Você está na página 1de 7

A PERSEVERANÇA DOS SANTOS – Hebreus 3.

1-19

Introdução

- A apostasia é um grande e constante perigo na vida do cristão. Apostatar significa voltar


atrás, desviar-se. Especificamente, a expressão “apostasia” se refere a alguém que um dia,
professou a Cristo como seu Senhor e Salvador, publicamente declarou sua fé em Deus e,
depois de um tempo, abandonou a igreja, deu as costas à fé, abandonou as suas
convicções e não anda mais de acordo com o que antes professara – isso é apostasia.
> Era esse o perigo que corria a comunidade à qual a Carta aos Hebreus foi endereçada.
Ela foi escrita à crentes judeus que haviam crido que Jesus era o Messias esperado pela
nação de Israel; haviam declarado crer em Jesus como Senhor e Salvador e se reuniam
como igreja cristã, cultuando Jesus, tendo ele como o centro da sua fé.
> E naquela época, o judeu que confessasse a Jesus como seu Senhor e Salvador, que
declarasse que ele era o Messias prometido, estava sujeito a muitas perseguições por parte
dos seus compatriotas judeus.
>> O mesmo ódio que tinha levado os judeus a crucificar Jesus os movia agora a perseguir
os discípulos de Jesus aonde quer que eles fossem. E, sob essa perseguição, muitos judeus
que um dia haviam sido ou se declarado cristãos, estavam voltando atrás; estavam
abandonando a Cristo e voltando ao judaísmo, com medo da prisão, da tortura, do
desemprego, de perder seu nome, seus bens e com medo da própria morte.
> O autor de Hebreus escreve a esta comunidade, que corria o risco de abandonar a sua
fé e através dela, encoraja esses crentes a se firmarem na fé, ao invés de retrocederem.
Ele deixa claro aos seus leitores que o judaísmo desembocava no cristianismo e que esse
era cumprimento daquele.
> A Carta, também, exalta a pessoa e a obra de Cristo, afirmando que Cristo é o Profeta e
a mensagem (profecia); que ele é o Sumo Sacerdote e o sacrifício – e o seu sacrifício é
superior aos sacrifícios apresentados por todos os sacerdotes do povo desde o tempo de
Arão; que ele é o Rei dos reis e o servo; que Cristo é o Filho, o criador, o sustentador do
Universo, o Redentor, o Rei glorioso.

- Os primeiros capítulos falam sobre:


> A superioridade de Cristo em relação aos profetas (1.1-3);
> A superioridade de Cristo em relação aos anjos (1.4-14);
> Sobre o apego que os hebreus deveriam ter às verdades da superioridade de Cristo, ao
mesmo tempo que faz uma solene advertência contra a negligência a essas verdades (2.1-
4);
> Por fim, falam sobre a necessidade da encarnação de Cristo – sobre por que Jesus Cristo
que é superior aos profetas e aos anjos, precisou se fazer menor do que eles (2.5-18).

- E então que entramos no capítulo 3, onde o autor começa a argumentar que Jesus é maior
do que Moisés:
1. A SUPERIORIDADE DE CRISTO SOBRE MOISÉS:

Ler Hebreus 3.1-6

- 1 Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai


atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus – a palavra
grega aqui traduzida por “considerar” tem um significado mais profundo do apenas olhar
para algo superior superficialmente. Ela significa mirar com atenção, observar atentamente.
- A NVI, nesse sentido, traduz com mais precisão: “Portanto, santos irmãos,
participantes do chamado celestial, fixem os seus pensamentos em Jesus, apóstolo
e sumo sacerdote que confessamos”.
> O autor de Hebreus começa exortando aos cristãos judeus a que considerassem
atentamente a Jesus, ou seja, que prestassem atenção nele, que fixassem nele os seus
olhos. Em suma: a ter Jesus como o alvo de seus pensamentos.

