas
étnica da população. O extrativismo vegetal e mineral são de campos. É a região mais populosa do país e tem, na ativi-
atividades econômicas que se destacam, além do cultivo de dade industrial, sua grande fonte de riqueza.
soja, arroz e mandioca e das pecuárias bovina e bubalina
(criação de búfalos). O Centro-Oeste possui relevo que mescla planaltos,
depressões e a maior planície fluvial do Brasil: o Pantanal.
O Nordeste tem sua paisagem natural marcada por O clima predominante é o tropical, com verões úmidos e in-
grandes contrastes: o relevo apresenta planaltos, chapadas vernos secos, o que garante a formação de extensas áreas de
e também depressões; o clima e a vegetação possuem des- cerrado. A base econômica está no setor agropecuário e no
de áreas quentes e úmidas, dominadas pela mata atlântica, extrativismo mineral.
até locais marcados pela semiaridez climática, com o predo-
mínio da caatinga, de fisionomia xeromórfica. A região Sul do Brasil conta com terras de altitudes mais
elevadas, normalmente acima de 600 metros, marcadas
O destaque hidrográfico fica por conta da bacia do São pelas menores médias térmicas nacionais do clima domi-
Francisco, cujo rio principal atravessa, sem nunca secar, ex- nante, o subtropical. Nas áreas mais altas, a vegetação que
tensa área do semiárido. A população apresenta baixos índi- predomina é a mata das araucárias; os campos formam-se
ces socioeconômicos e se concentra sobretudo nas capitais nos pontos de menor altitude. A região recebeu, a partir
litorâneas. A economia destaca-se na produção e no proces- do século XIX, importante contingente de imigrantes euro-
samento de cana-de-açúcar e frutas, na extração de petró- peus (alemães, italianos e eslavos), cuja influência étnico-
leo e no turismo. Além disso, os investimentos na atividade -cultural se faz presente. A indústria vem alcançando im-
industrial vêm crescendo na região. portante crescimento.

Uso do território
Superintendências regionais Formas do relevo
Planaltos, escarpas de planalto, chapadas, planície e de-
O governo federal tinha por objetivo criar um projeto de
pressões: o Brasil apresenta-se bastante diversificado em
desenvolvimento regional para o país, acabando, dessa for-
suas feições geomorfológicas, devido à ação dos agentes
ma, com a grande desigualdade socioeconômica existente.
externos em sua estrutura. As chuvas, os rios e a variação de
Para atingir essa meta, criou órgãos denominados superin-
temperatura são os agentes escultores do relevo mais atu-
tendências, que deveriam estimular projetos de desenvolvi-
antes no território nacional.
mento regional.
Os planaltos são relevos elevados nos quais os proces-
A Sudene foi criada em 1959 e deveria atuar em prol do
sos de erosão superam os de deposição. São relativamente
desenvolvimento da região Nordeste e do norte de Minas
planos e delimitados por escarpas. Apresentam diferentes
Gerais. A Sudam foi criada em 1966 e atuaria na chamada
formas, como as chapadas, as cuestas e as serras.
Amazônia Legal; em 1967, foi criada a Sudesul, com o ob-
jetivo de desenvolver a região Sul; em 1968, a Sudeco, que As planícies são áreas nas quais a sedimentação supera
cuidaria do Centro-Oeste. A Sudam e a Sudene, sobretudo, os processos de degradação ou desgaste. Correspondem,
foram alvo de inúmeros escândalos e denúncias de corrup- geralmente, a terrenos planos e de altitude bastante modes-
ção, o que levou esses órgãos à extinção; em 2007, porém, ta. As depressões brasileiras são relativas, pois apresentam
foram reativadas pelo governo Lula. altitudes superiores ao nível do mar, embora sejam mais bai-
xas do que o relevo que as circunda.
Ao longo do século XX, criou-se no Nordeste a chamada
“indústria da seca”, em que as verbas do governo destinadas
à construção de açudes e projetos de irrigação acabavam
Classificações do relevo
servindo principalmente para favorecer os grupos de poder
As classificações do relevo têm a finalidade de mapear a
locais, em detrimento da população que sofria com o flagelo
geomorfologia brasileira. A classificação foi alterada graças
da seca. Na Amazônia, a devastação da floresta e os conflitos
aos avanços tecnológicos e científicos.
de terra são as marcas de um projeto de desenvolvimento
malsucedido. Em 1949, o professor Aroldo de Azevedo criou a primeira
classificação que utilizava uma terminologia geomorfológica,
dividindo o país em sete grandes unidades de relevo. O critério
2. RELEVO utilizado por Azevedo foi o da altitude. A divisão ficou assim:
O Brasil, situado na placa sul-americana, não possui mo- quatro planaltos – Central, das Guianas, Meridional e Atlântico
vimentos orogênicos que possam precisar de atenção, mas – e três planícies – Litorânea, do Pantanal e Amazônica.
sim do tipo epirogênico.
Em 1962, o geógrafo Aziz Nacib Ab’Sáber usou a clas-
sificação de Aroldo de Azevedo como base para aprofundar
estudos acerca da geomorfologia brasileira. Propôs uma di-
Estrutura geológica
visão que também levava em conta os processos de altera-
Graças à predominância de estruturas geológicas anti-
ção sofridos pelo relevo, ou seja, se estava exposto à ação
gas bastante desgastadas por agentes erosivos, o relevo do
erosiva ou à sedimentação.
Brasil apresenta altitudes modestas, com bacias sedimenta-
res e escudos cristalinos. Ab’Sáber usou fotografias aéreas para compor sua clas-
sificação. Algumas alterações foram constatadas, e o planal-
Com grande importância econômica, as áreas geologi-
to atlântico subdividiu-se em serras e planaltos do leste e
camente estáveis são representadas por escudos e abrigam
sudeste. Acrescentou-se, ainda, os planaltos do Maranhão-
jazidas de minerais metálicos como o manganês, o cobre e
-Piauí e o uruguaio sul-rio-grandense. Com esse estudo,
o minério de ferro, cobrindo 36% do território brasileiro, dos
também verificou-se que a Amazônia não era apenas planí-
quais 32% são de terrenos datados da era arqueozoica e 4%
cie, mas possuía terras baixas, apresentando planaltos des-
da proterozoica. Ao extremo norte do Brasil, temos o escudo
gastados.
das Guianas; ao centro, leste e sul, o escudo brasileiro.
Entre os anos de 1970 e 1985, novas fotografias realiza-
Abrigando petróleo e carvão mineral e ocupando 64% do
das por radares acoplados a aviões pelo Projeto RádamBra-
território brasileiro, encontram-se as bacias sedimentares.
sil, mostraram novas alterações da hidrografia, vegetação,
Durante a era paleozoica, ocorreu uma grande transgres- geomorfologia e geologia, permitindo ao professor Juran-
são marinha que, no seu ponto máximo, uniu por algum dyr Ross elaborar outra classificação do relevo brasileiro, em
tempo as bacias sedimentares brasileiras. O chamado mar 1989. Ele levou em consideração os conceitos de morfoes-
Devoniano formou extensas camadas de sedimentos nos trutura, morfoescultura e morfoclimática, partindo do pres-
quais atualmente se encontram registros fósseis de origem suposto de que o relevo pode ser modificado graças à ação
marinha. dos climas do passado (paleoclimas).
Essa nova classificação observa três níveis hierárquicos de análise: quanto ao formado pela estrutura geológica, outro
relacionado estritamente à geomorfologia e um terceiro que se refere diretamente às denominações dos relevos. Para Ross,
há três tipos de depressão: periféricas (surgem no contato entre terrenos sedimentares e cristalinos); marginais (aparecem na
borda das bacias sedimentares); e interplanálticas (mais baixas do que os planaltos que as circundam).

3. CLIMAS
Climas quentes e úmidos predominam entre a linha do
Equador e o Trópico de Capricórnio, onde se situa o Brasil. Só Apesar das altitudes brasileiras serem, em geral, modes-
na região Sul predominam as médias térmicas mais reduzidas, tas, há também influência desse fator em relação à redução
onde até a neve se faz presente nas regiões serranas. das temperaturas.
As regiões serranas de todo o país apresentam tempera-
turas menores e estão sujeitas à ocorrência de geadas e até
Fatores climáticos de neve. Além disso, o relevo interfere no deslocamento das
A latitude é um fator relevante, uma vez que contribui
massas de ar polar que chegam ao país e é responsável por
para a predominância de maiores médias térmicas. A po-
barrar ou não a umidade que vem do Atlântico.
sição geográfica brasileira, entre os paralelos 5º16‘09‘‘, de
latitude norte e 33º45‘09‘‘, de latitude sul, indica que o país A maritimidade se faz presente na faixa leste do Brasil,
localiza-se na zona intertropical. junto ao oceano Atlântico, onde os índices pluviométricos
são bastante elevados. Já o Centro-Oeste está sujeito aos Tipos climáticos
efeitos da continentalidade e o clima característico da região Devido à atuação dos fatores apresentados ante-
apresenta inverno com baixa pluviosidade. riormente, o país apresenta subtipos de clima tropical.
As características de tropicalidade não desaparecem
As massas de ar contribuem para a compreensão acerca
imediatamente ao sul do Trópico de Capricórnio. Na
da dinâmica climática brasileira. O território está sujeito à
prática, elas transformam-se gradualmente, sendo que as
ação mais intensa de massas vindas do Atlântico.
mudanças mais abruptas estão relacionadas à atuação de
As principais massas de ar atuantes no país são: outros fatores, como a altitude. Portanto, os tipos climáticos
• mEc: massa equatorial continental, cujo centro de ori- brasileiros predominantes são quentes, como o equatorial
gem está no noroeste da Amazônia; e o tropical.

• mEa: massa equatorial atlântica, também quente e • equatorial: predomina na maior parte da Amazônia.
úmida. Forma-se no Atlântico equatorial. Influencia princi- Caracteriza-se por altas temperaturas, acima de 24 ºC, e plu-
palmente o litoral das regiões Norte e Nordeste do Brasil du- viosidade normalmente superior a 2.000 mm o ano todo;
rante o verão e a primavera; • tropical continental: abrange o Centro-Oeste brasi-
• Ta: massa tropical atlântica, cuja formação ocorre no leiro e também o Tocantins, parte do Sudeste e do Nordes-
oceano, na altura do Trópico de Capricórnio; te. Suas temperaturas médias anuais passam dos 20 ºC e
as precipitações estão divididas em duas estações: o verão
• mTc: massa tropical continental, que se origina na de- chuvoso e o inverno seco;
pressão do Chaco e é quente e seca.
• clima tropical semiárido: ocorre no Nordeste bra-
• mPa: massa polar atlântica, cujo centro de formação sileiro e é encontrado também no norte de Minas Gerais.
está no Atlântico sul, próximo à Patagônia argentina. Nor- Caracteriza-se pela baixa pluviosidade, inferior a 1.000 mm,
malmente chega até o Sul e o Sudeste do Brasil. e pela má distribuição das chuvas ao longo do ano;

Clima
• clima litorâneo úmido: ocupa o litoral das regiões Su- processo de industrialização é considerado tardio porque se
deste e Nordeste. Tem elevadas temperaturas anuais e alta intensificou mais de 100 anos depois da Revolução Indus-
pluviosidade, que resulta do encontro da massa tropical trial, iniciada na Europa no século XVIII.
atlântica com áreas planálticas, como a serra do Mar e o pla-
O capital vindo da cafeicultura, da expansão urbana, da
nalto da Borborema, ocasionando chuvas orográficas;
chegada das ferrovias e da presença da mão de obra assala-
• clima tropical de altitude: atua nas áreas de relevo riada dos imigrantes, que também foram a força de trabalho
mais alto do Sudeste, com médias térmicas relativamente empregada nas primeiras fábricas, deram impulso inicial ne-
reduzidas, entre 15 ºC e 21 ºC, e pluviosidade variável entre cessário à industrialização. O modelo de industrialização bra-
o verão e o inverno; sileira é conhecido como o de substituição de importações.
• clima subtropical: aparece nas maiores latitudes, ao Em 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder. Seu governo
sul do Trópico de Capricórnio. Possui estações bem defini- foi marcado pela intervenção estatal na economia e pelos
das, e no inverno recebe influência da massa polar atlânti- investimentos na formação de um setor bem estruturado de
ca, o que intensifica as baixas temperaturas nessa época do indústrias de bens de produção. Em 1941, fundou a Compa-
ano, sendo comum a ocorrência de geadas e neve nas áreas nhia Siderúrgica Nacional. Em 1943, foi inaugurada a Compa-
de relevo mais elevado. nhia Vale do Rio Doce, criada para extrair minério de ferro em
Minas Gerais, na região do Quadrilátero Ferrífero. A Petrobrás
foi fundada em 1943, cujo objetivo era explorar o petróleo.
Domínios morfoclimáticos
Durante o governo de Juscelino Kubitschek, entre 1956 e
O geógrafo Aziz Ab’Sáber define domínio morfoclimáti-
1961, foram realizados vultosos investimentos no setor da
co como todo conjunto onde há interação entre formas de
indústria, principalmente em realção à energia e ao trans-
relevo, tipos de solo, características climáticas, hidrografia e
porte, marcado pela entrada de capital transacional, espe-
vegetação.
cialmente no automotivo.
O domínio amazônico apresenta grande extensão de
Durante o período do governo militar, entre 1964 e 1985,
florestas, rios e rica diversidade de ecossistemas. Seu clima
foi maciça a entrada de capital estrangeiro, com grandes
quente e úmido é considerado um dos mais constantes do
indústrias. A motivação era dirigida à classe média para in-
país, tendo profunda inter-relação com a paisagem vegetal.
cremento do consumo das novidades que chegavam, por
O domínio dos mares de morro florestados é o meio de créditos e incentivos e a realização de grandes
segundo maior conjunto de florestas do território brasileiro, obras. Tudo isso faz a dívida externa disparar. Convencio-
caracterizado por grande biodiversidade. nou-se chamar a década de 70 pelo que era apresentado de
“milagre econômico”, e a década de 80, pelos desastres infla-
O domínio dos cerrados equivale a um terço das paisa-
cionários, de “década perdida”.
gens naturais, ocupando principalmente o Brasil central. Seu
relevo é de chapadas e o clima, marcado pela presença de Ao longo da década de 90, o país iniciou o processo de
duas estações: uma seca e outra úmida. privatização, por meio do qual várias empresas estatais fo-
ram vendidas. A participação do Estado no setor industrial e
Os domínios das caatingas apresenta grande riqueza
energético diminuiu, e o país direcionou sua economia rumo
biológica, com altas temperaturas e irregularidade pluvio-
à globalização. Mas o remédio foi amargo, traduzindo-se em
métrica e longos períodos de estiagem. São comuns os rios
fechamento de muitas empresas e alto nível de desemprego.
intermitentes.
O Brasil apresenta uma enorme desigualdade geográfi-
Os domínios subtropicais, marcados pela presença de
ca quanto à indústria nacional, com grande concentração de
matas de araucárias em terrenos de relevo planáltico, são do
indústrias no Sudeste, tendo incentivos fiscais, consequente-
Brasil meridional e também das pradarias com colunas sua-
mente abrigando as maiores cidades do país. A região Sul tam-
ves da Campanha Gaúcha, conhecidas como coxilhas.
bém apresenta um desenvolvido parque industrial. No Nordes-
Há, ainda, as zonas de transição, como o complexo do te, a indústria começa a ter significância a partir dos anos 1990,
Pantanal, a mata dos cocais e a vegetação litorânea. apresentando hoje um diversificado parque fabril. Já a Zona
Franca de Manaus é o principal polo industrial da região Norte.

4. INDÚSTRIA O Centro-Oeste tem uma participação pequena no cená-


Com vocação agrário-exportadora, teve importante rio industrial nacional. As maiores concentrações situam-se
impulso industrial durante o século XX. Até o final do sécu- junto às cidades de Brasília, Campo Grande, Goiânia e Co-
lo XIX, o Brasil apresentava fraco desempenho no setor in- rumbá, onde são encontradas indústrias ligadas à produção
dustrial. A produção rural comandada pelo café era, então, de cimento, alimentos, produtos químicos, tecidos e de pro-
grande fonte de acumulação da riqueza nacional. Nosso cessamento de carne e couro.
faz com que São Paulo também seja reconhecida como uma
5. URBANIZAÇÃO E POPULAÇÃO cidade global. O acelerado ritmo de urbanização no Brasil
O pós-guerra é marcado por intensa urbanização. Hoje,
e no mundo trouxe, como consequência, inúmeros proble-
80% da população vive nas cidades. Consequência do
mas ambientais e socioeconômicos.
êxodo rural, a população urbana supera a rural, no Sudes-
te, desde os anos 1950. Já na região Sul, esse fenômeno só Composição étnica
surgiu a partir dos anos 1970, por causa da concentração O aumento considerável da população no Brasil se dá em
fundiária que acompanhou a mecanização rural, somada à pouco mais de um século. Foi uma combinação da imigra-
aceleração industrial que a região apresentou. ção e das grandes levas de escravos vindos da África.
O Nordeste, devido às secas constantes, têm grande êxodo De acordo com o IBGE, os brasileiros podem ser agrupa-
rural para diversas regiões do país, especialmente sudeste. No dos conforme a cor da seguinte forma: brancos, pardos,
Centro-Oeste, a urbanização foi estimulada pela construção pretos, amarelos e indígenas.
de Brasília e de uma rede de estradas que integram a região Os brancos chegaram aqui na condição de proprietários
ao Sudeste. Além disso, seu modelo de produção agropecuá- de terra ou na de trabalhadores livres de baixa renda. Nesse
ria é baseado na mecanização e na criação extensiva de gado, caso, foram integrados como camponeses ou trabalhadores
o que se traduz em poucos postos de trabalho no campo. Tal urbanos.
situação estimulou a ida de pessoas para as cidades.
Os negros vieram para cá como escravos. Estima-se que
A região Norte apresenta as menores taxas de urbani- 4 milhões deles foram retirados à força de seus territórios no
zação nacional. Houve estímulo governamental ao fluxo de continente africano. As revoltas contra essa situação se da-
migrantes para as frentes agrícolas de colonização, o quere- vam de várias formas: desde a insubordinação contra os se-
duziu a participação da população urbana na região. nhores até a fuga para os quilombos. A Constituição de 1988
As duas metrópoles de maior destaque nacional são Rio reconheceu o direito de remanescentes quilombolas à terra.
de Janeiro e São Paulo. A conexão com a economia mundial Durante a colonização, muitos portugueses vieram sem
família para o Brasil. A escassez
População e Demografia de mulheres brancas foi respon-
sável pela grande miscigenação
com negras e indígenas. A valori-
zação dessa mestiçagem criou a
falsa ideia de “democracia racial”
no país, que, no entanto, não
se expressa nas estatísticas. Um
exemplo disso se traduz na aná-
lise referente ao analfabetismo:
entre os brancos, a taxa é de 9,3%;
já entre os negros e mestiços, fica
em 22%. Essa desigualdade se
mantém em outros índices, como
níveis salariais e taxas de esco-
laridade.
Ainda sob domínio português,
o Brasil começou a receber levas
de imigrantes oriundos da Suíça
e da atual Alemanha. A ideia era
estimular a vinda dessas pesso-
as a fim de “branquear” a nação.
Durante o período do Império, as
preocupações se voltaram para a
legitimação da ocupação das ter-
ras no sul do país. Com o intuito
de povoá-las, houve incentivo à
entrada de alemães, italianos e es-
lavos, que fundaram importantes
núcleos de povoamento.
Um significativo fluxo imigratório também ocorreu no sé- nhóis e portugueses. Isso foi acompanhado de conflitos entre
culo XIX, com o objetivo de atrair mão de obra para as lavouras fazendeiros e imigrantes em decorrência das péssimas condi-
de café no Sudeste. Cerca de 70% dos imigrantes que aporta- ções de vida e do árduo trabalho na lavoura cafeeira.
ram no país à época tiveram esse destino. O maior contingente No início do século XX, o país passou a receber tam-
era formado por italianos, mas também vieram para cá espa- bém importantes parcelas de imigrantes japoneses e
sírio-libaneses.
Regiões metropolitanas
Durante o governo de
Getúlio Vargas (1930-1945),
foram estabelecidas as pri-
meiras cotas de restrição à
presença de estrangeiros no
Brasil. As mais recentes entra-
das de imigrantes no país têm
sua origem na Bolívia, Coreia
do Sul e China.
Desde 1980, com o agrava-
mento da situação econômica
brasileira, o país se tornou uma
área de saída de pessoas. Esta-
dos Unidos, Japão, Europa e o
vizinho Paraguai têm sido os
destinos mais procurados. A
crise econômica internacional,
ocorrida a partir de setembro
de 2008, trouxe, no entanto, vá-
rios brasileiros de volta ao país.
O êxodo rural tem papel
de destaque na criação de
fluxos migratórios no Brasil.
A concentração fundiária,
somada à modernização no
campo, contribuiu para a sa-
ída de pessoas rumo às cida-
des, principalmente depois
de 1950.
Com incentivo governa-
mental para se ocupar a Ama-
zônia, a partir da década de
1960, projetos de colonização
atraíram sulistas e nordestinos
para o Centro-Oeste e o Norte.
Desde 1970, o ritmo de
crescimento populacional bra-
sileiro vem diminuindo. Tal si-
tuação resulta da significativa
queda na fecundidade, que se
traduz hoje em dia na média de
pouco mais de dois filhos por
mulher. A transição demográfi-
ca no Brasil ainda está em cur-
so, mas já é considerada uma
das mais rápidas do mundo.
6. RECURSOS ENERGÉTICOS Na bacia do Tocantins-Araguaia, foi construída a hidrelé-
O Brasil apresenta equilíbrio de fontes energéticas reno- trica de Tucuruí, que fornece energia para o polo mineral de
váveis − hidrelétricas e biomassa − e não renováveis − car- Carajás e as indústrias de processamento da bauxita.
vão, petróleo e gás natural. No país, a eletricidade é obtida
de três formas: nas hidrelétricas (que predominam), nas Já o carvão mineral é um recurso escasso e concentrado
termelétricas e nas termonucleares. nos estados da região Sul. Tem má qualidade e elevado nível
de impurezas, o que reduz seu potencial calorífico e eleva
O clima úmido e o predomínio de relevos planálticos o lançamento de poluentes na atmosfera. É utilizado para
fazem do Brasil um país com excelente potencial hidrelé- gerar energia em termelétricas e também nos altos-fornos
trico. Esse tipo de usina gera 77,3% da eletricidade do país, das siderúrgicas. O país ainda depende de importações des-
mas o aproveitamento do potencial hidráulico corresponde se recurso.
a apenas um quarto do potencial nacional. Nosso sistema
elétrico brasileiro é gerido pela Eletrobrás. Sua função prin- A construção de hidrelétricas gera não só impactos am-
cipal é controlar a geração e a transmissão de energia no bientais e históricos, como os já descritos, mas também é
país. Há seis subsidiárias controladas pela Eletrobrás: Furnas, responsável, com o lago de suas represas, pelo desaloja-
Chesf, Eletrosul, Eletronorte, CGTEE e Eletronuclear. mento de milhares de pessoas. Em Sobradinho, no rio São
Francisco, criou-se o maior lago artificial do país, com uma
A bacia amazônica possui o maior potencial hidrelétri- área de 4.200 km2, o que provocou o deslocamento de 70
co do país, mas é nas bacias do Paraná e do São Francisco mil pessoas que viviam em quatro cidades e em alguns po-
que ocorre o maior aproveitamento energético, pois elas
fornecem energia
Sistema hidrelétrico e
para as regiões mais
de energia nuclear
populosas do Brasil:
Sudeste, Sul e Nor-
deste.
Na bacia do Para-
ná, as principais usi-
nas geradoras são:
Itaipu Binacional (a
maior do país), Ilha
Solteira, Jupiá e Por-
to Primavera. As usi-
nas mais importan-
tes da bacia do São
Francisco são: Paulo
Afonso, Três Marias,
Sobradinho e Xingó.
O potencial hidre-
létrico da bacia ama-
zônica encontra-se
principalmente nos
afluentes do Ama-
zonas, mas é pou-
co aproveitado. As
principais usinas são:
Curuá-Una, Samuel e
Balbina (considerada
um grande desastre
ecológico, porque o
local escolhido para
sua construção tem
pouca declividade e,
portanto, gera pouca
energia).
Fonte: https://atlasescolar.Ibge.Gov.Br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_sistema_eletrico.Pdf <acesso em 06 jul 2018>
voados, que desapareceram sob suas águas. Muitas dessas Considerados os melhores para a prática agrícola, o solo
pessoas foram deslocadas, sem que pudessem se opor, para de massapé, com alto teor de matéria orgânica, e a terra
locais situados a 700 km de distância. roxa, são encontrados no Nordeste em nas áreas do Sul e Su-
As termelétricas têm crescido em participação no setor deste que sofreram derrames basálticos na era mesozoica.
energético nacional desde o ano 2000. A ideia do governo é A distribuição das terras no Brasil ocorreu de forma ex-
garantir diversidade energética ao país. Essas usinas tremamente desigual. Há grande concentração nas mãos de
são movidas a carvão, gás natural e óleo diesel e forne- poucos, por conta do processo histórico de constituição das
cem energia para áreas pouco servidas por redes hidrelétri- propriedades rurais no país. Desde o início da colonização,
cas, como a região Norte do país. a estrutura de propriedades se organizou em torno dos la-
tifúndios, com o sistema de capitanias hereditárias e, poste-
As usinas termonucleares brasileiras localizam-se no li- riormente, das sesmarias.
toral fluminense, no município de Angra dos Reis. No início
da década de 1970, o governo militar deu início ao progra- Também houve, desde o começo, a posse da terra em
ma nuclear brasileiro. Após acordos de parceria com Estados que uma pessoa a ocupa sem ser seu dono reconhecida-
Unidos e Alemanha, a usina de Angra I entrou em funcio- mente. Em 1850, foi criada a primeira Lei de Terras do país,
namento no ano de 1985, e Angra II somente em 2000. Em que extinguiu o acesso à propriedade por meio da posse,
2015, as obras de Angra III foram suspensas devido a suspei- tornando a compra obrigatória. Dessa forma, a terra tornou-
tas de corrupção. -se um bem inatingível para a população pobre, especial-
mente para os escravos libertos algumas décadas depois.
Desde as duas crises do petróleo na década de 1970, o Bra-
sil desenvolveu uma linha de pesquisa dos chamados biocom- A partir de 1950, as ligas camponesas, os sindicatos de
bustíveis. O Proálcool visava à substituição da gasolina pelo trabalhadores rurais, a igreja católica e o Partido Comunista
álcool combustível, extraído da biomassa da cana-de-açúcar. Brasileiro intensificaram a luta pela terra. Em 1964, o gover-
no militar aprovou o Estatuto da Terra, que previa a realiza-
Desde a década de 1980, o país vem realizando pesqui- ção da reforma agrária e a modernização da agricultura.
sas para a obtenção de biodiesel a partir de mamona, soja, A aprovação do estatuto, porém, foi apenas uma estratégia
dendê, girassol, algodão e babaçu. Atualmente, os impactos para apaziguar os conflitos de terra.
do aquecimento global têm colocado o Brasil em evidência
como importante produtor de biocombustíveis. Há ainda o Em 1985, teve início a política de assentamentos de
incentivo ao uso de outras fontes, como a solar, a maremo- famílias no campo. A Constituição de 1988 promulgou leis
triz e a eólica. Das três, a eólica está em expansão, e o Rio que garantiriam a consolidação da reforma agrária por
Grande do Sul possui maior destaque na produção nacional, meio da desapropriação de terras consideradas de interes-
mas caminha bem também no Nordeste. se social pela união.

