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PORTUGUÊS
UNIDADE 5
Módulo V
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito
tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...].
Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos
de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco
dessa primitiva credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom
termo qualquer grossa patifaria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse
temor, os patifes vão rejubilando.
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo
pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável modéstia. E tão esbatido passava o seu vulto na treva, tão
sutilmente deslizava ao longo das casas adormecidas – que as primeiras pessoas que o viram não puderam em
consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por saber de
longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava – não por
experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter
mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no
Diabo – e, apesar disso, sentir a voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras , uma avantesma ...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi – quando começaram de
aparecer vestígios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer
que se tenham sumido, por exemplo, as hóstias consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do
cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família,
certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta
casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a
convicção de que o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos
pecados sobre os pecados antigos, e dando-se à prática de excessos menos merecedores de exorcismos que de
cadeia.
Dizem as folhas que a polícia, competentemente munida de bentinhos e de revólveres, de amuletos e de
sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou
dentro da casa sinistra – um velho pardieiro que fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos singulares
que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos,
tentando apagar as velas acesas que os sitiantes empunhavam”.
Esta nota de morcegos deve ser um chique romântico do noticiarista. No fundo da alma de todo o
repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros,
esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de
Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas...
Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou.
Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo poderoso, pois o cérebro sem informação é pouco mais
que estofo de macela . Emília, a sabida boneca de Monteiro Lobato, aprendeu a falar copiosamente após engolir
uma pílula, adquirindo de supetão todo o vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No filme Matrix (1999), a
ingestão de uma pílula colorida faz o personagem Neo descobrir que todo o mundo em que sempre viveu não passa
de uma simulação chamada Matriz, dentro da qual é possível programar qualquer coisa. Poucos instantes depois de
se conectar a um computador, Neo desperta e profere estupefato: “I know kung fu”.
Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de carne e osso, vale o dito popular: “Urubu, pra cantar,
demora.” O aprendizado de comportamentos complexos é difícil e demorado, pois requer a alteração massiva de
conexões neuronais. Há consenso hoje em dia de que o conteúdo dos nossos pensamentos deriva dos padrões de
ativação de vastas redes neuronais, impossibilitando a aquisição instantânea de memórias intrincadas.
Mas nem sempre foi assim. Há meio século, experimentos realizados na Universidade de Michigan
pareciam indicar que as planárias, vermes aquáticos passíveis de condicionamento clássico, eram capazes de
adquirir, mesmo sem treinamento, associações estímulo-resposta por ingestão de um extrato de planárias já
condicionadas. O resultado, aparentemente revolucionário, sugeria que os substratos materiais da memória são
moléculas. Contudo, estudos posteriores demonstraram que a ingestão de planárias não condicionadas também
acelerava o aprendizado, revelando um efeito hormonal genérico, independente do conteúdo das memórias
presentes nas planárias ingeridas.
A ingestão de memórias é impossível porque elas são estados complexos de redes neuronais, não um
quantum de significado como a pílula da Emília. Por outro lado, é sim possível acelerar a consolidação das memórias
por meio da otimização de variáveis fisiológicas envolvidas no processo. Uma linha de pesquisa importante diz
respeito ao sono, cujo benefício à consolidação de memórias já foi comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães
publicaram um estudo sobre os efeitos mnemônicos da estimulação cerebral com ondas lentas (0,75 Hz) aplicadas
durante o sono por meio de um estimulador elétrico. Os resultados mostraram que a estimulação de baixa
frequência é suficiente para melhorar o aprendizado de diferentes tarefas. Ao que parece, as oscilações lentas do
sono são puro pó de pirlimpimpim.
macela: planta herbácea cujas flores costumam ser usadas pela população como estofo de travesseiros.
azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se forma na superfície dos objetos de cobre ou latão,
resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido).
No fim da carta de que V. M. me fez mercê me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de
haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador.
Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi
toscamente o que me parece.
Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem
que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de duas praças, respondeu que
ambos lhe descontentavam: um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-
mores em que se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu
não sei qual é maior tentação, se a _____1_____, se a _____2_____. Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando
as terras, não vale 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil
cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as indústrias.
Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, que nenhum
tem liberdade nem para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça que se faz
aos índios, é ocasião de padecerem muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em uma
capitania destas confessei uma pobre mulher, das que vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que,
dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu
pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que
tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.”
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas, porque, como não têm com que
agradecer, se algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um desamparo a que V. M.
por piedade deverá mandar acudir.
Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus
escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a
consciência a manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem.
5. (Unesp) Está reescrito em ordem direta, sem prejuízo de seu sentido original, o seguinte verso:
a) “Quem fez tão diferente aquele prado?” (1ª estrofe) → Quem aquele prado fez tão diferente?
b) “Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço” (2ª estrofe) → Uma fonte houve aqui; eu não me esqueço. c)
“Ali em vale um monte está mudado:” (2ª estrofe) → Ali está mudado um monte em vale.
d) “Tudo outra natureza tem tomado,” (1ª estrofe) → Tudo tem tomado outra natureza.
e) “Nem troncos vejo agora decadentes.” (3ª estrofe) → Nem troncos decadentes vejo agora.
Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das
portas da Central, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade
estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros,
placards: nome que se dava às tabuletas que traziam resultados de competições esportivas, publicados nos
jornais.
6. (Unesp) a) “no meio da multidão que jorrava das portas da Central, cheia da honesta pressa de quem vai
trabalhar” (1º parágrafo). Identifique as figuras de linguagem utilizadas pelo narrador nas expressões
sublinhadas.
b) Reescreva o trecho “lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar” (2º parágrafo),
empregando a ordem direta e adequando-o à norma-padrão da língua escrita.
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.”
Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de
criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico; diferente do que se
encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem
única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na
influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita dos felizes tempos; como
se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a
enfiada das decepções que nos ultrajam.
Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos
dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a
compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo
ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas,
um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo – a paisagem é a mesma de cada
lado, beirando a estrada da vida.
Eu tinha onze anos.
Frequentara como externo, durante alguns meses, uma escola familiar do Caminho Novo, onde algumas
senhoras inglesas, sob a direção do pai, distribuíam educação à infância como melhor lhes parecia. Entrava às nove
horas timidamente, ignorando as lições com a maior regularidade, e bocejava até às duas, torcendo-me de insipidez
sobre os carcomidos bancos que o colégio comprara, de pinho e usados, lustrosos do contato da malandragem de
não sei quantas gerações de pequenos. Ao meio-dia, davam-nos pão com manteiga. Esta recordação gulosa é o que
mais pronunciadamente me ficou dos meses de externato; com a lembrança de alguns companheiros – um que
gostava de fazer rir à aula, espécie interessante de mono louro, arrepiado, vivendo a morder, nas costas da mão
esquerda, uma protuberância calosa que tinha; outro
(O Ateneu, 1999.)
7. (Unesp) a) Identifique os sujeitos dos verbos “houvesse” e “viesse”, sublinhados no segundo parágrafo.
b) Transcreva o trecho “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu.” (1º parágrafo) para o
discurso indireto.
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito
alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia
também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a
boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o
vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com
que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal
máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as
tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa
também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era
menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco
era pegado.
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão.
Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas
repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento
da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda
que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas
da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam
ganhá-lo fora, quitandando.
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas
públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia
de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou “receberá uma
boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo,
vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento da
força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras.
Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para
outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao
homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.
10. (Unesp) O verso está reescrito em ordem direta, sem alteração do seu sentido original, em:
a) “Começa o mundo enfim pela ignorância,” (4ª estrofe) → Pela ignorância, enfim, o mundo começa.
b) “Em tristes sombras morre a formosura,” (1ª estrofe) → A formosura morre em tristes sombras.
c) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1ª estrofe) → O Sol não dura mais que um dia que nasce.
d) “Depois da Luz se segue a noite escura,” (1ª estrofe) → Segue-se a noite escura depois da Luz.
e) “Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,” (3ª estrofe) → Mas falte a firmeza no Sol e na Luz.
O pastor pianista
11. (Unesp) a) Na segunda estrofe, verifica-se a personificação dos pianos. Que outro elemento também é
personificado nessa estrofe? Justifique sua resposta.
b) Quem é o sujeito do verbo “comunica-se” (3ª estrofe)? Justifique sua resposta.
Sonetos , 2001.
esperança: esperado.
mor: maior.
soer: costumar (soía: costumava).
12. (Unesp) A sinestesia (do grego syn, que significa “reunião”, “junção”, “ao mesmo tempo”, e aisthesis,
“sensação”, “percepção”) designa a transferência de percepção de um sentido para outro, isto é, a fusão, num só
ato perceptivo, de dois sentidos ou mais.
(Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.)
Reescreva o verso da terceira estrofe “que já coberto foi de neve fria”, adaptando-o para a ordem direta e
substituindo o pronome “que” pelo seu referente.
“Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri, árdua e sinuosa.” A frase – que tem algo
da essência do hoje clássico A estrada não percorrida (1916), do poeta norte-americano Robert Frost (1874-1963)
– está em um artigo científico publicado há cem anos, cujo teor constitui um marco histórico da civilização.
Pela primeira vez, cerca de 50 mil anos depois de o Homo sapiens deixar uma mão com tinta
estampada em uma pedra, a humanidade era capaz de descrever matematicamente a maior estrutura
conhecida: o Universo. A façanha intelectual levava as digitais de Albert Einstein (1879-1955).
Ao terminar aquele artigo de 1917, o físico de origem alemã escreveu a um colega dizendo que o que
produzira o habilitaria a ser “internado em um hospício”. Mais tarde, referiu-se ao arcabouço teórico que havia
construído como um “castelo alto no ar”.
