Você está na página 1de 14

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE

SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

ANDRÉ SILVA PINTO


255052022

DENIS LUCAS MELCHIORI


253992022

ELEVADOR DE EMERGÊNCIA – MEDIDA DE


SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO OU COMPONENTE
DE SAÍDA DE EMERGÊNCIA?

São Paulo
2024
ANDRÉ SILVA PINTO
DENIS LUCAS MELCHIORI

ELEVADOR DE EMERGÊNCIA – MEDIDA DE SEGURANÇA


CONTRA INCÊNDIO OU COMPONENTE DE SAÍDA DE
EMERGÊNCIA?

Artigo científico apresentado ao Curso de Pós-


graduação em Engenharia de Segurança contra
Incêndio, da FUNDABOM e do Centro Universitário
ENIAC para a disciplina Metodologia de projeto de
pesquisa em segurança contra incêndio.

Professor da disciplina: Prof. Alexsandro Costa Vieira da Silva

Orientador: Alexsandro Costa Vieira da Silva

São Paulo
2024
Elevador de emergência

Emergency elevator

André Silva Pinto


Denis Lucas Melchiori

RESUMO

O presente artigo científico trata sobre a forma de utilização do elevador de


emergência. O problema é determinar se durante um sinistro, o elevador de
emergência pode ser utilizado sem supervisão e ou assistência, e sem acarretar risco
aos demais ocupantes da edificação. A hipótese é que durante um sinistro, o elevador
de emergência somente deve ser utilizado mediante supervisão. O objetivo é definir a
condição de utilização do elevador de emergência e provocar discussão sobre o tema.
Por meio de pesquisa bibliográfica e análise qualitativa, foram desenvolvidos os
conceitos de elevador de emergência como “medida de segurança contra incêndio” e
“componente de saída de emergência”. A conclusão é que o elevador de emergência
não pode ser tratado como um “componente de saída de emergência”, já que se faz
necessário uso assistido durante a operação em sinistros, aliado ao fato que o
elemento elevador como mecanismo não basta por si só, necessitando de vários
requisitos de segurança incorporados ao equipamento e na edificação.

PALAVRAS CHAVE: Elevador; Emergência; Incêndio; Saída; Segurança.

ABSTRACT

This scientific article deals with how to use the emergency elevator. The problem is to
determine whether during an accident, the emergency elevator can be used without
supervision and/or assistance, and without posing a risk to other occupants of the
building. The hypothesis is that during an accident, the emergency elevator should only
be used under supervision. The objective is to define the condition for using the
emergency elevator and provoke discussion on the topic. Through bibliographical
research and qualitative analysis, the concepts of emergency elevators as “fire safety
measure” and “emergency exit component” were developed. The conclusion is that the
emergency elevator cannot be treated as an “emergency exit component”, since
assisted use is necessary during operation in accidents, combined with the fact that
the elevator element as a mechanism is not sufficient on its own, requiring several
safety requirements incorporated into the equipment and building.

KEY WORDS: Elevator; Emergency; Fire; Exit; Security.


3

1. INTRODUÇÃO

O elevador de emergência, assim como sinalização de emergência,


extintores, alarme de incêndio e hidrantes, é uma medida de segurança ativa
prescrita no estado de São Paulo pelo Decreto Estadual nº 63.911 de 10 de
dezembro 20181, e a exigência de instalação está associada à altura da
edificação para fins de saída de emergência, tomando como base o ponto que
caracteriza a saída do nível de descarga ao piso do último pavimento. A
possibilidade de utilização do elevador de emergência durante o sinistro
necessita ser melhor delimitada.
É importante destacar que no mundo, há discriminação pelo tipo de
elevadores, podendo ser para carga, para passageiros, elevadores específicos
para bombeiros, contudo no Brasil, a expressão elevador de emergência é
empregada para um elevador de passageiros que possui requisitos de instalação
específicos, o que possibilita a utilização durante o atendimento de ocorrências
em edificações elevadas.
O problema é que em caso de sinistro numa edificação, havendo o
elevador de emergência como uma medida de segurança contra incêndio, pode
ser utilizado sem assistência e ou supervisão, e sem acarretar risco aos demais
ocupantes da edificação?
A hipótese é que o elevador de emergência somente deve ser utilizado
sob supervisão profissional – na qualidade de ascensorista familiarizado com o
plano de abandono da edificação.
O objetivo deste trabalho é trazer luz ao assunto, de forma que as
autoridades competentes pela prescrição do equipamento – elevador de
emergência – possam padronizar a matéria e auxiliar o processo de ensino para
a sociedade como um todo, por meio de treinamento de brigada de incêndio,
sobre as condições de uso.
Dois objetivos específicos são propostos: o primeiro é definir as
condições de utilização do elevador de emergência, ou seja, quem pode utilizar
quando há um sinistro numa edificação.
O segundo objetivo específico é provocar a discussão sobre a finalidade

