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Resumo:
Palavras chave: Artesanato, Periferia, Cultura, Juventude.
Abstract:
Keywords: Crafts, Outskirts, Culture, Young.
Introdução
Da mesma forma no inglês em que craft é colocado como um substantivo e depois como
um verbo, descrevendo que se trata de um fazer de maneira habilidosa. Há uma
divergência no sentido da palavra, no qual implica diretamente na percepção de valor
daqueles consumidores da região, ora, diante da escolha entre um produto "sem
sofisticação" e aquele proveniente da prática artística, técnica e estética, certamente a
segunda opção chamará mais atenção para compra.
E quem designou tais significados? Lauer (1983) cita que as artesanias pré-capitalistas ou
delas oriundas foram dominadas por classes imperantes, seja por perseguições a suas
criações, principalmente com teor religioso, bem como a desvalorização da criatividade do
oprimido, marginalizando e integrando-a a pastas conforme seus interesses. O que não
inibiu a produção deste grupo, que passou conhecimentos e perpetuou tais manualidades.
No presente artigo, será explorado a relação dos fazeres manuais com os sujeitos
periféricos, estas pessoas que por
Artesanato e Design
O conceito de arte que será abordado se relaciona com os estudos de Lauer, que
se refere a uma “criação cultural e de classe e, consequentemente, de um fenômeno
historicamente determinado, dotado de gênese histórica e destinado a sofrer modificações
a partir das avaliações da sociedade". (LAUER, 1983, p.9)
Esta conceituação se inicia em projetos filosóficos e interesses de classes ocidentais.
Kristeller enfatiza que a arte foi criada pela aristocracia como forma de transformar as
vidas daqueles que haviam sido menos afetados pelas transformações da burguesia no
século XVII, mas logo após, a própria burguesia irá se apropriar deste sistema para seu
uso próprio. (P. O. Kristeller apud LAUER, 1983).
Quando se chega à América Latina, já no século XVIII, este conceito de arte se manifesta
como um dos fatores das esferas da classe dominante, é a partir da oposição “às
expressões criativas dos setores e culturas dominantes” (LAUER, 1983, p.11) que estes
passam a definir o que é arte ou não.
No momento em que precedente a chegada dos portugueses e outros fluxos migratórios
europeus no Brasil, em que a cultura já oriunda da região foi desconsiderada.
“O desejo deliberado de abolir o objeto feito à mão em prol do
feito à máquina obedeceu à visão de que a tradição da
manualidade era parte do passado de atraso,
subdesenvolvimento e pobreza, que o futuro promissor
proporcionado pelas máquinas nos faria superar”. (BORGES,
2011, p. 31)
O Design vem como esta figura de progresso, negando o artesanato. E isto fica explicito
com a criação da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), no Rio de Janeiro em
1963 - uma instituição seguiria a mesma linhagem da linguagem universal do design
proposta por Bauhaus e Ulm1 - durante o governo de Juscelino Kubitschek que buscava
industrializar o país como forma de crescer “cinquenta anos em cinco”. (BORGES, 2011).
Referências
BORGES, Adélia. Design + Artesanato: O Caminho Brasileiro. São Paulo: Editora
Terceiro Nome, 2011.
CASTILHO, Maria Augusta et al. Artesanato e saberes locais no contexto do
desenvolvimento local. Interações (Campo Grande), v. 18, p. 191-202, 2017.
CRANE, Diana. Ensaios sobre moda, arte e globalização cultural. São Paulo: Editora
Senac, 2011.
LAUER, Mirko. Crítica do Artesanato: Plástica e Sociedade nos Andes Peruanos. São
Paulo: Nobel, 1983.
SANTOS, Thiago de Sousa et al O artesanato como elemento impulsionador no
desenvolvimento local. In: SEGET SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E
TECNOLOGIA, 7. Anais... Resende, 2010.