Você está na página 1de 10

AS EXPECTATIVAS DOS JOVENS À SAÍDA DO SECUNDÁRIO

Introdução

1. Porquê da escolha do tema -


Primeiramente, escolhemos este tema devido ao facto de estarmos a acabar
o secundário, pois é inevitavelmente um tema ocorrente nas nossas vidas.
Em segundo lugar, este tópico tem-se ultimamente tornado bastante relevante
na atualidade portuguesa, devido ao facto da cada vez maior dificuldade de
jovens que acabaram o secundário encontrarem saídas por diversas razões
que serão abordadas de seguida.
2. De que forma pretendemos abordar o tema -
Este tema será abordado e investigado através do método intensivo, mais em
concreto, através de entrevistas e inquéritos, com uma conclusão escrita
pelos investigadores no final.
3. Objetivos de pesquisa -
Através de entrevistas e inquéritos a estudantes enquadrados na situação do
tema, pretendemos avaliar as diferentes expectativas do que existe para além
do secundário, tal como os caminhos que os jovens pretendem seguir. Isto irá
estar diretamente ligado às situações que os jovens terão de enfrentar
independentemente da saída escolhida, e como a mesma é influenciada
pelas variadas vertentes negativas dentro dessa escolha. Iremos abordar as
questões geográficas de diferentes jovens; a situação financeira; o percurso
escolar; as diferentes escolhas e expectativas para o pós-secundário, tendo
em conta o porquê das mesmas.
Metodologia utilizada para realização do trabalho

Definição do problema e questão de partida

Esta pesquisa inicia-se exatamente com a formulação da questão de


partida, quais são as expectativas dos jovens à saída do secundário?
Através da pergunta de partida conseguimos identificar e analisar o
problema, que se integra nas seguintes questões: O que provoca
diferentes expectativas dos jovens à saída do secundário? Estão as
expectativas dos jovens de acordo com a realidade?

Formulação de hipóteses

De acordo com as questões acima, as hipóteses para a resolução do


problema estão integradas em três tópicos: a situação financeira do
jovem; a localização geográfica do jovem; e o percurso escolar do
jovem. Todos estes tópicos são hipóteses que revelam não só as
diferentes expectativas e realidades dos jovens, mas também as razões
para dita expectativa, respondendo por sinal à questão de partida -
(quais as expectativas dos jovens à saída do secundário).

Estudo exploratório

A sociedade encontra-se em constante mudança, consequência de


hábitos e costumes que hoje se tornaram estranhos ou se infiltraram no
nosso dia-a-dia. Porém, a mudança pode ser também um gigantesco
desafio, e por tal motivo, é na atualidade cada vez mais difícil de aceder
a simples prazeres, como estudar no seu próprio país ou encontrar
emprego na área de formação.

No ano de 2018, no âmbito de um estudo realizado pelo Instituto de


Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) sob a
coordenação da investigadora Tatiana Ferreira, durante o estágio
"Ciência Viva no Laboratório" a diversos adolescentes, retiraram-se as
seguintes conclusões acerca do que esperam encontrar após o término
do ensino secundário: A grande maioria dos jovens compreende vir a
enfrentar bastantes dificuldades no mercado de trabalho em Portugal,
dentro das quais, a falta de emprego no país (56,9%); a baixa
remuneração (41,7%) e como antes referido, a ausência de emprego na
área em que se forma (34,7%).
Estas condições, que se mostram preocupantes para os jovens
portugueses, levam também à procura de diversas estratégias que lhes
proporcionem melhores carreiras, as quais resultam nos seguintes
dados apresentados no gráfico abaixo, relativo aos principais meios que
os inquiridos pretendem utilizar para fugir a tais dificuldades.
Sair de Portugal 54,2%
Criar o próprio negócio ou empresa 36,1%
Trabalhar em uma área diversa da de formação 27,8%
Outra(s) 5,6%

https://www.opj.ics.ulisboa.pt/escolas-de-verao/

Em continuidade do tema e das expectativas dos jovens que terminam o


ensino obrigatório, sabemos também, através do trabalho realizado pela
Fundação José Neves, pelo Observatório do Emprego Jovem e pelo
Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para Portugal,
que a motivação destes jovens em sair do seu próprio país em busca de
uma melhor formação académica superior se deve ao "desfasamento entre
as expectativas dos jovens e as oportunidades oferecidas pelo mercado de
trabalho, que impacta a satisfação e realização pessoal com o emprego".

