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Jacques-Bénigne Bossuet
Política extraída das próprias palavras da Sagrada Escritura
Ponta Grossa
2024
Quem foi Jacques-Bénigne Bossuet
Também conhecida como “Política Extraída da Sagrada Escritura”, é uma obra de teoria
política escrita por Jacques-Bénigne Bossuet. Nesta obra, Bossuet busca estabelecer as
conexões entre política e religião, inspirando-se nas Sagradas Escrituras com o intuito de
promover um espaço público que esteja em conformidade plena com a lei de Deus e a
caridade evangélica. Isso se dá no contexto histórico da monarquia absoluta de direito
divino. Em 1670, Bossuet foi nomeado tutor do futuro rei, filho de Luís XIV, assumindo assim
a responsabilidade pela formação filosófica, política e religiosa do jovem Delfim. Para essa
importante missão, ele escreveu o "Tratado sobre o Conhecimento de Deus e de Si
Mesmo" (1677), uma obra de cunho religioso, e o "Discurso sobre a História Universal"
(1681), destinado a extrair lições da história.
No ano de 1679, Bossuet interrompeu a redação da obra, porém deixou anotações
acompanhadas de uma carta introdutória endereçada ao Papa Inocêncio XI, descrevendo
os avanços alcançados até então na escrita do livro. Suas atividades de tutoria terminaram
nessa época, e ele teve que aguardar vinte anos antes de poder retomar a redação do livro.
Em 1700, Bossuet havia completado o livro X e escrito a conclusão de sua obra; no entanto,
não conseguiu finalizá-la completamente antes de falecer em 1704. Após sua morte, seu
sobrinho, o Abade de Bossuet, completou seu trabalho e inseriu no livro um fragmento da
"Cidade de Deus" de Agostinho. Algumas correções editoriais foram realizadas devido a
disputas políticas e teológicas, e o livro foi finalmente publicado em 1709. Ao contrário de
seus contemporâneos, Bossuet não recorria frequentemente a fontes clássicas da literatura
antiga ou da patrística, preferindo em vez disso utilizar diretamente a Bíblia, especialmente
os livros do Antigo Testamento, para fundamentar seu sistema como derivado inteiramente
da lei divina.
Os ensinamentos da "Política Extraída das Sagradas Escrituras" abrangem a sociabilidade
humana, as relações entre sociedade civil, nação e Estado, governo, leis, patriotismo,
autoridade, direito da conquista, monarquia, sagrado, patriarcado, absolutismo, razão,
conhecimento, obediência, religião, relação Igreja-Estado, justiça, guerra, guerra civil, forças
armadas, paz, economia, família, saúde e felicidade.
A Apresentação
A apresentação abordará a relação entre poder divino e poder político conforme discutida
por Jacques-Bénigne Bossuet, destacando seus principais pontos sobre o tema. Será
explorado como Bossuet fundamenta seu argumento na teologia cristã, especialmente nas
Sagradas Escrituras, para defender a legitimidade do poder político como uma extensão da
vontade divina. Além disso, será discutida a visão de Bossuet sobre a monarquia absoluta
de direito divino, seu papel na formação do Estado e da sociedade, e como ele concebe a
autoridade política como um instrumento para promover a ordem e a justiça social. Também
serão abordados temas como a relação entre igreja e estado, o papel da religião na
governança política e os deveres do governante segundo a perspectiva bossuetiana. Por
fim, será analisada a relevância contemporânea das ideias de Bossuet sobre o poder
político e sua influência na teoria política moderna.
O principal ponto a ser discutido será a tentativa de Bossuet de conter a política
expansionista de Luís XIV, argumentando que os príncipes ambiciosos e conquistadores
são punidos por Deus. Bossuet propõe o modelo de um príncipe humilde que rejeita a
busca pela glória como ideal a ser seguido pelos governantes cristãos, alegando que tal
postura fortaleceria o poder do príncipe. A apresentação explorará como Bossuet
fundamenta esses argumentos na teologia cristã e como suas ideias influenciaram o
pensamento político da época.
Introdução
Bossuet confronta a política expansionista de Luís XIV no final do século XVII, buscando
preservar o absolutismo na França. Em seu nono livro da "Politique", escrito em 1701,
Bossuet destaca os riscos das guerras de conquista para o poder do rei. Ele alerta que
príncipes ambiciosos, como Luís XIV, são punidos por Deus por sua arrogância e desejos
de expansão territorial, citando o exemplo de Nabucodonosor como modelo de conquistador
injusto. Bossuet enfatiza a soberania divina sobre os reis e adverte que aqueles que
desobedecem aos preceitos divinos enfrentarão severas consequências. Ele argumenta que
as concessões territoriais feitas por Luís XIV durante a Guerra da Liga de Augsburgo foram
uma forma de castigo divino para humilhá-lo. Bossuet defende a ideia de que Deus dirige a
história dos homens e que os reis devem agir de acordo com Sua vontade, caso contrário
serão punidos. Sua concepção providencialista estabelece os reis como ministros de Deus
na Terra, cuja missão é manter a ordem e a justiça sob pena de sofrerem as consequências
da ira divina. Bossuet adverte sobre os castigos divinos que aguardam os príncipes
ambiciosos e conquistadores, usando exemplos bíblicos para ilustrar sua argumentação.
