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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE NUTRIÇÃO

DAMILLY ROCHA DE OLIVEIRA PETRUZZA ALEXANDRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

NUTRIÇÃO SOCIAL E COLETIVA

BRAGANÇA PAULISTA
2023
DAMILLY ROCHA DE OLIVEIRA PETRUZZA ALEXANDRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

NUTRIÇÃO SOCIALE COLETIVA

Relatório apresentado à disciplina de Estágio em


Nutrição Social e Coletiva como parte dos requisitos
exigidos para aprovação no componente curricular.

PROFESSOR SUPERVISOR: Carolina Freiria e Julia Zuin

LOCAL DE ESTÁGIO: Unidade Básica de Saúde - Unidade Escola; Divisão de


Alimentação e Nutrição de Atibaia

PRECEPTOR DO ESTÁGIO: Carolina Freiria e Stefany Guerreiro Lima; Ana Paula


dos Santos Silva

BRAGANÇA PAULISTA
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................3

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA UNIDADE ESCOLA..................................................................................6

2.1 DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL INFORMATIVO ..................................................................................................6


2.2 ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL...........................................................................................6
2.3 PARTICIPAÇÃO EM GRUPOS MULTIDISCIPLINARES ..................................................................................................7
2.4 TRIAGEM DOS PACIENTES ................................................................................................................................8
2.5 ATENDIMENTO NUTRICIONAL ...........................................................................................................................8

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA DIVISÃO DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE ATIBAIA ..........................9

3.1 ADEQUAÇÃO DO CARDÁPIO..............................................................................................................................9


3.2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL .............................................................................................................................10
3.3 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL COM OS PAIS ..........................................................................................11
3.4 ROTINA ALIMENTAR NA CRECHE ......................................................................................................................12
3.5 VIVÊNCIA NA CRECHE COMUNITÁRIA MÃE NATUREZA .........................................................................................13

4 DESAFIOS ENFRENTADOS .........................................................................................................................15

5 DISCUSSÃO ...............................................................................................................................................16

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................18

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................19

8 ANEXO I – MATERIAL ................................................................................................................................21

9 ANEXO II – GRÁFICO DO DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL POR SEGUIMENTO ..............................................24

10 ANEXO III – AÇÃO DO ESTÁGIO - FOLDER INFORMATIVO .........................................................................25


3

1 INTRODUÇÃO

A Nutrição Social e Coletiva é uma área da nutrição que se dedica ao estudo e


à intervenção em questões nutricionais que afetam populações ou grupos de pessoas.
Ela tem como objetivo promover a saúde e o bem-estar da população por meio da
melhoria da alimentação e da nutrição.
No contexto da saúde pública, a Nutrição Social e Coletiva é importante por
diversos motivos. Em primeiro lugar, a alimentação é um determinante fundamental
da saúde. Uma alimentação saudável pode ajudar a prevenir doenças crônicas não
transmissíveis, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.
Além disso, a alimentação é um direito humano. Todas as pessoas têm o direito
de ter acesso a alimentos seguros, nutritivos e acessíveis. A nutrição atua para
garantir esse direito, promovendo políticas públicas que promovam a segurança
alimentar e nutricional.
Somado a isso, a alimentação é um fator de inclusão social. Uma alimentação
saudável pode ajudar a reduzir as desigualdades sociais e promover a justiça social,
promovendo a equidade em saúde e nutrição, para garantir que todos tenham acesso
a uma alimentação adequada.
Nas escolas, por exemplo, a atuação do nutricionista é de suma importância
para a promoção da saúde e do desenvolvimento das crianças e adolescentes. A
realização do diagnóstico do estado nutricional é uma ferramenta para identificar
possíveis carências ou excessos nutricionais. Já as ações de educação alimentar e
nutricional podem ajudar a reduzir a prevalência de obesidade e de outras doenças
crônicas não transmissíveis.
O CFN possui uma resolução específica, resolução 475 DE 2010 que dispõe
sobre as atribuições numéricas mínimas de referência no âmbito do Programa de
Alimentação Escolar (PAE) e dá outras providências. No âmbito da nutrição social e
coletiva, compete ao nutricionista: realizar o diagnóstico e o acompanhamento do
estado nutricional, calculando os parâmetros nutricionais para atendimento da
clientela com base no resultado da avaliação nutricional, e em consonância com os
parâmetros definidos em normativas do FNDE; estimular a identificação de indivíduos
com necessidades nutricionais específicas, para que recebam o atendimento
adequado no Programa de Alimentação Escolar (PAE)
4