1
São Paulo (2018)
4

do elevador de emergência, visto que há lacuna legal e doutrinária em âmbito


nacional.
A metodologia qualitativa é a abordagem mais adequada para solução
do problema proposto. Portanto foi realizada pesquisa bibliográfica de normas,
manuais e doutrinas nacionais e internacionais, a fim de explicitar a finalidade e
a condição de uso do elevador de emergência.
As justificativas para escolha do problema são associadas ao
desconhecimento sobre a matéria e sobre questões de acessibilidade. Destaca-
se que cada dia as edificações construídas possuem maior altura ascendente e
descendente – em virtude do preço dos terrenos e aperfeiçoamento dos métodos
construtivos; aumento da expectativa de vida é acompanhado pelo aumento de
comorbidades e dificuldade de locomoção; não há norma nacional – texto base
– sobre esta medida de segurança contra incêndio.
Diante ao questionamento formulado no título deste artigo faz-se
necessário conceituar que é uma medida de segurança contra incêndio e o
que é um componente de saída de emergência. Pois a princípio, parecem
conceitos semelhantes, entretanto não são. Desta forma, estabeleceremos estes
conceitos conforme pesquisa.

2. CONCEITUAÇÃO

O conceito de "medida de segurança contra incêndio”, conforme item


4.489 da Instrução Técnica nº 03/2019 - Terminologia de segurança contra
incêndio2, é o conjunto de dispositivos, sistemas ou procedimentos a serem
previstos nas edificações e áreas de risco, necessários para evitar o surgimento
de um incêndio, limitar sua propagação, possibilitar sua extinção, bem como
evitar o pânico e ainda propiciar a proteção à vida, meio ambiente e ao
patrimônio.
Contudo o conceito de “componente de saída de emergência” não foi
encontrado de forma prescrita na legislação de segurança contra incêndio, por
isso será construído a partir da redução da expressão em “componente” e “saída
de emergência”.
A palavra “componente”, segundo o dicionário Michaelis3, significa: “o

2
Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (2019a)
3
Componente (2024)
5

que compõe, que faz parte da composição, que pertence a uma classe ou
associação, parte elementar de um sistema.”
O conceito de “saída de emergência”, conforme o item 4.657 da
Instrução Técnica nº 03/2019 - Terminologia de segurança contra incêndio4, é
“caminho contínuo, devidamente protegido e sinalizado, proporcionado por
portas, corredores, “halls”, passagens externas, balcões, vestíbulos, escadas,
rampas, conexões entre túneis paralelos ou outros dispositivos de saída, ou
combinações desses, a ser percorrido pelo usuário em caso de emergência, de
qualquer ponto da edificação, recinto de evento ou túnel, até atingir a via pública
ou espaço aberto (área de refúgio), com garantia de integridade física.”
Logo a recomposição da expressão “componente de saída de
emergência” pode significar: “Uma parte elementar da medida de segurança
contra incêndio saída de emergência a ser percorrida pelo usuário que garanta
a integridade física”.
Explicando melhor a primeira consideração: o Decreto Estadual nº
63.911/2018 de 10 de dezembro de 20185 definiu, em seu artigo 20 inciso VII,
que elevador de emergência é uma medida de segurança contra incêndio.
A segunda consideração é que, a Instrução Técnica nº 11/2019 –
Saídas de Emergência6 no item 5.2.1. alínea “e”, taxou o elevador de emergência
como um componente de saída de emergência. Isso seria o mesmo que dizer: o
elevador de emergência pode ser usado deliberadamente por qualquer usuário,
independentemente da situação.