7. AGROPECUÁRIA Geografia Agropecuária


O Brasil possui uma das maiores áreas agrícolas do mun- Os produtos oriundos do setor agropecuário representam
do. Milhares de brasileiros, porém sofrem com a fome e a 42% das exportações brasileiras, com destaque para soja, car-
subnutrição, em decorrência da política de incentivo à agri- nes, café, açúcar, fumo e suco de laranja. Há dois grupos de
cultura de exportação e do processo de exclusão da terra produtores rurais no país: os grandes proprietários de terra,
que atingem a população de baixa renda. que têm acesso a todo tipo de inovação tecnológica no cam-
po e aos créditos dos bancos, e os pequenos agricultores,
Apesar do extenso território, há muitas áreas em que os
que produzem em pequenas e médias propriedades de ca-
solos brasileiros apresentam limitações naturais à atividade
ráter familiar e se integram à cadeia do agronegócio porque
agrícola, como a pobreza de nutrientes, a dificuldade de dre-
vendem a produção para grandes empresas do setor.
nagem da água das chuvas − com o consequente risco de
inundações − e a presença de solos rasos e áreas de forte Nove estados respondem por 85% da produção agrope-
declividade. cuária nacional: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas
Gerais, Mato Grosso, Bahia, Goiás, Santa Catarina e Mato
A ação antrópica tem agravado esses problemas. Práti-
Grosso do Sul.
cas como queimadas e exposição do solo à ação pluvial con-
tribuem para processos erosivos, acidificação, laterização e No centro-sul do país, concentra-se a maior mecaniza-
desertificação; o uso indiscriminado de agrotóxicos provoca ção agrícola, com a consequente formação de complexos
envenenamento dos solos, das plantações e das águas, o agroindustriais relacionados ao uso de insumos, como má-
que prejudica os animais e o próprio homem. quinas e fertilizantes, ao transporte, ao armazenamento dos
produtos e à venda da produção.
O Sudeste e o Sul apresentam grande diversidade de produtos obtidos no campo, com destaque para a cana-de-açúcar,
a laranja, o café, o fumo, a soja, o milho e a uva. A pecuária também é bastante produtiva, especialmente a de criação, tanto
para carne quanto para leite.
O Centro-Oeste tem na produção de soja e na pecuária de corte suas grandes forças. A região possui os maiores
rebanhos bovinos do Brasil e importantes frigoríficos.

ANOTAÇÕES

Bibliografia
AB’ SABER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: Potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2005.
ANDRADE, Manoel Corrêa de. Geografia econômica. São Paulo: Atlas, 1998.
Atlas Geográfico Escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2017.
BECKER, Bertha K. et al. (Org.) - Geografia e meio ambiente no Brasil. São Paulo / Rio de Janeiro: HUCITEC / Comissão Nacional do Brasil da
União Geográfica Internacional, 1995.
CARRION, Raul K. M.; VIZENTINI, Paulo G. F. Globalização, Neoliberalismo, Privatizações – Quem decide este jogo? 2. ed. Porto Alegre:
Universidade/UFRGS, 1998.
COELHO, Marcos de Amorim. Geografia geral – O espaço natural e socio-econômico. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1992.
FIRKOWSKI, O. L. C. de F. Industrialização: questão ambiental e Mercosul. Londrina, volume 8, nº 2, 1999.
GIOVANNETTI, Gilberto; LACERDA, Madalena. Dicionário de Geografia. Editora Melhoramentos, [s.d.].
MACIEL, Carlos; KUNZLER, Jacob Paulo. Mercosul e o mercado internacional. Porto Alegre: Ortiz, 1995.
MAZZINI, Ana Luíza D. A. Dicionário Educativo de Termos Ambientais. Belo Horizonte: O Lutador, 2003.
OLIVA, J.; GIANSANTI, R. Espaço e modernidade: Temas da Geografia mundial. São Paulo: Atual, 1996.
Revistas Brasileira de Geomorfologia. Ano IV, nº 02, 2003.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1995.
EXERCÍCIOS
DE GEOGRAFIA
b) Zona de transição.
1. (ENEM 2016) c) Região polarizada.
O número de filhos por casal diminui rapidamente. Para a maioria dos economistas, d) Área de conurbação.
isso representa um alerta para o futuro. e) Periferia metropolitana.

3. (ENEM 2016)
Participei de uma entrevista com o
músico Renato Teixeira. Certa hora,
alguém pediu para listar as diferen-
ças entre a música sertaneja antiga e
a atual. A resposta dele surpreendeu
a todos: “Não há diferença alguma. A
música caipira sempre foi a mesma.
É uma música que espelha a vida do
homem no campo, e a música não
mente. O que mudou não foi a mú-
sica, mas a vida no campo”. Faz todo
sentido: a música caipira de raiz exa-
lava uma solidão, um certo distan-
ciamento do país “moderno”. Exigir
o mesmo de uma música feita hoje,
num interior conectado, globalizado
e rico como o que temos, é impossí-
Uma consequência socioeconômica para os países que vivenciam o fenômeno vel. Para o bem ou para o mal, a mú-
demográfico ilustrado é a diminuição da sica reflete seu próprio tempo.
BARCINSKI. A. Mudou a música ou
a) oferta de mão de obra nacional. mudaram os caipiras? Folha de São
b) média de expectativa de vida. Paulo, 4 jun. 2012 (adaptado).
c) disponibilidade de serviços de saúde.
d) despesa de natureza previdenciária. A questão cultural indicada no
e) imigração de trabalhadores qualificados. texto ressalta o seguinte aspecto
socioeconômico do atual campo
2. (ENEM 2016) brasileiro:
O Rio de Janeiro tem projeção imediata no próprio estado e no Espírito Santo, em
parcela do sul do estado da Bahia, e na Zona da Mata, em Minas Gerais, onde tem in- a) Crescimento do sistema de produ-
fluência dividida com Belo Horizonte. Compõem a rede urbana do Rio de Janeiro, en- ção extensiva.
tre outras cidades: Vitória, Juiz de Fora, Cachoeiro de Itapemirim, Campos dos Goyta- b) Expansão de atividades das novas
cazes, Volta Redonda, Barra Mansa, Teixeira de Freitas, Angra dos Reis e Teresópolis. ruralidades.
Disponível em: http://ibge.gov.br. Acesso em: 9 jul. 2015 (adaptado). c) Persistência de relações de traba-
lho compulsório.
O conceito que expressa a relação entre o espaço apresentado e a cidade do d) Contenção da política de subsí-
Rio de Janeiro é: dios agrícolas.
e) Fortalecimento do modelo de or-
a) Frente pioneira. ganização cooperativa.
4. (ENEM 2016)

EUA. Relatório da Academia Nacional de Ciências (adaptado), 2008.

Conforme a análise do documento cartográfico, a área


de concentração das usinas de dessalinização é explica-
da pelo(a)
a)
a) pioneirismo tecnológico.
b) condição hidropedológica.
c) escassez de água potável.
d) efeito das mudanças climáticas.
e) busca da sustentabilidade ambiental.

5. (ENEM 2016)
b) d)

c) e)

Disponível em: www.unric.org. Acesso em: 9 ago 2013.

A ONU faz referência a uma projeção cartográfica em seu lo-


gotipo. A figura que ilustra o modelo dessa projeção é:
d) cerceamento da liberdade de expressão.
6. (ENEM 2016) e) fortalecimento das práticas de discriminação.
Dados recentes mostram que muitos são os países periféri-
cos que dependem dos recursos enviados pelos imigrantes 8. (ENEM 2016)
que estão nos países centrais. Grande parte dos países da Os moradores de Andalsnes, na Noruega, poderiam se dar
América Latina, por exemplo, depende hoje das remessas de
ao luxo de morar perto do trabalho nos dias úteis e de se
seus imigrantes. Para se ter uma ideia mais concreta, recen- refugiar na calmaria do bosque aos fins de semana. E sem
tes dados divulgados pela ONU revelaram que somente os
sair da mesma casa. Bastaria achar uma vaga para estacionar
indianos recebem bilhões de dólares de seus compatriotas o imóvel antes de curtir o novo endereço.
no exterior. No México, segundo maior volume de divisas,
esse valor chega a 9,9 bilhões de dólares e nas Filipinas, o
terceiro, a 8, 4 bilhões.
HAESBAERT. R.; PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova des-or-
dem mundial. São Paulo: Edunesp, 2006.

Um aspecto do mundo globalizado que facilitou a ocor-


rência do processo descrito, na transição do século XX
para o século XXI, foi o(a)

a) integração de culturas distintas.


b) avanço técnico das comunicações.
c) quebra de barreiras alfandegárias.
d) flexibilização de regras trabalhistas.
e) desconcentração espacial da produção.

7. (ENEM 2016)
Texto I – Mais de mil refugiados entraram no território hún-
garo apenas no primeiro semestre de 2015. Budapeste lan-
çou os “trabalhos preparatórios” para a construção de um Disponível em: http://casavogue.globo.com. Acesso em:
muro de 4 metros de altura e ao longo de sua fronteira com a 3 out. 2015 (adaptado).
Sérvia, informou o ministro húngaro das Relações Exteriores. Uma vez implementada, essa proposta afetaria a dinâ-
“Uma resposta comum da União Europeia a este desafio da mica do espaço urbano por reduzir a intensidade do se-
imigração é muito demorada, e a Hungria não pode esperar. guinte processo:
Temos que agir”, justificou o ministro.
Disponível em: www.portugues.rfi.fr. Acesso em: 19 jun. 2015 a) Êxodo rural.
(adaptado). b) Movimento pendular.
c) Migração de retorno.
Texto II – O Alto Comissariado das Nações Unidas para Re- d) Deslocamento sazonal.
fugiados (ACNUR) critica as manifestações de xenofobia e) Ocupação de áreas centrais.
adotadas pelo governo da Hungria. O país foi invadido por
cartazes nos quais o chefe do executivo insta os imigrantes 9. (ENEM 2016)
a respeitarem as leis e a não “roubarem” os empregos dos
Quanto mais complicada se tornou a produção industrial,
húngaros. Para o ACNUR, a medida é surpreendente, pois a
mais numerosos passaram a ser os elementos da indústria
xenofobia costuma ser instigada por pequenos grupos radi-
que exigiam garantia de fornecimento. Três deles eram de
cais e não pelo próprio governo do país.
importância fundamental: o trabalho, a terra e o dinheiro.
Disponível em: http://pt.euronews.com. Acesso em: 19 jun.
Numa sociedade comercial, esse fornecimento só pode-
2015 (adaptado).
ria ser organizado de uma forma: tornando-os disponíveis
a compra. Agora eles tinham que ser organizados para a
O posicionamento governamental citado nos textos é venda no mercado. Isso estava de acordo com a exigência
criticado pelo ACNUR por ser considerado um caminho de um sistema de mercado. Sabemos que, em um sistema
para o(a) como esse, os lucros só podem ser assegurados se se garan-
te a autorregulação por meio de mercados competitivos in-
a) alteração do regime político. terdependentes.
b) fragilização da supremacia nacional. POLANYI, K. A grande transformação: as origens de nossa
c) expansão dos domínios geográficos. época. Rio de Janeiro: Campus, 2000 (adaptado).
A consequência do processo de transformação socioeco- d) progresso e educação ambiental.
nômica abordado no texto é a e) bem-estar e modernização econômica.

a) expansão das terras comunais. 12. (ENEM 2017)


b) limitação do mercado como meio de especulação. A configuração do espaço urbano da região do Entorno do
c) consolidação da força de trabalho como mercadoria. Distrito Federal assemelha-se às demais aglomerações ur-
d) diminuição do comércio como efeito da industrialização. banas e regiões metropolitanas do país, onde é facilmente
e) adequação do dinheiro como elemento padrão das tran- identificável a constituição de um centro dinâmico e desen-
sações. volvido, onde se concentram as oportunidades de trabalho
e os principais serviços, e a constituição de uma região pe-
10. (ENEM 2016) riférica concentradora de população de baixa renda, com
acesso restrito às principais atividades com capacidade de
acumulação e produtividade, e aos servi-
ços sociais e infraestrutura básica.
CAIADO, M. C. A migração intrametropo-
litana e o processo de estruturação do
espaço da Região Integrada de Desen-
volvimento do Distrito Federal e Entorno.
In: HOGAN, D. J. et al. (Org.). Migração e
ambiente nas aglomerações urbanas.
Campinas: Nepo/Unicamp, 2002.

A organização interna do aglomerado


urbano descrito é resultado da ocorrên-
cia do processo de

a) expansão vertical.
Disponível em: http://portuguese.brazil.usembassy.gov.
Acesso em: 16 maio 2016 (adaptado) b) polarização nacional.
c) emancipação municipal.
Dentro das atuais redes produtivas, o referido bloco d) segregação socioespacial.
apresenta composição estratégica por se tratar de um e) desregulamentação comercial.
conjunto de países com
13. (ENEM 2017)
a) elevado padrão social.
b) sistema monetário integrado.
c) alto desenvolvimento tecnológico.
d) identidades culturais semelhantes.
e) vantagens locacionais complementares.

11. (ENEM 2017)


Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social,
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em:
27 abr. 2017
A leitura dos dados revela que as áreas com maior cober-
tura vegetal têm o potencial de intensificar o processo de
A persistência das reivindicações relativas à aplicação
desse preceito normativo tem em vista a vinculação his-
tórica fundamental entre a) erosão laminar.
b) intemperismo físico.
a) etnia e miscigenação racial. c) enchente nas cidades.
b) sociedade e igualdade jurídica. d) compactação do solo.
c) espaço e sobrevivência cultural. e) recarga dos aquíferos.
14. (ENEM 2017) ca nova divisão internacional do trabalho, que não é mais
O desgaste acelerado sempre existirá se o agricultor não ti- apoiada na clara segmentação setorial das atividades eco-
ver o devido cuidado de combater as causas, relacionadas nômicas.
a vários processos, tais como: empobrecimento químico e RIO, G. A. P. A espacialidade da economia. In: CASTRO, I. E.:
lixiviação provocados pelo esgotamento causado pelas co- GOMES. P. C. C.; CORRÊA, R. L. (Org.). Olhares geográficos:
lheitas e pela lavagem vertical de nutrientes da água que se modos de ver e viver o espaço. Rio de Janeiro: Bertrand
infiltra no solo, bem como pela retirada de elementos nutri- Brasil, 2012 (adaptado).
tivos com as colheitas. Os nutrientes retirados, quando não
repostos, são comumente substituídos por elementos tóxi- Nesse contexto, o fenômeno descrito tem como um de
cos, como, por exemplo, o alumínio. seus resultados a
LEPSCH, I. Formação e consumação dos solos. São Paulo:
Oficina de Textos, 2002 (adaptado). a) saturação do setor secundário.
b) ampliação dos direitos laborais.
A dinâmica ambiental exemplificada no texto gera a se- c) bipolarização do poder geopolítico.
guinte consequência para o solo agricultável: d) consolidação do domínio tecnológico.
e) primarização das exportações globais.
a) Elevação da acidez.
b) Ampliação da salinidade. 17. (ENEM 2017)
c) Formação de voçorocas.
d) Remoção da camada superior.
e) Intensificação do escoamento superficial.

15. (ENEM 2017)


Os maiores consumidores da infraestrutura logística para ex-
portação no Brasil são os produtos a granel, dentre os quais
se destacam o minério de ferro, petróleo e seus derivados e
a soja, que, por possuírem baixo valor agregado, e por serem
movimentados em grandes volumes, necessitam de uma
infraestrutura de grande porte e baixos custos. No caso da
soja, a infraestrutura deixa muito a desejar, resultando em
enormes filas de navios, caminhões e trens, que, por fica-
rem grande parte do tempo ociosos nas filas, têm seu custo
majorado, onerando fortemente o exportador, afetando sua
margem de lucro e ameaçando nossa competitividade inter-
nacional.
FLEURY P. F. A infraestrutura e os desafios logísticos das
exportações brasileiras. Rio de Janeiro: CEL; Coppead;
UFRJ. 2005 (adaptado).

No contexto do início do século XXI, uma ação para solu-


cionar os problemas logísticos da soja apresentados no
texto seria a

a) isenção de impostos de transportes.


b) construção de terminais atracadouros.
c) diversificação dos parceiros comerciais.
d) contratação de trabalhadores portuários.
e) intensificação do policiamento das rodovias. Disponível em: https://pt.climate-data.org.
Acesso em: 12 maio 2017 (adaptado)
16. (ENEM 2017)
A diversidade de atividades relacionadas ao setor terciário As temperaturas médias mensais e as taxas de pluvio-
reforça a tendência mais geral de desindustrialização de sidade expressas no climograma apresentam o clima
muitos dos países desenvolvidos sem que estes, contudo, típico da seguinte cidade:
percam o comando da economia. Essa mudança impli-
a) Cidade do Cabo (África do Sul), marcado pela reduzida
amplitude térmica anual. 20. (ENEM 2017)
b) Sydney (Austrália), caracterizado por precipitações O fenômeno da mobilidade populacional vem, desde as úl-
abundantes no decorrer do ano. timas décadas do século XX, apresentando transformações
c) Mumbai (Índia), definido pelas chuvas monçônicas significativas no seu comportamento, não só no Brasil como
torrenciais. também em outras partes do mundo. Esses novos processos
d) Barcelona (Espanha), afetado por massas de ar seco. se materializam, entre outros aspectos, na dimensão interna,
e) Moscou (Rússia), influenciado pela localização geográfica pelo redirecionamento dos fluxos migratórios para as cida-
em alta latitude. des médias, em detrimento dos grandes centros urbanos;
pelos deslocamentos de curta duração e a distâncias me-
18. (ENEM 2017) nores; pelos movimentos pendulares, que passam a assumir
Ao destruir uma paisagem de árvores de troncos retorcidos, maior relevância nas estratégias de sobrevivência, não mais
folhas e arbustos ásperos sobre os solos ácidos, não raro la- restritos aos grandes aglomerados urbanos.
terizados ou tomados pelas formas bizarras dos cupinzeiros, OLIVEIRA, L. A. P.; OLIVEIRA, A. T. R. Reflexões sobre os des-
essa modernização lineariza e aparentemente não permite locamentos populacionais no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE,
que se questione a pretensão modernista de que a forma 2011 (adaptada).
deve seguir a função.
HAESBAERT, R. “Gaúchos” e baianos no “novo” Nordeste: en- A redefinição dos fluxos migratórios internos no Brasil,
tre a globalização econômica e a reinvenção das identidades no período apontado no texto, tem como causa a inten-
territoriais. In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORREA, R. L. sificação do processo de
(Org.). Brasil: questões atuais da reorganização do terri-
tório. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. a) descapitalização do setor primário.
b) ampliação da economia informal.
O processo descrito ocorre em uma área biogeográfica c) tributação da área residencial citadina.
com predomínio de vegetação d) desconcentração da atividade industrial.
e) saturação da empregabilidade no setor terciário.
a) tropófila e clima tropical.
b) xerófila e clima semiárido. 21. (ENEM 2016)
c) hidrófila e clima equatorial. O bioma Cerrado foi considerado recentemente um dos
d) aciculifoliada e clima subtropical. 25 hotspots de biodiversidade do mundo, segundo uma
e) semidecídua e clima tropical úmido análise em escala mundial das regiões biogeográficas so-
bre áreas globais prioritárias para conservação. O conceito
19. (ENEM 2017) de hotspot foi criado tendo em vista a escassez de recursos
A instalação de uma refinaria obedece a diversos fatores téc- direcionados para conservação, com o objetivo de apresen-
nicos. Um dos mais importantes é a localização, que deve tar os chamados “pontos quentes”, ou seja, locais para os
ser próxima tanto dos centros de consumo como das áreas quais existe maior necessidade de direcionamento de es-
de produção. A Petrobras possui refinarias estrategicamente forços, buscando evitar a extinção de muitas espécies que
distribuídas pelo país. Elas são responsáveis pelo processa- estão altamente ameaçadas por ações antrópicas.
mento de milhões de barris de petróleo por dia, suprindo o PINTO, P.P.; DINIZ-FILHO, J. A. F. In: ALMEIDA, M. G. (Org.). Tan-
mercado com derivados que podem ser obtidos a partir de tos cerrados: múltiplas abordagens sobre a biogeodi-
petróleo nacional ou importado. versidade e singularidade cultural. Goiânia: Vieira. 2005
MURTA, A. L. S. Energia: o vício da civilização; crise ener- (adaptado).
gética e alternativas sustentáveis. Rio de Janeiro: Gara-
mond, 2011. A necessidade desse tipo de ação na área mencionada
tem como causa a
A territorialização de uma unidade produtiva depende
de diversos fatores locacionais. A partir da leitura do a) intensificação da atividade turística.
texto, o fator determinante para a instalação das refina- b) implantação de parques ecológicos.
rias de petróleo é a proximidade a c) exploração dos recursos minerais.
d) elevação do extrativismo vegetal.
a) sedes de empresas petroquímicas. e) expansão da fronteira agrícola.
b) zonas de importação de derivados.
c) polos de desenvolvimento tecnológico. 22. (ENEM 2016)
d) áreas de aglomerações de mão de obra. A linhagem dos primeiros críticos ambientais brasileiros
e) espaços com infraestrutura de circulação. não praticou o elogio laudatório da beleza e da grandeza
do meio natural brasileiro. O meio natural foi elogiado por mais uma vez, os vendedores de refrigerantes às portas dos
sua riqueza e potencial econômico, sendo sua destruição in- estádios viram sua produtividade aumentada graças ao just
terpretada como um signo de atraso, ignorância e falta de in time dos fabricantes e distribuidores de bebidas, mas para
cuidado. realizar o valor de tais mercadorias, a forma do trabalho dos
PÁDUA, J. A. Um sopro de destruição: pensamento polí- vendedores é a mais primitiva. Combinam-se, pois, acumu-
tico e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). lação molecular-digital com o puro uso da força de trabalho.
Rio de Janeiro: Zahar, 2002 (adaptado). OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista e o ornitorrinco. Cam-
pinas: Boitempo, 2003.
Descrevendo a posição dos críticos ambientais brasilei-
ros dos séculos XVIII e XIX, o autor demonstra que, via de Os aspectos destacados no texto afetam diretamente
regra, eles viam o meio natural como questões como emprego e renda, sendo possível expli-
car essas transformações pelo(a)
a) ferramenta essencial para o avanço da nação.
b) dádiva divina para o desenvolvimento industrial. a) crise bancária e o fortalecimento do capital industrial.
c) paisagem privilegiada para a valorização fundiária. b) inovação toyotista e a regularização do trabalho formal.
d) limitação topográfica para a promoção da urbanização. c) impacto da tecnologia e as modificações na estrutura
e) obstáculo climático para o estabelecimento da civilização. produtiva.
d) emergência da globalização e a expansão do setor se-
23. (ENEM 2016) cundário.
A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas mu- e) diminuição do tempo de trabalho e a necessidade de di-
lheres comerciantes, caracterizadas pela perícia, autonomia ploma superior.
e mobilidade. A sua presença, que fora atestada por viajan-
tes e por missionários portugueses que visitaram a costa a 25. (ENEM 2016)
partir do século XV, consta também na ampla documenta-
ção sobre a região. A literatura é rica em referências às gran-
des mulheres como as vendedoras ambulantes, cujo jeito
para o negócio, bem como a autonomia e mobilidade, é tão
típico da região.
HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a agência fe-
minina e representações em mudança na Guiné (séculos XIX
e XX). In: PANTOJA. S. (Org.). Identidades, memórias e his-
tórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006.