Iniciei o ciclo de estágio em nutrição coletiva e social na Unidade escolar - ESF


(estratégia saúde da família) São Francisco de Assis. Esta unidade funciona por meio
do COAPES (contratos organizativos de ação pública ensino-saúde). Alunos dos
cursos da saúde, incluindo a nutrição, realizam atividades de extensão e estágios
curriculares. As atividades desenvolvidas pelos alunos de nutrição são: atendimentos
individualizados e em grupos; visitas domiciliares; rodas de conversas; e atividades
multidisciplinares. O estágio foi realizado no período da tarde (13:00h às 17:00h), nas
segundas e terças-feiras, do dia 14 de agosto ao dia 16 de setembro de 2023,
totalizando 28 horas.
As demais horas de estágio foram cumpridas na Divisão de Alimentação e
Nutrição de Atibaia. A alimentação escolar no município de Atibaia é realizada no
modelo de autogestão e terceirização. A divisão de Alimentação e Nutrição de Atibaia,
quadro técnico e administrativo da autogestão, fica centralizada no galpão de
armazenagem de não-perecíveis, localizado no bairro Atibaia Jardim. O quadro
técnico é composto por seis nutricionistas, sendo uma responsável técnica (RT), as
atribuições são divididas entre elas, no entanto a elaboração de cardápios e gestão
das merendeiras é de competência da RT. A divisão é responsável pelo atendimento
das 89 escolas públicas presentes no município, no total são 30.000 alunos
atendidos.
As atividades de educação alimentar e nutricional e diagnóstico nutricional,
estão em processo de implantação, visto que até 2020 o município tinha apenas a
nutricionista responsável técnica para gerenciar todas as demandas da divisão.
Mesmo sem um plano de ação implantado, as atividades EAN estão presentes
nos planos pedagógicos escolares e são realizadas pelas professoras com suporte da
equipe da alimentação escolar. Além disso, quando necessário são realizadas
reuniões de educação alimentar e nutricional com os pais, em que são abordados
temas, como: classificação dos alimentos; importância da alimentação saudável;
consumo de produtos ultra processados e as suas consequências; seletividade
alimentar; dicas e estratégias para melhorar a alimentação.
Em contrapartida, há um protocolo implantado para o atendimento das
restrições alimentares. Este protocolo consiste na escola enviar o laudo médico para
equipe de nutrição, que já orienta as merendeiras a realizarem as devidas alterações.
Posteriormente, a equipe de nutrição solicita, via paciente, que o médico preencha um
5

questionário próprio para detalhamento da situação do paciente, possibilitando um


melhor atendimento das necessidades do escolar.
6

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA UNIDADE ESCOLA

2.1 Desenvolvimento de material informativo


Desenvolvemos materiais informativos que nos auxiliaram nas demais
atividades desenvolvidas durante o período do estágio, na unidade escola. E para
serem entregues para os pacientes e /ou participantes das atividades realizadas.
Conforme anexo I.
Todos os materiais elaborados tinham como base e referência o guia de
alimentar para população brasileira, e o objetivo de instruir a população sobre o que é
“uma alimentação saudável” e tudo que a envolve, além de mostrar o caminho para
que cada individuo seja capaz de fazer as escolhas mais apropriadas para si.

2.2 Atividade de Educação Alimentar e Nutricional


Realizamos uma atividade com as crianças e seus responsáveis que estavam
na unidade para retirada do leite (projeto VIVALEITE). O objetivo desta atividade foi
evidenciar a alta quantidade de açúcar presente nos alimentos industrializados e
explicar as consequências do alto consumo destes alimentos no nosso organismo.
Além disso, junto com eles pensamos em melhores opções de alimentos para serem
consumidos no dia a dia.

Público: Crianças Nº de participantes: Não foi


contabilizado.
Local: Unidade Escola Duração Geral: 1 hora
Parceiros: Colegas estagiários de nutrição.
Problemática/questão principal: Aumento da obesidade infantil
Objetivos Temas/ Atividades/ Recursos Temp Responsáv
Conteúdos Estratégias/ necessário o el
Dinâmicas s
Melhorar a Quantidade de Visualização Cartaz 30 Estagiários
alimentaçã
Açúcar em da contendo min. de nutrição
o infantil
dentro de Alimentos Quantidade imagem do (1º ciclo)
casa.
7

Industrializado de Açúcar em alimento e


s. Alimentos saquinho
Industrializad com a
os e bate quantidade
papo. de açúcar.
Avaliação: A atividade foi positiva, as crianças interagiram e perguntaram bastante.

