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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade Educação

Organização, estrutura e princípios da educação moçambicana

Curso de Licenciatura em Ciências de Educação

Trabalho Científica

IIº Grupo

Albino Cauio Razão Patreque


Esperança Alberto Joaquim
Genito Baptista
Juma Almirante da Vila Fernandes
Palmira Timóteo Paulino Matipanha
Wilma Augusto Cadeado

Chimoio

Agosto, 2023
Albino Cauio Razão Patreque
Esperança Alberto Joaquim
Genito Baptista
Juma Almirante da Vila Fernandes
Palmira Timóteo Paulino Matipanha
Wilma Augusto Cadeado

Organização, estrutura e princípios da educação moçambicana

Trabalho Científico de carácter avaliativo da Cadeira


de Legislação da educação moçambicana a ser
apresentado na Faculdade de Educação, no
Departamento de Psicologia e Pedagogia, no curso de
Licenciatura em Ciências da Educação, sob
orientação da Msc.: Emília Cuezai Gimo

Chimoio

Agosto, 2023
Índice

1.1.Introdução ............................................................................................................................. 4
1.1Objectivos .............................................................................................................................. 5
1.1.0Objectivo geral ................................................................................................................... 5
1.1.1Objectivos específicos ........................................................................................................ 5
1.2Metodologias ......................................................................................................................... 5
2.0.Revisão de Literatura ............................................................................................................ 6
2.1.Organização da Educação Moçambicana ............................................................................. 6
2.1.1.Breve história de Educação ............................................................................................... 6
2.1.2.Característica da educação primitiva ................................................................................. 6
2.1.3.A educação no Governo de Transição (1974-1975) .......................................................... 7
2.1.4.Antes do Sistema Nacional de Educação (1975 – 1982) ................................................... 8
2.1.5.Neste períodos registaram-se os seguintes factos: ............................................................. 8
3.0.O surgimento da lei 4/83 (1983 – 1991) ............................................................................... 8
3.1.O surgimento da Lei nº 6/92 (1992 - 2018) .......................................................................... 9
3.1.1 A Educação antes da Independência ................................................................................. 9
3.1.2.A Educação no período colonial (1845 – 1974) ................................................................ 9
4.0.A educação pós - Independência ........................................................................................ 10
4.1.O surgimento da Lei nº 18/2018 ......................................................................................... 11
4.1.1.Esta lei traz as seguintes alterações ao SNE: ................................................................... 11
4.1.2.Estrutura da educação moçambicana .............................................................................. 11
4.1.3.Estrutura do Sistema Nacional de Educação ................................................................... 12
5.0.Princípios da Educação moçambicana ............................................................................... 14
5.1.Princípios da Educação na Lei 4/83 de 23 de março .......................................................... 14
5.1.1.Princípios da Lei 6/92 de 06 de Maio .............................................................................. 15
5.1.2.A Lei 6/92 de 06 de Maio, estabelecia que: .................................................................... 15
5.1.3.Princípios da Lei 18/2018 de 28 de Dezembro............................................................... 15
7.0.Conclusão ........................................................................................................................... 18
8.0.Referências Bibliografias ................................................................................................... 19
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1.1.Introdução

Neste presente trabalho referente à cadeira da Legislação da educação moçambicana,


falar-se-á da organização, estrutura e princípios da educação moçambicana onde veremos que
Moçambique foi uma colónia portuguesa por aproximadamente 500 anos. Antes da
dominação portuguesa, a educação era tradicional, consistia na transmissão de conhecimentos,
valores éticos da geração mais velha à geração mais nova e assim continuamente Gasperini
(1989). Com a dominação portuguesa, a educação conheceu novos paradigmas, isto é, para
alémda transmissão de conhecimentos de uma forma tradicional, entra em vigor a educação
portuguesa que promovia o desprezo pelos nativos (educação opressiva), chegando a apelidar
os nativos de indígenas no sentido pejorativo de povo selvagem. A educação tinha caracter
selectivo, pois não incluía toda a população, sendo reservada somente para a população de
origem portuguesa e um pequeno grupo de moçambicanos considerados assimilados.

