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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE COMUNICAÇÕES

7 - ANÁLISE DE SINAIS
1) Representação de um sinal no domínio do tempo:
• Quando um determinado sinal é representado no domínio do tempo, a sua forma de
onda (quando periódica) pode ser descrita por uma função simples dentro de um
intervalo de tempo. Por exemplo, veja a figura 7.1:
2) Representação de um sinal no domínio da
freqüência:
• Toda forma de onda periódica, isto é, para qual
f(t) = f(t + T), sendo “T” o período, pode ser
expressa por uma série de Fourier, ou seja, pode
ser expressa como a soma de um número finito
(ou infinito) de funções senoidais (ou
cossenoides);
• As condições para aplicação da série de Fourier Figura 7.1
para uma função:
1 – Sendo uma função descontínua, haja um número finito de descontinuidade
no período “T”;
2 – Tenha um valor médio finito, no período “T”;
3 – Tenha um número finito de máximos positivos e negativos.
• Satisfeitas essas condições (chamadas de condições de “Dirichlet”), existe a série de
Fourier, que pode ser escrita na forma trigonométrica abaixo:
1
f  t   .a0  a1.cos 1..t   a2 .cos  2..t   ...  b1.sen 1..t   b2 .sen  2..t   ...
2
• Os coeficientes de Fourier “a” e “b” são determinados para uma dada forma de onda,
pelo cálculo de integrais. Sendo:
T T
2 2
an  . f  t  .cos  n..t  dt  eq. 1 e bn  . f  t  .sen  n..t  dt  eq. 2
T 0 T 0
Para “a”  n = 0, 1, 2... e para “b”  n = 1, 2...
• Outra forma dessas integrais com a variável “.t” e o período correspondente de “2.”
radiano é:
2 2
2 2
an  .  f  t  .cos  n..t  d .t   eq. 3 e bn  .  f  t  .sen  n..t  d .t   eq. 4
 0
 0

• Os limites de integração devem incluir um período completo, mas não precisa ser de
“0” a “T” ou de “0” a “2”. A integração pode ser feita entre “-T/2” e “+T/2”, “-” e “+” ou
qualquer outro período completo que simplifique a operação. A constante “a0” é obtida
das equações “1” ou “3” para n = 0; entretanto, como “a0/2”
é o valor médio da função, pode ser determinado, muitas
vezes, por simples inspeção da forma de onda. A série
com os coeficientes obtidos pelas integrais descritas
converge uniformemente para a função em todos os
pontos contínuos e converge para o valor médio nos Figura 7.2
pontos de descontinuidade;
• Exemplo: Determinar a série de Fourier para a forma de
onda da Figura 7.2  equação no domínio do tempo: y = 1,591549.x
A forma de onda é contínua para o intervalo 0 < t < 2 e f(t) = (10 / 2)t, com
descontinuidade t = n2, onde n = 0, 1, 2, 3 .... As condições de “Dirichlet” são

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satisfeitas e os coeficientes de Fourier são calculados por intermédio das equações “3”
e “4”. O valor médio da função é “5”, por inspeção da Figura 2 e, portanto, “a0/2 = 5”;
• Pela equação “3”, temos:
2 2
2 2  10  10
an  .  f  t  .cos  n..t  dt    .t .cos  n..t  .d .t   cos  n.2.   cos  0    0
 0  0  2  2. 2 .n 2 
2 2 2
2 2 2  10 
a0  .  f  t  .cos  n..t  dt  .  f  t  .cos  0..t  dt    2 .t.d .t   5
 0  0  0
• A série não contém termos cossenoidais;
• Pela equação “4”, temos:
2 2
2 2  10  10
bn  .  f  t  .sen  n..t  d .t     .t .sen  n..t  .d .t  
 0  0  2   .n
• Empregando esses coeficientes dos termos senoidais e o termo médio, a série de
Fourier fica:
10 10 10 10
f  t   5  .sen .t   .sen  2..t   .sen  3..t   .sen  4..t   ....
 2. 3. 4.
• A série obtida, além do termo constante, contém apenas
termos em seno. Outras formas de onda conterão apenas
termos em cosseno e, às vezes, existem apenas
harmônicos ímpares e, em outros casos, apenas
harmônicos pares. Isso resulta de certos tipos de simetria
associado à forma de onda; Figura 7.3
• Harmônicos são os termos em seno (ou cosseno) que
formam o sinal (através da análise de Fourier) e possuem uma amplitude e freqüência;
• Espectro de Linha: Chama-se espectro de linha a uma representação gráfica das
amplitudes dos harmônicos que formam o sinal. As linhas diminuem rapidamente para
sinais cujas séries convergem rapidamente. Os sinais que possuem descontinuidade,
possuem espectro de linha com amplitudes que decrescem lentamente, uma vez que
suas séries possuem os harmônicos com valores altos. O conteúdo harmônico e o
espectro de linha são parte integrante da própria natureza da onda e não se modificam
com o método de análise. A figura 7.3 mostra um exemplo de espectro de linha. O
número “0” é o termo constante (tem freqüência = 0) e os demais números de “1” a “10”
são os harmônicos. O instrumento de laboratório utilizado para observar o espectro de
linha, chama-se: “Analisador de Espectro”;
• Síntese da forma de Onda: A síntese da forma de
onda é a reunião dos componentes, de modo a
reconstituir o todo. Na análise de Fourier, é a
recombinação dos termos da série trigonométrica, de
modo a reproduzir o sinal original. Isto é, seria a Figura 7.4
soma da fundamental com todos os harmônicos. A
reconstituição perfeita do sinal original exigiria a recombinação de todos os termos (o
que é quase impossível, na prática, quando o número de termos é infinito). Contudo,
quanto mais termos forem somados, mais o sinal resultante se aproxima do sinal
original. A diferença entre os termos que deveriam estar presentes no sinal original e
não estão presentes no sinal resultante, se apresenta como uma distorção introduzida
no sinal resultante em relação ao sinal original. Veja a figura 7.4;
3) Transmissão de Sinais através de Sistemas Lineares:
• Transmissão sem distorção: Para transmissão de um sinal sem distorção, o sistema
(transmissor e receptor) deve atenuar igualmente todas as componentes de freqüência

