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Consagração Total a Nossa Senhora

Segundo o método de São Luís de Montfort

“... em Lou vor à San ssima Trindade e à Virgem Maria.......”

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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort

Indices
PREPARAÇÃO PARA A TOTAL CONSAGRAÇÃO..................................................................................................................3
Verdades sobre a consagração......................................................................................................................................3
Jesus Cristo é o Fim Úl mo da Devoção à Virgem Maria - Primeira Verdade...........................................................3
Pertencemos a Jesus e a Maria na qualidade de Escravos - Segunda Verdade........................................................3
Devemos esvaziar-nos do que há de mau em nós – Terceira Verdade.....................................................................4
Temos necessidade de um mediador junto ao Mediador mesmo, que é Jesus Cristo - Quarta Verdade................4
Por que se consagrar?....................................................................................................................................................5
Deus deseja servir-se de Maria na Encarnação........................................................................................................5
A Devoção à Virgem Maria é par cularmente mais necessária nestes úl mos tempos.......................................6
O cio Especial de Maria nos Úl mos Tempos.........................................................................................................6
A Devoção à Virgem Maria é ainda mais necessária àqueles que são chamados a uma par cular perfeição de
vida.............................................................................................................................................................................7
Os Apóstolos dos Úl mos Tempos...........................................................................................................................7
Como se consagrar?.......................................................................................................................................................7
Orações..........................................................................................................................................................................8
MEDITAÇÕES – Exercícios necessários........................................................................................................................11
12 DIAS Preliminares -Desapego do mundo............................................................................................................11
Primeira Semana – Conhecimento próprio.............................................................................................................21
Segunda Semana – Conhecendo Maria...................................................................................................................23
Terceira Semana – Conhecimento de Nosso Senhor...............................................................................................31
A Consagração..................................................................................................................................................................36

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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort

PREPARAÇÃO PARA A TOTAL CONSAGRAÇÃO


Verdades sobre a consagração
Jesus Cristo é o Fim Úl mo da Devoção à Virgem Maria - Primeira Verdade
Jesus Cristo, nosso Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim úl mo de todas as
devoções.
Ele é o nosso único Mestre que nos deve ensinar, o único Senhor de quem devemos depender, o único Chefe
a quem nós devemos unir, o único Modelo ao qual nós devemos assemelhar, o único médico que nos há de curar, o
único Pastor que nos deve alimentar, o Caminho único que nos deve conduzir, a única Verdade em que devemos
crer, a única Vida que nos deve animar, - o único Tudo, que nos deve bastar em todas as coisas. Não nos foi dado,
debaixo do Céu, outro Nome pelo qual devamos ser salvos, senão o Nome de Jesus.
Todo fiel que não es ver unido a Jesus, como o sarmento à cepa da vinha, cairá, secará, e só servirá para ser
lançado ao fogo. Fora de Jesus Cristo tudo é extravio, men ra, iniquidade, inu lidade, morte e condenação.
Mas, se estamos em Jesus Cristo e Jesus Cristo em nós, não há condenação a temer. Porque assim nem os
anjos do Céu, nem os homens da Terra, nem os demônios do inferno, nem qualquer outra criatura nos pode
prejudicar, pois não nos poderá separar da caridade de Deus, que está em Jesus Cristo (Rm 8, 39).
Se, pois, nós estabelecermos a sólida Devoção da San ssima Virgem, não será senão para mais
perfeitamente estabelecer a de Jesus Cristo, e para dar às almas um meio fácil e seguro de encontrar Jesus Cristo.
A maior parte dos cristãos, mesmo os mais instruídos, não sabem a ligação necessária entre Vós e Vossa
Santa Mãe. Vós estais sempre com Maria, Senhor, e Ela está sempre convosco, nem pode estar sem Vós, pois
deixaria de ser o que é. Maria está de tal modo transformada em Vós pela graça que já não vive, já nem existe: só
Vós, meu Jesus, é que viveis e reinais n'Ela, mais perfeitamente que em todos os anjos e bem-aventurados.

Pertencemos a Jesus e a Maria na qualidade de Escravos - Segunda Verdade


Devemos concluir do que Jesus Cristo é para nós, que - como diz São Paulo - não somos nossos, mas
inteiramente d'Ele, como Seus membros e escravos, comprados pelo preço infinitamente caro de todo o seu sangue
(1 Cor 6, 19-20). Antes do Ba smo pertencíamos ao diabo como seus escravos. Ao receber este sacramento,
tornamo-nos verdadeiros escravos de Jesus Cristo.
Jesus Cristo amaldiçoou a figueira estéril e condenou o servo inú l, que não nha feito render o seu talento
(Mt 21, 19; Mt 25, 24-30). Portanto o Espirito Santo nos compara a:
- Às árvores plantadas ao longo das águas da graça, no campo da Igreja, e que devem dar frutos a seu tempo
(Sl 1, 3).
- Aos ramos duma vinha de que Jesus é a cepa, e que devem dar boas uvas (Jo 15, 5).
- A um rebanho de que Jesus Cristo é o pastor, e que se deve mul plicar e dar leite (Jo 10, 1).
- A uma boa terra de que Deus é o agricultor, e na qual a semente se mul plica, produzindo trinta, sessenta
ou cem por um (Mt 13, 3-8).

Somos “Criados para as boas obras em Cristo Jesus” (Ef 2, 10).

Neste mundo, há duas maneiras de pertencer a outra pessoa e de depender da sua autoridade: a simples
servidão e a escravidão, que fazem de um homem, respec vamente, um servo ou um escravo. Pela servidão, comum
entre os cristãos, um homem compromete-se a servir outro durante um certo tempo, mediante determinada paga
ou certa recompensa. Pela escravidão, um homem depende inteiramente de outro, por toda a vida, e deve servir o
seu senhor sem pretender paga nem recompensa alguma, como um dos seus animais, sobre o qual o dono tem
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direito de vida e de morte. Há três espécies de escravidão: a natural, outra forçada e outra voluntária. Todas as
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criaturas são escravas de Deus da primeira forma: “Ao Senhor pertence a Terra e tudo o que nela está con do” (Sl
23, 1). Os demônios e os réprobos pertencem à segunda categoria, os justos e os santos à terceira.

Devemos esvaziar-nos do que há de mau em nós – Terceira Verdade

Em primeiro lugar, as nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo mau fundo
que há em nós. Quando se deita água límpida e clara numa vasilha que não tem bom cheiro, ou vinho numa pipa
cujo interior está azedado por outro vinho, que teve anteriormente, a água clara e o vinho bom ficam estragados e
ganham facilmente o mau cheiro. Do mesmo modo, quando Deus infunde em nossa alma, corrompida pelo pecado
original e atual, as suas graças e orvalhos celestes, ou o vinho delicioso do seu Amor, assim também os Seus dons
são ordinariamente manchados e estragados pelo mau fermento e mau fundo que o pecado deixou em nós. Doutra
forma, Nosso Senhor, que é infinitamente puro e que odeia infinitamente a menor mancha que vê na alma, afastar-
nos-á de Seus olhos e não se unirá a nós.
Para nos despojar de nós mesmos é preciso: Em primeiro lugar, conhecer bem, pela luz do Espírito Santo, o
nosso fundo mau, a nossa incapacidade para qualquer bem ú l à salvação, a nossa fraqueza em todas as coisas, a
nossa permanente inconstância, a nossa indignidade de toda a graça, a nossa iniquidade em toda a parte. O nosso
corpo é tão corrupto que é chamado pelo Espírito Santo corpo de pecado (Rm 6, 6; Sl 50, 7). A nossa única herança é
o orgulho e a cegueira de espírito, o endurecimento do coração, a fraqueza e a inconstância da alma, a
concupiscência, a revolta das paixões e as doenças do corpo. Somos, naturalmente, mais orgulhosos que os pavões,
mais apegados à Terra que os sapos, piores que os bodes, mais invejosos que as serpentes, mais gulosos que os
porcos, mais coléricos que os gres e mais preguiçosos que as tartarugas, mais fracos que caniços e mais
inconstantes que os cata-ventos.

Depois disto, será para admirar que Nosso Senhor tenha dito que quem o quisesse seguir devia renunciar a si
mesmo e odiar a sua própria alma? (Mt 16, 24). Que aquele que amasse a sua alma a perderia, e o que a odiasse a
salvaria? (Jo 12, 25).

Em segundo lugar, para nos despojar de nós mesmos, é preciso morrer todos os dias. Isto quer dizer que é
preciso renunciar às operações das potências da nossa alma e dos sen dos do nosso corpo, ou seja: temos de ver
como se não víssemos, de ouvir como se não ouvíssemos, de nos servir das coisas deste mundo como se delas não
nos servíssemos (1 Cor 7, 29-31).
“Se o grão de trigo cai à Terra e não morre, permanece só e não produz fruto” (Jo 12, 24). Se não morrermos
para nós mesmos, e se as nossas devoções mais santas não nos levam a esta morte necessária e fecunda, não
daremos fruto que valha. Porque então as nossas devoções tornar-se-ão inúteis, todas as nossas boas obras serão
manchadas pelo amor próprio e pela nossa vontade própria, o que fará com que Deus abomine
os maiores sacri cios e as melhores ações que possamos fazer. E, nesse caso, encontrarmos com as mãos vazias de
virtudes e méritos na hora da nossa morte, e não teremos sequer uma centelha de Puro Amor, pois este só é dado às
almas mortas para si mesmas e cuja vida está oculta com Jesus Cristo em Deus (Cl 3, 3).
Em terceiro lugar, é preciso escolher, dentre todas as devoções à San ssima Virgem, aquela que nos leva
mais a esta morte para nós próprios, porque é esta a melhor e a mais san ficante. Não se julgue, de fato, que tudo o
que brilha é ouro, que tudo o que é doce é mel, e que tudo o que é fácil e pra cado pela maior parte das pessoas é o
mais san ficante.

Temos necessidade de um mediador junto ao Mediador mesmo, que é Jesus Cristo - Quarta Verdade
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Segundo o método de São Luís de Montfort
Por que se consagrar?

“Maria é necessária aos homens para conseguir a salvação” São Luis de Mon ort

Deus deseja servir-se de Maria na Encarnação

Deus Pai e Maria – por mais ardentes que fossem os suspiros dos patriarcas e as suplicas que durante
quatro mil anos lhe fizeram os 27 profetas e os Santos da An ga Lei para obterem esse tesouro, só Maria
mereceu. Só ela encontrou graças diante de Deus pela força das suas orações e pela grandeza de suas
virtudes. O filho de Deus se fez homem para nos salvar, mas foi em Maria e por Maria. Deus Espirito Santo
formou Jesus Cristo em Maria.
Deus Filho e Maria – Como o novo Adão ao seu Paraíso terrestre, assim desceu Deus Filho ao seio virginal de
Maria para ai achar as suas delicias e operar, as escondidas, maravilhas de graça. Deus feito homem
encontrou a sua liberdade em s ver aprisionado no seio d´Ela. Achou sua glória e a de seu Pai. Maria assis u
até a sua morte, porque Jesus quis oferecer em sacri cio e ser imolado ao Eterno Pai. Ó admirável e
incompreensível dependência de um Deus! Jesus Cristo deu mais glória a Deus Pai pela sua submissão a
Maria durante trinta anos do que lhe teria dado se convertesse toda a Terra operando os maiores prodígios,
Jesus quis sempre iniciar seus milagres por Maria(san ficou São João, bodas de Caná atendendo ao humilde
pedido de sua Mãe) e por Ela con nuará até o fim dos séculos.
Deus Espirito Santo e Maria – O Espirito Santo se tornou fecundo por Maria, não quer dizer com isto que a
San ssima Virgem dê ao Espirito Santo a fecundidade, como se Ele a não vesse.

Paz e bem, assim como determina nosso fundador, Claudio Luiz Vaz, não por imposição, mas sim pelo amor
e caridade por cada missionário, sucinta está santa devoção como método complementar de nossa
formação como missionários marianos voz dos pobres.
Par ndo do conhecimento da Vontade de Deus ao qual a Devoção ao Imaculado Coração de Maria, deve-se
entender o que seria DEVOÇÃO (entrega total).

Ao se consagrar pelo método de Monfort ocorre uma doação total. E aqui temos a maior diferença e graça
dessa Consagração.

Ou seja, fazemos uma obra de caridade espiritual permanente. Ao se consagrar, mesmo que você se
esqueça, as suas boas obras são usadas (no passado, presente e futuro) para salvação de muitas almas, pela
conversão dos pecadores, pelas almas do purgatório ou seja para a Maior Glória de Deus.

Além disso, sendo a verdadeira devoção a Maria uma maneira fácil, curta, segura e perfeita para chegar a
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essa união com Nosso Senhor, que é a perfeição à imitação de Cristo, entraremos decididamente por este
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caminho, firmemente convencidos de nossa miséria e incapacidade.


