Indagação: qual o porquê da inexistência ou insuficiência de recursos da área de
saúde para a etnia YANOMAMI?
R.:
Quando se faz qualquer reflexão acerca de interações
humanas, fatos – de uma forma geral – associados a pessoas, é importante ter em mente que as respostas não são prontas e acabadas, não são pontuais, bastantes, imodificáveis. Desse modo, qualquer coisa que se diga é uma espécie de perspectiva, dentro de uma linha de pensamento.
Em relação à inexistência de recursos, sobretudo da
área de saúde, para a etnia YANOMAMI, é importante perceber que nasce de uma despreocupação histórica quanto à implementação de políticas públicas direcionadas aos povos originários do Brasil. A etnia YANOMAMI é somente mais um desses grupos; esse abandono do Estado Brasileiro envolve uma quase totalidade de etnias, não somente a YANOMAMI.
A indagação especificamente no que se refere aos
YANOMAMI deve-se ao recente fato de grande repercussão midiática, envolvendo até mesmo vítimas fatais, mortas por inanição, desnutrição, pneumonia, cólera, dentre um sem-número de mazelas oriundas do abandono do Estado.
Esse abandono pode ser percebido igualmente
através de outro fenômeno, este ligeiramente mais recente, também deveras prejudicial aos povos originários: trata-se do aumento das áreas de garimpo ilegal, que revela a inércia do Estado para com tal crime, que termina por macular as áreas de reserva, potencializando fenômenos climáticos extremamente danosos para o meio-ambiente e afastando as etnias indígenas até mesmo do contato com água potável, com o solo, com o exercício da pesca e com tudo mais que poderia levar para tais comunidades um controle maior sobre sua saúde, considerando-se que tais povos possuem um sem-número de informações acerca de recursos naturais de floresta, que poderiam até mesmo poupá-los de tantas mortes. O assunto é complexo, mas se pode dizer que é possível resumi-lo em alguns tópicos:
1. O Estado Brasileiro jamais se preocupou da forma
como deveria com os povos originários; 2. A etnia YANOMAMI está longe de ser a mais prejudicada; nesse aspecto, precisamos lembrar que diversas etnias já até mesmo desapareceram; 3. O aumento das áreas de garimpo ilegal, evidenciando abandono do Estado Brasileiro no que se refere à questão ambiental, revela a mesma despreocupação que impede o repasse de recursos para a saúde desses povos; 4. As perspectivas de futuro para o tema são boas, à medida em que agora se tem um Ministério dos Povos Originários, bem como a retomada do Fundo de Proteção da Amazônia, dentre outras políticas públicas endereçadas ao meio-ambiente e aos povos originários.