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Além Paraíba
2023
Gabriel Enrique de Oliveira Rocha
Além Paraíba
2023
Ficha Catalográfica
Banca examinadora:
_______________________________________
Prof. Coordenador Tafarel Araújo
_______________________________________
Prof.ª Orientadora Milla Martins Cavallieri Lameira
_______________________________________
Professor Convidado
Aprovada
_______________
Nota
______________________________________
Prof. Tafarel Araújo
Coordenador do curso de Nutrição
ABSTRACT
ROCHA, Gabriel Enrique de Oliveira the consequences of the incorrect complementary food
introduction. Monograph (Graduation in Nutrition) - Faculty of Health Sciences Archimedes
Theodoro - Fundação Educacional de Além Paraíba - FEAP, Além Paraíba - Minas Gerais,
2023.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ingredientes e Alimentos a serem evitados: ovo..................................... 18
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................13
2. OBJETIVOS..............................................................................................................14
2.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................................14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................................14
3. METODOLOGIA......................................................................................................15
4. INTRODUÇAO ALIMENTAR.................................................................................16
4.1 INTRODUÇÃO ALIMENTAR COMPLEMENTAR...............................................16
4.2 TÉCNICAS DE INTRODUÇÃO ALIMENTAR COMPLEMENTAR....................16
4.2.1 MÉTODO TRADICIONAL......................................................................................16
4.2.2 MÉTODO BLW.........................................................................................................17
4.2.3 MÉTODO BLISS.......................................................................................................18
4.3 ALERGIAS E INTOLERÊNCIAS ALIMENTARES...............................................19
5. CONSEQUÊNCIAS DA IAC INCORRETA............................................................27
5.1 TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO SENSORIAL........................................27
5.2 ATRASO NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SENSORIAIS E
MOTORAS.........................................................................................................................28
5.3 SELETIVIDADE ALIMENTAR...............................................................................29
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................30
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1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS:
3. METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura. Esse tipo de revisão refere-se
a uma publicação ampla com a finalidade de discutir o desenvolvimento de um assunto de
acordo com determinados pontos de vistas diferentes. Quando se trata desse tipo de estudo,
constituem basicamente da análise da literatura publicada em artigos científicos, livros,
revistas impressas ou eletrônicas na interpretação e análise crítica do autor, e tem como
objetivo permitir ao leitor uma atualização do seu conhecimento sobre um determinado tema
(ROTHER, 2007).
Para essa revisão, foi realizada uma busca por artigos, livros, dissertações e teses nas
bases de dados do PubMed, Google Acadêmico e Scielo. Além da busca nas bases de dados.
As buscas ocorreram no mês de setembro de 2023 e as palavras-chave utilizadas foram:
introdução alimentar complementar, alergias e intolerâncias alimentares, métodos de
introdução alimentar, etc.
Como critério de inclusão dos materiais literários neste estudo, definiu-se o período
de publicação a partir de 2001 pela possibilidade de ser encontrado um maior número de
pesquisas e artigos científicos sobre o tema. Além disso, incluíram-se artigos
disponibilizados em português, espanhol e inglês, dissertações, teses, livros digitais e sites.
Como critérios de exclusão, foram rejeitados os materiais literários que não tinham
relação direta com o tema proposto pelo trabalho.
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4 INTRODUÇÃO ALIMENTAR
Partindo do fato que a introdução alimentar é o processo pelo qual são inseridos outros
alimentos na dieta da criança, a alimentação complementar trata-se de introduzir novos
alimentos na base alimentar infantil, complementando o leite materno (GONSALEZ, 2014).
O início desse processo é fundamental no desenvolvimento do paladar da criança, contudo ele
tem sido, muitas vezes, apressado por fatores diversos. É notado que a duração do
aleitamento materno exclusivo (6 meses) e do tempo total de aleitamento materno (no mínimo
2 anos) está sendo reduzido gradativamente. Com isso, a iniciação da introdução alimentar
complementar está, não somente sendo iniciada precocemente, mas também com alimentos
nutricionalmente inadequados para a idade das crianças (LOPES, 2015). A prática da
alimentação deve complementar o leite (materno ou fórmula láctea) e não substituí-lo
(Cozzolino & Cominetti, 2013).