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Segundo o método de São Luís de Montfort

A Devoção à Virgem Maria é par cularmente mais necessária nestes úl mos tempos

Al ssimo e a sua Santa Mãe devem suscitar grandes santos, que ultrapassarão tanto em san dade a maior
parte dos outros santos.
Essas grandes almas, cheias de graça e de zelo, serão escolhidas para se opor aos inimigos de Deus, que se
agitarão de todos os lados.
Serão singularmente devotas da San ssima Virgem, esclarecidas pela sua luz, alimentadas com seu leite,
conduzidas pelo seu espírito, sustentadas
pelo seu braço, e guardadas sob a sua proteção, de modo que hão de combater com uma das mãos e
edificar com a outra.
Com uma combaterão, derrubarão, esmagarão os heré cos com suas heresias, os cismá cos com seus
cismas, os idólatras com a sua idolatria e os pecadores com suas impiedades. Com a outra mão edificarão o
Templo do Verdadeiro Salomão e a Mís ca Cidade de Deus, ou seja, a San ssima Virgem, que pelos Santos
Padres foi chamada “Templo de Salomão e Cidade de Deus”. Levarão todo o mundo, por suas palavras e
exemplos, à Verdadeira Devoção. Isto atrair-lhes o ódio de muitos, mas também lhes trará muitas vitórias e
muita glória para Deus só. Foi o que revelou Deus a São Vicente Ferrer, grande apóstolo do seu tempo, que
claramente o indicou numa das suas obras.
É o que o Espírito Santo parece ter predito no Salmo 58 por estas palavras: “O Senhor reinará em Jacó e em
toda a Terra; converter-se-ão pela tarde,
sofrerão fome como cães e hão de andar à volta da cidade para encontrar de comer” (vv. 14-15). Esta
cidade, à volta da qual os homens andarão no
fim do mundo, para se converterem e saciarem a sua fome de jus ça, é a San ssima Virgem, chamada pelo
Espírito Santo Morada e
Cidade de Deus (Sl 86, 3).

O cio Especial de Maria nos Úl mos Tempos

Mas, na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria tem de ser conhecida e, por isso, deve ser manifestada
pelo Espírito Santo. Por Ela fará Conhecer, Amar e Servir Jesus Cristo, uma vez que já não subsistem as
razões que o levaram a ocultar, durante a vida, a sua Esposa, e a revelá-la só muito pouco, desde a pregação
do Santo Evangelho.
Deus quer, portanto, revelar e manifestar Maria, a obra-prima das suas mãos, nesses derradeiros
tempos porque Ela se escondeu neste mundo, e se colocou mais abaixo que o pó, em sua humildade
profunda.
Visto ser Ela o caminho por onde Jesus Cristo veio a nós da primeira vez, haverá de sê-lo ainda
quando Ele vier pela segunda, embora de maneira diversa. Maria o meio seguro, a via reta e imaculada para
ir a Jesus Cristo.
Maria deve brilhar mais do que nunca em misericórdia. Em misericórdia, para reconduzir e receber
amorosamente os pobres pecadores e extraviados, que se converterão e regressarão à Igreja Católica. Em
força, para se opor aos inimigos de Deus, aos idólatras, cismá cos, maometanos, judeus e ímpios
endurecidos, que se revoltarão terrivelmente, para seduzir e fazer cair, por meio de promessas e ameaças,
todos os que lhes forem contrários.
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A Devoção à Virgem Maria é ainda mais necessária àqueles que são chamados a uma
par cular perfeição de vida.

Não creio mesmo que alguém possa a ngir uma ín ma união com Deus e uma perfeita fidelidade ao
Espírito Santo, sem uma união muito grande com a San ssima Virgem e sem uma grande dependência do
seu patrocínio.
Só Maria encontrou graça diante de Deus sem o auxílio de qualquer outra criatura (Lc 1, 30).
Todos os que acharam graça diante de Deus desde então, só por seu intermédio a acharam, e só por
Ela a encontrarão todos os que ainda hão de vir. Maria estava cheia de graça ao ser saudada pelo arcanjo
São Gabriel (Lc 1, 28), e recebeu uma plenitude superabundante de graça quando o Espírito Santo a cobriu
com a sua sombra inefável (Lc 1, 35).
Maria é, por toda a parte, a verdadeira árvore que dá o fruto da vida, e a verdadeira mãe que o
produz.
Só a Maria confiou Deus as chaves dos celeiros do Divino Amor (Ct 1, 3) e o poder de entrar nos
caminhos mais sublimes e mais secretos da perfeição, bem como de neles fazer entrar os outros.
Só Maria dá aos miseráveis filhos da infiel Eva a entrada no Paraíso Terrestre para aí passearem
aprazivelmente com Deus (Gn 3, 8), para aí se esconderem dos seus inimigos, para aí comerem o alimento
delicioso - já sem temer a morte - do fruto das árvores da vida e da ciência do bem e do mal, e beberem a
grandes tragos as celestes águas da bela fonte que aí jorra abundantemente.

Os Apóstolos dos Úl mos Tempos

Deus quer que sua Mãe seja hoje mais conhecida, mais amada e mais honrada do que nunca. Isso
acontecerá, sem dúvida, se os predes nados entrarem, com a graça e a luz do Espírito Santo, na prá ca
interior e perfeita que seguidamente lhes descobrirei.
Conhecerão as grandezas desta soberana e devotar-se-ão inteiramente ao seu serviço, como Seus
súditos e Seus escravos de amor. Experimentarão as suas doçuras e bondades maternais, e amar-lhe-ão
ternamente, como Seus filhos muito queridos. Conhecerão as misericórdias de que Ela é cheia, e sen rão a
necessidade que têm do seu socorro. Recorrerão sempre a Ela, em todas as coisas, como sua querida
advogada e medianeira junto de Jesus Cristo. Compreenderão que Ela é o
meio mais fácil, mais curto, mais perfeito para irem a Jesus.
E a Ela se entregarão de corpo e alma, sem reservas, para do mesmo modo pertencerem a Jesus Cristo.
Mas quem serão esses servos, escravos e filhos de Maria?
Serão “ministros do Senhor” (Hb 1, 7; Sl 103, 4) que, qual fogo crepitante, levarão a toda parte as
chamas do Amor Divino.
Serão “setas na mão do Poderoso” (Sl 126, 4), flechas agudas nas mãos poderosas de Maria para
trespassarem os seus inimigos.
Serão “filhos de Levi” (Ml 3, 3), bem purificados no fogo das grandes tribulações, bem apegados a
Deus, que trarão o Ouro do Amor em seus corações, o incenso da oração no espírito, e a mirra da
mor ficação no corpo.
Serão por toda parte o “bom odor de Jesus Cristo”: odor de vida para os pobres, os pequenos e os
humildes; odor de morte para os grandes, os ricos e orgulhosos mundanos (2 Cor 2, 15-16).

Como se consagrar?
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A fórmula de Consagração Total a Jesus por Maria de São Luís Maria Grignion de Mon ort, não deve ser
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tomada rapidamente. Isto fica provado pelo fato do mesmo Santo advogar uma séria preparação, que
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consiste em doze dias preliminares, para que a alma trate de esvaziar-se do espírito do mundo, que é
totalmente o oposto do Espírito de Jesus Cristo. Nestes doze dias, seguirão três semanas de oração e
meditação, durante as quais a alma buscará um melhor conhecimento de si mesma (primeira parte), de
Maria (segunda parte) e de Jesus Cristo (terceira parte).
Siga a preparação abaixo entregando sempre no terço a ser rezado a intenção da Consagração a Nossa
Senhora com muita humildade, anote suas dúvidas e procure se orientar com pessoas consagradas pelo
Método Monfort, Importante discernir de dúvidas e medos, você será colocado a prova para seguir com a
Consagração, o medo será usado constantemente para que você não termine, tenha em sua mente que a
decisão de batalhar pelo exército da Imaculada requer muitos sacri cios, muitas batalhas antes, durante e
após a Consagração.
Escolha uma data para se consagrar (procure se orientar com seu guardião ou ministro), e 33 dias antes faça
a preparação. Na semana da consagração, confesse, e par cipe da Santa Missa conforme manda a nossa
regra de vida.

Orações
Orações para todos os dias
Vinde, Espírito Criador
Vem, ó Criador Espírito,
As almas dos teus visita;
Os corações que criaste
Enche de graça infinita.

Tu paráclito és chamado,
Dom do Pai Celes al,
Fogo, caridade, fonte
Viva e unção espiritual.

Tu dás sep forme graça;


Dedo és da destra paterna;
Do Pai, solene promessa,
Dás força da voz superna.
Nossa razão esclarece,
Teu amor no peito acende,
Do nosso corpo a fraqueza
Com tua força defende.

De nós afasta o inimigo,


Dá-nos a paz sem demora,
Guiai-nos; e evitaremos
Tudo quanto se deplora.

Dá que Deus Pai e seu Filho


Por nós bem conheçamos
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E em , Espírito de ambos,
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Em todo tempo creiamos.


Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
A Deus Pai se dê a glória
E ao Filho ressuscitado,
Paráclito e a também
Com louvor perpetuado.
Amém.

Enviai o vosso Espírito, e tudo será criado E renovareis a face da Terra.

Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que no
mesmo Espírito conheçamos o que é reto, e gozemos sempre as suas consolações. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Ave, Estrela do Mar


Ave do mar Estrela,
De Deus Mãe bela,
Sempre Virgem, da morada
Celeste feliz entrada.

Ó tu que ouviste da boca


Do anjo a saudação;
Dá-nos paz e quietação;
E o nome de Eva troca.

As prisões a os réus desata


E a nós, cegos, alumia;
De tudo que nos maltrata
Nos livra, o bem nos granjeia.

Que os rogos do povo seu


Ouça aquele que, nascendo
Por nós, quis ser Filho teu.

Ó Virgem especiosa,
Toda cheia de ternura,
Ex ntos nossos pecados,
Dá-nos pureza e brandura.
Dá-nos uma vida pura,
Põe-nos em via segura,

Para que a Jesus gozemos,


E sempre nos alegremos.
A Deus Pai veneremos;
A Jesus Cristo também,
E ao Espírito Santo; demos
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Aos três louvor.


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Amém.
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
Magnificat

Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou
para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o
Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração
em geração, para aqueles que o temem. Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração
orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou. Cumulou de bens a famintos e despediu
ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia - conforme prometera a
nossos pais - em favor de Abraão e de sua descendência para sempre!

Ladainha de Nossa Senhora


Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo ouvi-nos,
Jesus Cristo atendei-nos,
Deus Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
San ssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, rogai por nós.
Santa Mãe de Deus, rogai por nós.
Santa Virgem das virgens, rogai por nós.
Mãe de Jesus Cristo, rogai por nós.
Mãe da divina graça, rogai por nós.
Mãe puríssima, rogai por nós.
Mãe cas ssima, rogai por nós.
Mãe imaculada, rogai por nós.
Mãe intacta, rogai por nós.
Mãe amável, rogai por nós.
Mãe admirável, rogai por nós.
Mãe do bom conselho, rogai por nós.
Mãe do Criador, rogai por nós.
Mãe do Salvador, rogai por nós.
Virgem pruden ssima, rogai por nós.
Virgem venerável, rogai por nós.
Virgem louvável, rogai por nós.
Virgem poderosa, rogai por nós.
Virgem benigna, rogai por nós.
Virgem fiel, rogai por nós.
Espelho da jus ça, rogai por nós.
Sede da sabedoria, rogai por nós.
Causa da nossa alegria, rogai por nós.
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Vaso espiritual, rogai por nós.


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Vaso honorífico, rogai por nós.


Consagração Total a Nossa Senhora
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Vaso insigne de devoção, rogai por nós.
Rosa mís ca, rogai por nós.
Torre de Davi, rogai por nós.
Torre de marfim, rogai por nós.
Casa de ouro, rogai por nós.
Arca da aliança, rogai por nós.
Porta do Céu, rogai por nós.
Estrela da manhã, rogai por nós.
Saúde dos enfermos, rogai por nós.
Refúgio dos pecadores, rogai por nós.
Consoladora dos aflitos, rogai por nós.
Auxílio dos cristãos, rogai por nós.
Rainha dos Anjos, rogai por nós.
Rainha dos patriarcas, rogai por nós.
Rainha dos profetas, rogai por nós.
Rainha dos apóstolos, rogai por nós.
Rainha dos már res, rogai por nós.
Rainha dos confessores, rogai por nós.
Rainha das virgens, rogai por nós.
Rainha de todos os santos, rogai por nós.
Rainha concebida sem pecado, rogai por nós.
Rainha elevada ao céu, rogai por nós.
Rainha do Santo Rosário, rogai por nós.
Rainha da Paz, rogai por nós.
Cordeiro de Deus que rais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que rais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor,
Cordeiro de Deus que rais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Oremos: Senhor Deus, nós vos suplicamos que concedais a Vossos servos gozar uma perpétua saúde
do corpo e da alma, e que pela intercessão gloriosa da bem-aventurada sempre Virgem Maria sejamos livres
da presente tristeza e gozemos a eterna alegria. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.

MEDITAÇÕES – Exercícios necessários


12 DIAS Preliminares -Desapego do mundo

(pra que a renúncia à sua própria vontade; mor ficação, pureza de coração. Esta pureza é a condição indispensável
para contemplar a Deus no céu, vê-lo na terra e conhecê-lo à luz da fé)

Examine sua consciência, reze, pra que a renúncia à sua própria vontade; mor ficação, pureza de coração.
Esta pureza é a condição indispensável para contemplar a Deus no céu, vê-lo na terra e conhecê-lo à luz da
fé.
A primeira parte da preparação deverá ser empregada em esvaziar-se do espírito do mundo, que é contrário
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ao Espírito de Jesus Cristo. O espírito do mundo consiste, em essência, na negação do domínio supremo de
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Deus, negação que se manifesta na prá ca do pecado e na desobediência; portanto, é totalmente oposto ao
Espírito de Jesus Cristo, que é também o de Maria.
Isto se manifesta pela concupiscência (o desejo sexual) da carne, pela concupiscência (cobiça ou apreço) dos
olhos e pelo orgulho como norma de vida, assim como pela desobediência às leis de Deus e o abuso das
coisas criadas. Suas obras são o pecado em todas as suas formas; consequentemente, tudo aquilo pelo que
o demônio nos leva ao pecado; obras que conduzem ao erro e à escuridão da mente e sedução e corrupção
da vontade. Suas presunções são o esplendor e as ar manhas empregadas pelo demônio para fazer com
que o pecado seja deleitoso nas pessoas, lugares e coisas.