3. O ELEVADOR DE EMERGÊNCIA COMO UMA MEDIDA DE SEGURANÇA


CONTRA INCÊNDIO

O transporte vertical representado pelos elevadores, desde o seu início


até os dias de hoje, sofreu grandes transformações: evoluiu dos arcaicos
elevadores comandados manualmente aos atuais e sofisticados, controlados
eletronicamente, que atingem uma velocidade de até 700 metros por minuto e
possuem inclusive “inteligência” própria (Santos, 2007).
É uma grande conquista para os usuários, pois antes da 2ª Guerra

4
Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (2019a)
5
São Paulo (2018)
6
Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (2019b)
6

Mundial, estar em um elevador causava desconforto; o carro se deslocava com


frequência aos solavancos e geralmente parava várias polegadas acima ou
abaixo do andar indicado. É por este motivo que o desenvolvimento visou
sempre a alguns objetivos básicos, como a conquista de um produto que
pudesse oferecer aos usuários o máximo conforto com o mínimo de tempo de
viagem, além de melhorar o tráfego de passageiros. (Santos, 2007).
Seito (2008) afirma que o uso de elevadores comuns não é permitido
numa situação de emergência, devido aos riscos envolvidos (mal funcionamento,
contaminação com fumaça e gases quentes, superlotação, etc.) e, normalmente,
esses elevadores são programados para descerem automaticamente até o piso
de descarga e permanecerem nessa posição até ser, eventualmente, operados
pelo corpo de bombeiros numa situação de emergência.
Para tanto, a instalação do equipamento (elevador de emergência) deve
ser prevista em local protegido dos efeitos do incêndio, ou seja, em antecâmaras
de escadas de emergência ou áreas de refúgio (áreas compartimentadas). Além
disso, para garantir o funcionamento dos elevadores de emergência, é
necessário que esteja ligado a uma fonte alternativa de energia, caso haja um
corte na energia elétrica fornecida pela concessionária (Seito, 2008).
O British Standards Institution (BSI, 2020), indica que o elevador de
emergência possui proteção, controles e sinais que permitem que ele seja
utilizado sob o controle exclusivo dos bombeiros. São utilizados para conduzir os
bombeiros e seus equipamentos para os andares requeridos e ainda podem ser
utilizados para fins de combate a incêndios e abandono sob o controle dos
bombeiros. Um elevador de emergência, ao contrário de um elevador
convencional (que não seja de emergência), deve ser projetado para operar tanto
em situações normais, quanto em uma situação de emergência.
Elevadores de emergência são projetados para garantir a fuga da
população da edificação em condição segura, sem presença de fumaça e com a
caixa devidamente isolada das áreas de risco. Ocorre que passado algum tempo
do início do incêndio, mesmo estes elevadores podem estar em condição
insegura. Daí que a liberação para uso pelas equipes de combate só pode ser
dada após criteriosa avaliação das condições de segurança (CBPMESP, 2006).
O BSI esclarece que os integrantes dos Corpos de Bombeiros que se
depararem com a tarefa de combate a incêndio localizado em um pavimento alto,
7

a partir do solo, precisam ser capazes de alcançar o fogo com rapidez e


segurança, levando consigo seu equipamento. O atraso pode comprometer
estruturalmente a edificação e seu conteúdo, suas próprias vidas e a dos
ocupantes da edificação. Ao alcançar o fogo, os bombeiros devem ter energia
suficiente para execução da tarefa árdua e prolongada de combate ao incêndio.
O National Institute Of Standards And Technology (NIST, 2013) indica
que a velocidade do processo de evacuação de uma edificação aumenta a entre
16 a 25 %, se elevadores forem utilizados – quando comparado somente com o
uso de escada. Este impacto pode ser ainda maior nas edificações, quanto mais
elevadas elas forem. Contudo os códigos de construção reconhecem que
elevadores não devem ser utilizados para evacuação sem supervisão, antes que
haja um grande período de treinamento para os usuários da edificação em
planos de emergência para incêndios.
Durante o movimento das pessoas em direção a um caminho conhecido,
existe pouco perigo de pânico, porém se o movimento ordenado é interrompido
por algum motivo, o pânico pode se desenvolver. A interferência no movimento
ordenado pode ser causada pelo calor, pela visibilidade reduzida, a excessiva
espera de elevadores, a demora na abertura de portas, etc. Entretanto, quando
ocorre pânico, as pessoas não se comportam racionalmente. O resultante
“empurra-empurra” para utilizar as saídas conhecidas pode rapidamente
congestiona-las (Duarte, 2021).
Apesar de existirem algumas tendências do uso de elevadores em
situação de emergência, Duarte (2021) detalha que ainda não são claras
algumas questões, dentre elas:
a) como é que a educação, ao longo de mais de 30 anos, que alertou o
público contra o uso de elevadores para a evacuação pode ser alterada?
b) como evitar a superlotação dos elevadores?
c) como convencer os ocupantes a utilizar um método de evacuação em
detrimento de outro (escada x elevador de emergência)?
d) como os ocupantes reagem à exigência de esperar algum tempo por
elevadores?
e) deverá existir uma ordem de prioridade de evacuação? Se sim que grupos
sociais têm mais prioridade?
f) qual o grau de prioridade que as pessoas com deficiência deverão ter face
8