- E o escritor da Carta dá sete motivos para isso – fixar os pensamentos em Jesus:

a. Somos chamados com uma vocação celestial: “Por isso, santos irmãos, que
participais da vocação celestial...” (v. 1) – Cristo nos chama dos céus, razão por que
temos que fixar nele nossos pensamentos; e ele não somente nos chama do céu, mas nos
chama para o céu, ou seja: nossa vocação veio do céu, e nosso destino é o céu – nossa
peregrinação é para o céu. É por isso que devemos considerar Cristo atentamente, bem
como o céu deve estar o nosso foco.

b. Somos santos irmãos: “Por isso, santos irmãos...” (v. 1) – o autor de Hebreus chama
os membros da igreja de santos irmãos. Isso quer dizer que fazemos parte de uma família
e quem nos fez irmãos foi o Senhor Jesus, por meio da sua identificação conosco, da sua
encarnação e do seu sacrifício. Ele tem de ser o nosso centro, porque nos faz irmãos,
santos, e nos chama do céu e para o céu.

c. A terceira razão é por quem ele é: “...considerai atentamente o Apóstolo e Sumo


Sacerdote da nossa confissão, Jesus” (v. 1) – O que é a nossa confissão? É aquilo que
declaramos diante do mundo. E diante do mundo declaramos que Jesus é o Apóstolo de
Deus. A palavra apóstolo significa “enviado”. Jesus foi enviado por Deus para trazer a
mensagem divina e para cumprir a missão que o Pai o encarregou; Ele é o Apóstolo enviado
para nos salvar, nos instruir e nos guiar neste mundo. Por isso, devemos fixar nele os
nossos pensamentos.
- Além disso, declaramos diante do mundo que Jesus é nosso sumo sacerdote. O sacerdote
é alguém que faz mediação entre Deus e os homens, que oferece sacrifícios a Deus para
satisfazer a ira divina e nos trazer o perdão e a reconciliação. Foi o que Jesus fez por nós.
> A palavra latina para sacerdote é pontifix, que significa “construtor de pontes”. Jesus é
aquele que, sendo Deus e homem ao mesmo tempo, pode trazer Deus a nós e levar-nos a
Deus. É o construtor de pontes e a própria ponte de acesso: Ele nos reconciliou com Deus
e, agora, está à destra de Deus, de onde intercede por nós, fielmente, como nosso Sumo
Sacerdote.
>> Por isso, temos de o tempo todo, fixar os olhos nele, a razão da nossa esperança.

d. Porque ele (Jesus) foi fiel: “o qual é fiel àquele que o constituiu...” (v. 2) – Jesus
cumpriu com fidelidade a sua missão e, portanto, devemos confiar nele. Cristo foi fiel ao
Pai, por isso, podemos considerá-lo atentamente, fixar nele os nossos pensamentos,
colocar nele a nossa mais completa confiança.
- Para ilustrar, o autor diz: “...como também o era Moisés em toda a casa de Deus” (v.
2) – esta é uma citação de Números 12.7:

“Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa”.

> Moisés era (e ainda é) a figura mais importante para os judeus. Foi ele quem libertou o
povo do Egito, quem lhes deu a Lei, organizou Israel como nação, foi ele quem escreveu o
Pentateuco. Moisés, foi de fato, o líder incontestável dos judeus, a pessoa que eles mais
admiravam e em quem se gloriavam.
>> Jesus e Moisés tinham algo em comum: ambos foram fiéis a Deus.

e. E daí vem a quinta razão para nos concentrarmos em Cristo: “Jesus, todavia, tem sido
considerado digno de tanto maior glória do que Moisés...” (v. 3) – Jesus é digno de
maior glória, de maior honra, do que Moisés.
- Por que Jesus é digno de maior glória do que Moisés, o grande legislador e libertador do
povo hebreu? A resposta é dada sob a metáfora de uma casa: “...quanto maior honra do
que a casa tem aquele que a estabeleceu. 4 Pois toda casa é estabelecida por alguém,
mas aquele que estabeleceu todas as coisas é Deus. 5 E Moisés era fiel, em toda a
casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que haviam de ser
anunciadas; 6 Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se
guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança.” (v. 3b-6).
> Quem é maior: a casa ou o construtor? A casa ou o seu dono? A resposta é: o dono da
casa e o seu construtor. Jesus é o construtor da casa e também o filho do dono.
>> O Rev. Hernandes Dias Lopes comenta:

“Moisés foi fiel a Deus servindo à igreja, no deserto, durante a jornada de quarenta anos, e
Jesus é digno de muito maior glória porque ele é o fundamento, o dono, o edificador e o
protetor da igreja” (LOPES, Hernandes Dias. Hebreus: a superioridade de Cristo. São Paulo:
Hagnos, 2018, p. 68).

