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MILTON QUISSE

A Ociosidade do Homem
do Nosso Século

Uma Reflexão Antropológica e Filosófica acerca do


Homem desde a Antiguidade até a época
Contemporânea

(XXI)

1
MILTON QUISSE

Estudante de L.F.E

ISMMA

A OCIOSIDADE DO HOMEM DO NOSSO


SÉCULO

3
Autor: Milton Quisse

Pré – impressão: independently published

Revisão: amazon kindly

Editora: independently published

Publicação: 21/10/2023

ISBN: 9798864855164
A minha Mãe

Isabel Jorge Langa

Meu Pai

Guilichane Quisse

Ao meu Formador Pe. Petardo Cachepa

Aos meus colegas e amigos

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Agradecimentos

Aos meus pais que sempre me apoiaram nos estudos e


todos meus irmãos e colegas da escola que lutaram para
que eu terminasse esse livro.
Prefácio

É com muita honra que recebi esse livro e li com muita


atenção e carinho, ao decorrer da leitura fui recordando
das bem aventuranças de Nosso Senhor Jesus Cristo e
disse em meu coração: Bem aventurado os que lerem
esse livro, porque serão libertados dos cativeiros ociosos,
bem aventurado os que aplicarem o que aprenderem
nesse livro, porque serão chamados filósofos dos últimos
tempos... E fui continuando a minha leitura rica e
produtiva e digo assim como disse João Baptista ao ver
O Salvador do mundo: Eis o cordeiro de Deus. De tantas
abordagens e ensinamentos sociais que esse livro traz
que me leva a dizer ecce Panis angelorum = eis o pão
dos anjos.

A humanidade precisa de escritores fortes e com


coragem para ver os problemas e as alegrias das
sociedades e a partir das suas reflexões procurar elucidar
a humanidade de várias coisas que achar necessário.

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É com muito orgulho que endereço os meus parabéns ao
Milton Quisse, pela coragem que teve de querer ser/fazer
diferente.

O Templário
PRÓLOGO

Ouvir

1 No demais, irmãos, rogai por nós, para que a


palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada,
como também o é entre vós;

2 E para que sejamos livres de homens dissolutos


e maus, porque a fé não é de todos.

3 Mas fiel é o Senhor, que vos confortará, e


guardará do maligno.

4 E confiamos quanto a vós no Senhor, que


também fazeis e fareis o que vos mandamos.

5 Ora, o Senhor encaminhe o vosso coração na


caridade de Deus, e na Paciência de Cristo.

6 Mandamos-vos, porém, irmãos, em nome de


Nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo
irmão que andar ocioso, e não segundo a tradição que de
nós recebeu.

7 Porque vós mesmas sabeis como convém


imitar-nos, pois que não nos houve ociosidade entre vós;

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8 Nem de graça comemos o pão de ninguém, mas
com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não
sermos pesados a nenhum de vós.

9 Não porque não tivéssemos autoridade, mas


para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos
imitardes.

10 Porque, quando ainda estávamos convosco,


vos mandamos isto: que se alguém não quiser trabalhar,
não coma também.

11 Porque Ouvimos que alguns entre vós andam


na ociosidade, não trabalhando; antes, fazendo coisas
vãs.

2 tessalonicenses 3, 1-11
INTRODUÇÃO

Desde que o Homem deixou de estar no seu


estado ideal e passou a estar no seu estado real, ficou
condenado as vicissitudes deste mundo, vicissitudes
estas que o acompanham desde os primeiros séculos da
sua existência breve nesse mundo, até ao nosso século
XXI e continuará condenado enquanto ser um peregrino
nesse mundo.

Este livro pretende falar da Ociosidade que está


intrinsicamente ligado ao Homem. E mais adiante o livro
nos faz perceber que a ociosidade tem de ser vencida
pelo Homem, pois ignorando a ociosidade que o Homem
tem, estaríamos a condená-lo as trevas, pois dizia um
irmão meu: “onde a ignorância fala, a inteligência não
dá palpites” e por conseguinte perde o seu valor na
sociedade, porque como diz (Heredita Angel) Amor é
labor. Mas, há aqueles preguiçosos que recuam, vivem

11
na ociosidade, praticando obras inúteis, que em nada lhes
acrescenta. São os chamados Voluntários da Inutilidade.

Podemos ver a partir de várias visões que a


ociosidade faz mal ao Homem em todos os aspectos,
vejamos que Segundo (Johann G. Sueme) “a ociosidade
é a estupidez do corpo e a estupidez é a ociosidade da
mente.”

Os homens têm um inimigo em comum que deve


ser enfrentado e derrotado, para que ele possa
desenvolver em todos os aspectos, pois o primeiro filho
da ociosidade é a pobreza (Conde de Vimioso)

Estamos numa época vazia, dizia Lipovesky e


por conseguinte a caminho da infelicidade eterna de
onde o homem busca resgatar - se e ganhar a liberdade
que diz Amartya Sen, uma liberdade que leva ao
desenvolvimento portanto eis aqui o Ecce Homo dito por
Nietzche que busca o Super - Homem que vence o
niilismo, supera a forma homem, velha e desgastada,
supera todos os humanismos, toda a cultura que o prende
em si mesmo, é ele quem "lança a flecha do seu anseio
por cima do homem" (Nietzsche, Assim Falou
Zaratustra, p. 18). Contudo é necessário que o Homem
sofra uma metamorfose fundamental, porque como diz:
(Cesare Pavese) “O ócio torna as horas lentas e os anos
velozes. A atividade torna as horas rápidas e os anos
lentos”, nessas experiências, podemos ver uma época
conturbadora e com péssimas referências em relação ao
Homem, contra a qual o Homem busca resgatar-se.

A ociosidade é declarada como que um vírus para a


humanidade, pois podemos encontrar em diversas áreas
da sociedade, como no campo educativo, social e
político, por isso aqui nos é oferecido o pão dos anjos
para que libertos, nunca mais voltaremos a ociosidade,
um dos temas colocados pelo o autor é: o que comporta a
Liberdade como responsabilidade de todos? Vemos que
muitas das velhas procuramos sempre os culpados, mas
acredito ser o tempo de nos colocarmos como
participantes ativo dessa batalha e assumirmos com amor
e paciência os desafios da sociedade.

Nós como africanos devemos aprender a ser autores da


nossa história, temos que ser capazes de contar a nossa

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história sem precisar contar as histórias dos outros
povos, temos que ser os primeiros a acreditar na nossa
causa. Esse é o momento de questionarmos quem sou na
história? Qual é a minha identidade? O espanto, a dúvida
devem acompanhar a nossa existência na positiva, como
meio de melhor nos conhecermos na história e naquilo
que é verdadeiramente nosso. O caráter reflexivo deve
ser colocado em prática juntamente com o espirito
investigativo, pois não podemos mudar o passado, mas
podemos ser senhores do nosso futuro.
1

O Homem e a Ociosidade Na Idade Antiga (V)

Homem é um ser puramente racional e diferente


dos outros animais, pois se percebe numa perspectiva,
primeiro naturalista que as condições biológicas do
homem são fundamentais para sua capacidade de
intervenção no mundo de uma maneira diferente em
relação aos outros animais, pois dizia (Platão) O homem
retrata-se inteiramente na alma; para saber o que é e o
que deve fazer, deve olhar-se na inteligência, nessa parte
da alma na qual fulge um raio da sabedoria divina. Os
homens tem a tendência de praticar a virtude e o mal
também e podemos deduzir que a virtude salvará o
homem da ociosidade e o mal o condenará a ociosidade.
O homem que é firme, paciente, simples, natural e
tranquilo está perto da virtude (Confúcio). O homem não
é apenas um animal preocupado em satisfazer a
necessidade de sobrevivência, mas também como aquele
que idealiza, cria mundos para a sua acomodação e
enquanto um ser racional, ele compartilha experiências e
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estabelece um convívio social, normas, regras que
podem ou não ter caráter universal, porque cada uma
delas representa a elaboração cultural de uma vivência
histórica especifica, não transmissível ou traduzível a
outros contextos históricos, vendo como o homem está
sujeito nesse mundo, pode-se concluir que o homem na
antropologia é um ser em cultura, que se define a partir
de sua história, suas ideias e envolvimento social, pois o
homem mergulha na sua essência através da sua vocação
cultural e tudo isso expressa o que há de próprio ao
homem, independentemente do tempo e do espaço.

Do ponto de vista filosófico, o ser humano é


caracterizado como um ser vivo racional, capaz de ser
uma unidade e uma totalidade ao mesmo tempo,
enquanto matéria. Ele também consegue, através da

racionalidade, distinguir coisas e elaborar conceitos.

(Aristóteles)

Vejamos aqui, como a Ociosidade entra na


antiguidade, nas mais famosas sociedades que existiram,
que buscavam uma “felicidade pela razão, mas que era
fruto da imaginação” (Kant), mas que muito longe da
felicidade introduziram uma “pandemia” para a
sociedade, comecemos pela Grécia antiga, que concebia
talvez a ociosidade de uma outra maneira regida pelas
necessidades e políticas estabelecidas naquele local
especifico.

Entre os gregos o trabalho era tido como a


expressão da miséria humana, portanto, desprezado. Para
filósofos como Aristóteles e Platão o trabalho estava
ligado com o campo da necessidade, como, por exemplo,
alimentar-se e cobrir-se. Tratava-se de uma clara
separação entre o mundo do “labor”, o mundo da
“necessidade” e o mundo regido pela “razão”. Assim, a
única atividade digna dos homens livres era o “ócio” por
isso jamais poderiam ser felizes porque como dizia
(Aristóteles) “A felicidade e a saúde são incompatíveis
com a ociosidade.” A cidadania grega estava
intimamente ligada com o trabalho, ou seja, somente as
pessoas que não precisassem trabalhar, ou ocupar-se das
atividades ligadas ao campo da necessidade, poderiam
de fato se considerar cidadãos plenos e participar da

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política, isto é, dos assuntos da pólis. Interessante notar
que a palavra “ócio,” em grego, é “skole” de onde deriva
a palavra escola em português, que em latim é schola e
em castelhano, “escuela” quer dizer, os nomes dados aos
lugares destinados à educação significavam ócio para os
gregos. Assim, eles consideravam o ócio como algo a ser
alcançado e desfrutado. Para o filósofo (Aristóteles), “a
ociosidade era uma condição ou estado – o estado de
estar livre da necessidade de trabalhar.”

A partir da concepção que ganhamos acerca da


ociosidade entre os gregos podemos ver que os Romanos
nos trazem uma outra concepção de ociosidade, pois
para eles o conceito de ociosidade era para as pessoas
muito ocupadas, buscavam-no não como um fim, mas
como descanso e diversão no intervalo de suas diversas
atividades – exército, comércio, governo e era nesses
ambientes onde se geravam conflitos e porque diz o
(Nino Carneiro) “A ociosidade é um bom fertilizante
para cultivar a intriga e a discórdia.” Por fim vemos uma
das grandes frases registradas nessa época por alguns
filósofos, que saíram da “caverna” de Platão e
observando a condição decadente que o homem ia
entrando pouco a pouco, lançaram a frase: Primum
laborare, deinde philisophare, uma máxima também
romana, já é uma alteração ética importante nesse
conceito de divisão do tempo, onde se apregoa a lei
natural de se trabalhar primeiro e de filosofar apenas
depois.