à restante população?
g) o elevador pode esperar por indivíduos mais lentos na evacuação?
h) como superar os possíveis problemas de confusão e ansiedade?
Para Duarte (2021), a responsabilidade sobre os problemas
concernentes a elevadores e o salvamento de passageiros durante as
emergências são condições com que o corpo de bombeiros deve estar
familiarizado para colocar em prática quando necessário. O transporte vertical
de guarnições e equipamentos por elevadores de emergência exige mais tempo
do que o transporte horizontal, devido à limitação de peso. Por outro lado, o
tempo despendido para transportar o material de rua até o hall do elevador pode
criar uma situação na qual os elevadores ficam à espera para serem carregados,
fazendo com que as guarnições tenham que esperar por mais tempo.
Com o propósito de economizar tempo – Duarte (2021) diagnostica que
tanto no acesso das equipes de socorro, quanto deslocamento de recursos e
retirada de pessoas, é importante avaliar criteriosamente a possibilidade da
utilização de dois ou mais elevadores sob controle manual do bombeiro, com
operadores devidamente instruídos.

4. O ELEVADOR DE EMERGÊNCIA COMO COMPONENTE DE SAÍDA DE


EMERGÊNCIA

Em edifícios altos, garantir a segurança dos ocupantes em situações de


emergência é um grande desafio de um projeto. As medidas de proteção contra
incêndio costumam ser mais rigorosas nesse tipo de edificação, devido às
dificuldades que os seus ocupantes podem enfrentar no abandono,
principalmente, associadas essencialmente ao fator tempo. Essas dificuldades
incluem a necessidade de percorrer um trajeto maior até atingir um local seguro
fora da edificação e a possibilidade de exposição aos efeitos do incêndio durante
este percurso. A situação torna-se mais severa ao se considerar que a população
normalmente não apresenta perfil uniforme, podendo existir pessoas com
limitações de locomoção, de cognição espacial, capacidade mental ou de
resistência física e que, portanto, necessitam de assistência para realizar o
abandono seguro do edifício (Seito, 2008).
Uma solução existente para isto, são elevadores de emergência
descritos na Instrução Técnica nº 11/2004 – Saídas de Emergência (São Paulo,
9

2004) [...]. Estes elevadores proporcionam um nível maior de segurança, que os


elevadores de uso comum, podendo ser utilizado durante um incêndio tanto
pelos bombeiros como pelas pessoas que estão abandonando a edificação
(CBPMESP, 2006).
Portanto, Oliveira (2020) desenvolve o conceito de “Tecnologia
Assistiva”. Pode ser descrito como a criação de recursos tecnológicos para
ajudar no desempenho funcional ou ampliando a acessibilidade e habilidades de
pessoas com mobilidade reduzida. Esta tecnologia é fundamental para a
integração desses indivíduos à sociedade e consequentemente trazer melhorias
em sua qualidade de vida. Então, o elevador de emergência constitui um
exemplo prático de “Tecnologia Assistiva”, assim como as plataformas de
acessibilidade para escadas ou elevadores de acessibilidade.
Seito (2008) detalha que as saídas de emergência devem atender à
demanda da população, em caso de sinistros, seja por compartimentação, rotas
de fuga, escadas de emergência, áreas de refúgio, seja por elevadores de
emergência totalmente protegidos da ação de gases e chamas.
Também, segundo o guia de orientação publicado pelo Council on Tall
Buildings and Urban Habitat (CTBUH, 2004), o uso misto de elevadores e
escadas é uma forma mais eficiente de esvaziar rapidamente um edifício alto.
Este guia distingue o uso de elevadores para o abandono total, “parcial faseado”
ou seletivo e também para o caso de incêndio e de outras emergências.
Mas em todas as situações, é necessário definir uma série de requisitos
de segurança que garantam o bom funcionamento do sistema, tanto de ordem
técnica (proteção dos equipamentos, redundâncias, etc.) como de ordem
operacional (procedimentos de operação e ou evacuação para cada situação),
conforme abordado por Duarte (2021, apud Solomon, 2008).
O NIST (2014) conclui que as escadas de saída podem não oferecer
oportunidades iguais de acesso à segurança para todos os ocupantes do edifício.
Os ocupantes com mobilidade reduzida podem ter graves dificuldades em
negociar7 a prioridade de acesso para as saídas de emergência durante uma

