Você está na página 1de 3

Caso clínico 3

Gustavo nasceu na região Sudeste do Brasil. Aos 14 anos de idade seus pais
separaram-se e sua mãe viu-se com a necessidade de mudar seu domicílio
para uma cidade na região Nordeste, juntamente com sua avó. Gustavo
praticava esporte, era sociável, tendo vários amigos e amigas. Mas, segundo
sua mãe, sempre fora susceptível a preocupações desde pequeno. Cita que
isso pode ter sido decorrente do fato dele ter presenciado os conflitos conjugais
dela com seu pai.

Após a mudança ele só manteve contato com o pai através de


correspondências. Ao terminar os estudos secundários, com 18 anos, começou
a trabalhar como segurança de uma empresa. Dessa forma, assume uma fatia
considerável das despesas da casa. Sempre fora, conforme a descrição da
mãe, "um rapaz cheio de vida e muito namorador" (sic). Teve muitas
namoradas e "ficas" (sic) e também manteve relacionamentos paralelos, "mas
sem problemas" (sic). Até que conheceu Andréia (ela tinha 24 anos, na época)
através de amigos em comum. "Apaixonam-se fortemente" (sic). Essa moça
passou a freqüentar a casa de Gustavo e, algumas vezes, dormia lá, com ele.
Ainda segundo a mãe, esse relacionamento tinha o apoio da família.

Depois de um certo tempo, os amigos falam-lhe sobre um suposto


envolvimento de Andréia com outro rapaz - fato que relutava acreditar e o
impelia a defendê-la. Por conta disso, chegou a romper os laços de amizade
com alguns desses amigos. No entanto, a insistência de outros amigos acerca
da infidelidade de Andréia começou a produzir desconfianças. Gustavo
começou a questionar as impossibilidades de encontros que ela alegava, as
frequentes saídas da namorada com as amigas e a diminuição da freqüência
das relações sexuais. À partir daí, começou a persegui-la, "ter brigas por
ciúmes" (sic).

Nesta mesma época, Gustavo aproximava-se de uma amiga do trabalho, Mara


(32 anos na época), a fim de "desabafar" (sic) a crise emocional que estava
passando, mas essa aproximação acaba por envolvê-los amorosamente.
Andréia descobre esse envolvimento e termina o namoro. É a partir desse
ponto, segundo os dados fornecidos pela mãe do cliente, que Gustavo
começou a "falar coisas com coisas... e às vezes ficava calado por horas" (sic),
demonstrando, em alguns momentos, agressividade. Nesse ínterim, devido a
esses sinais comportamentais, foi demitido do emprego.

Em casa passava a maior parte do tempo isolado, pensativo. Mara sentia um


certo estranhamento em relação a esses comportamentos e convenceu a mãe
de Gustavo a buscar ajuda após o seguinte incidente: Gustavo saiu de casa,
dizendo que iria jogar basquete e não retornou. A mãe foi auxiliada pelo seu
novo companheiro, com quem vivia na época, na procura do filho, mas não
lograram êxito. Decidiram, então, acionar a polícia, e vinte quatro horas depois
encontraram Gustavo, no centro da cidade, "sujo e perdido" (sic). Não
reconhecia as pessoas e chorava constantemente.

Análise:

Diagnóstico:

Com base no caso de Gustavo e nas informações fornecidas, é possível


diagnosticá-lo com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB).

Argumentos:

História de Relacionamentos Instáveis: Gustavo apresenta um padrão


de relacionamentos instáveis e intensos, caracterizado por várias namoradas,
relacionamentos paralelos e um envolvimento amoroso com uma amiga do
trabalho enquanto ainda estava em um relacionamento com Andréia. Esse
padrão de relacionamentos instáveis e a dificuldade em confiar nas pessoas
são consistentes com os sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline.

Impulsividade e Instabilidade Emocional: Gustavo demonstra


impulsividade em suas relações interpessoais, como romper laços de amizade
com aqueles que questionavam a fidelidade de Andréia, bem como se envolver
romanticamente com Mara enquanto ainda estava em um relacionamento com
Andréia. Além disso, ele apresenta instabilidade emocional, evidenciada por
episódios de agressividade, momentos de falar "coisas com coisas" e ficar
calado por horas, além de chorar constantemente após desaparecer e ser
encontrado.
Comportamento Autolesivo e Suicida: O comportamento de Gustavo de
desaparecer sem aviso prévio e ser encontrado "sujo e perdido", chorando
constantemente, sugere um comportamento autolesivo e suicida. Isso é comum
em indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline, que muitas vezes
recorrem a comportamentos destrutivos para lidar com a intensidade de suas
emoções.

Mudanças Repentinas no Comportamento e Funcionamento: Gustavo


passou de uma pessoa sociável, cheia de vida e envolvida em atividades
sociais e esportivas para alguém que se isola em casa, passa a maior parte do
tempo pensativo e demonstra comportamentos estranhos, como ficar calado
por horas. Essas mudanças repentinas no comportamento e funcionamento
são indicativas de um transtorno psicológico subjacente, como o Transtorno de
Personalidade Borderline.

Você também pode gostar