Podemos notar que de facto na idade antiga os


homens também tiveram esse desejo de sair da
ociosidade, tomemos em conta a pessoa de Sócrates que
buscou resgatar o homem, mas como qualquer outro
visionário teve um fim, que chamaríamos do martírio
ocioso. Sócrates buscava instigar os jovens a pensar, a
questionar todos os preceitos morais e a julgar todas as
condutas que a vida adulta iria lhes impor, ele queria
ensinar a juventude a fazer o uso da razão corretamente,
uma vez que a própria juventude estava embutida numa
moralidade de submissão social a toda a autoridade e a
uma concordância social e por esse motivo Sócrates vai
propor uma nova moralidade que estava dentro da
própria alma, que seria visto como uma aspiração a

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perfeição espiritual, mas longe de ser percebido foi
preso, julgado, condenado e morto. E foi frustrada uma
das primeiras tentativas de o próprio homem sair da
ociosidade.
2

O Homem e a Ociosidade na Idade Média

(V-XV)

A Idade Média foi marcada pelo paradigma


teocêntrico, onde a ciência estava sob a tutela da fé,
vemos um período vulgarmente chamado do “tempo das
trevas”, mas que como qualquer época teve as suas
vicissitudes. Vejamos aqui que a Idade Média foi uma
das épocas mais conturbadoras do Homem, pois havia
uma certa ociosidade acadêmica cientifica no início
porque todo pensamento cientifico tinha de estar voltado
a fé, fé esta que era o pilar de todo o pensamento
cientifico dessa época. Foram mais de mil anos de
governação da Igreja, que começa com a queda do
Império Romano por volta de 476 d.C., vemos uma
época onde o pensamento do Homem começa a ser
limitado, dando assim a entrada da ociosidade nessa
época, surgiram ainda vários pensadores da Igreja que
foram designados de Patrística, escolástica... pois era

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constituído pelos padres da Igreja, pois nessa época a
Igreja ganha grande prestigio entres os povos e se
destacam homens como: Santo Agostinho, São Tomás de
Aquino, etc. Esses homens procuraram resolver
problemas específicos da época deles, a questão da
existência de Deus, entre outros...

Na Idade Média, vemos algo bastante


surpreendente em relação ao Homem, naquilo que seria
o seu modo de pensar e do seu modus vivendi, enquanto
que na idade antiga, a busca pelo raciocínio logico
racional, a busca pela explicação no uso da razão era a
base e a até podemos dizer que a ociosidade na idade
antiga estava “equilibrado”, pois existiam os que faziam
o uso da razão e aqueles que não conseguiam levar essa
vida, nesse caso os escravos, esses levavam a vida
produzindo no campo, então o homem tinha alguma
coisa a fazer, mas na idade medieval com a fé como a
base de todo pensamento fica difícil o Homem alcançar
o seu Magis no raciocínio cientifico fora da fé, pois ele
teria de pensar primeiro em responder a questão da
existência de Deus...
O Homem medieval era considerado um
peregrino nesse mundo por excelência, porque essa vida
era considerada terrena como uma passagem apenas, e
essa passagem deveria dar a necessidade do sentido do
Homem de preparar a alma para a morada eterna. Vemos
que o Homem medievo tinha uma vida muito dura no
campo e na cidade, tinham vestimentas muito pobres em
geral e uma dieta baseada em cereais e legumes, então
como poderia o homem vivendo nessas condições
refletir? mesmo se quisesse filosofar, produzir
conhecimento cientifico não seria possível enquanto
tiver dificuldades em ter um estilo de vida minimamente
estável. A expectativa de vida era pequena, a taxa de
mortalidade era bastante elevada, e alguns que
ultrapassavam os quarenta anos de idade eram
considerados velhos, isso tudo está em torno da
ociosidade do Homem, daqueles que seriam
responsáveis por dirigir a humanidade ao
desenvolvimento, levaram a mesma humanidade a um
retrocesso bastante significante. Havia uma certa
ociosidade acadêmica, uma ociosidade que impedia o
Homem de desenvolver na tua totalidade, como dizia o

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Sandel: que o homem não basta só ter a liberdade, mas
deve ter capacidades, e capacidades estas que devem
levar ao desenvolvimento, e foi isso que faltou na idade
média numa primeira parte, mas a ganância tomou conta
dos homens, e com a ociosidade o levou a desencadear
várias guerras em nome da fé, isso sim chamaríamos do
ponto mais da alto da ociosidade humana, pois quando o
homem ignora a ociosidade e esta por sua vez penetra no
seu mais íntimo, produz atos realmente desumanos,
contudo eu chamo a ociosidade como a causa de todo o
mal que aflige o homem... As guerras, a fome, as
doenças, etc. isso tudo é graças a ociosidade, porque se o
homem não fosse ocioso acharia tudo isso inútil de
praticar e viver... Os vikings costumavam roubar gado,
cavalos e comida por onde passavam e as calamidades
eram interpretados como ataques do demônio ou castigos
de Deus, eles não conseguiam pensar mais além do que
isso, porque já estava incutido que a fé estaria em cima
da razão e não na questão do equilíbrio, como escreve o
Papa João Paulo II na sua encíclica: “Fides et ratio”.
As guerras que aconteceram na idade medieval
demonstram de uma maneira bastante clara, as condições
de vida desses homens que mergulharam no ponto mais
alto da ociosidade, podemos ver aqui algumas das
guerras que marcaram a história do homem, comecemos
pelas cruzadas que estipulavam o combate aos infiéis e
contudo, justificava o uso da violência na conquista da
terra Santa, a cidade de Jerusalém que estava sob o
controle dos muçulmanos desde a conquista das cidades
dos bizantinos, foi nesse contexto que a Igreja ganha
interesse em rever o controle da chamada Terra Santa,
haviam outras possibilidades da convocação das
cruzadas, como a promessa de salvação e remissão dos
pecados e também pela chance de obter terras e riquezas
a partir dos saques, vemos até que ponto o homem
preferiu a violência ao invés do diálogo... então é nesse
sentido da ociosidade que o homem vivia na idade
medieval, não havendo um total despertar da consciência
do homem, vivia na sua ignorância condenando a si
mesmo e ao seu próximo, sem levar em relevância a
frase tomasiana: Bonum faciendum et malum vitando =
fazer o bem e evitar o mal.

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Apesar da idade medieval nos apresentar uma
certa ociosidade, ela não se deixou dominar por
completo, por isso que no final da idade medieval,
surgem as universidades, que procuraram conciliar essa
fé e razão, com as disciplinas denominadas Trivium e
quadrivium, era uma forma de ajudar o homem a vencer
a ociosidade da sua época. Por isso olhar a idade
medieval como sendo somente a idade das trevas
estaríamos nos enganando porque nessa época o homem
nos prova também que é possível vencer a ociosidade
acadêmica e produtiva.

(A). A percepção do tempo em santo Agostinho, como


fundamento para a interpretação das utopias do
mundo

Aqui reside a pergunta mais importante do livro


décimo de santo Agostinho: o que é Tempo? Agostinho
diz para Deus que não houve tempo algum que Ele nada
fizera já que fazia o próprio tempo, e que não há um
tempo coeterno a Ele, porque Ele permaneceu imutável e
se algum tempo também fosse imutável não seria tempo.
Agostinho diz – nos que apesar de não saber explicar o
tempo, ele sabe que se nada passasse não haveria tempo
chamado passado. Finaliza o capitulo afirmando que o
que nos permite afirmar que o tempo existe é a sua
tendencia para não existir.

O tempo é longo ou breve e que isto só pode ser


dito para o passado e para o futuro. E diz nos ainda que o
mais coerente é dizer o passado foi longo ou breve e o
futuro será longo ou breve, ele termina esse capitulo
refletindo mais sobre o presente. O presente que não
cabe num lapso, e que o passado e o futuro não podem
ser mensuráveis no seu ser, neles próprios, já que o
passado não é e o futuro ainda não é.

Agostinho continua ainda e faz um pedido a Deus


que o faça compreender os tempos conhecidos como
presente, passado e futuro. Mas no fim afirma existir o
futuro e o passado, depois de observar que adivinhos
veem coisas futuras. ele busca ainda uma força para que
possa seguir adiante nas suas investigações sobre o

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futuro e o passado, ele de facto quer saber onde estão tais
tempos. Admite não poder compreender. E diz que ao
ver a aurora, esta não é o nascimento do sol, mas sim a
imagem que ela traz em seu espirito.

Para Santo Agostinho nem o passado e nem o


futuro existem de facto. E que o mais certo seria admitir
que temos: o presente passado, o presente do presente e
o presente do futuro e que tais tempos existem em nossas
mentes e não em outro lugar. A memória será o presente
do passado, a percepção Directa seria o presente do
presente e a esperança seria o presente do futuro.

(B). Como medir um tempo que precisa de tempo?

Medimos o tempo no momento em que passa,


inicia assim diz Agostinho. Diz ainda que como não se
pode medir o passado e o futuro que não existem e
também o presente por este não ter duração, o que
podemos medir é o tempo enquanto ele está passando
entre o presente agora e o passado. E finaliza com uma
indagação: que é em que espaço seria possível medir o
tempo no momento em que passa? E no futuro não pode
pois ainda não existe e no passado também pois não
existe mais, seria no presente por onde ele passa? Enfim,
o que não existe mais escapa a qualquer medida.

Movido por uma esperança de querer sair da


ociosidade Santo Agostinho pede a Deus para que não
sabote o desejo dele de tentar solucionar o mistério do
tempo. Confessa ainda sua ignorância e suplica pela luz
da misericórdia e afirma que a palavra “tempo” está em
nosso cotidiano e isso nos faz pensar que
compreendemos o que é, mas segundo Agostinho elas
encerram mistérios e compreendê – las requer melhor
análise.

O tempo é o movimento do sol, da lua e dos


astros, diz Agostinho ter ouvido de um homem, e ele
discorda porque se assim fosse não seria então o tempo o
movimento de todos os corpos? Agostinho diz não estar
interessado em saber o que é “dia” como ele aborda
durante o capitulo, mas sim o que é “tempo”, e termina
ele dizendo que o tempo é uma espécie de extensão e

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perquirindo – se se ele vê o tempo ou se apenas tem a
impressão de vê-lo.

Agostinho diz servir – se do tempo para medir a


duração do movimento de um corpo do começo ao fim e
que o movimento de um corpo é diferente da medida de
sua duração, finalizando que o tempo não é, pois, a
mesma coisa que o movimento.

Ele afirma que mede o tempo, mas que não sabe


o que mede. Finaliza levantando as questões que
levantara no capitulo XXI, e termina perguntando o que
ele mede então?

Agostinho diz que o Futuro não existe, mas a


espera pelas coisas futuras já está presente no espirito,
então ele diz como experimentamos o tempo a partir do
espirito.

Que fazia Deus antes de criar o céu e terra?


Como teve a ideia de criar algo se antes nunca fizera
nada? Ele retorna a essas duas questões, mas ele diz
depois que não se pode questionar um “antes” a criação
de Deus, não há tempo coeterno a Deus, o criador, que é
eterno e é exterior a qualquer temporalidade. Agostinho
termina as suas reflexões sobre o tempo referindo – se ao
caráter misterioso da natureza divina, tudo isso em
súplica a Deus. O saber de tudo, as etapas distintas que
se passa tudo pertence a Deus que tem natureza imutável
e eterna.

Devido as diversas inquietações vejo que


conhecer o tempo é fundamental, pois todas as nossas
atividades debaixo do sol são governadas pelo tempo e
isso implica necessariamente na nossa mudança
constante e busca ressuscitar dentro de nós uma força
motriz capaz de lutar para o desenvolvimento.

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3

O Homem e a Ociosidade na Idade Moderna (XV-

XVIII)

Depois de um longo período da idade medieval, a


idade moderna vai ser marcada pelo apogeu da ciência, a
exaltação do pensamento cientifico e com a crítica que a
escola de Frankfurt vai fazer a idade medieval, mas
comecemos por falar do renascimento que representa um
período de grandes conquistas e descobertas que
ampliaram a imagem do mundo, o renascimento deu ao
homem a vontade de ampliar seus conhecimentos e gosto
pelo pensamento autônomo, mas Descartes vai romper
com o renascimento e vai se tornar o herdeiro e também
contemporâneo de uma prodigiosa revolução cientifica.

O renascimento vai preparar e não inaugurar a


ciência moderna, pois é o início do século XVII que
começa verdadeiramente. Diferente da idade medieval na
idade moderna se observam pesquisas constantes em
toda Europa e com um estilo de vida que tem como base
a ciência e a técnica, fica até impossível pensar no que
sucedera nos séculos anteriores devido as grandes
conquistas cientificas alcançadas nesse tempo. É de
recordar que a idade moderna vai ser compreendida
desde a tomada de Constantinopla em 1453 e vai até
1789 com a revolução francesa....