A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da


África Ocidental pode ser relacionada a uma característi-
ca marcante das cidades no Brasil escravista nos séculos
XVIII e XIX, que se observa pela

a) restrição à realização do comércio ambulante por africa-


nos escravizados e seus descendentes.
b) convivência entre homens e mulheres livres, de diversas
origens, no pequeno comércio.
c) presença de mulheres negras no comércio de rua de di-
versos produtos e alimentos.
d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de
origem dos escravizados.
e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas
ao pequeno comércio urbano.

24. (ENEM 2016) Uma scena franco-brazileira: “franco” – pelo local e os perso-
A mundialização introduz o aumento da produtividade do nagens, o local que é Paris e os personagens que são pesso-
trabalho sem acumulação de capital, justamente pelo caráter as do povo da grande capital; “brazileira” pelo que ahi se está
divisível da forma técnica molecular-digital do que resulta a bebendo: café do Brazil. O Lettreiro diz a verdade apregoan-
permanência da má distribuição da renda: exemplificando do que esse é o melhor de todos os cafés. (Essa página foi
desenhada especialmente para A Ilustração Brazileira pelo Sr. a) promover a livre circulação de trabalhadores.
Tofani, desenhista do Je Sais Tout.) b) fomentar a competitividade no mercado externo.
A Ilustração Brazileira, n. 2, 15 jun. 1909 (adaptado). c) restringir investimentos de empresas multinacionais.
d) adotar medidas cambiais para subsidiar o setor agrícola.
A página do periódico do início do século XX documenta e) reduzir a fiscalização alfandegária para incentivar o con-
um importante elemento da cultura francesa, que é re- sumo.
velador do papel do Brasil na economia mundial, indica-
do no seguinte aspecto: 28. (ENEM 2017)
A primeira Guerra do Golfo, genuinamente apoiada pelas Na-
a) Prestador de serviços gerais. ções Unidas e pela comunidade internacional, assim como a
b) Exportador de bens industriais. reação imediata ao Onze de Setembro, demonstravam a for-
c) Importador de padrões estéticos. ça da posição dos Estados Unidos na era pós-soviética.
d) Fornecedor de produtos agrícolas. HOBSBAWM, E. Globalização, democracia e terrorismo.
e) Formador de padrões de consumo. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.

26. (ENEM 2017) Um aspecto que explica a força dos Estados Unidos
Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, apontada pelo texto, reside no(a)
em 1948, a Unesco publicou estudos de cientistas de todo o
mundo que desqualificaram as doutrinas racistas e demons- a) poder de suas bases militares espalhadas ao redor do
traram a unidade do gênero humano. Desde então, a maioria mundo.
dos próprios cientistas europeus passou a reconhecer o cará- b) alinhamento geopolítico da Rússia em relação aos EUA.
ter discriminatório da pretensa superioridade racial do homem c) política de expansionismo territorial exercida sobre Cuba.
branco e a condenar as aberrações cometidas em seu nome. d) aliança estratégica com países produtores de petróleo
SILVEIRA, R. Os selvagens e a massa: papel do racismo como Kuwait e Irã.
científico na montagem da hegemonia ocidental. Afro- e) incorporação da China à Organização do Tratado do
-Ásia, n, 23, 1999 (adaptado). Atlântico Norte (Otan).

A posição assumida pela Unesco, a partir de 1948, foi


motivada por acontecimentos então recentes, dentre os
quais se destacava o(a)

a) ataque feito pelos japoneses à base militar americana de


Pearl Harbor.
b) desencadeamento da Guerra Fria e de novas rivalidades
entre nações.
c) morte de milhões de soldados nos combates da Segunda
Guerra Mundial.
d) execução de judeus e eslavos presos em guetos e campos
de concentração nazistas.
e) lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Naga-
saki pelas forças norte-americanas.

27. (ENEM 2017)


México, Colômbia, Peru e Chile decidiram seguir um cami-
nho mais curto para a integração regional. Os quatro países,
em meados de 2012, criaram a Aliança do Pacífico e elimi-
naram, em 2013, as tarifas aduaneiras de 90% do total de
produtos comercializados entre suas fronteiras.
OLIVEIRA, E. Aliança do Pacífico se fortalece e Mercosul
fica à sua sombra. O Globo, 24 fev. 2013 (adaptado).

O acordo descrito no texto teve como objetivo econômi-


co para os países-membros
GABARITO
E COMENTÁRIOS

1. A que a Europa vem enfrentando, somado à crescente xenofo-


Com a queda na taxa da natalidade, haverá uma redução bia que, cada vez mais, aparece entre a população. Os euro-
no crescimento vegetativo de início. Isso afetará, a médio peus temem por seus postos de trabalho, e jogam nas costas
prazo, a oferta de mão de obra, e apresentará, com o au- dos refugiados problemas como criminalidade e até mesmo
mento da idade média populacional, um problema para o atentados terroristas, que vêm aumentando no território.
sistema previdenciário. Tal sistema poderá entrar em co-
lapso, já que terá menos contribuintes em razão da baixa 8. B
taxa de fecundidade. A resposta está na compreensão da expressão “movimento
pendular”, que significa o fluxo das pessoas que vão de suas
2. C casas para o trabalho e vice-versa. Quanto mais alto o índice
Região polarizada é aquela que apresenta aglomerado ur- populacional nas cidades, maior o movimento pendular da
bano com capacidade de influenciar atividades de outros região. A ideia dos noruegueses com “casas móveis” é atenu-
centros, graças à sua oferta de serviços. É o caso do Rio de ar esse problema, facilitando a vida de seus moradores.
Janeiro.
9. C
3. B É a marca dos novos tempos modernos, que tem no avanço
O crescimento do setor rural, que está cada vez mais subor- tecnológico da produção, por um lado, a facilitação de sua
dinado aos interesses urbanos, reflete o crescimento eco- atividade mas que, por outro, traz uma mudança perversa
nômico, e as mudanças socioculturais, graças à tecnologia nas relações de trabalho.
utilizada.
10. E
4. C A Bacia do Pacífico, região apresentada do mapa, ganhou
As usinas de dessalinização de água estão mais concentra- notoriedade porque será uma das maiores redes comerciais
das no Oriente Médio e Norte da África, conforme o mapa. do mundo, com infraestrutura completa. Receberão embar-
Essas regiões apresentam climas árido e semiárido, o que cações com todo tipo de produção, possibilitando diversos
justifica a ausência de água. acordos comerciais. É o Tratado de Associação Transpacífi-
co (TPP, na sigla em inglês) que foi assinado por 12 países:
5. A Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Estados Unidos,
O logotipo da ONU é representado com uma projeção carto- Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã.
gráfica plana polar.
11. C
6. B A preservação das culturas tradicionais indígenas e afrodes-
Os imigrantes partiram em busca de melhores oportunida- cendentes consta na Constituição Cidadã, como ficou co-
des de trabalho em países mais centrais. Com o avanço da nhecida a Constituição de 1988.
tecnologia e das comunicações, tornou-se mais fácil o envio
de remessa para os que ficaram, criando uma via de necessi- 12. D
dade mesmo por parte da população não imigrante. É uma A resposta correta é a segregação socioespacial, porque
das facetas da globalização. diz respeito ao macrocefalismo, onde centros urbanos de-
senvolvidos reúnem infraestrutura e qualidade de serviços,
7. E nada sobrando para as periferias.
Em 2016, mais de 4000 pessoas morreram, ao tentar cruzar o
Mediterrâneo, ou mesmo andando pelo interior da Europa, 13. E
à procura de quem os recebesse. É um dos graves problemas Segundo a tabela, áreas com maior cobertura vegetal têm
maior porcentagem de água retida, com menor escoamen- dução de grãos. Isso promove um desmatamento considerá-
to. Isso permite que a água escoe pelo subsolo e recarregue vel no Brasil Central.
os aquíferos.
22. A
14. A Questão que se autorresponde pela interpretação de texto.
É preciso ler com atenção o texto, pois ele descreve os pro-
cessos agrícolas de produção interna, que pode ocasionar 23. C
esse aumento de acidez pelo uso de técnicas agrícolas ina- Havia, no sistema de escravidão praticado no Brasil Colônia
dequadas. e Império, os chamados “negros de ganho”, que eram libe-
rados a executar determinados serviços na cidade, como os
15. B de barbearia, por exemplo, entre os homens. Às mulheres,
O “custo Brasil” é alto por ser resultado da infraestrutura pre- cabiam funções como a ilustrada, de vendedora de quitutes.
cária de circulação, onerando seus produtores. Mas o dinheiro era do senhor.

16. D 24. C
O setor terciário segue os pilares da nova divisão internacio- É a marca dos novos tempos modernos, que tem no avanço
nal do trabalho, regido pea tecnologia. tecnológico da produção, por um lado, a facilitação de sua
atividade mas que, por outro, traz uma mudança perversa
17. E nas relações de trabalho.
O climograma refere-se às médias termo-plubiométricas das
zonas temperadas, que têm amplitude térmica anual eleva- 25. D
da. Moscou reúne tudo isso. Questão mal formulada, porque não esclarece adequada-
mente se o que deve ser indicado é “importante elemento
18. A da cultura francesa” (padrões de consumo) ou o “papel do
Troncos retorcidos e solos ácidos são elementos típicos do Brasil na economia mundial” (produtos agrícolas). Pelo gaba-
cerrado, vegetação que se adapta ao clima tropical, com rito oficial do Enem, a resposta é D. Mas há professores que
muita chuva no verão e seca no inverno. A vegetação entre indicariam a alternativa E.
as secas e as chuvas chama-se tropófila.
26. D
19. E O extermínio dos judeus era uma de suas principais metas
Refinarias precisam obedecer a fatores técnicos e logísticos, do Holocausto de Hitler. O fato vai impulsionar uma corrente
localizar-se perto de centros de consumo, bem como de áre- contrária, pelo seu horror, que irá refletir na Declaração dos
as de produção, com boa infraestrutura circulatória. Direitos Humanos.

20. D 27. B
As cidades tornam-se atrativas para as atividades industriais Essa redução de 90% das tarifas aduaneiras provoca ime-
porque oferecem incentivos fiscais. Outro detalhe é a satura- diata diminuição do valor dos produtos, deixando-os mais
ção dos grandes centros urbanos. Nessas cidades, as empre- competitivos e fazendo crescer os mercados desses países.
sas ganham incentivos para ali implantarem suas fábricas.
Isso vem provocando fluxos migratórios para essas cidades 28. A
e deslocando a atividade industrial. Com o fim da Guerra Fria, apoiada pela comunidade inter-
nacional e Nações Unidas, é evidenciado o poder interven-
21. E cionista dos EUA, devido ao seu posicionamento estratégico
Nas áreas de Cerrado, com a expansão da fronteira agrícola, espalhado em diversas bases militares, durante o período
cresce a criação de gado bovino de corte assim como a pro- anterior.

ANOTAÇÕES
HISTÓRIA
PESQUISA: FRANCISO MARQUES
Graduado em História, pós-graduado em Museologia

TEXTO: MARA MAGAÑA


Jornalista, graduada em Letras, pós-graduada em Educação

SUMÁRIO
História Geral História do Brasil
1. Período Pré-Histórico........................ 44 1. Brasil Colônia...................................... 58
2. Antiguidade Oriental.......................... 45 2. A escravidão........................................ 59
3. Antiguidade Clássica.......................... 46 3. A independência................................. 59
4. Idade Média – O Sistema Feudal..... 47 4. Primeiro e Segundo Reinado............ 60
5. Renascimento Comercial.................. 49 5. República.............................................. 61
6. Período Colonial.................................. 50 6. A Era Vagas.......................................... 62
7. Reforma E Contrarreforma............... 51 7. Fim da Era Vargas, Governo JK e
Governo Jânio Quadros........................... 62
8. Revolução Industrial.......................... 52
8. Ditadura Militar e abertura............... 64
9. Revolução Francesa........................... 53
10. Era Napoleônica.............................. 54 9. Nova República................................... 66
Bibliografia................................................. 71
11. Primeira Guerra Mundial............... 55
Exercícios de História.............................. 72
12. Revolução Russa............................. 56
Gabarito e comentários........................... 80
13. Período entre guerras.................... 56
14. Segunda Guerra Mundial............... 56
15. Guerra Fria....................................... 56
HISTÓRIA GERAL
1. PERÍODO PRÉ-HISTÓRICO
Convencionamos determinar o aparecimento da escrita
como marco divisor entre História e Pré-História. A Pré-His-
tória é um período que vai do aparecimento do homem na
Terra até a utilização da escrita como registro, o que ocorreu,
aproximadamente, a 4.000 a.C.
Ao longo de milhões de anos, a Terra passou por várias
mudanças climáticas. O resfriamento e o aquecimento do Por José-Manuel Benito Álvarez (España) / Obra do próprio, CC BY-SA
2.5, Imagem: Wikimedia Commons
planeta ocorreram de forma cíclica, obrigando a fauna e a
flora se adaptaram da melhor maneira possível. Nos perío-
dos de aquecimentos globais, as regiões polares e monta-
Mesolítico
nhosas desgelam e liberam grandes quantidades de água.
Carrega características tanto do paleolítico quanto do
O nível dos mares se modifica, as águas avançam nas partes
neolítico. É uma fase intermediária entre estas duas eras. Ini-
baixas litorâneas inundando-as e, no caso dos rios, modifi-
ciou há mais de 100 mil anos e terminou quando o homem
cando os percursos ou alargando-os.
passou a utilizar a agricultura, o que o obrigou a se fixar.
Principais características:
FIQUE ATENTO • Os homens têm a responsabilidade do sustento e pro-
Com todas estas transformações do meio ambiente, o
teção da família;
homem desenvolveu o raciocínio, adaptou o anterior “gru-
nhido” em fala, superou suas limitações físicas, produziu • As mulheres cuidam dos filhos e organizam a morada.
recursos para conseguir vencer as barreiras impostas pela É a divisão de tarefas por sexo.
natureza e prosseguir com o desenvolvimento da humani-
dade na Terra. Aos poucos, buscou soluções práticas para os Neolítico (pedra polida)
problemas da vida, inventou objetos e soluções a partir de Período ocorrido entre 12 mil e 4 mil a.C. O início des-
suas necessidades. te período é marcado pelo fim da última glaciação (com o
aquecimento do planeta, várias regiões antes não habitadas
tornaram-se propícias à presença humana, mas outras nem
Para melhor compreender a Pré-História, podemos divi-
tanto) e termina com o desenvolvimento da escrita na re-
di-la em três fases: Paleolítico, Mesolítico e Neolítico.
gião Mesopotâmia (com os sumérios).
• agricultura: seu início permite que o homem que de-
Paleolítico (pedra lascada) penda menos da natureza, pois não precisava mais viver só
Principais características: das coletas de vegetais, raízes e frutos;
• As habitações eram cavernas, fendas de pedras. Ani- • domesticação dos animais: o ser humano aprendeu a
mais selvagens também tinham como hábito procurar as domesticar cabras, porcos, cavalos, bois e aves. Isso repre-
cavernas, fazendo, muitas vezes, que o local fosse disputado senta um aumento na produção dos alimentos e mais qua-
por homens e feras. lidade de vida;
• Os homens eram nômades, por causa da alimentação: • sedentarismo: com as novas habilidades, o homem dei-
ficavam em uma determinada região até acabar a comida. xa de ser nômade, fixando-se em um local. Surgem as pri-
Depois, migravam para outro lugar. meiras comunidades, às margens de lagos e rios;
• Eram coletores e caçadores: colhiam raízes, frutos, pes- • água: com a formação das comunidades, ela não é mais
cavam e caçavam animais de todos os portes. usada apenas para matar a sede e mergulhos, mas, também,
para irrigar os solos;
• Bens de produção: instrumentos (utensílios), feitos
com pedaços de ossos e pedras, eram usados coletivamente. • arte: como o alimento, vindo da recente agricultura, era
farto, havia uma sobra considerável, necessitando ser armaze-
• Fogo: com sua descoberta e seu domínio, a vida do ho-
nada. Com isso, surge a necessidade de desenvolver a cerâmica;
mem paleolítico ganha um pouco de facilidade, pois passa
a cozinhar ou assar os alimentos; também o usa para defen- • troca: os homens perceberam que, além do armazena-
der-se dos animais. mento de seus excedentes, poderiam trocar o que possuíam
com outros que tinham alimentos diversos. Surge assim a O Estado teocrático protegia seus habitantes e, com isso,
economia de troca; garantia que tivessem atividades produtivas. Eram constru-
ídas obras grandiosas para controlar as cheias e irrigar as
• espiritualidade: o homem passa a sentir a necessidade de
terras mais distantes.
uma “ligação” com algo maior, desenvolvendo as práticas reli-
giosas, culturais e artesanais (figuras da adoração recente). A religião praticada pelos egípcios era o politeísmo (acredita-
vam em vários deuses) e, desde os tempos mais antigos, os egíp-
cios adoravam inúmeros deuses. Por acreditar na vida após a mor-
2. ANTIGUIDADE ORIENTAL te (ressurreição) e que a alma voltaria ao mesmo corpo, os egípcios
Entre as primeiras civilizações surgidas no Oriente Médio,
desenvolveram a técnica de mumificação com grande perfeição.
destacaram-se a do Egito e da Mesopotâmia. Localizadas no
chamando Crescente Fértil, uma região excelente para a Antigo Egito, mostrando grandes
agricultura, eram dependentes dos rios locais e desenvol- cidades e sítios (c. 3 150-30 a.C.)
veram o chamado Modo de Produção Asiático. Tal forma
de produção ocorreu nas comunidades onde houve certo
avanço na força produtiva, o que gerou excedente regular e
uma separação entre agricultura e artesanato.
Devido à estreita ligação entre o poder político e a reli-
gião, surgiu uma poderosa casta de sacerdotes que ganhou
prestígio e fortuna, pois era encarregada em mediar rela-
ções entre as pessoas comuns e divindades.
Nestas civilizações era comum a existência de uma
elite terra tenente (proprietária de terra) e uma elite
militar. O poder político era exercito por um rei, porém
aqueles que pertenciam à elite tinham grande ascendên-
cia no governo.

Egito
Vivendo basicamente da agricultura, os egípcios de-
pendiam das fortes chuvas anuais que transbordavam
o rio Nilo. Suas águas saiam do leito do rio e cobriam
grandes extensões de terras que o margeavam. Essas
águas fertilizavam o solo com as matérias orgânicas que
traziam e se transformavam em fertilizante. Além disso,
o rio tinha abundância de peixes e dava a chance aos
barcos navegarem.
Na transição do Paleolítico para o Neolítico, grupos nô-
mades fixaram-se ao longo do rio Nilo e surgiram comuni-
dades independentes: os nomos.
O Estado egípcio estava organizado em forma de
castas, na servidão e na organização política teocrática,
onde o rei representava os deuses ou era o próprio Deus.
No topo da pirâmide social – castas superiores - estava
o faraó (rei) e familiares, a aristocracia e os sacerdotes
que eram responsáveis pelos templos, onde ocorriam os
rituais sagrados e o armazenamento e distribuição das
colheitas. Na sequência, tínhamos as castas médias, for-
madas por funcionários públicos, comerciantes, solda-
dos, artesãos e escribas, sendo estes últimos detentores
de grande prestígio por serem os únicos que sabiam ler e
escrever. E, finalmente, as castas inferiores eram formadas Imagem: Wikimedia Commons
pela grande massa camponesa.
Mesopotâmia (Terras entre rios)
3. ANTIGUIDADE CLÁSSICA
A civilização grega ainda fascina e influencia o mundo
Está localizada entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje
contemporâneo na arte, literatura, filosofia, educação e polí-
temos boa parte dos territórios do Irã e Iraque. Devido à fa-
tica. Foi lá que apareceu a palavra democracia, pela qual te-
cilidade de acesso, foi ocupada por inúmeros povos em on-
mos lutado nos últimos tempos. Também foi na Grécia que
das sucessivas. Porém, cada povo que se tornava importante
apareceu a crença de que o ser humano deve ser respeitado
regionalmente nunca formou uma unidade política, mas as
como indivíduo e que deve ser livre plenamente.
denominadas cidades-estados, que controlavam o território
rural e pastorial. Também cuidavam das redes de irrigação. Os jogos olímpicos são de origem grega; mesmo as ci-
dades-estados que estavam em guerra paravam para presti-
Estas cidades-estados tinham governo e burocracia pró-
giar as disputas olímpicas entre elas. Os vencedores de cada
prias e eram independentes; mas, em algumas ocasiões, em
cidade eram recebidos como heróis quando retornavam.
função das guerras ou alianças entre as cidades, vimos sur-
gir estados maiores, mas sempre monárquicas e com poder Formada por tribos nômades de origem indo-europeia
real de caráter divino. (aqueus, jônios, eólios e dórios), a Grécia ganhou caracte-
rísticas diferenciadas entre as cidades. Devido à presença
A base da economia da Mesopotâmia era a agricultura
de grandes montanhas em seu território continental, com
de irrigação. As terras eram administradas pelos sacerdo-
poucas terras disponíveis à agricultura, a comunicação en-
tes, que as distribuíam entre os camponeses. Acreditavam
tre estes vários povos era difícil e, consequentemente, cada
que as terras eram, naturalmente, dos deuses, e cada família
povo formou a sua própria cidade-estado com governo au-
que recebia um lote de terra trabalhava-a e devia entregar
tônomo, organização social, política e econômica diferentes.
uma parte da colheita para os sacerdotes, como pagamento
por dela usufruírem. Existiam também propriedades parti- Por volta dos séculos VII a.C e V a.C surge um fenômeno,
culares e essas possuíam assalariados, que as cultivavam, ou o das migrações. Vários povos gregos rumam para diversos
arrendatários. pontos do mar Mediterrâneo, formando colônias gregas que
incrementam a economia de cada nova cidade. Foi a conse-
A escassez de matérias-primas deu um empurrão ao co-
quência da expansão populacional, dos conflitos que come-
mércio interno e com outros povos. Quem fazia esse comer-
çaram a surgir internamente e da necessidade urgente de a
cio eram funcionários dos templos e do palácio. Para conta-
agricultura expandir-se, precisando, então, de novas terras.
bilizar as transações, surgiu a escrita cuneiforme, espécie
de escrita ideográfica, que representava por meio dos obje-
tos desenhados as ideias que queriam transmitir. Atenas (o berço da democracia)
São os jônios que fundam Atenas, próxima ao mar Egeu,
na planície da Ática. Devido ao solo pouco fértil, voltou-se
Código de Hamurábi para o comércio marítimo através do porto do Pireu e ficou
O Código mostra que os mesopotâmicos estão preocu-
aberta às influências externas.
pados em colocar ordem na economia. Isso inclui organizar
a produção dos artesãos, controlar o preço e garantir a pro- Ao longo de sua história, conheceu formas de governo
priedade privada da terra e sua continuidade. monárquico, aristocrático, tirânico e democracia, sendo que
a democracia ateniense não era para todos; parte da so-
Abrangendo praticamente todos os aspectos da vida
ciedade não participava politicamente. Aproximadamente
babilônica – passando pelo comércio, propriedade, heran-
90% da população – composta por mulheres, estrangeiros
ça, direitos da mulher, família, adultério, falsas acusações e
(metecos), e escravos – estava alijada do processo político.
escravidão – tinha como principais características:
• Aplicação da Pena ou Lei de Talião: determina o “olho
por olho, dente por dente”, ou seja, punição proporcional ao FIQUE ATENTO
crime cometido. Democracia: governo do povo;
As decisões em Atenas eram tomadas em assembleias
• Lei desigual: de acordo com a posição social da vítima
pelos cidadãos;
e do infrator, as penas eram variáveis; a situação social valia
Cidadãos: homens, nascidos na cidade, adultos e livres
muito de ambos os lados;
(10% da população);
• Divisão da sociedade: havia os homens livres, os escra- Escravidão ateniense – as principais formas de escravi-
vos e mushkhinum, espécie de grupo de indivíduos que fica- dão ocorriam por dívidas e guerras.
vam entre os homens livres e os escravos;
• Igualdade de filiação: os filhos eram considerados Esparta (a cidade guerreira)
iguais entre si na hora da divisão da herança. Diferente de Atenas, em Esparta existiam dois reis (diar-
quia) de origem esparciatas ou espartanos. Descendentes Com muita habilidade política e militar, Alexandre procu-
dos dórios, sua disciplina militar era extremamente rígida e rou respeitar as instituições políticas e religiosas dos povos
gozavam de privilégios. Eram, também, responsáveis pelas vencidos e se intitulou o “grande libertador”, evitando des-
funções de caráter religioso e militar, acentuado a voca- gastes de rebeliões no processo de expansão de seu impé-
ção da cidade para a guerra. rio. Morto ainda jovem, seu império foi dividido entre seus
generais que, paulatinamente, perderam para uma potência
As outras classes sociais, periecos e hilotas, eram depen-
em formação: Roma.
dentes dos esparciatas. Os periecos (aqueles que moravam
na periferia), embora livres, não tinham direitos políticos e
se dedicavam ao artesanato e comércio. Os hilotas, maior
Mitologia, Cultura e Religião
parte da população, eram descendentes dos povos que
Os Jogos Olímpicos surgiram em Olímpia, em homena-
ofereceram resistência aos dórios. Eram escravos do Estado,
gem aos deuses. Em Atenas, no século V, que corresponde
sem nenhuma proteção e, periodicamente, sofriam massa-
ao Período Clássico da Grécia, floresce a filosofia, tendo à
cres dos espartanos para controle demográfico. Viviam em
frente Platão e Sócrates.
constante estado de terror.
Foi o período, também, de grande importância da mito-
logia grega, pois os gregos transmitiam mensagens, ensina-
FIQUE ATENTO mentos, por meio dos mitos e lendas. Do cume do monte Olim-
Educação militar: assim que chegasse à idade dos sete po, Zeus, deus dos deuses, comandava deuses e semideuses,
anos, a criança espartana ia para a escola militar, onde recebia que eram os heróis gregos, filhos de deuses com humanos. A
o mínimo de educação intelectual e muita prática de guerra. religião politeísta carregava forte acento humanista, porque
Eram treinadas para obedecer sempre e quase não falar. os deuses tinham características humanas e divinas.
Mulheres: as espartanas estavam na direção diametral- Os deuses gregos mais conhecidos são Hermes (mensa-
mente das atenienses, submissas aos seus guerreiros. As es- geiro dos deuses), Afrodite (deusa do amor, da beleza e do
partanas tinham liberdade. Quando seus maridos partiam sexo); Apolo (deus do Sol e da beleza masculina); Ártemis
para a guerra, eram elas que garantiam a defesa da cidade. (deusa da caça e protetora das cidades); Atena (deusa das
Mas tinham de serem boas reprodutoras, para fornecerem artes) e Démer (que cuidava das colheitas).
filhos fortes aos exércitos.