1º DIA – Projeto de Deus – bem-aventuranças


(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)
Devemos empregar todas as nossas ações piedosas para pedir um autoconhecimento e o
arrependimento por nossos pecados, e devemos fazer isto com um profundo espírito de piedade.
Durante este período, consideraremos tanto a oposição que existe entre o Espírito de Jesus e o
nosso, como o miserável e humilhante estado a que nos reduziram nossos pecados. Além disso, sendo a
verdadeira devoção a Maria uma maneira fácil, curta, segura e perfeita para chegar a essa união com Nosso
Senhor, que é a perfeição à imitação de Cristo, entraremos decididamente por este caminho, firmemente
convencidos de nossa miséria e incapacidade.
Mas, como poderíamos conseguir isto sem o verdadeiro conhecimento de nós mesmos?
Pedindo o conhecimento de si mesmo e a contrição por seus pecados. Tudo farão em espírito de
humildade. Para isso poderão, se quiserem, meditar sobre o que ficou dito sobre o nosso fundo de maldade,
e considerar-se, nos seis dias desta semana, como uma lesma, um sapo, um porco, uma serpente, um bode
(ALGO MUITO DESPREZÍVEL); ou, então, estas três palavras de São Bernardo: fazei que eu recorra à
San ssima Virgem e lhe peça esta grande graça que deve ser o Senhor Jesus Cristo.

Vendo aquelas mul dões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão
a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de jus ça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da jus ça, porque deles é o Reino dos céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal
contra vós por causa de mim.
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas
que vieram antes de vós.
Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será res tuído o sabor? Para nada mais serve
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senão para ser lançado fora e calcado pelos homens.


Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende
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uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
todos os que estão em casa.
Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que
está nos céus.
Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição.
Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei.
Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será
declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no
Reino dos céus. (Mt 5,1-19) .

Como tem sido minha bem-aventurança, estou entregando tudo a Deus?


De que forma tenho pra cado este evangelho? Com o coração vazio de minhas vontades, ou com o coração
completo de Deus?

2º DIA – Anule a soberba


(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai Celeste é perfeito.


Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário,
não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.
Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de , como fazem os hipócritas nas
sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua
recompensa.
Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita.
Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á.
Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas
esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê
num lugar oculto, recompensar-te-á.
Nas vossas orações, não mul pliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão
ouvidos à força de palavras.
Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais.
Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estais no céu, san ficado seja o vosso nome; venha a nós o
vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos
aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai Celeste também vos perdoará. Mas se
não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará. (Mt 5,48;6,1-15)

Como tenho pra cado minhas pastorais ou minhas ações missionárias? Querendo que os holofotes estejam
voltados a mim?
O desejo carregado no coração é mundano ou pertence ao reino dos céus?
3º DIA – Não julgueis, e não serei julgado com o mesmo julgo.
(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

Não julgueis, e não sereis julgados.


Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que
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verdes medido, também vós sereis medidos.


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Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me rar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu?
Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para rar a palha do olho do teu irmão.
Não lanceis aos cães as coisas santas, não a reis aos porcos as vossas pérolas, para que não as
calquem com os seus pés, e, voltando-se contra vós, vos despedacem.
Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.
Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á.
Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?
E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente?
Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai Celeste dará
boas coisas aos que lhe pedirem.
Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e
numerosos são os que por aí entram.
Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram. (Mt 7,1-14)

Quantas vezes tenho julgado meu irmão de comunidade?


Quantas tenho agido com o meu coração endurecido para com o mais necessitado?
Quem é o mais necessitado no dia de hoje?

4º DIA - Orgulho
(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

Que o homem de si nada tem de bom, nem coisa alguma de que gloriar-se
Senhor, que é o homem, para que vos lembreis dele? E que é o filho do homem, para que o visiteis?
(Sl 8,5)
Que merecimento nha o homem para que lhe desses vossa graça?
De que poderei queixar-me, Senhor, se me desamparardes? Ou que terei justamente que dizer se
não fizerdes o que eu peço?
Por certo que não posso pensar, nem dizer com verdade, senão isto: Nada sou, Senhor, nada posso,
nada de bom tenho de mim, de tudo que é bom acho-me vazio e caminho sempre para o nada.
E se não for ajudado e fortalecido interiormente por Vós, para logo cairei na bieza e dissipação.
Vós, porém, Senhor, sempre sois o mesmo e permaneceis eternamente bom, justo e santo, agindo
sempre com bondade, com jus ça e san dade, e ordenando tudo com sabedoria (Sl 101,27).
Mas eu, que mais pendo para o mal que para o bem, não persevero muito tempo no mesmo estado
e mudo muitas vezes no dia.
Contudo, logo me acho menos fraco quando vos dignais estender-me vossa mão auxiliadora; porque
vós só, sem humano favor, me podeis socorrer e for ficar, de tal sorte que não esteja jamais sujeito a todas
essas mudanças, e meu coração só para Vós se converta, e em Vós só descanse para sempre. (Imitação de
Cristo, Livro III, capítulo XL, 1-2)
Quem se considera muito seguro em tempo de paz se achará mido e covarde em tempo de guerra.
Se souberas viver sempre humilde e pequeno no teu conceito, contendo-te nos limites duma justa
moderação, não cairias tão depressa na tentação e no pecado.
Quando te achares penetrado dum grande fervor de espírito, é bem que medites no que será de ,
re rando-se esta graça. (Imitação de Cristo, Livro III, capítulo VII, 4)
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Tenho dado ou mostrado merecimento das obras aos homens?


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Quantas vezes tenho me enchido de orgulho pela vida missionária?


Quantas vezes tenho sen do melhor que os outros por ser missionário?
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Segundo o método de São Luís de Montfort

5º DIA - Vaidade
(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)
Se eu bem soubesse desprezar todas as consolações humanas, já para adquirir o santo fervor, já pela
infeliz necessidade que me obriga a buscar em Vós a verdadeira consolação que nenhum homem pode dar-
me, então teria eu grande mo vo para esperar com razão vossa graça e para alegrar-me com o dom duma
nova consolação.
Graças vos dou, Senhor, por serdes a fonte de que dimana todo o bem que me sucede.
Eu, homem inconstante e frágil, não sou na vossa presença mais que um nada e uma pura vaidade.
De que posso eu pois gloriar-me, ou com que mo vo desejo ser es mado?
Acaso por ser um nada? Porém que coisa mais insensata e vaidosa!
A vã glória é, na verdade, uma peste detestável e um mal terrível, porque nos aparta da verdadeira
glória e nos despoja da graça celes al.
Desde que o homem se compraz em si mesmo, começa a desagradar-Vos; e logo que aspira aos
louvores humanos, perde a verdadeira virtude.
A verdadeira glória e a santa alegria consistem em gloriar-se cada um em Vós e não em si; em
alegrar-se de vossa grandeza e não de sua própria virtude; em não achar prazer em criatura alguma senão
por amor de Vós.
Seja louvado vosso nome e não o meu; engrandecidas sejam vossas obras e não as minhas. Louvem e
abençoem todos os homens a vossa grandeza e nada par cipe eu de seus louvores.
Vós sois minha glória, Vós sois a alegria de meu coração. Todo o dia me gloriarei e alegrarei em vós;
pois em minha vida nada tenho em que gloriar-me, senão em minhas fraquezas (2 Cor 12,5) (Imitação de
Cristo, Livro III, capítulo XL, 3-5)

Reconheço que sou fraco e pecador?


Reconheço que a glória das bem-aventuranças é de Deus?
Reconheço-me como vaidoso e interesseiro, pois só penso nas coisas conforme me convém?
6º DIA – Desapegando dos bens materiais
(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

Do exemplo dos Santos Padres. Considera bem os heroicos exemplos dos Santos Padres, nos quais
resplandece a verdadeira perfeição da vida religiosa, e verás quão pouco ou nada é o que fazemos.
Ai de nós! Que é a nossa vida, comparada com a deles?
Os santos e amigos de Cristo serviram ao Senhor em fome, em sede, em frio e nudez, em trabalhos,
em fadigas, em vigílias e jejuns, em rezas e santas meditações, em perseguições e muitos opróbrios.
Oh! Quantas e quão graves tribulações padeceram os apóstolos, os már res, os confessores, as
virgens, e todos os demais que quiseram seguir as pisadas de Cristo! Pois aborreceram neste mundo suas
vidas para as possuírem na eternidade (Jo 12,25).
Que vida de renúncia e austeridade foi a dos Santos Padres no deserto! Que longas e graves
tentações padeceram! Quantas vezes foram atormentados pelo inimigo! Quão fervorosas e con nuas
orações ofereceram a Deus! Quão rigorosas abs nências pra caram! Que zelo, que ardor em seu
aproveitamento espiritual! Que forte guerra contra suas paixões! Que intenção pura e reta sempre dirigida
para Deus!
De dia trabalhavam e passavam as noites em larga oração; ainda que trabalhando, não interrompiam
a sua oração mental.
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Todo o tempo gastavam santamente: as horas lhes pareciam curtas para se darem a Deus; e pela
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grande doçura da contemplação se esqueciam da necessária refeição do corpo.


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Segundo o método de São Luís de Montfort
Renunciavam todas as riquezas, honras, dignidades, parentes e amigos: nada queriam do mundo;
apenas tomavam o necessário para a vida, e lhes era pesado servir ao corpo ainda nas coisas necessárias.
De modo que eram pobres das coisas da terra, porém riquíssimos de graça e virtudes. (Imitação de
Cristo, Livro I, capítulo XVIII, 1-3)

Já descobristes que o que fazes é tão pouco perto dos Santos Padres?
Quantas vezes se compara a vida de um Santo Padre?
Quantas vezes deixei de rezar pelos Padres?
Minha renúncia a este mundo tem acontecido?
Quanto de importância tenho dado as coisas do mundo?

7º DIA – Obediência e fé
(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

No exterior tudo lhes faltava; mas interiormente Deus os for ficava com sua graça e recreava com
suas consolações.
Eram estranhos ao mundo; mas ín mos e par culares amigos de Deus.
Tinham-se por nada a si mesmos, e o mundo os tratava com desprezo, mas aos olhos de Deus eram
preciosos e amados.
Estavam em verdadeira humildade, viviam em singela obediência; por isso cada dia cresciam em
espírito e alcançavam muita graça diante de Deus.
Foram dados por exemplo a todos os religiosos; e mais nos devem mover para aproveitarmos no
bem, que a mul dão dos bios para afrouxarmos em nossos exercícios.
Oh! Quão grande foi o fervor de todos os religiosos no princípio dos seus sagrados ins tutos!
Quanto ardor na oração! Quanto zelo na virtude! Que severidade de disciplina! Como florescia a
submissão e obediência à regra do santo fundador!
O que ainda nos resta deles nos atesta a san dade e perfeição daqueles homens insignes que,
pelejando esforçadamente, pisaram aos pés o mundo. Agora já se es ma em muito aquele que não
transgrida a regra, e se com paciência pode sofrer algum dissabor.
Oh! Tibieza e negligência de nosso estado, que tão depressa declinamos do fervor primi vo, e já nos
é molesto o viver em consequência da frouxidão e bieza!
Praza a Deus que, tendo visto tantos exemplos de santos homens, de todo se não acabe em o
desejo de aproveitar nas virtudes! (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XVIII, 3-6)

Tenho colocado Deus acima de tudo?


Tenho agradecido mesmo nas dificuldades ou tenho ques onado a Deus por tantas provações?
Tenho ouvido a voz de nosso fundador? Quanto de importância tenho colocado nas direções espirituais?
No meu dia-a-dia tenho vivido o evangelho, imitando a Jesus Cristo?
Quanto tenho aderido a Jesus Cristo em minha vida?

8º DIA – Convivendo com as tentações


(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

A resistência às tentações.
Enquanto vivemos no mundo, não podemos estar sem trabalhos e tentações.
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Por isso está escrito no livro de Jó: A vida do homem sobre a terra é uma con nua tentação (7,1).
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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
Cada qual, pois, deve ser muito cuidadoso nas tentações, procurando, vigilante na oração, não dar
lugar às ilusões do demônio, que nunca dorme, nem cessa de andar à roda das almas para as devorar (1Pd
5,8).
Ninguém há tão santo e tão perfeito, que não tenha algumas vezes tentações, e não podemos viver
sem elas.
Se bem que inoportunas e penosas, as tentações são muitas vezes u líssimas ao homem, porque
através delas se humilha, se instrui e se purifica.
Todos os santos passaram por muitas tentações e trabalhos e foi assim que progrediram na
san dade.
E os que não quiseram suportá-los, falharam e condenaram-se.
Não há ordem tão santa nem lugar tão re rado onde não haja tentações e adversidades.
Nenhum homem está inteiramente livre de tentações enquanto vive; porque em nós mesmos está a
causa donde elas vêm, pois nascemos com inclinação ao pecado.
Passada uma tentação ou tribulação, sobrevém outra, e sempre teremos que sofrer, porque se
perdeu o bem de nossa primeira felicidade.
Muitos querem fugir às tentações e caem nelas mais gravemente.
Mas, não é fugindo que podemos vencê-las, porém é com paciência e verdadeira humildade que nós
fazemos mais fortes que todos os nossos inimigos.
Quem somente evita as ocasiões exteriores e não arranca o mal pela raiz, pouco aproveitará; antes
lhe tornarão mais depressa as tentações e se achará pior que dantes.
Com a ajuda de Deus, mais facilmente vencerás, com paciência e perseverança, do que com teu
próprio esforço e fadiga.
Toma muitas vezes conselho na tentação, e não sejas desabrido e áspero como que está tentado,
antes procura consolá-lo como quiseras ser consolado.
O princípio de toda a tentação é a inconstância de ânimo e a pouca confiança em Deus.
Como um navio sem leme é levado pelas ondas em todas as direções, assim o homem negligente e
inconstante em seus propósitos é tentado de todas as maneiras. (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XIII, 1-
5)

Como tenho resis do as tentações?