Quando vemos na história, os filósofos que


marcaram a idade moderna sem sombras de dúvida nos
surge a mente: Descartes, Friedrich Nietzsche, Immanuel
Kant, Nicolau Maquiavel, Galileu Galilei, entre outros
filósofos, mas que destes que mencionamos nos vale
recordar os seus feitos, comecemos pelo então filosofo
Friedrich Nietzsche, que ao escrever o ecce homo afirma
não pretender ser como os sacerdotes que buscam
melhorar a humanidade, mas somente desmascarar os
esconderijos (...) lutar contra o mundo fictício e
investigar as causas por mor das quais, até agora, se
moralizou e idealizou e o facto de a humanidade viver
mais de imaginações, de mentiras próprias de naturezas
doentias do que da realidade (Nietzsche, ecce homo.
p.4)

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Na idade moderna Nietzsche não poupa ninguém,
quer a nível da política, da moral, da religião, quer até no
campo da ciência, mas deve se notar que por detrás de
toda essa crítica feita por ele, reside um bem maior que
são as transmutações de todos os valores, o horizonte do
ultra, como superação de toda a negatividade que tem
marcado a história dos homens, mas a questão que
ficaria, seria: o que são valores para Nietzsche? Para
respondermos a essa questão vale a nós recordarmos a
criação dos valores e qual é o valor dos valores...

Para compreendermos a criação dos valores,


temos de recordar de Platão, quando nos traz a questão
do belo e das escadas ou melhor fases que temos de
seguir até chegar ao belo e da questão da realidade onde
temos o mundo sensível e o mundo inteligível, sem
deixar de falar do mito da caverna, onde o papel
fundamental do filosofo é sair da caverna, das ilusões e
de tudo aquilo que pode o enganar, então Nietzsche
quando se questiona de como os valores são criados, ele
se volta para Platão que divide a realidade em dois
aspectos, sensível e inteligível, mundo aparente e mundo
transcendente, mundo das opiniões e mundo da verdade,
isso seria a duplicação dos mundos.

Então é a partir dessa interpretação que Nietzsche


vai compreender que os valores nunca foram
questionados porque, desde Platão, são atribuídos ao
mundo transcendente, que é o mundo perfeito, de onde
todos nós devemos aspirar, então ele vai concluir que os
valores não são transcendentes, mas humanos, históricos,
espaço-temporais. Nietzsche ainda na sua investigação
sobre o que são valores, vai colocar como premissa, a
mora que vai ser para ele uma perspectiva avaliadora que
gera valores, ele coloca a moral dos senhores e a moral
dos escravos, dizendo ainda que a moral dos senhores
vai gerar valores diferentes da moral dos escravos e qual
seria então a moral dos senhores? A moral dos senhores
começa criando o valor bom que atribuem a si mesmos:
nós os felizes, nós os nobres e depois de um tempo
inventam o valor mau, que atribuem aos fracos, aos
desprezíveis, aos incapazes de lutar. Na origem os
valores eram apenas bons e maus, aquilo que era
desejado, bonito merecia o valor bom e o contrário disso

35
era mal, mas não termina por aí, pois os escravos
também vão inventar o valor mal, com que eles
designam justamente os fortes, o raciocínio se dá desta
maneira: se ele é mau, então eu sou bom. Mais adiante
ele vai se questionar qual é o valor dos valores? A moral
dos nobres é melhor ou pior que a moral dos escravos?
Ele vai propor um critério avaliativo que é a vida, vida
essa que é essencialmente uma apropriação, uma
violação, uma sujeição de tudo que é estranho e fraco,
significa opressão, rigor, imposição das próprias formas,
assimilação, ou pelo menos, na sua mais suave, um
aproveitamento. Na sua crítica à modernidade, ele
convida – nos a ter coragem no corpo de suportar e não
ter de aprender a ter medo, quando Nietzsche vai dizer
que Deus morreu, que eu e ele matamos Deus, que nós
matamos Deus, ele falava dos valores que estavam sendo
perdidos, da ociosidade que penetrava nos corações dos
homens, quando Nietzsche na Gaia Ciência conta a
história de um homem louco que sai às ruas em uma
plena manhã com uma lanterna buscando por Deus e
chamando por ele, os outros o chamam de louco por
querer encontrar a Deus com uma lanterna, mas eram os
valores que ele procurava no meio dos homens, e ao
chamarem ele de louco, ele percebe a morte de Deus,
mas ele buscava elucidar os homens com essa história a
questão dos caminhos que trilhavam, que era necessário
que eles buscassem o Super – Homem... Quando
percebemos a nossa situação decadente ociosa e
aceitamos que somos os “assassinos de Deus”, podemos
então lutar para O ressuscitar no meio de nós.

Nós temos esse poder de O ressuscitar, mas para


o efeito talvez deveríamos compreender Immanuel Kant,
que nos sugere na sua ética que devemo-nos comportar
diante da vida e da pessoa humana como aqueles que
buscam fazer o bem. Daí sua máxima aja de tal modo
que possas querer que o motivo que te levou a agir se
torne uma lei universal.

Penso que nos acostumamos a viver assim, talvez


eu esteja equivocado ao dizer acostumados a viver, o
melhor termo não seria sobreviver? Um mundo que
esteja esquecendo os valores não pode viver, mas
sobreviver... podemos compreender desde há muito que
a questão de convivência com o mal nos tem sido

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normal, tomemos em conta a parábola do joio e do trigo,
narrada no evangelho de Mateus, trata -se de uma
história onde um homem semeia trigo no seu campo,
porém, enquanto todos dormiam, um inimigo semeou
ervas daninhas naquele mesmo campo.

Ao perceberem que havia trigo e joio crescendo


junto, os servos questionam o dono do campo sobre o
que deveriam fazer, ao espanto de todos o dono do
campo opta por deixar o joio crescer junto com o trigo
até a colheita, pois arrancar o joio precocemente poderia
acabar prejudicando também o trigo. Se prestarmos
atenção, essa parábola pode transmitir a ideia de que o
bem e o mal são indissociáveis na vida, quando
Nietzsche faz uma reflexão acerca da dualidade do bem e
do mal, defende que esses dois conceitos não são
absolutos, para ele o bem e o mal são ideias que
surgiram a partir de uma imposição da moral cristã, mas
que na verdade, não existem conceitos claros e distantes
entre um e outro em diversos aspectos da vida.

Para Schopenhauer, o mal não é algo que surge


do nada, mas sim uma consequência da própria
existência. Ele afirma que existe uma verdade cega que
rege o mundo e que leva naturalmente ao sofrimento, a
dor e ao mal. Eu questionaria se o mal é uma
consequência da própria existência, podemos evitá-lo?

As ideias sobre a razão, a natureza humana e os


limites do conhecimento humano, feitas por Kant na sua
obra Crítica da Razão Pura que é a distinção entre a
coisa-em-si e a representação que temos de uma coisa.
Ele argumentava que a nossa capacidade de conhecer o
mundo está limitada pelos nossos sentidos e pela
estrutura da própria mente humana, essas ideias de Kant
sobre a natureza humana influenciaram muitos outros
filósofos e até hoje continuam a ser objeto de discussão
em muitas áreas de estudo.

Voltemos então para Nietzsche que quando


aborda acerca da transmutação dos valores na sua obra
Vontade de Potência, ele deixa bem claro ainda no
prologo que: As grandes coisas exigem silêncio, ou que
delas falemos com grandeza, quando ele diz grandeza
talvez pode criar uma confusão na nossa interpretação,

39
mas a grandeza que Nietzsche traz significa, o cinismo e
inocência.

Cinismo para Nietzsche estaria mais ligado ao


sentido filosófico-ético que consistem no desprezo as
convicções da opinião pública e da moral, e quando há
uma associação desses dois termos: cinismo e inocência,
significa falar sem se preocupar com as convicções e
falar com inocência significa falar sem segundas
intenções, com clareza, pureza e dignidade, ao falar disso
ele se caracteriza primeiro com o seu espirito dialético e
polêmico.

O grande problema das ovelhas é de saber que


está sendo levada ao matadouro, mas mesmo assim não
oferece resistência, uma coisa aprecio bastante nas
ovelhas, elas realmente conhecem o seu pastor, mas é
impressionante como elas são amáveis para com os seus
donos, o único problema das ovelhas é a obediência total
sem resistência ao seu pastor e isso é perigoso na medida
que o pastor das ovelhas fica corrompido com o pastor
dos cabritos que está acostumado a maltratar seu
rebanho, os pastores se transformaram em coatas de
impiedade, os pastores viraram mercenários a preço fixo,
já não se importam com a saúde dos seus rebanhos, mas
chegou o momento em que as ovelhas ficam raivosas e
não mais ficarão no véu da ignorância, mas que exigirão
os seus devidos cuidados, oh ovelhas sem pastor que
destino tomarás diante desta guerra, a mais famosa
história da humanidade seria a revolta das ovelhas sem
pastor, interessante notar que aquele que era pastor está
se transformando em ovelha perdida.

41
4

O Homem e a Ociosidade na Idade Contemporânea

XVIII

O século XVIII que serviu de propedêutico para


os outros séculos contemporâneos, deu início a essa nova
época com a queda da Bastilha, em 1789 diz a história,
Conhecido como um período de grandes transformações
causadas pelo desenvolvimento tecnológico, o homem
tem lutado para o progresso da ciência, mas em certa
parte tem esquecido o progresso ético – moral e esse
esquecimento condenou o homem aos piores massacres e
desilusões...

Nos primeiros séculos da idade contemporânea


diferente dos séculos posteriores foi marcada pela
ascensão da burguesia e a consolidação do iluminismo
que lutava e exaltava a primazia da razão e do estudo
cientifico como forma de garantir- se o desenvolvimento
humano e de facto com essa primazia houve no mundo
um elevado grau de desenvolvimento cientifico e isso
garantiu a continuidade da revolução industrial,
surgimento de novas tecnologias, a produção tornou-se
mais técnica, entre tantas outras coisas que surgiram e
foram desenvolvidas. Não durando muito tempo o
homem viu – se insatisfeito com a humanidade o que o
levou a ter preocupação pelos direitos humano, devido as
experiencias trágicas experimentadas pela humanidade,
como o holocausto e as duas famosas guerras mundiais.

Quando o Papa Joao XXIII, convoca o Concilio


Ecumênico Vaticano II em 1962, com a constituição
apostólica Humanae Salutis diz o seguinte: (...) «A
Igreja assiste, hoje, à grave crise da sociedade. Enquanto
para a humanidade surge uma era nova, obrigações de
uma gravidade e amplitude imensas pesam sobre a
Igreja, como nas épocas mais trágicas da sua história.
Trata-se, na verdade, de pôr em contacto com as energias
vivificadoras e perenes do evangelho o mundo moderno:
mundo que se exalta por suas conquistas no campo da
técnica e da ciência, mas que carrega também as
conseqüências de uma ordem temporal que alguns
quiseram reorganizar prescindindo de Deus. Por isso, a

43
sociedade moderna se caracteriza por um grande
progresso material a que não corresponde igual
progresso no campo moral. Daí, enfraquecer-se o anseio
pelos valores do espírito e crescer o impulso para a
procura quase exclusiva dos gozos terrenos, que o
avanço da técnica põe, com tanta facilidade, ao alcance
de todos; e mais ainda - um fato inteiramente novo e
desconcertante, a existência do ateísmo militante,
operando em plano mundial.

Estas dolorosas averiguações conclamam ao dever da


vigilância e despertam o senso da responsabilidade.
Almas sem confiança vêem apenas trevas tomando conta
da face da terra. Nós, porém, preferimos rearmar toda a
nossa confiança em nosso Salvador, que não se afastou
do mundo, por ele remido. Antes, mesmo, apropriando-
nos da recomendação de Jesus, de saber distinguir "os
sinais do tempo" (Mt 16,3), pareceu-nos vislumbrar, no
meio de tanta treva, não poucos indícios que dão sólida
esperança de tempos melhores para a Igreja e a
humanidade. Pois mesmo as guerras sangrentas que se
seguiram em nossos tempos, as ruínas espirituais
causadas por tantas ideologias e os frutos de experiências
tão amargas, não se processaram sem deixar úteis
ensinamentos. E o progresso científico, que deu ao
homem a possibilidade de criar instrumentos
catastróficos para a sua destruição, fez com que se
levantassem interrogações angustiosas: obrigou os seres
humanos a se tornarem mais ponderados, mais
conscientes dos próprios limites, mais desejosos de paz,
atentos à importância dos valores do espírito; acelerou o
processo de mais estreita colaboração e mútua integração
entre os indivíduos, classes e nações, à qual, embora
entre mil incertezas, parece já encaminhada a família
humana. Tudo isto facilita, sem dúvida, o apostolado da
Igreja, pois muitos que ontem não percebiam a
importância de sua missão, hoje, ensinados pela
experiência, estão mais dispostos a acolher suas
advertências.»