Desde a independência, o país passou três leis com vista a responder a dinâmica de
cada tempo. Após a independência nacional, o país conheceu uma nova dinâmica da educação
cujo objectivo era a formação do Homem Novo, livre de todo o tipo de opressão, incluindo
superstição e da mentalidade burguesa colonial, um homem que assume os valores da
sociedade socialista, que culminou com criação do Sistema Nacional de Educação (SNE) em
1983, (Lei 4/83 de 23 de Março).
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1.1 Objectivos

Os objectivos são o ponto de partida, as premissas gerais do processo pedagógico.


Representam as exigências da sociedade em relação à escola, ao ensino, aos alunos e, ao
mesmo tempo, reflectem as opções políticas e pedagógicas dos agentes educativos em face
das contradições sociais existentes na sociedade (Libâneo, Didáctica, 2006).

Neste contexto, importa-nos apresentar os objectivos a serem alcançados na


elaboração do presente trabalho:

1.1.0 Objectivo geral


 Compreender a génese da educação moçambicana moçambicana
1.1.1 Objectivos específicos
 Definir a origem da educação moçambicana;
 Explicar como era a educação antes da independência e após;
 Caracterizar o funcionamento da educação moçambicana moçambicana
1.2 Metodologias

De acordo com Libâneo (2006), método é o caminho para atingir um objectivo.

Para a materialização do trabalho, apropriou-se da pesquisa bibliográfica, que na


expectativa de Gil (2008), este tipo de pesquisa é desenvolvido a partir de material já
elaborado por outros pesquisadores, tais como:

 Livros – obras literárias ou obras de divulgação, dicionários, enciclopédias, anuários e


almanaques;
 Publicações periódicas – artigos científicos de revistas ou jornais científicos,
disponíveis em bibliotecas ou internet.
 Compilação orientada pela análise, discussão e organização da informação.
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2.0.Revisão de Literatura

2.1.Organização da Educação Moçambicana

2.1.1.Breve história de Educação

O homem sempre se preocupou em viver em sociedade. Para a continuidade das


sociedades era necessários determinados princípios reguladores. Os homens criaram normas
de conduta quetornassem possível atingir seus objectivos.

Uma das normas era educar os seus membros. Nas sociedades primitivas não existiam
escolas e nem métodos de educação conscientemente reconhecidos, no entanto existia a
educação. Existia muitas formas de transmitir conhecimentos aos jovens. Existia uma classe
de docentes que tinham a tarefa de educar a crianças para superarem as imposições naturais
que qualquer indivíduo vivendo nesta sociedade para garantir a continuidade da tribo ou da
sociedade.

Processo de educação tem em vista a preparação do homem para sua melhor inserção
na sociedade. Esta preparação é guiada no sentido de alcançar determinados objectivos que
variam com o tempo, de acordo com as exigências da sociedade, tendo em conta que os
objectivos da educação são dinâmicos.

2.1.2.Característica da educação primitiva

A característica essencial da educação nesta época era promover o ajustamento da


criança ao meio ambiente físico e social, por meio de aquisição de experiências de gerações
passadas. Era uma educação com valores morais, onde a criança aprendia a suportar a dor, a
tolerar as circunstâncias difíceis e a fome.

Através da educação prática os jovens, eram treinados nos processos de obtenção de


alimentos, vestuário e de abrigo. E, através da educação teórica, os jovens eram instruídas
através de cerimónias, danças e práticas da feitiçaria, cujo objectivo principal era obter
conhecimento da vida tradicional, da vida intelectual e espiritual de seus povos. Essas
execuções, tido como culto religioso dos povos primitivos, eram os rituais mais importantes e,
eram realizadas antes de qualquer actividade social.
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A educação através da imitação era feita de forma inconscientemente e consciente. Na


forma inconsciente, as crianças, nos primeiros anos de vida brincam com a reprodução dos
instrumentos utilizados pelos adultos e mais tarde manejam os verdadeiros. E, na forma
consciente, as crianças participam nas actividades dos adultos e aprendem por imitação. Esta
fase começa quando os adultos exigem trabalho das crianças, pouco a pouco vão aprendendo
as diversas ocupações da tribo, como, construção de utensílios para pesca e caça,