O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três características básicas: era finito, sem
13. (Unesp) Em “Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri, árdua e sinuosa.” (1º
parágrafo), o termo destacado exerce a mesma função sintática do trecho destacado em:
a) “[...] o derradeiro traço alimentaria debates e traria arrependimento a Einstein nas décadas seguintes.” (4º
parágrafo)
b) “Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos continentes [...].” (10º parágrafo)
c) “[...] o cientista construiu (de modo muito visual) seu castelo usando as ferramentas que ele havia forjado
pouco antes [...].” (5º parágrafo)
d) “Seguiu debilitado até o final daquela década .” (9º parágrafo)
e) “Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem ser facilmente vistos como um ponto fora da
reta.” (10º parágrafo)
14. (Unesp) Em “O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três características básicas [...]” (4º
parágrafo), a oração destacada encerra sentido de
a) consequência.
b) explicação.
c) causa.
d) restrição.
e) conclusão.
A invasão
15. (Unesp) Os termos “o uso do papel” e “um manual de instrução” (1º parágrafo) se identificam
sintaticamente por exercerem nas respectivas orações a função de
a) objeto direto.
b) predicativo do sujeito.
c) objeto indireto.
d) complemento nominal.
e) sujeito.
16. (Fuvest) Dentre as expressões destacadas, a que exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em “o
treino restaurativo, o relaxamento e o treinamento cardiovascular” é:
a) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso.
b) o amor ao esporte é fundamental para o atleta.
c) a população incorpora radicalmente atitudes saudáveis.
d) muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.
e) todo tipo de atividade física faz bem à saúde mental.
17. (Fuvest) Sem alteração de sentido, o segundo parágrafo do texto poderia ser reescrito da seguinte
maneira:
a) Ainda que a prática cardiovascular seja infinitamente mais significativa e determinante para a nossa saúde
orgânica como um todo, essa ordem deveria ser revista, podendo ser considerada o “coração” de um
treinamento consciente e saudável.
Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos
sobre a liberdade”, EI País. Junho/2020.
18. (Fuvest) Em “Seu carisma seduziu a editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um quadrinho.” (ref. 8), o
vocábulo “que” possui a mesma função sintática desempenhada no texto por
a) “imóvel” (ref. 2).
b) “Robin” (ref. 4).
c) “seus pais” (ref. 6).
d) “se” (ref. 7).
e) “vivo” (ref. 9).
19. (Fuvest) Na oração “que ela dura” (v. 4), o pronome sublinhado
a) não tem referente.
b) retoma a palavra “usina” (v. 1).
c) pode ser substituído por “ele”, referindo-se a “açúcar” (v. 1).
d) refere-se à “mais instável das brancuras” (v. 2).
e) equivale à palavra “censura” (v. 10).
“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a
população, que depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso
momentos depois por uma viatura do 5º BPM”, afirmou o major.
Disponível em https://www.gp1.com.br/.
No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda
que o verbo esteja na voz ativa, tal como encontrado em:
a) “O carro furou o pneu”.
b) “e bateu no meio fio”.
c) “O refém conseguiu acionar a população”.
d) “tentaram linchar eles”.
e) “afirmou o major”.
No começo de 1902, Machado de Assis ficou desesperado por causa de um erro de revisão no prefácio da
segunda edição de suas Poesias completas. Dizem que chegou a se ajoelhar aos pés do Garnier implorando para
que o editor tirasse o livro de circulação. O aristocrático e impoluto Machado, quem diria. Mas a gralha era mesmo
feia. O tipógrafo trocou o E por A na palavra cegara, o revisor deixou passar, e vocês imaginam no que deu.
No nosso caso, o erro não foi nada de mais, nem erro foi para falar a verdade, apenas um acréscimo besta
de pontuação, talvez dispensável, ainda que de modo algum incorreto. Vai o revisor, fiel à ortodoxia da gramática
normativa, e espeta duas vírgulas para isolar um adjunto adverbial deslocado, coisa de pouca monta, diria alguém,
mas suficiente para o autor sair bradando aos quatro ventos que lhe roubaram o ritmo da sentença. Um editor
experiente traria um cafezinho bem doce, a conter o ímpeto dramático do autor de primeira viagem, talvez
caçoando, “deixa de onda”, a lembra-lo – valha-me Deus! – que ele não é nenhum Bruxo do Cosme Velho*. E assim
lhe cortando as asas antes do voo.
a) Qual o sentido da palavra “espeta”, destacada no texto, e qual o efeito que ela produz?
b) Explique o significado, no texto, da expressão “cortando as asas antes do voo”.
22. (Fuvest) Tenho utilizado o conceito de precariado num sentido bastante preciso que se distingue, por
exemplo, do significado dado por Guy Standing e Ruy Braga. Para mim, precariado é a camada média do
proletariado urbano constituída por jovens-adultos altamente escolarizados com inserção precária nas relações
de trabalho e vida social.
Para Guy Standing, autor do livro The Precariat: The new dangerous class , o precariado é uma “nova classe
social” (o título da edição espanhola do livro é explícito: Precariado: una nueva clase social). Ruy Braga o critica,
com razão , salientando que o precariado não é exterior à relação salarial que caracteriza o modo de produção
capitalista, isto é, o precariado pertence
sim à classe social do proletariado, sendo tão-somente o “proletariado precarizado”. (...) Por outro lado, embora
Ruy Braga (no livro A política do precariado) esteja correto em sua crítica do precariado como classe social exterior
à relação salarial, ele equivoca-se quando identifica o precariado meramente com o “proletariado precarizado”,
perdendo, deste modo, a particularidade heurística do conceito capaz de dar visibilidade categorial às novas
contradições do capitalismo global.