As palavras do Papa Joao XXIII, deixam destacados a


questão dos valores, onde o homem por viver da técnica
e por saborear o desenvolvimento, esqueceu-se do
desenvolvimento dos valores, valores estes que deveriam

45
servir de base para o desenvolvimento que entrou em
decadência e não tardou para que os conflitos e para que
a ociosidade tomassem conta dos homens bem ainda em
1914, por atritos permanentes criados pelas grandes
potências europeias provocou uma guerra mundial que
durou quatro longos anos e que deixou no livro das
recordações dos que sobreviveram 10 milhões de
soldados mortos, 21 milhões feridos 13 milhões de civis
mortos, foi uma das piores experiencias que a
humanidade teve e que só terminou em 1918, mas parece
que o homem não percebeu os caminho sanguinário que
percorria e não durou muito para que o tempo o
mostrasse de novo que enquanto não haver a valorização
dos valores a ociosidade tomaria conta do seu agir, que o
sujeito ético não ganharia lugar na sua razão e em 1939 a
humanidade presenciou uma outra terrível guerra
mundial marcada por eventos como o holocausto e o uso
de bombas atômicas que provocaram em seis anos de
conflito, mais de 60 milhões de pessoas mortas e teve o
seu fim em 1945, esses eventos nos mostram as
consequências das nossas ações e a partir delas devemos
pensar no presente em como agir, em como pensarmos
fora da caixa e necessidade do diálogo que devemos ter
em qualquer situação da nossa vida, sem se importar
com as condições em que nos encontramos devemos
sempre pensar e recorrer no diálogo.

47
5
A Ociosidade Do Homem do Século XXI

Para Lipovestky estamos vivendo novos tempos.


Aquilo que lutávamos para expandir foi substituída pela
indiferença e pelo narcisismo. A despadronização e a
sedução mudaram a lógica da uniformização. A forma
ideológica, foi ultrapassada pela homoristica, é uma
nova era democrática que podemos explicar pela redução
da violência e pelo desgaste do que há um século vem
sendo considerado como vanguarda. Com esse novo
estágio histórico do individualismo, as sociedades
democráticas avançadas estão agora situadas na era "pós-
moderna".

Presenciamos o enfraquecimento da sociedade,


dos costumes, do indivíduo contemporâneo da era do
consumo de massa, a emergência de um modo de
socialização e de individualização inédito, numa ruptura
com o que foi instituído a partir dos séculos XVII e
XVIII. A necessidade de sermos abertos e agirmos como
que pessoas que estão conscientes das suas ações tornou
– se evidente. Dizia uma vez Severino Ngoenha, que nós
devemos pensar no mundo, a partir de Moçambique, a
necessidade de partir do particular para o universal, que
nós devemos começar por fazer a diferença.

Quando observamos as coisas tristes que


passamos no nosso País, vemos cada vez mais a
emergência de educarmos a nossa mente, de mudarmos à
nossa maneira de pensar, de vermos as coisas como elas
são e buscarmos fazer o correto sem interferir a liberdade
do outro, pois dizem os sábios: quem vê o mal e cala
torna-se cúmplice. Os moçambicanos sempre esperam as
coisas dos outros, mas eu me questiono, o que os outros
esperam de nós. Comecemos pela educação que é base
do desenvolvimento de um País, se a educação falha, o
progresso de um País também falhará, a pergunta que
fica seria, que condições nós criamos para que o nível de
educação aumente no nosso País? A forma como nós
valorizamos aqueles que chamaríamos de heróis ocultos,
deve condizer com as nossas ações, se cada companhia
que se instala no nosso País, devesse tirar uma
percentagem para o apoio a educação, que educação
teríamos? A liberdade que tanto pregamos deve ser

49
colocada na famosa Janela de Johar, pois ela se parece
mais com o lado desconhecido pelos outros, uma
liberdade cega, mais próxima da teoria ao invés da
pratica, ou deveríamos colocar a mesma questão que o
escravo Booker Washigton faz e que Ngoenha, coloca no
seu livro Resistir a Abadon: o que é que a liberdade
comporta como responsabilidade? E de facto vê – se a
necessidade dessa questão nas nossas vidas como
moçambicanos, essa liberdade que se comporta como
responsabilidade resume-se na capacidade de
dependermos das nossas próprias forças, para podermos
conservar a nossa liberdade, a nossa soberania, a nossa
independência, diz Ngoenha.

Parece – me que nos últimos tempos os


moçambicanos tem vivido como estrangeiros no seu
próprio País e os estrangeiros como nativos na nossa
pátria amada, talvez se realiza aquilo que Gordimer já
dizia, a coisa mais perversa do colonialismo é
transformar esfarrapados em lordes e lordes em
esfarrapados, ou seria aquilo que Jesus disse: um profeta
nunca é reconhecido na sua casa. Quando falamos de
Liberdade, pergunte a um nativo que precisa de licença
para explorar madeira se ele é livre, pergunte aos nativos
que pretende explorar recursos naturais se ele é livre,
talvez o conceito de liberdade não é mesmo
compreendido por Amartya Sen, mas que deveria ser.
Amartya Sen quando fala da liberdade, diz que a mesma
deve levar ao desenvolvimento e essa liberdade deve ser,
econômica, social e política.

A liberdade das pessoas que vivem nos bairros


periféricos do nosso País, não é a mesma liberdade dos
que vivem nos bairros nobres do País, ide perguntar aos
residentes situados atraz da Escola Portuguesa, que
vivem nas piores condições, mas que não podem
construir porque o terreno está reservado para
estrangeiros que vão construir mansões... que tipo de
sociedade estamos a criar? Que tipo de moçambicanos
queremos para os próximos séculos? A necessidade de
vermos que estamos a caminho de uma morte infâmia é
urgente, basta olharmos a localização geográfica da
MOZAL, para nos questionarmos, será que não tinha um
lugar, longe da população, longe dos bairros, para

51
colocar uma empresa daquelas que polui o ar, como a
MOZAL? Será que a riqueza vale mais que a vida dos
moçambicanos? A maldição das riquezas já dizia
Ngoenha e eu digo é a ociosidade, a ganância que o
homem tem, o espirito egocêntrico, de não termos a
capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. A
questão das nossas estradas que coloca em questão a
função e as utopias de certas pessoas que deveriam
pensar em como servir Moçambique da melhor maneira,
mas que ao invés disso eles pensam em como servir-se
de Moçambique para o proveito próprio, há uma
necessidade de aprendermos com o passado para não
cometermos os mesmos erros no presente, sugiro a
recordação das palavras de ordem, estabelecidas no
primeiro governo: a unidade, o trabalho e a vigilância.
Essas palavras são as que todos os moçambicanos
deveriam levar no seu coração , a unidade refletida
naquela época e que deve ser agora também, é a união do
povo, a construção de um Moçambique que não haja, os
rongas, os macuas, os changanas, mas que haja
moçambicanos isso seria verdadeira unidade, depois
temos o trabalho onde cada moçambicano deve trabalhar
para o bem comum e desenvolvimento do País, a
construção de um trabalho de equipe é necessária para
todos, diz Ngoenha que o importante é que cada um
ocupe com rigor e seriedade o seu lugar e dê o melhor
de si próprio e por fim temos a vigilância onde cada um
tinha o dever de vigiar contra os ataques externos contra
o nosso Pais, mas os moçambicanos nessa ordem de
vigilância estiveram mais atentos no externo e se
esqueceram do interno, fomos capazes de vigiar os
outros e a nós não conseguimos... seria bonito se
houvesse uma atenção sobre nós próprios, antes de
agirmos em relação aos outros. Podemos nos questionar
onde esteve a vigilância quando chegaram os terroristas
em Cabo Delgado? Onde esteve a vigilância quando a
total, a vale, entre outras companhias que estão
explorando o nosso País chegaram? Onde esteve a
vigilância quando aqueles que deveriam pagar impostos
e não pagam porque tem a dita a regalia do estado, mas
os pobres coitados sem mínimas condições são os
primeiros a pagar? Já me coloco em dúvida se o
terrorismo está em Moçambique ou Moçambique está no
terrorismo.

53
Tudo isso que tem vindo a acontecer no mundo e
no nosso País concretamente, me coloca a refletir e a
recordar o povo de Israel no exilio da Babilônia e vejo
muita semelhança entre essas duas nações a passada e a
presente, vários autores assim como Jeremias vai
escrever o livro das Lamentações e hoje os rostos das
pessoas exprimem a mais sublime humilhação de um
povo exilado no seu próprio País e com uma energia de
louvor permitam-me exprimir o que sentimos e
experimentamos:

No exilio o Povo de Israel disse: Junto aos rios de


Babilônia, nos assentamos e nos pusemos a chorar,
recordando-nos de Sião. E nós hoje dizemos: junto as
fogueiras das nossas casas nos assentamos a chorar com
saudades do primeiro governo. Enquanto Israel
pendurava as harpas nos salgueiros, nós penduramos
também os nossos cadernos e canetas nas árvores das
nossas casas. Continuam eles dizendo: aqueles que nos
levaram cativos nos pediam canções, e os que nos
atormentavam, que os alegrássemos, dizendo cantai-nos
um dos cânticos de Sião. E hoje nos pedem todas
manhãs para valorizarmos a nossa nação e os que nos
atormentam com a fome e guerra pedem-nos para cantar
o nosso hino nacional, mas como cantaremos o hino
nacional numa terra que nos sentimos estrangeiros?
Podemos dizer: Pedra a Pedra construindo o novo dia,
enquanto está evidente que é pedra a pedra destruindo
muitos sonhos e continua: milhões de braços, uma só
força vamos vencer, se já nos sentimos sozinhos, os
milhões de braços foram multiplicados por zero pelos
nossos professores.

Ah! Filha da destruição; feliz aquele que te retribuir


consoante o mal que nos fizeste.

Se continuarmos assim face a esses problemas


acredito que vamos nos transformar em problemas
autênticos para nós mesmos, dizem que quando lutamos
tanto contra o mal acabamos por ser esses males.

(A). O Lobo Vestido De Cordeiro Entre Nós

Quando me dava conta do meu crescimento


físico e espiritual, tive um episódio bastante polêmico e
vergonhoso com a minha mãe, foi a primeira vez que não

55
obedeci a minha mãe e isso aconteceu meses depois do
meu Baptismo numa Igreja Católica no meu bairro.

Ao decorrer da minha adolescência fui criando


reflexões um pouco crítico da conduta ou ideias da
minha mãe, ela tinha um prazer imenso em nos ver em
casa, eu e meus irmãos e isso fazia com que ela nos
mandassem sempre a gente quisesse sair de casa, fui
analisando vários episódios do gênero e então num belo
dia como muito calor eu queria ir brincar e minha
percebendo isso, logo começou implementado a sua
filosofia, que eu outrora já havia descoberto, fui
pacientando o dia, mas chegou um momento que pensei
que poderei se rebelar contra isso diante da minha mãe,
longe de pensar que tudo que minha mãe fazia era no
fundo pelo meu bem e julguei que isso tudo que ela fazia
era uma maneira de impedir a minha felicidade, para
mim naquela época a felicidade era só brincar e comer...

Então sem demora tomei a coragem, quando


minha mãe me mandava algo que deveria fazer fora de
casa, pensei logo no calor e eu me revoltei e porque
minha mãe me conhecia muito bem, ela fez uma ameaça
como forma de eu me redimir e disse: se não fores onde
te mando, não poderás comer e nem viver nessa casa.

