Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Justiça
CDRT TERCEIRA SEÇÃO 27/5/2020
Voto
dizendo que não existe nada na lei, até porque não existe lei regulando o
incidente e não se pode dessumir da Constituição que ela queira que os
crimes cometidos em alguma entidade federativa que esteja sob intervenção
federal se tornem federais. Senão, teríamos de federalizar não apenas o
homicídio da vereadora e de seu motorista e a tentativa de homicídio de sua
assessora, teríamos de federalizar todos esses crimes similares contra os
direitos humanos que aconteceram no Estado do Rio enquanto ele estava sob
intervenção e que não foram até agora inteiramente desvendados ou
inteiramente punidos.
Esse é o único acréscimo que faço, porque me pareceu
importante responder a essa questão também.
Com isso, acompanho o voto da Relatora e de todos os que
vieram diante de mim.
Digo mais, não estou preocupado com isso: se não se
federalizar neste caso, não se federalizará mais em nenhum. Isso não me
preocupa porque a federalização tem de ser examinada detidamente em cada
caso e só vai haver quando, além da grave agressão aos direitos humanos,
houver o risco de responsabilização do País nos fóruns internacionais pelo
descumprimento de obrigações que assumiu perante a comunidade mundial
e a inação, a impossibilidade ou a incapacidade de atuação devida dos
agentes locais, que, neste caso concreto, a meu sentir, não ocorre.
Por todos esses motivos, voto rejeitando as preliminares e,
como fez a ilustre Relatora, indeferindo o incidente de deslocamento de
competência.
É o voto.