Tenho consciência de que ser missionário é uma eterna batalha?
Tenho decidido batalhar até o úl mo momento de minha vida?
O que tenho feito para arrancar o mal que há em mim pela raiz?
Como tenho sido com aqueles que procuram aconselhamento?

9º DIA – Tentação, anulando


(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

O fogo prova o ferro, e a tentação o justo.


Muitas vezes não sabemos o que podemos; mas a tentação mostra-nos o que somos.
Devemos, pois, vigiar principalmente no princípio da tentação, porque mais facilmente se vence o
inimigo quando não o deixamos passar da porta da alma, e lhe saímos ao encontro, logo que bate.
Donde veio dizer um poeta:
Resiste no princípio,
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Tarde chega o remédio


Se já, por largo tempo,
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O mal lançou raízes.


Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort

Porque, primeiramente, se oferece à alma um simples pensamento, podeis, a importuna imaginação,


logo o prazer, o movimento desordenado e o consen mento da vontade.
E assim pouco a pouco entra o inimigo e se apodera de tudo, porque se lhe não resis u no princípio.
E quanto mais preguiçoso for o homem em resis r-lhe, tanto se fará cada dia mais fraco, e o inimigo
contra ele mais poderoso.
Alguns padecem graves tentações no princípio de sua conversão, outros, no fim, muitos por toda a
vida.
Alguns são tentados brandamente, segundo a sabedoria e a equidade da Divina Providência, que
pondera o estado e os méritos dos homens, e tudo ordena para a salvação de seus escolhidos.
Por isso, não devemos desconfiar quando formos tentados; mas antes rogar a Deus com maior
fervor para que se digne ajudar-nos em toda a atribuição; porque, segundo o dito de São Paulo, nos
dará o auxílio junto com a tentação para que lhe possamos resis r (1Cor 10,13).
Humilhemos, pois, nossas almas, debaixo da mão de Deus em toda tribulação e tentação, porque ele
há de salvar e engrandecer os humildes de espírito (Sl 33,19).
É nas tentações e nos reveses que o homem verifica quanto progrediu; por elas maior se torna o
mérito, e melhor se revelam as virtudes. (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XIII, 5-7)

Como tenho resis do e lutado nas tentações, no início ou deixo me levar para depois de
conscien zar-me/arrepender-me tentar remediar?

Tenho sido empregado da preguiça?


Tenho consciência de que não posso enfrentar as tentações sozinho e que devo buscar o auxílio de Deus, pois sou
fraco e insignificante?

10º DIA -Servir a Deus


(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

Desprezando-se o mundo, é suave servir a Deus.

Outra vez falarei agora, Senhor, e não me calarei. Direi a meu Deus, meu Senhor e meu Rei,
assentado no trono dos céus:
Oh Senhor, quão grande é a abundância de vossa doçura que reservais para os que vos temem. O
que não será pois para os que vos amam, e vos servem de todo o coração? (Sl 30,20).
Na verdade, são inefáveis as delícias de que inundais os que vos amam, quando sua alma vos
contempla. Eis que me mostrastes singularmente a ternura de vosso amor; quando não exis a me criastes,
quando andava errante me chamastes a vós para que vos servisse e me pusestes o doce preceito de vos
amar.
Oh fonte de amor perene! Que direi de Vós? Poderei eu esquecer-me de Vós, que vos dignastes
lembrar-vos de mim, quando eu jazia no abismo da corrupção e da morte?
Usastes de misericórdia com vosso servo sobre toda esperança; e além de todo merecimento me
concedestes vossa graça e amizade.
Com que vos agradecerei, Senhor, um tão singular favor? Porque nem a todos é permi do deixar
tudo, renunciar o mundo para abraçar a vida religiosa. Porventura é grande coisa que eu vos sirva, quando
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toda criatura está obrigada a servir-vos?


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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
Conheço que não faço coisa grande em vos servir; mas o que me enche da mais profunda admiração,
e que meu conceito parece grande é que vos digneis receber-me ao vosso serviço e unir-me com vossos
amados servos, sendo eu tão pobre e tão indigno desta honra.
Vossas são, pois, todas as coisas que tenho, e ainda o serviço que Vos faço é um dom que me
concedeis.
Eu devia fazer tudo por vosso amor, e sucede que mais servis Vós a mim do que eu a Vós.
Criastes para o serviço do homem o céu e a ter, que estão sempre em vossa presença e fazem cada
dia o que lhes mandais; e isto ainda é pouco, pois até haveis des nado os anjos para o servirem.
Mas não para aqui vossa bondade infinita, pois vos dignastes servir ao homem e lhe prometestes
que vos daríeis a ele com toda a vossa glória.
Que vos darei, meu Deus, por tantos milhares de bene cios? Oh! Se eu pudesse servir-vos todos os
dias de minha vida! Se pudesse ao menos servir-vos dignamente um só dia!
Em verdade só vós sois dignos de ser por todos servido, honrado e louvado eternamente.
Vós sois, na realidade, meu senhor e eu vosso pobre escravo, obrigado a servir-vos com todas as
minhas forças, sem jamais me cansar de publicar vossos louvores.

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Segundo o método de São Luís de Montfort
Assim o quero, assim o desejo: dignai-Vos de suprir por vossa graça o que me falta para cumprir este
meu desejo.
Que honra, Senhor, que glória não é servir-Vos e desprezar tudo por amor de Vós!
Inúmeras graças receberão aqueles que voluntariamente se sujeitarem a Vós.
Acharão a suavíssima consolação do Espírito Santo os que, por vosso amor, desprezarem todos os
atra vos da carne. (Imitação de Cristo, Livro III, capítulo X, 1-50)

Como Tenho amado ao meus Deus?


Como tenho servido ao meu amado Deus? Meu servir tem sido pesado?
Como tenho contemplado em adoração o meu Deus amado?

11º DIA – Trabalho e a vontade de Deus


(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

Da fervorosa emenda de toda a nossa vida

Um homem que flutuava muitas vezes, cheio de ansiedade, entre o temor e a segurança, estando
um dia oprimido de tristeza, entrou numa igreja e, prostrando-se diante dum altar para fazer sua
oração, dizia e repe a consigo mesmo: Oh! Se eu soubesse que havia de perseverar! E logo ouviu no
ín mo d'alma esta divina resposta: Que farias se isso soubesses? Faze agora o que desejarias fazer e
estarás seguro.
E no mesmo instante, consolado e fortalecido, se ofereceu à divina vontade, e cessou sua
ansiosa turbação.
Nem quis curiosamente esquadrinhar o que lhe havia de suceder; aplicou-se unicamente a
conhecer a vontade de Deus, e o que a seus divinos olhos fosse mais agradável e perfeito para
começar a perfazer toda a boa obra.
Espera no Senhor, diz o Profeta, faze boas obras, habitarás em paz a terra, e serás alimentado
com as suas riquezas (Sl 36,3).
Uma coisa resfria em alguns o ardor de aproveitar e de se emendar: o receio das dificuldades
ou o trabalho da peleja.
Certamente aproveitam mais nas virtudes aqueles que com maior empenho trabalham por
vencer-se a si mesmos naquilo que lhes é mais penoso e contraria mais as suas inclinações.
Porque o homem tanto mais aproveita e tanto maior graça alcança, quanto mais se vence a si
mesmo e se mor fica no espírito.
Porém, nem todos têm igual ânimo para vencer-se e mor ficar-se.
Mas o diligente e zeloso imitador de Cristo mais forte será para o seu aproveitamento, ainda
que seja comba do de muitas paixões, do que o que tem dom natural, se é menos fervoroso em
adquirir as virtudes. (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XXV, 2-4)

Tenho me colocado na condição de escravo? Sem se quer ques onar os desígnios de Deus em minha vida?
Como tenho reagido a vontade de Deus? Tenho esperado no Senhor?
O resfriamento do primeiro amor tem acontecido por conta das dificuldades de se relacionar com meus
irmãos de comunidade ou pelo trabalho que a batalha emprega sobre vós?
Você reconhece que todos têm ânimos diferenciados para vencer e se mor ficar? Como tem acontecido seu
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julgo diante disso?


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12º DIA – Vocação
(Fazer primeiro as orações e rezai o terço do dia)

Assim como tu observas os outros, assim também eles te observam.

Mas se vires alguma coisa digna de repreensão, guarda-te de fazê-la; e, se em igual falta caíste,
procura emendar-te logo dela.
Assim como tu observas os outros, assim também eles te observam. Oh! Que alegre e doce coisa é
ver os devotos e fervorosos irmãos com santos costumes e bem disciplinados.
Pelo contrário, que triste e penoso é vê-los andar desordenados, e sem se ocuparem nos
compromissos de sua vocação!
Oh! Quão nocivo é ser descuidado no propósito de sua vocação, e cuidadoso no que Deus não
ordena!
Lembra-te do propósito que tomaste e propõe-te por modelo a Cristo Crucificado.
Com razão te podes envergonhar, considerando a vida de Jesus Cristo, de não ter feito até aqui
bastante esforço para te conformares com ela, estando há tanto tempo no caminho de Deus. O religioso
que, devota e cuidadosamente, se exercita a meditar na san ssima Vida e dolorosa paixão do Senhor, acha
nela com abundância tudo que é ú l e necessário para sua san ficação: e não precisa buscar coisa nenhuma
melhor que a Jesus Cristo.
Oh! Se Jesus Crucificado viesse a nosso coração, quão depressa e completamente seríamos
ensinados!
O homem fervoroso e diligente está preparado para tudo. Maior trabalho é resis r aos vícios e
paixões, que suar nos trabalhos corporais. Quem não evita as faltas pequenas, pouco a pouco cai nas
grandes (Ecl 29,1).
Alegrar-te-ás sempre à noite, se empregares com fruto teu dia. Vigia sobre ; exorta-te, admoesta-
te; e aconteça o que acontecer aos outros, não te descuides de mesmo. Tanto aproveitarás, quanto for a
violência que fizeres a mesmo... (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XXV, 5-6.11) consciência, as reflexões,
os atos de renúncia à nossa própria vontade, de arrependimento por nossos pecados e de desprezo de si
mesmo, serão realizados todos aos pés de Maria, já que por Ela esperamos obter a luz para conhecermos a
nós mesmos. Somente junto a Ela poderemos medir o abismo de nossas misérias sem nos desesperarmos.

Primeira Semana – Conhecimento próprio

Introdução

Para esvaziar-nos de nós mesmos é preciso, primeiramente, conhecer bem, pela luz do Espírito Santo.
a) Nosso fundo mau;
b) Nossa incapacidade para todo o bem ú l para a salvação;
c) Nossa fraqueza em todas as coisas;
d) Nossa inconstância em todo tempo;
e) Nossa indignidade de toda graça e
f) Nossa iniquidade em todo lugar.
O pecado de nosso primeiro pai nos estragou, amargou, inchou e corrompeu quase inteiramente, como o fermento
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amarga, incha e corrompe a massa onde é posto.


Os pecados atuais que nós cometemos, sejam mortais, sejam veniais, ainda que perdoados, aumentaram nossa
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concupiscência, nossa fraqueza, nossa inconstância e nossa corrupção e deixaram maus restos em nossas almas.
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Segundo o método de São Luís de Montfort
(...) Nós somos naturalmente mais orgulhosos que os pavões, mais agarrados à terra que os sapos, mais sujos que os
bodes, mais invejosos que as serpentes, mais gulosos que os porcos, mais iracundos que os gres e mais preguiçosos
que as tartarugas, mais fracos que juncos e mais inconstantes que os cata-ventos.

b) Santo Inácio de Loyola - Exercícios espirituais

Segundo exercício – Meditação dos pecados

(...) Trarei à memória todos os pecados da vida, considerando ano por ano, ou período por período. (((Para isso será
ú l recordar três coisas: 1º) ver o lugar e a casa onde vivi; 2º) as relações que ve com outras pessoas; 3º) a
profissão que exerci.
(...) Ponderarei os pecados, considerando a fealdade e malícia que cada pecado mortal come do tem em si, ainda
que não fosse proibido.
((...) Olharei bem quem sou eu, diminuindo-me por meio de comparações: 1º) Quem sou em comparação com todos
os homens? (2º) Quem são os homens em comparação com todos os anjos e santos do paraíso? (3º) Que são todas
as criaturas em comparação com Deus? E eu só, que posso ser? (4º) Considerarei toda a minha corrupção e miséria
do meu corpo. (5º) Ver-me-ei como uma chaga e tumor de onde saíram tantos pecados e tantas maldades e veneno
tão hediondo.
(...) Considerarei quem é Deus contra quem pequei, segundo os seus atributos, comparando-os com os seus
contrários em mim: a sua Sabedoria e a minha ignorância; a sua Onipotência, a minha fraqueza; a sua Jus ça, a
minha iniquidade; a sua Bondade, a minha maldade.
(...) Terminarei com um colóquio de sua misericórdia, ponderando vem e dando graças a Deus Nosso Senhor, porque
me deu vida até agora, e proporei emenda para o futuro com a sua graça.

