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INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS ACERCA DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA CONTRA

INCÊNDIOS E PÂNICO – PARTE 1


A segurança contra incêndios é um dos primeiros pontos a se considerar nos projetos de
edificações. “antes prevenir do que remediar”!
O projeto de uma edificação pode ser considerado o primeiro passo para reduzir o risco de
incêndio, pois, nele já se pode antecipar e, evidentemente, contribuir para a redução das cargas de
incêndio e de fumaça, tanto considerando sua estrutura, seus elementos de vedação e materiais de
acabamento.
A redução do risco de incêndio pela limitação da carga de incêndio, pode ser de duas formas:
1) Pela quantidade de material para a combustão (carga de incêndio propriamente dita);
2) Pela redução da fumaça produzida (carga de fumaça).

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ENGENHARIA DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS


A atividade de segurança contra incêndio e pânico relaciona diversos atores sociais: usuários,
órgãos públicos de fiscalização, seguradoras, empresas fabricantes de equipamentos de segurança,
empresas de instalação e de manutenção, profissionais de projeto e construtoras, além de entidades e
laboratórios de pesquisa.
Os objetivos fundamentais da segurança contra incêndio e pânico são minimizar o risco à vida e a
perda patrimonial. (proteção passiva e ativa)
1) Proteção passiva (NBR nº 14.432) – Conjunto de medidas
da edificação que reage passivamente ao desenvolvimento
do incêndio, não propiciando o crescimento, a propagação,
a facilidade de fuga pelos usuários e a aproximação para
as ações de combate;
2) Proteção ativa (NBR nº 14.432) – É aquela proteção que é
ativada manual ou automaticamente em resposta aos
estímulos provocados pelo fogo.
Sendo assim, um sistema de proteção contra incêndio e
pânico consiste, então, em um conjunto de medidas ativas e
passivas, que atuando em conjunto, têm como principais objetivos:
 Dificultar o surgimento e a propagação do incêndio;
 Facilitar a fuga das pessoas, garantindo a integridade física das vítimas e;
 Facilitar as ações de salvamento e combate, tornando-as rápidas, eficientes e seguras.
A seleção dos sistemas de proteção adequados à edificação deve ser feita baseado nos riscos
iniciais do incêndio, de sua propagação e de suas consequências. Conhecer bem um incêndio
propicia implementar medidas de proteção contra incêndio e pânico eficientes e adequadas. Entender o
comportamento do incêndio numa edificação é, certamente, o primeiro passo para a efetivação da
segurança contra incêndio e pânico.

A Profissão Bombeiro Civil não é emoção e sim conhecimento técnico refinado! (Manuel Mendes)

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Internacionalmente, a Segurança de combate a incêndio (SCI) é encarada como uma ciência,
portanto uma área de pesquisa, desenvolvimento e ensino. Vemos uma enorme atividade nessa área
na Europa, nos EUA, no Japão e, em menor intensidade, mas em franca evolução, em outros países.
Em se tratando do Brasil, vimos nossa passagem de país rural para urbano e industrial num curto
espaço de tempo, o que dentre possíveis consequências negativas encontramos o aumento de risco de
incêndio. Números grosseiros nos mostram que de uma população de 8.400.000 mil pessoas em 1872
passamos para 80 milhões de pessoas por volta de 1995 e atualmente é 210.147.125 pessoas (IBGE –
JUL/19).

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA ÁREA DE SEGURANÇA DE COMBATE A INCÊNDIO (SCI)


NO BRASIL

As atividades na área do conhecimento da segurança de combate a incêndio (SCI) envolvem


milhões de pessoas, fazendo com que essa ciência cresça rapidamente, tanto que já é uma tendência
internacional a exigência de que todos os materiais, componentes, sistemas construtivos, equipamentos
e utensílios usados nas edificações sejam analisados e testados do ponto de vista da SCI. Para
alcançar um desempenho cada vez maior, a sociedade vem
desenvolvendo novas soluções em todas essas áreas.
Na opinião de Del Carlos (2008), em se tratando dos
esforços de segurança em decorrência do aumento da
população, nada foi realizado a contento, ou seja, falta:
 Melhorar a regulamentação;
 Aumentar os contingentes;
 Atender todos os municípios;
 Melhorar os equipamentos;
 Melhorar a formação dos arquitetos, engenheiros, bombeiros, técnicos e população;
O SCI no Brasil – Acontecimentos evolutivos:
 Década de 70 iniciou-se no Brasil os primeiros estudos relativos à segurança contra
incêndio. Foi implantado o laboratório de segurança contra incêndios no Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo, patrocinado pela JICA – Japan
International Cooperation Agency. São realizados ensaios de fumaça e teste materiais
frente ao fogo, sendo este uma referência em nível nacional;
 Em Brasília, também com ajuda da JICA houve a implantação de um Laboratório de
Investigação Científica e Incêndio;
 Na implantação dos laboratórios e na formação dos técnicos, houve apoio significativo do
NBS – National Bureaux of Standards, hoje NIST – National Institute for Standards and
Tecnology;

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Nos últimos quarenta anos, a população brasileira dobrou e aliado a isto, ela migrou dos
campos para a cidade, ocasionando um incremento industrial, a diversificação comercial e uma alta
capacidade de prestação de serviços.