Tio Ben cravou pouco antes de falecer: “grandes poderes nunca vêm sozinhos”. E não há responsabilidade maior
do que tirar a vida de alguém. Isso, no entanto, não significa que super-heróis tenham a ficha completamente
limpa. Na verdade, uma olhada mais atenta nos filmes sobre os personagens confirma uma teoria não tão
inocente – a grande maioria deles é homicida.
Foi pensando nisso que um usuário do Reddit, identificado como T0M95, resolveu planilhar os assassinatos que
acontecem nos filmes da Marvel. Nos 20 longas, que saíram nos últimos 10 anos, foram 65 mortes – e 20 delas
deixaram sangue nas mãos dos mocinhos.
Vale dizer que o usuário contabilizou apenas mortes relevantes à história: só entraram na planilha vítimas que
tinham, pelo menos, nome antes de baterem as botas. Nada de figurantes ou bonecos criados em computação
gráfica só para dar volume a uma tragédia. Ficaram de fora, por exemplo, as centenas que morreram durante a
batalha de Wakanda, em “Vingadores: Guerra Infinita”, ou a cena de “Guardiões da Galáxia” que se consagrou
como o maior massacre da história do cinema.
https://super.abril.com.br/cultura/quantos_assassinatos_cada_heroi_e_vilao_da_marvel_cometeu_nos_cine
mas. Adaptado.
a) Qual o sentido das palavras “cravou” e “planilhar” destacadas no texto e qu al o efeito que elas produzem? b)
Substitua os dois-pontos do trecho “Vale dizer que o usuário contabilizou apenas mortes relevantes à
história: só entraram na planilha vítimas que tinham, pelo menos, nome antes de baterem as botas” por uma
conjunção e indique qual a relação de sentido estabelecida por ela.
Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira, falsidade ou mistificação. Tomo de empréstimo a
formulação de Hans Blumenberg do mito político como um processo contínuo de trabalho de uma narrativa que
responde a uma necessidade prática de uma sociedade em determinado período. Narrativa simbólica que é, o mito
político coloca em suspenso o problema da verdade. Seu discurso não pretende ter validade factual, mas também
não pode ser percebido como mentira (do contrário, não seria mito). O mito político confere um sentido às
circunstâncias que envolvem os indivíduos: ao fazê-los ver sua condição presente como parte de uma história em
curso, ajuda a compreender e suportar o mundo em que vivem.
ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p. 24.
24. (Fuvest) Sobre o sujeito da oração “em que vivem” (ref. 3), é correto afirmar:
a) Expressa indeterminação, cabendo ao leitor deduzir a quem se refere a ação verbal.
b) Está oculto e visa evitar a repetição da palavra “circunstâncias” (ref. 1).
c) É uma função sintática preenchida pelo pronome “que” (ref. 4).
d) É indeterminado, tendo em vista que não é possível identificar a quem se refere a ação verbal.
e) Está oculto e seu referente é o mesmo do pronome “os” em “fazê-los” (ref. 2).
É de crer que D. Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: – Aqui
estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: – Chamamos- te para
queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina,
adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã
resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi
para isso que te chamamos, num momento de simpatia.
a) Pode-se afirmar que, neste excerto, além de resumir a existência de D. Plácida, o narrador expressa uma certa
concepção de trabalho? Justifique.
b) De que maneira o ritmo textual, que caracteriza a possível resposta dos sacristãos, colabora para a
caracterização de D. Plácida?
Tornando da malograda espera do tigre, alcançou o capanga um casal de velhinhos, que seguiam diante dele
o mesmo caminho, e conversavam acerca de seus negócios particulares. Das poucas palavras que apanhara,
percebeu Jão Fera que destinavam eles uns cinquenta mil-réis, tudo quanto possuíam, à compra de
mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam abrir uma boa roça.
- Mas chegará, homem? perguntou a velha.
- Há de se espichar bem, mulher!
Uma voz os interrompeu:
- Por este preço dou eu conta da roça!
- Ah! É nhô Jão!
Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por homem de palavra, e de fazer o que prometia.
Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar que estava destinado para o roçado.
26. (Fuvest) Considere os seguintes comentários sobre diferentes elementos linguísticos presentes no texto:
I. Em “alcançou o capanga um casal de velhinhos” (ref. 1), o contexto permite identificar qual é o sujeito,
mesmo este estando posposto.
II. O verbo sublinhado no trecho “que seguiam diante dele o mesmo caminho” (ref. 2) poderia estar no singular sem
prejuízo para a correçăo gramatical.
III. No trecho “que destinavam eles uns cinquenta mil-réis” (ref. 3), pode-se apontar um uso informal do
pronome pessoal reto “eles”, como na frase “Você tem visto eles por aí?”.