Tabela 1 – Atividade de Educação Alimentar e Nutricional realizada com crianças e


seus responsáveis.

2.3 Participação em grupos multidisciplinares


No grupo do Hiperdia (hipertensão e diabetes) realizamos palestras e
dinâmicas, com objetivo de capacitar os pacientes quanto a classificação dos
alimentos, de acordo com o guia alimentar, desenvolvendo assim a autonomia de
melhores escolhas alimentares. Além disso, foram dadas dicas de substituição de
alimentos e dúvidas foram sanadas.
No grupo do tabagismo participamos como ouvintes, mas tivemos um momento
de fala para contribuir com estratégias alimentares saudáveis no processo de parar
de fumar.

Público: Participantes do grupo HiperDia Nº de participantes: 10 a 15


Local: Unidade Escola Duração Geral: 2 horas
Parceiros: Residentes da equipe multidisciplinar
Problemática/questão principal: Dificuldade no controle da diabetes e
hipertensão.
Objetivos Temas/ Atividades/ Recursos Tempo Responsável
Conteúdos Estratégias/ necessários
Dinâmicas
Capacitar Classificação Dinâmica de Fotos de 30 Estagiários
os
e montagem alimentos. min. de nutrição
pacientes
portadores composição de pratos. (1º ciclo)
de HAS e
dos
DM a
fazerem alimentos.
escolhas
8

alimentares
mais
saudáveis.
Avaliação: A atividade foi produtiva e positiva, visto que os participantes
participaram ativamente, perguntaram bastante e tiraram muitas dúvidas.

Tabela 2 – Atividade de Educação alimentar e Nutricional realizada no grupo do


HiperDia.

2.4 Triagem dos pacientes


A triagem era realizada com auxílio da enfermagem, que fazia aferição de
pressão arterial e nos deixava responsável pela avaliação antropométrica: peso,
altura, circunferência do quadril e cintura, e pelo questionário de doenças preexistente
e de frequência alimentar. Quando o paciente apresentava diabetes ou hipertensão
era feito o convite para participação do grupo HiperDia.

2.5 Atendimento nutricional


Os atendimentos foram realizados em dupla ou trio, com foco em entender as
dificuldades alimentares dos pacientes, que englobam desde a situação financeira,
doenças preexistentes, rotina diária até comportamento alimentar, e com base nestas
informações montávamos estratégias alimentares qualitativas. Além disso, fazíamos
uma breve educação alimentar e nutricional com auxílio do material que desenvolvido.
As orientações eram entregues aos pacientes no momento da consulta, porém o plano
alimentar era entregue no retorno da consulta, para que a preceptora tivesse tempo
hábil para correção.
9

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA DIVISÃO DE ALIMENTAÇÃO E


NUTRIÇÃO DE ATIBAIA

3.1 Adequação do cardápio

Como os cardápios já estavam elaborados, efetuei a verificação de adequação


de um do cardápio para o ensino fundamental I (6-10 anos) período parcial, com a
legislação do PNAE. O cardápio apresenta duas refeições. Os parâmetros de
quantidade de frutas e hortaliças semanais estavam de acordo com a legislação. Já a
oferta de alimentos fontes de ferro, se baseia na oferta de alimentos fonte de ferro não
heme, no entanto o fornecimento de alimentos facilitadores de sua absorção, os ricos
em vitamina c, precisam ser ajustados. Alimentos fonte de vitamina A são ofertados
conforme solicitado.
Os alimentos que possuem limitação de oferta pela legislação, são os pontos
críticos deste cardápio. As bebidas lácteas com aditivos ou açucarados tem sua oferta
limitada em uma vez por mês, porém é ofertado todos os dias. O pão tem sua oferta
limitada a três vezes por semana, no entanto é ofertado todos os dias. Além destes, o
uso de margarina ultrapassa o limite de duas vezes ao mês. De maneira que, o
cardápio em questão excede a oferta calórica determinada para esta faixa etária, que
seria de 493 Kcal (30% da necessidade diária). Na análise os macros e
micronutrientes, no geral, estão dentro do valor referenciado na legislação.
Todavia, é importante ressaltar o quão desafiador é a elaboração de
cardápios escolares, visto toda a burocracia envolvida. O orçamento limitado e a
compra via licitação impactam na oferta de alimentos e variedade deles. A logística e
o planejamento para compra e armazenamento adequado dos alimentos impactam
nas escolhas das preparações. Além disso, o tempo de preparo e a quantidade de
mão-de-obra também interferem nas escolhas.
Somando-se a isso, a aceitação das preparações pelos estudantes, também é
um ponto crítico. A legislação do PNAE determina periodicidade, limita e proíbe a
oferta dos alimentos, principalmente dos ultras processados, o que muitas vezes vai
em contramão ao que o escolar está habituado a se alimentar em casa, gerando
recusa e desperdício. Atividades e palestras de educação alimentar e nutrição são
desenvolvidas com as crianças e com os pais visando a mudança deste cenário.
10

