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CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE Dirleg Fl.

L
PROJETO DE LEI N° /2_,y

Dispõe sobre a obrigação de manter


termômetro indicando a temperatura
ambiente nos ônibus do Município, e dá
outras providências.

A Câmara Municipal de Belo Horizonte decreta:

Art. 1° - Ficam todas as empresas de transporte coletivo do Município de Belo


Horizonte obrigadas a manter termômetro visível, indicando a temperatura ambiente,
em todos os ônibus em circulação no Município.

Art. 2° - Poderá ser criado canal oficial para recebimento de reclamações e


denúncias quanto às situações de possíveis irregularidades quanto à temperatura dos
veículos de transporte coletivo urbano, assim considerados como calor excessivo, frio
intenso, ou situação abusiva quanto à temperatura ambiente nos veículos.

Art. 3° - O descumprimento das disposições desta Lei implicará em medidas


administrativas, podendo ser aplicadas advertências, multas e outras sanções
previstas em contrato ou decorrentes da legislação.

Art. 4° - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Belo Horizonte, 19 de março de 2024.

Vereador Wagn Ferreira

WAGNERFERMA
PL 8 i4 /2A

CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE Dirleg


CC..

JUSTIFICATIVA

O presente Projeto de Lei dispõe sobre a obrigação para as empresas de


transporte coletivo do Município de Belo Horizonte a manter termômetro visível,
indicando a temperatura ambiente, em ônibus em circulação no Município.

Sabe-se que o serviço de transporte público coletivo merece especial


importância nos Municípios. Dessa forma, a medida ora proposta busca a melhoria
dos serviços oferecidos e para a promoção de uma maior transparência quanto aos
serviços públicos prestados, seja diretamente ou por meio de concessão/permissão,
em respeito ao direito dos usuários do sistema, na qualidade de consumidores.

Nesse sentido, a proposição permite, ante a obrigação de manter termômetro


visível nos ônibus, identificar eventual situação em que os veículos estejam com
temperaturas muito elevadas, ou mesmo muito baixas, de modo a causar estresse
térmico, o que pode afetar negativamente a saúde e a qualidade de vida do usuário,
que paga a tarifa e merece assim qualidade no serviço.

Decerto, a iniciativa também valoriza a transparência, permitindo a qualquer


pessoa visualizar eventuais irregularidades na temperatura dos ônibus, e assim, via
de consequência, permite maior fiscalização dos serviços prestados, o que vai ao
encontro das normas constitucionais, consumeristas e administrativas sobre o tema.
Ademais, a fiscalização facilita, ainda, maior responsabilização em caso de eventual
irregularidade, o que também é de interesse público.

Sobre o tema, sabe-se que a publicidade é a regra no ordenamento jurídico,


conforme o art. 37, caput, da CF. Assim, o projeto visa a dar concretude a este
principio, cuja aplicação independe de lei em sentido estrito ou regulamentação para
produzir efeitos integrais e imediatos — aplicação imediata por ser norma de eficácia
plena, de acordo com as disposições constitucionais e a jurisprudência do STF'.

1 Como exemplo, o RE 570392, Relatora CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 11-12-2014,

com repercussão geral, teve como ratio decidendi, em síntese, que não há vício de iniciativa legislativa
em norma editada com o objetivo de dar eficácia especifica aos princípios do art. 37, caput, da CF.

WAG NER F ER1212


CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE Dirleg Fl.

Cl.- 3
Nesse cenário, o mérito da proposição ganha ainda mais relevância neste
período de onda de calor em Belo Horizonte 2, sendo esta já, ao menos, a terceira
onda de calor na capital mineira, em que os termômetros já chegaram a 40° em
novembro 3 , com provavelmente a maior temperatura máxima registrada na série
histórica.

Com efeito, os efeitos das mudanças climáticas têm um impacto significativo na


saúde humana, sendo o estresse térmico uma das principais preocupações. Essa
preocupação é ainda mais acentuada em cenários futuros, que preveem um aumento
substancial nas taxas de morbidade e mortalidade durante períodos de calor intenso.
Isso afeta especialmente as populações mais sensíveis que vivem em condições
inadequadas.

Sobre esse ponto, o calor intenso (ou mesmo eventual temperatura muito baixa)
afeta também, e em especial, os passageiros do transporte coletivo urbano,
notadamente os mais pobres, que não podem deixar de se deslocar para o trabalho,
ir ao hospital ou à creche ou outras atividades essenciais. Desse modo, uma
fiscalização e um controle mais efetivos quanto à temperatura dos veículos são
medidas de interesse público, de modo a garantir saúde e segurança aos passageiros.

Por outro lado, deve-se destacar que, mesmo se considerarmos a existência de


ar-condicionado nos veículos (o que nem sempre ocorre para em todos os ônibus), há
ainda hipóteses de mal funcionamento ou equipamentos em manutenção, razão pela
qual os termômetros fixados nos veículos, ora propostos, se mostram necessários.

2 https://www. itatiaia.com.bricidades/2024/03/18/onda-de-calor-em-marco-faz-bh-registrar-tres-
recordes-de-temperatura-em-menos-de-uma-semana

nttps:f/www.hojeemdia.com.brIminasionda-de-calor-bh-registra-34-2-c-e-tem-dia-mais-quente-do-ano-
e-da-historia-para-o-mes-de-marco-1.1005076

3 https://www.itatiaia.com.bricidades/2023/12/13/quantas-ondas-de-calor-bh-teve-em-2023-entenda-o-
fenomeno-meteoroloqico

WAGN ER F E RRE12
FL
CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE Dirleg Fl.

CC. ti
Ademais, sabe-se que a proposição se insere na competência dos Municípios,
conforme os incs. I e V do art. 30 da Constituição Federal:

"Art. 30. Compete aos Municípios:


1- legislar sobre assuntos de interesse local;
(..)
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de
transporte coletivo, que tem caráter essencial".

Além disso, compete a lei disciplinar a matéria, notadamente quanto à


possibilidade de publicidade, transparência, e garantia de formas de participação do
usuário na administração pública quanto a reclamações da qualidade dos serviços
públicos prestados, como se verifica do art. 37, §3°, inc. I, da CF:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 3° A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
1 - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em
geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao
usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos
Serviços'

Ante todo o exposto, é proposto este Projeto de Lei para o qual requeremos
apoio das Vereadoras e dos Vereadores desta Câmara Municipal, pelas razões acima
apresentadas.

WAGNERFERM2

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