O aleitamento materno exclusivo por 6 meses é altamente recomendado. Os alimentos
sólidos complementares que não sejam o leite materno não devem ser introduzidos até 4 a 6
meses de idade. Não há evidência convincente de que a introdução tardia além desse período
previne o desenvolvimento de doença atópica (Jennings & Prescott, 2010).
A técnica BLISS (introdução de sólidos guiada pelo bebê) é uma variação da BLW
(desmame guiado pelo bebê). A ideia proposta é deixar o bebê explorar os alimentos com as
próprias mãos, ou seja, ele vai tocar, explorar e ingerir a quantidade que ele quiser, por isso
ficar atento aos sinais de saciedade e fome. A maior diferença entre os dois métodos é que
este preconiza o uso de alimentos em pedaços maiores, para deixar a criança entretida, curiosa
e descobrindo o seu paladar. É importante ressaltar que no momento das refeições, a atenção
do bebê deve estar voltada aos alimentos (TOWNSEND, et al., 2012).
Quanto à variedade alimentar oferecida pelos métodos, estudos demonstram que o
BLW e BLISS apresentam melhores resultados em comparação ao tradicional, de modo que
aos 7 meses evidenciou-se uma ingestão de frutas e vegetais equivalente, porém, maior
variedade geral do BLISS em comparação ao BLW. Nessa perspectiva, aos 24 meses o
método BLISS apresentou grande variedade quando comparado ao tradicional (MORRISON,
et al., 2018).
Conclusões de um estudo realizado por TOWNSEND et al. (2012), a partir da
aplicação de um questionário de preferência alimentar de 151 itens em 155 bebês de 20-78
meses de idade, constataram maior preferência por carboidratos em crianças que
utilizaram os métodos BLISS e BLW, e naquelas que se classificaram como “alimentação
tradicional” houve favoritismo pelos alimentos doces. Entretanto, cabe destacar o viés de
recrutamento deste estudo e a data de pesquisa, assim, é necessário ponderação ao
analisar os resultados (BOSWELL, et al., 2021). Além disso, acredita-se que a apresentação
precoce e frequente de vegetais, como proposto pelo BLISS, permite a modulação do
paladar e com isso a maior aceitação desses alimentos, que possuem um sabor amargo
(ROWAN, et al., 2018). Nesse ínterim, foi observado maior consumo de frutas e
vegetais na infância por crianças que utilizaram o BLISS, demonstrando efeito a longo
prazo na modulação da preferência alimentar (MORRISON, et al., 2018).
Cabe ressaltar que a garantia de uma oferta variada de alimentos dos métodos
guiados pelo bebê depende dos hábitos familiares saudáveis e a apresentação de alimentos
para o desenvolvimento adequado da criança. Sendo assim, uma dieta familiar inadequada
culmina na baixa ingestão de ferro e alto consumo de gordura saturada e sódio, o que
por sua vez, contribui para o desenvolvimento futuro de obesidade infantil (NUZZI, et al.,
2022).
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Visto que aproximadamente 70% das células imunes estão localizadas no tecido
linfoide associado ao intestino (GALT), esforços para restaurar a saúde intestinal devem
melhorar a função do sistema imune e modular as respostas alérgicas. Além de eliminar os
alimentos problemáticos, outras medidas incluem otimizar a acidez do estômago e a função
enzimática; a identificação e o tratamento contra patógenos, tais como bactérias, leveduras e
parasitas; restaurando a função da barreira intestinal; restaurar o estado nutricional e o
equilíbrio da microbiota intestinal (KRAUSE et al., 2018).
Para ajudar a identificar e evitar alimentos agressores, as listas de alergias
específicas que descrevem os alimentos a serem evitados, indicando as palavras-chave para
identificação do ingrediente e a apresentação de substitutos aceitáveis, são úteis e necessários
no aconselhamento. Nas figuras a seguir está ilustrado como eliminar alimentos com alto teor
alergênico, como ovo, leite, trigo e amendoim (KRAUSE et al., 2018).