Nas sociedades primitivas ou tradicionais a educação era dispensada no primeiro plano


a família, ao clã, ao grupo étnico, mais tarde as instituições religiosas. Contudo, na
actualidade a maioria dos países do mundo incluindo Moçambique a responsabilidade de
“educação” foi incumbida aos poderes públicos do estado com as seguintes alegações:

 Confiança generalizada em contar com os órgãos públicos para satisfazer suas


necessidades sociais.
 Atribuição do estado o papel da responsabilidade de criacao de politicas
educacionais.
 O papel politico da escola, como garante dos governos para exercer controlo da
sociedade.

Foi a partir de 1930, com a assinatura dos acordos missionários (A concordata em


1940 e o Estatuto missionário em 1941) que o governo impôs uma política rigorosa de
educação e assimilação em Moçambique. Com a assinatura da Concordata e do Estatuto
Missionário, o Estado transferiu para a igreja a sua responsabilidade sobre o ensino
rudimentar, comprometendo-se a dar um apoio financeiro às missões e às escolas católicas.

Enquanto nas zonas rurais os moçambicanos dispunham de escolas das missões, os


centros administrativos dispunham de escolas oficiais e particulares para os brancos e
assimilados. Era um ensino relativamente evoluído em comparação com o ensino para
indígenas.

2.1.3.A educação no Governo de Transição (1974-1975)

Este período é consequência dos acontecimentos destacados nos anos anteriores. Por
exemplo, a fundação da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), em 1962,
permitiu o desencadeamento da luta armada para a libertação nacional, na sequência da qual,
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com os Acordos de Luzaka em 1974, condicionou o surgimento do Governo de Transição.


Assim, uma das razões que leva à consideração deste período prende-se com o facto de que
grande parte das transformações no campo educacional aplicadas a nível nacional teve como
origem as experiências levadas a cabo pela FRELIMO e resultam da visão deste movimento
sobre o modelo de sociedade pretendido e os princípios defendidos durante a Luta Armada.

A FRELIMO implementou um tipo de escola ligada ao povo, às suas causas e


interesses. A educação realizada nestas escolas era essencialmente política e ideológica, uma
vez que estava condicionada pelos factores que têm a ver com a natureza revolucionária da
luta conduzida pela FRELIMO.

2.1.4.Antes do Sistema Nacional de Educação (1975 – 1982)

2.1.5.Neste períodos registaram-se os seguintes factos:

 A nacionalização da educação a 24 de Julho de 1975, e a consequente suspensão de


todas as formas do sistema do ensino colonial português;
 A proclamação do direito à educação para todos os moçambicanos, pela Constituição
da República Popular de Moçambique (20 de Junho de 1975) e a consequente
massificação do acesso à educação em todos os níveis de ensino;
 A introdução de um currículo educacional transitório do sistema colonial português
para o nacional (1975);
 A criação dos centros de formação de professores primários e a consequente abolição
das instituições portuguesas vocacionadas à formação de professores (1975).

3.0.O surgimento da lei 4/83 (1983 – 1991)

Em 1983, procedeu-se à introdução do Sistema Nacional de Educação (SNE), através da Lei


nº 4/83.

Em 1990, é introduzida a Constituição da República, que possibilita a reabertura do ensino


particular em 1991 e o reajustamento da Lei do SNE.
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3.1.O surgimento da Lei nº 6/92 (1992 - 2018)

A lei nº 6/92 surgiu para reajustar a lei 4/83. Em 2004 é introduzido o Plano Curricular do
Ensino Básico, ora em vigor, em consequência da reforma do currículo escolar anterior (vide
REGEB 2008).

A história da educação moçambicana, tendo em conta a bibliografia constante no final deste


capítulo, mas também a legislação e políticas da educação correspondentes aos diferentes
períodos da história da educação moçambicana.

A educação em Moçambique não teve sempre as mesmas características, conforme


constatou na reflexão que acaba de se fazer. Deste modo, considerando a Independência
Nacional (1975) como marco referencial, a caracterização da educação em Moçambique pode
ser dividida em dois grandes períodos: o período antes da Independência e o período pós-
Independência.