E eu logo entrei em choque porque era o meu


mundo se destruindo, mas logo recorri a religião para
criar a minha defesa e disse: mãe não tenho medo e logo
recordei das palavras bíblicas nos salmos e continuei
dizendo, o Senhor já disse «ainda que seu pai e sua mãe
te abandone, o Senhor sempre te acolherá e diz ainda
nem só do pão vive o homem, mas também de toda
palavra que sai da boca de Deus» e terminei a minha
defesa e minha mãe se enfureceu com aquela defesa que
eu fiz sem analisar e interpretando mal as Sagradas
Escrituras, prontos depois me redimi e pedi perdão a
minha mãe e continuamos a nossa felicidade de mãe e
filho.

Com essa história pessoal percebi que as vezes os


nossos pensamentos nos parecem nobres, cordeiros, tudo
de bom, mas que na sua finalidade nos revelam que são
lobos, maléficos, entre tantas outras coisas que podem
nos levar a uma atrocidade e de facto não só os nossos
pensamentos são capazes de se mostrarem assim, mas

57
muitos daqueles que nós confiamos para dirigirem o
nosso destino, no final se mostram lobos.

Quando me pergunto a que coisa posso comparar


os nossos jovens, idosos, etc. acabo sempre numa
famosa experiência de Adolfo Hitler, que fazia entre os
seus sócios para poder explicar o que era povo e como
pensava o mesmo povo, que é uma experiência que se
vai repetindo de diversas maneiras hoje também nas
nossas sociedades.

Hitler pegou na altura numa galinha e depenou-a


por completo, toda ela ficou sagrando e a galinha viu a
maldade do seu criar/protetor, até podemos dizer que
sentia medo e via ali um monstro e sem demora a
galinha afastou-se toda dolorida, mas Hitler pegou em
seguida no milho e começou a jogar no chão perto de si
mesmo e a galinha toda dolorida e sangrando esqueceu-
se de quem a fez ficar naquele estado e por causa da
fome correu logo ao encontro de Hitler para comer o
milho que caía no chão, logo em seguida Hitler disse o
povo se manifesta assim diante dos seus dirigentes, tudo
isso por causa da fome, um algo qualquer que é feito que
o povo esquece imediatamente todo mal que lhe foi feito.

E eu me pergunto se o povo é misericordioso


demais e pacifico, ou realmente está acostumado a
sofrer? E sinceramente pensando acredito que seja falta
de coragem e de sermos donos da nossa própria história,
mas isso tudo podemos associar a aquilo que Baumann
escreve: Modernidade liquida, que quando penso nisso
tudo de bom e de mau que passamos e quando reflito
acerca do nosso destino leva-me a dizer que tornaram
Moçambique um liquido quente que está queimando
muitas pessoas de diversas maneiras com a fome, guerra,
organização social, entre outras coisas que vai tornando
cinza o nosso belo Moçambique

Perante a essas todas situações calamitosas que


estamos enfrentando, muitos grupos sociais se
manifestam com objetivo de serem os nossos
libertadores, mas que muitos deles são lobos, que
aparecem vestidos de cordeiros, mas que as suas reais
intenções são para nos colocar de uma única vez dentro
de um caixão de palha, para sem demora nos tornarmos

59
cinza. Muitos desses lobos vem falando mal dos outros
lobos que eles julgam serem os piores, mas mais do que
isso eles deveriam nos oferecer soluções capazes de nos
fazerem pelo menos termos os nossos destinos sólidos e
não líquidos como agora.

Muitos países se envolveram em situações de


golpe de estado, que em certa parte nos parece mau, a
forma de ganhar poder, mas nós não sentimos o que eles
passam em seus países e o que passaram para até
chegarem a esse ponto de escolherem o golpe de estado,
muitas das vezes nós criticamos as guerras e de fato as
guerras trazem muitas tristezas as nossas vidas, mas
também muitas felicidades em certa parte, por isso me
coloco a refletir se muitos países africanos não optassem
pela guerra alcançariam as suas independências? Se Luís
Cabral tivesse ficado em silencio conseguiria descobrir o
lobo escondido? Se os moçambicanos não optassem pelo
confronto direto teríamos a independência de
Moçambique? Se os famosos guerrilheiros da RENAMO
não tivessem optado pela guerra estaríamos a viver numa
democracia? Dando a minha resposta sinceramente digo:
não sei! Só fazendo diferente para vermos até onde
podemos chegar. Sem deixar de lado que temos os
famosos homens com o dom da bilocação (de estar em
dois lugares ao mesmo tempo) e outros com espirito de
Pilatos (de lavar as mãos sempre, mesmo quando
desnecessário)

Quando me coloco a refletir sobre a galinha de


Hitler, talvez tivesse de me inspirar em Jesus quando
olha o povo do seu tempo, olha a juventude e diz: «A que
posso comparar essa geração?», « a que posso
comparar o reino dos céus?»

E faço a mesma pergunta olhando o meu século,


o meu continente, o meu País, o meu povo e digo: a que
posso comparar esses cidadãos? A que posso comparar a
cidade dos lordes burgueses encarnados?

Comecemos pela primeira pergunta e porque


dizem nada é mais prazeroso que interpretar uma
parábola, então me permita contar uma parábola da
cidade dos cavalos governados por Macacos cegos.

61
Existiam uns cavalos que viviam livres e felizes,
mas ao andar do tempo os cavalos se sentiram
ameaçados por outros reinos e decidiram fazer uma
fórmula mágica que poderia transformar alguns cavalos
em macacos fortes para servirem de guia e protetor dos
cavalos, e de fato a fórmula foi feita com sucesso, mas
ao andar do tempo os macacos pensaram que não seria
nada mal pegarmos uns cavalos para servirem de
transporte para eles, mas deveriam criar algo para que o
cavalo os obedecesse mesmo a força.

Mas nesse todo processo pensaram ainda que


seria bom que obrigassem os cavalos a fazerem as
fórmulas mágicas de modo que o feitiço não acabe e que
eles possam ficar para sempre macacos, porque ser
cavalo para eles virou humilhação, então os cavalos
começaram a ser domados sem piedade e quando era
colocada a embocadura na boca para ser controlado a
força eles faziam muita resistência e até diziam vai
chegar um momento em que não faremos mais a fórmula
mágica, mas depois de um tempo eles paravam a
resistência e se acostumavam com a embocadura e maus
tratos que quando chegava tempo da renovação da
fórmula mágica eles faziam, mas os macacos não
percebiam que quanto mais bebiam a fórmula mais
perdiam a visão até que chegou um dia que todos caíram
num precipício, quem tem ouvidos, escuta...

Muitas das vezes os cidadãos de vários cantos do


mundo agem como um cavalo que oferece tanta
resistência no processo de ser domado, mas que sem
tardar se acostumam ao sofrimento e não mais oferecem
a resistência e normalizam coisas desumanas...

Por outro lado temos a cidade dos lordes burgueses


encarnados que vivem na ociosidade e que tentam
construir e regar suas plantas que tem frutos venenosos
dispenso algum comentário sobre essa cidade porque
todos conhecem-na muito bem, apenas fingem
ignorância e entram na ociosidade, mas deixo-vos uma
recordação rica em conteúdo, quando os africanos
descobriram que poderiam vender seus irmãos para o
ocidente e ganhar algo perecível com isso ficaram muito
feliz, mas recorde que quando acabaram os irmãos, ou
seja quando o ocidente descobriu que os porteiros

63
acabaram, pensaram e viram que era possível que o dono
do prédio virasse porteiro e eles ficariam dono do prédio
tiveram grande alegria....

Às vezes o desejo ganancioso das riquezas traz


uma maldição ao povo, queriam eu voltar aquele tempo
em que não tínhamos maquinas que poderiam escavar
minas em busca de ouro, diamante e pedras preciosas,
pensamos que essas coisas perecíveis nos trariam
grandes desenvolvimentos econômicos, sociais e
políticos, mas longe de ser isso convidamos lobos para o
nosso país, tudo graças as maldiçoes das riquezas, acho
que o único lugar que pode nos oferecer segurança agora
é o cemitério, é um patrimônio que reúne condições para
a nossa proteção.

Fico feliz por uma coisa, se estamos a ver e


criticar ou elogiar todas essas coisas é positivo porque
isso mostra que aprendemos algo e queremos fazer
diferente nos próximos séculos, segundo Severino
Ngoenha (2014), não podemos mudar o passado, mas
podemos escolher o tipo de futuro que queremos.
Nisso consiste a liberdade do cidadão, quando
falamos de construção de uma nação, de uma sociedade,
devemos ter em primeiro os objetivos a traçar e esse
objetivo deve condizer com as nossas realidades e
expectativas utópicas, devemos construir uma sociedade
que não tenha os seus princípios em um Mercedes, em
um partido novo ou velho, diz Ngoenha, mas uma
sociedade onde as fórmulas não sejam ditadas do alto,
nem desçam da capital, mas se inventem, se improvisem
ao nível das escolhas quotidianas, e se ordenem segundo
as leis da liberdade coletiva e não de alguns.

O aumento significativo de homens que aderem a


famosa frase: cabrito come onde está amarrado, é
bastante preocupante na medida que os cabritos apenas
seguem regras dos seus donos, prejudicando assim o
capim público e se declarando inocentes da ação, pois
estão seguindo regras...

Essa toda história só me faz recordar de maneira


significativa o julgamento de um Carrasco que dizimou
muitas vidas durante a perseguição dos judeus e segundo
o relato de Hannah Arendt que assistiu o julgamento diz

65
que o homem se declarava inocente mesmo perante as
todas provas colocadas diante dele e ele dizia que apenas
estava seguindo regras e quem deveriam ser condenado
era apenas a pessoa que o mandou executar tantas
pessoas a sangue frio, podemos ver aqui a presença
notável de um homem psicopata e que não é capaz de
responder pelos seus atos.

Muitos homens se apresentam assim nas nossas


sociedades, fazendo grandes atrocidades e querendo
fugir das suas responsabilidades vem prejudicando o
capim, ou melhor como dizem: Descobres que o Elefante
passou quando vês o capim morrendo.

(B). Ele nunca morrerá, mas morreu e agora vive e


jamais morrerá

Se tivéssemos um lógico por aqui evidentemente


lançaria uma crítica solene ao assunto em questão sobre
a morte, ciente do paradoxo criado por mim acima e que
não obedecem às leis da lógica por um motivo simples.
Quando Descartes, escreve o Discurso do
Método tinha como verdadeiro motivo fazer uma
introdução a matemática e a física, mas a sua belíssima
introdução virou uma prodigiosa obra filosófica,
Descartes deixa bem claro que a lógica não ensina coisas
novas, apenas ajuda a recordar o que já se aprendeu, por
esse motivo acredito que o africano, o moçambicano é
atemporal a lógica proposta pelos lógicos, pois o tempo
para eles tem o seu fundamento nas experiências
cotidianas, como diz Temples, e eu concordo com ele:
«o africano volta as origens na hora da morte»

Os africanos, os moçambicanos não morrem e se


morrer, ele voltará a vida um dia e jamais morrerá, a
cultura em si já demonstra uma forte ligação entre os
vivos e os ditos mortos, antepassados e podemos
observar a partir dessas experiências que o homem
africano jamais pode morrer, no tempo da colonização
parecia-nos que morreríamos, mas o tempo demonstrou
que estamos muito longe de morrer, porque mesmo
depois do dito morto, ainda continuamos a trabalhar
incansavelmente para o bem comum.

67
Suleiman Cassamo, tem como temática principal
do seu livro O Regresso do Morto, a morte que
representa um fim natural da vida, representa as
dificuldades. O nosso povo é a prova viva do famoso
proverbio: «artista nunca morre, apenas sofre»

São várias as experiências que as sociedades nos


oferecem, quando descobrimos o gás pensamos que a
nossa vida melhoraria, com o gás mais barato, mas
descobrimos que ao invés de baixar o preço, o gás
aumentou o preço, mas esse é talvez o preço a pagar para
a nossa redenção.

Por isso face a esses problemas enfrentados nas


nossas sociedades leva-nos a pensar que o moçambicano
nunca morrerá, mas morreu e agora vive e jamais
morrerá, é de recordar que isso está fora dos padrões
lógicos, porque o africano (moçambicano) está acima
desses princípios.

E nós devemos fazer valer essa identidade nossa,


o mundo precisa conhecer Moçambique pelos seus
próprios princípios e não pelos princípios deixados por
outros povos.