13º DIA – Pecados da infância (inicio da vida)


Meditar Evangelho Mt 5, 20-48

14º DIA – Pecados da adolescência


Meditar o Evangelho Mt 7, 21-27

15º DIA – Pecados da vida adulta


Meditar o Evangelho Mt 25, 1-13

16º DIA – Pecados contra a familia


Meditar o Evangelho Mt 18, 1-11

17º DIA – Pessoas que já te ofenderam


Meditar o Evangelho Mt 18, 21-22

18º DIA – Pessoas que você já ofendeu


Meditar o Evangelho Mt 18, 23-35

19º DIA – Defeitos, vícios e fraquezas


Meditar Evangelho Mt 22, 34-40
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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort

Segunda Semana – Conhecendo Maria

Introdução

São Luís de Mon ort - TVD 258


(...) Como uma alma é feliz quando (...) está inteiramente possuída e governada pelo espírito de Maria, que
é um espírito.
Doce e forte
Zeloso e prudente
Humilde e corajoso
Puro e fecundo

Olhando todos os adje vos que São Luís dá, facilmente se chega à ideia de curso de água, de regato, de
fonte, porque:

 A água que corre é suave (nunca fere, sempre é agradável).


 Mas forte, e é di cil resis r ao seu ímpeto e não ser arrastado; não há pra camente obstáculo que o
ímpeto das águas não possa vencer, de imediato ou com o tempo;
 É humilde porque sempre procura o mais baixo,
 Mas é corajosa, porque se lança sem medo ao desconhecido, vai sempre além, sem se deter e não
descansa enquanto não encontra o Mar, mesmo se, às vezes, é preciso lançar-se em abismos,
fazendo uma linda cachoeira (a cachoeira é o heroísmo do rio);
 A água é também zelosa, porque procura diligentemente a passagem, porque “molha” tudo o que
toca, porque sempre se difunde (no sen do próprio de difusão, vai pegando por “osmose”; assim
como o fogo que pega em tudo o que toca, a água também; é verdade que algumas coisas são
impermeáveis, molham por fora, mas não molham por dentro, como outras são incombus veis, mas
a água sempre tenta... e sempre faz algum efeito);
 E a água é também prudente: sempre procura o caminho fácil, o mais adequado, só vai pelo di cil
quando não há jeito; sempre exerce a prudência, que é buscar o meio adequado para chegar ao seu
fim.
 A água é também pura, não apenas é pura em si mesma (sem cor, sem gosto, sem cheiro, sem sabor
è nada para os sen dos) como também purifica tudo, lava tudo, faz tudo ficar puro;
 E como é fecunda. Toda semente nasce, cresce e fru fica por causa da água; ela é o elemento
fecundante e fecundo por excelência;

Não é sem razão, portanto, que Nossa Senhora é chamada de fonte: “Maria fons”.

20 Dia – Doçura e força


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(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo Rosário)


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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos:
Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos. Disse-lhes ele, então: Quando
orardes, dizei: Pai, san ficado seja o vosso nome; venha o vosso Reino; dai-nos hoje o pão necessário ao
nosso sustento; perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam;
e não nos deixeis cair em tentação. Em seguida, ele con nuou: Se alguém de vós ver um amigo e for
procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu acaba de chegar à
minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer; e se ele responder lá de dentro: Não me
incomodes; a porta já está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar
os pães; eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por
causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar. E eu vos digo: pedi, e dar-se-
vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura,
acha; e ao que bater, se lhe abrirá. (Lucas 11, 1 10).

Doçura

“Vita, dulcedo et spes nostra, salve...”.

São Luís de Montfort - TVD 85


(...) ele é boa, ela é terna; não há nela nada de austero nem de rebarbativo, nada de sublime demais ou
brilhante demais; vendo-a, vemos nossa pura natureza. Ela não é o sol que, pela vivacidade de seus raios,
poderia cegar-nos por causa de nossa fraqueza, mas ela é bela e doce como a lua, que recebe sua luz do sol e
a tempera para torná-la conforme a nossa debilidade.

Santo Afonso de Ligório – Glórias de Maria – O dulcis


Mas eu não falo aqui dessa doçura sensível, porque essa não se concede comumente a todos. Falo dessa
salutar doçura de conforto, de amor, de alegria, de confiança e de fortaleza que esse nome de Maria
ordinariamente dá àqueles que o pronunciam com devoção.
[...] Abrasado em amor, assim falava ternamente S. Bernardo a sua bondosa Mãe: Ó excelsa, ó bondosa e
veneranda Maria, como é o vosso nome tão cheio de doçura e de amabilidade. Ninguém o pode proferir sem
que se veja abrasado de amor para com Deus e para convosco.

Força

Da obediência do súdito humilde conforme o exemplo de Jesus Cristo. Filho, quem procura apartar-
se da obediência, aparta-se também da graça; e quem procura o seu bem par cular, priva-se dos bens
comuns gerais.
Quando alguém não se sujeita de bom grado a seu superior, sinal é que sua carne ainda não obedece
perfeitamente, mas que se rebela ainda muitas vezes contra o espírito. Aprende, pois, a submeter-se
prontamente a teu superior, se desejas ter a tua carne sujeita. Porque o inimigo de fora é bem depressa
vencido, quando o homem não tem a guerra dentro de si mesmo.
Não há inimigo pior nem mais perigoso para tua alma que tu mesmo. É necessário que te desprezes
a mesmo, se queres vencer a carne e o sangue.
Mas porque ainda te amas desordenadamente, por isso receias sujeitar-te de todo à vontade dos
outros.
Ora, que haverá de especial em que tu, pó e cinza, te submetas ao homem por amor de Deus,
quando eu, Onipotente e Al ssimo que tudo criei do nada, me sujeitei humildemente ao homem por teu
amor?
Fiz-me o mais humilde e aba do de todos, para que minha humildade te ensinasse a vencer a tua
soberba. Aprende a obedecer, pó soberbo; aprende, barro e lodo, a humilhar-te e a meter-te debaixo dos
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pés de todos.
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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
Aprende a quebrantar tua vontade e a fazer-te ví ma da obediência. (Imitação de Cristo, Livro III,
capítulo XIII, 1-2)

“Turris Davidica, Turris eburnea...”.

P. Justin de Mieckow – As litanias da Santíssima Virgem – Torre de Davi


Uma torre é um edifício elevado, dominando todos as construções ao redor e construída solidamente, na qual, à
aproximação do inimigo, os habitantes do campo e das cidades se refugiam, normalmente. [...] assim a Bem-
aventurada Virgem Maria é uma torre na Igreja, porque ela domina todos os que nasceram antes dela, aqueles
que nasceram na santidade e foram criados na justiça. Todos os culpados, todos os tristes, todos os afligidos
se refugiam nela, e por sua proteção são livres de toda espécie de inimigos.
A bem-aventurada Virgem é chamada torre por causa de sua elevação e por causa de sua força.
A elevação de Maria consiste em quatro virtudes:
 Na contemplação das coisas eternas,
 No acúmulo de méritos,
 Na força da qualidade interiores e
 No desprezo das coisas terrestres.

[...] A bem-aventurada Virgem é comparada a uma torre por causa de sua solidez. As torres são edifícios
sólidos, destinados à defesa de um campo, de uma região, de uma praça, de uma cidade, nas quais, quando de
um cerco, de um perigo, os soldados e todo o povo se refugiam para aí ficar em segurança. De lá eles montam
guarda e vigiam para todos os lados para impedir que o inimigo entre no campo ou na cidade.
Que torre mais forte, mas sólida, mais bela que a santíssima Virgem? Deus a fortificou de tal modo pela graça
que nunca ele a se afastou dele, nem por falavas, nem por ações, nem por pensamentos. Oh, que torre
fortíssima foi essa alma abençoada que o demônio não pode forçar por nenhuma fraude, nenhuma sugestão.
Ele não pode nunca ocupar uma só ameia dessa torre inexpugnável (...). É uma torre sólida, fundada sobre a
pedra firme de que fala São Paulo: “A pedra, era Jesus Cristo...”.
É uma torre imóvel, já que “Deus no meio dela não será movido”.
A bem-aventurada Virgem uma torre forte porque, tomando nossa defesa contra os inimigos inferiores, ela
desarma suas armadilhas, descobre seus estratagemas, enfraquece o seu poder, quebra a sua força, os põe
em fuga e impede-os de nos suplantar e nos vencer.
[...] Numa torre, os soldados montam guarda e velam de todos os lados a fim de que o inimigo não se apodere
da cidade ou da fortaleza. Velam na bem-aventurada Virgem, como numa torre muito alta, os que estudam sua
vida por uma freqüente meditação e seguem seus exemplos com uma piedade assídua. Munidos assim, eles
evitam todas as armadilhas, todos os estratagemas do inimigo e defendem energicamente a cidade de suas
almas contra o ataque do inimigo.

21º DIA -Zelo


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Neste mesmo tempo contavam alguns o que nha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos
misturara com os seus sacri cios. Jesus toma a palavra e lhes pergunta: Pensais vós que estes galileus foram
maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo? Não, digo-vos.
Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. Ou cuidais que aqueles dezoito homens,
sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de
Jerusalém? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. (Lc 13,1-5)
Precisamos de Maria para morrermos para nós mesmos.
Para despojar-nos de nós mesmos, é preciso que todos os dias morramos para nós, o que importa é
renunciarmos às operações das faculdades da alma e dos sen dos do corpo, precisamos ver como se não
víssemos, ouvir como se não ouvíssemos, servir-nos das coisas deste mundo como se não o fizéssemos (cf. 1
Cor 7, 29-31), o que São Paulo chama morrer todos os dias: "Quo die morior" (1 Cor 15, 31). "Se o grão de
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trigo, caindo na terra, não morrer, fica só, e não produz fruto apreciável" (Jo 12, 24-25). Se não morrermos a
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nós mesmos, e se as mais santas devoções não nos levarem a esta morte necessária e fecunda, não
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
produziremos fruto que valha, nossas devoções serão inúteis, todas as nossas obras de jus ça ficarão
manchadas por nosso amor-próprio e nossa própria vontade, e Deus abominará os maiores sacri cios e as
melhores ações que possamos fazer. Na hora da nossa morte, teremos as mãos vazias de virtudes e de
méritos, e não brilhará em nós a menor centelha do puro amor, que só é comunicado às almas mortas a si
mesmas, almas cuja vida está oculta com Jesus Cristo em Deus (Col 3, 3).
É preciso escolher, entre todas as devoções à San ssima Virgem, a que nos leva com mais certeza a
este aniquilamento do próprio eu. Esta será a devoção melhor e mais san ficante, pois é mister reconhecer
que nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que é doce é mel, e nem tudo que é fácil de fazer e pra car é o
mais san ficante.
Do mesmo modo que a natureza tem segredos para fazer em pouco tempo, sem muitos gastos e
com facilidade, certas operações naturais, há segredos, na ordem da graça, pelos quais se fazem, em pouco
tempo, com doçura e facilidade, operações sobrenaturais, como despojar-nos de nós mesmos, encher-nos
de Deus, e tornar-nos perfeitos.

“E naqueles dias, levantando-se, Maria foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá, e entrou na
casa de Zacarias e saudou Isabel...”.

Santo Afonso de Ligório – As virtudes de Maria


O amor a Deus e ao próximo nos é imposto pelo mesmo preceito. A razão e, diz Santo Tomás, que
quem ama a Deus ama a tudo que por Deus é amado. Santa Catarina de Gênova dia a Deus certo dia:
Senhor, quereis que ame o meu próximo, e não posso amar senão a Vós. Deus lhe respondeu: Quem
me ama, ama tudo quanto me é caro.
Ora, como nunca houve nem haverá jamais criatura mais abrasada que Maria, no amor a Deus, também
não houve nem haverá jamais criatura mais devotada que Ela a seu próximo.
Cornélio a Lapide, explicando um texto dos Cânticos, diz que o Verbo encarnado no seio de Maria
encheu de caridade a sua Mãe, para que Ela auxiliasse a quem se Lhe dirigisse.
Maria estava tão cheia de caridade quando vivia na terra, que socorria todos quantos necessitavam de
seu auxílio, mesmo sem Lho pedirem/ citemos como prova as bodas de Caná, onde pediu ao filho o
milagre do vinho, expondo-lhe a situação aflitiva da família. Oh! Qual não era a sua solicitude quando se
tratava de socorrer o próximo, por exemplo, quando foi à casa de Isabel para desempenhar um encargo
de caridade.
Não nos podia dar melhor prova dessa grande caridade do que oferecendo seu Filho à morte por nossa
salvação.
E essa caridade de Maria para conosco, dis São Boaventura, não diminuiu no céu; pelo contrário,
aumentou muito.