O OPERÁRIO NO MAR
Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do
operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse
é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega
desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o
campo, com algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe
sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados
Unidos. Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas repara
que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele
sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu próprio
que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a
janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está
caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma
santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se
acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o
operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se
volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a
um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme,
ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes
massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem
beijar- me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?
b) Reescreva as frases III e IV, eliminando a inadequação vocabular que elas apresentam.
Grupo I Grupo II
Esperada, na Câmara, a mensagem pedindo a Quase metade dos médicos receita o que indústria
decretação do estado de guerra quer
Encerrou seus trabalhos a Conferência de Paris Novo terminal de Cumbica atenderá 19 milhões ao
ano
Folha da Manhã , 16 de julho de 1947.
Folha de S. Paulo, 26 de junho de 2011.
a) Cada um dos grupos de manchetes acima reproduzidos, por ter sido escrito em épocas diferentes, caracteriza-se
pelo uso reiterado de determinados recursos linguísticos. Indique um recurso linguístico que caracteriza as
manchetes de cada um desses grupos.
b) Manchetes jornalísticas costumam suprimir vírgulas. Transcreva a última manchete de cada grupo,
acrescentando vírgulas onde forem cabíveis, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
30. (Unicamp) Leia o excerto abaixo, adaptado do ensaio “Para que servem as humanidades?”, de Leyla
Perrone-Moisés.
Adaptado de Leyla Perrone-Moisés, Para que servem as humanidades? Folha de São Paulo, São Paulo, 30 jun.
2002, Caderno Mais!.
a) As expressões “agregar valor” e “cultivo de valores”, embora aparentemente próximas pelo uso da mesma
palavra, produzem efeitos de sentido distintos. Explique-os.
b) Na última oração do texto, são utilizados dois elementos coesivos: “eles” e “à qual”. Aponte a que se refere,
respectivamente, cada um desses elementos.
31. (Unicamp) A experiência que comprovou a existência da partícula conhecida como bóson de Higgs teve
ampla repercussão na imprensa de todo o mundo, pelo papel fundamental que tal partícula teria no
funcionamento do universo. Leia o comentário abaixo, retirado de um texto jornalístico, e responda às questões
propostas.
Por alguma razão, em língua portuguesa convencionou-se traduzir o apelido do bóson como
“partícula de Deus” e não “partícula Deus”, que seria a forma correta.
a) Explique a diferença sintática que se pode identificar entre as duas expressões mencionadas no trecho
reproduzido: “partícula de Deus” e “partícula Deus”.
b) Explique a diferença de sentido entre uma e outra expressão em português.
32. (Unicamp) Os enunciados abaixo são parte de uma peça publicitária que anuncia um carro produzido por uma
conhecida montadora de automóveis.
UM CARRO QUE
ATÉ A ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE
APROVARIA:
ANDA MAIS
E BEBE MENOS.
ELE CABE NA SUA VIDA. SUA VIDA CABE NELE.
a) A menção à Organização Mundial da Saúde na peça publicitária é justificada pela apresentação de uma das
características do produto anunciado. Qual é essa característica? Explique por que o modo como a característica
é apresentada sustenta a referência à Organização Mundial da Saúde.
b) A peça publicitária apresenta duas orações com o verbo caber. Contraste essas orações quanto à
organização sintática. Que efeito é produzido por meio delas?
a) A primeira tira é uma tradução portuguesa e a segunda, uma tradução brasileira. Dê um exemplo de uma
diferença sintática entre a tradução do português europeu e a do português brasileiro. Descreva essa
diferença.
b) Explique a diferença de sentido entre os verbos ter e haver em "Tem que haver um jeito melhor de fazer ele
comer!", na segunda tirinha.
"Se no Brasil ninguém paga caro por mentir, por que você vai pagar caro pela verdade? Assine o Jornal X a partir
de R$ XX,XX."
Este enunciado faz parte de uma propaganda afixada em lugares nos quais se vende o chá Matte Leão.
Observe as construções a seguir, feitas a partir do enunciado em questão:
Matte à vontade.
Mate a vontade.
Mate à vontade.
36. (Unicamp) Na capa do caderno "Aliás" do jornal "O Estado de S. Paulo" de 10 de julho de 2005,
encontramos o seguinte conjunto de afirmações que também fazem referência à crise política do Governo Lula:
Getúlio tanto sabia que preparou a carta-testamento. Juscelino sabia que seria absolvido pela História. Jânio sabia
que sua renúncia embutia um projeto autoritário. Jango sabia o tamanho da conspiração ao seu redor. Médici ia
ao futebol, mas sabia de tudo. Geisel sabia que Golbery entendera o projeto de abertura. (...)
a) Em todas as afirmações, há um padrão que se repete. Qual é esse padrão e como ele estabelece a relação com
a crise política do atual governo?
b) Apresente, por meio de paráfrases, duas interpretações para a palavra 'tanto' na frase" Getúlio tanto sabia que
preparou a carta-testamento".