3.1.1 A Educação antes da Independência

A história da educação em Moçambique antes da Independência pode ser dividida em


duas etapas relevantes: a educação no período colonial e a educação no governo de transição.

3.1.2.A Educação no período colonial (1845 – 1974)

A educação neste período foi caracterizada pela dominação, alienação e cristianização.


Foi o período em que surgiu a primeira regulamentação do ensino nas colónias, período da
Monarquia em Portugal, a 2 de Abril de 1845. A 14 de Agosto do mesmo ano, foi
estabelecido um decreto que diferenciava o ensino nas colónias e na Metrópole e criava as
escolas públicas nas colónias.

Em 1846 foi publicada a primeira providência legal para a organização da instrução


primária no ultramar português; depois de 1854 foram criadas, por decreto, as primeiras
escolas primárias na Ilha de Moçambique, no Ibo, Quelimane, Sena, Tete, Inhambane e
Lourenço Marques.

Em 1846 foi publicada a primeira providência legal para a organização da instrução


primária no ultramar português; depois de 1854 foram criadas, por decreto, as primeiras
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escolas primárias na Ilha de Moçambique, no Ibo, Quelimane, Sena, Tete, Inhambane e


Lourenço Marques.

A 30 de Novembro de 1869, foi reformado o Ensino Ultramar, onde se decretava o


ensino primário obrigatório, dividido em dois graus, com duas classes cada, em que as escolas
estavam sob tutela das missões católicas.

Em 1912 foi criada, em Lourenço Marques, a primeira escola secundária em


Moçambique.

Um dos maiores marcos da educação colonial em Moçambique é a vigência de


dois subsistemas de ensino, nomeadamente:

 Ensino Oficial – para os filhos dos colonos ou assimilados;


 Ensino rudimentar – para os chamados “indígenas”- os nativos.
 Neste sentido, o sistema de ensino em Moçambique era de dois tipos,
correspondendo a duas concepções de educação - para indígenas e educação da
elite, para o colonizador e assimilado.
 O ensino oficial destinava-se à transmissão de valores e padrões aristocráticos. O
ensino para indígenas era para o povo colonizado que praticamente estava
reduzido apenas a aprender a ler, escrever e a domesticação.
 O ensino estava estruturado basicamente para acomodar os interesses do colono,
preparar indivíduos para desempenhar funções sociais distintas na sociedade, daí
que se caracterizava por:

4.0.A educação pós - Independência

Ao longo deste período, o sistema educativo sofreu várias reformas que tinham em
vista adequar a formação dos moçambicanos aos contextos sócio-políticos, económicos e
culturais, marcado pelo alcance da Independência, em 1975. Neste período, destacam-se como
principais marcos: o surgimento da lei 4/83; da lei 6/92; e da Lei 18/2028.

Neste período, nota-se uma educação democrática, baseada na aplicação de métodos


de aprendizagem centrados no aluno, em função da evolução das ciências da educação e do
contexto em que a aprendizagem ocorre.
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4.1.O surgimento da Lei nº 18/2018

4.1.1.Esta lei traz as seguintes alterações ao SNE:

 Introdução da educação pré-escolar;


 O ensino primário em seis classes;
 O ensino bilingue como modalidade do ensino primário;
 O ensino básico obrigatório gratuito de nove classes;
 O ensino secundário de seis classes;
 O ensino à distância como modalidade do ensino secundário e superior;
 O perfil de ingresso para formação de professores;
 A Educação Inclusiva em todos os níveis de ensino;
 A educação vocacional.

4.1.2.Estrutura da educação moçambicana

A estrutura da Lei 6/92 de 06 de Maio, não incluía a terminologia subsistema, como


era o caso da lei anterior. Nesta lei, o termo subsistema foi substituído pelo termo ensino.
Assim, esta dividia-se em três ensinos, nomeadamente: (1) ensino pré-escolar, (2) ensino
escolar e (3) ensino extra-escolar.