3.2 Avaliação Nutricional

Na Escola municipal de ensino fundamental Professora Serafina de Luca


Cherfen, realizei com o auxílio da minha preceptora a triagem nutricional de todos os
alunos. A escola possui uma turma de cada seguimento (1º, 2º, 3º, 4º e 5º ano), no
total são 169 alunos, estes estudam em período integral, das 07:30h às 16:30h. A
avaliação nutricional foi realizada conforme o preconizado pelas orientações para a
coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde. As medidas
antropométricas realizadas foram o peso e a altura e o diagnóstico nutricional foi
realizado de acordo com o índice de massa corpórea (IMC) por idade, através do WHO
2007, com auxílio do sistema WHO Anthroplus.
Os dados foram planilhados e para melhor visibilidade e entendimento da
situação nutricional foram feitos gráficos por seguimento (anexo II) e um gráfico geral.

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL GERAL

9%
20%
AUSENTE
1%
12% EUTROFIA
OBESIDADE
58% OBESIDADE GRAVE
SOBREPESO

Figura 1 – Gráfico da avalição nutricional dos estudantes da escola Serafina


em Atibaia, 2023.

O resultado obtido nos mostra que um terço dos estudantes estão acima do
peso, evidenciado a necessidade de desenvolvimento de ações de educação
alimentar e nutricional, e nos casos de obesidade e obesidade grave aconselhar a
família a buscar por acompanhamento médico e nutricional.
11

Contudo, é importante ressaltar que o corpo técnico está desenvolvendo um


planejamento de ações de EAN para o ano de 2024, a fim de promover a saúde no
ambiente escolar e a redução da incidência de doenças e agravos crônicos e não
transmissíveis, tais como obesidade, hipertensão arterial e diabetes mellitus.

3.3 Educação Alimentar e Nutricional com os pais

Tive a oportunidade de participar de uma reunião de educação alimentar e


nutricional realizada com os pais de escolares que possuem dificuldades alimentares,
foi um momento muito prazeroso de troca de informações, onde foi possível entender
a realidade alimentar dos alunos em casa e instruí-los como melhorar este ambiente
alimentar, com dicas e estratégias.

Público: Pais de crianças com dificuldades Nº de participantes: 5


alimentares na escola
Local: EMEI Duração Geral: 1 hora
Parceiros: Coordenadora da escola
Problemática/questão principal: Importância de hábitos alimentares saudáveis
Objetivos Temas/ Atividades/ Recursos Tempo Responsável
Conteúdos Estratégias/ necessários
Dinâmicas
Melhorar Classificação dos Roda de Folder 90 Nutricionistas
alimentação alimentos; conversa minutos e estagiária.
dos seletividade
escolares. alimentar;
dicas e
estratégias para
driblar as
dificuldades na
alimentação em
casa.