37. (Unicamp) Em sua coluna na "Folha Ilustrada", Mônica Bergamo comenta sobre o curta-metragem previsto
para ser lançado em novembro de 2003 - "Um Caffé com o Miécio". Transcrevemos parte da coluna a seguir:
(...) Quando ouvia a trilha sonora do curta "Um Caffé com o Miécio", que Carlos Adriano finaliza sobre o
caricaturista, colecionador de discos e estudioso Miécio Caffé (1920-2003), Caetano Veloso se encantou por uma
música específica. Era a desconhecida marchinha "A Voz do Povo", de Malfitano e Frazão, que Orlando Silva gravou
em 1940, cuja letra diz "QUE raiva danada QUE eu tenho do povo, QUE não me deixa ser original". "É um manifesto,
como SUA obra", disse o MÚSICO BAIANO ao CINEASTA PAULISTANO. (Adaptado de Mônica Bergamo, "Folha de S.
Paulo", 11/10/2003, p. E2).
a) Explique o título do curta-metragem.
b) Identifique pelo menos duas possibilidades de leitura de "SUA obra" e justifique cada uma delas.
c) As três ocorrências da partícula "QUE" destacadas estabelecem relações de natureza linguística diversa.
Explicite-as.
d) Os dois trechos MÚSICO BAIANO e CINEASTA PAULISTANO retomam elementos anteriormente
apresentados no texto de maneira diferente dos recursos analisados nos itens b e c. Como funciona esse
processo de retomada?
38. (Unicamp) A maneira como certos textos são escritos pode produzir efeitos de incoerência, como no exemplo:
"Zélia Cardoso de Mello decidiu amanhã oficializar sua união com Chico Anysio" (A TARDE, Salvador, 16.09.94). É o
que ocorre no trecho a seguir*:
As Forças Armadas brasileiras já estão treinando 3 mil soldados para atuar no Haiti depois da retirada das
tropas americanas. A Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou o envio de tropas ao Brasil e a mais
quatro países, disse ontem o presidente da Guatemala, Ramiro de León.
("O Estado de S. Paulo", 24.09.94)
Segundo a nota acima, o ex-prefeito de Sonora deveria tomar uma decisão: apresentar-se à justiça ou fugir. Para
formular a primeira alternativa, o autor do texto usa a expressão idiomática (frase feita) "em carne e osso".
a) O que significa a expressão idiomática "em carne e osso"?
b) Se a sequência "em carne e osso" não for lida como expressão idiomática, e as palavras "carne" e "osso"
forem tomadas em sentido literal, é possível fazer uma outra interpretação da nota acima. Qual é essa
interpretação?
c) Para obter cada uma das duas interpretações, a sequência "em carne e osso" deve ser relacionada a
diferentes palavras do texto. Identifique essas palavras, vinculando-as a cada uma das interpretações.
40. (Unicamp) Em Matemática, o conceito de dízima periódica faz referência à representação decimal de um
número no qual um conjunto de um ou mais algarismos se repete indefinidamente.
No trecho a seguir, o autor compara determinada estrutura linguística a uma dízima periódica:
"...acabaremos prisioneiros do rapto político sutilíssimo que permite, com toda a força do poder
legítimo, o regime do plebiscito eletrônico. Ou seja, a do povo que quer o que quer o príncipe que quer o que quer
o povo. Nosso risco histórico é que esta sentença se pode repetir ao infinito, como dízima periódica. E não como a
conta certa da democracia que merecemos, afinal, sem retórica, nem os deslumbramentos com que nos sature o
Príncipe Valente."
(CÂNDIDO MENDES DE ALMEIDA, "O príncipe, o espelho e o povo". Em: "Folha de São Paulo",
22.10.90)
a) Transcreva o trecho que pode ser expandido como uma dízima periódica.
b) Imagine que o autor quisesse demonstrar a possibilidade dessa repetição infinita. Nesse caso, deveria expandir o
trecho em questão. Faça essa expansão, avançando o equivalente a três algarismos de uma dízima. c) Identifique,
no trecho, a palavra (operador linguístico) que torna possível a existência, na língua, de construções sintáticas
repetitivas semelhantes a dízimas periódicas.
Resposta da questão 1:
[B]
Em [A], [C], [D] e [E], os termos sublinhados desempenham função sintática de sujeito, predicativo do sujeito,
sujeito e sujeito, respectivamente. Somente na frase da opção [B], “Os tempos melhoraram, mas guardam ainda
um pouco dessa primitiva credulidade”, o termo sublinhado exerce função sintática de objeto direto, como o da
frase em “No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta...”.
Resposta da questão 2:
[D]
Para que seja possível transcrever uma oração da ativa para a passiva, é necessária a presença de um verbo
transitivo direto na voz ativa, o que só acontece na frase da opção [D] com o verbo “publicaram”. Na voz passiva,
a frase teria a seguinte configuração: em 2006, um estudo sobre os efeitos mnemônicos da estimulação cerebral
foi publicado por pesquisadores alemães.
Resposta da questão 3:
[E]
O vocábulo “ma” expressa tanto o objeto direto quanto indireto, já que é resultado da fusão do pronome “a” (que
assume a função de objeto direto, referindo-se a “mala”) com o pronome “me” (que assume a função de objeto
indireto, referindo-se ao próprio falante). O verbo “trazer”, portanto, pede objeto direto e indireto (quem traz, traz
algo a alguém).