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(harmônicos) e o defasamento de cada componente também deve satisfazer certas


relações. Isto é, ainda que todas as componentes de freqüência de um sinal sejam
transmitidas através de um sistema com igual atenuação, as componentes de
freqüência podem adquirir, no processo de transmissão e recepção, defasamentos
(mudança do ângulo de fase) tais que a soma das componentes de freqüência gerem
um sinal inteiramente diferente do sinal original;
• Para uma transmissão sem distorção, é necessário que o sinal recebido seja uma
réplica exata do sinal transmitido. É claro que esse sinal recebido pode ter amplitude
diferente. O importante é a forma de onda e não a sua amplitude relativa. Em geral,
também, pode haver algum atraso de tempo associado ao sinal recebido;
• É evidente que o sinal recebido deve ser a réplica exata do sinal transmitido, com
uma amplitude de “K” vezes o sinal transmitido e um atraso de “t” segundos. Isto ocorre
se a amplitude da função de transferência for constante para todas as freqüências que
compõem as harmônicas do sinal transmitido e a defasagem também for proporcional à
freqüência das harmônicas (por exemplo: duas harmônicas de freqüências diferentes
são deslocadas do mesmo intervalo de tempo e as mudanças de fase seriam
proporcionais às freqüências), desta forma o atraso é único para todas as freqüências
(e o sinal se atrasa de “t” segundos);
4) Largura de Faixa:
• A constância da amplitude do sinal em um sistema (transmissão / recepção) é
especificada normalmente pela sua largura de faixa. A largura de faixa de um sistema é
definida (genericamente) como sendo o intervalo de freqüência no qual a amplitude do
2
sinal (em Volts) permanece dentro de ( ) vezes a sua amplitude (dentro de -3 dB da
2
potência). Veja a figura 7.5.
• Para uma transmissão sem distorção, precisamos de um
sistema com largura de faixa infinita. Devido às limitações
técnicas, é impossível construir esse sistema. De fato, pode-
se conseguir uma transmissão (e recepção) com distorção
satisfatória, usando sistema de largura de faixa finita, mas Figura 7.5
suficientemente grande. Para qualquer sinal físico, o
conteúdo de energia (função da amplitude dos harmônicos da série de Fourier) diminui
com a freqüência. Portanto, é apenas necessário construir um sistema que transmita as
componentes de freqüência (harmônicos) que contenham a maior parte da energia do
sinal. A atenuação de componentes de freqüência muito alta, tenderia a causar uma
distorção muito pequena (desprezível em alguns casos), uma vez que essas
componentes carregam muito pouca energia (em outras palavras, influenciam pouco o
sinal).
5) Conclusão:
• Na análise de um determinado sinal em um sistema (transmissão / recepção) é
necessário fazer a análise no domínio do tempo e no domínio da freqüência. Todo
sistema tem limitação técnica e conseqüentemente tem uma limitação da largura de
faixa (na prática não existe largura de faixa infinita). Portanto, qualquer sinal irá sofrer
distorção ao ser transmitido. Esta distorção deve ser limitada de maneira que não
prejudique a informação que se deseja transmitir;
• Quando se fala em largura de faixa de um determinado sinal, nós estamos nos
referindo ao número de harmônicos que compõem o sinal original e serão efetivamente
considerados;
• Por exemplo: Um sinal de voz (telefonia) precisa de uma largura de faixa de
aproximadamente 4 kHz (e pode ser entendido perfeitamente). Um sinal de música

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com alta qualidade precisa de uma largura de faixa de aproximadamente 20 kHz (para
ter a qualidade esperada);
Obs: O instrumento de laboratório utilizado para observar um sinal no domínio do
tempo é o “Osciloscópio” e alguns permite fazer a chamada “FFT”  “fast Fourier
transform”. Isto simula um analisador de espectro.
Questionário:
1 – Quais as duas formas básicas de representação de um sinal ?
2 – Quais condições para aplicação da série de Fourier para uma função ?
3 – O que é um “espectro de linha” ?
4 – O que são harmônicos ?
5 – Qual o instrumento de laboratório utilizado para observar o “espectro de linha” ?
6 – Como seria possível fazer “a síntese de uma forma de onda” utilizando a série de
Fourier ?
7 – Quais as condições necessárias para uma “transmissão sem distorção” ?
8 – O que é “largura de faixa” ? E qual a sua importância para a transmissão de um
sinal ?

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