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MANDADO DE SEGURANÇA N.º 108.

2018-11
RELATOR : Ministro Irajá Silvestre Martinez Filho.
IMPETRANTE : Vitor Capelli.
ADVOGADO : -x-
IMPENETRADO : Câmara dos Deputados.

DECISÃO
Trata-se do mandado de segurança com pedido de liminar em face de Odilon de
Andrada, Deputado Federal e atual Presidente da Câmara dos Deputados, ajuizado por Vitor
Capelli, advogado.
O impetrante sustenta que o impenetrado cometeu séria incoerência ao protocolar,
perante a Câmara dos Deputados, o sigilo de 100 (cem) anos em prol do Projeto de Lei n.º
252/2018. Alega ainda que tamanha irregularidade pode ser vista como tentativa de ocultar
um ato público, nas palavras do impetrante

“O que a Câmara dos Deputados faz é uma clara tentativa de


ocultar um ato público.”
e
“Ao ocultar e esconder um ato público e de interesse coletivo geral
da nação, incorre no direito e garantia fundamental estabelecido
na Constituição Federal.”

É o relatório. Decido.

A denúncia é um direito coletivo e pode partir de qualquer civil, seja ele cidadão nato
ou não. Nisto, não ficam ignorados a perseverança de denunciar um Deputado Federal ou
apresentar denúncia contra qualquer pessoa física ou administrativa, uma vez que aja a
consistência do crime.
Ninguém deve ser punido sem que aja Lei que legisle sobre o delito, conforme julga o
art. 1, caput, do Código Penal, não podendo, assim, serem, o presidente da câmara, acusados
de ocultar artigo de interesse público. Porém, uma vez que o tenha, caberá ao plenário do
Supremo Tribunal Federal julgar o mérito deste direito.
É sabido que, para a conceção de liminar, é necessário estar claro o periculum in mora
e o fumus boni iuris, e nos autos eu identifico os dois; sendo o primeiro, a necessidade da
liminar em virtude dos perigos que a tramitação oculta pode ocasionar, sendo assim, indo em
contrapartida com o segundo, uma vez que não pode-se dar-se sigilo a um Projeto de Lei,
entende-se que há, ainda não provado, incoerências graves em seu documento.
Ante o exposto. Decido.

Decido por deferir o pedido de liminar reconhecendo que o ato é incoerente e ilegal,
uma vez que, em conformidade com a Lei n.º 12.527 de 2011, que julga, em seu art. 31,
parágrafo 1, inciso I que, caso tenha, o sigilo de 100 (cem) anos, só pode ser decretado a
informações pessoais que tratem sobre a intimidade, vida privada, honra e imagem.
Anteposto, uma vez que um Projeto de Lei não pode ter em seu escopo informações pessoais
de qualquer cidadão, vejo o pedido com bons olhos, visto que, não sabendo do o que se trata
o PL, não podemos acatar em aceitá-la.
Acato o requerimento, ordenando liminarmente e monocraticamente a preservação do
bem-estar social e da seguridade legislativa. Sendo assim, susto a tramitação do Projeto de
Lei n.º 252/2018 no Congresso Nacional.
Cita-se o Ministério Público Federal, a Câmara dos Deputados e o Advogado-Geral da
União para que, em prazo de 48 (quarenta e oito) horas apresentem a contestação acerca do
processo.

Publique-se. Cumpra-se.

Brasília, 15 de Novembro de 2019.


Ministro Irajá Silvestre Martinez Filho
Relator

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