No que diz respeito ao ensino pré-escolar a lei previa que este fosse realizado nas
creches e jardins-de-infância. O grupo alvo deste ensino eram as crianças com idade inferiores
a 6 anos. O objectivo fundamental era de estimular o desenvolvimento psíquico, físico e
intelectual das crianças e contribuir para a formação da sua personalidade, através de um
processo harmonioso de socialização favorável ao pleno desabrochar das suas aptidões e
capacidades. O ensino pré-escolar era implementado por iniciativa de órgãos centrais,
provinciais, locais, colectivas ou individuais. A regulamentação, apoio, fiscalização, definição
de critérios e normas para abertura, funcionamento e enceramento estavam reservadas ao
Ministério da Educação em colaboração com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado
da Acção Social.

O Ensino escolar era composto pelo ensino geral, ensino técnico profissional e ensino
superior. O ensino geral era o eixo central do SNE e conferia a formação integral e
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politécnica. os níveis e conteúdos desde ensino constituam o ponto de referência para todo o
SNE. O ensino geral compreendia dos níveis: nível primário e Nível secundário.

O ensino geral era composto por 12 classes, sendo 7 para ensino primário e 5 para
ensino secundário. O nível primário preparava alunos para o ensino secundário e compreendia
1º grau de 1ª a 5ª classe; 2ª grau de 6ª a 7ª. E o nível secundário do ensino geral com cinco
classes subdivididas em dois ciclos 1º ciclo, da 8ª a 10ª classe e o 2º ciclo, 11ª, a 12ª classe.

Na lei 6/92 de 06 de Maio, o ensino técnico-profissional constituía o principal


instrumento para a formação profissional da força de trabalho qualificada necessária para o
desenvolvimento do país. O ensino técnico compreendia os seguintes níveis: elementar,
básico e médio. Nesta lei, a duração dos cursos e habilidades de ingresso em cada nível eram
definidas pelo Conselho de Ministros e o Ministério da Educação era responsável pela
determinação da equivalência dos cursos em conformidade com os currículos. O ensino
superior destinava-se aos graduados da 12ª classe do ensino geral ou equivalente. Este ensino
realizava-se em estreita ligação com a investigação científica e visa assegurar a formação de
técnicos e especialistas ao nível mais alto nos diversos domínios do conhecimento científico.

O ensino especial, ensino vocacional, ensino de adultos, ensino a distância, e a


formação de professores constituíam modalidades especiais ao ensino escolar e regia-se pelas
disposições especais.

Quanto ao ensino extra-escolar compreendia actividades de alfabetização,


aperfeiçoamento, actualização cultural e científica. O objectivo do ensino extra-escolar
permitia o aumento de conhecimentos e desenvolvimento de potencialidades, como
complemento da formação escolar para a sua carreira. O ensino extra-escolar tinha carácter
permanente visando globalidade e a continuidade da acção educativa.

4.1.3.Estrutura do Sistema Nacional de Educação

Em termos estruturais, a Lei 18/2018 de 28 de Dezembro do SNE constitui-se em


subsistemas como era na Lei 4/83 de 23 de marco. A diferença reside na introdução do
subsistema de educação pré-escolar que ao existia. Assim, esta lei está estruturada em seis
subsistemas nomeadamente: (1) educação pré-escolar, (2) educação geral, (3) educação de
adultos, (4) educação profissional, (5) educação e formação de professores e (6) ensino
superior.
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A educação pré-escolar é ministrada em creches e jardins-de-infância para crianças


inferiores a 6 anos de idade. Esta visa estimular o desenvolvimento psíquico, físico e
intelectual, contribuindo para formação da personalidade, e integração para desenvolvimento
das aptidões e capacidade e preparação ara o nível escolar.

A educação geral continua sendo é o eixo central do SNE que confere a formação
integral base para o ingresso em cada nível subsequente nos diferentes subsistemas.
Compreende o ensino primário e o ensino secundário. O ensino primário é o nível inicial de
escolarização da ciência e visa proporcionar o domínio nas áreas da comunicação, ciências
sociais, ciências naturais, matemática, educação física, estética e cultura. O ensino primário
realiza-se em duas modalidades, sendo: monolingue da língua portuguesa e bilingue que
envolve as línguas moçambicanas incluindo a língua de sinais e língua portuguesa. O ensino
primário compreende seis classes, organizado em dois ciclos: 1º ciclo, 1ª a 3ª classes e 2º
ciclo, 4ª a 6ª classes.

