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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Instituto de Educação
Política e Organização da Educação
Docente: Liz Denize Carvalho Paiva
Discentes: Ana Beatriz Santana Cautches, Caio Araújo e Felipe Santana de Andrade

De acordo com o MEC (Ministério da Educação) o curso técnico é voltado para o aluno que
vai cursar ou já cursou o ensino médio e quer aprender uma profissão. Em todo o país, essa
modalidade é amplamente oferecida integrado ao ensino médio, o aluno cursa os dois ao
mesmo tempo. De acordo com o último censo do IBGE, em 2019, o país registrou 9,3
milhões de estudantes no ensino médio, dos quais 7,1% frequentavam algum tipo de curso
técnico. Essa modalidade de ensino também foi registrada dentre 49,3 milhões de pessoas que
haviam concluído o ensino médio (5,2%).
Um curso profissionalizante é voltado para pessoas que buscam algum aprimoramento
profissional ou uma atualização. Também vale para quem pretende adquirir uma nova
habilidade. A maioria deles têm curta duração, muitas vezes têm a duração de meses ou
semanas. De acordo com o levantamento de pesquisa da CNI (Confederação Nacional da
Indústria), apenas 6% dos jovens brasileiros fazem curso profissionalizante. A pesquisa
mostra ainda que um em cada quatro brasileiros de todas as idades já fez curso
profissionalizante. As principais razões para que a maioria (75%) da população nunca tenha
feito esse tipo de formação são falta de tempo para estudar (40%), falta de recursos para
pagar (26%) e falta de interesse (22%).
Os cursos profissionalizantes ensinam conhecimentos necessários para a realização de uma
determinada profissão de maneira direta e breve. Enquanto a formação em nível técnico
precisa seguir exigências específicas, como carga horária padrão, duração de 18 a 24 meses,
estágio obrigatório e apresentação de trabalho para concluir o curso.
Atualmente, o Brasil dispõe de muitos institutos de formação técnica e profissionalizante que
oferta para os alunos cursos que trazem vantagens no mercado de trabalho. No entanto, é
necessário refletir se a maioria da população brasileira possui acesso a essa vantagem na
formação em nível médio.
Em primeiro plano, vale ressaltar que as provas de seleção para o ingresso nas escolas
técnicas são de nível médio com assuntos, na teoria, abordados em sala de aula durante o
ensino médio. Porém, quando a realidade do ensino público é analisada, nota-se que o
ingresso em tais institutos vira algo mais inalcançável para alunos de baixo poder aquisitivo.
Isso acontece justamente pela falta de recursos direcionados ao investimento na educação
pública de qualidade do ensino médio, tornando, assim, o educandário em um espaço precário
para a aprendizagem de qualidade. Portanto, se não há base para os alunos de rede pública
estudarem , não se torna possível o ingresso nas instituições técnicas e profissionalizantes.
Atualmente, muitas pesquisas são voltadas para a questão da inserção dos jovens no mercado
de trabalho, isso acontece devido às altas taxas de jovens que não estudam e não trabalham.
Pesquisas apontam que muitos jovens recorrem aos trabalhos informais assim que entram
para a vida adulta, tendo em vista que empregos formais exigem habilidades formais
específicas. Nesse contexto, esses jovens tornam-se um grupo vulnerável por enfrentarem
maiores desafios para conseguir um emprego formal, já que não possuem formação
educacional adequada antes de entrar para o mercado de trabalho. No que tange ao ensino
técnico, essa formação aumenta em 50% as chances de alguém conquistar um emprego, e os
salários de um técnico profissional podem ser até 30% maiores do que um funcionário
comum. Mas essas não são as únicas vantagens de um curso técnico, muitas pessoas
escolhem a formação técnica por outros atrativos como: Demanda do mercado de trabalho,
tendo em vista a escassez de mão de obra qualificada em algumas áreas gera uma demanda
muito grande para o mercado e quem faz um curso técnico possui vantagens em relação a
outros candidatos; Diploma mais rápido; Após a conclusão do curso, se preferir, o aluno
pode fazer uma especialização ou graduação na área, o que acaba complementando sua
formação. Contudo, ele já está no mercado de trabalho. O curso profissionalizante não difere-
se muito do técnico nesse quesito, tendo em vista que sua formação facilita o ingresso de
jovens no mercado de trabalho, diminuindo, assim, a possibilidade de um desemprego por
falta de qualificação profissional.
Os alunos saem do ensino médio qualificados para virar mão de obra operária, visto que
recebem o ensino qualificado para exercer a profissão escolhida no curso que estudou durante
o ensino médio. Nesse contexto, o Governo se beneficia a partir do maior surgimento de mão
de obra operária de massa. Na obra intitulada “The Wall” pela banda Pink Floyd, a formação
robotizada de indivíduos é questionada, tendo em vista que o ensino ao invés de motivar as
crianças em processo de formação, ele as oprime com suas exigências alienantes e anti-
democráticas. No que diz respeito aos benefícios do governo com a formação
profissionalizante, essa questão pode ser retomada. Isso acontece porque ao formar apenas
mão de obra operária, o indivíduo não cria senso crítico para atuar em sociedade como um
cidadão que reconhece seus direitos, ele cria apenas qualificações para trabalhar como um
operário assalariado. Desse modo, vale refletir sobre a crítica da formação em massa
profissionalizante sem o acompanhamento de ensinos que motivem o senso crítico e a
formação de pensamento como sociologia, filosofia, etc.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARAÚJO, A. J. N; CHEIN, F.; PINTO, C. Ensino Profissionalizante, Desempenho Escolar e


Inserção
Produtiva: Uma Análise com dados do ENEM. 2014.
ASSUNÇÃO J; GONZAGA G. Educação Profissional no Brasil: Inserção e retorno. Série
Cenários, n. 3,
Brasília: SENAI.DN, 2010.

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