Contam as histórias que durante a guerra de


libertação nacional, os nossos guerrilheiros invocavam
os nossos antepassados e ao famoso espirito conhecido
por KABUDO KANGURU, e pediam que transformasse
as balas dos portugueses quando atirassem ou que as
armas deles não funcionasse e de fato dizem as lendas
que isso aconteceu no momento da guerrilha e vencemos
em certa parte graças aos nossos antepassados e devemos
valorizar isso e recordar com muito gosto.

O que tem acontecido é um certo abandono


cultural, daquilo que nos é próprio e lutamos para
assimilação de uma identidade estrangeira e
desvalorizando a nossa, muitas das vezes escutamos
pessoas que vem lançando maldições para as suas
próprias vidas, tudo isso em busca de uma identidade
oculta, é bastante triste quando escutamos pessoas
dizendo que nasceram em um País errado e que
deveriam ter nascido no ocidente ou oriente, mas longe
da razão e próximo da ociosidade eles estão, penso que

69
se não formos moçambicanos unidos por nós, ninguém
será por nós, muitas das vezes somos os primeiros a tirar
e humilhar a nossa própria vida e intelectualidade, nada
há nesse mundo que seja tão triste do que escutar um
negro dizendo a outro negro que: negro não pensa. Nós
devemos pensar mais sobre isso e abandonarmos o nosso
pensamento colonizador e aderirmos ao pensamento de
uma nação, de uma cultura e de uma identidade.
(C). Quem sou na História?

Diante das histórias contadas nas nossas escolas


procuro a minha identidade, procuro saber quem sou e
acredito que muitos moçambicanos também se colocam
essa pergunta: quem sou eu na história?

Procuro a minha identidade, procuro o meu povo


debaixo de uma arvore enorme em que os meus
antepassados confiaram na invocação dos espíritos para
suprir os vários problemas das sociedades
moçambicanas, me recordo um certo dia enquanto
estudava a história da filosofia africana, um colega meu
levantou-se criticando os antepassados por invocarem
espíritos e por recorrer aos curandeiros face aos
problemas da vida, dizendo ser um erro e que ele
abomina e dizendo que todos deveriam confiar no Deus
dos cristãos, pois esse sempre faz o bem.

Continuou ele dizendo que os espíritos que os


nossos antepassados confiavam trazem mais problemas
nas nossas vidas ao invés de solucionar, pois bem tive de
suportar a visão do colega.

71
Mas em seguida me coloquei a refletir e percebi
que a maneira como meu coloca pensa e critica aquilo
que identifica o africano em geral, existe alguém no
mundo com o mesmo pensamento apenas mudando o
termo espíritos para Deus, isto é, alguém que diz: Deus
dos cristãos nos traz mais problemas ao invés de
solucionar e é normal que se pense assim, pois isso tem
que refletir nas experiencias pessoais que cada um vai
tendo ao longo da vida terrena, mas não quero falar
sobre Deus aqui senão dirão os sábios: será que temos
aqui quem é maior que os padres, pastores, etc.

A verdade é que fomos perdendo pequenos traços


daquilo que nos identifica como africanos,
moçambicanos com o passar do tempo, foram vários
anos de colonização direta e outros de anos de venda de
escravos, escravos esses que eram nossos irmãos...

O que medito e verifico é que se estivéssemos na


teoria de conhecimento e quiséssemos conhecer o objeto,
jamais chegaríamos a conhecer, pois para conhecermos
pelo menos deve existir o sujeito que é aquele que
conhece e o objeto que é aquele que se deixa conhecer e
nós como povo moçambicano não somos sujeitos na
história do nosso povo, mas somos objetos, aqueles que
se deixam conhecer.

Digo isso porque não me recordo de estudar


história de Moçambique sem ter que falar de Portugal, da
colonização entre outras coisas e isso me leva a colocar a
mesma questão que filosofo Severino Ngoenha coloca
no seu livro: Por uma Dimensão Moçambicana Da
consciência Histórica. Quando ele vai perguntar: somos
nós a fazer história ou somos feitos pela história dos
outros?

Essa questão devemos nos fazer dias após dias


porque devemos mudar a nossa consciência e para isso
devemos conhecer os nossos problemas.

É lamentável ver um povo libertado da


escravidão tendo ainda tendências de escravidão, quero
acreditar eu se não fazermos essa transformação logo
teremos uma próxima colonização, pode não ser
material, mas mental onde não conseguiremos pensar
mais como moçambicanos, mas como os “brancos.”

73
Nós devemos ser capazes de contar a nossa história sem
ter que meter a história do outro povo, só assim
começaremos a ser sujeito e objeto da nossa própria
história, me questiono e procuro algo implementado após
a Libertação Nacional, que reflete na nossa identidade e
que existe ainda hoje, mas não vejo nada a altura de ser
trazido aqui. Quando falo de liberdade acho que
deveríamos fazer aquilo que nos é próprio, no dia que
criarmos uma política, uma sociedade, uma educação
made in Moçambique, que não vai precisar de critérios
avaliativos externos para avaliar os nossos internos.

Acredito que nunca estaremos bem em várias


áreas completamente enquanto os critérios de avaliações
serem sempre externos, sou da opinião que devemos
criar os nossos próprios critérios em vista os anos da
nossa liberdade nacional, na nossa situação econômica e
social, talvez teremos algo que nos possa identificar e
sabermos em que nível, quando digo nível é no
verdadeiro sentido e não os níveis falsos criados por aí e
que temos visto. Contudo a nossa identidade deve
preceder e ser superior as eventuais aquisições
gnosiológicas que podemos aderir e nos orgulharmos
delas, sem ter que recorrer a outro povo, para poder nos
contar a nossa própria história.

Por vários anos Moçambique foi visto como uma


pequena província de Portugal, mas hoje nós devemos
fazer sentir a nossa presença independe e viva e essa
consciência dever trazer em outras nações e a nós
mesmos a compreensão da nossa história enquanto
homens livres.

75
(D). Os sonhos mortos de uma criança

Quando nos deparamos com as crianças nas ruas


vemos nelas verdadeiras alegrias inocentes capazes de
inocentar as nossas vidas, assim como de nos condenar,
pois elas contam sempre aquilo que viram, as crianças
observam as diversas modalidades das sociedades e
buscam ser aquilo no futuro, porque observando com
delicadeza elas vê aquilo que é mais sublime e devido a
essa atenção das crianças, elas são também capazes de
guardar as mais tristes experiências da vida e de terem a
mais traumática e perturbadora caminhada... comecemos
por comentar alguns sonhos mortos das nossas crianças:

As nossas crianças queriam defender a pátria


como militares, mas já desistiram pois ninguém quer
lutar por uma causa morta, até aí podemos aceitar fomos
pegos de surpresa, mas existia uma outra criança que
queria servir como Polícia e nem preciso dizer a
prodigiosa obra que está a se a formar, onde me
questiono como poderei confiar em um guarda armado
que foi roubado telemóvel, é lamentável cenários como
esses, mas como dizem: quem não tem cão, caça com
gato, mas mesmo o gato precisa de um treinamento
adequado, mais um sonho morto.

A verdade é que tem o mais sublime sonho


morto, que é de uma criança que queria ser médica, mas
virou um grande desafio ter essa função, pois ela se
parece mais com o calvário, por isso dizem os sábios: os
erros das fábricas está no aterro sanitário, os erros das
sociedades estão nas prisões e os erros dos médicos estão
nos cemitérios, digo isso para ver se podemos ganhar
uma consciência dos perigos da má formação dos
quadros de uma sociedade e valorizarmos os nossos
pequenos recursos e desde já aconselho a todos jovens a
deixarem de ser pedreiros e começarem a ser
engenheiros, pois os pedreiros não sabem o que fazem,
eles apenas obedecem e nada criam por si só e nós não
devemos ser máquinas de ninguém que vive na
ociosidade, temos de começar a ser engenheiros, pois
esses sabem o que fazem e buscam criar novas coisas
para o mundo e é isso que queremos para as nossas
sociedades, novas utopias.

77
Os jovens precisam criar novas utopias, precisam
deixar de estar na ociosidade, precisam de criar novos
projetos, projetos inovadores para o mundo, precisamos
demonstrar que também somos capazes de produzir e de
criar novas coisas que podem atender as necessidades do
mercado.

É lamentável quando os estudantes são


premiados por descobrir plantas que devem estar nas
reservas do oceano, talvez os estudantes de Gestão
Ambiental têm apenas uma preocupação atualmente que
é procurar e encontrar plantas perdidas do oceano, será
que essa formação se baseou em como encontrar
plantas? É momento de nossos ambientalistas pensarem
na situação ambiental do nosso país, são muitas as
plantas que estão sendo dizimadas para a produção de
madeira e carvão, o único problema acredito ser a falta
de responsabilidade, que deveria consistir em: na retirada
de uma planta, são plantadas duas só assim poderíamos
estar a agir segundo a ética da responsabilidade de Hans
Jonas que se resume na sua famosa frase: age de tal
modo que a sua ação perpetue a vida dos outros seres
nesse planeta. O amor e a consciência de que não somos
os únicos e nem os últimos seres nesse planeta, é
necessário agirmos com responsabilidade face a tudo
isso que a natureza nos proporcionou, o nosso país tem
enfrentado diversas respostas negativas da natureza
devido ao nosso proceder a ela, as mudanças climáticas
são grandes exemplos dessas ações que vem
prejudicando e ferindo a nossa nação, isso sem contar
com os problemas políticos e econômicos da nossa
nação. Ouvi dizer que sapatos de muitos senhores andam
limpos, sem poeira e os seus dentes mais brancos que a
neve, sempre me questionava qual era o segredo para
tudo isso, senhores sem tempo, mas com coisas bastantes
sublimes assim e tomei a coragem e comecei a refletir e
finalmente descobri que eles têm uma função a mais que
os coloca no dito status desejado por alguns e essa
famosa função era: Lambe botismo, ou melhor ser lambe
bota e a segunda função era ser escova, essas duas
funções são as chaves para o sucesso egocêntrico e
prejudicial de um país... deixo o final sobre a tutela dos
leitores...

79
6

O Ensino Da Filosofia Nas Escolas Moçambicanas

Como Sinônimo De Desenvolvimento

Os filósofos são Homens motivados por muitas


coisas, que poderíamos chamar de as grandes Questões,
essas questões que seriam: como devemos viver? O que
conhecemos? Se somos livres? O que é a verdade? etc.

O filósofo é aquele que insiste sobre o método de


primeiro se ter a clareza sobre as perguntas exatas que
estão sendo feitas e então facultar respostas suportadas
por argumentos claros e logicamente estruturados, sendo
o discurso para o filósofo uma arma autêntica para a
evolução pois, ``É proibido por algemas nas palavras´´
(Carlos Cardoso). O filósofo é aquele que precisa acima
de tudo do uso da sua razão e porque dizem ``Todo
discurso deve ser como o vestido das mulheres; não tão
curto, que nos escandalizem, nem tão comprido, que nos
entristeçam. ´´ (Jose de Alencar).
O ser filósofo é uma tarefa difícil, poderíamos
recorrer ao filósofo Severino Ngoenha na sua defesa para
a obtenção do grau de Cátedra em Filosofia ao dizer-nos
o que é ser filosofo, bem como da sua função para a
humanidade, passo a seguir a citar:

Os filósofos não vivem numa capela, não


vivem num deserto, não vivem separado da
humanidade, comunidade que evolui, os
filósofos apreendem as vicissitudes do
próprio tempo e através do pensamento
agarram aquilo que são os elementos mais
determinantes e é isso, esse kairos contra o
Kronos que constituem o essencial do saber
filosófico, essa é a função principal da
filosofia. (Severino Ngoenha,2020)
É verdade que é dito que a filosofia não é para os
pobres, não levando o termo pobreza no seu campo
material mas sim como disse Platão a pobreza não vem
da diminuição das riquezas, mas da multiplicação dos
desejos, portanto se o filósofo não é capaz de dominar
seus desejos ``lógicos´´ para a edificação da própria
humanidade, não poderá ser um filósofo na sua
totalidade, para ser filósofo talvez seria necessário
realizar/colocar em pratica a frase do filosofo inglês
(Thomas Hobbes) em seu livro O Leviatã (1651), que

81
disse: primum vivere, deinde philosophare – primeiro
viver, depois filosofar.