Ele destaca que esses líderes, ao se considerarem superiores e desejarem a glória para si,
enfrentarão a ira de Deus e serão punidos severamente. O objetivo de Bossuet é alertar
Luís XIV sobre os perigos de sua política expansionista, buscando convencê-lo a abandonar
seus desejos de conquista. Além disso, Bossuet utiliza passagens do Evangelho para
argumentar contra a busca desenfreada por glória terrena, enfatizando a importância da
salvação da alma. Ele critica os meios materiais utilizados por Luís XIV para celebrar sua
glória, destacando que apenas o espiritual tem valor diante de Deus. Para Bossuet, a
salvação está intrinsecamente ligada à religião, moralidade e ao cumprimento dos deveres
de estado. Ele aborda as condições de salvação para os ricos e os pobres, além de discutir
os desafios específicos enfrentados pelos reis. Bossuet destaca a necessidade de uma luta
contra a miséria e posicionamentos políticos que estejam alinhados com os princípios
religiosos.
O PRÍNCIPE DEVE SER HUMILDE
Bossuet, em sua obra, recomenda a virtude da humildade aos reis cristãos, alertando sobre
os perigos das glórias mundanas. Ele critica as celebrações exageradas promovidas por
Luís XIV após suas conquistas militares, argumentando que a verdadeira grandeza está em
reconhecer a ajuda divina e evitar o orgulho. Bossuet destaca que a humildade é essencial
para a salvação da alma e defende que os reis devem seguir o exemplo de Jesus Cristo,
que viveu de forma humilde. Em contraste com a visão de Maquiavel, que valorizava a
glória do príncipe, Bossuet defende a moderação e a humildade como virtudes essenciais
para os governantes cristãos. Ele busca refutar as ideias do autor florentino, destacando a
importância da virtude religiosa na política e na governança. Bossuet enfatiza que a glória
terrena não deve obscurecer a consciência moral dos reis, e que eles devem resistir às
tentações do orgulho. Ele recorre aos evangelhos para mostrar que os verdadeiros líderes
devem priorizar a humildade e seguir os ensinamentos de Cristo. Ao contrário do ideal
maquiavélico de poder absoluto, Bossuet promove uma visão de governo baseada na
moderação e na busca pela salvação espiritual. Ele argumenta que os reis devem exercer
seu poder de acordo com os princípios cristãos, estabelecendo assim o reino de Deus na
Terra. Essa abordagem contrasta com a concepção renascentista de glória e poder secular,
defendida por Maquiavel, destacando a importância das virtudes religiosas na conduta dos
governantes cristãos. Na França do século XVII, Bossuet e outros pregadores lembravam
aos príncipes que, apesar de seu poder, eram igualmente frágeis, pecadores e mortais
diante de Deus. Bossuet defendia uma autoridade real submissa à razão, alertando os
príncipes para agirem com inteligência e disciplina, evitando agir por impulsos ou caprichos.
Ele fundamentava seus argumentos na Sagrada Escritura, influenciado pela tradição cristã,
considerando-a como expressão da verdade. Embora o título de sua obra "Politique" sugira
uma base exclusivamente bíblica, Bossuet compôs sua tese independentemente,
recorrendo à Escritura para fundamentá-la. Ele preferia o Antigo Testamento por sua
abundância de textos históricos e preceitos relativos ao governo. No entanto, sua
interpretação literal e restrita do Antigo Testamento pode apresentar inconvenientes, como
destacado por Truchet. Bossuet também recorria a Santo Agostinho, demonstrando uma
admiração pelo padre da Igreja em suas análises políticas e morais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Referências Bibliográficas
Wikipédia:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Politique_tir%C3%A9e_de_l%27%C3%89criture_sainte#:~:text=L
a%20Politique%20tir%C3%A9e%20des%20propres,saintes%20dans%20le%20but%20d'
Acesso feito no dia 15/04/2024 às 01:25 da madrugada.
BOSSUET: PODER DIVINO E PODER POLÍTICO. Artigos & Ensaios, Revista Varia
Scientia v. 06, n. 12, p. 51-68, Maria Izabel B. Morais Oliveira, Mestre em História Social
pela Universidade Federal Fluminense. Aluna do Curso de Doutorado em História
Cultural na Universidade de Brasília. Data de recebimento: 11/04/07. Data de aceite
para publicação: 17/05/07.