Quando estes jovens saem do ensino secundário e pretendem ingressar


em uma licenciatura no país, tem também a consciência de que existe um
determinado grau de dificuldade para alcançar um emprego justo, em que
a sua posição iguale o nível das suas qualificações e o salário atribuído
seja lícito, sabendo que, de acordo com o jornal de negócios, os
trabalhadores possuidores de mestrado ganham em média mais 22% que
licenciados. Nestes casos, o prémio salarial associado aumentou
substancialmente, sendo que um jovem mestre em 2019 alcançaria um
salário médio de 1.617,16€, um licenciado 1.326,76€ e um jovem com o
ensino secundário receberia em média 934,44€. Estes dados, ainda que
gerais, representam a constante mudança salarial que se tem acentuado,
em especial quanto aos jovens licenciados que em 2010 ganhavam em
média mais 59% do que um sujeito com o ensino secundário e em 2019
este diferencial caiu para 42%. No caso dos jovens que ingressaram no
mercado de trabalho, após o ensino secundário, a queda salarial no
mesmo período foi de 4,6%.
Logo, podemos concluir que este estudo, revela que a questão salarial tem
afetado bastante os objetivos da juventude portuguesa quanto a estudar
ou trabalhar no país, uma vez que para alcançar melhores condições
laboratoriais é conveniente concluir um mestrado, nem sempre possível a
todos os jovens, que entendem a rápida entrada no mercado de trabalho
como sendo mais necessário.

O estudo “Mais e Melhores Empregos para os Jovens” apresenta também


noções de que o emprego jovem regista ainda uma baixa quantidade, pois
cerca de 30% dos jovens graduados em Portugal, são considerados
sobrequalificados para a profissão que exercem, concluindo pelos
documentos, que em 2019 entre os jovens trabalhadores que completaram
o ensino superior, 30,1% (mais 6% que em 2010 - 24,1%) exerciam em
profissões consideradas inferiores à sua qualificação.

Com a pandemia do covid-19, visualizou-se também uma maior


empregabilidade dos jovens no setor das plataformas digitais, isto é,
crowdwork, onde a realização de tarefas empresariais ou para
determinado indivíduo, são realizadas por pessoas contratadas via
plataforma digital, levando a uma sobrequalificação dos trabalhadores que
optaram por ingressar num trabalho menos abrangente do o da sua
formação. Ainda que, neste período pandémico, as medidas do Governo
tenham incentivado as diversas empresas a não despedir trabalhadores,
em especial jovens com menos de 25 anos, uma vez que a taxa de
desemprego tem desde 2015 sido mais do que o dobro da população em
geral e durante a pandemia 3,5 vezes mais.
Para os investigadores deste estudo, "a articulação entre sistema de
ensino e mercado de trabalho deve ser uma prioridade”, de forma a evitar
que os nossos jovens procurem por soluções acerca da falta de
oportunidades após o término do secundário noutros locais.

Instrumentos de observação

Na posse desta informação selecionamos a escola secundária camões no


concelho de Lisboa em que somos estudantes, uma vez que nos
relacionamos com a problemática estamos ainda inseridos no mesmo meio
estudantil que os restantes inquiridos,selecionamos então duas salas do
Liceu Camões,12ºL e 12ºJ, para aplicar os métodos de análise do tópico a
ser estudado.
A observação compreende o conjunto das operações através das quais o
modelo de análise é confrontado com dados observáveis.Ao longo deste
trabalho, será reunida abundante informação para ser tratada na etapa
seguinte;
Existem duas técnicas de observação participante e não participante,
escolhemos utilizar a observação não participante, que é uma técnica de
observação que recorre à recolha de informação, sem que o cientista
social tenha de se inserir no grupo a observar;
Entre as técnicas que constituem a observação não participante,
destacamos a entrevista e o inquérito por questionário, sendo os métodos
escolhidos para abordar o tópico do trabalho, pois através do inquérito por
questionário podemos aplicar a um maior número de pessoas.
Apresentação e análise das informações

Apresentar os dados recolhidos, os quais serão analisados por forma a


verificar se correspondem às hipóteses formuladas.