22º DIA - Prudência


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)
Recordar que durante a primeira semana aplicaram todas as suas orações e atos de piedade para
pedir o conhecimento de si mesmo e a contrição por seus pecados. Tudo farão em espírito de humildade.
Recorrerão à San ssima Virgem e lhe pedirão esta grande graça (humildade) que deve ser o fundamento o
da Verdadeira Devoção à San ssima Virgem, da consideração de si mesmo.
Não devemos confiar demasiado em nós mesmos, porque muitas vezes nos faltam a graça e o
discernimento. Pouca luz há em nós, e esse pouco perdemos depressa, por nosso inteiro descuido. Muitas
vezes também agimos mal, e ainda pior nos desculpamos. Às vezes somos levados pela paixão, e julgamos
que é o zelo, mas não é.
Repreendemos nos outros as faltas pequenas e desculpamos as nossas, mesmo as mais graves.
Muito depressa sen mos e nos magoamos com o que sofremos dos outros; mas não pensamos muito no
quanto os outros sofrem por causa de nós. O que bem e retamente examinar suas ações, não terá que
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julgar severamente as alheias.


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“Virgo Prudentissima...”.
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort

“Maria, no entanto, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração”.

“Como se fará isso?”.

São Bernardo, Sermão sobre o “Missus est”, 9.


“Ela, ao ouvir isso, turbou-se [Maria] e pensava que saudação seria aquela”. [...].Turbou-se, mas não se
perturbou. Turbei-me, diz o profeta, e não falei, mas meditei os dias antigos e tive em minha mente os
anos eternos. Assim também Maria turbou-se e não falou, mas pensava que saudação seria aquela.
O ter-se turbado, foi pudor virginal; o não se ter perturbado, foi fortaleza; o haver calado e pensado foi
prudência. Pensava que saudação seria aquela.
Sabia essa Virgem prudente que muitas vezes Satanás se disfarça em anjo de luz; e, sendo humilde e
modesta, não esperava tal coisa de um anjo santo; por isso pensava entre si que saudação seria
aquela.

23º DIA - Humildade

(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Do juízo e penas dos pecadores em todas as coisas olha o fim, e como se encontrarás diante daquele
re ssimo juiz para quem nada há oculto, que não se abranda com presentes, nem admite desculpas, mas
julgará segundo a jus ça. Ó incapaz e miserável pecador! Que responderás a Deus que sabe todas as tuas
maldades, tu que às vezes temes o rosto de um homem irado? Por que não te acautelas para o dia do Juízo,
quando ninguém poderá ser desculpado nem defendido por outrem, mas cada um terá bastante que fazer
por si?
Jesus disse também a seus discípulos: Havia um homem rico que nha um administrador. Este lhe foi
denunciado de ter dissipado os seus bens. Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de
? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens. O administrador refle u
então consigo: Que farei, visto que meu patrão me ra o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar?
Tenho vergonha. Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido
do emprego. Chamou, pois, separadamente à cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao
primeiro: Quanto deves a meu patrão? Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta,
senta-te depressa e escreve: cinquenta. Depois perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem
medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve: oitenta. E o proprietário
admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da
luz no trato com seus semelhantes. (Lucas 16, 1 8).

“Eis aqui a escrava do Senhor”

São João Eudes – O Magnificat

Quia respexit humilitatem ancillae suae


Lançou os olhos sobre a humildade da sua serva: qual é essa humildade de que fala a Bem-
aventurada Virgem? A esse respeito não são unânimes os pensamentos dos santos Doutores. Dizem
alguns que, entre todas as virtudes, a humildade é a única que não se contempla e não se conhece a si
mesma; pois o que se julga humilde é soberbo. Razão pela qual, ao dizer a Bem-aventurada Virgem
que Deus olhou a sua humildade, não se refere à virtude da humildade, mas à sua baixeza e abjeção.
“Há duas espécies de humildade, diz São Bernardo. A primeira é a filha de verdade, é fria e sem
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calor. A segunda é filha da caridade, e nos abrasa. A primeira consiste no conhecimento, e a segunda
na afeição. Pela primeira, conhecemos que nada somos, e esse conhecimento, tomamo-lo de nós
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mesmo e de nossa própria miséria e enfermidade. Pela segunda, calçamos aos pés a glória do mundo,
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
e aprendemos com Aquele que se aniquilou a Si mesmo, e que fugiu quando o procuraram para elevá-
lo à glória de realeza; e que, em vez de fugir, ofereceu-se voluntariamente quando o procuram para
crucificá-lo e mergulhá-lo em um abismo de opróbrios e ignomínias”.
Se perguntardes porque Deus considerou antes a humildade da Santíssima Virgem que a sua
pureza e suas outras virtudes, se todas nela se achavam em grau elevadíssimo, responder-vos-á,
Alberto Magno, com Santo Agostinho, que considerou antes a sua humildade, porque lhe era mais
agradável que sua pureza.
“A virgindade é muito louvável, diz São Bernardo, mas a humildade é necessária. Aquela é
de conselho, esta de mandamento. Podeis ser salvos sem a virgindade, mas sem a humildade
não há salvação. Sem a humildade de Maria, ouso dizer que não teria sido agradável a Deus a sua
virgindade. Se Maria não fosse humilde, o Espírito Santo não teria decido a Ela; e se não houvesse
descido a Ela, Ela não seria Mãe de Deus. Ela agradou a Deus pela virgindade, mas concebeu o Filho
de deus pela humildade. Donde é necessário concluir que foi a humildade que tornou sua virgindade
agradável à divina Majestade”.

24º DIA - Coragem

(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por
quem eles vêm! Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse
lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos. Se teu
irmão pecar, repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe. Se pecar sete vezes no dia contra e sete vezes no
dia vier procurar-te, dizendo: Estou arrependido, perdoar-lhe-ás. Os apóstolos disseram ao Senhor:
Aumenta-nos a fé! Disse o Senhor: Se verdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira:
Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá. Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou
em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: Vem depressa sentar-te à mesa? E não lhe dirá ao
contrário: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e
beberás tu? E se o servo ver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma
obrigação? Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos
como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer. (Lucas 17, 1 10).
Devem sofrer-se todos os males temporais, na esperança dos bens eternos Filho, não esmoreças nos
trabalhos que por mim empreendeste, nem te desanimes com as tribulações, mas em tudo que te
acontecer, minhas promessas te consolem e for fiquem. Eu sou demais poderoso para dar-te uma
recompensa sem limites e sem medida. Os trabalhos que agora padeces não serão dilatados, nem sempre
viverás oprimido de dores. Espera um pouco e verás quão depressa passam os males. Virá uma hora em que
cessará todo o trabalho e inquietação. Sempre é breve tudo o que passa com o tempo.

“Regina martirum...”.

P. Justin de Mieckow – As litanias da Santíssima Virgem – Rainha dos Mártires


Há dois tipos de coragem. A primeira consiste em desprezar, por amor de Deus, as coisas que
contrariam o corpo. A segunda em empreender com uma grande coragem as coisas mais difíceis, segundo a
definição de Santo Ambrósio. A Santa Virgem, aos pés da cruz não desprezou todas as dores e não se imolou
a si mesma ao Pai ao mesmo tempo que seu Filho? Não cooperou ela com a nossa redenção? Quem a viu
abatida pela adversidade? Quem a viu alquebrada pelas dores? Quem a viu alegrar-se desmesuradamente
pela prosperidade?
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A coragem da Virgem brilhou com o mais alto brilho: vendo seu Filho único, não um filho qualquer, mas Deus e
homem ao mesmo tempo, suspenso na cruz pelos pecados do mundo inteiro, ele suportou essa dor, essa dor
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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
tão viva com tanta força de alma que não fez nada de contrário a sua dignidade ou a sua razão, nada que não
indicasse a maior moderação ou a maior constância. Assim, nunca ele sofreu qualquer desfalecimento (...).

Salomão nos Provérbios procurava com cuidado uma mulher magnânima, invencível, heroica, pois as
mulheres são, por natureza, fracas e covardes. “Quem encontrará, diz ele, uma mulher forte?”. Maria foi essa
mulher verdadeiramente magnânima e forte que, vendo seu Filho único, tão caro e inocente, amarrado diante
dela, flagelado, suspenso na cruz, maltratado, vendo-os os maus, porém, sua carne em pedaços, não se deixou
de nenhum modo perturbar pela adversidade, ansiedade, cor nem foi agitada por nenhum movimento de
impaciência. “Maria, diz o santo evangelista, Mãe de Jesus, se mantinha de pé junto da cruz de seu filho”.
[...] Quem exprimirá dignamente essa força de alma da Virgem? Quem não ficará estupefato vendo tanta
coragem? A experiência mostra que homens ilustres, ainda que dotados de uma grande força de alma, como
César, Pompeu, Heitor, Aquiles, fraquejaram às vezes na adversidade. Não foi assim com a Virgem. Ela
permaneceu inabalável no meio das tropas cruéis dos algozes, no meio dos soldados romanos e dos inimigos
judeus; seu sexo, seu pudor virginal, nada a reteve em casa; a corte de soldados não a amedrontou; a
amargura da dor não a fez desmaiar; o horrível espetáculo de seu filho na cruz não a perturbou; tantas injúrias
feitas a seu filho crucificado não a apavoraram e não a fizeram fugir. “Ela se manteve de pé junto à cruz de
Jesus”. Oh, que coragem notável da virgem! Oh, magnanimidade mais do que heroica.

São Bernardo, 2º Sermão sobre Nossa Senhora, 5 ss.


E quem [a não ser Maria], buscava Salomão quando dizia: “A mulher forte, quem a encontrará?” Ele
bem conhecia, aquele homem sábio, a fraqueza desse sexo, seu corpo frágil, seu espírito inconstante.
Contudo, ele tinha lido que Deus prometera que aquele que vencera pela mulher seria, por sua vez,
vencido pela mulher, e ele via que isso era uma coisa muito conveniente. Assim, repleto de uma
veemente admiração, ele exclamava; “A mulher forte, quem a encontrará?”, o que queria dizer: se da
mão de uma mulher depende a salvação de todos nós, a restauração da inocência e a vitória sobre o
inimigo, é preciso, absolutamente, prevê-la forte, a que será capaz de uma tão grande obra.
Mas “essa mulher forte, quem a encontrará?” E, para mostrar bem que não procurava sem esperança,
acrescenta como profeta: “Seu preço nos vem de longe, das extremidades da terra”, o que quer dizer?
O valor dessa mulher não é qualquer coisa de vil, de insignificante ou de medíocre, ele não vem da
terra, mas do céu, nem sequer do céu próximo da terra, mas “seu ponto de partida é o mais alto dos
céus”.