Resposta da questão 4:
[E]
Na oração “Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube”, a repetição do objeto direto, no sintagma “razões
políticas” e no pronome oblíquo “as”, enfatiza a afirmação de Vieira de que nunca foi conhecedor de questões
políticas. Assim, é correta a opção [E].
Resposta da questão 5:
[D]
Em ordem direta, as frases transcritas nas opções [A], [B], [C] e [E] teriam, respectivamente, a seguinte
configuração: Quem fez aquele prado tão diferente?, Houve uma fonte aqui; eu não me esqueço, Um monte está
mudado em vale ali e Nem vejo troncos decadentes agora. Apenas em [D], a frase reescrita em ordem direta está
correta.
Resposta da questão 6:
a) O termo verbal “jorrava” foi usado em sentido figurado, emprestando noção conotativa de grande
intensidade ao fluxo da multidão que saía das portas da Central, configurando, assim, uma hipérbole: ênfase
expressiva resultante do exagero da significação linguística. Já na expressão “honesta pressa” o narrador
utiliza a personificação para atribuir qualidades humanas, a honestidade, a seres inanimados, como a
pressa.
b) Na ordem direta, o trecho “lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar” (2º parágrafo)
apresenta a seguinte redação: lembrava-se de que nem mesmo sabia pronunciar o nome delas.
Resposta da questão 7:
a) No contexto, o termo “houvesse” faz parte da locução verbal “houvesse perseguido” e tem como núcleo
b) Em discurso indireto, a frase teria a seguinte configuração: à porta do Ateneu, meu pai disse-me que eu iria
encontrar o mundo.
Resposta da questão 8:
[D]
O sujeito desinencial da oração transcrita em [D] na primeira pessoa do plural- “ cuidemos (nós)”- permite
deduzir que o narrador se intromete de forma explícita na narrativa.
Resposta da questão 9:
a) O poema do parnasiano Raimundo Correia descreve o anoitecer: “Esbraseia o Ocidente na agonia/O sol”, “a
lua/Surge trêmula, trêmula... Anoitece”.
b) Em ordem direta, a primeira estrofe teria a seguinte configuração: O sol esbraseia o Ocidente na agonia, / Aves
fogem em bandos destacados por céus de ouro e púrpura raiados / A pálpebra do dia fecha-se.
As orações em ordem direta apresentam a seguinte sequência: sujeito + verbo + complemento (objeto direto ou
indireto) + adjunto adverbial, como acontece na adaptação do verso original na opção [B]: A formosura (sujeito)
morre (verbo) em tristes sombras (adjunto adverbial de modo).
b) O sujeito do verbo “comunica-se” na 3ª estrofe é o termo “que”, relacionado ao seu antecedente “antigo clamor
dos deuses”. Trata-se de um pronome relativo que inicia a oração subordinada adjetiva restritiva (“que sonha”),
presente por elipse nas coordenadas subsequentes: e (que) provoca a harmonia, (que) trabalha mesmo à força, e
(que) pelo vento nas folhagens, pelos planetas, pelo andar das mulheres, pelo amor e seus contrastes, comunica-se
com os deuses.
O termo destacado na frase do enunciado exerce a função sintática de objeto direto na oração subordinada adjetiva,
a mesma que a expressão destacada na opção [B]. Em [A] e [C], os termos assinalados desempenham função de
sujeito, em [D], adjunto adverbial de tempo e em [E], adjunto adverbial de condição relativamente à oração
principal.
É correta a alternativa [E], pois os termos “o uso do papel” e “um manual de instrução” exercem função de
sujeito em orações em ordem inversa, ou seja, em orações em que aparecem depois do predicado.
As expressões conjuntivas subordinativas que iniciam os períodos transcritos em [A], [B], [C] e [D] instauram noção
de concessão, finalidade, tempo e proporcionalidade, respectivamente, com as respectivas orações principais.
Apenas o período transcrito em [E] expressa a mesma noção de causa e consequência estabelecida pela conjunção
“como” no período do texto original.
É correta a opção [C], pois em “Seu carisma seduziu a editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um
quadrinho.” (ref. 8), o vocábulo “que” exerce função sintática de sujeito da oração, como “seus pais” em “Assim
decidiram e desenharam seus pais” (ref.6). Os termos transcritos em [A], [B], [D] e [E] desempenham função de
predicativo do sujeito, objeto direto, objeto direto e predicativo do sujeito, respectivamente.
Na oração “que ela dura” (v. 4), o pronome sublinhado refere-se à “mais instável das brancuras” (v. 2), como
transcrito em [D].