Conflitos e Helenização 4. IDADE MÉDIA — O SISTEMA FEUDAL


O império Persa de Dario I, num processo de expansão pela
A Idade Média e o feudalismo estão intimamente liga-
Ásia Menor e parte do Mar Mediterrâneo, evadiu algumas colô-
dos. É na Idade Média que nasce, desenvolve-se e há o declí-
nias gregas e o próprio território grego, ocasionado as chama-
nio do sistema feudal, que divide-se em:
das Guerras Médicas (492 a.C. a 448 a.C.). Foi criada a Confede-
ração de Delos sob a liderança de Atenas; quase todas cidades Alta Idade Média (séc. V - XI): fase que se estende da que-
do mundo grego se uniram para combater o inimigo comum da de Roma, no Ocidente, durante a formação dos reinos ger-
e foram vencedoras. Cada cidade membro, mesmo após o fim mânicos, e tem seu limite com o começo das Cruzadas, que
dos conflitos, era obrigada ao envio de ouro e outros suprimen- vai combater o reino Islão. É nesse período que a servidão
tos à ilha de Delos, o que tornou Atenas um forte império. toma forma, espalhando-se por todos os reinos de então.
Contrariada com o imperialismo ateniense após as Guer- Baixa Idade Média (séc. XI-XV): tem início junto ao
ras Médicas, Esparta organizou a Confederação do Pelo- evento da Primeira Cruzada, que revela a centralização do
poneso, que congregava várias cidades para a luta contra a poder real ao mesmo tempo que se configura a expansão
Confederação de Delos (Atenas e suas aliadas). Após vários nos mares das nações da Europa. Surge, com este fenômeno,
anos de guerra (431 a 404 a.C.) os conflitos chegam ao fim o renascimento comercial, que dita a economia. Acontece o
com a vitória de Esparta. As cidades gregas estavam esgota- apogeu do feudalismo e seus primeiros indícios de declínio.
das, e nenhuma conseguiu impor sua hegemonia.
Aproveitando-se deste caos e da fragilidade dos gregos,
Felipe II da Macedônia preparou um forte exército e iniciou O nascimento do Feudalismo
o domínio do mundo helênico. Seu projeto expansionista No século V, as invasões bárbaras propiciaram a queda
teve continuidade com seu filho e sucessor, Alexandre Mag- do Império Romano e o surgimento do feudalismo. Surgia
no, que conclui o domínio sobre o mundo grego e realiza a uma nova sociedade, formada por uma mistura de povos –
helenização, mistura da cultura grega com os povos anti- conquistados e conquistadores. Devido a isso, a civilização
gos do oriente que ele foi conquistando. romana não foi totalmente destruída.
As grandes propriedades de terras, conhecidas como
A transformação do feudalismo
vilas, vão dar origem aos feudos. A cultura greco-romana
O período entre os séculos IX e XII compõe o auge do
deve sua preservação à Igreja Católica, que detinha o poder
feudalismo. E reitera-se que estamos falando do continente
cultural e religioso da época.
europeu – dividido em várias glebas de terra, com um se-
nhor governando essas glebas, onde podia impor suas leis,
cobrar o imposto que ele próprio determinava e que, ain-
A produção e a renda da, representava o poder armado. A figura do rei, a quem os
A grande renda dos feudos vinha da terra, mas a produ-
nobres deviam vassalagem, era meio apagada – ele próprio
ção era apenas para subsistência. Não havia comércio no sis-
era um nobre, também dono de feudos, mas com pouca au-
tema feudal, mas sim o escambo, que é a troca de mercado-
toridade, já que o poder era exercido mesmo pelo clero. A
rias. O senhor feudal, dono da terra, representava o grande
origem remonta às guerras antigas, onde o guerreiro-chefe
poder: os servos, aqueles que cultivavam a terra, tinham de
que vencia podia distribuir a terra daqueles que vencera en-
pagar tributos por trabalhar em sua propriedade e ter seus
tre seus ajudantes mais próximos. Esses, por sua vez, vira-
próprios instrumentos de trabalho. O senhor feudal não
vam seus vassalos e, em troca, prestavam-lhe serviços mili-
dava nenhum benefício aos servos, não investia em sua pro-
tares ao suserano, o chefe militar. Por sua vez, esses vassalos
priedade e tinha o apoio da igreja e dos guerreiros (armas). A
escolhiam a quem distribuir sua terra para que fosse traba-
produção era praticamente para subsistência dos senhores
lhada, criando sua própria comunidade de vassalos.
feudais.

O desenvolvimento econômico
A servidão e as crises dos feudos
Era a base do sistema feudal. A sociedade, no feudalismo,
Com o término das invasões bárbaras, começa o de-
era composta de três estamentos (classes sociais): o clero
senvolvimento comercial. Com isso, a produção começa a
(composta por religiosos), a nobreza (os guerreiros), e os
mudar lentamente, e técnicas agrícolas são agregadas aos
servos (os camponeses). Era praticamente uma divisão fixa,
poucos, como o uso de moinhos de vento e água, uso de
embora havia quem não se enquadrava em nenhum dos
animais para aragem da terra com atrelamento pelo colo,
segmentos, como os vilãos, camponeses que não se subju-
uso da enxada, arado e outras pequenas mudanças.
gavam aos senhores feudais, e os senescais, uma espécie de
oficial conhecido como agente senhorial, que vivia na casa O desenvolvimento da metalurgia propicia a manufatu-
dos nobres e aplicava sanções aos servos impostas pelo se- ra de arados de ferro, que aumentam a produtividade nos
nhor feudal. O sistema de servidão era completo: os servos campos. Com a metalurgia, foi possível confeccionar armas
juravam servidão ao senhor feudal que, por sua vez, tinha e araduras. O artesanato começa a se desenvolver, e as rou-
de fornecer ajuda militar ao rei, que lhes doava a terra. Já pas são aperfeiçoadas (principalmente a dos guerreiros),
o clérigo mantinha a ordem, já que não havia distinção en- assim como objetos pessoais. Os feudos passam a ter, com
tre religião e poder político. A Idade Média é um período isso, uma produção maior e que gera excedentes. Com isso,
bastante religioso, e os clérigos usavam a persuasão para começa o comércio das sobras produzidas nos feudos para
evitar as revoltas camponesas. regiões vizinhas.
Essa fase marca o início das feiras medievais, locais onde
os comerciantes se reuniam para realizar negócios. As feiras
FIQUE ATENTO foram ganhando importância tal que, ao redor de algumas,
Os servos, apesar do trabalho duro, não podem ser con-
formam-se cidades, onde vão habitar os comerciantes e arte-
siderados escravos, porque não se podia vender um escravo.
sãos. A sociedade se modifica, dividindo-se da seguinte ma-
Ficavam com parte, embora pequena, do que produziam
neira: no campo, onde cada vez mais se aprimoravam ativida-
para o sustento de sua família. Não tinham liberdade de ir
des como agricultura e criação de animais, ficavam os servos;
para outro feudo, caso quisessem.
na cidade, habitavam os comerciantes e os artesãos.
Algumas obrigações feudais:
Essas cidades crescem e trazem um ganho ainda maior
• corveia: o senhor feudal exigia que se trabalhasse de
para os senhores feudais, já que muitas estão localizadas
graça algum dia na semana. O servo também precisava fa-
dentro dos feudos. Somente depois do século XV, quando
zer trabalhos extras, como reparar estradas, construir pontes
algumas cidades já haviam atingindo um crescimento sig-
etc.
nificante e, portanto, enriquecido o suficiente, é que come-
• talha: parte da produção da terra ia para o senhor, fos- çaram a livrar-se do domínio do feudo e obter autonomia.
sem as plantações, criação de animais etc.
Devido ao fato de os senhores feudais não investirem em
• banalidades: para tudo se pagava taxa no feudalismo: tecnologia e do crescimento da população, a produção agrí-
eram as banalidades. Se precisavam do moinho, era taxado. cola passa a não ser mais suficiente, até porque já não ha-
via tanta terra para se desbravar. A fome começa a ser uma mercantil nacional e estrangeiro (cobrando e patrocinando
constante e os aumentos de impostos também. a ideia) interessado nessa expansão.
O intercâmbio atinge o Oriente, que fornece mercado- Como o capital começou a escassear em Portugal, o rei
rias e especiarias, mas vêm junto dos navios as doenças, en- resolveu iniciar a expansão por Ceuta (entreposto comercial
tre elas a temida peste negra, que vai dizimar populações árabe no Norte da África e de extrema importância para os
inteiras, matando cerca de 40% da população. É o momento africanos); com os lucros, foi possível o prosseguimento das
em que as revoluções burguesas chegam com força e deter- navegações atlânticas.
minam o fim do sistema feudal.
Depois foi ocupando as ilhas de Porto Santo e Modena,
de Cabo Verde e o arquipélago dos Açores. Nesses locais,
houve a introdução do sistema das capitanias hereditárias
e a cultura de várias espécies vegetais, na qual a cana-de-
5. RENASCIMENTO COMERCIAL -açúcar se desenvolveu melhor.
Expansão marítima
Em 1434, Gil Eanes dobrou o Cabo do Bojador em bus-
A Grande Fome, epidemias e exploração pela nobreza
ca de ouro e marfim, mas o mais importante aí encontrado
feudal levaram ao desaparecimento da mão de obra, haven-
foram os negros para serem explorados como escravos. Em
do assim, o retraimento comercial. Eram necessários mais
1482, os portugueses chegaram ao Campo; em 1488, Barto-
matéria-prima e mercado consumidor dos produtos manu-
lomeu Dias contornou o Cabo das Tormentas. Em 1498, Vas-
faturados europeus; para superar a estagnação feudal no
co da Gama chegou às Índias. Em 1500, Pedro Álvares Cabral
século XV, a solução foi a expansão marítima.
chega ao Brasil.
Na Baixa Idade Média, europeus compravam especiarias
orientais. Até os portos mediterrâneos, o negócio era de mo-
nopólio árabe; a partir daí, as cidades italianas monopolizavam. Navegações espanholas
Já a Espanha vai navegar pelo Atlântico para chegar às
Apesar do altíssimo lucro dos comerciantes europeus,
Índias, pela direção ocidental. Eles seguem os navegadores
eles não tinham um produto que, em pequena quantida-
Cristóvão Colombo e Américo Vespúcio, ambos genoveses,
de, alcançasse um alto valor, a não ser pedras preciosas. As
acreditando que a Terra era redonda.
pedras preciosas serviam para pagar os árabes que compra-
vam as especiarias nas Índias. Colombo aporta com sua frota na ilha Guanahani (hoje,
São Salvador) e explora as ilhas Juana (hoje, Cuba) e Hispanio-
Na época, surgem na Europa alguns Estados que não
la (conhecida atualmente como São Domingos. Corria o ano
participavam da rota comercial, mas tinham um governo
de 1492. Mas ele pensava que havia chegado às Índias. Pin-
central forte. Eles queriam romper o monopólio árabe-italia-
zón chega pela primeira vez à embocadura do rio Amazonas
no, porém não isso seria feito através do Mediterrâneo, onde
em 1500. Mas foi Vespúcio, entre 1503 e 1513, junto a outros
havia várias cidades italianas. Além disso, os venezianos e
navegadores, que ao explorar as Antilhas e litoral atlântico sul
genoveses eram parceiros dos árabes há muito tempo; não
dos novos territórios recém-descobertas perceberam tratar-se
daria para romper essa relação. Seria necessário descobrir
de um novo continente, e não das Índias, a quem batizam de
uma nova rota para as Índias, terra de preciosas especiarias.
América, homenageando Américo Vespúcio.
O interesse da burguesia dos Estados europeus era ex-
Em 1508, chegam ao Yucatan e, em 1512, à Flórida e ao
pandir os mercados, tanto os fornecedores como os consu-
delta do Mississipi.
midores. A meta era o riquíssimo comércio oriental. Entre-
tanto, como chegar lá? Havia a necessidade de organizar
toda uma frota de navios, altamente equipados, e isso re-
Conquistas inglesas
queria um enorme capital. Somente um Estado centralizado
As conquistas inglesas começam, ao contrário, pelo
nas mãos de um rei teria condições de conseguir o capital
Atlântico Norte, em 1499. Só em 1558 é que os ingleses in-
necessário à empresa marítima; então, surge a aliança entre
vadem os mares com pirataria e comércio negreiro, isso
o rei e a burguesia para resolver este problema.
tendo todo o apoio da coroa. Walter Raleigh funda, em 1584,
Lentamente, cidades marítimas desenvolveram instrumen- Virgínia, que é a primeira colônia inglesa no continente ame-
tos para navegação em alto-mar: caravela, bússola, astrolábio, ricano. A partir de 1607 até 1640, uma enorme massa de co-
cartografia, armas de fogo e o mapa. lonos é transferida para o litoral atlântico. A partir de 1612, a
Índia começa a ser colonizada.

Expansão marítima portuguesa


Portugal foi pioneiro na expansão marítima, pois cen- Expansão francesa
tralizou precocemente o poder e possuía um forte grupo Entre 1625 e 1655, as maiores bases de pirataria são
instaladas nas Antilhas, em São Cristóvão, Martinica, São • complementaridade: a produção colonial era pensada
Domingos, Haiti e Guadalupe. A França toma posse, na e organizada para servir aos países europeus, ou seja, tudo
América do Norte, de Nova França, Nova Escócia e Terra o que se plantava era com vistas às necessidades dos coloni-
Nova, além do Canadá. Surgem as cidades de Quebec e zadores. No Brasil, por exemplo, houve inicialmente a cultu-
Montreal, e é impulsionada a migração de colonos para as ra do tabaco e açúcar; posteriormente vieram, pela ordem,
essas regiões. Os franceses ainda atingem o território do ouro e diamantes, algodão e, por último café – produtos que
Mississipi, fundando lá uma colônia, a Louisiana, em 1682. serviam para incrementar o comércio europeu. Não havia
Voltam para o Índico a partir de 1643, fincando amarras em como a colônia pensar em uma atividade que fosse suprir
Madagascar e Reunião, na África, e fundando feitorias na suas necessidades internas.
Índia, em 1664.
• monopólio comercial: a metrópole detinha a exclusi-
vidade da comercialização dos produtos advindos das suas
6. PERÍODO COLONIAL colônias. Não havia liberdade, por parte da colônia, de poder
América pré-colombiana e sistema colonial comercializar seus produtos livremente; estava “amarrada” à
Colombo chega à América em 1492, acreditando que vida econômica da metrópole, que constituía-se como mer-
se tratava de terras desocupadas. Mas o continente já era cado exclusivo da burguesia de lá. Os produtos da colônia
habitado por vários povos e civilizações, que apresenta- eram comprados, pela metrópole, pelo menor preço possí-
vam níveis diversos de desenvolvimento. Em comum, ocu- vel, que os revendia ao maior preço conseguido. Também
pavam grande área de terras. Esses habitantes eram origi- era reservado à metrópole vender os produtos europeus
nários de diferentes ondas migratórias, com mais de 40 mil para a colônia.
anos, que saíram da Ásia e Oceania para se espalhar pelo
continente americano. Com a adaptação à nova terra, es-
ses habitantes originaram grupos diferenciados, que se di- FIQUE ATENTO
vidiam entre caçadores, coletores e sociedades agrárias. Colônia ou colônia de exploração – trata-se da região
Organizavam-se em tribos ou confederações. Do Brasil, dominada e administrada pela colônia e é seu sustentáculo
havia os tupis-guaranis. Os aruaques vinham de diversas re- econômico. Às colônias de exploração, geradoras de rique-
giões, como Antilhas, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Ve- za, não era permitido competir com a metrópole, e só po-
nezuela e o próprio Brasil; os caraíbas das Antilhas; do sul do diam produzir o que as metrópoles precisavam, pois essas
continente americano, os patagônios e araucanos, e os sioux não o podiam fazer. Era a regra básica do pacto colonial.
e iroqueses da América do Norte. Esses povos, que se espa- Metrópole – aquele país que domina (explora) a colônia.
lharam por extensas regiões, eram caçadores, pescadores e As decisões políticas e econômicas são geradas a partir da
coletores. Usavam utensílios de pedra e madeira, mas não metrópole.
conheciam os metais. Cultivavam rudimentarmente o milho,
a mandioca e a batata-doce, porém eram nômades.
Nessas sociedades agrárias, não existia propriedade pri- Esse sistema termina por gerar uma competição arrai-
vada. Tdas as terras pertenciam ao Estado, cabendo a ele gada entre os países mercantilistas, por meio das colônias.
controlar as produções agrícolas das aldeias e orientar e E essa competição vai gerar, por sua vez, uma competição
coordenar obras coletivas, como construção de templos, desenfreada por exploração de colônias na América, Ásia e
as fortalezas que se erguiam e os aquedutos. Essas socie- África.
dades eram populosas, e dividiam-se rigidamente em ca- Essas colônias, que seguiam as regras do pacto colonial,
madas sociais. foram denominadas colônias de exploração, como é o caso
do Brasil e quase a totalidade da América Latina. São as regi-
ões colonizadas por portugueses e espanhóis. As principais
Sistema colonial características dessas colônias são:
As ideias colonialistas surgem da necessidade de colocar
um fim nas divergências entre os países europeus. Para acu- • utilização da mão de obra escrava (primeiro índios, após
mular metais e proteger seus produtos, buscando o equilí- negros);
brio da balança de comércio, eles entravam em conflito com • produção baseada principalmente no mercado exter-
outros países, também mercantilistas. Com isso, aqueles no, que consumia metais preciosos e produtos agrícolas;
que controlavam as forças mercantilistas entenderam que
• grandes propriedades, o latifúndio.
seria interessante cada país dominar uma área de produção
colonial, que fosse controlada pela metrópole. Criava-se um Existiram, também, as colônias de povoamento, um
mercado com vantagens econômicas declaradas. Suas prin- sistema mais brando do que as colônias de exploração, que
cipais características são: passavam ao largo do sistema mercantilista. Essas povoa-
ções aconteceram, principalmente, no norte e centro dos das comunidades agrícolas e empurrados, junto com suas
Estados Unidos, colonizados pelos ingleses. Suas principais mulheres, rumo às minas”. Dez subiam aos altos morros (pa-
características são: ramos) gelados e apenas três voltavam. Os nativos tinham
de lidar com as temperaturas geladas e o calor infernal de
• trabalho livre;
dentro das montanhas. Lá morriam ou eram retirados com
• produção manufatureira era voltada ao mercado interno; cabeças e pernas quebradas. Também eram envenenados
pelo mercúrio e gases tóxicos das minas.
• pequena propriedade.