25º DIA - Pureza


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Trouxeram-lhe também criancinhas, para que ele as tocasse. Vendo isto, os discípulos as
repreendiam. Jesus, porém, chamou-as e disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o
Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de
Deus como uma criancinha, nele não entrará. Um homem de posição perguntou então a Jesus: Bom Mestre,
que devo fazer para possuir a vida eterna? Jesus respondeu-lhe: Por que me chamas bom? Ninguém é bom
senão só Deus. Conheces os mandamentos: não cometerás adultério; não matarás; não furtarás; não dirás
falso testemunho; honrarás pai e mãe. Disse ele: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade. A
estas palavras, Jesus lhe falou: Ainda te falta uma coisa: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um
tesouro no céu; depois, vem e segue-me. Ouvindo isto, ele se entristeceu, pois era muito rico. Vendo-o
entristecer-se, disse Jesus: Como é di cil aos ricos entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar o camelo
pelo fundo duma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus. Perguntaram os ouvintes: Quem então
poderá salvar-se? Respondeu Jesus: O que é impossível aos homens é possível a Deus. Pedro então disse:
Vê, nós abandonamos tudo e te seguimos. Jesus respondeu: Em verdade vos declaro: ninguém há que tenha
abandonado, por amor do Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos, que
não receba muito mais neste mundo e no mundo vindouro a vida eterna. (Lc 18, 15 30).
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Os atos de amor, os afetos piedosos à San ssima Virgem, devem ser sempre acompanhados por um esforço,
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de nossa parte, em imitar suas virtudes... Especialmente sua humildade profunda, sue fé viva, sua obediência cega,
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
sua con nua oração mental, sua mor ficação em todas as coisas, sua caridade ardente, sua paciência heroica, sua
pureza incomparável, sua doçura angelical e sua sabedoria divina; que, como disse São Luís Temos que nos unir a
Jesus por Maria, esta é a caracterís ca de nossa devoção; portanto, São Luís Maria Grignion de Mon ort nos pede
que nos apliquemos a fundo para adquirir um conhecimento da San ssima Virgem. Maria é nossa soberana e nossa
medianeira, nossa Mãe e nossa Senhora.
Esforcemo-nos, pois, em conhecer os efeitos desta realeza, desta mediação e desta maternidade, assim
como as grandezas e prerroga vas que são os fundamentos ou as consequências deles. Nossa Mãe San ssima
também é perfeita, um molde no qual podemos ser moldados para poder fazer nossas suas intenções e disposições.
Mas não conseguiremos isto sem estudar a vida interior de Maria, ou seja, suas virtudes, seus sen mentos,
suas ações, sua par cipação nos mistérios de Jesus Cristo e sua união com Ele.
Orações para todos os dias da Terceira Parte Ladainha do Espírito Santo Ladainha de Nossa Senhora
Ave, Estrela do Mar
Ave, Maria, Filha bem-amada do Pai eterno;
Ave, Maria, Mãe admirável do Filho;
Ave, Maria, Esposa fidelíssima do Espírito Santo;
Ave, Maria, minha querida Mãe, minha amável Senhora e poderosa soberana;
Ave, minha alegria, minha glória, meu coração e minha alma!
Vós me pertenceis toda por misericórdia,
E eu vos pertenço todo por jus ça; mas não vos pertenço bastante ainda; de novo me dou a vós todo inteiro,
na qualidade de escravo perpétuo, sem nada reservar para mim ou para outrem.
Se vedes em mim qualquer coisa que não vos pertença, eu vos suplico de rá-la agora, e de vos tornar
Senhora absoluta de tudo o que possuo; de destruir e desarraigar e aniquilar tudo o que desagrada a Deus; e de
plantar tudo e promover e operar tudo o que vos agradar.
Que a luz de vossa fé dissipe as trevas de meu espírito; que vossa humildade profunda tome o lugar de meu
orgulho; que vossa contemplação sublime suste as distrações de minha imaginação vagabunda; que a vossa vista
con nua de Deus encha a minha memória de sua presença; que o incêndio de vosso coração dilate e abrase a bieza
e frieza do meu; que vossas virtudes subs tuam os meus pecados; que vossos méritos sejam o meu ornamento e
suplemente perante Deus.
Enfim, mui querida e bem-amada Mãe, fazei, se possível for, que não tenha outro espírito senão o vosso,
para conhecer Jesus Cristo e suas divinas vontades; que não tenha outra alma senão a vossa, para louvar e glorificar
o Senhor; que não tenha outro coração senão o vosso, para amar a Deus com um amor puro e ardente como vós.
Não vos peço visões ou revelações ou gozos ou mesmo prazeres, nem mesmo espirituais. É privilégio vosso
ver claramente, sem trevas; gozar plenamente, sem amargor; triunfar gloriosamente à direita de vosso Filho, no céu,
sem humilhação alguma; dominar absolutamente sobre os anjos, os homens e os demônios, sem resistência, e,
enfim, de dispor de todos os bens de Deus, sem restrição alguma.
Eis, divina Maria, a ó ma parte que o Senhor vos deu e que não vos será rada; e isto me deleita
sobremaneira. Por minha parte, não quero nesta terra senão o que vós vestes, a saber: crer puramente, sem nada
gozar ou ver; sofrer alegremente, sem consolação de criaturas; morrer con nuamente a mim mesmo, sem
relaxamento; e trabalhar resolutamente, até à morte, por vós, sem interesse algum, como o mais vil dos escravos. A
única graça que vos peço, por pura misericórdia, é que, a todos os dias e momentos de minha vida, eu diga três
vezes amém: Assim seja, a tudo que fizestes na terra, enquanto nela vivestes. Assim seja, a tudo que fazeis agora no
céu. Assim seja, a tudo que operais em minha alma, a fim de que nela só vós estejais para glorificar plenamente a
Jesus em mim, no tempo e na eternidade. Assim seja.
Rezar também, todos os dias, antes ou depois destas orações, o Santo Rosário (meditando
profundamente, ao menos os cinco Mistérios Gozosos e os cinco mistérios correspondentes a cada dia).

26º DIA - Fecundidade


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)
30

Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura. Vendo-o,
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contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino. Todos os que os ouviam admiravam-se das
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
coisas que lhes contavam os pastores. Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração.
Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que nham ouvido e visto, e que estava de
acordo com o que lhes fora dito. Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-
lhe posto o nome de Jesus, como lhe nha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno. (Lucas
2, 16)
Tendo ele a ngido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias
da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem.
Pensando que ele es vesse com os seus companheiros de comi va, andaram caminho de um dia e o
buscaram entre os parentes e conhecidos. Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele.
Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos
os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. Quando eles o viram, ficaram
admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura,
cheios de aflição. Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas
de meu Pai? Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera. Em seguida, desceu com eles a Nazaré
e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura, em
sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. (Lucas 2, 42 52).

Terceira Semana – Conhecimento de Nosso Senhor

Introdução
São Luís de Mon ort, ASE 154.
Entre todas as razões que nos podem excitar a amar Jesus Cristo, a Sabedoria incarnada, a mais
poderosa, em minha opinião, é a [quan dade de] dores que ele quis sofrer para nos testemunhar seu amor.
“Há, diz São Bernardo, um mo vo que ultrapassa a todos, que me toca mais sensivelmente e me
incita amar Jesus Cristo: é, oh bom Jesus, o cálice de amargura que bebestes por nós, é a obra da nossa
redenção, que vos torna amável a nossos corações, pois esse soberano bene cio e esse testemunho
incomparável de vosso amor adquire facilmente o nosso: ele nos atrai mais docemente, ele nos pede mais
justamente, ele nos incita mais fortemente e ele nos toca mais poderosamente: “Hoc est quod nostram
devo onem et blandius allicit et jus us exigit, et arc us stringet et afficit vehemen us”.E a razão que ele dá
em poucas palavras: “porque este caro Salvador trabalhou muito e muito sofreu para conseguir resgatar-
nos. Oh! Quantas penas e angús as ele suportou!”.
Mas o que nos fará ver claramente esse amor infinito da sabedoria por nós, são as circunstâncias que
se encontram em seu sofrimento...

27º DIA – Todo Deus todo homem!


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Jesus Cristo, nosso Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim úl mo de todas as
nossas devoções; de outro modo, elas serão falsas e enganosas.
Jesus Cristo é o alfa e o ômega, o princípio e o fim de todas as coisas. Nós só trabalhamos, como diz
o apóstolo, para tornar todo homem perfeito em Jesus Cristo, pois é em Jesus Cristo que habita toda a
plenitude da Divindade e todas as outras plenitudes de graças, de virtudes, de perfeições; porque nele
somente fomos abençoados de toda a bênção espiritual; porque é nosso único mestre que deve ensinar-
nos, nosso único Senhor de quem devemos depender, nosso único chefe ao qual devemos estar unidos,
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nosso único modelo, com o qual devemos conformarmos, nosso único médico que nos há de curar, nosso
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único pastor que nos há de alimentar, nosso único caminho que devemos trilhar, nossa única verdade que
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
devemos crer, nossa única vida que nos há de vivificar, e nosso tudo em todas as coisas, que deve bastar-
nos.
Abaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos. Deus não
nos deu outro fundamento para nossa salvação, nossa perfeição e nossa glória, senão Jesus Cristo. Todo
edi cio cuja base não assentar sobre esta pedra firme, estará construído sobre areia movediça, e ruirá
fatalmente, mais cedo ou mais tarde.
Por Jesus Cristo, com Jesus Cristo, em Jesus Cristo, podemos tudo: render toda a honra e glória ao
Pai, em unidade do Espírito Santo e tornar-nos perfeitos e ser para nosso próximo um bom odor de vida
eterna. Se estabelecermos, portanto, a sólida devoção à San ssima Virgem, teremos contribuído para
estabelecer com mais perfeição a devoção a Jesus Cristo, teremos proporcionado um meio fácil e seguro de
achar Jesus Cristo; como já fiz ver e farei ver, ainda, nas páginas seguintes, esta devoção só nos é necessária
para encontrar Jesus Cristo, amá-lo ternamente e fielmente servi-lo.

Reflexão: “Todo Deus todo Homem! ”

28º DIA – Pão de vida eterna


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Quando Jesus acabou todos esses discursos, disse a seus discípulos: Sabeis que daqui a dois dias será
a Páscoa, e o Filho do Homem será traído para ser crucificado. Durante a refeição, Jesus tomou o pão,
benzeu-o, par u-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo. Tomou depois o cálice,
rendeu graças e deu-lhes, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança,
derramado por todos os homens em remissão dos pecados. Digo-vos: doravante não beberei mais desse
fruto da vinha até o dia em que o beberei de novo convosco no Reino de meu Pai.
Re rou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: Assentai-vos aqui,
enquanto eu vou ali orar. E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e
a angus ar-se. Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo. Adiantou-se
um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: Meu Pai, se é possível, afasta de mim este
cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres. Foi ter então com os discípulos e os
encontrou dormindo. E disse a Pedro: Então não pudestes vigiar uma hora comigo... Vigiai e orai para que
não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca. Afastou-se pela segunda vez e orou,
dizendo: Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade! Voltou
ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Deixou-os e foi orar pela
terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Voltou então para os seus discípulos e disse-lhes: Dormi agora e
repousai! Chegou a hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores... Levantai-vos,
vamos! Aquele que me trai está perto daqui. (Mt 26, 1-2; 26-29; 36-46)

29º DIA – Imitando a vida de Cristo


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Da imitação de Cristo e do desapego das vaidades do mundo "Quem me segue não anda em trevas"
(Jo 8,12). São palavras de Cristo, com as quais nos admoesta que imitemos sua vida e costumes, se
quisermos verdadeiramente ser esclarecidos e livres de toda a cegueira de coração. Seja, pois, nosso
principal desempenho meditar a vida de Jesus Cristo. A sua doutrina excede a de todos os santos; e quem
possuir o seu espírito, nela achará o maná escondido. Acontece, porém, que muitos, ainda que amiúde
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ouçam o Evangelho, sentem nele pouco gosto e ram pouco proveito, porque não têm o espírito de Cristo.
Quem quiser compreender com sa sfação e proveito as palavras de Jesus Cristo, deve conformar sua vida
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com a dele. Que te aproveita discorrer com sabedoria sobre a Trindade, se não és humilde, e por isso lhe
Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
desagradas? A verdade é que não são palavras sábias que fazem o homem santo ou justo, mas sim é a vida
virtuosa que o faz agradável a Deus. É preferível sen r a compunção do que saber defini-la. Ainda que
soubesses de cor toda a Bíblia e os ditos de todos os filósofos, que te aproveitaria tudo isto sem o amor e a
graça de Deus?
Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, exceto amar a Deus e só a Ele servir (Ecl.1,2). A suma
sabedoria é, pelo desprezo do mundo, caminhar para o reino dos céus.

30º DIA - Pega a tua cruz e me segue


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)
Sentaram-se e montaram guarda. Por cima de sua cabeça penduraram um escrito trazendo o mo vo
de sua crucificação: Este é Jesus, o rei dos judeus. Ao mesmo tempo foram crucificados com ele dois
ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda.
Os que passavam o injuriavam, sacudiam a cabeça e diziam: Tu, que destróis o templo e o
reconstróis em três dias, salva-te a mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!
Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam dele: Ele salvou a outros e
não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e nós creremos nele! Confiou em
Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus! E os ladrões, crucificados com
ele, também o ultrajavam. (Mt 27, 36-44)
A muitos parecem duras estas palavras do Salvador: "Renuncia a mesmo, toma a tua cruz e segue-
me" (Lc 9,23). Porém, muito mais duras parecerão aquelas que Ele pronunciará no dia do juízo: "Apartai-vos
de mim, malditos, ide para o fogo eterno! (Mt 25,41).
Os que agora ouvem e seguem de boa vontade a palavra da cruz, não temerão então a sentença da
eterna condenação. "Este sinal da cruz aparecerá no céu quando o Senhor vier a julgar" (Mt 24,30). Então
todos os servos da cruz, que se conformaram na vida com Cristo crucificado, se achegarão a Cristo Juiz com
grande confiança.
Por que temes, pois, tomar a cruz, pela qual se vai ao céu? Na cruz estão a salvação e a vida, na cruz
a proteção contra nossos inimigos. Da cruz manam as suavidades celes ais; na cruz estão a fortaleza da
alma, a alegria do coração, o compêndio da virtude, a perfeição da san dade. Não há salvação da alma, nem
esperança da vida eterna, senão na cruz. Toma, pois, a tua cruz, segue a Jesus e chegarás à vida eterna.
Este Senhor foi adiante, levando às costas a sua cruz; e nela morreu por , para que tu leves também
a tua, e nela desejes morrer. "Porque se morreres com Ele, também com Ele viverás" (Rm 6,8); e se fores
seu companheiro nos trabalhos, o serás também na glória. (Imitação de Cristo, Livro II, Cap XII, 1- 2)

31º DIA - Deus e sua infinita bondade


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Deus manifesta ao homem sua bondade e seu amor no sacramento da Eucaris a Senhor, confiado
em vossa bondade e misericórdia infinita, venho a Vós como enfermo ao médico; como faminto sequioso, à
fonte da vida; como pobre, ao rei do céu; como escravo ao Senhor soberano; como criatura ao meu Criador;
como aflito, a meu piedoso consolador. Mas donde me vem, meu Deus, a graça de virdes a mim? Quem sou
eu para que Vós mesmo vos deis a mim? Como se atreve o pecador a aparecer em vossa presença? Como
Vos dignais de ouvir o pecador? Vós conheceis vosso servo e sabeis que não há em mim bem algum que
mereça esta graça. Confesso, pois, minha vileza, reconheço vossa bondade, louvo vossa piedade e vos dou
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graças por vossa caridade infinita.