Avaliação: Ação eficaz, os pais expuseram suas dificuldades e equipe de nutrição


pode auxiliá-los com dicas, estratégias e informação.
Tabela 3 – Atividade de Educação alimentar e Nutricional realizada com os pais.
12

3.4 Rotina alimentar na creche


Com o objetivo de mapear pontos positivos e pontos a melhorar, fiquei uma
semana na C.E.I. Professora Fabiana Bruno Orujian, para acompanhar a rotina
alimentar dos bebês e crianças.
No berçário, participei de uma atividade lúdica: conhecendo as frutas. No
primeiro momento da atividade foi passado um vídeo musical, o trem das frutas; no
segundo momento, a música foi pausada para apresentação física de cada fruta e as
crianças podiam tocar e sentir o cheiro das frutas; terceiro momento, a música era
pausada a cada fruta citada e a fruta era servida para degustação. A atividade foi
positiva e os bebês interagiram, se divertiram e tiveram contato com diferentes
cheiros, sabores e texturas.
A introdução alimentar complementar dos bebês é feita em conjunto com as
famílias, que são instruídas a manter em casa uma rotina e cardápio alimentar
semelhante ao da escola, e em caso de dificuldades é solicitado, à família, que busque
acompanhamento nutricional para auxiliar neste processo.
As crianças, com idade acima de um ano e meio, realizam as refeições no
refeitório. A distribuição e porcionamento das refeições são realizados pelas
professoras. Observei um momento feliz e descontraído e as crianças aceitam bem
as preparações.
No entanto, notei uma falta de padronização no porcionamento das
preparações e oferta destas de acordo com as “preferências” alimentares das
crianças, entretanto, visto que estas crianças estão em introdução alimentar e
formação do hábito alimentar, instruir que fosse feito o porcionamento padrão para
todos e a oferta de todas as preparações do cardápio, para que a criança tenha
contato com as preparações e tenha autonomia de escolha. Da mesma maneira,
orientei as professoras a respeitarem o instinto de fome e saciedade das crianças e
não as forçar a comer.
Ademais, observei uma dificuldade das professoras em lidar com as crianças
que apresentam dificuldades alimentares, então para auxiliá-las elaborei um folder
informativo sobre as dificuldades alimentares e como lidar com elas no ambiente
escolar. Este material foi a minha ação no estágio, juntamente com a solicitação de
que seria interessante realização de palestras direcionadas aos professores das
creches e EMEF para o manejo das dificuldades alimentares no ambiente escolar.
13

3.5 Vivência na Creche Comunitária Mãe Natureza


A Creche Comunitária Mãe Natureza, situada no bairro Itapetininga, é
fundamentada na Pedagogia Waldorf, uma abordagem pedagógica diferente do
ensino tradicional público. Apesar de ser uma creche comunitária, a elaboração do
cardápio e o envio dos alimentos para a preparação das refeições são de
responsabilidade da divisão de alimentação e nutrição do município.
A pedagogia Waldorf tem como premissa a liberdade como forma de alcançar
a identidade, de maneira que a ênfase do Currículo gira em torno do princípio de
autonomia educacional do aluno. Logo, o professor que pretende conduzir a criança
em liberdade precisa ser um exemplo a ser seguido, uma autoridade amorosa que
reverencia o mundo e admira o trabalho.
Nas atividades diárias pude observar a destreza das professoras em conduzir
as atividades de forma calma e tranquila, respeitando o ritmo e desenvolvimento de
cada criança.
A rotina alimentar segue os mesmos princípios, tranquila, calma, priorizando a
autonomia e desenvolvimento de cada indivíduo. As crianças sentam-se
tranquilamente, há um momento de agradecimento pelo alimento e depois esperam
serem servidas. Para garantir o silêncio total durante o verso de agradecimento e o
lanche, a professora faz um primeiro versinho com gestos que levam as mãos ao
coração, pois isso acalma as crianças. O momento do almoço, que é a refeição escolar
principal, segue a ideia do comer em família, todos sentados a mesa, até os três anos
as crianças recebem seu prato montado e a professora se senta à mesa para os
auxiliar. Já para as crianças maiores, a mesa é posta, como em casa, a criança vê
todas as preparações e escolhe o que a irá comer. As professoras deste seguimento
realizam a refeição junto com as crianças.
A escola possui uma ampla área verde, com árvores frutíferas, horta,
compostagem e apiário, que permite as crianças terem contato com a natureza de
forma natural e livre, fortalecendo o princípio do trabalho voltado para que as decisões
futuras acerca de uma alimentação saudável decorram naturalmente dos hábitos que
as crianças estão adquirindo a partir das vivências, se suas experiências forem, de
algum modo, marcantes.
Em síntese, este cenário me fez enxergar que o ambiente escolar deve
promover uma percepção e vivências diárias que moldarão os hábitos alimentares de
forma individual.
14