O ensino secundário é o nível pós-primário onde o aluno aprofunda e amplia os


conhecimentos, habilidades, valores e atitudes em comunicação, ciências sociais, ciências
naturais, matemática e actividades pratica e tecnológicas. Este ensino compreende seis classes
e dois ciclos: 1º ciclo, 7ª a 9ª classe e o 2º ciclo, 10ª a 12ª classe.

Subsistema de educação de adultos proporciona literacia básica para jovens e adultos


como forma de assegurar a formação científica geral e o acesso a vários níveis de educação
geral, técnica e profissional. A formação corresponde a educação dada pelos subsistema de
educação geral adaptada as necessidades de desenvolvimento socioeconómico do país e é
realizada com base na experiência social, profissional do jovem e adulto. Esta educação
compreende o ensino primário e o ensino secundário. É reservado aos cidadãos com idade a
partir dos 15 anos para o ensino primário e 18 anos para o ensino secundário. Realiza-se
igualmente em duas modalidade sendo monolingue e bilingue.

No tocante ao subsistema de educação profissional, este ainda constitui instrumento


para a formação profissional da força de trabalho qualificada, necessária para o
desenvolvimento económico e social do país. Nesta lei, este subsistema compreende ensino
técnico profissional, formação profissional, formação profissional extra-institucional e ensino
profissional superior. Esta educação visa desenvolver capacidades da força de trabalho através
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da introdução de métodos, currículos e modalidades de formação para resposta das


necessidades do mercado de trabalho.

A educação e formação de professores, estabelece critérios para a formação de


professores destinado aos diferentes subsistemas. Tem em vista assegurar a formação integral
do professor, capacitando-o para assumir a responsabilidade de educar e formar crianças,
jovens e adultos. A formação de professor passou a ser igualmente implementada por
instituições especializados bastando para o efeito requer a aprovação pelo Ministério da
Educação.

O último Subsistema de educação é o ensino superior. Este compete-lhe a formação ao


nível mais alto nos diversos domínios do conhecimento técnico, científico e tecnológico
necessário para o desenvolvimento do país. Destina-se aos graduados da 12ª classe do ensino
geral ou equivalente. Esta confere graus estabelecidos em legislações específicas que rege o
ensino superior.

5.0.Princípios da Educação moçambicana

5.1.Princípios da Educação na Lei 4/83 de 23 de março

A Lei 4/83 de 23 de março regulava o Sistema Nacional de Educação desde 1983.


Esta lei estabelecia como princípios:

 O direito a educação para todo o cidadão assente na igualdade de oportunidade, de


acesso a todos os níveis de ensino e na educação permanente de todo o povo.

Estes princípios garantiam a apropriação da ciência, da técnica e da cultura pelas classes


trabalhadoras, que constituía um factor impulsionador para desenvolvimento económico,
social e cultural do país

 Ainda nesta lei, a educação era vista como um instrumento principal para criação do
homem novo, liberto de toda a ideológica colonial e cultivos dos valores nativos, da
formação tradicional capaz de assimilar e utilizar a ciência e a técnica ao serviço da
revolução; a educação era baseada nas experiências nacionais, nos princípios
universais do marxismo-leninismo, e no património científico, técnico e cultural da
humanidade;
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 a educação era igualmente dirigida, planificada e controlada pelo Estado, garantindo a


universalidade e a laicidade no quadro da realização dos objectivos fundamentais
consagradas na constituição.

5.1.1.Princípios da Lei 6/92 de 06 de Maio

5.1.2.A Lei 6/92 de 06 de Maio, estabelecia que:

 a educação é um direito e dever de todos os cidadãos. Assim, o Estado permitia a


participação de outras entidades, tais como; organizações comunitárias, cooperativas,
empresas e privados no processo educativo.
 A organização e promoção do ensino ficou na responsabilidade do Estado. Desta
forma, o ensino torna-se público e laico.
 A educação orientava-se pelos princípios pedagógicos de desenvolvimento das
capacidades e da personalidade de uma forma harmoniosa, equilibrada e constante de
modo a dar uma formação integral. Assim, a educação incentivava o desenvolvimento
da iniciativa criadora, da capacidade de estudo individual e da assimilação crítica dos
conhecimentos.