Área de estudo Curso


Científico-Humanísticos Línguas e Humanidades 28
Ciências e Tecnologia 4
Ciências Socioeconómicas 0
Artes Visuais 5
Curso Profissional Técnico de Óptica Ocular 1
Técnico de Multimédia 1
Técnico Auxiliar de Farmácia 1

“Que área frequentas?” Nesta questão, a grande maioria dos inquiridos


responderam que estavam no curso de línguas e de humanidades. (65,9%)
Se associarmos isto à questão “O curso em que pretendes ingressar está
integrado na área que frequentas no secundário”, conseguimos então
assumir, que grande parte dos inquiridos está e pretende continuar no ramo
das humanidades e línguas devido a 71,8% responder que sim a esta
questão.
Podemos também entender 92,7% dos inquiridos pretende ingressar na
faculdade e grande parte (78%) refere que essa decisão foi influenciada pelo
percurso escolar, ao contrário da influência
parental, que 69,2% respondeu que esta não susteve qualquer efeito.
Em relação à distância da faculdade, por grande surpresa, quase metade
(47,4%) dos inquiridos pretende frequentar uma universidade local, 31,6%
distrital, 10,5% nacional, e apenas 7,9% pretende estudar no estrangeiro.
Em relação aos inquiridos que não pretendem ingressar de imediato ou de
todo na universidade, observou-se que 66,7% pretende tirar um ano sabático,
20,8% pretende fazer intercâmbio, e 12,5% irá ingressar diretamente no
mercado de trabalho.
Caso não te identifiques com nenhuma das opções anteriores,
esclarece-nos de forma curta, o que pretendes fazer?
Quanto aos inquiridos que não planejam ingressar numa universidade,
visualizou-se um grande interesse por parte dos mesmos em introduzir-se
diretamente no mercado de trabalho, por vezes como forma de garantir
sustento para os gastos universitários, tirando eventualmente um ano
sabático de forma a atingir os objetivos antes citados e só depois fazer
faculdade. Outra opção mencionada, como forma de aproveitar o ano de
pausa para investir em atividades que promovam o desenvolvimento
pessoal e possam desenvolver um melhor futuro profissional.

Numa escala de 0 a 5, qual a probabilidade trabalharem num ambiente fechado


(ex: escritório)
Em relação ao mercado de trabalho, os inquiridos foram questionados
sobre a probabilidade de trabalharem em um ambiente fechado e
restrito(ex: escritório), 39% dos inquiridos não tem preferência em
ambientes fechados ou abertos, já 21,9% não se veem e não optaram por
um local de trabalho mais restrito e os 39,1% dos restantes inquiridos
preferem um ambiente fechado para trabalhar.

Quais são as tuas expectativas à saída do secundário?


No que se refere às expectativas à saída do secundário 82,9% dos
inquiridos possuem boas expectativas acerca de tal, já os 17,1% dos
restantes inquiridos mostram se mais negativos em suas expectativas.
Foi também possível entender melhor o que cada um dos inquiridos queria
e desejava, quase metade (48,7%) dos inquiridos na resposta desejava
ingressar em uma boa Universidade ou na Universidade desejada, 33,3%
destes revelaram ter uma certa incerteza em relação ao que esperar após
sair do secundário e utilizaram respostas como “Não tenho certeza” ou
“Não sei bem” para responder, o restante dos inquiridos(17,9%)
demonstraram interesse de entrar no mercado de trabalho, possuir um
emprego estável de boa qualidade e alcançar a estabilidade financeira. Em
comparação às expectativas referidas no estudo exploratório, em
consequência do estudo “Mais e Melhores Empregos para os Jovens”
realizado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
(ICS-UL) verifica-se uma abordagem mais positiva da parte dos nossos
inquiridos uma vez que entendem a saída do secundário como início da
realização da sua carreira profissional e os demais possuem uma noção
mais consciente das dificuldades financeiras e de injustiças no mercado
de trabalho.