Ou teríamos que invocar todas as parábolas umas


das quais me recordo agora e gostaria de partilhar a
famosa inscrição do barco grego – Navegar é preciso,
viver não é preciso. O que ela quer dizer é que para viver
é preciso primeiro pescar e para pescar é preciso
navegar. Assim, numa redução simplista, o que é preciso
é navegar. Se eu não navegar, não vivo, pois que não
terei do que viver e o que comer.

Muitos pensam que a filosofia é algo para os


loucos, mas poderíamos invocar aqui a magnifica frase
de Bochenski (1977, P21) a filosofia é um assunto que
não interessa apenas a especialistas e profissionais,
porque todos os seres humanos em alguma circunstância
da vida filosofam. Estamos obrigados a filosofar.

Hoje a busca em Moçambique é por um novo


ensino que assuma o fracasso escolar e as falhas para um
ensino de qualidade, que defenda e ajude a construir um
sistema de ensino público capaz de revelar a inteligência
e os talentos das crianças, nunca descobertos e
incentivados nas escolas, assim neste contexto entra a
Filosofia nas escolas moçambicanas. A Filosofia requer
que estejamos abertos ao novo conhecimento,
procurando demarcar espaços que têm especial
relevância para a Educação em Moçambique. Ficamos
então desafiados a nos reinventar no que diz respeito em
como ensinar Filosofia nas escolas moçambicanas! Mais
do que isso seria talvez: como ensinar de maneira
significativa Filosofia para jovens e crianças em
Moçambique nos nossos dias.

O filosofar aponta a uma exigência de um


método na forma de um exercício, além de uma atitude
que deve ser filosófica (Luckesi 1992). Quando falamos
do ensino da filosofia queremos suscitar a partir da
filosofia, aquilo que se deve ser ensinado, baseando - se
em (Kant 1983, P 407) não se ensina a filosofia, mas sim
a filosofar, porque como dizia (Ludwig, 4. P 112) a
filosofia não é uma teoria, mas uma atividade.

E isso vai suscitar na busca por um ensino


filosófico, condizente com a idade, dentro das

83
experiências de cada um, aberto ao questionamento, a
angústia, e ao novo conhecimento. Oferecer um amplo
panorama, com abordagens sobre a história do ensino da
Filosofia, que interrogam os sentidos e as práticas. Para
isto temos que organizar um ensino de Filosofia que
passe pela etapa da sensibilização e da problematização.
Mas, para que o estudante possa fazer parte desta
experiência, o professor precisa de ferramentas para
mediar esse processo, seria necessário talvez que o
professor se inspire no polícia de trânsito, que estando na
estrada a controlar a transitabilidade rodoviária não
precisa entrar no autocarro para conduzir pelo condutor
mas sim parado ele serve de guia para o condutor
avançar sem grandes vicissitudes rumo ao seu destino,
assim deve ser o professor perante o estudante, um guia
rumo ao conhecimento. Por isso vai dizer (Luckesi 1992)
o filosofar vai sintetizar três passos: (i) inventariar os
valores vigentes, (ii) critica – los, (iii) reconstruí – los.
É um processo dialético que vai de uma determinada
posição para a sua superação teórico – prático.
Por isso o professor tem que colocar em prática o
sentido crítico e investigador da Filosofia, instigando os
estudantes a produzirem questões a partir do tema
abordado, pois o estudante não pode ser um consumidor
passivo, mas sim ativo, o estudante deve formar – se e o
professor deve ajudar o estudante a formar – se, o
professor deve ser a ponte entre o estudante e o
conhecimento.

Quanto mais intensa e múltipla for essa


problematização, mais elementos a classe e cada
estudante terão para produzir sua própria experiência de
pensamento, seu próprio pensamento logico racional. A
história da Filosofia e os filósofos, tomados como
ferramentas para compreender melhor aquele tema e o
problema que está sendo investigado, ganham um
sentido e um significado especial onde a busca do
sentido dá sentido à filosofia e aos filósofos, não sendo
apenas mais um conteúdo a ser decorado pelos
estudantes. De qualquer forma, os conteúdos devem ser
apresentados de forma temática, numa tentativa de torná-
los mais próximos da realidade vivida pelos estudantes, é

85
necessário que o ensino da filosofia nas escolas
moçambicanas sofra uma Metamorfose fundamental e
necessária.

Várias metodologias o professor poderia usar


para o benefício do estudante, mas que uma das quais
não podemos ignorar é o uso da experiencia, sendo algo
que possa ajudar significativamente o estudante rumo a
busca e apreensão do saber filosófico, `` No grego é o
verbo manthano a significar aprender, mas em seu
sentido mais originário, com a acepção de aprender pela
experiencia´´ (Marcelo Carvalho: Ensinar Filosofia)

O verbo pertence a mesma arvore etimológica do


outro verbo, mnemomai, que significa lembrar, recordar:
o verbo da ação da memória, vejamos aqui o que nos diz
o hebraico antigo que evidencia a intima conexão entre
as ações de aprender e ensinar. O termo piel, em
hebraico, significa ensinar, portanto devemos saber que
aprender intensivamente no hebraico é ensinar.

E é nesse âmbito que a filosofia é transformadora


ao ser ensinada, pois faz parte do processo de
aprendizagem que sucessivamente ajuda na
transformação do mundo. Segundo (Paulo Freire), a
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as
pessoas. Pessoas transformam o mundo. ´´ Durante esse
processo do ensino da filosofia o estudante deve estar em
comunhão com o professor, para ele poder libertar – se,
pois, “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta
sozinho: os homens se libertam em comunhão.”
(FREIRE, Paulo. Rio de Janeiro: 1987.).

Para melhor compreendermos como se dá essa


libertação, teríamos de invocar Platão no livro VII de a
República, obra em que o autor debruça – se sobre a
vida política ateniense, escrito aproximadamente no
século IV a.C, no texto, Sócrates fala para Glauco
imaginar a existência de uma caverna onde prisioneiros
vivessem desde a infância. Com as mãos amarradas em
uma parede, eles podem avistar somente as sombras que
são projetadas na parede situada à frente.

As sombras são ocasionadas por uma fogueira,


em cima de um tapume, situada na parte traseira da
parede em que os homens estão presos. Homens passam

87
ante a fogueira, fazem gestos e passam objetos,
formando sombras que, de maneira distorcida, são todo o
conhecimento que os prisioneiros tinham do mundo.
Aquela parede da caverna, aquelas sombras e os ecos dos
sons que as pessoas de cima produziam era o mundo
restrito dos prisioneiros.

Repentinamente, um dos prisioneiros foi liberto.


Andando pela caverna, ele percebe que havia pessoas e
uma fogueira projetando as sombras que ele julgava ser a
totalidade do mundo. Ao encontrar a saída da caverna,
ele tem um susto ao deparar-se com o mundo exterior. A
luz solar ofusca a sua visão e ele sente-se desamparado,
desconfortável, deslocado.

Aos poucos, sua visão acostuma-se com a luz e


ele começa a perceber a infinidade do mundo e da
natureza que existe fora da caverna. Ele percebe que
aquelas sombras, que ele julgava ser a realidade, na
verdade são cópias imperfeitas de uma pequena parcela
da realidade. O prisioneiro liberto poderia fazer duas
coisas: retornar para a caverna e libertar os seus
companheiros ou viver a sua liberdade. Uma possível
consequência da primeira possibilidade seria os ataques
que sofreria de seus companheiros, que o julgariam
como louco, mas poderia ser uma atitude necessária, por
ser a coisa mais justa a se fazer.

A alegoria da caverna é uma metáfora ampliada,


que representa, por meio dos prisioneiros, não apenas
nós, indivíduos, mas também o ambiente social em que
vivemos. Ela nos mostra a relação entre a educação e a
verdade. Quando o prisioneiro se liberta e sai da caverna,
compreendemos que, na visão de Platão, o aprendizado
é um processo difícil e muitas vezes até mesmo
doloroso. A educação muda nossa percepção e visão a
respeito das coisas e, à medida que nossa concepção
sobre a verdade muda, também se altera o nosso
comportamento em relação ao mundo ao nosso redor, e à
educação.

O mito reforça que todos possuímos a capacidade


de aprender novas coisas, mas nem todos possuem a
curiosidade, o desejo ou a força necessária para se
dedicar e viver este aprendizado. Mais importante ainda,
demonstra que, mesmo aqueles que buscam aprender,

89
podem sofrer até aceitar a nova realidade que surge com
o conhecimento, com novos paradigmas.

É nesse sentido que o professor deve se


reinventar e ter a consciência da responsabilidade que
tem para com o estudante e para a sociedade em geral,
porque a Filosofia é fundamental na vida de todo ser
humano, proporcionando assim, a prática de análise,
reflexão e crítica em busca de vários benefícios rumo ao
puro encontro do conhecimento do homem e do mundo e
suas transfigurações. Reconhecemos que a Filosofia é
um produto não material, mas o conhecimento produzido
nessa área materializa-se na linguagem, em conceitos
filosóficos, organizados em um sistema de conceitos,
assim como concebe (Vygotsky, 2001) e (Gorski, 1959).

É nesse contexto da importância da filosofia na


educação que Marilena diz: A inserção do componente
do ensino da Filosofia no Ensino médio demonstra a
lacuna existente para a construção do ser crítico e
categoricamente preparado para interagir de forma
complexa na sociedade. Sendo assim, é notório o poder
transformador da filosofia no desenvolvimento de
aprendizagem. Constituindo assim, total desafio na
aprendizagem, mas valoroso sacerdócio! Pois, nesse
contexto, “podemos dizer que a filosofia é o mais útil de
todos os saberes humanos” (CHAUI, 2000, p.17). Não
menosprezando os outros campos do saber, mas a
filosofia se torna o mais útil porque busca o auxílio dos
outros saberes, mas criar aquilo que lhe é próprio.

O que comporta a Educação como responsabilidade


de todos?

Pode nos parecer (im)possível falar de uma


educação que tenha como caráter a responsabilidade de
todos, uma educação que pode satisfazer as necessidades
básicas de todos.

Permitam-me associar a educação com a


filosofia, fazendo isso numa primeira parte pode
despertar os nossos sentidos qualitativos e não
quantitativos, pois a educação é um conceito qualitativo
e não quantitativo. Se considerarmos que a filosofia de
educação é uma reflexão dos pressupostos, fundamentos
91
e implicações sobre as práticas pedagógicas e
considerarmos também que a educação é um processo de
transmissão e aquisição de conhecimentos, valores,
atitudes com visa a transformação do homem.

Podemos desde já observar que a educação é o


coração de uma sociedade sólida nos seus valores,
conhecimentos e atitudes que transformam o homem e
não de uma sociedade liquida.

Pode nos parecer muito desnecessário trazer ou melhor


associar o termo educação com a filosofia, mas isso tudo
é mais pelo caráter reflexivo que a filosofia pode nos
proporcionar, porque a filosofia vai pensar de como a
educação deveria ser, enquanto se a colocássemos por
fora apenas a educação ficaria associada as outras
ciências que falam do mesmo termo, mas que vão se
dedicar apenas na sua prática pedagógica.

Talvez seja oportuno recordar que a filosofia da


educação vem desde os gregos quando buscavam a
virtude humana, eles deram início a essas discussões
sobre a filosofia da educação, eles viam na educação um
meio necessário para o alcance de uma cultura ideal e de
uma alma purificada, se for do nosso agrado podemos
dizer que a busca pela educação ideal é representada por
Platão na alegoria da caverna, sem muitas voltas não
gostaria de estar aqui a falar sobre a história e as
implicações da educação como se eu fosse um doutor em
educação, porque quando medito reconheço que ainda
preciso aprender mais e quando penso que aprendi
descubro que não esgotei todos os saberes... mas de
ressaltar que a filosofia e a pedagogia deram o início a
esse saber: filosofia da educação, pelo que acho
desnecessário a exclusão de uma da outra.

Sócrates vai nos mostrar que é fundamental uma


educação que buscasse o raciocínio e identificasse as
razões para justificar crenças, julgamentos e em geral as
ações humanas. Penso e gostaria que todos quando
pensassem em educação deveriam ver algo para
encorajar a todas as pessoas na busca pela razão e no agir
verdadeiramente ético-moral.