5.1.3.Princípios da Lei 18/2018 de 28 de Dezembro

Finalmente a Lei 18/2018 de 28 de Dezembro do SNE, foi introduzida recentemente e rege-se


pelos:

 princípios de educação, cultura, formação e desenvolvimento humano equilibrado e


inclusivo como sendo o direito de todos os moçambicanos. Nesta lei a educação
passou a ser duplamente direito e dever do Estado.
 Nesta senda, O estado Assumiu a responsabilidade pela promoção da cidadania e
democrática, da consciência patriótica e dos valores da paz, diálogo, família e
ambiente por intermédio da educação.
 Os Principios de educação estenderam-se para democratização do ensino, da igualdade
de oportunidade no acesso e sucesso escolar dos cidadãos.
 Houve introdução de princípios morais, éticos, inclusão, equidade laicidade e o
apartidarismo do SNE.
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6.0.O currículo deve ter em conta a cognitifidade de diferentes alunos. Para atender a
esta propósito, foi necessário que a educação traçasse os seguintes princípios:

1. Sentido de comunidade
1. Deve haver sentido de pertença, onde toda a criança é aceite e apoiada pelos
seus pares e pelos adultos que a rodeiam.
2. A diversidade é valorizada, tendo como pilares sentimentos de partilha,
participação e amizade.
3. Deve haver uma interligação entre todos os envolvidos, fazendo com que os
professores aprendam mais uns com os outros, que os alunos aprendam mais
com os professores e com os outros, que os pais se envolvam mais, que os
gestores e a comunidade partilhem suas ideias.
4. Cria-se, dessa forma, uma comunidade coesa, cuja visão educacional se revê
na premissa de que toda a criança deve ser respeitada e levada a atingir o
máximo da sua potencialidade em ambientes que permitam o desenvolvimento
da sua auto-estima, do orgulho nas suas realizações e do respeito mútuo;
2. Liderança
1. Ao órgão directivo da escola cabe dar o “pontapé de saída” na transformação
da escola numa comunidade de aprendizagem e não de actividades
desorganizadas e onde o individualismo é o mote.
2. O órgão directivo tem a responsabilidade de fazer com que, em conjunto com
os professores, todo o pessoal escolar, os pais e quaisquer outros membros da
comunidade se sintam parte de um projecto educacional de inclusão.
3. Cabe ainda aos gestores organizar acções de formação e encontrar apoios que
permitam aos professores responder às necessidades de todos os alunos.
3. Colaboração e cooperação
1. Os professores e os alunos devem promover um ambiente de entreajuda, onde
a confiança e o respeito mútuos são características esseciais que levam ao
encontro de estratégias, tais como, o ensino e a aprendizagem em cooperação,
tão necessária ao fortalecimento das áreas fortes dos alunos;; e à formulação de
respostas adequadas às suas necessidades.
2. Não se espera que o professor possua todo o conhecimento e sabedoria, mas
sim ter à sua disponibilidade um sistema de apoio que o assista e o torne capaz
de resolver os problemas, de forma cooperativa e colaborativa.
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3. O professor em educação inclusiva deve colaborar com diversos profissionais e