Que profissão pretendes ter?


Acerca da área de formação ou profissão, em que pretendem ingressar,
verificou-se uma imensa divergência de respostas. Na grande maioria, as
áreas de ciências sociais e humanas foram as mais referidas, mais de 80%
das respostas relativas a estas áreas, foram dadas por alunos de Línguas
e Humanidades e assim revelando que existe sim uma preferência em
seguir no futuro a área a que pertenceram durante os anos do secundário
(existiu no entanto, uma resposta por parte de um aluno/a do curso de
Línguas e Humanidades, com a idade de 18 anos, que pretende ingressar
na área de medicina em uma universidade com a distância a nível distrital,
contrastando com o domínio que estuda atualmente).

Esta pergunta, de resposta não obrigatória, obteve a cooperação de 36


estudantes com carreiras profissionais pretendidas, enquanto:
Professores (5); Psicólogos (3); Jornalistas (3) e Investigadores (3)
contanto ainda com respostas singulares, dentro das quais: Arqueólogo,
Arquiteto, Conselheiro Financeiro, Designer Gráfico e Industrial,
Empresário, Engenheiro Informático, Escritor, Hospedeiro de Bordo,
Museólogo, Oftalmologista, Polícia, Político, entre outros, porém inúmeros
inquiridos mostraram certa indecisão sobre a profissão que desejam.

Em dez anos onde te vês, pessoalmente/profissionalmente?


Para encerrar este questionário, colocámos aos inquiridos uma pergunta
de introspecção, na qual os desafiámos a imaginar uma realidade futura
transmitindo-nos aquilo que acreditam ser as suas vidas no período de dez
anos, quer a nível pessoal quer profissional.
Na generalidade dos sujeitos abordados, constatou-se uma perspectiva
bastante positiva com valores de 80.5% (33 pessoas), as quais idealizam
um futuro financeiramente estável, com licenciatura na área de preferência
concluída, e em alguns alguns casos a terminar o doutoramento, com o
auxílio de um meio pessoal agradável que permita o desenvolvimento da
sua carreira no campo profissional que aprecia e uma profissão sólida. Em
casos mais detalhados a nível pessoal constata-se um interesse geral em
formar família, adquirir um imovel próprio, ainda que em alguns casos o
interesse seja viver no estrangeiro (exemplo dos estudantes: Vancouver,
Canadá/Oslo, Noruega) ou ter disponibilidade para viajar por vários países.
Os restantes 19.5% (8 pessoas) dos inquiridos possui uma visão incerta e
negativa sobre o futuro, destes muitos tendem a imigracao como sendo a
melhor forma de escapar aos problemas socioeconômicos ocorrentes em
portugal, em especial no que diz respeito à ordenados e injustiças no local
de trabalho, uma vez que consideram ganhar pouco (“A escrever livros e
ganhar pouco”). Outros não conseguiram responder a pergunta, indicando
que ao sair do secundário consideram importante manter as expectativas
baixas, evitando o descontentamento a que estamos vulneráveis, e
segundo o qual: “não gosto de falar sobre o futuro”.
https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/7820/1/Projetos%20de%20vida%20e%20expectativas%
20sociais%20dos%20jovens%20%C3%A0%20sa%C3%ADda%20do%20secund%C3%A1rio.pdf

https://dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Projeto_Autonomia_e_Flexibilidade/perfil_dos_alunos.p
df

https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/7820/1/Projetos%20de%20vida%20e%20expectativas%
20sociais%20dos%20jovens%20%C3%A0%20sa%C3%ADda%20do%20secund%C3%A1rio.pdf

https://www.dgeec.mec.pt/np4/47/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=256&fileName=DGEEC_jove
ns___sa_da_do_secund_rio_2017_1.pdf

https://www.jornaldenegocios.pt/economia/emprego/detalhe/quase-um-terco-dos-jovens-tem-qualifica
coes-a-mais-para-o-emprego-que-conseguem

https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/54055/2/44387.pdf
https://maestrovirtuale.com/observacao-nao-participante-caracteristicas-vantagens-e-desvantagens/

Você também pode gostar