Nós precisamos de introduzir uma educação que


ofereça utensílios suficientes para o desenvolvimento.

93
As escolas tem que ensinar a nossa cidadania como
Moçambicano, o que podemos observar é que as nossas
escolas oferecem utensílios para conhecer o mundo fora,
países, produções de outros países, mas muito pouco
sobre a minha realidade, daquilo que podemos fazer para
ser melhor na família e melhorar a minha condição de
vida, da sociedade e do país.

Precisamos de um sistema de educação mais


dinâmico e atual de acordo com a nossa realidade, do
estilo de vida das nossas sociedades e não das outras,
precisamos de uma educação capaz de ensinar, educar os
nossos estudantes, alunos no saber fazer autônomo.

Piaget no início do seu livro Para onde vai a


Educação (1973), ele vai fazer uma retrospectiva da
educação com o objetivo de mostrar a necessidade
imperativa da transformação no modo de ensinar,
partindo do entendimento da forma lógica de aprender
dos alunos, continua trazendo dois pontos de vista que
são: quantitativo e qualitativo.
E na sua prospectiva vai demonstrar como ponto
importante às diferenças individuais de aptidão do aluno
para certos saberes, dependendo da adaptação ao tipo de
ensino que lhe é oferecido, fazendo ver os fracassos
escolares que estão muito mais ligados à rápida
passagem que os educadores fazem no aspeto qualitativo
para o quantitativo, onde a prática do ensino deveria
utilizar o método ativo, por meio do qual a criança vai
reconstruir e reinventar, não somente transmitir
informações ao aluno. Para ele, o professor não deve se
limitar ao conteúdo específico de sua disciplina, mas
deve conhecer como ocorre o desenvolvimento
psicológico da inteligência humana.

Todo o processo de ensino deve estar alicerçado


na experimentação por parte do aluno. Todo o processo
de ensino deve estar alicerçado na experimentação por
parte do aluno. Segundo Piaget (1973), O problema geral
da Educação está centrado na preparação dos
professores, que é o aspecto de real mudança em
qualquer reforma pedagógica.

95
Naquilo que diz respeito à educação é importante
sublinhar isso como uma preocupação mundial, pois em
poucas palavras no Artigo 26 da Declaração Universal
dos Direitos do Homem diz: toda pessoa tem direito a
educação e que ela deve ser gratuita, pelo menos no
ensino elementar e fundamental, Para Piaget (1973), a
educação deve levar ao desenvolvimento da
personalidade humana, os pais tem, por prioridade o
direito de escolher o gênero de educação a dar a seus
filhos, a educação deve favorecer a compreensão, a
tolerância e amizade entre as nações e todos grupos
raciais ou religiosos... Podemos notar que houve
primeira uma preocupação em assegurar a educação das
pessoas, como uma obrigação de todas as sociedades e
segundo de proporcionar alguns objetivos sociais da
educação, bem como da sua relevância.

Desde os primeiros dias de vida de todo o


indivíduo, estamos sujeitos a desenvolver e esse
desenvolvimento fica condicionado por alguns fatores
como biológicos e de hereditariedade. Reconhecer o
papel indispensável dos fatores sociais na própria
formação do indivíduo é falar de um direito à educação
para todos.

As educações que temos como a de aprender uma


linguagem para poder se comunicar, ou quando
aprendemos a língua materna, entre outros aprendizados
são condicionados por esses fatos biológicos ou
hereditários, enquanto que a educação tradicional tinha
um papel que se limitava em uma simples instrução, se
tratava de enriquecer ou alimentar faculdades já
elaboradas, e não de formá-las, em poucas palavras seria
de acumular conhecimentos na memória, ao invés de
conceber a escola como um centro de atividades
experimentais desenvolvidas em comum, mas fica a
noção de que toda a pessoa tem direito a educação, onde
no artigo 26, continua dizendo que: todo ser humano tem
o direito de ser colocado, durante a sua formação, em um
meio escolar até que possa ser autônomo na adaptação
das operações da lógica. Segundo Piaget (1973), a
educação não deve ser entendida apenas como uma
formação, mas uma condição formadora necessária ao
próprio desenvolvimento natural.

97
Dizer que toda pessoa tem direito a educação é
assumir uma responsabilidade, muito mais além que a de
assegurar em cada pessoa a possibilidade da leitura, da
escrita e do cálculo, mas sim de garantir para toda
criança o pleno desenvolvimento de suas funções
mentais e a aquisição dos conhecimentos, assim como
dos valores morais que correspondam a uma adaptação a
vida social atual, podemos constatar que a proclamação
de um direito à educação não deve se limitar em apenas
palavras verbais, mas de implementação a rigor movida
por uma força motriz capaz de fazer a diferença positiva
da sociedade e do mundo.

A educação deve ser gratuita, ao menos naquilo


que diz respeito ao ensino elementar e fundamental,
sendo o elementar obrigatório, mas essa obrigatoriedade
está decorrer na linha de que se não for gratuito não nos
daria um sentido, nesta senda o gratuito não pode
limitar-se só no ensino, mas em mais outros problemas
que existem como: a falta de material escolar entre
outros, pois o princípio da gratuidade do material escolar
deve ser considerado como natural e necessário da
obrigatoriedade escolar. De ressaltar Piaget (1973), vai
dizer que os pais tem, por prioridade, o direito de
escolher o gênero de educação a dar a seus filhos.

Podemos ver de uma maneira mais geral que a


educação deve gerar um pleno desenvolvimento da
personalidade humana e ao reforço do respeito pelos
direitos do homem e pelas liberdades fundamentais que
vai se resumir em formar indivíduos capazes de
autonomia intelectual e moral e respeitadores dessa
autonomia em outrem, numa relação de regras
recíprocas, e de encontrar nesse desenvolvimento a
construção de um raciocínio pronto e de uma consciência
moral desperta. Acerca do poder intelectual da educação
podemos destacar que a arte da Educação tem que ser
vista como a prática da medicina, o sacerdócio, que são
artes impossíveis de praticar sem dons especiais, mas
que vai pressupor conhecimentos exatos e experimentais,
relativos aos seres humanos sobre os quais é exercida.

A educação deve favorecer a compreensão, a


tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os
grupos raciais ou religiosos assim como o

99
desenvolvimento das atividades das nações unidas para a
manutenção da paz, mas que devemos levar como a
primeira premissa é sobre o papel do educador que é a de
diante de um problema internacional, ele deve procurar
adaptar o aluno a semelhante situação, sem nada lhe
omitir a respeito da sua complexidade, (Piaget, 1973).

E depois ele deve moldar a criança de que se trata


de um método e de uma ferramenta nova a fim de que
ela possa compreender e conduzir-se. Em suma podemos
dizer que não é impossível colocar nos alunos um
espírito crítico, assim como de aprenderem a pensar, a
ler coisas como jornais, assim como de ouvir a rádio,
esses exercícios irão instigar neles um espírito de
discernimento e critica.
CONCLUSÃO

Como vencer a Ociosidade e criar uma nação


livre e fora do exilio eterno?

Condições existem para tal, temos fundamentos e


recursos que podem nos ajudar a criar uma nação justa e
livre da Ociosidade diretamente ou indiretamente nos
tribunais, nas escolas, nos hospitais, em geral em todos
lugares onde deveriam se tornar verdadeiros campos de
desenvolvimento do ser humano, mas que nos últimos
séculos tem se tornado em campos de destruição do
homem e da humanidade.

Dizia São Tomás de Aquino que quem vê o mal e


não impedem ou cala, é cúmplice do ato, a filosofia com
os seus próprios filósofos tem essa missão de despertar a
humanidade e de se questionar do modus vivendi do ser
humano e oferecer reflexões que tende a levar a cabo a
essa missão de tirar o homem da caverna.

Existem tempo para tudo aqui na terra, tempo de


ser pobre, tempo de ser rico, tempo de ser feliz, tempo de

101
estar triste, tempo de roubar, tempo de não roubar, tempo
de ser ocioso e de não ser, já ia me esquecendo que há
tempo para sermos infernos para os outros e tempo para
sermos anjos também, a verdade é que agora é o tempo
de dizer eu sou livre, eu sou feliz, eu não sou prisioneiro
de ninguém, eu não sou cobaia de ninguém, eu sou
Moçambique, eu sou Brasil, eu sou Portugal... eu sou
Maputo, eu sou Sofala, eu sou Cabo Delgado e posso
fazer a diferença, o mundo precisa de mim, a nação
precisa de mim, eu sou a mudança.

E devemos aprender a partir de pequenas ações a


fazermos a diferença e nunca esperarmos para termos
muito, pois já diz o famoso provérbio: o camarão que
dorme a onda leva.

Nós devemos ser os primeiros a acreditar em nós


mesmos, pois se você não é, ninguém será por você. O
destino está em nossas mãos, não conseguimos e não
somos capazes de mudar o nosso passado, mas somos
capazes de traçar a história do nosso futuro, o futuro é
agora, eis o momento de sermos protagonistas da nossa
história e destino. Dizem os arautos em torno do grito de
guerra: avançar - sempre, recuar - nunca, desanimar-
jamais... e são essas palavras que devem fazer parte do
nosso sucesso, mas devemos ser bem claros que a
história não é feita por emoções e que Roma não foi
construída em um dia, o tempo e a nossa ação irão ditar
os nossos próximos anos.

A chave do sucesso está nas nossas mãos, chegou


o tempo de construirmos a nossa arca da aliança com o
sucesso da nossa nação. Duas máximas devem nos
seguir, a de Kant e de Hans Jonas, pois acredito que um
dos fundamentos para o sucesso está baseada nessas duas
frases: Age de tal maneira que a sua ação seja levada
como uma lei universal, (Kant). E age de tal modo que a
sua ação perpetue a vida dos outros seres nesse planeta,
(Hans Jonas).

Assim como O espectro de Marx libertou o


filósofo, a filosofia também libertará os homens,
humilhados, desprezados, ociosos, justos, pobres, etc.

103
BIBLIOGRAFIA

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WITTGENSTEIN, Ludwig. (2022) Introdução ao
Tractatus Logico- Philosophicos. São Paulo,
Annablume, P. 112.

107
ÍNDICE
Prefácio...........................................................................7

PRÓLOGO ...................................................................... 9

INTRODUÇÃO ............................................................ 11

O Homem e a Ociosidade Na Idade Antiga (V)........ 15

O Homem e a Ociosidade na Idade Média


(V-XV) ...................................................................... 21

(A). A percepção do tempo em santo Agostinho,


como fundamento para a interpretação das utopias
do mundo ............................................................... 26

(B). Como medir um tempo que precisa de tempo?


............................................................................... 28

O Homem e a Ociosidade na Idade Moderna (XV-


XVIII) ........................................................................ 32

O Homem e a Ociosidade na Idade Contemporânea


XVIII ......................................................................... 42

A Ociosidade Do Homem do Século XXI ................ 48

(A). O Lobo Vestido De Cordeiro Entre Nós ........ 55


(B). Ele nunca morrerá, mas morreu e agora vive e
jamais morrerá ....................................................... 66

(C). Quem sou na História? ................................... 71

(D). Os sonhos mortos de uma criança .................. 76

O Ensino Da Filosofia Nas Escolas Moçambicanas


Como Sinônimo De Desenvolvimento...................... 80

O que comporta a Educação como responsabilidade


de todos? ................................................................ 91

BIBLIOGRAFIA ........................................................ 104

109
Sobre o Autor:

Milton Quisse, nascido aos 22.04.2003, em Maputo –


Moçambique. Filho de Guilichane Quisse e de Isabel
Jorge Langa.

Actualmente é seminarista da Congregação dos


Missionários de Marannhill e estudante do Curso de
Licenciatura em Filosofia e Ética, pelo Instituto
Superior Maria Mãe de África.

Desde cedo teve uma inclinação muito forte para


estudos filosóficos, mas também já fez muitos cursos
complementares como:

 Desenho Arquitetônico (Inst. Educ. De Lisboa)


 Primeiros Socorros Psicológicos (U. Autônoma
de Barcelona)
 Introdução a Filosofia (U. De Edimburgo)
 Gestão Ambiental (U.C. de Brasília)
 Climatologia (ONU), entre outros cursos.

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