Em [B], [C], [D] e [E], as orações apresentam sujeito agente: elíptico (ele), simples (o refém), indeterminado (eles) e
simples (o major), respectivamente. Apenas a oração em [A], embora o verbo esteja na voz ativa, não apresenta
sujeito agente, já que “o carro” não pratica a ação de furar o pneu.
b) A expressão “cortando as asas antes do voo” refere-se à reação que o editor poderia ter tomado quando o autor
reclamara, indevidamente, da presença de duas vírgulas para separar um adjunto adverbial deslocado, com o
argumento de que haviam interferido no ritmo da sentença.
b) A expressão “com razão” exerce função sintática de adjunto adverbial de afirmação, acentuando a concordância
de Giovanni Alves com a crítica de Ruy Braga ao conceito formulado por Guy Standing de que o precariado seria
uma “nova classe social”.
b) As conjunções pois e porque substituem os dois pontos do período, já que o segundo segmento estabelece
relação de explicação com o primeiro: “Vale dizer que o usuário contabilizou apenas mortes relevantes à história,
pois (porque) só entraram na planilha vítimas que tinham, pelo menos, nome antes de baterem as botas”.
A oração “em que vivem” apresenta sujeito oculto, elíptico ou desinencial. Remete ao termo “indivíduos”,
referido também no pronome oblíquo “os” da expressão verbal “fazê-los”. Assim, é correta a opção [E].
[I] Verdadeiro. Mesmo estando o verbo conjugado no singular (“alcançou”) e duas expressões igualmente no
singular (“o capanga” e “um casal de velhinhos”), a leitura do trecho indica que o sujeito da oração é “o
capanga”, uma vez que se refere a uma ação de Jão Fera.
[II] Verdadeiro. Em “que seguiam diante dele o mesmo caminho”, o verbo pode concordar com o núcleo do
sujeito, “um casal de velhinhos”.
[III] Falso. No trecho “que destinavam eles uns cinquenta mil-réis”, o sujeito é posposto (eles), recurso bastante
empregado por José de Alencar; no exemplo citado, pertinente ao registro coloquial da língua, “eles” desempenha
função de objeto direto da locução “tem visto”.
A alternativa [A] está correta segundo a norma-padrão, pois o verbo “ir” exige preposição “a” ou “para”; a
substituição, portanto, é válida.
A alternativa [B] está correta segundo a norma-padrão, uma vez que a substituição emprega o objeto indireto
[II] Os clubes buscam a expansão do número de associados bem como a redução dos gastos com
publicidade.
ou
Os clubes buscam expandir o número de associados bem como reduzir os gastos com publicidade.
b) [III] Diante de tais fatos, fica claro que o futebol exerce uma grande influência no cotidiano do brasileiro. [IV]
O técnico declarou aos jornalistas que, para o próximo jogo, ele tem uma carta na manga.
ou
O técnico declarou aos jornalistas que, para o próximo jogo, ele tem uma carta no bolso do colete.
b) Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, os adjuntos adverbiais intercalados devem ser assinalados por
vírgulas. Assim, as manchetes deveriam ser transcritas da seguinte forma:
– Causaram viva apreensão, nos E.U.A., os discos voadores (Folha da Manhã , 30 de julho de 1952,
adaptado)
– MEC divulga, hoje, resultados do Enem por escolas (Zero Hora, 22 de novembro de 2012, adaptado)
Resposta da questão 30:
a) A expressão “agregar valores” é usada no sentido mercadológico, conferindo aos bens materiais a
importância de bens econômicos que contribuem para a qualidade de vida do ser humano. Já a expressão
“cultivo de valores” está ligada a conceitos morais e éticos adquiridos em determinado contexto social e que,
ao serem difundidos e aplicados por cada um, beneficiam a sociedade como um todo.
b) A frase "tem que haver um jeito melhor de fazer ele comer!" apresenta o verbo "ter" com sentido de
"dever" e "haver" com significado de "existir", como é corrente no coloquial brasileiro.
b) A propaganda sugere, para o jornal, a imagem de que é economicamente acessível, já que não é caro, e
confiável, pois mostra a verdade.
c) A oração iniciada por "se" é apenas aparentemente condicional, pois traz implícita uma afirmação e vale como
uma causal: "como no Brasil ninguém paga caro por mentir..." O pronome "ninguém", nessa frase, opera uma
generalização completa, que atribui um sentido forte à interrogação seguinte ("por que"), que resultaria da simples
constatação de um estado de coisas.
b) Na primeira, como se viu, "Matte" é substantivo, com grafia que vale como sinédoque da marca anunciada, e "à
vontade" é locução adverbial .
A segunda - "mate a vontade" - vale como uma exortação ao consumo da bebida (como em "Beba Coca-Cola"), com
a sugestão, logo explicitada, de que a vontade seja de beber o "Matte Leão". "A vontade" tem função sintática de
objeto direto.
A terceira - Verbo "matar", no sentido literal. "À vontade" é locução adverbial (adjunto adverbial).
b) 1) Getúlio sabia tão bem do que se passava, que, em consequência, preparou a carta-testamento. 2) É tão
verdadeiro o fato de que Getúlio sabia, que...
b) O fato de o objeto indireto "ao Brasil" poder ser entendido como complemento nominal de "envio".
b) Do povo que quer o que quer o príncipe (1) que quer que quer o povo (2) que quer o que quer o príncipe (3).