7
A expressão “negociar a prioridade de acesso” nesse contexto quer dizer a dificuldade encontrada em
situação de pânico pelas pessoas com mobilidade reduzida para definir quais ocupantes irão acessar a saída
de emergência, seja a escada ou elevador de emergência. Sendo que existe a necessidade de definir
previamente em um plano de abandono qual será a prioridade de saída das pessoas e quem auxiliará os
demais durante o abando.
10

evacuação, incluindo a incapacidade de se locomover pelas escadas.


Portanto, ainda conforme o NIST, desde a trágica perda de vidas nos
ataques ao edifício World Trade Center no ano de 2001, os esforços de
engenharia se concentraram em determinar os procedimentos de evacuação
eficientes, especialmente para os ocupantes que não conseguem avançar pelas
escadas de saída sem assistência.
Segundo o Dubai Building Code (Government of Dubai, 2017), o uso de
elevadores para evacuação em emergências é inevitável em edificações
elevadas, contudo, não substituem ou compensam a quantidade mínima
requerida para escadas, corredores e portas, devendo ser utilizado para
evacuação de forma controlada e sob supervisão de profissionais treinados.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Notoriamente pessoas com capacidade de locomoção reduzida


necessitam de assistência para o abandono de uma edificação elevada e
certamente o elevador de emergência é a opção de fuga que contempla a melhor
praticidade, conforto, dignidade humana e ergonomia.
Em caso de sinistro, geralmente o racional perde lugar para o
comportamento instintivo, onde, em raras situações, uma pessoa com melhor
condição física cederá passagem para outra de pior condição, pois se trata de
uma questão de preservação de vidas e todas se julgam importantes igualmente.
Logo, considerando a definição normativa, características encontradas
nos achados bibliográficos, fica evidente que o elevador de emergência é uma
medida de segurança contra incêndio.
Porém, não deve figurar como um componente de saída de
emergência pois:
a) a definição de “componente de saída de emergência”, subentende
que os ocupantes da edificação percorram livremente tal elemento,
contudo há consenso entre todos os autores que utilização de
elevador de emergência carece assistência de uma pessoa
capacitada e designada para tal função;
b) a bibliografia é taxativa que há problemas comportamentais latentes
durante sinistros que podem colocar em risco a operação do elevador
de emergência por pessoas destreinadas ou descompromissadas
11

com a evacuação completa da edificação;


c) o uso equivocado do equipamento gera risco aos ocupantes da
edificação, já que as questões “acesso de recursos materiais e
humanos do corpo de bombeiros”, “evacuação de vítimas e pessoas
com restrição de locomoção” necessitam de uma sequência lógica a
ser determinada pelo comandante da emergência após avaliação
adequada do cenário;
d) apesar de possibilitar que o tempo de abandono na edificação seja
reduzido, de forma alguma devem substituir ou compensar a
quantidade mínima requerida de escadas, corredores e portas.
Assim, a hipótese formulada foi validada, já que os respondedores da
emergência (brigadistas da edificação, bombeiros e demais autoridades
governamentais) são aqueles que devem lidar com o comportamento humano
durante a evacuação de uma edificação sinistrada para que ela seja realizada
da forma mais eficiente e segura.
Soma-se a isso, que o elemento elevador, como mecanismo, não basta
por si só, necessitando de uma fonte alternativa de energia, comandos e
controles específicos, proteção do acesso e do poço do elevador contra os
efeitos do incêndio (fogo, fumaça e calor) e do combate (água), dentre outros
requisitos essenciais para segurança.
Considerar o elevador de emergência como a um componente seria o
mesmo que dizer que ele poderia ser usado sem qualquer tipo de assistência,
tal qual uma escada de segurança em situação de incêndio. O que não é uma
verdade.
Por fim e para pesquisas futuras, sugere-se que seja estabelecido um
protocolo de utilização para esta medida de segurança contra incêndio, tais
como: quem possui prioridade na utilização, melhor sinalização do equipamento,
quiçá uma normatização, em âmbito nacional, fomentando a forma de utilização
e conscientizando sobre a necessidade do uso supervisionado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com


Deficiência. Comitê de ajudas técnicas. Tecnologia assistiva. Brasília:
CORDE, 2009. 138 p.
12

BRITISH STANDARDS INSTITUTION. EN 81-72: Safety rules for the


construction and installation of lifts. Particular applications for passenger
and goods passenger lifts - Firefighters lifts. London, 2020.