Figura 2 e 3 – Registro de atividades na Escola Mãe Natureza


Fonte: https://www.crechemaenatureza.com.br/site/
15

4 DESAFIOS ENFRENTADOS

Não vivenciei nenhuma situação desafiadora. Na verdade, o meu maior desafio


foi me adaptar ao funcionalismo público. Primeiramente, a burocracia que torna os
processos complexos e lentos, que dificulta o atendimento das demandas da
população escolar, por exemplo: a inclusão de novas preparações, de alimentos para
restrições alimentares, realização de atividades. Depois a falta de recursos, que
dificulta a realização de várias ações idealizadas. E por fim, a desmotivação dos
funcionários que é ocasionada pela falta de reconhecimento profissional, falta de
plano de carreira, local de trabalho inapropriado, sobrecarga de atividades e falta de
recursos, que impacta na execução adequada dos procedimentos e no ambiente
trabalho.
Esta experiência me mostrou que a melhor forma de contornar estas
dificuldades é conhecer as legislações que norteiam a área trabalhada e utilizá-las a
seu favor. Além de, trabalhar de forma estratégica e intersetorial.
16

5 DISCUSSÃO

A atuação do nutricionista na atenção primária é fundamentada por várias


políticas públicas, e a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) dispõe
sobre as diretrizes que abrangem o escopo da atenção nutricional no SUS. Logo todas
as atividades desenvolvidas no estágio na unidade escola se basearam nestas
políticas.
Tendo como base a diretriz de promoção da alimentação adequada e saudável
e promoção da saúde, foram realizadas atividades educação alimentar por meio dos
grupos, abrindo espaço para o diálogo junto a comunidade, promovendo discussões
sobre a classificação dos alimentos a partir dos níveis de processamento, a rotulagem
nutricional e a influência do marketing nos alimentos, principalmente nos alimentos
voltados ao público infantil.
As visitas domiciliares, outra atividade prevista no estágio, tem como objetivo o
atendimento nutricional paliativo, de acamados e a identificação de famílias que estão
em vulnerabilidade, para que possa se garantir a Segurança Alimentar e nutricional
(SAN), por meio do trabalho multidisciplinar e intersetorial.
Na rotina dos atendimentos nutricionais, os registros de avaliação
antropométrica (peso, altura/comprimento, circunferências) e consumo alimentar
(marcadores de consumo alimentar) no e-SUS contribuem para o desenvolvimento da
vigilância alimentar e nutricional (VAN), sendo esta outra diretriz da PNAN, com a
identificação de indivíduos/grupos com agravos ou riscos relacionados ao estado
nutricional e ao consumo alimentar, podendo subsidiar as práticas de cuidado
individuais e as coletivas.
Além disso, tivemos contato com o projeto VIVA LEITE presente em todos os
645 Municípios do Estado de São Paulo, que tem como objetivo principal oferecer um
complemento alimentar seguro e de alto valor nutritivo, enriquecido com Ferro e
Vitaminas A e D, às crianças e idosos de baixa renda que vivem em situação de
vulnerabilidade social no estado. O projeto atende famílias com crianças na faixa
etária de 6 meses a 6 anos, com renda per capita de 1/2 salário mínimo. Tem
prioridade aquelas com 1/4 de salário mínimo. Cada beneficiário recebe 15 (quinze)
litros de leite fluido, pasteurizado e integral por mês. E dentro das obrigações do
município, e consequentemente do profissional da saúde, incluindo o nutricionista da
17

APS, está o acompanhamento nutricional mensal das crianças, através da curva de


crescimento, com o envio periódico de informações sobre os resultados alcançados.
Já as atividades desenvolvidas na divisão de alimentação e nutrição escolar de
Atibaia, são fundamentadas no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
que tem sua execução detalhada pela legislação nº 6/2020 e pelo marco de referência
de Educação alimentar e nutricional para políticas públicas.
A legislação nº 6/2020, prevê a inclusão da educação alimentar e nutricional –
EAN no processo de ensino e aprendizagem, que perpassa de maneira transversal o
currículo escolar, abordando o tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de
práticas e habilidades que promovam modos de vida saudáveis, na perspectiva da
segurança alimentar e nutricional. Na prática pude observar que no município de
Atibaia a EAN é realizada nas escolas, porém os profissionais da nutrição têm pouca
ou quase nenhuma participação. No entanto, com a aumento do quadro técnico no
último ano, há um planejamento para 2024, de uma atuação mais forte e ativa na EAN
e na avaliação nutricional dos escolares, este em parceria com a secretária da saúde.
Entretanto, nas atividades de EAN que acompanhei pude observar a prática
dos princípios do marco de referência, como: da abordagem do sistema alimentar, na
sua integralidade; a Promoção do autocuidado e da autonomia; Sustentabilidade
social, ambiental e econômica.
18