>> Deus é o arquiteto da casa, Jesus é construtor da casa, e Moisés foi apenas um servo,
um empregado da casa.
>> Portanto, da mesma forma que o filho do dono tem maior glória e honra do que o
empregado, Jesus é digno de maior honra do que Moisés. Por isso, exorta o autor de
Hebreus, fixem os seus pensamentos em Cristo; não voltem atrás, não voltem para Moisés.

f. Sexto motivo: porque Moisés falava de coisas futuras: “E Moisés era fiel, em toda a
casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que haviam de ser
anunciadas” (v. 5) – Moisés falou, mas em figuras, e de coisas que aconteceriam. Falou
de Cristo, alvo de sua mensagem; anunciou, segundo Deuteronômio 18.15, que: “O
SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante
a mim; a ele ouvirás”.
> Moisés deu testemunho de coisas que haveriam de vir. Jesus tornou essas coisas
realidades. Ele é a consumação daquilo que Moisés anunciou como sombra.
>> Jesus é o cumprimento do que Moisés anunciou, por isso, é digno de maior glória e
honra, razão por que devemos nos concentrar nele, fixar nele nossos pensamentos.
g. A sétima razão para nos concentrarmos em Jesus está no final do versículo 6: “...qual
casa somos nós, se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da
esperança” (v. 6) – nós somos a casa de Deus, pois Deus habita na igreja. Nós, a igreja,
constituímos a família de Deus; somos o santuário do Espírito, o templo da morada do
Altíssimo, o corpo de Cristo.
> A este povo, propriedade exclusiva de Deus, a salvação é prometida, mas somente
àqueles que perseveram, pois a evidência da salvação é a perseverança.
>> A única garantia certa de que você é filho de Deus é que você continua, continua,
continua e continua na fé, a despeito das suas falhas. Se alguém não continuar na fé,
perseverando até o fim, será porque não pertence a Cristo.
>> E quem nos dá essa garantia e certeza de perseverar até o fim, é Cristo. Conforme diz
o apóstolo Paulo em Filipenses 1.6: “Estou plenamente certo de que aquele que
começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”.

1. Aplicação:

1.1. A fidelidade é exigida não somente de Moisés e de Cristo, mas também de nós:
participamos dessa casa se mantivermos firmes até o fim duas coisas:
a. A ousadia: ousadia para continuar a confessar Jesus como apostolo e sumo sacerdote,
a despeito do medo, do temor, da timidez, da covardia, em meio a perseguição, difamação
e até mesmo morte.
b. “...se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança” (v. 6) –
se nos mantivermos alegres no que Deus nos prometeu.
> Exultamos nessas promessas e nos alegramos nessa certeza de que estamos
caminhando para os céus, nossa vocação celestial. É de lá que Jesus nos chama e é para
que ele nos chama. Nisso nos alegramos: exultação e esperança.

2. ADVERTÊNCIA CONTRA A INCREDULIDADE:

1. Cuidado para não endurecer o coração

- Depois de mostrar a superioridade de Jesus em relação a Moisés (3.1-6), o autor passa a


exortar seus leitores a não imitarem a nação de Israel. E razão é clara: Se os que
endureceram seu coração sob o ministério de Moisés foram castigados duramente, quanto
mais aqueles que endurecerem o seu coração sob Cristo, que é maior que Moisés!
> O autor cita diretamente o Salmo 95.7b-11:

Hoje, se ouvirdes a sua voz,


8 não endureçais o coração, como em Meribá,
como no dia de Massá, no deserto,
9 quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova,
não obstante terem visto as minhas obras.
10 Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração
e disse: é povo de coração transviado,
não conhece os meus caminhos.
11 Por isso, jurei na minha ira:
não entrarão no meu descanso.