Figura 1.1
21
Figura 1.2
Figura 2.1
22
Figura 2.2
Figura 2.3
23
Figura 2.4
Figura 3.1
Segundo um estudo realizado em 2007, apenas 11% das crianças alérgicas a ovos e
19% das crianças alérgicas ao leite resolvem suas alergias aos 4 anos. No entanto, quase 80%
resolvem essas alergias aos 16 anos (Savage et al., 2007; Skripak et al., 2007). A alergia ao
amendoim tende a ser duradoura para a maioria das crianças, com apenas cerca de 20% das
crianças capazes de resolvê-la (Sicherer e Sampson, 2010).
24
Figura 3.2
Figura 3.3
25
Figura 4.1
Figura 4.2
Figura 4.3
26
Figura 5
A cavidade oral não é somente responsável por formar o bolo alimentar, como
também por conduzi-lo até o estômago. Mastigar e deglutir são funções complexas que
exigem atividade neuromuscular precisa e refinada, possibilitadas via ação sensorial-motora.
Os reflexos orais estão entre os primeiros a serem desenvolvidos e
experimentados pelo ser humano. Desde idade gestacional muito tenra, tem-se as primeiras
ações orais. O feto, com cerca de nove semanas, apresenta sua primeira experiência oral com
a abertura da boca. Entre as 10ª e 12ª semanas já é capaz de deglutir e por volta da 20ª semana
tem sucção. A coordenação entre a deglutição, sucção e respiração por sua vez, só está
presente por volta da 34ª semana de idade gestacional (STEVENSON, 2003).
De acordo com PRIDHAM (2004), a evolução do comportamento alimentar da
criança com a introdução de novos tipos de nutrientes, com diferentes texturas e consistências
e novos modos de oferta, inicia por volta do sexto mês de vida e depende da oportunidade de
prática que o lactente tenha. Ressalta aspectos como desenvolvimento motor-oral,
coordenação mão-boca, habilidade motora fina, postura corporal e nível de interação
comunicativa. Ainda afirma que a aceitação de novos alimentos depende da sua introdução
nesse estágio de desenvolvimento.
Por volta do quinto mês de vida do bebê, já pode ser observado um padrão
primitivo de mastigação. Esta função, inicialmente reflexa, aparece sob a forma de mordida
repetitiva caracterizada por mordida fásica e estereotipada. Neste momento ainda é comum a
sucção no auxílio da mastigação de alimentos semissólidos (STEVENSON, 2003). Este
padrão vai evoluindo e por volta do sexto mês, o modelo de mastigação é descrito por alguns
autores como munching, que é caracterizado pelo amassamento do alimento, não havendo
eficiência na mastigação para todo tipo de alimento.
A necessidade de autonomia é mais acentuada no décimo ao décimo primeiro
mês, fazendo com que a criança escolha uma refeição formado por pedaços de alimentos
preferindo manipulá-los com as mãos, rejeitando a utilização de colher (CARRUTH, 2002).
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de tudo que foi exposto neste trabalho, foi possível perceber e confirmar
o quanto o aleitamento materno exclusivo no primeiro semestre de vida do bebê possui papel
fundamental para o desenvolvimento do mesmo, trazendo várias vantagens para ele agora e
no futuro (desenvolvimento do paladar, seletividade alimentar, etc) e para a mãe.
Também foi visto que a introdução alimentar iniciada no tempo ideal e de
forma correta é totalmente eficaz e benéfica, já que auxilia no desenvolvimento da criança e
evita problemas futuros, como hipertensão, diabetes e obesidade. E que caso ela seja feita de
forma precoce pode causar malefícios à saúde do bebê, sendo importante ficar sempre atento
aos sinais de prontidão, a forma e a idade correta de se introduzir os alimentos.
Sabendo que existem vários métodos que podem ser adotados pelos pais e
cuidadores neste momento de introduzir a alimentação complementar e levando em
consideração que a adaptação pode variar de acordo com cada bebê, o BLISS foi apresentado
como uma técnica que está se tornando bastante eficaz devido a forma de interação do bebê
com o alimento, ao deixá-lo conhecer texturas, cores, formatos e sabores diferentes.
Sendo assim, o desenvolvimento do trabalho proporcionou diversos novos
conhecimentos sobre a introdução alimentar complementar, além de proporcionar para a
sociedade (em especial para os pais e cuidadores) informações e aprendizados sobre os
assuntos em questão.
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