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio na unidade escola me propiciou vivenciar a atuação do nutricionista


na atenção primária, que é a principal referência de cuidado em saúde para a
população adscrita, tornando-se a porta de entrada preferencial do sistema de saúde,
sendo, o momento ideal para atuação do nutricionista na promoção da saúde, na
garantia da segurança alimentar e nutricional e na qualidade de vida da população.
Ademais, como parte da nutrição social e coletiva se dedica ao estudo dos
determinantes sociais da alimentação e nutrição, através das informações coletadas
na região atendida. Este mapeamento possibilita entender os principais fatores que
influência na forma como a população se alimenta, e assim o desenvolvimento
estratégias eficazes para melhoria de saúde e alimentação da população.
Na alimentação escolar pude acompanhar a atuação do nutricionista, que
também visa a promoção da saúde e do desenvolvimento da população escolar,
porém de uma forma direta fornecendo nutrientes essenciais para o crescimento e
desenvolvimento adequado e contribuindo para formação de hábitos alimentares.
Em suma, tive a oportunidade de experenciar um pouco da realidade da
atuação do nutricionista na atenção básica e na alimentação escolar, os desafios
enfrentados e as estratégias utilizadas. E ampliar meus conhecimentos sobre as
políticas públicas que envolvem a alimentação e nutrição da população. No entanto
pude observar que mesmo a EAN sendo prevista em várias políticas públicas como:
marco de referência, PNSAN, PlanSAN, PNAE dentre outras, ainda há necessidade
de capacitação dos profissionais para uma atuação mais eficaz e abrangente
19

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Conselho Federal de Nutrição. Resolução nº 600 de 25 de fevereiro de


2018. Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas
atribuições, indica parâmetros numéricos mínimos de referência, por área de atuação,
para a efetividade dos serviços prestados à sociedade e dá outras providências.
Brasília.

BRASIL. Conselho Federal de Nutrição. Resolução nº 475 de 2010. Dispõe sobre as


atribuições numéricas mínimas de referência no âmbito do Programa de Alimentação
Escolar (PAE) e dá outras providências. Brasília, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação/Fundo Nacional de Desenvolvimento da


Educação.Resolução nº 6 de 8 de maio de 2020.Dispõe sobre o atendimento da
alimentação aos alunos de educação básica no âmbito do Programa Nacional de
Alimentação Escolar-PNAE.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em
serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional -
SISVAN / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento


de Promoção da Saúde. Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e
Nutrição na Atenção Primária à Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2022.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012.
20

SÃO PAULO. Decreto n. º44.569, de 22 de dezembro de 1999. Institui o Projeto


Estadual do Leite "VIVALEITE" dentro do Programa Estadual de Alimentação e
Nutrição para populações carentes, em substituição ao Programa Campo/Cidade-
Leite, de que trata o Decreto nº 41.612, de 7 de março de 1997, e dá providências
correlatas. Governo do Estado de São Paulo, 1999.
21

8 ANEXO I – MATERIAL
22
23
24

9 ANEXO II – GRÁFICO DO DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL POR SEGUIMENTO

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL -1º ANO


DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL - 2º

3% AUSENTE
13% 10% AUSENTE 23%
EUTROFIA
10% EUTROFIA 3%
8% OBESIDADE
OBESIDADE 63%
OBESIDADE GRAVE
SOBREPESO
SOBREPESO
67%

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL - 3º ANO DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL - 4º ANO

14% 20% 20% AUSENTE


3% EUTROFIA
17% OBESIDADE EUTROFIA
14%
66%
OBESIDADE GRAVE OBESIDADE
46% SOBREPESO
SOBREPESO

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL - 5º ANO

12%
29%
AUSENTE
EUTROFIA
9% 50% OBESIDADE
SOBREPESO
25

10 ANEXO III – AÇÃO DO ESTÁGIO - FOLDER INFORMATIVO

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