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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
Os que tomarem esta santa escravidão terão uma devoção especial pelo mistério da Encarnação do
Verbo, a 25 de março , que é o mistério adequado a esta devoção, pois que esta devoção foi inspirada pelo
Espírito Santo: 1° para honrar e imitar a dependência em que Deus Filho quis estar de Maria, para glória de
Deus seu Pai e para nossa salvação; dependência que transparece par cularmente neste mistério em que
Jesus Cristo se torna ca vo e escravo no seio de Maria SS., aí dependendo dela em tudo;
2° para agradecer a Deus as graças incomparáveis que concedeu a Maria, principalmente por tê-la
escolhido para sua Mãe digníssima, escolha feita neste mistério.
São estes os dois fins principais da escravização a Jesus Cristo em Maria, visto estarmos num século
orgulhoso, em que brotam os sábios enfatuados, os espíritos fortes e crí cos, que sempre acham o que falar
das mais sólidas e bem estabelecidas prá cas de piedade, é preferível, para evitar-lhes ocasião de crí ca
desnecessária, dizer "escravidão de Jesus em Maria" e dizer-se "escravo de Jesus Cristo" do que escravo de
Maria. Assim a denominação desta devoção será dada antes pela sua finalidade, Jesus Cristo, que pelo
caminho e meio para a ngir este fim, Maria San ssima.
Pode-se, entretanto, usar uma ou outra sem o menor escrúpulo, como eu faço. Como o principal
mistério que se celebra e honra nesta devoção é a mistério da Encarnação, no qual só se pode contemplar
Jesus em Maria, e encarnado em seu seio, é mais adequado dizer-se "a escravidão de Jesus em Maria", de
Jesus residindo e reinando em Maria, conforme a bela oração de tantos homens célebres: "Ó Jesus vivendo
em Maria, vinde e vivei em nós, em vosso espírito de san dade", etc.
Os que adotarem esta escravidão terão grande devoção ao recitar a Ave-Maria, ou a Saudação
Angélica, da qual bem poucos cristãos, mesmo esclarecidos, conhecem o valor, o mérito, a excelência e a
necessidade. Foi preciso que a San ssima Virgem aparecesse várias vezes a grandes santos muito doutos,
para demonstrar-lhes o mérito desta pequena oração. (Tratado da Verdadeira Devoção à San ssima Virgem,
243, 245, 246, 249)

32º DIA – O amor de Jesus

(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Do amor de Jesus sobre todas as coisas Bem-aventurado o que conhece o que é amar a Jesus e
desprezar-se a si mesmo por amor de Jesus!
Nosso amor para com ele deve apartar-nos de qualquer outro amor, porque Jesus quer ser amado
sobre todas as coisas. O amor da criatura é enganoso e mutável, o amor de Jesus é fiel e constante.
O que se prende à criatura cairá com ela; o que se abraça com Jesus estará firme para sempre. Ama
e tem por amigos aquele que não te faltará quando todos te desampararem, nem te deixará perecer
quando chegar o fim da vida.
De todos hás de te separar um dia, queiras ou não queiras. (...) Teu amado é de tal condição que não
quer admi r companhia no amor; ele só, quer possuir teu coração e nele reinar como soberano em seu
trono. A experiência te mostrará que toda a afeição que não puseres em Jesus, mas nos homens, é perdida.
Eis aqui algumas prá cas interiores assaz san ficantes para aqueles chamados pelo Espírito Santo a
mais alta perfeição. Consiste, em quatro palavras, em fazer todas as suas ações por Maria, com Maria, em
Maria e para Maria, a fim de fazê-las mais perfeitamente por Jesus, com Jesus, em Jesus e para Jesus.
É preciso fazer todas as ações por Maria, quer dizer, em todas as coisas obedecer à San ssima
Virgem, e em tudo conduzir-se por seu espírito, que é o santo Espírito de Deus.
São filhos de Deus os que se conduzem pelo espírito de Deus (Rm 8, 14). E os que pautam sua
conduta pelo espírito de Maria são filhos de Maria e, por conseguinte, filhos de Deus, como já
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demonstramos; entre tantos devotos da San ssima Virgem, só os que se conduzem por seu espírito é que
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são devotos verdadeiros e fiéis.


Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
Disse que o espírito de Maria é o espírito de Deus, porque ela jamais se conduziu por seu próprio
espírito, e sempre pelo espírito de Deus, e este de tal modo a dominou que acabou tornando-se seu próprio
espírito.
Quão feliz é uma alma quando, a exemplo do bom irmão jesuíta Rodríguez, falecido em odor de
san dade, é toda possuída e governada pelo espírito de Maria, que é um espírito suave e forte, zeloso e
prudente, humilde e corajoso, puro e fecundo!
É essencial fazer todas as ações com Maria, isto é, em todas as ações olhar Maria como um modelo
acabado de todas as virtudes e perfeições, que o Espírito Santo formou numa pura criatura, e imitá-lo na
medida de nossa capacidade.
Cumpre, portanto, que, em cada ação, consideremos como Maria a fez ou faria se es vesse em
nosso lugar. Devemos, por isso, examinar e meditar as grandes virtudes que ela pra cou durante a vida,
especialmente 1° sua fé viva, pela qual creu fiel e constantemente até ao pé da cruz, sobre o Calvário; 2° sua
humildade profunda que a levou a esconder-se, a calar-se, a submeter-se a tudo e a colocar-se em úl mo
lugar.

33º DIA – Jesus o novo Adão


(Fazer primeiro as orações e rezai o Santo rosário)

Que o corpo de Jesus Cristo e a Sagrada Escritura são de grande necessidade à alma fiel, Ó
dulcíssimo Jesus, que delícias inundam a alma fiel admi da ao Vosso banquete, onde se lhe não apresenta
outro alimento senão Vós mesmo, seu único amado, o mais caro objeto de seus desejos! Oh! quão suave
seria para mim derramar em vossa presença copiosas lágrimas de amor e regar com elas vossos divinos pés
como a Madalena? Mas onde se achará esta devoção tão viva, esta efusão tão copiosa de santas lágrimas?
Na verdade, o meu coração deveria abrasar-se em lágrimas de gosto diante de Vós e dos vossos
santos anjos; pois que em vosso sacramento, Vos tenho verdadeiramente presente, posto que oculto
debaixo das espécies sacramentais. Meus olhos não poderiam suportar o resplendor da vossa luz divina e o
mundo inteiro se esvaeceria em vossa presença se aparecêsseis com toda a majestade de vossa glória. É,
pois, por uma graça que fazeis à minha fraqueza que vos escondeis nesse Sacramento.
É preciso fazer todas as ações em Maria. A San ssima Virgem é o verdadeiro paraíso terrestre do
novo Adão, de que o an go paraíso terrestre é apenas a figura. Há, portanto, neste paraíso terrestre,
riquezas, belezas, raridades e doçuras inexplicáveis, que o novo Adão, Jesus Cristo, aí deixou. Neste paraíso
ele pôs suas complacências durante novos meses, aí operou suas maravilhas e aí acumulou riquezas com a
magnificência de um Deus.
É neste paraíso terrestre que está em verdade a árvore da vida que produziu Jesus Cristo, o fruto de
vida; a árvore da ciência do bem e do mal, que deu a luz ao mundo. Há, neste lugar divino, árvores plantadas
pela mão de Deus e orvalhadas por sua unção divina, árvores que produziram e produzem, todos os dias,
frutos maravilhosos dum sabor divino O Espírito Santo, pela boca dos Santos Padres, chama também a
San ssima Virgem a porta oriental, por onde o sumo sacerdote Jesus Cristo entra e vem ao mundo (cf. Ez
44, 2-3); por ela entrou da primeira vez, e por ela virá da segunda.
É preciso fazer finalmente todas as ações para Maria. Não a tomamos, porém, como fim úl mo de
nossos serviços; que é somente Jesus Cristo, mas como fim próximo, intermédio misterioso, e o meio mais
fácil de chegar a ele.
É preciso que não fiquemos ociosos, e sim que, apoiados por sua proteção; empreendamos e
realizemos grandes coisas para tão augusta Soberana.
É preciso defender seus privilégios quando alguém lhes disputar; sustentar sua glória, quando
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alguém a atacar: atrair todo o mundo, se for possível, ao seu serviço e a esta verdadeira e sólida devoção;
falar, clamar contra todos os que abusem de sua devoção para ultrajar seu Filho; e ao mesmo tempo
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estabelecer esta verdadeira devoção.


Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
E como recompensa destes pequenos serviços, não devemos pretender mais que a honra de
pertencer a uma Princesa tão amável, e a felicidade de, por meio dela, ficarmos unidos a Jesus Cristo, seu
Filho, com um liame indissolúvel no tempo e na eternidade.

A Consagração
Parabéns! Você conseguiu chegar ao final do exercício com a graça de Deus e por intercessão de
nosso Patrono São Luís Maria Grignion de Mon ort.

Ao fim destas três semanas, confessar-se e comungarão na intenção de se darem a Jesus Cristo na


condição de escravos por amor, pelas mãos de Maria. E depois da comunhão, recitarão a fórmula de
consagração, e a assinem no mesmo dia em que a fizerem.
Nesse dia, será bom renderem algum tributo a Jesus Cristo e a sua Mãe San ssima, seja em
penitência de sua infidelidade passada às promessas do ba smo, seja em sinal de sua dependência do
domínio de Jesus e de Maria. Ora, esse tributo será conforme a devoção e capacidade de cada um: um
jejum, uma mor ficação, uma esmola, um círio.
Ainda que não deem mais que um alfinete em homenagem, contanto que o deem de bom coração, é
o bastante para Jesus, que só olha a boa vontade.
Todos os anos, ao menos, no mesmo dia, renovarão a consagração, observando as mesmas prá cas
durante três semanas.

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Consagração Total a Nossa Senhora
Segundo o método de São Luís de Montfort
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CONSAGRAÇÃO A JESUS CRISTO, A SABEDORIA


ENCARNADA, PELAS MÃOS DE MARIA

SABEDORIA ETERNA E ENCARNADA! Ó amabilíssimo e adorável


Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Filho Unigênito do Pai Eterno e da sempre Virgem Maria.

Adoro-Vos profundamente, no seio e nos esplendores do Vosso Pai, durante toda a eternidade, e no seio virginal de Maria,
Vossa Mãe digníssima , no tempo da Vossa Encarnação.

Dou-Vos graças por Vos terdes aniquilado a Vós mesmo, tomando a forma de escravo, para livrar-me da cruel
escravidão do demônio. Eu Vos louvo e glorifico por Vos terdes querido submeter em tudo a Maria, Vossa Mãe Santíssima,
a fim de, por Ela, tornar-me Vosso fiel escravo.

Entretanto, ai de mim, criatura ingrata e infiel! Não guardei os votos e promessas que tão solenemente Vos fiz no meu
Batismo. Não cumpri as minhas obrigações; não mereço ser chamado Vosso filho, nem Vosso escravo; e, como nada há em mim
que não mereça a Vossa repulsa e a Vossa cólera, não ouso aproximar-me por mim mesmo da Vossa Santíssima e Augustíssima
Majestade.

Recorro, pois, à intercessão e à misericórdia de Vossa Mãe Santíssima, que me destes por medianeira junto de Vós. É
por intermédio d'Ela que espero obter de Vós a contrição e o perdão dos meus pecados, a aquisição e conservação da
Sabedoria.
Ave, pois, ó Maria Imaculada, Tabernáculo Vivo da Divindade, onde a Eterna Sabedoria escondida quer ser adorada
pelos anjos e pelos homens.
Ave, ó Rainha do Céu e da Terra, a cujo Império é submetido tudo o que há abaixo de Deus.
Ave, ó Seguro Refúgio dos pecadores, cuja misericórdia a ninguém despreza. Atendei ao desejo que tenho da Divina
Sabedoria, e recebei, para isso, os votos e ofertas apresentados pela minha baixeza.

Eu, .......................... , infiel pecador, renovo e ratifico hoje, nas Vossas mãos, as promessas do meu Batismo:
renuncio para sempre a Satanás, às suas pompas e suas obras, e dou-me inteiramente a Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada,
para o seguir, levando a minha Cruz, todos os dias da minha vida. E para lhe ser mais fiel do que até agora tenho sido,
escolho-Vos hoje, ó Maria, na presença de toda a Corte Celeste, por minha Mãe e Senhora.

Entrego-Vos e consagro-Vos, na qualidade de escravo, o meu corpo e a minha alma, os meus bens interiores e
exteriores, e o próprio valor das minhas boas obras passadas, presentes e futuras, deixando-Vos pleno e inteiro direito de
dispor de mim e de tudo o que me pertence, sem exceção alguma, segundo o Vosso agrado e para maior glória de Deus, no
tempo e na eternidade.

Recebei, ó Benigníssima Virgem, esta pequenina oferta da minha escravidão, em união e em honra à submissão que a
Sabedoria Eterna quis ter à Vossa Maternidade; em homenagem ao poder que ambos tendes sobre este vermezinho e miserável
pecador; em ação de graças pelos privilégios com que largamente Vos favoreceu a Trindade Santíssima.

Protesto que quero, de hoje em diante e firmemente, como Vosso verdadeiro escravo, buscar a Vossa honra e
obedecer-vos em todas as coisas.
Ó Mãe Admirável, apresentai-me ao Vosso amado Filho na condição de escravo perpétuo, a fim de que, tendo-me
resgatado por Vós, por Vós também me receba propiciamente.

Ó Mãe de Misericórdia, concedei-me a graça de obter a Verdadeira Sabedoria de Deus, e de colocar-me, para isso,
entre o número daqueles que amais, ensinais, guiais, sustentais e protegeis como filhos e escravos Vossos.
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Ó Virgem Fiel, tornai-me em tudo um tão perfeito discípulo, imitador e escravo da Sabedoria Encarnada, Jesus
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Cristo, Vosso Filho, que eu chegue um dia, por vossa intercessão e a vosso exemplo, à plenitude da sua idade na Terra e da
sua glória no Céu. Amém. Assim seja. Amém.

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