América espanhola
A Espanha conseguiu, por meio de sua política colonialis- Administração colonial
ta, assegurar os territórios conquistados na América (sem ter Para garantir seu monopólio, os colonizadores espanhóis
custo com isso) por receber direitos vitalícios para a funda- criaram dois órgãos administrativos:
ção de cidades, construção de fortalezas, evangelização de
• Casa de Contratação – com sede em Sevilha, funciona-
índios (também adotada pelos colonizadores portugueses),
va como Corte de Justiça. Também recolhiam o quinto (im-
além de deterem os poderes jurídico e militar. Conseguiram,
posto) e organizavam o comércio.
com isso, fortalecer sua monarquia além de fomentar as ri-
quezas do país. • Conselho das Índias – fazia as vezes de Supremo Tribu-
nal de Justiça. Tinha o poder de regulamentar a administra-
ção da América, com seus vice-reinados e capitania gerais. A
Ciclo da mineração nomeação de funcionários era sua função.
Por volta do século XVI, na colonização espanhola, ganha
• Vice-reis – Representantes do monarca, escolhidos en-
força o trabalho ameríndio. Foi a época da descoberta das
tre os nobres, exerciam o governo nas colônias, controlando
grandes minas de prata, no Peru, e ouro, no México. Como
as minas, presidindo tribunais judiciários e controlando a
a população da Confederação Asteca, no México, e Impé-
cristianização dos índios.
rio Inca, no Peru, apresentava alta densidade, os espanhóis
recrutavam esses trabalhadores entre os índios, já acostu-
mados a pagar tributos aos seus chefes com a prestação de
serviços.
7. REFORMA E CONTRARREFORMA
A Igreja Católica começa a mostrar a face de sua crise
Foram organizados em duas instituições: interna ainda no final da Idade Média. Graças ao deslumbre
• encomienda – escravidão indígena: trabalho obrigató- de muitos clérigos com o luxo, preocupações voltadas mais
rio, no qual os índios ficavam sob a tutela de um espanhol, para o mundo secular, com causas materiais, do que para
chamado encomendero, que tinha por obrigação torna-los o mundo espiritual, colocam a instituição fora da linha. Os
cristãos. padres começaram a deixar a população insatisfeita, pois
grande parte deles nem sabia rezar uma missa corretamen-
• mita – imposição, por determinado tempo, do trabalho
te, além de desrespeitar várias regras, entre elas, o celibato.
obrigatório. Os nativos eram escolhidos por sorteio, rece-
biam muito pouco e terminavam com dívidas enormes, já Some-se a isso a nova visão de mundo que se impunha,
que tudo que precisavam eram obrigados a comprar de seus baseada no pensamento renascentista. O resultado era
conquistadores. Eram muitas vezes afastados de suas famí- uma progressiva perda de identidade. Os clérigos também
lias para trabalharem em lugares distantes. desgostavam a nova burguesia comercial, ascendente no
século XVI, por condenarem seu trabalho, que rendiam lu-
O resultado foi um desastre completo para os indígenas,
cros e admitiam os juros – era a base do capitalismo que se
que foram dizimados nas minas, porque não havia regulação
anunciava.
do trabalho. A desagregação das suas comunidades, aliada
à impossibilidade das culturas de subsistência, terminou por E até os reis já não viam com bons olhos a maciça in-
causar fome generalizada. terferência do clero nos negócios próprios da realeza. O
sistema de venda de indulgências (perdão), boa parte dele
usado para a construção da Basílica de São Pedro, em Roma,
Império espanhol dizima e ordenado pelo Papa, também não agradava há tempos à
comunidades indígenas sociedade.
O escritor Eduardo Galeano, no livro As Veias Abertas da
América Latina, pontua que, quando os colonizadores espa-
nhóis chegaram à América, havia entre 70 e 90 milhões de A Reforma Luterana (ou Protestante)
índios; 150 anos depois, esse número havia caído para 3,5 Um dos maiores críticos aos mandos e desmandos da
milhões. Galeano ressalta que os nativos eram “arrancados Igreja Católica à época era Martim Lutero, um monge ale-
mão que queria acabar com os dogmas católicos. Uma das Foi um período de muitas guerras religiosas, que vão do
medidas que tomou para fundar a religião luterana foi fixar, em século XVI ao século XX, fortalecimento da burguesia e difu-
1517, na porta da igreja de Wittenberg, 95 teses que punham são de várias correntes cristãs pelo mundo.
por terra a doutrina católica. Ele revoluciona quando difunde a
máxima de que a salvação do homem vem pela fé e pelos atos
praticados em vida. Causou furor e conseguiu até o apoio de 8. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
reis e príncipes, mesmo sendo contrário ao comércio. A Revolução Industrial tem início no século XVII, na Inglater-
ra, e faz parte das chamadas Revoluções Burguesas, junto com a
Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos.
O Calvinismo Esses movimentos assinalam a transição da Idade Moderna para
O teólogo João Calvino, em 1534, dá início à Reforma a Idade Contemporânea. Esse período introduz a mecanização
Protestante na França. Embora guardando influências do lu- dos sistemas de produção, substituindo as ferramentas pelas
teranismo, apresenta uma nova visão: a salvação vem pelo máquinas, e melhorou fortemente a produção de mercadorias,
trabalho, justo e honesto. Ou seja, o espírito evoluiria por traduzindo-se em maiores lucros e menores custos. O grande
meio da riqueza humana. Os trabalhadores gostaram dessa trunfo da Revolução Industrial é consolidar o capitalismo.
nova ideia, pois podiam ficar em paz com a religião. Outra
O fato de a Inglaterra ter saído a frente nesse processo
tese defendida por Calvino é a da ideia da predestinação,
pode ter algumas respostas:
ou seja, tudo na vida da pessoa já está definido, inclusive a
sua salvação. É o maior ponto de contradição com as ideias • No subsolo inglês, havia grandes reservas de carvão
luteranas, que defende a salvação pela fé em Jesus Cristo, mineral, fonte de energia que colocava as máquinas a vapor
enquanto para Calvino a salvação independe disso. em movimento;
• A Inglaterra possuía boas reservas de minério de ferro,
principal matéria-prima do período;
A reforma Anglicana
Também em 1534, o rei Henrique VII rompe com a Igreja. • Farta mão de obra, pois havia muitos trabalhadores
Além dos motivos político-econômicos, o rei tinha um bem procurando emprego na Inglaterra daquela época;
pessoal: ele queria o divórcio da princesa Catarina de Ara-
• Os burgueses tinham dinheiro suficiente para montar as
gão, da Espanha, que já havia sido casada com seu irmão,
fábricas, contratar empregados e comprar a matéria-prima;
Arthur. Henrique VII a acusava de não lhe dar filhos. O rei
mantinha um relacionamento com uma dama de sua espo- •Havia também um mercado consumidor emergente,
sa, Ana Bolenha, uma inglesa. O papa Clemente VII recusou que garantia o escoamento das mercadorias.
a relação.
Entre os vários acordos comerciais firmados pela Ingla-
terra e extremamente vantajosos, um dos mais interessantes
foi o Tratado de Methuen, pois, com a decadência da monar-
A Contrarreforma
quia portuguesa, em 1703, a Inglaterra coloca seus produtos
Com o advento da reforma protestante, papas e bispos
no mercado português, com taxas preferenciais.
se reuniram em Trento, cidade italiana, com o intuito de pro-
mover uma reação, porque estavam perdendo muitos fiéis. O mercado consumidor cresce à proporção do alargamen-
Essa reunião ficou conhecida como Concílio de Trento, que to do comércio. Isso se dá tanto em direção à América quanto
teve várias sessões, entre 1545 e 1563. Nesse concílio defi- ao Oriente. Os mercadores ficavam com os lucros. Esse período
niu-se alguns pontos, a saber: também é marcado pela presença do capitalista no processo
produtivo: ele passa a comprar a matéria-prima e impõe o ritmo
• Por meio dos jesuítas, promover a intensificação da ca-
de produção, já que controla os mercados consumidores.
tequese nas novas terras descobertas;
Quando a máquina começa a revolucionar verdadeiramen-
• A volta da Inquisição, com a Retomada do Tribunal do
te a produção, representando um enorme salto tecnológico,
Santo Ofício;
atinge os transportes igualmente, com a energia a vapor do
• Para evitar que o protestantismo se fortalecesse mais século XVIII. A partir desse momento, pode-se falar não só em
ainda, criaram o Index Librorium Proibitorium (Índice de Li- uma Revolução Industrial, mas na segunda, terceira e até quarta
vros Proibidos); Revolução Industrial. Depois do vapor, vem a energia elétrica,
no século XIX, a energia nuclear, avanço nos setores da informá-
• A condenação de livros aprócrifos ou deuterocanôni-
tica, robótica e comunicação nos séculos seguintes.
cos (Tobias, Judite, I Macabeus e II Macabeus, Sabedoria de
Salomão, Eclesiástico e Baruque);
• A oficialização do Tomismo (as ideias de São Tomás de Desdobramentos sociais
Aquino). O primeiro dos grandes fenômenos ocasionados pela
campo – e uma parte dos camponeses eram servos. Paga-
Revolução Industrial diz respeito ao deslocamento da po-
vam altos impostos, e a situação econômica agravou-se bas-
pulação do campo para as cidades, formando grandes aglo-
tante com as secas e inundações que acometeram a França
merações urbanas.
nos anos 1784 e 1785. Pequenos proprietários foram à falên-
Os novos modos de produção, realizados em etapas, cia. A situação repetia-se na indústria.
afastam o trabalhador do produto final, já que cada etapa é
Para piorar, o governo francês assina um tratado com a
realizada por um determinado grupo de operários. Aliás, os
Inglaterra, segundo o qual venderia vinhos para os ingleses,
operários ganham sua “classe social”, o proletariado. Vivem
enquanto estes comercializariam os tecidos com os france-
em péssimas condições, morando em cortiços, trabalham
ses, com imposto zero. Foi um desastre para a França, que
até 18 horas por dia. Mulheres e crianças são recrutadas para
viu suas manufaturas entrarem em grande crise, por não
as fábricas testes e minas, porque os homens são mais apre-
conseguirem suportar a concorrência inglesa.
ciados na ferrovia; os salários são irrisórios e não há nenhu-
ma garantia trabalhista. A sociedade dividia-se em três partes, os chamados Es-
tados: Primeiro Estado, que era o clero, por sua vez dividido
A reação dos operários à péssima qualidade de vida vem
em alto e baixo. O alto clero era composto por nobres e o
em espécies de sindicatos, explodindo em movimentos
baixo clero era ligado ao povo. O Segundo Estado era com-
como o ludismo (o nome é derivado de um dos líderes ope-
posto pela nobreza, que detinha os privilégios, e o Terceiro
rários, Ned Ludd), entre 1811 e 1812, com invasão de fábri-
Estado era formado pela maioria da população, que, na ver-
cas e quebradeira de máquinas.
dade, sustentava a França – grande número de camponeses,
O cartismo, mais brando, optou pela via política e teve e a burguesia, que lideravam o Terceiro Estado.
uma resposta mais eficiente, garantindo direitos políticos
É o Terceiro Estado que irá promover a Revolução Fran-
para os trabalhadores, como a primeira lei de proteção ao
cesa, tentando fazer com que as votações de leis fossem in-
trabalho infantil, a lei de imprensa e a reforma do Código
dividuais e não por Estado. O Primeiro e Segundo Estados
Penal.
não aceitam, e então o Terceiro Estado reúne-se no Palácio
de Versalhes, junto com parte do Segundo Estado (baixo cle-
ro) e resolvem se separar da Assembleia.
9. REVOLUÇÃO FRANCESA
A Revolução Francesa, tendo à frente a burguesia, mas O Terceiro Estado proclama a Assembleia Geral Nacio-
contando com maciça participação de camponeses e da po- nal ou Assembleia Nacional Constituinte, e Luís XVI manda
pulação urbana, começa em 17 de junho de 1789. Menos de fechar a assembleia. Com a sala de reuniões fechada, rumam
um mês depois, a 14 de julho, acontece a lendária Queda para outra sala, que era usada para jogos, e lá tiraram uma
de Bastilha, que é quando o povo toma a prisão de mesmo moção de que ficariam juntos até que fosse promulgada a
nome. A partir daí, a França e a sociedade da época em toda Constituição.
a Europa sofrem profundas mudanças.
Enquanto a Inglaterra fazia a Revolução Industrial, a
França ainda vivia agrariamente no final do século XVIII, ten-
Estoura a Revolução
A Assembleia Nacional Constituinte reuniu-se no dia 9
do o absolutista Luís XVI como rei, e uma burguesia e parte
de julho de 1789 para elaborar a Constituição. A burguesia
da nobreza sedentas por acabar com esse reinado que, para
chamou o povo. E, a 14 de julho de 1789, aos revoltosos da
eles, havia destruído a economia francesa.
França avançam e, como nunca havia sido visto ainda, ru-
À medida que o poderio econômico da burguesia mam para a prisão política Bastilha, e colocam seus portões
aumentava, crescia o desejo de mudança e de colocar um abaixo, enforcando o responsável pela prisão.
ponto final nas instituições feudais, mas o absolutismo
A Declaração dos Direitos dos Homens e Cidadãos é
era um entrave para esse propósito. Porém, um movimento
aprovada pela Assembleia em 26 de agosto de 1789, asse-
começava a tomar forma, capitaneado por intelectuais fran-
gurando o lema Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Luís XVI
ceses, que lutavam pelo liberalismo econômico e queriam
não a aprova, e as manifestações populares se multiplicam.
quebrar as barreiras que impediam o livre comércio inter-
São confiscados os bens do clero, fazendo com que padres
nacional. Esse movimento criticava não só o mercantilismo
e nobres fujam da França, gerando grande instabilidade.
e o absolutismo de Luís XVI, mas também, e duramente, os
Em 1791, a Constituição fica pronta. Com isso, instaura-se a
privilégios do clero. Conhecido como Iluminismo, teve em
monarquia constitucional, que determina que o poder exe-
Voltaire, Adam Smith, Rousseau, Diderot e Montesquieu
cutivo é do rei, mas ele deve obedecer ao poder legislati-
seus principais propulsores.
vo, que, por sua vez, e constituído pela Assembleia. O voto
A França antes da revolução vivia uma situação caótica. não seria universal, mas censitário, ou seja, só seria eleitor
Técnicas de produção atrasadas, país essencialmente agrí- quem tivesse uma determinada renda mínima; privilégios e
cola – dos 26 milhões de habitantes, 20 milhões viviam no antigas ordens sociais foram extintas; a servidão também foi
abolida; os bens do clero foram nacionalizados; o mandato quele ano, na Catedral de Notre Dame.
dos deputados seria de dois anos; mas a escravidão nas co-
Em 1805, a França tenta invadir a Inglaterra, mas é infe-
lônias permaneceu.
liz nessa tentativa. Em 1806, decreta o Bloqueio Continen-
Mas nem tudo ia bem. Dentro do próprio bloco dos re- tal, determinando que todos os países deviam fechar seus
volucionários, aconteceu a cisão. Os girondinos eram mo- portos ao comércio inglês. A Rússia, que em um primeiro
derados, tinham em sua composição a alta burguesia. Os momento faz parte desse acordo, por ser um país essencial-
jacobinos eram representantes por pequenos e médios mente agrícola, decide sair do grupo. Por conta disso, Napo-
burgueses, radicais, e tinham como líder Robespierre. Foi leão resolve invadir a Rússia do Czar Alexandre I.
um período sangrento, que mandou para a guilhotina vá-
rias pessoas contra a revolução, entre elas Luís XVI e a rai-
nha Maria Antonieta. Os jacobinos conseguiram implantar
o voto universal, congelaram preços de produtos básicos,
puseram fim à escravidão nas colônias e instauraram o Tri-
bunal Revolucionário, que julgava aqueles contrários à sua
ideologia.
Em 1794, há um golpe, conhecido como Golpe do 9 Ter-
midor, que prendeu e levou Robespierre à guilhotina. Os gi-
rondinos tomam o poder e instauram o que ficou conhecido
como Diretório. Revogam todas as medidas tomadas pelos
jacobinos, mas ficaram em posição delicada, pois a popula-
ção reagiu quando descongelaram os preços. O período de
supremacia dos girondinos vai até 1799. Pressionados pelas
ameaças de invasão de países como a Inglaterra e o Império
Austríaco, e pela realeza exilada, que começava a articular-
-se para recuperar o trono, recorreram ao exército, na figura
de um jovem general, que começava a apontar: Napoleão
Bonaparte. O general por meio de um golpe, o 18 Brumário,
leva o país a uma centralização, restabelecendo a paz por
algum tempo.

10. A ERA NAPOLEÔNICA


A era napoleônica é marcada pelas reformas adminis-
trativas, com medidas que chegam até os dias de hoje. En-
tre elas, destacam-se:
• Código Civil (1804);
Ratificação da redistribuição de terras determinada pela
Revolução – o camponês médio continuava a ser um lavra-
dor independente;
• Fundação do Banco Francês;
• Obras públicas – construção de pontes, estradas, canais;
• Escolas públicas em cada cidade e a fundação da escola Imagem: Jacques-Louis David - Google Cultural Institute, Domínio público.
normal em Paris, para formação de professores; Os generais alemães, acostumados com suas vitórias, foram
• Fim da diplomacia tradicional. adentrando no território russo que, por sua vez, iam se afastan-
do cada vez mais e colocando fogo em todas as plantações.
A era napoleônica foi marcada por inúmeras guerras. A Com a chegada do rigoroso inverno russo e com as tropas fran-
primeira fase de seu governo chamou-se Consulado. Foi im- cesas debilitadas pela fome, o exército alemão recua.
portante para sufocar as manifestações dos setores mais po-
pulares e solidificar os projetos da alta burguesia. A segunda A vitória da Rússia termina por encorajar outros países
fase, denominada Império, acontece após o plebiscito de europeus e, a 6 de abril de 1814, Inglaterra, Áustria, Rússia
1804, que restabeleceu a Monarquia, indicando Napoleão e Prússia tomam Paris e capturam Napoleão, que é enviado
ao trono. Napoleão I é oficializado em 3 de dezembro da- para a ilha de Elba. Luís XVII é o novo rei da França.
A terceira fase da era napoleônica dura 100 dias e, por isso,
tem esse nome. Napoleão consegue fugir de Elba em 1815,
é recebido pela população francesa aos gritos de “Viva o Im-
perador”, obriga a família real a fugir e volta ao poder. Mas os
países coligados não aceitam isso facilmente, reúnem-se e
encurralam Napoleão na famosa Batalha de Waterloo, der-
rotando o general e o enviando para a ilha de Santa Helena,
de onde nunca mais sai, até sua morte, em 1821.

11. PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


Os incidentes pelos quais passavam a Europa forma-
ram a base para o primeiro conflito de grandeza mundial.
O imperialismo das grandes potências europeias levou
a atritos não suplantados. A Grande Guerra, como era
chamada até o advento da II Guerra Mundial, inicialmente
envolveu apenas os países da Europa, mas terminou por
atingir também as colônias.
TANQUES EM DESFILE EM LONDRES NO FINAL DA PRIMEIRA GUERRA
Formaram-se duas frentes: a Tríplice Aliança (Alema- MUNDIAL (1918).
nha, Áustria e Itália) e a Tríplice Entente (França, Ingla-
terra e Rússia). As causas para a I Guerra foram várias: o Foto: National Library N/Wikimedia Commons
crescimento industrial é apontado como um dos principais,
pois acabou provocando a corrida armamentista; a trans-
formação do Império Alemão na maior potência industrial 12. REVOLUÇÃO RUSSA
gerou um mal estar entre Alemanha e França, Rússia e In- O maior levante popular do início do século passado
glaterra. Antes disso, as rivalidades entre esses países tam- acontece na Rússia e depõe o governo do czar Nicolau II em
bém contaram, além do desdobramento da Conferência plena I Guerra. A Rússia do século XIX sufocava qualquer
de Berlim, acontecida em 1880, que determinava os limites possível liberdade em todas as áreas. O totalitarismo czaris-
nas colônias. ta não permitia nenhum tipo de manifestação. Centenas de
presos políticos eram enviados para a Sibéria pela Ochrana,
Além disso, a França, derrotada na Guerra Franco-Prus- polícia política.
siana, perdeu as regiões de Alsácia e Lorena, ricas em mi-
nérios de ferro. A Alemanha também queria construir uma Nicolau II, que impera de 1894 a 1917, põe em marcha a
estrada que ligasse Berlim a Bagdá, passando por várias regi- industrialização, provocando grande concentração de cen-
ões onde o petróleo abundava, áreas de interesse da Rússia. tros industriais em Moscou e Petrogrado, mas a fome e o
A Inglaterra, por sua vez, estava ameaçada pela concorrên- desemprego continuam. Os salários diminuem, e nem a
cia germânica na indústria. burguesia consegue se beneficiar por conta da sana finan-
ceira de grandes empresários e banqueiros. Cresce a opo-
Mas o estopim foi a viagem de Francisco Ferdinando, sição. Partidos contrários, como o Social Democrata, eram
herdeiro do trono da Áustria Bósnia-Herzegovina, que re- proscritos, e líderes, como Lênin, têm de fugir da Rússia.
centemente havia sido anexada ao império austríaco. A 18
de junho de 1914, Ferdinando foi assassinado junto com sua Dentro do Partido Social Democrata, há divergência de
esposa em Saravejo. Explode a primeira Guerra, que dura até ideias, o que faz com que rache em duas vertentes, os bol-
11 de novembro de 1918. cheviques (maioria, em russo) e os mencheviques (mino-
ria). Os bolcheviques eram liderados por Lênin e queriam
Inicialmente, a Alemanha, com seu poderio bélico, ganha
tomar o poder pela mão armada; os mencheviques queriam
posições na guerra até 1917, quando os Estados Unidos, que
chegar ao poder por vias pacíficas, como as eleições.
até então mantiveram-se fora da contenda, declaram guerra
aos alemães. Os norte-americanos temiam pelo poderio in-
dustrial e imperialista alemão. Em 1917, a Rússia abandona o Domingo Sangrento
conflito, devido à eclosão da Revolução Russa. Foi um evento que provocou uma grande onda de pro-
A Alemanha sofre sucessivas derrotas, mas não se ren- testos. O fato aconteceu em janeiro de 1905, quando acon-
de. A população, esfomeada, revolta-se, e tanto os operários tecia um protesto pacífico em frente ao Palácio de Inverno
quanto os soldados forçam o kaiser a abdicar. A rendição é de São Petersburgo, mas a guarda apalaciana abriu fogo e
assinada em 11 de novembro de 1918, e a paz é firmada em matou mais de 1.000 pessoas. A ala revolucionária pressio-
1919 com a assinatura do Tratado de Versalhes. na, e o czar promulga a Constituição, permitindo a eleição.
A Rússia torna-se uma monarquia constitucional, embora o Hitler invade a Holanda, a Bélgica e cerca as tropas inglesas
poder ainda fosse concentrado nos czares. e francesas na cidade portuária de Dunquenque, na França.
Ainda ataca, por meio de sua força aérea, as cidades inglesas e
A participação da Rússia na I Guerra Mundial enfraque-
seu parque industrial. A França declara guerra à Alemanha em
ce seu poderio militar, e sua economia fica arrasada. Assim,
14 de junho de 1940. A Inglaterra, em agosto.
movimentos grevistas, que começaram em Petrogrado,
espalham-se pelo país, e Nicolau II é forçado a abdicar em A II Guerra acontece principalmente porque a Alema-
fevereiro de 1917. Kerenky assume o governo provisório e nha não gostou do desfecho da Primeira Guerra, pois per-
anistia os presos políticos, entre eles, Lênin. deu parte do território, além de ter de ratificar o Tratado de
Versalhes. Com uma Alemanha com economia debilitada,
A 6 de novembro, Lênin lidera uma massa composta de
uma inflação altíssima e enfrentando uma sem número de
operários e camponeses que toma o poder. As terras são dis-
problemas sociais, o nazismo encontra terreno fértil para
tribuídas entre os camponeses, os bancos são estatizados, e
difundir-se, retomando o aparelhamento militar. O naciona-
os operários passam a controlar as indústrias e as estradas
lismo exacerbado deságua no holocausto, que dizimou mi-
de ferro. Nicolau II e toda a família são assassinados sem jul-
lhões de judeus. Não foram só eles: pessoas com deficiência
gamento em julho de 1918.
física e mental têm o mesmo destino, assim como ciganos,
homossexuais, comunistas e religiosos em geral.
13. PERÍODO ENTRE GUERRAS A guerra só termina em 8 de maio de 1945, com a Alema-
Entre 1918 e 1939, destacam-se vários acontecimentos nha se rendendo. A guerra permanece, porém, no Japão, até
mundiais importantes: 2 de setembro de 1945.
• Tratado de Versalhes – impõe sanções à Alemanha;
• Crescimento do fascismo na Itália;
• Partido Nacional Socialista torna-se o mais representa-
tivo no parlamento alemão, em 1930;
• Adolf Hitler torna-se chanceler da Alemanha em 1933 e
implanta o nazismo;
• Franklin Delano Roosevelt, presidente dos EUA, coloca
em vigor o Plano New Deal, para barrar a recessão americana;
• Começa a Guerra Civil Espanhola, em 1936;
• Alemães bombardeiam Guernica, na Espanha, em
1937, para apoiar o regime do ditador Franco;
• Alemanha toma a Áustria, em 1938, e invade a Polônia,
em 1939; ADOLF HITLER EM UM COMÍCIO DO PARTIDO NAZISTA EM WEIMAR,
OUTUBRO DE 1930.
• No mesmo ano, França e Inglaterra declaram guerra à Foto: Bundesarchiv, Bild 102-10541 / Georg Pahl / Wikimedia Commons
Alemanha. Começa a Segunda Guerra Mundial.

14. SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 15. GUERRA FRIA


Dura de 1939 a 1945 e é considerado o maior conflito A chamada Guerra Fria vai do final da II Guerra até o final
mundial do século XX. O custo dessa guerra chegou a US$ da União Soviética, em 1991, e é marcada pelos conflitos es-
1 trilhão e 385 milhões de dólares, matou 45 milhões de pes- tratégicos e políticos entre os Estados Unidos e a URSS. Em
soas, contabilizou 35 milhões de feridos e 3 milhões de de- resumo, é o embate entre a tentativa de implantar o comunis-
saparecidos. Participaram da guerra 72 países. mo, pela União Soviética, em outros países, e as estratégias
dos Estados Unidos em defender o avanço do capitalismo.
A II Guerra começa quando a Alemanha invade a Polônia,
em setembro de 1939. França e Inglaterra impõem bloqueios Harry Truman, presidente dos EUA, lança o Plano Mar-
econômicos à Alemanha, mas não partem para o conflito di- shall, que oferece empréstimos a juros baixos para que os
reto. A Alemanha, em 1940, faz ataques terrestres, marítimos países arrasados pela II Guerra se recuperem economica-
e aéreos para invadir e ocupar a Dinamarca, que ganhou o mente. Em contraponto, a União Soviética (URSS) oferece o
nome de blitzkrieg, guerra relâmpago. A Alemanha também Comecon, resposta ao Marshall que proibia os aliados socia-
toma a Noruega, enfrentando a Inglaterra. No mesmo ano, listas de aderirem ao plano do inimigo.
A Alemanha adere ao Plano Marshall. Por conta disso, a da Coreia sofre pressão para expandir o socialismo; os EUA
URSS fecha as rotas terrestres que dão acesso a Berlim. Os apoiam a região sul em sua resistência. A guerra termina
EUA, então, abastecem Berlim por vias aéreas. Isso provoca a com a divisão do país em Coreia do Norte e Coreia do Sul.
divisão da Alemanha em Oriental e Ocidental. • Guerra do Vietnã: ocorreu entre 1959 e 1975. Os EUA
Os EUA criam a Organização do Tratado do Atlântico Nor- apoiam vietnamitas (Vietnã do sul) e URSS os vietcongues
te (Otan) em 1949 para se fortalecer com alianças militares, (Vietnã do Norte). Incluiu ainda os territórios do Cambodja e
caso sofressem ataques. A URSS cria o Pacto de Varsóvia com Laos. Os EUA, apesar de sua tecnologia bélica, não consegui-
o mesmo objetivo. ram sucesso nas florestas tropicais do Vietnã. Foi o combate
mais violento do período, que matou milhares de civis e mi-
• Aliados da Otan: Estados Unidos, Alemanha Ocidental,
litares, colocou a juventude norte-americana em uma onda
Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, França, Gré-
de protestos e terminou com a derrota dos EUA em 1975. O
cia, Holanda e Suécia.
socialismo é decretado em todo o Vietnã.
• Aliados do Pacto de Varsóvia: União Soviética, Albânia,
• Fim da Guerra Fria: um combinado de crise das repú-
Alemanha Oriental, China, Coreia do Norte, Cuba, Iugoslávia,
blicas soviéticas, atraso econômico e ditadura socialista im-
Polônia, Romênia e Tchecoslováquia.
põem o fim ao comunismo. O Muro de Berlim cai em 1989 e,
Vários eventos mundiais acontecem devido à Guerra com isso, as duas Alemanhas se unificam. Gorbatchev, presi-
Fria: dente da URSS, acelera o fim do socialismo e faz acordo com
• Guerra da Coreia: conflito entre 1951 e 1953. O norte os EUA. O capitalismo sai vitorioso.
HISTÓRIA DO BRASIL

DESEMBARQUE DE PEDRO ÁLVARES CABRAL EM PORTO SEGURO NO ANO DE 1500. ÓLEO SOBRE TELA DE OSCAR PEREIRA DA SILVA (1922).
Imagem: Wikimedia Commons

1. BRASIL COLÔNIA A Coroa dividiu o país em 15 capitanias hereditárias.


Período que compreende de 1530 a 1822, começa com a
Isso facilitaria a colonização. As terras iam desde o litoral até
chegada da primeira expedição colonizadora, tendo à frente
os limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas.
Martim Afonso de Souza. Em 1532, é fundada a Vila de São
Vicente, no litoral paulista, que se torna o primeiro povoa- Os lotes de terras foram doados a donatários, elementos
mento do Brasil. da pequena nobreza de Portugal que deviam defender e co-
lonizar suas capitanias. Escolheram a atividade açucareira
O período colonial, que é precedido pelo pré-colonial,
por causa da facilidade do comércio na Europa. O nordeste
ficou conhecido como o Ciclo do Pau-Brasil. A exploração
foi a região que mais reuniu engenhos de açúcar, principal-
dessa árvore foi meramente extrativista, feita pelos indíge-
mente os atuais estados de Pernambuco e Bahia, ao ponto
nas e alguns poucos europeus, logo após o desembarque
de, durante os séculos XVII e XVII, comandar a vida política,
dos portugueses no Brasil. Em 1920, não havia mais pau-
social e econômica do Brasil.
brasil para a exploração.
Logo após o descobrimento, os portugueses enviaram
para o Brasil várias expedições com o intuito de reconhe- Governo
cer todas as terras brasileiras e combater a pirataria francesa Para organizar a administração da colônia, a Coroa criou
que crescia. A primeira expedição foi comandada por Cris- o Governo Geral em 1548. Tomé de Souza, o primeiro go-
tóvão Jacques, de 1516 a 1526. Martim de Souza, além de vernador geral, ficou no poder de 1549 a 1553 e recebeu do
combater os franceses, dotou a Vila de São Vicente do pri- governo português um conjunto de leis. De 1553 a 1558, foi
meiro engenho de açúcar. Duarte de Souza o governador geral e, de 1558 a 1572, foi a
vez de Mem de Sá. Quando Mem de Sá morreu, Portugal di- 2. A ESCRAVIDÃO
vide a administração em dois blocos: Norte, tendo a cidade Os primeiros a serem escravizados foram os índios, no
de Salvador como sede, e o Rio de Janeiro no Sul. século XVI. Mas devido à dificuldade que encontraram e a
oposição dos religiosos, os negros começaram a ser comer-
Mas, em 1580, a Espanha consegue ter o domínio de Por-
cializados de suas colônias na África. O destino eram os en-
tugal e todas suas colônias, o que vai perdurar até 1640, perío-
genhos açucareiros do Nordeste.
do chamado Unificação Ibérica. Antes de livrar-se do domínio
espanhol, há nova divisão, em 1621: o Estado do Maranhão A partir do século XVIII, os negros também serão usados
e o Estado do Brasil. Isso perdura até 1772 quando, então, foi nas minas de ouro e diamantes. A eles, competiam as tarefas
decretada a unificação pelo Marquês de Pombal. mais árduas. Eram maltratados física e psicologicamente,
chicoteados, separados de suas famílias, mal se alimentavam
e com alimentos de baixa qualidade, e moravam em senzalas.
Formação social
Ficaram famosos os navios negreiros que conduziam
Três grupos étnicos formam basicamente o Brasil: o ne-
os escravos para Brasil, para serem vendidos como merca-
gro africano, o índio e o branco europeu (principalmente
dorias. A eles, tudo era negado, como praticar sua religião,
os portugueses).
sua cultura e principalmente suas ideias de liberdade. Entre-
Havia uma mistura grande, não só de etnias, mas dentro tanto, muitos conseguiam fugir, fundar quilombos, como o
das etnias também. Os portugueses que desembarcaram Quilombo dos Palmares, e mesmo realizar conflitos diretos.
Brasil vinham dos nobres com menor poder (tanto social
Entre os grandes líderes do Quilombo dos Palmares está
quanto econômico) e da população em geral, acentuada-
Ganga Zumba, Zumbi dos Palmares, seu neto que, por sua
mente das camadas mais pobres. Por sua vez, as tribos indí-
vez, era filho de Aqualtune dos Jagas. Eles perteciam a um
genas, além de terem línguas e culturas diferentes, por ve-
povo de origens militares, eram excelentes guerreiros.
zes guerreavam entre si. Tal fato era usado pelos europeus,
quando queriam enfraquecer e guerrear com Portugal. Os É a partir do reinado de D. Pedro II que as leis abolicio-
africanos, que chegavam pelos navios negreiros, tinham lín- nistas começam a entrar em vigor, como a Lei do Sexagená-
guas e culturas diferentes. E todos eles viviam no engenho, rio e a Lei do Ventre Livre. Em 1850, a Lei Eusébio de Queiroz
conferido ao senhor de engenho enorme poder. proíbe o tráfico de escravos, mas somente em 1888 a Lei
Áurea termina com a escravidão. O Brasil foi o último país a
abolir a escravatura.
A invasão francesa e holandesa
Mas deve-se ressaltar que a abolição da escravatura não
Em 1555, os franceses conquistam o Rio de Janeiro e fun-
veio acompanhada de medidas sociais que garantissem o
dam a França Antártica, sendo expulsos dois anos depois.
bem-estar e a subsistência dos ex-escravos. A segregação
Não desistem e, em 1612, tomam o Maranhão, fundando a
e o racismo perduraram durante o século XX e estendem-se
França Equinocial, que perdura até 1615.
até hoje na sociedade.
Os holandeses invadiram a Bahia entre 1614 e 1625, mas
foi em 1630 que as tropas holandesas conseguiram sucesso
em Pernambuco. Maurício de Nassau consolida a invasão 3. A INDEPENDÊNCIA
em 1637, firmando o domínio por praticamente todo o nor- A elite política brasileira não aguentava mais obedecer
deste. Esse domínio vai até 1654. à Coroa, principalmente por causa de problemas na econo-
mia interna, que cobrava altos impostos pagos à Portugal. E
também era contrária à tentativa de recolonização do Brasil
Ciclo da mineração por parte dos portugueses.
A partir de 1690, começa a caçada aos metais precio-
D. Pedro, resolve dizer não ao Império, que pedia urgen-
sos em Minas Gerais. Conhecido como Ciclo do Ouro e dos
temente seu retorno a Portugal. Essa resposta negativa de
Diamantes, foi marcado por grandes mudanças, entre elas
D. Pedro I ficou conhecida como o Dia do Fico. A partir de
o crescimento do comércio e o desenvolvimento da vida
então, várias medidas foram tomadas com vistas à procla-
urbana.
mação da independência. Entre elas, destacam-se:
Algumas revoltas ficaram marcadas nessa época: a de
• convocação de uma Assembleia Constituinte;
Beckman, no Maranhão, em 1789; em Minas Gerais, acon-
tece a Guerra dos Emboabas, entre 1708 e 1709; e em • organização da Marinha de Guerra;
Pernambuco, em 1710, eclode a Guerra dos Mascates. No
• aprovação por parte de D. Pedro I das leis impostas pela coroa;
final do século XVIII, dois grandes movimentos agitam a
colônia: a Inconfidência Mineira, em 1789, e a Conjuração • visitas a Minas Gerais e São Paulo para acalmar a popula-
Baiana, em 1798. ção, que estava agitada com os acontecimentos.
INDEPENDÊNCIA OU MORTE, DO PINTOR PARAIBANO PEDRO AMÉRICO (ÓLEO SOBRE TELA, 1888).
Imagem: Fundação Banco do Brasil/Wikimedia Commons

A 7 de setembro de 1822, D. Pedro I proclama a Repú- imperador foi atingido por garrafas e vidros) foi decisivo.
blica, em viagem que fazia a São Paulo, às margens do Ipi- A população andava ressabiada com o assassinato do jor-
ranga, por ter recebido uma carta de Portugal exigindo seu nalista Líbero Badaró, que criticava abertamente o governo
retorno imediato a Portugal. D. Pedro I é coroado imperador de D. Pedro I. Pairava no ar a desconfiança de que o crime
em dezembro de 1822. havia sido encomendado pelo império. Por tudo isso, D. Pe-
dro I abdica do trono em favor de seu filho, então com 14
anos de idade.
4. PRIMEIRO E SEGUNDO REINADO O segundo reinado tem início no dia da abdicação de D.
O primeiro reinado vai do dia da proclamação da inde-
Pedro I, a 23 de julho de 1840.
pendência a 7 de abril de 1831. O período foi conturbado,
marcado por revoltas regionais e descontentamentos Como a constituição exigia a maioridade, foi necessário
generalizados. A primeira constituição é promulgada em utilizar-se da Regência, que é um governo de transição. Du-
1823. Mas D. Pedro I não gostou de ver seus poderes limi- rou de 1831, quando D. Pedro I abdicou, até a maioridade
tados e mandou refazer a constituição, outorgada em 1824. de Pedro II. A princípio, a regência seria trina, formada pelo
Todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário) esta- Senado e Câmara dos Deputados. Foi até 1834. De 1834 a
vam na mão do imperador. 1840, foi Regência Una.
Dois eventos importantes minam o primeiro reinado: a Só foi possível graças a manobras de políticos influentes
Confederação do Equador, detonada no Nordeste, e a Guer- à época. D. Pedro II ficou no trono por 49 anos: o mais longo
ra das Cisplatinas, em 1825, quando Uruguai consegue a in- período da nossa história de um governante. Dois grupos
dependência do Brasil. divergentes, mas saídos do mesmo extrato socioeconômico,
brigavam pelo poder: liberais e conservadores. D. Pedro II
A economia não andava bem: tabaco, açúcar e algodão
fazia as vezes de intermediário imparcial. Ministérios eram
viam seus preços caírem no mercado, enquanto o café,
distribuídos aos dois lados, mas D. Pedro conserva os direi-
que era chamado ouro negro, tinha o valor do seu grão
tos de moderador.
superestimado.
D. Pedro II enfrentou uma única revolta, a Revolução
O episódio conhecido como Noite das Garrafadas (o Praieira, em 1847. Teve um governo equilibrado, possivel-
mente impulsionado pelo boom cafeeiro. Mas o tráfico ne- das cidades brasileiras e a imigração, em uma tentativa de
greiro, grandemente combatido pelas potências europeias, abolir o trabalho escravo. Contudo, as discrepâncias sociais
juntamente com os movimentos abolicionistas, passaram a continuaram a existir, e a população pobre foi expulsa das
exigir uma mudança de mentalidade do governo. regiões centrais, passando a ocupar periferias e favelas.
Com o final da cansativa Guerra do Paraguai (que foi de A 15 de novembro de 1889, é proclamada a República
1864 a 1870), começou a anunciar-se o fim da Monarquia. pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Tem início o que con-
Nascia a República, mas sem qualquer apoio popular. vencionou-se chamar República Velha, que vai de 1889
a 1930. Nos primeiros cinco anos, o pais é governado por
militares. É a fase do domínio do poderio agrário, tanto de
A questão religiosa paulistas quanto de mineiros e cariocas. O Brasil tem no café
Durante todo o Império, a Igreja esteve subordinada ao seu maior produto de exportação, e a indústria cresce, mas,
Estado, o que era chamado padroado. Cabia ao imperador a por outro lado, os problemas sociais ganham visibilidade em
escolha de clérigos para os cargos do alto clero e a aplicação todas as regiões do país. Deodoro renuncia em 1891, e Flo-
das bulas papais. Os bispos de Olinda e Belém, obedecendo riano Peixoto assume o posto. Sua administração é marcada
às orientações do Vaticano, suspenderam as irmandades re- por medidas severas contra aqueles que ainda apoiavam a
ligiosas que não afastavam os religiosos que descumpriam monarquia.
a proibição.
Considera-se a necessidade de uma nova constituição,
D. Pedro II interferiu na decisão dos bispos e anulou a o que acontece em 1891. A partir de 1894, surgem os pri-
determinação. Os religiosos que insistiam em cumprir as de- meiros presidentes civis, saídos diretamente do Partido Re-
terminações papais foram julgados pelo imperador e conde- publicano Paulista (PRP) e do Partido Republicano Mineiro
nados à prisão. (PRM), instaurando a política café com leite. Nessa fase,
enfrentam o movimento chamado tenentista, descontente
com o rumo que o país tomava. Era liderado por tenentes,
5. REPÚBLICA que queriam moralizar a política e mudar o sistema elei-
toral, com a implantação do voto secreto. Também defen-
diam mudanças no ensino público. A
Revolta dos 18 do Forte de Copacabana
e a Coluna Prestes são as principais re-
voltas desse período.
Mesmo sob protestos devido às re-
voltas tenentistas, Artur Bernardes as-
sumiu a Presidência e, a partir daquele
momento, as relações do exército com
o governo tornaram-se mais tensas.
Mais uma tentativa de golpe foi de-
sencadeada em 1924. Quartéis foram
tomados em São Paulo, mas o governo
respondeu bombardeando-os, o que
levou os tenentes a abandonar suas
posições. Reuniram-se depois em Foz
do Iguaçu (PR) e formaram uma coluna
composta de mais de 1.500 homens, co-
mandada pelo capitão Luís Carlos Pres-
tes. A Coluna Prestes, cujos integrantes
eram considerados guerrilheiros pelas
forças oficiais, embrenhou-se no sertão
incitando o povo a se rebelar contra o
governo. Artur Bernardes e posterior-
Em 1889, a República foi instaurada no Brasil. As elites mente seu sucessor, Washington Luís,
agrárias e o Exército queriam implantar um regime político usaram todos os meios possíveis para eliminá-la. No entan-
que pusesse o país nos trilhos da modernidade industrial. to, os participantes da Coluna Prestes não foram derrota-
Buscando uma paridade com as grandes potências do Velho dos em nenhum dos combates travados e terminaram sua
Mundo, o projeto republicano incentivou a europeização peregrinação na Bolívia.
Trabalho, implantou indústrias de base, como a Companhia
A Guerra dos Canudos
de Siderurgia Nacional, a Companhia do Vale do Rio Doce
Por volta de 1871, Antônio Vicente Maendes Maciel,
e a Fábrica Nacional de Motores. Para conseguir implantar
cearense de aproximadamente 40 anos, iniciou suas
a Companhia de Siderurgia Nacional, assinou os Acordos
peregrinações pelo sertão. Trajando um camisolão azul
de Washington, em que se comprometia a fornecer aço
e usando barbas e cabelos longos, percorreu o interior
aos aliados para suprir as necessidades bélicas da Segunda
de Pernambuco, da Bahia e de Sergipe pregando mensa-
Guerra Mundial. O Brasil também participou da ofensiva por
gens religiosas e aconselhando os sertanejos. Por onde
meio da Força Expedicionária Brasileira, que combateu nos
andava, arregimentava seguidores, entre ex-escravos e
territórios da Itália, sob o domínio do fascismo de Mussolini,
camponeses sem terra, que o acompanhavam pelo ser-
até o final da guerra, em 1945.
tão. O beato peregrino ficou conhecido como Antônio
Conselheiro. No ano de 1893, Antônio Conselheiro e seu Vargas também governou o Brasil de 1951 a 1954, mas
grupo fundaram um povoado na fazenda Canudos, às pelo pleito direto.
margens do rio Vaza-Barris, no norte da Bahia. Em 1896,
os governos baiano e federal iniciaram uma campanha
militar contra Canudos.
As três primeiras expedições, apesar da superioridade
bélica do exército republicano, foram derrotadas pelas for-
ças conselheiristas. Canudos virou notícia em todo o Brasil.
Nos jornais, Antônio Conselheiro era acusado de monarquis-
ta, louco e inimigo do governo da República.
A quarta expedição de ataque a Canudos reuniu quase
10 mil soldados, armados de fuzis e canhões modernos. Os
combates duraram cerca de quatro meses e terminaram
com a invasão e a destruição completa do arraial, em 5 de
outubro de 1897. Como exigiu o presidente Prudente de
Moraes, não restou “pedra sobre pedra”.

6. A ERA VARGAS
Há quem defenda a Era Vargas como a primeira fase
do governo de Getúlio Dornelles Vargas, que vai de 1930 a
1945. Há aqueles que preferem nomeá-la como a que vai de
1930 a 1954, compreendendo o segundo mandato de Getú-
lio Vargas.
Populista, foi nessa primeira fase que passou a ser reco-
nhecido como “papai dos pobres". Usou e abusou de propa-
ganda do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Outro fator que contribuiu para sua popularidade foi a re-
forma na legislação trabalhista, garantindo direito aos tra-
balhadores que até aquele momento nunca havia existido.
A candidatura de Getúlio começa a ser fortalecida após a
ruptura na república oligárquica. Concorreram, nas eleições
de 1930, o paulista Júlio Prestes e Getúlio, oriundo do Rio
Grande do Sul. Prestes saiu vitorioso. GETÚLIO VARGAS
Ciente da importância do rádio, Vargas utilizava-o como Foto: Governo do Brasil - Galeria de Presidentes/Wikimedia Commons
instrumento de propaganda de seu governo. Em 1938, lan-
çou A hora do Brasil, programa que transmitia notícias sobre
atos governamentais e eventos culturais e tinha um claro
tom nacionalista, exaltando a figura presidencial.
7. FIM DA ERA VARGAS, GOVERNO JK
Sua administração ficou conhecida como Estado Novo, E GOVERNO JÂNIO QUADROS
com caráter desenvolvimentista, corporativista e nacio- A instabilidade política foi uma das marcas do século XX
nalista. Fechou partidos políticos, implementou a Justiça do na América Latina. Governos eleitos de maneira democráti-
ca foram depostos por golpes de Estado. Muitos deles eram nifesto pedindo a renúncia de Vargas, exigência também fei-
liderados por militares, como os que ocorreram na Argenti- ta pelos generais no dia seguinte. Na noite de 24 de agosto,
na, no Brasil e no Chile. Algumas das características comuns no Palácio do Catete, pressionado por todos os lados, Vargas
a essas ditaduras foram a perseguição à oposição e a cen- deu um tiro no peito. Deixou uma carta-testamento na qual
sura à informação, tanto na imprensa como nas artes. Com acusava grupos estrangeiros, aliados a inimigos internos, de
isso, a população não tinha conhecimento do real quadro serem os responsáveis pelas dificuldades enfrentadas pelo
político de seu país. A partir dos anos 1980, teve início a re- povo brasileiro.
democratização da região.
A morte do “Pai do Povo” – como Vargas ficou conheci-
Depois da deposição de Vargas em outubro de 1945, o do – foi anunciada pelo locutor do telejornal Repórter Esso. A
cargo de presidente da República foi provisoriamente ocu- notícia do suicídio provocou grande indignação e comoção
pado pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal, no país, e as indústrias e o comércio fecharam suas portas.
José Linhares. Novos partidos foram criados: o Partido Social
A multidão rebelou-se e, enfurecida, tombou e incen-
Democrático (PSD), identificado com as velhas oligarquias
diou os caminhões de entrega dos jornais de oposição. A
estaduais, e a União Democrática Nacional (UDN), que era
embaixada dos Estados Unidos no Rio de Janeiro foi atacada
antigetulista e combatia a intervenção do Estado na econo-
e apedrejada. As manifestações populares desencoraja-
mia e nas relações trabalhistas, defendendo a abertura da
ram a tomada do poder pelos militares. O vice-presidente
economia ao capital estrangeiro. O Partido Trabalhista Brasi-
Café Filho assumiu a Presidência, garantindo a realização
leiro (PTB) identificava-se com o nacionalismo e o sindicalis-
das eleições em 1955.
mo, respaldando-se na figura de Getúlio Vargas.
Em outubro de 1955, foram realizadas as eleições presi-
Com a anistia geral, que libertou os presos políticos, o
denciais. Uma aliança entre o PSD e o PTB lançou Juscelino
Partido Comunista Brasileiro (PCB) se reorganizou. Seu líder,
Kubitschek e João Goulart como candidatos a presidente e
Luís Carlos Prestes, ao sair da prisão, propôs a união nacio-
vice-presidente da República.
nal em torno do governo na luta contra o nazifascismo. Em
1985, os brasileiros voltaram a escolher o presidente do país. A campanha de Juscelino tinha como slogan “50 anos
em 5”. Ele pretendia modernizar o país, contando com recur-
Após a eleição do general Dutra, a democracia começou
sos públicos e capitais privados, nacionais e estrangeiros. O
a sofrer novas restrições: no contexto da Guerra Fria, o Brasil
candidato a vice, João Goulart (Jango, como era chamado),
alinhou-se aos Estados Unidos, rompeu relações diplomá-
do PTB, era o herdeiro político de Vargas. A aliança PSD-PTB
ticas com a União Soviética e cassou o registro do Partido
garantia os votos dos trabalhadores urbanos.
Comunista Brasileiro e o mandato de seus parlamentares,
incluindo o de Luís Carlos Prestes. Em relação à economia, Juscelino e Jango assumiram o poder em 31 de janeiro de
em um primeiro momento, o governo liberou as importa- 1956. Com a ideia de modernizar o Brasil, o governo lançou
ções, o que acabou com as reservas de moedas estrangei- o Plano de Metas, prevendo a industrialização acelerada e
ras, provocando uma alta da inflação. Ao final do mandato a realização de obras de infraestrutura, energia, transportes,
de Dutra, o povo, descontente, almejava um governo que alimentação, indústria e educação.
atendesse mais às necessidades do país e às reivindicações
Durante o governo de JK, o país viveu uma época de
trabalhistas.
estabilidade política que gerou um clima de otimismo e
A Constituição de 1946 marcou o retorno da demo- confiança no desenvolvimento econômico. Nesse espírito,
cracia à sociedade brasileira. A Constituição estabeleceu o foi criada a Superintendência do Desenvolvimento do Nor-
voto obrigatório para os alfabetizados maiores de 18 anos, deste (Sudene), com a finalidade de planejar e executar a
proibiu a reeleição do presidente da República e restaurou a expansão industrial na região e também fazer frente às Ligas
autonomia do Poder Judiciário. Camponesas, movimento liderado por Francisco Julião, que
lutava pela posse da terra e pela reforma agrária.
Nas eleições de 1950, Vargas derrotou o candidato apoia-
do por Dutra e retornou pela segunda vez à Presidência da O clima de euforia com a modernização do país con-
República, confirmando seu prestígio político e o amplo cretizava-se também na mudança da capital federal para
apoio popular. Em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda foi ví- a região do planalto Central, com a construção de Brasília.
tima de um atentado na porta de sua casa, na rua Toneleros, Inúmeras facilidades favoreceram para a entrada de inves-
na cidade do Rio de Janeiro. Foi ferido no pé e seu acompa- timentos externos: concessão de terrenos para a instalação
nhante, o major da Aeronáutica Rubens Vaz, foi morto. Após de fábricas, redução de impostos, permissão para a remessa
investigações, Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de lucros ao exterior e autorização para importação de equi-
do presidente, foi acusado de mandante do crime. O atenta- pamentos industriais.
do criou uma situação política insustentável.
Hidrelétricas, rodovias e ferrovias foram construídas,
Em 22 de agosto de 1954, a Aeronáutica lançou um ma- dando sustentação à produção e ao escoamento dos produ-
tos. Com as novas rodovias e ferrovias, regiões isoladas do Sete meses após assumir a presidência, renuncia ao
país passaram a se interligar. Outro marco do crescimento cargo. Assume, seu vice, João Goulart, que teve uma pos-
econômico no governo JK foi a industrialização da região do se confusa. Jango, como era conhecido, era hábil em criar
ABC paulista, formada pelos municípios de Santo André, São uma imagem favorável entre os trabalhadores, mas as eli-
Bernardo e São Caetano, que se tornaram polos para várias tes, grande parte conservadoras, o viam com desconfiança,
multinacionais automobilísticas, como a Volkswagen, a Ge- pois o associavam às reivindicações trabalhistas e à amea-
neral Motors, a Willys Overland e a Ford. ça comunista. Preocupados com esse perigo, alguns seto-
res conservadores das forças armadas tentaram impedir a
posse de Jango, enquanto estava em viagem à República
Transferência da Capital Popular da China. Entretanto, o governador do Rio Gran-
A transferência da capital federal para a região central do de do Sul, Leonel Brizola, conseguiu garanti-la, à frente da
Brasil estava prevista na primeira Constituição republicana Campanha da Legalidade, que foi promovida pelo PTB jun-
de 1891. Com a capital no Rio de Janeiro, localizada no lito- tamente com os sindicatos ligados a Jango. Por este fator, a
ral, havia a preocupação com possíveis guerras e invasões. consulta popular acabou sendo antecipada em dois anos.
O regime presidencialista foi o escolhido e Jango tornou-se
JK iniciou a construção da nova capital em 3 de novem-
o chefe de governo.
bro de 1956. Instalada no Distrito Federal, em Goiás, a ci-
dade foi arquitetada pelo urbanista Lúcio Costa juntamente Na década de 1960, a situação no campo era extrema-
com o arquiteto Oscar Niemeyer. mente desfavorável aos trabalhadores rurais. Além disso, os
camponeses eram constantemente expulsos delas. A orga-
nização dos trabalhadores do campo, por meio das Ligas
Jânio Quadros Camponesas, teve como efeito a formulação de uma pro-
A trajetória política de Jânio Quadros pode ser consi- posta de reforma agrária, que buscava garantir o acesso de
derada meteórica. Ex-professor de escola secundária (atual milhões de trabalhadores rurais à terra, desapropriando as
Ensino Médio) e vereador, elegeu-se prefeito de São Paulo declaradas de necessidade pública ou de interesse social,
em 1953. Em outubro de 1954, foi eleito governador de São com prévia indenização em dinheiro aos proprietários. A
Paulo, derrotando Adhemar de Barros na campanha conhe- execução da reforma obviamente atingia os donos de terras.
cida como “o tostão contra o milhão”. Desde então e até o
Jango também propiciou as reformas de base, a saber:
final de sua vida pública, o centro da campanha de Jânio foi
o combate à corrupção. • ampliação do monopólio da Petrobrás;
Como presidente, Jânio Quadros adotou medidas con- • direito de voto a analfabetos, soldados até a patente de
sideradas extravagantes nos assuntos internos, procurou sargento das forças Armadas;
manter a independência na política externa e teve iniciati-
• indústrias farmacêuticas são nacionalizadas, assim
vas conservadoras na economia. Jânio, porém, governava
como empresas prestadoras de serviço público;
mas não consultava suas bases e, por isso, não conseguia
aprovar as propostas do seu governo. • foi limitada a remessa de lucros para o exterior por par-
te das empresas.
Ciente de que as reformas de base não poderiam ser
aprovadas no Congresso Nacional, Jango resolveu instituí-
-las por meio de decretos. Em resposta dos setores de direi-
ta, foi uma manifestação em São Paulo, a Marcha da Família
com Deus pela Liberdade, que levou às ruas milhares de pes-
soas. A reação conservadora foi rápida: em 31 de março, tro-
pas partiram de Minas Gerais com destino ao Rio de Janeiro,
onde estava localizado o presidente. Mas Jango resistiu ao
golpe e, na tentativa de articular a resistência, foi para Bra-
sília. Os militares, como já eram os donos da situação, aca-
baram assumindo o poder e inevitavelmente instituíram um
regime autoritário.