ENGENHARIA DE COMBATE A INCÊNDIOS E PÂNICO: PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS

De acordo com os estudos de Campos e conceição (2006), a segurança vem se convertendo


numa ciência completa e multidisciplinar. No passado, os profissionais de segurança exerciam suas
funções empiricamente, utilizando apenas treinamentos básicos adquiridos em suas ocupações.
Atualmente, os diversos ramos da segurança (pessoal, patrimonial, do trabalho, contra
incêndio) usam em larga escala recursos profundamente tecnológicos.
A segurança contra incêndio e pânico, passa por uma interação positiva dos diversos
ramos da engenharia (civil, elétrica, mecânica, entre outras) com as áreas físico-química,
econômico-administrativas e comportamentais, ou seja, a execução da segurança contra
incêndio e pânico deve vislumbrar aspectos técnicomateriais e socioeconômicos no que se refere
a dualidade homem-meio.
Nesse sentido, a segurança contra
incêndio e pânico é dinâmica, pois está
intimamente relacionada à evolução dos
conhecimentos técnico-científicos. Porém,
essa dinamicidade não está, e nem pode
estar, restrita ao conhecimento tecnológico.
Deve-se considerar a forte inter-relação
com os demais ramos do conhecimento.
A atividade de segurança contra
incêndio e pânico relaciona diversos setores sociais. Cada um desses setores da sociedade tem
interesses específicos, que, por vezes, entram em conflito. Esses interesses conflitantes muitas vezes
são totalmente legítimos, logo, é preciso que os interesses de cada setor sejam equilibrados e
respeitados. Nesse sentido está a atuação dos órgãos de fiscalização, em particular do Corpo de
Bombeiros Militar, o qual tem dentre suas funções primordiais, a garantia da segurança da população.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 144,
a segurança pública é dever do Estado e direito e
responsabilidade de todos, sendo exercida por meio de alguns
órgãos para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio. Aos corpos de bombeiros militares
cabe as funções de defesa civil e outras especificadas em lei.
Risco à vida – Exposição severa dos usuários da edificação e das populações adjacentes ao
incêndio e seus efeitos (fumaça, calor e pânico).

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Perda patrimonial – Destruição parcial ou total da edificação, dos estoques, dos documentos,
dos equipamentos ou dos acabamentos do edifício sinistrado ou da vizinhança, além dos prejuízos
ambientais e dos danos indiretos decorrentes da interrupção das atividades desenvolvidas na edificação
sinistrada.
Uma forma de minimizar os riscos à vida e às perdas patrimoniais é evitar que um incêndio,
caso iniciado, torne-se incontrolável, posto que, nessa situação, certamente ocorrerão perdas
significativas. E, mais que isso, deve-se tentar impedir que o incêndio ocorra. Esse objetivo pode ser
alcançado por meio de alguns princípios:
 Controle da natureza e da quantidade dos materiais combustíveis constituintes e contidos
no edifício;
 Compartimentação horizontal e vertical dos edifícios;
 Dimensionamento da proteção e resistência estrutural ao fogo;
 Isolamento dos riscos (limitar a propagação entre edificações);
 Dimensionamento dos sistemas de detecção, alarme e extinção de incêndio;
 Criação de rotas de fuga sinalizadas, iluminadas e livres da fumaça e do calor;
 Criação de acesso às equipes de combate a incêndio;
 Treino da população para combater princípios de incêndio e realização do abandono
seguro do edifício;
 Manutenção dos sistemas de proteção contra incêndios instalados.
No intuito de dificultar a ocorrência de um incêndio, limitar a propagação e reduzir a
produção de gases tóxicos na fumaça é primordial controlar a quantidade e a natureza de material
combustível na edificação (carga de incêndio temporal), assim como dos materiais combustíveis
incorporados na construção (carga de incêndio incorporada). Essa ação evita e/ou restringe o
desenvolvimento do fogo, a intensificação deste e a possibilitar a propagação.
Devemos ter atenção quanto a ventilação do ambiente de modo a evitar e/ou controlar a
propagação do incêndio e facilitar a extração de fumaça.
A capacidade dos elementos suportar a ação do incêndio denomina-se resistência ao fogo
que nada mais é do que o tempo durante o qual o material conserva suas características funcionais de
vedação e/ou estabilidade estrutural. O que
garante um tempo para fuga segura dos
ocupantes da edificação e um tempo mínimo
para as ações da equipe de combate e/ou
resgate.
Quando uma edificação é dotada de
sistemas de proteção contra incêndio, a
probabilidade do incêndio sair do controle é
menor do que aquelas que não os possuem
esses sistemas.

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Observe a tabela abaixo, com essa probabilidade:

Vejamos quão importante é a manutenção periódica dos sistemas de proteção e a educação


para a segurança contra incêndio à população (cultura prevencionista). A cultura da prevenção pode ser
disseminada pelos bombeiros (civis e militares), pelos brigadistas, por professores, lojistas, enfim, por
diversas pessoas capacitadas para tal fim, através de palestras, cartilhas, treinamentos práticos, visitas,
entre outros. Esta talvez seja a medida mais eficaz na obtenção do grau de excelência na segurança.

Referências: Material didático Universidade Cândido Mendes - Introdução aos Estudos Acerca Da Engenharia de
Segurança Contra Incêndios e Pânico (Pós Graduação em Engenharia de Segurança Contra Incêndio e Pânico

MANUEL MENDES DO CARMO


Assessor Técnico de Brigada de Incêndio – Reg. CBMCE nº 16E1548
Técnico Segurança do Trabalho
Técnico em Mecânica – CREA/CE nº 00326619-2
Educador Físico Pleno – CREF nº 010221-CE
Suboficial Veterano da Marinha do Brasil – RG 460.268

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