- Notemos que a exortação do autor de Hebreus à igreja não procede dele mesmo, mas
emana das Escrituras: sua autoridade para exortar o povo de Deus procede do próprio
Espírito Santo.
→ Isso nos ensina uma coisa: se queremos ouvir a voz do Espírito Santo, precisamos nos
voltar para as Escrituras, pois ela é a sua fonte e o seu intérprete.

- O autor adverte os hebreus a não endurecem o coração como os israelitas haviam feito,
no passado. Em que sentido os israelitas haviam endurecido o coração?
> Eles viram as obras de Deus, seus sinais e prodígios; experimentaram a graça e a
misericórdia de Deus, foram sustentados por sua providência e cuidado de maneira
miraculosa, muitas vezes.
>> O apóstolo Paulo indaga, em Rm 3.1-2:

1 Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? 2 Muita, sob


todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos
de Deus.

>> Deus deu aos judeus os oráculos e Deus, o pacto e as promessas.

- Apesar disso, apesar de toda essa demonstração da graça de Deus, os judeus provocaram
a Deus com outros deuses e tentaram a Deus. Como resultado, o Senhor se indignou e os
rejeitou: irou-se e jurou castigá-los, e eles não entraram no descanso de Canaã.
> Deus faria a mesma coisa com os leitores da Carta aos Hebreus. Pois eles, segundo o
próprio autor de Hebreus 6.4b-5, tinham sido “...iluminados, e provaram o dom celestial,
e se tornaram participantes do Espírito Santo, 5 e provaram a boa palavra de Deus e
os poderes do mundo vindouro”.
>> Se voltassem atrás, estariam provocando a Deus, como os Israelitas no deserto. E, como
fez com os israelitas no deserto, Deus igualmente haveria de rejeitá-los: eles não entrariam
no repouso celestial do céu.

- E aqui não há qualquer indício que aponte para que crentes verdadeiros podem perder a
salvação. A advertência é feita aqueles membros que das igrejas dos hebreus (também das
nossas) que estão na igreja, mas não são de Cristo, não pertencem a ele.
> Pois aqueles que abandonam publicamente a fé em Cristo, que apostatam, evidenciam
que nunca, de fato, acreditaram em Cristo como seu Senhor e Salvador.
→ O objetivo dessa advertência é incutir o temor do Senhor em nossos corações.

2. O que fazer para evitar o endurecimento?

Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração
de incredulidade que vos afaste do Deus vivo (v. 12) – O primeiro passo para evitar o
endurecimento do coração é estar alerta contra a incredulidade.
- Apesar de termos nascido de novo e termo sido regenerados, ainda mantemos nossa
velha natureza pecaminosa, enquanto estamos aqui, neste mundo, como peregrinos rumo
ao céu.
> Portanto, precisamos cuidar diariamente para que não haja em nós um “perverso
coração de incredulidade”. Pois a incredulidade é perversa, ela termina por nos afastar
do Deus vivo.
> O Rev. Hernandes Dias Lopes afirma:

“A incredulidade é um laço, uma armadilha insidiosa, que, como rede, nos apanha e nos
torna prisioneiros” (LOPES, Hernandes Dias. Hebreus: a superioridade de Cristo. São
Paulo: Hagnos, 2018, p. 79).
> Por isso, precisamos estar alertas, vigiando, pois, nosso coração é enganoso, corrupto e
inclinado a desviar-se de Deus. E, afastados de Deus, estamos perdidos eternamente,
destinados a sofrer para sempre, longe do Senhor. Que perspectiva terrível!

- Uma das maneiras de estar em alerta contra a incredulidade é clamando diariamente


diante de Deus, com orações e súplicas.
> Mas o autor, no v. 13, nos diz que além das orações e súplicas, precisamos, também,
cuidar uns dos outros: “...exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se
chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”.

- A exortação mútua é ordenada como o meio pelo qual os hebreus evitariam o


aparecimento do perverso coração de incredulidade. Exortar significa encorajar, animar, e
isso através da repreensão, correção e instrução. Ou seja, do cuidar uns dos outros.
> Segundo o Rev. Augustus Nicodemus:

“O processo de endurecimento geralmente envolve pecados não tratados. Cometemos


pecado, e em vez de nos quebrantarmos e confessarmos nosso erro, damos início a um
processo de autojustificação... À medida que investimos nesse procedimento, a
incredulidade vai se apoderando do nosso coração. Começamos a questionar a justiça de
Deus, o seu amor e finalmente sua própria existência ou intervenção em nossa vida. É aqui
que precisamos ser exortados pelos irmãos, para que não venhamos a finalmente nos
endurecer pelo engano do pecado” (LOPES, Augustus Nicodemus. Interpretando a Carta
aos Hebreus. São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 68).