COMPONENTE. In: Michaelis on-line 2024. Disponível em:


https://https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/componente/. Acesso em: 15 de janeiro de 2024.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO


PAULO. Instrução Técnica Nº 03/2019 – 2019a. Terminologia de segurança
contra incêndio. Disponível em:
http://www.ccb.policiamilitar.sp.gov.br/dsci_publicacoes2/_lib/file/doc/IT-03-
19.pdf. Acesso em: 29 de agosto de 2022.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO


PAULO. Instrução Técnica Nº 11/2004 – 2004. Saídas de emergência.
Disponível em:
http://www.ccb.policiamilitar.sp.gov.br/dsci_publicacoes2/_lib/file/doc/IT_11_20
04.pdf. Acesso em: 15 de janeiro de 2024.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO


PAULO. Instrução Técnica Nº 11/2019 – 2019b. Saídas de emergência.
Disponível em:
http://www.ccb.policiamilitar.sp.gov.br/dsci_publicacoes2/_lib/file/doc/IT-11-
19.pdf. Acesso em: 15 de janeiro de 2024.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO


PAULO. MTB 16: Manual de combate a incêndio em edifícios altos. 1 ed.
São Paulo, 2006.

DUARTE, Rogério Bernardes. ONO, Rosaria. SILVA, Silvio Bento da.


Problemática de incêndio em edifícios altos [livro eletrônico]. São Paulo, SP:
Ed. Do Autor, 2021.

GOVERNMENT OF DUBAI, 2017. Dubai Building Code. Dubai: Government


of Dubai.

NATIONAL INSTITUTE OF STANDARDS AND TECHNOLOGY (United States


Of America). NIST Technical Note 1793: combined stairwell and elevator
use during building evacuation. Gaithersburg: U.Ss. General Services
Administration, Public Buildings Service, 2013. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.6028/NIST.TN.1793. Acesso em: 15 de janeiro de 2024.

NATIONAL INSTITUTE OF STANDARDS AND TECHNOLOGY (United States


Of America). NIST Technical Note 1825: the use of elevators for evacuation
in fire emergencies in international buildings. Gaithersburg: U.S. General
Services Administration, Public Buildings Service, 2014. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.6028/NIST.TN.1825. Acesso em: 15 de janeiro de 2024.

OLIVEIRA, Geraldo Cesar Rosario de. Desenvolvimento de um elevador


assistivo para pessoas com mobilidade reduzida. Dissertação (mestrado) –
13

Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá,


2020.

SANTOS, Agnaldo Bizarria dos. A interface do elevador na arquitetura.


Aspectos projetuais, éticos e sociais. Dissertação de mestrado na FAUUSP.
– São Paulo, 2007.

SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 46.076, de 31 de agosto de 2001. Institui o


Regulamento de Segurança contra Incêndio das edificações e áreas de
risco para os fins da Lei nº 684, de 30 de setembro de 1975 e estabelece
outras providências - 2001. Disponível em:
http://www.ccb.policiamilitar.sp.gov.br/dsci_publicacoes2/_lib/file/doc/dec_est_4
6076_31AGO2001.pdf. Acesso em: 15 de janeiro de 2024.

SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 63.911, de 10 de dezembro de 2018. Institui


o Regulamento de Segurança Contra Incêndios das edificações e áreas de
risco no Estado de São Paulo – 2018. Disponível em:
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2018/decreto-63911-
10.12.2018.html. Acesso em: 15 de janeiro de 2024.

SÃO PAULO (Estado). Lei nº 1.257, de 06 de janeiro de 2015. Institui o Código


Estadual de proteção contra Incêndios e Emergências - 2015. Disponível
em
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei.complementar/2015/lei.compl
ementar-1257-06.01.2015.html. Acesso em: 15 de janeiro de 2024.

SEITO, Alexandre Itiu; et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São


Paulo: Editora Projeto, 2008.

SOLOMON, R. Measuring Optimum and Code-Plus Design Criteria for the


High-Rise Environment. In: COUNCIL ON TALL BUILDINGS AND URBAN
HABITAT WORLD CONGRESS. 8., 2005. Proceedings. Chicago: CTBUH,
2008.

Você também pode gostar