serviços que possam colaborar no apoio ao aluno com NEE (ex: médicos,
psicológos, técnico de serviço social, etc).
4. Essa colaboração deve assentar-se numa base voluntária, igualdade relacional,
partilha de objectivos e costumes, partilha de responsabilidades nos resultados
finais, partilha de recursos, bem como confiança e respeito.
4. Flexibilidade curricular e serviços
1. No lugar de considerar que o aluno tem um caminho a percorrer, traçado
essencialmente por um conjunto de exigências curriculares pré-determinadas,
devem ser as características e necessidades dos alunos a determinar o curriculo
a considerar.
2. As adaptações curriculares, o ensino directo, a tutoria entre pares, o ensino por
computador (ou ensino programado), entre outros, constituem algumas
práticas, cuja aplicação é cada vez mais evidente em contextos inclusivos.
3. Os alunos com NEE devem beneficiar de apoio individualizado, maximizado
por serviços de apoiodesde o nível académico, até aos de cariz psicológico,
pedagógico, social, psicoterapeútico ou médico.
5. Formação
1. A formação do pessoal em escolas com alunos com NEE torna-se vital, sob
pena de se assistirem prestações educacionais inadequadas para tais alunos.
2. É preciso que todos, na escola, estejam preparados para que, dentro da esfera
de saber e de influência, se possam prestar os apoios adequados a todos os
alunos, optimizando as suas oportunidades de aprendizagem.
3. Para isso, é preciso valorizar a oferta de oportunidades de desenvolvimento
profissional, de modo a que todos na escola possam ter papel activo no
processo de ensino-aprendizagem de alunos com NEE e, também, para que
tenham atitudes positivas em relação à inclusão.
4. Para isso, é preciso valorizar a oferta de oportunidades de desenvolvimento
profissional, de modo a que todos na escola possam ter papel activo no
processo de ensino-aprendizagem de alunos com NEE e, também, para que
tenham atitudes positivas em relação à inclusão.
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7.0.Conclusão

Chegando o fim deste trabalho, conclui-se queApós a independência, Moçambique


entrou num desafio de nacionalização das instituições e na formação de homens. Onde numa
primeira fase, educação ficou virada para a formação de um homem denominado Homem
Novo, livre do jugo colonial e da ideologia portuguesa. Portanto, a implementação da
ideologia do marxismo-leninismo era necessário a consciencialização dos cidadãos através da
educação.

Neste processo surge a ideia de implementação do SNE de educação que seria um


documento orientador da educação em Moçambique a todos os níveis. Com introdução de
regime multipartidário em 1992, segue-se a introdução da lei 6/92 de 6 Maio, que pretendia
formar o Homem Democrata, capaz de aceitar as diferenças partidárias. Volvidos 26 anos da
formação do homem democrata, surge a necessidade de formar Homem Cidadão, que valoriza
a paz, diálogo, família e meio ambiente, numa época em que o país passava por uma crise
sociopolítica.

Em suma, a legislação da educação em Moçambique tende a acompanhar a dinâmica


politica e social, económica e tecnológica para formar o Homem do Momento, que seja
adequado ao estagio histórico do país. Este estudo limitou-se a análise documental, não tendo
explorado, entrevistas, questionários e/ou outros documentos fora da legislação de educação,
abre-se assim, um espaço para outros estudos que estudem os contornos da formação de cada
um dos três homens (homem novo, homem decreta e homem cidadão).
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8.0.Referências Bibliografias

(2020), M. (2020-2029). Por uma Educação Inclusiva, Patriótica e de Qualidade. In


MINEDH., Plano Estratégico da Educação (pp. 120-122).

Boletim da Republica. I Série – Nr. 254. Lei 18/2018 de 28 de Dezembro. Sistema Nacional
de Educação. Maputo. (s.d.).

FARA. (2007). Securing the Future for Africa’s Children: Research plan and program for
impact assessment. (1ᵃ. Ed.). FARA.

Gasperini, L. (1989). Moçambique: educação e desenvolvimento rural. Edizioni Lavoro.

Libâneo, J. C. (2006). Didáctica. São Paulo, Brasil: Cortez Editora.

MASETTO, M. (2003). Competências Pedagógicas do Professor Universitário, Summus


Editorial. Brasilia: São Paulo, 2003.

MINEDH. (2020). Plano Estratégico da Educação, 2020-2029. Por uma Educação Inclusiva,
Patriótica e de Qualidade. (s.d.).

República, B. d. (s.d.). , publicação oficial da República Popular de Moçambique. Lei 4/83. I


Série Nr. 12, de 23 Março de 1983.S. N. E. . Moçambique: Imprensa Nacional.
Maputo.

República, B. d. (1992). , publicação oficial da República de Moçambique. nº 19, I Série.


1992. Lei 6/92 de 6 de Maio – S.N.E. Maputo. Moçambique: Maputo.

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