> E o autor da Carta aos Hebreus instrui seus leitores à exortação mútua, “durante o tempo
que se chama Hoje”. Esse “hoje” deve ser entendido em seu sentido escatológico, ou seja,
como se referindo ao tempo presente, antes da vinda do Senhor Jesus, quando e enquanto
Deus manifesta sua graça e misericórdia a pecadores e está disposto a perdoá-los e
recebe-los. Poque depois da vinda do Senhor, não haverá mais essa oportunidade.

3. Por que a exortação diária é necessária?

- A razão está no versículo 14: “Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se,
de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos”.
> Somente aqueles que perseverarem até morrer na fé em Cristo é que serão salvos. Os
que voltarem atrás e negarem ao Senhor, serão condenados.
> Aqueles que realmente experimentaram essa graça, haverão de manter, até o fim, a
confiança em Deus e na sua promessa de salvar quem crê em Cristo Jesus.
→ Dessa forma, o autor encoraja seus leitores a ficarem firmes na fé em Jesus, sem ceder
às pressões dos perseguidores.

- Para isso, a exortação mútua e diária é imprescindível, pois como afirma Hernandes Dias
Lopes:
“A afeição fraternal leva à admoestação mútua, e esta mantém a integridade da família da
fé. A igreja é uma comunidade de irmãos que se amam e que velam uns pelos outros.
Precisamos ser exortados, confrontados e consolados uns pelos outros. Não podemos
enfrentar o pecado sozinhos. Precisamos de cuidado dos membros da família da fé todo
dia e o dia todo. Negligenciar isso é dar brechas ao endurecimento do coração. Kistemaker
diz que se a igreja for fiel a Jesus individual e coletivamente, o perigo da apostasia se
retirará do seu perímetro” (LOPES, Hernandes Dias. Hebreus: a superioridade de Cristo.
São Paulo: Hagnos, 2018, p. 80).
- Para reforçar seu argumento, o autor cita mais uma vez o Salmo 95.7b: “Hoje, se
ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação” (v.
15).
> E o autor pergunta: a quem o salmista se refere? Ele mesmo responde (vv. 16-18): os
que se perderam no tempo da peregrinação no deserto foram os mesmos que ouviram a
Palavra de Deus se rebelaram.
>> Noutras palavras: não foram os egípcios ou os canaanitas pagãos que se rebelaram
contra Deus e foram desobedientes, mas foi o próprio povo de Deus, que viu e ouviu as
grandes obras de Deus. O juízo foi contra eles.

> E a causa básica da desobediência, rebeldia e provação dos israelitas foi a incredulidade
(v. 18). A incredulidade, em outras palavras, é a raiz dos demais pecados. Dela brotam os
frutos podres da idolatria, imoralidade, ódio, inveja, vingança e toda sorte de atitudes
pecaminosas.
>> Por isso, exorta o autor: cuidado, hebreus! O Deus é o mesmo! Se vocês o desafiarem
como fez o povo de Israel no passado, da mesma forma perecerão sem entrar no descanso
prometido.

2. Aplicação:

a. Ler a Bíblia e refletir sobre a história do povo de Deus no período do Antigo e Novo
Testamentos nos ajuda a lembrar as consequências que virão caso sigamos o exemplo dos
rebeldes e desobedientes.
> Por isso, lhe encorajo a ler diariamente a Bíblia e extrair dela lições preciosas para a sua
vida e caminhada na fé.

b. Devemos orar em todo o tempo, para que nosso Deus não nos deixe cair em tentação e
que nos livre do mal.
> Como está sua vida de oração? Quanto tempo você tem se dedicado à oração e à
devoção diária?

c. É vital fazermos parte de uma comunidade de crentes fiéis, onde podemos ser exortados
e encorajados a perseverar na fé.
- “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25).

Você também pode gostar