Despedaçando aquele abril.

Abril Despedaçado é um filme brasileiro de 2001 do diretor Walter Salles

(Central do Brasil), baseado no livro Prilli i Thyer de Ismail Kadare.

O filme é narrado por Pacu (Ravi Ramos Lacerda), e conta como seu irmão
Tonho (Rodrigo Santoro) em nome da honra de sua família, deve vingar a morte de
seu irmão mais velho, que foi morto por um integrante da família rival, em uma briga
por terras que se arrasta ao longo dos anos.

O conflito entre as duas famílias, se torna um ciclo de vingança, que faz muito
sentido para os patriarcas de ambas as famílias, mas para mim e para os dois
irmãos da família Breves não parece fazer muito sentido. A única parte “boa” desse
conflito, é que ele parece matar a sede de sangue de ambos os patriarcas, pois além
disso, o conflito só trouxe a morte de muitos jovens de ambas as famílias, e tudo o
que esses jovens receberam em troca foi uma foto pendurada na parede como
recordação. Tenho a impressão de que esse conflito se resolveria de forma muito
mais eficaz, entregando uma arma na mão de cada patriarca.

O destino dos dois irmãos parece estar traçado desde os primeiros minutos
do filme, pois conforme a tradição eles terão que cobrar a divida de sangue, e depois
pagarem por ela, da mesma maneira que os bois andam em círculos na máquina em
que a família trabalha diariamente. A cena em que os bois começam a andar
sozinhos em volta da máquina sem receber as ordens de ninguém, após eles
ficarem empacados por estarem exaustos, acende uma esperança, de que Tonho se
espelhe nos bois, e quebre esse ciclo, que já deveria ter acabado há muito tempo.

A passagem do circo pela cidade, muda completamente o destino dos dois

irmãos, especialmente da bela engolidora de fogo Clara. O livro que Pacu recebe de
presente dela, abre uma janela para um mundo de imaginação, que ele antes não
conhecia, e o relacionamento que vai surgindo entre Clara e Tonho, mexe
completamente com a vida dele, mostrando outro caminho, além daquele que
parecia já estar traçado.

Enfim, Abril Despedaçado não é um filme que eu colocaria na minha lista de

filmes para ver antes de morrer, mas não morri assistindo o filme também.