PRESIDENTE JÂNIO QUADROS EM REUNIÃO COM GOVERNADORES DE


ESTADO (JUNHO 1961). 8. DITADURA MILITAR E ABERTURA
Foto: Arquivo Nacional/Wikimedia Commons Após a queda do presidente João Goulart, uma junta mi-
litar formada por representantes do Exército, da Marinha e
da Aeronáutica assumiu o comando do país. O Exército ocu- res, deputados, prefeitos e governadores, intervir no Poder
pou as ruas das principais cidades com soldados fortemente Judiciário, afastar ministros do Supremo Tribunal Federal,
armados, caminhões, tanques e jipes. Os partidários do anti- tornar legal legislar por meio de decretos, suspender a per-
go governo e todas as organizações que apoiavam as refor- missão para qualquer tipo de reunião, estabelecer a censura
mas sociais, incluindo a União Nacional os Estudantes (UNE), prévia a meios de comunicação, letras de músicas, peças de
foram atacados. Com o golpe, o governo passou a tomar de- teatro e filmes, decretar o estado de sítio e revogar o habeas
cisões arbitrárias, sem prestar contas a ninguém. Assim teve corpus para os denominados crimes políticos. A censura im-
início o mais longo período ditatorial da História do Brasil, posta pelo AI-5 atingiu diversas manifestações intelectuais e
que durou 21 anos. artísticas. Como toda publicação passava por censura prévia
Um dia após o golpe, que ocorreu em 1º de abril de 1964, antes de ser divulgada, era comum encontrar artigos em jor-
a sede da UNE foi invadida e incendiada. O prédio onde nais com trechos inteiros em branco. Outros reproduziam,
funcionava o jornal carioca Última Hora, que fazia oposição no lugar do trecho censurado, receitas culinárias.
aos militares, foi destruído. Em 9 de abril de 1964, a junta
que assumiu o poder baixou o Ato Institucional nº 1 (AI-1),
que dava ao presidente da República o poder de cassar os
direitos políticos de qualquer cidadão por dez anos, além de
decretar no país o estado de sítio. Foi divulgada a primeira
lista de cassações no Congresso Nacional: 50 deputados, en-
tre os quais 18 do PTB e nenhum da UDN. Ainda nesse dia,
foram demitidas 1.400 pessoas da administração pública e
cerca de 1.200 militares.
O marechal Castello Branco, primeiro presidente do
regime militar, foi eleito pelo Congresso Nacional em 15
de abril de 1964. Propôs-se à tarefa de reformar e desen-
volver o capitalismo brasileiro, além de conter a “ameaça
comunista”.
Com o objetivo de controlar as contas do governo e re-
duzir a inflação, adotou a estratégia de aumentar a arrecada-
ção de impostos e impedir que os salários acompanhassem
a elevação dos preços. Para garantir a segurança nacional,
criou o Serviço Nacional de Informação (SNI), chefiado pelo
general Golbery do Couto e Silva. O principal objetivo do SNI
era recolher informações sobre pessoas e organizações con-
sideradas subversivas.
Para suceder Castello Branco, o alto comando militar es-
colheu o marechal Arthur da Costa e Silva, que assumiu em
15 de março de 1967 e governou até 31 de agosto de 1969,
quando foi afastado por motivos de saúde.
O ano de 1968 foi considerado por muitos estudiosos
o mais conturbado do século em todo o mundo. No Brasil
não foi diferente. A radicalização política era cada dia maior,
com greves em Osasco (SP) e Contagem (MG) que abalaram PÁGINA 01 DO ATO INSTITUCIONAL NÚMERO CINCO (AI-5).
a economia nacional, formação da Frente Ampla (aliança de Imagem: Arquivo Nacional/Wikimedia Commons
oposição ao regime, liderada por Jango, Juscelino Kubits-
chek e Carlos Lacerda), morte do estudante Edson Luís, Pas-
seata dos Cem Mil e decretação do AI-5.
Discos de artistas da MPB foram tirados de circulação,
como o compacto Apesar de você (1970), de Chico Buarque,
ou a canção Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo
Ato Institucional nº 5
Vandré.
O AI-5 foi publicado em novembro de 1968. O presidente
da República podia decretar o recesso do Congresso Nacio- Houve muitas mortes, graças às torturas, executadas
nal por prazo indeterminado, cassar o mandato de senado- sumariamente. Emílio Garrastazu Médici assumiu a Presi-
dência em outubro de 1969 e governou até março de 1974. pedindo uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. Uma nova lei
Durante seu governo, os movimentos estudantil e sindical eleitoral permitiu a organização de diversos partidos. “Eu que-
estavam contidos e silenciados pela repressão policial. Foi ro votar para presidente” eram as palavras de ordem de
a época de maior endurecimento político, mas o “milagre amplos setores da população brasileira no final de 1984.
econômico”, com crescimento do PIB na ordem de 10% ao O Partido dos Trabalhadores resolveu reunir as forças da
ano, encobriu os desmandos de Médici. oposição e da sociedade civil para organizar a campanha
Diretas Já pelo voto direto para presidente. Depois, ou-
O general Ernesto Geisel assumiu a Presidência em mar-
tros partidos a integrariam. Em São Paulo, 300 mil pes-
ço de 1974. Teve de enfrentar dificuldades econômicas e
soas foram à Praça da Sé exigir eleições diretas. Em abril
políticas que anunciavam o fim do “milagre econômico bra-
daquele ano, também na capital paulista, outro grande
sileiro” e ameaçavam o regime militar, além dos problemas
comício reuniu mais de 1 milhão de pessoas, a maior ma-
herdados de outras gestões. A inflação chegou a 34,5% em
nifestação popular da História do Brasil. As esperanças em
1974. O país endividou-se externamente.
reverter o quadro de baixos salários, inflação e autorita-
A luta armada contra o regime, além de sequestros para rismo estavam depositadas na vitória da campanha pelas
exigir a libertação de presos políticos, promovia assaltos a eleições diretas. O deputado mato-grossense Dante de
bancos e instalações militares para financiar e armar o movi- Oliveira apresentou ao Congresso uma emenda que pro-
mento. Os militares reagiram criando novos mecanismos de punha eleições diretas imediatas para a Presidência.
repressão: em 1969, deu-se início à Operação Bandeirantes
Tancredo Neves, candidato do PMDB, é eleito indire-
(Oban), com o propósito de organizar a repressão na região
tamente vencendo Paulo Maluf (Arena) por larga margem,
Sudeste do país. Formaram-se, em vários estados, unidades
mas não assume. No dia anterior à posse, é internado com
do Destacamento de Operações e Informações e do Cen-
urgência no Hospital de Base de Brasília. É transferido para o
tro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), locais onde
Instituto do Coração, mas morre a 21 de abril de 1984.
eram torturados os suspeitos de envolvimento com grupos
revolucionários. Com a morte de Tancredo Neves, a Presidência foi ocu-
pada pelo vice de sua chapa, José Sarney, que restabeleceu
Nas eleições legislativas de novembro de 1974, transcor-
as eleições diretas para presidente da República e prometeu
ridas em clima de relativa liberdade, foi permitido aos parti-
uma nova Constituição. Com essas medidas, tentou se apro-
dos realizar suas campanhas pela televisão e pelo rádio.
ximar dos setores democráticos do país.
Mesmo com a continuidade da repressão, o processo de
abertura do regime prosseguia. Em 1979, foi dado um claro
sinal de que os anos sombrios da ditadura se aproximavam 9. NOVA REPÚBLICA
do final: deixava de vigorar o principal instrumento da re- Em novembro de 1986, foram realizadas eleições para
pressão, o AI-5. os governos estaduais e para deputados e senadores da
Assembleia Nacional Constituinte, que elaborariam uma
nova Constituição para o Brasil.
Trabalhadores reorganizam-se
O PMDB, graças à popularidade do governo no início
A grande novidade na organização popular, no entanto,
do Plano Cruzado, elegeu quase todos os governadores e
era a estruturação do movimento operário. Com o cresci-
a maioria dos deputados e senadores. Durante um ano e
mento da indústria automobilística na região do ABC paulis-
oito meses, o Congresso Nacional discutiu os projetos e
ta, ganhou força em São Bernardo do Campo o Sindicato dos
colocou em votação as novas leis da Constituição, pro-
Metalúrgicos. Nesse movimento, destacou-se a liderança do
mulgada em 5 de outubro de 1988.
presidente do sindicato, Luiz Inácio da Silva, o Lula.
Com as eleições diretas e o fortalecimento das insti-
João Baptista Figueiredo assumiu a Presidência em
tuições democráticas, ampliaram-se os canais de parti-
1979 e teve a tarefa de garantir a transição do regime ditato-
cipação política no Brasil. Essas condições deram maior
rial para a democracia. O quadro econômico do período era
visibilidade à situação das camadas menos favorecidas da
pouco favorável.
população, forçando os poderes públicos a desenvolver
A situação internacional agravava a crise econômica do políticas afirmativas e de inclusão social.
país. Em 1981, o Brasil apresentou um PIB negativo (–3,1%).
No entanto, o Brasil é, ainda hoje, um dos países so-
Essa queda trouxe uma grave crise de investimentos na in-
cialmente mais desiguais do mundo e, ao mesmo tempo,
dústria, gerando desemprego e inflação alta, além de corro-
grande parte da população parece deixar de acreditar na
er o salário dos trabalhadores.
política partidária e representativa. Superar essa situação
A lei de Anistia foi aprovada em 1979. Os presos polí- é um dos desafios com os quais a democracia brasileira
ticos começam a voltar ao país. Movimentos espalham-se terá de lidar no século XXI.
PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988
Foto: Wikimedia Commons

A Era Collor seava-se justamente no espírito de modernidade capaz de


O país passava por um processo de transição democráti- inserir o país na economia globalizada. Ganhou as eleições.
ca, marcado pela campanha das Diretas Já, pela reivindica-
O governo de Fernando Collor adotou uma política con-
ção da convocação de uma Assembleia Constituinte e pela
servadora para tentar resolver os problemas econômicos
promulgação da Constituição de 1988. Com o fim do biparti-
e sociais que assolavam o país. Para atingir esse objetivo,
darismo, diversas siglas partidárias se constituíram.
o novo presidente anunciou o Plano Nacional de Deses-
O cenário econômico era de instabilidade e inflação. Os tatização. Tratava-se de um programa de privatização de
planos econômicos não impediram o arrocho salarial nem empresas estatais, consideradas obsoletas e ineficientes. A
eliminaram a estagnação econômica. Por isso, durante a transferência de algumas atividades para a iniciativa privada
campanha presidencial de 1989, todos os partidos tinham significaria a retomada dos investimentos e ajudaria a sane-
em seus programas um ponto em comum: a necessidade de ar o alto deficit público brasileiro.
pôr fim à inflação e dinamizar a economia brasileira.
A equipe de Fernando Collor também adotou uma políti-
No segundo turno, ocorreu a polarização entre os candi- ca de abertura do mercado brasileiro ao comércio interna-
datos Fernando Collor de Mello, do Partido da Reconstrução cional, com a redução das tarifas sobre os produtos impor-
Nacional (PRN), e Luiz Inácio Lula da Silva, representante do tados. De acordo com os economistas, a competitividade
Partido dos Trabalhadores (PT). estimularia a modernização do parque industrial e reforçaria
a capacidade empresarial nacional.
Collor vendeu uma imagem de homem moderno, jovem,
esportista e, sobretudo, defensor dos “descamisados”, isto é, No dia seguinte à cerimônia de posse, o novo presidente
das camadas mais pobres da população. Sua campanha ba- e a ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, lançaram
direitos políticos suspensos por oito anos. A Presidência do
Brasil foi ocupada pelo vice-presidente, Itamar Franco.
Itamar Franco assumiu efetivamente o cargo em 29 de
dezembro de 1992. O novo presidente procurou formar uma
ampla coalização de forças políticas, convidando diversos
partidos, como o PFL, o PMDB, o PSDB e o PT, para compor
seu governo. Com isso, Itamar pretendia assegurar a ordem
democrática e formar um pacto de governabilidade.
Em outubro de 1993, contudo, um novo esquema de
corrupção veio a público, criando instabilidade política.
Dessa vez, parlamentares foram acusados de favorecer em-
preiteiras, usando sua influência para incluir, no orçamento
da União, gastos com grandes obras públicas em troca de
propina. A denúncia culminou na chamada CPI dos Anões
do Orçamento.

O Plano Real
FERNANDO COLLOR DE MELLO
Preocupado com a crise econômica herdada do governo
Foto: Paulo Fridman/Getty Images Collor, Itamar designou o então ministro das Relações Exte-
riores, o sociólogo e senador Fernando Henrique Cardoso,
um plano de combate à inflação, o Plano Brasil Novo, ou, para assumir o cargo de ministro da Fazenda. O novo minis-
como ficou mais conhecido, o Plano Collor. O novo plano tro deu continuidade ao processo de privatização e fixou
determinou o confisco dos depósitos bancários em conta medidas para reduzir as despesas públicas, consideradas o
corrente, da poupança e de outras aplicações, congelou pre- motor da inflação. A medida decisiva de Fernando Henrique,
ços e salários e promoveu um corte nas despesas públicas. contudo, foi reunir um grupo de especialistas para elaborar
O impacto positivo do plano econômico não durou muito um plano de estabilização gradativa da economia que fi-
tempo. Em dezembro de 1990, a inflação voltou a subir. Em cou conhecido como Plano Real.
1991, além da alta dos preços dos produtos, o Brasil enfrentava O Plano Real possibilitou a estabilização do valor da
o aumento do desemprego e o achatamento dos salários. moeda, a estagnação da inflação e, consequentemente,
o aumento das vendas a crédito, uma vez que o valor das
Muitas empresas não suportaram a concorrência dos
prestações seria o mesmo em todos os meses. As camadas
produtos estrangeiros e demitiram funcionários ou fecha-
empobrecidas da população foram as que mais se favore-
ram as portas. Com a paralisação da atividade produtiva, o
ceram, pois passaram a consumir uma série de bens antes
crescimento econômico atingiu índices negativos. A popula-
disponíveis apenas para a classe média e as elites.
ridade do presidente despencou, e a ministra Zélia Cardoso
de Mello foi afastada. O sucesso do plano no combate à inflação influenciou o
A crise política agravou-se depois de denúncias feitas resultado das eleições presidenciais realizadas em outubro
pelo irmão do presidente, Pedro Collor, em maio de 1992. de 1994. Uma habilidosa propaganda política lembrou os
Ele revelou irregularidades, como a existência de um enor- eleitores de que o candidato Fernando Henrique tinha sido
me esquema de corrupção envolvendo Paulo César Farias, o “Pai do Real”, ou seja, da estabilização econômica. As elei-
ex-tesoureiro da campanha de Collor. ções foram decididas logo no primeiro turno, com 54% dos
votos válidos para Fernando Henrique Cardoso, do Partido
PC Farias seria responsável por intermediar a liberação da Social Democracia Brasileira (PSDB), que derrotou Luiz
de verbas públicas para empresas privadas em troca de pro- Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), o se-
pina. As denúncias levaram o Congresso Nacional a abrir gundo colocado.
uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para conduzir
as investigações. O novo presidente assumiu o governo em 1º de janeiro
de 1995, amparado por uma aliança entre o PSDB e o Parti-
Em outubro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou do da Frente Liberal (PFL), agrupamento conservador com
o afastamento de Collor até que o Senado julgasse o pedido grande força política nos estados do Nordeste.
de impeachment. Em dezembro, no último minuto antes da
votação, Collor renunciou à Presidência do Brasil para não Embora tivesse maioria parlamentar no Congresso Na-
ter seus direitos políticos cassados. Apesar disso, foi conde- cional, o governo foi obrigado a negociar o apoio de vá-
nado pelo Senado por crime de responsabilidade e teve seus rios partidos e setores para garantir a governabilidade. As
PRIMEIRA NOTA DE 100 REAIS CRIADA
Imagem: Reprodução

divergências existentes entre governo e oposição giravam ção de pobreza e que apresentava um dos maiores índices de
em torno do papel que o Estado brasileiro deveria assumir. desigualdade social do mundo.
FHC e sua equipe entendiam que era preciso realizar refor- Lula deu continuidade à política econômica de seu an-
mas para que o Estado e a economia brasileira se moder- tecessor, e o principal objetivo do governo era garantir as
nizassem. Fernando Henrique Cardoso seguiu seu plano metas de inflação. A manutenção das altas taxas de juros,
de governo, dando continuidade à política de estabilização embora em níveis inferiores aos do governo anterior, o au-
econômica iniciada com o Plano Real. As ações do governo mento das exportações e o controle dos gastos públicos
visavam ao controle das contas dos governos dos estados, permitiram o controle da inflação.
procurando reduzir o deficit público. Para isso, aprofundou,
entre outras medidas, a política privatizante, apoiando-se no De modo geral, a política econômica do governo Lula
Plano Nacional de Desestatização, legislação criada durante foi bem-sucedida porque combinou estabilidade e cresci-
o governo Collor. mento econômicos com o fortalecimento de programas de
transferência de renda.
Os resultados obtidos com o Plano Nacional de Desesta-
tização foram bem-sucedidos em alguns setores. Nas tele-
comunicações, por exemplo, houve ampliação na oferta dos
serviços de telefonia fixa e móvel, internet etc. No caso do
setor elétrico, contudo, a falta de investimentos resultou no
“apagão” de 2001. Para sanear o sistema financeiro e contro-
lar o crescimento da dívida pública dos estados, o governo
federalizou e em seguida privatizou os bancos estaduais.

A Era Lula
Nas eleições gerais de 2002, o PT obteve bom resultado
em todo o país – mesmo em relação à classe média, que tra-
dicionalmente temia as reformas propostas pelos partidos de
esquerda. Lula foi eleito presidente da República, tornando-
-se, ao lado de Fernando Henrique Cardoso, o segundo chefe
do Executivo Nacional que havia lutado contra a ditadura mi-
litar. Além disso, foi o primeiro líder operário e popular e líder
de esquerda a assumir a Presidência. Por causa da trajetória LUIZ INÁCIO DA SILVA
política de Lula e do Partido dos Trabalhadores, sua ascensão Foto: John Gichigi/Getty Images
ao poder implicava enfrentar um enorme desafio: manter a O governo Dilma
confiança dos mercados, a inflação sob controle, promover o Quando assumiu a Presidência da República, Dilma
crescimento econômico e combater a desigualdade social Rousseff tinha diante de si um desafio ainda maior do que
em um país em que 54 milhões de pessoas viviam em situa- o de seu antecessor: manter a estabilidade econômica e as
garantias sociais conquistadas no mandato de Lula, em um
contexto de queda do PIB, de crise econômica e de recessão
relativamente generalizadas em nível mundial. Também não
estava amparada por ampla mobilização dos setores sociais
nem tinha a habilidade política ou o carisma do antecessor.
Além disso, em 2011, Dilma teve de lidar com um Con-
gresso menos amistoso em relação a sua posição política, à
esquerda, do que Lula encontrou em 2002, quando foi elei-
to. Ao longo do governo Dilma, também houve ampliação
do acesso a bens de consumo em geral e aos meios de co-
municação, sobretudo o acesso à internet.
Entre outras consequências, o acesso à rede mundial de
computadores catalisou uma série de descontentamentos
que culminaram com os protestos de junho de 2013. Inicial-
mente, os protestos exigiam melhoria na mobilidade urba-
na, mas rapidamente ganharam uma agenda mais ampla.
Bandeiras com diferentes demandas tomaram as ruas das
maiores cidades brasileiras pelo fim da corrupção, da vio-
lência policial, pela melhoria de salários e pela reformulação
das práticas políticas vigentes.
Mesmo assim, Dilma Rousseff foi reeleita em 2014, ven-
cendo o candidato Aécio Neves, do PSDB. Foi uma eleição
acirrada, marcada por temas como a corrupção, a inclusão
social e o crescimento econômico, que constituem o prin-
cipal desafio para os mandatos dos governantes que ocu-
parão o cargo de presidente do Brasil pelos próximos anos.
Com sucessivas manifestações populares, e o avanço da
direita, Dilma sofre impeachment a 31 de agosto de 2016,
assumindo seu vice, Michel Temer.

DILMA ROUSSEFF
Foto: Buda Mendes/Getty Images
ANOTAÇÕES

Bibliografia
ALVES FILHO, Ivan. Brasil, 500 anos em documentos. 2 ed. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
BUENO, Eduardo. A viagem do descobrimento. São Paulo: Objetiva, 2006.
CHILDE, Gordon. O que aconteceu na história. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1960.
COSTA, Luís César Amad e MELLO, Leonel Itaussu A. História do Brasil. 2 ed. São Paulo: Scipione, 1991.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Porto Alegre: LP&M, 2010.
GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história
de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007.
_________________. 1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil,
um país que tinha tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
_________________. 1889: como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da
Monarquia e a Proclamação da República no Brasil. São Paulo: Globo, 2013.
PAZZINATO, Alceu L. e SENISE, Maria Helena. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Ática, 2002.
EXERCÍCIOS
DE HISTÓRIA
1. (ENEM 2016) Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos
habitantes indígenas como “os brasis” ou “gente Brasília” e,
Pois quem seria tão inútil ou indolente a ponto de não dese-
ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles
jar saber como e sob que espécie de constituição os romanos
aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico
conseguiram em menos de cinquenta e três anos submeter
desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro
quase todo mundo habitado ao seu governo exclusivo – fato
da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do
nunca antes ocorrido? Ou, em outras palavras, quem seria
que qualquer outro.
tão apaixonadamente devotado a outros espetáculos ou es-
SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pen-
tudos a ponto de considerar qualquer outro objetivo mais
sando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA., C. G.
importante que a aquisição desse conhecimento?
(org.) Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-
POLÍBIO. História. Brasilia: Editora UnB, 1985.
2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
A experiência a que se refere o historiador Políbio, nesse
TEXTO II
texto escrito no século II a.C., é a
Índio é um conceito construído no processo de conquista da
América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade
a) Ampliação do contingente de camponeses livres.
cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o
b) Consolidação do poder das falanges hoplitas.
indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, fran-
c) Concretização do desígnio imperialista.
ceses e anglo-saxões terminaram por denominar da mesma
d) Adoção do monoteísmo cristão.
forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os aste-
e) Libertação do domínio etrusco.
cas.
SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos.
2. (ENEM 2016) São Paulo: Contexto, 2005.
O que ocorreu na Bahia de 1798, ao contrário das outras situ-
ações de contestação política na América Portuguesa, é que Ao comparar os textos, as formas de designação dos gru-
o projeto que lhe era subjacente não tocou somente na con- pos nativos pelos europeus, durante o período analisa-
dição, ou no instrumento, da integração subordinada das do, são reveladoras da
colônias no império luso. Dessa feita, ao contrário do que se
deu nas Minas Gerais (1789), a sedição avançou sobre a sua a) Concepção idealizada do território, entendido como geo-
decorrência. graficamente indiferenciado.
JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA, b) Perpetuação corrente de uma ancestralidade comum às
c. g. (org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira populações ameríndias.
(1500-2000). São Paulo: Senac, 2000. c) Compreensão etnocêntrica acerca das populações dos
territórios conquistados.
A diferença entre as sedições abordadas no texto encon- d) Transposição direta das categorias originadas no imagi-
trava-se na pretensão de nário medieval
e) Visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.
a) Eliminar a hierarquia militar.
b) Abolir a escravidão africana. 4. (ENEM 2016)
c) Anular o domínio metropolitano.
O mercado tende a gerir e regulamentar todas as atividades
d) Suprimir a propriedade fundiária.
humanas. Até há pouco, certos campos – cultura, esporte,
e) Extinguir o absolutismo monárquico.
religião – ficavam fora do seu alcance. Agora, são absorvidos
pela esfera do mercado. Os governos confiam cada vez mais
3. (ENEM 2016) nele (abandono dos setores de Estado, privatizações).
TEXTO I RAMONET, L. Guerras do século XXI. Novos temores e no-
vas ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003. seres estranhos, chegados em barcos grandes como mon-
tanhas, que montavam numa espécie de veados enormes,
No texto é apresentada uma lógica que constitui uma carac- tinham cães grandes e ferozes e possuíam instrumentos
terística central do seguinte sistema socioeconômico: lançadores de fogo, Montezuma e seus conselheiros ficaram
pensando: de um lado, talvez Quetzalcóatl houvesse regres-
a) Socialismo. sado, mas, de outro, não tinham essa confirmação.
b) Feudalismo. PINSKY, J. el al. História da América através de textos. São
c) Capitalismo. Paulo: Contexto, 2007 (adaptado)
d) Anarquismo.
e) Comunitarismo. A dúvida apresentada inseria-se no contexto da chega-
da dos primeiros europeus à América, e sua origem esta-
5. (ENEM 2016) va relacionada ao
“Precauções que aconselhamos à Sua Alteza, o Sr. Conde
D’Eu, quando tiver de visitar escolas. Se Sua Alteza imitasse a) domínio da religião e do mito.
o seu augusto sogro, Dom Pedro II, não teria nunca ocasião b) exercício do poder e da política.
de contestar fatos históricos”. c) controle da guerra e da conquista.
d) nascimento da filosofia e da razão.
e) desenvolvimento da ciência e da técnica.

7. (ENEM 2016)
Quando a Corte chegou ao Rio de Janeiro, a Colônia tinha
acabado de passar por uma explosão populacional. Em pou-
co mais de cem anos, o número de habitantes aumentara
dez vezes.
GOMES. L. 1808: como uma rainha louca. um príncipe
medroso e uma Corte corrupta enganaram Napoleão e
mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo:
Planeta do Brasil. 2008 (adaptado).

A alteração demográfica destacada no período teve


como causa a atividade

a) cafeeira, com a atração da imigração europeia.


b) industrial, com a intensificação do êxodo rural.
c) mineradora, com a ampliação do tráfico africano.
AGOSTINI, A. Revista lllustrada, n 309, 29 jul. 1882 (adaptado) d) canavieira, com o aumento do apresamento indígena.
e) manufatureira, com a incorporação do trabalho assalariado.
Segundo a charge, os últimos anos da Monarquia foram
marcados por 8. (ENEM 2016)
As convicções religiosas dos escravos eram entretanto colo-
a) debates promovidos em espaços públicos, contando com cadas a duras provas quando de sua chegada ao Novo Mun-
a presença da família real. do, onde eram batizados obrigatoriamente “para a salvação
b) atividades intensas realizadas pelo Conde D’Eu, numa de sua alma” e deviam curvar-se às doutrinas religiosas de
tentativa de salvar o regime monárquico. seus mestres. Iemanjá, mãe de numerosos outros orixás, foi
c) revoltas populares em escolas, com o intuito de destituir o sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, e Nanã Bu-
monarca do poder e coroar o seu genro. ruku, a mais idosa das divindades das águas, foi comparada
d) críticas oriundas principalmente da imprensa, colocando a Sant’Ana, mãe da Virgem Maria.
em dúvida a continuidade do regime político. VERGER. P. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo
e) dúvidas em torno da validade das medidas tomadas pelo Mundo. São Paulo: Corrupio, 1981.
imperador, fazendo com que o Conde D’Eu assumisse o go-
verno. O sincretismo religioso no Brasil colônia foi uma estraté-
gia utilizada pelos negros escravizados para:
6. (ENEM 2016)
Quando surgiram as primeiras notícias sobre a presença de a) compreender o papel do sagrado para a cultura europeia.
b) garantir a aceitação pelas comunidades dos convertidos. trabalho para aumentar governos a eficiência dos funcio-
c) preservar as crenças e a sua relação com o sagrado. nários.
d) integrar as distintas culturas no Novo Mundo. d) burlar a aplicação das leis trabalhistas conquistadas pe-
e) possibilitar a adoração de santos católicos. los operários nos primeiros governos civis do período re-
publicano.
9. (ENEM 2016) e) compensar os prejuízos econômicos sofridos pelas elites
em função da ausência de indenização pela libertação dos
escravos.

11. (ENEM 2016)


TEXTO I
Dezenas de milhares de pessoas compareceram à maior
manifestação anti-troika (Comissão Europeia, Banco Central
Europeu e FMI) em Atenas contra a austeridade e os cortes
de gastos públicos aprovados neste domingo no parlamen-
to grego.
Disponível em: www.cartamaior.com.br. Acesso em: 8 nov.
2013.

TEXTO II
As políticas de austeridade transferem o ônus econômico
para as classes trabalhadoras. Para diminuir os prejuízos do
Disponível em: http://repairpal.com. Acesso em: 14 jan. 2014 (adaptado).
capital financeiro, socializam as perdas entre as classes tra-
A interpretação da imagem demonstra que a distribuição de balhadoras. O capitalismo não foi capaz de integrar os traba-
países onde se dirige do lado direito coincide, em grande lhadores e ao mesmo tempo protegê-los.
parte, com a zona de influência ou dominação exercida pela Entrevista com Ruy Braga. Revista IHU online. Disponível em:
www.ihu.unisinos.br. Acesso em: 8 nov. 2013 (adaptado).
a) Índia.
b) Austrália. Diante dos fatos e da análise apresentados, a política
c) Inglaterra. econômica e a demanda popular correlacionada encon-
d) Indonésia. tram-se, respectivamente, em
e) África do Sul. a) controle da dívida interna e implementação das regras
patronais.
b) afrouxamento da economia de mercado e superação da
10. (ENEM 2016) lógica individualista.
A imagem da relação patrão-empregado geralmente veicu- c) aplicação de plano desenvolvimentista e afirmação das
lada pelas classes dominantes brasileiras na República Velha conquistas neoliberais.
era de que esta relação se assemelhava em muitos aspectos d) defesa dos interesses corporativos do capital e manuten-
à relação entre pais e filhos. O patrão era uma espécie de ção de direitos sociais.
“juiz doméstico” que procurava guiar e aconselhar o traba- e) mudança na estrutura do sistema produtivo e democrati-
lhador, que, em troca, devia realizar suas tarefas com dedica- zação do acesso ao trabalho.
ção e respeitar o seu patrão.
CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos
trabalhadores do Rio de Janeiro da Belle Époque. Campi- 12. (ENEM 2017)
nas. Unicamp, 2001. O New Deal visa restabelecer o equilíbrio entre o custo de
produção e o preço, entre a cidade e o campo, entre os pre-
No contexto da transição do trabalho escravo para o tra- ços agrícolas e os preços industriais, reativar o mercado in-
balho livre, a construção da imagem descrita no texto terno – o único que é importante -, pelo controle de preços
tinha por objetivo e da produção, pela revalorização dos salários e do poder
aquisitivo das massas, isto é, dos lavradores e operários, e
a) esvaziar o conflito de uma relação baseada na desigualda- pela regulamentação das condições de emprego.
de entre os indivíduos que dela participavam. CROUZET, M. Os Estados perante a crise. ln: História geral
b) driblar a lentidão da nascente Justiça do Trabalho, que das civilizações. São Paulo: Difel, 1977, adaptado.
não conseguia conter os conflitos cotidianos.
c) separar os âmbitos público e privado na organização do Tendo como referência os condicionantes históricos do
entre guerras, as medidas governamentais descritas ob- sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe
jetivavam era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um pre-
to retinto e sem lustro, tinha os dentes alvíssimos como a
a) flexibilizar as regras do mercado financeiro. neve, era muito altiva, geniosa, insofrida. Dava-se ao comér-
b) fortalecer o sistema de tributação regressiva. cio – era quitandeira, muito laboriosa e, mais de uma vez, na
c) introduzir os dispositivos de contenção creditícia. Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de
d) racionalizar os custos da automação industrial mediante insurreição de escravos, que não tiveram efeito.
negociação sindical. AZEVEDO, E. “Lá vai verso!”: Luiz Gama e as primeiras trovas
e) recompor os mecanismos de acumulação econômica por burlescas de Getulino. ln: CHALHOUB, S.; PEREIRA, L. A. M. A
meio da intervenção estatal. história contada: capítulos de história social da literatu-
ra no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, adaptado.
13. (ENEM 2017)
Nesse trecho de suas memórias, Luiz Gama ressalta a im-
portância dos(as)

a) laços de solidariedade familiar.


b) estratégias de resistência cultural.
c) mecanismos de hierarquização tribal.
d) instrumentos de dominação religiosa.
e) limites da concessão de alforria.

15. (ENEM 2017)


Durante o Estado Novo, os encarregados da propaganda
procuraram aperfeiçoar-se na arte da empolgação e envol-
vimento das “multidões” através das mensagens políticas.
Nesse tipo de discurso, o significado das palavras importa
pouco, pois, como declarou Goebbels, “não falamos para di-
zer alguma coisa, mas para obter determinado efeito”.
CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios
de comunicação. ln: PANDOLFI, D. (Org.). Repensando o Es-
tado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

O controle sobre os meios de comunicação foi uma mar-


ca do Estado Novo, sendo fundamental à propaganda
política, na medida em que visava

a) conquistar o apoio popular na legitimação do novo go-


verno.
b) ampliar o envolvimento das multidões nas decisões po-
líticas.
c) aumentar a oferta de informações públicas para a socie-
dade civil.
Elaborada em 1969, a releitura contida na Figura 2 reve- d) estender a participação democrática dos meios de comu-
la aspectos de uma trajetória e obra dedicadas à nicação no Brasil.
e) alargar o entendimento da população sobre as intenções
a) valorização de uma representação tradicional da mulher. do novo governo.
b) descaracterização de referências do folclore nordestino.
c) fusão de elementos brasileiros à moda da Europa.
d) massificação do consumo de uma arte local. 16. (ENEM 2017)
e) criação de uma estética de resistência. TEXTO I
Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente quan-
do terra e dívida são mencionadas juntas. Logo depois de
14. (ENEM 2017) 600 a.C., ele foi designado “legislador” em Atenas, com po-
Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa da deres sem precedentes, porque a exigência de redistribui-
Mina (Nagô de Nação), de nome Luiza Mahin, pagã, que ção de terras e o cancelamento das dívidas não podiam con-
tinuar bloqueados pela oligarquia dos proprietários de terra morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada
por meio da força ou de pequenas concessões. nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem
FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por
Paulo: WMF Martins Fontes, 2013, adaptado. todos, visto que pagou por todos.
ASSIS, M. Gazeta de Noticias, n. 114, 24 abr. 1892.
TEXTO lI
A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos fundamen- No processo de transição para a República, a narrativa
tais do direito romano, uma das principais heranças romanas machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa
que chegaram até nós. A publicação dessas leis, por volta de
450 a.C., foi importante, pois o conhecimento das “regras do a) redenção cristã e cultura cívica.
jogo” da vida em sociedade é um instrumento favorável ao b) veneração aos santos e radicalismo militar.
homem comum e potencialmente limitador da hegemonia c) apologia aos protestantes e culto ufanista.
e arbítrio dos poderosos. d) tradição messiânica e tendência regionalista.
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011, e) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.
adaptado.
19. (ENEM 2017)
O ponto de convergência entre as realidades sociopolíti- No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos
cas indicadas nos textos consiste na ideia de que a episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimen-
to econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista,
a) discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia. orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza,
b) invenção de códigos jurídicos desarticulou as aristo- resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente,
cracias. suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão co-
c) formulação de regulamentos oficiais instituiu as so- munista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o golpe
ciedades. de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela Igreja.
d) definição de princípios morais encerrou os conflitos de MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São
interesses. Paulo: Contexto, 2011, adaptado.
e) criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades de
tratamento. Em que pesem as divergências no interior do clero após
a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento
17. (ENEM 2017) mencionado no texto fundamentou-se no entendimen-
Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser to da hierarquia católica de que o(a)
possível por meio da compra com pagamento em dinheiro.
Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado.
terra para os trabalhadores escravos que conquistavam a li- b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército.
berdade. c) doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior.
OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recen- d) espaço político é dominado pelo interesse empresarial.
tes. ln: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, e) manipulação ideológica é favorecida pela privação
2009. material.

O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo


de 20. (ENEM 2017)
Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flan-
a) reforma agrária. dres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para satisfa-
b) expansão mercantil. zê-los, as raças foram melhoradas através do aumento pro-
c) concentração fundiária. gressivo das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu
d) desruralização da elite. durante todo o século XIII, e as abadias da Ordem de Cister,
e) mecanização da produção. onde eram utilizados os métodos mais racionais de criação
de gado, desempenharam certamente um papel determi-
18. (ENEM 2017) nante nesse aperfeiçoamento.
O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez DUBY, G. Economia rural e vida no campo no Ocidente
da figura do alferes Xavier o principal dos inconfidentes, e medieval. Lisboa: Estampa, 1987, adaptado.
colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem,
decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da
o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental
o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de feudal, que resultou do(a)
a) crescimento do trabalho escravo.
b) desenvolvimento da vida urbana.
23. (ENEM 2016)
c) padronização dos impostos locais. Batizado por Tancredo Neves de “Nova República”, o período
d) uniformização do processo produtivo. que marca o reencontro do Brasil com os governos civis e
e) desconcentração da estrutura fundiária. a democracia ainda não completou seu quinto ano e já vi-
veu dias de grande comoção. Começou com a tragédia de
21. (ENEM 2016) Tancredo, seguiu pela euforia do Plano Cruzado, conheceu
as depressões da inflação e das ameaças da hiperinflação e
Em 1935, o governo brasileiro começou a negar vistos a ju-
desembocou na movimentação que antecede as primeiras
deus. Posteriormente, durante o Estado Novo, uma circular
eleições diretas para presidente em 29 anos.
secreta proibiu a concessão de vistos a “pessoas de origem
O álbum dos presidentes: a história vista pelo JB. Jornal
semita”, inclusive turistas e negociantes, o que causou uma
do Brasil, 15 nov. 1989.
queda de 75% da imigração judaica ao longo daquele ano.
Entretanto, mesmo com as imposições da lei, muitos judeus
O período descrito apresenta continuidades e rupturas
continuaram entrando ilegalmente no país durante a guerra
em relação à conjuntura história anterior. Uma dessas
e as ameaças de deportação em massa nunca foram concre-
continuidades consistiu na
tizadas, apesar da extradição de alguns indivíduos por sua
militância política.
a) Representação do legislativo como a fórmula do biparti-
GRIMBERG, K. Nova língua interior. 500 anos de história
darismo.
dos judeus no Brasil. In: IBGE, Brasil: 500 anos de povoa-
b) Detenção de lideranças populares por crimes de subver-
mento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000 (adaptado).
são.
c) Presença de políticos com trajetórias no regime autoritá-
Uma razão para a adoção da política de imigração men- rio.
cionada no texto foi o (a): d) Prorrogação das restrições advindas dos atos institucio-
nais.
a) Receio do controle sionista sobre a economia nacional. e) Estabilidade da economia com o congelamento anual de
b) Reserva de postos de trabalho para a mão de obra local. preços.
c) Oposição do clero católico à expansão de novas religiões.
d) Apoio da diplomacia varguista às opiniões dos líderes ára- 24. (ENEM 2016)
bes.
e) Simpatia de membros da burocracia pelo projeto totali-
tário alemão.

22. (ENEM 2016)


A regulação das relações de trabalho compõe uma estrutu-
ra complexa, em que cada elemento se ajusta aos demais.
A Justiça do Trabalho é apenas uma das peças dessa vasta
engrenagem. A presença de representantes classistas na
composição dos órgãos da Justiça do Trabalho é também re-
sultante da montagem dessa regulação. O poder normativo
também reflete essa característica. Instituída pela Constitui-
ção de 1934, a Justiça do Trabalho só vicejou no ambiente
político do Estado Novo instaurado em 1937.
ROMITA, A. S. Justiça do Trabalho: produto do Estado Novo.
In: PANDOLFI, D. (org.). Repensando o Estado Novo. Rio de
Janeiro: FGV, 1999.

A criação da referida instituição estatal na conjuntura


histórica abordada teve por objetivo:

a) Legitimar os protestos fabris.


b) Ordenar os conflitos laborais.
c) Oficializar os sindicatos plurais. A redenção de Cam, R.Brocos, 1895.
d) Assegurar os princípios liberais.
e) Unificar os salários profissionais.
Na imagem, o autor procura representar as diferentes ver se continuam nas posições e o “queremos” popular...
gerações de uma família associada a uma noção consa- Afinal, o que é que o senhor Getúlio Vargas é? É fascista? É
grada pelas elites intelectuais da época, que era a de comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar? O povo,
entretanto, parece que gosta dele por isso mesmo, porque
ele é “à moda da casa”.
a) defesa da democracia racial. A Democracia. 16 set. 1945, apud GOMES, A. C.; D’ARAÚJO,
b) idealização do universo rural. M. C. Getulismo e trabalhismo. São Paulo: Ática, 1989.
c) crise dos valores republicanos.
d) constatação do atraso sertanejo. O movimento político mencionado no texto caracteri-
e) embranquecimento da população. zou-se por

a) reclamar a participação das agremiações partidárias.


5. (ENEM 2017) b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista.
Estão aí, como se sabe, dois candidatos à presidência, os c) demandar a confirmação dos direitos trabalhistas.
senhores Eduardo Gomes e Eurico Dutra, e um terceiro, o d) reivindicar a transição constitucional sob influência do
senhor Getúlio Vargas, que deve ser candidato de algum governante.
grupo político oculto, mas é também o candidato popular. e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob controle
Porque há dois “queremos”: o “queremos” dos que querem social.

ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
GABARITO
E COMENTÁRIOS
1. C 9. C
O autor, Políbio, mostra que os romanos entendiam qual era No Brasil Colônia, grande dos escravos africanos, preferiram
seu papel na Roma imperialista e da expansão que queriam se adaptar ao catolicismo, para poderem preservar suas
à época, rumo a Cartago. crenças, devido ao sincretismo que se apresentavam, trans-
ferindo as características de suas divindades para os santos
2. B católicos.
Em 1798, acontece a Conjuração Baiana (ou dos Alfaiates). A
da Inconfidência Mineira, de 1789, também era emancipa- 10. A
cionista como a Baiana, contudo a primeira diferenciava-se Por não divisarem algum entendimento maior entre o prole-
da segunda por exigir a abolição da escravatura. tariado e as classes dominantes, essa estratégia era utilizada
para minimizar a tensão. Os patrões temiam os movimen-
3. C tos anárquicos, principalmente, que já se avizinhavam antes
Nos dois textos, revela-se o mesmo olhar estereotipado que mesmo do advento da República.
os europeus dedicam aos nativos americanos.
11. D
4. C Os dois textos levam em conta a reação de parte da popula-
Nessa questão, o modelo liberal clássico está em evidência, ção dos setores mais populares e que dependem dos benefí-
que o capitalismo utilizou para se consolidar. cios sociais frente à possibilidade de o governo tomar certas
atitudes no intuito de agradar os credores da dívida pública
5. D ou, ainda, em defesa puramente dos empresários.
Na época do segundo Império, em sua fase de decadência,
era comum a imprensa fazer críticas ao governo, como as 12. E
publicadas na Revista Ilustrada. Franklin Delano Roosevelt pretendia, ao assumir a presidên-
cia dos Estados Unidos, reorganizar a economia, com base
6. A em um plano que preservaria as riquezas dos investidores
Diz respeito à lenda dos deuses Texcatlipoca e Quetzalcóatl, que ainda detinham capital, possibilitando um equilíbrio
que havia sido derrotado e tinha prometido voltar. Assim, maior entre oferta e demanda.
Montezuma, imperador dos astecas, no começo do século
XVI, e perante a presença dos espanhóis, imaginava que eles 13. E
poderiam representar Quetzalcóatl e contra ele, nada pode- Zuzu Angel, estilista de grande prestígio nos anos 60 e 70,
ria ser feito. teve seu filho, Stuart Edward Angel Jones, desaparecido nos
porões da ditadura. Zuzu engajou-se em uma procura incan-
7. C sável pelo filho, em uma atitude combativa durante boa parte
A mineração passou a ser, no Brasil colonial do século XVIII, da ditadura até sua morte, em um estranho acidente auto-
a principal atividade, com isso atraindo investidores e tra- mobilístico, em 1976. A recriação dos trajes de Maria Bonita,
balhadores, tanto da África quanto da metrópole. Isso faz, guerreira do cangaço, é uma forma de homenagem às mulhe-
também, com que aumentasse o comércio escravagista. res que lutavam contra a ditadura naqueles anos de chumbo.

8. C 14. B
A Inglaterra saiu na frente do processo de industrialização Nesse trecho, Luis Gama exalta a figura da mãe, negra mas
e, portanto, foi em busca de novos mercados impondo seu livre, que não se rendeu ao aculturalismo vigente à época.
domínio. As regiões apresentadas no mapa são justamente
essas regiões que a Inglaterra exercia domínio no final do 15. A
século XIX. Vargas utiliza da propaganda de massa, criando o programa
de rádio A Hora do Brasil e o Departamento de Imprensa e exigidas. Com isso, os produtores rurais, mesmo sem contar
Propaganda para divulgar suas ideias e ideais. Isso é muito com apoio dos senhores da terra, precisam se adequar ao
comum em governos ditatoriais. desenvolvimento.

16. E 21. E
Tanto a “Lei das 12 Tábuas”, do século V. a.C, como a Refor- Durante a Era Vargas, muitos funcionários públicos se ali-
ma de Sólon referem-se ao direito romano. E, embora não nhavam ao governo nazista de Hitler, e a própria Igreja Cató-
apresentem avanços dos direitos, pelo menos garantem o lica era contrária à imigração judaica.
mínimo já estabelecido.
22. B
17. C O objetivo da Justiça do Trabalho era julgar as contendas en-
A lei de Terras de 1850 determina que só teriam as terras tre patrões e empregados.
repassadas mediante pagamento em dinheiro. Isso faz com
que aumentem ainda mais as glebas latifundiárias e ainda 23. C
impede que os escravos possam comprar terras. O advento da Nova República acontece ainda sobre o man-
to do conservadorismo. Tancredo Neves é eleito devido à
18. A aliança entre a Frente Liberal e seu partido, o MDB. Ocorre
Como os republicanos queriam uma figura que tivesse influ- que seu vice, José Sarney, da Frente Liberal, havia apoiado o
ência nas camadas populares, recorreram a Tiradentes, tido regime militar.
como mártir da Inconfidência, para símbolo da Pátria.
24. E
19. E A imagem mostra a mestiçagem muito costumeira no Brasil,
O texto remete à possibilidade de a esquerda atingir mais a com mãe negra, mas com pele mais clara, a neta branca, e
população quanto mais desassistida e mantida em uma situ- avó, negra com pele escura. Isso demonstra os desejos de
ação de privação se encontrar. Devido a isso, a Igreja Católica embranqueamento da sociedade, buscando o padrão euro-
apoia o militarismo, que acena com reformas sociais, afastan- peu.
do a possibilidade de o comunismo ser uma realidade no país.
25. D
20. B Esses quereres apontados no texto referem-se a um movi-
Na Baixa Idade Média, o comércio torna-se atividade vital e mento denominado “quererismo”, vinculado ao PTB, que ba-
uma melhor qualidade dos produtos vendidos passam a ser talhava pela permanência de Getúlio Vargas no poder.
Enem
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